Dissertação Eduardo
Dissertação Eduardo
Dissertação Eduardo
CENTRO DE EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO DE MESTRADO
PROFISSIONAL EM EDUCAÇÃO
VITÓRIA
2022
EDUARDO HENRIQUE DE SOUZA MACHADO
VITÓRIA
2022
AGRADECIMENTOS
À minha avó (in memoriam), que me inspirou a aprender mais sobre a deficiência
visual.
Ao meu neto, Pedro, que apesar da pouca idade, pareceu entender o porquê
dos passeios e idas ao parquinho, terem a frequência diminuída.
Ao orientador Douglas Christian Ferrari de Melo que, com sua muita paciência,
compreensão e sabedoria, me orientou e incentivou na caminhada durante o
Mestrado.
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 9
2 METODOLOGIA .................................................................................................... 13
2.1 TIPO DE ESTUDO........................................................................................... 13
2.2 CONTEXTO DA PESQUISA............................................................................ 14
2.3 ORGANIZAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS .................................................... 15
3 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................. 20
4 REFERENCIAL TEÓRICO..................................................................................... 31
4.1 A ABORDAGEM HISTÓRICO-CULTURAL ..................................................... 31
4.2 CONCEPÇÃO CULTURAL DA APRENDIZAGEM .......................................... 34
4.3 O DESENVOLVIMENTO HUMANO NO CONTEXTO ESCOLAR ................... 39
4.4 DESENHO UNIVERSAL NA APRENDIZAGEM .............................................. 44
5 O DIREITO DE APRENDER E A EDUCAÇÃO ESPECIAL................................... 47
5.1 BREVE HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL .......................................... 47
5.2 EDUCAÇÃO ESPECIAL E A COVID-19 .......................................................... 55
5.3 RECURSOS TECNOLÓGICOS NO PROCESSO DE ESCOLARIZAÇÃO DOS
ALUNOS PÚBLICO-ALVO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL ....................................... 63
5.3.1 Tecnologias Educacionais ..................................................................... 66
6 ANÁLISE DE DADOS ............................................................................................ 70
6.1 DA SUSPENSÃO DAS AULAS PRESENCIAIS .............................................. 70
6.2 ENSINO REMOTO .......................................................................................... 73
6.3 TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS ................................................................... 75
6.4 ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL .............................................................. 81
7 PRODUTO EDUCACIONAL .................................................................................. 86
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 89
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 92
APÊNDICES ........................................................................................................... 106
APÊNDICE A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ........... 106
APÊNDICE B – ROTEIRO DE ENTREVISTA ......................................................... 109
APÊNDICE C – ROTEIRO QUESTIONÁRIO ON-LINE .......................................... 110
APÊNDICE D – PRODUTO EDUCACIONAL .......................................................... 112
APÊNDICE E – HISTÓRIA DO INSTITUTO FEDERAL DO ESPÍITO SANTO ....... 119
9
1 INTRODUÇÃO
Saber que ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua
própria produção ou a sua construção.
Paulo Freire
A realização de um sonho estava sendo construída e, seu ápice ocorreu quando entrei
na sala de aula e percebi o que é ser regente de uma sala de aula. Desde então, a
vontade de ajudar aos colegas de sala teve o foco alterado para os alunos, e sempre
me preocupei em atuar para atender suas expectativas.
Assim, na primeira instituição que trabalhei como professor, ao assumir uma das
turmas, encontro dois alunos com deficiência auditiva. Com as mãos gélidas e coração
10
Penso que ser professor exige sensibilidade e empatia, por isso, no cotidiano escolar,
analiso e percebo o comportamento dos alunos buscando oportunizar condições
adequadas para o desenvolvimento do aprendizado. A cada dia, discutimos a respeito
da qualidade do atendimento aos alunos, e principalmente, aos que apresentam
alguma deficiência que necessita de estratégias ou recursos diferentes no cotidiano
da escola.
Após essa introdução, a dissertação será dividida em quatro capítulos, além das
considerações finais sobre o estudo. No primeiro capítulo, será feita a apresentação
do objeto a ser pesquisado, estabelecendo o contexto do local da pesquisa e
apresentando os percursos metodológicos que serão seguidos com o objetivo de
alcançar à análise dos dados.
2 METODOLOGIA
Procura descobrir a frequência com que um fato ocorre, sua natureza, suas
características, causas, relações com outros fatos. Assim, para coletar tais
dados, utiliza-se de técnicas específicas, dentre as quais se destacam a
entrevista, o formulário, o questionário, o teste e a observação. (PRODANOV
e FREITAS, 2013, p. 52)
A pesquisa descritiva, na concepção de Gil (1999, citado por Beuren e Raupp, 2008,
p. 81),
Dessa forma, a pesquisa exigirá maior aproximação com a realidade dos sujeitos
envolvidos, envolvendo interpretações das relações e a percepção da análise dos
profissionais sobre a utilização de tecnologias nos processos de ensino de alunos com
deficiência visual, compondo assim uma pesquisa com abordagem qualitativa.
O ambiente pesquisado foi o Campus São Mateus, que faz parte do Instituto Federal
de Educação Ciência e Tecnologia do Espírito Santo,
O Campus São Mateus do Ifes – Instituto Federal do Espírito Santo iniciou suas
atividades como Unidade de Ensino de São Mateus, no dia 14 de agosto de 2006. Em
2007, a unidade recebeu a primeira turma do curso Técnico em Eletrotécnica. Em
2009, a Unidade São Mateus começou a atender alunos do curso Técnico Integrado
ao Ensino Médio em Mecânica e Eletrotécnica. Em 2010, teve início o curso de
Engenharia Mecânica e em 2019 foi ofertada a primeira turma do curso de Engenharia
Elétrica.
De acordo com Gil (1999, p.128), o questionário pode ser definido “como a técnica de
investigação composta por um número mais ou menos elevado de questões
apresentadas por escrito às pessoas, tendo por objetivo o conhecimento de opiniões,
crenças, sentimentos, interesses, expectativas, situações vivenciadas etc.”.
Desse modo,
Permitem ainda, que o pesquisador obtenha dados que podem ser comparados entre
os vários sujeitos, característica da boa entrevista, o fato de falar abertamente sobre
seus pontos de vista, e a comunicação do entrevistador, que pode demonstrar
interesse por suas repostas através de gestos e expressões faciais (BOGDAN;
BIKLEN, 1994).
A transcrição não pode ser considerada uma operação mecânica, e sim uma autêntica
reconstituição perceptiva das condições de produção, pois não é constituída durante
a situação comunicativa e modos de pensar de seus participantes. É uma tarefa que
corresponde à interpretação inicial e a simplificação dos dados obtidos que passam
pelo filtro da percepção do pesquisador, adquirindo características ao longo do texto
escrito, “mesmo quando o sistema de codificação ou transcrição utilizado consegue
preservar, de modo aproximadamente fiel, as informações veiculadas pelo
comportamento interacional do(s) informante(s)” (DE PAULA; ESPINAR, 2000, p.11).
3 REVISÃO DE LITERATURA
Com a pesquisa, foi possível identificar três teses, quatorze dissertações e sete artigos
científicos que mais se aproximam do meu objeto de estudo, segundo os descritores.
Dessa forma, para contextualizar as nossas discussões, apresentarei o percurso
metodológico e os dados dos trabalhos científicos desenvolvidos nos referidos
estudos.
Autores Síntese
Analisou as contribuições, implicações e desafios das TICs – Sistemas
Inteligentes, para a capacitação e inclusão de pessoas com deficiência visual
SANTOS, Adenir
no mercado de trabalho. Os estudos apontaram que a apropriação e o uso
Fonseca dos. 2018
das ferramentas computacionais se tornaram um fator excludente diante as
demandas do mercado.
2A escolha das fontes considerou a relevância dos estudos na comunidade acadêmica, com ênfase
em Educação Inclusiva e Tecnologia, temas voltados para educação inclusiva, informática na
educação, tecnologia assistiva / ajudas técnicas na educação.
21
Autores Síntese
Relata sobre o plano de ação elaborado para apoiar os estudantes
com deficiência visual, da Universidade de Brasília, com auxílio de
ZARDO, Sinara Pollom et tecnologias digitais durante a pandemia causada pelo novo
al., 2020. Coronavírus. Conclui que as ações desenvolvidas foram fundamentais
para a continuidade do processo formativo e para a permanência do
vínculo dos estudantes com a universidade durante a pandemia.
Descreve e analisa o processo de implantação das Atividades de
Ensino Remotas (AERs) em tempos de pandemia da COVID-19.
MARCOLLA, Valdinei et
Concluiu que a pandemia do COVID-19 proporcionou o
al.,2020.
reconhecimento de adaptações que podem contribuir para o
desenvolvimento das AERs na instituição.
Analisa a inclusão dos alunos com deficiência durante o período da
OLIVEIRA, Polliane de Pandemia do Novo Coronavírus no âmbito da Educação Básica.
Jesus Dorneles et al.,2020 Conclui-se que a Pandemia do novo Coronavírus agravou o cenário
de exclusão escolar para os alunos com deficiência.
DA SILVA, Nathália Régia Fornece subsídios para o trabalho com a educação remota e híbrida,
Almeida. 2020. de modo a facilitar a busca por conteúdos, ferramentas e recursos.
DE OLIVEIRA, Wanessa Identifica e analisa os dados, de acesso público, sobre o ingresso e
Moreira; DELOU, Cristina permanência de estudantes público-alvo da EE nos IFs no período de
Maria Carvalho. 2021. 2015 a 2019.
OLIVEIRA, Ilena da Discute as possibilidades de ensino remoto a partir do uso do podcast.
Aparecida; OLIVEIRA,
Sabrina Aparecida de;
CARVALHO, Saulo
Rodrigues de., 2020.
Refletir sobre a educação dos estudantes com deficiência visual em
DE CARVALHO JUNIOR,
tempos de pandemia de Covid-19. Conclui que no período de
Arlindo Fernando Paiva;
isolamento e educação a distância acentuou os processos de
DE MENEZES LUPETINA,
exclusão e falta de acessibilidade para os estudantes com deficiência
Raffaela. 2021.de lim
visual.
Percebe-se que o uso das Tecnologias Assistivas é mais valorizado nas instituições
especializadas em deficiência visual, pois, considerando a visão como o meio da
pessoa se relacionar com o mundo ao seu redor, sua utilização pode auxiliar em
diversas atividades cotidianas e educacionais, promovendo assim, autonomia
(OLIVEIRA, 2016).
Bengtson (2017), realizou pesquisas e percebeu que poucos professores, mesmo com
anos de prática, nunca tiveram alunos com deficiência visual. Tal contestação causou
o seguinte questionamento: Considerando os dados do IBGE (CENSO 2010, p. 06),
que afirma que a deficiência visual é a mais frequente. Onde estão esses indivíduos?
Para Bengtson isso representa que a inclusão ainda é um processo lento de
consolidação.
suficiente para realizar essa atividade, pois, requer mudanças pedagógicas e nos
métodos de avaliação. Os professores envolvidos no estudo relataram falta de
estrutura física e equipamentos adequados ao trabalho de acessibilidade.
“A inclusão deverá ser vista não como favor, mas como representação de um avanço
histórico que compreende a diversidade como requisito necessário à construção da
sociedade” (p.113) destaca a pesquisa de Rodrigues (2010), intitulada O uso de
tecnologias da informação e comunicação (TIC) por alunos cegos em escola pública
municipal de Fortaleza.
na utilização recursos são tão importantes quanto o acesso aos materiais como livros,
apostilas e qualquer outro documento.
Para que isso ocorra de modo adequado, além do cumprimento da legislação vigente
sobre o tema, é necessário desenvolver condições especiais de recursos humanos,
pedagógicos e físicos, material didático e tecnologias que atendam as especificidades
dos alunos, planejamento individualizado com o objetivo de contemplar as
particularidades de cada um, e acompanhamento e avaliação sistemática para o
surgimento de novas propostas educacionais. Esses são alguns resultados da
pesquisa de Sonza (2004), que analisou a acessibilidade de deficientes visuais aos
ambientes digitais/virtuais
sala de aula e, desse modo responsável pelo conteúdo postado no ambiente virtual
de aprendizagem. Conforme a autora, a aprendizagem por meio das tecnologias,
propicia a interação entre os professores, colegas e educandos, e contribui para a
socialização do conhecimento, desenvolvimento de aspectos inclusivos de suporte e
autonomia para educandos com deficiência visual.
Utilizar esses recursos pode adequar o espaço social às necessidades da pessoa com
deficiência visual, de modo lhes garantir uma participação efetiva e ativa nas relações
sociais, considerando que a atividade prática humana é o meio por onde a pessoa
inicia o seu processo de desenvolvimento e apropriação dos instrumentos culturais
indispensáveis para o seu desenvolvimento psíquico, afirma Santos (2018).
Desse modo, conclui Santos (2018), para que os espaços sociais sejam adequados,
os recursos de alta tecnologia, vinculados às Tecnologias da Informação e
Comunicação, são aqueles que podem oferecer maiores possibilidades para os
alunos se inserirem ativamente no processo de ensino e aprendizagem conceitual.
Nesse sentido, os estudos de Sonza (2004) apresentam uma possível solução. Para
que o professor tenha condições de aproveitar as diversas vantagens que os recursos
tecnológicos contemporâneos ofertam, é necessário um movimento de contínua
capacitação e reflexão do processo de ensino-aprendizagem.
28
Desse modo, Santos (2018), provoca a reflexão sobre o tema e declara que a inclusão
de pessoas com deficiência visual, por meio dos diferentes recursos, deve ser uma
alternativa viável para permitir o acesso à informação e ao conhecimento,
independente de hardware, software, infraestrutura, idioma, cultura e limitações.
As autoras destacam ser muito importante que o uso seja para a apropriação da
ferramenta, com o objetivo de qualificar a aprendizagem e potencializar o
29
aprofundamento destes recursos, e que cada vez mais, sejam mais utilizados no
ambiente educacional.
4 REFERENCIAL TEÓRICO
Lev Vigotski
De acordo com Leite, Leite e Prandi (2009), um dos principais objetivos da prática
pedagógica é a aprendizagem. Compreender o conceito de aprender é fundamental
para a elaboração da proposta de educação, estruturada e definida por práticas
pedagógicas contemporâneas.
Segundo Vygotski (1997), o ato instrumental, é o ato mediado por signos, produz
intensas mudanças no comportamento humano, posto que entre a resposta da pessoa
e o estímulo do ambiente se intercala o novo elemento designado signo.
De acordo com Peirce (1990, p. 46), “um signo é aquilo que sob certo aspecto ou
modo representa algo para alguém” e três aspectos são essenciais nela:
Nesse contexto Pino (2003) visualiza o signo como uma estrutura em T (figura 1):
De acordo com Pino (2003), o Interpretante tem a função de mediador semiótico, não
se confundindo com os demais elementos da relação, mas exercendo ambas as
funções. O autor cita:
“Por exemplo, a palavra “estrela” (x) evoca no intérprete uma certa idéia (z)
do objeto estrela (y). A idéia não está nem na palavra ou Signo (x) nem na
coisa ou Objeto (y), mas na mente do intérprete. Todavia, ela só pode estar
lá porque já estava em outro lugar: na mente dos homens que estabeleceram
as características do objeto estrela (PINO, 2003, p. 291).
3 Técnica e semiótica designam a totalidade dos meios inventados pelos homens para agir sobre o
mundo e sobre eles mesmos e criar assim as próprias condições de existência, materiais e imateriais
(PINO, 2003, p.287).
38
Lev Vigotski
Para Duarte (2016, p. 21), o conceito de educação proposto pela Pedagogia Histórico-
Crítica é definido, “como um movimento coletivo que tem procurado produzir nos
educadores brasileiros, uma tomada de posição consciente em relação ao papel da
atividade educativa na luta de classes.”
Saviani (2008, p. 34) afirma que “[...] os homens não são essencialmente iguais; os
homens são essencialmente diferentes, e nós temos que respeitar as diferenças entre
os homens. Então, há aqueles que têm mais capacidade e aqueles que têm menos
capacidade; há aqueles que aprendem mais devagar; há aqueles que se interessam
por isso, e os que se interessam por aquilo”.
Nesse sentido, Marsiglia (2011) afirma que a escola pode se constituir em um espaço
de reprodução da sociedade capitalista ou assumir a função de transformação da
sociedade, para isso, pais, alunos e professores devem estar envolvidos nos
processos decisórios envolvendo as práticas pedagógicas, o planejamento e o modo
o qual os conteúdos serão inseridos e ensinados.
42
processo de evolução e são comuns aos homens e aos animais superiores, são
denominadas funções psíquicas elementares, os demais, caracterizados como
funções psíquicas superiores, decorrem da evolução histórica e de modo específico
nos humanos, representando assim, adquiridas pelo desenvolvimento social
(MARTINS, 2015).
Conforme Meier e Garcia (2007), Vigotski destacou que as origens das formas
superiores deveriam ser buscadas nas relações sociais que o sujeito preserva durante
as atividades práticas com o mundo exterior, sob um processo de mediação. Molon
(1995) afirma que mediação não é um ato em que algo se interpõe; não está entre
dois termos, estabelecendo uma relação, e sim, é processo, é a relação de fato.
2017).
Criar o que não existe ainda deve ser a pretensão de todo sujeito que está vivo.
Paulo Freire
Assim como nos séculos da era cristã, as pessoas com deficiência foram objeto de
eliminação direta ou indireta, seja por “inutilidade funcional” ou por serem
consequências de castigo divino ou manifestações demoníacas (ARAÚJO, 2010).
A partir do século XII, surge a ideia de que todos os homens são criaturas de Deus, e
o extermínio de pessoas com deficiências, passa a ser questionado e as mudanças
acontecem de modo gradual (BELTHER, 2017). Ainda na Idade Média, o Cristianismo,
interveio no modo de tratamento dessas pessoas, e passou as acolhê-las em casas
de assistência mantidas pelos senhores feudais (NUNES; SAIA e TAVARES, 2015).
No que tange aos direitos da pessoa com deficiência, a partir da Revolução Industrial,
pelo elevado número de acidentes do trabalho, surgiram legislações para proteção e
garantia da seguridade social, através de atividades assistenciais, atendimento
médico e reabilitação de acidentados (NUNES; SAIA e TAVARES, 2015).
Até a metade do século XX, o termo deficiência era considerado como problema de
herança genética, por isso, não seria possível mudar no decorrer da vida (RIBEIRO e
CASA, 2018). “Acreditava-se que aquele que nascia com algum déficit sensorial ou
mental estava condenando a viver com essas limitações” (DOMINGUES;
DOMINGUES, 2009, p.3).
Conceitua-se deficiência visual com base no Decreto n.º 3.298/99 e no Decreto n.º
5.296/04. De acordo com essa legislação, cegueira é classificada como sendo a
acuidade visual igual ou menor de 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica,
enquanto baixa visão é a pessoa com acuidade visual entre 0,3 e 0,05 no melhor olho,
com a melhor correção óptica ou os casos nos quais a somatória da medida do campo
visual em ambos os olhos for igual ou menor que 60º ou a ocorrência simultânea de
qualquer condição anterior.
As pessoas com baixa visão não conseguem ter visão nítida, ainda que utilizem óculos
comuns, lentes de contato ou implantes intraoculares. Dependendo da patologia que
causou a perda da visão, podem ter sensibilidade ao contraste, percepção das cores
e intolerância à luminosidade (CARVALHO et al., 2016).
A baixa visão pode ser definida através da capacidade de visão que uma pessoa tem
entre 20/40 e 20/200, após correção. Ao comparar essa escala com uma pessoa com
visão normal, aquele que tem visão 20/200 enxerga algo a cerca de 6 metros de
distância, enquanto uma pessoa com visão 20/20 enxerga algo a cerca de 60 metros
(CHILINGUE, 2018).
Desse modo, é necessário lutar não apenas pelo acesso de estudantes na educação
especial, pois, esse direito é garantido por lei, é preciso lutar para que os alunos
público-alvo possam ter acesso aos conhecimentos da mesma forma que os demais
(LIEVORE; DE MELO, 2019).
Desde o ano de 2020, o cenário mundial está sendo marcado pelos impactos e
desafios decorrentes da doença COVID-19, a qual possui como método mais eficaz
de combate, o isolamento social. Neste cenário, as aulas presenciais foram suspensas
e, os alunos passaram a ter aulas virtuais através de dispositivos eletrônicos e internet
(LEITE et al., 2020). Tal respaldo advém de uma orientação, em caráter excepcional,
do Ministério da Educação (MEC) e de normativas estaduais.
Para Moran (2013), o uso das Tics nas escolas passa por três etapas, as quais, em
muitos casos foram suprimidas pelo contexto pandêmico.
O ensino remoto emergencial foi apregoado como uma estratégia para manter o
período letivo, um movimento que expressa a tensão entre a possibilidade de que o
processo de privatização do ensino seja intensificado, e situação seja considerada
como normal (SOUZA; DAINEZ, 2020).
100 93
90 86
80
67
70
60
50
40
30
20 12 12
8
10 4 3 2
0
Aumentou Não mudou Diminuiu
1
Nenhuma estratégia 4
13
74
Vídeoaulas gravadas 34
31
71
Materiais digitais na rede social 87
70
26
Envio de materiais impressos 43
37
78
Aulas a vivo (on line) 28
12
0 20 40 60 80 100
Para Teles, Backes e Castor (2020), com o avanço da utilização das novas tecnologias
para comunicação e informação, é necessário estarmos atentos para que os alunos
com deficiência não estejam à margem do sistema educacional, sendo necessário
preservar o aspecto inclusivo através de práticas educativas com recursos que
atendam às suas especificidades. Os autores destacam que “cada sujeito é único e
merece ter suas singularidades respeitadas pela instituição escolar” (p. 7).
Cerca de 61% dos professores das escolas públicas estaduais afirmam que após o
retorno das aulas presenciais, o ensino on-line deve permanecer.
Ao refletir sobre isolamento e visibilidade social, Da Silva e Rozek (2020) afirmam que
a sensação de isolamento, comumente, faz parte da vida das pessoas com deficiência
61
e seus familiares. Uma parcela da sociedade não aceita a pessoa com deficiência,
sem reconhecimento de suas potencialidades e direitos.
Ensino remoto com crianças com deficiência? Como os alunos surdos estão
assistindo às aulas sem intérpretes? Como os alunos cegos compreendem o
vídeo indicado sem audiodescrição? Como as crianças autistas se organizam
com lives tumultuadas, muita tela, pouca imagem e o ensimesmamento do
espaço familiar com o “escolar”? Como fica o laço social que necessita da
presencialidade ou do sentido extremo dado às tentativas de mantermos
amarração subjetiva? Como proporcionamos um caminho enriquecido e
singular de aprofundamento para as crianças com altas habilidades?
4 Personagem da mitologia grega, impiedoso bandido que possuía uma cama de ferro de seu exato
tamanho. Divertia-se obrigando os viajantes que capturava a deitarem-se nessa tal cama; se maiores,
cortava-lhes as pernas, se menores, esticava-os até caberem exatamente no leito.
63
São coisas que carregam consigo o motivo pelo qual foram gerados, ou seja,
a sua finalidade social. Representam de imediato o que pretendem mediar na
relação entre o ser humano e o mundo. No caso de uma ferramenta de
trabalho, a partir do momento em que a pessoa descobre a sua finalidade
social, ela irá carregá-la consigo, identificando, assim, para que serve a sua
existência. Por exemplo, “uma tesoura serve para cortar”. (GALVÃO, 2004, p.
87)
[...] a TA deve ser entendida como um direito humano e social, uma vez que
os distintos produtos e serviços de apoio podem ser considerados como
verdadeiras complementações e extensões da corporeidade e do próprio ser
das pessoas que deles se utilizam e/ou precisam se utilizar, assegurando
possibilidades efetivas de comunicação, expressão, movimento e
consecução de atividades da vida diária, enfim, de realização plena como
pessoas humanas e sujeitos de direitos participantes da vida social (GARCIA
et al., 2017, p.12/13).
Peloci e Nunes (2011, p. 53) destacam que as Tecnologia Assistiva são relevantes no
contexto educacional afirmando que: “no processo de inclusão escolar das crianças
com deficiência física, o uso da tecnologia assistiva se mostra essencial”.
Sua utilização faz parte da estrutura necessária para que os alunos público-alvo da
educação especial, sejam inseridos e permaneçam na escola regular, possibilitando
65
será marcado nos livros de história com múltiplas cicatrizes. Mais de 1,5
bilhão de alunos foram afetados diretamente com o fechamento das escolas
e mais de 60 milhões de professores estão sem respostas às múltiplas
indagações que surgem diariamente com os novos desafios. Desde que a
pandemia da Covid-19 se instalou no mundo, inúmeros países adotaram o
fechamento total das escolas e iniciaram medidas emergenciais para tentar
conter a proliferação de um vírus desconhecido. Em meio a uma crise sem
precedentes, com proporções globais, educadores, educandos e suas
famílias passaram a lidar cotidianamente com as múltiplas implicações da
palavra imprevisibilidade e, em prol da manutenção da vida, estamos
(re)aprendendo formas de ensinar, conviver em sociedade.
O Desenho Universal é baseado em sete princípios, criados por Ron Mace e citados
por Carletto e Cambiaghi (2011):
1. Igualitário: São espaços, objetos e produtos que podem ser utilizados por
pessoas com diferentes capacidades, tornando os ambientes iguais para
todos.
6. Sem esforço: Para ser usado eficientemente, com conforto e com o mínimo
de fadiga.
5
Momentos em que professores e alunos interagem (simultaneamente) em uma sala virtual por meio de imagem
e som.
69
6 ANÁLISE DE DADOS
3436 que dispõe sobre a substituição das aulas presenciais por aulas em meios digitais
enquanto durar a situação de pandemia do Novo Coronavírus – Covid-19.
6 Dispõe sobre a substituição das aulas presenciais por aulas em meios digitais enquanto durar a
situação de pandemia do Novo Coronavírus - COVID-19.
72
Parágrafo único. A dispensa de que trata o caput se aplicará para o ano letivo
afetado pelas medidas para enfrentamento da situação de emergência de
saúde pública de que trata a Lei nº 13.979, de 6 de fevereiro de 2020
(BRASIL, 2020, p. 1).
A Portaria Nº 3768, de 3 de abril de 2020, tratou das aulas nos cursos de educação
profissional técnica de nível médio, determinando que (BRASIL, 2020, p.1):
7 Estabelece normas excepcionais sobre o ano letivo da educação básica e do ensino superior
decorrentes das medidas para enfrentamento da situação de emergência de saúde pública de que trata
a Lei nº 13.979, de 6 de fevereiro de 2020.
8 Dispõe sobre as aulas nos cursos de educação profissional técnica de nível médio, enquanto durar a
situação de pandemia do novo coronavírus - Covid-19.
73
O modelo utilizado para a retomada das atividades escolares foi o das Atividades
Pedagógicas Não Presenciais – APNPs.
Houve variação de estratégias adotadas pelas instituições, o que representa, que não
há solução única e que existem diferentes formas de lidar com os novos desafios
(PIMENTEL, 2020).
Steve Jobs relata que teve dificuldades para gravar aulas e comentou:
O momento foi difícil para todos, de uma hora para outra estávamos dentro
de nossas casas, estudando, trabalhando... e nesse contexto, alguns alunos
tentavam acompanhar as aulas, em muitos momentos sem estrutura,
envergonhados de abrirem suas câmeras com vergonha de mostrarem suas
casas, ou de abrirem os microfones para os colegas e professor não terem
que ouvir os gritos que havia em suas casas...enfim, foram muitos fatores que
dificultaram o processo de aprendizagem.
Sobre isso, Assis (2021) afirma que nem todos os alunos estavam familiarizados com
o ensino remoto, não houve tempos e espaços necessários para mudanças abruptas,
pois todos foram afetados por mudanças. Os espaços sofreram mudanças para
acomodar pessoas estudando e/ou trabalhando dentro dos lares, provocando
ausência de recursos e ambiente adequado para tais atividades.
Tempo de Trabalho
7%
7%
Entre 1 e 3 anos
Entre 3 e 5 anos
86% Mais de 5 anos
O estudo aponta que 64% dos professores participaram de algum curso de formação
na área de tecnologias educacionais durante o período pandêmico (Gráfico 5).
Participação em Formação
Sobre isso, Edsger Dijkstra, que leciona aulas nas turmas do ensino médio integrado,
declara:
9
Aplicativo de matemática dinâmica que combina conceitos de geometria e álgebra.
10
Programa de modelagem tridimensional online.
11
Plataforma de aprendizado baseada em jogos.
77
Larry Page declara que vivíamos em uma “bolha”, em uma zona de conforto,
consciente de que precisava mudar a forma de trabalhar com as novas metodologias,
mas não buscava mudanças.
Um fato que deve ser fortemente considerado no retorno às aulas presenciais, são as
alterações no modo de conduzir o processo se ensino/aprendizagem. Com a
retomada gradativa das aulas presenciais, as tecnologias educacionais passaram a
fazer parte do cotidiano escolar.
De acordo com o gráfico 6, 56% dos professores afirmaram que sempre utilizam
tecnologias educacionais, e 33% disseram quase sempre utilizam.
11%
Sempre
33% 56%
Quase sempre
Raramente
O alto percentual que afirmou que “sempre” utiliza recursos tecnológicos em sala de
aula, representa uma característica da chamada Geração Y, constituída pelas pelos
indivíduos nascidos entre 1982 e 1994 – que representam 50% dos professores
entrevistados. De acordo com Benson (2000), nenhuma geração anterior recebeu
tantos cuidados, estímulos e informações que reflete em maior qualificação
profissional.
Tecnologias Utilizadas
Ambiente Virtual de
Aprendizagem
22%
31% Plataformas de Vídeo/áudio
Como o ambiente virtual de aprendizagem – AVA, foi a ferramenta que mais utilizada
durante o período de aulas remotas para manter o vínculo com os alunos, os
professores pretendem mantê-la, e consolidar sua utilização no processo de
aprendizagem.
Pois, para que se tenha um impacto efetivo em sala de aula, entre professores e
estudantes, que utilizam as TIC, são necessários o enfrentamento e a ruptura dos
obstáculos e a construção de um novo conhecimento (TECHIO; PILLON, 2020).
80
Nível de Interesse
7%
Muito interesse
Pouco interesse
93%
Para contrapor essa ideia, Móran (2012) afirma que, embora exista expectativa de que
as novas tecnologias digitais vão trazer soluções rápidas para mudar a educação, vale
destacar que ensinar não depende somente das tecnologias.
Corroboram com essa afirmação, 35,7% dos professores que acham importante em
programas de formação continuada, conteúdos relacionados ao tema
Desenvolvimento de Competências Socioemocionais.
81
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
Sente-se preparado(a)
14%
36%
Sim
Não
50% Talvez
[...] trabalhei com aluno com deficiência visual, mas não precisei fazer
adaptações no material. Ele era muito autônomo (Blaise Pascal).
Não tive alunos com deficiência visual, tive alunos com baixa visão. Não
precisei fazer adaptações nos materiais, apenas colocava ele “pra sentar” na
frente e olhava o caderno depois (Ada Lovelace).
83
Disseram que ela (o aluno) tinha baixa visão, mas não tive dificuldades com
ele (Reynold B. Johnson).
Eu fazia adaptações nos slides que utilizava em sala de aula e nos momentos
síncronos, utilizava fontes maiores, não utilizava fundos coloridos... (Allan
Turing).
Eu não tenho certeza se estou preparado para trabalhar com alunos com
deficiência visual, mas, um fato que contribui para o desenvolvimento das
aulas, foi o comprometimento dele (aluno) com o conteúdo, ele se destacava
entre os demais alunos sem deficiência.
No entanto, Allan Turing destaca um fato que aumentou as dificuldades dos alunos: a
falta de recursos materiais.
Durante a suspensão das aulas presenciais, em que ocorre o ensino remoto, os alunos
enfrentam problemas relacionados à falta de acesso à internet e à falta de dispositivos
84
Nível de Interesse
29%
Muito interesse
71% Pouco interesse
7 PRODUTO EDUCACIONAL
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerando, os estudantes como ser histórico e cultural, estes devem ter direito de
acessar o conhecimento desenvolvido pela sociedade, desse modo, são necessários
a criação de condições que favoreçam a implantação de políticas públicas e recursos
com o objetivo de garantir o direito a aprender.
Esse processo requer mudanças nas instituições de ensino, que precisam desmitificar
os prévios conceitos atribuídos às pessoas com deficiência, consideradas como
obstáculos a harmonia em sala de aula, e incapazes de aprender, da mesma forma
que os alunos tidos como normais. Nesse contexto, toda comunidade escolar precisa
estar envolvida no processo de mudança.
A utilização dos recursos digitais foi proposta, sem considerar as condições de acesso
e particularidades dos alunos e professores, pois, computadores, internet e
treinamento são ferramentas fundamentais nesse processo.
Por meio das entrevistas, verificamos que esses profissionais buscaram treinamentos,
conversavam com colegas, e trabalharam além da carga horária com o objetivo de
manter o vínculo com os alunos, um processo que causou um certo desgaste
emocional, cujo resultados serão percebidos a longo prazo.
Por fim, vale destacar que no percurso profissional e acadêmico desse estudo, a
temática se esgota, e tem um longo caminho. Há um amplo campo para estudos e
pesquisas, para que os alunos com deficiência visual tenham equidade no processo
de aprendizagem e seja respeitado o direito a aprender.
92
REFERÊNCIAS
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GEWANDSZNAJDER, F. O Método nas Ciências Naturais e Sociais: Pesquisa
Quantitativa e Qualitativa (p.99-197) 2. São Paulo: Pioneira.
AMARAL, Marco Antônio Franco do. Prefácio. In: Um olhar sobre a educação
contemporânea [recurso eletrônico]: abrindo horizontes, construindo caminhos
/organizadores: Jenerton Arlan Schütz ... [et al.]. - Cruz Alta: Ilustração, 2020.
BARDIN, L. Luis Antero Reto AP. Análise de conteúdo. Edições, editor. São Paulo,
2011.
BÖCK, Geisa Letícia Kempfer; GOMES, Débora Marques; BECHE, Rose Clér
Estivalete. A experiência da deficiência em tempos de pandemia: acessibilidade e
ética do cuidado. Revista Criar Educação, v. 9, n. 2, p. 122-142, 2020.
CAMARGO, Eder Pires de. Inclusão social, educação inclusiva e educação especial:
enlaces e desenlaces. Ciência & Educação (Bauru), v. 23, p. 1-6, 2017.
CURY, Carlos Roberto Jamil et al. O Aluno com Deficiência e a Pandemia. Instituto
Fabris Ferreira, p. 2020-07, 2020.
DE PAULA, Mirian Rose Brum; ESPINAR, Gema Sanz. Coleta, transcrição e análise
de produções orais. Letras, n. 21, p. 69-84, 2000.
FREIRE. Paulo. Ação Cultural para a liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982.
GALVÃO FILHO, Teófilo Alves. Tecnologia Assistiva para uma escola inclusiva:
apropriação, demanda e perspectivas. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade
de Educação, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2009. Disponível em:
98
https://repositorio.ufba.br/ri/bitstream/ri/10563/1/Tese%20Teofilo%20Galvao.pdf.
Acesso em: 25 jun. 2021
GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5. ed. São Paulo:
Atlas, 1999.
MORETTI, Vanessa Dias; ASBAHR, Flávia da Silva Ferreira; RIGON, Algacir José.
O humano no homem: os pressupostos teórico-metodológicos da teoria histórico-
cultural. Psicol. Soc., Florianópolis, v. 23, n. 3, p. 477-485, Dec. 2011
NUNES, Sylvia da Silveira; SAIA, Ana Lucia; TAVARES, Rosana Elizete. Educação
Inclusiva: Entre a História, os Preconceitos, a Escola e a Família. Psicol. cienc.
prof., Brasília, v. 35, n. 4, p. 1106-1119, Dec. 2015
PLETSCH, Márcia Denise; SOUZA, Flávia Faissal de; ORLEANS, Luis Fernando. A
diferenciação curricular e o desenho universal na aprendizagem como princípios
para a inclusão escolar. Revista Educação e Cultura Contemporânea, v. 14, n. 35,
p. 264-281, 2017.
RAUPP, Fabiano Maury; BEUREN, Ilse Maria. A supremacía contábil dos Estados
Unidos como aspecto dificultador à harmonizaçao das normas contábeis no ámbito
da ALCA. Pensar Contábil, v. 7, n. 29, 2008.
SILVA, Luzia Alves da. Aquisição da leitura e da escrita por alunos com
deficiência visual: um estudo a partir das contribuições da psicologia
histórico-cultural e da pedagogia histórico-crítica. 2015. Dissertação Mestrado
em Educação. Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE. Paraná.
2015.
SUETH, José Cândido Rifan et al. A trajetória de 100 anos dos eternos titãs: da
Escola de Aprendizes Artífices ao Instituto Federal. Vitória: Ifes - 2009.
TECHIO, Leila Regina; PILLON, Ana Elisa. O blog como ferramenta de interação
e comunicação: estudo de caso em uma IES de Santa Catarina. 2020
TELES, Perolina Souza; BACKES, Débora do Reis Silva; CASTOR, Wine Silva De
Santana Santos. Reflexões acerca das desigualdades educacionais durante a
pandemia do covid-19 na Grande Aracaju/SE. Anais do Colóquio Internacional"
Educação e Contemporaneidade", v. 14, n. 3, p. e14200341-e14200341, 2020.
______. A formação social da mente. 5. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1994.
ZARDO, Sinara Pollom et al. Apoio especializado para estudantes com deficiência
visual em tempos de pandemia. Revista Carioca de Ciência, Tecnologia e
Educação, v. 5, n. especial, p. 110-112, 2020.
106
APÊNDICES
O (A) Sr. (a) está sendo convidado (a) a participar da pesquisa “Tecnologia Assistiva
e as Práticas Pedagógicas na Educação Especial com Alunos com Deficiência Visual”,
sob a responsabilidade de Eduardo Henrique de Souza Machado. Esta pesquisa tem
por objetivo descrever e analisar as tecnologias educativas e práticas pedagógicas
utilizadas por professores que atuam com alunos com deficiência visual durante a
pandemia da COVID-19. Entendemos que esta pesquisa pode direcionar sobre o
processo de formação de professores, e aprimorar o trabalho dos gestores escolares
frente ao processo de escolarização dos alunos com deficiência visual no município
de São Mateus.
Sua atuação nesta pesquisa consistirá na participação de: entrevista individual, a ser
realizada na sua escola de atuação, com duração aproximada de uma hora e
observação de sua atuação na escola, durante dois meses. Por meio desses
instrumentos, esta pesquisa possibilitará conhecer mais profundamente o cotidiano
escolar, a fim de levantar as reais necessidades e dificuldades encontradas pela
comunidade escolar na escolarização dos alunos com deficiência visual.
Para participar deste estudo, você não terá nenhum custo, nem receberá nenhuma
vantagem financeira. Caso haja despesa com sua participação na pesquisa, você será
totalmente ressarcido (a). Você será esclarecido (a) sobre o estudo em qualquer
aspecto que desejar e estará livre para participar ou recusar-se. Sua recusa não trará
nenhuma penalidade ou prejuízo em sua relação com a pesquisadora ou com a
instituição. Você poderá retirar seu consentimento ou interromper a participação a
qualquer momento.
107
O benefício relacionado com a sua participação será contribuir com futuras pesquisas
e reflexões sobre as atuais políticas de formação de professores que atuam com na
Educação Especial.
Em caso de dúvidas sobre a pesquisa, o (a) Sr. (a) pode contatar o pesquisador
Eduardo Henrique de Souza Machado no telefone (27) 99976-2870, pelo e-mail
[email protected] ou no endereço Av. Fernando Ferrari, 514 - Goiabeiras,
Vitória – Espírito Santo, Brasil, CEP 29075-910, endereçando ao Centro de Educação.
Em caso de denúncias e/ou intercorrências na pesquisa o Comitê de Ética em
Pesquisa da Universidade Federal do Espírito Santo – campus de Goiabeiras deverá
ser acionado, por meio do telefone (27) 3145-9820, e- mail [email protected]
108
ou pelo endereço Av. Fernando Ferrari, 514 - Goiabeiras, Vitória – Espírito Santo,
Brasil, CEP 29075-910.
PARTICIPANTE DA PESQUISA:
Nome:___________________________________________
Assinatura:_______________________________________
PESQUISADOR:
Assinatura:______________________________________
109
Nome:
Sexo: ( ) M ( ) F
Idade:________
Nível de ensino em que atua: ___________________
Nome:
Sexo: ( ) M ( ) F
Idade:________
Nível de ensino em que atua: ___________________
Graduação
Especialização
Mestrado
Doutorado
Pós-doutorado
Menos de 1 ano
Entre 1 e 3 anos
Entre 3 e 5 anos
Mais de 5 anos
3. No período entre 03/2020 e 12/2021 trabalhou com alunos com deficiência visual?
Sim
Não
Entre 1 e 6 meses
Entre 6 e 12 meses
Mais de 12 meses
Sim
Não
• Programas e aplicativos
• Novas metodologias de ensino
• Recursos para chamadas de vídeo
• Conceito e histórico sobre deficiência
• Podcasts e Vídeo aulas
• Recursos para enviar e receber material
9. No contexto das aulas presenciais, utiliza tecnologias educacionais no
desenvolvimento do tema/conteúdo? Se sim, quais?
10. Se não, por quê?
11. Participou de alguma formação sobre tecnologias educacionais?
Sim
Não
1. DADOS DO PROJETO
2. EQUIPE EXECUTORA
JUSTIFICATIVA
O ensino remoto / híbrido tornou-se realidade no contexto educacional das instituições de ensino,
durante o contexto da pandemia da COVID-19.
No instante em que as demandas se impõem, essa situação exige a busca de novos modos de ser
e fazer educação, elaborar ferramentas que possibilitem atuação e relação com os valores éticos e
coletivos, superando as desigualdades e dificuldades enfrentadas pelas pessoas com deficiência
(DA SILVA; ROZEK 2020).
Não obstante, é necessário buscar alternativas ao aluno público alvo da Educação Especial, pois, de
acordo com Santos (2016), o direito das pessoas com deficiência à educação é efetivado ao ser
garantido as mesmas oportunidades para participação com condições de equidade e/ou igualdade
“com as demais pessoas, na comunidade em que vivem, promovendo oportunidades de
desenvolvimento pessoal, social e profissional, sem restringir sua participação em determinados
ambientes e atividades com base na deficiência”.
OBJETIVO GERAL
Capacitar profissionais de educação para o ensino remoto/híbrido de alunos com deficiência visual.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
113
Desde o ano de 2020, o cenário mundial está sendo marcado pelos impactos e desafios decorrentes
da doença COVID-19, a qual possui como método mais eficaz de combate o isolamento social. Neste
cenário, as aulas presenciais foram suspensas e, os alunos passaram a ter aulas virtuais através de
dispositivos eletrônicos e internet (LEITE et al., 2020). Tal respaldo advém de uma orientação, em
caráter excepcional, do Ministério da Educação (MEC) e de normativas estaduais.
A comunidade escolar e os grupos sociais precisam se preocupar com o direito de aprender dos
alunos com deficiência, situação que tem se agravado durante o período pandêmico.
As limitações de indivíduo com deficiência tendem a se constituir como barreiras para os processos
de significação do mundo por meio da mediação do outro. Apropriar-se de recursos de
acessibilidade, a chamada Tecnologia Assistiva, seria uma maneira concreta de neutralizar as
barreiras causadas pela deficiência e inserir esse indivíduo nos ambientes ricos para a aprendizagem
e desenvolvimento, proporcionados pela cultura (GALVÃO FILHO, 2009).
DESENVOLVIMENTO DO CURSO
METODOLOGIA
Fórum de dúvidas para esclarecimentos de dúvidas disponível durante a realização do curso, com
prazo de resposta de 24 horas, exceto finais de semana e feriados.
ORGANIZAÇÃO
Ementa: Concepções sobre deficiência. Histórico sobre concepções sobre deficiência. Definição de
deficiência visual. Conceito de DUA e seus impactos na aprendizagem das pessoas com deficiência.
Bibliografia Básica
LEAL, Daniela. Olhares sobre a cegueira: as palavras e os conceitos na história. In: _____.
Compensação e cegueira: um estudo historiográfico. 2013. 264 f. Tese (Doutorado em Psicologia)
- Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2013. P. 51-82. Disponível em <
https://tede2.pucsp.br/handle/handle/16078>. Acesso em 20 dez 2020.
_______________________________________________________________________________
Bibliografia Básica
JOYE, Cassandra Ribeiro; MOREIRA, Marília Maia; ROCHA, Sinara Socorro Duarte. Educação a
Distância ou Atividade Educacional Remota Emergencial: em busca do elo perdido da educação
escolar em tempos de COVID-19. Research, Society and Development, v. 9, n. 7, p.
e521974299-e521974299, 2020. Disponível em:
https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/4299. Acesso em: 19 jul. 2021.
SILVEIRA, Ana Paula; PICCIRILLI, Giovanna Maria Recco; OLIVEIRA, Maria Eduarda. Os desafios
da educação à distância e o ensino remoto emergencial em meio a pandemia da covid-19. Revista
Eletrônica da Educação, v. 3, n. 1, p. 114-127, 2020. Disponível em:
http://portal.fundacaojau.edu.br:8078/journal/index.php/revista_educacao/article/view/224. Acesso
em: 19 jul. 2021
Material Complementar
Podcast Educação Básica na Pandemia: Estamos fazendo Educação a Distância? Disponível em:
http://ead.ibc.gov.br/moodle/mod/url/view.php?id=1013
Podcast Ensino Híbrido na Educação Básica: O que é? O que não é? Disponível em:
http://ead.ibc.gov.br/moodle/mod/url/view.php?id=1509
_________________________________________________________________
115
Ementa: Leitores de tela NVDA (para computadores) e TalkBack (para dispositivos móveis com
sistema Android). Configurações básicas para melhor visualização das telas por pessoas com baixa
visão.
Bibliografia Básica
DELLA LÍBERA, Bianca. Recursos digitais para pessoas com deficiência visual. Coordenação
de Educação à Distância. IBC. Rio de Janeiro. 2020.
Material Complementar
________________________________________________________________
Ementa: Formas adequadas para elaboração de textos nos formatos doc., docx e pdf.
Bibliografia Básica
DELLA LÍBERA, Bianca. OLIVEIRA JÚNIOR, Jorge Fiore de. Técnicas para criação de
documentos digitais acessíveis. Coordenação de Educação à Distância. IBC. Rio de Janeiro.
2020.
Material Complementar
_______________________________________________________________
116
Bibliografia Básica
Material Complementar
_________________________________________________________________
Bibliografia Básica
DELLA LÍBERA, Bianca. Recursos para enviar e receber material. Coordenação de Educação à
Distância. IBC. Rio de Janeiro. 2020.
Material Complementar
_________________________________________________________________
Bibliografia Básica
Material Complementar
_________________________________________________________________
Bibliografia Básica
DELLA LÍBERA, Bianca. Videoaulas. Coordenação de Educação à Distância. IBC. Rio de Janeiro.
2020.
GAROFALO, Débora. Chegou a hora de inserir o podcast na sua aula. Nova Escola – versão
digital. Disponível em: https://novaescola.org.br/conteudo/18378/chegou-a-hora-de-inserir-o-
podcast-na-sua-aula. Acesso em: 20 jul. 2021.
OLIVEIRA JÚNIOR, Jorge Fiore de. Podcast. Coordenação de Educação à Distância. IBC. Rio de
Janeiro. 2020.
Material Complementar
RESULTADOS ESPERADOS:
PRODUTOS ESPERADOS:
Reelaboração dos Projetos Políticos Pedagógicos e dos planos de ensino das escolas envolvidas na
formação, transformando-os em ferramentas para gestores escolares e professores no processo de
escolarização dos alunos com deficiência visual.
ESTRATÉGIAS DE DIVULGAÇÃO:
Por meio da parceria com a Secretaria Municipal de Educação serão enviados comunicados às
escolas, além da divulgação nas redes sociais virtuais.
INFRAESTRUTURA DISPONÍVEL:
5. CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO
Período Execução
Atividade 2023
01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12
Levantamento bibliográfico e
Planejamento das atividades
Divulgação e Inscrições
REFERÊNCIAS
De acordo com (SUETH et al., 2009), a criação do Instituto Federal do Espírito Santo,
lembra ao Liceu de Arte e Ofício no século XIX onde eram abrigados aos órfãos e
eram ensinadas atividades manuais. Com o surgimento do ideal Positivista de ordem
e progresso que impulsionou o desenvolvimento das Escolas de Aprendizes e Artífices
em 1909 foram criadas 19 escolas, uma delas, no município de Vitória, capital do
estado, denominada como Escola de Aprendizes Artífices do Espírito Santo.
120
Em 1937, durante o Estado Novo, passou a se chamar Liceu Industrial de Vitória, com
foco na formação de profissionais capazes de atuar no setor produtivo local, de
predominância artesanal.
Entre os anos 2000 e 2004, durante o governo do presidente Fernando Henrique, não
houve investimentos na educação profissional, e a estrutura do CEFET/ES não sofreu
alteração. No entanto, em 17 de maio de 2000, o Decreto n.º 2.462, dá nova redação
ao art. 8º do Decreto n.º 2.406 de 27 de novembro de 1997, e regulamenta a Lei n.º
8.948 de 8 de dezembro de 1994 e, autoriza o CEFET/ES a implantar cursos de
formação de professores. De acordo com Pinto (2011, p.2), “[...] induzidos pela
Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica/MEC, desde o ano 2000 vários
Centros Federais Tecnológicos passaram a ofertar cursos de licenciatura [...]” visando
a formação de professores para a educação básica.
No governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi criado o Decreto n.º 5.224 de
1º de outubro de 2004, o qual dispõe sobre a organização dos Centros Federais de
Educação Tecnológica, regulamentando sua expansão e as ofertas dos cursos de
graduação. Com isso, a instituição tradicionalmente profissionalizante, inicia a oferta
de cursos de nível superior, bem como o processo de interiorização (RIZZI, 2013).