Roteiro de Aula - Intensivo I - D. Tributário - Aula 5-5-7

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✓ Fundamento do sindicato: descumprimento da especificidade da concessão de benefícios.

O sindicato defendeu
que não seria possível promover a extinção de um tributo sem respeitar o art. 150, §6º da CF. Isso porque a lei da
Reforma Trabalhista não regula exclusivamente a matéria e não regula exclusivamente o tributo correspondente.
✓ Diante disso, o STF se manifestou dizendo que a extinção de tributo não consta de modo expresso no art. 150,
§6º, CF, assim sendo, não exigiria lei específica. Entretanto, ainda que essa previsão fosse expressa, poderia se
reconhecer a pertinência temática neste caso também.

Impossibilidade de delegação
“A adoção do processo legislativo decorrente do art. 150, § 6º, da CF tende a coibir o uso desses institutos de desoneração
tributária como moeda de barganha para a obtenção de vantagem pessoal pela autoridade pública, pois a fixação, pelo
mesmo Poder instituidor do tributo, de requisitos objetivos para a concessão do benefício tende a mitigar arbítrio do
chefe do Poder Executivo, garantindo que qualquer pessoa física ou jurídica enquadrada nas hipóteses legalmente
previstas usufrua da benesse tributária, homenageando-se aos princípios constitucionais da impessoalidade, da legalidade
e da moralidade administrativas (art. 37, caput, da Constituição da República). A autorização para a concessão de remissão
e anistia, a ser feita "na forma prevista em regulamento" (art. 25 da Lei 6.489/2002), configura delegação ao chefe do
Poder Executivo em tema inafastável do Poder Legislativo.” [ADI 3.462, rel. min. Cármen Lúcia, j. 15-9-2010, P, DJE de 15-
2-2011.]

Proibição de concessão pelo Poder Judiciário


“Na esteira da jurisprudência firmada no Supremo Tribunal Federal, não cabe ao Poder Judiciário, sob pretexto de atenção
ao princípio da isonomia, atuar como legislador positivo concedendo benefícios tributários não previstos em lei.
Precedentes. 2. As razões do agravo interno não se mostram aptas a infirmar os fundamentos que lastrearam a decisão
agravada. 3. Agravo interno conhecido e não provido.” (AI 801087 AgR-segundo, Relator(a): Min. ROSA WEBER, Primeira
Turma, julgado em 22/02/2019, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-047 DIVULG 08-03-2019 PUBLIC 11-03-2019)

Considerações:
✓ Como já visto, é necessária uma lei específica para a concessão de benefícios.
✓ Entretanto, muitas vezes, o sujeito passivo recorre ao Poder Judiciário para tentar obter o benefício fiscal
concedido a outro sujeito passivo (em situações até semelhantes). A título de exemplo, é possível citar a isenção
de imposto de renda concedida a pessoas que possuem doenças graves constantes em um rol. Ocorre que existem
muitas doenças graves que não constam do rol mencionado e, desse modo, o sujeito passivo recorre ao Poder
Judiciário para tentar obter o benefício.
✓ Qualquer tipo de benefício fiscal deve ser efetivamente discutido no Parlamento.
✓ O Poder Judiciário não pode atuar como legislador positivo e conceder benefícios tributários não previstos em lei
sob o fundamento do princípio da isonomia.

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• A professora destaca que essa proibição ganha maior relevância diante da atual pandemia de COVID-19,
pois o contribuinte, preocupado com a manutenção do seu estabelecimento/atividade empresarial,
recorre ao Poder Judiciário requerendo um benefício tributário.
• Assim sendo, sob o pretexto da isonomia, como visto, o Poder Judiciário não pode atuar para conceder
benefícios fiscais não previstos em lei.
• Questiona-se: Diante de situações graves (como a atual), seria possível conceder benefícios fiscais não
previstos em lei? A professora acredita que não. Entretanto, segundo ela, é necessário aguardar um
posicionamento dos tribunais superiores a respeito do tema.

Como visto, qualquer tipo de benefício fiscal deve ser efetivamente discutido no Parlamento (necessidade de lei
específica), entretanto, há uma única exceção instituída na parte final do art. 150, §6º, CF: ICMS.

➢ Disciplina especial quanto aos benefícios fiscais de ICMS


CF, art. 155, §2º: “(...)
XII - cabe à lei complementar:
g) regular a forma como, mediante deliberação dos Estados e do Distrito Federal, isenções, incentivos e benefícios fiscais
serão concedidos e revogados.”

✓ O ICMS, por ser tributo estadual, possui um poder de gerar a chamada “guerra fiscal”.

Atenção: para os tributos em geral, deve haver lei específica; contudo, no caso do ICMS, será a lei complementar que
regulará, mediante deliberação dos Estados e do Distrito Federal, o modo como os benefícios fiscais serão concedidos ou
revogados.

✓ A lei complementar citada já existe. Trata-se de LC 24/1975.

Procedimento estipulado na LC 24/1975:

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Considerações sobre o procedimento:
✓ A “convocação de todos” se refere à convocação de um representante da Fazenda de cada estado e do DF.
✓ A reunião ocorrerá desde que presente a maioria das unidades da federação.
✓ A presidência da reunião é feita por representante do Governo Federal.
✓ A concessão de um benefício somente ocorrerá por decisão unânime dos representantes dos estados que estão
presentes na reunião.
✓ A revogação de benefícios depende do voto de 4/5 dos representantes dos estados presentes na reunião.
✓ No prazo de 10 dias, a contar da reunião, a resolução nela adotada será publicada no Diário Oficial da União.
✓ No prazo de 15 dias contados da publicação e independentemente de qualquer outra comunicação, o Poder
Executivo de cada Unidade da Federação publicará decreto ratificando ou não os convênios celebrados. Se o
poder executivo não se manifestar, haverá a ratificação tácita do convênio.
✓ Em até 10 dias após o fim do prazo para ratificação, será publicada no Diário Oficial da União informação relativa
à aprovação ou rejeição
✓ Em 30 dias de tal publicação, os convênios entrarão em vigor, salvo disposição em contrário.

A professora destaca que, para haver benefício fiscal de ICMS, não basta a previsão legal, é necessário seguir todo o
procedimento citado acima.

Observação: existe uma decisão isolada do STF no tocante aos templos de qualquer culto. Neste caso, colocaram uma
isenção de ICMS nas contas de energia elétrica dos templos.
✓ Lembrando que templo de qualquer culto é contribuinte de fato e não tem imunidade.
A isenção de ICMS das contas de energia elétrica dos templos de qualquer culto foi concedida por lei e, quando a questão
chegou ao STF, a Corte permitiu a isenção, contrariando sua própria jurisprudência consolidada. Isso ocorreu porque o
STF afirmou que não existia, na situação fática, o poder deflagrador de guerra fiscal.

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