Anna Nery

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ANNA NERY

(1.814) - Ana Justina Ferreira Néri nasceu em Vila de Cachoeira do Paraguaçu, Bahia,
no dia 13 de dezembro de 1814. Anna Nery pertencia a uma família de patriotas legítimos,
não havendo registros acerca da história de vida de seus pais: José Ferreira de Souza e Luiza
Maria das Virgens. No entanto, seus quatro irmãos mereceram referências maiores na
historiografia oficial. considerando a posição exercida sendo eles: Manoel Jeronymo Ferreira,
Tenente-coronel que comandou o Batalhão de Voluntários da Pátria: Joaquim Mauricio
Ferreira. Tenente-coronel que comandou o 41' Batalhão de Voluntários da Pátria; Ludgerio
Rodrigues Ferreira, médico clinico de nomeada e de grande influência política; e Antônio
Benicio Ferreira, conceituado corretor em Cachoeira

Nas camadas superiores da sociedade brasileira, as profissões masculinas eram indicadoras da


posição social. Os membros das mais prestigiosas profissões liberais. a medicina e o direito,
poderiam ser considerados classe média alta. O homem definia o status da família. A mulher
era vista como apenas como uma criatura que Deus pusera no mundo com a única finalidade
de servir ao homem, ter filhos e prepará-Ios para a vida, garantindo o bom funcionamento do
lar.

(1.838) - Educadas na clausura e confinamento do lar as meninas-moças, eram preparadas para


o matrimônio e atingiam a f1or-da-idade entre os 16 e 20 anos. A idade de 23 anos era
considerada como limite das jovens casadoiras e foi nesse limite etário que Anna Nery casou-
se,

(1.838) em 15 de maio de 1838, com o capitão-tenente da marinha Isidoro Antônio Néri,


nascido em Lisboa, a 05 de setembro de 1800. Na condição de mulher casada, Anna Nery devia
seguir os modelos propostos pela Igreja brasileira, que tinha interesse em promover a mulher,
acentuando seu papel de preciosa auxiliar, sendo impostas as mesmas obrigações transmitidas
pelos manuais de conduta moral dos países católicos. Ainda que tentando manter uma vida
matrimonial nos moldes existentes, Anna Nery defrontou-se com períodos de ausência do
esposo, que, engajado no serviço militar, era obrigado a dedicar-se ao ofício de capitão-de-
fragata, navegando por toda a parte do território nacional. Vez por outra Isidoro retomava a
Cachoeira onde permanecia por um curto período de tempo, suficiente doravante para que o
casal desfrutasse do nascimento de três filhos: Justiniano de Castro Rebello (fevereiro de
1839"') que com a ausência de seu pai, não pode ser registrado por ele, consequentemente
não obteve o sobrenome nery, mas era frequente ocorrer ser dado um nome de família
diferente, até em homenagem a alguém; - Isidoro Antônio Néri (24 de março de 1841); e Pedro
Antônio Néri (13 de maio de 1842). Casada, Anna Nery desempenhou o papel de esposa, ainda
que por períodos curtos, e o de mãe, adotando a postura das mulheres na sociedade da época,
seja na gerência do lar ou na educação dos filhos.

(1.844) - Em 05 de julho de 1844, Isidoro Antônio Néri faleceu, aos 43 anos de idade,
acometido por súbita enfermidade, da qual não temos maiores registras. Viúva aos 29 anos de
idade, com três filhos pequenos, o mais velho com cinco anos de idade, Anna Nery ganha
então uma vida autónoma e independente, cheia de responsabilidades. Apesar da aparência
masculina da sociedade, em todas as camadas de Salvador era frequente que a mulher
assumisse sozinha o seu destino e o de seus filhos, desempenhando assim um papel
importante, embora no espaço privado. A forma pela qual as mulheres poderiam "ter outra
influência que não fosse sobre as panelas· ou "outra missão além das costuras· era através da
"educação de seus filhos·, pois estes aprendiam com sua mãe as primeiras lições e os princípios
morais. Esta tarefa nobre de educar os filhos valorizou as mulheres. Além do mais, uma forma
de modificar a mente dos homens era moldando a dos meninos
ANNA NERY
Nesse sentido, Anna Nery mudou-se para Salvador de modo a garantir-lhes estudos e
consequente ascensão social, permanecendo no anonimato até a sua inserção no contexto da
Guerra do Paraguai, quando inicia o caminho de consagração nacional.

Viúva desde 1844, Anna Nery, mantinha-se no espaço privado do lar, desenvolvendo atividades
do cotidiano da mulher daquela época. No quadro de viúvas, projetava-se a idéia geral de uma
posição de autonomia na família. Caracterizavam-se por uma vida independente e, na maioria
das vezes, na liderança de um grupo familiar

Nos meados do século 19, Anna Nery vivia com dois de seus filhos na cidade de Salvador", para
onde mudou-se, supõe-se que motivada pela necessidade de fornecer-lhes melhor instrução
ou mesmo se considerarmos o fato de um de seus filhos já se encontrar na capital, inserido à
vida universitária, instigando a vontade de seus irmãos aos estudos e a responsabilidade da
mãe em acompanhá-los.

Engajados em estabelecimentos de ensino superior. todos os filhos de Anna Nery seguiram o


serviço militar. Justiniano de Castro Rebello e Isidoro Antônio Néri dedicaram-se à medicina,
enquanto que o filho mais novo, Pedro Antõnio Néri, dedicou-se à carreira militar, era cadete
aluno da Escola Militar do Rio de Janeiro.

(1.864) - Com a entrada do Brasil na Tríplice Aliança, juntamente com o Uruguai e a Argentina
em 1864, Anna Nery, aos 51 anos, viu seus filhos sendo convocados juntamente com mais 18
mil outros baianos e partirem para a guerra contra o Paraguai, no final de dezembro de 1864.
(CENA DESPEDIDA)

(1.865) - E, em uma carta destinada ao Presidente da Província da Bahia , Manuel Pinto de


Souza Dantas. datada de 08 de agosto de 1865, ofereceu-se para servir aos feridos de guerra.
(LEITURA DA CARTA)

A resposta do Presidente da Província da Bahia ao apelo de Anna Nery foi breve, sendo
expedidas ordens ao Conselheiro Comandante das Armas para que Anna Nery fosse contratada
como primeira enfermeira.

- (COMANDANTE LENDO A RESPOSTA)

Muito embora o patriotismo sobressaia nas entrelinhas do discurso, Anna Nery desde o início
menciona o desgosto resultante do afastamento de seus familiares. Como mãe não resistiria à
separação de seus filhos. Esta expressão parece-nos romântica e decisiva no que diz, dando-
nos a ideia de apelação aos mais profundos deveres de maternidade. Viúva e afastada de seus
filhos, Anna Nery mobilizou-se para não perdê-los. e sua atitude repercutiu na superação da
imagem social da mulher na época, na medida em que desempenhou muito mais do que
exigiam os papéis vigentes de mãe e de mulher.

(1.865) - Cinco dias depois, no dia 13 de agosto de 1865, embarcou Anna Nery para os campos
de batalha, onde sua atuação parece ter sido primorosa, porém nos surpreende a ausência de
registros fundamentados sobre a sua participação.

Em sua passagem pelo Rio Grande do Sul, Anna Nery teria tomado lições de enfermagem com
as Irmãs da Caridade de São Vicente de Paulo, (CENA IRMA DE CARIDADE ENSINANDO A ELA)
CONT. Assim como havia desenvolvido um curto estágio em Salto (Argentina), onde
estabeleceu grandes depósitos e hospitais de sangue, onde os feridos dos últimos combates
convalesciam de suas enfermidades.
ANNA NERY
No Hospital de Corrientes, onde ela começou seu trabalho, Anna encontrou cerca de seis mil
soldados internados e poucas freiras vicentinas atendendo a todos eles. As condições de
higiene eram escassas, faltavam materiais e remédios e o número de feridos só crescia.
Doenças como cólera, febre tifoide, disenteria, malária e varíola ameaçavam a saúde dos
soldados mais do que os ferimentos.

Em um certo dia, Ana visitando os doentes, se depara com uma criança gravemente ferida
(CENA TAITI GEME DE DOR E CITAM QUE ELE PROTEGEU OS BRASILEIROS) e por ser adversário
o capitão conhecido como Amoedo, decide NÃO prestar assistência, com o argumento de que
os materiais deveriam ser gastos com os patriotas e não adversários: ANNA FALA: “TODOS SÃO
SERES HUMANOS, INDEPENDENTE DA COR, RAÇA, RELIGIÃO, OU ATÉ MESMO LADO DA
GUERRA, NENHUM ATENDIMENTO SERÁ NEGLIGENCIADO!” (CENA ANA FALANDO COM
AMOEDO ACONTECE JUNTAMENTE ENQUANTO TAITI CHORA). Ao relatar ao médico e ser
ignorada, Ana decide por conta própria operar o menino TAITI. (CENA FAZENDO CIRURGIA). A
cirurgia foi um sucesso, e ao saber do ocorrido, o capitão não expulsa-a , mas da a penalidade
de lavar todas roupas sujas da enfermaria (CENA ANA E AMOEDO CONVERSANDO, LOGO EM
SEGUIDA ANA VAI LAVAR AS ROUPAS) . Ana sem medir esforços decide fazer até mais do que
lhe foi proposto, e então cria uma enfermaria-modelo em Assunção com seus próprios recursos
e organizou os hospitais de campanha, estabelecendo regras para organizar os trabalhos.
(ENQUANTO NARRA, A CENA DE LIMPEZA E ORGANIZAÇÃO ACONTECE).

Com sua determinação e competência junto aos pacientes que lhe ajudaram, Anna obteve um
grande resultado a diminuição de infecções nos pacientes, e consequentemente obtendo
métodos de prevenção para futuras infecções e doenças.

Ao relatar aos seus pacientes todos os ocorridos e mal feitoria diante aqueles cenário, Anna
passou a ser chamada de “MÃE DOS BRASILEIROS”, pois não se preocupava apenas em tratar
os ferimentos, mas também em oferecer acolhimento e consolo, além de palavras de ânimo e
de conforto.

“Quando eu a tão justo espanto, não sabia achar um termo, - Falei: "DR.'Ana .. : chamou o
enfermo, cuja voz chamou meu pranto. Pressurosa elã acudiu-lhe, OBSERVOU as feridas lhe
pensou, e depois disse: "Está me entregue ... cumpra o que ordeno, sossegue na esperança que
lhe dou!!” E renovando confortos nos leitos que visitava, essa heroína avivava os prostrados
semimortos.

Não bastasse a dor e morte de alguns enfermos que atendia, Anna Nery teve ainda que
enfrentar a morte do filho mais velho, Justiniano de Castro Rebêllo e a do sobrinho Arthur
Rodrigues Ferreira. (CENA LISTA DOS MORTOS, ANNA CHORANDO, E SENDO CONSOLADA)

Ela não se deixou abater nem mesmo quando encontrou o corpo de um dos filhos já sem
vida. Conta-se que mal teve tempo de chorar: quando um soldado adversário gemeu por ajuda,
foi ajudá-lo sem rancor (CENA ANNA CUIDANDO DE FERIDOS).

(1.870) (CENA GUERRA) Em 1.870, teve mais um episodio de guerra, onde encerrou-se
definitivamente quando o ditador paraguaio Francisco Solano López foi morto por soldados
brasileiros, na Batalha de Cerro Corá, travada em março de 1870.
ANNA NERY
Com o fim do conflito, em 1870, Anna retornou ao Brasil e passou a morar no Rio de Janeiro,
trazendo sob seus cuidados alguns órfãos, pois crianças também atuaram nas linhas de defesa
paraguaia, sendo muitas delas vítimas desse genocídio histórico.

Anna Nery chega ao Rio de Janeiro em 06 de maio de 1870, sendo recebida por senhoras
baianas ali residentes, as quais concederam-lhe um Álbum guarnecido de madrepérola e prata,
tendo sobre a parte superior suas iniciais, AJFN, no interior a seguinte dedicatória: Tributo de
admiração ã caridosa baiana por alguns compatriotas.

Os seus conterrâneos residentes na Côrte, mandaram tirar seu retrato em tamanho natural,
para ser oferecido à Provinda da Bahia. Trata-se de uma tela em que Victor MeirelJes
representou Anna Nery de pé e, ao fundo, o espaço público ocupado, um campo de batalha
fictício. Na cabeça uma coróa de louros”. No rosto, as marcas do cansaço e da tristeza. No
corpo, a roupa preta, com uma medalha afixada à direita do peito.

Considerada a primeira enfermeira de guerra no Brasil, ela foi condecorada pelo governo com
as medalhas Humanitária de Primeira Classe e Geral de Campanha. pelo decreto datado de 18
de maio de 1870 de Dom Pedro II, também passou a receber pensão vitalícia no valor de 1
conto e duzentos mil réis.

Deixando o Rio de Janeiro, Anna Nery retomou à província Natal, chegando à Bahia em 05 de
junho de 1870, onde ficou ali por alguns anos, e em mudou-se para o Rio de Janeiro novamente
, para onde seu filho Pedro AntOnio Néri, entao Capitao do Exército, foi mandado para prestar
serviços.

* Além da morte de seu filho mais velho Justiliano, pouco se sabe sobre seus outros dois filhos
após fim da guerra, alguns relatos informam que retornaram ao pais também, e prosseguiram
suas profissões, mas nada muito concreto.

(1.880) MORTE

em uma confortável casa assobradada, situada à Rua Senador Eusébio, n2 290,


Flamengo, Faleceu às 16:30 horas do dia 20 de maio de 1880, aos 65 anos de idade. Foi
sepultada no dia seguinte às 17:00 horas no Cemitério São Francisco Xavier (Rio de Janeiro).

Em sua lápide: "Aqui descansam os restos mortais de Da. Ana Néri, denominada Mãe dos
Brasileiros, pelo Exército, na Campanha do Paraguai." Em fevereiro de 1979, uma comissão foi
formada para exumar os restos mortais de Anna Nery, que foi alocado em uma urna de
jacarandá e prata, sendo encaminhada ao Pavilhão de Aulas de Escola de Enfermagem Anna
Nery, onde ficou em exposição, sendo depois encaminhada pela Aeronáutica Militar à cidade de
Cachoeira (Bahia), para ter seu devido eterno descanso.

HOMENAGENS

Depois de sua morte, ficou esquecida por quase 40 anos. Em 1919, houve um evento da Cruz
Vermelha em Paris em que ela foi reconhecida como enfermeira pioneira no Brasil e precursora
da entidade no nosso país. Isso dentro dos princípios da humanidade, imparcialidade,
neutralidade e do voluntarismo.
ANNA NERY
(1.923) - A primeira escola oficial de enfermagem de alto padrão no Brasil foi fundada por
Carlos Chagas em 1923, como Escola Oficial de enfermeiras do departamento nacional de saúde
publica.

(1.926) - Em 31 de março de 1926, pelo Decreto nº 17.268, o governo deu a denominação de


Escolas de enfermeiras Donna Anna Néry.

(1.938) Em 1938, Getúlio Vargas, assinou o Decreto n.º 2.956, que instituía o "Dia do
Enfermeiro", a ser celebrado a 12 de maio, devendo nesta data ser prestadas homenagens
especiais à memória de Anna Nery, em todos os hospitais e escolas de enfermagem do País.

(2009) Em 2009, por intermédio da Lei n.º 12.105, de 2 de dezembro de 2009, Anna Justina
Ferreira Nery foi a primeira mulher a entrar para o Livro dos Heróis e das Heroínas da Pátria,
depositado no Panteão da Liberdade e da Democracia, em Brasília - Distrito Federal.

FIM

Ê relevante a contribuição deAnna Nery à nossa profissão, considerando sua bondade, caridade,
altruísmo, desprendimento, dedicação, humanidade, amor ao próximo, dentre outros, porém
alguns aspectos analisados no decorrer deste estudo devem serconsiderados. Anna Nery
pertencia à classe média alia da sociedade. Era irmã, esposa e mãe de militares, alguns dos
quais engajados em profissões liberais como a medicina, que compunham os heterogéneos
setores médios brasileiros.

Quanto à solicita ção de Anna Nery para participar da guerra, por mais que evoque o
patriotismo, seu apelo é puramente afetivo e pessoal. Toma-se difícil acreditar que uma mulher
viuva, após vinte e um anos de dedicação solitária ao cuidado dos filhos, diante da ameaça de
perdê-los durante a guerra, tenha feito solicitação para acompanhá-los por razões patrióticas.
Anna Nery, ao oferecer seus serviços a hospitais do Rio Grande do Sul, não previa que as
circunstâncias levassem-na para além dos limites do solo brasileiro, porém, não se indispôs ou
rebelou-se com estas circunstâncias, prosseguiu e alcançou a glorificação.

Foi nomeada primeira enfermeira, mas não solicitou para receber esse título ou engajarse nessa
profissão

Quando da morte de seu filho , Anna Nery poderia tervollado e não o fez. Qual mãe não
voltaria? Anna Nery continuou lá, transformou sua casa em um hospital, adotou órfãs e
trouxeas consigo. O papel de mãe associa-se ao daquela que cuida, o de enfermeira. Dentre
tantas homenagens, curiosas são aquelas prestadas de imediato a sua chegada ao Rio de
Janeiro e a Salvador, como que seu bom desempenho na guerra tivesse alcançado também o
território brasileiro, onde era esperada com um pacote pronto de homenagens.

Por fim, Anna Nery também é frequentemente apontada como precursora na valorização do
trabalho das mulheres e como exemplo notável da capacidade feminina de promover mudanças
na sociedade.

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