Trabalho de Parto
Trabalho de Parto
Trabalho de Parto
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PALAVRAS-CHAVE
Altura da apresentação
Apagamento
Apresentação
Atitude
Descida
Dilatação
Doula
Duração
Frequência
Insinuação
Intensidade
Moldagem
Posição
Situação
Objetivos de aprendizagem
Após a conclusão do capítulo, o leitor será capaz de:
1. Relacionar os sinais premonitórios de trabalho de parto.
2. Comparar e estabelecer as diferenças entre o trabalho de parto verdadeiro e o trabalho de parto falso.
3. Categorizar os fatores essenciais que influenciam o trabalho de parto e o parto.
4. Analisar os movimentos cardinais do trabalho de parto.
5. Avaliar as respostas maternas e fetais ao trabalho de parto e ao parto.
6. Classificar as fases do trabalho de parto e os principais eventos de cada fase.
7. Caracterizar as alterações fisiológicas/psicológicas normais que ocorrem durante as quatro fases do trabalho de parto.
8. Formular o conceito de dor relacionando-o com a mulher em trabalho de parto.
Kathy e Chuck têm aguardado ansiosamente o nascimento de seu primeiro filho, por um tempo que lhes
parece uma eternidade. Quando Kathy finalmente sentiu contrações em seu abdome, ela e Chuck correram
para a maternidade. Depois que a enfermeira obstetra terminou uma anamnese completa e o exame físico,
ela informou a Kathy e seu marido que ela teve um “falso trabalho de parto” e que eles deveriam voltar para
casa até que ela estivesse em trabalho de parto verdadeiro.
Reflexões
Apoio físico e emocional intenso promove uma experiência de parto positiva e memorável.
INTRODUÇÃO
O processo de trabalho de parto e o parto envolvem mais do que dar à luz uma pessoa. Ocorrem diversos eventos
fisiológicos e psicológicos que culminam no nascimento de uma criança e na formação ou expansão de uma família. Este
capítulo descreve o trabalho de parto e o parto como um processo. Aborda o início do trabalho de parto, os sinais
premonitórios do trabalho de parto (incluindo os verdadeiros e os falsos), os principais fatores que influenciam o trabalho
de parto e o parto, as respostas materna e fetal ao processo de trabalho de parto e as quatro fases do trabalho de parto.
Neste capítulo também identificam-se os fatores essenciais relacionados a cada fase do trabalho de parto.
Descida
A descida ocorre quando a apresentação fetal começa a descer para a pelve materna. O útero “desce” e se desloca para uma
posição mais anterior. O formato do abdome se modifica como resultado da mudança no útero. Com essa descida, a
gestante geralmente observa que sua respiração fica muito mais fácil e que há diminuição do refluxo gastresofágico. No
entanto, pode queixar-se de aumento da pressão pélvica, cãibras nas pernas, edema postural nos membros inferiores e
desconforto na região lombar. Pode notar um aumento da secreção vaginal e da frequência miccional. Em primíparas, a
descida pode ocorrer 2 semanas ou mais antes do início do trabalho de parto, enquanto nas multíparas pode não ocorrer até
que o trabalho de parto comece (Cheng & Caughey, 2015a).
Anote!
Um recém-nascido com 34 a 36 semanas completas de idade gestacional é identificado como “pré-termo tardio” e
apresenta muitos dos mesmos problemas de saúde que outros recém-nascidos pré-termo (Horgan, 2015).
Considere isto
Eu sempre me vi como uma mulher digna e me comportava de modo a demonstrá-lo, pois assim fui criada.
Minha mãe e minha avó sempre me ensinaram que eu deveria manter uma boa aparência, vestir-me bem e
não fazer nada que me fizesse passar vergonha em público. Vivi de acordo com as expectativas delas até a
ocorrência de um incidente no final da minha primeira gestação. Lembro-me de que, de acordo com minha
idade gestacional, já tinha ultrapassado a data estimada para o parto; era verão e eu estava com muito
calor. Decidi ir até o mercado comprar um sorvete. Enquanto andava pelos corredores do supermercado, de
repente minha bolsa estourou e o líquido desceu pelas minhas pernas, formando uma poça no chão. Como
não queria passar vergonha e lembrei que a minha mãe sempre disse que devo manter sempre as
aparências, eu estiquei rapidamente o braço e “acidentalmente” derrubei um frasco grande de picles que
estava na prateleira bem em cima da poça de líquido amniótico. Enquanto eu caminhava apressadamente
para longe daquela bagunça sem meu sorvete, ouvi pelo alto-falante da loja: “Funcionário da limpeza, favor
comparecer ao corredor 13”.
Reflexões: Tendemos a viver de acordo com aquilo que nos é ensinado; neste caso, essa mulher sentiu
necessidade de disfarçar que sua bolsa tinha rompido. Em muitas mulheres a ruptura das membranas
amnióticas ocorre antes do início do trabalho de parto; por isso, não é incomum que isso aconteça em
público. Quais são os riscos após a ruptura das membranas? Que medidas a gestante deve tomar para
minimizar esses riscos? Como o enfermeiro confirma que as membranas dessa gestante estão mesmo
rompidas?
Muitas gestantes temem ser enviadas do hospital para casa por causa de falso trabalho de parto. Todas as gestantes
ficam ansiosas quando sentem as contrações, mas devem ser informadas de que o trabalho de parto pode ser um processo
longo, especialmente no caso de primeira gestação. Incentive a mulher a pensar no falso trabalho de parto ou nos “sinais
pré-trabalho de parto” como algo positivo, porque fazem parte de todo um contínuo que é o trabalho de parto. Na primeira
gestação, o colo do útero pode levar até 20 horas para se dilatar completamente (Cunningham et al., 2014).
Lembra-se de Kathy e Chuck, o casal ansioso que chegou ao hospital cedo demais? Kathy tinha certeza de
que estava em trabalho de parto e agora está confusa. Que explicações e orientações antecipatórias devem
ser oferecidas a esse casal? Qual termo descreveria as contrações que ela apresentou?
Esses fatores críticos são comumente aceitos e discutidos pelos profissionais de saúde. No entanto, cinco outros
fatores também influenciam o processo de trabalho de parto:
Esses cinco fatores adicionais são úteis para o planejamento da assistência à família em trabalho de parto. Esses
fatores focados na paciente são uma tentativa de fomentar o manejo do trabalho de parto utilizando mais humanização,
paciência, suporte, conhecimento e controle da dor.
Via de passagem
A via de passagem de parto é o trajeto que o feto precisa percorrer para um parto vaginal. Em comparação com os outros
primatas, o parto é notavelmente difícil nos seres humanos, porque a cabeça do recém-nascido é grande em relação às
dimensões da pelve materna. É composta pela pelve materna e pelos tecidos moles. Dos dois, no entanto, a pelve óssea
materna é mais importante, porque é relativamente inflexível (com exceção do cóccix). Tipicamente, a pelve é examinada e
medida durante o primeiro trimestre da gravidez, muitas vezes na primeira consulta com o obstetra, para identificar
quaisquer anormalidades que poderiam dificultar um parto vaginal sem intercorrências. À medida que a gestação avança,
os hormônios relaxina e estrogênio fazem com que os tecidos conjuntivos se tornem mais relaxados e elásticos, e as
articulações se tornem mais flexíveis para preparar a pelve materna para o parto. Além disso, os tecidos moles contribuem
habitualmente para o trabalho de parto.
Pelve óssea
A pelve óssea materna pode ser dividida em partes verdadeira (menor) e falsa (maior). A pelve falsa (ou superior ou
maior) é constituída pelas partes superiores alargadas dos dois ossos ilíacos com suas concavidades e as asas da base do
sacro. A pelve falsa é separada da verdadeira por uma linha imaginária traçada a partir do promontório do sacro na parte
posterior até o aspecto superior da sínfise púbica na parte anterior da pelve. Essa linha imaginária é chamada de linha
terminal. A pelve falsa encontra-se acima dessa linha imaginária; a pelve verdadeira encontra-se abaixo dela (Figura 13.1).
A pelve verdadeira é a passagem óssea pela qual o feto precisa descer. É composta de três planos: a abertura superior da
pelve, a cavidade pélvica (pelve média) e a abertura inferior da pelve.
CAVIDADE PÉLVICA
A cavidade pélvica (pelve média) ocupa o espaço entre as aberturas superior e inferior da pelve. É por esse espaço curvo
que o feto precisa passar para chegar ao ambiente externo. Conforme o feto passa por essa pequena área, seu tórax é
comprimido, fazendo com que o líquido e o muco do pulmão sejam expelidos. Isso remove o líquido que ocupa o espaço,
possibilitando que o ar entre nos pulmões com a primeira respiração do recém-nascido.
• Diâmetro diagonal (segundo a Terminologia Anatômica) da abertura superior da pelve (distância entre a face anterior
do promontório do sacro e a face anterior da margem inferior da sínfise púbica)
• Diâmetro transverso ou da tuberosidade isquiática da abertura inferior da pelve (distância na face medial e mais
inferior das tuberosidades isquiáticas, ao nível do ânus; habitualmente se utiliza a medida de um palmo (22 cm) ou de
um punho cerrado para obter essa medida)
• Diâmetro verdadeiro ou obstétrico (distância estimada a partir do valor do diâmetro diagonal; subtrai-se 1,5 cm do
diâmetro diagonal).
Formato da pelve
Além das dimensões, o formato da pelve da mulher é um fator determinante para o parto vaginal. Cada plano da pelve tem
um formato que é definido pelos diâmetros anteroposterior e transverso. A pelve é classificada em quatro formatos
principais: ginecoide, antropoide, androide e platipeloide (Figura 13.2).
PELVE GINECOIDE
O formato ginecoide é considerado como a pelve feminina verdadeira, e aproximadamente 40% das mulheres apresentam
esse formato; é muito menos comum em homens (Fischer & Mitteroecker, 2015). O parto vaginal é mais favorável com
esse tipo de pelve, porque sua abertura superior é arredondada e a abertura inferior é ampla. Esse formato oferece os
diâmetros ideais nos três planos da pelve. Esse tipo de pelve possibilita a rotação interna fetal precoce e completa durante
o trabalho de parto.
PELVE ANTROPOIDE
A pelve antropoide é comum em homens e mais comum em mulheres não brancas. Aproximadamente 25% das mulheres
têm pelve androide (Marani & Koch, 2014). A abertura superior da pelve é oval e o sacro é longo, resultando em uma
pelve profunda (mais ampla anteroposteriormente do que lateralmente). O parto vaginal é mais favorável com esse formato
de pelve do que com os formatos androide ou platipeloide (Tharpe, Farley, & Jordan, 2016).
PELVE ANDROIDE
A pelve androide é considerada a pelve de formato masculino e caracteristicamente afunilado. Aproximadamente 20% das
mulheres têm pelve androide (Cunningham et al., 2014). A abertura superior da pelve tem o formato de coração e os
segmentos posteriores são reduzidos em todos os planos pélvicos. A descida da cabeça fetal para a pelve é lenta e
frequentemente o feto não consegue rodar. O prognóstico para o trabalho de parto é ruim, subsequentemente resultando em
cesariana.
PELVE PLATIPELOIDE
A pelve platipeloide ou plana é o tipo menos comum de estrutura pélvica em homens e mulheres, com incidência
aproximada de 3% (King et al., 2015). A cavidade pélvica é rasa, mas se alarga na abertura inferior, dificultando a descida
do feto pela cavidade pélvica. O prognóstico para o trabalho de parto é ruim, ocorrendo frequentemente parada da evolução
na abertura superior da pelve. Não é favorável ao parto vaginal, a menos que a cabeça do feto consiga passar pela abertura
superior da pelve. As mulheres com esse tipo de pelve geralmente precisam de cesariana.
Um princípio importante é que a maioria das pelves não pertence claramente a um dos tipos, mas ocorrem
naturalmente como tipos mistos. Muitas mulheres têm uma combinação desses quatro tipos básicos de pelve, sem que
duas pelves sejam exatamente iguais. Independentemente do formato da pelve, o feto pode nascer por via vaginal se o
tamanho e o posicionamento forem compatíveis. A parte mais estreita do feto tenta alinhar-se com a dimensão mais
reduzida da pelve (p. ex., parte biparietal com os diâmetros interespinhosos, o que significa que o feto geralmente tende a
girar até a porção mais ampla da pelve).
FIGURA 13.2 Formatos de pelve. A. Ginecoide. B. Androide. C. Antropoide. D. Platipeloide.
Tecidos moles
Os tecidos moles da passagem consistem em colo do útero, músculos do assoalho pélvico e vagina. No apagamento, o
colo do útero se torna mais delgado para possibilitar que a apresentação fetal desça para a vagina.
Anote!
O processo de apagamento e dilatação do colo do útero é semelhante ao processo de tirar uma camisa de gola alta pela
cabeça.
Os músculos do assoalho pélvico ajudam o feto a rodar anteriormente conforme ele avança pelo canal do parto. Os
tecidos moles da vagina se expandem para acomodar o feto durante o parto.
Passageiros
O feto (com a placenta) é o “passageiro”. A cabeça (tamanho e ocorrência de moldagem), a atitude (grau de flexão do
corpo), a situação (relação entre as partes do corpo), a apresentação (primeira parte do corpo), a posição (correlação com a
pelve materna), a altura de apresentação e a insinuação fetais são fatores importantes, que têm impacto sobre o desfecho
final do processo de parto.
Cabeça fetal
A cabeça fetal é a maior estrutura fetal, tornando-a um importante fator para o trabalho de parto e o parto. Muitas vezes é
encontrada uma variação considerável na dimensão e no diâmetro do crânio do feto.
Comparada à de um adulto, a cabeça do feto é grande em relação ao restante do corpo, sendo habitualmente
responsável por 25% da área de superfície corporal (Martin, Fanaroff, & Walsh, 2014). Os ossos que compõem a face e a
base do crânio são fundidos e essencialmente fixos. No entanto, os ossos que formam o restante do crânio (dois ossos
frontais, dois ossos parietais e um osso occipital) não são fundidos, mas moles e flexíveis, com espaços entre as lâminas
ósseas. Essas aberturas, que são espaços membranosos entre os ossos do crânio, são chamadas de suturas. As interseções
dessas suturas são denominadas fontanelas (fontículos, segundo a Terminologia Anatômica). As suturas são importantes
porque possibilitam que os ossos cranianos se sobreponham a fim de ajustar o formato da cabeça (alongando) quando as
contrações uterinas ou a pelve óssea materna exercerem pressão sobre ela. Alguns diâmetros se encurtam, enquanto outros
se alongam conforme a cabeça é moldada durante o processo de trabalho de parto e parto. Essa maleabilidade do crânio
fetal reduz as dimensões do crânio do feto em 0,5 a 1 cm (King et al., 2015). Após o nascimento, as suturas se fecham
conforme os ossos crescem e o encéfalo alcança o seu crescimento pleno.
A forma alterada (alongada) do crânio fetal ao nascer em decorrência da sobreposição dos ossos cranianos é conhecida
como moldagem. Junto com a moldagem, também pode haver acúmulo de líquido no couro cabeludo (bossa
serossanguinolenta) ou acúmulo de sangue sob o couro cabeludo (céfalo-hematoma), distorcendo ainda mais a forma e a
aparência da cabeça fetal. A bossa serossanguinolenta pode ser descrita como o edema do couro cabeludo na parte que se
apresenta. Esse inchaço cruza as linhas de sutura e desaparece dentro de 3 a 4 dias. O céfalo-hematoma consiste no
acúmulo de sangue entre o periósteo e o osso que ocorre algumas horas após o nascimento. O céfalo-hematoma não cruza
as linhas de sutura e, geralmente, é reabsorvido durante as 6 a 8 semanas seguintes (Collins & Reed, 2014).
Anote!
Os pais podem ficar preocupados com a distorção da cabeça de seu recém-nascido. No entanto, garanta que a forma
oblonga é apenas temporária, o que geralmente é o necessário para reduzir sua ansiedade.
As suturas também auxiliam na identificação da posição da cabeça do feto durante o exame de toque vaginal. A Figura
13.3 mostra um crânio fetal. Durante o exame ginecológico, a palpação dessas suturas pelo examinador revela a posição da
cabeça do feto e o grau de rotação que ocorreu.
As fontanelas anterior e posterior também são úteis para ajudar a identificar a posição da cabeça do feto. Possibilitam
a moldagem do crânio e são importantes quando da avaliação do recém-nascido. A fontanela anterior é a famosa “moleira”
do recém-nascido. É um espaço em forma de losango que mede entre 1 e 4 cm. Permanece aberta durante 12 a 18 meses
após o nascimento para possibilitar o crescimento do encéfalo (Verklan & Walden, 2014). A fontanela posterior
corresponde à anterior, mas está localizada na parte de trás da cabeça do feto e é triangular. Essa fontanela se fecha 8 a 12
semanas após o nascimento e apresenta, na média, 1 a 2 cm em seu maior diâmetro (Weber & Kelley, 2014).
Os diâmetros do crânio do feto são uma consideração importante durante os processos de trabalho de parto e o parto.
Esses diâmetros são medidos entre os vários marcos do crânio. Os diâmetros incluem occipitofrontal, occipitomental,
suboccipitobregmático (Figura 13.4) e biparietal (ver Figura 13.3). Os dois diâmetros mais importantes que podem afetar
o processo de parto são o suboccipitobregmático (aproximadamente 9,5 cm a termo) e o biparietal (cerca de 9,25 cm a
termo). O diâmetro suboccipitobregmático, medido a partir da base do occipital ao centro da fontanela anterior,
corresponde ao menor diâmetro anteroposterior do crânio do feto. O diâmetro biparietal é o maior diâmetro transversal do
crânio fetal: é a distância entre os dois ossos parietais. Em uma apresentação cefálica (de cabeça), que ocorre em 95% de
todos os partos a termo, se o feto se apresenta em uma posição flexionada com o queixo apoiado no tórax, encontram-se
as menores e melhores dimensões do crânio para um parto vaginal. Se a cabeça do feto não estiver totalmente flexionada
no momento do parto, o diâmetro anteroposterior aumenta. Esse aumento da dimensão pode impedir a entrada do crânio
fetal na pelve materna.
FIGURA 13.3 Crânio fetal.
Atitude fetal
A atitude fetal é outra consideração importante relacionada ao “passageiro”. A atitude fetal refere-se à postura (flexão ou
extensão) das articulações e à relação das partes fetais entre si. No início do trabalho de parto, a atitude fetal mais comum
é com todas as articulações flexionadas – o dorso do feto se mostra arredondado, o queixo toca o tórax, as coxas estão
flexionadas em direção ao abdome e os joelhos estão flexionados (Figura 13.5). Essa posição fetal normal é a mais
favorável ao parto vaginal, com apresentação dos menores diâmetros fetais à pelve.
Quando o feto chega à pelve com atitudes anormais (não fletida ou estendida), sua posição não fletida pode aumentar o
diâmetro da apresentação fetal conforme ela avança através da pelve, aumentando a dificuldade do parto. Uma atitude em
extensão tende a levar a maiores diâmetros do crânio do feto, o que pode dificultar o parto.
Situação fetal
A situação fetal refere-se à relação entre o eixo mais longo (coluna vertebral) do feto e o eixo longo (coluna vertebral) da
mãe. Existem três situações fetais principais: longitudinal (a mais comum), transversal (Figura 13.6) e oblíqua.
FIGURA 13.5 Atitude fetal: flexão completa. Observe que o menor diâmetro se apresenta à pelve.
A situação longitudinal ocorre quando o eixo longitudinal do feto está paralelo ao da mãe (coluna fetal lado a lado com
a coluna da mãe). A posição transversal ocorre quando o eixo longitudinal do feto está perpendicular ao eixo longo da mãe
(coluna do feto transversalmente ao abdome materno, cruzando sua coluna). Na situação oblíqua, o eixo longitudinal do
feto está inclinado em relação à abertura superior da pelve (óssea) e não se consegue palpar nenhuma parte fetal. De modo
geral, a situação oblíqua é transitória e ocorre durante a conversão entre as outras situações (longitudinal e transversa).
Um feto em situação transversal ou oblíqua não é capaz de nascer por via vaginal (Cunningham et al., 2014).
Apresentação fetal
A apresentação fetal refere-se à parte do corpo do feto que chega primeiro à abertura superior da pelve (a “parte que se
apresenta”). Essa é a parte fetal que se encontra sobre a abertura superior da pelve ou óstio do útero. Saber qual parte fetal
está vindo primeiro no parto é fundamental para planejar e iniciar as intervenções apropriadas.
As três apresentações fetais mais comuns são: cefálica (cabeça primeiro), pélvica (pelve primeiro) e de ombro
(escápula primeiro). A maioria dos recém-nascidos (95%) vem ao mundo em uma apresentação cefálica; as apresentações
pélvicas representam 3% dos nascimentos a termo; e as apresentações de ombro representam aproximadamente 2%
(Tharpe et al., 2016).
Na apresentação cefálica, a parte que se apresenta geralmente é o occipúcio da cabeça fetal (Figura 13.7). Essa
apresentação é também chamada de apresentação de vértice. As variações da apresentação de vértice incluem as
apresentações em bregma, fronte e face.
APRESENTAÇÃO PÉLVICA
Ao termo, aproximadamente 97% dos fetos giram ativamente para a apresentação cefálica. É determinada por palpação
abdominal (Hofmeyr, 2015). A apresentação pélvica ocorre quando as nádegas ou os pés do feto entram primeiro na pelve
materna e o crânio fetal entra por último. Essa apresentação anormal exibe vários desafios no momento do parto.
Primeiramente, a maior parte do feto (crânio) sai por último e pode “enganchar-se” ou prender-se à pelve. Além disso, o
cordão umbilical pode ser comprimido entre o crânio fetal e a pelve materna depois de o tórax fetal ter nascido, porque a
cabeça é a última a sair. Ademais, ao contrário do crânio fetal duro, as nádegas são moles e não tão efetivas como
dilatador do colo do útero durante o trabalho de parto, em comparação com a apresentação cefálica. Por fim, existe a
possibilidade de traumatismo à cabeça em consequência da falta de oportunidade para a moldagem.
Os tipos de apresentação pélvica são determinados pelo posicionamento das pernas do feto (Figura 13.8). Na
apresentação pélvica franca (50 a 70%), as nádegas se apresentam primeiro, com ambas as pernas estendidas em direção à
face. Na apresentação pélvica total ou completa (5 a 10%), o feto está sentado com as pernas cruzadas sobre o colo do
útero. Na apresentação podálica ou incompleta (10 a 30%), uma ou ambas as pernas se apresentam. As apresentações
pélvicas estão associadas a prematuridade, placenta prévia, multiparidade, anormalidades uterinas (miomas) e algumas
anomalias congênitas, como hidrocefalia (Hofmeyr, 2015). A apresentação pélvica franca pode resultar em parto vaginal,
mas as apresentações pélvicas completas, podálica e incompleta geralmente exigem a realização de cesariana.
APRESENTAÇÃO DE OMBRO
A apresentação de ombro ou distocia de ombro ocorre quando os ombros do feto se apresentam em primeiro lugar, com a
cabeça oculta entre eles. Clinicamente, os sinais de distocia de ombro aparecem enquanto a parturiente está fazendo força
para baixo (esforço expulsivo), na medida em que a cabeça do recém-nascido avança lentamente através do canal do parto
e emerge no períneo e depois retorna à vagina. São comumente referidos como “sinal da tartaruga”. As chances de uma
apresentação de ombro são de 1 em 300 nascimentos (Cunningham et al., 2014). O feto está em posição transversal, com
o ombro como a parte que se apresenta. As condições associadas à distocia do ombro incluem a placenta prévia, a
prematuridade, o número elevado de partos, a ruptura prematura de membranas, a gestação múltipla ou as anomalias
fetais. Se a apresentação de ombro for identificada antes do início do trabalho de parto, habitualmente será necessário um
parto cesáreo, mas a decisão dependerá da idade gestacional, do tamanho do feto, da posição da placenta e da ruptura das
membranas (Sharshiner & Silver, 2015).
FIGURA 13.7 Variações da apresentação fetal cefálica. A. Vértice. B. Bregma. C. Fronte. D. Face.
FIGURA 13.8 Apresentações pélvicas. A. Pélvica franca. B. Pélvica completa. C. Pélvica podálica com prolapso de
um pé. D. Pélvica podálica com prolapso de dois pés.
Posição fetal
A posição fetal descreve a relação entre um determinado ponto da parte do feto que se apresenta a um determinado ponto
da pelve materna (King et al., 2015). Os marcos anatômicos das partes do feto que se apresentam incluem o osso occipital
(O), que designa a apresentação cefálica; o queixo (mento [M]), que designa uma apresentação de vértice; as nádegas
(sacro [S]), que designam uma apresentação pélvica; e a escápula (acrômio [A]), que designa uma apresentação de ombro.
Além disso, a pelve materna é dividida em quatro quadrantes: anterior direito, anterior esquerdo, posterior direito e
posterior esquerdo. Esses quadrantes designam se a apresentação fetal está direcionada para frente, para trás, para a
esquerda ou para a direita da pelve. A posição fetal é determinada em primeiro lugar identificando a parte que se apresenta
e, em seguida, o quadrante materno para o qual a apresentação fetal está voltada (Figura 13.9). A posição é indicada por
uma abreviatura de três letras, como se segue:
• A primeira letra representa a parte específica da apresentação fetal: O para occipúcio, S para sacro (nádegas), M para
mento (queixo). A para acrômio e D para dorso (refere-se às costas do feto) ao denotar a posição fetal em
apresentações de ombro (Cheng & Caughey, 2015a)
• A segunda letra define a localização da parte que se apresenta em relação à porção anterior (A) ou posterior (P) da
pelve materna. Se a parte que se apresenta está voltada para a lateral da pelve materna, a apresentação fetal é dita
transversal (T)
• A terceira letra define se a parte que se apresenta está inclinada para o lado esquerdo (E) ou direito (D) da pelve
materna.
FIGURA 13.9 Exemplos de posições fetais na apresentação de vértice. A situação é longitudinal em todas as
ilustrações. A atitude é de flexão. Observe que as ilustrações maiores são a vista anterior da gestante. As menores
são a vista com a mulher em decúbito dorsal reclinado.
Por exemplo, se o occipúcio estiver voltado para o quadrante anterior esquerdo da pelve, então a posição é denominada
occipitoanterior esquerda e é registrada como OAE.
Anote!
A posição OAE atualmente é a mais frequente (e mais favorável) para o parto, seguida pela posição occipitoanterior direita
(OAD). O posicionamento fetal possibilita que a cabeça do feto contorne os diâmetros da pelve materna. As posições OAE
e a OAD são ideais para um parto vaginal.
A posição occipitoposterior pode levar a um parto longo e difícil, e as outras posições podem ou não ser compatíveis
com o parto vaginal.
Altura da apresentação fetal
A altura da apresentação fetal refere-se à relação entre a parte que se apresenta e as espinhas isquiáticas pélvicas
maternas. A altura da apresentação fetal é medida em centímetros e é representada como um sinal de menos (–) ou de mais
(+), dependendo da sua localização abaixo ou acima das espinhas isquiáticas. Tipicamente, as espinhas isquiáticas são a
parte mais estreita da pelve e o ponto natural de medição do progresso do parto.
A altura zero (0) é designada quando a apresentação fetal está na altura das espinhas isquiáticas maternas. Quando a
apresentação fetal está acima das espinhas isquiáticas, a distância é registrada com alturas negativas. Quando a
apresentação fetal está abaixo das espinhas isquiáticas, a distância é registrada com alturas positivas. Por exemplo, se a
parte que se apresenta está 1 cm acima das espinhas isquiáticas, é documentada como sendo uma altura de –1; se a
apresentação fetal estiver 1 cm abaixo das espinhas isquiáticas, é documentada como sendo uma altura +1.
Uma maneira fácil de entender esse conceito é pensar em termos de cumprimento de meta, que nesse caso é o parto. Se
o feto estiver se movendo para baixo (passando as espinhas isquiáticas) e indo em direção a cumprir a meta de parto, então
a altura é positiva e os números em centímetros aumentam de +1 a +4. Se o feto não passou pelas espinhas isquiáticas,
então a altura é negativa e os números em centímetros crescem de –1 a –4. Quanto mais longe a apresentação fetal estiver
do exterior, maior é o número negativo (–4 cm). Quanto mais perto a apresentação fetal estiver do exterior, maior é o
número positivo (+4 cm). A Figura 13.10 mostra as alturas da apresentação fetal.
Insinuação fetal
A insinuação (ou encaixe) fetal indica a entrada do maior diâmetro da parte fetal que se apresenta (habitualmente a cabeça
do feto) no menor diâmetro da pelve materna (Alexander et al., 2014). Diz-se que o feto está “encaixado” na pelve quando
a parte que se apresenta chega à altura 0. A insinuação é determinada pelo exame ginecológico.
FIGURA 13.10 Alturas da apresentação fetal.
O maior diâmetro da cabeça fetal é o biparietal. Estendese de uma proeminência parietal à outra. É um importante fator
para a passagem pela pelve materna. Em primigestas, a insinuação tipicamente ocorre 2 semanas antes do termo, enquanto
nas multíparas a insinuação pode ocorrer várias semanas antes do início do trabalho de parto ou pode não ocorrer até o
início do trabalho de parto.
Anote!
O termo flutuante é usado quando a insinuação não ocorreu, porque a parte que se apresenta está livremente móvel acima
da abertura superior da pelve.
INSINUAÇÃO
A insinuação ocorre quando o maior diâmetro transversal da cabeça no vértice (diâmetro biparietal) passa pela abertura
superior da pelve (geralmente altura de apresentação 0). A cabeça geralmente entra na pelve com a sutura sagital alinhada
com o diâmetro transverso.
FIGURA 13.11 Movimentos cardinais do trabalho de parto.
DESCIDA
A descida é o movimento descendente da cabeça do feto até que esta esteja na abertura superior da pelve. A descida ocorre
intermitentemente com as contrações e é provocada por uma ou mais das seguintes forças:
A descida fetal ocorre durante todo o trabalho de parto, terminando com o parto. Nesse momento, a parturiente sente
desconforto, mas é incapaz de isolar esse movimento fetal específico de seu desconforto geral.
FLEXÃO
A flexão ocorre conforme o vértice encontra a resistência do colo do útero, das paredes da pelve ou do assoalho pélvico.
Como resultado, o queixo é posto em contato com o tórax fetal, e o diâmetro que se apresenta é modificado de
occipitofrontal para suboccipitobregmático (9,5 cm), levando à apresentação do menor diâmetro de crânio fetal às
dimensões pélvicas maternas.
ROTAÇÃO INTERNA
Depois da insinuação, conforme a cabeça desce, sua parte inferior (geralmente o occipúcio) encontra resistência de um
lado do assoalho pélvico. Como resultado, a cabeça roda cerca de 45° anteriormente em relação à linha média, sob a
sínfise. Esse movimento é conhecido como rotação interna. A rotação interna alinha o diâmetro anteroposterior da cabeça
com o diâmetro anteroposterior da abertura inferior da pelve. Alinha o eixo longo da cabeça fetal com o eixo longo da
pelve materna. A parte mais larga da pelve materna é o diâmetro anteroposterior, portanto o feto precisa rodar para se
acomodar à pelve.
EXTENSÃO
Com a descida adicional e flexão completa da cabeça, a nuca (base do occipúcio) fica sob a sínfise. A resistência do
assoalho pélvico faz com que a cabeça do feto se estenda, de modo que possa passar por baixo do arco púbico.
A extensão ocorre depois de a rotação interna estar completa. A cabeça emerge graças à extensão sob a sínfise púbica,
juntamente com os ombros. A fontanela anterior, a testa, o nariz, a boca e o queixo saem de modo sucessivo.
EXPULSÃO
A expulsão do restante do corpo ocorre de modo mais suave após a saída da cabeça e das partes anterior e posterior dos
ombros (Cheng & Caughey, 2015a). Ver a Figura 13.3, que mostra um crânio fetal.
Força
O estímulo primário do trabalho de parto é a contração uterina. As contrações uterinas causam dilatação e apagamento
completos do colo do útero durante o primeiro estágio do trabalho de parto. O estímulo secundário do trabalho de parto
envolve o uso da pressão intra-abdominal (contrações musculares voluntárias) exercida pela parturiente quando ela
empurra e faz força para baixo durante o segundo estágio do trabalho de parto.
Contrações uterinas
As contrações uterinas são involuntárias e, por conseguinte, não podem ser controladas pela parturiente,
independentemente de serem espontâneas ou induzidas. As contrações uterinas são rítmicas e intermitentes, com um
período de descanso entre elas. Essa pausa possibilita que a parturiente e os músculos uterinos descansem. Além disso,
essa pausa restaura o fluxo sanguíneo para o útero e para a placenta, temporariamente reduzido durante cada contração
uterina.
Essas contrações são responsáveis pelo adelgaçamento e pela dilatação do colo do útero, além de impulsionar a
apresentação fetal para o segmento inferior do útero. O canal do colo do útero diminui de 2 cm do comprimento para uma
estrutura semelhante a um papel fino; esse apagamento é descrito em termos percentuais, de 0 a 100%. Em primigestas, o
apagamento começa tipicamente antes do início do trabalho de parto e geralmente começa antes da dilatação; em
multíparas, no entanto, tanto o apagamento quanto a dilatação podem não começar até que o trabalho de parto aconteça
(Figura 13.12). Ao exame clínico, pode-se encontrar o seguinte:
A dilatação é dependente da pressão da parte que se apresenta e da contração e retração do útero. O diâmetro do óstio
do útero aumenta de menos de 1 cm para cerca de 10 cm para possibilitar o parto. Quando o colo do útero está totalmente
dilatado, já não é palpável ao exame de toque vaginal. As descrições podem incluir o seguinte:
Durante o início do trabalho de parto, as contrações uterinas são descritas como leves, duram cerca de 30 segundos e
ocorrem aproximadamente a cada 5 a 7 minutos. Conforme o trabalho de parto evolui, as contrações duram mais tempo
(60 segundos), ocorrem com maior frequência (de 2 a 3 minutos de intervalo) e são descritas como de intensidade
moderada a alta. Cada contração tem três fases: incremento (acúmulo de contração), pico (ponto de maior intensidade) e
decremento (relaxamento das fibras musculares uterinas; Figura 13.13).
As contrações uterinas são monitoradas e avaliadas de acordo com três parâmetros:
1. Frequência: refere-se à frequência com que as contrações ocorrem, sendo medida do início de uma contração até o
início da contração seguinte
2. Duração: refere-se a quanto tempo a contração dura, sendo determinada do início de uma contração ao seu final
3. Intensidade: refere-se à força de contração determinada pela palpação manual ou medida por um cateter interno de
pressão intrauterina. O cateter é posicionado na cavidade uterina através do colo do útero após as membranas terem
rompido. O cateter descreve a intensidade pela mensuração da pressão do líquido amniótico dentro do útero, em
milímetros de mercúrio. Não é recomendado para uso rotineiro em mulheres em trabalho de parto que sejam de baixo
risco, devido ao potencial risco de infecção e lesão à placenta ou ao feto. Em metanálise envolvendo mais de 2.000
parturientes, os pesquisadores encontraram aumento do número de partos cirúrgicos e verificaram que não há
vantagem em usar cateteres de monitoramento da pressão intrauterina interna em comparação com monitoramento
externo durante a estimulação do trabalho de parto (Milton, Chelmow, & Ramus, 2015).
Pressão intra-abdominal
O aumento da pressão intra-abdominal (contrações musculares voluntárias) comprime o útero e aumenta a potência das
forças expulsivas das contrações uterinas (Grant et al., 2015). A coordenação dessas energias em uníssono promove o
nascimento do feto e a expulsão das membranas fetais e da placenta do útero. A interferência nessas energias (como
quando a parturiente é muito sedada ou está extremamente ansiosa) pode comprometer a efetividade dessas energias.
FIGURA 13.12 Apagamento e dilatação do colo do útero. A dilatação do colo do útero é expressada em
centímetros. A. Colo do útero não apagado ou dilatado. B. 50% do colo do útero apagado. C. 100% do colo do
útero apagado. D. Colo do útero totalmente dilatado (10 centímetros de dilatação).
Embora muitas instituições afirmem que todas as gestantes podem adotar uma posição de conforto durante a sua
experiência de trabalho de parto, muitas delas ficam em decúbito dorsal durante esse período. As gestantes devem ser
incentivadas a assumir qualquer posição que seja confortável para elas. Em um estudo recente, randomizado e controlado,
o uso de uma bola no formato de amendoim (bola amendoim) durante o trabalho de parto reduziu a duração do trabalho de
parto e aumentou a taxa de partos vaginais. A bola em formato de amendoim foi associada a uma incidência
significativamente menor de partos cirúrgicos (cesarianas). Ela pode ser uma intervenção de enfermagem potencialmente
bem-sucedida e ajudar na progressão do trabalho de parto e no apoio ao parto vaginal para parturientes sob anestesia
epidural (Tussey et al., 2015).
Anote!
Se a única mobília existente é uma cama, é isso o que a mulher vai usar. Quartos equipados com cadeiras confortáveis,
pufes e outros móveis para o parto possibilitam que a mulher escolha entre várias posições e se sinta livre para se
movimentar durante o trabalho de parto.
Mudar de posição e movimentar-se durante o trabalho de parto oferece vários benefícios. A posição materna pode
influenciar o tamanho e os contornos da pelve. A mudança de posição e a deambulação influenciam as articulações da
pelve, o que pode facilitar a descida e a rotação do feto. O agachamento aumenta os diâmetros das aberturas superior e
inferior da pelve, enquanto ficar em posição ajoelhada remove a pressão sobre a veia cava materna e ajuda o feto a rodar
de uma posição posterior para uma anterior para facilitar o parto (Budin, 2015). O uso de qualquer posição vertical ou
lateral, em comparação com as posições em decúbito dorsal ou de litotomia, poderá:
Usar as pesquisas disponíveis pode resultar em melhores desfechos, mais profissionalismo e prática baseada em
evidências para as práticas relacionadas com a maternidade. As diretrizes do National Institute for Health and Care
Excellence (NICE) recomendam que as parturientes sejam desencorajadas a permanecer em decúbito dorsal ou semidorsal
durante o trabalho de parto. Elas devem ser encorajadas a adotar qualquer posição na qual se sintam confortáveis, porque o
decúbito dorsal está associado a trabalho de parto mais prolongado, aumento dos partos cirúrgicos, aumento da dor e
incidência aumentada de anormalidades da frequência cardíaca fetal. A Cochrane apoia a orientação atual de posições do
NICE (Camorcia, 2015).
Resposta psicológica
A gestação pode ser uma das experiências mais marcantes da vida da mulher. A experiência do parto vai além dos aspectos
fisiológicos: influencia a autoconfiança, a autoestima, a perspectiva de vida, os relacionamentos e os filhos da mulher. Seu
estado de espírito (psique) durante todo o processo é fundamental para trazer um desfecho positivo para ela e sua família.
Os fatores que promovem uma experiência de parto positiva incluem:
Ter um bom conhecimento de si mesma e receber apoio significativo de terceiros muitas vezes pode ajudar a mulher a
gerenciar bem o trabalho de parto. Tipicamente o conhecimento de estar segura e protegida promove uma sensação de
controle e capacidade de suportar os desafios da experiência de dar à luz. A ansiedade e o medo, no entanto, diminuem a
capacidade da mulher de lidar com os desconfortos do trabalho de parto. As catecolaminas maternas secretadas em
resposta à ansiedade e o medo podem inibir o fluxo sanguíneo uterino e a perfusão placentária. Em contrapartida, o
relaxamento pode acelerar o processo natural de trabalho de parto (Leonard, 2015). Preparar-se mentalmente para o parto é
importante para que a mulher consiga colaborar com as forças naturais do trabalho de parto, e não lutar contra elas.
Filosofia
Nem todo mundo vê o parto do mesmo modo. Existe um continuum filosófico no modo de enxergar o trabalho de parto,
que vai do conceito de trabalho de parto como um processo mórbido até o conceito de processo normal. Uma filosofia
pressupõe que as gestantes não conseguem controlar a experiência do parto de modo adequado e, portanto, precisam de
acompanhamento e manejo constante de especialistas. A outra filosofia pressupõe que as mulheres são capazes e dotadas
de razão, podendo participar ativamente de sua experiência de parto.
Atualmente, o sistema de saúde dos EUA parece estar inclinando-se à filosofia antiga, aplicando intervenções
tecnológicas para a maioria das gestantes que ingressa no sistema hospitalar. Para muitas mulheres, dar à luz em um
hospital no século XXI se tornou uma “intervenção intensiva” – concebida para iniciar, continuar e concluir o trabalho de
parto por meio de intervenção médica, em vez de possibilitar o desenrolar normal do processo de parto. Os avanços nos
cuidados médicos melhoraram a segurança para as mulheres com gestação de alto risco. No entanto, o uso rotineiro de
terapia intravenosa, monitoramento eletrônico fetal, indução e anestesia epidural não necessariamente melhorou os
desfechos de parto para todas as mulheres (Leonard, 2015). Talvez seja apropriada uma filosofia intermediária, de
intervenção quando as circunstâncias o exigirem, enquanto se pesam os riscos e benefícios antes de fazê-lo.
Durante a década de 1970, a maternidade centrada na família foi elaborada em resposta à reação do consumidor à
despersonalização do parto. A esperança deslocouse da filosofia de “tecnologismo” para a personalização com o propósito
de humanizar o parto. Atualmente, o termo parto centrado na família é mais apropriado para designar abordagens com
baixa tecnologia e alta humanização, solicitadas por muitas mulheres em idade fértil que consideram o parto um processo
normal.
Os enfermeiros obstetras defendem partos centrados na família, e sua participação no processo de parto está associada
à redução das intervenções desnecessárias quando em comparação ao procedimento conduzido por obstetras. Os
enfermeiros obstetras incentivam um processo normal de parto, em que a parturiente usa seus próprios instintos e sinais
corporais durante o trabalho de parto. Em suma, os enfermeiros obstetras empoderam as mulheres no ambiente de parto
(Casey et al., 2015).
Não importa qual a filosofia seguida, o ideal é que todos os envolvidos no processo de nascimento – do profissional
de saúde à mãe – compartilhem da mesma filosofia para o processo.
Parceiros
As mulheres querem receber apoio e cuidados atenciosos durante o trabalho de parto e o parto. Os cuidadores podem
transmitir apoio emocional ao oferecer a sua presença contínua e palavras de encorajamento. Em todo o mundo, poucas
mulheres são deixadas totalmente sozinhas no trabalho de parto: a norma para a maioria das culturas é fornecer apoio
emocional, físico ou espiritual durante o parto. De acordo com enquete Listening to Mothers Initiative III survey da
Childbirth Connection, quase todas as mulheres (99%) relataram ter recebido algum tipo de cuidados solidários durante o
trabalho de parto (Edmonds, Cwiertniewicz, & Stoll, 2015). Um parceiro carinhoso pode usar massagens, toque leve,
acupressão, ficar de mãos dadas, carícias e relaxamento; pode ajudar a parturiente a comunicar suas necessidades aos
funcionários e pode fornecer uma presença reconfortante contínua. Tudo isso traz algum grau de conforto para a
parturiente (Capogna, 2015). Embora a presença de um ente querido no momento do parto forneça um apoio emocional
especial, o parceiro pode ser alguém que ofereça suporte à parturiente ao longo da experiência. Para muitas mulheres, os
ingredientes essenciais para um parto seguro e satisfatório incluem uma sensação de empoderamento e o sucesso em lidar
com a experiência ou transcendê-la, além de ter encorajamento sólido e positivo de um companheiro.
Em todo o mundo, as mulheres costumam apoiar outras mulheres no parto. Doula é uma palavra grega que significa
“serva” ou “cuidadora”. Atualmente, descreve a mulher que oferece apoio emocional e prático à gestante ou ao casal antes,
durante e após o parto. A doula acredita em “ser mãe da mãe”, mas o suporte clínico continua sendo trabalho do
enfermeiro obstetra ou da equipe de saúde (Ahlemeyer & Mahon, 2015). A presença contínua de uma mulher treinada
reduz a necessidade de medicação para alívio da dor, o uso de extração a vácuo ou fórceps e a necessidade de cesariana. O
apoio contínuo também foi associado a discreta redução da duração do trabalho de parto. A doula, que é uma companheira
experiente do trabalho de parto, oferece apoio emocional e físico e orientações à parturiente e ao seu parceiro durante toda
a experiência de trabalho de parto e parto.
Um estudo recente realizado nos EUA descobriu que os cuidados de enfermagem diminuem a probabilidade de
avaliações negativas da experiência de parto, de sentimentos de tensão durante o trabalho de parto e de o trabalho de parto
ser considerado pior do que o esperado. Também foram relatados menos traumatismos perineais, redução nas dificuldades
da maternidade e diminuição na probabilidade de interromper precocemente o aleitamento materno. O apoio contínuo dos
enfermeiros incluía tranquilização, encorajamento, elogios e explicações (Iravani et al., 2015).
Tendo em vista as muitas vantagens do apoio intraparto, as parturientes devem sempre ter a opção de receber o apoio
de parceiros, seja de enfermeiros, doulas, entes queridos ou familiares. Seja quem for o(a) parceiro(a) de apoio, ele(a)
deve fornecer presença contínua, além de conforto e encorajamento práticos à parturiente. O objetivo integrado de dar
suporte às parturientes é criar uma experiência positiva para ela e, ao mesmo tempo, preservar a saúde física e psicológica
dela.
Paciência
O processo de parto é demorado. Se fosse dado mais tempo para que as mulheres passassem pelo trabalho de parto
naturalmente, sem intervenção, a taxa de cesariana provavelmente seria reduzida. Em um estudo, o apoio contínuo
fornecido pelos enfermeiros obstetras durante o trabalho de parto reduziu a duração do trabalho de parto e o número de
cesarianas; esse modelo de apoio deve estar disponível para todas as mulheres (Cox & King, 2015). A literatura sugere
que adiar as intervenções pode propiciar o período de tempo suficiente para que o trabalho de parto evolua e reduzir a
necessidade de intervenções cirúrgicas (American College of Obstetricians and Gynecologists [ACOG], 2014b; Society
for Maternal-Fetal Medicine [SMFM], 2014).
O Healthy People 2020 tem dois objetivos relacionados com cesarianas nos EUA:
1. Reduzir a taxa de cesarianas nas mulheres de baixo risco (a termo, com feto único, em apresentação cefálica) que
estão tendo seu primeiro filho dos atuais 26,5% para 23,9% dos nascidos vivos
2. Reduzir a taxa de cesarianas nas mulheres que já foram submetidas a cesariana dos atuais 90,8% para 81,7% dos
nascidos vivos (U. S. Department of Health and Human Services, 2010).
Estamos muito longe de alcançar esses objetivos – a taxa atual de cesariana nos EUA, 32,7% (cerca de um em cada
três nascimentos), é a mais elevada desde que esses dados começaram a ser coletados a partir das certidões de nascimento
em 1989. A taxa de natalidade por cesariana está associada a aumento das taxas de morbidade e mortalidade materno-
fetais, bem como a prolongamento da internação e aumento dos custos com cuidados de saúde (Centers for Disease
Control and Prevention [CDC], 2014a).
É difícil prever como um trabalho de parto evoluirá e, portanto, igualmente difícil determinar quanto tempo vai durar.
Não existe nenhuma maneira de estimar a provável potência e frequência das contrações uterinas, o quanto o colo do útero
vai amolecer e dilatar e o quanto a cabeça fetal se moldará para se ajustar ao canal de parto. Não é possível saber de
antemão se as complexas rotações fetais necessárias para um trabalho de parto eficiente ocorrerão de modo apropriado.
Todos esses fatores são incógnitas quando a gestante entra em trabalho de parto.
• Ruptura espontânea das membranas amnióticas e coriônicas sem início do trabalho de parto
• Feto grande que provavelmente não conseguirá avançar na pelve materna
• Restrição do crescimento fetal quando é necessária intervenção externa
• Gestação de mais de 42 semanas
• Hipertensão arterial, diabetes melito ou doença pulmonar materna
• Infecção uterina (March of Dimes, 2015).
Quando a parturiente sente vontade de fazer força para baixo, começam os esforços expulsivos. A maioria das
mulheres responde muito bem às mensagens de seu corpo sem ser orientada pelo enfermeiro. Uma abordagem indireta
mais natural possibilita que a mulher espere e faça força para expulsar quando sentir vontade. Ter paciência e deixar a
natureza seguir seu curso reduzirá a incidência de estresse fisiológico na mãe, o que resulta em menos traumatismo ao seu
tecido perineal.
Anote!
Aprender sobre o trabalho de parto e o parto possibilita que as gestantes e seus parceiros expressem suas necessidades e
preferências, aumentando a sua confiança e melhorando a comunicação entre eles e a equipe.
Manejo da dor
O trabalho de parto e o parto, embora sejam processos fisiológicos normais, podem causar muita dor. A dor durante o
trabalho de parto é uma experiência quase universal. Controlar o desconforto uterino sem prejudicar o feto e o trabalho de
parto é o foco principal do manejo da dor durante o parto. A dor é uma experiência subjetiva que envolve uma complexa
interação de influências fisiológicas, psicossociais, espirituais, culturais e ambientais (Van der Gucht & Lewis, 2015). Os
valores culturais e os comportamentos aprendidos influenciam a percepção e a resposta à dor, assim como a ansiedade e o
medo, os quais tendem a exacerbar a sensação de dor (Jones, 2015). O desafio para os profissionais de saúde é encontrar a
combinação certa de métodos de manejo de dor/enfrentamento de modo a mantê-la aceitável, ao mesmo tempo que o efeito
negativo sobre o feto é minimizado e se mantêm a fisiologia normal do trabalho de parto, o vínculo materno-infantil, a
amamentação e a percepção da parturiente em relação ao trabalho de parto (King et al., 2015). O Capítulo 14 apresenta
uma ampla discussão do manejo da dor durante o trabalho de parto e o parto.
Respostas maternas
Várias respostas fisiológicas ajudam a parturiente a adaptar-se ao processo de trabalho de parto. Esse processo influencia
vários sistemas do corpo da parturiente, que reagem por meio de inúmeros mecanismos compensatórios. As respostas
fisiológicas maternas incluem:
• A frequência cardíaca aumenta em 10 a 20 bpm
• O débito cardíaco aumenta em 12 a 31% durante o primeiro estágio do trabalho de parto e em 50% durante o segundo
estágio
• A pressão arterial aumenta em até 35 mmHg durante as contrações uterinas em todos os estágios do trabalho de parto
• A contagem de leucócitos do sangue aumenta para 25.000 a 30.000/mm3, talvez em decorrência do traumatismo
tecidual
• A frequência respiratória aumenta e mais oxigênio é consumido, por causa do aumento do metabolismo
• A motilidade gástrica e a absorção de alimentos diminuem, o que aumenta o risco de náuseas e vômitos durante o
estágio de transição do trabalho de parto
• O esvaziamento e o pH gástricos diminuem, aumentando o risco de vômitos com aspiração
• A temperatura corporal sobe um pouco, possivelmente devido a aumento na atividade muscular
• Ocorrem dores/cãibras musculares em virtude da sobrecarga do sistema musculoesquelético
• A taxa de metabolismo basal aumenta e os níveis sanguíneos de glicose diminuem por causa do estresse do trabalho de
parto (Cheng & Caughey, 2015a).
A capacidade da gestante de adaptar-se ao estresse do trabalho de parto é influenciada pelo seu estado psicológico e
físico. Entre os muitos fatores que afetam a sua capacidade de enfrentamento estão:
• Experiências de parto prévias e seus desfechos (complicações e desfecho dos partos anteriores)
• Experiência da gestação atual (planejada versus não planejada, desconfortos experimentados, idade, estado de risco
gestacional, doença crônica, ganho de peso)
• Considerações culturais (valores e crenças em relação ao estado de saúde)
• Sistema de suporte (presença e apoio de um parceiro querido durante o trabalho de parto)
• Preparação para o parto (participação em aulas de preparação para o parto e prática de técnicas de respiração
controlada)
• Exercícios durante a gestação (músculos tonificados; capacidade de ajudar com os esforços expulsivos)
• Expectativas em relação à experiência de parto (considerar o parto como um evento importante ou estressante)
• Nível de ansiedade (a ansiedade excessiva pode interferir no progresso do trabalho de parto)
• Medo do trabalho de parto e de perder o controle (o medo pode aumentar a percepção da dor, exacerbando ainda mais o
temor)
• Fadiga e cansaço (não está pronta para o desafio/duração do trabalho de parto) (King et al., 2015).
Respostas fetais
Embora o foco durante o trabalho de parto seja a avaliação das adaptações maternas, também ocorrem várias adaptações
fisiológicas no feto. O feto passa pelo trabalho de parto junto com a mãe. Se o feto for saudável, o estresse do trabalho de
parto geralmente não tem efeitos adversos. O enfermeiro precisa estar atento a qualquer anormalidade na adaptação do feto
ao trabalho de parto. As respostas fetais ao trabalho de parto incluem:
• Acelerações e pequenas desacelerações periódicas da frequência cardíaca fetal relacionadas com o movimento fetal,
com a pressão uterina e com as contrações uterinas
• Diminuição da circulação e da perfusão para o feto, secundária às contrações uterinas (um feto saudável consegue
compensar essa diminuição)
• Aumento da pressão arterial de dióxido de carbono (PCO2)
• Diminuição dos movimentos respiratórios fetais durante o trabalho de parto
• Diminuição da pressão de oxigênio fetal, associada à diminuição da pressão parcial de oxigênio (PO2) (Verklan &
Walden, 2014).
Anote!
As alterações respiratórias durante o trabalho de parto ajudam a preparar o feto para a respiração extrauterina
imediatamente após o nascimento.
Primeiro estágio
Durante o primeiro estágio do trabalho de parto, a mudança fundamental subjacente ao processo é a dilatação progressiva
do colo do útero. Essa dilatação é avaliada subjetivamente pelo toque vaginal e é expressada em centímetros. O primeiro
estágio termina quando o colo do útero está dilatado em 10 cm de diâmetro e é grande o suficiente para possibilitar a
passagem de uma cabeça fetal de tamanho médio. A ruptura das membranas fetais, ou bolsa das águas, ocorre
habitualmente durante o primeiro estágio, mas pode ter ocorrido anteriormente ou pode até mesmo só ocorrer quando da
expulsão do feto. Para a primigesta, o primeiro estágio do trabalho de parto dura cerca de 12 horas. No entanto, esse
período de tempo pode variar amplamente; para a multípara, costuma durar apenas a metade disso.
Fase ativa (4 a
7 cm de
dilatação)
• Dilatação do
colo do
útero de 4 a
7 cm
Apagamento
• do colo do
útero: de 40
a 80%
• Nulípara:
duração de
até 6 h;
multípara:
duração de
até 4 h
• Frequência
das
contrações:
a cada 2 a 5
min
• Duração da
contração:
45 a 60 s
• Intensidade
da
contração:
moderada à
palpação
Fase de
transição(8
a 10 cm de
dilatação)
• Dilatação do
colo do
útero de 8 a
10 cm
• Apagamento
do colo do
útero: de 80
a 100%
• Nulípara:
duração de
até 1 h;
multípara:
duração de
até 30 min
Frequência
• das
contrações:
a cada 1 a 2
min
• Duração da
contração:
60 a 90 s
• Intensidade
da
contração:
forte à
palpação
Adaptada de Cheng, Y. W., & Caughey, A. B. (2015a). W., & Caughey, A. B. (2011). eMedicine.
Retirada de http://emedicine.medscape.com/article/260036-overview; Cunningham, F. G.,
Leveno, K. J., Bloom, S. L., Spong, C. Y., Dashe, J. S., Hoffman, B. L., et al. (2014). Williams’
obstetrics (24th ed.). New York, NY: McGraw-Hill Education; e King, T. L., Brucker, M. C.,
Kriebs, J. M., Fahey, J. O., Gegor, C. L., & Varney, H. (2015). Varney’s midwifery (5th ed.).
Burlington, MA: Jones & Bartlett Learning.
Durante o primeiro estágio do trabalho de parto, as gestantes geralmente percebem a dor visceral das cólicas
abdominais difusas e as contrações uterinas. A dor durante o primeiro estágio do trabalho de parto é primariamente
decorrente da dilatação do colo do útero e do segmento inferior do útero e da distensão (alongamento) dessas estruturas
durante as contrações. O primeiro estágio é dividido em três fases: latente ou inicial, ativa e de transição.
Lembra-se do casal que foi enviado da maternidade de volta para casa? Três dias depois, Kathy acordou
com uma sensação de umidade e intenso desconforto nas costas, que se espalhava pelo abdome. Ela
decidiu dar uma caminhada, mas as contrações não diminuíram. Em vez disso, continuaram a ocorrer a
intervalos de poucos minutos e aumentaram de intensidade. Ela e Chuck decidiram voltar à maternidade do
hospital. Houve uma diferença na localização do desconforto de Kathy dessa vez? Que mudanças o
enfermeiro da triagem encontrará em Kathy caso se trate de um trabalho de parto verdadeiro?
Fase ativa
A fase ativa do trabalho de parto engloba o período de tempo desde o aumento da velocidade de dilatação do colo do útero
(final da fase latente do trabalho de parto) até a finalização da dilatação do colo do útero. A dilatação do colo do útero
começa a ocorrer mais rapidamente durante a fase ativa. O colo do útero habitualmente se dilata de 4 a 7 cm, ocorrendo
apagamento de 40 a 80%. Essa fase pode durar até 6 horas na nulípara e 4,5 horas na multípara (Leap & Hunter, 2015). O
feto desce mais para a pelve. As contrações se tornam mais frequentes (a cada 2 a 5 minutos) e prolongadas (45 a 60
segundos). O desconforto da parturiente se intensifica (contrações moderadas a fortes à palpação). A parturiente fica mais
focada e se concentra mais em si mesma, envolvida no sério trabalho de parto. Ela limita as interações com as pessoas do
quarto. Se a parturiente e seu parceiro tiverem frequentado aulas de preparação para o parto, começarão a usar as técnicas
de relaxamento e de respiração ritmada que aprenderam para lidar com as contrações. A taxa de dilatação típica da nulípara
é de 1,2 cm/h, enquanto na multípara é de 1,5 cm/h (Cunningham et al., 2014).
Fase de transição
A fase de transição é a última fase do primeiro estágio do trabalho de parto. Durante essa fase, a dilatação do colo do útero
desacelera, progredindo de 8 para 10 cm, com apagamento de 80 a 100%. A fase de transição é a mais difícil para a
parturiente e, felizmente, a mais breve, com duração de aproximadamente 1 hora no primeiro parto e possivelmente 15 a
30 minutos nos partos sucessivos (Tharpe et al., 2016). Durante a fase de transição, as contrações são mais fortes (a
consistência do útero se torna dura à palpação), mais dolorosas, mais frequentes (a cada 1 a 2 minutos) e duram mais
tempo (60 a 90 segundos). A velocidade média de descida fetal é de 1 cm/h em nulíparas e 2 cm/h em multíparas. A
pressão sobre o reto é grande e há um forte desejo de contrair os músculos abdominais e fazer força para baixo.
Outros sintomas maternos durante a fase de transição incluem náuseas e vômitos, tremores nas extremidades, dor nas
costas, aumento da apreensão e irritabilidade, movimentos inquietos, aumento na liberação de secreção sanguinolenta pela
vagina, incapacidade de relaxar, sudorese, sensação de perda de controle e sensação de opressão (a mulher pode dizer:
“não aguento mais”) (Cunningham et al., 2014).
Ao examinar Kathy, a enfermeira descobre que a gestante está com 4 cm de dilatação e 50% do colo
apagado, com ruptura das membranas amnióticas. Esses achados de avaliação colocam Kathy em qual
fase e estágio do trabalho de parto?
Segundo estágio
O segundo estágio do trabalho de parto (período expulsivo) começa com o apagamento e a dilatação completa (10 cm) do
colo do útero e termina com o nascimento do feto. Enquanto o estágio anterior do trabalho de parto consistiu basicamente
no adelgaçamento e na abertura do colo do útero, esse estágio consiste no deslocamento do feto ao longo do canal de parto
e para fora do corpo da parturiente. Os movimentos cardinais do trabalho de parto ocorrem durante a fase inicial da
descida passiva, no segundo estágio do trabalho de parto.
As contrações ocorrem a cada 2 a 3 minutos, duram 60 a 90 segundos e são descritas como fortes à palpação. A
duração média do segundo estágio do trabalho de parto em uma nulípara é de aproximadamente 1 hora; a duração é de
menos da metade desse tempo para as multíparas. Durante esse estágio expulsivo, a parturiente geralmente se sente mais
no controle e menos irritável e agitada. Ela está focada nos esforços expulsivos. De modo geral, a urgência da parturiente
de fazer força para baixo é sentida quando existe contato direto com o assoalho pélvico. Os receptores de estiramento na
parede da vagina, no reto e no períneo comunicam a pressão do feto descendo no canal de parto e isso, juntamente com o
aumento da pressão abdominal, provoca a urgência avassaladora de fazer força para baixo nas parturientes (Camorcia,
2015).
Esforços expulsivos
O segundo estágio do trabalho de parto apresenta duas fases (pélvica e perineal), relacionadas com a existência e as
características do desejo materno de impulsionar o feto e com as condições obstétricas relacionadas com a descida fetal. A
fase inicial do segundo período é denominada fase pélvica, porque é nessa fase que a cabeça fetal está se acomodando à
pelve, rodando e avançando no sentido descendente. A fase tardia é denominada fase perineal, porque é nesse momento
que a cabeça do feto está na parte mais baixa da pelve e está distendendo o períneo. A ocorrência de um forte desejo de
fazer força para baixo caracteriza a fase tardia do segundo estágio e também tem sido chamada de fase de impulsão ativa
(Cheng & Caughey, 2015b).
A fase perineal tardia ocorre quando a parturiente sente uma enorme vontade de fazer força para baixo conforme a
cabeça do feto desce e distende o períneo. O períneo se torna abaulado e há aumento na liberação de tampão sanguinolento.
A cabeça fetal torna-se evidente na abertura vaginal, mas desaparece entre as contrações. Quando a parte superior da
cabeça já não regride entre as contrações, diz-se que a cabeça está coroada. O feto gira enquanto manobra para sair.
Atualmente, as evidências mostram que o trabalho de parto na verdade evolui mais lentamente do que pensávamos no
passado. Muitas mulheres poderiam precisar de um pouco mais de tempo durante o trabalho de parto para dar à luz por via
vaginal em vez de ser feito um parto cirúrgico (ACOG, 2014c). O segundo estágio geralmente dura até 3 horas na
primípara e até 1 hora nos partos subsequentes (Figura 13.14).
FIGURA 13.14 Sequência de parto, desde o coroamento até a saída total do recém-nascido. A. Início do
coroamento da cabeça fetal. Observe o abaulamento do períneo. B. Fim do coroamento. Observe que a cabeça
fetal está aparecendo, com a face para baixo. Esta é a posição OA normal. C. Conforme a cabeça se estende, pode-
se observar que o occipício (parte inferoposterior da cabeça) está voltado para a lateral direita da mãe – posição
OAD. D. Movimento cardinal de extensão. E. Os ombros passaram. Observe como a cabeça foi girada de modo a
estar alinhada com os ombros – o movimento cardinal de rotação externa. F. O corpo facilmente segue os
ombros. G. O recém-nascido é segurado pela primeira vez. (© B. Proud.)
Terceiro estágio
O terceiro estágio do trabalho de parto começa com a saída do recém-nascido e termina com a separação e a expulsão da
placenta. Consiste em duas fases: a separação e a expulsão da placenta. Em todo o planeta, aproximadamente 800
mulheres morrem a cada dia de causas que podem ser prevenidas relacionadas ao parto. A causa isolada mais comum é
sangramento profuso que pode matar a puérpera em questão de horas se os cuidados não forem instituídos de imediato. O
manejo imediato e efetivo é crucial para salvar as vidas dessas mulheres e medidas preventivas podem ser iniciadas no
terceiro estágio do trabalho de parto. Ainda existe controvérsia em relação à adoção de manejo ativo ou manejo expectante
do terceiro estágio do trabalho de parto. Ver boxe Prática baseada em evidências 13.1.
Dequitação da placenta
Depois que a criança nasce, o útero continua se contraindo vigorosamente e consegue então se retrair, diminuindo
consideravelmente de tamanho. Essas contrações fazem com que a placenta se desprenda da parede uterina. Os sinais de
dequitação a seguir indicam que a placenta está pronta para sair:
A expulsão espontânea da placenta ocorre de uma de duas maneiras: a face fetal (lado cinza-claro) se apresenta
primeiro (chamado de mecanismo de Schultz, face lisa e brilhante) ou a face materna (de coloração vermelho-escura) se
apresenta primeiro (denominado mecanismo de Duncan).
Expulsão da placenta
Após o desprendimento da placenta da parede uterina, as contrações uterinas continuam até fazer com que a placenta seja
expelida em 2 a 30 minutos, a menos que haja tração externa leve para auxiliar. Após a expulsão da placenta, o útero é
massageado pelo obstetra ou pelo enfermeiro obstetra até que sua consistência se torne firme, para que os vasos
sanguíneos uterinos se contraiam, minimizando a possibilidade de hemorragia. A perda normal de sangue é de
aproximadamente 500 mℓ no parto vaginal e 1.000 mℓ na cesariana. A perda de mais de 1.000 mℓ de sangue é considerada
grave (Pavord & Maybury, 2015).
Se a placenta não for eliminada espontaneamente, o médico auxilia na sua remoção por meio de extração manual. Após
a expulsão, o médico inspeciona se a placenta está íntegra e o enfermeiro confirma se todas as suas partes estão presentes.
Se alguma parte ainda estiver ligada à parede do útero, isso coloca a parturiente em risco de hemorragia pós-parto, pois se
torna um elemento que ocupa espaço físico e interfere na capacidade do útero de se contrair de modo pleno e efetivo.
Quarto estágio
O quarto estágio (período de Greenberg) começa com a conclusão da expulsão da placenta e das membranas e termina com
a adaptação fisiológica inicial e a estabilização da parturiente (1 a 4 horas após o nascimento). Esse estágio inicia o
período pós-parto. A parturiente geralmente se sente em paz e excitada, está bem acordada e inicialmente fica muito
falante. O processo de criação de vínculo começa com a inspeção do recém-nascido e com o desejo de segurá-lo e
amamentá-lo. O fundo do útero da parturiente deve estar firme e bem contraído. Tipicamente está localizado na linha
média, entre o umbigo e a sínfise púbica, mas depois se eleva lentamente até a altura do umbigo durante a primeira hora
após o parto (Jordan et al., 2014). Se a consistência do útero se tornar pastosa, é preciso massagem para mantê-lo firme.
Os lóquios (secreção vaginal) são vermelhos, misturados a pequenos coágulos, e o fluxo é moderado. Se a parturiente foi
submetida a uma episiotomia durante o segundo estágio do trabalho de parto, esta deve estar intacta, com as bordas
aproximadas e limpas, sem evidências de vermelhidão ou edema.
ESTUDO
Após a saída do feto, o útero continua se contraindo e isso promove o descolamento da placenta da parede
do útero. A seguir, a placenta é expelida sem intervenção externa. Isso é denominado manejo expectante
do terceiro estágio do trabalho de parto. O manejo ativo do terceiro estágio do trabalho de parto envolve a
administração profilática de um agente uterotônico (para contrair o útero), o clampeamento precoce do
cordão umbilical (antes do desaparecimento das pulsações do cordão umbilical) e a aplicação de tração ao
cordão umbilical associada a contrapressão sobre o útero para expelir a placenta. O manejo ativo foi
realizado para tentar reduzir a hemorragia pós-parto, um importante fator contribuinte para a mortalidade
materna. O objetivo desse estudo foi comparar a efetividade do manejo ativo em comparação com o manejo
expectante do terceiro estágio do trabalho de parto.
Achados
Foram analisados sete estudos envolvendo 8.247 mulheres. Por causa da heterogeneidade clínica da
amostra, efeitos aleatórios foram usados na análise. O manejo ativo mostrou uma redução significativa da
perda sanguínea primária superior a 500 m ℓ e subsequente anemia. Todavia, reduziu o peso do recém-
nascido e elevou os níveis de pressão arterial da mãe. No todo, a qualidade das evidências foi baixa e mais
dados são necessários para conferir fidedignidade aos achados.
Adaptado de Begley, C. M., Gyte, G. M, Devane, D., McGuire, W., & Weeks, A. (2015). Active versus
expectant management for women in the third stage of labor. Cochrane Database of Systematic
Reviews, 2015, 3, CD007412.
O foco durante esse estágio é monitorar atentamente a parturiente para evitar hemorragias, distensão da bexiga e
trombose venosa. Habitualmente, a parturiente está com sede e com fome durante esse período e pode pedir comida e
bebida. Sua bexiga está hipotônica e, portanto, a parturiente tem percepção limitada para reconhecer que está com a bexiga
cheia ou urinar. Geralmente monitoram-se os sinais vitais, o volume e a consistência da secreção vaginal (lóquios) e o
fundo do útero a cada 15 minutos durante pelo menos 1 hora. A mulher vai sentir desconfortos que lembram cãibras
durante esse período, devido à contração do útero.
CONCEITOS FUNDAMENTAIS
O trabalho de parto é uma interação complexa e multifacetada da gestante com o feto. Assim, é difícil
determinar exatamente por que o trabalho de parto começa e o que o desencadeia
Antes do início do trabalho de parto, o corpo da gestante passa por várias mudanças, muitas vezes
levando a sinais e sintomas característicos que sugerem que o trabalho de parto está próximo. Essas
mudanças incluem alterações do colo do útero, descida do feto, aumento dos níveis de energia,
eliminação de tampão sanguinolento, contrações de Braxton Hicks e ruptura espontânea das
membranas amnióticas
O trabalho de parto falso ocorre durante as últimas semanas de algumas gestações. São sentidas
contrações uterinas irregulares, mas o colo do útero não é afetado
Os fatores essenciais para o trabalho de parto e o parto são os seguintes: via de passagem (canal de
parto), passageiros (feto e placenta), força (contrações), posição (materna), resposta psicológica,
filosofia (baixa tecnologia, alta humanização), parceiros (cuidadores que dão suporte), paciência
(cronologia natural), preparação da gestante (base de conhecimentos em relação ao parto) e controle
da dor (medidas de conforto)
O tamanho e o formato da pelve da mulher são fatores determinantes para um parto vaginal. A pelve
feminina é classificada de acordo com quatro formatos principais: ginecoide, antropoide, androide e
platipeloide
O processo de trabalho de parto é composto por uma série de contrações musculares uterinas rítmicas,
involuntárias e geralmente bastante desconfortáveis que provocam encurtamento (apagamento) e
abertura (dilatação) do colo do útero, além da ruptura das membranas fetais. Os parâmetros relevantes
das contrações uterinas são a frequência, a duração e a intensidade
Os diâmetros do crânio fetal variam consideravelmente, com alguns diâmetros se encurtando e outros
se alongando conforme a cabeça é moldada durante o processo de trabalho de parto e parto
A dor durante o trabalho de parto é uma experiência quase universal para as gestantes. Ter um forte
conhecimento de si mesma e receber apoio significativo de terceiros muitas vezes pode ajudar as
gestantes a gerenciar bem o trabalho de parto e reduzir a sensação de dor
É importante que as gestantes se preparem mentalmente para o parto, para que possam trabalhar em
associação às forças naturais do trabalho de parto e não contra elas
À medida que evolui o trabalho de parto, ocorrem diversas respostas fisiológicas que ajudam a
gestante em sua adaptação ao processo de trabalho de parto
O trabalho de parto é tipicamente dividido em quatro estágios, com diferentes durações
Durante o primeiro estágio, a mudança fundamental subjacente ao processo é a dilatação progressiva
do colo do útero. É dividido em três fases: latente, ativa e de transição
O segundo estágio do trabalho de parto vai da dilatação completa (10 cm) e do apagamento do colo do
útero até o nascimento da criança
O terceiro estágio inclui o desprendimento e a dequitação da placenta. Consiste em duas fases: a
separação e a expulsão da placenta
O quarto período começa depois da expulsão da placenta e das membranas e termina com a
adaptação fisiológica inicial e a estabilização da parturiente (1 a 4 horas)
1. Para determinar a frequência das contrações, o enfermeiro determinaria qual das seguintes opções?
a. Do início de uma contração até o início da contração seguinte
b. Do início de uma contração até o final da mesma contração
c. Do pico de uma contração até o pico da contração seguinte
d. Do final de uma contração até o início da contração seguinte
3. Qual das observações a seguir sugere que esteja ocorrendo o desprendimento da placenta?
a. O útero para de se contrair completamente
b. As pulsações do cordão umbilical param
c. O útero assume um formato globular
d. A pressão arterial materna cai
4. Enquanto o enfermeiro explica a diferença entre o trabalho de parto verdadeiro e o falso em sua aula
de parto, ele afirma que a principal diferença entre eles é:
a. O nível de desconforto é maior no trabalho de parto falso
b. Ocorrem alterações cervicais progressivas no trabalho de parto verdadeiro
c. Há sensação de náuseas no trabalho de parto falso
d. Há mais movimento fetal no trabalho de parto verdadeiro
6. Uma gestante em trabalho de parto é admitida à sala de trabalho de parto e parto com 6 cm de
dilatação. Em qual período da primeira fase do trabalho de parto ela se encontra?
a. Latente
b. Ativo
c. Transição
d. Precoce
8. Intervenções que são subutilizadas na promoção de parto normal. Selecione todas as opções que se
apliquem.
a. Nutrição oral e líquidos no trabalho de parto
Glote aberta enquanto a parturiente faz força para baixo (esforço expulsivo) no segundo estágio do
b.
trabalho de parto
c. Contato da pele da mãe com a pele do recém-nascido após o parto para fomentar o vínculo entre
eles
d. Amniotomia (ruptura artificial das membranas amnióticas e coriônicas) rotineira
e. Indução de trabalho de parto com ocitocina sintética administrada por via intravenosa
f. Episiotomia rotineira para abreviar o trabalho de parto
1. Cindy, uma primigesta de 20 anos de idade, liga para a maternidade onde você trabalha como
enfermeiro e relata que acha que está em trabalho de parto, porque está sentindo as dores de parto. A
data prevista para o parto dela é nessa semana. Ela recebeu cuidados pré-natais de enfermeiros
obstetras durante a gestação.
a. De que informações adicionais você precisa para responder de modo adequado?
b. Que sugestões/recomendações você faria a ela? c. Que orientações precisam ser dadas à
gestante para orientá-la na tomada de decisão?
d. Por quais outros sinais premonitórios de trabalho de parto o enfermeiro poderia perguntar?
e. Quais manifestações seriam encontradas se Cindy estivesse em trabalho de parto verdadeiro?
2. Você foi designado para ministrar uma palestra de orientação para mulheres no terceiro trimestre de
gestação da comunidade, a fim de prepará-las para o parto que se aproxima. Prepare um esboço de
temas que devem ser abordados.
ATIVIDADES DE ESTUDO
1. Durante uma reunião de discussão de casos clínicos, compartilhe com outros estudantes de
enfermagem como as forças essenciais do trabalho de parto influenciaram na duração e no processo
de parto de uma parturiente que ficou sob seus cuidados.
2. Os movimentos cardinais do trabalho de parto incluem quais dos seguintes? Selecione todas as opções
que se apliquem.
a. Extensão e rotação
b. Descida e insinuação
c. Apresentação e posição
d. Atitude e situação
e. Flexão e expulsão
3. Entreviste uma parturiente da unidade materno-infantil que deu à luz nas últimas horas. Peça-lhe que
descreva sua experiência e analise os fatores psicológicos que podem ter influenciado seu processo de
trabalho de parto.
4. Na ilustração a seguir, identifique os parâmetros de contração uterina marcando um “X” nos pontos em
que o enfermeiro mediria a duração da contração.
ESTUDO DE CASO
Moritza tem 20 anos de idade e procura o ambulatório de pré-natal com o namorado para consulta na
39asemana de gestação. Esta é a primeira gravidez dela e ela não compareceu a algumas das consultas de
pré-natal. Até o momento, a gravidez transcorreu sem eventos dignos de nota, mas ela está preocupada
com o trabalho de parto iminente e como ela saberá quando ir para a maternidade. Ela se sente
despreparada para o trabalho de parto e admite que tem medo da dor, porque muitas de suas amigas e
seus familiares compartilharam histórias de “horror” sobre o trabalho de parto. Moritza também admite que
tem medo da punção venosa que será feita na maternidade. Ela deseja um parto vaginal fisiológico.
AVALIAÇÃO
Moritza foi cuidadosa consigo mesma durante a gravidez e só ganhou 10 kg. Ela não compareceu a
nenhuma das aulas de preparação para o parto oferecidas gratuitamente pelo departamento de saúde,
portanto, tem muitas perguntas sobre o trabalho de parto e o parto. A frequência cardíaca do feto é 140
bpm, o feto está ativo à palpação e a gestante não apresenta edema postural nos membros inferiores. O
exame de urina foi negativo para glicose e proteína. Hoje o peso dela é 65 kg.
Encontre questões sobre esse caso no material suplementar online deste livro.
Respostas da seção Exercícios sobre o capítulo
ATIVIDADES DE ESTUDO
1. Nessa conversa devem ser descritos o feto, a força de contração, a via de passagem, a posição e a resposta
psicológica das gestantes que passam pelo trabalho de parto designadas para os estudantes e como cada um desses
fatores afeta a duração e os estágios do trabalho de parto.
2. As respostas A, B e E estão corretas. Os movimentos fundamentais do feto no trabalho de parto incluem somente o
encaixe, a descida, a flexão, a rotação interna, a extensão, a rotação externa e a expulsão. As outras opções descrevem
as várias posições fetais.
3. Essa discussão variará de acordo com a experiência de trabalho de parto e parto das mulheres. Os fatores
psicológicos que poderiam ser abordados podem incluir experiências anteriores de nascimento, idade, desconfortos da
gestação, crenças culturais, expectativas para essa experiência de nascimento, preparação para o parto, e eficácia e
participação do sistema de apoio.
4. Para a duração, o “X” é colocado no início de uma contração e no final da mesma contração.
ESTUDO DE CASO
1. Quais são os sinais prodrômicos de trabalho de parto que Moritza deveria conhecer?
2. Quando Moritza deveria ser instruída a ir para o hospital?
3. Quais são os prós e contras de instalar rotineiramente um acesso IV durante o trabalho de parto?
Resposta: Os sinais e sintomas comuns sugestivos de progressão fisiológica ao trabalho de parto são os seguintes:
sensação de pressão na parte inferior da pelve, que pode indicar descida do feto; eliminação do tampão mucoso (rolha
de Schroeder) associada a alterações do colo uterino; aumento das contrações de Braxton Hicks, intermitentes quando
a paciente fica de repouso; ruptura das membranas amnióticas; secreção mucosa vaginal aumentada e percepção
materna de aumento da disposição física. Moritza deve ser instruída a ficar em casa enquanto as membranas
amnióticas estiverem intactas, não houver sangramento, o feto se movimentar normalmente e ela se sentir confortável
durante suas tarefas de casa. Quando as contrações ocorrerem a intervalos de 3 a 5 minutos, persistirem, no mínimo,
por 1 minuto e estiverem neste ritmo há, no mínimo, 1 hora, ou a paciente não conseguir mais caminhar
confortavelmente, então ela deve pensar em ir para o hospital. Durante o trabalho de parto, a infusão de soluções IV é
prescrita para repor nutrição e hidratação que antes eram negadas durante o trabalho de parto. O acesso venoso pode
ser necessário para gestantes de alto risco e deve ser usado. Como essa paciente é considerada de baixo risco, deve-se
permitir que ela coma pequenas porções de alimento e beba pequenos goles de líquidos durante seu trabalho de parto.
Plano de cuidados
1. De quais instruções adicionais Moritza precisa para preparar-se para seu trabalho de parto?
2. Qual é o papel que seu namorado pode desempenhar quando ela entrar em trabalho de parto?
3. Como o enfermeiro descreveria para Moritza o parto fisiológico normal?
4. Quais fatores podem impedir o nascimento fisiológico? Resposta: O enfermeiro deve revisar com Moritza os quatro
estágios do trabalho de parto, descrevendo as características de cada um e o que ela deve esperar de cada estágio. Seu
namorado pode ajudá-la com medidas de conforto, como trazer roupas secas, massagear suas costas e dar-lhe
estímulos durante todo o processo do trabalho de parto. O nascimento fisiológico normal poderia ser caracterizado
pelos seguintes elementos: início espontâneo do trabalho de parto; expulsão vaginal do feto e da placenta;
sangramento mínimo; contato direto da mãe com o recém-nascido logo depois do parto; e preservação da família
unida depois do nascimento. Entre os fatores que podem interferir no nascimento fisiológico estão indução artificial
do trabalho de parto; ambiente pouco favorável ao trabalho de parto (inclusive familiares, amigos e equipe); privação
nutricional (alimentos e líquidos durante o trabalho de parto); episiotomia; cesariana e separação da unidade familiar
depois do nascimento, impedindo o período de criação de vínculo entre a puérpera e o recém-nascido.
Questões múltipla escolha
1. Uma gestante chega ao pronto-socorro porque acha que está em trabalho de parto. A
enfermeira determina que a cliente está em trabalho de parto verdadeiro quando a avaliação
das contrações revela qual das seguintes opções?
A. Contrações que enfraquecem quando a mulher muda de posição
B. Contrações que irradiam das costas para a parte inferior do abdome
C. Contrações que ocorrem em um padrão irregular
D. Contrações que duram cerca de 20 a 30 segundos
Concluir questão
2. Ao rever a história de uma mulher em trabalho de parto, a enfermeira observa que a cliente
tem a pelve em forma de funil. A enfermeira identifica essa forma pélvica como qual das
seguintes?
A. Androide
B. Ginecoide
C. Antropoide
D. Platipeloide
Concluir questão
Concluir questão
Concluir questão
5. Um feto está na posição STE. A enfermeira interpreta isso como indicação de qual das
seguintes partes como a apresentação fetal?
A. Cabeça fetal
B. Queixo
C. Ombro
D. Nádegas
Concluir questão
6. A enfermeira está medindo uma contração desde o início até o final do relaxamento da
mesma, documentando isso como qual dos seguintes itens?
A. Intensidade da contração
B. Duração da contração
C. Frequência da contração
D. Pico da contração
Concluir questão
7. Qual das seguintes atitudes seria menos efetiva na promoção de um desfecho positivo para a
gestante em trabalho de parto?
A. Promover à gestante sensação de controle
B. Fornecer informações claras sobre os procedimentos
C. Deixar que a gestante passe um tempo sozinha
D. Incentivar a gestante a usar técnicas de relaxamento
Concluir questão
Concluir questão
9. A enfermeira observa que a cabeça do feto está na abertura vaginal e não regride entre as
contrações. Ela interpreta esse achado como qual dos seguintes?
A. Coroamento
B. Encaixe
C. Descida
D. Restituição
Concluir questão
10. Ao explicar a uma classe o motivo de o trabalho de parto começar, a enfermeira comenta que
existem várias teorias propostas para isso, embora nenhuma tenha sido comprovada
cientificamente. Qual das seguintes é uma delas?
A. Variação na razão estrogênio/progesterona
B. Redução no número de receptores de ocitocina
C. Redução no nível de estrogênio
D. Redução das prostaglandinas, resultando em contrações do miométrio
Concluir questão
11. Uma cliente liga para a clínica pedindo para ser avaliada. Ela afirma que, quando foi se deitar
na noite passada, o feto estava alto no abdome, mas esta manhã parece que desceu. Depois
de fazer várias perguntas, você explica que isso provavelmente é decorrente do(a):
A. Início do trabalho de parto
B. Placenta prévia
C. Descida fetal
D. Ruptura de membranas
Concluir questão
12. Conforme a cliente se aproxima de sua data estimada para o parto, é importante ressaltar que
ela deve procurar avaliação após a ruptura espontânea das membranas, decorrente do(a):
A. Potencial parto rápido do feto
B. Potencial placenta prévia
C. Aumento do risco de infecção
D. Aumento do risco de apresentação pélvica
Concluir questão
13. Qual dos seguintes hormônios a enfermeira espera que faça com que o tecido conjuntivo
pélvico se torne mais relaxado e elástico, em preparação para o trabalho de parto?
A. Progesterona
B. Relaxina
C. Ocitocina
D. Prolactina
Concluir questão
14. Um novo pai está alarmado com o formato da cabeça de seu recém-nascido. Você o lembra de
que isso é decorrente:
A. Da extrema pressão sofrida pela cabeça na cúpula vaginal
B. De um defeito congênito
C. De um trabalho de parto prolongado
D. Da sobreposição dos ossos cranianos nas linhas de sutura
Concluir questão
15. Durante o exame, o médico menciona que o feto tem boa atitude. Você explica aos pais que
isso significa o que?
A. A postura do feto para o parto envolve flexão de todas as articulações
B. O feto está cooperando com o trabalho de parto
C. A cabeça do feto está se apresentando primeiro
D. O feto está em uma postura com os braços ao lado do corpo e as pernas estendidas
Concluir questão
16. Uma jovem de 19 anos chega ao hospital em trabalho de parto avançado. O exame revela que
o feto está em posição pélvica franca. Você explica à cliente que isso significa o que?
A. O feto está sentado de pernas cruzadas sobre o colo do útero
B. Uma perna está se apresentando
C. As nádegas se apresentam primeiro, com ambas as pernas estendidas contra o rosto
D. Um braço está se apresentando
Concluir questão
17. Ao exame, a enfermeira determina que o feto está com altura da apresentação –1. Ela explica
que isso significa que está:
A. 1 cm abaixo das espinhas isquiáticas
B. 1 cm acima das espinhas isquiáticas
C. 1 cm abaixo do púbis
D. 1 cm acima do púbis
Concluir questão
18. Ao discutir o trabalho de parto com a cliente e seu parceiro, eles perguntam qual a melhor
posição para dar à luz. Você lhes fornece informações sobre uma pesquisa que mostrou que
qual das seguintes é melhor?
A. Na posição mais confortável para a mãe
B. Em decúbito dorsal, com os pés em estribos
C. Na posição agachada
D. Na posição de semi-Fowler
Concluir questão
19. Você foi convidada a apresentar informações a um grupo de líderes da comunidade a respeito
dos problemas de saúde da mulher. Ao preparar sua palestra, você inclui quais objetivos
do Healthy People 2020?
A. Incentivar as mulheres que já realizaram cesariana a sempre realizarem uma
B. Reduzir a taxa de cesarianas no caso de nascimentos de baixo risco
C. Certificar-se de que o atendimento pré-natal inclua imunizações
D. Garantir que todos os casais recebam aconselhamento pré-concepção
Concluir questão
20. Um jovem casal está ansioso para o nascimento de seu filho. Ao discutir as opções, você
explica que a indução eletiva do trabalho de parto em nulíparas está associada aos seguintes
fatores, exceto:
A. Aumento das taxas de cesariana
B. Períodos de internação mais curtos
C. Hemorragia pós-parto
D. Reanimação neonatal
Concluir questão
21. Como enfermeira da unidade de trabalho de parto e parto, você reconhece que a cliente está
bem preparada e tem um bom suporte ao trabalho de parto quando ela demonstra todas,
exceto qual das seguintes opções?
A. Menor probabilidade de necessidade de analgesia
B. Menor probabilidade de necessidade de anestesia
C. Improbabilidade de precisar de cesariana
D. Precisa de alguém para controlar a situação
Concluir questão
22. Ao monitorar uma mulher em trabalho de parto, qual dos seguintes itens não é esperado que
ocorra?
A. Aumento do débito cardíaco em 50% durante a primeira etapa
B. Aumento da frequência cardíaca em 10 a 20 bpm
C. Aumento da frequência respiratória
D. Aumento da pressão arterial em até 35 mmHg
Concluir questão
23. Uma cliente está na fase de transição do trabalho de parto. Qual(is) dos seguintes itens a
enfermeira tem maior probabilidade de encontrar? (Selecione todos que se aplicam.)
A. Forte desejo de empurrar
B. Apreensão misturada com excitação
C. Contrações que ocorrem a cada 3 min
D. Irritabilidade com inquietação
E. Dilatação do colo do útero de 6 cm
Concluir questão
24. Após ministrar uma aula sobre o parto, você reconhece que os estudantes compreenderam o
que foi apresentado após escolherem corretamente qual(is) dos seguintes fatores como
passível(is) de afetar o processo de trabalho de parto? (Selecione todos que se aplicam.)
A. Local (place)
B. Participação
C. Potência (força da contração)
D. Passageiro
E. Paciência
Concluir questão
Concluir questão
Conduta de Enfermagem durante o Trabalho de Parto e o Parto
14
PALAVRAS-CHAVE
Acelerações
Alterações periódicas da linha de base
Analgesia/anestesia neuraxial
Artefato
Coroamento
Desaceleração
Episiotomia
Linha de base da frequência cardíaca fetal
Manobras de Leopold
Monitoramento eletrônico fetal (MEF)
Variabilidade da linha de base
Objetivos de aprendizagem
Após a conclusão do capítulo, o leitor será capaz de:
1. Examinar as medidas utilizadas para avaliar o estado da mãe durante o trabalho de parto e o parto.
2. Diferenciar as vantagens e desvantagens do monitoramento fetal interno e externo, incluindo a utilização adequada de
cada um.
3. Escolher as intervenções de enfermagem apropriadas para lidar com padrões de frequência cardíaca fetal não
tranquilizadores.
4. Delinear o papel do profissional de enfermagem na avaliação fetal.
5. Avaliar as várias estratégias de promoção do conforto e alívio da dor usadas durante o trabalho de parto.
6. Resumir os dados de avaliação coletados no momento da admissão à unidade perinatal.
7. Relacionar as avaliações continuadas envolvidas em cada estágio do trabalho de parto e do parto.
8. Analisar o papel do enfermeiro durante o processo de trabalho de parto e parto.
Sheila, em trabalho de parto ativo, foi admitida à unidade de trabalho de parto e parto. Ela progrediu para a
fase de transição (dilatação de 8 cm) e está sentindo cada vez mais desconforto. Ela começou a usar um
padrão respiratório de ritmo padronizado, mas agora está se debatendo no leito do hospital.
Reflexões
Enfermeiros sábios nem sempre são os que ficam calados, mas os que sabem quando calar durante o milagre do
nascimento.
INTRODUÇÃO
O processo de trabalho de parto e parto inclui eventos que mudam a vida de muitas mulheres. Os enfermeiros precisam ser
respeitosos, acessíveis, incentivadores, solidários e profissionais ao lidar com todas as parturientes. A conduta de
enfermagem para o trabalho de parto e o parto envolve a avaliação, as medidas de conforto, o apoio emocional, as
informações e instruções, a defesa e o apoio ao parceiro. Prestar a mais alta qualidade de assistência à maternidade
depende de o enfermeiro valorizar a experiência de parto e reconhecer que se trata de uma experiência que muda a vida das
mulheres e de suas famílias; a prática de enfermagem acolhedora engloba habilidades técnicas e comportamentos
compassivos; dar assistência que protege, promove e apoia o parto fisiológico; proporcionar os melhores cuidados
baseados em evidências e reconhecer a disparidade de saúde e a diversidade cultural em todas as mulheres atendidas para
melhorar a sua experiência de parto ao longo do tempo, entre as instituições e nas diversas áreas da saúde. Um dos
componentes da assistência baseada em evidências e da assistência centrada na mulher consiste nas preferências da
paciente para orientar os cuidados durante o processo do parto. Em um estudo recente foram avaliadas as demandas e as
expectativas das mulheres durante o trabalho de parto e o parto. Sete tópicos emergiram: demandas fisiológicas (nutrição,
ambiente local, higiene, conforto e privacidade); necessidades psicológicas (empatia e ativismo, suporte emocional e
encorajamento constantes); demanda por informações (sobre o trabalho de parto e as políticas do hospital); necessidades
de comunicação (médico e acompanhante do parto); demandas relacionadas a autoestima (sensação de valor, confiança,
participação nas decisões); necessidades em relação a segurança (tranquilização de temores) e demandas clínicas (analgesia
e prevenção de intervenções desnecessárias durante o trabalho de parto e o parto) (Iravani et al., 2015). É importante que
os profissionais de enfermagem identifiquem as expectativas e as necessidades das mulheres que estão sob seus cuidados
de modo a empoderá-las para participar plenamente da experiência do parto.
A saúde das mães e de seus filhos é de fundamental importância, tanto como um reflexo do estado de saúde atual de
um grande segmento de nossa população como um preditor da saúde da próxima geração. O United States Department of
Health and Human Services [USDHHS] (2010) aborda a saúde materna em dois objetivos: reduzir a taxa de mortalidade
materna e diminuir as doenças e complicações maternas decorrentes da gestação (complicações durante o trabalho de parto
e o parto hospitalizado). Além disso, outros dois objetivos incluem aumentar a proporção de gestantes que recebe
atendimento pré-natal adequado e precoce. A meta em desenvolvimento visa aumentar a proporção de gestantes que
frequentam uma série de aulas de preparação para o parto. (Ver Capítulo 12 para mais informações sobre esses objetivos.)
Este capítulo fornece informações sobre a conduta de enfermagem durante o trabalho de parto e o parto. Inicialmente
discutem-se os elementos essenciais para uma análise aprofundada da situação materna e fetal durante o trabalho de parto e
o parto. Segue-se uma descrição detalhada dos principais métodos para promover o conforto e proporcionar o controle da
dor durante o processo de trabalho de parto e parto. O capítulo termina juntando todas as informações com uma discussão
sobre os cuidados de enfermagem específicos para cada estágio do trabalho de parto, incluindo os dados que precisam ser
obtidos na avaliação de admissão, os métodos para analisar o progresso do trabalho de parto durante seu primeiro estágio
e as principais medidas de enfermagem que incidem sobre a avaliação materna e fetal e o alívio da dor em todos os
estágios do trabalho de parto.
• Avalie os sinais vitais maternos, incluindo temperatura, pressão arterial, frequência cardíaca, frequência respiratória e
dor, que são os componentes primários do exame físico e da avaliação continuada
• Também reveja o prontuário do atendimento pré-natal para identificar fatores de risco que possam contribuir para
diminuição na circulação uteroplacentária durante o parto
• Se não houver sangramento vaginal na admissão, realiza-se um exame de toque vaginal para avaliar a dilatação do colo
do útero, sendo monitorada periodicamente conforme necessário para acompanhamento do progresso
• Avalie a dor materna e a efetividade das estratégias de seu manejo em intervalos regulares durante o trabalho de parto e
o parto.
Anote!
O exame de toque vaginal é uma habilidade de avaliação que leva tempo e experiência para ser desenvolvida; somente a
execução na prática clínica com frequência fará com que o nível de habilidade do examinador melhore.
O objetivo do exame de toque vaginal é avaliar a quantidade de dilatação do colo uterino, o percentual de apagamento
do colo do útero e a condição das membranas, além de reunir informações sobre a apresentação, a posição, a altura da
apresentação, o grau de flexão da cabeça fetal e a existência de tumefação ou moldagem do crânio fetal (Figura 14.1).
Prepare a gestante informando-a sobre o procedimento, quais informações serão obtidas com o exame, como ela pode
ajudar no processo, como ele será realizado e quem o realizará.
A gestante tipicamente fica em decúbito dorsal durante o exame de toque vaginal. Esse exame é realizado com cuidado,
preocupando-se com o conforto da gestante. Caso se trate do exame de toque vaginal inicial para verificar o estado das
membranas, utiliza-se água como lubrificante.
Depois de calçar luvas estéreis, o examinador insere seus dedos indicador e médio no introito vaginal. Em seguida,
palpa o colo do útero para avaliar sua dilatação, apagamento e posição (p. ex., posterior ou anterior). Se o colo do útero
apresentar algum grau de abertura, pode-se avaliar a parte fetal que se apresenta, a posição fetal, a altura da apresentação e
a existência de moldagem. Além disso, pode-se avaliar as membranas, que são descritas como intactas, protrusas ou
rompidas.
Na conclusão do exame de toque vaginal, os resultados são conversados com a gestante e seu parceiro para atualizá-los
do andamento do trabalho de parto. Além disso, os achados são documentados eletronicamente ou por escrito e
comunicados ao obstetra responsável pelo caso.
FIGURA 14.1 Exame de toque vaginal para determinar o grau de dilatação e apagamento do colo do útero.
• Apagamento:
• 0%: o canal cervical tem 2 cm de comprimento
• 50%: o canal cervical tem 1 cm de comprimento
• 100%: o canal cervical está fechado
• Dilatação:
• 0 cm: o óstio do útero está fechado
• 5 cm: o óstio do útero está dilatado em 50%
• 10 cm: o óstio do útero está totalmente dilatado e pronto para a passagem do feto.
As informações fornecidas por esse exame servem como base para determinar em que estágio do trabalho de parto a
mulher está e qual deve ser o cuidado que ela receberá a seguir.
Anote!
É necessária prática clínica frequente para ganhar acurácia na avaliação da intensidade das contrações uterinas.
O segundo método utilizado para avaliar a intensidade das contrações uterinas é o monitoramento eletrônico, quer
interno ou externo. Ambos os métodos proporcionam medida razoável da intensidade das contrações uterinas. Embora às
vezes o monitor fetal externo seja utilizado para estimar a intensidade das contrações uterinas, essa não é uma ferramenta
de avaliação tão acurada.
FIGURA 14.2 Enfermeira palpa o fundo do útero da gestante durante uma contração.
• Manobra 1: Que parte fetal (cabeça ou nádegas) está localizada no fundo do útero (parte de cima do útero)?
• Manobra 2: Para qual lado da mãe as costas do feto estão voltadas? (Os batimentos cardíacos fetais são mais bem
auscultados nas costas do feto)
• Manobra 3: Qual é a apresentação fetal?
• Manobra 4: A cabeça do feto está flexionada e encaixada na pelve?
As manobras de Leopold são descritas no boxe Procedimento de enfermagem 14.1. Ver também o Capítulo 12.
Além disso, observe como suas mãos se movem. Se elas se aproximam com facilidade, a cabeça do feto
não desceu para a abertura superior da pelve da gestante. Se as mãos não se aproximam e param por
causa da resistência, a cabeça fetal está encaixada na abertura superior da pelve da gestante (Walker &
Sabrosa, 2014).
Análise da FCF
A análise da FCF é uma das principais ferramentas de avaliação utilizadas para determinar indiretamente o estado de
oxigenação fetal. A avaliação da FCF pode ser feita de modo intermitente usando um fetoscópio (um estetoscópio
modificado ligado a um capacete) ou um dispositivo Doppler (ultrassonografia) ou continuamente com um monitor fetal
eletrônico colocado externa ou internamente. O objetivo do monitoramento da FCF é reduzir a mortalidade/morbidade por
meio de identificação oportuna de agravos hipóxicos fetais e eliminação ou modificação desses agravos ou possibilitar o
nascimento seguro do feto antes de ocorrer lesão irreversível por asfixia (Hastings, 2015).
Anote!
O aparelho Doppler para detectar a FCF tem um custo relativamente baixo, sendo usado em hospitais, em partos
domiciliares e em maternidades rotineiramente. Muitos profissionais de enfermagem os utilizam em seus locais de
trabalho.
O monitoramento intermitente da FCF possibilita que a gestante se movimente durante o primeiro estágio do trabalho
de parto. Como ela não está conectada a um monitor fetal eletrônico estacionário, fica livre para se movimentar e mudar de
posição à vontade. No entanto, o monitoramento intermitente não fornece um registro contínuo da FCF e não documenta
como o feto responde ao estresse do trabalho de parto (a menos que a avaliação seja feita durante a contração). A melhor
maneira de avaliar o bem-estar fetal seria começando a ouvir a FCF no final da contração (não após uma), de modo que
possam ser detectadas desacelerações tardias. Contudo, a pressão do dispositivo durante uma contração é desconfortável e
pode impedir a gestante de usar seus padrões de respiração ritmada.
FIGURA 14.3 Enfermeira usando um aparelho Doppler portátil para avaliar a frequência cardíaca fetal.
A ausculta intermitente da FCF pode ser usada para detectar a FCF de base e o ritmo, além das alterações da linha de
base. No entanto, não consegue detectar a variabilidade e os tipos de desacelerações, como o monitoramento eletrônico
fetal (MEF) o faz (Wisner, 2015). Durante a ausculta intermitente para estabelecer uma linha de base, a FCF é avaliada
por um minuto após uma contração. A partir de então, a menos que haja um problema, auscultar por 30 segundos e
multiplicar o valor por dois é suficiente. Se a gestante apresentar mudança na condição durante o trabalho de parto, as
avaliações por auscultação devem ser mais frequentes. As mudanças na condição incluem ruptura de membranas ou
aparecimento de sangramento. Além disso, as avaliações mais frequentes ocorrem após períodos de deambulação, exame
de toque vaginal, administração de medicamentos para a dor ou outros eventos clinicamente importantes (King et al.,
2015).
ESTUDO
O monitoramento eletrônico fetal (MEF) é um método muito empregado de avaliar as condições fetais
durante o trabalho de parto e se tornou um componente central dos cuidados intraparto. Atualmente, o MEF
é o método mais frequentemente usado para avaliar o feto durante o trabalho de parto, sem evidências
significativas que sugiram efeitos benéficos. Os médicos dispendem energia e tempo valiosos tentando
caracterizar e distinguir diferentes tipos de desaceleração da FCF, embora a maioria desses tipos
comprovadamente mostre pouca associação com acidose fetal. O propósito dessa revisão foi determinar se
o MEF contínuo melhorou os desfechos perinatais em comparação com a ausculta intermitente.
Achados
Uma revisão Cochrane de 13 estudos, que incluíram mais de 37.000 mulheres, constatou que o MEF
contínuo não promoveu melhora significativa da taxa de mortalidade perinatal (taxa de risco = 0,86; intervalo
de confiança = 0,59 a 1,23) ou taxa de paralisia cerebral (taxa de risco = 1,75; intervalo de confiança = 0,84
a 3,63) em comparação com a ausculta intermitente. Contudo, houve um aumento significativo de
cesarianas (taxa de risco = 1,63; intervalo de confiança = 1,29 a 2,07) e partos vaginais instrumentalizados
(taxa de risco = 1,15; intervalo de confiança = 1,01 a 1,33).
Adaptado de Cahill, A. G., & Spain, J. (2015). Intrapartum fetal monitoring. Clinical Obstetrics and
Gynecology, 58(2), 263–268.
A FCF é mais claramente ouvida nas costas do feto. Em uma apresentação cefálica, a FCF é mais bem auscultada no
quadrante inferior do abdome materno. Na apresentação pélvica, é auscultada na altura da cicatriz umbilical materna ou
acima dela (Figura 14.4). Com a progressão do trabalho de parto, a localização da FCF vai mudar conforme o feto desce
para a pelve materna para o nascimento. Para garantir que a frequência cardíaca materna não seja confundida com a FCF,
palpa-se o pulso radial da gestante ao mesmo tempo que a FCF é auscultada pelo abdome.
No caso de parturientes de baixo risco, a FCF e as características das contrações devem ser avaliadas a intervalos de
15 a 30 minutos durante o trabalho de parto ativo e a cada 5 a 15 minutos durante os esforços expulsivos, bem como antes
e após quaisquer exames vaginais, ruptura das membranas corioamnióticas, medicação administrada e deambulação no
quarto (Freeman, 2015).
FIGURA 14.4 Locais para ausculta da frequência cardíaca fetal de acordo com a posição do feto. A. Occipitoanterior
esquerda (OAE). B. Occipitoanterior direita (OAD). C. Occipitoposterior esquerda (OPE). D. Occipitoposterior direita
(OPD). E. Sacroanterior esquerda (SAE).
O boxe Procedimento de enfermagem 12.1 lista em detalhes as etapas para a utilização de um aparelho Doppler para
avaliação da FCF. Em suma, aplica-se um pouco de gel hidrossolúvel no abdome da gestante ou na sonda de
ultrassonografia antes de auscultar com o aparelho Doppler, a fim de promover a transmissão da onda sonora.
Habitualmente, a FCF é mais bem auscultada nos quadrantes abdominais inferiores da gestante; se a FCF não for
encontrada rapidamente, pode ser útil localizar o dorso do feto realizando as manobras de Leopold.
Embora o método intermitente de determinação da FCF possibilite que a gestante se movimente durante o trabalho de
parto, as informações obtidas não fornecem um panorama completo do bem-estar fetal em todos os momentos. Isso leva a
questionar qual é a condição fetal durante os momentos em que não está sendo avaliada. Para as gestantes consideradas de
baixo risco de complicações, esse período sem avaliação não é um problema. No entanto, para a gestante de alto risco não
diagnosticada, pode ser aterrorizante.
• Avaliação inicial contínua durante 10 a 20 minutos ao ser admitida à área de trabalho de parto/parto
• Avaliação do risco pré-natal e de trabalho de parto em todas as gestantes
• Realização de ausculta intermitente a cada 30 minutos durante o trabalho de parto ativo na gestante de baixo risco e a
cada 15 minutos na gestante de alto risco
• Durante o segundo estágio do trabalho de parto, a cada 15 minutos no caso de parturientes de baixo risco e a cada 5
minutos no caso de parturientes de alto risco, e durante os esforços expulsivos (Agency for Healthcare Research and
Quality [AHRQ, 2014]; Association of Women’s Health, Obstetric and Neonatal Nurses [AWHONN], 2015; Institute
for Clinical Systems Improvement [ICSI], 2015a).
FIGURA 14.5 Aparelho de monitoramento eletrônico fetal externo contínuo aplicado à gestante em trabalho de
parto.
Tanto a FCF quanto a duração e o intervalo das contrações uterinas são registrados em papel milimetrado. Esse
método possibilita a avaliação da frequência cardíaca basal e das alterações no ritmo e padrão.
Quatro critérios específicos devem ser atendidos para que esse tipo de monitoramento seja utilizado:
• Ruptura de membranas
• Dilatação do colo do útero de pelo menos 2 cm
• Apresentação fetal baixa o suficiente para possibilitar a colocação do eletrodo no couro cabeludo
• Disponibilidade de profissional qualificado para inserir o eletrodo espiral (ICSI, 2015b).
Comparado com o monitoramento externo, o monitoramento interno contínuo consegue detectar acuradamente as
mudanças e a variabilidade (variação a partir da linha de base) a curto prazo (momento a momento) e as arritmias
cardíacas fetais. Além disso, as alterações na posição e os movimentos maternos não interferem na qualidade do traçado.
A bradicardia fetal ocorre quando a FCF mantém-se abaixo de 110 bpm por 10 minutos ou mais (Maso et al., 2015).
Pode ser a resposta inicial à asfixia de um feto saudável. As causas da bradicardia fetal podem incluir hipoxia fetal,
hipoglicemia materna prolongada, acidose fetal, administração de analgésicos à mãe, hipotermia, agentes anestésicos
(epidurais), hipotensão materna, hipotermia fetal, compressão prolongada do cordão umbilical e bloqueio atrioventricular
(BAV) fetal congênito (Nageotte, 2015). A bradicardia pode ser benigna se for um evento isolado, mas é considerada um
mau sinal quando acompanhada por diminuição da variabilidade da linha de base e desacelerações tardias.
A taquicardia fetal consiste em uma FCF de linha de base superior a 160 bpm com duração de 10 minutos ou mais
(NICHD, 2015). Pode representar uma resposta compensatória inicial à asfixia. Outras causas de taquicardia fetal incluem
hipoxia fetal, febre materna, desidratação materna, amnionite, fármacos (p. ex., cocaína, anfetaminas, nicotina),
hipertireoidismo materno, ansiedade materna, anemia fetal, prematuridade, infecção fetal, hipoxia crônica, anomalias
congênitas, insuficiência cardíaca fetal e arritmias fetais. A taquicardia fetal é considerada um mau sinal se acompanhada
por diminuição da variabilidade e desacelerações tardias (Yuan, 2015).
Anote!
O MEF externo não consegue avaliar de modo acurado a variabilidade. Portanto, se o monitoramento externo mostrar uma
linha de base que está se tornando uniforme, devese considerar o uso de um eletrodo interno em espiral para obter um
panorama mais acurado do estado de saúde fetal.
FIGURA 14.7 Exemplos de tiras de monitoramento fetal. A. Variabilidade a longo prazo (média ou
moderada). B. Variabilidade mínima. C. Variabilidade moderada. D. Variabilidade acen tuada.
Domínio de conceito
Reação à alteração da FCF causada por sofrimento fetal durante o trabalho de parto
A desaceleração consiste na queda transitória na FCF provocada pela estimulação do sistema nervoso parassimpático.
As desacelerações são descritas por sua forma e associação com a contração uterina. São classificadas somente como
precoces, tardias e variáveis (Figura 14.8).
As desacelerações precoces são claramente visíveis e geralmente simétricas; caracterizam-se por uma diminuição
gradual na FCF em que o nadir (ponto mais baixo) ocorre no pico da contração. Raramente diminuem mais do que 30 a 40
bpm abaixo da linha de base. Tipicamente, o aparecimento, o nadir e a recuperação da desaceleração ocorrem ao mesmo
tempo que o início, o pico e a recuperação da contração. São mais frequentemente vistas durante a fase ativa de qualquer
trabalho de parto normal, durante os esforços expulsivos, o coroamento e a extração a vácuo. Acredita-se que sejam
decorrentes da compressão da cabeça fetal que resulta em uma resposta vagal reflexa com uma desaceleração resultante na
FCF durante as contrações uterinas. As desacelerações precoces não são indicativas de sofrimento fetal e não requerem
intervenção.
As desacelerações tardias são quedas transitórias, visualmente aparentes e geralmente simétricas da FCF, que ocorrem
após o pico da contração. A FCF não retorna aos valores de base até bem depois de a contração ter terminado. Ocorre um
atraso entre o momento da desaceleração e o nadir da contração uterina. As desacelerações tardias estão associadas à
insuficiência uteroplacentária, que ocorre quando o fluxo sanguíneo dentro do espaço intervilositário é diminuído, a ponto
de haver depressão do miocárdio ou hipoxia fetal (Martin, Fanaroff, & Walsh, 2014). As condições que podem diminuir a
perfusão uteroplacentária com resultantes desacelerações incluem a hipotensão materna, a hipertensão gestacional, o
envelhecimento prematuro da placenta secundário ao diabetes e pós-maturidade, a hiperestimulação via infusão de
ocitocina, o tabagismo materno, a anemia e a doença cardíaca. Estes implicam algum grau de hipoxia fetal. As
desacelerações tardias recorrentes ou intermitentes são sempre de categoria II (indeterminadas) ou categoria III
(anormais), independentemente da grandeza da desaceleração. Os episódios agudos com variabilidade moderada têm maior
probabilidade de serem corrigidos, enquanto os episódios crônicos com perda da variabilidade têm menor probabilidade
(Martin, Fanaroff, & Walsh, 2014). No Boxe 14.1 são destacadas as intervenções para padrões de categoria III.
As desacelerações variáveis se manifestam como quedas abruptas claramente visíveis abaixo da linha de base na FCF;
elas têm uma forma imprevisível na linha de base da FCF, possivelmente não demonstrando qualquer relação consistente
com as contrações uterinas. A forma das desacelerações variáveis pode ser em U, V ou W, ou pode não se assemelhar a
outros padrões (Cahill & Spain, 2015). As desacelerações variáveis geralmente ocorrem de modo abrupto, com uma
desaceleração rápida. É o padrão de desaceleração mais comumente encontrado na gestante em trabalho de parto, sendo
geralmente transitório e corrigível (Ugwumadu, 2015). As desacelerações variáveis estão associadas à compressão do
cordão umbilical. No entanto, são classificadas como sendo de categoria II ou III, de acordo com a alteração associada na
variabilidade da linha de base (ICSI, 2015a). O padrão de desaceleração variável consistentemente relacionado com as
contrações, com um retorno lento à linha de base da FCF, exige acompanhamento e avaliação adicionais.
As desacelerações prolongadas são declínios abruptos na FCF de pelo menos 15 bpm que duram mais de 2 minutos,
mas menos de 10 (NICHD, 2015). A frequência normalmente cai para menos de 90 bpm. Muitos fatores estão associados
a esse padrão, incluindo a compressão prolongada do cordão umbilical, o descolamento prematuro da placenta, o prolapso
de cordão umbilical, a posição materna em decúbito dorsal, o exame de toque vaginal, a coleta de sangue fetal, as
convulsões maternas, a anestesia regional ou a ruptura uterina (ACOG & SMFM 2014). As desacelerações prolongadas
podem ser tratadas por meio da identificação e correção da causa subjacente.
BOXE 14.1
INTERVENÇÕES PARA PADRÕES DE CATEGORIA III
Adaptado de American College of Obstetricians and Gynecologists [ACOG]. (2014). Safe prevention of the
primary cesarean delivery. Obstetric Care Consensus 1, Obstetrics & Gynecology, 123, 693–711; Freeman,
R. K. (2015). Intrapartum fetal heart rate monitoring. Protocols for high-risk pregnancies: An evidence-
based approach (pp. 418–422, 6th ed.). John Wiley & Sons; e Cahill, A. G., & Spain, J. (2015). Intrapartum
fetal monitoring. Clinical Obstetrics and Gynecology, 58(2), 263–268.
O padrão sinusoidal é descrito como tendo um padrão claramente visível de onda senoidal plana na linha de base da
FCF, com uma frequência de ciclo de 3 a 5 bpm que persiste durante mais de 20 minutos. É atribuído a uma perturbação
no controle da FCF pelo sistema nervoso central (SNC) e ocorre quando há um grau extremo de hipoxia secundária a
anemia fetal e hipovolemia. É sempre considerado um padrão de categoria III. Para corrigi-lo, pode ser necessária uma
transfusão fetal intrauterina (Nageotte, 2015).
A obtenção de combinações de padrões de FCF pelo MEF durante o trabalho de parto não é rara. Os padrões de
categoria II e III são mais importantes se forem mistos, persistirem por longos períodos ou tiverem desacelerações tardias
prolongadas frequentes, variabilidade ausente ou mínima, taquicardia ou bradicardia e desacelerações variáveis abaixo de
60 bpm prolongadas. A probabilidade de comprometimento fetal é maior se os padrões de categoria II e III estiverem
associados a variabilidade da linha de base diminuída ou padrões de contração anormal (ICSI, 2015a).
Anote!
A presença humana é de valor imensurável para fazer com que a parturiente se sinta segura.
Hidroterapia
A hidroterapia é uma medida não farmacológica que pode envolver uma ducha ou a imersão em uma banheira comum ou
de hidromassagem. Quando a ducha é o método selecionado de hidroterapia, a parturiente permanece em pé ou se senta em
uma cadeira de banho sob um chuveiro com água morna, deixando a água deslizar suavemente sobre seu abdome e suas
costas. Se for escolhida uma banheira de hidromassagem, a parturiente submerge na água morna para promover
relaxamento e alívio do desconforto. Quando a parturiente entra na água tépida, o calor e a flutuabilidade ajudam a liberar
a tensão muscular e podem promover uma sensação de bem-estar (Taghavi, Barband, & Khaki, 2015). A água morna
fornece estimulação calmante dos nervos cutâneos, promovendo vasodilatação, reversão da resposta nervosa simpática e
redução das catecolaminas (Dalal, 2015). As contrações geralmente são menos dolorosas em água morna, pois o calor e a
flutuabilidade da água exercem um efeito relaxante. Uma pesquisa recente detectou que as mulheres submetidas à
hidroterapia apresentaram redução significativa nas taxas de parto cirúrgico, um segundo estágio do trabalho de parto mais
curto, redução da necessidade de analgésicos e menor incidência de traumatismo perineal (Taghavi, Barband, & Khaki,
2015). A pesquisa concluiu que a hidroterapia durante o trabalho de parto auxilia significativamente nesse processo,
minimiza o uso de medicamentos analgésicos, oferece alívio rápido e de curta duração da dor e alívio da ansiedade,
devendo ser considerada um auxílio seguro e efetivo ao parto (Taghavi, Barband, & Khaki, 2015).
ESTUDO
A dor do trabalho de parto é descrita como a dor mais intensa que as mulheres já sentiram em toda a sua
vida. Quando se considera a analgesia durante o trabalho de parto, existem várias opções e cada uma tem
vantagens e desvantagens diferentes dependendo das expectativas e preferências da parturiente. Muitas
parturientes gostariam de não usar medicamentos ou métodos invasivos para controle da dor por causa do
impacto negativo potencial nos fetos durante o trabalho de parto. A dor intensa deflagra uma resposta de
estresse que pode ter efeitos deletérios na mãe e no feto. O propósito desse estudo foi avaliar o efeito de
aromaterapia (óleos essenciais de plantas são massageados na pele e inalados) e biofeedback (a
parturiente era solicitada a vivenciar os sons cardíacos fetais e a variação nas contrações e
conscientemente regulá-las) na promoção dos desfechos do trabalho de parto.
Achados
Seiscentas mulheres nulíparas foram escolhidas aleatoriamente e designadas para um grupo que recebeu
aromaterapia (n = 200), para um grupo que recebeu biofeedback (n = 200) ou para um grupo-controle (n =
200). Os pesquisadores classificaram a dor usando uma escala analógica visual de dor durante o trabalho
de parto. Sessenta e nove por cento de casos no grupo da aromaterapia expressaram que esta foi útil,
aliviou a dor e promoveu bem-estar emocional durante o trabalho de parto. Biofeedback também foi efetivo
na redução da dor e da duração do trabalho de parto em comparação com o grupo-controle.
Adaptado de Janula, R., & Mahipal, S. (2015). Effectiveness of aromatherapy and biofeedback in
promotion of labor outcome during childbirth among primigravidas. Health Science Journal, 9(1), 1–5.
Diversas opções de hidroterapia estão disponíveis, de banheiras comuns a banheiras de hidromassagem e duchas,
combinadas a baixa iluminação e música. Muitos hospitais oferecem duchas e banheiras de hidromassagem a parturientes
para alívio da dor. No entanto, nos EUA a hidroterapia é mais comumente praticada nas casas de parto gerenciadas por
parteiras. A recomendação para iniciar a hidroterapia é que a gestante esteja em trabalho de parto (mais de 5 cm de
dilatação) para evitar a desaceleração das contrações em decorrência do relaxamento muscular. As membranas amnióticas
podem estar intactas ou rompidas. A parturiente é encorajada a ficar na banheira ou no chuveiro enquanto se sentir
confortável. A temperatura da água não deve exceder a temperatura corporal.
A hidroterapia é uma opção efetiva de manejo da dor para muitas parturientes. As mulheres que passam por uma
gestação saudável podem optar por recebê-la. Os potenciais riscos associados à hidroterapia incluem hipertermia,
hipotermia, alterações da frequência cardíaca materna, taquicardia fetal e parto subaquático não planejado. Os benefícios
incluem redução da dor, alívio da ansiedade e promoção de sensação de controle durante o trabalho de parto (Nutter,
2016).
Deambulação e mudanças de posição
A deambulação e as mudanças de posição durante o trabalho de parto são outra medida de conforto extremamente útil.
Historicamente, as gestantes têm adotado várias posições durante o trabalho de parto, raramente usando o decúbito dorsal
até a primeira metade do século XX. Os médicos preferem o decúbito dorsal durante o trabalho de parto, mas sem
evidências que demonstrem sua adequação. Uma recente revisão sistemática da base de dados Cochrane relata que há
evidências de que a deambulação e as posições ortostáticas no primeiro estágio do trabalho de parto reduzem sua duração e
não parecem estar associadas a aumento na quantidade de intervenções nem a efeitos negativos no bem-estar das
parturientes e dos fetos. Na posição ortostática a gravidade direciona o peso do feto e do líquido amniótico para baixo,
dilatando sucessivamente o colo do útero e o canal de parto. Constatou-se que as contrações uterinas se mostraram mais
bem espaçadas, mais fortes e mais eficientes na dilatação do colo do útero quando a parturiente fica em posição ortostática
em comparação ao decúbito dorsal (Cox & King, 2015). No primeiro estágio do trabalho de parto, as parturientes devem
ser encorajadas a assumir qualquer posição que lhes for mais confortável (Cheng & Caughey, 2015a).
Mudar de posição com frequência (mais ou menos a cada 30 minutos) – sentar, deambular, ficar ajoelhada, em pé,
deitada, em quatro apoios e usar uma bola suíça – ajuda a aliviar a dor (Figura 14.9). As mudanças de posição também
ajudam a acelerar o trabalho de parto, adicionando os benefícios do efeito da gravidade e da mudança no formato da pelve.
Uma pesquisa concluiu que a posição adotada pela parturiente e a frequência das mudanças de posição exercem profundo
efeito sobre a atividade e a eficiência uterinas. Possibilitar que a parturiente assuma uma posição de conforto
frequentemente facilita uma rotação fetal favorável pela alteração no alinhamento entre a parte que se apresenta e a pelve.
Conforme a parturiente continua mudando de posição de acordo com seu conforto, é proporcionada a apresentação ideal
(King et al., 2015). O decúbito dorsal deve ser evitado, uma vez que pode interferir no progresso do trabalho de parto,
causar compressão da veia cava e diminuir o retorno venoso ao coração.
Oscilar o peso corporal de um lado para outro, balançar ou fazer outros movimentos rítmicos também podem ser
reconfortantes. Se o trabalho de parto estiver evoluindo lentamente, deambular pode acelerá-lo de novo. Posições verticais
– como caminhar, ajoelhar-se inclinando para frente ou fazer o movimento de avanço na bola suíça – dão à maioria das
parturientes maior sensação de controle e movimento ativo do que apenas ficar deitada. A Tabela 14.2 destaca algumas das
posições mais comuns que podem ser usadas durante o trabalho de parto.
Acupuntura e acupressão
A acupuntura e a acupressão podem ser usadas para aliviar a dor durante o trabalho de parto. Embora os estudos
controlados utilizando esses métodos sejam limitados, existem evidências adequadas de que ambos são úteis no alívio da
dor associada ao trabalho de parto e ao parto. No entanto, os dois métodos exigem a presença de um acupunturista
treinado, e essa pessoa não está disponível em muitas instituições de parto (Halpern & Garg, 2015).
A acupuntura envolve a estimulação de pontos-gatilho-chave com agulhas. Essa modalidade de medicina chinesa é
praticada há aproximadamente 3.000 anos. Os ensinamentos chineses clássicos afirmam que existem meridianos ou canais
de energia (qi) em todo o corpo que, quando em equilíbrio, regulam as funções do corpo. A dor reflete o desequilíbrio ou
obstrução do fluxo de energia. O objetivo da acupuntura é restaurar a energia, diminuindo assim a dor (Adams et al.,
2015). A estimulação dos pontos-gatilho provoca a liberação de endorfinas, reduzindo a percepção da dor.
A acupressão envolve a aplicação de pressão firme com um dedo ou massagem utilizada na acupuntura para reduzir a
sensação de dor. A intensidade da pressão exercida é importante. A intensidade da pressão é determinada pelas
necessidades da mulher. Segurar e apertar a mão da parturiente pode estimular o ponto mais comumente empregado nas
duas técnicas. Alguns pontos de acupuntura são encontrados ao longo da coluna vertebral, no pescoço, nos ombros, nos
dedos dos pés e nas regiões plantares. A compressão ao longo da lateral da coluna vertebral pode ajudar a aliviar a dor nas
costas durante o trabalho de parto (Figura 14.10) (Mollart, Adam, & Foureur, 2015). Uma revisão da Cochrane
Collaboration detectou que a acupuntura realmente reduz a dor do trabalho de parto, aumentando a satisfação com o
manejo da dor e reduzindo o uso de tratamento farmacológico. No entanto, são necessárias mais pesquisas (Simkin &
Klein, 2015).
FIGURA 14.9 Várias posições que podem ser adotadas durante o trabalho de parto. A. Deambulação. B. Inclinação
para frente. C. Sentar em uma cadeira. D. Uso de uma bola suíça.
Termoterapia e crioterapia
As aplicações superficiais de calor e/ou frio, de vários modos, são abordagens populares entre as mulheres em trabalho de
parto. São fáceis de usar, de baixo custo, não demandam prática anterior e têm efeitos colaterais negativos mínimos
quando usadas corretamente. O calor é tipicamente aplicado nas costas, na região inferior do abdome, na região inguinal
e/ou no períneo da parturiente. As fontes de calor incluem bolsas de água quente, meias cheias de arroz aquecido,
compressas mornas (pano embebido em água morna e espremido), almofada elétrica, cobertor aquecido e banho ou ducha
morna. Além de ser utilizado para o alívio da dor, o calor é usado para aliviar calafrios ou tremores, diminuir a rigidez
articular, reduzir o espasmo muscular e aumentar a extensibilidade do tecido conjuntivo (Liu, Fernando, & Mon, 2015).
Habitualmente, a crioterapia (uso terapêutico do frio) é aplicada às costas, ao tórax e/ou ao rosto da mulher durante o
trabalho de parto. As modalidades de crioterapia incluem uma bolsa ou luva cirúrgica cheia de gelo, bolsa de gel
congelado, gelo para campismo, garrafa plástica cheia de gelo, toalha embebida em água fria, latas de refrigerante
refrigeradas em gelo e, até mesmo, sacos de legumes congelados. As bolsas “instantâneas” de crioterapia, muitas vezes
disponíveis em hospitais, geralmente não são frias o suficiente para efetivamente aliviar a dor do trabalho de parto. As
parturientes que estão com frio geralmente precisam sentir-se aquecidas antes que possam tolerar confortavelmente o uso
de uma bolsa de crioterapia. Latas de refrigerante geladas e rolos de massa cheios de gelo dão o benefício adicional da
pressão mecânica quando pressionados sobre a coluna lombar. O frio tem os efeitos adicionais de aliviar os espasmos
musculares e reduzir a inflamação e o edema (Tharpe, Farley, & Jordan, 2016).
• Ajuda o feto a
alinhar-se
paralelamente
com o ângulo da
pelve materna
• Ajuda a aumentar
o desejo de fazer
esforços
expulsivos
durante o
segundo estágio
do trabalho de
parto
• Causa alterações
nas articulações
pélvicas,
ajudando o feto a
passar pelo canal
de parto
• É uma boa
posição para
massagem nas
costas
• Pode ser mais
repousante do
que ficar em pé
• O ritmo e a
música ajudam a
gestante a relaxar
e proporcionam
conforto
• Aproveita melhor
as vantagens do
efeito da
gravidade do que
a posição deitada
• É uma posição
fácil se a gestante
estiver no leito
• Pode ajudar a
relaxar o períneo
e possibilitar
esforços
expulsivos
efetivos
• Pode ajudar a
acelerar o
trabalho de parto
(movimento de
balanço)
• É uma boa
posição para
massagem nas
costas
• Ajuda o feto a
rodar na posição
posterior
• Possibilita a
oscilação pélvica
e o movimento do
corpo
Alivia a pressão
• sobre as
hemorroidas
Possibilita
•
exames de toque
vaginal
• Às vezes, é a
posição preferida
pela gestante
com lombalgia
para fazer os
esforços
expulsivos
• Coloca menos
pressão sobre os
punhos e as
mãos
• Ajuda a reduzir a
pressão arterial
elevada
• Pode promover o
progresso do
trabalho de parto
quando alternado
com a
deambulação
• É útil para
retardar um
segundo estágio
do trabalho de
parto muito rápido
• Evita a síndrome
de hipotensão
supina da
gravidez
(compressão da
veia cava inferior)
• Pode melhorar o
controle sobre os
esforços
expulsivos
• Elimina a pressão
sobre as
hemorroidas
• Facilita o
relaxamento entre
as contrações
• Aproveita a força
da gravidade
• Demanda menos
esforços
expulsivos
• Amplia a abertura
inferior da pelve
em
aproximadamente
28%
• A pressão é
distribuída
uniformemente
sobre o períneo,
reduzindo a
necessidade de
realização de
episiotomia
• Pode ajudar o
feto a virar e
descer em um
parto difícil
• Ajuda se a
gestante não
sentir vontade de
fazer esforço para
baixo
• Possibilita a
liberdade de
transferir o peso
para o conforto
• Oferece uma
vantagem ao
empurrar, já que
o tronco superior
pressiona a parte
superior do útero
• Incrementa a
ação da
gravidade
Adaptada de Gizzo, S., Di Gangi, S., Noventa, M., Bacile, V., Zambon, A.,
& Nardelli, B. (2014). Women’s choice of positions during labor: Return to
the past or a modern way to give birth? A cohort study in Italy. BioMed
Research International, 2014, 638093,
doi: http://dx.doi.org/10.1155/2014/638093; Hanson, L., & VandeVusse, L.,
(2014). Supporting labor progress toward physiologic birth. Journal of
Perinatal & Neonatal Nursing, 28(2), 101–107; e Magowan, B., Owen, P., &
Thomson, A. (2014). Clinical obstetrics & gynecology (3rd ed.). St. Louis,
MO: Saunders Elsevier.
Até o momento, nenhum estudo controlado e randomizado avaliou o uso de calor e frio, portanto, é necessário estudo
adicional para determinar se uma das abordagens é eficaz. Com as precauções de segurança adequadas, a termoterapia e a
crioterapia oferecem conforto e alívio; seu uso deve ser ditado pelos desejos e respostas da parturiente.
FIGURA 14.10 Enfermeira massageando as costas da parturiente durante uma contração, enquanto ela deambula
durante o trabalho de parto.
Focalização da atenção e visualização mental
A focalização da atenção e a visualização mental usam muitos dos sentidos e a mente para focalizar em estímulos. A
parturiente pode focalizar em estímulos táteis, como toque, massagens ou carícias. Pode focalizar em estímulos auditivos,
como músicas, murmúrios ou estímulos verbais. Os estímulos visuais podem ser qualquer objeto do quarto, ou a
parturiente pode imaginar uma praia, uma montanha, uma lembrança feliz ou até mesmo as contrações do músculo uterino
forçando o colo a se abrir e o feto pressionando para baixo para abrir o colo do útero. Algumas parturientes se concentram
em uma atividade mental específica, como uma canção, cantiga, contagem reversa ou versículo da Bíblia. A respiração, o
relaxamento, o pensamento positivo e a visualização positiva funcionam bem para as mulheres em trabalho de parto. O uso
dessas técnicas impede que as informações sensoriais percebidas durante a contração cheguem à área de dor no córtex
cerebral (Capogna, 2015a).
Effleurage e massagem
A effleurage consiste em um toque leve, deslizante e superficial no abdome, no ritmo da respiração, durante as contrações.
É usada como uma técnica de relaxamento e distração do desconforto. As cintas de monitoramento fetal externo podem
interferir em sua realização.
A effleurage e a massagem usam o sentido do tato para promover relaxamento e alívio da dor. A massagem funciona
como uma modalidade de alívio da dor pelo aumento da produção de endorfinas no corpo. As endorfinas reduzem a
transmissão de sinais entre as células nervosas, diminuindo assim a percepção de dor. Como os estímulos dos receptores
táteis chegam ao encéfalo mais rápido do que os dos receptores de dor, a massagem – em qualquer parte do corpo – pode
bloquear a mensagem de dor para o encéfalo. Além disso, percebeu-se que o toque leve libera endorfinas e induz a um
estado relaxado. O toque e a massagem também distraem a parturiente do desconforto. A massagem envolve a
manipulação dos tecidos moles do corpo. É comumente usada para ajudar a relaxar os músculos tensos e para promover
relaxamento e tranquilidade. A massagem ajuda a aliviar a dor porque promove relaxamento, inibe a transmissão sensorial
nas vias de dor ou melhora o fluxo sanguíneo e a oxigenação dos tecidos (Neetu & Panchal, 2015).
Técnicas respiratórias
O uso consciente da respiração pela parturiente tem o poder de influenciar profundamente em seu trabalho de parto e em
como ela participa do processo. A primeira ação em qualquer situação é respirar fundo. A respiração afeta os pulmões,
imediatamente sinalizando o sistema nervoso. O sistema nervoso responde enviando mensagens que impactam todo o
nosso sistema psicofisiológico. Essas mensagens nos afetam física, emocional e mentalmente. Se mudarmos o modo
como respiramos, modificamos o conjunto de mensagens e reações em toda a nossa experiência mente-corpo (Cheng &
Caughey, 2015a).
As técnicas respiratórias efetivamente promovem relaxamento e alívio da dor por meio do uso da distração. Se a
parturiente estiver se concentrando na respiração rítmica lenta, ela não consegue focalizar totalmente na dor da contração.
As técnicas respiratórias são frequentemente ensinadas nas aulas de preparação para o parto (ver Capítulo 12 para mais
informações).
A respiração controlada ajuda a reduzir a dor experimentada pelo condicionamento do estímulo-resposta. A parturiente
escolhe um ponto focal dentro de seu ambiente para olhar durante o primeiro sinal de uma contração. Essa focalização
produz um estímulo visual que vai diretamente para o encéfalo. A parturiente toma uma inspiração profunda de limpeza,
que é seguida pela respiração rítmica. Comandos verbais de seu parceiro fornecem um estímulo auditivo contínuo ao seu
encéfalo. Os benefícios da prática da respiração controlada incluem:
Medidas farmacológicas
Com variados graus de sucesso, gerações de gestantes têm procurado modos de aliviar a dor do parto. As medidas
farmacológicas de alívio da dor durante o trabalho de parto incluem a analgesia sistêmica e a anestesia regional ou local.
As mulheres observaram mudanças drásticas nas opções farmacológicas de controle da dor ao longo dos anos. Os métodos
evoluíram de morder um pedaço de madeira para controlar a dor, passando pela indução de “sono crepuscular” durante o
trabalho de parto (resultando em amnésia) até uma abordagem farmacológica mais complexa como analgesia
epidural/intratecal. A analgesia sistêmica e a analgesia/anestesia regional tornaram-se menos comuns, enquanto as técnicas
de analgesia/anestesia neuroaxial mais recentes envolvendo um bloqueio motor mínimo têm se tornado mais populares.
A analgesia/anestesia neuraxial consiste na administração de agentes analgésicos (opioides) ou anestésicos (capazes de
provocar perda de sensibilidade em uma área do corpo) de modo contínuo ou intermitente no espaço epidural ou intratecal,
para aliviar a dor. A analgesia epidural em doses baixas e ultrabaixas, a analgesia raquidiana e a analgesia raquiepidural
combinadas têm substituído a tradicional epidural para o parto. A analgesia neuraxial não interfere no progresso ou no
desfecho do trabalho de parto. Assim, não há necessidade de adiar o seu uso até a fase ativa do trabalho de parto (Grant et
al., 2015). Essa mudança nas técnicas de manejo da dor possibilita que a gestante seja uma participante ativa no trabalho
de parto.
Anote!
Independentemente de qual abordagem é usada durante o trabalho de parto, a gestante tem o direito de escolher os
métodos de controle da dor que mais bem se adéquem a ela e satisfaçam suas necessidades.
Analgesia sistêmica
A analgesia sistêmica envolve a utilização de um ou mais fármacos administrados por via oral, intramuscular ou IV; esses
fármacos são distribuídos por todo o corpo pelo sistema circulatório. Dependendo do método de administração utilizado, o
efeito terapêutico de alívio da dor pode ocorrer dentro de minutos e durar várias horas. As complicações mais importantes
associadas ao uso dessa classe de fármacos é a depressão respiratória. Portanto, as gestantes que recebem esses
medicamentos necessitam de monitoramento cuidadoso. Os opioides administrados perto do momento do parto podem
causar depressão do SNC no recém-nascido, sendo necessária a administração de naloxona para reverter os efeitos
depressores dos opioides.
Diversas categorias de fármacos podem ser utilizadas para a analgesia sistêmica:
• Opioides, como o butorfanol, a nalbufina, a meperidina, a morfina ou a fentanila
• Antieméticos, como a hidroxizina, a prometazina ou a proclorperazina
• Benzodiazepínicos, como o diazepam ou o midazolam.
O boxe Orientação sobre medicamentos 14.1 destaca alguns dos principais fármacos usados para a analgesia sistêmica.
Os analgésicos sistêmicos são, tipicamente, administrados por via parenteral, em geral utilizando um acesso
intravenoso existente. Quase todas as medicações administradas durante o trabalho de parto atravessam a placenta e
exercem efeito depressor sobre o feto; portanto, é importante que a parturiente receba a menor dose de medicação
sistêmica que alivie o desconforto sem causar dano ao feto (Cheng & Caughey, 2015a). Historicamente, os opioides têm
sido administrados por enfermeiros; contudo, na última década, tem havido um aumento do uso da analgesia intravenosa
controlada pela paciente. Nesse sistema, a parturiente recebe um dispositivo com um botão ligado a uma bomba
computadorizada conectada ao acesso intravenoso. Quando ela deseja analgesia, ela aperta o botão e a bomba administra
um valor predefinido de medicação. Esse sistema dá à parturiente uma sensação de controle sobre seu próprio tratamento
da dor e participação ativa no processo de parto.
OPIOIDES
Os opioides são fármacos semelhantes à morfina que são mais efetivos para o alívio da dor moderada a grave.
Tipicamente os opioides são administrados por via intravenosa. Todos os opioides são lipofílicos e atravessam a barreira
placentária, mas não afetam o progresso do trabalho de parto na fase ativa. Os opioides estão associados a depressão
respiratória neonatal, diminuição do estado de alerta, inibição da sucção e atraso na alimentação efetiva (King et al., 2015).
Os opioides diminuem a transmissão de impulsos da dor ao ligar-se a um receptor nas vias que transmitem os sinais
de dor ao encéfalo. O efeito é o aumento da tolerância à dor e a depressão respiratória relacionada à diminuição na
sensibilidade ao dióxido de carbono (Skid-more-Roth, 2015). Todos os opioides são bons analgésicos. No entanto, pode
ocorrer depressão respiratória tanto na parturiente quanto no feto, dependendo da dose administrada. Também podem
causar diminuição na variabilidade da FCF, identificada no monitoramento fetal. Essa mudança de padrão da FCF
geralmente é transitória. Outros efeitos colaterais sistêmicos incluem náuseas, vômitos, prurido, retardo no esvaziamento
gástrico, sonolência, hipoventilação e depressão do recémnascido. Para reduzir a incidência deste último, o parto deve
ocorrer 1 a 4 horas após a administração, para evitar que o feto receba a concentração máxima (Cheng & Caughey, 2015a).
Atravessa rapidamente a
placenta, provoca diminuição
na variabilidade da FCF
Provoca diminuição na
variabilidade da FCF,
bradicardia fetal e depressão
respiratória
Atravessa rapidamente a
placenta
Um estudo recente relatou que os opioides parenterais proporcionaram algum alívio da dor no trabalho de parto, mas
estão associados a angústia respiratória do recém-nascido. A satisfação materna com a analgesia por opioides pareceu
moderada, na melhor das hipóteses (Kerr, Taylor, & Evans, 2015).
Os antagonistas de opioides, como a naloxona, são administrados para reverter os efeitos de depressão do SNC,
incluindo a depressão respiratória causada pelos opioides. Os antagonistas de opioides também são utilizados para reverter
os efeitos colaterais dos opioides neuroaxiais, como prurido, retenção urinária, náuseas e vômitos, sem diminuir
significativamente a analgesia (Skidmore-Roth, 2015). Consulte um guia atualizado de fármacos para mais detalhes sobre
essas categorias de agentes.
ANTIEMÉTICOS
Os fármacos antieméticos são usados em combinação com um opioide para diminuir as náuseas e vômitos e reduzir a
ansiedade. Esses fármacos adjuntos potencializam a efetividade do opioide, de modo que pode ser administrada uma dose
menor. Também podem ser utilizados para maximizar a sedação. A prometazina pode ser administrada por via intravenosa,
mas a hidroxizina tem de ser administrada por via oral ou por injeção intramuscular em um músculo volumoso. Esses
fármacos não influenciam a evolução do trabalho de parto, mas ambos podem causar diminuição na variabilidade da FCF e
possível depressão neonatal (Skidmore-Roth, 2015). A proclorperazina é tipicamente administrada por via intravenosa ou
intramuscular com o sulfato de morfina para o sono durante a fase latente prolongada. Ela neutraliza as náuseas associadas
aos opioides (King et al., 2015).
BENZODIAZEPÍNICOS
Os benzodiazepínicos são usados para efeitos tranquilizantes e como um sedativo leve. O diazepam também é
administrado por via intravenosa para interromper as convulsões resultantes da eclâmpsia. Pode ser administrado para
acalmar a parturiente que está fora de controle, possibilitando assim que ela relaxe o suficiente para que possa participar
efetivamente de seu processo de trabalho de parto, em vez de lutar contra ele. O lorazepam também pode ser utilizado por
seu efeito tranquilizante, mas leva ao aumento da sedação (Skidmore-Roth, 2015). O midazolam, também administrado
por via intravenosa, promove uma boa amnésia, mas não analgesia. É mais comumente usado como um complemento à
anestesia. O diazepam e o midazolam causam depressão do SNC, tanto na parturiente como no neonato.
Analgésicos inalatórios
O óxido nitroso é conhecido pela maioria das pessoas como “gás do riso”. Para a dor associada ao trabalho de parto,
mistura-se gás óxido nitroso (50%) com oxigênio (50%) e essa mistura é inalada via máscara facial ou bocal. O óxido
nitroso começou a ser usado recentemente nos EUA, mas seu uso é disseminado na Europa e no Canadá há muitos anos.
De modo geral, as pacientes relataram satisfação com o uso do óxido nitroso para alívio da dor associada ao trabalho de
parto. Um fator adicional que poderia contribuir para a redução da percepção de dor é o controle da administração pela
parturiente (autoadministração). A autoadministração não apenas empodera as mulheres, mas também atua como
mecanismo de segurança porque é quase impossível ocorrer superdosagem quando é autoadministrado (Halpern & Garg,
2015). Os efeitos adversos potenciais da mistura N2O/O2 incluem náuseas e vômitos, tontura e disforia, embora sejam
raros. Nenhuma anormalidade da FCF foi atribuída ao seu uso (Badve & Vallejo, 2015).
Analgesia/anestesia regional
A analgesia/anestesia regional proporciona alívio da dor sem perda da consciência. Envolve o uso de anestésicos locais,
com ou sem opioides agregados, para trazer alívio da dor ou entorpecimento por meio de efeitos do fármaco sobre a
medula espinal e as raízes nervosas.
A analgesia obstétrica regional geralmente se refere a uma perda parcial ou completa da sensibilidade dolorosa abaixo do
nível de T8 a T10 da medula espinal (Stocks & Griffiths, 2015).
As vias para o alívio regional da dor incluem o bloqueio epidural, a raquiepidural combinada, a infiltração local, o
bloqueio pudendo e a analgesia/anestesia intratecal (espinal). As vias locais e pudendas são usadas durante o parto para a
episiotomia (incisão cirúrgica no períneo para facilitar o nascimento); as vias epidural e intratecal são utilizadas para o
alívio da dor durante o trabalho de parto ativo e o parto. A principal vantagem das técnicas regionais de controle da dor é
que a parturiente pode participar do processo de nascimento e ainda assim ter um bom controle da dor.
ANALGESIA EPIDURAL
As mulheres que solicitam analgesia epidural no trabalho de parto o fazem quando sentem que precisam de alívio da dor e
algumas fazem essa solicitação em um estágio bem precoce do trabalho de parto. A analgesia epidural para o trabalho de
parto e o parto envolve a injeção de um anestésico local (p. ex., lidocaína ou bupivacaína) e um analgésico opioide (p. ex.,
morfina ou fentanila) no espaço epidural lombar. Passa-se então um pequeno cateter por meio da agulha epidural para
proporcionar um acesso contínuo ao espaço epidural para manutenção da analgesia durante o trabalho de parto e o parto
(Figura 14.11). A analgesia epidural aumenta a duração do segundo estágio do trabalho de parto e pode aumentar a
incidência de parto vaginal assistido com instrumentos, bem como a administração de ocitocina (Camorcia, 2015). Nos
EUA, aproximadamente 60% das parturientes recebem analgesia epidural durante o trabalho de parto, mas uma em cada
oito mulheres que recebem analgesia epidural durante o trabalho de parto precisam de outros métodos de alívio da dor.
Nas regiões urbanas, muitos hospitais exibem taxas de até 90% de realização de analgesia epidural (Capogna, 2015b).
Uma anestesia epidural envolve a injeção de um fármaco no espaço epidural, localizado externamente à dura-máter,
entre essa membrana e o canal medular. Tipicamente, o espaço epidural é adentrado com uma agulha entre a terceira e a
quarta vértebras lombares, sendo inserido um cateter no espaço epidural. A anestesia epidural pode ser usada tanto para o
parto vaginal quanto para a cesariana. A analgesia epidural evoluiu de um bloqueio regional provocando a perda completa
da sensibilidade à analgesia com bloqueio mínimo. A efetividade da analgesia epidural depende da técnica e dos fármacos
utilizados. Teoricamente, os anestésicos locais epidurais poderiam bloquear toda a dor do trabalho de parto, se usados em
grandes volumes e altas concentrações. No entanto, o alívio da dor é equilibrado com outros objetivos, como deambular
durante o primeiro estágio do trabalho de parto, fazer esforços expulsivos de modo eficaz no segundo estágio e minimizar
os efeitos colaterais maternos e fetais.
FIGURA 14.11 Inserção de um cateter epidural. A. Insere-se uma agulha no espaço epidural. B. Introduz-se um
cateter no espaço epidural; a agulha é então removida. O cateter possibilita que a medicação seja administrada de
modo intermitente ou contínuo para aliviar a dor durante o trabalho de parto e o parto.
A anestesia epidural é contraindicada para as gestantes com história prévia de cirurgia ou alterações na coluna
vertebral, defeitos de coagulação, doenças cardíacas, obesidade, infecções e hipovolemia. Também é contraindicada para a
gestante que está recebendo terapia anticoa gulante.
As complicações incluem náuseas e vômitos, hipotensão, febre, prurido, injeção intravascular, febre materna, reação
alérgica e depressão respiratória. Os efeitos sobre o feto durante o trabalho de parto incluem sofrimento fetal secundário à
hipotensão materna (Ibrahim et al., 2015). Assegurar que a parturiente evite ficar em decúbito dorsal após a colocação do
cateter epidural ajuda a minimizar a hipotensão.
O acréscimo de opioides, como a morfina ou a fentanila, ao anestésico local ajuda a diminuir o bloqueio motor obtido.
Podem-se utilizar bombas de infusão contínua para administrar a analgesia epidural, possibilitando que a parturiente
mantenha o controle e administre uma dose em bolus conforme necessário (Patkar et al., 2015).
INFILTRAÇÃO LOCAL
A infiltração local envolve a injeção de um anestésico local, como a lidocaína, nos nervos perineais superficiais para
anestesiar a área perineal. Essa técnica é utilizada pelo médico ou pelo enfermeiro obstetra imediatamente antes de realizar
uma episiotomia ou antes de suturar uma laceração. A infiltração local não modifica a dor das contrações uterinas, mas
anestesia a área próxima à episiotomia ou laceração. A infiltração local não causa efeitos colaterais à mulher ou ao recém-
nascido.
ANALGESIA/ANESTESIA RAQUIDIANA
A técnica raquidiana (intratecal) de manejo da dor envolve a injeção de um agente anestésico de sufixo “caína” (p. ex.,
procaína, bupivacaína, lidocaína), com ou sem opioides, no espaço subaracnóideo para fornecer alívio da dor durante o
trabalho de parto vaginal ou durante a cesariana. O espaço subaracnóideo é uma área preenchida por líquido localizada
entre a dura-máter e a medula espinal. A anestesia espinal é frequentemente usada para cesarianas eletivas e de
emergência. As contraindicações são semelhantes às de um bloqueio epidural. As reações adversas da parturiente incluem
hipotensão e cefaleia pós-punção acidental da dura-máter.
Considere isto
Quando eu estava esperando meu primeiro filho, estava determinada a entrar com o pé direito e fazer tudo
certo. Eu era uma enfermeira obstetra experiente e na minha cabeça fazer tudo certo era o comportamento
esperado. Eu já estava 2 semanas além da minha data esperada para o parto e estava cada vez mais
preocupada. Naquele dia em particular, fui trabalhar com dor nas costas, mas não sentia contrações.
Consegui terminar meu turno, mas me sentia completamente exausta. Enquanto caminhava para o carro
no estacionamento do hospital, a bolsa das águas estourou e senti um líquido quente correr pelas minhas
pernas. Voltei para dentro para ser internada para esse evento tão aguardado.
Embora eu tivesse ajudado milhares de mulheres a passar pela experiência de parto, eu agora estava
deitada no leito, não em pé ao lado dele. Meu marido e eu tínhamos praticado as técnicas respiratórias para
lidar com o desconforto do trabalho de parto, mas esse “desconforto” em minha mente era maior do que eu
podia tolerar. Portanto, apesar de minhas melhores intenções de fazer tudo certo, dentro de uma hora eu
implorei por um analgésico para aliviar a dor. Embora a medicação tenha eliminado parte da minha dor, eu
ainda sentia cada contração e agora podia realmente entender o significado da palavra “trabalho de parto”.
Embora eu quisesse ter um parto natural sem qualquer medicação, eu sei que eu era uma participante ativa
da experiência de parto do meu filho, e isso é o que significava “fazer tudo certo” para mim!
Reflexões: A noção do que é certo varia para cada in divíduo. Como enfermeiro, é necessário apoiar
isso, seja o que for. O objetivo é ter um desfecho positivo da experiência de parto; os meios para alcançá-lo
são o menos importante. Como o enfermeiro pode apoiar a parturiente na tomada de decisões pessoais
para alcançar um desfecho saudável? Todas as mulheres “estão falhando” se pedirem medicação para dor
para tolerar o trabalho de parto? Como o enfermeiro pode ajudar a mulher a superar esse estigma de ser
uma “covarde”?
FIGURA 14.12 Bloqueio do nervo pudendo.
A injeção subaracnóidea isolada de opioides, uma técnica denominada opioides intratecais, vem ganhando popularidade
desde que foi introduzida na década de 1980. Um narcótico é injetado no espaço subaracnóideo, proporcionando alívio
rápido da dor, mas conservando as funções motora e sensitiva (Sng, Kwok, & Sia, 2015). Administra-se um narcótico
intratecal durante a fase ativa (mais de 5 cm de dilatação) do trabalho de parto. Comparados ao bloqueio epidural, os
opioides intratecais são fáceis de administrar, demandam menor volume de medicação, promovem excelente relaxamento
muscular, proporcionam alívio da dor de início rápido, têm menor probabilidade de causar depressão respiratória neonatal
e não causam bloqueio motor (Badve & Vallejo, 2015). Embora o alívio da dor seja rápido com essa técnica, é limitado
pela duração de ação do narcótico, que pode ser de apenas algumas horas e não durar todo o período de trabalho de parto.
Podem ser necessárias medidas adicionais para sustentar o controle da dor.
Anestesia geral
A anestesia geral é tipicamente reservada para cesarianas de emergência, quando não há tempo suficiente para administrar
anestesia raquidiana ou epidural, ou se a parturiente tem contraindicação ao uso da anestesia regional. Pode ser iniciada
rapidamente e promove rápida perda de consciência. A anestesia geral pode ser administrada por injeção intravenosa e/ou
por inalação de agentes anestésicos. Comumente, administra-se tiopental, um barbitúrico de ação rápida, ou propofol, por
via intravenosa para induzir perda da consciência. Isso é seguido pela administração de um relaxante muscular. Depois que
a parturiente é intubada, administram-se óxido nitroso e oxigênio. Também pode ser administrado um agente halogenado
volátil para provocar amnésia (Cheng & Caughey, 2015a).
Todos os agentes anestésicos atravessam a placenta e afetam o feto. A complicação primária da anestesia geral é a
depressão fetal, juntamente com relaxamento uterino e possíveis vômitos e aspiração materna. As complicações da
anestesia geral são, em geral, consequentes a aspiração materna ou incapacidade de intubar a parturiente. A incidência
dessas complicações diminuiu bastante graças ao aprimoramento das técnicas (Hawkins, 2015).
Embora o anestesiologista administre os vários agentes anestésicos gerais, o enfermeiro precisa ter conhecimento
sobre os aspectos farmacológicos dos fármacos utilizados e precisa estar ciente do manejo das vias respiratórias.
Assegura-se que a parturiente está em dieta zero e tem um acesso intravenoso pérvio. Além disso, administre um antiácido
oral não particulado (p. ex., ácido cítrico/citrato sódico) ou um inibidor da bomba de prótons (pantoprazol) conforme
prescrito para reduzir a acidez gástrica. Auxilie colocando uma cunha sob o quadril direito da gestante para deslocar o
útero gravídico e evitar a compressão da veia cava no decúbito dorsal. Quando o feto for retirado do útero, auxilie a equipe
perinatal no fornecimento de cuidados de suporte.
Além dessas intervenções para promover desfechos ideais para a gestante e o feto, o enfermeiro tem a obrigação de
documentar acuradamente e em tempo hábil os cuidados prestados. A documentação acurada e oportuna ajuda a diminuir o
risco de processos legais (responsabilidade profissional), minimizar o risco de lesões evitáveis às gestantes e aos fetos
durante o trabalho de parto e preservar os familiares (Simpson, 2015). As diretrizes para registrar os cuidados incluem a
documentação:
Esse padrão de documentação é necessário para evitar litígios ou para defender-se deles, que são prevalentes nessa
área de cuidado.
Ao falar com a gestante por telefone, revise os sinais e sintomas que denotam um trabalho de parto
verdadeiro versus falso e sugira várias posições que ela pode adotar para proporcionar conforto e aumentar a perfusão
placentária. Também sugira deambular, receber uma massagem e tomar um banho morno para promover o relaxamento.
Delineie quais alimentos e líquidos são apropriados para ingestão no início do trabalho de parto. Durante o telefonema,
ouça as preocupações da gestante e responda a todas as perguntas de modo claro.
Reduzir o risco de processos de responsabilidade civil e impedir lesões evitáveis para as gestantes e para os fetos
durante o trabalho de parto e o parto podem ser conseguidos por meio da adesão a dois princípios básicos da prática
clínica: (1) usar as evidências aplicáveis e/ou normas e diretrizes publicadas como base do tratamento e (2) sempre que
uma escolha clínica for apresentada, optar pela segurança da gestante (Miller, 2014). Com esses dois princípios em mente,
aconselhe a gestante ao telefone a contatar o obstetra para obter mais instruções ou ir à instituição para ser avaliada, uma
vez que a exclusão do trabalho de parto verdadeiro e possíveis complicações materno-fetais não pode ser feita de modo
acurado pelo telefone. As responsabilidades de enfermagem adicionais associadas à avaliação por telefone incluem:
• Consultar o prontuário do pré-natal da gestante para avaliar o estado de paridade, a data estimada de nascimento e os
eventos adversos
• Ligar para o médico para informar-lhe da situação da gestante
• Preparar-se para a internação na unidade perinatal para garantir a atribuição de funcionários adequados
• Notificar o setor de internação da possível admissão.
Se o primeiro encontro do enfermeiro com a gestante for pessoalmente, realiza-se uma avaliação para determinar se ela
deve ser internada na unidade perinatal ou enviada para casa até que seu trabalho de parto avance mais. Os achados das
pesquisas recentes sugerem que é duas vezes mais provável que as gestantes internadas antes de entrar em trabalho de
parto ativo sejam medicadas com ocitocina e deem à luz via cesariana em comparação com as gestantes internadas em
trabalho de parto ativo (Neal et al., 2014). Os profissionais de enfermagem precisam fazer avaliações cuidadosas da
progressão do trabalho de parto antes de fazer a internação das gestantes para reduzir as admissões precoces e aumentar a
segurança do trabalho de parto e os desfechos do parto.
Entrar em uma instituição de saúde muitas vezes é um evento intimidante e estressante para as gestantes, pois é um
ambiente desconhecido. Dar à luz pela primeira vez é um evento crucial na vida da maioria delas. Portanto, demonstre
respeito ao abordar a gestante, ouça atentamente e expresse interesse e preocupação. Os enfermeiros precisam valorizar e
respeitar as gestantes e promover sua autoestima e sensação de controle, possibilitando-lhes participar da tomada de
decisões. Dar-lhes autonomia razoável em suas decisões de parto, apoiar seus valores pessoais, conhecê-las de modo
holístico e usar uma comunicação afetuosa aumentará a satisfação das pacientes (Ivory, 2014).
A avaliação de admissão inclui anamnese, exame físico, avaliação fetal, exames laboratoriais e avaliação do estado
psicológico. Habitualmente a instituição tem um formulário que pode ser usado durante todo o trabalho de parto e o parto
para documentar os achados da avaliação (Figura 14.13).
ANAMNESE E AVALIAÇÃO CULTURAL DA GESTANTE
A anamnese deve incluir dados biográficos típicos, como o nome e a idade da gestante e o nome do médico que fará o
parto. Outras informações que são coletadas são motivos da internação, como trabalho de parto, realização de cesariana ou
observação de uma complicação; os dados do registro pré-natal, incluindo a data prevista para o parto, a história da
gestação atual e os resultados de quaisquer exames laboratoriais e diagnósticos, como tipo sanguíneo, fator Rh e status de
estreptococos do grupo B; história obstétrica e de gestações anteriores; história patológica pregressa e história familiar;
orientações pré-natais; lista de medicamentos; fatores de risco, como diabetes melito, hipertensão arterial e tabagismo,
consumo de bebidas alcoólicas ou drogas ilícitas; plano de controle da dor, história de potencial violência doméstica;
história de partos pré-termo prévios; alergias; hora em que ingeriu alimentos pela última vez; método escolhido para a
alimentação da criança; nome do obstetra (ou parteira) e do pediatra.
FIGURA 14.13 Exemplo de formulário de documentação utilizado para internação na unidade perinatal. (Usada
com permissão. Briggs Corporation, 2001.)
É importante averiguar essas informações para que possa ser elaborado um plano individualizado de cuidado à mulher.
Se, por exemplo, ainda faltarem 2 meses para a data estimada de nascimento da gestante, é importante determinar essa
informação para que possam ser iniciadas intervenções para interromper o trabalho de parto imediatamente ou solicitar a
presença da equipe de cuidados intensivos perinatais. Além disso, se a gestante tem diabetes melito, é fundamental
monitorar os níveis de glicose dela durante o parto, preparar-se para um parto cirúrgico em caso de distocia do trabalho de
parto e alertar o berçário de potencial hipoglicemia após o nascimento. Ao coletar informações importantes sobre cada
gestante que atende, o enfermeiro pode ajudar a melhorar os desfechos para todos os envolvidos.
Não deixe de observar as emoções, o sistema de apoio, a interação verbal, os aspectos culturais e o idioma falado, a
linguagem corporal e a postura, a acuidade perceptiva e o nível de energia da gestante. Essas informações psicossociais
fornecem indícios sobre o estado emocional, a cultura e os sistemas de comunicação da gestante. Por exemplo, se a
gestante chegar à sala de trabalho de parto e parto extremamente ansiosa, sozinha e incapaz de se comunicar no mesmo
idioma que a equipe, como o enfermeiro pode atender às suas necessidades e planejar seus cuidados de modo adequado?
Somente por meio do exame físico e da avaliação psicossocial de cada gestante o enfermeiro pode tomar decisões sábias
em relação aos cuidados adequados. Nesse caso, seria necessário um intérprete para ajudar no processo de comunicação
entre os funcionários e a mulher para iniciar o cuidado adequado.
É importante reconhecer e tentar entender as diferenças culturais em gestantes com origens culturais distintas das do
enfermeiro. As atitudes em relação ao parto são fortemente influenciadas pela cultura em que a gestante foi criada. Como
resultado, em cada sociedade, atitudes e valores específicos moldam os comportamentos da parturiente. É importante
conhecer esses comportamentos. Ao realizar uma avaliação cultural durante o processo de admissão, faça perguntas (Boxe
14.2) para ajudar a planejar um cuidado culturalmente competente durante o trabalho de parto e o parto.
EXAME FÍSICO
O exame físico geralmente inclui uma avaliação geral dos sistemas do corpo da gestante, incluindo o estado de hidratação,
os sinais vitais, a ausculta das bulhas cardíacas e dos sons pulmonares e a aferição da altura e do peso. O exame físico
também inclui as seguintes avaliações:
BOXE 14.2
PERGUNTAS PARA PRESTAR CUIDADOS CULTURALMENTE COMPETENTES DURANTE O
TRABALHO DE PARTO E O PARTO
• Onde você nasceu? Há quanto tempo vive no país?
• Que idiomas você fala e lê?
• Quem são as principais pessoas que a apoiam?
• Quais são suas práticas religiosas?
• Como você vê a gestação?
• Existem precauções especiais ou restrições que sejam importantes?
• O parto é considerado uma experiência particular ou social?
• Como você gostaria de lidar com o desconforto de seu trabalho de parto?
• Quem a apoiará no trabalho de parto?
Esses parâmetros de avaliação formam uma base com a qual o enfermeiro pode comparar todos os valores futuros ao
longo do trabalho de parto. Os resultados devem ser semelhantes aos encontrados nos períodos pré-gestacional e
gestacional da mulher, com exceção da frequência cardíaca, que pode estar elevada em decorrência de seu estado de
ansiedade com o trabalho de parto que começa.
EXAMES LABORATORIAIS
Na admissão, normalmente fazem-se exames laboratoriais para se estabelecer uma linha de base. Embora os exames
específicos possam variar entre as instituições, geralmente incluem-se exame de uma amostra de urina de jato limpo e um
hemograma completo. Pode ser necessária a tipagem sanguínea e a análise do fator Rh se os resultados destes forem
desconhecidos ou não estiverem disponíveis. Além disso, se os resultados dos exames a seguir não estiverem incluídos na
história prénatal materna, pode então ser necessário realizá-los. Estes incluem rastreamento de sífilis, hepatite B
(HBsAg), rastreamento de estreptococo do grupo B, teste do vírus da imunodeficiência humana (HIV) (se a mulher der
seu consentimento) e possível rastreamento de drogas ilícitas, se a história for sugestiva.
Os estreptococos do grupo B (EGB) são microrganismos gram-positivos que colonizam o sistema genital feminino e o
reto e são encontrados em 10 a 30% de todas as mulheres saudáveis (King et al., 2015). Essas mulheres são portadoras
assintomáticas, mas podem causar doenças por EGB no recém-nascido por meio da transmissão vertical durante o trabalho
de parto e da transmissão horizontal após o nascimento. A taxa de mortalidade de recém-nascidos infectados varia de
acordo com o momento de início (precoce ou tardio). Os fatores de risco para EGB incluem febre materna durante o parto,
ruptura de membranas prolongada (> 12 a 18 horas), nascimento anterior de um recém-nascido infectado e bacteriúria por
EGB na gestação atual.
O Centers for Disease Control and Prevention (CDC), o ACOG e a American Academy of Pediatrics têm diretrizes
que aconselham o rastreamento universal de EGB em mulheres na 35a à 37a semana de gestação e antibioticoterapia
intraparto para as portadoras de EGB. Essas novas diretrizes reafirmam a principal estratégia de prevenção – rastreamento
pré-natal universal de estreptococos do grupo B e profilaxia intraparto com antibióticos para mulheres de alto risco com
cultura positiva. Também são incluídas novas recomendações para métodos laboratoriais para identificação de colonização
por estreptococos do grupo B durante a gravidez, algoritmos para rastreamento e profilaxia intraparto para gestantes em
trabalho de parto pré-termo e ruptura prematura das membranas amnióticas e coriônicas, recomendações atualizadas de
profilaxia para mulheres com alergia à penicilina e um algoritmo revisado para os cuidados a serem prestados para recém-
nascidos (Centers for Disease Control and Prevention [CDC], 2014). As infecções maternas associadas a EGB incluem
corioamnionite aguda, endometrite e infecções urinárias. As manifestações clínicas neonatais incluem pneumonia e sepse.
As portadoras de EGB identificadas recebem profilaxia antibiótica IV (penicilina G ou ampicilina) no início do trabalho de
parto ou à ruptura de membranas.
O ACOG, o CDC, a AWHONN e a United States Preventive Services Task Force recomendam que seja oferecido um
teste de rastreamento para anticorpos anti-HIV a todas as mulheres grávidas em sua primeira consulta pré-natal,
novamente durante o terceiro trimestre se tiverem comportamentos de alto risco e à admissão ao setor de trabalho de parto
e parto. O CDC estima que 50.000 pessoas contraiam HIV nos EUA a cada ano e 250.000 pessoas tenham infecção por
HIV não diagnosticada (CDC, 2015).
Se não for conhecida a sorologia para HIV, a gestante admitida ao setor de trabalho de parto e parto deve passar por
um teste rápido de HIV. Para reduzir a transmissão perinatal, as mulheres soropositivas recebem zidovudina (2 mg/kg IV
durante 1 hora e, em seguida, uma infusão de manutenção de 1 mg/kg/h até o parto) ou uma dose única de 200 mg de
nevirapina por via oral no início do trabalho de parto; o recém-nascido recebe zidovudina (ZDV), também conhecida como
azidotimidina [AZT]) por via oral (2 mg/kg de peso corporal a cada 6 horas), que deve ser continuada por 6 semanas
(Verklan & Walden, 2014). Para reduzir ainda mais o risco de transmissão perinatal, o ACOG e o United States Public
Health Service recomendam que as gestantes infectadas com HIV e que tenham carga viral plasmática de mais de 1.000
cópias por mililitro sejam aconselhadas em relação aos benefícios da cesariana eletiva. Se nenhuma intervenção clínica for
feita, a taxa de transmissão vertical de HIV para o feto pode variar de 15 a 45% (Ashimi et al., 2015).
As intervenções adicionais para reduzir o risco de transmissão incluem evitar o uso de um eletrodo no couro cabeludo
para o monitoramento fetal ou fazer uma coleta de sangue do couro cabeludo fetal para mensurar o pH, atrasar a
amniotomia, incentivar a alimentação com fórmula após o nascimento e evitar procedimentos invasivos, como fórceps ou
vacuoextrator. O enfermeiro salienta a importância de todas as intervenções e o objetivo de reduzir a transmissão do HIV
ao recém-nascido.
Intervenções de enfermagem
As intervenções de enfermagem durante o processo de admissão devem incluir:
a
A frequência das avaliações é ditada pelo estado de saúde da parturiente e do feto e
pode ser alterada se alguma dessas condições mudar. MEF = monitoramento eletrônico
fetal.
Adaptada de King, T. L., Brucker, M. C., Kriebs, J. M., Fahey, J. O., Gegor, C. L., & Varney,
H. (2015). Varney’s midwifery (5th ed.). Burlington, MA: Jones & Bartlett Learning; and
Green, C. J. (2016). Maternal newborn nursing care plans (3rd ed.). Burlington, MA: Jones
& Bartlett Learning.
• Deambulação com o apoio do parceiro (adiciona a força da gravidade às contrações para promover a
descida fetal)
• Posição de dança lenta, com a gestante apoiando-se no parceiro (adiciona a força da gravidade às
contrações e promove o apoio e a participação ativa do parceiro)
• Deitada em decúbito lateral, com travesseiros entre os joelhos para o conforto (oferece uma posição
tranquila e melhora o fluxo de oxigênio para o útero)
• Semissentada no leito ou em um sofá, recostada no parceiro (reduz a dor nas costas, porque o feto
desloca-se para frente, para longe do sacro)
• Sentada em uma cadeira com um pé no chão e outro em uma cadeira (muda a forma da pelve)
• Inclinada para frente apoiada no estrado de uma cadeira, mesa ou leito ou de joelhos com o tronco
sobre uma bola suíça (reduz a dor nas costas, aumenta a força da gravidade para promover a
descida; possível alívio da dor se o parceiro puder aplicar pressão sacral)
• Qualquer posição que a gestante escolher para o trabalho de parto e para dar à luz deve ser
encorajada
• Sentada em uma cadeira de balanço ou em uma bola suíça, deslocando o peso para trás e para frente
(proporciona conforto, porque o movimento de balanço é suave; utiliza a força da gravidade para
ajudar na descida fetal)
• Posição de avanço, deslocando o peso para trás e para frente com o pé sobre uma cadeira durante a
contração (usa a força da gravidade por estar ereta; aumenta a rotação do feto por meio do balanço)
• Posição com os joelhos no tórax, em abdução de quadril (ajuda a aliviar o desconforto nas costas)
(Gizzo et al., 2014; Tharpe et al., 2016)
Candice, uma gestante de 23 anos de idade, Gesta I, Para 0 (GI, P0), foi admitida na unidade de
trabalho de parto e parto com 39 semanas de gestação, tendo contrações de intensidade
moderada a cada 5 a 6 minutos. Um exame de toque vaginal revelou que o colo do útero está 80%
apagado e com dilatação de 5 cm. A apresentação fetal (vértice) está em altura de apresentação
0, e suas membranas se romperam espontaneamente há 4 horas, em casa. Ela foi internada e foi
introduzido um cateter intravenoso para hidratação e acesso vascular. Foi colocado um monitor
fetal externo. A FCF é de 140 bpm e é regular. Seu parceiro está ao seu lado. Candice está agora
na fase ativa do primeiro estágio do trabalho de parto e seus achados de avaliação são os
seguintes: colo do útero com dilatação de 7 cm e 80% apagado; contrações moderadas a fortes
que ocorrem regularmente, a cada 3 a 5 minutos, com duração de 45 a 60 segundos; altura de
apresentação 0 ao exame ginecológico; FCF mais bem auscultada abaixo do umbigo, a 140 bpm;
tampão mucoso vaginal rosado ou sanguinolento; atualmente apreensiva, focada em si, com
aumento da dependência; expressa preocupação em relação à capacidade de lidar com a dor;
capacidade limitada de seguir instruções.
• Monitorar os sinais vitais, observando os sinais de dor e pedindo à parturiente que classifique a sua
dor em uma escala de 0 a 10, para proporcionar uma linha de base para comparação
• Estimular a parturiente a urinar a cada 1 a 2 h para diminuir a pressão de uma bexiga cheia
• Auxiliar a parturiente a mudar de posição com frequência para aumentar o conforto e promover o
progresso do trabalho de parto
• Incentivar o uso da distração para reduzir o foco sobre a dor da contração
• Sugerir o balanço pélvico, a massagem ou a contrapressão nas costas para reduzir a dor
• Ajudar com o uso de técnicas de relaxamento e respiração para promover o relaxamento
• Usar adequadamente o toque (massagem nas costas) quando desejado pela parturiente para
promover o conforto
• Integrar o uso de medidas não farmacológicas para o alívio da dor, como água quente, bola suíça ou
outras técnicas para facilitar o alívio da dor
• Administrar agentes farmacológicos conforme prescrito, quando solicitado, para controlar a dor
• Fornecer confiança e encorajamento entre as contrações para promover a autoestima e a participação
contínua no processo de trabalho de parto
DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM: risco de infecção relacionado com múltiplos exames de toque vaginal
após a ruptura das membranas e trauma tecidual.
• Monitorar os sinais vitais (a cada 2 h após a ruptura das membranas e a FCF com frequência,
conforme protocolo, para possibilitar a detecção precoce de problemas; relatar casos de taquicardia
fetal (sinal precoce de infecção materna) para garantir o tratamento imediato
• Prestar cuidados perineais frequentes e fornecer absorventes íntimos para manter uma boa higiene
perineal
• Trocar as roupas de cama e o avental da mulher, conforme necessário, para manter a limpeza
• Certificar-se de que os exames de toque vaginal são realizados somente quando necessário, para
evitar a introdução de patógenos na cavidade vaginal
• Monitorar os resultados dos exames laboratoriais, como a contagem de leucócitos, para avaliar por
meio de elevações que indiquem infecções
• Usar uma técnica asséptica em todos os procedimentos invasivos para evitar a transmissão de
infecções
• Utilizar boas técnicas de lavagem das mãos antes e após os procedimentos e adotar as precauções
padrão conforme apropriado para minimizar o risco de transmissão de infecções
• Registrar as características do líquido amniótico – coloração, odor – para estabelecer uma linha de
base para comparação
As lacerações perineais podem ocorrer durante o segundo estágio do trabalho de parto, quando a cabeça fetal surge
através do introito vaginal. A extensão da laceração é definida pela profundidade: a laceração de primeiro grau prolonga-se
pela pele; a de segundo grau prolonga-se até os músculos do corpo perineal; a de terceiro grau continua até o músculo do
esfíncter anal; e a de quarto grau envolve também a parede retal anterior. Deve-se dar especial atenção às lacerações de
terceiro e quarto graus para evitar incontinência fecal. Os fatores de risco para as lacerações de terceiro e quarto graus
incluem nuliparidade, origem asiática ou das ilhas do Pacífico, feto macrossômico, parto vaginal com fórceps ou
vacuoextrator, episiotomia e segundo estágio do trabalho de parto prolongado. O maior índice de massa corporal esteve
associado a menos lacerações (Sides et al., 2015). O médico responsável deve reparar quaisquer lacerações durante o
terceiro estágio do trabalho de parto.
Episiotomia é uma incisão feita no períneo para aumentar a abertura vaginal e, teoricamente, encurtar o segundo
estágio do trabalho de parto. Medidas alternativas, como compressas quentes e massagens contínuas com óleo, têm sido
bem-sucedidas no alongamento da região perineal para evitar sua laceração. Enfermeiros obstetras podem fazer e reparar
as episiotomias, mas frequentemente usam medidas alternativas, se possível.
Anote!
O uso limitado de episiotomia é preconizado pelo ACOG por causa dos riscos desse procedimento e dos benefícios
incertos do uso rotineiro (Friedman et al., 2015).
A episiotomia mediana tem sido a mais comumente realizada nos EUA, porque pode ser facilmente reparada e causa
menos dor. A aplicação de compressas aquecidas e/ou a realização de massagem perineal intraparto estão associadas à
diminuição do traumatismo na área perineal e à redução na necessidade de episiotomia (Green, 2016). A realização
rotineira de episiotomia tem declinado, porque o uso irrestrito foi desencorajado pelo ACOG. A exceção seria evitar
lacerações maternas ou acelerar partos difíceis. As taxas de laceração do esfíncter anal com o parto vaginal espontâneo
diminuíram, provavelmente refletindo o decréscimo no uso da episiotomia. O declínio no parto vaginal com fórceps ou
vacuoextrator corresponde a um aumento acentuado no número de cesarianas, o que pode indicar que os profissionais de
saúde estão preferindo realizar cesarianas a partos difíceis (Faisal-Cury et al., 2015). A Figura 14.14 mostra os locais de
episiotomia.
Outras avaliações contínuas incluem frequência, duração e intensidade da contração; sinais vitais maternos a cada 5 a
15 minutos; resposta fetal ao trabalho de parto conforme indicado pelas tiras de monitoramento da FCF; coloração, odor e
volume de líquido amniótico quando as membranas se romperem; e condição de enfrentamento da mulher e de seu parceiro
(Tabela 14.4).
A avaliação também se concentra em determinar o progresso do trabalho de parto. Os sinais associados incluem
abaulamento do períneo, separação dos lábios da vulva, avanço e recuo da cabeça do feto durante e entre os esforços
expulsivos e coroamento (a cabeça fetal é visível na abertura vaginal; Figura 14.15).
Realiza-se um exame de toque vaginal para determinar se é adequado que a mulher faça forças de expulsão. É
apropriado se o colo do útero estiver totalmente dilatado (10 cm) e se a mulher sentir vontade de fazê-las.
FIGURA 14.14 Locais de episiotomia. A. Episiotomia mediana. B. Episiotomias mediolaterais esquerda e direita.
Intervenções de enfermagem
As intervenções de enfermagem durante essa etapa estão focadas em motivar a parturiente, ajudando no posicionamento e
incentivando-a a usar toda a sua força para empurrar o feto para o mundo exterior e dando-lhe retorno sobre o seu
progresso. Se a parturiente estiver fazendo força para baixo e não houver evolução do trabalho de parto, sugira que ela
mantenha os olhos abertos durante as contrações e olhe para onde o feto está saindo. Mudar de posição frequentemente
também ajudará na evolução do trabalho de parto. Posicione um espelho para que a parturiente possa visualizar o processo
de parto e quão bem-sucedidos são os seus esforços expulsivos; isso pode ajudar a motivá-la.
a
A frequência das avaliações é ditada pelo estado de saúde da parturiente e do feto e
pode ser alterada se alguma dessas condições mudar. MEF = monitoramento eletrônico
fetal.
Adaptada de Holvey, N. (2014). Supporting women in the second stage of labor. British
Journal of Midwifery, 22(3), 182–186; American Hospital Association. (2014). RNs role in
labor and delivery. Retirada de http://www.aha.org/search?
q=RNs+role+in+labor+and+delivery&start-date; e Wenner, L. (2015). It’s the little
things. Nursing for Women’s Health, 19(2), 203-204.
• Litotomia com os pés apoiados em estribos: posição mais conveniente para os profissionais de saúde, embora os
achados na prática baseada em evidências não apoiem essa posição em termos fisiológicos
• Semissentada com travesseiros debaixo dos joelhos, braços e costas
• Em decúbito lateral ou lateral reclinado, com o dorso arqueado e a coxa do membro inferior que está mais alta apoiada
pelo parceiro
• Sentada no banquinho de parto: abre a pelve, potencializa a força da gravidade e ajuda a fazer esforços expulsivos
• Agachamento/agachamento com suporte: dá à parturiente sensação de controle
• Ajoelhada no leito com as mãos e os joelhos confortavelmente afastados.
• Fornecer continuamente medidas de conforto, como higiene oral, incentivar mudanças de posição, trocar a roupa de
cama e absorventes e proporcionar um ambiente tranquilo e focado
• Orientar a parturiente em relação às posições e técnicas de esforços expulsivos a seguir:
• Fazer força para baixo somente quando sentir vontade de fazê-lo
• Adiar os esforços para até 90 minutos depois da dilatação completa
• Usar os músculos abdominais ao empreender os esforços expulsivos
• Fazer esforços curtos de 6 a 7 segundos
• Concentrar a atenção na região do períneo para visualizar o feto
• Relaxar e conservar a energia entre as contrações
• Fazer vários esforços expulsivos a cada contração
• Fazer esforços para baixo com a glote aberta e expirar lentamente (Petrocnik & Marshall, 2015)
• Continuar monitorando as contrações e os padrões de FCF para identificar problemas
• Fornecer orientações breves e diretas ao longo dessa etapa
• Continuar fornecendo apoio psicossocial, tranquilizando e instruindo a parturiente
• Facilitar a posição vertical para incentivar o feto a descer
• Continuar avaliando a pressão arterial, a frequência cardíaca, a frequência respiratória, as contrações uterinas, os
esforços de expulsão, a FCF e o estado de enfrentamento da paciente e de seu parceiro
• Fornecer controle da dor, se necessário
• Proporcionar presença contínua
• Elogiar os esforços da paciente
• Preparar e auxiliar no parto:
• Notificar o médico do prazo estimado para o nascimento
• Preparar a mesa de parto e posicionar a parturiente
• Preparar a região perineal de acordo com o protocolo da instituição
• Oferecer um espelho e ajustá-lo para que a parturiente possa visualizar o parto
• Explicar todos os procedimentos e apresentar todos os equipamentos à parturiente e a seu parceiro
• Providenciar os instrumentos necessários para o parto, mantendo a esterilidade
• Usar precauções padrões durante o processo do parto para evitar jorros de líquidos corporais
• Registrar o horário do nascimento, o horário da expulsão da placenta e o tipo de parto
• Receber e transportar o recém-nascido para um ambiente aquecido ou cobri-lo com manta aquecida enquanto ele
está sobre o abdome da parturiente
• Prestar os cuidados iniciais e avaliar o recém-nascido (ver a seção Parto, adiante).
Sheila agora está com dilatação completa e sente um forte desejo de fazer força para baixo. Como o
enfermeiro pode ajudá-la em seus esforços expulsivos? Que intervenções adicionais o enfermeiro do setor
de trabalho de parto pode oferecer a Sheila nesse momento? Além de incentivar Sheila a descansar entre
os esforços expulsivos e elogiá-la pelo desempenho, qual é o papel do enfermeiro durante o processo de
nascimento?
PARTO
O segundo estágio do trabalho de parto termina com a expulsão do feto do útero. A posição materna para o parto varia da
posição padrão de litotomia a decúbito lateral, cócoras, em pé ou ajoelhada, dependendo do local de nascimento, da
preferência da mulher e do protocolo padrão. Uma vez que a parturiente esteja posicionada para o parto, limpe a vulva e a
área perineal. O obstetra então assume o comando depois de colocar óculos de proteção, máscara, avental e luvas e realizar
a higiene das mãos.
Quando a cabeça do feto surgir, o médico explorará o pescoço fetal para ver se o cordão umbilical está enrolado nele.
Se estiver, o cordão será deslizado por sobre a cabeça para facilitar o parto. Assim que a cabeça surgir, o médico aspirará
primeiro a boca do recém-nascido com uma seringa (porque o recém-nascido é um respirador nasal obrigatório) e, em
seguida, as narinas, para evitar a aspiração de muco, líquido amniótico ou mecônio (Figura 14.16). O cordão umbilical é
duplamente clampeado e cortado entre as pinças pelo obstetra ou pelo parceiro(a) da parturiente, se ele(ela) assim o
desejar. Com o primeiro choro do recém-nascido, termina o segundo estágio do trabalho de parto. As informações sobre
os cuidados da parturiente que passa por um parto cirúrgico encontram-se no Capítulo 21.
Além de incentivar Sheila a descansar entre os esforços expulsivos e elogiá-la pelo desempenho, qual é o
papel do enfermeiro durante o processo de nascimento?
Avalie o recém-nascido atribuindo uma pontuação de Apgar de 1 e 5 minutos. O índice de Apgar avalia cinco
parâmetros: (1) frequência cardíaca (ausente, lenta ou rápida); (2) esforço respiratório (ausente, choro fraco ou choro bom
e forte); (3) tônus muscular (flácido ou vivo e ativo); (4) resposta a estímulos irritantes; e (5) cor – que medem a
adaptação cardiorrespiratória do recém-nascido após a saída do útero. Os parâmetros são organizados do mais importante
(frequência cardíaca) ao menos importante (coloração). O recém-nascido recebe uma pontuação de 0 a 2 em cada um dos
cinco parâmetros. O objetivo da pontuação de Apgar é avaliar o estado fisiológico do recém-nascido; consulte o Capítulo
18 para mais informações sobre essa pontuação.
Fixe pulseiras de identificação no punho e no tornozelo do recém-nascido que correspondam à pulseira no punho da
parturiente, para garantir a identidade do recém-nascido. Esse processo de identificação é completado na sala de parto,
antes de algué m sair do local. Algumas instituições de saúde também tiram uma foto do recém-nascido logo após o
nascimento para a identificação em caso de rapto (National Center for Missing and Exploited Children [NCMEC], 2015).
Outros tipos de sistemas de segurança de recém-nascidos podem ser usados para evitar os raptos. Alguns sistemas têm
sensores ligados à pulseira de identificação ou pinça do cordão umbilical do recém-nascido. Um alarme é disparado se a
pulseira ou braçadeira ativar receptores próximos da saída da instituição. Outros têm um alarme que é ativado quando o
sensor é removido do recém-nascido (Figura 14.17). Mesmo com o uso de sensores eletrônicos, os pais, a equipe de
enfermagem e os funcionários da segurança são responsáveis por promover estratégias de prevenção e garantir a segurança
e a proteção de todos os recém-nascidos (NCMEC, 2015). Os enfermeiros podem ajudar na prevenção de raptos de recém-
nascidos orientando os pais sobre os riscos de rapto, utilizando pulseiras com números iguais na criança, instruindo os
casais a manterem seu recém-nascido em sua linha direta de visão dentro de seu quarto de hospital em todos os momentos,
tirando fotografias coloridas do seu filho, usando crachás de identificação com fotografias coloridas, desencorajando os
pais/familiares de publicar avisos de nascimento em meios de comunicação públicos com o nome da mãe e endereço,
controlando o acesso ao berçário/unidade pós-parto com portas trancadas e utilizando etiquetas de segurança infantil ou
sistemas de alarme de rapto (NCMEC, 2015).
Sheila deu à luz uma menina saudável de 3.400 g. Ela está ansiosa para segurar e cuidar de seu
recémnascido. Quais são os cuidados iniciais ao neonato? Como o enfermeiro pode atender às
necessidades tanto do recém-nascido quanto de Sheila, que está esgotada, mas ansiosa para ficar com sua
filha?
Três hormônios desempenham papéis importantes no terceiro estágio do trabalho de parto. Durante esse estágio, a
parturiente apresenta picos de ocitocina e endorfinas, enquanto os altos níveis de epinefrina que ocorreram durante o
segundo estágio do trabalho de parto para auxiliar na expulsão do feto começam a cair. O hormônio ocitocina provoca
contrações uterinas e ajuda a parturiente a adotar comportamentos maternais instintivos, como segurar o recém-nascido
próximo ao corpo e abraçá-lo.
O contato pele com pele imediatamente após o nascimento e a primeira tentativa do recém-nascido de amamentação
aumentam ainda mais os níveis de ocitocina materna, fortalecendo as contrações uterinas que ajudarão a placenta a separar-
se e o útero a contrair-se para evitar hemorragias. As endorfinas, opioides naturais do corpo, promovem um estado
alterado de consciência e ajudam a bloquear a dor. Além disso, a queda do nível de epinefrina em relação ao segundo
estágio, que havia mantido a parturiente e o recém-nascido alertas no primeiro contato, faz com que a maioria das
mulheres estremeça e sinta frio logo após o parto.
Anote!
Um papel essencial do enfermeiro durante esse período é proteger o processo hormonal natural, garantindo um contato
sem pressa e sem interrupção entre a mãe e o recém-nascido, fornecendo mantas aquecidas para evitar tremores e
possibilitando o contato pele com pele e o aleitamento inicial.
Intervenções de enfermagem
As intervenções durante o terceiro estágio do trabalho de parto incluem:
• Limpar e ajudar a parturiente a ficar em uma posição confortável após a saída do feto e da placenta, tendo o cuidado de
retirar simultaneamente as duas pernas dos estribos (se usados), para evitar estiramentos
• Avaliar os conhecimentos da gestante sobre aleitamento materno para determinar as demandas educacionais
• Instruir a paciente em relação à pegada, ao posicionamento, à sucção e à deglutição do recém-nascido
• Reposicionar a maca para servir como maca de recuperação, se for o caso
• Ajudar na transferência para a área de recuperação, se for o caso
• Fornecer aquecimento, reposicionando cobertores aquecidos sobre a mulher
• Aplicar uma bolsa de gelo à área perineal para proporcionar conforto à episiotomia, se indicado
• Explicar quais avaliações serão realizadas durante a próxima hora e oferecer reforço positivo para as ações
• Determinar quaisquer necessidades
• Monitorar o estado físico materno, avaliando:
• Sangramento vaginal: volume, consistência e coloração
• Sinais vitais: pressão arterial, frequência cardíaca e frequência respiratória, avaliadas a cada 15 minutos
• Fundo do útero, cuja consistência deve estar firme, na linha média e ao nível do umbigo
• Registrar todos os dados do parto e garantir a assinatura do médico responsável
• Documentar o parto no livro de nascimentos (registro oficial da instituição que descreve todos os nascimentos),
detalhando quaisquer desvios do habitual.
Avaliação
As avaliações durante o quarto estágio centram-se nos sinais vitais da parturiente, na condição do fundo do útero e da área
perineal, no nível de conforto, no volume de lóquios e no estado da bexiga. Durante a primeira hora após o parto, os sinais
vitais são mensurados a cada 15 minutos e depois a cada 30 minutos durante a hora seguinte, se necessário. A pressão
arterial da parturiente deve permanecer estável e dentro da faixa normal após o parto. A queda dos níveis tensionais pode
indicar hemorragia uterina, enquanto a elevação poderia sugerir pré-eclâmpsia.
Em geral, a frequência cardíaca é tipicamente mais baixa (60 a 70 bpm) do que durante o trabalho de parto. Isso pode
estar associado ao decréscimo no volume sanguíneo após a separação da placenta. Uma frequência cardíaca elevada pode
ser sinal precoce de perda de sangue. A pressão arterial geralmente retorna ao seu nível pré-gestacional e, portanto, não é
um indicador precoce confiável de choque. A febre é indicativa de desidratação (inferior a 38°C) ou infecção (acima de
38,3°C), que pode envolver o sistema geniturinário. A frequência respiratória geralmente está entre 16 e 24 incursões por
minuto, com ritmo regular. A respiração não deve ser trabalhosa, a menos que haja uma condição respiratória preexistente.
Avalie a altura, a posição e a consistência do fundo do útero a cada 15 minutos durante a primeira hora após o
nascimento. A consistência do fundo deve manter-se firme para evitar sangramento excessivo após o parto. O fundo do
útero deve ser firme (ter o tamanho e a consistência de uma toranja), estar localizado na linha média e abaixo do umbigo.
Se não estiver firme (se estiver amolecido), massageie suavemente até que o esteja (ver boxe Procedimento de
enfermagem 22.1 para mais informações). Quando for obtida firmeza, pare de massagear.
Anote!
Se o fundo do útero estiver deslocado para a direita da linha média, suspeite que a causa seja uma bexiga cheia.
As áreas vaginal e perineal estão bastante distendidas e edemaciadas após o parto vaginal. Avalie o períneo, incluindo a
episiotomia, caso tenha sido realizada, à procura de possível formação de hematoma. Suspeite de hematoma se a
parturiente relatar dor excruciante ou não conseguir defecar ou se for observada massa na região perineal. Também
examine à procura de hemorroidas, que podem causar desconforto.
Avalie o nível de conforto da mulher com frequência para determinar a necessidade de analgesia. Peça à mulher que
classifique a sua dor em uma escala de 0 a 10, sendo que ela deve relatar dor inferior a 3. Se for maior, é necessária uma
avaliação mais aprofundada para certificar-se de que não existem quaisquer divergências contribuindo para seu
desconforto.
Avalie a secreção vaginal (lóquios) a cada 15 minutos durante a primeira hora e a cada 30 minutos na hora seguinte.
Palpe o fundo do útero ao mesmo tempo para determinar a sua firmeza e para ajudar a estimar o volume de secreção
vaginal. Além disso, palpe se a bexiga está cheia, uma vez que muitas mulheres que receberam anestesia epidural
apresentam diminuição da sensibilidade na região vesical. A parturiente elimina um volume grande de urina a cada micção.
A palpação da bexiga da mulher após cada episódio de micção contribui para avaliá-la e para assegurar o esvaziamento
completo. A bexiga cheia deslocará o útero para as laterais da linha média e potencializará uma hemorragia secundária à
consistência amolecida do útero.
Intervenções de enfermagem
As intervenções de enfermagem durante o quarto estágio poderiam incluir:
• Fornecer apoio e informações à parturiente em relação à episiotomia e correspondentes medidas de alívio da dor e de
autocuidado
• Aplicar uma bolsa de gelo no períneo da parturiente para promover o conforto e reduzir o inchaço
• Ajudar com os cuidados de higiene e perineais; orientar a parturiente a usar o frasco de irrigação perineal após cada
troca de absorvente e micção; ajudar a parturiente a vestir um roupão limpo
• Monitorar o retorno da sensibilidade e da capacidade de urinar (se tiver sido utilizada anestesia regional)
• Incentivar a parturiente a urinar utilizando as estratégias de deambular até o banheiro, ouvir o som de água corrente ou
despejar água morna sobre a área perineal com o frasco de irrigação perineal
• Monitorar os sinais vitais, o fundo do útero e o lóquios a cada 15 minutos e documentá-los
• Avaliar se há hemorragia pós-parto e retenção urinária por meio de palpação uterina
• Promover o conforto, oferecendo analgesia para a dor pós-parto e cobertores quentes para reduzir os calafrios
• Oferecer líquidos e alimentação, se desejados
• Incentivar o vínculo materno-infantil, proporcionando privacidade à família
• Estar bem informada e ser sensível às práticas culturais típicas após o parto
• Ajudar e incentivar a parturiente a amamentar, se ela optar por fazê-lo, durante o período de recuperação, para
promover o aumento da consistência do útero (a liberação de ocitocina pela neuro-hipófise estimula as contrações
uterinas)
• Ensinar a parturiente a avaliar a firmeza do fundo de útero periodicamente e a massageá-lo se estiver amolecido
• Descrever o fluxo de lóquios e os parâmetros normais a serem observados no período pós-parto
• Ensinar técnicas de segurança para impedir o rapto do recém-nascido
• Demonstrar o uso do assento de banho portátil como uma medida de conforto para o períneo se ela tiver uma laceração
ou uma episiotomia
• Explicar as medidas de conforto/higiene e quando usá-las
• Ajudar na deambulação ao sair do leito pela primeira vez
• Fornecer informações sobre a rotina da unidade materno-infantil ou berçário para a sua estadia
• Observar se existem sinais precoces de criação do vínculo materno-infantil: toque com a ponta dos dedos ou palma da
mão para envolver a criança (Leonard, 2015; Green, 2016).
O papel dos profissionais de enfermagem durante o trabalho de parto e o parto é privilegiado, ou seja, o papel de dar
suporte às mulheres em um dos momentos mais vulneráveis de suas vidas – o momento de dar à luz. O foco dos
profissionais de enfermagem durante esse período deve ser dar suporte, proteger, defender e empoderar as parturientes.
Além disso, os profissionais de enfermagem devem fornecer informações que permitam que a mulher perceba suas
aspirações e metas, tomando decisões baseadas em escolhas informadas. Os profissionais de enfermagem fazem uma
grande diferença na vida das parturientes com pequenos gestos.
CONCEITOS FUNDAMENTAIS
O enfermeiro presta apoio físico e emocional durante o processo de trabalho de parto e parto para
ajudar a parturiente a alcançar seus objetivos
Quando a gestante é internada na unidade de trabalho de parto e parto, o enfermeiro que a interna
deve analisar e avaliar a situação de risco da gestação e iniciar as intervenções necessárias para
prestar o melhor cuidado a ela
Realizar uma avaliação de admissão inclui coletar a história de saúde materna; realizar um exame
físico da gestante e do feto, incluindo o seu estado emocional e psicossocial; e obter os exames
laboratoriais necessários
A atuação do enfermeiro na avaliação fetal durante o trabalho de parto e o parto inclui a
determinação e a interpretação dos sinais e sintomas de um possível comprometimento do bem-estar
fetal. É essencial determinar o padrão de FCF e avaliar as características do líquido amniótico
A FCF pode ser avaliada de modo intermitente ou contínuo. Embora o método intermitente possibilite
que a parturiente se movimente durante o trabalho de parto, as informações obtidas desse modo não
fornecem um panorama completo do bem-estar fetal momento a momento
Os parâmetros de avaliação da FCF são classificados como linha de base da frequência cardíaca,
variabilidade da linha de base e mudanças periódicas na frequência cardíaca (acelerações e
desacelerações)
O enfermeiro que monitora a parturiente precisa saber em qual categoria está o padrão de FCF, de
modo que possam ser instituídas as intervenções apropriadas
Se o padrão de FCF for de categoria III, o enfermeiro deve notificar o médico e obter prescrições
adicionais, certificando-se de documentar todas as intervenções e seus efeitos sobre o padrão de
FCF
Além de interpretar os achados da avaliação e iniciar intervenções adequadas à paciente em trabalho
de parto, deve-se realizar uma documentação precisa e atempada de modo contínuo
Atualmente existem muitas escolhas farmacológicas e não farmacológicas seguras para o controle da
dor durante o parto. Estas podem ser utilizadas in di vidualmente ou em combinação, uma em
complemento à outra
A conduta de enfermagem para a gestante em trabalho de parto inclui medidas de conforto, apoio
emocional, informações e instrução, defesa e apoio ao parceiro
A assistência de enfermagem durante o primeiro estágio do trabalho de parto inclui a coleta de uma
história de admissão (revisão do prontuário do pré-natal), a verificação dos resultados dos exames
laboratoriais de rotina e exames especiais realizados durante a gestação, questionar a mulher sobre
sua preparação para o parto (plano de parto, aulas de preparação para o parto, habilidades de
enfrentamento) e realizar um exame físico da mulher para determinar valores de base para
comparação futura
1. Quando uma parturiente apresenta dilatação total, que instrução seria mais efetiva para ajudá-la no
sentido de incentivar esforços expulsivos efetivos?
a. Prender a respiração e fazer força para baixo durante toda a contração
b. Usar respiração torácica no momento da contração
c. Arfar e soprar durante cada contração
d. Esperar até que sinta vontade de fazer força para baixo
2. Durante o quarto estágio de trabalho de parto, o enfermeiro avalia a mulher em intervalos frequentes
após o nascimento. Que dados da avaliação poderiam causar maior preocupação ao enfermeiro?
a. Volume moderado de lóquios vermelho-escuros no absorvente íntimo
b. Fundo uterino palpável à direita do umbigo
c. Temperatura oral de 38,1°C
d. Área perineal ferida e edemaciada sob a compressa de gelo
4. Ao cuidar de uma paciente na fase ativa do trabalho de parto, sem monitoramento eletrônico fetal
contínuo, o enfermeiro deve avaliar intermitentemente a FCF a cada:
a. 15 a 30 minutos
b. 5 a 10 minutos
c. 45 a 60 minutos
d. 60 a 75 minutos
6. Ao final do segundo estágio do trabalho de parto, o enfermeiro esperaria qual dos seguintes eventos?
a. O colo do útero está totalmente dilatado e apagado
b. Descolamento e expulsão da placenta
c. Feto expulso do útero e colocado sobre o tórax da mãe
d. Parturiente solicita medicamento para dor
2. Várias horas depois, a paciente se queixa de náuseas, vira-se para seu parceiro e diz a ele com raiva
para não tocá-la e ir embora.
a. Que avaliação precisa ser feita para determinar o que está acontecendo?
b. Que explicação você pode oferecer ao parceiro da paciente sobre a mudança de comportamento
da parturiente?
ATIVIDADES DE ESTUDO
2. No monitor cardíaco fetal, o profissional de enfermagem percebe uma elevação da linha de base do feto
com o aparecimento das contrações. Essa elevação descreveria um(a) _______.
3. Compare e estabeleça as diferenças entre uma casa de parto local e uma sala de parto de um hospital
da comunidade em termos de técnicas de controle da dor e monitoramento fetal utilizados.
4. Selecione um site direcionado para futuros pais e faça uma análise crítica das informações fornecidas
em termos de escolaridade e quantidade de publicidade.
ESTUDO DE CASO
Uma gestante a termo, com 30 anos de idade, procura o setor de emergência do hospital por causa de dor
abdominal. Esta é sua primeira gravidez e ela está acompanhada pelo parceiro e pela irmã que estava muito
ansiosa. A idade gestacional é de 40 semanas e 6 dias com base na última ultrassonografia. Todos os
exames de sangue feitos ao longo da gravidez foram normais. Mais cedo no mesmo dia ela eliminou
secreção vaginal vermelho-escura semelhante a muco, seguida por cólicas irregulares semelhantes a
cólicas menstruais. Duas horas antes ela eliminou um jorro de líquido claro pela vagina e, desde então, tem
se sentido mal. Ele ingeriu dois comprimidos de paracetamol em casa para a dor, mas agora está
angustiada e veio ao hospital para avaliação.
AVALIAÇÃO
Durante o exame físico, a gestante se mostrava calma entre os episódios de dor. Sua pressão arterial era de
130/80 mmHg, e sua frequência de pulso era de 100 bpm. O enfermeiro sentiu o movimento fetal. A
frequência cardíaca fetal era de 142 bpm. A altura do fundo de útero era, à palpação, de 37 cm, e a
apresentação fetal era cefálica. O exame com espéculo mostrou líquido transparente acumulado no fórnice
posterior da vagina. Quando o líquido foi colocado em uma lâmina de vidro apresentou um padrão de
samambaia. O exame de toque vaginal revelou que o colo do útero está totalmente apagado e com
dilatação de 4 cm. A cabeça fetal está 2 cm acima das espinhas isquiáticas. No exame vaginal não foi
palpada a cabeça fetal nem houve moldagem da cabeça fetal.
Encontre questões sobre esse caso no material suplementar online deste livro.
Respostas da seção Exercícios sobre o capítulo
ATIVIDADES DE ESTUDO
1. Essas informações variam de acordo com o que a paciente relata ao estudante. Os planos irrealistas de manejo da dor
precisam ser identificados e aqueles válidos e baseados em evidências devem ser apresentados à paciente. Os
equívocos também podem ser esclarecidos.
2. Aceleração – elevação da frequência cardíaca fetal acima dos valores basais; um padrão de categoria I, que é normal.
3. Os achados variam de uma instituição para outra, mas o estudante pode encontrar um uso mais liberal de técnicas não
farmacológicas na casa de parto em comparação com o ambiente hospitalar e o uso mais frequente de hidroterapia e
deambulação para aliviar o desconforto. Além disso, a avaliação intermitente utilizando um Doppler portátil
provavelmente é empregada com mais frequência na casa de parto em comparação com o hospital, onde o
monitoramento eletrônico fetal contínuo é prevalente.
4. Vários sites sobre parto apresentam informações muito básicas sobre o evento e tentam alcançar um público com
níveis diversos de escolaridade. Muitos desses sites fazem propaganda de inúmeros produtos voltados à gestação e à
criança.
ESTUDO DE CASO
1. Qual seria sua suspeita quanto à causa da dor abdominal da paciente?
2. A paciente está em trabalho de parto falso ou verdadeiro?
3. Com base na história da paciente, o que poderia indicar que ela está em trabalho de parto normal?
Resposta: Trabalho de parto é o processo por meio do qual ocorre o nascimento e requer contrações uterinas com
frequência, duração e intensidade suficientes para apagar e dilatar o colo uterino. O trabalho de parto normal
evidencia-se pelo início de contrações dolorosas com dilatação progressiva da cérvice e descida do segmento de
apresentação fetal. A dor abdominal da paciente é secundária às contrações uterinas. Ela está em trabalho de parto
verdadeiro, porque teve alterações cervicais associadas às contrações. A paciente apresentou várias alterações normais
sugestivas de trabalho de parto – ruptura das membranas, eliminação do tampão mucoso em consequência das
contrações uterinas; a frequência do pulso estava acelerada em consequência da dor; a altura do fundo de útero
diminuiu, porque a cabeça do feto desceu para a pelve verdadeira e ela eliminou líquido amniótico da cavidade
uterina.
Plano de cuidados
1. Qual é a conduta apropriada para essa paciente?
2. A paciente deveria ser classificada em risco alto ou baixo, e de que forma isto determinaria os cuidados prestados?
3. Em qual estágio do trabalho de parto a paciente está?
4. Qual é o papel do enfermeiro no primeiro estágio do trabalho de parto?
Resposta: O esperado seriam avaliação e reavaliação contínuas com modificação do plano de cuidados ao longo de
todo o trabalho de parto. A gestação e o trabalho de parto até agora são de baixo risco, porque não há evidência de
qualquer distúrbio fetal ou materno que exija cuidados intensivos. A paciente não precisa de monitoramento fetal
contínuo e deve ter permissão para ingerir alimentos leves e líquidos, se quiser. O feto precisa ser avaliado quanto ao
bem-estar por ausculta intermitente por 1 minuto completo depois de uma contração, ao menos a cada 15 minutos no
primeiro estágio do trabalho de parto. Essa paciente está no primeiro estágio do trabalho de parto, ou seja, fase ativa
do trabalho de parto. Quando o trabalho de parto começa, a dilatação esperada é de cerca de 1 cm por hora. Se isso
não ocorrer ou se o bem-estar fetal estiver em risco, pode ser necessária intervenção médica. Quando os resultados
das reavaliações continuam na faixa normal, não é necessária qualquer intervenção médica. O papel do enfermeiro
durante o primeiro estágio do trabalho de parto poderia consistir em monitorar a pressão arterial de hora em hora, a
frequência cardíaca fetal a cada 30 minutos, estimular os progressos alcançados pelo casal, fornecer medidas de
conforto se a paciente quiser, apoiar a decisão da paciente quanto ao controle da dor; respeitar a necessidade de
privacidade da gestante, sendo paciente com o processo fisiológico natural do trabalho de parto; e relatando quaisquer
variações do normal ao profissional de saúde apropriado.
Questões múltipla escolha
Concluir questão
Concluir questão
3. A enfermeira determina que a frequência cardíaca fetal (FCF) é, em média, cerca de 140 bpm
ao longo de um período de 10 min. Ela identifica isso como qual das seguintes opções?
A. Bradicardia fetal
B. Variabilidade a curto prazo
C. Variabilidade da linha de base
D. Linha de base da FCF
Concluir questão
4. Ao avaliar os padrões de frequência cardíaca fetal, qual das seguintes opções alertaria a
enfermeira de que pode haver um problema?
A. Desacelerações prolongadas
B. Desacelerações variáveis
C. Desacelerações precoces
D. Acelerações
Concluir questão
5. Ao exame, a enfermeira determina que a cliente está com 50% de apagamento. Isso significa
que:
A. O canal do colo do útero mede 2 cm de comprimento
B. O canal do colo do útero mede 1 cm de comprimento
C. O canal do colo do útero mede 1,5 cm de comprimento
D. O canal do colo do útero mede 2,5 cm de comprimento
Concluir questão
6. Uma gestante em trabalho de parto que está recebendo um opioide para alívio da dor vai
começar a receber prometazina. A enfermeira determina que esse fármaco é efetivo quando a
mulher necessita de qual das seguintes atitudes?
A. Aumentar a dilatação do colo do útero
B. Aumentar a sensação de controle
C. Reduzir a ansiedade
D. Diminuir a sedação
Concluir questão
7. Uma mulher está acariciando levemente o abdome no ritmo de sua respiração durante as
contrações. A enfermeira identifica essa técnica como:
A. Acupressão
B. Respiração padronizada
C. Effleurage
D. Toque terapêutico
Concluir questão
8. Durante a primeira hora do quarto estágio do trabalho de parto, a enfermeira avaliaria o fundo
do útero da mulher com que frequência?
A. A cada 5 min
B. A cada 10 min
C. A cada 15 min
D. A cada 20 min
Concluir questão
9. Durante a avaliação, a enfermeira explica que determinados pontos de referência são usados
para avaliar o progresso do parto. Quais são esses pontos?
A. Tuberosidade isquiática
B. Espinhas isquiáticas
C. Sínfise púbica
D. Óstio do colo do útero
Concluir questão
10. Uma cliente chega à maternidade depois que suas membranas se romperam. O foco principal
da enfermeira deve ser:
A. Avaliar à procura de infecções
B. Avaliar a posição fetal
C. Avaliar o conforto materno
D. Avaliar a FCF
Concluir questão
11. Você está atendendo uma cliente de baixo risco em trabalho de parto. Durante o segundo
estágio, você avalia a FCF com que frequência?
A. A cada 15 min
B. A cada 10 min
C. A cada 5 min
D. A cada 20 min
Concluir questão
12. O médico está analisando se uma gestante de alto risco deve ser avaliada por monitoramento
interno contínuo. Qual dos seguintes não é um critério que influencia nessa decisão?
A. Ruptura das membranas
B. Dilatação do colo do útero de pelo menos 2 cm
C. Inserção de eletrodo espiral por um funcionário qualquer
D. A apresentação fetalestá visível
Concluir questão
13. Ao avaliar o andamento do trabalho de parto, você explica que a variabilidade da frequência
cardíaca fetal é moderada. Qual das seguintes opções é a melhor explicação a ser dada aos
pais?
A. O intervalo de flutuação da FCF é indetectável
B. A FCF oscila de 6 a 25 bpm
C. A FCF oscila menos de 5 bpm
D. A FCF oscila mais de 25 bpm
Concluir questão
14. Após o nascimento, você é responsável pela avaliação do pH do cordão umbilical. Você
reconhece que qual dos seguintes seria considerado um pH normal?
A. 7
B. 6,8
C. 7,4
D. 7,2
Concluir questão
15. Na preparação de um jovem casal para o nascimento iminente de seu filho, a gestante
expressa preocupação a respeito da necessidade de medicamentos para a dor e seus efeitos
sobre o feto. Você explica que, por sua experiência e pesquisas recentes, qual dos seguintes
ajudaria a contribuir para a diminuição da solicitação de medicação para a dor?
A. Sentar-se em uma banheira de água quente
B. Anestesia epidural rápida
C. Apoio contínuo ao longo do processo de trabalho de parto
D. Deitar-se sobre uma compressa de gelo
Concluir questão
16. A massagem é uma técnica não farmacológica efetiva que pode ajudar a diminuir a dor
durante o trabalho de parto. Qual das seguintes opções seria uma contraindicação para ela?
A. Nível de conforto da mulher
B. Erupção cutânea
C. Crenças culturais
D. Opioides já administrados
Concluir questão
17. A cliente está solicitando informações sobre as várias técnicas de manejo da medicação para
a dor disponíveis para decidir qual opção gostaria de escolher para seu parto iminente.
Enquanto reúne as informações, que técnicas você poderia indicar que se tornaram muito
populares e efetivas?
A. Analgesia sistêmica
B. Analgesia/anestesia neuraxial
C. Analgesia peridural
D. Analgesia espinal
Concluir questão
18. Uma mulher recebeu meperidina durante o trabalho de parto para ajudar no controle da dor. A
enfermeira precisaria monitorar o recém-nascido à procura de qual dos seguintes itens
depois do parto?
A. Aumento da agitação
B. Baixo índice de Apgar
C. Diminuição do estado de alerta
D. Aumento no choro
Concluir questão
19. Uma cliente pediu que um opioide fosse mantido à disposição caso ela precisasse dele para o
controle da dor. Como medida de precaução, a enfermeira também terá prontamente
disponível qual dos seguintes fármacos para reverter os efeitos desse opioide?
A. Nalbufina
B. Hidroxizina
C. Midazolam
D. Naloxona
Concluir questão
20. Ao avaliar a eficácia da analgesia regional obstétrica recebida pela cliente, você reconhece
que ela foi bem-sucedida quando há perda completa da sensibilidade dolorosa em qual nível
da medula espinal?
A. Abaixo de T8
B. Abaixo de T7
C. Abaixo de T6
D. Abaixo de T5
Concluir questão
21. Uma mulher de 19 anos chega ao pronto-socorro nas últimas etapas do trabalho de parto
ativo. A avaliação revela que ela não recebeu atendimento pré-natal. Como parte de sua
análise, um rastreamento rápido à procura de HIV indica que ela é HIV-positiva. Para reduzir a
transmissão perinatal para o bebê, que medicação intravenosa ela deve receber?
A. Zidovudina
B. Tenofovir
C. Maraviroque
D. Nevirapina
Concluir questão
22. A cliente quer evitar uma episiotomia. Que outra técnica a enfermeira sugeriria que ela
tentasse?
A. Praticar exercícios de Kegel durante a gestação
B. Dar à luz em decúbito dorsal
C. Aplicar compressas mornas ao períneo
D. Massagear o períneo diariamente durante o último trimestre
Concluir questão
Durante o trabalho de parto, ocorre a descida fetal progressiva. Coloque as alturas da
23.
apresentação em sua sequência correta.
A. Altura da apresentação –4
B. Altura da apresentação –2
C. Altura da apresentação 0
D. Altura da apresentação 2
E. Altura da apresentação 4
Concluir questão
24. A enfermeira realizará a manobra de Leopold para determinar a posição do feto. Ordene as
quatro etapas específicas.
A. Determinar a apresentação
B. Determinar a posição
C. Confirmar a apresentação
D. Determinar a atitude
Concluir questão
25. A enfermeira encoraja uma mulher em trabalho de parto a deambular, com base no
entendimento de que isso influencia qual(is) dos seguintes? (Selecione todos que se
aplicam.)
A. Utiliza o auxílio da força da gravidade para movimentar o feto
B. Incentiva a rotação do feto
C. Melhora a eficiência das contrações
D. Aumenta o desejo de empurrar durante o segundo estágio
E. Ajuda a alinhar o feto com o ângulo da pelve
F. Alarga um lado da pelve
Concluir questão