Dissertação Habilidadessociaisprática
Dissertação Habilidadessociaisprática
Dissertação Habilidadessociaisprática
SANTARÉM – PA
2019
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SANTARÉM – PA
2019
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Banca Examinadora:
___________________________________________________________
Prof. Dr. Hergos Ritor Fróes de Couto - Ufopa
Orientador e Presidente da Banca
_____________________________________________________________
Prof. Drª. Irani Lauer Lellis - Ufopa
Membro Interno – PPGE
_____________________________________________________________
Prof. Dr. Juarez Bezerra Galvão - Ufopa
Membro Externo ao Programa
_____________________________________________________________
Prof. Drª. Iani Dias Lauer Leite - Ufopa
Membro Suplente Interno - PPGE
_____________________________________________________________
Prof. Drª. Paloma Rodrigues Siebert - IFPA
Membro Suplente Externo à Instituição
4
AGRADECIMENTOS
A Deus, razão de ser e da existência de todos nós, grato por Ele ter me dado forças para
cumprir todas as etapas atribuídas até este momento.
Aos meus familiares, amigos e colegas de trabalho pela compreensão e por terem
suportado muitas vezes minhas angústias e aflições no decorrer desta etapa.
Aos professores docentes do PPGE da referida IES, em especial ao meu professor
orientador Dr. Hergos Ritor Fróes de Couto, que não mensurou esforços para me incentivar
e auxiliar na produção deste trabalho, transmitindo conhecimentos e experiências, colocando-
se ora como mestre e ora como amigo.
Aos meus colegas de pesquisa Igor Montiel, Andréa Imbiriba, Niziane Picanço,
Priscila Castro que contribuíram na construção e discussões deste trabalho.
Aos integrantes da banca examinadora pelas contribuições oferecidas ao meu
trabalho.
Aos professores que se dispuseram em participar como sujeitos da pesquisa, já que sem
essa participação não seria possível concluir este estudo.
Aos educadores que almejam uma educação de qualidade e não se entregam às
dificuldades impostas pelo sistema educacional.
E a todos os profissionais da Educação.
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RESUMO
ABSTRACT
For teaching practice becomes effectively an educational development action it must be focused
on the formation of the subject as a whole. Through this practice, in the case of this study, in
the environment of commercial soccer schools, teachers should coordinate, appropriately in his
or her classes, activities whose aim is to develop the formation of his or her students in a
balanced manner not only for sports, but also for the practice of citizenship. This research aimed
to examine whether in the teaching practice of the teacher of the commercial schools of football
the teaching of social skills for the development of children occurs or not. Such skills when
developed in interpersonal relationships make it relationships with one another possible,
besides making friends, relating interpersonally, and having empathy. Thus, human beings learn
to deal with situations of stress, relationship difficulties, behavior change, among other
important skills that can make up a person's social repertoire. Regarding methodology, it is a
qualitative research of descriptive-exploratory type. Data collection were performed using
demographic questionnaire and semi-structured interviews with four teachers of commercial
soccer schools located in the city of Santarém-PA. As for the data analysis technique, Collective
Subject Discourse (CSD) was used, which was studied by Lefèvre and Lefèvre (2003). Through
interviews using context-situations related to social skills, the result from the analysis of the
reports in the DSCs was that only the central hypothesis was confirmed, since teachers
understand the importance of the social context for the development of such skills. For this
purpose, it is fundamental that teachers become aware of the situations that take place in
activities proposed in the classes and in eventualities occurring in games that involve teacher /
student, student / student relationship so that the social skills teaching for child development
can be offered. It should be stressed that commercial soccer schools are not only places for
sports debut focused on the development of the specific skills of the sport, but also spaces that
contribute to the education and human formation of students. It is believed that the results,
analyses and considerations of such work can bring important benefits to the performance and
training of teachers of sports schools, be they formative / club, commercial or social, regardless
of the modality to be developed.
AC Ancoragem
CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
DSC Discurso do Sujeito Coletivo
ECH Expressões Chave
IAD Instrumento de Análise de Discurso
IHS Inventário de Habilidades Sociais
IMHSC Inventário Multimídia de Habilidades Sociais para Crianças
IC Ideias Centrais
PDHS Programa de Desenvolvimento em Habilidades Sociais
PPGE Programa de Pós-graduação em Educação
SCIELO Scientific Eletronic Online
SHSE Sistema de Habilidades Sociais Educativas
THS Treinamento de Habilidades Sociais
THSI Treinamento de Habilidades Sociais para Idosos
UNESP Universidade do Estadual Paulista
USP Universidade de São Paulo
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LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Expectativas dos professores com a prática das atividades de futebol nas escolinhas
comerciais. ........................................................................................................................... 37
Quadro 2 – Portfólio de Habilidades Sociais. ....................................................................... 39
Quadro 3 - Classes e Subclasses das Habilidades Sociais compreendidas como relevantes na
Infância. ............................................................................................................................... 42
Quadro 4 - Habilidades de Vida. .......................................................................................... 43
Quadro 5 - Habilidades Sociais Educativas. ......................................................................... 47
Quadro 6 - Levantamento Bibliográfico. .............................................................................. 52
Quadro 7 – Síntese das Ideias Centrais sobre Assertividade.................................................. 74
Quadro 8 – Síntese das Ideias Centrais sobre Civilidade e Empatia. .................................... 82
Quadro 9 – Síntese das Ideias Centrais sobre Autocontrole e Expressividade Emocional. ..... 91
Quadro 10 – Síntese das Ideias Centrais sobre Fazer Amizades. ........................................... 97
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO
Não basta ao professor e ao aluno ensinar e aprender as técnicas e táticas para jogar
bem, ter melhor rendimento que o adversário e ser destaque em relação aos demais membros
do contexto em que se está inserido, é necessário um olhar mais humano, mais sensível para
reconhecer que naquele espaço não há somente competidores, mas há pessoas com aspirações,
que sentem alegrias, tristezas, dor, satisfação, amizade, empatia, contentamento, solidariedade,
raiva, decepção, desejo de superação, declinação, enfim, uma gama de sentimentos inatos do
ser humano e que devem ser considerados e potencialmente desenvolvidos nas relações sociais
estabelecidas.
Notadamente o trabalho do professor está para além de mediador desse processo, ele se
torna o propulsor para uma visão crítica de mundo, de ações que possibilitem a superação dos
problemas sociais, da busca pelo exercício democrático ao respeitar o direito que os pares têm
15
Seu papel não é apenas ensinar, mas ajudar o aluno a aprender; não é transmitir
informações, mas criar condições para que o aluno adquira informações; não é fazer
brilhantes preleções para divulgar a cultura, mas organizar estratégias para que aluno
conheça a cultura existente e crie cultura.
Na prática docente o professor deve compreender que não se trata apenas do saber
ensinar conteúdo e técnicas, mas de traçar estratégias de ensino que superem um formato
fragmentário de educação, devendo-se valorizar o conhecimento que leve ao desenvolvimento
da aprendizagem para além da competição como um fim em si mesma.
É importante compreender que a prática do professor, para ser efetivamente uma ação
de desenvolvimento educacional, precisa estar voltada para a formação do sujeito como um
todo e, não somente de um competidor que deseja conquistar a vitória a qualquer custo,
inclusive da dor e do sofrimento alheio. No exercício das práticas esportivas é preciso
considerar e respeitar as diferenças de realidade social, cultural, econômica, psicológica, entre
outros aspectos particulares de cada aluno. Por meio da prática docente o professor, no caso
deste estudo, das escolinhas comerciais de futebol, deve articular adequadamente em suas aulas,
atividades que busquem desenvolver equilibradamente a formação de seus alunos não apenas
para o esporte, mas para o exercício da cidadania.
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Deste modo, nesta pesquisa, tem-se o ambiente do futebol como meio para investigação
das relações interpessoais que se apresentam nas escolinhas comerciais do referido esporte,
tendo como objeto de estudo examinar se na prática docente do professor das escolinhas
comercias de futebol ocorre o ensino das habilidades sociais, entendidas como importantes,
para o desenvolvimento infantil, considerando que o professor é o responsável por desenvolver
o aprendizado dos aspectos táticos e técnicos dessa modalidade esportiva, como também estar
atentos aos comportamentos sociais demonstrados pelos alunos durante as aulas.
A respeito das habilidades sociais, podem ser definidas “como comportamentos sociais
que contribuem para a competência social e facilitam relacionamentos saudáveis” (MURTA;
DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2010, p. 79). É importante ressaltar que Del Prette e Del Prette
(2002, 2005, 2010, 2017) são os principais estudiosos das habilidades sociais no Brasil. Em
seus diversos trabalhos, os quais foram usados nessa pesquisa, delineiam-se fundamentações
que explicam como a criança melhora seu desenvolvimento social através das habilidades
sociais.
Por meio das habilidades sociais, a criança aprende a lidar com situações de estresse,
dificuldades de relacionamento, mudança de comportamentos, entre outros contextos que
sugerem reflexões e possível desenvolvimento destas habilidades. Cabe destacar que essas
habilidades são separadas por classes e subclasses, as quais serão observadas de maneira mais
detalhada na literatura investigada (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2001).
As classes das habilidades sociais estudadas em qualquer faixa etária são divididas em:
Comunicação; Civilidade; Empatia; Fazer e manter amizades; Assertivas; Expressar
solidariedade; Manejar conflitos e resolver problemas interpessoais; Expressar afeto e
intimidade (namoro, sexo); Coordenar grupo; Falar em público. Já as habilidades que são
estudadas no desenvolvimento infantil são: Autocontrole e expressividade emocional; Empatia;
Assertividade; Fazer amizades; Solução de problemas; Civilidade; Habilidades sociais
acadêmicas (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2005).
Logo, de acordo com os autores citados, observa-se que por meio das habilidades
sociais, a criança consegue evoluir o seu repertório social. Desse modo, compreende-se que a
criança transfere para sua vida social as experiências oriundas do ambiente familiar, assim, sua
17
Competência social: [...] tem sentido avaliativo que remete aos efeitos do desempenho
das habilidades sociais nas situações vividas pelo indivíduo, [...] qualifica a
proficiência desse desempenho e implica a capacidade do indivíduo de organizar
pensamentos, sentimentos e ações em função de seus objetivos e valores articulando-
os às demandas imediatas e mediatas do ambiente. (DEL PRETTE e DEL PRETTE,
2003, p. 173).
Vale salientar que o objeto de estudo desse trabalho relaciona-se diretamente com a
atuação profissional deste pesquisador, haja vista que, em experiências profissionais anteriores,
o mesmo trabalhou com questões sociais em projetos de instituições de ensino.
Em 2008, desenvolveu na Escola de Ensino Infantil, Fundamental e Médio Modelo de
Iguatu e na Associação de Atletas do Banco do Brasil – AABB de Iguatu-CE, dois projetos de
escolinha de futsal, ambos eram semelhantes, apenas o público-alvo os diferenciava. Na
primeira instituição, os alunos eram oriundos de maior poder aquisitivo enquanto na segunda
eram menos abastados financeiramente. O objetivo dessas escolinhas era promover a prática do
futsal e desenvolver nos alunos os aspectos técnicos/táticos e regras dessa modalidade. Utilizou-
se a mesma metodologia, entretanto, foi percebido que os comportamentos sociais pareciam
bastante diferenciados.
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Outro projeto que fez parte da vida do pesquisador, nessa construção profissional,
quando residia no Ceará, foi o projeto Escola de Mediação, realizado na cidade de Iguatu, que
tinha como instituição patrocinadora o SEBRAE. A ideia do projeto Escola de Mediação era de
praticar o futebol como um instrumento para criação coletiva num ambiente em que as regras
fossem criadas, respeitadas e cumpridas pelos participantes. O professor assistia ao
desenvolvimento da atividade sem intervir nesta construção. O esperado era que as crianças
pudessem entender as relações sociais que compõem a sociedade e assim exercitassem a
resolução de conflitos.
É importante lembrar que as práticas docentes dos professores das escolinhas comerciais
devem, além dos ensinamentos a respeito dos aspectos táticos e técnicos do futebol, ser
voltadas, também, para a função social, preocupando-se em propor, por meio do repertório das
habilidades sociais, o desenvolvimento da competência social da criança.
CAPÍTULO I
REFLEXÕES SOBRE O FUTEBOL E A PRÁTICA DOCENTE DOS PROFESSORES
DE ESCOLINHAS COMERCIAIS DE FUTEBOL
É comum no país perceber desde a mais tenra idade, manifestações simbólicas da prática
do futebol nas garagens de casas, pátios, quintais, ruas entre outros espaços que são
ressignificados, especialmente pelas crianças, e transformados em “campos de futebol”.
Portanto, é perceptível que muitas crianças e jovens, independente de idade ou gênero, sintam-
se estimuladas a participar, e se, ainda a alternativa para prática do futebol ocorrer no espaço
da rua, onde as regras são criadas e recriadas e as condutas estabelecidas pelos participantes, o
relacionamento entre estes pares é facilitado, inclusive para que encontros diários aconteçam.
Com isso, torna-se difícil controlar a ansiedade do momento da manifestação do brincar que,
por sua vez, promove momentos de interação e alegria, facilmente notável entre os participantes
(COUTO, 2012).
Esse jogo ou brincadeira praticado nas ruas é aprendido pelas crianças desde cedo, assim
como muitas brincadeiras tradicionais que são passadas de uma geração a outra e proporciona
momentos de distração/descontração, imaginação, criatividade e fantasia. Neste ambiente, as
crianças mergulham em seus sonhos, criam situações imaginando ser um jogador profissional,
representando seus ídolos esportivos e desde então começam a aprendizagem dos fundamentos
específicos do futebol num espaço alegre e divertido em um contexto de manifestações lúdicas
(COUTO, 2008).
Cabe destacar que na prática do futebol no espaço da rua, tem-se o contato livre com a
bola sem a intervenção de qualquer profissional que oriente sistematicamente a aprendizagem
do jogo propriamente dito. A relação aprender/jogando é uma possibilidade para que a criança
desenvolva capacidades físicas básicas como a força, a velocidade e a coordenação motora
(FONSECA e GARGANTA, 2008).
E por meio do brincar na rua, a criança se torna capaz de ampliar as relações sociais
para além da família, vivenciando as dificuldades de relacionamento interpessoal, obtendo
entendimento não apenas das habilidades específicas do futebol, e sim outras habilidades que
exigem a solidariedade, o companheirismo e a sociabilidade, como por exemplo, as habilidades
sociais que podem ser desenvolvidas na prática do futebol no espaço da rua, manifestando-se
de maneira involuntária (assertividade) ou voluntária (fazer amizades), provocando reações que
contribuem não apenas para o repertório bem sucedido das habilidades sociais, mas também
21
[...] Quando a finalidade é formar atletas para atender interesses de clubes esportivos
que fazem da competição a sua fundamentação social, a busca de performance é
colocada como objetivo principal e tende a ser realizada em curto prazo. (SALLES,
2012, pp. 33-34).
[...] Este é o caso dos clubes esportivos tradicionais, que têm suas equipes de base e
formação, desde cedo, participando de competições oficiais, tanto regionais, como
estaduais e nacionais. (PAGANI et al. 2014, p. 10).
Nessas citações ficam claras as ideias desse tipo de escola, já que seus objetivos se
resumem a preparação física, técnica e tática de crianças e jovens que possam ser inseridos no
mercado do futebol competitivo, onde se tem como interesse a performance do futuro atleta
idealizado pelos candidatos.
23
Apesar de não ser fonte do campo de estudo da nossa pesquisa, é importante destacar
outro tipo de escolinha, as “Escolinhas de projetos sociais” (COUTO, 2012) ou “Escolas de
comunidades carentes” (SALLES, 2012), mas para esse estudo foi utilizado apenas o termo
escolinhas sociais. Essas escolas estão presentes em várias cidades e estados brasileiros. Surgem
na tentativa de levar para as comunidades carentes a promoção do esporte em horários e turnos
diferentes da escola básica de ensino. Segundo Salles (2012, p. 38), trata-se de uma “iniciativa
que objetiva desenvolver o futebol, podendo apresentar diversas finalidades, como por
exemplo: controle social, busca de talento, desvio de comportamento ou promoção do bem-
estar infantil”.
Em concordância com o autor mencionado na citação acima, Couto (2012, p. 46) ainda
complementa esse pensamento quando aborda em seu estudo que as escolinhas de projetos
sociais “desenvolvem atividades de formação futebolística que atendem basicamente ao
proletariado na tentativa de retirar as crianças das ruas, educando-as por meio da promoção do
esporte”.
Observou-se que os objetivos e métodos mostrados das escolinhas são diferenciados no
trato com a formação e iniciação esportiva. Couto (2012, p. 46), corrobora com esse
pensamento:
25
Para este estudo, julgou-se necessário caracterizar educação formal, não formal e
informal, já que o objeto de pesquisa dialoga com tais contextos educativos, em especial o não
formal. Apesar de entender que o aprofundamento das questões e discussões em torno de
dissonâncias entre termos e definições não seja o foco deste trabalho, restringir-se-á apenas na
compreensão das divisões de educação citados acima.
Tais divisões surgiram por conta da necessidade em contornar a hegemonia do formato
escolar, já que se percebe a educação como um processo amplo e abrangente. Elas estão
presentes no contexto social e têm como objetivo básico atender qualquer pessoa sem
predileções. Não são tratadas como formatos substitutivos da educação, mas apresentam uma
forma complementar em que seja possível observar nas suas ações o repasse do ensino e
aprendizagem (BRUNO, 2014).
Ser omisso a esse processo de educação é o mesmo que não compreender o seu papel
enquanto personagem na formação do ser humano que, a todo tempo, está rodeado de desafios,
responsabilidades e anseios com o futuro (GOHN, 2006).
A educação formal está presente em instituições de ensino como escolas, universidades
e cursos em que ofertam um sistema de aprendizagem sistematizado, que esteja previamente
regulamentado e aprovado por lei. Por terem suas ações diretamente ligadas com a instituição
de ensino, as atividades realizadas nesse ambiente institucional devem ser amparadas por uma
ação pedagógica planejada que pode ser difundida em ambientes formais e não formais. O
objetivo desta prática educativa se baseia na aquisição e construção de conhecimentos que
sejam capazes de atender as demandas da atualidade. Nela, é colocada em evidência a imagem
26
“professor e aluno”, em que o professor é o ser responsável pelo ensino e o aluno, a figura da
aprendizagem. Dependendo da realidade e estrutura da escola, o processo de ensino e
aprendizagem podem se apresentar de maneiras diferentes de um espaço para outro, devido aos
vários formatos de ensino e tipos de escolas que são divididas em públicas (municipais,
estaduais e federais) e privadas (OLIVEIRA e GASTAL, 2009).
A Constituição Federal da República é clara no corpo do Artigo 205, o qual define que
“a educação, direito de todos e dever do estado e da família, será promovida e incentivada com
a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o
exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho” (BRASIL, 1988).
Na Lei 9.394, de 1996, sobre as Diretrizes e Bases da Educação, institui-se quais
currículos devem ser previamente estabelecidos na educação básica:
Art. 26. Os currículos do ensino Fundamental e Médio devem ter uma base nacional
comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e estabelecimento escolar,
por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da
sociedade, da cultura, da economia e da clientela. (BRASIL, 1996).
quem se interage e se convive. Dessa forma, entende-se que para a educação não formal ocorrer
é necessária uma intencionalidade no agir, no momento de aprender e trocar saberes,
transmitindo conhecimentos, já que sofre, assim como as outras modalidades, influências do
mundo contemporâneo, apesar de ser pouco auxiliada pela ação pedagógica (GOHN, 2006).
O conceito de educação não-formal, assim como outros que têm com ele ligação
direta, habita um plano de imanência que não é o mesmo que habita o conceito de
educação formal, apesar de poder haver pontes, cruzamentos, entrechoques entre
ambos e outros mais. A educação não-formal tem um território e uma maneira de se
organizar e de se relacionar nesse território que lhe é própria; assim, não é oportuno
que sejam utilizados instrumentais e características do campo da educação formal para
pensar, dizer e compreender a educação não-formal. (GARCIA, 2005, p. 31).
Com esse entendimento, observa-se que pode haver entrelaçamentos com a educação
formal, no entanto deixa claro que é dispensada a necessidade de um ambiente formal, já que
por meio dos padrões de comportamentos e regras seja possível consubstanciar a aprendizagem
adquirida por meio da educação não formal. Não se pode correr o risco de entender uma a partir
da outra, ou seja, a educação não formal não se sobrepõe a educação formal. Percebe-se que a
educação não formal além de abordar a subjetividade dos sujeitos envolvidos, aponta subsídios
para sua construção de identidade (GOHN, 2006).
Até 1980 pouco se sabia da importância da educação não formal, pois não era tratada
com seriedade, já que era vista como um processo educacional projetado para alcançar as zonas
rurais. Era também vista como comunitárias, em que era direcionada para ocupar o tempo das
pessoas com socialização, aperfeiçoamento de habilidades técnicas, educação básica e
programa familiar. Ainda nessa época existiam campanhas com o intuito de alfabetizar de forma
funcional os adultos (GOHN, 2011).
Já nos anos 90 o destaque da educação não formal surgiu com as alterações sofridas pela
economia, sociedade e trabalho, em que a aprendizagem coletiva se torna mais valorizada,
assim como os valores, crenças culturais e as habilidades alcançadas fora das escolas. A
educação não formal era disseminada em cinco áreas: política dos direitos da cidadania;
capacitação para o homem pudesse desenvolver seu potencial e habilidades técnicas de
trabalho; forma que designa o indivíduo a aprender se organizar de maneira coletiva para
enfrentar os problemas do cotidiano; escolarização formal em espaços distintos; mídia
eletrônica (GOHN, 2011).
Na atualidade a educação não formal se dissemina em diversos espaços, tais como:
associações de bairros; igreja; partidos políticos; organizações não governamentais;
organizações de movimentos sociais; sindicatos; espaços culturais; espaços interativos da
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escola formal com a sociedade entre outras. O processo de ensino e aprendizagem nesses
espaços ocorrem de forma diferente devido a flexibilidade na proposta de conteúdo. No formato
de ensino dessa modalidade é importante destacar dois campos de processo de ensino: um
voltado para a alfabetização e difusão de conhecimentos que apresenta um trato sistemático
diferente das instituições de ensino sistemáticas que é a educação de jovens e adultos e a
educação popular. As pessoas atendidas são diversificadas (grupos de trabalhadores, grupos de
jovens e adultos), em que as ações sociais, experiências de vida e algumas situações problemas
podem contribuir para o cultivo do conhecimento; o outro campo está voltado para a
coletividade tendo como objetivo principal o desenvolvimento da cidadania (GOHN, 2011).
Dessa forma, o intuito da educação não formal está voltado para a formação da cultura
política que possa estimular, dentro de um grupo, a construção da coletividade, procurando
proporcionar a autoestima, interesses comuns e solidariedade. Nessa perspectiva, pretende-se
nesse espaço conquistar resultados importantes para a sociedade, tais como: consciência de
como agir em grupo; disposição para buscar soluções em coletividade em relação aos problemas
do dia a dia; construção da identidade da sociedade envolvida, contribuir na formação do
indivíduo para vida e suas diversidades; ter valor próprio para que possa aprender a observar e
interpretar o mundo em sua volta (GOHN, 2006).
Quanto a educação informal, trata-se de uma educação que vem dos pais, da família, do
convívio com os amigos, obtendo-se assim aprendizagem e conhecimento de maneira
espontânea, seja por meio da interação social, “onde as relações sociais se desenvolvem
segundo gostos, preferências, ou pertencimentos herdados” (GOHN, 2006, p. 29), ou nas
relações socioculturais, fazendo surgir outros comportamentos, entre eles a criatividade,
ousadia e alegria.
Outro aspecto que merece atenção em relação a educação informal é a herança cultural
que cada indivíduo carrega consigo, percebendo-se que a convivência familiar é responsável
pela educação inicial do indivíduo que futuramente será inserido na sociedade, preparando-o
para compreender, adquirir e representar a educação no exercício em cidadania.
Na educação informal se dispensa um lugar propício para sua manifestação. Assim
como currículos, o conhecimento é regido pelas interações sociais existentes. É na troca de
29
saberes e experiências, por exemplo, que alguns conflitos são diagnosticados e solucionados. A
interação sociocultural é uma das responsáveis por essa manifestação. Não existe uma
organização padrão no conhecimento, pois ele é repassado por meio de experiências já
vivenciadas que orientam ações futuras. Este tipo de modalidade está mais presente no campo
das emoções e sentimentos (GOHN, 2006).
Portanto, entende-se que um aspecto de maior relevância a ser tratado no espaço das
escolinhas comerciais de futebol, e que ao mesmo tempo pudesse atender as exigências
propostas por Gohn (2006) quanto à modalidade de educação não formal, é a prática docente
dos professores, já que é importante e relevante o seu papel no ato da aprendizagem, uma vez
que essa aprendizagem se volta para atender o indivíduo na questão da educação para a
cidadania.
Com isso, o esporte participativo realizado nessas escolinhas pode ser considerado
fundamental para uma melhor qualidade de vida relacionada ao desenvolvimento infantil, de
forma individual ou coletiva, quando se mostra capaz de trabalhar valores, mudanças de
comportamentos, capacidades de interação social e comunicação interpessoal, culminando em
um ser mais envolvido com a sociedade em que vive. Dessa forma, elencaram-se no próximo
tópico os principais aspectos do desenvolvimento infantil referentes à educação, ao papel do
professor enquanto educador e mediador, ao contexto sócio histórico da criança nas relações
interpessoais e desenvolvimento psicossocial.
que devem ser respeitadas. Uma vez não respeitadas, podem ocorrer consequências por meio
de punições aplicadas em comportamentos tidos como inadequados, e caso, sejam respeitadas
possa ocorrer o contrário, na qual a criança acaba sendo recompensada com afeto, carinho ou
gratidão por demonstrar um comportamento visto como adequado ou esperado na sociedade
(ROBALINHO, 2013).
Com o passar dos anos, apesar da herança genética individual que cada criança
desenvolve, o meio em que a cerca pode ser determinante no processo de aceleração ou de
retardo em algumas características particulares do indivíduo, como: comportamento social,
afetividade, educação, socialização, e relação interpessoal. Na sociedade em que a criança está
inserida surge o processo educacional que é observado não só na escola, mas também nas
experiências vividas fora do ambiente escolar, percebidas como importantes para o
desenvolvimento infantil. Com isso, entende-se a educação da criança de maneira mais ampla,
pensando-a enquanto processo de interações sociais por meio das trocas de conhecimentos que
envolvem cultura, história e convívio com outras pessoas, seja pela interação social ou
mediatizações (VYGOTSKY, 1998).
Facci (2006, p.138) corrobora com esse pensamento e cita como exemplo a educação
na ótica da Psicologia russa:
Segundo Vygotsky (2001, p. 70), no contexto da educação “não existe nada de passivo,
de inativo. Até as coisas mortas, quando se incorporam ao círculo da educação, quando se lhes
atribui papel educativo, adquirem caráter ativo e se tornam participantes ativos desse processo”.
Essa relação com a educação, quando baseada em bases teóricas adequadas, facilita o contato
do ser humano com diversas ferramentas sociais que possam contribuir para o processo de
desenvolvimento pleno (VYGOTSKY, 2001).
O desenvolvimento infantil em Vygotsky está voltado para a interação do eu com o
meio, em que primeiro a criança deve aprender para posteriormente se desenvolver. Com isso,
o desenvolvimento humano passa pelo processo de aquisição e aprendizagem envolvendo tudo
o que um ser já foi capaz de construir socialmente durante e perante a história de toda a
humanidade (VYGOTSKY, 1991).
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Nessa perspectiva, Vygotsky (2001), defende que o professor enquanto mediador entre
criança e mundo, torna-se capaz de promover com facilidade o desenvolvimento no processo
de aprendizagem, tendo como base as interações do eu com o coletivo, onde a criança é
condicionada a criar as próprias estruturas psicológicas. E para isso, Vygotsky (1998)
argumenta que para compreender o desenvolvimento infantil é preciso perceber as funções da
memória, da linguagem, da emoção e da imaginação, assim como a evolução que cada um
desses elementos irá contribuir para esse processo de desenvolvimento na infância, acarretando
uma independência cada vez mais evoluída sobre os seus atos e os acontecimentos que estão
em sua volta.
Um dos aspectos importantes no desenvolvimento infantil é a memória. Elemento que
está presente nas crianças desde seu nascimento, que quando se associa ao ato de se perceber e
perceber os outros ao seu redor, ou seja, ao desenvolvimento da percepção, é solicitada como
condição essencial no desenvolvimento global da criança. Desde o seu nascimento, a memória
é tratada como uma das funções psíquicas centrais as quais são responsáveis pelas outras
funções, tais como a linguagem, imaginação e afetividade (VYGOTSKY, 1998).
Por meio dela, a criança, mesmo com pouca idade, já é capaz de possuir pensamentos
fortemente apurados, pois consegue se recordar de fatos e acontecimentos que ocorreram com
o passar dos anos, expressando-os na forma de linguagem oral, nos gestos e no ato de brincar.
Momentos que talvez possam ser comuns para os adultos, mas para as crianças são tratados
como compartilhamento de experiências enriquecedoras no que diz respeito aos aspectos
históricos, culturais e sociais (VYGOTSKY, 1998). Essa evolução, segundo o autor, muda a
memória, que se transforma em pensamento, um importante elemento para o desenvolvimento
infantil.
Outro fator que influencia no desenvolvimento e comportamento infantil são as emoções
presentes entre o organismo e o meio. Por meio das emoções a criança é capaz de controlar o
comportamento quando as usam como regulador interno e, ao mesmo tempo, contribui para a
exteriorização ou interiorização de tais sentimentos devido aos estímulos externos que podem
ser vivenciados. Uma vez associadas ao processo educacional, as emoções, assumem a função
de influência no comportamento humano (DRAGO e RODRIGUES, 2009).
32
Nenhuma forma de comportamento é tão forte quanto aquela ligada a uma emoção.
Por isso, se quisermos suscitar no aluno as formas de comportamento de que
necessitamos como professores, teremos sempre de nos preocupar com que essas
reações deixem um vestígio emocional nesse alunado. (VYGOTSKY, 2001, p. 143).
O homem haverá de conquistar seu futuro com ajuda de sua imaginação criadora;
orientar no amanhã uma conduta baseada no futuro e partir desse futuro é função
básica da imaginação e, portanto, o princípio educativo do trabalho pedagógico
consistirá em dirigir a conduta do escolar na linha de prepará-lo para o porvir, já que
o desenvolvimento e o exercício de sua imaginação são uma das principais forças no
processo de alcance desse fim. (VYGOTSKY, 1998, p. 108).
Alguns desses comportamentos podem privar a criança até mesmo de interagir com o
meio social (ambiente em que o cerca) levando ao total isolamento, podendo gerar conflitos
e/ou proporcionar uma rejeição à sociedade. Nesse contexto, surge então a preocupação com as
habilidades sociais na infância em que as crianças têm a necessidade de se tornarem mais
habilidosas socialmente (ROBALINHO, 2013).
Del Prette e Del Prette (2005) defende que as habilidades sociais são desenvolvidas
desde o nascimento e de forma progressiva se tornam cada vez mais elaboradas durante o resto
da vida, possibilitando assim um maior repertório de defesas nas relações sociais que cercam a
criança, inclusive, na fase infantil. Outra preocupação apresentada nessa fase, segundo os
autores, é o trato com a competência social no intuito de articular pensamentos e sentimentos,
em que a ocorrência de aquisição dessa capacidade social se dá por meio de algumas habilidades
sociais, tais como: a empatia, fazer amizades e solução de problemas interpessoais. A ausência
de uma dessas habilidades, por exemplo, pode promover problemas de comportamento que já
foram mencionados nesse estudo e, consequentemente, proporcionar transtornos psicológicos.
Compreendendo que os professores das escolinhas comerciais de futebol consideram
fundamental a atuação docente no processo de ensino e aprendizagem de tal esporte, no
próximo tópico, faz-se necessário aproximar o entendimento desses profissionais em relação às
habilidades sociais, já que ainda não se encontrou na literatura estudos que relacionem tais
habilidades com o trabalho desenvolvido pelos referidos profissionais esportivos nas escolinhas
mencionadas.
35
Abaixo, tendo como base o estudo de três autores, pode-se observar um quadro que
menciona dois tipos de desenvolvimento (motor e social) e expectativas de métodos de ensino
utilizados na prática docente por professores de escolinhas comerciais de futebol, em que é
possível detectar que nesse ambiente de educação não formal se desenvolve o aspecto social da
criança, além do motor.
Quadro 1 – Expectativas dos professores com a prática das atividades de futebol nas escolinhas comerciais.
AUTOR EXPECTATIVAS
NO DESENVOLVIMENTO MOTOR
Durante a realização de uma atividade motora, o indivíduo deve reunir
diversas informações para que se possa processar a resposta. Tais
informações são fundamentais para selecionar a resposta satisfatória.
(SALLES, 2012, p. Na fase inicial da aprendizagem, ele poderá eleger ações que nem
56) sempre serão as mais recomendadas para aquela situação. Em um
chute, por exemplo, o aluno deverá começar a concentrar-se em
muitos fatores, como: pé de apoio, pé que realizará o chute, distância
da bola, alvo a ser alcançado, entre outros. Com a automatização do
movimento, o aluno passará a concentrar-se em apenas alguns destes
fatores, que ele elegerá como mais importante para sua atenção, pois
o sistema global está automatizado.
NO DESENVOLVIMENTO SOCIAL
A criança deverá ser incentivada desde cedo a expressar sua opinião,
no intuito de favorecer a verbalização e comunicação em público, não
(SALLES, 2012, p. se apresentando com falta de cultura básica e excesso de timidez.
65) Deverá aprender a respeitar opiniões dos colegas, ainda que contrária
às suas. Os impasses não devem ser resolvidos com autoritarismo pelo
professor. Ele deve abrir possibilidade de discussão e buscar
harmonia até mesmo nos conflitos. [...] a criança deve ser levada a
questionar os comportamentos.
NO DESENVOLVIMENTO MOTOR
A exploração do tema é o momento onde o aluno tem a oportunidade
(SCAGLIA, 1996, de descoberta, de criação em cima da temática da aula, ou seja, através
p. 37) de uma atividade lúdica, uma brincadeira adaptada, a criança usa de
seu repertório motor para aprender, desenvolver, criar, descobrir um
novo movimento que será utilizado na prática do futebol. Por
exemplo, na brincadeira de “mãe da rua”, realizada com a bola nos
pés.
38
aprendizagem de fundamentos técnicos, regras e táticas de jogo, mas sim, preocupar-se com os
comportamentos sociais desenvolvidos e ajustados perante essa prática, os quais possam
contribuir para o processo de desenvolvimento social da criança inserida na escolinha de futebol
(REVERDITO e SCAGLIA, 2009).
Dessa forma, apesar das aulas das escolinhas comerciais de futebol estarem atreladas a
instruções práticas e não a conteúdos sistematizados, a prática docente, por vezes, utiliza o
desenvolvimento das habilidades esportivas, as quais se classificam quanto a sua complexidade,
que podem abordar fundamentos técnicos e táticos de fácil entendimento e execução, assim
como pode estabelecer níveis de dificuldades elevadas na aplicação prática de tais fundamentos
(SALLES, 2012).
No estudo de Salles (2012), observou-se que por intermédio da prática docente, podem
ser traçados princípios metodológicos aos quais as atividades desenvolvidas, nas aulas das
escolinhas comerciais, preocupem-se não apenas com o desenvolvimento das habilidades
técnicas, mas também com a motivação dos alunos para esse desenvolvimento. Para isso, elas
devem seguir um roteiro de aplicação na prática esportiva: do mais simples ao mais complexo;
não permanecer com atividades menos atrativas por tempo prolongado; repetição das atividades
no intuito de contribuir para assimilação da criança; ofertar problemas e soluções; corrigir os
erros mais frequentes; correção dos vícios iniciais de movimentações para não induzir ao erro;
exercícios compatíveis com a aplicação prática. Com isso se entende que o professor deve
compreender a complexidade das tarefas que são apresentadas no decorrer das aulas, propondo
mecanismos que favoreçam a solução dos problemas vivenciados na prática do futebol,
mediando as relações interpessoais nesse meio contribuindo para o desenvolvimento social da
criança.
Compreende-se, dessa forma, que na prática docente dos professores das escolinhas de
futebol várias habilidades são desenvolvidas. Entretanto, as que recebem maior aporte são as
habilidades motoras. Apesar de ser evidente o trato com o desenvolvimento social na prática
docente dos professores apresentado no quadro 1, as habilidades sociais de forma específica
não são mencionadas e, devido a este fato, entende-se como necessário examinar se nas práticas
docentes dos professores das escolinhas comercias de futebol ocorre o ensino das habilidades
sociais para o desenvolvimento infantil, já que a criança necessita desenvolver-se de maneira
integral.
40
CAPÍTULO II
UM OLHAR SOBRE AS HABILIDADES SOCIAIS
Neste capítulo foi exposto alguns dos pressupostos históricos e conceituais das
habilidades sociais, no sentido de compreender sua evolução na comunidade acadêmica. Para
tanto buscou-se refletir sobre as habilidades sociais em relação ao desenvolvimento humano,
sobretudo sobre a formação interpessoal compreendida nas relações sociais e como essas
habilidades foram compreendidas em décadas passadas.
Nesse contexto, ressalta-se que as habilidades sociais emergem do comportamento
social, que, atrelado ao desenvolvimento humano e suas relações sociais do dia-a-dia,
contribuem para a formação interpessoal/social/afetivo do ser humano. Essas habilidades,
segundo Del Prette e Del Prette (2009), podem ser interpretadas como fonte de proteção
identificada e definidas como comportamentos sociais que auxiliam na capacidade social
individual e promovem relacionamentos interpessoais e saudáveis.
Assim, afirmar que as habilidades sociais são comportamentos que contribuem para a
competência social significa especificar critérios de competência social que podem
também nortear a análise, avaliação e intervenção sobre determinado assunto.
(MURTA, DEL PRETTE e DEL PRETTE, 2010, p. 80).
Del Prette e Del Prette (2008, 2017) mostra um portfólio contendo as principais e
relevantes classes de Habilidades Sociais estudadas em todas as etapas de desenvolvimento
humano e social.
Tomando como base o quadro anterior, Del Prette e Del Prette (2005) discorrem quanto
a proposta e definição sistemática de classes das habilidades sociais relevantes na infância que
são consideradas importantes para o comportamento social, tais como: Autocontrole e
Expressividade Emocional, Civilidade, Solução de Problemas Interpessoais, Fazer Amizades,
Assertividade, Empatia e Habilidades Sociais Acadêmicas. Abaixo no quadro 03, mostrar-se-á
as classes e subclasses dessas habilidades sociais.
42
Quadro 3 - Classes e Subclasses das Habilidades Sociais compreendidas como relevantes na Infância.
Classes Subclasses
Reconhecer e nomear as emoções próprias e as dos outros, controlar a
Autocontrole e ansiedade, falar sobre emoções e sentimentos, lidar com os próprios
expressividade sentimentos, controlar o humor, tolerar frustrações, mostrar espírito
emocional esportivo, expressar as emoções positivas e negativas.
Cumprimentar pessoas, despedir-se, usar locuções como: “por favor”,
“obrigado”, “desculpe”, “com licença”, aguardar a vez para falar, fazer
Civilidade e aceitar elogios, seguir regras ou instruções, fazer perguntas,
responder perguntas, chamar o outro pelo nome.
Observar, prestar atenção, ouvir e demonstrar interesse pelo outro,
reconhecer/inferir sentimentos do interlocutor, compreender a situação
Empatia (assumir perspectiva), demonstrar respeito às diferenças, expressar
compreensão pelo sentimento ou experiência do outro, oferecer ajuda,
compartilhar.
Expressar sentimentos negativos (raiva e desagrado), falar sobre as
próprias qualidades ou defeitos, concordar ou discordar de opiniões,
fazer e recusar pedidos, lidar com críticas e gozações, pedir mudança
Assertividade de comportamento, desculpar-se e admitir falha, negociar interesses
conflitantes, defender os próprios direitos, resistir à pressão de colegas
e parceiros íntimos.
Fazer perguntas pessoais; responder perguntas, oferecendo informação
livre (auto-revelação); aproveitar as informações livres oferecidas pelo
Fazer amizades interlocutor; sugerir atividade; cumprimentar, apresentar-se; elogiar,
aceitar elogios; oferecer ajuda, cooperar; iniciar e manter conversação;
identificar e usar jargões apropriados.
Acalmar-se diante de uma situação problema; pensar antes de tomar
Solução de decisões, reconhecer e nomear diferentes tipos de problemas;
problemas identificar e avaliar possíveis alternativas de solução; escolher,
implementar e avaliar uma alternativa; avaliar o processo de tomada
de decisão.
Seguir regras ou instruções orais, observar, prestar atenção, ignorar
interrupções dos colegas, imitar comportamentos socialmente
Habilidades Sociais competentes, aguardar a vez para falar, fazer e responder perguntas,
Acadêmicas oferecer, solicitar e agradecer ajuda, buscar aprovação por
desempenho realizado, elogiar e agradecer elogios, reconhecer a
qualidade do desempenho do outro, atender pedidos, cooperar e
participar de discussões.
Fonte: Del Prette; Del Prette (2005).
Na fala dos autores Caballo (2003) e Falcone (2002), ambos corroboram a compreensão
e aplicação dessas classes e subclasses no processo de obtenção de forma positiva de um
relacionamento interpessoal bem-sucedido, tendo como exemplos: os princípios e regras de
diferentes culturas, como também a inclusão de comportamentos de iniciar, manter e finalizar
diálogos, solicitar ajuda ao próximo, se comunicar com a fala no sentido de solucionar eventuais
dúvidas e questionamentos, compreender o sentido de admitir o erro e pedir desculpas. Del
43
Prette e Del Prette (1999) enfatizam que o período fundamental para o desenvolvimento das
habilidades sociais é o da infância.
As habilidades sociais em muito se aproximam do conceito de habilidades de vida.
Ambas são estudadas como fator de proteção na direção do desenvolvimento humano. Na fala
de Murta (2005, p. 17) “o termo habilidades de vida se refere às habilidades sociais, cognitivas
e afetivas úteis no enfrentamento às demandas da vida cotidiana”. Isso propiciou que após a
identificação das habilidades sociais fosse conclusivo percebê-las como um fator de proteção
ao desenvolvimento humano, desenvolvendo-se intervenções que pudessem compreender o
estudo dessas habilidades em diferentes contextos e populações.
O autor ainda discorre que as habilidades de vida são determinantes nas capacidades do
comportamento adaptativo e positivo, em que possibilita celebrar com eficácia ações e desafios
do cotidiano. Submergem nas habilidades pessoais que promovem potencializar os
relacionamentos interpessoais.
Autores como Gorayeb (2002); Gorayeb, Cunha Netto e Bugliani (2003); Minto, Pedro,
Netto, Bugliani e Gorayeb (2006) definem e classificam as habilidades de vida:
Gorayeb (1990) relata em seu estudo que durante o período da adolescência surgem
probabilidades, de grande escala, dos adolescentes experimentarem novas vivências que as
tornam atraentes e curiosas. O novo tem isso, de provocar curiosidades, tornando-os cada vez
mais vulneráveis a oferecerem condutas perigosas colocando em risco sua própria saúde. De
acordo com relatos do referido autor, em seu estudo relacionado com as Habilidades de Vida
na escola, elas surgem no intuito de se preocupar com problemas relacionados com a saúde
mental. Para o autor, os comportamentos de risco na escola são: “precoce da sexualidade,
relação sexual sem uso de preservativos, não utilização e/ou utilização inadequada de
anticoncepcionais, uso indevido de drogas, álcool e tabaco, violência e acidentes de trânsito”
(GORAYEB, 1990, p. 214).
As habilidades sociais são estudadas por dois grandes pesquisadores no Brasil, Zilda
Del Prette e Almir Del Prette, que por sua vez são os precursores desse estudo onde em 1996
lançaram o primeiro artigo conceitual sobre as habilidades intitulado “Habilidades Sociais:
Uma área em desenvolvimento”. Referem-se às classes de comportamentos sociais que o
indivíduo possui em seu repertório, as quais se comprometem com o comportamento social no
sentido de contribuir de uma forma eficaz para o desenvolvimento da competência social do ser
humano e assim facilitar nos relacionamentos interpessoais com seus pares (DEL PRETTE;
DEL PRETTE, 2017). Os autores ainda afirmam que é fundamental que a criança desenvolva,
o quanto antes, um repertório de Habilidades Sociais.
No estudo intitulado “Prevenção ao Sexismo e ao Heterossexismo entre Adolescentes”,
Murta, Del Prette e Del Prette (2010, p. 80) fazem uma distinção entre os dois conceitos dando
alguns exemplos de quando as habilidades, de Vida e Sociais, se aproximam e se afastam:
Em um dos estudos mais recentes de Del Prette e Del Prette (2017), intitulado
“Competência Social e Habilidades Sociais: Manual Teórico-Prático” aborda que quando o
indivíduo desenvolve as habilidades sociais e as desempenha de forma bem-sucedida,
determina-o como ser competente socialmente. Del Prette e Del Prette (2017, p. 37) defende
que a “Competência Social é um constructo avaliativo do desempenho de um indivíduo
(pensamentos, sentimentos e ações) em uma tarefa interpessoal que atende aos objetivos do
indivíduo [...]”. Dessa forma, não se pode dizer que Competência Social é a mesma coisa que
Habilidade Social, mas sim o desempenho positivo dessas habilidades é que condiz a
competência. No entanto, será a forma de agir diante das interações sociais em determinada
situação ou contexto social que irá determinar a eficiência do desenvolvimento das habilidades,
pois pode ser que essa eficiência ocorra em uma situação e em outra não. As Habilidades Sociais
são usadas para indicar um conjunto de competências comportamentais estudadas em meio às
interações sociais.
Em suma, o trato com as habilidades sociais é compreendido e desenvolvido ao passar
dos anos, em que se exige o convívio com outras pessoas, independente da forma que seja (meio
formal ou informal) utilizada para o processo de interação social. As dificuldades em
aperfeiçoar as habilidades aumentam quando essa relação não é favorável ou ainda se o
ambiente que a criança esteja inserida não contribua para esse desenvolvimento. Para superar
essas dificuldades ou futuros problemas de comportamento, pode ser necessário intervenções
educativas ou terapêuticas (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2017).
Del Prette e Del Prette (2017, p. 26) abordam sobre a aplicabilidade do conjunto de
comportamentos sociais com características particulares ao definir as habilidades sociais:
E qual seria a melhor maneira de diagnosticar uma criança como mais ou menos
habilidosa socialmente, levando em consideração a aplicabilidade das habilidades sociais? Por
meio deste questionamento, Del Prette e Del Prette (2017) chamam a atenção, para uma
diferenciação de classes dos comportamentos sociais permeados na convivência social: os
comportamentos sociais desejáveis e indesejáveis.
Por meio dos comportamentos desejáveis, é possível concluir que as habilidades sociais
são desenvolvidas de forma bem-sucedida, compreendendo a criança como ser socialmente
habilidoso, alcançando assim a competência social. Os indesejáveis são divididos em dois:
ativos (agressão, coação, manipulação, desrespeito, trapaça entre outros) e passivos (isolar-se,
omitir-se, autodepreciar-se, submeter-se entre outros). “Ambas as respostas não habilidosas
geram consequências nada reforçadoras, tanto para o sujeito que a emite, quanto para o sujeito
que interage” (ROSA, 2014, p. 44).
De acordo com Del Prette e Del Prette (2017, p. 23) “é importante destacar que tanto os
comportamentos desejáveis ou indesejáveis se mantêm porque geram consequências positivas
ou evitam consequências negativas para o indivíduo”. Ao mesmo tempo que os
comportamentos indesejáveis são identificados ou diagnosticados na convivência social,
problemas e transtornos psicológicos vão surgindo e interferindo na competência social da
criança.
Após contextualizar as habilidades sociais e as habilidades de vida, torna-se relevante
fazer menção a respeito das habilidades sociais educativas. Habilidades estas que estão
presentes na família, escola e trabalho, e que através de sua finalidade, perceptível ou não, é
capaz de promover o desenvolvimento ou aprendizagem do outro, seja em situações formais ou
informais, podendo ser observadas em qualquer processo educativo, como na relação de pais-
filhos e professor-alunos, bastando apenas que o educador apresente comportamentos sociais
efetivos (DEL PRETTE e DEL PRETTE, 2014). Essa definição é apenas de cunho funcional e
são apontadas como educativas devido às alterações que podem ocorrer no repertório do
comportamento dos educandos.
47
Portanto, é importante ressaltar que não basta a atribuição social do papel de educador
e a emissão de determinados comportamentos, ainda que alguns possam ter maior
probabilidade de serem efetivos: a ação educativa implica em avaliação e
monitoramento dos efeitos desses comportamentos sobre o educando. Por exemplo,
para caracterizar uma ação, uma instrução como educativa, é necessário verificar se o
educando aprendeu. (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2008, p. 520).
Classes Subclasses
Explicitar o objetivo ou produto esperado da atividade e os
comportamentos intermediários requeridos, destacando aqueles
Habilidades de que contribuem para o bom andamento da atividade; enfatizar a
apresentação das sua importância e objetivos; estabelecer e liberar consequências
atividades para os desempenhos e a consecução satisfatória da atividade;
promover a participação do aluno por meio de estratégias de
condução, como jogos e brincadeiras, visando despertar
curiosidade, motivar, desafiar etc.
Expor oralmente com clareza; verificar compreensão; apresentar
modelos; fazer perguntas que exige maior ou menor elaboração;
Habilidades de fazer pausa para o aluno elaborar a resposta; parafrasear, repetir,
transmissão de complementar e resumir as respostas dadas; encorajar; apresentar
conteúdos a ajuda mínima necessária; esclarecer dúvidas; questionar e pedir
reelaboração da tarefa; observar o desempenho; orientar
individualmente; corrigir e solicitar mudança de comportamento;
promover feedback, especialmente o positivo.
Chamar a atenção de um aluno para desempenho de outro;
Habilidade de diferenciar a pergunta de um aluno para um colega; solicitar e
interações educativas valorizar a cooperação, incentivar feedback e elogio entre alunos
entre os alunos como forma de estabelecer uma subcultura do grupo nessa
direção.
Habilidades de Explicitar critérios e condições; desenvolver habilidades de
avaliação de atividades autoavaliação dos alunos para que estes também avaliem a
atividade, o próprio desempenho e o dos demais.
deste trabalho se caracterizar como uma pesquisa acadêmica e não um projeto de intervenção;
este sim, objetiva ações que busquem promover mudanças na realidade investigada.
O próximo tópico traz o embasamento teórico e metodológico a respeito das habilidades
sociais na literatura, em que foram encontradas teses e dissertações, sendo algumas delas
orientadas por Del Prette e Del Prette até o momento da confecção do levantamento
bibliográfico que trabalhou com as habilidades de forma substancial. Adotou-se como base o
currículo e o sítio 1 dos pesquisadores. Lembrando que foram utilizadas apenas pesquisas que
têm os Del Prette como referência na conceituação de habilidades sociais.
Este tópico teve por finalidade expor as considerações relevantes para compreensão das
Habilidades Sociais na literatura fazendo uma análise das metodologias e resultados nos estudos
trazidos do campo teórico pesquisado. Com isso, pretendeu-se realizar uma investigação a
respeito das metodologias, objetivos e resultados de estudos dos últimos 10 (dez) anos que
antecedem esse trabalho. Entre os trabalhos, encontram-se dissertações e teses que podem nos
mostrar um aparato de obras já construídas que elencam as Habilidades Sociais, mas com
autores de diversas áreas que contribuíram para que essa temática pudesse ser estudada,
desenvolvida, investigada e aplicada em diferentes ramos da educação, saúde e formação social.
Outro intuito foi destacar as principais obras que tem relevância com o objeto de estudo
que envolvesse alguns dos seguintes descritores: Habilidades Sociais; Habilidades Sociais e
Comportamento Infantil; Habilidades Sociais e Desenvolvimento Infantil; Habilidades Sociais
e Educação; Habilidades Sociais e Esporte; Formação Humana e Esporte; Habilidades Sociais
e Formação Humana; Habilidades Sociais e Educação Não Formal; Futebol e Educação não
formal; Habilidades Sociais e Interação Social. Podendo contribuir de maneira expressiva por
apresentar uma aproximação de relação entre Futebol, Educação e Habilidades Sociais.
As buscas para análise tiveram como pressuposto a preocupação em compreender as
pesquisas com as habilidades sociais para que, posteriormente, pudesse ter subsídios para a
coleta de dados e como poderia aplicar e utilizar os instrumentos na pesquisa. Utilizou-se
portais de pesquisa científica para levantamento dos dados da presente obra: Biblioteca Digital
Brasileira de Teses e Dissertações (http://bdtd.ibict.br); Portal de Periódicos da CAPES
Habilidades Sociais – THS, visto que, para lidar com o conhecimento das habilidades sociais,
é preciso ter o contato com o THS percebendo qual contribuição pode ser elencada na
aplicabilidade das subclasses das habilidades sociais compreendidas em Del Prette e Del Prette
(2001). As obras são: Avaliação e treinamento de habilidades sociais de crianças em idade pré-
escolar (GARNICA, 2009); Validação do Questionário de Avaliação de Habilidades Sociais,
Comportamentos, Contextos para Universitários (BOLSONI-SILVA; LOUREIRO, 2016). As
referidas obras apontam um conceito de que para lidar com as habilidades sociais é necessário
antes compreender o THS que nos remete ao entendimento de relacionamento interpessoal.
Segundo Bolsoni-Silva et al. (2013) e Del Prette e Del Prette (2001), estudiosos utilizam o THS
para firmarem uma busca intensiva para tentar de maneira geral apontar, avaliar e determinar
quais as habilidades mais presentes dos indivíduos com o intuito de melhorar e desenvolver
intervenções que possam auxiliar a eliminar possíveis déficits presentes de algumas subclasses
das habilidades sociais em momentos das fases da formação humana, como por exemplo a
assertividade, empatia e interação social.
Posteriormente, optou-se por buscar mais obras sobre a literatura no site da Biblioteca
Digital Brasileira de Dissertações e Teses em que fazia um link com as bibliotecas digitais de
algumas universidades, entre elas a: UNESP, PUC, UFSC e USP. Nelas foram utilizados os
descritores Habilidades Sociais, Habilidades Sociais e Esporte ou Futebol, Treinamento em
Habilidades Sociais e Educação. Nada foi encontrado relacionando esporte e habilidades
sociais nas bibliotecas citadas. No entanto, quando foi mencionado o descritor Treinamento em
Habilidades Sociais e Educação foram encontradas três obras que corroboram com o mesmo
pensamento, sendo: Tese intitulada “Habilidades Sociais e Educação: programa de Intervenção
para professores de uma escola pública” (CORRÊA, 2008) encontrada na página de periódicos
da UNESP (https://periodicos.franca.unesp.br); Dissertação de mestrado intitulada
“Habilidades Sociais Educativas dos professores dos anos iniciais do ensino fundamental”
(HENRIQUE, 2017), disponível na biblioteca da USP (http://www.teses.usp.br/); Dissertação
de mestrado com o tema “Habilidades Sociais Interativas na relação professor-aluno” de
Manolio (2009) encontrada no portal da Universidade Federal de São Carlos – UFSC
(https://repositorio.ufsc.br).
Um descritor que chamou bastante atenção foi o de Habilidades Sociais e Interação
Social quando utilizado nas buscas da Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações,
encontrou-se um trabalho que vincula as habilidades sociais com o bullying, assunto até então
não relacionado, porém se diagnosticou que essa relação tem forte influência no comportamento
da criança que sofre bullying, pois isso afeta diretamente as suas habilidades. Esse trabalho
52
buscou compreender quais são as principais habilidades afetadas por essa influência, pois Rosa
(2014), autora da referida pesquisa que se intitula Habilidades Sociais e Bullying: caracterização
de dois contextos, afirma que para se ter uma boa qualidade de vida é necessário possuir
habilidades sociais desenvolvidas. Afirma ainda que práticas de bullying no momento em que
ocorrem situações de conflitos, observou-se nas pessoas envolvidas um déficit em alguma
subclasse das habilidades sociais, apontando e descrevendo qual habilidade esteve
comprometida na relação entre habilidades sociais e bulliyng.
A seguir, elenca-se um quadro síntese que classifica as obras pesquisadas Nesse
levantamento bibliográfico se encontram os trabalhos com o título, o(s) autor(es), a natureza e
o ano de publicação, a área de concentração de cada obra selecionada.
Após a coleta de dados, por meio das análises das filmagens nas Escola 1, observou-se
no quesito comportamento habilidoso que as habilidades sociais estavam mais presentes nos
meninos que nas meninas, durante o tempo em que, nos comportamentos não habilidosos, foi
presenciado com maior frequência nas meninas da Escola 1 e com maior frequência nos
meninos da Escola 2. Constatou-se ainda, que o THS surtiu um maior efeito nas respostas do
comportamento habilidoso comparado as respostas do comportamento menos habilidoso, mas
não surtiu tanto efeito sobre as respostas não-habilidosas ativas e passivas das crianças
(GARNICA, 2009).
O THS se dá na tentativa de compreender três aspectos importantes do indivíduo: o
comportamento social, o desempenho social e a competência social. São essas as preocupações
utilizadas nos estudos que abordam esse treinamento (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2005).
Outro estudo o qual tem como preocupação o desenvolvimento das habilidades sociais
utilizando como meio para isso o THS, assunto que se relaciona com o trabalho de Garnica
(2009), é o estudo de Carneiro (2010), em que por meio de uma metodologia de intervenção,
teve como intuito, utilizando o THS, fornecer dados que possam compreender o
desenvolvimento das habilidades sociais na terceira idade, uma vez que o referido treinamento
é utilizado para diferentes populações.
Dessa forma, a obra pretendeu avaliar qual a eficácia do Treinamentos das Habilidades
Sociais em Idosos (THSI) no aumento do repertório das habilidades e posteriormente
54
Os itens compõem especificamente as assertivas: (a) nunca ou raramente; (b) com pouca
frequência; (c) com regular frequência; (d) muito frequentemente; (e) sempre ou quase sempre.
De acordo com os autores citados o escore final aponta um comportamento geral em habilidades
sociais, e tais escores, estabelecem a análise de forma diferente se utilizados outros cinco
fatores: (A) enfrentamento/autoafirmação com risco; (B) autoafirmação na expressão de afeto
positivo; (C) conversação e desenvoltura social; (D) autoexposição a desconhecidos ou a
situações novas; e (E) autocontrole da agressividade em situações aversivas (LIMA, 2017).
A análise dos dados foi realizada por meio da análise de conteúdo proposta por Bardin
(2009) em que afirma que sua finalidade é a interpretação de dados através de diferentes etapas:
pré-análise, exploração do material e tratamento dos resultados: a inferência e a interpretação.
Posteriormente foram construídas as categorias de análise que utilizou como critério: 1-
Exclusão mútua; 2- Homogeneidade; 3- Pertinência; 4- Objetividade e fidelidade; 5-
Produtividade.
Após as análises e interpretação dos dados, concluiu-se na pesquisa uma diferença
significante nos resultados e nos fatores que foram avaliados pelo inventário de Del Prette e
Del Prette (2001). Foram observados pontos positivos e melhorias nas classes das habilidades
sociais no momento em que participaram ativamente do programa. Lima (2017) conclui que os
resultados desse estudo poderão ser aplicados no aprimoramento e execução do PDHS e servir
como referência para outros programas com essa temática das habilidades sociais.
Após a análise dos três trabalhos referente ao estudo do treinamento e avaliação em
habilidades sociais, concluiu-se que a última obra Lima (2017) traz em seu escopo a
metodologia que mais significou para o autor pela sua eficiência no trato com os dados
coletados, analisados e interpretados. Logo sua metodologia apresentou os avanços atingidos e
os resultados esperados de uma forma minuciosa e de fácil entendimento, e que ao apresentar
os resultados, concluiu-se que houve diferença expressiva nos fatores aferidos pelo IHS, em
que apontam contribuição na melhoria do autoconhecimento, nas relações interpessoais, na
resolução de conflitos e nas habilidades comunicativas.
Mostrou-se mais completa por utilizar o inventário dos estudiosos que defendem as
pesquisas a respeito das habilidades sociais no Brasil (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2001), a
qual se amplia cada vez mais ao passar dos anos, buscando em seus trabalhos de intervenção
e/ou observação definir, segmentar e apontar todos os fatores que comprovam os avanços e
declínios das habilidades sociais estudadas.
Já nos estudos que conceituaram habilidades sociais em áreas de concentração
diferentes, tais como Ensino na Educação Brasileira, Educação do Indivíduo Especial,
56
Educação Infantil, Processos e Distúrbios de Comunicação e Saúde, foi possível manter uma
lógica de conversação entre as obras que destacam as referidas áreas na tentativa de identificar
a presença das habilidades nos estudos realizados e de que maneira elas foram analisadas para,
posteriormente, obter subsídios suficientes e classificar qual habilidade precisa ser revista no
intuito de evoluí-la para uma aplicabilidade positiva.
Nesse pressuposto, Henrique (2017), em sua dissertação de mestrado, visou analisar a
possibilidade de identificação do nível de conhecimento de professores que lecionam nos anos
iniciais ensino fundamental a respeito das habilidades sociais Educativas que se refere ao
processo de interação entre professor e aluno no sentido de observar seu comportamento em
sala de aula, sua postura, a maneira como irá interagir com os alunos e a forma como irá lidar
com os conflitos que venham a surgir, compreendendo como se dá o processo de desempenho
na prática profissional usufruindo essas habilidades.
Pesquisa do tipo qualitativa a qual teve 42 professores como sujeitos da pesquisa e
utilizou-se o teste T Student, teste de Pearson para correlação e o coeficiente de Sperman para
medidas não paramétricas. Como instrumento de análise dos dados usou o Inventário de
Habilidades Sociais Educativas – versão professor, pois observou tal instrumento como
necessário para identificar que habilidades os professores apresentavam déficit. De acordo com
Del Prette e Del Prette (2008), tais habilidades se dividem em quatro: habilidade de
apresentação das atividades; Habilidades de transmissão de conteúdo; Habilidades de
interações educativas entre os alunos; e Habilidades de avaliação das atividades. Percebeu-se
no decorrer do texto que Henrique (2017) se preocupou em relacionar as Habilidades Sociais
dos professores com as relações interpessoais entre professor e aluno.
No geral, os resultados apontam que: o professor independentemente de sua formação,
inicial ou contínua, deve compreender a importância de sua ação pautada na prática docente;
observar se essas ações estão na concepção relacionada entre interação social e processo de
ensino e aprendizagem. Henrique (2017, p. 08) afirma que “o professor não adquiriu
conhecimento das habilidades sociais educativas durante sua formação, observando-se como
necessário o treinamento das habilidades para reprovar, restringir e corrigir comportamentos”.
Nesse trabalho o autor detecta a falta de conhecimento mostrada pelos professores a
respeito das habilidades sociais, fator relevante para essa pesquisa, já que é a mesma pretensão
do objeto de estudo. Enaltece que, para se viver de forma harmoniosa em sociedade, é
necessário valorizar a formação social e pessoal de cada indivíduo, inter-relacionando os fatores
sociais existentes com a aprendizagem, de maneira harmoniosa, o valor da formação social e
57
pessoal, pois para ele é essencial que um professor se comporte enquanto ser social compreenda
a responsabilidade em formar futuras gerações.
Nesse mesmo contexto das Habilidades Sociais como instrumento de estudo na área de
concentração da Educação e Ensino, o trabalho de Manolio (2009) que além de mostrar a
relação abordada na pesquisa de Henrique (2017), quando utiliza o termo Habilidade Social
Educativa, termo esse utilizado em uma das classes de Habilidades Sociais, a classe Habilidades
Sociais Profissionais apontadas por Del Prette e Del Prette (2008) em que a classificação é
usada na capacidade social do professor ou de outra função que esteja relacionada com o
educador, tenta observar qual a relevância dessas habilidades na interação existente entre aluno
e professor, uma vez que o processo de ensino e aprendizagem é fundamental nessa perspectiva.
Manolio (2009) verificou em seu estudo uma amostra de forma ampliada, por meio da
base do Sistema de Habilidades Sociais Educativas composta por 32 subclasses passíveis de
observação que são agrupadas em quatro classes gerais ampliadas: Estabelecer contextos
interativos potencialmente educativos; transmitir ou expor conteúdos sobre habilidades sociais;
estabelecer limites e disciplina; e monitorar positivamente, que identificassem as classes e
subclasses estariam presentes de maior ou menor frequência nas ações dos professores na
interação com os alunos.
Outro aspecto interessante que foi analisado em seu estudo foi o de caracterizar os
possíveis padrões de comportamentos analisando a frequência e qualidade da interação
professor com o desempenho acadêmico dos alunos que estivessem abaixo ou acima da média.
A pesquisa contou com a participação de 22 professores do ensino fundamental I que
estivessem em interação com os alunos. Como critério de seleção dos alunos, utilizou-se do
Protocolo de Avaliação para professor (protocolo construído pela autora), formando-se em cada
sala grupos com quatro alunos de gêneros distintos e que apresentassem desempenho acadêmico
negativo e outro grupo com a mesma quantidade, com mesmas características de gênero, que
apresentassem desempenho acadêmico positivo.
O método correlacional foi utilizado para verificar as relações e variáveis. O campo de
estudo foi desenvolvido em três escolas na cidade de São Paulo, onde cada sala era realizada
uma filmagem em dois períodos, antes e depois do intervalo, e com um tempo de 30 minutos
de duração. Os professores foram solicitados para que planejassem atividades que envolvessem
o maior número de alunos possíveis e de maneira mais interativa. Utilizou-se como
instrumentos para a análise e coleta de dados: protocolo de caracterização dos professores,
instrumento de avaliação socioeconômica (Critério Brasil), protocolo de avaliação para o
58
Nesse estudo, Rosa (2014) investigou as possíveis relações existentes entre habilidades
sociais e o bullying com alunos (98 estudantes com faixa etária entre 8 e 14 anos) de escolas
públicas (75 instituições) e privadas (23 instituições), ou seja, estudantes de dois contextos
escolares diferentes. Em sua metodologia, em especial no uso dos instrumentos para análise dos
dados, utilizou-se dos de autopercepção denominado de Inventário Multimídia de Habilidades
Sociais para Crianças - IMHSC pesquisados por Del Prette e Del Prette (2009) e o Questionário
SCAN-Bullying 2005 pesquisado por Almeida e Caurcel (2007) “no sentido de que os
resultados auxiliem na compreensão da caracterização e comparação dos fenômenos de modo
tanto coletivo, como individual” (ROSA, 2014, p. 09).
O estudo da referida autora se preocupou em avaliar, apesar dos dois contextos (pública
e privada) das escolas, estratégias para observar se os comportamentos adotados por cada
sujeito da pesquisa se assemelham ou se são divergentes, uma vez que pesquisas realizadas pela
refira autora mostram que a dimensão da escola e o número de alunos por turma podem
influenciar nas situações que ocasionariam o bullying. Com isso foi possível observar na
conclusão do estudo de Rosa (2014) que as situações de maior envolvimento com bullying são
praticadas por alunos das escolas que têm amplo espaço físico e turmas numerosas. No entanto,
é confirmado na sua pesquisa de forma geral que nos dois contextos das escolas apresentados,
ambas as situações com bullying são comprovadas.
É relatado nesse estudo que, independente de reações habilidosas ou não habilidosas, as
reações de assertividade de enfrentamento e de empatia e civilidade estão mais relacionadas
com os fatores do bullying, enquanto que a reação habilidosa com melhor desempenho presente
nos alunos de ambas as escolas da pesquisa foi a reação de autocontrole.
Outra questão importante que foi conclusiva nesse trabalho são as habilidades que se
fizeram presentes nessa relação com o bullying, seja de forma positiva (habilidade de
autocontrole) ou independente de habilidosa ou não, mas que estiveram ligadas diretamente
com a prática do bullying (habilidades assertividade de enfrentamento, empatia e civilidade).
Vale ressaltar que a habilidade assertividade de enfrentamento foi a estratégia mais utilizada
nos enfrentamentos do bullying.
60
Constatou-se também que as mães são habilidosas socialmente no quesito interação com
seus filhos, mesmo diante de situações de práticas negativas ou positivas de relacionamento
interpessoal. Em especial, as mães de crianças na idade pré-escolar, apresentam-se mais
habilidosas independentemente de problemas de comportamento que seus filhos apresentem.
Porém, não teve o mesmo sucesso nas crianças com idade escolar, já que foram diagnosticadas
como menos habilidosas nas interações que envolviam 10 crianças nessa faixa etária.
Na dissertação de mestrado de Comodo (2012), a qual tem como professor orientador o
Dr. Del Prette, corrobora com a ideia de Rovaris (2015) ao abordar que um repertório elaborado
de habilidades sociais se compreende como fator de proteção em relação às dificuldades de
interação e de comportamento, por exemplo, colaborando para uma melhor qualidade de vida
dos indivíduos. Com isso a autora apresenta uma hipótese:
O aprendizado de habilidades sociais, que pode ocorrer por meio da transmissão entre
gerações (intergeracionalidade), torna-se imprescindível tanto para o
desenvolvimento saudável de crianças e adolescentes quanto para uma cultura mais
ética. (COMODO, 2012, p. 10).
CAPÍTULO III
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O estudo qualitativo é classificado por Neves (1996) como uma abordagem que
compreende um conjunto de diferentes técnicas interpretativas que visam a descrever e a
decodificar os componentes de um sistema completo de significados. Dessa maneira, a
65
interpretação dos resultados surge como a totalidade de uma especulação que tem como base a
percepção de fenômeno num contexto.
A pesquisa de campo pode ser compreendida como “um recorte em termos de espaço,
representando uma realidade empírica a ser estudada a partir das concepções teóricas que
fundamentam o objeto de investigação” (MINAYO, 1994, p. 53), bem como, o processo
relacional estabelecido entre o objeto estudado e o espaço onde este reside. Este tipo de pesquisa
possibilitou a aproximação do pesquisador com o fenômeno estudado e a apreensão de novos
conhecimentos a partir da realidade presente no campo de pesquisa, que o estudo bibliográfico
realizado anteriormente a entrada no campo não responderia completamente as questões
propostas.
Para a coleta de dados foram entrevistados quatro professores, todos do sexo masculino,
sendo um de cada escolinha. Foram selecionados para esse trabalho os professores que
aceitaram participar da entrevista e que trabalham nas escolinhas do tipo comercial. E como
critério de exclusão, professores que não se mostrassem dispostos ou que se sentissem
desconfortáveis em participar da pesquisa e que trabalhassem em escolinhas que não fossem do
tipo comercial.
Essa etapa se iniciou por meio de um encontro informal com os participantes do estudo.
A recepção foi muito agradável e cordial, apresentou-se o objeto do estudo e posteriormente
fez-se o convite solicitando a participação de forma voluntária na pesquisa. Obteve-se sucesso
com a aceitação para participar da entrevista em 4 das 5 escolinhas de futebol que se
enquadravam como do tipo comerciais. Os participantes receberam todas as informações
necessárias e esclarecedoras a respeito do trabalho, assim como o Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido (TCLE - APÊNDICE D) para ser assinado.
Após esta etapa, o pesquisador se direcionou ao campo da pesquisa e conheceu as
estruturas das escolinhas comerciais onde os participantes da pesquisa trabalham. Realizou-se
uma conversa de ambientação com os entrevistados para verificar um agendamento e melhor
atendê-los, marcando com antecedência o dia e horário para realizar a entrevista, sem
comprometer seus afazeres profissionais e pessoais.
As entrevistas foram realizadas e gravadas em áudio por meio de um Smartphone da
marca Lenovo, modelo Moto Z e, posteriormente, foram transcritas e analisadas. Cabe ressaltar
que a entrevista semiestruturada trazia em seu escopo quatro habilidades sociais a serem
verificadas, tendo duas situações-problemas para cada verificação, contando com três perguntas
para cada uma destas situações, totalizando oito situações-problemas e vinte e quatro perguntas
com a finalidade de coletar os dados subjetivos dos relatos. Posteriormente procedeu-se a etapa
das transcrições, tabulações e análises dos discursos para o IAD 1, servindo de base para a
construção do IAD 2, sendo utilizado o método do Discurso do Sujeito Coletivo – DSC.
A técnica do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC) é estudada pelos pesquisadores
Lefèvre e Lefèvre (2003). Trata-se de um método que utiliza uma proposta que organiza e tabula
todos os dados qualitativos observados e obtidos por meio dos depoimentos verbais. É
fundamentado nessa técnica o embasamento da representação social.
Por meio dessa representação, propõe-se analisar o material que foi armazenado no
processo de coleta de dados, retirado dos depoimentos utilizando o Discurso do Sujeito Coletivo
– DSC. Uma modalidade de representação dos resultados de estudos qualitativos, que por meio
69
pesquisador para implementar o DSC. Vale ressaltar que, uma mesma resposta pode apresentar
mais de uma IC, isso acontecendo, ela deve ser reagrupada em diferentes discursos. As
Ancoragens (AC) descrevem a manifestação de uma teoria, crença ou valor dos indivíduos na
qualidade de declarações generalizadas e determinadas de uma situação. Após serem realizadas
essas identificações, analisam-se por meio de seleção as EC que estão nos depoimentos e
posteriormente se identifica as IC e AC, tendo o pesquisador como protagonista na
categorização das IC (LEFÈVRE e LEFÈVRE, 2003).
Com as ECH selecionadas, as IC discutidas e as AC expressadas, o DSC é analisado por
meio do Instrumento de Análise de Discurso (IAD 1).
A IAD1 é feita pelo manejo das figuras metodológicas (ou operadores) do DSC, que
são as expressões-chave (ECH), as ideias centrais (IC), as ancoragens (AC) e o
discurso do sujeito coletivo (DSC). Abrange os procedimentos de selecionar as
expressões-chave e as ideias centrais para, posteriormente, categorizar as expressões-
chave de sentido semelhante ou complementar. (COSTA MARINHO, 2015, p. 102).
CAPÍTULO IV
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tendo como base a natureza qualitativa deste estudo para analisar o discurso dos
participantes desta pesquisa, optou-se por fazer a união das sessões de Resultados e Discussões,
procurando mostrar a descrição textual das entrevistas de modo que facilitasse a organização e
elaboração das reflexões a respeito do objeto estudado.
As entrevistas foram realizadas por meio de situações-problema referentes as interações
sociais que podem ocorrer entre o professor e aluno nas escolinhas de futebol e formuladas
conforme cinco classes de habilidades sociais consideradas como relevantes no período da
infância, sendo: a) Assertividade; b) Civilidade e empatia; c) Autocontrole e expressividade
emocional; d) Fazer amizades. Essas situações foram apresentadas para cada professor
responder na entrevista e, posteriormente, os dados coletados foram organizados e analisados
por meio do Discurso do Sujeito Coletivo – DSC.
Dessa forma, buscou-se construir, com base nos fragmentos contínuos ou descontínuos
dos discursos individuais, o pensamento da coletividade, não reduzindo os discursos de maneira
quantitativa, mas mantendo a coerência das partes que compõe o discurso. Para essa pesquisa,
utilizam-se três figuras metodológicas do DSC: I) Expressões Chaves – ECH; II) Ideias Centrais
– IC; III) Discurso do Sujeito Coletivo – DSC. Nas IC (que surgem a partir das ECH), foi
descrito de forma objetiva e fidedigna o sentido dos discursos sobre a prática docente em
relação ao ensino das habilidades sociais, com o intuito de resumir a multiplicidade dos
discursos. Com as ECH, transcreveram-se os trechos do discurso mostrando o núcleo do
depoimento. O DSC foi construído a partir das ECH dos professores entrevistados que remetem
à mesma IC, ou seja, é composto pelas ECH que têm a mesma IC, sendo redigido na primeira
pessoa do singular (LEFÈVRE e LEFÈVRE, 2003).
Pretendeu-se por meio da aplicação do questionário sociodemográfico observar o perfil
dos professores selecionados para participar da pesquisa. De acordo com os dados obtidos,
observou-se que os professores entrevistados têm idades entre 40 e 53 anos. Todos nasceram e
residem na cidade de Santarém-Pará, são casados e cada professor entrevistado possui pelo
menos um filho.
Apesar de atuarem como professor de futebol nas escolinhas comerciais, apenas um
professor (P3) tem habilitação em Educação Física, curso que abrange a área de conhecimento
relacionado ao esporte. Os outros três professores (P1, P2 e P4) são graduados em
Administração de Empresas. O professor (P1) iniciou o curso de Educação Física, mas teve que
72
Del Prette e Del Prette (2003) argumentam que a habilidade de assertividade pode ser
definida como uma classe de comportamentos que se refere a um tipo de expressão honesta de
qualquer sentimento (com exceção da ansiedade) que estejam presentes no relacionamento
interpessoal e que influenciam no sucesso das relações sociais. Dessa forma, comportar-se
assertivamente pode ser compreendido como o desempenho social competente das habilidades
sociais da classe assertividade, em que a pessoa “produz simultaneamente consequências
imediatas reforçadoras para si (dimensão instrumental) e torna prováveis consequências
reforçadoras de médio e longo prazo para o grupo no qual está inserido (dimensão ético-moral)”
(DEL PRETTE; DEL PRETTE; TEIXEIRA, 2016, p. 59), desenvolvendo assim, um equilíbrio
nas relações interpessoais.
Del Prette e Del Prette (2014, p. 75) afirmam ainda que a habilidade de assertividade é:
Lange e Jakubowski (1976, p. 18) corroboram com esse mesmo pensamento definindo
assertividade como sendo a “afirmação dos próprios direitos e expressão de pensamentos,
sentimentos e crenças de maneira direta, honesta e apropriada que não viole o direito das outras
pessoas”.
Após o quadro síntese das IC sobre assertividade, observa-se diante dos DSCs que os
professores, conforme o que é exposto nos estudos de Del Prette e Del Prette (2005; 2014),
apresentam comportamentos que fazem parte das subclasses desta habilidade social. São estes:
pedir mudança de comportamento (DSC 1, 2, 5 e 7); negociar interesses conflitantes (DSC 1 e
3); pedir desculpas e admitir-se falhas (DSC 5, 6 e 7) e defender os próprios direitos (DSC 2 e
5). Deste modo, serão apresentados a seguir os DSCs que contemplam estes resultados.
4.1.1 Situação-problema 1
DSC 2: Quando uma situação dessa acontece, agimos com uma punição para os dois
alunos e os dois ficam de fora. Peço para ficar dois minutos fora da aula. Diante
disso, tiro os dois alunos da aula e comunico aos responsáveis. Dou uma punição de
dois dias de suspensão para o agressor. (P2 e P4).
DSC 3: Que possam se respeitar entre si e saber como lidar com a situação de
conflito, onde cada um possa ver que independente da razão ou não, tem que haver o
diálogo para resolver qualquer problema de conflito. Que busque a disciplina acima
de tudo e entender que o aluno precisa respeitar não apenas o seu companheiro, mas
o adversário de outra escolinha por exemplo. Nós tentamos sempre orientá-los a
realizar o diálogo sem ter a precisão de ir para a violência. Eu espero que eles
compreendam que não é na base da briga que as coisas sempre têm que ser
78
resolvidas, mas na base da conversa, do diálogo e que eles possam entender que fazer
inimizades só trará maus resultados para o esporte e para a vida deles. (P1, P2, P3 e
P4).
O DSC 3 mostra que os professores se preocupam com a integridade social dos alunos
e esperam que eles possam se respeitar cada vez mais, deixando claro que em situações como
essa de conflito, discussão ou agressão, possam ser resolvidos sem ter que responder com
violência, mas com respeito e disciplina, usando o diálogo como principal subsídio para
solucionar momentos conflituosos sem evoluir para agressão.
Scaglia (1999) chama atenção para essa discussão e defende que é preciso refletir o
ensino realizado nas escolinhas de futebol para além desse esporte, uma vez que a prática
docente do professor poderá influenciar nas atitudes da sociedade, principalmente por serem
parte desse esporte, seja de forma passiva, como assistir os jogos enquanto torcedor, ou de
forma ativa, atuando na prática do futebol como jogador. O presente autor ainda complementa
afirmando que:
Talvez seja uma tarefa um tanto quanto grandiosa demais para uma simples escola de
futebol, todavia podemos vislumbrar um futuro próximo onde todas as crianças que
queiram aprender a jogar futebol terão que passar, em algum momento da vida, por
estas instituições não formais de ensino, portanto se constituirão sementes que
germinarão, podendo espalhar seus contributos. (SCAGLIA, 1999, p. 37).
DSC 4: Eu acredito que se desenvolva o respeito, que não falte respeito com os
colegas e com o próximo. Geralmente eles tentam fazer agressões, fazer faltas, então
a gente trabalha isso, que eles tenham o mínimo de erros possíveis através da
disciplina, do senso crítico e do respeito dentro das atividades propostas na escolinha
e nas competições externas. Então acredito que possa desenvolver nos demais alunos
o senso crítico, a disciplina e o respeito (P1, P2, P3 e P4).
No DSC 4 foi observado que os professores compreendem que por meio da atitude
tomada nessa situação-problema é possível desenvolver o respeito, senso crítico e disciplina.
79
Assim, quando os alunos se depararem com momentos de conflito, ocasionados pela falta de
respeito, por exemplo, possam resolver de forma amigável, sem maltratar ou agredir o próximo,
tendo o diálogo como a melhor ferramenta para solucionar essa ocasião.
Na primeira situação-problema, haja vista a análise dos DSCs correspondentes sobre
assertividade, nota-se uma disposição dos professores em auxiliar os alunos a resolverem os
conflitos presenciados ou que venham a ser presenciados. Em situações como essas, levando
em consideração os estudos de Del Prette e Del Prette, quando uma pessoa está em uma posição
privilegiada a qual tem o poder de coordenar ou mediar os caminhos para a solução de
problemas coletivos ou de conflitos, é entendido que ela apresente alguma habilidade social no
seu repertório social, que nesse caso pode ser a subclasse de resolução de problemas e tomada
de decisão, proporcionando assim as soluções dos problemas presenciados (DEL PRETTE;
DEL PRETTE, 2014). Os autores citados ainda afirmam que essa tentativa de solucionar os
problemas, tendo como subsídio uma habilidade social, pode ser dificultada devido alguns
fatores pessoais dos envolvidos:
A solução de um problema pode ser dificultada por fatores pessoais, como o excesso
de ansiedade, a falta de motivação, as dificuldades em processar informações e os
déficits em habilidades sociais. Algumas variáveis da situação também atuam como
dificultadoras, por exemplo, um contexto muito restrito que não dispõe de parte ou de
todos os elementos necessários à compreensão do problema, normas excessivamente
coercitivas ou falta de controle sobre os determinantes do problema. (DEL PRETTE;
DEL PRETTE, 2014, p. 93).
4.1.2 Situação-problema 2
Na Situação 2 informa-se que após esta situação, um dos alunos se sentiu injustiçado,
ficou claramente aborrecido e reclamou da sua atitude. Você após averiguar de fato o ocorrido,
percebeu que o aluno estava com a razão.
Pergunta 1 - O que você faria nessa situação?
IC 5 - Assumir o erro e pedir desculpas.
DSC 5: Me sentiria triste em ter feito isso e me posicionado dessa maneira, e logo
após eu chamaria todos os alunos e assumiria que eu realmente tinha exagerado em
chamar a atenção dos dois alunos, já que apenas um dos alunos tinha realmente
provocado e ocasionado a discussão. Após ter visto que eu errei com o meu
julgamento, pediria desculpas e lembraria a eles que somos todos seres humanos e
que somos capazes de errar, e que sempre devemos tentar consertar os nossos erros.
Então se houve o fato e eu analisei de forma injusta, terei consciência e plena
liberdade de chegar pro aluno sendo bem humilde e pedir desculpas. Então eu assumo
que errei e peço desculpas e tentarei não fazer com que isso aconteça novamente.
80
Serei mais rígido nas minhas verificações para não prejudicar nenhum dos alunos.
(P1, P2, P3 e P4).
Com base neste discurso, os professores assumem o erro e procuram reparar a injustiça
cometida ao concluir antecipadamente que os dois alunos haviam infringido as regras da
escolinha nessa situação. Contudo, após conversar com os envolvidos, observou que apenas um
dos alunos tinha sido o responsável pela situação conflituosa. Ao assumir o erro, o professor
admite que falhou e pede desculpas, mostrando para os alunos uma atitude de humildade e os
lembram que os erros podem acontecer com qualquer integrante da escolinha, mas o importante
é reconhecer e admitir. E com essa atitude, percebe-se uma nobreza por parte do professor, uma
vez que o aluno injustiçado é reconhecido e amparado, deixando-o seguro de que estava certo
e com a razão quando defendeu seus direitos.
Essa concepção é observada na pesquisa de Pagani et al (2014) em que defende que para
o professor ser capaz de admitir e reconhecer o erro é preciso dedicação e humildade, e a partir
do momento em que se desculpa e busca se redimir, ele adquire uma posição de incentivador
das mesmas atitudes, contribuindo para o crescimento do aluno enquanto ser crítico, em que
poderá agir da mesma forma quando se deparar com uma situação similar, como também ajudar
a encontrar a melhor solução para a resolução do problema, como essa falha cometida pelo
professor. Além disso, a aprendizagem dos comportamentos sociais ocorre naturalmente por
meio da observação (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2017) das atitudes do outro, logo, os
comportamentos dos professores são modelos a serem aprendidos pelos seus alunos.
DSC 6: Depois de pedir desculpas, imagino que a primeira coisa que deve acontecer
é o aluno aceitar as desculpas e perceber que nós professores também somos capazes
de errar e não podemos ficar omissos ao erro, e que aquele sentimento de injustiça,
por não ter acreditado nele, possa ser substituído pelo meu reconhecimento. Então
devem priorizar pelo se redimir perante situações como essas. Saber pedir desculpas
não é o mesmo que se humilhar, mas um sinal de humildade e humanidade. Espero
que o aluno me entenda e que entendam essa questão do errar e do acertar, sendo
humildes em admitir que errou, quando errarem, e não medir esforços para mostrar
que é possível corrigir. (P1, P2, P3 e P4).
analisados (DSCs 5, 6 e 7) que, para Del Prette e Del Prette (2014, p. 75), não é considerada
uma tarefa emocionalmente simples:
[...] pois, via regra, altera nosso autoconceito e autoestima. Pedir desculpas significa
admitir equívocos, desfazer mal-entendidos, diminuir ressentimentos e estabelecer a
intenção de superar divergências no relacionamento. Essa habilidade se define pura e
simplesmente pelo ato de desculpar-se: peço desculpas pelo que fiz; espero que você
me desculpe pelo que disse [...]. Melhor do que prometer é demonstrar a sinceridade
dos propósitos através das ações.
Pergunta 2 - O que você faria com os demais alunos em relação a atitude demonstrada pelo
companheiro de equipe?
Classificação Ideia Central Participantes
Incentiva o P1, 53 anos, masculino, 5 anos de escolinha;
12 companheirismo, a P2, 40 anos, masculino, 2 anos de escolinha;
solidariedade e o P3, 49 anos, masculino, 2 anos de escolinha;
cuidado com o próximo. P4, 49 anos, masculino, 2 anos de escolinha.
Pergunta 3 - O que você imagina que estará desenvolvendo no comportamento dos alunos
com essa atitude?
Classificação Ideia Central Participantes
P1, 53 anos, masculino, 5 anos de escolinha;
13 Companheirismo, P2, 40 anos, masculino, 2 anos de escolinha;
amizade e solidariedade. P3, 49 anos, masculino, 2 anos de escolinha;
P4, 49 anos, masculino, 2 anos de escolinha.
4.2.1 Situação-problema 1
DSC 8: Chamo a atenção do garoto, mostrando pra ele que não deve chamar o colega
por apelido, cada um tem seu nome, então cada um deve ser chamado pelo seu nome,
Então, se faltar com respeito eu chamo para conversar, peço para se desculparem e
para não fazer mais isso. Peço ainda que não voltem a fazer isso. Quando acontece
esse tipo de situação a gente identifica o aluno e trabalha de forma disciplinar como
se fosse uma falta de jogo, chama, conversa afirmando que é proibido, e se ainda se
repetir a gente comunica aos pais para que eles também tomem providências. Nessa
conversa, eu peço para que ele que apelidou e viu seu colega quase chorando, que se
colocasse no lugar do colega e imaginar se ele iria gostar, fazendo perceber que essa
atitude apenas desagradou o colega. (P1, P2, P3 e P4).
pessoas que possam se tornar seres críticos e autônomos, compreendendo a maneira consciente
de lidar com a prática esportiva. Então, atitudes como xingar ou maltratar um colega que não
esteja se saindo bem na aula, não havendo uma intervenção pelo professor no sentido de mediar
possíveis soluções, poderá contribuir para o desenvolvimento de um comportamento agressivo
dos alunos, causando, por exemplo, um estado de frustração por não ter sido ouvido e,
futuramente, quando ocorrer uma situação desse tipo, seu comportamento agressivo poderá ser
manifestado novamente (REVERDITO e SCAGLIA, 2009).
DSC 9: Que respeite mais os seus colegas, que não volte a fazer essas atitudes e que
se ponha no lugar de quem é apelidado e tente sentir o quanto isso pode machucar o
seu bem-estar mental. Que possam se respeitar mais, que evitem ficar apelidando,
mesmo que seja de forma carinhosa e reflita o quanto isso é desgostoso. Então eu
espero que eles possam se respeitar e se chamem pelo nome sem ter a necessidade de
coibir um ao outro ou de maltratar o coleguinha com apelidos grosseiros nem que
seja como brincadeira. (P1, P2, P3 e P4).
O discurso expõe que os professores esperam que seus alunos se respeitem mais e evitem
xingar uns aos outros e com essa atitude possam manter um ambiente harmonioso durante o
desenvolvimento das aulas na escolinha, sem maltratar ou prejudicar outro colega. Essa
percepção de respeito é importante que esteja em consonância com as práticas realizadas no
âmbito da escolinha, pois ajudará o aluno a se manter mais disciplinado e melhora o seu
relacionamento interpessoal com os outros alunos. Além disso, essa atitude de respeito, que é
almejada pelo professor na prática docente, é capaz de suscitar repercussões não apenas no
relacionamento presenciado na escolinha, mas também no relacionamento com amigos,
vizinhos e familiares.
Como é visto em Salles (2012) ao elucidar que quando o professor presencia nas aulas
ou durante o jogo de futebol atitudes de desrespeito, arrogância, violência moral ou de desprezo,
as referidas atitudes devem ser controladas fazendo jus a habilidade social de civilidade. O autor
enfatiza que é responsabilidade do professor inibir essas atitudes que podem gerar
agressividades pelos seus alunos, não permitindo que esses comportamentos sejam
compreendidos como naturais e aceitáveis. Após efetivar as ações de inibição dessas atitudes,
o professor espera que o aluno entenda que a violência moral não deve ser utilizada, nem mesmo
com o intuito de satisfazer uma resposta na tentativa de reparar uma atitude reprovada pelos
seus colegas (SALLES, 2012).
86
O referido autor acrescenta que o aluno “deverá ainda aprender a respeitar as opiniões
dos colegas, ainda que contrárias as suas. Os impasses não devem ser resolvidos com
autoritarismo pelo professor. Ele deve abrir possibilidade de discussão e buscar harmonia até
mesmo nos conflitos” (SALLES, 2002, p. 65).
Reverdito e Scaglia (2009) acrescenta que por meio do ensinamento dos esportes, torna-
se possível proporcionar o desenvolvimento de outros elementos que não sejam voltados apenas
para a aprendizagem puramente técnica de uma modalidade, tais como os valores éticos e
morais. É interessante que as crianças e jovens percebam o esporte como um meio para se
tornarem pessoas melhores, e para isso ocorrer é interessante que o ensino do esporte seja
compreendido como um ato de responsabilidade educacional e social, em que a transmissão de
conhecimentos não se limite aos fundamentos, regras e táticas do esporte, mas que seja possível
observar o aluno como um indivíduo que esteja “inserido integralmente em um ambiente
sociocultural, no qual ele (o aluno) é parte integrante, interagindo, influenciando e sendo
influenciado” (REVERDITO e SCAGLIA, 2009, p. 60), e, dessa forma, o professor perceba
que o “ensinar tem o comprometimento com o formar, com o lapidar, indivíduos críticos e
autônomos, capazes de compreender e transformar de forma consciente sua prática esportiva”
(REVERDITO e SCAGLIA, 2009, p. 60).
Em conformidade com a fala dos professores na questão anterior, o DSC 10 remete aos
valores que podem ser desenvolvidos se trabalhados durante as aulas. Os professores
corroboram que por meio da conversa, do diálogo, é possível ajudar no desenvolvimento do
respeito, da amizade, da disciplina e da autoestima e, por conseguinte, contribuir para o
desenvolvimento do relacionamento social da criança, visto que a escolinha é um ambiente de
inclusão ao qual necessita ter mais companheirismo e amizade entre os participantes, e não de
exclusão dos que não apresentam um bom desempenho técnico no futebol. Del Prette e Del
Prette (2009, p. 136) enfatizam que “o exercício das Habilidades Sociais de Civilidade pode
87
constituir [...] a estratégia básica de auto apresentação e o critério inicial para a aceitação em
determinado grupo”.
Nos DSCs sobre civilidade, observou-se que apesar dos alunos conhecerem as regras de
convivência da escolinha, em algum momento podem acabar se excedendo em situações
presenciadas no dia a dia das aulas e desrespeitar um colega, seja por não ter reagido de forma
apropriada na ocasião, por não ter ficado na fila, por não ter cumprindo com o que o professor
exigiu na atividade, ou por ter sido atrapalhado por outro colega no momento da execução de
um procedimento. Mas o fato é que os professores demonstram preocupação com a atitude e
tentam intervir por meio de conversa para mediar uma solução, ou, em um caso remoto como
visto na discussão, aplicar uma punição devido à gravidade da situação. Contudo, a intenção é
a de contribuir para o desenvolvimento social do aluno visando o respeito, os laços de amizade
e o ato de manter a disciplina perante situações que podem ser solucionadas sem desgastes.
4.2.2 Situação-problema 2
DSC 11: A primeira coisa que eu faria era dar a devida assistência, ou seja, o
atendimento. Depois agradeceria ao aluno e parabenizo ele por ter se preocupado
com seu colega, pois é uma atitude nobre da parte dele, e digo o quanto foi importante
essa sua atitude nobre. Após parar a atividade, utilizamos as técnicas de primeiros
socorros e tento observar se a criança se machucou mesmo ou se é apenas um susto,
e após verificar que está machucado, verifico o nível da lesão, se for algo mais grave
eu levo até uma unidade de atendimento do pronto-socorro (P1, P2, P3 e P4).
Esse tipo de atitude é observado com apreço pelos 4 professores entrevistados, devido
a atitude de solidariedade e companheirismo demonstrada pelo aluno ao tentar ajudar seu colega
no momento em que se machuca. O DSC 11 denota preocupação dos professores com dois
fatores: o de ajudar e reconhecer.
Após agir com os mecanismos de primeiros socorros ao atender o aluno e identificar o
grau da lesão para realizar o melhor procedimento, o professor chama o aluno que ajudou o
colega machucado e reconhece a atitude nobre adotada por ele, valorizando e parabenizando-o,
88
já que enquanto os outros membros da equipe estavam envolvidos com o momento da partida,
o aluno mostra-se solidário e preocupado com a situação, demonstrando uma lição de espírito
desportivo e companheirismo para a equipe.
Nos estudos de Salles (2012), observa-se que essa atitude realizada pelo companheiro
de equipe é vista como espírito desportivo o qual se relaciona com outras dimensões atitudinais,
a saber: lealdade, honestidade, aceitação das regras, respeito pelos outros e por si próprio,
igualdade de oportunidades.
São vários os elementos que remetem ao espírito desportivo, mas não se pode esquecer
que reconhecer e valorizar atitudes como ajudar o próximo, principalmente quando se trata de
uma situação delicada que envolve a integridade física de um colega, independente se é com
um membro da equipe ou um adversário, o fato é que se o aluno se machuca, então a
coletividade nesse momento é a melhor atitude de todos os membros das duas equipes. Os
valores e princípios devem ser ressaltados por meio de uma atitude ética nos relacionamentos
interpessoais, e no esporte não seria diferente, já que esses parâmetros são trabalhados na prática
docente através do respeito mútuo, da honestidade, do cavalheirismo e do respeito pelas regras
(SCAGLIA, 2009).
Pergunta 2 - O que você faria com os demais alunos em relação a atitude demonstrada
pelo companheiro de equipe?
IC 12 - Incentiva o companheirismo, a solidariedade e o cuidado com o próximo.
DSC 12: Mostrar para eles que isso é um acidente de trabalho e que pode ocorrer em
qualquer momento da aula. É necessário que tenha essa preocupação coletiva. Que
tenham mais iniciativas com as situações de acidentes, entendendo a necessidade de
ajudar o outro, de ser mais companheiro. Que possam entender o real motivo da
coletividade, do companheirismo e da solidariedade. Então é isso que espero, que se
solidarizem cada vez mais e tentem não agir com deslealdade nas atividades da
escolinha e na hora do jogo. (P1, P2, P3 e P4).
Nesse DSC prevalece a visão de se importar com o próximo, mostrando que essa ideia
deve ser permeada em todos os alunos da escolinha, porque caso aconteça uma situação dessas
novamente, que possam agir de imediato, seja no ato de solicitar ajuda parando a partida ou
tomar a iniciativa de ajudar a quem se machucar.
Diante do exposto, percebe-se nas falas dos professores a compreensão de que para
haver uma prática docente capaz de proporcionar uma educação com aspectos de solidariedade,
é preciso ter variações em suas ações e também na maneira de ser e pensar, uma variação que
não denote apenas os interesses permeados no futebol, mas que se preocupe com a
reciprocidade, o respeito e o equilíbrio na igualdade dos direitos e deveres (SALLES, 2012).
Nos DSCs que fazem referência a habilidade social de empatia, notam-se a solidariedade
e companheirismo evidenciados pelo professor ao perceber que o aluno se compromete em
90
oferecer ajuda para o colega machucado. Os professores observaram a maneira como ele reagiu,
reconhecendo e valorizando a iniciativa, parabenizando-o e mostrando para os demais
companheiros de equipe que é preciso ser mais solidários uns com os outros e, assim, procurar
estar dispostos a ajudar independentemente da ocasião ou da situação.
No momento do jogo de futebol os sentimentos estão enaltecidos e podem influenciar
nas atitudes a serem tomadas em qualquer situação de maneira imprevisível, de forma negativa
ou positiva, dependendo apenas de como será a reação diante desses momentos não esperados
observados nessa situação-problema e como os alunos se comportarão (SALLES, 2012).
Del Prette e Del Prette (2014) argumentam que quando uma pessoa se sente apoiado ou
recebe uma expressão de empatia, sente-se também confortado e consolado nas suas
necessidades de afeto. Os autores acrescentam que:
Del Prette e Del Prette (2014) defendem que por meio do autocontrole e expressividade
emocional a criança consegue lidar com situações que necessitam de equilíbrio entre o controle
emocional e a reação indesejável que venha a presenciar. Tem-se como exemplo a primeira
situação-problema na qual os alunos se abatem diante da derrota e como consequência choram
expressando o fracasso com o ocorrido.
A seguir, na análise dos DSCs sobre a habilidade social de autocontrole e expressividade
emocional, apresentou-se duas situações-problema. Observou-se por meio da preocupação
demonstrada pelos professores, que eles desenvolvem atividades que permitam aumentar a
concentração, diminuir o nervosismo e ansiedade dos alunos, principalmente quando situações
de forte estresse venham a atrapalhar o desenvolvimento físico e mental do aluno, seja nos
momentos que antecedem uma competição ou durante os jogos vivenciados nas aulas da
escolinha.
As subclasses encontradas na análise dos DSCs referente à classe da habilidade social
de autocontrole e expressividade emocional foram: controlar a ansiedade (DSC 14, 17, 18 e
19); falar sobre emoções e sentimentos (DSC 16, 18 e 19); lidar com os próprios sentimentos
91
(DSC 15 e 17); mostrar espírito esportivo (DSC 15, 16 e 17); acalmar-se, tolerar frustrações
(DSC 15 e 18); expressar as emoções positivas e negativas (DSC 15, 16, 18 e 19) (DEL
PRETTE; DEL PRETTE, 2005).
4.3.1 Situação-problema 1
DSC 14: Nesse caso, de as vezes a gente estar perdendo uma partida, eu faço isso
antes da partida, uma preparação que a gente chama de preleção, mostrando para
nossos alunos as dificuldades que vamos enfrentar. Se nós saímos com um placar
adverso, manter a tranquilidade, não entrar em desespero, pois uma partida existe o
ganhar, o empatar e o perder. Não gritar com eles, positivar o tempo todo através do
diálogo, tentando incentivar eles a não desistirem e a tentarem superar os seus
próprios limites sem ser desleal. Proponho situações que motivem a esquecer do
placar e confie mais um nos outros para que possam se concentrar no jogo e tentar
fazer o máximo que podem, por mais que percam. Então antes do jogo na preleção
converso com eles os incentivando que temos que entrar em campo esperando o
resultado da vitória, mas que se ela não acontecer que saibamos lidar com a derrota,
pois não podemos ficar tristes devido a derrota, mas poder aprender através delas e
buscarmos sermos mais fortes. Usamos da conversa, do diálogo e do incentivo para
ajudar o aluno a sempre levantar a cabeça e se sentir melhor perante um resultado
que não esteja a nosso favor seja em campo na hora do jogo ou durante as atividades
na escolinha. (P1, P2, P3 e P4).
Quando transportamos esta discussão para o âmbito das escolas de futebol a reflexão
deve ser a mesma. A função das escolas de futebol, evidentemente, é ensinar futebol.
Mas como toda escola, mesmo que de ensino não formal, deve ir além do
instrumentalizar tecnicamente os alunos, dando condições a estes de adquirirem um
conhecimento crítico a respeito do universo do futebol em que estão ou em que irão
se inserir, ou seja, começar a compreender a sociedade futebolística. (SCAGLIA,
1999, p. 35).
Apesar de ser tratado como uma preparação pré-jogo, ou como eles a denominam de
preleção, é importante notar que os professores não estão muito preocupados com o resultado
que venha a ser conquistado, mas como os seus alunos se comportarão em campo,
principalmente, quando os estados de ansiedade e nervosismo são demonstrados.
A preleção em Scaglia (2003) volta-se para a motivação de concentração pré-jogo, em
que os alunos são motivados a não se desesperarem com o placar desfavorecido, mas se dedicar
nas ações que serão desempenhadas no jogo e tentar desenvolver o que foi aprendido na
escolinha, pois se forem vencidos, não poderão se deixar abalar nesses momentos, e sim
compreender que no jogo de futebol o resultado esperado é imprevisível, por mais que se almeje
a vitória, mas o empate ou a derrota também podem acontecer. Conforme o entendimento acerca
das habilidades sociais de autocontrole e expressividade emocional, a fala dos professores
sinaliza que eles deverão estar preparados para qualquer resultado, desde que entendam que
esse resultado não pode ser o elemento maior de influência nas atitudes demonstradas em
campo.
DSC 15: Se caso saímos com placar adverso, que eles possam manter a calma, buscar
diminuir o nervosismo, se concentrar no jogo para tentar superar e reverter o placar.
Que se sintam mais capazes e confiantes em suas atitudes durante o jogo, que não se
entreguem com facilidade e que tentem ao máximo compreender que existem dias que
vamos perder e dias que vamos ganhar. Acontece a situação de algum se sentir mais
fragilizado quando se toma um gol e não tem a capacidade de reverter, mas sempre
tem o incentivo psicológico, para que, se não deu dessa vez, eles não abaixem a
cabeça ou fiquem abatidos, e que se acontecer uma nova situação dessas, sintam-se
mais confiantes e não entrem em campo já abatidos ou menosprezados. (P1, P2, P3 e
P4).
A singularidade desse discurso emerge da aliança com a equipe para se dedicar aos
compromissos, jogos, treinos e cuidados necessários que todos os integrantes da equipe
precisam ter. Não é tarefa fácil manter a calma e tranquilidade em uma partida de futebol e ao
mesmo tempo ter que lidar com fatores que possam tirar a atenção e atrapalhar a concentração
94
que é necessária antes e durante o jogo. Com isso, os professores esperam que os alunos possam
compreender a necessidade de se acalmar para tentar se concentrar e buscar reverter uma
situação como essa do placar desfavorável. Diante da evidência observada após a conversa com
os alunos, espera-se também que eles entendam que é preciso demonstrar o desejo de superação
e não ceder à possibilidade de fracasso. Assunção (2012) faz uma menção quanto ao papel do
professor nesse processo:
No DSC 16, os professores acreditam que as mediações estipuladas nas duas questões
anteriores possam influenciar no desenvolvimento da autoestima e confiança, usando desses
momentos de derrotas como exemplo para que consigam superar e desenvolverem-se como
pessoas melhores. Aceitar uma derrota, às vezes, pode ser fundamental para acreditar na vitória,
independente se está ou não relacionado com o futebol.
Para Souza (2004, p. 1) “[...] o brasileiro se identifica com as problemáticas oferecidas
pelo jogo, as adversidades, as alegrias, a superação, por relacioná-las com as situações
cotidianas de sua vida”. Essa fundamentação se aproxima com o que os professores
95
4.3.2 Situação-problema 2
Situação-problema 2 - Sua equipe jogará uma partida decisiva e você percebe que seus
alunos estão muito ansiosos e nervosos.
Pergunta 1 – O que você faz nessa situação?
IC 17- Motiva e tranquiliza os alunos na preleção e durante o jogo.
DSC 17: Procuro acalmar eles, que tiveram uma preparação anterior na preleção, e
isso é importantíssimo, busco ainda motivá-los a ficarem menos nervosos. Então a
gente procura deixar esse tipo de situação um pouco de lado com a preleção
adequada, com o antes do jogo de forma correta, um ambiente leve e de uma certa
forma mostrar para eles depois de uma partida que ninguém será mais ou menos. A
preleção ela dá muito resultado no sentido de diminuir essa ansiedade e nervosismo.
Então através de conversas antes de competições na preleção ou durante elas
buscamos transferir para o aluno a confiança necessária para que possam segurar
um pouco a ansiedade. Então a gente pede para tentar manter a calma e que eles
joguem com felicidade e harmonia. (P1, P2, P3 e P4).
quanto mais confiantes, melhores serão as atitudes em campo, pois dessa forma conseguem
diminuir a tensão e equilibrar o estado de ansiedade (SALLES, 2012).
DSC 18: Que os alunos possam se sentir tranquilos e possam aumentar a sua
confiança, ao invés de ficarem nervosos ou ansiosos. Que possam entender o processo
de preparação e que tentem ficar menos nervosos e ansiosos depois de passaram por
esse processo. A gente espera que através do nosso incentivo de forma positiva, possa
aumentar a segurança e confiança deles, mas se for um incentivo de forma negativa,
ou seja, se gritar com eles, vai é abater mais ainda e eles vão ficar mais nervosos e
vão errar mais com certeza. Assim esperamos que eles joguem brincado tentando
esquecer o mundo das torcidas, do adversário, e que cada um olha para o seu
companheiro e que trabalhem em equipe. Então espero que se acalmem e tenham
mais tranquilidade diante dos adversários e do jogo. (P1, P2, P3 e P4).
No presente discurso, os professores esperam que seus alunos sejam mais tranquilos e
confiantes em situações como a sugestão da situação-problema, e que possam ficar menos
ansiosos nos momentos que antecedem uma competição, buscando manterem-se concentrados
para não agir com impulsividade ou excesso de confiança. É presenciado nas falas que eles
almejam por meio do incentivo e do trabalho motivacional realizados na preleção, que os alunos
possam se manter mais calmos e seguros durante o jogo, e que a ansiedade ou nervosismo sejam
substituídos pela autoconfiança, mesmo que de forma gradativa, ou seja, a cada partida de
futebol que vivenciar, mas que sejam capazes de entender que suas habilidades serão
aperfeiçoadas de maneira progressiva.
É preciso intervir por meio da prática docente com procedimentos que possam colaborar
para administrar esse estado de ansiedade apresentado pelos alunos nesses momentos de pré-
competição. E para isso, os professores citam a autoconfiança como principal ferramenta. Essa
hipótese é confirmada nos estudos de Salles (2012) em que considera a autoconfiança como um
elemento da individualidade que engloba a visão global de convicção do jogador e que traz
consigo uma relação positiva com o rendimento esportivo. Assim como nos achados de Scaglia
(1999) que evidenciam que os jogadores bem-sucedidos demonstram elevados níveis de
confiança nas suas habilidades.
Outro aspecto importante observado no DSC 18 é a reação dos professores quanto à
atitude do gritar durante o jogo, em que acreditam que essa ação não auxilia no processo de
aprendizagem, muito menos diminui a ansiedade dos alunos. Essa atitude retarda e atrapalha a
aprendizagem, aumenta a ansiedade e o nervosismo, podendo contribuir para que o aluno se
97
mantenha retraído em algumas ações que, mesmo sabendo lidar com a situação de jogo, pode
acabar errando ou perdendo a concentração devido aos gritos do professor (SCAGLIA e
SOUZA, 2004). Os professores defendem que ao invés de gritar é melhor incentivar e buscar o
trabalho em equipe, trazendo confiança e tranquilidade para dentro do jogo.
DSC 19: Procuro muito isso, passar tranquilidade, motivar eles, para que eles
possam superar esse momento de nervosismo e ansiedade. Então acredito que
desenvolve a concentração, confiança em si mesmos, superação e equilíbrio
emocional. Desenvolve ainda a autoconfiança em si mesmos onde eles possam se
sentir mais leves e saber como agir em situações de forte estresse para não perder a
concentração no jogo. Lembrando que a confiança no coleguinha é a melhor fórmula
de buscar qualquer resultado e enfrentar os desafios do nervosismo e da ansiedade
(P1, P2, P3 e P4).
O DSC 19 fala sobre alguns elementos que são vistos pelos professores como
fundamentais para enfrentar momentos como a situação-problema observada, que remete a
habilidade social de expressividade emocional. Pelo discurso, percebe-se que quando se
trabalha atividades de motivação durante as aulas e nos momentos que antecedem as
competições, podem ser desenvolvidos elementos como: concentração, autoestima e confiança.
Salles (2012) corrobora com esse pensamento e defende que tais elementos podem
auxiliar na superação dos momentos difíceis e contribuir com o equilíbrio emocional da equipe,
enfrentando com mais leveza as situações de forte estresse presenciadas no jogo, lidando com
tranquilidade os desafios emergidos da ansiedade e nervosismo.
Apesar de ser natural vivenciar derrotas e vitórias quando se participa de competições
de futebol, para algumas crianças, principalmente, as que ainda não vivenciaram esse momento,
tornam-se difícil aceitar e, principalmente, lidar com a derrota, pois para alguns, essa derrota
só traz aspectos negativos influenciando no comportamento deles, ajudando a desacreditarem
em si mesmos (SCAGLIA, 1999).
Sendo assim, o papel dos professores mostrado nos DSCs da habilidade social de
autocontrole e expressividade emocional se voltou para a preparação dos alunos por meio do
diálogo antes da competição ou nas aulas da escolinha para enfrentar e aceitar os momentos
difíceis, usando-os como fonte de aprendizagem nas futuras situações como as propostas das
situações-problemas. Del Prette e Del Prette (2014) reforçam essa perspectiva, em que para
98
manter o equilíbrio emocional, harmonia entre as pessoas, contribuir para a qualidade de vida,
é preciso que o autocontrole e a expressividade emocional possam satisfazer e sustentar um
compromisso estabelecido ou que venha a se estabelecer. Essas habilidades de autocontrole e
expressividade emocional “estão relacionadas com valores, atitudes das pessoas e são as que
mais requerem coerência entre sentimento, pensamento e ação” (DEL PRETTE; DEL PRETTE,
2014, p. 98).
Situação-problema 1 - Você percebe que seus alunos estão demonstrando evolução nos
treinos e jogos.
Pergunta 1 - O que você faz diante dessa situação?
Classificação Ideia Central Participantes
P1, 53 anos, masculino, 5 anos de escolinha;
Elogia e agradece a
20 P2, 40 anos, masculino, 2 anos de escolinha;
evolução dos alunos.
P3, 49 anos, masculino, 2 anos de escolinha;
P4, 49 anos, masculino, 2 anos de escolinha.
Pergunta 2 - O que você espera após esta ação enquanto professor?
Classificação Ideia Central Participantes
99
4.4.1 Situação-problema 1
Situação-problema 1 - Você percebe que seus alunos estão demonstrando evolução nos
treinos e jogos.
Pergunta 1 - O que você faz diante dessa situação?
IC 20 - Elogia e agradece a evolução dos alunos.
DSC 20: Tenho que elogiar, mostrar para eles que estou satisfeito com a evolução,
que estão desenvolvendo bem, estão aprendendo, e que estão evoluindo. Então, eu
elogio eles, parabenizo e peço que continuem assim, cada vez mais buscando
melhorar. Além de elogiar, a gente positiva, mas se errou a gente corrige e faz o
trabalho correto para alcançar melhores resultados de aprendizagem. Então a gente
valoriza e elogia o que está sendo desenvolvido de bom e esquece o que ele o aluno
fez de errado. parabeniza, valorizamos o que é novo, o que está sendo bem feito,
100
porém sempre lembrando a eles que podem melhorar e buscar mais quebrar o seu
próprio limite para que não absorvam um reconhecimento de ego. Acho importante
reconhecer o desempenho e o trabalho que o aluno está desenvolvendo. (P1, P2, P3
e P4).
Todavia, o mais importante nesta situação é não deixar que os alunos com dificuldades
se sintam incompetentes. Eles não podem sentir, em hipótese alguma, inferioridade
em relação aos demais alunos e não devem perceber seu erro como um fracasso.
Compete ao professor buscar estratégias que os auxiliem a vencer as dificuldades.
(SALLES, 2012, p. 74).
Del Prette e Del Prette (2014) abordam que gratificar é um elemento relevante nas
relações sociais, profissionais e educativas, e o professor como exemplo de comportamento ou
conduta, tende a crescer com essa habilidade. Gratificar também está presente em outras classes
de habilidades sociais: expressão de empatia e solidariedade, comunicação e cultivar amor. O
elogio é perceptível como positivo quando uma pessoa faz qualquer comentário sincero e
pertinente em direção a outra pessoa, mas é visto como negativo quando esse elogio surge da
manipulação ou da bajulação.
Ao fazer elogios, os professores percebem que contribuem para o relacionamento
interpessoal dos seus alunos e seus desempenhos na escolinha são enaltecidos. O momento ideal
para elogiar depende muito do pensar e agir do professor, haja vista que isso só é possível se
tiver um olhar minucioso na evolução dos alunos na sua prática docente.
Não se pode retardar esperando ver um aluno que tenta se transformar em um atleta,
tampouco, por exemplo, esperar o aluno aprender o completo domínio de bola se não aprendeu
sequer a correr sem a posse de bola, mas o elogio, sendo de maneira sincera e que almeja a
evolução do aluno, é essencial para sua aprendizagem e continuidade na escolinha, pois a
capacidade de fazer elogios exige conexão entre o pensar, sentir e agir, que também depende
101
DSC 21: Que melhorem a autoestima, tenham mais confiança em si mesmo, que
busquem sempre melhorar seja nos treinos ou na família, tendo um bom
comportamento com humildade. Que o aluno não pare de buscar o aperfeiçoamento
e participe ativamente das aulas para poder alcançar o nível desejado. Que busquem
mais a melhoria, sejam mais confiantes em suas atitudes durante as aulas da
escolinha e que não desistam nunca dos seus sonhos e aperfeiçoem mais a sua
aprendizagem, porque com isso se tornam mais seguros e vai desenvolver mais, e
mais rápido as novas atividades de treinamentos, o que é repassado, as colocações e
a evolução vão ser bem melhores do que criticar. (P1, P2, P3 e P4).
4.4.2 Situação-problema 2
DSC 23: Me preocupo com o bem-estar dele e busco trazer atividades que facilite o
entrosamento com os demais colegas para fazer novas amizades e se sentir cada vez
mais aluno da escolinha. Temos uma metodologia de proporcionar a criança
atividades que ajudem a se envolver com as outras crianças que já estão há mais
tempo na escolinha. Então, de início apresentamos o novo aluno ao grupo, damos as
boas-vindas, e falamos para os demais que ele estará fazendo o teste inicial da
escolinha e que quer ficar conosco. O menino que chega ele não é visto como
adversário, ele é visto como parceiro. Então a minha preocupação com o aluno novo
é que quando ele entra na escolinha que não fique isolado, já que o trabalho que
realizo no início da construção da escolinha já foi repassado para os primeiros
alunos e assim será repassado para o aluno novato. A gente tenta, toda vez que chega
um aluno novo e independente da categoria dele a gente sempre faz o trabalho inicial,
fazemos uma espécie de diagnóstico, fazendo perguntas a respeito da vida dele em
relação a prática de atividade física para tentar ter um feedback, saber se ele já
participou de alguma escolinha, e muitos já, principalmente porque já vieram de
outra escolinha. (P1, P2, P3 e P4).
103
DSC 24: Que o aluno se entrose o mais rápido possível com os outros colegas e que
crie novas amizades. Que o aluno novo possa se relacionar de forma mais leve com
os demais alunos, já que precisamos de todos unidos, sem ter de excluir os alunos
novatos por não saber ainda jogar muito bem. É isso que eu vejo, que eles mantenham
uma parceria mútua entre os colegas criando laços de amizade e afeto, conquistando
a confiança e amizade com as atividades desenvolvidas na escolinha. (P1, P2, P3 e
P4).
Fica evidente na fala dos professores a compreensão sobre a importância de fazer e ter
novos amigos. No DSC 24, os entrevistados esperam que seus novos alunos possam deixar de
lado a timidez e tentar participar gradativamente das atividades sem o receio de mostrar suas
habilidades independentemente do nível.
Os alunos precisam se sentir mais unidos e sem rivalidade entre eles, além de não se
preocuparem em quem é mais ou menos habilidoso, mas que se importem em ter uma boa
parceria, na qual por meio do relacionamento interpessoal possam conquistar amizade, carisma
e confiança dos alunos que estão há mais tempo na escolinha promovendo dessa forma uma
parceria mútua (SALLES, 2012).
104
Observa-se no DSC 25, após as atitudes enunciadas pelos professores, que é possível
desenvolver relações de companheirismo, amizade, disciplina e a convivência em grupo. Por
meio desses aspectos, segundo os entrevistados, o aluno aos poucos aprende a se comportar
mediante as ações desenvolvidas nas práticas docentes. Um desses elementos foi muito
evidenciado pelos professores: o trabalho em grupo.
Conclui-se mediante a proposta das situações-problema e das manifestações dos
professores nos discursos, que a amizade deve prevalecer diante de qualquer situação. Além do
que o relacionamento interpessoal, a interação por meio do diálogo, embasados na amizade e
na cumplicidade, favoreça o trabalho coletivo e afetuoso, principalmente, se existir harmonia
entre os alunos. É apontado pelos professores que fazer e manter amizades é um fator
condicionante para o trabalho em equipe, que é visto como elemento necessário para alcançar
os objetivos da escolinha e ajuda no desenvolvimento social do aluno, haja vista que sozinho
não tem como desenvolver as atividades propostas. Del Prette e Del Prette (2014, p. 98)
corroboram com esse pensamento ao afirmarem que:
esportiva, mas também social, possam promover uma maior harmonia entre todos os
integrantes, seja por parte dos alunos ou professores. Com isso, compreende-se que os
professores fizeram jus ao que emana a classe dessas habilidades sociais, mostrando que não se
preocupam apenas com a formação esportiva do aluno, mas com o bem-estar físico, mental e
social, contribuindo de forma positiva para o desenvolvimento na sua totalidade.
No teor das análises dos DSCs em relação às habilidades sociais apontadas
(assertividade, civilidade e empatia, autocontrole e expressividade emocional, e fazer
amizades), percebeu-se que os professores compreendem a necessidade de abordar nas suas
práticas docentes, atividades que possam proporcionar o ensino dessas habilidades e
desenvolver aspectos que poderiam ser omitidos ou interpretados como não necessários para o
desenvolvimento humano, tais como: relacionamento interpessoal, espírito de coletividade,
predisposição para ajudar, afetividade, respeito e solidariedade. Reverdito e Scaglia (2009, p.
59) corroboram com esse pensamento ao afirmarem que:
O ato pedagógico no esporte deve caminhar para além dos aspectos físicos, técnicos,
estratégicos e táticos, sem que seja diminuído, pois se trata de um conhecimento
cultural, desenvolvido ao longo da história da humanidade. o referencial do processo
deverá ser o sujeito, ser humano, capaz de partilhar da humanitude acumulada e
participar com seu próprio contributo. (REVERDITO e SCAGLIA, 2009, p. 59).
Tais conclusões levam a crer que esse estudo auxiliará outros professores que trabalham
com escolinhas, independentemente do tipo (comercial, social ou formativa) de modalidade
esportiva, podendo contribuir com as práticas docentes desenvolvidas nesses espaços com a
perspectiva de desenvolver os aspectos sociais e afetivos dos alunos, proporcionando um
relacionamento interpessoal favorável ao desenvolvimento infantil, haja vista que foi
confirmado que as habilidades sociais podem ajudar os professores na metodologia de suas
aulas, assim como contribuir para a sua formação profissional, desenvolvendo ações, olhares e
atitudes relacionadas ao desenvolvimento de tais habilidades.
106
CONSIDERAÇÕES FINAIS
importância da amizade, na qual seus alunos possam se alegrar por serem chamados de amigos,
acreditando uns nos outros podendo assim conquistar objetivos em comum e compartilhar boas
perspectivas de vida.
Com base na literatura investigada, manifestaram-se inquietações no intuito de verificar
na pesquisa de campo, indícios de como os professores lidavam com as habilidades sociais
durante as aulas de acordo com as situações que ocorrem com e entre os alunos. A interação
professor/aluno, nesse processo de desenvolvimento das habilidades mencionadas, constitui-se
numa prática educativa compreendida em uma dinâmica humanamente comprometida com a
socialização de todos os envolvidos.
Dessa forma, observou-se que a relação de ambos é ativa no sentido da construção de
saberes estabelecidos no ambiente das escolinhas de futebol que emergem das diversas
situações do cotidiano, considerando especialmente, que as habilidades sociais contribuem para
a competência social de professores e alunos num processo de desenvolvimento social
consciente.
Cabe lembrar que o objeto desta pesquisa examinou se na prática docente dos
professores das escolinhas comercias de futebol ocorre o ensino das habilidades sociais para o
desenvolvimento infantil, não proporcionando maiores direcionamentos referente ao
desenvolvimento de competência social, pois de acordo com Del Prette e Del Prette (2017) para
identificação da competência é necessário considerar diversos critérios nas relações sociais,
como por exemplo, melhorar e manter a qualidade da relação e a autoestima, aspectos esses não
abarcados neste estudo, mas que podem ser investigados em futuras pesquisas.
Acredita-se que as reflexões presentes no referido trabalho possam trazer benefícios
importantes à atuação do professor nas escolinhas comerciais de futebol por provocar nos
professores a compreensão da importância em promover, por meio da prática docente, o
desenvolvimento das habilidades sociais para o desenvolvimento infantil, possibilitando aos
alunos aprendizagens que os ajudem a pensar, refletir e modificar comportamentos a respeito
das relações interpessoais e assim permitir que as referidas habilidades possam contribuir com
a formação humana.
109
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117
Este questionário tem como objetivo coletar dados para o desenvolvimento do estudo de
investigação, dirigido aos professores que desenvolve suas atividades laborais em escolinhas
comerciais de futebol na cidade de Santarém/Pa.
DATA:____________ENTREVISTADOR:______________CÓDIGO:______
1. Dados pessoais:
1.1. Nome: __________________________________________________________
1.2. Data de Nascimento: ________ Idade: ____ Estado civil:___________________
1.3. Naturalidade: _____________________________________________________
1.4. Escolaridade Básica: _________________________ ( ) Completo ( ) Incompleto
1.5. Curso Superior: _____________________________ ( ) Completo ( ) Incompleto
1.6. Outro curso de Formação Superior, caso possuir: ________________________
1.7. Formação profissional: ______________________________________________
Tempo de experiência com o Futebol: ______________________________________
1.8. Possui filhos: ( ) Sim ( ) Não; Em caso positivo, quantos: __________;
1.9. Bairro: __________________________________________________________
1.10. Município:_______________________________________________________
2. Dados profissionais:
2.1. Qual é a sua situação funcional além da exercida na escolinha?
( ) Funcionário efetivo ( ) Funcionário temporário ( ) Autônomo
( ) Outro: _________________________
2.5. Qual o principal motivo que lhe levou a trabalhar como professor de futebol?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
118
2.6. Nos últimos dois anos, frequentou algum curso de atualização ou capacitação
profissional?
( ) Sim ( ) Não. Em caso positivo, quais?
___________________________________________________________________
3.1 Atualmente, o seu trabalho na escolinha corresponde às expectativas que você tinha
quando começou?
( ) Sim ( ) Não; Justifique sua resposta:
___________________________________________________________________
3.2. Pensando no seu trabalho desenvolvido na escolinha, poderia nos dizer qual o grau
de satisfação para cada uma das características mencionadas? (Responda a cada uma de
acordo com as seguintes modalidades: muito insatisfeito = 1; insatisfeito = 2; nem satisfeito
nem insatisfeito = 3; satisfeito = 4; muito satisfeito = 5).
O ambiente físico (espaço, e equipamentos)
O horário de trabalho
O tipo de trabalho desenvolvido (aulas de futebol)
A idade das crianças que a escolinha atende
O reconhecimento dos pais ou responsáveis da criança
A possibilidade de escolher livremente seu modo de trabalhar
O aspecto educativo do trabalho
O rendimento financeiro mensal da escolinha
A sua competência profissional
1. Houve um momento de conflito durante a aula, alguns alunos iniciaram uma briga
provocando a paralização da atividade.
2. Após esta situação, um aluno dos alunos se sentiu injustiçado, ficou claramente aborrecido
e reclamou da sua atitude. Você após averiguar de fato o ocorrido, percebeu que o aluno
estava com a razão.
3. Durante as aulas você percebe que um determinado aluno não obedece a ordem nas fileiras
para executar a atividade, como também gosta de xingar os colegas com adjetivos negativos
causando desconforto com os demais colegas.
4. Durante o jogo de futebol um aluno fisicamente mais fraco se machuca no momento em que
se choca com um adversário e começa a chorar devido as fortes dores. Logo, você percebe
que um colega da equipe que está no campo se mostra muito preocupado com o ocorrido,
começa a pedir ajuda e começa a socorre-lo.
a) O que você faria tendo visto a atitude demonstrada pelo aluno em questão?
120
b) O que você faria com os demais alunos em relação a atitude demonstrada pelo
companheiro de equipe?
c) O que você imagina que estará desenvolvendo no comportamento dos alunos com essa
atitude?
6. Sua equipe jogará uma partida decisiva e você percebe que seus alunos estão muito ansiosos
e nervosos.
7. Você percebe que seus alunos estão demonstrando evolução nos treinos e jogos.
8. Um novo aluno começou a treinar na escolinha e você percebe que ele ainda está
desentrosado com os demais colegas.
1. Houve um momento de conflito durante a aula, alguns alunos iniciaram uma briga provocando a
paralização da atividade.
a) O que você faria nessa situação?
IC 1 – Paralisa a atividade para conversar
EXPRESSÕES-CHAVE DSC
P1: Parei a aula e tirei esses dois alunos da aula e fiz com que Paralisa o trabalho, acalma os
aguardassem até o término. No final da aula chamei eles em ânimos. Faz com eles se
minha sala, conversei com eles e pedi que se desculpassem um ao cumprimentem, se abracem e
outro e mostrei que foi uma atitude errada. peçam desculpas um com o
P2: Paralisa o trabalho, acalma os ânimos. Faz com eles se outro. No final da aula chamei
cumprimentem, se abracem e peçam desculpas um com o outro e eles em minha sala, conversei
que se eles tiverem mais uma atitude dessa, a gente vai de uma com eles e pedi que se
advertência, de uma exclusão ou até também de uma suspensão desculpassem um ao outro e
da escolinha por uma semana. mostrei que foi uma atitude
P3: Paralisamos a aula e pedimos para os alunos se desculparem errada. E... que se tiverem mais
em uma conversa no lado de fora das atividades [...]. uma atitude dessa, a gente vai de
P4: Paralisei a aula, um era mais velho que o outro com uma uma advertência, de uma
diferença de dois anos, chamei atenção do mais velho. Chamei os exclusão. Essa conversa é no
dois no lado de fora da partida para poder conversar. Aí sentido de que estão ali não para
conversamos no sentido de que tão ali não pra isso e sim para o brigarem, mas sim para o
desenvolvimento da prática esportiva. desenvolvimento da prática
esportiva.
IC 2 – Age com advertência
EXPRESSÕES-CHAVE DSC
P2: Geralmente a gente pede para ficar 2 minutos fora da aula. Se Quando uma situação dessa
for os dois alunos, ficam os dois fora. acontece, agimos com uma
P4: Quando uma confusão acontece, dou uma punição para os punição para os dois alunos e os
dois alunos e retiro eles da aula e comunico aos responsáveis. Dou dois ficam de fora. Peço para
uma punição de dois dias de suspensão. ficar dois minutos fora da aula.
Diante disso, tiro os dois alunos
da aula e comunico aos
responsáveis. Dou uma punição
de dois dias de suspensão para o
agressor.
companheiro, mas o adversário de outra escolinha por exemplo. resolver qualquer problema
Que possam resolver através do diálogo e não da briga. Nós de conflito. Que busque a
tentamos sempre orientá-los a realizar o diálogo sem ter a disciplina acima de tudo e
precisão de ir para a violência. entender que o aluno precisa
P3: Eu espero que eles compreendam que não é na base da briga respeitar não apenas o seu
que as coisas sempre têm que ser resolvidas, mas na base da companheiro, mas o
conversa, do diálogo e saber lidar com esse tipo de atitude sem adversário de outra escolinha
agredir e sim dialogar. Acredito que eles vão se respeitar mais o por exemplo. Nós tentamos
seu companheiro, e isso vai com certeza ser refletido na família. sempre orientá-los a realizar o
Que quando ocorrer um desentendimento, que possam resolver diálogo sem ter a precisão de
através do diálogo e não da briga. Nós tentamos sempre orientá- ir para a violência. Eu espero
los a realizar o diálogo sem ter a precisão de ir para a violência. que eles compreendam que
P4: Eu espero que eles compreendam que não é na base da briga não é na base da briga que as
que as coisas sempre têm que ser resolvidas, mas na base da coisas sempre têm que ser
conversa, do diálogo e que eles possam entender que fazer resolvidas, mas na base da
inimizades só trará maus resultados para o esporte e para a vida conversa, do diálogo e que
deles. Então eu espero que eles não possam mais brigar, que eles possam entender que
possam se respeitar cada vez mais e saber lidar com esse tipo de fazer inimizades só trará maus
atitude sem agredir e sim dialogar. resultados para o esporte e
para a vida deles.
c) O que você imagina que estará desenvolvendo no comportamento dos alunos com essa sua atitude?
IC 4 - Desenvolvendo respeito, senso crítico e disciplina.
EXPRESSÕES-CHAVE DSC
P1: Eu acredito que se desenvolva o respeito e Eu acredito que se desenvolva o respeito, que
a consideração pelo próximo, isso que eu acho não falte respeito com os colegas e com o
que o aluno tem em mente e que ele é capaz de próximo. Geralmente eles tentam fazer
aprender. Mas volto a falar, o principal é o agressões, fazer faltas, então a gente trabalha
respeito, que não falte respeito com os colegas isso, que eles tenham o mínimo de erros
e com o próximo. possíveis através da disciplina, do senso crítico
P2: O respeito, o aprendizado em momentos e do respeito dentro das atividades propostas na
difíceis de partida que é quando a criança desde escolinha e nas competições externas. Então
pequena é submetida ao estresse durante o jogo acredito que possa desenvolver nos demais
de estar perdendo, de ter que pensar mais, agir alunos o senso crítico, a disciplina e o respeito.
com o emocional. Isso acontece muito quando
os atletas estão perdendo. Geralmente eles
tentam fazer agressões, fazer faltas, então a
gente trabalha isso, para que eles tenham o
mínimo de erros possíveis em relação a questão
da disciplina e respeito dentro da atividade ou
em competições, porém não é fácil, mas quando
se trabalha com crianças a partir de 5 anos você
vai moldando e diminuindo isso dentro do
esporte.
P3: Eu não quero aqui um aluno sem o senso
crítico das coisas, onde se estiver acontecendo
algo de errado ele também possa falar, pois ele
tem liberdade pra isso. Então acredito que possa
desenvolver nos demais alunos o senso crítico,
a disciplina e o respeito.
123
2. Após esta situação, um aluno se sentiu injustiçado, ficou claramente aborrecido e reclamou da sua
atitude. Você após averiguar de fato o ocorrido, percebeu que o aluno estava com a razão.
a) O que você faria nessa situação?
IC 5 - Assumir o erro e pedir desculpas
EXPRESSÕES-CHAVE DSC
P1: Me sentiria triste em ter feito isso e me posicionado dessa Me sentiria triste em ter
maneira, e logo após eu chamaria todos os alunos e assumiria que eu feito isso e me
realmente tinha exagerado em chamar a atenção dos dois alunos, já posicionado dessa
que apenas um dos alunos tinha realmente provocado e ocasionado a maneira, e logo após eu
discussão. Após ter visto que eu errei com o meu julgamento, pediria chamaria todos os alunos
desculpas e lembraria a eles que somos todos seres humanos e que e assumiria que eu
somos capazes de errar, e que sempre devemos tentar consertar realmente tinha
nossos erros e assim tentar diminuir as consequências de nossos erros. exagerado em chamar a
P2: No esporte acontece muito isso, existe muitos erros, erros de atenção dos dois alunos,
arbitragem, erros do próprio atleta em procurar fazer as já que apenas um dos
movimentações corretas. No esporte ele é um jogo de erros e acertos, alunos tinha realmente
então todos nós estamos passíveis de erros, arbitragem, coordenação provocado e ocasionado a
e professores. Nesses momentos, seria importante a correção discussão. Após ter visto
também. Pediria desculpas, mostrar que aconteceu um erro, é, foi um que eu errei com o meu
fato que aconteceu de forma errada, mas ao mesmo tempo a gente julgamento, pediria
deixaria com que a criança entendesse que esses erros as vezes desculpas e lembraria a
acontece no esporte e que nem sempre é da forma como a gente quer, eles que somos todos
as vezes acontecem esses tipos de situação e a criança precisa lidar seres humanos e que
com essas situações. somos capazes de errar, e
P3: Pediria desculpas, apesar de ser profissional isso não quer dizer que sempre devemos
que você seja o sabedor de tudo. Então se houve o fato e eu analisei tentar consertar os nossos
de forma injusta, terei consciência e plena liberdade de chegar pro erros. Então se houve o
aluno sendo bem humilde e pedir desculpas. Que eu não analisei e fato e eu analisei de forma
nem investiguei os fatos de forma correta, não ouvi as partes e aí injusta, terei consciência
acabou sendo injustiçado, então seria eu a pedir desculpas para ele e e plena liberdade de
que tentaria evitar que esse tipo de situação acontecesse novamente chegar pro aluno sendo
na escolinha. bem humilde e pedir
P4: Mediante essa mesma situação, fizemos o que eu e a outra colega, desculpas. Então eu
dei a punição para os dois colegas, mas quando fomos averiguar a assumo que errei e peço
situação e verificamos que não foram os dois alunos, mas apenas um desculpas e tentarei não
dos alunos que provocou e iniciou a discussão, então o que eu fiz, fazer com que isso
reuni todos os alunos na quadra me desculpei e disse que infelizmente aconteça novamente.
124
os erros acontecem para todos, mas precisamos entender a hora de Serei mais rígido nas
assumir o erro. Então eu assumo que errei e peço desculpas a vocês e minhas verificações para
tentarei não fazer com que isso aconteça novamente. Serei mais não prejudicar nenhum
rígido nas minhas verificações para não prejudicar nenhum de vocês. dos alunos.
c) O que você imagina que estará desenvolvendo no comportamento do aluno com essa sua atitude?
IC 7 - Respeito, disciplina e humildade
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P1: Eu acho que essa ação de reconhecimento do erro deve proporcionar Eu acho que essa ação
o desenvolvimento do respeito entre os colegas, que é o aspecto de reconhecimento do
fundamental entre eles, onde a amizade tem que prevalecer, a erro deve proporcionar
consideração pelo coleguinha tem que estar presente não só durante as o desenvolvimento do
aulas, mas fora delas também. respeito entre os
125
P2: Que possa desenvolver a disciplina, o respeito e a humildade nos colegas, que seja o
demais alunos, pois é a partir dos erros que somos capazes de aprender aspecto fundamental
mais e melhorar em nossas atitudes na escolinha. entre eles onde a
P3: Penso que depois dessa situação os alunos possam acreditar mais consideração pelo
em mim e que possam levar o exemplo para os outros colegas e até coleguinha tem que
mesmo os seus familiares. Então eu imagino que o respeito possa estar estar presente não só
sendo desenvolvido, como também exemplo e a redenção. Se redimir durante as aulas, mas
dos erros para poder acertar acho uma coisa formidável na formação fora delas também.
dessas crianças e adolescentes. Que possa desenvolver
P4: Eu penso que desenvolve o sentido de se colocar na posição do outro a disciplina, o respeito
colega. Compreender que pedir desculpas por algo que você considera e a humildade nos
que errou, é a melhor saída. Então com isso se desenvolve outras coisas, demais alunos, pois é a
como o respeito ao próximo, o carisma, a empatia, ajuda a crescer partir dos erros que
enquanto humano, a criar novas amizades, a se tornar uma pessoa mais somos capazes de
humilde e humana. aprender mais e
melhorar em nossas
atitudes dentro e fora
da escolinha, se
tornando uma pessoa
mais humilde e
humana. Compreender
que pedir desculpas
por algo que você
considera que errou, é
a melhor saída
3. Durante as aulas você percebe que um determinado aluno não obedece a ordem nas fileiras para
executar a atividade, como também gosta de apelidar os colegas com adjetivos negativos causando
desconforto com os demais colegas.
P2: Acredito que todas as escolinhas devem trabalhar dessa forma. No fazer isso. Quando
nosso trabalho aqui é proibido apelidos de forma pejorativa, tem alguns acontece esse tipo de
que trazem da família, mas a gente sempre procura chama-los pelo situação a gente
nome. Quando acontece esse tipo de situação a gente identifica da identifica o aluno e
mesma forma e trabalha da mesma forma disciplinar como se fosse uma trabalha de forma
falta de jogo, chama, conversa afirmando que é proibido, e se ainda se disciplinar como se fosse
repetir a gente comunica os pais para que eles também tomem uma falta de jogo, chama,
providencias. É importante que o professor, nessa idade, possa conversa afirmando que
identificar esse tipo de situação porque tem várias crianças que reage é proibido, e se ainda se
de uma forma diferente, então a gente já teve situação também de que repetir a gente comunica
o aluno estava se retraindo dentro das aulas por causa de um apelido aos pais para que eles
carinhoso que veio da família e que ele não gostaria de ser chamado na também tomem
frente dos colegas. Então, essa situação de apelidos, a gente tem que ter providências. Nessa
muito cuidado. E também temos que trabalhar da mesma forma. Muita conversa, eu peço para
disciplina e mostrar pra eles que todos eles têm um nome próprio e que que ele que apelidou e
devemos chamar pelo seu nome. Então, converso com ele pra que viu seu colega quase
aprenda o nome do colega, chame pelo nome, e a gente acaba evitando chorando, que se
esses apelidos pejorativos que as vezes a gente nem percebe que isso tá colocasse no lugar do
diminuindo o aprendizado da criança, tá retraindo o aprendizado da colega e imaginar se ele
criança. iria gostar, fazendo
P3: Seria bem claro para ele, que o respeito é a nossa filosofia de escola, perceber que essa atitude
o respeito é tudo, com o professor, entre colegas e com os adversários apenas desagradou o
em competições externas. Quanto a falta de respeito com brincadeiras, colega.
eu dou a liberdade até certo limite, pois são brincadeiras entre jovens,
não são brincadeiras desrespeitosas e até então ninguém nunca
reclamou, são brincadeiras com carinho sem o intuito de degrinir a
imagem. Então se faltar com respeito chamo pra conversar e aconselhar
a não fazer mais isso, se caso repetir, chamo os pais ou responsáveis
para uma conversa e tentar chegar a uma solução de como ajudar a
criança a não apelidar ou maltratar os colegas. Nessa conversa, eu peço
para que ele que apelidou e viu seu colega quase chorando, pois, os
demais até tiraram sarro do colega, que se colocasse no lugar do colega
e se ele iria gostar, e só assim ele percebe o quanto aquela brincadeira
acabou saindo do agrado e desagradou o colega.
P4: É, sempre que há essa situação aqui, são poucas as vezes, até
porque sempre que o aluno nos procura para fazer a inscrição é
repassado aos responsáveis e para os alunos que o respeito deve ser
prezado na escolinha com os colegas e com os professores. Quando
acontece essa situação aqui, a gente conversa com o aluno, explica que
não é legal apelidar o coleguinha e pedimos para que eles tentem evitar
essa atitude o máximo possível.
P2: Que os alunos possam se respeitar mais, que evitem de ficar quem é apelidado e tente
apelidando uns aos outros, mesmo que seja de forma carinhosa e que se sentir o quanto isso pode
ponha no lugar dele e reflita o quanto isso é desgostoso para nossas machucar o seu bem-
aulas e que sejam mais disciplinados com esse tipo de atitude. estar mental. Que possam
P3: Que possam agir mais com respeito sem degrinir a imagem do se respeitar mais, que
colega, pois eu os trato como adultos e mostro desde cedo, das idades evitem ficar apelidando,
mais novas que temos que respeitar o colega. Então eu espero que com mesmo que seja de forma
essa atitude ele possa respeitar mais e chamar os colegas pelo nome se carinhosa e reflita o
tornando pessoas melhores. quanto isso é desgostoso
P4: Que através dessa atitude eles possam lembrar e perceber que não Então eu espero que eles
é legal apelidar ou destratar o colega, que é importante eles chamarem possam se respeitar e se
pelo nome, até mesmo como forma de motivação a prática do futebol, chamem pelo nome sem
pois isso com certeza gera mais respeito entre eles. Então eu espero que ter a necessidade de
eles possam se respeitar e se chamarem pelo nome sem ter a coibir um ao outro ou de
necessidade de coibir um ao outro e de maltratar o coleguinha com maltratar o coleguinha
apelidos grosseiros, nem que seja como brincadeira. com apelidos grosseiros
nem que seja como
brincadeira.
c) O que você imagina que estará desenvolvendo no comportamento dos alunos com essa sua atitude?
IC 10 - Desenvolve respeito, amizade, disciplina e autoestima
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P1: De um modo geral percebo que trabalho o desenvolvimento da Percebo que trabalho o
autoestima no comportamento de todos os alunos. desenvolvimento da
P2: Então a gente trabalha da mesma forma disciplinar também. autoestima no
Imagino que seja isso, que se desenvolva o respeito, a amizade, a comportamento de todos
disciplina. os alunos. Assim como o
P3: Quando atitudes como essa são feitas, nós tentamos trabalhar por respeito, a disciplina, a
meio do diálogo desenvolver o respeito, tentando ser cautelosos nas amizade, o se preocupar
atitudes da gente como professores. com o próximo através da
P4: Penso que quando o aluno passa por uma atitude como essa, e nossa metodologia
quando ele é o agressor, digo até assim, ele não se coloca no lugar do fazendo com que eles
outro que está sofrendo com essa atitude, então penso que pode entendam que não vão
desenvolver através da nossa metodologia um olhar para o outro, o crescer na vida
respeito entre o colega, que eles entendam que não vão crescer na vida diminuindo o outro
diminuindo o outro colega, pois isso gera desmotivação, e com colega, pois isso gera
desequilíbrio emocional ninguém consegue fazer a aula direito. Então desmotivação, e com
acredito que seja isso né professor, que eles possam desenvolver o desequilíbrio emocional
respeito, a disciplina, o se preocupar com o próximo e a amizade. ninguém consegue fazer a
aula direito.
4. Durante o jogo de futebol um aluno fisicamente mais fraco se machuca no momento em que se
choca com um adversário e começa a chorar devido as fortes dores. Logo, você percebe que um
colega da equipe que está no campo se mostra muito preocupado com o ocorrido, começa a pedir
ajuda e começa a socorre-lo.
a) O que você faria tendo visto a atitude demonstrada pelo aluno em questão?
IC 11 – Após dar assistência, parabeniza e agradece o aluno
EXPRESSÕES-CHAVE DSC
128
P1: Em um caso desses, a primeira coisa que eu faria era dar a devida A primeira coisa que eu
assistência, ou seja, o atendimento. Nós temos os materiais de faria era dar a devida
primeiros socorros, voltar toda a atenção para ele, e se for necessário assistência, ou seja, o
chamar uma ambulância. Depois agradeceria ao aluno e parabenizo ele atendimento. Depois
por ter se preocupado com seu colega, pois é uma atitude nobre da agradeceria ao aluno e
parte dele. parabenizo ele por ter se
P2: Essa atitude é muito séria, que a gente precisa tá sempre focado preocupado com seu
mesmo no jogo. E tem vários tipos de situações. Tem essa situação da colega, pois é uma atitude
lesão que afeta o ambiente que eles tão trabalhando, as vezes é um nobre da parte dele, e digo
jogador que de mais qualidade e enfraquece a parte mental e aconteceu o quanto foi importante
de o time inteiro chorar junto com ele. Nós trabalhamos muito forte essa sua atitude nobre.
esse tipo de situação, e quando um atleta está machucado a gente já Após parar a atividade,
pede primeiro para a arbitragem parar e nós da comissão técnica já utilizamos as técnicas de
entramos na quadra antes mesmo do juiz parar a partida para fazermos primeiros socorros e tento
o devido atendimento e aí automaticamente já paralisar a partida. observar se a criança se
Procura fazer primeiro o atendimento, que é o correto e identificamos machucou mesmo ou se é
o que é. As vezes pensamos que é coisa séria, mas as vezes não é. apenas um susto, e após
Quando é coisa grave, que pouco acontece, a gente faz da mesma verificar que está
forma, procura identificar, procura passar a maior segurança possível machucado, verifico o
para eles, que não aconteceu nada, que fiquem tranquilo e que voltem nível da lesão, se for algo
para o jogo. Mas é muito importante identificar se é grave ou não logo mais grave eu levo até
na hora do acontecido. Quando isso ocorre os alunos mesmo paralisam uma unidade de
o jogo e já pedem o atendimento, então eu acabo ficando mais feliz atendimento do pronto-
ainda, vou lá converso olho no olho com a criança, e digo o quanto foi socorro.
importante essa sua atitude e parabenizo a ela por ter sido mais humano
do que um jogador de futebol.
P3: Isso daí é muito deles, são muito preocupados com os demais
adversários ou colegas. Meus alunos acabam evitando entradas fortes
para evitar machucar e não ocorrer o pior, por mais que eles
apresentem um porte físico maior. Eles se preocupam muito entre si.
Quando um colega cai, eles pedem desculpa, em todo o momento, até
na hora do jogo. Nessa situação eu chego parabenizo a criança pela
atitude, peço pra deixar assumir pra tentar observar se a criança se
machucou mesmo ou se é apenas um susto, porque as vezes eles fazem
isso, não estão machucados e ficam no chão querendo a falta ou até
mesmo enrolando o tempo. Então a gente para a atividade, utiliza as
técnicas de primeiros socorros, e se for algo mais grave eu levo até um
pronto socorro de atendimento que fica aqui do lado. Isso até ajuda
caso um dia acontecer algo grave. Sempre busco tentar ser o mais
sincero e sensato possível, parabenizando, elogiando a criança pela
atitude demonstrada e peço para que os demais sigam o exemplo do
coleguinha no sentido de ajudar o próximo.
P4: Aí, é, nós temos que estar sempre preparados com essa situação.
Acontece isso aqui as vezes. Nós temos um garoto que era bem arredio
e bem desleal. E chegou até a machucar um coleguinha dele da equipe
dele. Trabalhos isso, no sentido de melhorar esse comportamento dele,
tanto aqui na escolinha quanto em casa. É um aluno preocupado, se ele
machuca o colega mesmo que em uma situação involuntária, ele é o
primeiro a parar a jogada, vai e atende o colega e me chama para
socorrer o aluno machucado. Conversa com os demais coleguinhas
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b) O que você faria com os demais alunos em relação a atitude demonstrada pelo companheiro de
equipe?
IC 12 - A necessidade da preocupação com o colega, sendo mais solidário e companheiro
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P1: Depois em relação a atitude do atleta e os demais alunos, mostrar Mostrar para eles que
para eles que isso é um acidente de trabalho e que pode ocorrer em isso é um acidente de
qualquer momento da aula. É necessário que tenha essa preocupação, trabalho e que pode
já que como ocorreu com um dos colegas, poderia acontecer com ocorrer em qualquer
qualquer outro, e que bom que tiveram essa preocupação coletiva. momento da aula. É
P2: Que eles tenham mais a iniciativa com as situações de acidentes, necessário que tenha essa
que possam entender a necessidade de ajudar o outro, de ser mais preocupação coletiva.
companheiro. Que eles tenham esse espírito de coletividade e de Que tenham mais
liderança. iniciativas com as
P3: Que possam entender o real motivo da coletividade, do situações de acidentes,
companheirismo e da solidariedade. Que se em algum momento da aula entendendo a
ou de uma partida de futebol em uma competição, eles possam estar necessidade de ajudar o
sempre atentos a atitudes desse tipo, para que possam agir outro, de ser mais
imediatamente ajudando o seu colega e até mesmo o professor. companheiro. Que
P4: Que possa passar para os demais colegas esse espírito de possam entender o real
companheirismo e solidariedade, eu espero que todos sejam mais motivo da coletividade,
solidários uns com os outros, que possam entender que acima do do companheirismo e da
esporte vem a vida, e temos que tentar ao máximo, apesar das solidariedade. Então é
ocorrências de entradas duras as vezes, que temos que prezar a nossa isso que espero, que se
vida e a do colega, pois um machucado desses pode levar um solidarizem cada vez
coleguinha a consequências graves de lesões. Então é isso que espero, mais e tentem não agir
que eles se solidarizem cada vez mais e tentem não agir com com deslealdade nas
deslealdade nas atividades da escolinha e na hora do jogo, porque atividades da escolinha e
apesar de serem adversários são seres humanos também que estão na hora do jogo.
naquele momento dando a sua vida pelo esporte.
c) O que você imagina que estará desenvolvendo no comportamento dos alunos com essa sua atitude?
IC 13 - Companheirismo, amizade e solidariedade
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P1: Eu imagino que esteja desenvolvendo o companheirismo, depois, Eu imagino que esteja
a importância que tem um colega, da convivência. Acho que são esses desenvolvendo o
dois pontos, demonstrar o companheirismo, a amizade, e com isso se companheirismo, a
desenvolve também o cuidado que tem com o outro. E tudo isso se amizade, e com isso se
passa pelo respeito, pela amizade. Desenvolve a consciência de desenvolve também o
família, o respeito, a disciplina e amizade. No sentido de ali sermos cuidado que tem com o
uma família, onde cada um busque o melhor pra todos. outro. Desenvolve a
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P3: Eu quero só que passe pela cabeça deles que a derrota é uma coisa desistirem e a tentarem
natural da vida. Pegar um não é natural. Se for analisar, comentando superar os seus próprios
com eles, quantos não pegamos durante a vida, quantas situações de limites sem ser desleal.
erros vamos presenciar aqui no campo, se for analisar, teremos Proponho situações que
inúmeros, porém se tiver duas situações positivas podem ser motivem a esquecer do
suficientes para reverter o placar. Temos essa situação aqui as vezes, placar e confie mais um
quando estão ganhando tudo bem, mas quando estão perdendo um nos outros para que
aluno começa a chorar. Então antes da atividade ou do jogo na possam se concentrar no
preleção, eu começo a conversar com ele e proponho situações que jogo e tentar fazer o
motivem a esquecer do placar e confie mais um nos outros para que máximo que podem, por
possam se concentrar no jogo e tentar fazer o máximo que podem, por mais que percam. Então
mais que percam. antes do jogo na preleção
P4: Sempre que acontece uma situação dessa, incentivamos a converso com eles os
continuar o jogo e sempre há a situação de que no jogo são três incentivando que temos
resultados: perde, empata ou ganha, então é preciso superar isso. que entrar em campo
Estamos aí a mercê dos três, vai depender de como nós iremos nos esperando o resultado da
comportar na partida. Então antes do jogo na preleção converso com vitória, mas que se ela não
eles os incentivando que temos que entrar em campo esperando o acontecer que saibamos
resultado da vitória, mas que se ela não acontecer que saibamos lidar lidar com a derrota, pois
com a derrota, pois não podemos ficar tristes devido a derrota, mas não podemos ficar tristes
poder aprender através delas e buscarmos sermos mais fortes. Usamos devido a derrota, mas
da conversa, do diálogo e do incentivo para ajudar o aluno a sempre poder aprender através
levantar a cabeça e se sentir melhor perante um resultado que não delas e buscarmos sermos
esteja a nosso favor seja em campo na hora do jogo ou durante as mais fortes. Usamos da
atividades na escolinha. conversa, do diálogo e do
incentivo para ajudar o
aluno a sempre levantar a
cabeça e se sentir melhor
perante um resultado que
não esteja a nosso favor
seja em campo na hora do
jogo ou durante as
atividades na escolinha.
vamos ganhar, mas o espírito de equipe deve prevalecer durante e que tentem ao máximo
qualquer situação e não podemos esquecer do sentido da amizade, do compreender que existem
companheirismo. dias que vamos perder e
P3: Então o que eu quero, quero que eles aprendam a jogar futebol, dias que vamos ganhar.
sem pressa, aprendendo passo a passo, tem toda uma etapa para esse Acontece a situação de
futebol melhorar, então eu sempre procuro motivar, mas deixando algum se sentir mais
claro que no futebol não existe só a vitória, mas a derrota também. fragilizado quando se
P4: Acontece a situação de algum se sentir mais fragilizado quando se toma um gol e não tem a
toma um gol e não tem a capacidade de reverter, mas sempre a gente capacidade de reverter,
tem o incentivo psicológico em cima deles, pra que, se não deu dessa mas sempre tem o
vez, para que eles não abaixem a cabeça ou fiquem abatido pra que se incentivo psicológico,
acontecer uma nova situação dessas eles se sintam mais confiante e para que, se não deu dessa
não entrem em campo já abatidos ou menosprezados pelos seus vez, eles não abaixem a
adversários. cabeça ou fiquem
abatidos, e que se
acontecer uma nova
situação dessas, sintam-se
mais confiantes e não
entrem em campo já
abatidos ou
menosprezados.
c) O que você imagina que estará desenvolvendo no comportamento dos alunos com essa atitude?
IC 16 - Desenvolve a autoestima e confiança
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P1: Acredito que se desenvolve primeiramente o espírito de equipe, é Desenvolve o espírito de
fundamental isso, esse senso de colaborar, de estar ajudando o seu equipe e a perseverança.
companheiro, segundo, é a disciplina, tem que ser disciplinado. E por Desenvolve a autoestima
último é a perseverança, que você não pode desistir, você tem até o nos alunos, que possam
final de uma partida, você tem que buscar logicamente a vitória, que crescer enquanto
mesmo perdendo tem que sempre buscar vencer. humanos com as derrotas
P2: Desenvolve a autoestima nos alunos, que possam crescer enquanto e vitórias, sendo mais
humanos com as derrotas e vitórias, sendo mais confiantes. confiantes, evidenciando
P3: Os meus garotos de 15 a 17 anos têm muita dificuldade em reverter o positivo e esquecendo o
placar, se abatem muito cedo, se abalam muito rapidamente, negativo. Espero
ultimamente estamos vendo muito jovem depressivo, e a escolinha é desenvolver mais a
muito bom na vida deles pra evoluir isso, há eu não posso fazer isso segurança nos meus
porque meu papai não deixa, e aí a gente tenta tirar isso da cabeça deles alunos,
e desenvolver a autoestima, a confiança em si mesmos, evidenciando independentemente da
muito o que é positivo e esquecer o negativo. É essa a ideia. situação, seja em campo
P4: Espero desenvolver mais a segurança nos meus alunos, na hora do jogo ou
independentemente da situação, seja em campo na hora do jogo ou durante as aulas da
durante as aulas da escolinha. Assim como também a autoestima e escolinha.
motivação, buscando com vídeos de motivação e conversas em campo
na hora das aulas da escolinha, imaginar situações de derrota e de
vitória para aprenderem a saber lidar com elas.
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7. Sua equipe jogará uma partida decisiva e você percebe que seus alunos estão muito ansiosos e
nervosos.
a) O que você faz nessa situação?
IC 17 – Motiva e tranquiliza os alunos na preleção e durante o jogo
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P1: Não só em uma partida decisiva, ocorre muito isso, os alunos ficam Procuro acalmar eles, que
ansiosos e ficam nervosos. E eu como professor falo muito com eles, tiveram uma preparação
tento quebrar o gelo deles, tentar receber eles legal, quando antecede anterior na preleção, e
uma partida, já na preleção eu procuro nas minhas aulas um momento isso é importantíssimo,
inicial de conversa, passar a tranquilidade fazendo com que eles busco ainda motivá-los a
quebrem esse friozinho na barriga. Que é algo natural do atleta, do ficarem menos nervosos.
aluno ficar nervoso quando antecede uma partida. Então, procuro Então a gente procura
acalmar eles, que tiveram uma preparação anterior na preleção, isso é deixar esse tipo de
importantíssimo também, e busco motivar eles a ficarem menos situação um pouco de
nervosos. Então, para que eles estejam tranquilos no momento daquela lado com a preleção
partida que vai iniciar. adequada, com o antes do
P2: A gente enfrenta muito isso e sempre vai enfrentar, na jogo de forma correta, um
adolescência, infância, adulto, a ansiedade do atleta, ele não dorme, já ambiente leve e de uma
dorme pensando no outro dia o que vai fazer. E o que a gente procura certa forma mostrar para
fazer? Tratar de uma forma normal, diminuir. Encerrar ninguém eles depois de uma partida
encerra. Tem um ditado que diz que se perde esse sentimento você não que ninguém será mais ou
compete mais. Então a gente procura diminuir, como? Por exemplo em menos. A preleção ela dá
véspera de campeonato, por serem muito competitivas as nossas muito resultado no
equipes eles esperam um rendimento muito alto, e as vezes eles sentido de diminuir essa
mesmos se cobram, em dias que antecedem a competição a gente ansiedade e nervosismo.
procura tentar focar em outras situações. Mostrar a eles que se a gente Então através de
continuar fazendo o trabalho de forma correta e espontânea essa conversas antes de
ansiedade ela vai diminuir, trabalhando mais a parte recreativa, competições na preleção
fazendo jogos educativos trabalhando as movimentações de jogo. Na ou durante elas buscamos
preleção do jogo buscamos mostrar vídeos de motivação, sempre transferir para o aluno a
ficamos motivando que eles podem, que eles conseguem. A gente confiança necessária para
procura deixar eles um pouco relaxados. Eles sofrem uma pressão que possam segurar um
muito grande na escolinha devido a camisa que vestem ser de um clube pouco a ansiedade. Então
grande. A franquia exige muito, e isso acaba gerando cobrança dos a gente pede para tentar
pais, da torcida e da instituição. Então a gente procura deixar esse tipo manter a calma e que eles
de situação um pouco de lado com a preleção adequada, com o antes joguem com felicidade e
do jogo de forma correta, um ambiente leve e de uma certa forma harmonia.
mostrar pra eles depois de uma partida que ninguém será mais ou
menos.
P3: Eu enquanto escolinha eu tenho um pensamento: resultado pra
mim não me interessa. Eu não estou aqui para fazer um atleta em
miniatura. É interessante ganhar, é interessante, mas se não tiver
acontecendo eu quero é que o trabalho de divulgação de boca a boca
ajude a aumentar a escolinha e seja reconhecida perante os pais,
torcida, amigos família que todos possam participar da competição
sem ter a seleção. Trabalhamos muito com preleção, vídeos
motivacionais. A preleção ela dá muito resultado no sentido de
diminuir essa ansiedade e nervosismo.
P4: Isso sempre acontece aqui, aliás acho que é um caso ou situação
que acontece nas maiorias das escolinhas de maneira geral. Por causa
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desse sentido da idade de até 13 anos isso acontece muito, mas posso
falar apenas da nossa escolinha aqui, em que para alguns ainda é a
primeira competição, ou o primeiro jogo e sempre estão nervosos,
ansiosos, inseguros, então em uma situação dessas sempre procuramos
conversar com eles um pouco antes do jogo na preleção ou dentro do
campo mesmo, a gente tenta passar uma segurança para eles. Porque
se eu sou o educador dele e não passo segurança para meu aluno, quem
mais poderá passar. Então através de conversas antes de competições
na preleção ou durante elas buscamos transferir para o aluno a
confiança necessária para que possam segurar um pouco a ansiedade.
Sei que é difícil devido as torcidas e talvez com os pais presentes tanto
nas aulas como também nos jogos, isso pode ser que pressione mais
ainda a criança e ela por se sentir pressionada quer mostrar resultado
para essas pessoas. Então a gente pede para tentar manter a calma e
que eles joguem com felicidade e harmonia.
confiança um no outro, sem muito desespero com a bola, tentando acalmem e tenham mais
sempre controlar o nervosismo e ansiedade. tranquilidade diante dos
adversários e do jogo.
c) O que você imagina que estará desenvolvendo no comportamento dos alunos com essa atitude?
IC 19 - Desenvolve a concentração, autoestima, confiança e equilíbrio emocional
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P1: Procuro muito isso, passar tranquilidade, motivar eles, para que Procuro muito isso,
eles possam superar esse momento de nervosismo e ansiedade. passar tranquilidade,
Mostrando que é normal isso acontecer na vida deles, e para que eles motivar eles, para que
possam superar isso, é preciso que eles mantenham a calma. Eu acho eles possam superar esse
que o fator principal é esse, a concentração. Então acredito que momento de nervosismo e
desenvolve a concentração, confiança em si mesmos, superação e ansiedade. Então acredito
equilíbrio emocional. que desenvolve a
P2: Desenvolve a autoconfiança em si mesmos onde eles possam se concentração, confiança
sentir mais leves e saber como agir em situações de forte estresse para em si mesmos, superação
não perder a concentração no jogo. e equilíbrio emocional.
P3: Que desenvolvam a autoconfiança, que quanto mais confiante Desenvolve ainda a
mais os resultados irão aparecer e menos nervosos e ansiosos eles vão autoconfiança em si
ficar. mesmos onde eles possam
P4: Então se eles ficam muito ansiosos isso acaba interferindo na se sentir mais leves e
competição ou nas aulas mesmo, então o certo é ter mais segurança em saber como agir em
si mesmo e buscar sempre superar os obstáculos, não só no futebol, situações de forte estresse
mas na vida também. Isso é muito importante pois ajuda a desenvolver para não perder a
a autoestima, autoconfiança, o caráter e personalidade de jogadores de concentração no jogo.
futebol, e o trabalho em equipe também. Lembrando que a confiança Lembrando que a
no coleguinha é a melhor fórmula de buscar qualquer resultado e confiança no coleguinha é
enfrentar os desafios do nervosismo e da ansiedade. É nisso que eu a melhor fórmula de
penso. buscar qualquer resultado
e enfrentar os desafios do
nervosismo e da
ansiedade.
7. Você percebe que seus alunos estão demonstrando evolução nos treinos e jogos.
a) O que você faz diante dessa situação?
IC 20 – Elogia e agradece a evolução dos alunos
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P1: Quando ocorre isso mesmo a evolução do aluno, seja nos treinos, Tenho que elogiar,
nas aulas ou nos jogos, o que eu faço? Primeiro, tenho que elogiar, mostrar para eles que
mostrar pra eles que estou satisfeito com a evolução deles, que estão estou satisfeito com a
desenvolvendo bem, estão aprendendo, e que estão evoluindo. Eu evolução, que estão
elogio eles, parabenizo e peço que continuem assim, cada vez mais desenvolvendo bem, estão
buscando melhorar. aprendendo, e que estão
P2: Pra nós professores, quando a gente chega em um nível que nós evoluindo. Então, eu
estamos proporcionando para que eles possam alcançar, não deixamos elogio eles, parabenizo e
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transparecer, pelo contrário, a gente sempre cobra mais, e precisa ser peço que continuem
mantido a busca pela melhoria do nível técnico todos os dias. A gente assim, cada vez mais
elogia, positiva, e se errou a gente corrige e fazendo o correto para buscando melhorar. Além
alcançarem o nível desejado. Quando esse nível é alcançado, ele é de elogiar, a gente
demonstrado no resultado das competições. Não citamos que eles vão positiva, mas se errou a
jogar como um jogador profissional de futebol, mas que eles podem gente corrige e faz o
chegar lá se continuarem participando efetivamente. trabalho correto para
P3: Tá havendo evolução na escolinha apesar de lento. E o que eu alcançar melhores
estou fazendo, estou estudando e dar subsídios para que eles se resultados de
desenvolvam de forma mais rápida e aos poucos tendo os resultados aprendizagem. Então a
de algumas competições que participamos, que o processo é lento, mas gente valoriza e elogia o
está havendo evolução. Então a gente valoriza e elogia o que está que está sendo
sendo desenvolvido de bom e esquece o que ele o aluno fez de errado. desenvolvido de bom e
Não buscamos criticar muito a criança, mas que possamos agir de uma esquece o que ele o aluno
forma que eles percebam a forma de falar e a forma de escutar. Pois fez de errado. parabeniza,
isso é pro bem deles. Então a gente chega parabeniza, valorizamos o valorizamos o que é novo,
que é novo, o que está sendo bem feito, porém sempre lembrando a o que está sendo bem
eles que podem melhorar e buscar mais quebrar o seu próprio limite feito, porém sempre
para que não absorvam um reconhecimento de ego. lembrando a eles que
P4: Diante dessa situação, fazemos uns treinos de situações de jogo, podem melhorar e buscar
só que alguns demoram um pouco a pegar os fundamentos solicitados mais quebrar o seu
nas aulas, mas sempre que o aluno demonstra que aprendeu os próprio limite para que
ensinamentos da aula, que há a evolução, a gente vai e parabeniza ele, não absorvam um
fazendo com ele se sinta mais segurança para assim continuar reconhecimento de ego.
evoluindo. Acho importante reconhecer o desempenho e o trabalho Acho importante
que o aluno está desenvolvendo. reconhecer o desempenho
e o trabalho que o aluno
está desenvolvendo.
por isso, não adianta dizer que não, mas a gente ver educador chamando da escolinha e que não
palavrão com alunos e isso pra mim é inadmissível. desistam nunca dos seus
sonhos e aperfeiçoem
mais a sua aprendizagem,
porque com isso se
tornam mais seguros e
vai desenvolver mais, e
mais rápido as novas
atividades de
treinamentos, o que é
repassado, as colocações
e a evolução vão ser bem
melhores do que criticar.
c) O que você imagina que estará desenvolvendo no comportamento dos alunos com essa atitude?
IC 22 - Desenvolve um conjunto de qualidades: confiança, autoestima, respeito, afetividade e
perseverança.
EXPRESSÕES-CHAVE IDEIAS CENTRAIS
P1: Imagino que se desenvolva a confiança, a autoestima, que isso Imagino que desenvolve um
é importante, que eles tenham mais confiança neles, no trabalho que conjunto de qualidades,
passamos pra eles. E imagino que no comportamento do aluno, com confiança, autoestima,
essa atitude da evolução dele, da melhora, ele realmente cada vez respeito, que isso é
mais melhore seu trabalho. Que é necessário ter confiança, importante, que eles tenham
dedicação, perseverança, e tudo isso junto com a humildade. mais confiança neles e no
P2: Desenvolve um conjunto de qualidades: o relacionamento com trabalho que passamos. Que
os familiares e amigos, com os colegas, evoluir a parte técnica, eles possam aplicar na
física e psicológica. Que eles possam aplicar na prática do futebol prática do futebol o
o equilíbrio exigido entre o esporte e a parte mental. equilíbrio exigido entre o
P3: Espero que eles se reconheçam enquanto alunos educados, e esporte e a parte mental.
que desenvolva a capacidade de saber lidar com situações as quais Espero que eles se
os erros são cometidos. Mas que através do erro que eles possam reconheçam enquanto alunos
ser capazes de crescer enquanto humanos, colegas, amigos. Possam educados, e que desenvolva a
saber receber o elogio e retribuir no seu comportamento perante as capacidade de saber lidar
aulas na escolinha. com situações as quais os
P4: Acredito que se deva desenvolver o respeito, a reciprocidade erros são cometidos. Que
de aluno com o professor, o afeto, a amizade, a segurança em possa desenvolver o respeito,
participar nas atividades com mais confiança em si mesmo, e com a reciprocidade de aluno com
isso a criança passa a se sentir mais valorizada pelo colega e pelo o professor, o afeto, a
professor. amizade, a segurança em
participar nas atividades com
mais confiança em si mesmo.
8. Um novo aluno começou a treinar na escolinha e você percebe que ele ainda está desentrosado com
os demais colegas.
a) O que você faz diante dessa situação?
IC 23 - Atividades que estimulem o entrosamento
EXPRESSÕES-CHAVE DSC
P1: Bom, para os alunos novatos temos o que chamamos de aula Me preocupo com o bem-
experimental. Pra que isso? Para que o aluno possa conhecer a estar dele e busco trazer
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escolinha, conheça a metodologia de trabalho e logicamente vai assistir atividades que facilite o
uma aula para que no final eu possa chamar ele e saber se ele gostou. entrosamento com os
Porque as vezes esse tipo de aluno vai sentir muito isso, as vezes fica demais colegas que estão
mais isolado, mais na dele, porque já tem alunos que estão a muito mais a mais tempo na
tempo na escolinha e se sente mais solto. O aluno novo não, ele se sente escolinha, para fazer
mais isolado, mais apreensivo. Então me preocupo com o bem-estar novas amizades e se
dele e busco trazer atividades que facilite o entrosamento deles com os sentir cada vez mais
demais colegas, e assim possa fazer novas amizades e se sentir cada aluno da escolinha.
vez mais aluno da escolinha. Dou uma atenção maior pra esse aluno Temos uma metodologia
novato fazendo com que ele se sinta bem o mais rápido possível. de proporcionar a criança
P2: Isso acontece quase todos os dias. Como não temos uma seleção atividades que ajudem a
de atletas, aceitamos qualquer aluno e a qualquer momento do ano. O se envolver com as outras
primeiro passo é, na hora que ele entra pela porta, que ele entra no crianças que já estão a
ambiente novo, competitivo, e aí ele já olha para aqueles que são mais mais tempo na escolinha.
habilidosos no time. Temos uma metodologia de proporcionar a Apresentamos a criança
criança atividades que ajudem a se envolver com as outras crianças que ao grupo, damos as boas-
já estão a mais tempo na escolinha. Apresentamos a criança ao grupo, vindas, e falamos para os
damos as boas-vindas, e falamos para os demais que o novo aluno demais que o novo aluno
estará fazendo o teste inicial da escolinha e que quer ficar conosco. estará fazendo o teste
Quebramos o gelo, cada um vem aperta a mão dele e o cumprimenta inicial da escolinha e que
com um gesto afetivo. E aí no final da aula, fazemos um círculo no quer ficar conosco. Então,
centro da quadra em volta do novo aluno e fazemos uma roda ao redor de início apresentamos o
dele e peço que eles se abracem para passar uma confiança para esse novo aluno ao grupo,
aluno. Esse primeiro momento é crucial. damos as boas-vindas, e
P3: Bom eu quero te dizer que eles já têm isso. Eles são muito falamos para os demais
receptivos. Então todos que entram aqui acabam que se entrosando que ele estará fazendo o
muito rápido devido as atividades que são desenvolvidas na escolinha. teste inicial da escolinha e
O menino que chega ele não é visto como adversário, ele é visto como que quer ficar conosco.
parceiro. Então a minha preocupação com o aluno novo é que quando menino que chega ele não
ele entra na escolinha que não fique isolado, já que o trabalho que é visto como adversário,
realizo no início da construção da escolinha já foi repassado para os ele é visto como parceiro.
primeiros alunos e assim será repassado para o aluno novato. Eles se Então a minha
respeitam independentemente da habilidade que demonstram nas aulas preocupação com o aluno
ou nos jogos. novo é que quando ele
P4: A gente tenta, toda vez que chega um aluno novo e independente entra na escolinha que
da categoria dele a gente sempre faz o trabalho inicial, fazemos uma não fique isolado, já que o
espécie de diagnóstico, fazendo perguntas a respeito da vida dele em trabalho que realizo no
relação a prática de atividade física para tentar ter um feedback, saber início da construção da
se ele já participou de alguma escolinha, e muitos já, principalmente escolinha já foi repassado
porque já vieram de outra escolinha. Sempre fazemos uma avaliação para os primeiros alunos e
com todos e observamos o desenvolvimento. Se for um aluno que assim será repassado para
apresente no início um desenvolvimento mais avançado, fazemos uma o aluno novato. A gente
metodologia voltada para atividades mais avançadas também, e se não tenta, toda vez que chega
fazemos atividades mais fáceis de aprender e assim desenvolver o um aluno novo e
aprendizado e o ajude o quanto antes a fazer amizades e se entrosar independente da
mais facilmente com os seus colegas. categoria dele a gente
sempre faz o trabalho
inicial, fazemos uma
espécie de diagnóstico,
fazendo perguntas a
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c) O que você imagina que estará desenvolvendo no comportamento dos alunos com essa atitude?
IC 25 - Desenvolve o companheirismo a amizade e disciplina
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P1: Desenvolva a amizade, a disciplina e o saber conviver em grupo, Desenvolva a amizade,
isso é o que desenvolve no aluno que chega na escolinha. Que a disciplina e o saber
desenvolva o saber se comportar. conviver em grupo do
P2: As habilidades e fundamentos do futebol, que desenvolvam a aluno que chega na
coletividade, o companheirismo, o trabalho em equipe, a motivação, a escolinha. Assim como
superação. Que compreendam o verdadeiro significado do trabalho em saber se comportar, a
grupo, que entenda que apenas um aluno não pode vencer sozinho, mas coletividade, o
sim trabalhando em equipe. companheirismo, o
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_____________________________________________________
Assinatura do participante
_____________________________________________________
Paulo Roberto Ricarte Pereira
Assinatura do pesquisador
Contato do pesquisador (93) 992476878