Palavra Do Mestre - Direito Tributário - Aula - 3

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DIREITO TRIBUTÁRIO

Profa Ms Elizabeth Matos

Competência Tributária

A Constituição Federal não cria tributos, mas sim outorga competência para que a
União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, por meio de lei, instituam as espécies
tributárias que lhes são outorgados. De forma simples é possível afirmar que competência
tributária é o poder ou aptidão, outorgado constitucionalmente aos entes políticos, para que
editem leis que instituam tributos.
É o entendimento de Luciano Amaro que leciona:

o poder de criar tributos é repartido entre os vários entes políticos, de modo que cada um tem
competência para impor prestações tributárias, dentro da esfera que lhe é assinalada pela
Constituição. Temos assim a competência tributária — ou seja, a aptidão para criar tributos — da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Todos têm, dentro de certos limites, o
poder de criar determinados tributos e definir o seu alcance, obedecidos os critérios de partilha de
competência estabelecidos pela Constituição. A competência engloba, portanto, um amplo poder
político no que respeita a decisões sobre a própria criação do tributo e sobre a amplitude da
incidência, não obstante o legislador esteja submetido a vários balizamentos.1

As leis tributárias devem ingressar no ordenamento jurídico de forma válida, para se


tornarem vigentes produzindo seus efeitos e tornando-se ou não eficazes.

A Constituição trata da matéria de forma a atribuir a competência de cada ente federado


do sistema jurídico tributário, legitimando-os a legislar sobre a matéria.
O sistema proposto pela CF/88 impõe a partilha de competências inerente ao sistema
federado, ou seja, não há hierarquia entre as leis tributárias editadas pela União, Estados,
Municípios e Distrito Federal.
É reservado, a cada um desses entes políticos, parte da competência para legislar sobre
determinadas matérias tributárias. Observe-se que as competências se excluem se excluem,
ou seja, o ente político, como a União, não pode invadir a competência e legislar sobre
matéria de competência de outro ente, seja o Município, pois tal legislação seria

1
AMARO, Luciano. Direito Tributário. 12ª ed. São Paulo: Saraiva, 2006, p. 93.
flagrantemente inconstitucional. Necessário citar a única exceção que há no ordenamento
(art. 154, II, da CF), a União pode legislar sobre a instituição de impostos mesmo que invada
a competência dos entes federados.
A competência tributária da União está estipulada nos art. 153 e 154 da CF/88, em seu
art. 153 determina quais são os tributos que podem ser instituídos pela União. Trata-se de
enumeração exaustiva, verifica-se a competência expressa.
No artigo 154 verifica-se a competência residual. Este estabelece que mediante a
legislação complementar, a União pode instituir impostos não previstos no artigo 153 e não
tenham o fato gerador ou a base de cálculo próprio de outro imposto ainda determina que na
iminência, ou no caso de guerra externa impostos extraordinários serão instituídos,
compreendidos ou não em sua competência tributária, os quais serão suprimidos,
gradativamente, cessadas as causas de sua criação.
A competência tributária dos Estados e Distrito Federal é atribuída expressamente, pelo
art. 155, abaixo transcrito:
“Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre:
I – transmissão „causa mortis‟ e doação, de quaisquer bens ou direitos;
II – operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestação de serviços de transportes
interestadual ou intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se
iniciem no exterior;
III – propriedade de veículos automotores.”

Os Estados e o Distrito federal só detém competência para instituir os impostos


supracitados.

A competência dos Municípios é determinada no art. 156 da Constituição. Portanto, o


Município só possui competência para instituir os impostos contidos no referido artigo idem:

“Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre:

I - propriedade predial e territorial urbana;

II - transmissão "inter vivos", a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou
acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos
a sua aquisição;

Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993:

III - serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155, II, definidos em lei
complementar.”

Não existe a intersecção entre as competências, elas são exclusivas e não se


compartilham ou são concorrentes, portanto, ao legislar sobre matéria tributária diversa da
que a Constituição atribui, o ente federado literalmente invade a competência de outro ente
federado.

Ainda quanto ao tema da competência tributária na classificação de Paulo de Barros


Carvalho2 pode-se citar 03 características:

2
Carvalho,Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. 25. ed. São Paulo: Saraiva, 2013. p.214-215
- Indelegabilidade: a competência para legislar é conferida a determinado ente federado e
este não pode delegar seu exercício a outro ente.

- Irrenunciabilidade: o ente que recebe a atribuição não pode negar a exercê-la ou


renunciar ao exercício.

- Incaducabilidade: a competência atribuída por uma constituição rígida como a vigente,


não se esvai com o tempo. Enquanto a lei que a institui for válida, vigente e eficaz continuará
a produzir seus efeitos.

• Paulo de Barros Carvalho. Curso de Direito Tributário.p.214-215

Roque Carrazza 3contribui, no conjunto de sua obra, com dados extremamente


relevantes, quais sejam, oferta as características da competência tributária, que diferenciam-
se daquelas ofertadas e mencionadas acima, mas ~são igualmente importantes para
compreendermos o instituto, são elas: privatividade, inalterabilidade e facultatividade do
exercício, de forma tópica temos:

- privatividade: as normas constitucionais que discriminam competências tributárias


encerram duplo comando: 1) habilitam a pessoa política contemplada e somente ela, a criar,
querendo um dado tributo, e 2) proíbem as demais de virem a instituí-lo;

- inalterabilidade: a competência tributaria é improrrogável, não pode ter suas dimensões


ampliadas pela própria pessoa política que a detém, falta-lhe titulação jurídica para isso;

- facultatividade do exercício: as pessoas políticas, conquanto não possam delegar suas


competências tributárias, por força da rigidez de nosso sistema constitucional, são livres
para delas se utilizarem ou não;

As características acima são inferidas do perfil constitucional atribuído em diversos


artigos da Constitucional Federal de 1988, que não cuidou somente da instituição dos
tributos mas também de impor marcos inafastáveis com o condão de orientar o legislador
ordinário na criação, in abstracto, de várias exações.

Capacidade Tributaria Ativa

A capacidade tributaria ativa é a aptidão para figurar no pólo ativo das da obrigação tributaria
(Luciano Amaro).

- cobrar, arrecadar e fiscalizar o tributo;

A aptidão de ser credor na relação jurídica tributária, para figurar no pólo ativo da
relação.

COMPETÊNCIA ≠ CAPACIDADE

Enquanto a competência significa INSTITUIR o tributo, capacidade tributária ativa


significa COBRAR o tributo.

Ex. ITR

3
CARRAZZA, Roque Antonio. Curso de Direito Constitucional Tributário. 19ª Ed. São Paulo: Malheiros, 2003.
O ITR, segundo a Constituição 153,VI, é da competência tributaria da União.
Entretanto, o § 4º, III, do referido artigo, permite que os Municípios o fiscalizem e o cobrem
se assim optarem, resultando caso essa situação aconteça, no repasse integral da
arrecadação desse tributo aos Municípios ao invés de 50 % da receita do tributo conforme
impõem as transferências constitucionais obrigatórias. Logo nesse exemplo, a competência
tributaria ainda continua sendo da União, porém quem figura no pólo ativo da obrigação
tributaria, e, portanto exerce a capacidade tributaria ativa é o Município.

Capacidade Tributaria Passiva

Sujeito passivo da obrigação jurídica tributária é a pessoa que tem capacidade tributária
passiva (dever jurídico de pagar o tributo). É o devedor do tributo. “É a pessoa obrigada ao
pagamento do tributo ou da penalidade pecuniária” (art. 121 do CTN).

“A capacidade tributária passiva independe: I - da capacidade civil das pessoas naturais; II -


de achar-se a pessoa natural sujeita a medidas que importem privação ou limitação do
exercício de atividades civis, comerciais ou profissionais, ou da administração direta de seus
bens ou negócios; III - de estar a pessoa jurídica regularmente constituída, bastando que
configure uma unidade econômica ou profissional” (art. 126, I, II e III do CTN). A capacidade
tributária passiva é independente, pois o tributo é uma obrigação que decorre da lei.

Podem ser sujeitos passivos:

 Pessoas Políticas, Autarquias, Fundações Públicas (Fundações constituídas e mantidas pelo


Poder Público): Embora possam ser sujeito passivo do tributo, não tem capacidade tributária
passiva plena, pois são imunes a impostos. Não são imunes às taxas e contribuições de
melhoria.

 Empresas privadas (comerciais, produtoras e industriais) e particulares (pessoas físicas): Têm


capacidade tributária passiva plena.

 Empresas Públicas e Sociedade de economia mista: Têm capacidade tributária passiva plena,
pois se sujeitam ao mesmo regime jurídico das empresas privadas, inclusive quanto aos
direitos e obrigações tributárias (art. 173, §1º, II da CF). Não podem gozar de privilégios
fiscais não extensivos às do setor privado (art. 173 §2º da CF).
 Sujeição passiva por Responsabilização, Substituição.

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