Coletânea de Liderança Militar

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MINISTÉRIO DA DEFESA

EXÉRCITO BRASILEIRO
ESCOLA DE SARGENTOS DAS ARMAS
(ESCOLA SARGENTO MAX WOLF FILHO)

CURSO DE FORMAÇÃO DE SARGENTOS


PERÍODO BÁSICO

COLETÂNEA DE MANUAIS
DE
LIDERANÇA MILITAR

2016

Observações:
ÍNDICE DE ASSUNTOS

Pag

CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO A LIDERANÇA MILITAR

1. A IMPORTÂNCIA DA LIDERANÇA MILITAR PARA O EXERCÍCIO DA PROFISSÃO

MILITAR…..................................................................................................................................03

1.1 Considerações.......................................................................................................................03

1.2 Finalidade..............................................................................................................................04

1.3 Objetivos................................................................................................................................04

2. CONCEITOS BÁSICOS E ASPECTOS ESSENCIAIS DA LIDERANÇA.............................04

2.1 Generalidades.......................................................................................................................04

2.2 Conceitos Básicos.................................................................................................................04


.
2.3 Teorias da Liderança.............................................................................................................05

2.4 Formas de Exercício da Liderança........................................................................................08


.
2.5 Liderança...............................................................................................................................10

2.6 Aspectos Essenciais da Liderança........................................................................................12

3. PRINCÍPIOS E TIPOS DE LIDERANÇA................................................................................14

3.1 Princípios de Liderança Militar..............................................................................................14

3.2 Tipos de Liderança ou Estilos de Comando..........................................................................32

3.3 Liderança em Níveis de Comando........................................................................................34

4. A ÉTICA MILITAR E A LIDERANÇA.....................................................................................37

4.1. Ética e Moral.........................................................................................................................37

4.2 Crenças e Valores.................................................................................................................39

4.3 Normas..................................................................................................................................44

CAPÍTULO II - ATRIBUTOS DO LÍDER

1. O PERFIL DO LÍDER MILITAR..............................................................................................45

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1.1 Generalidades.......................................................................................................................45

1.2 Aspectos Básicos..................................................................................................................45

1.3 O Que o Líder Deve Ser - Caráter do Líder..........................................................................47

1.4 O Que o Líder Deve Saber - Abrangência do Conhecimento...............................................50

1.5 O Que o Líder Deve Fazer - Papel da Ação..........................................................................51

1.6. Resumo do que o Líder Deve Ser, Saber e Fazer...............................................................54

REFERÊNCIAS

- Manual de Campanha – C20-10. Liderança Militar. 2ª Ed. Brasília: 2011

- Manual de Ensino – EB60-ME-14.072. Liderança Militar. 1ª Ed. Brasília: 2013

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CAPÍTULO I
INTRODUÇÃO A LIDERANÇA MILITAR

1. A IMPORTÂNCIA DA LIDERANÇA MILITAR PARA O EXERCÍCIO DA


PROFISSÃO MILITAR
Manual de Campanha – C20-10. Liderança Militar. 2ª Ed. Brasília: 2011

1.1 Considerações
a. A acentuada evolução do conhecimento científico tecnológico, possibilitando
a produção de armas e equipamentos sofisticados, dispendiosos, de difícil manuseio e
manutenção, torna cada vez mais complexas as atividades militares, realçando a
importância do papel daquele que é o elemento primordial de qualquer exército, em
qualquer época: o ser humano.
b. Homens e mulheres, com suas virtudes e fraquezas, emoções, anseios e
frustrações, constituem o elemento propulsor da engrenagem que conduz os exércitos
à realização de seus objetivos. Por esses motivos, a liderança, cada vez mais, impõe-
se como fator de relevância para a realização dos seus objetivos.
c. A História Militar mostra que a liderança sempre foi o alicerce das tropas
coesas, motivadas e aguerridas. Mostra, também, as dificuldades encontradas pelos
comandantes na condução de seus soldados em combate. Nas situações de
normalidade, quando o grupo militar e as pessoas que o integram não estão sob
pressão, geralmente as ordens dos comandantes são cumpridas, sem vacilações. Já
nos momentos de crise e, sobretudo, nas ações em combate, havendo risco de vida e
penúrias de toda ordem, os indivíduos só obedecerão voluntariamente às ordens
recebidas afiançados por seus comandantes.
d. Portanto, quando a hierarquia e a disciplina estão inseridas em um quadro
no qual os comandantes estabeleceram sólidos laços de liderança com os
subordinados, mesmo havendo pressões, riscos e dificuldades extremas, a missão
será cumprida de forma adequada.
e. Por tudo isso, não se considera possível ter um exército pronto para cumprir
suas missões constitucionais sem comandantes, em todos os níveis, que possuam
desenvolvida capacidade de liderança.

1.2 Finalidade
Estabelecer os conceitos básicos e os fundamentos teóricos que sistematizem
a doutrina de liderança militar do Exército Brasileiro (EB), integrando-os à Doutrina
Militar Terrestre (DMT), sem, no entanto, definir parâmetros pétreos. Tal consideração
deve-se ao fato de que o fenômeno da liderança vem sendo intensamente estudado e
recebe aportes importantes de várias áreas do conhecimento, principalmente da
psicologia social e da organizacional.

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1.3 Objetivos
a. Proporcionar, a todos os militares do EB, uma base conceitual sobre as
fundamentações teóricas da liderança e, em particular, da liderança militar.
b. Estabelecer um embasamento teórico para o estudo e a discussão sobre o
fenômeno da liderança militar, permitindo a atualização doutrinária constante, em
concordância com os interesses do EB, conforme venham a surgir novas descobertas.
c. Apresentar conceitos que possam servir como ferramentas aos militares do
EB, no trato com seus subordinados, em questões relativas à liderança militar e ao auto
aperfeiçoamento, independentemente de grau hierárquico.

2. CONCEITOS BÁSICOS E ASPECTOS ESSENCIAIS DA LIDERANÇA


Manual de Campanha – C20-10. Liderança Militar. 2ª Ed. Brasília: 2011

2.1 Generalidades
a. O tema liderança integra uma área de pesquisa que tem despertado grande
interesse no mundo atual. Trata-se de assunto complexo, haja vista envolver variáveis
de igual complexidade dentro da psicologia social. Os meios acadêmicos, empresariais
e militares debruçam-se, cada vez mais, no estudo da fenomenologia da liderança.
b. Não existe ainda um consenso quanto à natureza do processo da liderança.
Trata-se de um fenômeno amplo que engloba diversas teorias que tentam explicá-lo.
c. Para iniciar o estudo de liderança militar, é preciso conhecer alguns aspectos
básicos sobre o assunto. Dessa forma, este capítulo abordará alguns conceitos que
possibilitam um melhor entendimento da liderança, bem como a aplicação dos
princípios que regem essa fenomenologia. Inicialmente, será estudado o conceito geral
de liderança como ele é visto nos diversos meios que não no ambiente militar e,
posteriormente, passar-se-á à abordagem militar do tema.

2.2 Conceitos Básicos


a. Segundo o Dicionário Aurélio da língua portuguesa, liderança é uma forma
de dominação baseada no prestígio pessoal, a qual é aceita pelos dirigidos; é a
capacidade de liderar, espírito de chefia; é a função de líder.
b. Por vezes, o termo liderança pode ser confundido com gerência. Entretanto,
estudiosos do assunto frisam que a liderança não é um sinônimo de gerência,
administração ou chefia.
c. Independentemente do conceito adotado, quatro fatores sempre estarão
presentes quando da manifestação desse fenômeno:
- uma situação;
- o líder;

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- os liderados; e
- a interação/comunicação entre líder e liderados.
1) A situação é criada pelo somatório de elementos de origens interna e
externa que venham a exercer influência sobre o grupo (líder e liderados), a sociedade
ou a instituição. Tais elementos surgirão de ações ou reações ocorridas nos diversos
campos do poder (político, econômico, psicossocial, militar e científico-tecnológico),
afetando a capacidade e a motivação do grupo para o cumprimento de suas tarefas.
2) O líder atua como um elemento que influencia o comportamento dos
liderados, independentemente de suas vontades.
3) Os liderados são o grupo sobre o qual o líder irá exercer a sua influência
e com o qual irá interagir. O conhecimento dos liderados, por parte do líder, é fator
primordial para o exercício da liderança e depende do entendimento claro da natureza
humana, de suas necessidades, emoções e motivações.
4) A interação é vital para que ocorra a liderança de um indivíduo em
relação a um grupo. É o processo pelo qual informações, ideias, pensamentos,
sentimentos e emoções tramitam entre os membros do grupo, permitindo a inter-
relação entre eles.

2.3 Teorias da Liderança


a. A partir do século XX, muitos sociólogos, psicólogos, filósofos, militares e
outros profissionais passaram a estudar com maior interesse o fenômeno da liderança.
Desses estudos, e a partir de várias teorias sobre o assunto, resultaram quatro
correntes de pensamento que se fizeram mais conhecidas: a corrente centrada na
figura do líder; a corrente centrada nos seguidores; a corrente centrada na situação; e a
corrente integradora.
b. Todas essas teorias concordam com a existência dos quatro fatores da
liderança vistos no parágrafo anterior, mas focam-nos de modo diferente. Concordam,
também, que o destaque alcançado pelo líder dentro do grupo lhe confere e assegura o
respeito e a credibilidade perante os liderados. Entretanto, tais teorias divergem quanto
às origens desse destaque.

2.3.1 Corrente Centrada na Figura do Líder


a. Essa corrente foca principalmente o que o líder é e o que ele faz.
Consideram os seguidores dessa linha de pensamento que a liderança é qualidade
intrínseca do líder, praticamente desprezando as influências do meio. Portanto,
interpretam o destaque do líder como resultante de suas qualidades ou de suas ações
frente aos demais integrantes do grupo.
b. A liderança seria uma característica ou uma qualidade dos mais bem
dotados, não podendo ser aprendida ou considerada fruto de ações daqueles que se
proponham a aprendê-la. Essa tese pode ser contestada observando-se exemplos de
deposição ou queda de popularidade de lideranças em face de situações variadas.

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c. Algumas teorias podem ser elencadas como seguidoras dessa corrente, a
saber:
1) Teoria Inatista (propriamente dita): defende que o líder é um indivíduo
predestinado ou abençoado pela ―Providência Divina‖ ou pelo destino para exercer a
liderança de grupos e povos.
2) Teoria do Grande Homem: é uma teoria muito influenciada por uma visão
messiânica e carismática da liderança. O líder é visto como um herói que surge em um
dado momento para definir ou transformar o curso dos acontecimentos.
3) Teoria de Traços: nessa visão, defende-se que a posse de certos traços
de caráter e de personalidade permite àqueles que os possuam o acesso ao poder ou
ainda determina a disposição do indivíduo para esse mister.
4) Teoria dos Tipos ou Estilos de Liderança: descreve o fato de que
diferentes estilos de liderança (autocrático, participativo e laissez-faire) suscitam
diferentes comportamentos dos subordinados e propõe, como mais importante, o estilo
participativo.

2.3.2 Corrente Centrada nos Seguidores


a. Essa corrente nega que o destaque do líder se deva às suas qualidades
superiores, e atesta que ele é produto do grupo. Com seus argumentos, procura
caracterizar o líder emergente, isto é, aquele que desponta devido ao meio social. O
profissional seria, então, levado àquela situação devido às contingências vividas pelo
grupo ou às suas crenças sobre como deve ser um líder e não em virtude de suas
competências superiores. A aceitação do líder emergente pelo grupo deve-se ao fato
de ele representar e sintetizar, em um determinado momento, o ideal dos integrantes
daquela coletividade.
b. Os adeptos dessa corrente não explicam com clareza por que motivo
apenas algumas pessoas adquirem prestígio e ascendem à liderança dos grupos,
enquanto outras, embora o desejem e se empenhem, não o conseguem.
c. Destaca-se, nessa corrente, a Teoria de Atribuição de Liderança, segundo
a qual a liderança é atribuída pelo grupo àquele que demonstrar maior capacidade de
solucionar eficazmente os problemas enfrentados por todos.
d. Já a Teoria Sócio-Histórica propõe o processo grupal como um processo
histórico de formação de vínculos e de mentalidades, no qual os indivíduos mais
experientes orientam os menos experientes nas lides próprias do grupo ou da
instituição. É dentre os diversos indivíduos experientes que emerge uma liderança ou,
por outro lado, é atribuída, pelo grupo, a liderança a um deles.
2.3.3 Corrente Centrada na Situação
a. Demonstrada a incapacidade das teorias das correntes anteriores para
explicar integralmente o fenômeno da liderança, pesquisadores passaram a analisar a
situação de liderança, isto é, a relação entre o líder e os liderados.
b. Essa corrente trouxe um grande avanço para o entendimento do fenômeno,
pois relativizou a situação do líder. A liderança passou a ser dependente da situação,

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o que levou à conclusão de que não basta ser um líder ou fazer algo para se tornar um
líder, independentemente do lugar ou do tempo.

2.3.4 Corrente Integradora


a. Essa corrente diferencia-se sutilmente das anteriores por não atribuir o
surgimento da liderança a qualquer fatalidade, seja oriunda de ocorrências fortuitas da
dinâmica grupal, seja por coincidências ligadas às características especiais do líder. Os
seus adeptos consideram que os quatro fatores principais da liderança formam
sistemas com múltiplas possibilidades de interação entre seus elementos constitutivos,
devido às características dos grupos, às modificações da situação e às variações na
interação entre o líder e os liderados.
b. A corrente integradora aceita aspectos das correntes anteriores, levando
em consideração tanto os fatores ligados à situação, quanto os componentes de
caráter pessoal do líder e dos liderados. Demonstra, também, que a liderança surge
por intermédio do tipo e da qualidade das relações funcionais que se estabelecem
dentro do grupo, e que as competências evidenciadas por um indivíduo não têm, por si
só, o poder de transformá-lo em líder.
c. Argumenta que o prestígio do líder é consequência de sua participação
ativa nos trabalhos ou nas postulações de determinado grupo social, aliada à
demonstração de sua capacidade profissional e de suas características pessoais.
Acreditam os defensores dessa corrente que, para liderar, o indivíduo precisa estar
integrado ao grupo, participando de seus ideais e da preservação dos seus valores,
bem como ciente da situação maior em que o grupo se insere.
d. Essa corrente aponta para a importância da relação entre os diversos
fatores que interferem na vida de um grupo e de como eles cooperam para o
estabelecimento e a boa manutenção da liderança de determinado indivíduo. Abarca,
também, outros estudos que assinalaram fatores externos ao grupo que podem
influenciar no estabelecimento da liderança, em conformidade com a teoria sistêmica.
e. Nessa corrente, destacam-se várias teorias que se firmaram ao longo do
século XX, principalmente nas três primeiras décadas que se seguiram ao término da
Segunda Guerra Mundial. Dentre essas teorias, a Teoria do Campo Social propugna a
liderança como fruto da interação de quatro fatores – situação, líder, liderados e
interação – e responde, de modo mais efetivo, ao pensamento militar brasileiro.
f. Essa teoria foi desenvolvida por Kurt Lewin (1890- 1947), psicólogo alemão,
que, buscando explicações sobre a motivação do comportamento, elaborou, na década
de 1930, a Teoria de Campo Psicológico, com base nos conhecimentos desenvolvidos
pela Psicologia da Gestalt.
Ele propôs que o comportamento humano é o resultado da totalidade dos
fatores coexistentes, sejam do indivíduo (história de vida, características pessoais,
expectativas e outros), sejam do ambiente, desde que internalizados pelo indivíduo.
Para Lewin, a inter-relação entre todos estes fatores conforma um campo dinâmico,
cujas partes são interdependentes e resultam em um comportamento expresso.
g. Transportando essa teoria para os estudos que realizava com grupos, ele
desenvolveu a Teoria do Campo Social, em que o grupo e o ambiente formam um
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mesmo todo, sendo explicada sua conduta ou seus resultados pela inter-relação
dinâmica entre suas partes, internas e do ambiente.
h. Para que um grupo atinja determinado objetivo é necessário, portanto, que
a resultante dessas forças, que partem do líder, dos liderados, da interação entre eles e
da situação, aponte para esta direção.
i. A corrente integradora procura articular as proposições das correntes norte-
americana e francesa, destacando a competência como a combinação de
conhecimentos, habilidades e atitudes expressos pelo desempenho profissional em
contextos organizacionais.

2.4 Formas de Exercício da Liderança


Pode-se afirmar que a liderança é exercida basicamente de duas formas: a
direta e a indireta.

Fig 1 – Formas de Liderança

2.4.1 Liderança Direta


a. A liderança direta, como o próprio nome indica, ocorre em situações nas
quais o líder influencia diretamente os liderados, falando a eles com frequência e
fornecendo exemplos pessoais daquilo que prega.
b. O líder, nesse caso, estará na linha de frente, interagindo frequentemente
com o grupo.

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c. Por intermédio da liderança direta, laços de confiança sólidos e duradouros
são estabelecidos com os indivíduos, uma vez que o líder pode satisfazer, em
melhores condições, às necessidades de interação com os seus liderados.
d. Na antiguidade, os comandantes de grandes exércitos criavam laços de
liderança com seus comandados, principalmente, por meio de exemplos de coragem,
demonstrados nas batalhas travadas contra inimigos ferozes. Nelas, eles participavam
dos combates correndo os mesmos perigos que os liderados. Esses homens, sem
dúvida, exerciam a liderança de forma direta, embora comandassem dezenas de
milhares de soldados.
e. Nos dias atuais, normalmente exercem a liderança direta aqueles
comandantes que têm oportunidade de interagir diariamente com os subordinados,
observando e sendo observados de perto.
f. Na liderança direta, o líder atua diretamente sobre o grupo quando da
execução daquilo que foi planejado nos níveis superiores. Por exemplo, o capitão,
comandante de uma companhia, conduz pessoalmente seus subordinados nos
exercícios de adestramento para o combate, executando as ordens do comandante do
batalhão.
g. Nesse nível, o líder estará sempre junto aos seus liderados, fornecendo
bons exemplos pessoais. Por essa proximidade, o líder deverá estar atento aos
detalhes, uma vez que as falhas ou erros, porventura cometidos, serão identificados
com facilidade pelo grupo (Fig 1).

2.4.2 Liderança Indireta


a. Na liderança indireta, o líder exerce a sua influência atuando por intermédio
de outros líderes a ele subordinados. Nesse caso, para que consiga influenciar os
liderados nos escalões subordinados, é fundamental que se estabeleça uma cadeia de
lideranças que atinja todos os indivíduos do grupo. Em outras palavras, é preciso que
os líderes nos níveis intermediários aceitem as ideias daquele que se encontra no topo
da pirâmide e as transmitam aos respectivos liderados como se fossem suas, evitando
quaisquer distorções de entendimento da mensagem.
b. Em grandes grupos humanos ou em organizações complexas, isso tenderá
a não acontecer e, por esse motivo, o líder de maior nível deverá empenhar-se para
exercer, também, a liderança direta, buscando contato mais aproximado com todos os
liderados, inclusive os dos escalões mais baixos.

c. Atualmente, os modernos meios de comunicação de massa possibilitam


aos líderes, em muitas situações, falar diretamente a todos os liderados e ser visto por
todos eles.
d. Aqueles que se enclausuram em seus gabinetes, que não dialogam com o
grupo, que não explicam as suas ideias e que não procuram convencer as pessoas
estarão em pouco tempo isolados e a confiança que possam ter obtido de seus
liderados tenderá a desaparecer.

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e. Não se pode esquecer que os comandantes que devem liderar nos níveis
mais elevados precisam exercer, também, a liderança direta em relação aos
colaboradores mais próximos. Esses indivíduos que observam o líder mais de perto
identificarão suas virtudes e fraquezas e as divulgarão para os mais afastados.
Ninguém poderá manter-se em uma redoma à prova de observação e, por isso, todos
aqueles que estiverem em função de chefia devem adotar procedimentos adequados,
que não solapem a credibilidade que precisam ter para liderar. Nesses níveis elevados,
o chefe deve também buscar oportunidades de, ainda que esporadicamente, exercer a
liderança direta sobre todos os subordinados. Nesse caso, ações como visitas,
inspeções e palestras, dentre outras, são formas de o líder de níveis mais elevados
buscar o contato direto com todos os seus subordinados ou, pelo menos, parte
significativa desses (Fig 1).

2.5 Liderança
a. Todas as Organizações Militares (OM) estruturam-se em uma hierarquia de
cargos, que define as relações de comando e de subordinação entre os seus
integrantes.
b. Há comandantes em diferentes escalões, os quais, por vezes, são
chamados de chefes ou diretores, de acordo com a denominação do cargo que
ocupam. Neste manual, ao se utilizar a expressão ―comandante‖, faz-se referência
também aos chefes e aos diretores militares, uma vez que todos exercem ação de
comando. A palavra comandante aplica-se desde os comandantes dos mais altos
escalões do Exército Brasileiro, até os comandantes de escalões mais elementares,
como as esquadras ou turmas.
c. A ação de comando pode ser exercida por oficiais e praças. Todo
comandante está investido de uma autoridade legal para exercer suas funções, isto é,
detém um poder que lhe foi delegado por intermédio de leis e regulamentos, ou por
força de uma situação.
d. Por outro lado, o comandante também desempenha funções de caráter
administrativo. É de sua responsabilidade a gestão de recursos humanos, de material,
de patrimônio, das finanças e ambiental em seu escalão. Em outras palavras, pode-se
dizer que todo comandante é, também, um administrador ou gestor.
e. Pode-se observar que as diferentes atribuições e prerrogativas do
comandante mencionadas até agora se situam em uma esfera formal. Ou seja, elas
derivam do próprio cargo ocupado pelo comandante ou da função específica,
independentemente das características das pessoas envolvidas na execução das
atividades, ou da missão atribuída ao grupo militar.
f. Entretanto, mais do que exercer autoridade sobre militares subordinados,
comandar implica lidar com pessoas. Cada militar possui traços de personalidades
distintos e complexos, possui motivações, necessidades, interesses e desejos, os quais
vão além de suas atribuições formais e interferem diretamente no modo como será
cumprida sua missão. Ao lidar com tais aspectos humanos, o comandante passa a
atuar também na esfera informal do relacionamento interpessoal.

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g. Como foi visto, o comandante possui uma autoridade legal, que implica no
fato de que seus subordinados têm a obrigação de cumprir suas ordens. Mas como
fazer com que as ordens sejam cumpridas da melhor forma possível? Como estimular
os subordinados a contribuírem espontaneamente para o bom andamento do serviço?
Como os fazer agir proativamente, buscando prevenir problemas, propor soluções e
sugerir inovações? Como estabelecer um bom ambiente de trabalho, em que a
cooperação e a camaradagem sejam a regra? Como influenciar a mudança de atitude
dos subordinados que apresentam dificuldades profissionais ou pessoais? Como os
conduzir ao combate em busca do cumprimento da missão, mesmo quando as
circunstâncias envolvem condições extremas e risco de perder a vida?
h. Questões como essas transcendem o mero exercício formal da autoridade
pelo comandante. Não se trata apenas do cumprimento exterior, mecânico, de ordens,
mas de um envolvimento pessoal, interior, nas tarefas realizadas. Pode-se chamar,
também, de comprometimento afetivo, pois engloba o campo dos valores, sentimentos
e emoções humanas.
i. Embora muitas vezes não seja percebido, esse campo está sempre presente
nas atividades militares. Cabe ao comandante procurar observá-lo, conhecê-lo e
considerá-lo em suas decisões.
j. Naturalmente, os subordinados possuem expectativas em relação ao seu
comandante. Esperam, por exemplo, que o chefe militar exerça com seriedade e
responsabilidade suas funções. Esperam que tenha conhecimento profissional
suficiente para dar direções seguras ao grupo que comanda, que atue com justiça e
transparência.
k. Tal postura requer interesse em conhecer as particularidades dos
subordinados, suas necessidades, dificuldades e aspirações. Significa levar em
consideração esses aspectos nas decisões de comando, tentando conciliar as
características dos subordinados às necessidades do serviço e objetivando cumprir a
missão da melhor maneira possível.
l. O comandante deve exigir de seus subordinados a máxima dedicação ao
serviço. Por outro lado, deve estar atento aos seus problemas e oferecer apoio nas
dificuldades.
m. Quando o comandante manifesta interesse genuíno por seus subordinados
e realmente se dedica a conduzi-los com profissionalismo e senso de justiça, começa a
se estabelecer um vínculo, que ultrapassa as relações formais. Ao longo do tempo, os
subordinados passam a considerá-lo não apenas pela autoridade formal de
comandante, mas desenvolvem respeito à sua pessoa. Pode-se dizer, então, que
começa a emergir a liderança.

2.5.1 Conceito de Liderança Militar


Por tudo o que foi exposto, percebe-se que a liderança militar não é algo que
surge de uma hora para a outra, mas é construída com o passar do tempo, é fruto do
relacionamento interpessoal estabelecido no cumprimento das missões militares.

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Sintetizando, é possível afirmar que:

2.6 Aspectos Essenciais da Liderança

2.6.1 Doutrina de Liderança


a. A Doutrina Militar Terrestre é o conjunto de conceitos básicos, princípios
gerais, processos e normas de comportamento que sistematizam e coordenam as
atividades de emprego do Exército.
b. Dentro deste contexto, situa-se a doutrina de liderança, cuja compreensão
depende do conhecimento e de nossa análise da instituição militar, abrangendo os
seguintes aspectos:
1) A hierarquia militar proporciona a estrutura para a liderança e estabelece
os diversos escalões da organização, dentro dos quais os elementos atuam e exercem
diferentes graus de liderança;
2) As doutrinas de liderança e de combate formam um todo integrado, cuja
essência é o poder de combate, onde a liderança está implícita em todos os elementos:
valor do comandante, capacidade e eficiência operacional e moral da tropa;
3) A doutrina de liderança é um aspecto primordial da instituição militar,
tendo por objetivo assegurar aos chefes militares a aquisição de habilidades,
conhecimentos, atribuições e comportamentos que os capacitem a tomar decisões
rápidas, acertadas e coerentes com os objetivos da instituição).

2.6.2 Aspectos Psicossociais


A liderança é um fenômeno extremamente amplo que abrange as relações
sociais e há muito vem desafiando historiadores, sociólogos e psicólogos, todos
empenhados em encontrar razões que, teoricamente, justifiquem o surgimento de um
líder. De seus estudos, pelo menos três teorias se fizeram conhecidas.

a. Teoria Inatista
Defende a tese do líder inato, na qual fatores relacionados com a
hereditariedade determinam a existência do líder. As influências do meio são
minimizadas e até desprezadas pelos inatistas.

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Para estes, a liderança é um atributo da personalidade, que torna o líder
reconhecido como tal em todas as situações. Isto, porém. Não acontece, pondo à
mostra a fragilidade dos argumentos em que se fundamenta esta teoria, que de resto,
também não explica a destituição de lideres, tão frequente, em face de situações
variadas.
b. Teoria Sociológica
Afirma que o líder é função do meio social, só alcançando prestígio e
aceitação por representar os ideais da coletividade naquela determinada situação,
caracterizando, deste modo, o líder emergente.
Esta teoria também não encontra meios de justificar porque somente a
determinadas pessoas, a sociedade confere delegação de autoridade, ou porque estas
pessoas adquirem prestígio.
c. Teoria do Campo Social
Estabelece que a liderança é uma relação funcional entre membros de um
grupo, r qual o líder adquire prestígio através de uma participação ativa e pela
demonstração de suas capacidades. Assim, a liderança só poderá ser exercida por
quem participe dos ideais da comunidade e neles esteja altamente integrado. Fica
evidente Que suas qualidades devem coincidir com as exigidas para o momento, pelo
campo social.
d. Conceito de Liderança Militar
Liderança militar é a capacidade de influenciar o comportamento humano e
conduzir pessoas ao cumprimento do dever. Está fundamentada no conhecimento da
natureza humana, compreendendo a análise, a previsão e o controle de suas reações.
A liderança militar não é privilégio de alguns poucos chefes, dotados de
qualidades inatas para influenciar o comportamento de outras pessoas. É natural que
tais qualidades concorram para a formação e o aperfeiçoamento do líder, mas sua
simples existência não determina o sucesso do seu desempenho.
A liderança militar é um construto classificável no domínio afetivo aos
objetivos educacionais, portanto, passível de ser desenvolvida pela via do processo
ensino aprendizagem, permitindo e tornando desejável que todo militar, independente
do escalão ou da natureza dos cargos de chefia para os quais esteja habilitado, seja
um líder em sua profissão.

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3. PRINCÍPIOS E TIPOS DE LIDERANÇA
Manual de Campanha – C20-10. Liderança Militar. 2ª Ed. Brasília: 2011
Manual de Ensino – EB60-ME-14.072. Liderança Militar. 1ª Ed. Brasília: 2013

3.1 Princípios de Liderança Militar


a. Generalidades
O objetivo deste subcapítulo é transmitir alguns conselhos práticos sobre o
comando e a liderança militar, o que será feito por intermédio de 12 princípios.
Estudar e entender o fenômeno da liderança é simples, quando esta tarefa é
comparada ao seu exercício. Sempre é mais fácil dizer ―o que fazer‖ do que ―como
fazer‖, sendo que o mais complicado é passar à realidade, ou seja, executar ―o que se
quer fazer‖.
No caso específico da liderança militar, o comandante, em qualquer nível
hierárquico, lidará com pessoas e com situações diferentes umas das outras, por isto, é
uma tarefa impossível estabelecer fórmulas ou regras que assegurem o sucesso. É
importante frisar que para liderar não basta querer, é preciso um pouco mais que o
simples exercício da vontade. Neste subcapítulo serão estudadas atitudes que abrem
caminho para que um comandante se torne o líder daqueles que comanda.
São ações aparentemente simples, mas que, aplicadas em conjunto, dão
bons resultados.
Contudo, elas exigirão persistência e bom senso por parte de quem as
praticar.
Serão chamadas de Princípios (Orientações) de Liderança Militar.

1) 1º Princípio: Conheça os indivíduos que estão sob suas ordens e tenha


interesse pelo seu crescimento profissional e bem estar.
Não é possível trabalhar entrosado com um grupo sem conhecer as pessoas
que o integram.
Se assim não for, será muito difícil colocar a pessoa certa no lugar certo, isto
é, fazer com que cada um exerça suas atividades na função mais adequada ao seu
perfil profissional.
É interessante observar que o conhecimento das habilidades e da
personalidade dos liderados (caráter e temperamento) permitirá a composição de
equipes homogêneas, cujos integrantes se complementem em suas capacidades.
Para melhor conhecer o seu pessoal, o comandante deverá fazer uma
entrevista com os subordinados, anotando dados simples, como os relacionados
abaixo, que muito auxiliam, principalmente quando se assume uma função ou se
recebe gente nova:
a) Nome completo, número da carteira de identidade e do CPF.
b) Data de nascimento.
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c) Endereço e telefone.
d) Função que exerce.
e) A quem avisar em caso de acidente ou outro problema.
f) Situação familiar: estado civil, nome e data de aniversário da esposa, nome
e idade dos filhos.
g)- Escolaridade e habilitações.
h) Metas e interesses.
i) Conceito sintético; atributos que demonstra ou não possuir; área na qual se
destaca.
j) Outras observações, como: estado de saúde, recompensas, punições,
pedidos de dispensa, atrasos e motivos.
Os comandantes de pequenas frações usarão o modelo de caderneta previsto
no Programa Padrão B-1, documento regulador do Sistema de Instrução do Exército
Brasileiro (SIMEB).
Mesmo considerando que os dados acima possam ser obtidos rapidamente
na seção de pessoal, o comandante pode e deve ter uma caderneta bem anotada, que
guardará consigo e à qual poderá consultar a qualquer momento. À medida que for
convivendo com seu pessoal acrescentará novas observações e impressões à sua
caderneta. Em pouco tempo, terá um bom perfil de todo o grupo com o qual trabalha.
A experiência mostra que, na maioria das vezes, quando se pede a um chefe
de grupo uma opinião sobre um de seus subordinados diretos, o conceito emitido não é
bem fundamentado e baseia-se em poucas observações ou impressões. Isto acontece
porque é difícil guardar de cabeça todos os dados e fatos ocorridos ao longo de alguns
meses.
O líder militar administra dois interesses antagônicos: o interesse do serviço e
o interesse dos subordinados. O interesse do serviço é balizado pela missão que
precisa ser cumprida.
O ideal seria que todos os militares se sentissem perfeitamente integrados ao
Exército; que estivessem satisfeitos com o seu trabalho; que vissem seus comandantes
como amigos em quem pudessem confiar; que identificasse no sucesso do Exército o
sucesso de seus próprios interesses; e que enxergassem no que fazem uma razão ou
utilidade social.
Para fazer isto acontecer, é preciso conhecer cada subordinado, colocá-lo em
função adequada à sua capacidade, interessar-se pelo seu bem estar e mostrar-lhe
que se o Exército estiver bem, ele estará igualmente bem.
Por isto, cada comandante deverá ter real interesse no crescimento
profissional de seus comandados, envidando esforços para que possam:
- ter meios adequados para se prepararem adequadamente e ficarem em
condições de cumprir as missões constitucionais atribuídas ao Exército,
- ampliar seus conhecimentos profissionais;
- perceber vencimentos justos e suficientes para manter suas famílias;
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- gozar de uma assistência social adequada; e
- ter razoável certeza que não haverá mudanças de regras ou imposições
regulamentares que os prejudiquem.
O que foi dito acima é importante porque, se um indivíduo está insatisfeito,
seu descontentamento será dirigido contra o comandante, que materializará a causa do
seu problema.
Por isto, nas situações de crise, é necessário explicar aos subordinados a
verdadeira situação da instituição, mostrando, de modo claro e convincente, os motivos
causadores dos transtornos que afetam o Exército e seus integrantes.
No combate, o comandante estará preocupado em atingir ou conquistar os
objetivos que lhe foram determinados, porém, a História mostra claramente que os
líderes militares mais bem aceitos pelos soldados e mais estimados eram aqueles que
não exigiam esforços inúteis e procuravam poupar suas tropas de baixas
desnecessárias.
O mais importante é que os subordinados acreditem que os comandantes, em
todos os níveis, estão a favor deles e não contra eles.
Quando isto ocorre, o conflito entre o interesse do serviço e o interesse dos
subordinados torna-se menor e, muitas vezes, deixa de existir.

2) 2º Princípio: Comunique-se com correção e eficiência.


Já foi explicado anteriormente que sem comunicação não pode haver
liderança e que o líder irá convencer os liderados a agirem de uma determinada
maneira por intermédio de palavras e bons exemplos. Em consequência, o comandante
tem que se comunicar de modo correto.
Na comunicação com os subordinados, em princípio, não se deve proferir
palavras de baixo calão, que vulgarizam a mensagem, diminuindo sua importância. Em
alguns raros momentos, se o líder julgar necessário, poderá proferir uma palavra de
baixo calão, mas entenda-se que esta será uma situação de exceção e não uma
atitude que se repetirá constantemente.
O comandante falará usando palavras que sejam conhecidas pelos
interlocutores. Se as pessoas com quem fala não o entenderem, não haverá
comunicação e a mensagem ficará perdida.
Deve-se falar de modo claro e sincero, transmitindo as ideias de maneira
simples e direta, sem abusar de neologismos que, via de regra, têm significado vago e,
tampouco, de termos estrangeiros peculiares a determinadas áreas do conhecimento.
O orador que fala difícil não deixará os ouvintes impressionados e sim desinteressados.
Na verdade, apenas dificultará o entendimento da mensagem proferida.
Mas a comunicação não se processa, apenas, por intermédio das palavras.
Ela deverá ser respaldada por bons exemplos, que mostrem claramente que o orador
pratica o que prega.

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Se assim não for, mesmo falando com desenvoltura, ele cairá em descrédito
e, ainda, será taxado de incoerente ou embusteiro pelas pessoas que o observam e
escutam.
Por outro lado, os bons exemplos de cooperação, de dedicação, de iniciativas
úteis, da defesa corajosa dos interesses do Exército e dos subordinados reforçarão a
credibilidade do comandante, pois todos ficarão seguros de que ele é alguém com
quem se pode contar e em quem se pode confiar.

3) 3º Princípio: Aja com decisão e firme autoridade, mas tenha paciência,


empatia e tato.
O líder militar, em muitas situações, terá que decidir e dar ordens. Entretanto,
só deverá tomar decisões e emitir as ordens correspondentes após estudar as
situações que se apresentarem. Reunirá todos os dados disponíveis e, se houver
tempo, consultará os especialistas no assunto em pauta; não deverá esquecer que,
mais adiante, poderá necessitar de argumentos convincentes para defender e justificar
seus pontos de vista e as decisões tomadas.
Não obstante, decidirá com rapidez, será firme e persistente em seus
propósitos e não se intimidará com críticas e opiniões contrárias às suas.
Entretanto, trabalhará com cuidado evitando as contraordens, causadas por
mudanças de ideias e trocas de objetivos. A contra-ordem sugere um planejamento mal
feito e afeta a credibilidade do líder militar.
O líder militar terá paciência na exposição de suas ideias. Se for preciso, será
insistente e repetirá seu ponto de vista, procurando apresentá-lo com novas cores e
exemplos.
Lembrar-se-á que as pessoas são diferentes umas das outras e que variam
principalmente na maneira ou nos canais pelos quais percebem o mundo à sua volta.
Num mesmo grupo existem os ―visuais‖, os ―auditivos‖ e os ―táteis‖, por isto, quando se
fala a um grupo de pessoas, nunca se consegue atingir igualmente todos os ouvintes,
por mais simples e claro que seja o discurso.
No trato com seu pessoal, o líder militar será decidido e usará de firme
autoridade, sem esquecer que é necessário temperar a firmeza com paciência, empatia
e tato. Não é preciso gritar ou ofender as pessoas, perdendo o equilíbrio emocional.
Procederá com sereno rigor.
O líder militar, também, não pode agir como um trator, demolindo toda
oposição à sua frente. Os que assim fazem, não convencem e não lideram, porque as
pessoas os temem e eles se tornam malquistos. É preciso ter tato, respeitar os chefes,
os companheiros de mesmo nível e, principalmente, os subordinados.
O sereno rigor é fundamental para negociar além dos muros da instituição. No
mundo globalizado, a liderança ganhou nova dimensão e tornou-se necessário procurar
estabelecer laços com atores externos, os quais devem ser convencidos e não
coagidos. Neste contexto, é fundamental contar-se com líderes pacientes, dotados de
elevado tato e desenvolvida empatia, que saibam dosar suas ações e argumentem com
as pessoas com firmeza, mas sem feri-las ou ofendê-las.

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4) 4º Princípio: Ensine o subordinado a confiar.
A confiança é o alicerce da credibilidade que o líder militar desfruta junto aos
liderados.
Mas esta confiança não surge do nada e não aparece de repente. A confiança
no líder vai surgindo aos poucos, à medida que os liderados nele identificam uma
pessoa digna de respeito.
Por isto, se o comandante quiser liderar não poderá dar maus exemplos,
mostrando que não possui as quatro parcelas da capacidade de liderança:
competência profissional, senso moral, atributos que favorecem à liderança e
disposição para liderar.
Os subordinados sempre observarão o comandante. Se eles o julgarem
respeitável confiarão nele e o aceitarão como líder, acolhendo suas idéias e imitando
seus exemplos.
Mas não é apenas no líder que os liderados devem confiar. Precisam confiar
no grupo ao qual pertencem, nos equipamentos e processos com os quais trabalham e,
sobretudo, em si próprios.
A confiança no grupo só acontece quando o líder obtém a coesão do grupo,
que poderia ser resumida no lema: ―Um por todos e todos por um!‖. Se o indivíduo tem
certeza que pode contar com seu comandante e com seus camaradas na hora da
dificuldade, ele passa a confiar no grupo.
O líder militar deve, constantemente, falar sobre isto aos liderados,
explicando-lhes a necessidade do apoio mútuo e da cooperação espontânea, para que
nasça a coesão. Mais ainda, na primeira oportunidade, ele deverá ser o principal a
prestar apoio ao necessitado.
É preciso, ainda, controlar as inevitáveis disputas entre os liderados,
mantendo-as dentro de limites civilizados, impedindo que se agravem e prejudiquem a
coesão e, consequentemente, o cumprimento da missão. Tudo isto será feito para
obter um ambiente de trabalho favorável e motivador.
Enquanto isso, a confiança nos equipamentos está atrelada à segurança dos
trabalhos realizados. Por isso, o líder militar verificará os perigos e problemas que
poderão ocorrer durante os treinamentos para o combate, com o objetivo de evitar os
acidentes previsíveis.
A velocidade máxima de veículos, o uso de equipamentos de segurança e
proteção, os procedimentos padronizados para a operação de armamentos e
máquinas, os procedimentos de emergência, eis alguns aspectos que devem ser
levantados nas ―normas de segurança‖ de uma organização militar.
Quando ocorre um acidente há três prejuízos bem visíveis: o primeiro diz
respeito à perda de vidas, ou aos ferimentos e lesões causados aos envolvidos; o
segundo diz respeito à queda da credibilidade do líder, uma vez que fica evidenciada a
sua incúria e a pouca importância que dá à integridade física dos liderados; o terceiro
traduz-se nos danos às instalações e ao material.

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Para evitar tais transtornos, o comandante deve implementar um ―programa
de eliminação de acidentes‖, o qual incluirá os seguintes planos: de manutenção
preventiva do armamento, viaturas, aeronaves e outros equipamentos e instalações; de
procedimentos em emergências; e de fiscalização das ações individuais. Tudo isto
estará contido nas Normas Gerais de Ação (NGA) da organização militar.
Finalmente, é necessário que os subordinados confiem em si próprios. Isto
ocorrerá à medida que as pessoas forem se tornando capazes de executar, com
eficiência, suas tarefas específicas e possam, também, ser empregadas em outras
funções, em caso de necessidade.
Para que tal coisa aconteça, será preciso que o comandante esteja sempre
atento e presente, orientando os menos competentes e acionando os pouco dedicados.
Estas ações devem ser executadas com sereno rigor, sem menosprezar os indivíduos.
O objetivo é fazer com que cada um adquira confiança em seu desempenho, orgulhe-
se disto e trabalhe melhor.
Não se chega a bons resultados usando ameaças, ironias e xingamentos.
Um grupo integrado por indivíduos confiantes sempre trabalha melhor e
obtém resultados mais favoráveis que um outro formado por indecisos, medrosos e
preguiçosos.

5) 5º Princípio: Treine seu bom senso e mantenha o equilíbrio emocional.


O bom senso está diretamente ligado à capacidade de decisão do líder. Não é
suficiente decidir. É preciso escolher uma linha de ação que conduza a bons
resultados.
Para decidir com bom senso não se pode agir intempestivamente, é preciso
pensar no assunto por algum tempo, que variará segundo a gravidade do problema.
Caso não se tenha todos os elementos para decidir, é necessário reuni-los.
A decisão equivocada, tomada sem informações suficientes, ou quando não
foi realizado um estudo de situação adequado, mina a credibilidade do líder militar, pois
muitos criticarão sua falta de bom senso.
Se o comandante almeja ser um líder, deverá treinar o bom senso, que
caracteriza o indivíduo que decide de maneira correta em cada situação.
O único modo que existe para atingir tal patamar é aprender a estudar as
situações simples e complexas que se apresentam, na paz e na guerra, de um modo
lógico.
Jamais se pode decidir sem analisar a questão, levantando o seu ponto focal
e algumas linhas de ação que possam resolvê-la. Em seguida, é preciso identificar as
vantagens e desvantagens de cada uma delas, visualizando as repercussões ou
consequências para a instituição e para o pessoal. Só então se decidirá.
Aquele que se habitua a decidir empregando um método de ―estudo de
situação‖, após praticá-lo algumas vezes, acaba incorporando-o à sua maneira de
raciocinar e adquire a capacidade de decidir com rapidez e acerto.

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No desenvolvimento do bom senso, é útil, também, ouvir pessoas mais velhas
e experientes, principalmente aquelas que já tenham visto casos semelhantes.
Em muitos casos, o bom senso fica entrelaçado com o equilíbrio emocional. O
indivíduo que se descontrola geralmente não age com bom senso e toma atitudes
prejudiciais, ao grupo e a si próprio. Por isto, os comandantes, em todos os níveis da
hierarquia, devem aprender a controlar-se, senão, fatalmente, ―perderão a cabeça‖ nos
momentos de dificuldade ou crise.
No relacionamento com outras pessoas é muito importante manter uma
atitude de equilíbrio e calma. Este estado emocional desarma as intenções agressivas
dos interlocutores e facilita o diálogo equilibrado.
Durante reuniões, que tenham por objetivo a discussão de problemas, o
comandante não deve se exaltar, mas expor seus argumentos com calma e lógica. Se
for o mais antigo do grupo, deverá incentivar os mais modernos a opinarem sobre o
assunto tratado, apenas exigindo que o façam de forma disciplinada. Assim fazendo,
haverá maior possibilidade de convencer as pessoas e todos os participantes da
reunião estarão desenvolvendo o equilíbrio emocional.

6) 6º Princípio: Elogie o trabalho bem feito, assim como o esforço sincero


realizado para cumprir a missão, mesmo que não se tenha alcançado o objetivo
pretendido.
Existem alguns indivíduos que só enxergam erros e jamais reconhecem os
acertos dos outros. Estão sempre à procura de pontos falhos e gostam de corrigir os
enganos que descobrem nos trabalhos alheios. Poderiam ser chamados de ―críticos de
obras prontas‖.
Quando tais indivíduos estão comandando, eles têm dificuldade para separar
o joio do trigo e costumam exercer pressão constante sobre todos os seus
subordinados, de bom e de mau desempenho, imaginando que, agindo desta forma,
conseguirão fazê-los trabalhar mais e obter melhores resultados. Enganam-se
redondamente, pois, fazendo deste modo, só irão obter enorme reação às suas
pessoas e criar um insuportável ambiente de trabalho.
Se o comandante quiser liderar, terá que ser justo e reconhecer o trabalho
bem feito.
Um elogio oportuno reforça a atitude correta e o elogiado tenderá a esforçar-
se para manter o bom padrão alcançado. Todos necessitam de estímulos, que
aumentem seu amor próprio e sua autoconfiança.
Se, por acaso, um grupo tiver feito um grande esforço para cumprir uma
missão difícil, concluindo os trabalhos com êxito, o líder deverá elogiar a todos,
destacando a importância da cooperação e da coesão. Cada vitória alcançada
aumentará e consolidará o espírito de corpo dos vencedores.
Contudo, poderá ocorrer que, apesar do esforço da equipe, o objetivo não
seja conquistado e o moral caia, quase a zero. Neste caso, o comandante não deverá
procurar os culpados pelo insucesso. Reunirá o grupo e, antes de tudo, ressaltará o

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valor e a importância do trabalho e do esforço realizados. Em seguida, discutirá o que
precisa ser mudado nos processos empregados, para chegar ao bom resultado. O líder
fará uma análise pós-ação (APA); deverá escutar a todos e tomará uma decisão rápida
sobre os novos rumos a seguir.
Não dará tempo aos indivíduos para ruminarem o insucesso; atuará com
presteza e fará com que os subordinados reajam ao desânimo.

7) 7º Princípio: Apoie e estimule a iniciativa de seus comandados e


incentive-os para que apresentem soluções para os problemas do grupo.
Quando um grupo está executando um trabalho, com o objetivo de produzir
algum bem ou serviço, mas seus integrantes não têm iniciativa e só se movimentam
após receberem ordens, alguma coisa está errada. Tal situação gera várias
consequências danosas: prazos não são cumpridos, cai a qualidade do trabalho,
materiais de emprego militar são danificados, acidentes ocorrem com frequência e
problemas de todo tipo acontecem, aparentemente sem motivo.
Mas o que provoca a falta de iniciativa?
Num grupo composto por muitos indivíduos, é possível observar graus
variados deste atributo. Mas se todas as pessoas demonstram, ao mesmo tempo,
carência de iniciativa, isto pode estar sendo causado por alguma ação equivocada dos
comandantes nos diversos escalões da hierarquia.
Há comandantes que temem as iniciativas dos que estão em funções
subalternas e por isto as inibem. Pensam que a iniciativa do subordinado poderá
eclipsar suas ações. Geralmente, os que assim agem são pessoas inseguras e têm,
elas próprias, pouca iniciativa.
Outros não estimulam tal atributo em seus subordinados, porque temem as
iniciativas equivocadas, que possam comprometer o andamento dos trabalhos.
As duas atitudes estão equivocadas.
Estudos realizados sobre a aufstragtaktik (técnica de incentivo à iniciativa do
subordinado, praticada no Exército Alemão desde o tempo de Frederico o Grande)
revelaram que o exercício deste atributo sempre foi muito estimulado em todos os
escalões, porque os oficiais alemães perceberam que a resultante das iniciativas é
sempre positiva, mesmo havendo entre elas algumas ações que estejam na direção
errada.
Graças ao permanente incentivo a esta qualidade, durante a Segunda Grande
Guerra, os oficiais e sargentos alemães demonstraram em diversas campanhas, nas
quais lutaram em situações muito desvantajosas, a incrível capacidade de, através da
iniciativa dos líderes militares nos grandes e pequenos escalões, combater e vencer
forças mais numerosas e bem armadas. Foi o que ocorreu, por exemplo, na batalha de
Creta, no Norte da África e na campanha da Rússia.
Ora, se na guerra, em situações geralmente caóticas e imprevisíveis, pode-se
e deve-se incentivar a iniciativa dos subordinados, por que não fazê-lo nas situações
de normalidade?

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Alguém poderia argumentar que o exército alemão é um exemplo ruim, pois
perdeu duas guerras no século passado. É verdade, mas, por outro lado, suas
campanhas são estudadas, até hoje, por todos os seus antigos inimigos e por um
considerável número de historiadores e pesquisadores interessados nos negócios da
guerra. Todos eles constatam, em suas análises, a superior capacidade de iniciativa
dos generais, oficiais e sargentos germânicos.
Esta capacidade permitiu aos alemães resistirem e, muitas vezes derrotarem,
forças superiores às suas, a despeito das inúmeras decisões políticas e estratégicas,
completamente equivocadas de Adolf Hitler, que decidiu assumir, pessoalmente, o
controle do Estado e o comando das Forças Armadas, sem estar habilitado para isto.
Entretanto, sempre é útil mostrar aos liderados onde estão situados os limites
da iniciativa, para que não fiquem em dúvida na hora de decidir o que fazer.
As decisões do comandante, bem como as normas da instituição e outras
barreiras legais porventura existentes, devem ser do conhecimento de todo o grupo e
respeitadas pelos seus integrantes. Aí estão os limites da iniciativa, que só deverão ser
ultrapassados em situações de emergência, ou quando os planos estabelecidos
tenham sido superados por uma nova e imprevista situação. Não obstante, deve-se
evitar, ao máximo, sancionar as iniciativas equivocadas.
Caudatário do incentivo à iniciativa, é o incentivo aos subordinados, sugerindo
que participem e apresentem soluções para os problemas dentro de sua capacidade e
no seu nível hierárquico. Os indivíduos assim estimulados serão levados a envolver-se
e a interessar-se muito mais pelo trabalho realizado.
Concluindo, se o comandante estiver liderando, não precisará temer a
iniciativa dos subordinados.

8) 8º Princípio: Converse com seu pessoal, mantenha todos bem


informados e tenha sempre uma palavra positiva para animar seus comandados.
O comandante deve manter contato permanente com seu pessoal e mesmo
aquele que estiver em um nível de liderança mais elevado deve, sempre que for
possível, falar diretamente aos subordinados. Quem se isola, caminha na contramão da
liderança, pois não se comunica de forma eficaz.
O líder militar nos níveis organizacional e estratégico não deve atuar, apenas,
por intermédio dos comandantes intermediários. Este procedimento é perigoso, porque,
em muitas ocasiões, eles filtram os problemas, não permitindo que cheguem ao topo
da pirâmide.
Se as questões forem resolvidas pelos escalões intermediários e suas causas
corrigidas, o mal será menor. Contudo, se forem apenas camufladas, ressurgirão em
dobro mais adiante, como bombas-relógios dificílimas de serem desarmadas.
Por isto, o líder militar, em qualquer nível, não pode se isolar e precisa ser
acessível aos seus comandados, procurando oportunidades para conversar com eles.
Sem promiscuidade, frequentará os outros círculos e manterá uma política de ―portas
abertas‖ aos subordinados, permitindo que eles o procurem. Este passo é importante
para estabelecer canais de comunicação com aqueles que se pretende liderar.

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É importante cultivar o hábito de falar aos comandados, esclarecendo como
está a situação da instituição e da organização militar.
É preciso, também, interpretar de modo correto as notícias que a mídia
transmite sobre a política e a economia do país e do mundo, explicando o significado
delas e os reflexos que terão na vida dos comandados. Em muitas situações, deve-se
fazer um trabalho de contra- inteligência para anular notícias equivocadas, ou falsas,
considerando que oficial e o sargento não podem, por exemplo, tomar conhecimento de
mentiras que afetam o Exército e a eles próprios vendo o jornal da noite, sem haver um
rápido esclarecimento feito pelo seu comandante imediato. Se isto não ocorrer, toda a
hierarquia ficará em cheque e perderá credibilidade. Nestas ocasiões surgirão
indesejáveis lideranças emergentes ou se estabelecerão hierarquias paralelas,
estranhas à força terrestre, que faturarão altos dividendos, obtidos com o
descontentamento que surgirá.
O líder militar não é o ―mensageiro do desespero‖ nem o transmissor do ―vírus
do desânimo‖.
Ao contrário, agindo com otimismo deve ser o ―portador da esperança‖,
apontando caminhos para a resolução dos conflitos e das crises.
É um bom hábito do líder militar, logo pela manhã, reunir os chefes
subordinados e aqueles que trabalham diretamente sob suas ordens e fazer com eles
um curto briefing, para emitir pequenas diretrizes e avisos, além de permitir que essas
pessoas expressem suas ideias, desde que seja sobre algum assunto de interesse
geral. Problemas particulares serão tratados em outro momento. Esta reunião não se
estenderá além de 15 minutos e será realizada em pé, próxima ao local de trabalho.
Em vez do briefing matinal, é possível fazer uma, também curta, ―reunião do
por do sol‖, enfocando assuntos a serem resolvidos no dia seguinte e comentários
sobre o dia que passou.
Hoje em dia, muitas organizações militares estão digitalizadas e possuem
redes de computadores que agilizam a comunicação e a troca de informações e
ordens. Contudo, já se sabe que a comunicação digital não favorece a liderança e não
substitui os encontros pessoais, onde o líder militar pode reforçar suas mensagens,
transmitindo sentimentos e emoções naquilo que fala. Portanto, pode-se usar a
moderna tecnologia que estiver disponível, mas não se pode dispensar o contato
pessoal. Quem dá a solução aos problemas não é a máquina, mas o homem. A
informática é um utilíssimo instrumento de trabalho e nada mais que isso.
Não se pode liderar à distância, é preciso manter contato aproximado com os
liderados e se comunicar com eles de maneira eficaz.

9) 9º Princípio: Em todas as situações, procure controlar o medo e


demonstrar coragem.
Já houve tempo em que a coragem era demonstrada pelo líder militar quando
ele se lançava contra um inimigo feroz, à frente de seus seguidores, armado de lança e
espada. Era a época dos líderes guerreiros, que praticavam a liderança heróica, modo
de agir que foi sendo modificado à medida que os combates corpo a corpo perderam o

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sentido, pelo menos para os comandantes de maior nível, diante da invenção e
aperfeiçoamento das armas de fogo de todos os tipos e calibres. Mesmo assim,
ninguém põe em dúvida que, até hoje, o líder militar deve ser corajoso, pois enfrentar o
perigo e a morte faz parte de suas atribuições.
Mas este atributo não se manifesta apenas como ―coragem física‖, que se
confunde com a intrepidez, a audácia e o destemor, mas também como ―coragem
moral‖, que está vinculada à capacidade de decidir em situações de risco e de perigo,
onde o líder militar coloca-se, a priori, como o responsável pelo sucesso ou insucesso
que advirá da decisão tomada.
Este segundo tipo de coragem moral é necessário aos comandantes que
deverão decidir, tomar a iniciativa e dar ordens com poucas informações sobre a
situação do inimigo.
A coragem moral manifesta-se, ainda, quando o líder dispõe-se a lutar contra
as injustiças, defendendo o que é certo, arriscando-se a desagradar pessoas
importantes que possam vir a prejudicá-lo de imediato ou no futuro. A coragem moral
significa também: assumir riscos que outros não assumiriam; admitir perante os
subordinados que se cometeu um erro; e enfrentar e corrigir um ou mais comandados
problemáticos.
Portanto, a coragem é um atributo importante que deve ser demonstrado,
para inspirar os seguidores. Se um comandante não for corajoso, seus subordinados
não o seguirão no combate ou na execução de tarefas difíceis.
O líder militar prepara-se para o combate planejando e treinando com
realismo e descobrindo quem poderá exercer cada função na unidade, subunidade ou
fração que comanda.
Coragem não é sinônimo de temeridade. O temerário, na guerra e na paz,
normalmente tem vida curta.
De um modo geral, as pessoas não gostam de correr riscos. Muitos montam
grandes e brilhantes planos, mas não têm coragem para executá-los. Os mais
corajosos, geralmente, serão os vencedores, porque são capazes de correr riscos.
Mais uma vez, é preciso lembrar que as pessoas não seguem os galões e os
títulos.
Elas seguem a coragem.

10) 10º Princípio: Seja um permanente bom exemplo para os subordinados.


Aja com responsabilidade, com honestidade e fale sempre a verdade, mesmo que
ela não lhe seja favorável. Evite cometer falhas que comprometam sua
credibilidade.
Se alguém deseja liderar, é fundamental que se comunique com as pessoas,
utilizando de persuasão, que deverá estar coerentemente respaldada por bons
exemplos daquilo que prega. Explicando de outra maneira, de nada adiantarão
belíssimos discursos, se as atitudes do orador não forem coerentes com o que ele fala.
Por este motivo, o líder militar não pode dar maus exemplos aos seus liderados. Se
assim o fizer, rapidamente perderá a confiança do grupo e a credibilidade.
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Os subordinados são juízes exigentes e é extremamente difícil enganá-los por
muito tempo. O líder militar, diante dos liderados, assemelha-se a um dançarino
exibindo-se em um palco. Todos os olhos estarão fixos nele e o menor erro cometido
será notado e severamente criticado.
Duas falhas graves deverão ser evitadas a todo custo: a falta de
responsabilidade e a desonestidade.
Muitas vezes, as pessoas vacilam na hora de assumir a responsabilidade
pelos seus atos e omissões. A tendência é transferir a culpa para terceiros e justificar
as próprias falhas com evasivas e racionalização de motivos. Quem assim procede não
lidera.
O comandante é o principal responsável por tudo o que acontece, ou deixa de
acontecer com a tropa que comanda. Desculpas rotas só aprofundam o grau de
irresponsabilidade de um comandante omisso.
Existem, também, os que põem a culpa nos subordinados, quando as
decisões equivocadas que tomam resultam em fracassos. Para tentar salvar a
reputação, apontam como bodes expiatórios os auxiliares que executaram os trabalhos
por eles ordenados. Antes de serem sancionados pelos escalões superiores, sacrificam
alguns subordinados, apontando-os como responsáveis pelos erros cometidos.
O comandante que deseja liderar não pode proceder desta maneira, pois este
é o caminho mais curto para desfazer os laços de liderança porventura estabelecidos
com os subordinados.
A segunda falha grave que se destaca é a desonestidade, onde estão
inseridos os roubos, as fraudes e as mentiras.
Às vezes parece, pelas notícias diárias veiculadas na mídia, que vivemos em
um mundo onde a maioria absoluta das pessoas é desonesta e são mostradas
suspeitas e acusações que atingem os grandes e os pequenos. Chegasse a pensar
que a desonestidade é geral e que é bem aceita pelo povo.
Num verdadeiro paradoxo, todo aquele que pratica um ato desonesto procura
escondê-lo, pois teme não só as penas legais, mas também o julgamento da
sociedade, porque sabe que a desonestidade, mais cedo, ou mais tarde, acabará
sempre vindo à tona. Na verdade, todos têm plena consciência que não se pode confiar
no desonesto.
Portanto, os comandantes em todos os níveis têm que ser e parecer honestos
para que possam liderar homens de bem.
A mentira nada mais é que uma desonestidade, mas é útil comentá-la
separadamente, devido às suas peculiaridades.
Nas Forças Armadas a mentira é, por lei, considerada uma ―transgressão
disciplinar‖, que deve ser corrigida e, se necessário, rigorosamente punida.
É possível identificar dois tipos de mentira pelas consequências que produz: a
mentira que prejudica a terceiros e a que prejudica apenas ao mentiroso.
A primeira é mais grave e abrange fatos gravíssimos como o falso
testemunho, por exemplo.

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A segunda pode ser considerada menos grave sob o ponto de vista social,
contudo é extremamente nociva para o autor que acabará se habituando a ela e irá
incorporar a tendência à mentira como uma falha de caráter.
Sob o ponto de vista da liderança militar, é visível que um oficial ou sargento
que seja apanhado mentindo, terá a sua credibilidade fortemente abalada, podendo até
perdê-la totalmente, dependendo da gravidade da mentira.
Por isto, o líder militar falará sempre a verdade, mesmo que num primeiro
momento isto possa prejudicá-lo.
Fique bem claro que um comandante poderá cometer erros, mas não poderá
ser identificado como um mentiroso pelos seus comandados. Nesta condição não
conseguirá liderá-los.

11) 11º Princípio: Tenha um projeto para a organização militar ou o setor


que está a seu comando, mas saiba explicá-lo aos seus subordinados de maneira
correta, quando for implementá-lo.
Os líderes militares são pessoas de ação, daquelas que não se conformam
com o erro, que procuram criar coisas novas e melhores, que ajudam os companheiros
e subordinados a se aperfeiçoarem e que labutam continuamente pelo bem comum.
O líder militar sempre tem um projeto para o grupo que lidera.
O que vem a ser um ―projeto para o grupo‖? Um projeto pode ser resumido na
determinação de um objetivo a ser alcançado, na exposição da finalidade do projeto, na
justificativa para fazer mudanças e nas diversas ações que deverão ser desenvolvidas
para alcançar o objetivo pretendido. Vê-se que algumas perguntas deverão ser
respondidas:
- O que?
- Para que?
- Por que? e
- Como?
É comum ouvir-se pessoas dizendo que ―em time que está ganhando não se
mexe‖, o que poderia induzir à inação e à imobilidade, criando resistências poderosas,
mesmo às pequenas mudanças.
Mas a experiência mostra que, até nas instituições e empresas de sucesso,
sempre há aspectos a serem aprimorados ou modificados, pois as situações mudam
com o passar do tempo. Há instituições e empresas que alcançam sucesso duradouro,
justamente porque não se acomodam sobre os louros da vitória.
Entretanto, observa-se que as pessoas habituam-se às rotinas e, quase
sempre, reagem a qualquer tipo de modificação que se queira fazer, seja devido ao
receio do desconhecido, seja por puro comodismo.
Por isto, o líder militar deve ser bastante cuidadoso quando for explicar o seu
projeto, agindo com extrema cautela, principalmente se ―o time estiver ganhando‖. Ele

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reunirá todos aqueles que serão afetados pelas mudanças para apresentar as novas
ideias, sem deixar ninguém de fora.
Primeiramente, descreverá o objetivo social do projeto, ou seja, o quanto ele
será benéfico para os integrantes do grupo e até para pessoas de outros setores.
Em segundo lugar, relatará que o projeto será útil para o aprimoramento da
instituição e garantirá o bom desempenho nas crises que possam surgir. Se a
instituição já estiver em dificuldades, mostrará que o projeto conduz a uma boa saída
para a crise já instalada.
Durante a apresentação, é preciso abrir um debate e permitir o
questionamento dos subordinados, deixando que participem do processo e colaborem
com novas ideias. É necessário estar bem preparado para justificar as mudanças e ter
respostas fundamentadas para as dúvidas e perguntas que possam surgir.
O projeto não pode ter como objetivo beneficiar ou promover o líder, embora
isto possa acontecer de forma subjacente. Mas se os liderados sentirem que este é o
fim principal dos trabalhos propostos irão tornar-se ferrenhos antagonistas das
mudanças e não bons colaboradores, como se deseja.
Em grupos pequenos, o líder militar proporá um projeto simples, com
objetivos facilmente visíveis e atingíveis. O sargento chefe da oficina mecânica de um
batalhão, por exemplo, falaria o seguinte ao seu pessoal: ―Vamos tornar a nossa oficina
um local de trabalho agradável [objetivo a ser atingido, onde todos nós nos sintamos
bem‖! [finalidade]
Quando isto acontecer, não terminaremos o dia exausto, como hoje acontece
[justificativa para a mudança]. Para lá chegarmos, vamos limpar a sujeira e dar uma
caiação nas paredes.
Depois, vamos forrá-las com um material absorvente, para diminuir o nível de
ruídos. ―Vamos conseguir, também, algumas cadeiras, baratas, mas confortáveis, para
termos um local onde descansar, durante o intervalo do almoço‖ [ações a realizar].
Na verdade, uma ação como esta, de pequena envergadura e aparentemente
tola, poderá influenciar no desempenho dos cabos e soldados. Certamente, eles
sentirão que o sargento está interessado em seu bem estar e ficarão mais satisfeitos e
orgulhosos com o seu novo ambiente de trabalho. Entretanto, para realizar mudanças é
importante lembrar-se do seguinte:
a) Sempre haverá pessoas que reagirão às mudanças, porque elas trazem
insegurança e ninguém gosta disso.
b) As pessoas que mais reagirão serão aquelas que têm vulnerabilidades
(rabos de palha ou falhas graves) e que temem ser expostas.
c) É preciso saber fazer a comunicação da mudança e conduzir o processo
com cuidado e competência, procurando convencer as pessoas. A mudança precisa ter
uma finalidade útil e visível; será benéfico que tenha um fim social, beneficiando, de
alguma forma, aos subordinados. A mudança só não pode ter como única finalidade
beneficiar quem a faz.

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d) Estando certo da necessidade da mudança, o líder militar deverá
empregar, inicialmente, os favoráveis a ela, porque os que reagem certamente
sabotarão os trabalhos.
e) Quando a mudança estiver dando certo, haverá indivíduos que eram contra
o projeto e que mudarão de ideia. Incorpore-os aos trabalhos, sem comentários e sem
humilhações.

12) 12º Princípio: O líder militar deve empenhar-se em identificar e formar


outros líderes, com os quais constituirá um grupo coeso, capaz de cumprir
missões complexas com eficiência.
Nas guerras que ocorreram através dos tempos, foi identificada a
necessidade de dividir os exércitos em frações menores, especializadas, que cumpriam
tarefas específicas durante as batalhas. Assim surgiram tropas de infantaria, cavalaria,
arqueiros, sapadores e tantas outras. Cada uma delas tinha subdivisões e exigia um
treinamento diferenciado para ficar em condições de combater.
Mas a grande pergunta sempre foi a seguinte: Quem comandará cada uma
destas frações?
Os exércitos atuais têm suas tropas organizadas em vários níveis
hierárquicos e os comandantes geralmente não são selecionados pelo mérito obtido
em combate, mas pelas qualificações adquiridas nas escolas de formação, para
exercer determinada função.
No Exército Brasileiro, estão em curso nas escolas de formação programas
para desenvolver a capacidade de liderança dos discentes, de modo que eles possam
liderar os grupos militares que forem comandar no futuro. Mas isto não é suficiente. É
preciso que os comandantes das diversas organizações militares atuem de forma
eficiente, não só para se tornarem os líderes de seus subordinados, mas, também,
para que todos aqueles que exercem funções de comando, em níveis hierárquicos
abaixo do seu, liderem seus comandados e participem, no seu nível, da cadeia de
liderança que deve se sobrepor à cadeia de comando.
Seria possível identificar esses líderes no tempo de paz? Quais seriam os
indicadores da liderança militar? Se um comandante, em qualquer escalão, estiver
liderando, quais seriam as atitudes características dos indivíduos que estão sob seu
comando?
Abaixo estão relacionadas dez atitudes características destes liderados:
a) Evidenciam satisfação com o trabalho que realizam e se esforçam para
cumprir bem as missões recebidas e as obrigações rotineiras.
b) A iniciativa que demonstram é uma constante, não ficam esperando ordens
superiores para consertar o errado; são proativos, isto é, agem por conta própria e
superam as dificuldades.
C) Diante de missões difíceis, não fazem ponderações tentando evitá-las,
mas procuram caminhos para resolver os problemas.
d) São bons camaradas e cooperam uns com os outros.

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e) Nas formaturas, demonstram grande ―vibração‖ (algo além do entusiasmo),
que contagia todos os participantes e a assistência. Ninguém sai de forma alegando
um mal súbito, porque todos sabem que esta atitude se reflete negativamente sobre o
grupo.
f) Raramente apresentam problemas disciplinares de vulto, porque cumprem
sistematicamente as ordens recebidas.
g) Têm cuidado e esmero com a apresentação individual e demonstram
satisfação quando estão fardados.
h) O material de emprego militar a seu cargo é bem cuidado, limpo e
arrumado. O armamento, principalmente, está sempre manutenido e pronto para ser
usado.
i) Procuram o auto aperfeiçoamento, estudando as coisas da profissão militar
e requerendo cursos de especialização.
j) Fazem regularmente o treinamento físico militar, buscando manter uma boa
condição física.
A cadeia de liderança, que se constrói em consonância com a cadeia de
comando, garante o sucesso da organização militar no cumprimento de suas missões
específicas. Para as unidades operacionais é fundamental fazer este trabalho, sob
pena de não se obter êxito no adestramento e no combate.

Fig 2 – A Árvore da Liderança cresce no vaso da credibilidade

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3.2 Tipos de Liderança ou Estilos de Comando
Tipo de Liderança ou Estilo de Comando corresponde à maneira como o
comandante se porta para estabelecer a direção, aperfeiçoar planos e ordens, e
estimular seu grupo para atingir metas. Algumas teorias admitem que a liderança pode
ser tipificada como autocrática, participativa ou delegativa. Entretanto, de acordo com o
conceito de liderança militar estudado neste manual, as referidas tipificações
caracterizam-se como estilos de comando e, não, de liderança.
Existem três estilos básicos de comando: autocrática (autoritária), participativa
(democrática) e delegativa.

3.2.1 Estilo de Comando Autocrático (Liderança autoritária ou autocrática)


Esse estilo de comando dá ênfase à responsabilidade integral do líder que fixa
normas, estabelece objetivos e avalia resultados. O comandante (líder) é o único a
encontrar as melhores soluções para sua equipe. Espera que os comandados
(liderados) executem seus planos e ordens sem qualquer ponderação. Estabelece
normas rígidas, inspeciona os subordinados nos mínimos detalhes e determina os
padrões de eficiência usando para motivar os homens o sistema de recompensas e
punições. O comandante (líder) autocrático baseia sua atuação numa disciplina formal
em busca de uma obediência imposta.
O comandante, quando no uso desse estilo de comando, centraliza todas as
decisões e não se utiliza do assessoramento dos seus subordinados para o estudo da
situação. A experiência indica que esse estilo de comando, quando empregado
indiscriminadamente e por tempo prolongado, tende a desgastar os vínculos afetivos
estabelecidos entre o comandante e os comandados.
No entanto, poderão ocorrer ocasiões nas quais o uso desse estilo de comando
seja adequado, como, por exemplo, em situações de combate em que os subordinados
devam agir de forma imediata, sem qualquer questionamento ou discussão sobre as
ordens emanadas, sob pena do fracasso da missão.
O principal problema deste tipo de liderança é o desinteresse pelas ideias dos
subordinados, não utilizando a sua criatividade. O uso deste estilo de liderança pode
gerar descontentamento dentro da equipe e, o que é mais grave, inibe a iniciativa do
subordinado, além de não considerar os aspectos humanos, entre eles o
relacionamento líder— liderados.
Portanto, caberá ao comandante decidir em quais momentos deve usar esse
estilo de comando, estando sempre consciente da adequabilidade de sua aplicação e
dos efeitos, positivos ou negativos, que podem vir a causar no cumprimento da missão.

3.2.2 Estilo de Comando Participativo (Liderança participativa ou democrática)


Nesse estilo de comando, o comandante encara como sua responsabilidade o
cumprimento da missão por meio da participação, do engajamento de todos e do
aproveitamento das ideias do grupo. Ao adotar o estilo participativo, o comandante
procura atuar mais sintonizado com o grupo, ouvindo e aproveitando suas sugestões,
(Coletânea de Liderança Militar ..………..…............….…..….………….............................30/56)
para depois decidir. Com isso, poderá obter, com maior facilidade, um verdadeiro
envolvimento de todos os integrantes do grupo no atingimento de seus objetivos, pois
as pessoas ouvidas tendem a se sentirem corresponsáveis tanto no êxito, quanto no
insucesso das ações que forem empreendidas.
Ao agir dessa maneira, será mais fácil o desenvolvimento de vínculos de
coesão, de colaboração espontânea e de interdependência entre os membros do
grupo, além de elevar os níveis de criatividade de cada indivíduo. Podem ser criadas,
também, melhores condições para o desenvolvimento de atitudes de respeito e
confiança em relação ao comandante, favorecendo os laços de liderança.
O estilo de comando participativo não exclui a autoridade do comandante, a
qual deve ser exercida em sua plenitude. Cabe ao comandante as decisões finais,
depois de ouvidos e considerados os pareceres, muitas vezes conflitantes, dos
comandados.

3.2.3 Estilo de Comando Delegativo (Liderança Delegativa)


O estilo de comando delegativo é mais indicado para grupos que tratem de
assuntos de natureza técnica. O comandante, nessas situações, atribui a seus
assessores a tomada de decisões especializadas. Nesses grupos, os conhecimentos e
experiências dos comandados poderão estar no mesmo patamar ou acima dos
conhecimentos e experiências do comandante, o qual dependerá de assessoramento
para a tomada da decisão.
Aponta-se, como ponto crítico desse estilo de comando, a necessidade de o
comandante saber delegar atribuições aos comandados, sem perder o controle da
situação. Para isso, deverá ouvir cada assessor ou chefe subordinado e, com
habilidades de relacionamento interpessoal, acatar ou rejeitar a assistência que lhe foi
prestada, decidindo em função do objetivo final.
Esse estilo de comando é bastante empregado nos níveis intermediários e
superiores, nos quais, muitas vezes, o poder de decisão será delegado aos
comandantes subordinados. Além disso, o estilo delegativo também será caracterizado
nas operações de execução descentralizada.

3.2.4 Comparação entre as Lideranças Autocrática e Participativa


LIDERANÇA AUTOCRÁTICA LIDERANÇA PARTICIPATIVA
(AUTORITÁRIA) (DEMOCRÁTICA)
Fixa os objetivos do grupo tendo em vista Fixa os objetivos do grupo tendo em vista
os próprios interesses e a sua própria a causa comum.
causa.
Procura impor sua vontade. Sua Fundamenta a disciplina do grupo numa
autoridade apoia-se na capacidade de solidariedade de propósitos.
compelir à obediência.

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LIDERANÇA AUTOCRÁTICA LIDERANÇA PARTICIPATIVA
(AUTORITÁRIA) (DEMOCRÁTICA)
Concebe a disciplina em bases de mero Procura ajudar a cooperação voluntária e
comando e obediência a simpatia dos subordinados, assim
alicerçando sua autoridade.
Adota a concepção de que o reforço da Procura assegurar um sólido moral do
disciplina é a base moral do grupo grupo, para que dele resulte a disciplina.
Aplica, principalmente, forças externas, de Esforça-se por despertar a energia interior
que subordinados são objeto e sobre os dos subordinados, com os quais exerce
quais exerce seu poder. seu poder.
Vale-se predominantemente da coação e Vale-se predominantemente da
apenas excepcionalmente da persuasão. persuasão e, apenas em circunstâncias
excepcionais, da coação.
Interessa-se apenas pelo resultado. Preocupa-se, igualmente, com o processo
pelo qual o resultado é obtido.
Coloca facilmente o bem-estar da Envia esforços para que o bem estar da
organização à frente do bem-estar de organização e de seus membros sejam
seus membros. uma só coisa.
Dirige a organização subordinando os Guia e desenvolve os subordinados de tal
indivíduos a fins previamente forma que, participando do
determinados. estabelecimento de finalidades também
participem de sua realização.
Demonstra desconfiança intrínseca nos Alimenta grande fé na natureza humana
subordinados
Pensa somente em termos de relações Trata os subordinados como seres
usuais entre senhor e servidores. humanos, que pensam e sentem.
Comanda, manipula e manobra os Dirige, educa e estimula os subordinados.
subordinados.
Insiste na obediência cega, com completa Está sempre disposto a explicar seus
subordinação à sua vontade; qualquer atos, porque sabe que isso atende aos
crítica ou indagação lhe parece insolente interesses dos subordinados e da causa
e perigosa. Busca uma obediência comum. Busca uma obediência
imposta. consentida.
Transforma as pessoas em simples peças Procura libertar e dirigir a energia dos
de uma rotina, sujeitas a um sistema de subordinados no sentido de um objetivo
controle qualquer. comum.
Limita a liberdade de ação dos Humano na concepção da disciplina,
subordinados por meio de regras rígidas e procura ampliar a latitude de ação dos
minuciosas, insiste constantemente na subordinados.
disciplina ao pé da letra.

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LIDERANÇA AUTOCRÁTICA LIDERANÇA PARTICIPATIVA
(AUTORITÁRIA) (DEMOCRÁTICA)

Preocupa-se em ser necessário. Procura Dirige de forma a localizar a pessoa dos


manter os subordinados numa subordinados, ajudando-os a desenvolver,
dependência constante, pois seu posto ao máximo sua capacidade.
somente estará garantido na proporção
em que souber cingir os outros à sua
vontade.
Encara o Exército como uma série de Encara o Exército como uma organização
indivíduos e setores inteiramente em que um ideal comum alicerça a
separados. atividade conjunta.
Inacessível, julga que aproximação com Acessível, facilita, por todos os meios , a
os subordinados lhe diminui a autoridade. aproximação com auxiliares e
subordinados.
Promove um ajustamento arbitrário de Promove a criação de uma comunidade
interesses antagônicos, tendo como de objetivos, tendo como resultados, a
resultados, intrigas, acomodação e cooperação e a integração progressivas.
conchavos.
Não leva em conta as diferenças Considera a capacidade diversa dos
individuais, preocupando-se apenas em subordinados, aos quais atribui tarefas e
distribuir tarefas indistintamente e a exigir oportunidades adequadas.
que sejam cumpridas.
Não considera o interesse que a Procura fazer com que os subordinados
execução das tarefas possa despertar em queiram executar suas tarefas, inspirando
seus executores. os com entusiasmo e persistência.
Desinteressa-se pelo fato de os Envida todos os esforços ao seu alcance
subordinados estarem ou não satisfeitos para que os subordinados estejam
com as condições de trabalho. satisfeitos com as condições de trabalho.
Procura conquistar adesões para seu Procura apoio para seu programa de
programa de trabalho por quaisquer trabalho, fazendo com que os outros o
meios, recorrendo, se necessário, a compreendam e o julguem necessário.
coação.
Considera predominante o auto interesse Considera de preferência um êxito futuro,
e prefere o êxito imediato. que atenda aos interesses gerais.
Personifica um ideal próprio e procura Personifica o ideal de seus seguidores e
aumentar o seu poder dividido para estende seu poder na medida em que
conquistar. estimula e consegue o apoio alheio.
Jamais externa tudo o que sabe e Faz com que a atividade alheia se
pretende, pois o elemento principal de sua beneficie de sua experiência e de seus
eficiência reside no segredo e no conhecimentos, proporcionando-lhes
monopólio de informações. proveitoso acervo de informações.

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LIDERANÇA AUTOCRÁTICA LIDERANÇA PARTICIPATIVA
(AUTORITÁRIA) (DEMOCRÁTICA)
Busca um prestigio com base em Busca uma autoridade real, em bases que
aparências, mesmo que, para sua não impedem e, pelo contrário, permitem
obtenção, seja necessário encobrir a e facilitam a aproximação dos
verdade. subordinados com a verdade dos fatos.
Preocupa-se tão somente em conquistar o Procura obter, simultaneamente, a estima
respeito dos subordinados. e o respeito dos subordinados.
No exercício do controle, preocupa-se Exerce o controle pensando mais nos
mais com as pessoas do que com os fatos do que nas pessoas.
fatos.
Mostra-se refratário ao uso do elogio Não receia o uso oportuno do elogio,
como método de chefia, pois o considera porque sabe que assim alimenta o desejo
demonstração de fraqueza. de aprovação, uma das motivações do
comportamento humano no trabalho.

3.2.5 Comentários
A liderança participativa (democrática) é adotada pelo Exército Brasileiro. E a
que mais se coaduna com o próprio conceito de liderança militar, isto é, a capacidade
de influenciar o comportamento humano e conduzir pessoas ao cumprimento do dever.
Fundamentada no conhecimento da natureza humana, compreende a análise, a
previsão e o controle de suas reações, favorecendo, sobremaneira, o fortalecimento
dos princípios basilares de nossa Instituição: hierarquia e disciplina.

3.3 Lideranças em Níveis de Comando


Conforme apresentado no Artigo III do Capítulo 2 deste manual, verificasse que
a liderança é exercida, basicamente, de duas formas: a direta e a indireta.
A liderança direta ocorre em situações em que o líder influencia diretamente os
liderados, falando a eles com frequência e fornecendo exemplos pessoais daquilo que
prega.
Na liderança indireta, o líder exerce influência atuando por intermédio de outros
líderes a ele subordinados, estabelecendo uma cadeia de lideranças que atinge todos
os indivíduos do grupo.
No âmbito da liderança militar, essas duas formas estarão presentes, em
diferentes proporções, nos diversos níveis de comandos, quais sejam: pequenos
escalões, organizacional e estratégico.

3.3.1 Pequenos Escalões


O nível de comando de pequenos escalões é caracterizado pelas esquadras ou
turmas, pelos grupos, pelos pelotões ou pelas seções, até o nível subunidade
incorporada. É nesse nível que é exercida mais explicitamente a liderança direta.
(Coletânea de Liderança Militar ..………..…............….…..….………….............................34/56)
Os líderes nos pequenos escalões serão o cabo, o sargento, o tenente e o
capitão, os quais precisam estar cientes de sua vital importância para o cumprimento
das missões dos escalões superiores.
Nesse nível, o líder deve cultivar, predominantemente, a liderança direta,
deixando que cada militar tenha a oportunidade de ser investido da responsabilidade
adequada ao seu escalão.
No entanto, ainda que a forma de liderança direta seja a mais exercida, haverá
momentos em que os líderes se utilizarão da forma indireta. Como exemplo, o
comandante de subunidade, quando julgar mais adequado, poderá exercer essa forma
de liderança por intermédio dos comandantes de pelotões ou seções, bem como esses
podem exercê-la por intermédio dos comandantes de grupo e outros.

3.3.2 Nível Organizacional/Tático


No nível organizacional/tático, o líder utilizará as formas direta e indireta de
liderança.
A forma indireta se expressará pela capacidade de influenciar, via cadeia de
comando, o comportamento humano e de conduzir grandes efetivos militares ao
cumprimento das missões. Essa forma indireta é exercida por meio de militares nos
cargos de estado-maior, os assessores, predominantemente em brigadas, divisões,
comandos militares de área e órgãos da alta administração do EB.
É natural que o exercício da liderança sobre o pessoal da OM subordinada seja
dificultado pelo distanciamento imposto pela cadeia de comando que se apresenta
regularmente na estrutura organizacional.
Por haver o distanciamento líder–subordinado nas subunidades isoladas, nos
batalhões, nas brigadas, nas divisões de exército e nos comandos militares de área, a
expedição de documentos e/ou o aporte de tecnologias de informação assume(m) real
importância, pois permite(m) que o líder seja visto, ouvido e entendido pela tropa.
Dessa forma, as videoconferências, os boletins diários, as ordens de serviço,
as ordens de operações, os planos de operações, as diretrizes e outros documentos
que geram ações irão materializar essa interface de relações, tornando-se
característicos do exercício da liderança nesse nível.
A expedição dessas ordens, de forma adequada, permitirá ao subordinado
formar uma imagem favorável do líder e criar laços afetivos fundamentais ao exercício
da liderança.
No entanto, o líder, nesse nível de comando, também se utilizará da liderança
direta. No contato com os seus subordinados diretos (estado-maior, comandantes de
OM diretamente subordinadas e outros), essa forma de liderança estará muito
presente. Em relação aos subordinados mais afastados, o líder deverá buscar, sempre
que possível, criar oportunidades de, ainda que esporadicamente, exercer a liderança
direta. Sua presença em atividades como visitas, inspeções e palestras, dentre outras,
são formas em que o comandante, no nível tático, poderá exercer a liderança de forma
direta.

(Coletânea de Liderança Militar ..………..…............….…..….………….............................35/56)


3.3.3 Nível Estratégico
A liderança, no nível de comando estratégico, é exercida pelos responsáveis
por conduzir os grandes rumos da Instituição EB: o comandante militar concebe a
estrutura desejada; planeja a alocação de recursos; comunica a visão estratégica da
Instituição; conduz as mudanças necessárias; atua em ambiente de incerteza e
complexidade; interage com outros elementos das diversas esferas de poder; toma
decisões que afetam grande número de pessoas; negocia com agentes externos; e,
jamais, perde de vista os valores que sustentam a Instituição.
As competências desejáveis para os líderes não são imutáveis; muito pelo
contrário, elas devem acompanhar a situação vigente para atender às novas demandas
dos ambientes interno e externo da Instituição. Nem sempre são necessárias novas
competências; muitas vezes; o que varia é o grau de importância de algumas em
relação às demais.
Para os líderes no nível de comando estratégico, independentemente das
mudanças situacionais, há certos valores, particularmente aqueles ligados à formação
moral, ao caráter, à ética e ao pundonor militar, que não são ―negociáveis‖, ou seja,
não cabe qualquer tipo de questionamento, eliminação ou diminuição de importância
(por exemplo: honestidade, lealdade, integridade, dentre outros). Esses valores são
imutáveis e constituem o pilar sobre o qual se desenvolverão as competências
específicas necessárias para o desempenho da liderança no nível estratégico.
O líder militar, no nível estratégico, deve saber influenciar os demais líderes
subordinados. Para isso, deve demonstrar firmeza ao tomar decisões, assumindo uma
atitude que mostre seu caráter marcante, e ser capaz de persuadir outras pessoas em
relação a suas opiniões. Assim, para influenciar, o líder deve possuir duas
características essenciais, a saber: a habilidade de argumentação e a capacidade de
entusiasmar.
A habilidade argumentativa emprega a coerência, a lógica e o uso de dados
concretos como ferramentas de persuasão para cooptar pessoas na aceitação de sua
lógica de argumentação.
Já a característica de entusiasmar gera ânimo nas pessoas, possibilitando que
se sintam motivadas. Essa característica do líder, que o torna capaz de fazer-se
influente, deve ter como alvo a interação de suas motivações com os valores, desejos e
ideias das pessoas, ampliando a relação de confiança mútua e a sensação de bem-
estar nesse intercâmbio.
Assim alguns valores e competências passam a ter maior relevância como
predicativos dos líderes militares nesse nível, tais como: a competência profissional; a
capacidade de estabelecer visão de futuro; a coragem moral; a capacidade de
negociação; o comprometimento; o senso de justiça; a direção; o caráter; a iniciativa; a
visão estratégica; a responsabilidade; a integridade; a honestidade de propósitos; a
dedicação e a firmeza de princípios.
Por oportuno, faz-se necessário estabelecer outras competências a serem
adicionadas ao cabedal de capacidades do líder militar no nível estratégico,
destacando-se o estabelecimento de relacionamentos funcionais externos; o
conhecimento dos sistemas político e social; o relacionamento interpessoal; a visão

(Coletânea de Liderança Militar ..………..…............….…..….………….............................36/56)


prospectiva; a persuasão estratégica; a capacidade de comunicação; a flexibilidade
para mudanças; e a transformação dos desafios em oportunidades.
No nível estratégico, o líder militar deve estar motivado, ainda, para acumular
conhecimentos nas áreas da liderança, da estratégia, da geopolítica, da História Militar,
da administração, da gestão empresarial, da gestão de recursos humanos, das
relações internacionais, dentre outras. Tais conhecimentos servirão de suporte e, ao
mesmo tempo, de ferramentas para o aprimoramento de competências importantes,
tais como a argumentação, a persuasão, a comunicação e, em última instância, a
competência profissional, todas fundamentais para o exercício eficaz da liderança nos
mais altos níveis da Instituição.
A complexidade das relações funcionais de um líder nesse nível, normalmente,
não lhe permite fiscalizar ou visitar os elementos operacionais da Força, uma vez que
sua presença será sempre requisitada nos maiores escalões de decisão.
As funções de fiscalização, normalmente, deverão ser delegadas aos níveis
organizacionais pertencentes ao canal de comando legalmente vinculado.
Cresce de importância, então, a expedição de ordens, diretrizes, normas,
portarias e demais tipos de documentos que sejam claros, precisos e concisos. Isso
ocorre porque a presença desses líderes nas lides diretas da Instituição é mais difícil e
em muito facilitará o estabelecimento de indicadores de desempenho correlatos para a
medição da eficácia dessas ―ordens‖ e, também, para permitir o detalhamento delas
pelas lideranças militares organizacionais presentes no canal de comando vinculado.
No entanto, ainda que o líder, nesse nível de comando, utilize-se
predominantemente da liderança indireta, ele também deverá adotar a liderança direta.
No contato com os seus subordinados diretos (assessores, comandantes de
organizações de mais alto nível, dentre outros), essa forma de liderança estará muito
presente. Em relação aos subordinados mais afastados, o líder deverá buscar, sempre
que possível, criar oportunidades de, ainda que esporadicamente, exercer a liderança
direta sobre parcela sensível de seus subordinados, buscando fortalecer os laços de
liderança estabelecidos de forma indireta.
Quanto mais alto o nível, ou mesmo o escalão, mais será exercida a liderança
indireta e menos a direta.

4. A ÉTICA MILITAR E A LIDERANÇA


Manual de Campanha – C20-10. Liderança Militar. 2ª Ed. Brasília: 2011

4.1. Ética e Moral


A origem da palavra ética vem do grego ―ethos‖, que quer dizer o modo de ser,
o caráter. Os romanos traduziram o ―ethos‖ grego para o latim ―mos‖ (ou no plural
―mores‖), que quer dizer costume, de onde vem a palavra moral. Tanto ―ethos‖ (caráter)
como ―mos‖ (costume) indicam um tipo de comportamento propriamente humano que

(Coletânea de Liderança Militar ..………..…............….…..….………….............................37/56)


não é intrínseco; o homem não nasce com ele como se fosse um instinto, mas adquire-
o ou conquista-o por hábito.
No dia a dia não se faz distinção do uso dos termos ―ética‖ e ―moral‖, são
empregadas as duas palavras como sinônimos. Porém, os estudiosos do assunto
fazem uma distinção entre elas. Assim, a moral é definida como o conjunto de normas,
princípios, preceitos, costumes e valores que norteiam o comportamento do indivíduo
no seu grupo social. "Se por um lado a moral é normativa, a ética é definida como" a
teoria, o conhecimento ou a ciência do comportamento moral, que busca explicar,
compreender, justificar e criticar a moral ou as morais de uma sociedade. Assim, a
ética é compreendida sob os aspectos filosóficos e científicos.
Quando se faz alusão a padrões de conduta moral, naturalmente surge a
necessidade de descobrir onde esses padrões estão registrados. Na carreira das
armas, não existe, propriamente, um código moral consubstanciado em um rol de
procedimentos a serem obedecidos, à semelhança do que ocorre com determinadas
categorias profissionais.
No Estatuto dos Militares estão previstos os Preceitos da Ética Militar, que
exigem dos militares condutas moral e profissional irrepreensíveis.
Eles são particularmente importantes para aqueles que exercem funções de
comando em todos os níveis, porque os subordinados esperam que seus comandantes
ajam à luz do que prescreve a lei. Se assim não o fizerem, serão questionados por isso
e poderão ter grande dificuldade para estabelecerem laços de liderança com os
subordinados.
No entanto, a moral militar não se circunscreve aos estreitos domínios de um
único documento formal. Ela se espraia em um leque de abrangência que vai desde a
própria Constituição Federal do País, na qual se configura a destinação do EB, até os
regulamentos, normas, planos de instrução e diretrizes, definindo-se mediante a
expressão dos valores, das crenças, dos princípios e das tradições, inerentes à vida
militar.
Sob uma perspectiva de nacionalidade, a responsabilidade finalística do EB é a
defesa da Pátria e a garantia dos poderes constitucionais e da lei e da ordem.
Também, cumpre-lhe, como organização, manter os valores contidos nos manuais e
regulamentos militares, que norteiam a conduta profissional de seu pessoal, no sentido
de obediência aos padrões morais da carreira.
Não raro, tais padrões são singularmente característicos, constituindo um
núcleo permanente e imutável, responsável pela própria eficácia e sobrevivência da
instituição militar através dos tempos.
Portanto, pode-se afirmar que o comportamento do militar, em qualquer nível
hierárquico, deve-se subordinar aos ditames dos elevados padrões de integridade de
caráter, encerrados na própria concepção de sua atividade profissional.
Decidir e agir em uma situação concreta envolve, via de regra, aspectos de
ordem moral. Ao líder compete desenvolver, em si próprio e nos seus liderados,
sobretudo pelo exemplo, a consciência de elevados padrões morais, capazes de fazê-
los exibir conduta ilibada sob quaisquer circunstâncias. Não transigir com os princípios

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e padrões morais confere ao líder o respeito e a confiança dos subordinados, mesmo
que eventualmente suas atitudes sejam pouco simpáticas.
O líder militar deverá possuir uma consciência reta e trabalhará para preservar
os valores morais que são inerentes à sua profissão. Não poderá entregar-se à
imoralidade ou à infração voluntária e consciente de princípios morais consagrados;
tampouco poderá ser um amoral, isto é, uma pessoa que perdeu o senso moral e
tornou-se incapaz de discernir entre o bem e o mal.
Do ponto de vista da liderança, o respeito aos valores morais é fundamental,
pois, em todos os escalões hierárquicos, o líder militar deve estar permanentemente
atento às implicações morais de suas decisões, ordens e diretrizes. A percepção, por
parte dos liderados, de que o líder possui uma conduta moral correta contribuirá
sobremaneira para o estabelecimento de laços de confiança mútua.
Para liderar, o comandante, em qualquer nível hierárquico, deverá demonstrar
habilidade para orientar, dirigir e modificar as atitudes e as ideias dos subordinados,
por intermédio da capacidade de convencimento que possuir e da credibilidade que
tiver adquirido. Essa credibilidade muito se baseará no comportamento moral do líder
militar.

4.2 Crenças e Valores


As crenças são suposições ou convicções julgadas verdadeiras a respeito de
pessoas, conceitos ou fatos.
Os valores representam o grau de importância atribuído, subjetivamente, às
pessoas, conceitos ou fatos. Não são inatos e, sim, aprendidos, variando de acordo
com a sociedade, a cultura ou a época. Não podem ser vistos nem ouvidos, mas,
apesar disso, são reais, influenciam de modo consciente ou inconsciente o
comportamento e guiam o indivíduo e o grupo.
As crenças e os valores estão inter-relacionados e são incorporados mediante
um processo de aprendizagem, que ocorre nas primeiras fases da vida, quando se
aprende os modelos de conduta aceitáveis ou inaceitáveis.
Os valores se organizam numa estrutura pessoal e única para cada indivíduo. O
núcleo dessa estrutura se mantém consistente e estável durante a vida, mas as
pessoas individualmente determinam os graus de importância para seus próprios
valores. Esta ordem é transitória. Assim, de tempos em tempos, esses graus variam.
Mesmo num grupo onde os indivíduos comungam valores semelhantes, para cada
pessoa, estas variam de importância e de intensidade.
As mudanças individuais podem modificar os valores do grupo e vice-versa.
Nesta integração, se os valores do indivíduo e os da instituição se opõem, surge um
conflito.
O conflito aparece quando é necessário escolher um entre valores de igual
importância ou quando a importância relativa dos maiores não está bem determinada.
Essas discrepâncias causam tensão, porém devem ser resolvidas em favor dos valores
do Exército. Quando a estrutura de valores profissionais não está bem definida, esses
conflitos podem produzir atritos e frustrações.

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A compreensão e aceitação de valores comuns pelos integrantes da Unidade
reduz o conflito, diminui os obstáculos na comunicação e facilita a ação do grupo.
O líder precisa saber comunicar os valores da instituição e servir de exemplo
para seus liderados, através de ações coerentes com os valores que procura transmitir,
pois a sua credibilidade é de vital importância.
Os subordinados imitam as características demonstradas pelo líder que
respeitam. Isso evidencia a importância da conduta ética de um oficial ou graduado,
pois as atitudes são mais facilmente imitadas do que ensinadas.
4..2.1 Valores Básicos
a. Honra
A honra significa a consciência da própria dignidade, que faz a pessoa agir de
modo a conservar a própria estima e merecer a dos outros. Traduz-se na caserna,
também, como o pundonor militar. É fácil entender que líderes, em qualquer nível, não
podem ser pessoas que tenham a honra abalada. Nessa situação, seria muito difícil
que conseguissem liderar seus comandados. Por isso, é preciso que os comandantes
saibam o que é a honra e qual a importância que ela tem para a liderança militar.
b. Honestidade
A honestidade é um valor derivado da honra e estreitamente relacionado com
a verdade. A pessoa honesta executa as suas atividades sem enganar ou fraudar e
não admite a corrupção. É inconcebível um líder desonesto, que se deixa corromper
por vantagens oferecidas em troca da execução de ações ilícitas do ponto de vista
moral ou legal. Para o líder, mais importante do que lograr vantagens pessoais e pôr
em risco a sua honra é o seu senso moral e a sua consciência.
c. Verdade
1) A verdade, tão cara e necessária aos militares, está implícita na
honestidade, mas tem o seu significado próprio, pois também representa a realidade e
a autenticidade. É imprescindível que o militar fale a verdade, e seja autêntico em suas
atitudes perante subordinados, pares, ou superiores.
2) O militar mentiroso ou falso é figura inadmissível e certamente será
rejeitado pelos seus camaradas em todos os escalões, uma vez que o repúdio à
mentira e à falsidade está profundamente enraizado no inconsciente coletivo dos
militares. Por essa razão, o mentiroso ou falso jamais conseguirá liderar seus
subordinados.
d. Justiça
1) O senso de justiça pode ser definido como o dever moral de dar a cada
indivíduo o que lhe é devido. É a base insubstituível do relacionamento entre as
pessoas e dessas com o Estado. Uma das maiores responsabilidades dos líderes é
mostrar aos subordinados, pela palavra e pelo exemplo, o senso de justiça, que se
traduz em uma consciência clara dos próprios direitos e deveres, bem como dos
direitos e dos deveres dos outros.
2) Qualquer militar que tenha o privilégio de ocupar um cargo com autoridade
sobre outros indivíduos não pode perder de vista que tem a obrigação moral de
dedicar-se à proteção e à orientação daqueles que lhe são subordinados. Eles estão
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sob sua responsabilidade e dependem, quase que inteiramente, do seu senso de
justiça e de suas decisões.
3) Todos aqueles que têm o encargo de administrar a disciplina devem ser
criteriosos no exercício dessa prerrogativa, evitando incorrer em erros causados pela
precipitação ou pela falta de conhecimento. A injustiça praticada contra alguém provoca
ressentimentos difíceis de serem esquecidos.
4) No campo das injustiças, aponta-se, também, o favoritismo, que é uma
falta de natureza moral muito grave. Nesses casos, a justiça foi ou será aplicada
segundo interesses particulares e a qual os subordinados não perdoam esse tipo de
falha.
5) No que diz respeito à liderança, pode-se afirmar que a injustiça praticada
contra um membro de um grupo solapa e destrói a confiança no líder. Caso o líder
perceba que cometeu uma injustiça, deve buscar repará-la imediatamente. Observe o
exemplo:
- Em um caso em que o líder tenha advertido um subordinado perante a tropa
e, posteriormente, tenha se dado conta de que cometera um erro, deve retratar-se na
mesma proporção, ou seja, perante a mesma tropa que presenciou a injustiça.
6) Um importante aspecto sobre o qual o líder deve estar atento, quando da
aplicação de sanções disciplinares, é que o líder deve focalizar sempre a atitude
equivocada do transgressor, o seu comportamento inadequado e não a pessoa do
transgressor. As pessoas tendem a aceitar, com muito mais facilidade, uma sanção,
orientação ou crítica que seja direcionada a sua atitude, do que uma que seja
direcionada a sua pessoa. A crítica pessoal dificulta o reconhecimento do erro e,
consequentemente, a correção da atitude equivocada. A título de exemplo, a expressão
―a sua atitude não foi correta...” deverá substituir a crítica ―você é isso ou aquilo...‖.
e. Respeito
1) O respeito, como valor, é um sentimento de consideração àquelas pessoas
ou coisas dignas de reverência, deferência e gratidão, como os pais, os idosos, as
autoridades responsáveis pelos destinos do País e das instituições, os mestres, as
coisas consideradas sagradas, a família, as personalidades, os comandantes e os
heróis da História de nossa Pátria, bem como os símbolos que a representam.
2) O respeito é um valor que caminha em quatro direções principais: o
respeito aos entes religiosos; o respeito às leis e aos regulamentos; o respeito aos
camaradas; e o respeito às pessoas em geral. O líder militar tem a obrigação de
respeitar os superiores hierárquicos, de tratar com afeição os irmãos de armas e o
subordinado com dignidade e urbanidade.
f. Lealdade
1) A lealdade é um valor relacionado com atitudes de solidariedade à
instituição ou ao grupo a que se pertence e se manifesta pela verdade no falar, pela
sinceridade no agir e pela fidelidade no cumprimento do dever e das responsabilidades
assumidas.
2) A lealdade às pessoas deverá existir em função dos demais valores que
elas defendem ou representam e não em função do cargo ou do poder de que estão
investidas.
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3) Para que a lealdade entre os integrantes de um grupo militar seja
estabelecida, alguns pontos devem ser observados:
- a importância da reciprocidade, ou seja, a lealdade tem que ser recíproca;
- a lealdade ao EB e à OM à qual pertence;
- a lealdade ao comandante, que arca com a responsabilidade funcional de
conduzir uma organização ou um grupo;
- a lealdade aos companheiros do mesmo nível hierárquico;
- a lealdade aos subordinados; e
- a conquista da lealdade, ou seja, não há maneira de exigir que outras
pessoas nos sejam leais; a lealdade tem que ser conquistada.
4) Não existe coesão em um grupo em que não reine a lealdade, pois, nessas
condições, não se desenvolve a confiança mútua e o grupo se desagrega quando
surgem as primeiras dificuldades.
g. Integridade
A integridade de caráter ou probidade é o valor moral identificado como o
mais importante, porque condensa todos os demais. A integridade deve ser entendida
como a qualidade daquele a quem nada falta do ponto de vista moral e sugere a ideia
de um caráter sem falhas. Portanto, o militar íntegro ou probo é honrado, honesto,
verdadeiro, justo, respeitoso e leal.

4.2.2 Valores Militares


a. Patriotismo
O patriotismo é o amor incondicional à Pátria e às suas tradições. O patriota
coloca os interesses do País acima dos particulares, sendo capaz de renúncias e
sacrifícios em prol do cumprimento de objetivos que contribuam para o crescimento de
sua comunidade e de sua sociedade. A Pátria é o país em que nascemos e ao qual
estamos presos por profundas raízes pessoais e familiares.
A ideia de Pátria carrega um forte potencial emocional porque enfatiza a
continuidade histórica de um povo, isto é, a sucessão de gerações que construíram,
com sacrifício, o patrimônio comum do território conquistado, das riquezas, das ideias,
dos símbolos, da miscigenação das raças, da linguagem e dos valores culturais.
Implica, ainda, no entendimento de que esse patrimônio herdado dos antepassados
deve ser transmitido aos filhos, aos netos e aos bisnetos, em uma infindável sucessão
de gerações. A Pátria é uma entidade fundamental que, muitas vezes, só se aprecia
devidamente quando dela se é privado.
b. Civismo
O civismo caracteriza-se pelo cumprimento dos deveres de cidadania e dos
esforços necessários ao progresso e ao engrandecimento do País. O militar com
espírito cívico atua e participa das atividades de sua comunidade e sociedade. Civismo
é o zelo pela preservação e pelo fortalecimento dos valores nacionais. É a dedicação à
família. É a solidariedade com os demais cidadãos em momentos de crise. O civismo

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não se desenvolve apenas pelo aprendizado das regras, senão pela atuação intensa e
permanente em benefício da Pátria. É o respeito pelas tradições históricas, pelos heróis
nacionais e pelos valores que eles defendiam, bem como pelos símbolos nacionais,
que representam o povo e a sua cultura, a Nação e a Pátria.
c. Idealismo
1) O idealismo é um valor resultante de dois vetores: a fé na missão do EB e o
amor à profissão das armas, cuja expressão é o entusiasmo profissional.
2) A fé na missão do EB traduz-se pela crença inabalável na importância da
atuação da Força no cumprimento das missões a ela destinadas pelo povo, por meio
da Constituição Federal e das leis complementares.
3) O amor à profissão manifesta-se pelo devotamento integral à carreira militar.
Traduz-se pelo exercício entusiasmado e permanente da profissão, pela motivação
constante, pelo prazer demonstrado no que faz, pela consciência profissional, pelo
espírito de sacrifício, pela busca do trabalho bem feito, pela prática dos deveres
militares e pela satisfação alcançada pelo dever cumprido.
d. Espírito de Corpo
O espírito de corpo caracteriza-se pelo sentimento de orgulho de pertencer ao
Exército de seu País, a sua Arma, Quadro ou Serviço, a sua OM e a seu grupo. A
camaradagem, o orgulho coletivo, a operacionalidade das equipes, Unidades e
Grandes Unidades fazem brotar esse sentimento que culmina na coesão, sustentáculo
para o cumprimento das missões em momentos de adversidades. O espírito de corpo é
a alma coletiva dos integrantes de um determinado grupo. É o sentimento de sadia
camaradagem e solidariedade que aflora entre os membros de um grupo de militares
que já executou ou vem executando difíceis tarefas com empenho, ou consolidou
objetivos cujas conquistas exigiram penosos sacrifícios.
e. Disciplina
A disciplina, um dos pilares de qualquer exército profissional, é um importante
valor que traduz a capacidade de proceder, de modo consciente e espontâneo,
conforme as ordens legais recebidas, as normas e as leis estabelecidas.
A disciplina não é contrária à liberdade e à iniciativa, como alguns imaginam.
Trata-se, de fato, de condição indispensável para uma vida social harmoniosa e de
base fundamental para garantir o máximo uso dos direitos das pessoas, sem perder de
vista os direitos alheios. Observe-se que, nas sociedades mais evoluídas e mais ricas,
as pessoas são disciplinadas porque a disciplina é o aprendizado da solidariedade.
f. Interesse pelo aprimoramento técnico-profissional
Sendo a guerra uma arte em constante evolução, o aprimoramento técnico-
profissional é condição indispensável para que qualquer militar seja proficiente na
carreira das armas. É conveniente lembrar que a proficiência é um dos pilares da
liderança militar. Além dos ensinamentos colhidos nos bancos escolares e nas suas
experiências de vida, todos os militares devem buscar o auto aperfeiçoamento, que
traduz a disposição ativa para mobilizar seus recursos internos, visando a aprimorar e a
atualizar os seus conhecimentos.

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4.3 Normas
Os grupos transmitem os costumes, as tradições e os valores dos seus
membros através de normas (regras ou leis), que permitem às pessoas estabelecerem
os parâmetros que vão guiar os seus julgamentos, se engajarem nas relações sociais e
atividades profissionais e direcionarem os comportamentos individuais e também os da
Unidade.
As normas permitem que as pessoas, em todos os setores da sociedade
inclusive na vida militar, possam conviver em harmonia.
Normas são padrões, regras e diretrizes usadas para dirigir o comportamento
humano. O Regulamento Disciplinar do Exército e o Código Penal Militar são exemplos
de normas formais que guiam o comportamento dos militares em situações diversas,
definindo aquilo que é ou não permitido. Os regulamentos, de modo geral, os códigos
de segurança e os procedimentos operacionais normais também se incluem neste
grupo.
As normas informais são regras não escritas que orientam o comportamento de
um grupo. Estas têm origem, geralmente, em procedimentos consagrados ao longo do
tempo em unidades ou mesmo no ambiente do Exército, adquirindo força legal pela
incorporação aos usos e costumes do grupo, sem, no entanto, disporem de qualquer
amparo de lei escrita.
Essas normas, até mesmo pelo caráter de informalidade que as caracteriza,
parecem, às vezes, bastante prosaicas, o que não impede que sejam fielmente
acatadas.
Embora não existam referências escritas amparando tais procedimentos, estes
são aceitos sem restrições como se constituíssem normas regulamentares, não
devendo, entretanto, sobreporem-se aos preceitos contidos nos manuais e
regulamentos militares. O líder, ao detectar atitudes negativas, deve procurar eliminá-
las antes que se tornem normas para o seu grupo, que o ajudam a compreender e
solucionar os problemas, no decorrer de sua carreira.

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CAPÍTULO II
ATRIBUTOS DO LÍDER

1. O PERFIL DO LÍDER MILITAR


Manual de Ensino – EB60-ME-14.072. Liderança Militar. 1ª Ed. Brasília: 2013

1.1 Generalidades
São objetivos deste capítulo:
- Estudar o líder militar;
- Conhecer os traços básicos de sua identidade: e
- Sugerir caminhos para aperfeiçoá-los.
Os aspectos éticos da vida militar: aliados às características pessoais de líderes
e liderados, o espírito de grupo, as nuances inerentes à situação considerada e a forma
como se processa a comunicação são os fatores essenciais, sempre presentes,
interagindo de modo simultâneo e conduzindo à decisão do líder, quaisquer que sejam
o nível ou o escalão envolvido.
A despeito da complexidade do estudo do ser humano, do caráter muitas vezes
imprevisível de suas reações, da diversidade de variáveis impossíveis de serem
plenamente identificadas e controladas, o que se conhece da mente humana e das
formas de relações interpessoais permite afirmar que é possível estruturar o perfil do
líder militar segundo três aspectos fundamentais:
- o caráter (o ser);
- a competência profissional (o saber); e
- a maneira como ambos se manifestam pelo comportamento (o fazer).
1.2 Aspectos Básicos
a. A liderança militar estabelecer-se-á apoiada em três pilares:
- proficiência profissional;
- senso moral e traços de personalidade característicos de um líder; e
- atitudes adequadas.
b. Assim, observa-se o que o líder deve saber, ser e fazer, além de interagir
com o grupo e com a situação. São os fatores que criam e sustentam a credibilidade do
líder militar (Fig 3).

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Fig 3 – Pilares da Liderança Militar

c. A proficiência profissional indica capacidade, conhecimento, cultura. É


condição ―sine qua non” para o exercício da liderança, pois é a primeira qualidade que
se observa e se exige de alguém que exerce uma função de comando. Abrange, além
dos conhecimentos peculiares à profissão, a capacitação física para estar à frente dos
trabalhos a serem realizados, a habilidade para se comunicar de modo eficaz com o
grupo, o conhecimento de seus liderados e, sobretudo, o cuidado para interagir com
pessoas, respeitando-as em suas deficiências e dificuldades.
d. O senso moral diferencia os que usam o poder que determinado cargo lhes
confere para fazer o bem e agir em prol da coletividade e da missão, dos que se
aproveitam do cargo para auferir vantagens pessoais. Implica na incorporação à
personalidade (caráter e temperamento) de importantes valores morais.
e. O indivíduo deve possuir determinados traços de personalidade. A capacidade
de liderança ocorre da junção harmoniosa de valores e de características desejáveis da
personalidade (o ser) com os diversos conhecimentos necessários a um líder (o saber).
f. A atitude adequada, fator preponderante para capacitá-lo ao exercício da
liderança (o fazer), deve ser evidenciada na forma como o homem emprega os valores
e as competências de sua personalidade com as ferramentas que seus conhecimentos
lhe oferecem.
g. A motivação para liderar será o elemento disparador que levará o líder a
integrar os três pilares acima abordados.
h. No entanto, ainda que determinado militar possua adequada capacidade de
liderança e motivação para exercê-la, isso não assegura que ele venha a ser um bom
líder. O processo de influência do líder sobre os liderados dependerá de como se
relacionarão os quatro fatores da liderança (situação – líder – liderados – e interação
entre líder e liderados) em determinado contexto. Como exemplo, é possível citar um
comandante que se tornou um excelente líder em situação de combate e que não foi,
necessariamente, um bom líder frente a uma organização militar de natureza
administrativa.
i. ―Dessa forma, considera-se inadequado o uso, muito comum, da expressão
desenvolvimento da liderança‖. O que pode ser efetivamente desenvolvida é a
―capacidade de liderança‖, que não garante que o indivíduo se tornará um líder, porém
contribuirá significativamente para que isso ocorra.

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j. Nos capítulos seguintes serão abordados aspectos que favorecem a
construção de laços de liderança entre um comandante e seus subordinados, bem
como serão explorados os três pilares básicos da liderança, por meio de um estudo
ético dos valores e das competências desejáveis de serem internalizadas pelo
comandante que deseja realmente ser um líder.

1.3 O Que o Líder Deve Ser - Caráter do Líder


As pessoas apresentam reações semelhantes dentro de um amplo contexto de
situações similares. Esta estabilidade na constituição da personalidade determina a
formação de hábitos que, repetidos em muitas ocasiões, geram comportamentos
previsíveis. Estes hábitos ou conjuntos de condutas específicas podem ser
considerados como traços de personalidade.
Um traço é uma qualidade ou característica que distingue uma pessoa. A soma
total de traços de personalidade chama-se caráter, o qual pode ser definido como o elo
que relaciona valores e comportamentos. O caráter é, portanto, a combinação de
traços de personalidade que dão consistência ao comportamento e tem por base as
crenças e valores, sendo o fator preponderante nas decisões e no modo de agir de
qualquer pessoa.
Certos traços de personalidade encontram-se especialmente acentuados nos
líderes militares, porém não existem fórmulas que indiquem quais os mais necessários
ou coro são utilizados no exercício da liderança. É importante que os chefes procurem
desenvolver estes traços em si e nos subordinados porque, em momentos críticos ou
situações difíceis, estes proporcionam segurança para agir com eficiência.
Estudos realizados dentro do Exército levaram a detectar certos traços como os
mais relevantes para o líder militar brasileiro.
a. Competência - Capacidade de desempenhar, adequadamente, em’ tempo
hábil, as atividades relativas a sua área de atuação profissional. A competência está
estreitamente relacionada com os itens seguintes.
1) O conhecimento de si mesmo - Saber seus pontos fortes e fracos para
trabalhar no sentido de reforçar os primeiros e melhorar os últimos.
2) O conhecimento de a natureza humana - Conhecer e saber motivar os
subordinados para obter uma Unidade coesa, disciplinada e bem adestrados.
3) O conhecimento do trabalho - Tanto em nível técnico como tático e, para
isto, é necessário estudar e trabalhar com afinco, além de estar a par de informações
contidas em manuais e publicações.
4) O conhecimento da Unidade - Juntamente com os aspectos anteriores
possibilitará ao líder, torná-la uma Unidade coesa e disciplinada onde os homens se
conheçam bem preocupem-se uns com os outros, partilhem confiança, respeito,
coragem, compreensão e trabalhem como uma equipe organizada para atingir os
objetivos comuns.
b. Responsabilidade - Capacidade de assumir e enfrentar as consequências de
suas atitudes e decisões. E a característica que leva o líder a perseguir seus objetivos,
procurando superar os obstáculos e tomando decisões baseadas na razão e em
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princípios morais, com total honestidade. O líder responsável baseia-se, integralmente,
no seu código de crenças e valores profissionais, quando determinam, faz cumprir e
assume as consequências de todos os seus atos.
c. Decisão - Capacidade de tomar posição diante de várias opções. É a
habilidade para tomar medidas seguras e corretas no momento adequado. A
percepção e sensibilidade são elementos críticos para a tornada de decisões.
d. Iniciativa - Capacidade de agir face a situações inesperadas, sem depender
de ordem ou decisão superior. É a habilidade para, rapidamente, mobilizar-se e ao
grupo, no sentido de atingir as metas estabelecidas, sem aguardar deliberação ou
determinação dos chefes.
e. Equilíbrio emocional - Capacidade de controlar as próprias reações, tomar
atitudes adequadas e decidir com acerto e oportunidade. E a habilidade para avaliar,
com calma e isenção, o comportamento dos subordinados, não se deixando dominar
pelas emoções.
f. Autoconfiança - Capacidade de demonstrar segurança e convicção nas
próprias reações diante de dificuldades. É a certeza de ser bem sucedido, as sim como
os seus homens, em tudo que deve ser realizado:
A autoconfiança é demonstrada pela aparência, pelo olhar, pela voz, pelo
entusiasmo no modo de falar e de agir. Se o líder não estiver confiante em relação ao
resultado de uma missão ou a solução de um problema, não estará preparado para
tornar os seus homens confiantes.
g. Direção - Capacidade de conduzir e coordenar pessoas, de modo a alcançar
um objetivo. Consiste em assumir o controle, tornando conhecidas suas idéias,
ajudando a definir os problemas e encaminhando o grupo para a ação correta a fim de
solucionar as dificuldades e cumprir a missão.
h. Disciplina - Capacidade de proceder conforme as normas, leis e padrões
regulamentares. Em uma Unidade disciplinada, cada um faz o que deve no momento
oportuno, refletindo o trabalho de líderes disciplinados que transmitem aos seus
subordinados esta noção através do exemplo, dos seus próprios padrões e da
instrução.
i. Coragem - Capacidade de controlar o medo e continuar desempenhando com
eficiência a missão. A coragem se apresenta sob duas formas:
1) Coragem física - Superação do medo ao dano físico no cumprimento do
dever.
2) Coragem moral - Defesa dos próprios valores, princípios morais e
convicções.
Observação - Existe coragem moral quando se faz algo baseado em valores e
princípios morais sabendo que este ato contraria os próprios interesses.
j. Objetividade - Capacidade de selecionar, dentre várias possibilidades, o
essencial necessário para atingir urna determinada meta. Os problemas de uma
Unidade geralmente decorrem da ausência de um bom líder ou de seus equívocos. O
sucesso do líder eficaz está apoiado na sua habilidade para identificar, controlar e

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corrigir os problemas potenciais reais tão logo surjam, escolhendo para isso o meio
mais rápido e direto.
k. Dedicação - Capacidade de realizar atividades com empenho. A dedicação
está estreitamente relacionada com as crenças, os valores e o caráter do líder, o qual é
fortemente motivado para aprender e aplicar seus conhecimentos e habilidades com o
intuito de conseguir Unidades disciplinadas e coesas.
l. Coerência - Capacidade de agir de acordo com as próprias idéias e pontos de
vista em qualquer situação. E a expressão da integridade. Significa firmeza, franqueza,
sinceridade e honestidade para si mesmo e em relação a superiores, pares e
subordinados. Na vida profissional, ocorrem muitas situações em que as pessoas são
pressionadas a tomar atitudes em desacordo com os seus princípios morais.
Estes momentos representam um teste para a sua capacidade de resistir a
pressões, a fim de preservar a sua coerência.
m. Camaradagem - Capacidade de estabelecer relação amistosa com
superiores, pares e subordinados. É a sensibilidade para perceber sentimentos,
valores, interesses e o bem estar dos companheiros. Inclui a compreensão e o diálogo,
que ajudam pessoas a encontrar soluções para problemas.
n. Organização - Capacidade de desenvolver suas atividades, sistematizando
tarefas. Permite que as missões sejam planejadas de forma ordenada, regulando e
combinando a ação, as condições e os meios. As tarefas são realizadas segundo uma
ordem de prioridade e atribuídas a membros da Unidade de modo a possibilitar maior
eficiência.
o. Imparcialidade - Capacidade de julgar baseando-se em dados objetivos, sem
se envolver pela afetividade. Significa atribuir igual tratamento a todos os subordinados,
distribuindo recompensas e punições (quando for o caso) de acordo com o mérito e o
desempenho de cada um, sem se deixar influenciar pelas características pessoais dos
envolvidos.
p. Persistência - Capacidade para executar uma tarefa vencendo as dificuldades
encontradas até concluí-la. E a perseverança para alcançar um objetivo, apesar de
obstáculos aparentemente insuperáveis. Depende de uma grande determinação e força
de vontade.
q. Persuasão - Capacidade de utilizar argumentos capazes de influenciar ações
e opiniões de outros. Uma das maiores dificuldades com que um líder defronta é
encontrar a medida adequada para a utilização dos recursos de persuasão que possui.
As pessoas podem ser persuadidas a cumprir o seu dever tanto por metas e padrões
definidos, o ensino e a instrução, o aconselhamento, o saber ouvir, convencer e
recompensar, dar sentido às tarefas tornando-as significativas ou um desafio, e fazer
coincidentes, tanto quanto possível, as necessidades da Unidade com as do pessoal.
Os meios coercitivos ou negativos vão desde a advertência às punições mais severas.
Quanto maior for a habilidade do líder para utilizar tais instrumentos, melhor sucedido
será.

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1.4 O Que o Líder Deve Saber - Abrangência do Conhecimento
O líder deve possuir outras qualidades, mas o conhecimento é o ponto de
partida. Quando um líder aplica seus conhecimentos ao estudo e à solução de
problemas, está atuando no nível do seu ―saber‖, Estes conhecimentos abrangem os
seguintes aspectos:
a. Conhecimento dos subordinados - O Exército deve formar Unidades
capacitadas a executar missões sob condições de grande dificuldade, forte emoção e
extremo perigo e, para atender a essas situaações, os militares terão que ser
preparados para responder física e psicologicamente a severas exigências. Para
alcançar estes objetivos, a observação e o acompanhamento constantes são
importantes, mas somente a convivência direta com os homens permitirá ao líder o
conhecimento mais profundo da capacidade e das limitações de cada um. A partir
deste conhecimento, o líder estará preparado, não apenas para escolher o homem
mais qualificado para uma determinada missão como poderá também atender de uma
forma efetiva às suas necessidades e bem- estar.
b. Compreensão da natureza humana - A compreensão da natureza humana
favorece o embasamento necessário para que o líder possa perceber as forças que
atuam dentro de uma situação particular e procure utilizar a contribuição destas forças
para o cumprimento da missão. Esta analise estabelece um quadro de referência
através do qual o líder avalia, orienta, executa e motiva.
A tarefa mais difícil com que qualquer líder se defronta é inspirar e gerar nos
subordinados a coragem necessária para superar a incerteza e o medo. Para isto, o
chefe precisa adquirir compreensão sobre a natureza humana e os motivos que levam
as pessoas a agir de uma maneira característica. Importantes são também as
necessidades e expectativas que todos trazem para a vida militar em decorrência de
sua formação anterior e que, interagindo com as pressões da vida castrense, dão
origem a muitos comportamentos inesperados.
Este conhecimento da natureza humana é essencial a todos os líderes, embora
a sua aplicação seja diferente em cada nível hierárquico.
c. Competência profissional técnica e tática - O Exército deve ser comandado
por líderes capacitados em todos os escalões, pois os desafios que incidem sobre suas
personalidades e habilitações profissionais aumentam consideravelmente de posto
para posto. Para executar com êxito uma missão, o líder tem que saber o que está
acontecendo, decidir o que fazer a respeito, transmitir suas ordens e finalmente
manter-se informado, acompanhando o desenvolvimento dos trabalhos.
O treinamento proporciona aos líderes a aquisição de habilidades,
conhecimentos e comportamentos que são os elementos chave para absorção de
valores profissionais e de competência tática e técnica, além de proporcionar uma
estratégia significativa para o ensino da liderança aos escalões subalternos. Para
serem eficientes, os líderes devem procurar adquirir esta competência que os habilite,
também. a acelerar o esforço de cooperação do grupo em direção à consecução dos
objetivos da missão. A capacidade técnica é decisiva para a manutenção segura do
equipamento militar e para o seu emprego eficaz. Os lideres necessitam possuir
imaginação e habilidade, aceitando riscos razoáveis e criando oportunidades a fim de
obter vantagens que facilitem o cumprimento da missão.

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A capacidade tática é essencial para o emprego das forças militares, cujo
objetivo é vencer o inimigo. A liderança é o elemento crucial do poder de combater e a
sua essência e qualquer falha na integração da doutrina de liderança com a doutrina
operacional irá determinar o fracasso de uma ação militar.

1.5 O Que o Líder Deve Fazer - Papel da Ação


a. Duas pessoas podem estar juntas procurando soluções para um determinado
problema e na realidade falar de coisas diferentes. Isto acontece porque cada uma das
pessoas percebe a situação o seu modo e não se dá conta do que acontece com a
outra. Nenhuma das duas tem consciência destas dificuldades.
Para evitar este tipo de problema, é importante que o líder tenha sempre
presente certo processo significativo para o relacionamento humano, tais como:
- ocorrência de bloqueio na comunicação, quando o chefe constante mente
impõe os seus argumentos como os únicos que estão corretos, não admitindo a
colaboração de seus homens, levando o subordinado a sentir-se irritado e distante;
- não percepção pelo chefe dos sentimentos dos subordinados e não
correspondência a eles como deveria. Esta conduta acentua no subordinado a
sensação de que não é compreendido e de que não está integrado ao grupo;
- formulação de suposições sobre a conduta do subordinado, quando não existe
certeza a respeito, podendo levar a problemas. O líder poderá ver na atitude do
subordinado a intenção de pôr à prova a sua autoridade, se encolerizar e não ter
condições de lidar eficazmente com o problema de reconsiderar a situação. Toma
como fato às deduções e não tem condições para fazer uma boa avaliação;
- avaliação errada, podendo provocar no subordinado uma conduta inadequada.
Muitos problemas surgem porque o comportamento do chefe faz com que o
subordinado se sinta incompreendido e humilhado, e perceba o chefe como sarcástico
e autoritário
Observação: os líderes muitas vezes enfrentam problemas porque não
aprenderam que é normal natural e mesmo inevitável experimentar sentimentos de
incapacidade que não podem ser evitados. É difícil encarar os próprios sentimentos e
os dos subordinados e ter consciência do modo como suas dificuldades e sentimentos
afetam as suas avaliações.
As técnicas de comunicação podem ser ensinadas, aprendidas e praticadas para
diminuir os mal-entendidos que surgem entre chefes e subordinados.
Estas em que, embora o comportamento do homem seja influenciado pelas
complexas relações sociais das quais é parte, também influencia, em alguma medida,
as mencionadas relações. Quando aprende o que não deve fazer, está pronto para
aprender o que pode fazer. Uma vez que é capaz de aceitar suas limitações e as dos
outros, poderá começar a aprendizagem que lhe permitirá conduzir-se com maior
segurança em relação ao meio do qual tal parte.
b. Motivação: A motivação é a força interna que emerge, regula e sustenta todas
as ações humanas. É um impulso interior que leva as pessoas a realizarem coisas.

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Uma pessoa motivada utilizará ao máximo os seus recursos (conhecimentos, e
aptidões) para alcançar objetivos. Um indivíduo altamente motivado produzirá mais e
melhor do que um mais capacitado, parem desinteressado.
Existe uma interação contínua entre as forças do meio ambiente que incidem
sobre as pessoas e as forças motivacionais que existem no seu interior. E são
decorrentes de necessidades internas e estão organizadas em sistemas mais ou
menos permanentes. Esses fatores individuais afetam o nível de motivação que
Unidades e soldados apresentam o qual de onde também do envolvimento com os
propósitos e metas da organização. Estes propósitos e metas, por sua vez, influenciam
a intensidade dos esforços de cada um.
Na vida militar, o resultado final do treinamento está diretamente relacionado
com a capacidade que possuem os subordinados para atender às exigências do líder.
O grau de identificação com a organização determina a qualidade do desempenho. Os
líderes interagem com os subordinados guiando-os na direção desejada, auxiliados por
sua capacidade para perceber o que é importante para a Unidade e para os homens,
aos quais dispensam atenção especial procurando atender às suas necessidades,
embora os subordinados nem sempre se dêem conta disso.
A motivação está estreitamente relacionada com os traços de personalidade
característicos de cada um. Para motivar os subordinados, o líder utiliza seus
conhecimentos sobre a natureza humana, orientado e motivado por suas crenças,
valores profissionais e suas próprias características pessoais, aplicando os princípios
de liderança. Deste modo, o chefe orienta e cria uma atmosfera ética e de liderança
que dinamiza e motiva os subordinados a alcançarem as metas estabelecidas.
Os efeitos da motivação se fazem sentir através da participação do líder nas
atividades coletivas e na sua capacidade para acelerar o trabalho de grupo.
A motivação implica em atividade, movimento e realização de tarefas.
Os aspectos significativos da capacidade do líder para realizar e acelerar o
esforço de cooperação são a inteligência, o estado de prontidão ante as necessidades
e motivos dos subordinados e a percepção das situações reforçada por aspectos como
responsabilidade, iniciativa, persistência e confiança em si mesmo.
O líder deve procurar a cooperação de seus homens, predominante através da
motivação, ocasionalmente pela sugestão, e, apenas em situações excepcionais, pela
coação.

c. Disciplina e coesão
O processo de liderança militar está inserido num contexto social, isto é, configura
uma relação interpessoal na qual um indivíduo investido de autoridade legal,
predicados de caráter e competência profissional influencia o comportamento de outros
indivíduos para cumprir determinadas metas.
A pedra angular sobre a qual se estrutura a dinâmica da organização militar
chama-se disciplina - atributo fundamental na motivação do funcionamento do grupo
militar em qualquer escalão. Esta se evidencia pela imediata e efetiva execução de
tarefas em resposta a ordens ou, mesmo em sua ausência, caracterizando a ação do

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líder sobre seus subordinados e revelando um parâmetro importante e de sua própria
capacitação profissional.
De que modo desenvolver a disciplina? Sendo o atributo que permeia as relações
da vida militar, configura obrigação do líder criar uma verdadeira consciência de
respeito e obediência aos valores e preceitos institucionais em seu3 subordinados,
utilizando meios legais, princípios e técnicas disponíveis como: a instrução militar, o
exemplo pessoal de suas atitudes, a análise de fatos ocorridos, e o aconselhamento.
Uma tropa disciplinada e coesa resulta de liderança eficiente em todos os
escalões, havendo tantos e tão variados indícios de sua manifestação que seria
impossível enumerá-los em sua totalidade.
Exemplo - ao adentrar-se no interior de um aquartelamento, vislumbra-se, de
imediato, um indicador bastante eloquente do nível disciplinar da tropa ali instalada: a
postura, correção de gestos e atitudes e a apresentação pessoal da guarda do quartel.
Seus integrantes representam uma amostra da Unidade que ocupa aquele local e
edificações, sendo a disciplina possível de observação de urna forma bem expressiva.
Além desse exemplo, são indicadores da disciplina de uma Unidade:
- as missões bem cumpridas;
- os gestos de boa educação, civil e militar, normais e espontâneas;
- a apresentação pessoal irrepreensível;
- elevado espírito de corpo e o orgulho de pertencer àquela Unidade; o empenho
de todos em bem cumprir suas tarefas);
- o elevado espírito de cooperação. Todos se ajudam;
- a manutenção do armamento e do equipamento bem realizada; e
- a instrução bem planejada e conduzida.
Desenvolver e manter a disciplina, sejam através da observância dos preceitos
legais, seja através da criação de um ambiente de espontaneidade e real consciência
do que deve- ser executado, é urna atribuição indelegável do líder.
A instrução militar e uma atuação pautada pela franqueza e permanente
orientação, visando prevenir possíveis erros, é instrumentos adequados para alcançar
e manter um elevado padrão disciplinar.
São exemplos de procedimentos adotados pelo líder que concorrem para
implementar o verdadeiro espírito de disciplina:
- ser sincero com seus superiores, pares e subordinados;
- obedecer e assegurar-se de que as normas disciplinares são obedecidas;
- estimular em seus subordinados o sentimento de que sempre devem dizer a
verdade, não importando quão prejudicial tal atitude possa lhes parecer; demonstrar
sempre coragem moral em especial na defesa de seus subordinados contra possíveis
injustiças;
- estimular a existência de um ambiente de camaradagem desinteressada e sadia;
- ser justo e criterioso na aplicação de recompensas, elogios e punições;
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- usar de moderação devida ao reprimir uma transgressão. Sua maneira de agir
pode redundar em respeito ou degenerar num sentimento de hostilidade, mágoa e
injustiça por parte do subordinado;
- desenvolver o gosto por atividades esportivas e intelectuais para os momentos
de lazer, como forma de evitar a proliferação de hábitos indesejáveis como o uso de
bebidas alcoólicas, o fumo e as desavenças pessoais;
- respeitar, sobretudo, a dignidade humana dos seus subordinados, evitando o
uso de expressões depreciativas, preconceituosas ou grosseiras, assim como a
aplicação de castigo físico.
Coesão e disciplina estão fortemente inter-relacionadas. Coesão pode ser
definida como a existência de fortes laços de lealdade, respeito recíproco, confiança e
compreensão entre os integrantes de uma Organização militar. Se uma unidade é
disciplinada e cumpre com presteza e rapidez suas missões, mesmo sob tensão ou
condições adversas, deve possuir um nível elevado de coesão.
Esta resulta do respeito, confiança, interesse e comunicação que conduz à união
dos membros de uma OM – mental, emocional e espiritualmente comportamentos.
A coesão de uma Unidade pode ser avaliada pela observação de sua instrução;
desempenho em operações reais ou em comparação com outras Unidades.
Treinar seus homens como uma equipe é o princípio de liderança que melhor se
ajusta ao aprimoramento da coesão.
Todas as atividades devem ser aproveitadas para desenvolver essa mentalidade
de grupo, o que facilitará sobremodo a realização de objetivos em qualquer área:
combate, instrução ou administração.

1.6. Resumo do que o Líder Deve Ser, Saber e Fazer


O
LIDER O QUÊ COMO
DEVE
Pela competência, responsabilidade, iniciativa, equilíbrio
SER POSSUIR CARÁTER
emocional, autoconfiança, coragem, etc.
CONHECER OS Como reagem sob tensão; capacidade e limitações;
SUBORDINADOS conhecimento e habilidades.
COMPREENDER A Necessidades, carências e emoções; ações e
NATUREZA HUMANA comportamentos.
SABER
POSSUIR
Ampliando seus conhecimentos, decidindo com
COMPETÊNCIA
oportunidade e acerto; transmitindo ordens corretamente;
PROFISSIONAL
mantendo-se informado.
(TÉCNICA/TÁTICA)

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O
LIDER O QUÊ COMO
DEVE
COMUNICAR-SE Usando-se as técnicas de comunicação.
Despertando a força interna que leva as pessoas a
MOTIVAR
realizarem coisas.
FAZER Pela instrução militar, exemplo pessoal, análise dos fatos
DISCIPLINAR
ocorridos e pelo aconselhamento.
Pela obtenção da união mental, emocional e espiritual
ESTIMULAR COESÃO
dos membros do grupo.

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REFERÊNCIAS

- Manual de Campanha – C20-10. Liderança Militar. 2ª Ed. Brasília: 2011

- Manual de Ensino – EB60-ME-14.072. Liderança Militar. 1ª Ed. Brasília: 2013

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