Edição Revista e Atualizada: Como Vender... - 4a.indd 3
Edição Revista e Atualizada: Como Vender... - 4a.indd 3
Edição Revista e Atualizada: Como Vender... - 4a.indd 3
Tradução
Francisco Manuel da Rocha Filho
1 Introdução 9
2 O fim de um perdedor e o início de um vencedor 21
3 A necessidade está no início de tudo 43
4 O “filante” é um ser humano 51
5 A Lei Girard dos 250 59
6 Não se junte ao clube 63
7 O que você deve fazer após vender a seu “tio Harry”? 71
8 Renove sempre a lotação da roda-gigante 79
9 A caixa de ferramentas de Girard 87
10 Faça com que leiam a correspondência 95
11 Caçando com perdigueiros 105
12 Saiba o que está fazendo... e por quê 123
13 Honestidade é a melhor política 139
14 Face a face com o cliente 147
15 O cheiro como motivador das vendas 153
16 Espionagem e serviço secreto 159
17 Retenha seus clientes 175
18 Como ganhar após encerrar a venda 197
19 Aceite toda a ajuda que puder obter 209
20 Gastos e lucros 221
21 Não há um capítulo final 229
e você está com este livro em mãos, significa que acha que ele
S pode ajudá-lo a obter mais de seu trabalho – mais dinheiro e
maior satisfação pessoal. Provavelmente, este não é o primeiro
livro sobre a arte de vender que você terá lido. É quase certo que
já tenha visto e lido muitos outros, todos contendo a promessa de
lhe fornecer “segredos”, mágica ou inspiração sobre o tema. Pos-
sivelmente, você já sabe o bastante acerca de como obter estímu-
lo olhando-se no espelho todas as manhãs e repetindo algumas
frases a si mesmo. Já conhece os mistérios da “PMLA” e “HPD” e
algumas outras expressões de poder mágico e forjadoras de atitu-
des. Sabe o suficiente sobre o que deve ou não pensar: os aspec-
tos positivos e os negativos. E talvez sinta-se um pouco confuso
com todas as sugestões contraditórias que lhe ofereceram os ou-
tros livros.
Não desejo tirar o lugar dos promotores de vendas, dos experts e
de outras pessoas bem-intencionadas que se empenham em escrever
livros sobre o assunto. Eles também têm de ganhar a vida.
Mas vamos encarar os fatos. O que você deseja saber é como
vender, de imediato, produtos e serviços concretos. E a maioria
Eis por que meu livro é diferente. Eis a razão pela qual ele lhe
será útil de um modo que os outros nunca conseguiram. Por-
que estou atuando a cada dia, como você também está. Faço o
mesmo que você faz. Sinto o que você sente. E também desejo
o que você deseja. E consigo obter. Outros já têm sido chamados
de “o maior vendedor do mundo”. Mas eles não são nosso tipo de
vendedor. Entre os que representam nosso tipo de vendedor, sou o
maior do mundo. Você não precisa acreditar apenas na minha pa-
lavra. Se quiser checar essa informação, pode consultar a principal
autoridade no assunto, o Guinness World Records.
Para provar que eu não sou MCNA (muita conversa e nenhu-
ma ação) como os outros que dizem que são o número 1 com seus
recordes autoproclamados, minha alegação foi verificada por uma
renomada firma de auditoria.
Procure o nome do maior vendedor do mundo e verá que sou
eu, Joe Girard. Ou, então, cheque histórias a meu respeito nas re-
vistas Newsweek, Forbes, Penthouse e Woman’s Day, ou ainda em
centenas de outras revistas e jornais. Talvez você já me tenha visto
em um ou outro show da televisão americana nos últimos anos.
E, nesses programas, sempre sou apresentado como “o maior ven-
dedor do mundo”, como atestado pelo Guinness.
Você deseja saber quanto ganhei desde que comecei a ven-
der, em 1963? Em meu primeiro ano, vendi somente 267 car-
ros. Somente! Mesmo naqueles tempos, isso era mais do que
simplesmente ganhar a vida. Naquele primeiro ano, talvez eu
fosse o número 1 nas concessionárias. Em 1966, meu quarto
ano de atividade, consegui vender 614 veículos, entre carros e
caminhões (diretamente ao comprador). Foi nesse ano que me
tornei o NÚMERO 1 DO MUNDO ENTRE OS VENDEDORES DE
CARROS E CAMINHÕES DIRETAMENTE AO COMPRADOR.
E, a partir de então, todo ano, eu era o vendedor número 1 de
carros e caminhões, diretamente ao comprador, incrementando
meus negócios numa faixa além de 10% ao ano e, em alguns
Não quero dizer que toda a situação que atravessei foi fácil,
mas segui adiante. E, se pude agir assim, vindo de onde vim,
qualquer um que se sinta cansado de ser um perdedor pode
fazer o mesmo. Garanto isso também. Mas você terá de cons-
truir as próprias versões das atitudes certas como um primei-
ro passo. Então, compreenderá as outras normas e partes de
meu sistema, e por que funcionam, desde que você as execute
com propriedade e consistência. A Lei Girard dos 250 torna-
rá claro por que você desejará utilizar esse sistema o tempo
todo. Quando chegarmos ao uso devido do tempo, você enten-
derá não apenas os fatos evidentes acerca do valor do tempo e
o que custa desperdiçá-lo, mas também a importância de ser
realista sobre si mesmo e do que pode fazer, e como ser bom
para si mesmo em longo ou curto prazos. Quando chegarmos
a abordar certos aspectos do que faço, passarei, naturalmente, a
falar sobre como vendo carros às pessoas. Relacionarei minhas
ações às de vendedores de outros setores. Muita informação a
esse respeito é óbvia e você pode entender por si mesmo. Quan-
do eu digo que é essencial incentivar o comprador a fazer um
test-drive com o carro, você sabe que, se vende casas, isso equi-
vale a levar os clientes a conhecerem de perto o modelo da casa.
Ou, então, convencer o cliente a vestir a roupa que deseja com-
prar. Ou mesmo preparar para eles uma refeição se estiver ven-
dendo uma nova cozinha. Do mesmo modo como, em outros
tempos, um vendedor de aspiradores de pó em domicílio cos-
tumava lançar pó e detritos no assoalho e, em seguida, usar o
aspirador para demonstrar seu funcionamento. O vendedor de
utilidades para cozinha prepara uma refeição e exibe a sua linha
de produtos. Um vendedor de colchões tem de conseguir que o
cliente se deite num deles. Tudo isso equivale à “viagem demons-
trativa” num novo carro Chevrolet.
Seja o que for que eu faça ou diga que tenha a ver com a venda
de carros, quase sempre haverá um equivalente para a venda de
*Termos depreciativos usados pelos americanos em relação aos estrangeiros de tez amo-
renada, especialmente italianos.
ti. É possível que eu não fosse bom, mas, com toda certeza, não era
ruim a ponto de merecer aquilo.
Após mais algumas idas de um emprego desagradável para
outro, alistei-me no exército. Isso ocorreu no início de 1947. Até
que caí de um caminhão e feri minhas costas durante o treina-
mento básico, e eles acabaram me dando baixa. Mas mesmo isso
não ocorreu com facilidade. Eu detestava o exército. Era quase
tão ruim para mim quanto estar preso. Por algum tempo, eles
me deram apenas serviços para fazer na caserna, em vez de me
dispensarem de vez. Certo dia, um sargento que eu nunca vira
ofereceu-se para me ajudar a conseguir a dispensa se eu desse a
ele o que ganhava como soldo. Por alguns momentos, pensei que
isso fosse uma espécie de plano, e que eles estivessem tentando
me flagrar subornando um oficial. Ele passou a me assediar com
aquela proposta e tentei ignorá-lo. Quando meu caso finalmente
foi examinado e eles me deram baixa, o sargento me procurou e
pediu o dinheiro. Entreguei-lhe meu soldo e fui para casa com
uma dispensa honrosa do exército. Não sei se ele teve ou não
algo a ver com isso, mas me senti tão feliz por estar livre da ca-
serna que lhe dei os poucos dólares que havia recebido sem pro-
blema algum. Quando cheguei em casa, minha mãe se mostrou
muito contente de me ver, mas meu pai recomeçou logo com
aquela história de que eu era um vadio. E disse que nem mesmo
o exército me quisera, frisando: “Você não presta e nunca fará
nada que sirva na vida.” Acrescentou que ele deveria ter me es-
trangulado quando nasci. Enquanto eu viver, nunca me esquece-
rei daquele dia. Com lágrimas quentes em meus olhos, ouvindo
meu pai gritar e soltar pragas contra mim repetidamente, e ven-
do minha mãe começar a chorar, saí de casa, e passei a trabalhar
em algumas ocasiões e andar à toa em outras ouvindo ainda os
berros do meu pai que, constantemente, me perseguiam.
Então, em 1948, tive mais um problema com a lei por ser idio-
ta. Um sujeito e eu abrimos uma loja para limpeza e conservação
Então, certa noite, voltei para casa e June, minha mulher, me pediu
dinheiro para comprar comida. Eu não tinha dinheiro. “O que as
crianças vão comer?”, perguntou ela.
Como responder a esta pergunta: “O que as crianças vão co-
mer?” Ali estava eu, um construtor de casas que se deixara enganar
até o ponto de perder tudo. Os cobradores estavam me perseguin-
do. O banco estava prestes a ficar com minha casa e meu carro.
Tudo isso já era ruim, mas agora faltava comida. Por alguns mo-
mentos, meus antigos sentimentos voltaram. Eu não sabia fazer
nada, como meu pai sempre disse. Não importava o quanto me
empenhasse em me estabelecer na vida, sempre voltava ao mes-
mo ponto. Mas não podia esquecer aquela pergunta que minha
mulher me fizera. Não havia tempo para sentir pena de mim mes-
mo. Eu era responsável por outras pessoas, minha mulher e meus
filhos, além dos fornecedores a quem eu devia dinheiro, por um
trabalho que eles haviam feito de boa-fé. Mas, naquele momento,
não estava preocupado com dívidas, falência ou a perda do meu
carro. O mais importante era como obter dinheiro suficiente para
alimentar minha família no dia seguinte. Isso era tudo. Simples-
mente evitar que eles tivessem fome. Eu sabia muito bem o que
significava sentir fome na infância, quando tínhamos apenas es-
paguete para comer diariamente, muitas vezes sem qualquer tem-
pero ou acompanhamento. Sempre fui um grande perdedor. Mas
não faria outras pessoas sofrerem por conta do que fiz ou deixei
de fazer. Sempre ganhei a vida para ajudar minha família. Na in-
fância, às vezes eu era a única fonte de sustento deles. Quando
trabalhava em fábricas e ganhava $90 por semana, meu pai me
fazia entregar o pagamento e me devolvia apenas $2 para gastos
pessoais. Sempre fora capaz de trazer para casa o bastante para
alimentar minha mulher e filhos – talvez não muito dinheiro, mas
o que era necessário – até aquele momento.