Tec Mil II - UD 2

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MINISTÉRIO DA DEFESA

EXÉRCITO BRASILEIRO
ESCOLA DE SARGENTOS DAS ARMAS
ESCOLA SARGENTO MAX WOLF FILHO

CURSO DE FORMAÇÃO DE SARGENTOS

PERÍODO BÁSICO

COLETÂNEA DE MANUAIS

DE

TÉCNICAS MILITARES II

UD 2
(UTILIZAÇÃO DO TERRENO)

2019
(Coletânea de Manuais / Tec Mil II – UD 2.....................................................2/60 )
ÍNDICE DE ASSUNTOS

UD 2- UTILIZAÇÃO DO TERRENO

2.1 Conhecimento do Terreno ................................................................................. 05

2.1.1 Generalidades ................................................................................................... 05


2.1.2 Classificação do Terreno ................................................................................... 05

2.2 Nomenclatura do terreno ................................................................................... 06

2.2.1 Generalidades ................................................................................................... 06


2.2.2 Altimetria ............................................................................................................ 06
2.2.3 Planimetria ......................................................................................................... 13

2.3 Valor Militar dos Acidentes ................................................................................ 17

2.3.1 Generalidades ................................................................................................... 17


2.3.2 Acidentes do Terreno e seu Valor Militar............................................................ 20

2.4 Interpretação de Indícios.................................................................................... 22

2.4.1 Generalidades ................................................................................................... 22


2.4.2 Interpretação de Indícios .................................................................................... 22

2.5 Avaliação de Distâncias ..................................................................................... 24

2.5.1 Generalidades ................................................................................................... 24


2.5.2 Avaliação de Distância pela Vista ...................................................................... 24
2.5.3 Avaliação pela Comparação das Dimensões Aparentes .................................... 25
2.5.3 Média das Avaliações ........................................................................................ 25
2.5.4 Causas que Influem na Avaliação de Distância pela Vista ................................. 25
2.5.5 Avaliação de Distância pelo Som ....................................................................... 25
2.5.6 Avaliação de Distância com Emprego de Projetil Traçante ................................ 26
2.5.7 Medida de Distância a Passo ............................................................................. 26
2.5.8 Avaliação de Distância Utilizando o Binóculo ..................................................... 27

2.6 Descoberta e Designação de Alvos e Objetivos ............................................... 28

2.6.1 Generalidades ................................................................................................... 28


2.6.2 Processos de Designação de Alvos e Objetivos ................................................ 28
2.6.3 Medida do Afastamento Angular ........................................................................ 31

2.7 Utilização do Terreno para Observar ................................................................. 32

2.7.1 Utilização de Cobertas ....................................................................................... 32


2.7.2 Finalidades da Ocupação de uma Coberta ........................................................ 32
2.7.3 Regras para Ocupação de Cobertas .................................................................. 32
2.7.4 Utilização de Abrigos ......................................................................................... 34
2.7.5 Observação Durante o Dia ................................................................................. 36
2.7.6 Observação Durante à Noite .............................................................................. 40
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2.7.7 Equipamentos de Visão Noturna .......................................................................41

2.8 Utilização do Terreno para Progredir .................................................................43

2.8.1 Generalidades ....................................................................................................43


2.8.2 Progressão Sob Fogo Inimigo ............................................................................43
2.8.3 Processos de Progressão ...................................................................................46
2.8.4 Execução do Lanço ............................................................................................48
2.8.5 Passagem de Obstáculos ...................................................................................51
2.8.6 Progressão à Noite .............................................................................................55
2.8.7 Tiro Noturno .......................................................................................................59
REFERÊNCIAS...................................................................................................60

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CAPÍTULO II - UTILIZAÇÃO DO TERRENO

(Segundo o C 21-74: Manual de Campanha – Instrução Individual para o Combate. 2ª


edição Brasília, 1986).

2.1 CONHECIMENTO DO TERRENO

Generalidades
a. O conhecimento do terreno é necessário a todo combatente, qualquer queseja a sua
função. O seu perfeito conhecimento concorre para que o militar com ele se familiarize,
sentindo-o nas suas minúcias, ficando apto a:
(1) conhecer o valor militar dos diversos acidentes;
(2) utilizá-lo judiciosamente;
(3) ser capaz de a ele referir-se em linguagem militar.
b. A execução de qualquer missão (ofensiva ou defensiva) exige o reconhecimento do
terreno em que se vai operar. Isto só será bem feito, se o executante tiver perfeita noção de
como conduzi-lo tendo em vista o máximo aproveitamento dos recursos que o terreno pode
oferecer à missão recebida.
c. Em princípio, todo terreno é defensável ou atacável, desde que a tropa encarregada
de sua defesa ou ataque, saiba utilizá-lo com objetividade, ajustando, aos seus acidentes, os
fogos de suas armas e dele tirando o máximo proveito para organizar-se defensivamente ou
progredir.

Classificação Do Terreno
a. Visibilidade - Quanto à visibilidade, o terreno tem a seguinte classificação:
(1) Descoberto - Quando não apresenta obstáculo algum que impeça a vista de
descortinar grandes distâncias. Os terrenos descobertos dificultam as ações de surpresa e
geralmente permitem a execução de tiros a grandes distâncias.
(2) Coberto - É o caso contrário, quando apresenta obstáculos que limitam a
visibilidade. Terrenos nessas condições favorecem as ações de surpresa, permitem a
infiltração e reduzem a amplitude dos campos de tiro.
b. Campos de tiro - Podem ser favoráveis ou desfavoráveis.
(1) Favoráveis - Quando as formas do terreno e a vegetação permitem adaptar as
trajetórias dos projetis ao terreno, proporcionando, ao combatente, possibilidade de batê-lo
com armas de trajetória tensa, dificultando ou mesmo impedindo a progressão do inimigo. Os
campos de tiro favoráveis são sempre procurados para as ações defensivas, sendo que os
terrenos que mais se prestam a esse fim são os descobertos, e uniformemente inclinados.
Esses terrenos permitem o máximo de zonas rasadas.
(2) Desfavoráveis - Quando a vegetação impede as vistas ou o terreno apresenta
reentrâncias e saliências, dando origem a ângulos mortos que limitam o aproveitamento das
armas de tiro tenso, reduzindo a sua eficiência.
c. Progressão - Quanto à progressão ou movimento de tropas, o terreno tem a
seguinte classificação:

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(1) Livre ou aberto - Quando não apresenta obstáculos que impeçam ou dificultem o
movimento ou a progressão (está com o concurso do fogo).
(2) Cortado - Quando apresenta obstáculos que impedem ou dificultam o movimento
ou a progressão, tais como: rios, matas, grandes valas, taludes, etc.
d. Praticabilidade
(1) Diz-se que um terreno é praticável quando, embora apresentando obstáculos,
permite o movimento, em tempo útil, após certos trabalhos, tais como: lançamento de
passadeiras, abertura de picadas ou estradas, etc.
(2) Impraticável - Quando os obstáculos existentes tornam impossível o movimento,
dentro do tempo necessário à execução da operação que se tem em vista. Exemplo: rios muito
largos, atoleiros ou pântanos extensos, montanhas de alturas consideráveis, etc.
e. Vegetação - Segundo a natureza da vegetação dominante o terreno tem a seguinte
classificação:
(1) Limpo - Quando a vegetação não se em obstáculo que impeça ou
dificulte as vistas (observação), o movimento e a ligação.
(2) Sujo - Quando a vegetação se constitui em obstáculo à observação, ao
movimento ou à ligação.

2.2 - NOMENCLATURA DO TERRENO

Generalidades - O conhecimento da nomenclatura para os diversos acidentes do terreno visa


a assegurar o perfeito entendimento entre os militares, pela padronização da linguagem
empregada nas ordens, partes, relatórios, etc.
Altimetria - Altimetria é a parte da Topografia que se ocupa das formas do terreno, ou seja, do
seu modelado e relevo e de sua representação gráfica.
a. Curvas de nível - São as projeções ortogonais horizontais das interseções do
terreno com planos horizontais equidistantes. Elas representam linhas imaginárias, no terreno,
ao longo da qual todos os pontos estão em uma mesma altitude. As curvas de nível indicam
uma distância vertical acima, ou abaixo, de um plano de nível. Começando no nível médio dos
mares, que é a curva de nível zero, cada curva de nível tem um determinado valor. A distância
vertical entre as curvas de nível é conhecida como equidistância cujo valor é encontrado nas
informações marginais da carta. Maiores informações sobre o assunto, verificar o CAPÍTULO 7
do C 21-26 - LEITURA DE CARTAS E FOTOGRAFIAS AÉREAS.
Altitude de um ponto qualquer do terreno é sua altura em relação ao nívelmédio
do mar.
b. Qualquer que seja a altitude média de uma região; as alturas relativas nela
existentes classificam o terreno:
(1) Plano - Quando não apresenta sensível variação de alturas.
(2) Ondulado - Quando as elevações nele existentes têm alturas que variam de
zero a 20 metros
(3) Movimentado - Quando variam entre 20 e 50 metros
(4) Acidentado - Quando variam entre 50 e 100 metros.
(5) Montuoso - Quando variam entre 100 e 1.000 metros.
(6) Montanhoso - Quando variam acima de 1.000 metros.
c. Cota - É o número que exprime a altura de um ponto em relação a um
plano horizontal de referência. Nas cartas topográficas, as cotas são, normalmente,
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expressas em metros e tomadas a partir do nível do mar, correspondendo, portanto ao
valor métrico da altitude. É comum, também, referir-se a uma elevação pela sua cota.
Assim uma elevação cuja cota é de 434 metros, é militarmente chamada ‘Cota 434’.

d. Comandamento - Diz-se que um ponto tem comandamento sobre outro


quando é mais alto do que esse outro; entretanto, esse comandamento não depende
exclusivamente da altura relativa, mas também da distância entre esses dois pontos,
levando-se em conta o alcance do armamento empregado e a possibilidade de se
observar. A posse de um ponto ou de uma posição de comandamento garante sempre
vantagem tática sobre o inimigo; por essa razão, as ações terrestres, mesmo de
pequenos efetivos, giram em torno da conquista e preservação dos pontos dominantes
da região de operações.

FIGURA 1–Comandamento

e. Elevações
(1) Elevação é a designação genérica das partes altas do terreno.
(2) Elevações isoladas - Quando uma elevação aparece isolada no terreno,
geralmente toma a forma de uma colina ou de um mamelão:
(a) A colina tem o aspecto geral alongado segundo uma direção.
(b) O mamelão apresenta as encostas mais ou menos arredondadas e
uniformes.

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FIGURA 2– Colina e Mamelão
(3) Formas elementares - Em sua maioria, no entanto, as elevações apresentam-se
interligadas e tomam aspecto bastante irregular. Nessas elevações podemos encontrar as
formas elementares abaixo.
(a) Garupa - Massa de terra, com a forma arredondada da anca de um cavalo,
que se projeta de uma elevação.

FIGURA 3– Garupa

(b) Espigão - É um movimento de terra semelhante à garupa, porém


deformatriangular e alongada.

FIGURA 4 – Espigão

(c) Esporão - É semelhante a um espigão, sobre cuja extremidade, após um


colo, ergue-se um cume mais ou menos pronunciado.

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FIGURA 5 –Esporão

(4) Elementos comuns a todas as elevações.


(a) Cume ou cimo - a parte mais alta de uma elevação, serra ou cordilheira.
Quando o cume é em forma de ponta, chama-se pico e, se este é extremamente agudo, recebe
o nome de agulha.
(b) Linha de crista ou de cumeada - É a linha que corre pela lomba da ou parte
mais alta das elevações, ligando os diversos cumes; é a linha que limita o encontro das
vertentes opostas da elevação. É também chamada linha de festo, linha divisora de águas ou
linha seca.

FIGURA 6 – Elementos das Elevações

(c) Crista topográfica - a linha segundo a qual umaelevação


se projeta contra o fundo.
(d) Crista militar – Chama-se crista militar, à linha formada pela reunião dos
pontos de maior cota, dos quais se pode ver e bater com tiros de trajetória tensa o sopé da
elevação.
(e) Encostas ou vertentes - São as superfícies em declive que formam uma
elevação. O uso militar admite a designação de encostas para as superfícies interiores de um
compartimento do terreno onde se defrontam duas forças adversárias, e contra encosta para
as superfícies opostas.
(f) Sopé, raiz ou fralda - São as denominações dadas à parte mais baixa das
elevações e onde começam suas encostas.

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FIGURA 6-1 – Elementos das Elevações

FIGURA 6-2 – Elementos das Elevações

(5) Elevações de grande porte.


(a) Montanha - É a denominação dada a um aglomerado de elevações de
grandesaltitudes com mais de 1000 m de altura e contornos irregulares.
(b) Cadeia ou cordilheira - Chama-se cadeia ou cordilheira, ao conjunto de
montanhas que seguem uma direção mais ou menos retilínea.
(c) Serra - Quando uma cadeia tem pequena extensão, denomina-se serra.
(d) Maciço - É um conjunto de elevações que se distribuem uniformemente em
torno de um ponto central.

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FIGURA 7 – Maciço

(e) Contrafortes - As elevações de grande porte (montanhas, serras, etc.),


quando mudam de direção, lançam um movimento de terra semelhante a uma garupa ou
espigão, perpendicularmente ao lado oposto da curvatura, que é denominado contraforte.
(f) Planalto - Superfície mais ou menos extensa e regular, situada em regiões
elevadas; em geral ondulada, podendo ser acidentada. Um planalto de pequena extensão é
chamado chapada.
(g) Depressões - Depressões são formas opostas às elevações e às quais vão
ter as águas das chuvas que se escoam pelas encostas das elevações circundantes. Com
paradas com o terreno circunvizinho, as depressões dão ideia de verdadeiras escavações.
(1) As depressões em sua grande maioria são leitos para o escoamento
das águas em forma de ravinas e vales. Algumas depressões, no entanto, apresentam-se
isoladas e sem escoamento para as águas, recebendo a denominação de cuba. Essas
depressões, por sinal bastante raras, servem, em geral, de fundo de lagos e lagoas.
(2) Ravina e fundo - Chama-se ravina ao sulco ou depressão mais ou
menos profunda, existem na encosta de uma elevação. Fundo é uma ravina alongada,forma
intermediária entre a ravina e o vale.
(3) Vale – Região baixa do terreno, existente entre elevações mais ou
menos paralelas, formada pelo encontro das vertentes dessas elevações. Os vales têm forma
de sulcos alongados e sinuosos, de profundidade e largura variáveis.Um vale estreito e que
permita acesso a outro compartimento do terreno, pode tomar a forma de garganta, corredor ou
desfiladeiro.

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FIGURA 8 –Vale, Ravina e Fundo

(4) Garganta - É uma depressão bastante acentuada, estreita e curta, que


serve de passagem entre duas elevações.

FIGURA 9 – Garganta
(5) Corredor e desfiladeiro - Quando uma garganta tem extensão
apreciável, recebe o nome de corredor. Se este apresenta encostas íngremes e de difícil
acesso é chamado desfiladeiro.
(6) Grotas e grotões - São vales estreitos, profundos, de aspecto sombrio
e com encostas rochosas e escarpadas.
(7) Brecha - É a garganta formada por rupturas naturais do terreno.
(8) Cortes - São depressões artificiais, de aspecto uniforme, feitas
nas elevações para a passagem de estradas (de ferro ou de rodagem).
(9) Colo - É uma depressão de pequena extensão e mais ou menos suave,
existente na linha de crista de uma elevação.
(10) Linha de aguada, de fundo ou talvegue - É a forma oposta à linha de
cumeada, ou seja, é a linha de ligação das encostas de elevações opostas, em sua parte mais
baixa; serve como coletora e escoadora das águas.

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FIGURA 10 – Brecha, Corte e Colo

(h) Planície
(1) Planície - uma grande extensão de terreno plano situada em
regiões de baixaaltitude.
(2) Pampas, estepes e pradarias - São nomes dados às vastas
planícies cobertas de vegetação rasteira e apropriadas para a criação de gado,
existentes em algumas regiões do mundo. O nome varia com o lugar: pampa, na
região meridional da AMÉRICA DO SUL; pradaria, na AMÉRICA DO NORTE; e
estepe, na ÁSIA e EUROPA ORIENTAL.
(3) Várzea - Terreno baixo, plano e fértil que margeia os rios e
ribeirões. É também chamado vargem ou varge.
(4) Baixada - Planície existente entre o sopé de grandes
elevações e o mar ou um rio.
3) Planimetria
Planimetria é a parte da topografia que se ocupa da representação e projeção
horizontal das linhas naturais e artificiais do terreno (estradas de rodagem, vias férreas, cursos-
d ’água, vegetação, áreas urbanas, etc.).
a. Hidrografia
(1) Curso-d’água
(a) Rio - Curso-d’água doce, natural, mais ou menos volumoso e que é,
normalmente, navegável em grande parte de sua extensão.
(b) Ribeirão - Curso-d’água de menor volume que o rio, porém mais caudaloso
que um riacho.
(c) Riacho, ribeiro ou córrego - Curso-d’água muito pequeno e que geralmente
dá vau em toda sua extensão; no Norte do Brasil chama-se igarapé e no Sul arroio.

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(d) Cabeceira ou nascente - É o local onde um rio nasce. Situa-se, geralmente,
em regiões altas.
(e) Bacia - a região banhada por um rio e pela rede de seus tributários.

FIGURA 11 – Cabeceira e Bacia

(f) Afluente ou tributário - Diz-se que um curso d’água é afluente ou tributário de


outro quando nele deságua, perdendo, consequentemente, seu nome.
(g) Leito, álveo ou calha - o terreno em que o rio corre; é o sulco cavado por
suas águas.
(h) Embocadura, confluência ou foz - é o ponto em que um rio lança suas
águasem outro rio, num lago ou no mar.
(i) Margens - São as duas partes do terreno que servem de bordas ao leito de
um rio. Para se determinar qual a margem direita ou esquerda de um rio, deve-se dar as costas
para a direção de onde provêm as águas e tem-se, assim, do lado direito e esquerdo as
margens respectivas. Quando as margens são altas denominam-se barrancas ou ribanceiras;
quando planas, baixas e arenosas, são chamadas praias.
(j) Jusante e montante - Um ponto qualquer está a jusante em relação a um
outro quando está abaixo, e a montante quando se acha rio acima.
(k) Saco e praia - Numa curva de rio, geralmente, existe uma parte côncava e
barrancosa que se denomina saco e uma parte convexa denominada praia, que é sempre mais
baixa do que o saco.
(l) Vau - Região em que um curso-d’água dá passagem a pé, a cavalo ou em
viatura.
No Sul do Brasil denomina-se Passo e é muito importante pois possibilita
transposição dos cursos-d ‘água por pequenos elementos.
(m) Estirão - E o trecho mais ou menos reto de um rio.
(n) Saltos, quedas- cachoeiras e cascatas - São mudanças de nível mais ou
menos abruptas e rochosas do leito de um rio. Uma série de pequenos saltos é chamada
corredeira.

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FIGURA 12 – Afluente, Embocadura, Margens, Saco, Praia e Vau

(2) Outros elementos hidrográficos


(a) Lago e lagoa - Chama-se lago a uma extensão relativamente grande de água
circundada por terra. Se um lago for de pequena extensão é chamado de lagoa.
(b) Represa ou barragem e açude - Represa é uma construção destinada a reter
umcurso-d’água com a finalidade de acumular água para usos diversos. Açude é uma represa
destinada a fins agropecuários (irrigação, bebida para o gado, etc.).
(c) Sangradouros ou corixos - São canais que dão escoamento às águas de
lagoase represas, ligando-as ao mar ou a um rio.
(d) Pântanos - São depressões do terreno que contém água estagnada e
coberta de vegetação; quando possuem pequena extensão, chama-se de banhados.
(e) Alagadiços, charcos ou brejos - São terrenos úmidos e de fraca consistência.
Nesses lodaçais, por vezes encontram-se atoleiros perigosos e de difícil transposição.
(f) Poços ou cacimbas - São buracos cavados no solo para a obtenção de água
dos lençóis subterrâneos.
b. Vegetação
(1) O revestimento vegetal pode apresentar-se sob vários aspectos.
(a) Floresta - É uma espessa mata, em grande parte constituída por árvores
seculares e que ocupa espaços imensos do terreno. Nas regiões tropicais e equatoriais adquire
aspecto bastante hostil, sendo chamada, aí, de selva.
(b) Mata - Aglomeração de árvores cobrindo uma considerável porção do
terreno, porém, de extensão muito menor que a floresta.
(c) Bosque - É uma pequena mata, ressaltada nitidamente entre o revestimento
circundante. O bosque geralmente é permeável à passagem do homem a pé.
(d) Capão - É um pequeno bosque isolado no campo. No Norte do BRASIL é
denominado ilha.
(e) Capoeira - É o conjunto de vegetação que nasce após uma derrubada feita
num trecho de mata. Tem o aspecto de um bosque muito sujo e é constituído de arbustos e
árvores de pequeno porte.
(f) Pomar - Aglomerado de árvores frutíferas formando um bosque, cuja
disposição das árvores é, normalmente, bastante regular.
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(g) Macega - Conjunto de vegetação baixa que cresce nos campos, constituída
normalmente de mato daninho e arbustos diversos.
(h) Renque - O renque é uma fileira de árvores em linha simples, reta ou
quebrada, cuja característica maior é oferecer máscara contra vistas aéreas e terrestres.
Exemplos: renques de bambus, de palmeiras, de eucaliptos, etc.
(i) Campo - É o terreno limpo e descoberto, que tem como revestimento vegetal,
gramíneas e outras vegetações rasteiras, podendo ter ou não, árvores esparsas.
(2) Outros elementos da vegetação.
(a) Clareira - Região sem árvores, existente nó interior de uma floresta, mata ou
bosque. Quando essa clareira é coberta de pastagem, diz-se que é uma clareira campestre.
(b) Orla - Linha exterior que determina o contorno de uma floresta, mata,
bosque, capoeira, etc.
(c) Estradas e caminhos - Em relação às estradas é conveniente fixar-se
algumas ideias, a fim de evitar dupla interpretação.
(3) Se duas estradas se unem, sem se cortarem, o ponto de união pode constituir um
entroncamento ou uma bifurcação. Será entroncamento, quando a estrada ou caminho que se
une vem de uma direção geral mais ou menos perpendicular à estrada ou caminho que se
percorre.

FIGURA 13 – Entroncamento Ângulo Reto

(4) Nesse caso, usa-se dizer que a via de menor importância se entronca na principal
e o sentido do deslocamento tem muito pouca importância.
(5) Será bifurcação, quando a estrada (ou caminho) que se une, parece ir na
mesma direção geral que se segue; a junção apresenta o aspecto geral de uma
forquilha ou forqueta, e se faz em ângulo agudo.

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FIGURA 14 – Entroncamento Ângulo Reto

(6) Entretanto, quando no ponto de junção se tem a impressão que a estrada (ou
caminho) que se une vem da direção geral daquela que se segue, essa junção será um
entroncamento, muito embora apresente a configuração de uma forquilha (invertida).
(7) Cruzamento - É o ponto em que duas estradas (ou caminhos) se cortam. Quando
formam entre si ângulos aproximadamente retos, denominam-se encruzilhada.
(8) Nó de estradas - Ponto ou região em que várias estradas se cortam.

FIGURA 15 – Cruzamento, Entroncamento, Encruzilhada e Nó

2.3 - VALOR MILITAR DOS ACIDENTES

Generalidades

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a. Os acidentes naturais e artificiais encontrados no terreno oferecem, ao
combatente, vantagens táticas que, corretamente utilizados, facilitarão sobremaneira o
cumprimento da sua missão. Examinando o terreno do ponto de vista militar, nele serão
encontrados meios variados de proteção contra o inimigo, meios de dificultar o seu movimento
e também de mantê-lo sob fogo e observação.
b. Cobertas – São todos os acidentes naturais ou artificiais que ocultam o
combatente das vistas do inimigo (terrestre ou aéreo), sem, contudo, protegê-lo dos tiros; por
exemplo: moitas, arbustos, macegas, plantações, tufos de capim, cercas vivas, capinzais, etc.

FIGURA 16 - Aproveitamento de uma Cobertura para Ocultar-se e Observar.

c. Abrigos – São acidentes naturais ou artificiais que colocam o combatente a salvo do


fogo e das vistas inimigas; por exemplo: dobras do terreno, escavações, taludes, troncos
grossos, etc.

FIGURA 17 - Abrigo

d. Obstáculos - São os acidentes do terreno que impedem ou dificultam o


movimento ou a progressão. Os obstáculos podem ser naturais ou artificiais.
(1) Naturais - São todos os obstáculos encontrados no terreno, mesmo aqueles que,
sendo obras do homem, não tem a finalidade original de se constituírem em obstáculo; por
exemplo: montanhas, cursos-d‘água de considerável volume, banhados extensos, canais,
represas, etc.
(2) Artificiais - São os obstáculos lançados com essa finalidade; por exemplo: redes
de arame, fossos, campos de minas, abatizes, etc.
(3) Os obstáculos aumentam de valor, quando são eficazmente batidos pelo fogo.

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e. Ângulos mortos - São trechos do terreno que, devido a dobras e taludes ou à
existência de alguma construção, fogem à observação de quem se encontra em determinada
posição. Em consequência, o ângulo morto fica abrigado das vistas e dos tiros de trajetória
tensa partidos daquela posição. Os ângulos mortos devem ser batidos pelo emprego de
engenhos de trajetória curva, tais como grana das de mão e de bocal, morteiros ou artilharia.

FIGURA 18 –Ângulo Morto e Caminho Desenfiado

f. Caminhos desenfiados - São trechos do terreno nos quais se pode progredir a


coberto das vistas e, muitas vezes, abrigado dos fogos inimigos.
Por exemplo:
- a coberto das vistas: picadas ou trilhas dentro de matas e bosques, orlas de
bosques, macegas, renques de árvores, etc;
Abrigados dos fogos, por caminhos em ângulo morto: valas, fossos, barrancos, etc.
g. Observatórios - São acidentes naturais e artificiais dos quais, devido à sua posição
de comandamento, se avista uma grande extensão do terreno.
(1) Naturais - Cumes de elevações, cristas, árvores altas, etc.
(2) Artificiais- Torres, campanários de Igrejas, chaminés, caixas-d’água, edifícios
altos, mangrulhos, telhados, etc.

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FIGURA 19 – Caminho Desenfiado em ângulo Morto Formado por um Barranco

Acidentes do Terreno e seu Valor Militar


a. Cada acidente do terreno pode apresentar vantagens e desvantagens tanto para o
atacante como para o defensor.
b. Elevações - As elevações oferecem, de uma maneira geral, bons observatórios e
bons campos de tiro. Estas vantagens, no entanto, dependem da vegetação e do
comandamento sobre o terreno adjacente. As linhas de elevações prestam-se à organização
de posições defensivas as quais, tirando proveito da dominância sobre o terreno à frente,
obterão o máximo de eficiência quando instaladas na altura da crista militar. Nesta situação
obtém-se o máximo de profundidade dos campos de tiro, sem prejuízo da segurança. Isto
porque da crista militar consegue-se observar e bater pelo fogo o sopé da elevação. A contra
encosta das elevações presta-se à proteção dos diversos meios de apoio administrativo, dos
elementos de apoio de fogo das armas de trajetória curva e dos movimentos e reuniões de
tropa.
c. Montanhas - As montanhas oferecem excelentes observatórios e constituem
obstáculos de valor que, para serem vencidos, necessitam de treinamento e equipamento
especial.
d. Ravinas e fundos - As ravinas são favoráveis à instalação de postos de refúgio de
feridos, postos de remuniciamento e outros pequenos órgãos de apoio. Os fundos e ravinas
maiores prestam-se à colocação de elementos mais importantes, tais como reservas, postos de
comando, postos de socorro de unidade, grupamentos de viaturas, etc.
e. Gargantas, corredores e desfiladeiros - São acidentes que impõem a redução da
frente da tropa que os ultrapassa e restringem a liberdade de sua manobra, favorecendo,
portanto, à montagem de emboscadas.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil II – UD 2.....................................................20/60 )


f. Taludes, barrancos e valas - Oferecem, ao combatente individual, abrigos e caminhos
desenfiados. Podem constituir-se também, dependendo de suas dimensões, em obstáculos
contra blindados.
g. Cursos-d’água - Quando caudalosos e profundos, constituem-se em importantes
obstáculos. Margens altas com barrancos, mesmo em cursos d'água de menor importância,
são também excelentes obstáculos. Esses barrancos podem ser agravados através de
trabalhos de sapa.
h. Vau - É um acidente importante, pois, normalmente, possibilita a transposição de
cursos-d ‘água, dispensando apoio de engenharia.
i. Pântano, charcos e brejos - Constituem, conforme sua extensão, sérios obstáculos à
passagem e, em consequência, servem de reforço aos meios de defesa. Os pequenos charcos
e brejos, normalmente, podem ser transpostos por elementos a pé de efetivo reduzido,
procurando-se evitar seus trechos menos consistentes. No entanto, sempre que possível, tais
terrenos devem ser evitados. Quando for necessário, a passagem de viaturas ou grandes
efetivos pode ser feita com a preparação do terreno ou aterros.
j. Vegetação - Sob o ponto de vista militar, pode oferecer: cobertura contra as vistas
aéreas ou terrestres, obstáculo ao movimento e abrigo contra o fogo inimigo. Estes fatores têm
como condicionantes a extensão coberta, a densidade e o porte da vegetação.
(1) Florestas e matas - Servem como elemento de cobertura, sob todos os pontos de
vista. Apresentam reduzidíssimos campos de tiro e são sérios obstáculos ao movimento, só o
permitindo a tropa a pé, mesmo assim com grandes dificuldades de ligação e controle.
(2) Bosques, capões e pomares - Oferecem máscara contra vistas aéreas e
terrestres. Não constituem obstáculos de valor, sendo facilmente desbordados, além de que
são, geralmente, permeáveis a tropa a pé. Prestam-se à ocultação de pontos de suprimento,
zonas de reunião de unidades, núcleos de defesa, postos de observação, etc. Os pequenos
bosques, pomares e capões são, no entanto, regiões que atraem a observação e o fogo da
artilharia inimiga.
(3) Clareiras - Criam campos de tiro no interior das matas. Constituem também,
pontos de referência para a ligação terra - ar e possibilitam o suprimento aéreo. Servem ainda
como referência e pontos de ligação para elementos progridem através da mata.
(4) Renques de árvores - Oferecem máscara contra as vistas terrestres e aéreas a
pequenos efetivos, ocultando-os e encobrindo-lhes a progressão. Podem ser explorados por
pequenos efetivos de elementos de vigilância e segurança. Suas árvores podem oferecer
pontos dominantes para a instalação de vigias, facilmente disfarçados entre as ramagens das
copas. Como pontos característicos de um trecho de terreno, podem servir como local de
reunião de pequenos elementos, observando-se que, por serem facilmente referenciados,
podem atrair a atenção do inimigo (observação e fogos).

(Coletânea de Manuais / Tec Mil II – UD 2.....................................................21/60 )


FIGURA 20 – Aproveitamento de um Renque de Árvores

l. Fazendas, sítios e chácaras - Respondem às mesmas vantagens e inconvenientes


dos bosques, pomares e capões, tendo ainda como vantagem à possibilidade de oferecer
conforto à tropa, em situações de clima rigoroso.
m. Estradas, trilhas e caminhos - Facilitam e orientam o movimento de tropas e seus
suprimentos. As pontes e viadutos são pontos extremamente sensíveis de uma estrada, uma
vez que, destruídos, interrompem a continuidade do tráfego.
n. Picadas - Em certas regiões, o movimento através de florestas, matas e bosques só
é possível mediante a abertura de picadas embora de construção lenta e por vezes, penosa,
quando orientadas com senso de objetividade, podem trazer grande vantagem para o
movimento de tropas a pé, de grandes ou pequenos efetivos.

2.4 - INTERPRETAÇÃO DE INDÍCIOS

Generalidades
O terreno apresenta diversos indícios que nos permitem concluir ou deduzir quais os
acidentes que se acham ocultos às nossas vistas. Cada região apresenta particularidades e o
combatente deve estar sempre atento e procurando ampliar, cada vez mais, a sua capacidade
de interpretação dos indícios que lhe apresenta o terreno onde atua.

Interpretação de Indícios
a. Fábricas, usinas ou engenhos - Poderão ser indicados por uma chaminé, vista ao
longe.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil II – UD 2.....................................................22/60 )


b. Povoado - Torre de igreja emergindo entre telhados, indica a existência do
povoado. Quando se está marchando e casas esparsas vão aparecendo com intensidade
crescente na direção de marcha, é indício de que há um povoado nas proximidades.
c. Estradas e caminhos - Rede elétrica e renques, de árvores podem indicar a
existência de estradas e caminhos.
d. Estradas - Viaturas em marcha indicam a existência de uma e pelo menos
carroçável.
e. Via férrea - Apitos de trem indicam a existência de uma via férrea.
f. Riachos, arroios - Quando no meio do campo notamos que uma parte da
vegetação se apresenta mais escura e seguindo uma direção mais ou menos sinuosa,
concluímos que existe um riacho ou córrego. A vegetação escura que, às vezes, acompanha o
curso do rio, denomina-se vegetação ciliar ou pestana.
g. Granja, fazenda - Gado solto no campo indica as proximidades de uma granja ou
fazenda.
h. Picada, trilha - Avistando-se homem isolado na orla de um terreno coberto,
concluímosque nas proximidades deve haver uma picada ou trilha.
i. Vau - Quando um caminho se interrompe na margem de um curso d’água e
prosseguena outra margem, indica a existência de um vau, ou passagem em balsa.
j. Indícios de tropa
(1) Efetivo - O efetivo de uma tropa pode ser avaliado, normalmente pela
extensão da área que ocupava ou pela quantidade de detritos deixados.
(2) Condições, importância e moral - As condições de uma área de
estacionamento abandonada, latas vazias, fossas de detritos, o tipo e a quantidade de rastros,
podem definir a tropa que a ocupava e o seu estado moral. Mesmo o combatente não saiba
interpretar certos indícios é importante que ele os grave e transmita a seu comandante.
(3) Rastros de viatura
(a) As marcas das rodas e lagartas indicam a natureza da tropa e os veículos
quepossui.
(b) Os rastros deixados pelas rodas e lagartas, quando convenientemente
analisados, levando-se em consideração a natureza do solo e as condições meteorológicas,
entre outras, permitirão uma avaliação da hora de passagem da viatura por determinado ponto.
(c) A direção de um veículo pode ser determinada pela forma deixada pelas
marcas e suas rodas ou lagartas, nas estradas e pela direção em que lançam as águas das
poças.
(d) A velocidade de uma viatura pode ser determinada pela quantidade de
lama ou terra espalhada e pela profundidade dos sulcos. Movimentos lentos deixam marcas
suaves e bem definidas. Nos movimentos rápidos as marcas são profundas, mas os desenhos
não são bem nítidos.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil II – UD 2.....................................................23/60 )


2.5 - AVALIAÇÃO DE DISTÂNCIAS

Generalidades
a. A habilidade na avaliação de distâncias tem, para o combatente, importância capital
para a observação e execução do tiro. O militar tem necessidade de avaliar distâncias, seja
para fornecer um informe preciso, seja para verificar se um deter minado objetivo está dentro
do limite de emprego de sua arma.
b. Obtenção das distâncias
(1) Calculadas - As distâncias podem ser calculadas pelas cartas, fotografias aéreas
em escala, etc.
(2) Medidas
(a) Diretamente, aplicando-se sobre o terreno uma medida conhecida (odômetro
de Vtr, fita métrica, etc).
(b) Indiretamente, por meio de aparelhos (teodolito, telêmetro, etc).
(3) Avaliadas - Por intermédio de instrumentos óticos (binóculos), pelo som, luz,
vista, etc.
c. Classificação das distâncias - Militarmente, quanto à avaliação, as distâncias
classificam-se em: pequenas, até 600 m; médias, de 600 a 1.200 m; e grandes, além de 1.200
metros.

Avaliação de Distâncias pela Vista


a. Esse é o processo mais utilizado pelos combatentes das frações elementares e, por
isso, todos devem ser adestrados, a fim de que os erros decorrentes deste processo sejam
reduzidos ao mínimo.
b. A avaliação de distâncias pela vista até 600 metros, consiste em se aplicar
mentalmente, sobre a distância a avaliar, uma unidade de medida de 100 metros que se tenha
gravado de memória, fruto de uma observação frequente. Para distâncias maiores, pode-se
treinar a aplicação mental, de uma unidade de medida maior. A habilidade do homem em
avaliar distâncias pela vista pode ser desenvolvida mediante a execução de alguns exercícios.
(1) Inicialmente, num terreno plano, deverão ser posicionados alguns soldados de
100 em 100 m até a distância de 1000 ou 1200 m. Em cada posição deverão ser postados
quatro ou cinco soldados, que deverão tomar diversas posições (de pé, ajoelhado, deitado, etc)
e realizarem várias atividades como andar, cavar, correr etc. O trabalho deve ser realizado até
600 m e posteriormente até 1.200 m. É preciso ressaltar, aos instruendos, a nitidez com que se
observam, a diferentes distâncias, detalhes do corpo, armamento e equipamento dos soldados
e incutir no combatente a necessidade de que cada um grave, na memória, a forma como se
apresenta um ou mais homens, em determinada posição ou atividade, a distâncias diversas.
Os instruendos deverão, ao observar, tomar, igualmente, diversas posições. Após realizado o
trabalho em terreno plano, o mesmo deve ser repetido em terreno variado, levando-se em
conta a luminosidade e o fundo sobre o qual se destaca o objetivo.
(2) Um outro exercício consiste em dispor num terreno variado, em diferentes
direções, homens e uma mesma distância, primeira a 100 metros, de modo que os instruendos
gravem, segundo o aspecto do terreno e o fundo, como se apresenta o objetivo a essa
distância. O mesmo se fará depois, nas demais distâncias.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil II – UD 2.....................................................24/60 )


Avaliação pela Comparação das Dimensões Aparentes

a. Esse processo baseia-se no fato de que as dimensões aparentes de dois objetos do


mesmo tamanho são inversamente proporcionais às distâncias que os separam.
(1) Um homem visto à distância de 600 metros, parece três vezes menor, do que
quando visto a 200 metros.
(2) Quando se observa que uma construção de 8 metros de altura parece duas
vezes menor que outra de igual tamanho, conclui-se que ela se acha ao dobro da distância
entre a outra e o observador.
b. A aplicação deste processo exige o conhecimento da altura de alguns objetivos mais
comumentes encontrados no campo, tais como: homem de pé, 1,70 metros; cavaleiro, 2,50
metros; poste de rede elétrica, de 7 a 9 metros; casa pequena 4 a 5 m; coqueiro e palmeira, de
15 a 25 metros; vagão de estrada de ferro, de 3 a 3,50 metros; carro de combate, de 2,50 a 3
metros; viatura de 2,5 Ton, por volta de 3,00 metros.

Média das Avaliações

Quando houver tempo e a situação permitir, deve-se utilizar o processo da média das
avaliações feitas, para uma mesma distância, pelos diversos componentes de uma fração,
porque a média é, geralmente, mais aceitável do que uma única avaliação.

Causas que Influem na Avaliação de Distâncias pela Vista

a. Existem várias causas que influem neste processo de avaliação, por exemplo:
posição de quem avalia a distância, estado atmosférico, luz, cor, altitude, hora, fundo sobre o
qual se destaca o objetivo, o terreno no sentido da altura e da profundidade, etc., umas
concorrendo para aumentá-las, outras para diminuí-las.
b. Avalia-se em geral para menos quando o tempo está claro, o objetivo é iluminado, se
acha em movimento ou sua cor difere nitidamente do fundo sobre o qual se acha; quando se
observa de baixo para cima, depois de uma forte chuva, etc. Avalia-se para menos, ainda, na
posição deitado.
c. Avalia-se para mais ao amanhecer, ao anoitecer, quando o objetivo não é iluminado;
quando se acha em um fundo sombrio e cor quase se confunde com este; ao se observar de
cima para baixo; quando o objetivo está imóvel ou quando é visível somente em parte, etc.

Avaliação de Distâncias pelo Som

a. O som percorre 331 metros por segundo, na temperatura de zero grau centígrado. Ao
aumento de cada grau, corresponde um aumento de 0,63 metro por segundo. Assim, na
temperatura de 25º C, a velocidade do som terá o valor de 347 m/seg. 331 + (25 x 0,63) = 347.
b. Tomando-se por base os princípios acima, a avaliação de distância poderá ser feita
de duas formas.
(1) Processo normal - Quando se percebe o clarão de uma explosão ou da boca de
uma arma de fogo, inicia-se a contagem dos segundos, até se ouvir o ruído correspondente. A
seguir, multiplica-se o número de segundos achados pela velocidade do som em 1 segundo,

(Coletânea de Manuais / Tec Mil II – UD 2.....................................................25/60 )


obtendo-se assim a distância do local da arma ou da explosão. Exemplo: tempo entre o clarão
e o ruído 7 segundos; distância 7 x 347 = 2.429 m.
(2) Processo rápido - Considera-se neste caso, a velocidade do som igual a 333
metros por segundo e treina-se o combatente para contar até dez em 3 segundos, porque 333
m/seg x 3 seg é aproximadamente l000 m. Assim sendo, cada número contado corresponde a
um hectômetro (100 m). Para avaliar a distância o combatente deve, ao ver o clarão da
explosão ou disparo, iniciar a contagem até dez em 3 segundos; ao ouvir a detonação, o
número dito na ocasião corresponde ao número de hectômetros da distância da arma. Ao
chegar ao número 10, deve-se reiniciar a contagem, lembrando que cada dezena contada
equivale a 1.000m.

FIGURA 21 – Avaliação de Distância pelo Som

Avaliação de Distâncias com Emprego de Projetil Traçante

Gradua-se a alça na distância avaliada pela vista e dispara-se um projetil traçante; de


acordo com o impacto observado, corrige-se a alça e continua-se a atirar.

Medida de Distâncias a Passo

a. Muitas vezes, o soldado tem necessidade de medir distâncias, fazendo-o, quase


sempre, diretamente e empregando meios simples, dos quais o principal é o passo-duplo.
b. É preciso fazer com que todos os homens afiram o passo, para empregá-lo quando
for necessário medir uma distância. Aferir o passo consiste em se determinar para cada
indivíduo o valor métrico do seu passo-duplo.
c. Deve-se medir em terreno variado, para esse fim, uma determinada distância e fazer
com que o homem a percorra um certo número de vezes, contando em cada uma delas o
número de passos empregados para percorrê-la. Somam-se todos os passos e divide-se pelo
número de vezes que percorreu o mesmo trajeto. Ter-se-á, então, a média de passos gastos

(Coletânea de Manuais / Tec Mil II – UD 2.....................................................26/60 )


para percorrer a distância marcada. A distância dividida pela média dos passos dará o valor de
cada passo-duplo.
Exemplo: Empregando um fio duplo telefônico, monta-se um triângulo, em terreno
variado, com os três lados iguais a 100 m. Os vértices deverão estar firmemente amarrados a
estacas ou árvores. Cada instruendo deverá percorrer o circuito, pelo menos duas vezes. A
cada 100 m percorridos, o homem deverá anotar o número de passos duplos contados,
conforme a figura 2-34.
Média de passos duplos/100 m =- = 64 passos duplos
Amplitude do passo duplo = 100 m = 1,56 m, OBSERVAÇÃO: O instruendo deverá
percorrer o circuito completamente equipado e no passo normal. O homem poderá, também,
percorrê-lo em passo acelerado para obter a aferição neste passo.
d. Após conhecer o processo e aferir o seu passo, o homem deverá estar sempre
usando-o e adaptando-o ao terreno e à velocidade, porque ele varia de acordo com a situação.
O passoduplo será maior ou menor conforme o homem esteja correndo, carregando peso,
subindo ou descendo. A prática é indispensável para a confiabilidade de qualquer processo de
medição ou avaliação de distâncias.

FIGURA 22 – Avaliação de Distância pelo Som

Avaliação da Distância Utilizando o Binóculo

Generalidades
Para descobrirmos a distância de algum objeto utilizando o binóculo, temos que obter
os seguintes dados e aplicá-los a formula:

(Coletânea de Manuais / Tec Mil II – UD 2.....................................................27/60 )


D=1000 x F
N
Onde:
D – Distância que queremos calcular
F – Frente do objeto que desejamos saber a distância
N – Número de milésimos que o objeto possui no retículo do binóculos

Para essa avaliação teremos por base as seguintes medidas básicas:


Homem em pé:................ 1,80 m
Casa :............................... 4,50m
Poste de iluminação:............11m
Carro de combate:.................3m

Exemplo: Um homem visto pelo retículo do binóculo a certa distância, tem a frente (F) de 2
milésimos. Aplicando a fórmula, a distância do observador até o homem seria:

D=1000 x F
N

D=1000 x 1,8
2

D= 900 m

2.6 - DESCOBERTA E DESIGNAÇÃO DE ALVOS E OBJETIVOS

Generalidades
A descoberta e designação de alvos e objetivos, do mesmo modo que a avaliação de
distâncias, tem aplicação tanto sob o ponto de vista da observação como da execução do tiro.
O combatente quer esteja isolado, quer se ache enquadrado numa unidade elementar, tem,
comumente, necessidade de descobrir e designar alvos e objetivos.

Processos de Designação de Alvos e Objetivos


a. Processo direto - Quando o alvo ou objetivo se destaca nitidamente no terreno, é
suficiente indicá-lo da maneira abaixo enumerada.
(1) Direção - Dada através do processo do relógio. Neste processo considera-se a
direção em frente, como direção doze horas, e, a partir daí, seguem-se as horas de acordo
com a direção do objetivo ou alvo.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil II – UD 2.....................................................28/60 )


FIGURA 23 – Processo do Relógio

(2) Distância - Normalmente avaliada pela vista e dada em metros. Exemplo: 800 m
(3) Situação - É o local onde se encontra o objetivo ou alvo.
Exemplo: Na meia encosta da elevação, na margem esquerda do rio, na linha de
crista, etc.
(4) Natureza - De que se trata o objetivo ou alvo. Exemplo: Grupo de homens, casa,
carros de combate, casamata, etc.
(5) Particularidades - Detalhes do objetivo ou alvo.
Exemplo: branca com telhado marrom, com uma chaminé na extremidade esquerda,
etc.
(6) Terminada a designação, deve-se verificar se o objetivo foi identificado,
perguntando: Visto?

Exemplo:
- As duas horas! (direção)
- 500 m! (distância)
- No corte da estrada! (situação)
- Um grupo de homens! (natureza)
- Realizando trabalhos de sapa! (particularidade) - Visto?
b.Processo indireto - Utilizado quando o alvo ou objetivo não surgir à nossa vista tão
facilmente como no processo direto, aparecendo menos perceptível, devido a sua coloração,
fundo em que se acha, natureza do terreno, tamanho ou interferência de outros objetos na
paisagem. Para designá-lo é necessário um objetivo auxiliar, bem nítido, para servir como
ponto de referência e também a determinação do afastamento angular.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil II – UD 2.....................................................29/60 )


FIGURA 24 – Afastamento Angular

(1) 1ª Fase - Determinação do objetivo auxiliar ou ponto de referência pelo processo


direto.
- Direção: onze horas
- Distância: 800 metros
- Situação: bifurcação de estradas
- Natureza: casa de palha
- Particularidades: uma porta, duas janelas, tendo uma cerca viva.
-Visto?
(2) 2ª Fase - Determinação do alvo ou objetivo a designar.
- Afastamento angular: quatro dedos à direita
- Distância: 800 metros
- Situação: no final da cerca
- Natureza: grupo de homens - Particularidades: cavando o terreno - Visto?
c. Processo de leitura do terreno por faixas - Quando o alvo ou objetivo se apresenta
quase imperceptível; necessário é ir lendo o terreno gradativamente por faixas, até encontrar
um ponto de referência (tal como uma árvore, um arbusto em destaque, um poste, etc), do qual
se emprega o afastamento angular para designar o objetivo desejado.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil II – UD 2.....................................................30/60 )


FIGURA 25 – Leitura do Terreno por Faixas

Exemplo:
- Em frente, temos esta linha de crista. Visto?
- Mais adiante, na encosta daquela elevação mais alta distingue-se um grupo de
árvores. Visto?
- A direita, um terreno cultivado, de vegetação rasteira e verde escura. Visto?
- Mais para a direita um trecho de mato queimado. Visto?
- Na sua extremidade esquerda, existe uma moita verde-clara. Visto?
- Três dedos à direita da moita, dois homens, um de joelhos e outro deitado,
parecendo observar o terreno. Visto?
d. Processo da utilização dos projetis traçantes
(1) É um processo rápido e preciso, no entanto, tem a desvantagem de
revelar aposição do atirador, não permitindo mais, por exemplo, a surpresa de uma
rajada contra o inimigo.
(2) Neste processo, para se designar um alvo (reduzindo a um ponto), o
atirador, após definir sua natureza e particularidades, anuncia:
Alça tal! (Ex: alça cinco zero zero);
Observem meu tiro! E dispara um tiro traçante sobre o alvo, verificando, em seguida,
se o mesmo foi observado; - Visto?
(3) Quando o objetivo tem frente extensa, seus flancos são indicados por
projetis traçantes e anunciados: flanco esquerdo! Flanco direito!

Medida do Afastamento Angular


a. Para se determinar o afastamento angular entre o ponto de referência e o alvo ou
objetivo, empregam-se, como medida, os dedos, que constituem um meio rápido, simples e
prático, para tal fim.
b. Regras que deverão ser observadas.
(1) O braço deve ficar bem distendido.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil II – UD 2.....................................................31/60 )


(2) Volver o lado direito ou esquerdo para o objetivo, de modo a distender o braço
lateralmente ao corpo, no prolongamento da linha dos ombros, pois, assim, a medida será
tomada com maior precisão, porque a distância dos dedos aos olhos será constante, qualquer
que seja a estatura do homem.
(3) Dedos bem unidos.
(4) A mão bem perpendicular ao braço e a ponta dos dedos para cima.
(5) Observar com urna das vistas, para maior exatidão.

Observações Importantes

a. Direita ou esquerda de um alvo ou objetivo é a parte desse alvo ou objetivo, que


évista à sua direita ou esquerda, respectivamente.
b. Toda vez que o homem perceber o alvo ou objetivo designado, dirá: “visto” e, caso
contrário, “não visto”, cabendo, nesse caso, a quem o indicou designá-lo novamente.

2.7 – UTILIZAÇÃO DO TERRENO PARA OBSERVAR

Utilização de Cobertas

Generalidades

a. Como vimos anteriormente, cobertas são todos os acidentes naturais ou artificiais


que dão proteção contra as vistas do inimigo (terrestre ou aéreo), sem, contudo, proteger
contra os fogos. Exemplo: macegas, arbustos, moitas, redes de camuflagem, etc.
b. Para tirar o melhor proveito de uma cobertura, o combatente deve observar
determinadas regras práticas quando da sua ocupação e utilização.

Finalidades da Ocupação de uma Coberta

O combatente ocupa uma coberta com as seguintes finalidades:


- para observar;
- como ponto de parada no decorrer de uma progressão;
- para atirar, somente quando não dispuser de abrigos;
- para, mediante trabalho de sapa, transformá-la num abrigo.

Regras para Ocupação de Cobertas

a. Utilizar a sombra – Ao ocupar uma coberta, o combatente deve sempre que


possível, aproveitar a sombra, pois não terá o seu corpo iluminado e consequentemente, será
menos visível do que se ficar exposto à luz. Nas noites de lua também devem ser utilizadas as
sombras.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil II – UD 2.....................................................32/60 )


FIGURA 26 – Utilização da Sombra na Ocultação

b.Imobilidade – Os movimentos do combatente ou da vegetação contra um fundo


imóvel, serão facilmente percebidos pela observação inimiga. Deve ser conservada a máxima
imobilidade.
c. Confundir-se com o terreno - As árvores, os arbustos, a terra e as construções
porventura existentes no terreno formam fundos que variam de cor e aparência. O combatente
deverá escolher cobertas que se harmonizem com o seu uniforme, levando em conta a cor dos
objetos à sua volta e o fundo contra o qual se projeta. É importante alterar ou disfarçar o
contorno de objetos e equipamentos conhecidos (capacete, fuzil, etc.) e do próprio corpo
humano, para que se tornem irregulares e mais difíceis de serem identificados. Os reflexos da
luz sobre objetos brilhantes, também, devem ser eliminados, cobrindo-os, escurecendo-os ou
abrigando-os do sol.
d. Não se projetar no horizonte – As figuras que se projetam na linha do horizonte
podem ser vistas, mesmo durante à noite, a grandes distâncias, porque os contornos escuros
ressaltam em contraste com o céu mais claro. A silhueta forma da nestas condições, pelo
corpo do soldado, torna-o um alvo fácil. Por esse motivo, o combatente deve evitar mostrar-se
nas cristas e partes altas do terreno.
e.Evitar pontos notáveis do terreno - Deve-se evitar a ocupação de cobertas que se
constituam ou estejam próximas a pontos notáveis do terreno tais como árvores e construções
isoladas arbustos que se destaquem dos demais, seja pela cor, pelo porte ou pela forma, etc.
Estes pontos atraem a observação e o fogo inimigo.
f.Deitar se para observar - Nessa posição o homem oferece uma silhueta pouco
pronunciada e projeta pouca sombra. Pode observar agachado ou de cócoras, pois desta
forma, também, dificilmente será observado.
g.Observar através da coberta ou pelos seus cantos inferiores - Nas moitas, deve-se
observar através de aberturas na folhagem (seteiras). Quando a vegetação for compacta não
se deve abrir brechas, pois o movimento pode alertar o inimigo. Neste caso deve-se observar
pelos lados e pela parte inferior da coberta. O mesmo procedimento é válido com relação a
muros, troncos, pedras, etc.
h.Evitar usar cobertas como posições de tiro – Pois estas não oferecem proteção
contra o fogo inimigo. Uma boa posição de tiro deve estar abrigada.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil II – UD 2.....................................................33/60 )


FIGURA 27 - Como Usar uma Coberta para Observar

Utilização de Abrigos

1) Generalidades
Genericamente abrigo é qualquer coisa que proteja contra os efeitos do fogo inimigo,
particularmente do fogo direto. Além dos abrigos naturais encontrados no terreno, pode-se,
através de trabalhos de sapa, construir abrigos sumários e abrigos reparados. A construção de
abrigos é assunto do Capítulo 5 deste Manual.
2) Condições a Satisfazer
a. Os abrigos devem satisfazer às seguintes condições:
(1) oferecer proteção contra os tiros inimigos;
(2) permitir a observação;
(3) facilitar a execução do tiro;
(4) estar disfarçado.
b. O abrigo que não satisfizer as condições acima mesmo depois de melhora do
deve ser abandonado.
3) Exemplos de Abrigos Naturais
a.Tronco de árvores - No mínimo com 1 metro de diâmetro.
b.Monte de terra - No mínimo com 0,90 metro de espessura.
c.Monte de pedras - Para evitar ricochete e estilhaços, este tipo de abrigo deverá ser
revestido com uma camada de terra de, no mínimo, 0,20 metro.
d. Areia - No mínimo 0,70 metro de espessura. A areia resiste melhor à penetração
dos projetis quando molhada. A melhor maneira de se utilizar este material é acondicionando-a
em sacos.
e.Dobras do terreno, fossos, escavações, etc. - Desde que a espessura seja
suficiente para quebrar a força do projetil.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil II – UD 2.....................................................34/60 )


FIGURA 28–Abrigos naturais

OBSERVAÇÃO - Não se deve ocupar um abrigo que possua pedras ou muro à retaguarda,
pois o ricochete dos projetis causa, geralmente, ferimentos tão graves, quanto os impactos
diretos.
4) Influência da Trajetória
a.Armas de trajetória tensa (fuzis e metralhadoras)
(1) A distâncias menores que 800 m as trajetórias são tensas. Num terreno plano
e descoberto, caso fique deitado ou empregue a marcha rastejante, o combatente fica exposto
ao fogo, porém a menor ondulação do terreno constituir-se-á num abrigo eficiente.
(2) Quando o inimigo atira de distâncias superiores a 800 m (metralhadoras,
normalmente), será necessário procurar abrigos que apresentem maior altura, pois os tiros
serão mergulhantes.

FIGURA 28–Abrigos Contra Tiros Longínquos

(3) Quanto à maneira do homem abrigar-se, no 1º caso, basta deitar-se face à


direção de onde partem os tiros; no 2º caso deve deitar-se, de modo que seu corpo fique

(Coletânea de Manuais / Tec Mil II – UD 2.....................................................35/60 )


perpendicular à direção de onde vêm os tiros, encostado todo o corpo, o máximo possível no
talude do abrigo.
b. Armas de trajetória curva (artilharia, morteiros, etc.) – Para proteger-se dos fogos
das armas de trajetória curva, o combatente deve proceder da maneira que se segue.

(1) Em terreno descoberto, deita-se imediatamente aproveitando a primeira


ondulação do terreno que encontrar, e em seguida, se a situação permitir, deve-se construir
uma toca para proteger-se dos estilhaços.
(2) Existindo no terreno barrancos, fossos, trincheiras, etc, deve colar-se,
imediatamente, no talude. A fim de obter uma melhor proteção e se a situação permitir, deve-se
cavar no talude, o mais baixo possível, um nicho de tamanho suficiente para abrigar-se em seu
interior.

Observação Durante o Dia

a. O correto emprego das técnicas apresentadas neste artigo, permitirá ao


combatente ocupar corretamente uma posição e observar o terreno, extraindo informações que
se constituirão num elemento importante para as decisões de seu comandante.
b. Posto de observação é um observatório ocupado por elemento de pequeno efetivo
ou por um militar isolado, com a finalidade de cumprir uma missão de observação.
c. Para que a observação seja contínua, o posto de observação é, normalmente,
ocupado por dois ou mais homens que se revezam no posto, evitando assim, um desgaste
excessivo e permitindo um melhor resultado na observação.
d. Os postos de observação deverão, sempre que possível, estar dentro do alcance
de utilização das armas amigas, como medida de segurança, para permitir o apoio de fogo em
caso de retraimento e dispor de meios de comunicações (rádio ou telefone) que permitam uma
rápida ligação com a sua unidade.
e. Ao ocupar um posto de observação o combatente deve evitar:
(1) posições que possuam ângulos mortos ou caminhos desenfiados à frente que
permitam a aproximação coberta do inimigo;
(2) pontos destacados do terreno;
(3) posições em que a silhueta contraste com o fundo ou horizonte.
f. Um posto de observação deverá, sempre que a situação permitir, proporcionar:
(1) bom campo de vista;
(2) cobertas e abrigos;
(3) itinerário de retraimento coberto.
g. Exemplos de postos de observação e maneira correta de ocupá-los
(1) Telhado de casa
(a) Subir na cumeeira e levantar uma ou duas telhas (normalmente a casa no
campo não possui forro).
(b) Camuflar o rosto e a cabeça
(2) Janela ou porta de casa
(a) Observar afastado, de dois a três metros, a fim de ficar oculto pela sombra.
(b) Permanecer imóvel
(3) Árvores

(Coletânea de Manuais / Tec Mil II – UD 2.....................................................36/60 )


(a) Para constituir um bom posto deobservação, a árvore deve possuir os
requisitos abaixo:
- possuir folhagem densa;
- não se destacar da vegetação à sua volta;
- não estar isolada ou projetar a sua silhueta, contra o horizonte.
(b) O combatente deve subir no tronco a coberto das vistas inimigas, até atingir
um local com bastante folhagem para bem se ocultar.

FIGURA 29–Postos de Observação

(4) Moita, arbusto, macega, tronco, pedra, muro, cerca ou monte de terra - Para sua
utilização o combatente deve seguir as regras gerais para ocupação de cobertas e abrigos. É
conveniente retirar ou camuflar o capacete para disfarçar-lhe o contorno peculiar.

FIGURA
(Coletânea de Manuais 30–Utilização
/ Tec Mil de uma Moita
II – UD 2.....................................................37/60 )
(5) Crista – Para observar de uma elevação o homem deve ter a preocupação de
selecionar um lugar onde a crista seja irregular haja vegetação. Especial cuidado deve ser
tomado quando da ocupação e do retraimento, para evitar a projeção da silhueta.
h. Método de observação de um setor
(1) Inicialmente o combatente deve visualizar todo o seu setor de observação
procurando identificar pontos bem destacados, contornos ou movimentos que não sejam
naturais. Para tanto, deve olhar diretamente para o centro do setor, imediatamente à frente da
sua posição e levantar rapidamente os olhos em direção à distância máxima que deseja
observar. Se o setor de observação for muito amplo, o combatente deve subdividi-lo e proceder
de maneira idêntica para cada subsetor.
(2) Em seguida passará a examinar o terreno por faixas de aproximadamente 50m
de profundidade, iniciando a observação pela faixa mais próxima, percorrendo-as com o olhar,
da direita para a esquerda e da esquerda para a direita, sucessivamente. Coberto todo o setor,
o combatente reiniciará a observação pela faixa mais próxima.

FIGURA 31–Observação Inicial do Setor (Completa


e Rápida)

(Coletânea de Manuais / Tec Mil II – UD 2.....................................................38/60 )


FIGURA 32–Observação do Terreno em Faixas Superpostas

(3) Ao observar um setor deve-se ter em mente todos os indícios possíveis, que
revelem atividade inimiga, tais como: reflexos, poeira, fumaça, animais em movimento, etc.
i. Observação em movimento – Quando em movimento, o combatente poderá manter
observação sobre determinado setor, porém o resultado obtido será bastante inferior ao
conseguido com a observação estática. Sempre que a situação permitir, o homem, em
deslocamento, deve ocupar postos de observação sucessivos, longo do itinerário de marcha.
j. Transmissão do resultado de uma observação - Toda observação feita de ser
rapidamente informada, seja verbalmente ou por escrito, da forma mais completa. Um processo
eficiente poderá ser utilizado dividindo-se o informe, em cinco itens.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil II – UD 2.....................................................39/60 )


FIGURA 33–Itens de um Informe

(1) donde? Local do PO ou de onde foi feita a observação.


(2) quem ou o quê? O que foi observado.
(3) onde? Em que local se verificou o fato.
(4) como? Qual a atitude. O que faziam.
(5) quando? Hora exata.

Observação à Noite

a. Generalidade - As operações desenvolvidas durante a noite ou em condições de


pouca visibilidade se revestem de grande importância, pois a obscuridade permite a realização
de deslocamentos de tropa, substituições, desaferramento de uma posição, retraimentos e
mesmo operações ofensivas, a coberto das vistas inimigas, o que facilita a obtenção da
surpresa. Uma vez ocupado um posto de observação o combatente utilizará a vista e o ouvido,
com preponderância da escuta, já que a observação se torna limitada por causa da pouca
visibilidade.
b. Desenvolvimento da visão noturna - O uso eficiente dos olhos durante à noite,
requer a aplicação dos princípios da visão noturna: adaptação à escuridão, visão fora de centro
e esquadrinhamento.
(1) Adaptação à escuridão - É a propriedade que têm os olhos de se acostumarem
aos locais de pouca luminosidade. Para que a adaptação seja bem-feita, o combatente deve
permanecer em torno de trinta minutos em completa escuridão. Outro processo eficiente
consiste em manter o homem num local com iluminação vermelha ou utilizando óculos de
lentes vermelhas por vinte minutos, seguidas de dez minutos em local completamente escuro.
(Coletânea de Manuais / Tec Mil II – UD 2.....................................................40/60 )
Este método possui a vantagem de economizar tempo valioso, pois, enquanto se expõe à luz
vermelha, o homem poderá receber ordens, inspecionar o equipamento ou realizar outros
preparativos para a missão a ser cumprida.
(2) Visão fora do centro - É a técnica utilizada para manter a atenção dirigida para
um objetivo, sem olhá-lo diretamente, pois neste caso a imagem se formará no centro da
retina, cujas células, tipo cones, não são sensíveis no escuro. Se olharmos acima, abaixo ou
para os lados, a imagem se formará numa região da retina cujas células, tipo bastonetes, são
sensíveis à escuridão. Assim, conclui-se que se o combatente deseja observar um determinado
objetivo à noite, deve fazê-lo não diretamente, mas sim com um pequeno desvio, pois desta
maneira conseguirá distinguir a sua forma e contornos com maior facilidade.
(3) Esquadrinhamento - À noite para se obter a continuidade da visão deve-se
desviar, constantemente, o ponto de observação com movimentos visuais curtos, rápidos e
irregulares em torno do alvo, detendo, no entanto, o olhar apenas por alguns segundos em
cada ponto. Isto decorre de que, quando se observa à noite por meio da visão fora de centro, a
imagem formada na região das células bastonetes, tende a desaparecer entre quatro e dez
segundos.
c. Fatores que afetam a visão noturna - A falta de vitamina A prejudica a visão,
entretanto, o excesso da mesma não a melhora. O resfriado, o cansaço, os narcóticos, o fumo
demasiado e o uso excessivo de álcool, reduzirão a capacidade de ver durante a noite. A
exposição à luz brilhante, durante períodos prolongados, também prejudicará tanto a visão
noturna quanto a diurna.

d. Preservação da visão noturna - O combatente perderá a adaptação à escuridão


caso seja exposto a uma luminosidade intensa. Se isto não puder ser evitado, deve-se fechar
ou cobrir um dos olhos para que este preserve a capacidade de enxergar à noite. Quando a
fonte de luz se apagar ou o homem deixar a área iluminada, a visão noturna retida pelo olho
protegido permitirá que o homem enxergue no escuro, até que o outro olho se adapte
novamente.
e. Conclusão - Normalmente os olhos são utilizados em locais iluminados, fazendo
com que o homem se acostume com os contornos nítidos e pronunciados e cores brilhantes. À
noite, não se pode distinguir, com facilidade, um objeto pelo seu contorno e as cores não se
apresentam bem definidas. Somente com a prática continuada, o combatente pode obter a
confiança na sua visão noturna e o adestramento necessário para sua utilização no combate.

Equipamentos de Visão Noturna

a. Generalidades - Os equipamentos de visão noturna destinam-se a minimizar as


dificuldades da visão noturna, permitindo a observação, o deslocamento e a realização do tiro e
de outras atividades sem a utilização de fontes de luz visível. Além de possibilitar, de uma
maneira geral, o tiro noturno e o movimento de viaturas em completo escurecimento, esses
equipamentos permitem, nas operações defensivas ou nas situações estáticas, que a vigilância
noturna seja feita em condições semelhantes à diurna. Nas ações ofensivas, nas patrulhas e
nos movimentos, os equipamentos de visão noturna têm especial importância na orientação e
na manutenção da direção à noite.
b. Possibilidades e limitações - Os equipamentos de visão noturna permitem, dentro
de certos limites, que a observação à noite seja feita da mesma maneira que durante o dia,
facilitando a vigilância, o reconhecimento e a orientação. Por outro lado, o alto custo desses
(Coletânea de Manuais / Tec Mil II – UD 2.....................................................41/60 )
equipamentos torna proibitiva a sua distribuição generalizada à tropa. Em princípio serão
dotados os motoristas de viaturas blindadas, pessoal de reconhecimento e vigilância,
observadores de artilharia, chefes de carros de combate, atiradores de armas coletivas e
outros elementos-chave. Outra limitação é o fato de que equipamentos de visão noturna são
instrumentos delicados, que exigem manuseio cuidadoso e manutenção altamente
especializada.
c. Tipos de equipamentos de visão noturna
(1) Equipamentos infravermelhos - Os equipamentos que utilizam o infravermelho
para “iluminar” o alvo à noite, são considerados, comparativamente com os demais, baratos,
práticos e eficientes. Sua grande deficiência decorre de serem “ativos”, isto é, emitem luz
infravermelha e podem, por isso, ser facilmente detectados pelo inimigo.
(2) Equipamentos de imagem termal - Visando contornar a deficiência dos
equipamentos ativos, foram desenvolvidos os passivos, isto é, equipamentos que ao invés de
emitirem, captam a luz infravermelha que é irradiada pelos objetos. O desenvolvimento da
tecnologia de captação da luz infravermelha permitiu a construção de equipamentos que
reproduzem imagens termais. A principal vantagem desses equipamentos é observar, a
alcances maiores, objetos que estejam sob escuridão total ou cobertos por neblina, cortina de
fumaça ou nuvem de poeira. A principal desvantagem reside no fato de que as imagens
proporcionadas pelos equipamentos de imagem termal são toscas e estriadas, necessitando de
pessoal qualificando para a sua interpretação. Por exemplo: um operador experiente pode
detectar “imagens” de uma viatura que já tenha deixado a área observada, através da diferença
entre a temperatura do solo que estava sob a viatura e a temperatura da área em torno, o que
poderá, à primeira vista, não ter nenhuma relação com o que está sendo observado, para um
operador inexperiente.
(3) Equipamentos de intensificação de imagens - Amplificam a fraca luminosidade
residual do ambiente (luz das estrelas, da lua, etc), produzindo ante os olhos do observador
uma imagem um pouco “borrada”, mas razoavelmente nítida e clara. As principais
características desse tipo de equipamento são:
(a) o aumento súbito do nível de iluminação em alguns equipamentos,
causado por uma granada iluminativa, holofote, explosão de granadas, etc, desfaz o contraste,
ofuscando o observador;
(b) o volume e o peso do equipamento, relacionam-se diretamente com o seu
alcance e amplitude do campo de vista;
(c) qualquer combatente pode utilizar com sucesso um equipamento de
intensificação de imagens, graças a sua simplicidade de manejo;
(d) as imagens fornecidas são compreensíveis por qualquer combatente;
(e) o alto custo dos equipamentos, qualquer que seja o tipo, é sua grande
desvantagem.
(4) Existem equipamentos que aliam as vantagens das duas últimas tecnologias,
permitindo ao operador optar pelo tipo de imagem que deseja obter. Neste caso, ele poderá
iniciar o vasculhamento da área através da imagem termal e mudar para a intensificação de
imagens quando necessitar de maiores detalhes sobre o alvo detectado. Alguns equipamentos
permitem o uso simultâneo das duas tecnologias, proporcionando ao mesmo tempo uma
imagem termal e intensificada do alvo.
d. Conclusão
(1) Apesar de todos os equipamentos colocados à disposição do combatente,
permanecem ainda as características básicas do combate noturno.
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(a) Decréscimo da eficiência do fogo.
(b) Aumento da importância do combate aproximado.
(c) Dificuldade de movimento, de ação de comando e de manutenção do
controle.
(2) Entretanto, a tecnologia continuará influenciando as operações fazendo com que, cada vez
mais, as operações noturnas sejam conduzidas da mesma forma semelhante as que seria feito
durante o dia.

2.8 - UTILIZAÇÃO DO TERRENO PARA PROGREDIR

Generalidades

a. Para furtar-se à observação e ao fogo inimigo, ao progredir em suas proximidades,


o soldado deve tomar as seguintes precauções:
(1) escolher itinerários que ofereçam o máximo de cobertas e abrigos;
(2) deslocar-se por lanços curtos entre os abrigos e cobertas sucessivas;
(3) após cada lanço, parar e fazer um estudo cuidadoso do terreno, só
abandonando a posição depois de escolher o ponto seguinte a ocupar e o melhor caminho
para atingi-lo;
(4) evitar áreas limpas e descobertas, onde ficará mais visível;
(5) se tiver que cruzar pequenos trechos descobertos do terreno, aproveitar ruídos
ou movimentos que possam distrair a atenção do inimigo (tiros, movimento de blindados, etc.);
(6) usar um processo de progressão adequado ao terreno e à situação;
(7) evitar obstáculos e partes difíceis do terreno que lhe restrinjam o movimento,
deixando-o mais exposto ao fogo inimigo.
b. Os deslocamentos por lanços são lentos e, em geral, mais cansativos. Por essa
razão, só devem ser usados quando não se dispuser de itinerários totalmente desenfiados e for
necessário progredir em trechos do terreno expostos à observação e ao fogo direto do inimigo.

Progressão Sob Fogo Inimigo

a. Progressão sob fogos de fuzis e metralhadoras - É realizado de acordo com dois


casos. O primeiro é quando a infantaria inimiga estiver atirando a distâncias iguais ou
superiores a 800 metros e o segundo é quando o inimigo atira a menos de 800 metros.

FIGURA 34–Progressão Sob Fogo Inimigo

(Coletânea de Manuais / Tec Mil II – UD 2.....................................................43/60 )


1) No primeiro caso temos, em geral, apenas fogos de metralhadoras, pois essa
distância está acima do alcance útil dos fuzis. As trajetórias desses tiros apresentam-se bem
curvas e mergulhantes na área batida, podendo atingir um combatente que se encontre
protegido por um abrigo de pequena altura. Para progredir sob fogos longínquos de infantaria
deve-se observar.
(a) A essa distância os objetivos são pouco visíveis. Deve-se aproveitar a má
observação inimiga para progredir evitando mostrar-se.
(b) Os fogos são pouco preciso e frequentemente apresentam erros de alça.
Deve-se tirar proveito dessa deficiência para progredir. Se o fogo inimigo estiver longo, é
possível progredir rastejando sob as trajetórias.
(c) Procurar a dispersão, de forma a não oferecer alvo compacto aos fogos de
metralhadora.
(d) Ao cruzar pequenas faixas de terreno limpo e descoberto, fazê-lo num lanço
coletivo ou então por lanço de homem a homem, iniciando o movimento de lugares diferentes.
(e) Evitar cruzar áreas limpas e descobertas de maior extensão, só o fazendo
em último caso. Nessas circunstâncias usar um lanço rápido, evitando expor-se.
(f) Ao ser surpreendido por uma rajada de arma automática deve-se: deitar, se
possível em um abrigo, a fim de não oferecer alvo aos projetis; progredir, assim que a rajada
tenha cessado, para abandonar a zona batida, procurando não atrair a atenção do inimigo;
constatando um erro de alça, reiniciar a progressão, a fim de desorientar o inimigo.
(2) No segundo caso, a distâncias menores que 800 metros, as trajetórias são tensas
e num terreno plano, descoberto e uniforme, são rasantes. Neste tipo de terreno o homem fica
exposto se permanecer deitado ou rastejar. Por outro lado, qualquer dobra do terreno oferece
um ângulo morto, onde se poderá rastejar ou ficar deitado sem perigo. Para progredir nas
condições acima, deve-se seguir os princípios abaixo:
(a) Quando o terreno apresenta vários abrigos, progride-se por lanços, para
cruzar trechos limpos e descobertos entre esses abrigos. Os lanços devem ser curtos e
rápidos, não devendo ultrapassar 15 metros, pois o homem não deve ficar exposto às vistas e
fogos do inimigo mais do que 5 a 6 segundos, tempo necessário para o inimigo ver, apontar e
disparar sua arma. Logicamente, a extensão dos lanços é ditada, também, pela disposição e
distância entre os abrigos.
(b) Os terrenos limpos e descobertos de grande extensão devem ser evitados.
Quando for necessário, porém, ultrapassá-los, deve-se fazê-lo por lanços curtos, rápidos e
sucessivos, normalizando a respiração nas paradas. Essa progressão deve receber a máxima
cobertura de fogo amigo.
(c) Na transposição de cristas, aproximar-se até a linha de desenfiamento e
conforme a distância, o fogo inimigo e a natureza do terreno quanto a abrigos e cobertas,
transpô-la, correndo ou rastejando, até que na encosta se encontre um abrigo.
(d) Valas pouco profundas, pequenos taludes e ligeiras dobras do terreno devem
ser aproveitados para curtos deslocamentos de rastos.
b. Progressão sob fogos de artilharia e morteiros - Os projetis de artilharia e de
morteiros, ao atingirem o solo, distribuem-se de forma irregular sobre uma certa superfície. A

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esse fenômeno dá-se o nome de dispersão e é devido a ele que essas armas têm limitada
precisão, prestando-se, principalmente, a bater áreas, grupos de homens, instalações, etc.
(1) Os fogos de artilharia e de morteiros têm as características abaixo:
(a) Baixa velocidade, sendo possível ao combatente perceber a aproximação da
granada antes do seu arrebentamento, através do ruído da detonação do canhão e do sibilar
da granada em movimento. Os morteiros, em geral, são mais silenciosos e não têm o sibilar
característico durante a trajetória.
(b) Utilizam variados tipos de espoletas com a finalidade de obter
arrebentamentos com diversos efeitos, conforme a figura.

FIGURA 35–Efeitos da Fragmentação de Granadas Explosivas

(c) Trajetória curva, podendo atingir zonas desenfiadas do terreno. As peças


atiram de posições abrigadas e têm seu fogo dirigido por observadores.
(2) Para progredir sob fogos de artilharia e morteiros deve-se observar:
(a) Quando a artilharia atira intermitentemente (tiros espaçados), deve-se evitar
a zona batida e, se isso n for possível, aproximar-se o máximo possível dessa região e, no
intervalo entre um tiro e outro, atravessá-la rapidamente.
(b) Sendo o tiro executado com certa intensidade, e se o terreno possuir vários
abrigos, deve-se progredir de abrigo em abrigo para sair da zona batida.
(c) Ao se ouvir a detonação do canhão ou o sibilar da aproximação da granada,
deve-se deitar em um abrigo, para escapar aos estilhaços, e, logo após o arrebentamento do
projetil, progredir rapidamente para um novo abrigo, mais à frente ou que ofereça mais
segurança.

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(d) Quando se é surpreendido por uma rajada de artilharia, deve-se deitar
rapidamente, se possível num abrigo, permanecendo imóvel. Uma vez cessada a rajada,
progredir para sair da zona enquadrada.
(e) Caso não existam abrigos e o tiro seja intenso, deve-se progredir por lanços
curtos e rápidos, que são regulados pelas detonações do canhão, para deitar, e pelas
explosões das granadas para levantar logo após e dar um novo lanço. Existindo um bom abrigo
no terreno, deve-se nele permanecer, até que o fogo cesse.
(f) Se os projetis caem à sua frente, sem o atingir, o combatente deve instalar-se
num abrigo e esperar que cessem; caso os projetis caiam à sua retaguarda, deve avançar para
fugir do fogo.
(g) Em todos os casos o combatente deve: evitar terrenos descobertos e limpos
e utilizar ao máximo as cobertas, abrigos e itinerários desenfiados, a fim de não ser visto pelos
observadores inimigos; atravessar o mais rápido possível a zona batida; seguir seu chefe,
reunindo-se a ele o mais breve possível.

Processos de Progressão em Combate

a. Em combate o homem poderá valer-se de diversos processos de progressão, os


quais serão ditados pelo terreno, pelo inimigo, pela velocidade desejada e pelo esforço físico a
dispender. As progressões poderão ser feitas caminhando em marcha normal, engatinhando,
rastejando, ou correndo em marcha acelerada (marche-marche). Pequenos deslocamentos
laterais podem ser feitos por rolamento.
(1) Marcha normal - É empregada quando não se está sob vistas e fogos do
inimigo ou em trechos desenfiados do terreno. O combatente deverá ter sua arma em
condições de pronto emprego e utilizar ao máximo as cobertas e abrigos oferecidos pelo
terreno. Quando for o caso, deverá caminhar agachado para tirar proveito de pequenas
cobertas e diminuir sua silhueta. Enquadrado em uma fração o soldado utilizará esse processo
de progressão ao comando de MARCHE!
(2) Engatinhar - É o processo utilizado quando se dispõe de cobertas e abrigos de
média altura. É mais lento e fatigante que caminhar e melhor que rastejar. O combatente
deverá conduzir sua arma na m direita (ou esquerda se for canhoto), cuidando para que não
entre terra na boca da arma e na janela de ejeção. Enquadrado em uma fração, o soldado
receberá o comando de ENGATINHAR!
(3) Rastejo - É empregado quando se desejar fugir à observação e ao fogo inimigo
e as cobertas e abrigos existentes forem muito reduzidos em altura. Podem ser usados dois
processos de rastejo, ambos extremamente lentos e fatigantes e que só dever ser utilizados
para pequenos deslocamentos.
(a) Rastejo alto – É empregado quando há disponibilidade de cobertas e
abrigos, quando a observação do inimigo é reduzida e quando se deseja um pouco mais de
rapidez. Mantém-se o corpo levantado do solo, apoiando-o sobre os antebraços e os joelhos.
Acomoda-se o fuzil nos braços, cuidando-se para que a boca da arma não encoste no solo.
Progride-se alternando os avanços do cotovelo direito e joelho esquerdo, com os do cotovelo
esquerdo e joelho direito.

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(b) Rastejo baixo – Este processo é mais lento e cansativo, mas é empregado
quando as cobertas e os abrigos são mínimos, quando o inimigo tem boa observação e quando
a rapidez não é essencial. Mantém-se o corpo colado ao solo, segura-se a bandoleira próximo
ao zarelho superior, ficando a arma deitada sobre o antebraço, sem que sua boca toque o solo.
Para progredir levam-se as mãos à frente da cabeça, conservando os cotovelos no solo.
Encolhe-se uma das pernas e com ela empurra-se o corpo para frente, com o auxílio da tração
das mãos e antebraços. Deve-se trocar com frequência a perna de impulsão para evitar o
cansaço.

FIGURA 37–Rastejo Baixo

(c) Enquadrado em uma fração, o combatente progredirá utilizando-se de um


dos processos de rastejo acima, ao comando de DE RASTOS!
(4) Marcha acelerada (marche-marche) - É o processo empregado quando a
velocidade de progressão for essencial ou quando se deseja transpor trechos limpos do terreno
com o mínimo de exposição ao fogo inimigo. Ao comando de MARCHE-MARCHE o
combatente correrá, conduzindo a arma com ambas as mãos, em condições de empregá-la
rapidamente. A mão esquerda empunha o guarda-mão e a direita segura o punho .
(5) Rolamento - Pode ser usado para a realização de pequenos deslocamentos
laterais. Partindo da posição de tiro deitado, o homem deverá rolar tendo o cuidado de não
deixar a boca da arma tocar o solo.

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FIGURA 38–Rolamento

b. A escolha do processo de progressão mais adequado é função dos seguintes


fatores: cobertas e abrigos existentes no terreno, posição e armamento do inimigo, velocidade
que se pretende obter e esforço físico a ser dispendido.
(1) De acordo com a posição do inimigo, do seu armamento e das cobertas e
abrigos do terreno, teremos os casos adiante especificados.
(a) Progressão em região coberta ou abrigada - Utiliza-se a marcha normal e,
se a velocidade for preponderante, o marche-marche.
(b) Progressão em trechos de cobertura baixa - Utiliza-se o engatinhar ou o
rastejo, dependendo da altura da coberta ou abrigo.
(c) Progressão em região descoberta - Utiliza-se o marche-marche, a fim de
diminuir o tempo de exposição ao fogo inimigo.
(2) A necessidade de ganhar tempo pode levar o combatente a prejudicar um
pouco sua segurança para obter maior velocidade. Assim pode-se, por exemplo, progredir em
marche-marche num local que ofereça cobertura baixa, a fim de não perder tempo rastejando.
(3) O combatente também deve evitar o desperdício de suas energias, a fim de
manter-se em condições de combater por períodos prolongados. Dessa forma, sem abusar da
segurança, deve empregar o processo menos cansativo que permita o cumprimento da missão.

Execução do Lanço

a. O lanço é um deslocamento curto e rápido realizado entre duas posições


abrigadas (ou cobertas). Deve ser realizado num movimento decidido, posto que uma parada
ou um recuo podem ser fatais ao combatente. Antes de iniciar um lanço, o soldado deverá
fazer um cuidadoso estudo da situação para evitar uma in decisão no decorrer do
deslocamento.
b. Para uma decisão firme e acertada o combatente deve, ao preparar um lanço,
responder a si próprio as perguntas que se seguem.
(1) Para onde vou? Responderá a essa pergunta escolhendo nas suas
proximidades uma coberta ou abrigo adequado ao cumprimento da sua missão. É conveniente
lembrar que um lanço em marche-marche em terreno limpo, não deve ser maior do que 15
metros. Se o percurso for longo, haverá necessidade da realização de lanços intermediários e
é conveniente que o soldado escolha previamente os locais de parada.

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(2) Por onde vou? Estuda o caminho a seguir até alcançar a posição escolhida
(caso seu itinerário não esteja determinado pelo seu comandante imediato). Se for obrigado a
progredir em marche-marche, deve utilizar o itinerário mais curto, para evitar expor-se ao
inimigo por tempo demasiado.
(3) Como vou? De acordo com o ponto de destino e o itinerário a seguir, será
escolhido o processo de progressão mais adequado à realização do deslocamento (quando
enquadrado em uma fração o comandante determinará o processo de progressão):correndo,
rastejando, etc.
(4) Quando vou? Fazendo parte de uma fração, irá à ordem de seu comandante e
no caso de homem a homem, quando o que o precedeu tenha terminado o seu lanço. Estando
isolado, deve esperar o momento mais propício para o lanço. Por exemplo:
(a) quando o fogo inimigo for suspenso momentaneamente;
(b) ao perceber que o inimigo atira em outra direção;
(c) no momento em que o fogo do inimigo estiver mal ajustado;
(d) ao verificar que elementos amigos vizinhos atiram sobre o inimigo,
prejudicando ou neutralizando seu fogo;
(e) quando a artilharia ou a aviação amiga bombardeiam as posições
adversárias.

FIGURA 39–Estudo do Lanço

c.Após cada lanço, parar, escutar, observar, fazer um novo estudo, e, só então
prosseguir.

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d.Sempre que possível, o combatente deve evitar a ocupação do mesmo abrigo que
já tenha sido utilizado pelo homem que o precedeu, pois, o inimigo pode haver identificado
essa posição.
e.O mesmo cuidado deve ser tomado com itinerários que não sejam completamente
desenfiados, devendo-se, pois, evitar que vários homens por eles progridam.
f. Para deslocar-se por lanço em marche-marche partindo da posição deitado o
combatente deve agir da forma adiante enumerada.
(1) Quando decidir realizar um lanço (ou, se enquadrado, ao comando de
PREPARAR PARA PARTIR!), segura a arma pelo centro de gravidade e encolhe os braços,
trazendo as mãos junto à cabeça, sem levantar os cotovelos.
(2) Ergue, lentamente, a cabeça e faz o seu estudo do lanço (quando enquadrado,
realiza essa operação ao comando de ATÉ TAL PONTO ou LINHA!)
(3) No momento oportuno (ou ao comando DE MARCHE-MARCHE!) e em um
movimento rápido e contínuo, ergue-se, apoiando-se nas mãos e nas pontas dos pés; leva a
perna direita ou esquerda à frente e com um impulso desta, levanta-se, iniciando o
deslocamento.
(4) Corre direto e a toda velocidade até o ponto escolhido.
(5) Deita-se, saltando, de maneira a assentar ambos os pés no solo, na mesma
linha, afastados de cerca de 60 centímetros; aproveitando a velocidade, lança-se ao chão
vivamente, caindo sobre os joelhos; o corpo projeta-se para a frente e a queda é amortecida
com a mão esquerda (ou direita), enquanto que a arma fica segura pela mão direita (ou
esquerda) com a coronha sob a axila; deve ter o cuidado de não levantar os pés ao cair
(quando enquadrado, receberá o comando de DEITAR!).
(6) Toma a posição de tiro deitado e, se não estiver em um abrigo ou, pelo menos,
uma coberta, rola, rapidamente, para o mais próximo.

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FIGURA 40–Progressão

Passagem de Obstáculos

a. A ultrapassagem de obstáculos é sempre uma operação difícil e que deixa o


combatente em situação extremamente vulnerável, tendo em vista que terá seus movimentos
dificultados, ficando, assim, exposto ao inimigo. É de se esperar, portanto, que o inimigo os
vigie e reforce pelo fogo e pela utilização de minas e armadilhas. A transposição de obstáculos
maiores, tais como rios, paredões, etc, é assunto do manual de campanha C 21-78 —
TRANSPOSIÇÃO DE OBSTÁCULOS.
b. Passagem de redes de arame farpado - As redes de arame são instaladas pelo
inimigo nas proximidades de suas posições e estarão sendo vigiadas e protegidas pelo fogo. A
ultrapassagem de um aramado pode ser realizada abrindo-se uma brecha ou simplesmente
caminhando ou rastejando através dos fios de arame. Qualquer dessas operações só deverá
ser realizada sob proteção de condições de má visibilidade para o inimigo e após haver-se
verificado que o obstáculo não esteja minado ou armadilhado.
(1) Caso o terreno não esteja minado, o combatente pode passar por cima dos
aramados mais baixos ou rastejar sob os mais altos.
(a) Uma cerca baixa pode ser transposta por cima, ultrapassando-se fio por fio,
procurando-os com as mãos cuidando-se para não ficar embaraçado ou fazer ruídos. Pode-se
passar sobre um aramado baixo e frouxo colocando-se sobre ele uma tábua de madeira,

(Coletânea de Manuais / Tec Mil II – UD 2.....................................................51/60 )


algumas esteiras de capim ou uma tela metálica, sobre a qual se possa caminhar. Esta solução
permitirá uma passagem instável e a ultrapassagem será lenta.

FIGURA 41 – Transposição por Cima Ultrapassando-se Fio por Fio

(b) Em princípio é melhor ultrapassar uma rede de arame por baixo, porque o
homem não se expõe muito e pode ver os fios contra a claridade do céu, mesmo nas noites
mais escuras. O combatente deve rastejar de costas para o solo, por baixo dos arames,
usando os calcanhares para empurrar o corpo. Com as mãos, deve apalpar o terreno à frente
da cabeça, para levantar fios baixos e localizar possíveis minas e arames de tropeço; a arma
deve ser levada ao longo do corpo e sobre a barriga, para que as mãos fiquem livres.

FIGURA 42 – Transposição por baixo

2) A abertura de brechas nos obstáculos de arame exige mais tempo e pode alertar o
inimigo. No entanto pode ser necessária, para a passagem de patrulhas, na realização de
infiltrações ou como medida preparatória de um ataque. A abertura deve ser feita em direção
oblíqua à frente e os fios superiores da rede não devem ser cortados, a fim de dificultar ao
inimigo a descoberta da brecha. Para abafar o ruído produzido pelo corte, é conveniente
envolver o fio com um pano no local onde será aplicado o alicate.
(a) Estando só, o combatente deve segurar o arame próximo a uma estaca. Em
seguida, aplicará o alicate sobre o pano em um ponto localizado entre a mão e à estaca. Desta

(Coletânea de Manuais / Tec Mil II – UD 2.....................................................52/60 )


forma, cortará o fio abafando o ruído e evitando o chicotear da parte livre que deverá ser
enrolada.

FIGURA 43 – Corte de Arame

(b) Quando estiver acompanhado, um segura o arame, enquanto o outro enrola


o pano e corta o fio entre as mãos do primeiro. Os pedaços do arame cortado devem ser
enrolados nas estacas.

FIGURA 44 – Corte de Arame por Dupla

c. Passagem de valas e trincheiras - Nestes obstáculos, com cuidado e em silêncio, o


homem deve aproximar-se examinar o seu interior, avaliando sua profundidade, largura,
possibilidade da presença do inimigo e da existência de armadilhas.
(1) Tratando-se de vala ou trincheira larga, deve descer por um lado e subir pelo
outro.

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FIGURA 45 – Transposição de Uma Vala ou Trincheira Larga

(2) Se a vala ou trincheira for estreita, pode saltá-la, procurando cair do outro lado,
fazendo o mínimo de ruído possível e permanecendo deitado, imóvel e em silêncio por algum
tempo, observando e escutando, antes de prosseguir.

FIGURA 46 – Transposição de Uma Vala ou Trincheira Estreita


d. Terreno minado – O combatente deve estar atento para a existência de minas e
evitá-las sempre que possível, mesmo que tenha que realizar desbordamentos consideráveis.
Os itinerários de aproximação das posições inimigas, as redes de arame, valas e outros
obstáculos existentes nas suas proximidades frequentemente estão minados e devem ser
examinados com cuidado. Ao passar através de uma área minada, deve avançar lentamente,
procurando com as mãos cordéis de tropeço e sondando cautelosamente o terreno com a
baioneta para ver se existem minas enterradas. Uma boa instrução sobre as minas utilizadas
pelo inimigo permitirá ao soldado neutralizá-las com certa segurança.
(1) Em geral uma mina pode ser neutralizada em duas operações: a recolocação de
grampos, pinos e outros dispositivos de segurança de seu acionador e em seguida a remoção
deste acionador.
(2) Pode-se cortar os cordéis de tropeço frouxos, usando-se um alicate ou uma
tesoura. Nunca usar uma faca, pois a tração exercida fará explodir a armadilha.

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(3) Nunca cortar um cordel de tropeço esticado, pois a eliminação da tração explodirá
a mina.
(4) Mesmo depois de ter neutralizado e removido o acionador principal de uma
mina,esta não deve ser removida, a não ser por pessoal especializado, pois poderá estar
“ativada”. Diz-se que uma mina está ativada quando dispõe de um acionador secundário que
provocará a detonação se ela deslocada.

FIGURA 47 – Mina Ativada

(5) Após neutralizar e remover o acionador de uma mina ou verificar a


impossibilidade de fazê-lo, deve marcar sua localização com um pedaço de pano ou papel de
cor viva amarrado a uma estaca, para posterior remoção ou destruição por pessoal
especializado.
(6) As minas anti-carro (AC), em geral, não funcionam sob o peso de um homem. No
entanto, os campos de minas AC são normalmente protegidos por minas anti-pessoal (AP).
Estas, sim, são de fato perigosas ao combatente a pé.

Progressão à Noite

a. Preparativos para um deslocamento silencioso - À noite os movimentos tornam-se


mais lentos devido à dificuldade de identificar os itinerários e manter a orientação. Esta
dificuldade é agravada pela necessidade da manutenção de uma rigorosa disciplina de luzes e
ruídos. A utilização de equipamentos de visão noturna reduz sensivelmente estas limitações.
No entanto esses equipamentos têm sua distribuição restrita a determinados elementos
(comandantes, atiradores de armas coletivas, motoristas, etc) e somente em situações
especiais. Assim, todo soldado deve estar em condições de deslocar-se e aproximar-se do
inimigo silenciosamente. Pan um deslocamento silencioso deve ser realizado uma rigorosa
preparação.
(1) Fazer a camuflagem individual:
(a) escurecer todo o rosto, nuca, orelhas, pescoço e mãos;
(b) não usar camisa branca sob o uniforme e manter as mangas da blusa
abaixadas e abotoadas;
(c) escurecer todas as superfícies brilhantes ou cobri-las com fita isolante;
(d) envolver com fita isolante todas as partes do equipamento que possam vir a
fazer ruído (zarelhos da bandoleira, plaquetas de identificação, etc);
(e) não levar chaves, moedas e outros objetos que possam fazer ruído;

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(f) quando tiver que conduzir nos bolsos pequenas peças metálicas (canivete,
bússola, relógio, etc), colocá-las em bolsos separados, ou enrolá-las em panos.
(2) Usar uniforme e equipamentos adequados:
(a) uniformes engomados fazem ruído durante o deslocamento e os frouxos e
grandes poderão dificultá-lo;
(b) usar um gorro leve e sem contorno pronunciados, pois o capacete reduz ou
modifica os sons e pode provocar ruídos, motivo pelo qual só deve ser usado quando a
situação exigir;
(c) não usar capuz que cubra as orelhas, a não ser sob frio extremo, pois a
capacidade auditiva será bastante prejudicada;
(d) não levar equipamentos desnecessários, que venham a restringir a
mobilidade.

FIGURA 48 –

(3) Para matar, desacordar ou capturar um soldado inimigo, evitando ou reduzindo os


ruídos, usar armas silenciosas como a faca, a baioneta, um garro te de arame ou fio de náilon,
um porrete improvisado, etc. O emprego correto de uma dessas armas exige grande perícia,
não somente no seu uso, mas também na aproximação silenciosa do inimigo.
b. Processos de progressão à noite
- A progressão noturna é realizada utilizando-se os mesmos processos da
progressão diurna, adaptados, porém, de forma a evitar os ruídos próximo a posições inimigas.
(1) Como caminhar à noite nas proximidades do inimigo - O peso do corpo deve ficar
sobre o pé que está atrás, até que o pé da frente encontre um lugar firme para pisar. Deve-se
levantar bem a perna que estiver à frente do corpo, para não se embaraçar na vegetação
rasteira e não tropeçar, e com a ponta do pé escolher um lugar livre de gravetos, pedras, folhas
secas e outros materiais que possam provocar ruído. Abaixar então cuidadosamente a planta
do pé e com este sustentar o peso do corpo, até que a outra perna avance. Nas noites muito
escuras pode-se segurar a arma com uma das mãos e com a outra explorar à frente, a fim de
descobrir qualquer obstáculo.

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FIGURA 49 –Deslocamento Silencioso

(2) Deitar à noite nas proximidades do inimigo - Inicialmente o soldado deverá apoiar
o joelho direito sobre o solo, segurando a arma sob o braço direito. Em seguida, apoiando-se
na mão esquerda, lança a perna esquerda para a retaguarda. A tomada final da posição é feita
com o apoio sobre o cotovelo direito, ao mesmo tempo em que a perna direita é levada para
juntar-se à esquerda. Toma a posição de tiro deitado e mantém-se colado ao solo.

FIGURA 50 –Deslocamento Silencioso

(3) Rastejar durante a noite - Rasteja-se de forma semelhante ao processo usado


durante o dia. Os movimentos, porém, devem ser lentos e compassados, para que se obtenha
completo silencio. De qualquer forma não é conveniente empregar o rastejo quando se estiver
muito próximo do inimigo, pois sempre se provocara algum ruído. Nesse caso é preferível
engatinhar.

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(4) Engatinhar à noite nas proximidades do inimigo - Deve-se engatinhar como de
dia. Procurando colocar o fuzil no solo, à direita do corpo, com a boca para frente e alavanca
de manejo para baixo e, com a mão esquerda, procurar um lugar que não tenha pedras, galhos
secos, etc, à frente do joelho esquerdo. Manter a mão esquerda onde está e deslocar o joelho
para o local escolhido. Repetir os movimentos com a mão e o joelho direito. Durante o avanço
deslocar a arma sucessivamente, procurando, cautelosamente, locais para colocá-la.

FIGURA 51 –Deslocamento Silencioso


(5) Alguns cuidados na progressão noturna:
(a) nunca se deve deslocar-se correndo, a não ser em casos de emergência;
(b) aproveitar todos os ruídos que possam distrair a atenção do inimigo ou
ocultar os ruídos do deslocamento, para progredir (ruído de chuva, de rios, tiros, etc);
(c) fazer paradas frequentes para observar e escutar;
(d)evitar macegas densas, áreas com folhagens e galhos secos, bosques,
barrancos e terrenos muito inclinados, pois estes locais dificultarão um deslocamento
silencioso;
(e) não fumar ou acender lanternas para a orientação.
c. Procedimento sob a ação de artifícios iluminativos
(1) Percebendo a partida de um foguete ou granada iluminativa, o combatente deve
atirar-se ao chão antes do arrebentamento, permanecendo imóvel até o clarão se extinguir.
(2) Sendo surpreendido pelo arrebentamento de um artifício iluminativo em terreno
limpo, deve jogar-se ao solo e ficar imóvel. Se o combatente encontrar-se protegido por alguma
vegetação, deve imobilizar-se até a extinção da luminosidade.
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(3) Não se deve olhar para a luz, a fim de não perder a capacidade de visão noturna.
Deve-se abaixar a cabeça e proteger os olhos até o desaparecimento do clarão.
(4) Imediatamente após a extinção da luz, o combatente deve afastar-se da área que
foi iluminada, aproveitando que o inimigo está com sua visão noturna prejudicada.

Tiro Noturno

a. A técnica do tiro noturno emprega um processo de pontaria no qual, tendo em vista a


visibilidade deficiente, o atirador não utiliza o aparelho de pontaria. Utilizando os princípios de
visão noturna o atirador, após identificar o alvo, aponta sua arma mantendo os dois olhos
abertos, a cabeça erguida e o queixo sobre a coronha. Os olhos permanecem fixos no alvo e o
atirador “sente” a direção da arma sem olhar para o cano de sua arma.
b. O emprego de munição traçante, não obstante denunciar a posição do atirador,
facilita a observação dos efeitos e a correção do tiro.
c. Para localizar posições inimigas, poderá ser utilizado um homem que se deslocará
para um lado e executará diversos disparos, para a o fogo inimigo. É preciso ter cuidado para
não se deixar enganar por esse ardil quando empregado pelo inimigo. À noite, só se deve atirar
quando se observar o alvo com nitidez que permita atingi-lo. Um tiro a esmo não surtirá o efeito
desejado e ainda denunciará a posição do atirador.
d. As granadas de mão são de grande utilidade no combate noturno. Os seus efeitos
são eficazes contra alvos incertos e não denunciam a posição de quem as arremessou. O
emprego à noite de granadas de bocal, por outro lado, deve ser cercado de rigorosa precaução
quanto aos campos de tiro. A existência de qualquer obstáculo na trajetória de uma granada de
bocal, mesmo um pequeno ramo ou arbusto pode provocar sua explosão prematura trazendo
sério perigo ao atirador.
e. Sob condições de iluminação muito favoráveis, desde que se consiga ver a massa de
mira, pode-se realizar o tiro como durante o dia.
f. A utilização de equipamentos de visão noturna reduz consideravelmente as
dificuldades do tiro noturno. No entanto esse tipo de equipamento exige treinamento específico
para o correto manuseio.

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REFERÊNCIAS

CAPÍTULO II- UTILIZAÇÃO DO TERRENO

BRASIL. Exército. Estado Maior. C 21-74: Manual de Campanha – Instrução Individual para o
Combate. 2ª edição Brasília, 1986

(Coletânea de Manuais / Tec Mil II – UD 2.....................................................60/60 )

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