Os Persas
Os Persas
Os Persas
Conteúdo
1- Introdução................................................................................... 3
2- Origem da Tragédia ..................................................................... 4
3- O que é a Tragédia? ..................................................................... 4
4- Tragédia: “Os Persas” .................................................................. 5
4.1- O sonho da rainha Atossa .............................................................. 6
4.2- A hybris do rei Xerxes .................................................................... 6
5- Conclusão .................................................................................... 8
6- Bibliografia .................................................................................. 9
1- Introdução
Penso, que esta obra tem o intuito de passar alguns valores morais, como a moderação,
a humanidade e a ética, pois a carência destes, no rei Xerxes, trouxeram consequências
graves e culminaram na derrota da batalha. Contudo, o dramaturgo revela alguma
compaixão e misericórdia pelos vencidos na sua tragédia.
2- Origem da Tragédia
Como inicio do tema, penso que seja importante descortinar a palavra “tragédia”.
Esta, deriva do grego tragos + odé, que significa: canto dos bodes. A razão é por os
atores cobrirem-se com peles de cabra durante as festas de tributo ao deus Dionísio,
em Atenas, sacrificando um bode ao som de cantares desempenhados por um corifeu
acompanhado por um coro. Ao longo dos tempos, os cantares começaram a ser cada
vez mais aprimorados, ao começar a serem representados.
Ao existir uma data que remonta ao nascimento da tragédia como género do teatro,
essa é 534 a. C., quando o corifeu Téspis, primeiro dramaturgo conhecido, encarnou a
personagem do deus Dionísio, acrescentando diálogo com o coro aos cantares.
Começou-se então a utilizar vestes pomposas e distintas, e máscaras em cera para
representar figuras mitológicas. E assim, nasceu a essência do teatro trágico.
3- O que é a Tragédia?
Aristóteles, definiu na sua obra “Poética” o conceito de poética como sendo a imitação
de uma ação de caráter elevado, não de uma forma narrativa, mas sim, através da
ação, tendo como efeito a purificação e a catarse de emoções, como a piedade e o
terror, já anteriormente mencionados. A tragédia aproxima-se da epopeia, pois, ambas
têm uma narração de carácter elevado, labutam temas idênticos, e focam-se em
mitos. Respeitando sempre o espaço, o tempo e a ação. A ação trágica concentra-se
somente num episódio de um mito e num só lugar.
Este género, tem o propósito de doutrinar civicamente, ou seja, pretende abordar
temas sociais e desencadear reflexão aos espectadores sobre os problemas da
comunidade. Não poderia deixar de ter, uma componente religiosa, visto que as
divindades interagem e condenam as personagens.
Para o filósofo, o herói trágico tem de ser se um carácter elevado, pois o contrário faria
com que o espetador visse o castigo dos deuses como forma de justiça. Aristóteles
também apresenta dois aspectos fundamentais da tragédia, estes, a existência de
hybris e de hamartía. Respetivamente, é a presunção, o indecoro e a petulância para
com os deuses, e os erros de decisão das personagens. Ambas punidas.
Os temas das peças estão inerentemente conexos aos valores morais, intelectuais e
humanos. As obras trágicas são condicionadas e determinadas, enquanto forma, a
limites fixados de representação e a ideias vitais e à essência de cada autor. Por
exemplo, Ésquilo, Eurípedes e Sófocles, os grandes tágicos gregos, têm cada um a sua
forma diferente de construção da trama, por isso mesmo, cada tragédia é única.
No primeiro episódio d’Os Persas, a rainha Atossa, mãe de Xerxes, descreve um sonho,
este como forma de presságio. Considerei importante destacar este sonho devido à
sua simbologia. Atossa descreve o voo de um falcão sobre uma águia, matando-a com
as suas garras. Na cultura grega, a águia é vista como a ave superior a todas as outras,
sendo o falcão uma ave inferior. Daqui, podemos fazer a analogia de que a águia
simboliza a Pérsia, ou até o rei Xerxes, devido não só à sua grandiosidade e imensidão
do exército, como por Xerxes ser conhecido pelo rei dos reis. O falcão simboliza a
Grécia. E assim como a ave inferior derrotou a superior, os gregos derrotaram os
persas. Mais tarde, com a chegada do mensageiro, confirma-se que o sonho da rainha
Atossa foi uma premonição.
O facto de também aparecer duas irmãs, uma vestida com vestes persas e outra com
vestes gregas simboliza a oposição, esta veio a ficar mais marcada pela atitude do rei
ao sujeitar ambas ao mesmo jugo, que acaba por ser aceite pela persa e rejeitado com
violência pela personagem grega. Este sonho acaba por revelar muito do que vai
acontecer na história, não só o argumento da tragédia de Ésquilo, como a aparição do
especto do rei Dario, que lamenta as ações do filho.
A hybris de Xerxes é o grande tema da tragédia, pois, trata-se da punição dos deuses
pela soberba e arrogância demonstradas pelo rei. O castigo deve-se ao facto de Xerxes,
não só querer se igualar a um deus como, também querer subjugar um, neste caso
Poseidon. O rei Xerxes ao lançar uma ponte sobre o estreito, que marca a fronteira
entre a Ásia e a Europa, descrito como “um jugo em seu pescoço”, metaforicamente
representa a ousadia de Xerxes que ultrapassa os limites humanos e como se quisesse
reprimir o deus dos mares, Poseidon. Pois o jugo representa a escravidão e a opressão.
As mais diversas formas de arte grega, são importantes para a conceção e para a
compreensão da história e da cultura clássica grega. A vantagem da literatura, como
Os Persas, de Ésquilo, em relação à pintura ou à escultura, é por nos conseguir
transmitir de uma forma mais límpida e verídica os episódios históricos, apesar de por
vezes estes se encontrarem muito ligados a ficções e acontecimentos mitológicos.
6- Bibliografia