A Sexualidade Durante A Gravidez
A Sexualidade Durante A Gravidez
A Sexualidade Durante A Gravidez
Nos últimos séculos temos vinda a assistir a uma mudança de paradigma, sendo que hoje,
sabemos que a sexualidade representa saúde e bem-estar na vida de qualquer um de nós. A
importância da sexualidade deve ser devidamente reconhecida, nomeadamente durante a
gravidez, uma etapa marcante e única na vida de uma mulher e do seu companheiro, bem
como de toda a sua família. Este momento especial comporta diversas mudanças a nível físico,
psicológico e hormonal, e por este motivo, torna-se essencial promover uma boa relação
sexual de forma a facilitar e harmonizar a passagem desta fase tão importante da vida de um
casal.
Neste sentido é importante viver a gravidez sem culpas, com tolerância mútua, descomplicar e
estar bem informado estes são sem dúvida fatores fundamentais para manter e reforçar a
cumplicidade entre o casal.
Durante a gravidez ocorrem mudanças psicológicas, físicas, sociais e culturais que se refletem
no comportamento de ambos, principalmente no que concerne à sexualidade. Existem assim,
alterações significativas na sexualidade, levando o casal a realizar diversas adaptações, no
sentido de manter ou melhorar a qualidade de vida que já usufruíam antes da gravidez.
A sexualidade durante a gravidez é um assunto que suscita bastantes dúvidas e medos entre a
sociedade atual e em todos os casais grávidos.
Durante a gravidez surge sempre uma série de preocupações e ansiedades que são,
maioritariamente, alimentadas pela falta de informação, mitos e tabus. A persistência até aos
dias de hoje destes mitos e tabus fazem como que nem os vários estudos científicos realizados
até então façam como que a visão acerca da sexualidade na gravidez seja alterada. Na
verdade, numa gravidez normal, a relação sexual em nada prejudica ou aumenta o risco de
complicações para a saúde materno-fetal, bem pelo contrário, torna-se imprescindível
continuar a trabalhar e dedicar-se á sexualidade durante a gravidez.
Esta informação torna-se cada vez mais relevante, uma vez que, ao que parece, atualmente os
casais têm algum receio de pedir informações, detetando-se na maioria deles uma diminuição
da atividade sexual entre 40 a 60%. No trabalho apresentado em “Sexualidade na Gravidez e
Após o Parto” (Editora Clínica Psiquiátrica dos Hospitais Universitários de Coimbra), Ana Isabel
Silva e Bárbara Figueiredo escrevem que “o período de gravidez e pós-parto é caracterizado
por mudanças biológicas, psicológicas, relacionais e sociais intensas, que podem ter uma
influência direta e indireta na vivência da sexualidade”. Várias investigações neste âmbito
revelaram que a gravidez e o pós-parto “constituem uma fase crítica para o início ou o
agravamento de problemas sexuais”, uma vez que o desejo e o interesse sexual “tendem a
diminuir”.
Dado que todas as grávidas e casais vivenciam a gravidez e a sexualidade consoante os seus
valores, as suas crenças e a sua cultura, quando se aborda esta problemática durante a
gravidez, deve ser interpretada na sua dimensão bio-psico-social, sendo neste ponto que a
Ginecologia/Obstetrícia e a Psicologia da Gravidez e Pós-Parto tem relevo, pois têm como
obrigação acompanhar a grávida e o casal desde o início da gravidez até aos primeiros anos
de vida do bebé desempenhando assim um papel extremamente importante na orientação da
mulher grávida e do companheiro. Ao nível da sexualidade, facultando todos os conselhos
antecipatórios que possam ajudar a melhorar a função sexual feminina e do casal reduzindo o
stress emocional e as preocupações acerca do mesmo, bem como, alertar e orientar o casal
para outras formar de exprimir a sua sexualidade, sem ser o ato sexual, como outro tipo de
contatos sexuais que fomentem a relação e coesão do casal.
Pessoalmente, enquanto Psicóloga e Mulher penso que a regra de Ouro estará sempre no
diálogo, quer entre casal, quer entre o casal e os profissionais de saúde que o acompanham ao
longo da gravidez. O diálogo é o melhor instrumento que temos ao nosso alcance para superar
todos os nossos medos e anseios, é através dele que conseguiremos impedir que “mal
entendidos” se instalem e prejudiquem enquanto futuros pais e enquanto casal. O diálogo será
também fundamental no sentido de não permitir, que sentimentos de incompreensão,
rejeição e insatisfação tomem conta da intimidade e da vida do casal.
‘ Papá e mamã eu estou aqui e quero ver-vos a viver todos os momentos juntos vocês serão um
apoio e a segurança um para o outro e para mim’
Johnson, C.E., Sexual health during pregnancy and the postpartum. J Sex Med, 2011. 8(5): p.
1267-84; quiz 1285-6.