LT - Ateliê de Paisagismo (Grifado)

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Ateliê de

Paisagismo
PROFESSORA
Me. Lessyane Rezende de Matos Souza Bonjorno

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PRODUÇÃO DE MATERIAIS

Coordenador de Conteúdo Lessyane Rezende de Matos Souza Bonjorno Designer Educacional Amanda Paçenha e Lucio
Ferrarese Curadoria Emerson Jose Viera Revisão Textual Ariane A. Fabreti, Cristina M. C. Wecker, Elias José Lacoski, Erica
F. Ortega, Sarah Mariana L. C. Cocato; Tatiane Schmitt Costa; Thalise B. R. Cardoso Editoração Lavignia da Silva Santos e
Nivaldo Vilela de Oliveira Junior Ilustração Eduardo Aparecido Alves e Bruno Cesar Pardinho Figueiredo Fotos Shutterstock.

FICHA CATALOGRÁFICA

U58 Universidade Cesumar - UniCesumar.


Ateliê de Paisagismo / Lessyane Rezende de Matos
Souza Bonjorno, - Indaial, SC: Arqué, 2023.
296 p. : il.

ISBN papel 978-85-459-2548-4


ISBN digital 978-85-459-2549-1

“Graduação - EaD”.
1. Arquitetura 2. Paisagismo 3. Urbanismo 4.Design 5.
Lessyane Rezende de Matos Souza Bonjorno I. Título.

CDD - 711

Núcleo de Educação a Distância.

Bibliotecária: Leila Regina do Nascimento - CRB- 9/1722.

Ficha catalográfica elaborada de acordo com os dados fornecidos pelo(a) autor(a). Pró Reitoria de Ensino EAD Unicesumar
Diretoria de Design Educacional
Impresso por:

NEAD - Núcleo de Educação a Distância


Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jd. Aclimação - Cep 87050-900 | Maringá - Paraná
www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360
02511437
Lessyane Rezende de Matos Souza Bonjorno

Olá, estudante, tudo bem? Muito prazer, sou a Lessyane, arquiteta e


urbanista e professora docente, aventureira nas viagens, amante da
arte e das novas culturas.
Desde muito jovem, gostava muito de desenhar, de artes e de música.
Minha mãe brincava dizendo que minha distração era pegar as almofadas
soltas do sofá de madeira e criar, “construir” uma extensa casinha de
bonecas no meio da sala. A brincadeira acabava no momento em que
terminava toda a montagem das paredes, das portas e dos móveis, no
final, não brincava com as bonecas em si, o legal era montar um lugar
para elas. Acredito que já estava intrínseca esta vontade de um dia me
tornar arquiteta.
Este sonho se fortaleceu quando, na infância, passava minhas férias
na casa do tio Jorge, engenheiro civil. Eu o admirava como profissional,
rascunhando seus desenhos ainda na prancheta, papel vegetal, lápis e
caneta nanquim. Com 16 anos comecei a trabalhar em escritórios de
arquitetura e engenharia como desenhista. Amante da Matemática, pres-
tei vestibular para Engenharia Civil, mas reconheci que a minha vocação
era a arquitetura, o encantamento era o de criar espaços. E foi assim
que, com muito esforço, evolui em muitas habilidades e na vontade de
Aqui você pode construir sonhos e desenvolver os projetos.
conhecer um
Trabalhei como desenhista e estagiei para muitos profissionais. Como
pouco mais sobre
docente e arquiteta, sempre trabalhei conciliando as duas atividades.
mim, além das
informações do Além do profissional, sou uma pessoa religiosa, acredito em Deus, amo
meu currículo. curtir a natureza e fazer atividades com minha família. Tenho uma filha
maravilhosa, uma linda companhia, adoramos conversar, desenhar e
brincar com nossos cachorrinhos. Nosso hobby é planejar novas aven-
turas e conhecer lugares, sua cultura, história e comidinhas. Nosso lema
é ser feliz, fazendo o que gostamos.
Deixo aqui um recadinho:
Acredite em você, acredite nos seus sonhos, imagine, viva. Não meça
esforços pelo queres, pois Deus sempre tem o melhor para você.

http://lattes.cnpq.br/8610265946002267
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RODA DE CONVERSA

Professores especialistas e convidados, ampliando as discussões sobre os temas.

PÍLULA DE APRENDIZAGEM

Uma dose extra de conhecimento é sempre bem-vinda. Posicionando seu leitor de QRCode
sobre o código, você terá acesso aos vídeos que complementam o assunto discutido

PENSANDO JUNTOS

Ao longo do livro, você será convidado(a) a refletir, questionar e transformar. Aproveite


este momento.

EXPLORANDO IDEIAS

Com este elemento, você terá a oportunidade de explorar termos e palavras-chave do


assunto discutido, de forma mais objetiva.

EU INDICO

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ATELIÊ DE PAISAGISMO

Sabemos que a origem dos povos foi um processo desafiador. O mundo natural, a terra com todos seus recursos
se dispunha a abarcar, tornar-se ninho para uma civilização. O homem, com toda a sua inteligência, soube atribuir
e intervir nas características da paisagem de forma a idealizar e executar um novo paradigma urbano do morar.
Aprenderemos que desenvolver projetos paisagísticos não é simplesmente identificar elementos vegetais em
determinado lugar. Ao longo da história, o homem sempre manteve estreita relação com os elementos naturais,
porém, com o crescimento vertiginoso das cidades, atraindo cada vez mais os moradores do campo para os
centros urbanos, o homem moderno foi se distanciando de um contato direto com a paisagem natural. O jardim
é a forma mais simples que o homem buscou de estar mais perto da natureza e, assim, a sensação de revigorar
sua mente e seu coração. É por meio dos espaços livres que o homem busca o ócio, o relaxamento, as atividades
físicas, é implícita a busca entre a qualidade de vida e o bem-estar por meio do contato com o natural.
Experimente observar a sua cidade, seu bairro, analise e identifique elementos da paisagem que observar e
questione: Como isto se formou? O que é realmente natural? O que faz parte da paisagem antrópica? Quais os
significados? Este lugar é fruto de intervenções planejadas? Ou é resultado de ações vernaculares? Respira, sinta
o espaço. Como é a sensação?
Ao final do nosso livro, você poderá se questionar sobre: como arquitetos e paisagistas pensam; como são os
processos projetuais, a tecnologia, os sistemas naturais e sustentáveis; como a botânica é tão fundamental para nosso
trabalho e como a preocupação com elementos estruturais existentes no espaço influenciarão nossa ação projetual.
Você compreenderá como a complexidade de novos campos e novas oportunidades com as quais tem se
deparado a produção paisagística contemporânea brasileira expõe os obstáculos e as perspectivas no âmbito da
prática e da educação, que permeiam a consolidação do exercício profissional da atividade paisagística no país.
Na primeira unidade, apresentaremos o aspecto do entender o Paisagismo, seus conceitos, suas bases e
sua integração homem-natureza, reconheceremos que esta ciência também é uma Arte. Nas Unidades dois e
três, explanaremos sobre a abordagem histórica do paisagismo: origens, influências culturais, estilos e funções
que se formaram ao longo do tempo, desde os primórdios da humanidade até o paisagismo contemporâneo.
Na quarta e quinta unidades, compreenderá como o processo de desenvolvimento de um projeto se inicia de
acordo com os princípios de composição e o espaço arquitetônico, e como eles podem ser utilizados para criar
espaços funcionais, esteticamente agradáveis e adequados às necessidades dos usuários e do meio ambiente.
Nas Unidades 6 e 7, serão abordadas as questões dos elementos naturais e sustentáveis dentro dos conceitos
projetuais. Nas Unidades 8 e 9, conheceremos os mais expoentes arquitetos paisagistas e como bons projetos
foram desenvolvidos ao longo do tempo, além da forma de abordagem ao entender a interação entre Programa,
diagramas, necessidades do Cliente, abordagem de Variáveis Ambientais e entorno do terreno, que é essencial
para o sucesso de um projeto arquitetônico, além de uma boa apresentação, inovando habilidades, transformações
da forma como você pensa e projeta espaços livres.
Talvez, no momento em que você terminar de ler este livro, estudar, refletir sobre o quão importante é o papel
do paisagista na integração da arquitetura e o belo natural, você entenda a complexidade de novos campos e
novas oportunidades com as quais têm se deparado a produção paisagística contemporânea brasileira. Esta expõe
os obstáculos e as perspectivas no âmbito da prática e da educação que permeiam a consolidação do exercício
profissional desta atividade no mundo. Sabe-se que japoneses, europeus e americanos pensam diferente. O clima
é diferente, e a cultura também. A concepção paisagística ocorre a partir da noção de paisagem para o paisagis-
ta, que se dá como fenômeno transmissor de sentimento estético bem como portador de significados materiais
e imateriais. Esta noção revela a complexidade da criação que conjuga aspectos ambientais, artísticos, sociais,
econômicos, levando a questionar até que ponto ocorre a compreensão da paisagem pelo arquiteto paisagista
contemporâneo. Isto ampliará sua visão e permitirá que crie suas próprias inquietações e estratégias projetuais.
Estudar os reflexos temporais da arquitetura paisagística, compreender como profissionais do planejamento
da paisagem pensavam, como evoluíram na história e como atuam na contemporaneidade é fundamental para
o seu desenvolvimento intelectual e atuação profissional. Vamos lá?
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11 2
39
ARQUITETURA PAISAGISMO,
PAISAGÍSTICA: HISTÓRIA
CONCEITOS E E ESTILOS DE
PERCEPÇÕES JARDINS

3
71 4
109
PAISAGISMO, DO COMPOSIÇÃO,
RENASCIMENTO AO CONCEITO
CONTEMPORÂNEO E PARTIDO
DO PROJETO
PAISAGÍSTICO

5 141 6
173
ESPAÇO VEGETAÇÃO E
ARQUITETÔNICO: CARACTERIZAÇÃO
ELEMENTOS DE DE ESPÉCIES
COMPOSIÇÃO USADAS EM
JARDINS
7 8
203 227
SISTEMAS PAISAGISMO E A
SUSTENTÁVEIS E ANÁLISE PARA
TECNOLOGIA NO ORGANIZAÇÃO
PAISAGISMO DO CONTEXTO
PROJETUAL

9
249
ETAPAS DE
PROJETO E
REPRESENTAÇÃO
GRÁFICA NO
PAISAGISMO
1
Arquitetura
Paisagística:
Conceitos e
Percepções
Me. Lessyane Rezende de Matos Souza Bonjorno

Estudaremos como a relação do elemento vegetal dentro dos am-


bientes, sejam eles privados, urbanos ou naturais, sempre influen-
ciaram o modo de viver dos povos, refletindo momentos culturais,
momentos econômicos e também a relação religiosa e de bem-estar
das culturas no mundo. Portanto, entender o Paisagismo, seus con-
ceitos, suas bases e sua integração homem-natureza é reconhecer
que esta ciência também é uma Arte, que pela sua diversidade de
texturas, aromas, cores e formatos promove uma plástica diferen-
ciada conduzida pela delicadeza, com exuberância e harmonia,
modificando e qualificando espaços.
UNICESUMAR

Hoje, a influência da arquitetura moderna nos direciona a pensar e planejar espaços mais racio-
nais. Conceitos de preservação, sustentabilidade estão diretamente relacionados aos projetos. Mas
quanto será que os profissionais pensam na integração da edificação com a natureza? O quanto
uma residência modificou a paisagem de um determinado local? Sempre imaginamos que a idea-
lização do paisagismo traz somente o elemento vegetal para o projeto em áreas livres, mas não
é bem assim, um bom paisagista vai vislumbrar todo o espaço livre, seja ele interno ou externo,
organizando-o de modo que os elementos naturais trarão o bem-estar ao usuário, promovendo
o emolduramento e contemplação da paisagem, além do uso e lazer relacionados a fatores emo-
tivo-sensoriais, naturais, sociais, econômicos e culturais.
Há muitos fatores que modificam nossa maneira pela qual percebemos os espaços, sejam eles livres
ou fechados. Tudo tem uma relação evidente com a escala, elemento, cores, texturas e local no qual
estão inseridos. Podemos afirmar que a discussão do que planejar no projeto paisagístico vai além dos
elementos, mas também das percepções do conjunto e paisagem que ele está inserido.
O paisagismo define-se como uma ciência capaz de recriar espaços vivos para nossa convivência.
Entender a paisagem natural, e suas transformações ao longo tempo, sejam elas com as intervenções
humanas e com a ação da natureza, faz com que sejamos mais fiéis a esta constituição, inicialmente
com uma construção mental e perceptiva, reconhecendo lugares, relacionando-se com o espaço e
compreendendo-o. Assim, o embasamento será mais fiel e o projeto estará mais em consonância
com o contexto local.

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UNIDADE 1

Eu te convido a analisar um espaço livre, pode ser da sua casa, do seu local de estudo, do quintal
vizinho, praça ou edifício público. Visite-o, analise as áreas verdes e áreas pavimentadas, reconheça
o quanto pode ter de contato com estes elementos, verifique como pode usá-los, reconheça se neste
espaço só tem vegetação, ou estruturas de uso e de lazer. Observe atentamente, feche os olhos e elenque
quais os elementos te chamam mais atenção. Escute os sons, sinta o vento, o calor ou a chuva, tateie
para perceber as texturas, mas cuidado! Existem plantas com espinhos!!!
Depois de ter percorrido o lugar, reconhecendo todo o espaço e seus usos, imagine como deve ter
sido o processo do paisagista em dimensionar e conduzir o planejamento desta área. Lembre-se de ter
um olhar crítico, porém valorize as boas soluções!
Realizar um projeto paisagístico é se aproximar da natureza e tentar conduzi-la a fim de promover
o bem-estar dos usuários. Você projeta ambientes que emolduram edificações e compõem com a pai-
sagem natural. Você promove no espaço livre o uso para contemplação, o lazer, a reunião de pessoas,
a brincadeira e a integração do homem-natureza. A paisagem é mutável e cria cenários diferentes, nas
mudanças das estações. Não é impressionante perceber esta mudança? Ter esta sensação? Busque conhe-
cer os lugares onde vive, perceba como a árvore da rua floresce, dá frutos, cai as folhas, fica seca e logo
depois aparece frondosa. As estruturas, muitas vezes, se escondem atrás das mudanças naturais. Como,
por exemplo, em lugares bem frios, que nevam, a paisagem muda radicalmente durante o ano. Lagos
congelam, elementos são encobertos pela neve. A vegetação muda sua coloração substancialmente!

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UNICESUMAR

A arquitetura paisagística vai além da criativida-


de, ela envolve o conhecimento sobre arte, pin-
tura, escultura, proporção de escala, geometria,
matemática e os conhecimentos técnicos e cientí-
ficos sobre plantas e materiais. Assim como qual-
quer ramo da arquitetura, trata-se de um mercado
em constante mudanças, transformando-se de
acordo com a evolução da sociedade, regiões que
esta população vive, hábitos e culturas, além de
emergentes situações no mundo.
De acordo com Barbosa (2000), o paisagis-
mo pode ser definido como uma arte de recria-
ção do belo proveniente da natureza, capaz de
proporcionar belas paisagens e uma melhor
qualidade de vida para sociedade. “Um projeto
paisagístico pode ser feito com a ausência de
plantas, mas em sua maioria este é o elemento
de maior importância para a consolidação do
projeto” (TUPIASSÚ, 2008, p. 129).
Definimos o paisagismo como um proces-
so de manejo consciente, de planejar e recriar
fisicamente a paisagem. Ele deve ser um pro-
cesso consciente de transformação dos espaços
livres, que se iniciou no momento em que o
homem viu a necessidade de organizar o seu
habitat, adaptando-o às necessidades funcio-
nais, estéticas ou ambientais.
Estas transformações vão sempre levar em
consideração os usuários, o espaço e os elementos
que se quer contemplar no projeto, baseados na
rotina do lugar, na cultura e na economia atual,
ou seja, quais as necessidades e valores que aquela
sociedade exige para aquele espaço.

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UNIDADE 1

O paisagismo é uma atividade que trabalha com a organização dos espaços, tendo como objetivo
proporcionar bem-estar aos seres humanos, atendendo suas necessidades e conservando os
recursos desses espaços. Portanto, o paisagismo reúne a arte de criar com a técnica de viabilizar.
No paisagismo, abordamos sempre sobre o jardim.
“A palavra jardim tem origem: Gan = proteger, defender + eden = prazer, satisfação, delícia, for-
mando assim o termo garden, no inglês, e jardim, no português. Em diferentes culturas, o jardim
sempre está associado a um espaço perfeito, um ambiente de harmonia, beleza e satisfação
espiritual, um verdadeiro paraíso. Justamente desse conceito vem a referência cristã ao jardim
do éden como o paraíso¨.
Fonte: Gonçalves (2017, p. 15).

Figura 1 - (a) Residência moderna; (b) Projeto de paisagismo

Descrição da Imagem: a Figura 1(a) traz uma imagem da fachada de uma residência moderna onde é possível notar que seu sistema
construtivo foi realizado em estrutura metálica na cor preta, concreto armado e transparências através dos vidros; sua volumetria
com composição geométrica, volumes suspensos com brises em madeira buscam uma integração com o amplo quintal coberto com
a vegetação e perspectiva para a paisagem local; sua entrada de veículos (à esquerda da imagem) possui pisadas em concreto que se
intercalam com rasgos que permitem a passagem da grama, ao lado mais à direita podemos notar a entrada de pedestres que possui
duas pisadas suspensas, técnica construtiva que transmite modernidade e leveza. A Figura 1(b) traz uma fotografia que representa
um pouco de como o paisagista planeja suas áreas livres, quase sempre ligado ao elemento arquitetônico, onde, como forma ideal,
vislumbra e tenta promover perspectivas da paisagem externa. Fica evidente ser um estudo humanizado, onde se utiliza de técnicas de
representação para planejar vegetações, representar edificações e demais elementos. Círculos maiores representam árvores em planta
baixa que são dispostas de forma a criar propositalmente sombreamento em locais desejados, no canto inferior direito nota-se um
elemento em cor azul, que traz a representação de uma piscina e todo o paisagismo que o rodeia. O piso se diferencia de quadriculado
(quando é cerâmica ou porcelanato) a formas mais orgânicas (quando são elementos naturais como pedras), e um degradê de verde
claro (quando se representa uma espécie de grama ou forração). Encontramos, também, a representação de elementos como mesas
(na parte superior) e um veículo estacionado na cor azul, elementos que complementam a humanização do estudo.

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UNICESUMAR

Ao ver as imagens da Figura 1(a) e 1(b), como você acredita que tenha sido desenvolvido tal edificação?
Comparando as imagens e refletindo sobre elas, será que podemos considerar que alguns elementos
modificam a maneira que percebemos o espaço? Repensar como utilizamos os espaços ou como
podemos promover a configuração dos vazios a fim de criar e influenciar as sensações desejadas, é
papel fundamental do paisagista. Qual seria o primeiro passo para pensar em um projeto paisagístico?

Já imaginou que, no mesmo lugar, podem ser desenvolvidos espaços de diferentes funções? Um
determinado lugar pode abrigar uma horta e um pomar, ou uma piscina e uma churrasqueira para
reunião de uma família?

Figura 2 - Quintal residencial

Descrição da Imagem: a imagem retrata uma área livre residencial, privada. Onde uma família faz uma reunião no jardim. O Espaço está
decorado para uma festa, as crianças correm brincando e a família faz uma refeição. Típica cena de uma reunião familiar em um domingo.

Toda a intervenção paisagística se inicia pelas relações estabelecidas do espaço com o contexto da pai-
sagem onde será desenvolvido o projeto. Esta deve ter sua identidade e características compreendidas
e consideradas em todos os seus aspectos. Verifica-se diversos aspectos ligados à própria paisagem,
que permitem sua identificação e reconhecimento, como o ambiente físico onde se insere, o bioma
do qual faz parte e o contexto humano e sociocultural que a compõem.

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UNIDADE 1


A paisagem determina o contexto para tudo que é construído e para as atividades coti-
dianas de nossas vidas. Qualquer coisa que é construída na paisagem precisa levar em
consideração seu entorno e sua inserção no meio, para que possa ser bem-sucedida e
sustentável, e isso é essencial para a prática da arquitetura paisagística (WATERMAN,
2011, p. 50).

Ela é resultado de uma síntese de elementos que estão ao alcance do olhar de uma pessoa. É a pers-
pectiva de alguém que vislumbra uma determinada área, seja ela urbana ou natural.
Nos grandes centros urbanos, a paisagem é resultado da intervenção do homem no meio natural, é
produzida através das intervenções urbanísticas, as edificações, a pavimentação e a vegetação urbana,
na sua maioria arbórea. Esta guarda a memória de transformações ambientais, políticas, culturais, entre
outras de um determinado lugar. Certificar-se em qual contexto paisagístico este espaço está inserido
e respeitar sua identidade é o primeiro passo para lidar com os diversos fatores que o constroem,
permitindo projetar em consonância com o contexto, sempre diverso.
Sabe-se que, se pensar em projeto paisagístico no Brasil, já nos traz uma diversidade de evidências a
serem consideradas. Clima, solo, biomas, e precipitações diferentes para cada região. São perfis bem distin-
tos e com características ímpares que provocam uma abordagem pontual para o projeto a se desenvolver.
“A paisagem não é imutável, mas, sim, passível de transformação ao longo do tempo, seja pela intervenção
humana ou através da natureza, a exemplo da passagem das estações do ano” (MALAMUT, 2014, p. 14).

Figura 3 - Paisagem Curitibana

Descrição da Imagem: a imagem retrata uma área urbana de Figura 4 - Vilarejo do Rio Grande do Norte
Curitiba, este espaço é a praça do Lago da Ordem no centro
histórico da cidade. Identifica-se a Praça Garibaldi, Igreja do
Rosário, emoldurados pelo jardim e frondosos indivíduos Descrição da Imagem: a imagem retrata uma vila de Pescado-
de Araucárias angustifólias, o nosso Pinheiro do Paraná, ve- res da praia de Muriá do Rio Grande do Norte. Esta região de
getação arbórea característica da região sul do Brasil. Na clima litorâneo, bem quente e, por estar próximo do mar, tem
imagem, também se identifica edificações do centro histórico ação evidente dos ventos, vegetação de mangue e palmeiras
de Curitiba, do lado esquerdo, a Igreja de paredes em tons que se desenvolvem muito bem no litoral. Observa-se uma
azuis e emolduramento branco, telhado em telhas de barro rua com calçamento em paralelepípedo, calçada de uma praça
terracota, e torre do campanário, envolvida por esculturas. com três palmeiras e ao lado esquerdo um banco em concreto
Ao centro o jardim e com três árvores Araucárias, ao fundo com pintura branca. Ao fundo, uma edificação amarela, com
edificações do centro histórico, em tijolo aparente, cinza e três portas frontais, em madeira, e ao fundo fachadas de
amarela, todas com telhados de barro. Ao fundo, um skline residências, com paredes na cor branca e telhados em telha
do centro de Curitiba-PR. de barro, terracota.

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UNICESUMAR

Figura 5 - Praça do monumento de abertura dos Portos em


Manaus Figura 6 - Paisagem urbana de São Joaquim-SC

Descrição da Imagem: a imagem retrata uma praça que Descrição da Imagem: a imagem retrata um homem ca-
emoldura um monumento em concreto, com espelho de água. minhando pela rua na cor cinza, com aspecto de umidade,
Este é emoldurado por uma sequência de árvores, típicas da ao lado de uma área totalmente coberta pela neve branca,
região amazônica. A praça apresenta pavimentação realizada árvores caducifólias, durante um dia de frio em Santa Catari-
com pedras, típicas do “mosaico português”. na. Ao fundo, visualizamos duas residências na cor marrom.

É nítido que por meio da paisagem é que reconhecemos lugares, guardamos na memória momentos,
sensações e experiências. Uma forma de apropriação com os espaços e a compreensão deles.


Recentemente encontrei, na Serra de Sincorá, na Bahia, um perfeito jardim natural. Ali,
em graciosos terrenos, lagos e encostas de rocha estratificada, cresciam Clúsias com
folhas brilhantes e verde-escuras, cor que se repetia nos antúrios e nas folhas de certas
orquídeas. Haviam bromélias douradas, verdes e acinzentadas, cravos do ar Tillandsias-
alguns prateados outros com listras roxas púrpuras, minúsculas Eufórbias, pequenas
Tibuchinas e alguns cactos (MONTERO, 2001, p. 44).

A organização do espaço livre é associada a fatores de pertencimento e identidade com o lugar, con-
dicionadas ao equilíbrio ambiental (acessibilidade, segurança, salubridade), funcionalidade (dimen-
sionamento e habitabilidade) e formal (uso, aproveitamento, qualidade estética) para proporcionar o
uso aos interesses humanos.
Mas o que é o Paisagismo? O paisagismo é a única expressão artística em que participam os cin-
cos sentidos do ser humano. “Enquanto arquitetura, a pintura, a escultura e as demais artes plásticas
usam e abusam apenas da visão, o paisagismo envolve também o olfato, a audição, o paladar e o tato,
o que proporciona uma rica vivência sensorial, ao somar as mais diversas e completas experiências
perceptivas” (ABBUD, 2010, p. 15).
No Brasil, este termo é um termo genérico, utilizado para nomear as diversas escalas e formas de
ação no estudo sobre a paisagem e implantação de jardins privados ou a idealização de projetos mais
complexos, como praças e parques. A conceitualização da arquitetura paisagística ou sobre a paisagem
são diretamente vinculadas aos conceitos de habitat e principalmente de lugares e ecossistemas diver-

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UNIDADE 1

sos. “Deve-se ter em mente que as formas espaciais são fluídas, livres e instáveis, como uma bolha de
ar que se expande com desenho caprichoso e imprevisível e se relaciona com uma bolha de ar maior,
que é abóboda celeste, o teto mais alto de todas as paisagens” (ABBUD, 2010, p. 19).
O projeto paisagístico estará sempre ligado ao “espaço livre”, seja ele uma rua, um pátio, um jar-
dim ou um parque e nem sempre tratará somente da inserção do elemento natural “vegetação” para
sua concretização. Observa-se que, no meio urbano, muitas vezes o projeto configura-se mais pelas
estruturas construídas do que pelo uso da vegetação.

Figura 7 - Praça do Vaticano

Descrição da Imagem: a imagem apresenta a formação espacial vista em perspectiva superior da praça de São Pedro. Fica evidente
o desenho principal da praça que segue a forma geométrica ovalada, o piso da praça é todo pavimentado, com marcações em linhas
brancas que se convergem para um ponto central, onde encontramos um grande Obelisco. Em suas laterais, podemos observar uma
parte coberta composta por 88 colunas gregas no estilo dórica sequenciadas, e cobertura marrom em telha cerâmica; é possível notar
a presença de estátuas de santos na cor branca, ao todo são 140, que foram esculpidas pelo artista Bernini.

A praça de São Pedro no Vaticano é um belo exemplo de como a intervenção urbana e paisagística,
implantada por Bernini durante longos 12 anos no século XVII, teve a intenção de criar um espaço
de reunião de público e contemplação da Basílica de São Pedro (ver Figura 7). E a pedido do Papa
Alexandre VII, Bernini foi incumbido de requalificar o espaço que antes era retangular e sem pavi-
mentação. Ele planejou uma praça em forma elíptica pensando em dois espaços abertos em conjunto,
com o obelisco central representando o elo entre a antiguidade e a cristandade. Assim, todo peregrino
que adentrar a praça terá a perspectiva do altar em que o Papa até hoje realiza a sua bênção “urbi et
orbi” (à cidade e ao mundo).

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UNICESUMAR

Todo projeto inicia-se de uma preconcepção tridimensional, desenvolvida de modo que consiga a
qualificar de forma ambiental, estética e funcional um espaço livre. A essência do espaço livre é bem
diferente da arquitetura e do urbanismo, pois o paisagismo está diretamente ligado aos condicionan-
tes da natureza. O ar, a água, o fogo, a terra, a flora, a fauna e o tempo são elementos dinâmicos que
influenciam diretamente nas mudanças do projeto de um jardim, por exemplo.
Considera-se, também, que este deve ser constituído pela paisagem natural, moldada no relevo, nos
cursos d’água e outros. E também pelo comportamento individual e coletivo das pessoas. O Jardim é
a transição entre a arquitetura e a paisagem, diz Burle Marx. Para ele, o jardim é o contato essencial
do ser com a natureza, a justa proporção entre o pequeno mundo interior e a imensidão do mundo
exterior, para que se restabeleça o equilíbrio e se alcance a serenidade.

Figura 8 - Vista do Parque Inhotim

Descrição da Imagem: a imagem traz uma interessante composição, podemos observar em seu centro uma edificação em cor branca,
e sobressaindo-se em primeiro plano um conjunto de plantas que se intercalam em diferentes tamanhos e se destacam em uma escala
de cores gradual (bordô, mesclas de amarelo, verde e vermelho, forração verde e palmeiras ao fundo na cor verde. Um enorme lago com
águas esverdeadas logo mais à frente traz um efeito espelhado, podendo ser visto o reflexo da composição na água. Todo este cenário
localiza-se dentro de um parque em Brumadinho-MG, que tem toda a sua composição tropical projetada pelo paisagista Burle Marx.


O paisagismo também funciona como ferramenta de auxílio para recriar espaços vivos e
ter de volta áreas verdes em nossa convivência. A natureza fornece vida e é fundamental
a sua preservação. Sem as plantas essa vida não existiria e a jardinagem fornece a chance
de transformar positivamente, melhorando as condições ambientais locais, reflorestando
áreas, agindo em uma área considerada inadequada e as transformando em um jardim
maravilhoso (TUPIASSÚ, 2008, p. 16).

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UNIDADE 1

De acordo com Barbosa (2000), o paisagismo pode ser definido como uma arte de recriação do belo
proveniente da natureza, capaz de proporcionar belas paisagens e uma melhor qualidade de vida para
sociedade. “Um projeto paisagístico pode ser feito com a ausência de plantas, mas em sua maioria
este é o elemento de maior importância para a consolidação do projeto” (TUPIASSÚ, 2008, p. 129).
No contexto ambiental, o paisagismo tem papel fundamental na relação com o conforto urbano. A
presença da vegetação contribui para o sombreamento através das árvores, maciços e superfícies vege-
tadas que regulam a temperatura de determinada região. Além disso, planos vegetais bem planejados
trazem benefícios relacionados ao controle dos ventos, amenização de ruídos e a retenção da poeira e
fumaça do ar. Áreas vegetadas preservam a capacidade de permeabilidade do solo, contribuindo com
os lençóis freáticos e reduzindo as inundações e alagamentos. Para Roberto Burle Marx, principal
nome do paisagismo brasileiro, era importante que o jardim fosse bem-sucedido ecologicamente,
adaptando-se à paisagem e ao clima local.

Figura 10 - Terraço urbano


Figura 9 - Rua em um centro urbano

Descrição da Imagem: a imagem apresenta um mirante, com-


Descrição da Imagem: na imagem podemos observar na posto por uma grande área pavimentada, contornada por es-
parte inferior central o calçamento da cidade feito através truturas metálicas (guarda-corpos). Neste local, encontram-se
de paralelepípedos, em suas laterais fica evidente a presença vários turistas com roupas despojadas, típicas de verão devido
de carros de diversas cores, vermelhos, brancos e azuis me- à grande incidência solar no local, estes observam a paisagem
tálicos, estacionados à sombra das árvores. Uma velha rua que traz a perspectiva do mar azulado que se funde com o céu
pavimentada em um dia ensolarado de verão, os carros e o azul e nuvens brancas. Ao fundo da imagem, podemos notar a
padrão natural de sombras das frondosas árvores que criam presença de vegetações que fazem o sombreamento e refres-
uma perspectiva e uma profundidade agradável. camento de parte do mirante em dias quentes.

Atualmente, a postura profissional do arquiteto-paisagista amplia-se dentro do espectro de ações


compensatórias e mitigadoras de impactos ambientais resultantes do processo de desenvolvimento
humano, aproximando a abordagem projetual da de sustentabilidade ambiental.
No ponto de vista do planejamento ambiental, a atividade paisagística apresenta-se cada vez mais
como instrumento de conciliação das necessidades humanas com a natureza, traduzida em ambientes
saudáveis, concebidos na medida dos interesses de uma sociedade que pretenda viver em harmonia
com seu habitat.

21
UNICESUMAR

Existem duas abordagens quanto ao universo de atuação do paisagista:


(A) Sobre os espaços livres de edificação: o paisagista atua na escala pontual e procura
definir instrumentos e meios de reconfiguração dos espaços livres (ruas, pátios, largos,
praças, jardins etc.) com base em critérios e posturas específicas de projeto.
(B) Por sua atuação ser restrita à quadra ou lote, é chamado de escala pontual. Por outro
lado, em espaços muito reduzidos (atividade restrita ao design), o Paisagismo assume um
caráter especificamente decorativo. O conjunto de espaços livres de edificação tratados
paisagisticamente contribui para a qualificação da paisagem urbana como um todo. É
na escala pontual que grande parte da produção de trabalhos em Paisagismo é reali-
zada, por permitir o envolvimento de um único profissional na condução do projeto.
(C) As praças são exemplos de intervenções concebidas nos espaços livres de edificação
e que proporcionam alterações positivas na paisagem urbana, ao mesmo tempo em
que oferecem um palco de sociabilidade. Mesclando pisos permeáveis e impermeáveis,
com ênfase no segundo, as praças estruturam a malha urbana e descongestionam a
paisagem, proporcionando equilíbrio visual e ambiental.
(D) Sobre os espaços livres de urbanização: o paisagista atua na escala de um território
ou região, estabelecendo critérios e formas de intervenção. Elabora planos diretores de
manejo e de proteção ambiental (APA), planos e políticas de intervenção e preservação
da paisagem numa escala macro, sendo chamado de macropaisagismo e envolvendo
equipes multidisciplinares. Essa escala de atuação exige uma análise circunstanciada
dos elementos geobiofísicos e das estruturas socioeconômicas envolvidas no processo
de intervenção (NIEMEYER, 2019, p. 14).

Na arquitetura paisagística, a classificação do paisagismo quanto à sua proporção se organiza de duas


formas, utilizando as escalas quanto à representação gráfica do projeto paisagístico. Micropaisagismo:
desenvolvido em espaços pequenos, com escalas menores, podendo ser desenvolvido por apenas um
profissional devido às proporções menores. Macropaisagismo: projetos paisagísticos desenvolvidos
em grandes espaços, sendo eles: parques, bosques e arborização urbana, estes representam escalas
maiores e podem ser desenvolvidos em equipe, onde envolve técnicas complexas e multidisciplinares.


Paisagismo não pode ser caracterizado como uma simples criação de jardins a partir
do plantio desordenado de plantas ornamentais. O paisagismo é mais que isso, trata-se
de uma técnica artesanal unida à sensibilidade, e procura a reconstituição da paisagem
natural dentro de um cenário que foi devastado por construções, para isso são necessá-
rios os conhecimentos de botânica, ecologia, variações climáticas regionais, arquitetura
e agricultura (BARBOSA, 2000, p. 11).

22
UNIDADE 1

Percepção e Espaço: sabemos que a percepção humana é muito individualizada, cada um vê e percebe
de uma forma pontual. O sistema de percepção humano sempre se vale das relações entre os elementos
e não das características isoladas de cada um. É a partir das relações que identificamos e compreende-
mos as características de cada objeto. As qualidades percebidas são relativas ao contexto e ao entorno.
Assim, o azul nos parece mais azulado quando estiver rodeado por branco, o verde mais intenso,
quando próximo do amarelo, e o vermelho mais forte rodeado pelo verde. O frio parece maior quando
próximo do calor e um espaço é mais iluminado quando este é precedido por uma circulação escura
como exemplo. Portanto, as pessoas não estão preparadas para relacionar qualidades de uma forma
objetiva e irreversível.

Ouça nosso podcast: arquitetura paisagística - um caminho para sentir


e planejar. Nele vamos discutir como a apropriação do espaço, as per-
cepções e conceitos relacionados ao espaço livre podem influenciar
na arquitetura tão eficiente, propondo espaços com preocupações do
bem-estar e ecologicamente corretos. Como podem hoje nos inspirar na
busca de soluções sustentáveis e novas tecnologias aliadas ao natural.

Essência do Espaço: segundo Abbud (2010), a essência do espaço em paisagismo é diferente daquela
da arquitetura e do urbanismo, pois resulta de matéria-prima distinta, obtida de elementos e condi-
cionantes da natureza:
• o ar, que tudo envolve e faz viver os seres, é o elemento que respiramos; de ar é o espaço, e o
espaço é fundamental para a paisagem;
• a água, que é sempre o centro das atenções do jardim, exerce fascínio sobre as pessoas, espelha
o céu e proporciona tranquilidade, quando em superfícies horizontais sem movimento;
• o fogo traz luz, calor e aconchego à noite, quando em tochas, piras, fogueiras e mesmo em
lareiras ao ar livre;
• a terra, que é o hábitat da fauna e da flora, funciona como base de nossos projetos:
• a flora fornece o principal material de trabalho ao arquiteto paisagista;
• a fauna vive e contribui para o equilíbrio dos espaços paisagísticos;
• o tempo, que é uma espiral ascendente, muda a paisagem, faz transformar, crescer e amadurecer
o projeto de paisagismo ao longo das quatro estações e ao longo dos anos (ABBUD, 2010, p. 18).

Ao ter contato com um espaço, não é possível identificar totalmente por meio dos sentidos e relações
as potencialidades do local com exatidão. Entendemos e reagimos pela nossa percepção.

23
UNICESUMAR

Na configuração dos espaços, é a proporção (relação) que vai definir a sensação proposta. A mesma
dimensão aplicada em situações diferentes pode evocar sensações e entendimentos diferentes.
“O espaço físico pode ser medido matematicamente, enquanto o espaço psicológico é percebido
apenas com as sensações” (ABBUD, 2010, p. 18). Um espaço árido, com muros altos, gera uma leitura
do espaço, caracterizando-o como uma pequena área. O uso de vegetação, tal como arbusto em volta
do muro, e alguns arbustos menores escalonados na frente, reduz o espaço físico, mas altera o espaço
psicológico, gerando uma sensação de amplitude e conexão com os elementos que ultrapassam o muro.
Uma mesma dimensão é percebida de maneiras diferentes em contextos diferentes, uma vez que
está submetida a um sistema diferente de relações.
Por exemplo, uma mesma largura de caminho pode ser percebida como ampla em um contexto e
estreita em outro. A concepção espacial e as sensações por ela provocadas resultam do jogo de propor-
ções em cada espaço e das relações estabelecidas entre os diversos espaços que compõem um projeto.

Figura 11 - Jardim urbano

Descrição da Imagem: a imagem apresenta uma grande área verde, composta de elementos construídos, no lado direito observa-se
grandes pilares de concreto, que servem de sustentação para uma passarela também em concreto que serve para fluxo de pedestres
ou carros. No lado esquerdo, é possível notar a existência de um passeio com calçamento em concreto na cor creme e suas laterais na
cor branca; este caminho se direciona no mesmo sentido da passarela e está envolto por uma sequência de árvores locadas em ambos
os lados do caminho que fazem o sombreamento. É possível notar a existência proposital de bancos em madeira e concreto dispostos
para o descanso ou para contemplação da paisagem; no centro, uma bicicleta apoiada em uma árvore.

24
UNIDADE 1

As relações internas aos ambientes, entre sua al-


tura, largura e comprimento, causam sensações
específicas, assim como as relações entre os es-
paços modificam a forma como são entendidos
os espaços e os ambientes. São as relações entre
os espaços, e não cada uma de suas dimensões
isoladamente, que fazem com que os percebamos
como maiores ou menores, amplos ou apertados,
largos ou estreitos, altos ou baixos, luminosos ou
escuros. Observa-se na (Figura 11) como a orga-
nização da vegetação emoldura o caminho que
permanece na mesma largura, porém as sequên-
cias dos indivíduos arbóreos transmitem uma
sensação de estreitamento da passagem.


Como o real não pode ser afe-
rido perceptivamente, apenas
o relacional, o proporcional,
é passível de percepção, a
realidade de cada um é a sua
realidade percebida. Com-
preendendo a maneira com
que esses fenômenos ocorrem
podemos interferir no proces-
so, criando sensações diversas
daquelas que o espaço origi-
nal, anterior à intervenção,
proporciona a seus usuários.
Isso ocorre, pois os resultados
perceptivos não são gerados
pela soma dos componentes
de um espaço, mas pela ma-
neira com que se relacionam
(MALAMUT, 2014, p. 37).

A descrição de um trajeto urbano pode ajudar a


compreender como as relações de cada espaço e
a sucessão destes interfere na maneira com que
percebemos o espaço e nos relacionamos com ele.

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UNICESUMAR

Figura 12 - Viela urbana

Descrição da Imagem: a imagem mostra uma rua estrei-


ta, com seu perímetro todo edificado por construções com
tijolos de barro aparente, são edificações com pelo menos
dois pavimentos e suas janelas sequenciais, com molduras
escuras. A pavimentação da viela foi realizada com pedras, e
identifica-se a vegetação como ornamento da calçada, junto
com poste em estrutura preta e iluminação amarela. Uma
massa vegetal arbórea verde, junto às fachadas, e também
vegetação esverdeada ornamentam janelas e portas.

26
UNIDADE 1

O paisagismo pode cumprir a proposta de setorizar o espaço de forma leve e integrada, caracterizan-
do o espaço que cada pessoa, cada carro deve ocupar, espaços de caminhada e de permanência. Cria,
desta forma, um ordenamento do espaço urbano sem regras e com barreiras restritivas, mas através
da percepção que cada elemento do paisagismo pode transmitir, gerando um ordenamento natural
do espaço. Ver Figura 12.

Título: Fundamentos do Paisagismo


Autor: Tim Waterman
Editora: Bookman
Sinopse: das mudanças climáticas às comunidades sustentáveis, a arquite-
tura paisagística está associada às questões cruciais da atualidade. Escrita
de forma didática, esta obra fornece uma introdução às premissas básicas
desta abrangente área. O texto está dividido em tópicos que abrangem os
precedentes históricos, noções de paisagismo, representação gráfica, entre
outros. Contendo inúmeras e belíssimas ilustrações em cores, serve também como um guia para
as diferentes especializações dos arquitetos paisagistas.

Além de criar essa leitura sensitiva da paisagem, também cumpre a função de ordenamento, separação
e organização dos espaços.
Espaço psicológico: a paisagem pode ser percebida de três linhas diferentes segundo Waterman:
a) a vista do espaço para fora, b) as vistas dentro do próprio espaço e c) as vistas de fora para dentro
do espaço. Cada uma delas gera a percepção global do espaço. No processo projetual, todas devem
ser levadas em consideração para criar a percepção espacial. Ele defende que ainda as vistas podem
formar o elemento principal de um espaço para meditação e relaxamento, por exemplo, mas podem
também ser utilizadas para induzir as pessoas à movimentação.
As paisagens antropizadas são compostas por diferentes elementos que compõem essas vistas, não
apenas a fauna e a flora, mas também edificações, ruas e calçadas, esculturas e mobiliários urbanos
etc. Todos esses elementos contribuem para criar uma percepção do paisagismo. Entendendo esse
conjunto de elementos que compõem as vistas, o paisagismo poderá criar molduras destacando ele-
mentos arquitetônicos, urbanos, entre outros.
Ao sentir a paisagem, o homem desencadeia todos os sentidos. A visão é a primeira e mais
complexa. Consegue analisar com muita agilidade e formalizar uma ordem de elementos que compõem
o campo de vista. Funciona com um processo que capta uma sequência de planos, dos mais próximos
aos mais distantes. Quando uma pessoa está se movimentando, este processo se inverte, como se o
que está mais perto, perdesse sua percepção, e o que se está mais distante, permite o reconhecimento
de detalhes que organizam a imagem.

27
UNICESUMAR

Quando a visão focaliza os elementos vegetais, percebe as formas das copas, flores e folhas, dos
caules e galhos. Investiga as inúmeras cores das florações, folhas e folhagens e informa, também, sobre
as texturas, macias ou ásperas, miúdas ou graúdas, sobre os efeitos de lisura ou rugosidade, de brilho
ou opacidade presentes em folhas e flores. A visão acompanha a dança das ramagens e das copas ao
vento. Encanta-se com o brilho do sol que aquece e ilumina, com a chuva que escurece e molha e
também com a escuridão da noite, pontuada pelas luzes da lua e das estrelas.
O tato opera de outro modo. Precisa do contato direto com os elementos naturais, de modo que
perceba se sua temperatura é quente ou fria, se há rugosidade, lisura, aspereza, maciez ou dureza. O
tato também informa sobre o calor do sol, a frescura da sombra e outras sensações.
Já o paladar possibilita conhecer os jardins de maneira diferente: faz a boca regalar com diversas
frutas e flores comestíveis que povoam os espaços ajardinados. Permite saborear os temperos e as es-
peciarias que, colhidos frescos, enriquecem a comida – ou os chás e as infusões de folhas e sementes
que acalmam ou estimulam.
Tudo é som nos jardins. A audição faz conhecer o murmúrio das águas, o farfalhar das folhas, o
sacudir dos ramos ao vento, o ruído do caminhar sobre pedriscos, o canto dos pássaros.


Também tudo atrai o olfato nas áreas ajardinadas, seja pelo cheiro das plantas no frescor
da manhã, no cair da tarde ou em dia de chuva, seja pelo odor da grama recém-cortada,
pelas nuvens de perfumes que diversas flores, folhas, cascas e ramos podem exalar em
vários momentos do dia e da noite (ABBUD, 2010, p. 17).

Portanto, é papel do paisagista organizar a essência do paisagismo, utilizando dos potenciais das plantas,
para criar proporções, aromas, texturas, cheios e vazios, que se transformarão ao longo das estações.

Quer aprender mais sobre os jardins sensoriais, com suas múltiplas


possibilidades de exploração para todo tipo de público, seja ele formado
por deficientes, idosos, crianças ou adultos? Esses espaços trabalham
com experiências educativas e recreativas, por meio da exploração dos
sentidos do corpo humano, e já estão presentes em diversas cidades do
mundo todo, especialmente em áreas abertas ao público, como univer-
sidades, praças, jardins botânicos e escolas. Acesse o QR-Code a seguir
para conhecer um exemplo.
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

28
UNIDADE 1

Paisagismo, tempo e movimento: “A paisagem não é estática, pois tudo que a compõe é passível de
transformação” (MARX; TABACOW, 2004, on-line). O tempo é um fator de influência na percepção
da paisagem. Uma paisagem se modifica ao longo das diferentes estações climáticas e dos diferentes
anos, gerando novos cenários, novas sensações, novas percepções.

Figura 13 - Hurd Park, Dover, Nova Jersey

Descrição da Imagem: as quatro imagens mostram a transformação do espaço no decorrer das estações. A imagem no canto superior
esquerdo relata a paisagem no inverno, a cor cinza, predominante, apresenta as árvores e solo cobertos pela neve branca. A imagem
superior no canto direito representa a estação do verão onde toda a área está bem esverdeada, por conta da forração e copas das
árvores. As imagens inferiores tratam da estação primavera e outono, a da esquerda com as copas das árvores floridas em um tom
rosa-púrpura e gramado extenso e verde. A da direita apresenta as árvores caducifólias, com copa bem alaranjada, típica do outono,
quando as folhas secam e caem, todo o gramado também está forrado com as folhas secas.

Um paisagismo recém instalado gera uma sensação, possui uma escala e uma proporção. Os anos o
transformarão em um novo espaço, com novas sensações; e as estações vão gerar cenários dos mais
diversos, com diferentes florações, cores de folhas, entre outros aspectos.
O paisagismo sustentável é dinâmico, versátil e diverso. A percepção do espaço paisagístico irá
depender da complexidade e integração de todos os elementos.

29
UNICESUMAR

Há ainda alguns fatores que modificam a maneira pela


qual percebemos as características de um espaço. A pro-
ximidade entre elementos, por exemplo, facilita a sua per-
cepção como um conjunto. Assim, conjuntos heterogêneos
podem ser formados pela simples aproximação de diversos
elementos. A semelhança de cor, forma ou textura tam-
bém faz com que formemos agrupamentos visuais. Desta
maneira, elos visuais podem ser criados pela repetição de
determinadas características, criando tensões de aproxima-
ção entre elementos distantes ou transformando elementos
fisicamente isolados em conjuntos.
Em várias situações percebemos elementos incompletos
como se estivessem completos, fazendo seu fechamento vi-
sual automaticamente. Completamos mentalmente figuras
fisicamente inexistentes, a partir de fragmentos que suge-
rem sua forma. Esse recurso pode ser utilizado, por exem-
plo, para evidenciar limites, sem a necessidade de apresentar
linhas contínuas que os definam. Direções predominantes,
ritmos e fluxos visuais também orientam o entendimento
do espaço pela boa continuidade, que quando construída
adequadamente conduz o olhar e agrupa os elementos que
a construíram.
Por fim, a clareza na apresentação da informação é
fundamental. Elementos excessivos ou contraditórios, em
desequilíbrio, confundem o observador e se desvalorizam
mutuamente. São sempre mais perceptíveis os elementos
e os espaços cuja leitura é facilitada por atributos como
simplicidade, coerência, equilíbrio, clareza do desenho ou
regularidade. No paisagismo, tal qual como ocorre na ar-
quitetura, todo espaço é concebido com um propósito.


É preciso identificar os usos previstos ou
desejáveis, para conformar os espaços de
modo que seja contemplado cada um dos
destinos pré-vistos. Esses usos podem ser
atividades objetivas, como áreas destina-
das a estar ou refeições, ou podem cor-
responder a objetivos perceptuais, como
a valorização de uma fachada ou de uma
vista (MALAMUT, 2014, p. 47).

30
UNIDADE 1

Concepção ambiental: um estudo de campo é primordial para compreender as características naturais


do espaço e verificar qual tipologia de vegetação pode ser utilizada. Verificar a localização, luminosidade,
tipo de solo e umidade. No Brasil, encontram-se variados exemplos de espécies nativas, que podem ser
utilizadas como ornamento em paisagismo. Lorenzi (2013), após anos de pesquisas sobre plantas com esse
potencial, publica o livro Plantas para jardim no Brasil que consta a catalogação de 1056 espécies, sendo
estas as principais espécies herbáceas, arbustivas, nativas e exóticas, que são comumente usadas nos jardins
brasileiros, apresentando os conceitos, características e composição dos principais tipos de jardins que po-
dem ser implantados no Brasil, destacando para os jardins as espécies catalogadas que podem ser utilizadas.
Segundo Waterman (2011, p. 59), “o clima é a composição de principais tendências ou médias cli-
máticas que afetam uma área ou uma base mais genérica.” Ainda de acordo com esse autor, os padrões
climáticos são uma consequência da proximidade da Terra ao calor do sol em sua órbita elíptica, e do
ângulo de inclinação de seu eixo (WATERMAN, 2011).
A temperatura é um fator limitante para o desenvolvimento dos elementos bióticos em qualquer
ecossistema. Assim, justifica-se a preocupação mundial em relação ao fenômeno do aquecimento glo-
bal, que irá aumentar as médias das temperaturas anuais em todo o mundo, com graves consequências
para a vida no planeta.
No Brasil, a NBR 15.220:2003 (ABNT, 2003), em sua terceira parte, define o zoneamento bioclimático
brasileiro em 8 regiões e dá as diretrizes construtivas para habitações unifamiliares de interesse social.
Em função de o Brasil estar predominantemente entre a linha do Equador e o trópico de capricórnio, às
08 regiões bioclimáticas brasileiras são relativamente homogêneas. O método utilizado para definição
buscou analisar a posição geográfica, incluindo as variáveis das médias mensais de temperaturas máxi-
mas; as médias mensais das temperaturas mínimas; e as médias mensais das umidades relativas do ar.
Essas regiões não são definidas apenas pela sua latitude em relação ao globo, mas uma série de fa-
tores que influenciam o clima em uma determinada região, por exemplo, a altitude. O clima também é
responsável por definir as atividades e comportamentos humanos. Compreender como o clima atua e
interage com a biodiversidade local é de suma importância para o paisagista.
Outro elemento importante para conhecer sobre o clima são as estações do ano. Embora no Brasil
as estações do ano não sejam bem definidas em função de sua proximidade com a linha do Equador,
estas interagem no ecossistema de um determinado local. Mais ao Sul do país, é possível ver mudanças
em relação à duração dos dias. Enquanto no verão os dias são mais longos, no inverno escurece bem
mais cedo, tornando os dias mais curtos. A flora e a fauna costumam ter comportamentos distintos em
função das estações do ano, dependendo da sua localização no território. Assim, a luz não é só um fator
limitante, mas também um fator vital para a existência da vida. Suas propriedades, como qualidade (cor),
intensidade e duração, são importantes para o equilíbrio de um ecossistema. A luz, por meio da radiação
solar, é a principal fonte de energia para a manutenção do sistema biótico.
Contudo, é fácil compreender que possam existir diferenças de clima dentro de uma mesma zona
bioclimática. Quando se analisa um local de forma pontual, podem-se observar diferenças de tempe-
ratura entre dois pontos relativamente próximos. Por exemplo, em um determinado bairro, caminhar
em uma rua arborizada e outra não. É de fácil compreensão que a rua arborizada apresenta um mi-
croclima diferente da rua próxima. Esse fenômeno pode ser observado com maior facilidade quando

31
UNICESUMAR

se analisa o clima de um centro urbano. O fenômeno das ilhas de calor mostra como é possível uma
região pequena ter variações de temperatura em um determinado período. Assim, não basta ter o
conhecimento do clima de uma determinada região para desenvolver um projeto de paisagismo, mas
procurar conhecer também o microclima local.
Para Waterman (2011), o projeto de paisagismo tem a capacidade de criar microclimas mesmo em
pequenos sítios. A presença da água e de vegetação, por exemplo, tem influência sobre a umidade,
protegendo contraventos e gerando sombra.
Outro condicionante físico de grande importância é a água. Os 3 estados físicos da água estão
contidos no sistema do ciclo hidrológico em constantes mudanças. Trata-se de um ciclo fechado, que
muda constantemente de estado físico e de local no planeta. O paisagista deve estar atento aos índices
pluviométricos do seu local de projeto, assim como aos índices de umidade e à capacidade de abaste-
cimento de água nas superfícies do sítio.
Projetar Espaços livres: sabemos que o projetar espaços vazios é projetar espaços, onde as inúmeras
atividades humanas vão acontecer neste espaço, ou seja, ele é protagonista da vida urbana ou rural. Assim, a
forma que estes espaços vazios se relacionam condiciona a nossa percepção e comportamento. Projetamos
espaços para as pessoas, vazios, configurados e articulados por estruturas volumosas. Essas estruturas são,
na sua maioria, compostas por vegetação. No entanto, é possível erguê-las com diversos outros materiais.
No momento em que o projetista se utiliza da vegetação, e as organiza no espaço, ele faz um exercício
de configurar o espaço através das plantas. Esta é a principal diferença entre paisagismo e jardinagem.
“Paisagismo constrói espaços com plantas, jardinagem dispõe plantas no espaço. A consciência das
relações espaciais internas ao espaço projetado e deste com a paisagem que diferencia o profissional
de paisagismo do de jardinagem” (MALAMUT, 2014, p. 26).
É preciso, para conceber o projeto, ter um amplo repertório de espécies vegetais, suas origens e
comportamento, para que elas sejam dispostas de forma correta, de maneira a se desenvolverem com
saúde e em sua plenitude, agregando valor aos objetivos finais. As plantas são um dos elementos
construtivos dos espaços externos, em todas as suas escalas. O paisagismo, portanto, não propõe téc-
nicas e criação de ambientes voltados exclusivamente para o cultivo e manejo das plantas, mas, sim,
de concepção e criação de ambientes humanos compostos, também, por plantas. Dessa forma, o foco
sempre é a construção e a qualificação do espaço, afinal de contas, nesses "vazios" é que nós vivemos.
Vale lembrar que a especificação de vegetação apropriada ao clima e ao ambiente onde serão inse-
ridas diminui a necessidade de intervenções constantes e favorece a saúde das plantas. Há redução no
consumo de água, de insumos e de pesticidas, permitindo melhores resultados com menores custos.


Além da função construtiva, as plantas também são escolhidas por sua plasticidade,
suas formas, texturas e cores. Mas é preciso notar que essa informação, apesar de
importante, será trabalhada nas fases mais avançadas do projeto, após a concepção
volumétrica. É uma preocupação similar com os acabamentos na arquitetura: são
importantes, transmitem diversas informações, valorizam aspectos relevantes da
obra, mas não são estruturantes na concepção. Não são a própria arquitetura, mas
um complemento dela (MALAMUT, 2014, p. 26).

32
UNIDADE 1

A B

Figura 14 - a e b - Caminho sensorial

Descrição da Imagem: as imagens apresentam diferentes caminhos sensoriais, sendo o primeiro com superfícies mistas composta
por casca de árvores na cor marrom, seguido de uma área de seixos na cor branca, vemos uma criança caminhando sobre a forração
e sentindo as diferentes texturas do caminho. Na segunda imagem, podemos notar um jardim que traz diferentes tons de verde,
texturas diversificadas nas folhas das plantas e diferentes flores que exalam agradáveis perfumes, todos estes elementos ao redor
de um caminho em concreto onde uma menina tateia as diferentes texturas e aromas que acontecem no jardim em plena primavera.

Como no paisagismo as plantas são ao mesmo tempo estrutura e revestimento, sua definição se dá em
etapas distintas. Primeiramente, por seu papel na concepção espacial no projeto, pela maneira com
que estruturam os espaços que estão sendo criados.

No dia a dia, tem-se a impressão de perceber tudo através dos olhos,


como se os outros sentidos estivessem adormecidos. Na verdade, as
relações do homem com seu mundo dependem de uma série de in-
formações que o instigam a mover-se para investigar, para buscar ou
para defender-se, de maneira precisa e adequada, evitando lesar ou ser
lesado. A função do jardim sensorial é de retomar esses sentidos, avivar
a percepção adormecida e torná-la real novamente.
Nesse espaço, é possível o desenvolvimento de atividades lúdicas para estimular os sentidos
do homem, na percepção dos espaços promovendo a integração destes com o meio ambiente.
Leia sobre o projeto de construção de um jardim sensorial no Jardim Botânico do IBB/UNESP,
Botucatu-SP.
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

Após o projeto concebido, os detalhes que permitem a especificação da vegetação se tornam relevantes
e permitem que se determine quais espécies serão utilizadas de fato.

33
UNICESUMAR

Pudemos ver que há certos aspectos do am-


biente que devem ser considerados dentro do
planejamento do projeto paisagístico. Avaliar a
paisagem e aspectos naturais que o espaço pro-
jetual está inserido é de sua importância.
Apesar de apresentarmos uma preocupação
preservacionista da paisagem, é preciso que en-
tendamos que esse modo de conceber o paisagis-
mo chegou à atualidade com novas perspectivas
nas quais devemos buscar soluções projetuais
condizentes com nosso contexto ambiental, his-
tórico e cultural. Ou seja, você verá que nossa
intenção nessa disciplina não será apenas rever
conceitos, mas, sim, realizar uma orientação para
o desenvolvimento e explicação das etapas de um
projeto de arquitetura paisagística.

34
Escreva o que você entendeu sobre cada um desses temas do Paisagismo:
• Concepção ambiental (lado direito superior);
• Espaço psicológico (lado direito inferior);
• Tempo e Movimento (lado esquerdo superior);
• Percepção do espaço (lado esquerdo inferior).

Escreva o que você entendeu sobre cada um desses temas:

Tempo e Concepção
movimento ambiental

PAISAGISMO

Percepção Espaço
do espaço psicológico

Descrição da Imagem: a imagem se trata de um mapa mental, com a palavra “Paisagismo” ao centro, com quatro setas
levando a quatro quadrados em branco, dois à esquerda e dois à direita. No canto esquerdo superior, está escrito “Tempo
e movimento”, no canto esquerdo inferior “Percepção do espaço”, no canto direito superior “Concepção ambiental” e no
canto direito inferior “Espaço psicológico”.

35
1. O projeto paisagístico é capaz de interferir em sistemas urbanos de diversas maneiras. Uma
delas é através da implantação de áreas verdes em espaços urbanos densamente construídos.
A criação de parques, praças e jardins é capaz de proporcionar um ambiente mais agradável e
saudável para a população, contribuindo para o bem-estar físico e mental. Além disso, áreas
verdes são importantes para a melhoria da qualidade do ar e para o controle de enchentes
em regiões urbanas. Outra forma pela qual o paisagismo pode interferir em sistemas urbanos
é por meio da utilização de técnicas de paisagismo sustentável. O uso de espécies nativas, a
criação de sistemas de drenagem e a utilização de materiais recicláveis são exemplos de es-
tratégias que podem ser empregadas para minimizar o impacto ambiental de áreas urbanas.

Sobre o assunto, assinale a alternativa correta:

a) A implantação de áreas verdes em espaços urbanos pode contribuir para a diminuição da


criminalidade nas cidades.
b) O paisagismo sustentável é capaz de resolver todos os problemas ambientais em áreas
urbanas.
c) A criação de áreas verdes em espaços urbanos não é eficaz na redução da poluição do ar.
d) O uso de espécies nativas é a única forma de minimizar o impacto ambiental de áreas urbanas.
e) A implantação de áreas verdes em espaços urbanos pode contribuir para a diminuição do
consumo de energia elétrica.

2. As praças públicas são espaços importantes nas cidades, pois funcionam como áreas de convi-
vência e lazer para a população. O paisagismo é uma das áreas que contribui para a melhoria
desses espaços, criando jardins, canteiros de flores, áreas verdes, entre outros elementos que
proporcionam beleza e conforto aos frequentadores. No Brasil, há uma série de praças públicas
que são consideradas verdadeiras obras de arte do paisagismo. Entre os arquitetos paisagis-
tas brasileiros mais renomados estão Burle Marx, Roberto Burle Marx, Rosa Kliass e Benedito
Abbud, que criaram projetos que transformaram as praças públicas em verdadeiros jardins
urbanos. As praças projetadas por esses profissionais apresentam uma série de elementos
que valorizam o espaço, como o uso de plantas nativas, a criação de sombras, a inclusão de
bancos e áreas de descanso, além da criação de espaços para a prática de atividades físicas.

Sobre o tema, responda: por qual motivo a Praça do Arsenal, em Recife, projetado por Burle
Marx se tornou um ícone da transformação do espaço no Paisagismo brasileiro? Escreva sua
resposta em forma de texto dissertativo, de 15 a 20 linhas.

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3. O paisagismo é uma área que se dedica a planejar e projetar espaços exteriores, como jardins,
parques, praças e áreas verdes em geral, com o objetivo de criar um ambiente harmonioso
e agradável para o uso das pessoas. Além de proporcionar beleza e conforto, o paisagismo
também pode ter um impacto significativo na percepção do espaço, modificando a forma como
as pessoas se relacionam com ele. Segundo a arquiteta paisagista brasileira Rosa Kliass, em
seu livro Paisagismo - Fundamentos e Procedimentos, o paisagismo pode influenciar a percepção
do espaço de diversas maneiras, como a criação de eixos visuais, o uso de cores, texturas e
formas que remetam a elementos naturais, o estímulo à interação das pessoas com o am-
biente, entre outros.

Com isso em mente, a questão proposta é: qual das alternativas a seguir não representa uma
forma pela qual o paisagismo pode influenciar a percepção do espaço? Assinale a alternativa
correta:

a) Criação de eixos visuais.


b) Uso de cores, texturas e formas que remetam a elementos naturais.
c) Incentivo ao isolamento das pessoas em relação ao ambiente.
d) Estímulo à interação das pessoas com o ambiente.
e) Uso de elementos de água, como fontes e espelhos d’água, para criar uma sensação de
frescor e tranquilidade.

4. O paisagismo leva em consideração diversos fatores que influenciam a percepção dos espaços,
como escala, elementos, cores, texturas e localização. Além disso, o projeto paisagístico deve
estar em sintonia com a paisagem em que está inserido, levando em conta suas características
naturais e transformações ao longo do tempo. Nesse sentido, pode-se afirmar que a discus-
são sobre o que deve ser planejado no projeto paisagístico vai além dos elementos que serão
utilizados, mas também das percepções do conjunto e da paisagem em que ele está inserido.
A relação dos elementos com o ambiente ao redor é fundamental para a harmonia do projeto
e para que ele esteja em consonância com o contexto local.

Com base nesse contexto, assinale a alternativa correta. O paisagismo pode ser definido como:

a) Ciência que estuda os processos naturais que ocorrem em um ambiente.


b) Técnica de plantio de árvores em espaços urbanos.
c) Arte de criar jardins em grandes propriedades rurais.
d) Ciência capaz de recriar espaços vivos para nossa convivência.
e) Técnica de criação de hortas em ambientes fechados.

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38
2
Paisagismo, História
e Estilos de Jardins
Me. Lessyane Rezende de Matos Souza Bonjorno

Nesta unidade, explanaremos sobre a abordagem histórica do pai-


sagismo: origens, influências culturais, estilos e funções que se for-
maram ao longo do tempo, desde os primórdios da humanidade até
o paisagismo da Idade Média. Nos desenhos de jardins, observa-se
os conceitos psicológicos da sociedade de determinado período his-
tórico. Também nestes desenhos reconhece-se o carácter utilitário
ou ornamental de determinado espaço. Suas estruturas, elementos
compositivos e vegetação evidenciam a tecnologia empregada,
função e ordem estabelecidas. Entender este contexto é conhecer
como a sociedade desenvolveu as características do paisagismo,
e como os jardins refletiram as mudanças políticas, econômicas e
sociais no tempo e espaço.
UNICESUMAR

Qual jardim você acredita ser o exemplo mais influente da arquitetura paisagística ao longo da história
da humanidade? A relação humana e vegetação se deu em qual momento da história? Esta conexão
está literalmente ligada ao bem-estar, beleza, fartura, perfume? Será ao Paraíso? Estar junto ao natural
faz bem a você? Espaços amplos, exuberantes, som da natureza te convidam a ficar?
Quando crianças, provavelmente fomos apresentados à história bíblica de Adão de Eva, escrita no
livro de Gênesis, em que relata que Deus criou o Jardim do Éden, de beleza imponente, idealização
do Paraíso, com todos os recursos naturais disponíveis, inclusive frondosas árvores, a da Vida e a do
Bem e do Mal, o rio do Éden e espaços exuberantes, e viveram ali o homem e a mulher.
A história descrita pelo profeta Ezequiel nos mostra um mito cosmogônico, no qual detalha um
lugar ideal, um espaço sagrado, fechado, intimista, idealizado por delícias para o corpo e alma, despido
de imperfeições humanas e absolutamente natural e original (VIEIRA, 2007, p. 49).
Este ambiente reflete a beleza natural, envoltos por elementos básicos necessários para a vida humana
(água, luz, ar e terra), inspirando a harmonia, homem, terra, natureza e céu, desencadeando desejos.
Símbolo de perfeição, sopro divino, na contemplação ideal de refúgio da vida.
Assim bem claro, desde pequenos, relacionamos o jardim, o paisagismo, como uma forma de
contemplação harmônica, relação agradável com a natureza. Tem papel fundamental no bem-estar
humano. E para o homem moderno, o Éden se mostra uma crítica à sociedade contemporânea, que
se encontra longe da natureza, e anseia por uma aproximação e inserção.


Estudar a história de um ofício é entender sua evolução ao longo do tempo e relacioná-
-la com o contexto sociocultural dos diferentes momentos da humanidade. Embasar o
exercício da profissão é fundamental para a qualidade dos espaços projetados, uma vez
que estes devem ser vistos dentro de um contexto em que todas as coisas vivas são inter-
dependentes e a paisagem é onde tudo se integra (WATERMAN, 2011, p. 13)

Em muitos momentos da história da humanidade, o jardim sempre esteve presente. Sua evolução re-
flete as épocas e fatos históricos. Testemunham momentos culturais, políticos, ascensão e decadência,
e das magias e religiosidades dos povos. Relatam guerras, decadências de impérios na Idade Média,
também enriquecimento e a valorização dos jardins no Renascimento.


O jardim reflete também o coletivo, a sensibilidade dominante em uma geração, uma
época, “o modismo que impera em uma sociedade e as tendências políticas de um Estado”.
Em função da ordenação e do estilo, do traçado e da seleção de plantas e elementos que
compõem um jardim, é revelada a psicologia de quem o concebe” (PAIVA, 2008, p. 12).

Você percebeu que os jardins, ao longo do tempo, foram criados e transformados de acordo com a his-
tória, cultura e crenças de cada sociedade? Os jardins foram reflexos das sociedades que os produziram.

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UNIDADE 2

Com base na compreensão de que os jardins são reflexos das sociedades que os produziram, pro-
ponho que você escolha um exemplo de jardim famoso e faça uma análise detalhada de como e por
que ele se formou de acordo com as influências culturais, históricas e crenças específicas da época.
Escolha um dos seguintes jardins famosos ou outro de sua preferência:
• Jardins de Suzhou (China)
• Jardins de Alhambra (Espanha)
• Jardim de Ryoan-ji (Japão)
• Jardins de Villa d’Este (Itália)
• Jardins de Kirstenbosch (África do Sul)
• Jardins de Boboli (Itália)
• Jardins de Butchart (Canadá)

Realize uma pesquisa sobre o jardim escolhido, buscando informações sobre sua origem, desenvolvi-
mento ao longo do tempo, influências culturais e históricas relevantes, bem como as crenças e valores
que o nortearam. Com base nessas informações, elabore uma análise que explore como e por que o
jardim se formou da maneira como é hoje, levando em consideração fatores como a história da so-
ciedade em que foi criado, as tendências artísticas e arquitetônicas da época, as crenças religiosas ou
filosóficas predominantes e outros aspectos relevantes.
Ao longo da unidade, reflita sobre essa análise e como ela se relaciona com os conceitos e conheci-
mentos adquiridos sobre jardins e sua relação com a cultura. Lembre-se de utilizar fontes confiáveis e
citar adequadamente todas as referências utilizadas em sua análise. Boa pesquisa e reflexão!
Você acha que os processos em se criar jardins são iguais aos de hoje? Sendo sim ou não a sua respos-
ta, por quê? Qual tecnologia era empregada? Qual a idealização, mentoria, quando se pensava em um
jardim? Forma e função eram importantes? Faça essa mesma experimentação pensando em jardins que
já visitou, observe com olhar mais crítico, mais profundo, repense, elenque quais jardins agradaram mais
seu olhar. Depois dessas reflexões, anote os resultados de sua análise em seu Diário de Bordo.

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UNICESUMAR

Para Ribon (1991, p. 107):


O jardim é uma natureza preparada, uma natureza domada, porém conservada, (...); é
aí, que se aprende a amar a natureza e sobretudo a não temê-la. À dualidade da nudez
e do nu corresponde a dualidade do lugar e da paisagem se, como o jardim, a paisagem
é trabalhada pelo homem e para o homem; a arte dos jardins não é simples objeto de
ornamentação, é uma arte de viver, uma arte de descansar da vida e de seu tumulto. Não
é por acaso que os primeiros jardins conhecidos tenham nascido do meio do deserto
(na Mesopotâmia), devido a um trabalho de irrigação que pareceu fazer surgir do nada
um oásis de fecundidade e frescor. O jardim realiza o mito da ilha encantada que, pro-
tegida dos ventos do cosmos e da história, torna a se fechar num espaço tranquilizador
de sedentário; terminado, por algum tempo, o errar cheio de riscos do espaço nômade,
um outro errar começa, o da imaginação ocupada em se encantar com suas próprias
produções, dentro do jardim.

O jardim é uma arte que surge do reflexo dos


sistemas climáticos, naturais e sociais, e nos
ajuda a delinear o cenário dos elementos en-
volvidos e suas conexões com a arquitetura e
paisagem. A paisagem também reflete a histó-
ria dos povos. Todas as civilizações moldaram
uma forma de relação e intervenção no espaço
natural. O mundo se transformou à forma que
a relação humana com o ambiente natural mu-
dou de necessidades básicas, como alimento,
abrigo e relações sociais, para necessidades or-
ganizacionais ou de hierarquia, como edificar
e implantar grandes áreas ou monumentos que
se tornam símbolos de um anseio coletivo. Por meio da inspiração divina, o homem começou a
olhar com prazer para as enriquecedoras inspirações da natureza.
A conexão do Belo e a Natureza constitui uma das primeiras reflexões dos filósofos, ao tratarem da
evolução do conceito do Belo. A pesquisa sobre o jardim como uma forma de arte tornou imprescindí-
vel a observação acerca dos conceitos de Natureza relacionada ao Belo e a verificação do percurso que
parte da antiga Grécia até a atualidade; como se deu esta interligação, e como estas ligações marcaram a
história da estética ocidental da atualidade. “A partir da Idade Média, as tentativas de harmonização do
homem com os elementos que o rodeavam foram assinaladas através do desenvolvimento da pintura
da paisagem, retratando o progresso de transformação do homem” (VIEIRA, 2007, p. 28).

42
UNIDADE 2

Quando observamos um jardim, ele nos revela a sensibilidade dominante de uma geração, um
determinado momento histórico, “a vernaculidade” de como se planejavam os jardins, seus usos e
para qual finalidade eram implantados e qual era o regime político em determinada época. Anali-
sa-se a ordem e estilo, seu desenho, espécies vegetais e estruturas utilizadas. Assim, por meio destes
elementos e linguagens diversas, podemos diagnosticar os fatores que influenciaram os jardins, os
processos de criação e transformação ao longo do tempo, sua forma e função, identificar a morfologia
e compreender esta forma de arte.
A vida nômade do homem, em busca do território perfeito para habitar, esteve sempre relacionada
aos fatores de fertilidade, climáticos e naturais. Por volta de 8.000 a.C., o homem se propagou por grande
parte do globo terrestre, sobretudo em regiões da África e do Sudeste asiático. A partir deste período
chamado Neolítico, o homem manifestou uma relação positiva com o meio ambiente, mudando seus
hábitos de caçador para implantação da agricultura. Assim surgiram os primeiros centros urbanos,
juntos aos rios, assentados junto aos vales férteis. A prática da agricultura difundiu-se da Mesopotâmia
até o Oeste, ao longo da costa da Europa mediterrânea e atlântica. Muitas vezes, a fim de estabelecer
sua identidade em meio a um ambiente hostil e desconhecido, o homem neolítico construiu uma
paisagem artificial com grandes pedras.
A Grécia, a Pérsia e a China alcançaram seus ápices culturais e filosóficos por volta do século V a.C.,
interferindo na maneira de pensar e lidar com o cotidiano, introduzindo os sistemas geométricos de
cultivo, que se estenderam por todo o Hemisfério Norte; porém, estas culturas apresentavam posturas
radicalmente opostas com respeito ao meio ambiente e à natureza, fatos que se seguem até os dias
atuais. E a partir de 2.000 a.C., ocorreram curiosas mudanças sobre a superfície da Terra: os bosques
começaram a ser devastados, e o cenário do meio ambiente foi gradualmente passando da paisagem
natural para artificial. Estas, inicialmente, aconteceram nos vales férteis dos rios, ou seja, nos centros
de civilizações avançadas, como o Egito e Mesopotâmia.


É importante ressaltar, que o homem sempre esteve em busca da expressão de idéias abs-
tratas; porém, seu desejo de ocupar uma posição elevada, que dominasse a paisagem, com
certeza, é de origem biológica, e como, muitas vezes, uma ambição de origem biológica
pode desenvolver atitudes socioculturais, esse desejo resultou em uma forma de expressão
estética, pela criação de colinas artificiais (VIEIRA, 2007, p. 59).

Assim como os primeiros jardins da Mesopotâmia e os egípcios que foram desenvolvidos em áreas
de região áridas, utilizando-se de irrigação, na mesma época 2.000 a.C., os chineses criaram jardins
em meio aos bosques, parques de caça imperial, sobre uma região rica em vegetação. E estas duas
abordagens deram origem à forma e arte de planejar e implantar os jardins. A primeira por caracte-
rísticas rígidas, regulares e simétricas (cultura ocidental) e outra livres, orgânica e natural (originária
da cultura oriental).

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UNICESUMAR

Portanto, entende-se que o paisagismo é resultado de uma associação do homem com o meio na-
tural, desenvolvido como produto de ideias originais e resultante da mescla de influências de várias
culturas. Uma arte efêmera que depende da vida, que está em constante mudança, que faz com que
estes exemplares de jardins sejam escassos no mundo.
De acordo com Waterman (2011), a arquitetura paisagística, da maneira praticada atualmente, é
muito distinta de suas raízes históricas na jardinagem paisagística, e ainda se encontra em uma trajetória
em evolução. Na sua acepção mais elementar, ela ainda trata da construção de paisagens para ocupação
e sustentação da espécie humana. Contudo, os grandes avanços do conhecimento e da tecnologia ao
longo dos últimos dois séculos têm alterado significativamente nossa relação com o território. Talvez
se possa dizer que um dos maiores paradoxos da nossa era seja o fato de, embora nunca tenhamos
conhecido tão bem os sistemas naturais, estarmos destruindo estes sistemas em uma escala sem pre-
cedentes. Já não resta praticamente nenhum lugar na Terra que não tenhamos modificado ou afetado
de alguma maneira. O paisagismo cada vez mais responde à conscientização de que estamos vivendo
em um mundo em grande parte construído por nós mesmos e que, se desejamos salvá-lo para o futuro,
seremos obrigados a fazer muito mais e a destruir muito menos.

Quando pensamos no início da civilização, imaginamos que os primeiros humanos provavelmente


eram pessoas muito ocupadas. Acredita-se que caçar e coletar alimentos ocupasse a maior parte de
seu tempo e energia – eles estavam sempre rastreando animais e procurando plantas que tivessem
raízes, frutas ou folhas comestíveis. Eles se deslocavam por grandes distâncias em busca de uma
mísera refeição; a fartura era apenas ocasional. As marcas deixadas na paisagem não passavam de
pegadas ou ossos e conchas descartados. É difícil dizer com segurança o quanto os primeiros seres
humanos se sentiam apegados à terra.

Quando a agricultura surgiu, há cerca de 12 mil anos, os assentamentos humanos se tornaram mais
frequentes. É mais fácil, então, imaginar as pessoas dando nomes às montanhas e aos rios que se rela-
cionavam com sua existência, que lhes ofereciam um sustento mais estável. Skara Brae, nas inóspitas
e ventosas Ilhas Orkney, no norte da Escócia, é o sítio arqueológico mais completo da Idade da Pedra

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UNIDADE 2

na Europa, construído há aproximadamente 5 mil anos. O que surpreende em Skara Brae é que lá fica
muito claro que as pessoas estavam constituindo seus lares, tornando-os lugares mais ou menos da
mesma maneira que fazemos hoje em dia (WATERMAN, 2011, p. 16).

Figura 1 - Foto área do Stonehenge

Descrição da Imagem: a imagem retrata um conjunto de pedras verticais em um espaço descampado com vegetação rasteira e um
caminho curvo no sentido diagonal de terra batida com um aglomerado de pessoas sobre ele. Ao centro, posicionam-se as pedras
dispostas em uma forma circular. Ao horizonte, vê-se um céu azul sem nuvens.

Stonehenge, em Wiltshire, na Inglaterra, e o grande conjunto de monólitos (pedras verticais) de Carnac,


na Bretanha, na França, são exemplos monumentais de como as pessoas da Idade da Pedra deixaram
sua marca na paisagem.

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UNICESUMAR

Figura 2 - Skara Brae

Descrição da Imagem: a figura retrata estruturas de pedra enterradas com conformação circular e caminhos passíveis de acesso entre
elas. As pedras são de tom bege e sobre elas há vegetação rasteira amarelo esverdeada. Ao fundo, vê-se o mar azul esverdeado e no
canto direito 5 pessoas sob o monte, observando a vista em um dia nublado com o céu encoberto por nuvens.

O assentamento neolítico de Skara Brae, Ilhas Orkney, Escócia Skara Brae foi continuamente ocupado
por cerca de 600 anos. As edificações eram revestidas de pilhas de lixo de cozinha (compostagem), que
lhes fornecia proteção e isolamento térmico contra o clima inóspito do Mar do Norte.
Os estilos de jardins evoluíram ao longo da História. No Egito e na Pérsia, com regiões áridas e de
clima seco, a água era um elemento fundamental para a sobrevivência. Estes povos vão desenvolver os
primeiros tanques, os canais de irrigação e fazer uso das árvores de sombra. Os jardins, neste contex-
to, simbolizavam a sombra e água fresca. As plantas utilizadas evidenciaram a agricultura, eram elas
principalmente árvores frutíferas e condimentos (GONÇALVES, 2017, p. 50).

Caro(a) aluno(a), recomendo a leitura do artigo “Uma proposta de ferra-


menta dinâmica de aprendizado sobre a história do paisagismo a
partir de filmes”, escrito por Kananda Fernandes de Sousa Lima e cole-
gas, na Revista Docência do Ensino Superior. Neste artigo, você poderá se
aprofundar em como fazer a análise do paisagismo com o uso de filmes.
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

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UNIDADE 2

A organização compositiva era simétrica, com linhas bem definidas e pontos focais. Esse modelo em
essência é o descrito na Bíblia, muitos séculos depois, no Jardim do Éden, símbolo do paraíso terrestre,
cercado de muros, cortado por quatro canais de água, que simbolizavam os quatro rios celestiais e,
teoricamente, representavam o receptáculo de todos os frutos da terra (VIEIRA, 2007, p. 76).
Comecemos pela MESOPOTÂMIA (3500–500 a.C.). Na antiguidade, a 2000 anos antes de
Cristo, os reis da Mesopotâmia planejavam seus palácios com imensos jardins centrais, planejados
com árvores frondosas, para sombreamento e imensos canteiros de flores. Ali promoviam cerimônias
com banquetes. Junto aos templos se plantavam alimentos, frutas e legumes que eram oferecidos aos
deuses. Nos terraços das construções, eram plantas ornamentais que criavam espaços para os rituais.
Estes jardins eram a idealização do paraíso terreno, com plantas exóticas, constituídos por floreiras
suspensas, irrigados manualmente por bombeamento de água e havia canais de irrigação, também
cercados por muros altos.
Com o trabalho de manutenção e irrigação manualmente realizados, esses asilos de fecundidade
e frescor tornaram-se ainda mais maravilhosos. Assim, os príncipes babilônicos puderam conhecer o
prazer de aclimatar espécies, entre elas, destacam-se as palmeiras. Cada planta era disposta dentro de
uma espécie de vaso preparado com antecedência para recebê-la, isoladamente, e onde se mantinha o
grau de umidade necessário por meio de uma irrigação constante (PAIVA, 2008, p. 13). Assim foram
constituídos os “espaços de aclimatação” e de “jardins botânicos”.
Estruturalmente com a aparição do arco e da abóbada, que se deu, pela primeira vez, por volta do
século VI a.C., o povo da Suméria enxergou a possibilidade de construir os lendários Jardins Suspensos
da Babilônia. Jardim mais expoente da época, construídos pelo Rei Nabucodonosor II (605-562 a.C.) e
dedicados à sua esposa, rainha Semíramis. A construção era de forma escalonada, sobre sete fileiras de
camadas abobadadas, chegando a 23 metros de altura. Formava um zigurate sobre a planície desértica
com intenção de demonstrar uma montanha coberta por vegetação.
A composição ornamental compunha uma sucessão de terraços, sendo que os inferiores eram mais
extensos em relação aos superiores. No seu centro, havia uma grande escada que funcionava como
distribuição da água para a irrigação. Formavam verdadeiros patamares onde eram plantadas diversas
espécies de árvores e outras plantas de menor porte, que eram protegidas pela sombra das árvores. A
água era levada até o terraço superior através de baldes presos a uma corrente. Posteriormente essa água
era distribuída entre os vasos de plantação e o excesso era drenado dentro de um sistema complexo
de canais subterrâneos. Inspirados nesses jardins suspensos, os romanos passaram a cultivar plantas
nas partes altas das casas. No entanto, com a decadência do império, a Babilônia provocou o afasta-
mento da Mesopotâmia da cultura ocidental, o que fez com que os jardins suspensos da Babilônia se
tornassem uma lenda.

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UNICESUMAR

Figura 3 - Maquete jardins da Babilônia

Descrição da Imagem: a imagem retrata os Jardins Suspensos da Babilônia feitos em peças de lego, uma estrutura escalonada em
diferentes cores (laranja e azul), ornamentadas com plantas, e contornada por uma área azul, delimitando o espaço. Essa maquete
feita de lego está exposta em uma sala onde existem outras maquetes, o espaço possui grandes janelas de vidro que possibilitam a
iluminação natural do local.

O Jardim Suspenso da Babilônia, exemplo de inovação das construções da Mesopotâmia, refletiu


fielmente as crenças cósmicas e foram notáveis monumentos históricos que simbolizaram a necessi-
dade arquetípica de o homem completar a paisagem natural, demonstrada pelo escalonamento das
construções que objetivava fazer a releitura de uma montanha e pelo uso intenso da vegetação.

Título: O jardim e a paisagem: espaço, arte, lugar


Autor: Maria Elena Merege Vieira
Editora: ANNABLUME
Sinopse: este livro tem como objeto de narrativa o jardim, entendido como
espaço da produção arquitetônica, objeto de arte e lócus de sociabilidade,
apresentados sob a ótica dos elementos conceituais e pragmáticos da
arquitetura. Relata a evolução do jardim, desde o mitológico Éden, que
sempre inspirou espaços sagrados; apresenta os modelos clássicos de
jardins orientais e ocidentais; e uma seleção representativa de projetos e de paisagismo contem-
porâneos, cuja ênfase são as questões da recuperação e da preservação ambiental.

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UNIDADE 2

EGITO (3500–500 a.C.). Assim como o planejamento da paisagem ocidental começou na Meso-
potâmia, a jardinagem começou no antigo Egito, cerca de 3000 a 4.000 anos atrás. No Egito, os fato-
res geográficos dominantes foram o deserto e o rio Nilo. O rio se eleva acima do lago equatorial da
África Central, recorta o leito rochoso e atravessa todo o deserto em direção ao norte em busca do
Mar Mediterrâneo. As enchentes do Rio Nilo, na África, fertilizavam o solo com silte e sedimentos,
de maneira bastante similar ao que ocorria junto ao Rio Tigre e ao Eufrates, e a civilização do Egito
Antigo prosperou nas férteis planícies da região. E a ciclotimia dos rios contribuiu para a formação
de civilizações dispostas simetricamente em torno deles.

Figura 4 - Representação em pergaminho egípcio

Descrição da Imagem: a figura se trata de uma representação da cena do antigo Egito nas paredes exteriores de um templo, deuses
egípcios desenhados à mão e faraós, vegetação, rios, animais e plantas bem coloridos.

Os jardins não eram construídos unicamente para o lazer, assim como os jardins da Mesopotâmia, mas
produziam também vinho, frutas, legumes e papiros, produtos destinados ao consumo da população.
O critério de plantio seguiu a tradição das atividades agrícolas desenvolvidas na planície do rio Nilo. O
traçado dos jardins era caracterizado por linhas retas e formas geométricas perfeitamente simétricas.
Tudo orientado segundo os quatro pontos cardeais, expressando a importância da astrologia (PAIVA,
2008, p. 15).

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UNICESUMAR

Figura 5 - Papiro Egípcio

Descrição da Imagem: a imagem mostra um papiro que representa a arte egípcia, retratando cenas do cotidiano, homem faraó e
mulher egípcia, rainha, envolto por animais, flores e pássaros coloridos.

As vegetações mais usadas eram a tamareira (de folhagem densa e permanente); vinhedo; lótus (con-
siderada a flor sagrada); acácia e romã; também eram cultivadas plantas medicinais, como o hortelã e
o aloé; plantas aromáticas, como o incenso, e plantas aquáticas, como a ninfeia e o nelumbo (VIEIRA,
2007, p. 80). Também, o Lótus e o papiro. Todas eram plantas úteis e sagradas. As casas de campo
surgiram nesse período. Resultado da percepção da transformação do jardim em um local de descanso
confortável e autossuficiente.

Figura 6 - Representação do cotidiano Egípcio Antigo

Descrição da Imagem: a imagem mostra antigo contexto egípcio. A arte egípcia retrata cenas do cotidiano, homem faraó e mulher
egípcia, rainha, com seus serviçais, representando os utensílios de trabalho, uma faixa azul representa o rio de onde tiram o sustento.

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UNIDADE 2

Devido ao terreno plano e às ideias éticas e re-


ligiosas, não existiam muitos elementos deco-
rativos, efeitos de água ou jardim escalonados.
Nos jardins egípcios, as lagoas eram cavadas nas
margens e capturavam a água por infiltração. Es-
sas lagoas tornam-se tanques retangulares cheios
de plantas e aves aquáticas como íbis, flamingos e
pombos de forma livre, e a vegetação organizada
de forma linear. Ao centro, uma grande pérgula
servia de apoio a videiras; em todo o perímetro
interno do muro, podia-se observar o alinhamen-
to de palmeiras e árvores de pequeno porte, com
moldura de flores.
Segundo Vieira (2007), a localização dos ele-
mentos construtivos do jardim (reservatórios de
água, acessos, escadas, muretas, pérgolas) seguia
os mesmos princípios empregados na arquitetu-
ra: orientados segundo os quatro pontos cardeais,
possuíam estilização geométrica e rigidez retilínea,
favorecida pela simetrização rigorosa dos extensos
planos que compunham o espaço. Esses jardins se
caracterizavam por serem planos, fechados por
muros e subordinados a uma propriedade, com
seus pavilhões dispersos em vários locais para
aproximar o visitante da natureza. Muitas dessas
formas reapareceram no sul da Itália onde exerce-
ram por muitos séculos sua influência.

51
UNICESUMAR

Pensemos agora sobre a PÉRSIA (3500–500 a.C.). Além de sua excelência em paisagismo, os persas
também ocupavam um lugar especial na arte da jardinagem. Inspirados para satisfazer os anseios e desejos
dos reis da Pérsia, a origem do jardim persa remonta a 3500 a.C. Caracteriza-se pela organização da implan-
tação da vegetação, pela distância entre as árvores e pelo prazer dos aromas.
Os jardins persas têm um estilo muito formal. O jardim é cortado por dois canais principais que
dividem o jardim em quatro zonas representando os quatro grandes elementos do universo: terra,
fogo, água e ar. Ao centro encontra-se um tanque com fontes em azulejo azuis para realçar a frescura
da água. Não há estátuas porque o Islã não permite a reprodução de imagens (humanas). Árvores
frutíferas, plantas ornamentais e aromáticas eram cultivadas nestes jardins.
Na Pérsia, os jardins eram cercados por muros altos, sendo uma forma de proteção. Eram espaços
de relaxamento, contemplação, meditação. Também associados à ideia de lazer, luxo e amor. Nestes
jardins, havia uma preocupação estética e dentre os elementos utilizados estavam: a água, luz e som-
bra, pavilhões e coretos, pátios com colunas e arcos e os sistemas de irrigação. Esses jardins possuíam
muita simbologia. O cipreste, por exemplo, simbolizava a passagem da vida para a eternidade, e as
árvores frutíferas representavam a vida e a fertilidade. Também foram os primeiros a utilizar as plantas
por seu valor estético, tirando partido de sua forma e aroma. As espécies utilizadas nos jardins eram
os ciprestes, plátanos e romãs; eram sempre renovadas para que permanecessem jovens. Eram muito
cultivadas flores como rosas, violetas e jasmins (SCALISE, 2010, p. 32).
Para os persas da Antiguidade, uma cruz dividia o mundo em quatro partes e no seu centro encon-
trava-se uma fonte, que simboliza a origem e o poder. Independentemente do sentido profundo desses
jardins, eles exerceram grande influência sobre a história ulterior dos jardins. Agiram diretamente
sobre a estética dos jardins muçulmanos, que, por sua vez, transportaram certos temas até o extremo
ocidente (PAIVA, 2008, p. 18).
O plano do jardim era seccionado por alamedas ou espelhos d’água lineares. Nas intersecções dos
jardins, sempre eram construídos palácios e fontes ornamentadas. No cruzamento dos canais, existia
um medalhão que simbolizava os complexos sistemas de água. Cada interseção circular do pequeno
canal é cercada por plátanos. Os ciprestes que margeavam os canais secundários simbolizavam a morte
e a eternidade, enquanto as árvores frutíferas representavam a vida e a fertilidade.
A numerologia tem grande importância para os persas. Os quatros eixos representavam os quatro
rios do Paraíso: Leite, Mel, Água e Vinho. Esses jardins influenciaram os jardins egípcios e babilônicos.
Também esta essência da arte dos jardins persas foi levada para a Índia e para a costa do Mediterrâneo
por intermédio dos árabes. No ano de 637 d.C., os árabes, liderados pelo profeta Maomé, tendo o is-
lamismo como bandeira, partiram em busca de novas aventuras e conquistaram a Pérsia, acrescendo
à própria cultura a riqueza da cultura árabe (VIEIRA, 2007, p. 84).
Todos os espaços de passagem ou estar tinham a intenção de proporcionar o máximo prazer aos
que ali estavam, a ideia do Paraíso retratado também era evidente. Estes planos eram representados e
fontes de inspiração para tapeçarias, almofadas persas, seus mais importantes exemplares represen-
tavam os jardins persas.

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UNIDADE 2

Figura 7 - Jardim Persa de Eram de Shiraz, Irã

Descrição da Imagem: a imagem retrata muitas flores coloridas no jardim persa. Ao centro uma fonte e continuada por um curso d’água,
contornado por muretas de azulejos amarelos e azuis. Ao fundo, uma edificação nos mesmos tons, e palmeiras emoldurando a fachada.

No século X a.C., os jardineiros persas começaram a utilizar azulejos (ladrilhos de cor azul) para revestir
os fundos e bordas das bacias e canais, como se uma linha de água com seu fundo azul representasse
um pedacinho do céu. A tamareira era considerada a árvore da vida, árvore sagrada e simbolizava a
fecundidade primaveril, que era simbolicamente guardada pelo rei durante o inverno, por meio das
oferendas de jardins artificiais. Eles apelavam a toda natureza a benção do príncipe e testemunhavam
a aliança entre o príncipe e seu povo.

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UNICESUMAR

Figura 8 - Tapete persa

Descrição da Imagem: imagem mostra um tapete turco tradicional de lã, feito à mão e decorativo. Nele verifica-se um desenho geo-
métrico, simétrico, desenhos em setores bem orgânicos, como se fossem folhagens e arabescos.

Nos jardins da Pérsia, o luxo estava na sua gratuidade e nos fundamentos do valor que enfatizavam o
religioso e moral. Para este povo, a melhor maneira de celebrar as festas dos deuses era se retirando
por um dia das atividades mercantis. Eles deveriam recolher-se na companhia de alguns amigos,
perto de uma fonte, à sombra de grandes árvores ou sob um pavilhão, cuja arquitetura não colocava
nenhuma barreira entre o homem e as forças primordiais da natureza (PAIVA, 2008, p. 25). O jardim
era considerado como a mais nobre forma de vida, aquela que Deus prometeu em seu paraíso: um
lugar saudável, repleto de felicidade, de inteligência e de sabedoria.
Na Grécia (séc. VII–V a.C.), constituída pelo arquipélago do mar Egeu, a costa oeste da Anatólia
e a península do Peloponeso, de montanhas de solo rochoso, topografia de depressões com solo árido
de pouco fertilidade e clima quente, seco. Não propunha uma prática de jardins muito organizada.
Fugiam nitidamente da rigorosidade da simetria dos egípcios. Destes, os gregos herdaram os vestígios
da arte com os jardins, mas ao longo do tempo foram adquirindo características próprias, bem distintas
do modelo original, a diferença cultural, étnica e as condições paisagísticas e de relevo influenciaram
diretamente.
Para Paiva (2008), a realidade dos jardins gregos eram, sobretudo até a época clássica, um jardim
sagrado, cultivado próximo a algum santuário e consagrado a uma das divindades da fecundidade.
Os gregos criaram o conceito de Bosque Sagrado, um lugar natural, abençoado e dedicado aos deuses,
com vegetação virgem e sem intervenção humana. Eles não procuravam a beleza nos jardins.

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UNIDADE 2

O contexto paisagístico e político da Grécia, com todos seus detalhes, estimulou uma abordagem
intelectual excepcional na formação da cultura. A vida livre, característica importante da civilização
grega, fortalece a relação homem-natureza, cuidado e admiração pelo natural.
Os jardins eram concebidos de forma despreocupada e, pelas características topográficas, neces-
sariamente tinham formas naturais. Plantavam muitas flores, entre elas, narcisos, violetas, ciclamens,
jacintos, lírios, íris, gladíolos e rosas (VIEIRA, 2007, p. 96). Nos jardins gregos, plantavam-se peras,
romãs, figos, uvas, maçãs e azeitonas e legumes para o consumo, trigo para produzir o pão, porém, as
flores eram para o culto aos deuses.
A busca da perfeição paisagística na Grécia, como valor superior e transcendental, podia ser observada
na localização dos templos e teatros, bem como em suas proporções e composições embora não se veri-
ficasse a mesma ordenação em todos eles. Para cada um, é específica a relação com o entorno – a orien-
tação, a implantação mais ou
menos elevada, a relação com
os demais edifícios próximos,
a definição do caráter mais sel-
vagem, harmonioso ou urbano
do sítio em que se localizava a
vista das montanhas, das águas
dos bosques, os materiais utili-
zados e a maneira de trabalhá-
-los, as ordens e combinações
proporcionais escolhidas. Tais
características eram definidas
pelo deus a quem o templo ou
o teatro era dedicado e por um
certo sentimento e uma rela-
ção específica do homem com Figura 9 - Acrópole de Atenas
a natureza procurada naquele
Descrição da Imagem: imagem mostra a Acrópole de Atenas, Grécia, com o Templo
edifício e adequados à divinda- Parthenon no topo da colina, margeada por ruínas e vegetação, durante um pôr do sol de
de (BRANDÃO apud VIEIRA, verão. A figura demonstra como as construções se assentam sobre a montanha, ruínas
aparecem envoltas por vegetação arbórea.
2007, p. 100).

A Acrópole de Atenas simboliza a ligação do homem grego com o mundo cósmico, expressão da
própria cultura. Construída sobre a montanha rochosa, simboliza a perfeita harmonia entre a rocha
e arquitetura, inserida ao meio da vegetação sobre o elemento natural compondo com a paisagem.
A preocupação paisagística na locação da arquitetura estava presente em todas as implantações, alicer-
çada em quatro premissas básicas: unidade, articulação, equilíbrio com a natureza e limite de crescimento.
A cidade no seu conjunto forma um organismo artificial inserido no ambiente natural, e ligado a este
ambiente por uma relação delicada; respeita as linhas gerais da paisagem natural, que em muitos pontos
significativos é deixada intacta, interpreta-a e integra-a com os manufaturados arquitetônicos.

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UNICESUMAR

Eles se posicionaram contra os modismos dos jardins do oriente e seguiram uma tradição esta-
belecida pela cidade democrática. E apesar deste pensamento racional, eles privilegiavam as formas
livres da natureza.
A sociabilidade dos gregos favoreceu a criação dos primeiros jardins públicos, situados em locais que
continham fontes e bosques sagrados, sempre dedicados a um mito. Dos diálogos nos espaços públicos,
passaram aos mercados, ajardinando-os para se tornarem um local mais agradável (VIEIRA, 2007, p. 99).
Os ginásios, inicialmente devassados, foram então completados com bosques e passeios. Árvores
também foram plantadas próximo aos mercados e aos locais de reuniões como a Academia de Platão e
o Liceu de Aristóteles. Na época da conquista romana, os gregos apresentavam a arte de jardins em sua
fase inicial, mas foram esses conquistadores que a terminaram, unindo todas as tendências e criando
uma nova estética (PAIVA, 2008, p. 19).
As estruturas construídas, a sequência de colunas e pórticos, propõem uma harmoniosa transição
entre o exterior e interior. De abordagem simples, os jardins eram marcados por possuírem esculturas
humanas e de animais bem realistas.

Assim, neste período, a formalidade


dos jardins prevalece, assumindo a
simetria, ordenamento, função or-
namental e estética, apresentado
pela implantação de jardins parti-
culares, internos aos edifícios.
O jardim da ROMA ANTIGA
(séc. I–III d.C.) é uma mistura
das artes gregas (eles trouxeram
diversos monumentos e estátuas
quando saquearam a Grécia) com
a criatividade dos romanos. Os jar-
dins eram metódicos e ordenados,
Figura 10 - Academia Masterpiece de Atenas integrando-se às residências, ca-
racterística visualizada nas Villas
Descrição da Imagem: imagem mostra detalhe aéreo da Academia Masterpiece de
Atenas com estátua de Atena, Apolo acima e Sócrates e Platão abaixo, no coração de romanas onde havia a interpe-
Atenas, Ática, Grécia. Uma bela construção, com colunas de acesso principal, frente
a uma praça toda ajardinada e contornada por elementos arbóreos.
netração casa-jardim: as paredes
eram pintadas com paisagens e os
muros revestidos com trepadeiras.
Os romanos também prezavam as composições de paisagens. As plantas, a água e o solo se tornaram
suporte para pesquisas de composições plásticas (PAIVA, 2008, p. 21)
Surgiu com a influência do grego, porém já mais elaborado. Os romanos tinham muito apreço pelas
propriedades herdadas. Com o tempo, depois de muitas conquistas, começaram a estabelecer-se no
entorno de Roma. As famílias da aristocracia tinham propriedades rústicas que aos poucos foram se
subdividindo e surgiram as Villas, onde existiam os Jardins dos Prazeres.

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UNIDADE 2

Estes possuíam uma composição geométrica


e simétrica, presença de estátuas e monumentos,
muitas foram saqueadas da Grécia, estavam re-
lacionadas às atividades de contemplação, medi-
tação e lazer. Sempre inseridos junto e no pátio
interno das construções, simbolizavam o status da
família. Uma característica visualizada nas Villas
romanas onde havia a interpenetração casa-jar-
dim: as paredes eram pintadas com paisagens e os
muros revestidos com trepadeiras. Os romanos
também prezavam as composições de paisagens.
As plantas, a água e o solo se tornaram suporte
para pesquisas de composições plásticas.
Os jardins romanos foram obras planejadas
por arquitetos, sempre estavam integradas à edi-
ficação. Faziam extensão da casa romana, com
passeios pórticos que promoviam a maior inci-
dência da luz solar, da sombra e da natureza todas
as horas do dia.
Entre os antigos jardins romanos, existia o
jardim chamado hortus, um lugar fechado para
cultivo de hortaliças, condimentos, frutas e flores.
No final do século II a.C., surgiram os jardins
de recreação. Apesar da influência grega, esses
jardins refletiam características próprias do povo
romano: eram ordenados, metódicos e austeros.
O elemento mais valorizado era a arquitetura; a
ideia predominante, a interpenetração da casa e
do jardim. Muitas vezes, para ampliar a sensa-
ção de interpenetração, os muros do fundo do
jardim eram pintados com paisagens, árvores,
fontes e outros elementos, cultivava-se plantas
ornamentais e plantas úteis. Era comum a utiliza-
ção de bordaduras vegetais nos canteiros e de hera
revestindo partes construídas. Mosaicos, fontes
decoradas e estátuas pintadas eram também ele-
mentos característicos desse estilo (DEMATTÊ,
2006, p. 13).

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UNICESUMAR

No período medieval europeu (séculos V–XV d.C.), o jardim ficou confinado nos castelos e
mosteiros; era limitado ao cultivo de hortaliças, plantas medicinais, plantas frutíferas e flores de corte
para ornamentação de altares. Os caminhos cortavam-se em ângulos retos, evocando a cruz cristã.
Para dar aos jardins romanos a característica de um lugar imponente, havia sempre no eixo dos
setores (que eram fechados) a presença de um canal chamado Euripe. Esta divisão dos jardins levava
sempre a uma composição de terraços em diversos níveis. Isso ocorria na maioria das Villas do interior
romano. Nesses jardins, não ocorriam as vastas perspectivas, pois cada um dos elementos se fechava
sobre si mesmo. A presença de um pórtico ou um contorno transformava o setor em um novo quadro
oferecido a cada instante à presença humana (PAIVA, 2008, p. 22).
Com o tempo, a casa romana começou a se transformar para melhor acolher os jardins. O átrio,
que não passava de uma peça de recepção, passou a ser ornamentado com jardineiras, dispostas em
torno de uma bacia central para aproveitar a presença da luz.
Nas grandes insulae (casas de alguns andares), que foram substituindo as casas de átrio, era
frequente a presença de floreiras nas janelas, traduzindo o forte desejo dos romanos de ter ao
menos a imagem de um jardim.
O esplendor romano de suas Villas pode ser registrado na Villa do imperador Adriano (117–138 d.C.)
em Tivoli, onde se tem o exemplo máximo do Topia, jardim concebido como um lugar imaginário. Esse
jardim situava-se próximo à colina de Tibur e era uma reconstituição de monumentos e construções
admirados pelo Imperador nas viagens que realizava pelo seu império. Assim como em diversos outros
jardins romanos, na Villa de Adriano se exploraram as perspectivas naturais da paisagem como os vales
que eram vistos dos terraços e as construções que eram abrigadas em pequenas grutas (PAIVA, 2008).

O jardim romano pode ser considerado


como uma síntese original destinada a
exercer uma influência durável sobre a
arte e a civilização ocidentais.
O JARDIM ORIENTAL (2000 a.C.),
expresso nas artes da China e Japão, de-
senvolveu estilos independentes da forma
do ocidente. Os jardins eram implantados
para promover uma relação íntima com a
natureza. Nestes jardins, o elemento mais
comum é sempre estar integrado ao ele-
mento montanhoso ou um lago.
Na China, data-se de cerca de 2000
Figura 11 - Villa de Adriano, Tivoli, Itália a.C. Os jardins orientais tiveram sua ori-
gem associada aos parques dos imperado-
Descrição da Imagem: a imagem mostra detalhes da antiga piscina chama-
da Canopus, cercada por esculturas gregas, emoldurada por colunatas, no res de caça chineses, com paisagem rica
fundo um céu azul, construção de tijolos aparentes e árvores centenárias
com copas frondosas na cor verde.
com flora diversificada. Buscam inserir
os elementos paisagísticos de modo que

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UNIDADE 2

pareçam feitos naturalmente, ou seja, que a interferência do homem seja minimamente percebida. Por
exemplo, pedras de rio são dispostas para sugerir que a própria natureza as colocou ali. São jardins cheios
de simbolismo, tendo sido originados nos templos xintoístas, que têm como princípio a adoração a divin-
dades que representam as forças da natureza, e nos budistas, que consideram a natureza como algo sagrado.
Para Gonçalves (2017), esses jardins remetem à ideia de que o espaço é um bem escasso e induzem
o homem a enxergar a si mesmo. A água é um elemento recorrente e pode ser encontrada em pequenos
lagos e cascatas. Outros elementos também podem ser vistos em abundância, como a pedra e o bambu.
Acreditava-se que havia um lugar para os imortais no norte da China. Como na realidade não
existia, criou-se este local no imaginário que foi concretizado na forma de um Jardim, denominado de
“Lago-Ilha”, um estilo bastante utilizado não só na China, como também no Japão. No mito, algumas
ilhas só poderiam ser atingidas se transportadas por um pássaro, a cegonha gigante. Nos jardins, esses
animais eram representados simbolicamente por rochas (PAIVA, 2008).
Para conceber um jardim, o projetista devia se entregar à meditação. E o resultado era uma extrema
relação entre o passado, o presente e o futuro, no intuito de expressar a essência da natureza em um
limitado espaço, buscando transmitir repouso e tranquilidade e sendo um espaço ideal para a medi-
tação e a contemplação. As flores, a água, o vento e a rocha traziam a essência da natureza. E para unir
a vida cotidiana a ela eram usados elementos como: areia, edificações (pagodes), lanternas e pontes.
Na concepção, sempre respeitavam o relevo, clima e vegetação existentes, não se prendiam a geo-
metrização e a simetria dos jardins. Esta abordagem influenciou o que seriam os jardins ingleses no
início do século XVIII. Os caminhos eram sinuosos com forração em pedras com a areia, tinham a
função de percurso e contemplação. E para garantir um belo visual, eram utilizadas plantas perenes,
que promoviam a estrutura do jardim no mesmo aspecto visual durante todo o ano.

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UNICESUMAR

Figura 12 - Jardim Chinês da Amizade, Sydney, Austrália

Descrição da Imagem: imagem de um belo jardim chinês e lagoa em torno de um pagode, edificação cor laranja, com telhados do
estilo chinês, lago com contorno de pedras e vegetação aquática, em contraste com a cidade de Sydney ao fundo com edifícios em
concreto e vidros.

No JARDIM CHINÊS, as estruturas dos pórticos, pontes, quiosques e mesmo fabriques contribuem
para dar este aspecto tão característico que ao olhar a estrutura era fácil relacionar aquele jardim como
sendo chinês, principalmente pelas coberturas.
A primeira razão dessa interpenetração entre o jardim e a arquitetura expressava o desejo de unir
a vida quotidiana à natureza. Apesar disso, foram dispostas no jardim, de maneira excessiva, edifica-
ções de intenções puramente ornamentais, cujos modelos se apresentam sob as mais variadas formas
(PAIVA, 2008).
As pontes, sempre de formato arqueado, transpõem cursos d’água ou caminhos de areia, eram
construídas com materiais naturais, e tinham a intenção de representar a reflexão humana, quando
transpõe os cursos.
As lanternas eram elementos evidentes que ornamentavam e iluminavam canteiros e caminhos.
Sempre executadas em pedras e eram réplicas das lanternas sagradas dos antigos templos.
Segundo Paiva (2008), a localização de cada lanterna era cuidadosamente calculada para que fossem
realmente úteis, clareando o caminho e ressaltando as belezas dos ornamentos de uma ponte ou de
um embarcadouro sobre o lago. Procurava-se ainda dissimular as lanternas por entre um grupo de
árvores, num bosque de bambus ou ainda por entre a sinuosidade do riacho.

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UNIDADE 2

Para o jardim chinês, a Montanha e a água simboliza muito mais que a inserção da vegetação no
espaço. O planejamento da arquitetura de estruturas e paisagística era evidente.
De acordo com Paiva (2008), as flores mais representadas nos jardins orientais citam-se as flores
da cerejeira do Japão, que são consideradas o “primeiro sorriso da primavera”, pois se abrem quando
ainda se tem neve sobre o solo.
Cultivavam árvores frutíferas como pessegueiros, romãzeiras, limoeiros e macieiras, também as
ornamentais com flores, os crisântemos, camélias, rosas silvestres, papoulas, lírios e muitas outras
espécies. Em especial a Lótus, flor típica do jardim egípcio, também é cultivada nos cursos d’água.
Árvores coníferas eram as mais frequentes, como o pinheiro e a cipreste.

Já o JARDIM JAPO-
NÊS data do século VIII
a.C. Este nasce da pro-
posta de um lugar para
descanso, convidativo à
meditação religiosa. Os
japoneses colocavam
princípios filosóficos e
doutrinas religiosas, que
foram conservados com
o tempo, por meio de
seus símbolos. A arte dos
jardins consistia em se
conhecer as superstições
e saber expressá-las de
maneira artística. Sem-
pre representavam suas
Figura 13 - Jardim japonês em Nordpark, Dusseldorf, Alemanha
leis, a harmonia, os cin-
co elementos, princípios Descrição da Imagem: a imagem retrata um jardim japonês. Jardim de pedra japonês tradicional
de causa e efeito, ativo e para meditação. Uma ponte central, que transpõe um curso d’água, contornado por pedras e
vegetação arbustiva, e árvores ao fundo com diferentes colorações, roxa e verde.
passivo, luz e sombra,
masculino e feminino.
Os japoneses expressam princípios filosóficos e ensinamentos religiosos que foram preservados
ao longo do tempo por meio de seus símbolos. O paisagismo representava suas superstições e saber
expressá-los artisticamente. Suas leis, harmonia, os cinco elementos, o princípio de causa e efeito,
atividade e passividade, luz e sombra, masculinidade e feminilidade estão sempre representados. O
princípio artístico do jardim japonês é focar a atenção no essencial, seja na sutileza da forma ou nas
sutis nuances, que devem ser sempre apreciadas.

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UNICESUMAR

A distribuição dos elementos no jardim é muito complexa, e as formas são simples e aparente-
mente aleatórias. Há água, plantas, símbolos, pedras, seixos. As flores anuais são vistosas e trazem
vida e dinamismo ao jardim. O movimento também pode ser fornecido por efeitos de cor, som, luz e
sombra. Possuem um grande tanque com cachoeiras, riachos, ilhas e grupos de pedras e árvores para
enfeitar a casa.

Ouça nosso podcast: arquitetura paisagística - um caminho para viver


bem. Nele nós vamos discutir sobre como a preocupação do paisagismo
reflete a história e a evolução dos povos. Como é a apropriação e uso
correto dos materiais, técnicas e tipologias e como elas podem hoje nos
inspirar na busca de soluções harmônicas esteticamente e aguçar os
sentidos. Acesse o QR Code e aperte o play!

A forma e a disposição de seus elementos, principalmente das pedras, eram minuciosamente


escolhidas e geralmente determinadas por razões religiosas. Era ensinado, por exemplo, que o rio
de um jardim deveria correr de leste para oeste, simbolizando o sentido do lado puro do mundo
para o impuro. As pedras dispostas em forma de pequenos caminhos traçavam itinerários calcu-
lados. No centro, sempre havia uma pedra para adorar os deuses, uma pedra que representava a
fundação de um templo e uma outra que marcava o local onde o visitante deveria tirar os sapatos,
assim como nos santuários (PAIVA, 2008)
Para Gonçalves (2017), a vegetação utilizada se caracteriza pelo uso de poucas espécies, porém de
grande beleza, como os bambus, azaleias, camélias, íris, glicínias, tuias, grama japonesa e cerejeira do
Japão. Cada elemento presente no jardim oriental tem um significado, lanternas estão relacionadas à
concentração e à espiritualidade. As pontes estão relacionadas ao sentido de passagem, momento de
mudança ou de entrar em um local sagrado. O bambu está relacionado à persistência, devido à sua
resistência e flexibilidade. A água significa o movimento da vida. Lagos com carpas são um símbolo da
força, da coragem e da fertilidade. E a “Sakura” ou cerejeira ornamental é considerada a flor da felicidade.
Voltemos para a Europa, na IDADE MÉDIA (500 d.C.–1500 d.C.). Na Idade Média, o desenho
do jardim sofreu grandes mudanças. A cultura pagã foi negada, e todos os povos, egípcios, persas, entre
outros, foram considerados pagãos. As guerras devastaram vastas áreas e cidades, e também havia a
crença de que os demônios viviam em densas florestas e jardins.

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UNIDADE 2

Assim, os jardins foram reduzidos a áreas confinadas em claustros dos castelos e mosteiros, des-
tinados ao cultivo de subsistência: hortaliças, plantas medicinais, plantas frutíferas e flores de corte
para a ornamentação dos altares. Na forma, os caminhos cortavam-se em ângulos retos que faziam
menção à cruz cristã.

Figura 14 - Vista aérea do Mosteiro de Santa Maria da Vitória, Batalha, Portugal

Descrição da Imagem: a imagem mostra uma vista superior perspectivada do Mosteiro, consegue-se identificar suas áreas construídas
e vegetadas, inseridas dentro de uma área urbana. A edificação é marcada por uma sequência de pilares, e a calçada tem um desenho
geométrico e triangular. Internamente identifica um pátio privativo, ajardinado com canteiros simétricos, forração verde escura e
indivíduos arbóreos e coníferos.

Os jardins deste período são divididos em dois tipos: os monacais e os mouriscos (DEMATTÊ, 2006).
Os jardins Monacais estavam localizados nos claustros dos mosteiros, com características funcionais
e possuíam formas geométricas e simétricas. Neste período, as igrejas e mosteiros eram os centros
de toda a atividade social. Os jardins tinham função de produção de alimentos e hortaliças, ervas
aromáticas e medicinais, árvores frutíferas, flores, viveiros de peixes, pássaros (livres ou em gaiolas),
locais para banho.

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UNICESUMAR

Figura 15 - Mosteiro de São Domingo de Silos, Burgos, Espanha

Descrição da Imagem: a imagem mostra uma vista de quem percorre os corredores laterais ao jardim interno do mosteiro, observa-se
uma sequência de colunas que emolduram as perspectivas do jardim. A edificação possui materiais construtivos aparentes com uma
coloração marrom. No centro, o jardim toma forma com seu desenho geométrico, e o verde, como cor predominante, emoldura o
canteiro de flores.

A partir desta época, há relatos da arte de construir labirintos nos jardins do castelo e de arquear ga-
lhos para formar alamedas. No fim do séc. XI, o jardineiro flamengo, Louis, originário de Bourbourg,
construiu para o Conde Arnold de Guiness um labirinto no seu castelo de Ardre. Este labirinto era
constituído de muros e pavilhões cobertos de verde e foi o primeiro exemplo deste motivo que se
perpetuou na história dos jardins. Estes jardins em labirintos eram conhecidos pelo nome de Palácio
de Dédalo, e se inspiravam na tradição clássica. O antigo mito cretense tinha sido submetido a várias
transformações. Sabe-se que o tema do labirinto apareceu primeiro na decoração religiosa e, sem dú-
vida, com uma significação moral que o aproximou dos valores familiares e pessoais (PAIVA, 2008).

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UNIDADE 2

Figura 16a e 16b - Palácio de Alhambra, Granada, Espanha

Descrição da Imagem: a imagem mostra vistas externas do Palácio de Alambra, que é um belo conjunto de edificações e jardins.
A primeira mostra um grande lago central frente ao pórtico arqueado atrás do qual fica a Torre das Damas. O recinto do palácio é
formado por pátios retangulares de grande beleza e numerosas fontes, e a mais importante é a fonte dos Leões, que está no páteo
ilustrado na imagem B.

Para Gonçalves (2017), por outro lado, os jardins Mouriscos estavam localizados nos grandes palácios e
castelos e não possuíam regras de composição orgânicas ou geométricas. Estes jardins tiveram influên-
cia hispano-árabes e tinham a água como elemento essencial de composição, tanto para climatização,
como para a criação de uma paisagem sonora. Fazia uso de plantas aromáticas que despertassem o
olfato, tendo variedade de cores nas plantas e flores. As espécies comumente utilizadas eram a alfazema,
primavera, rosas, anêmonas, cravo, jasmim, jacinto. Além da vegetação e da água, foi recorrente o uso
de cerâmica e azulejos para revestimento de paredes junto aos jardins.
Nesta unidade, exploramos os estilos de jardins e a abordagem histórica do paisagismo, desde as
suas origens até o paisagismo da Idade Média. Aprendemos que os jardins são reflexos das sociedades
em que foram criados, evidenciando influências culturais, estilos e funções que se desenvolveram ao
longo do tempo. Desde os primórdios da humanidade, os desenhos de jardins refletem os conceitos
psicológicos das sociedades de cada período histórico, bem como sua utilidade prática ou ornamental.
Através das estruturas, elementos compositivos e vegetação presentes nos jardins, podemos identificar
a tecnologia empregada, a função e a ordem estabelecidas. Compreender esse contexto nos permite
entender como a sociedade moldou as características do paisagismo e como os jardins refletiram as
mudanças políticas, econômicas e sociais ao longo do tempo e do espaço.
Lembra-se do exercício proposto no início da unidade? Pois bem, agora vou te exemplificar com
a Análise dos Jardins de Alhambra, na Espanha. Esses jardins estão localizados no complexo do
Palácio de Alhambra, em Granada, e foram criados durante o período islâmico da Península Ibérica.

65
UNICESUMAR

Os Jardins de Alhambra refletem a influên-


cia da cultura islâmica da época, combinando
elementos arquitetônicos, design paisagístico e
simbolismo. Ao longo dos séculos, o local pas-
sou por diversas transformações, mas manteve a
essência da cultura islâmica em sua concepção.
A influência cultural islâmica é evidente na
geometria presente nos jardins, com formas geo-
métricas precisas e simétricas, além de padrões
ornamentais complexos. Essa abordagem reflete
a importância da geometria na cultura islâmica,
que simboliza a ordem e a harmonia divinas.
Além disso, os jardins são projetados em
harmonia com o ambiente natural circundante,
utilizando fontes de água, canais e riachos para
criar uma atmosfera refrescante e tranquila. Essa
abordagem destaca a importância da água na cul-
tura islâmica, representando a vida, a purificação
e a renovação.

66
Vamos reforçar o que aprendemos? Preencha as questões do seguinte mapa mental.

Figura 17 - Mapa Mental

Descrição da Imagem: a imagem se trata de um mapa mental, em formato de um retângulo azul deitado, dividido em quatro
partes iguais, e no centro um círculo amarelo. Escrito dentro do círculo está: “Paisagismo na Idade Média”. Na divisão esquerda
superior, está escrito: “Identifique e explique uma função prática comum dos jardins medievais. Como eles eram utilizados para
atender às necessidades diárias das comunidades?”. Na divisão direita superior, está escrito: “Discuta o simbolismo religioso
encontrado nos jardins medievais. Cite exemplos de elementos simbólicos relacionado à fé cristã e explique seu significado”.
Na divisão esquerda inferior, está escrito: “Descreva a importância da ordem e da simetria nos jardins medievais. Por que a
geometria e a organização precisa dos elementos eram valorizadas nesse período?”. E na divisão direita inferior está escrito:
“Analise a necessidade de elementos defensivos nos jardins medievais. Quais eram as razões por trás da incorporação de
muros, cercas e valas? Como esses elementos refletiam o contexto social e político da época?”.

67
1. O Jardim Suspenso da Babilônia, exemplo de inovação das construções da Mesopotâmia,
refletiu fielmente as crenças cósmicas e foram notáveis monumentos históricos que simbo-
lizaram a necessidade arquetípica de o homem completar a paisagem natural, demonstrada
pelo escalonamento das construções que objetivava fazer a releitura de uma montanha e pelo
uso intenso da vegetação. Sobre este jardim é correto afirmar:

a) Formavam verdadeiros patamares que eram planejados, espelhos d’água, onde originaram
as cascatas que percorriam todo o jardim.
b) Este jardim era a idealização do paraíso terreno, com plantas exóticas, constituídos por floreiras
suspensas, irrigados mecanicamente e também era cercado por muros altos.
c) Com a intenção de representar uma montanha sobre a região da planície desértica, a cons-
trução era de forma escalonada, sobre sete fileiras de camadas abobadadas, chegando a 23
metros de altura e formava um zigurate.
d) Os jardins, neste contexto, simbolizavam a sombra e água fresca. As plantas utilizadas eviden-
ciavam a agricultura, mas eram estritamente ornamentais.
e) A vegetação era disposta de forma assimétrica, conduzida através da sua multiplicação, e
irrigada somente pelo sistema natural, dependiam das chuvas escassas do deserto.

2. A arte do jardim na China e Japão sempre foi independente da arte ocidental. Os jardins cria-
dos pelos orientais estão baseados em outras crenças e foram destinados pelos habitantes à
compreensão mais íntima da natureza. O ponto comum entre o jardim japonês ou chinês era
a presença de uma montanha ou um lago (PAIVA, 2008). Deste modo, os jardins orientais se
basearam em específicos conceitos. São eles:

I) São jardins cheio de simbolismo, contradizem as ideias dos templos xintoístas, que têm como
princípio a adoração a divindades que representam as forças da natureza, e nos budistas, que
consideram a natureza como algo sagrado.
II) Os jardins orientais têm sua origem associada aos parques de caça chineses. E, por isso, bus-
cam acomodar os elementos paisagísticos de modo que pareçam naturalmente acomodados,
ou seja, que a interferência do homem seja minimamente percebida.
III) A água é um elemento recorrente e pode ser encontrada em pequenos lagos e cascatas.
IV) A vegetação utilizada se caracteriza pelo uso de poucas espécies, porém de grande beleza,
como os bambus, azaleias, camélias, íris, glicínias, tuias, grama japonesa e cerejeira do Japão.
V) Tem como objetivo expressar a essência da natureza em um abrangente espaço, buscando
transmitir repouso e tranquilidade e sendo um espaço ideal para a meditação e a contem-
plação.

68
São afirmativas corretas, somente:

a) I, II, III, IV e V.
b) Somente as afirmativas II, III, IV e V.
c) Somente as afirmativas II, III e IV.
d) Somente as afirmativas II, III e V.
e) Somente as afirmativas I, II e V.

3. Marque V para verdadeiro e F para falso nas seguintes afirmações sobre estilos de jardins e
a abordagem histórica do paisagismo:

( ) Os jardins egípcios eram caracterizados por sua simetria e uso extensivo de água.
( ) Os jardins medievais refletiram a influência do movimento paisagístico.
( ) Os jardins persas eram famosos por seus azulejos e fontes ornamentais.
( ) Os jardins romanos eram conhecidos por seu estilo naturalista e uso de elementos naturais.
( ) Os jardins medievais eram projetados para serem espaços utilitários, além do lazer, eles
possuíam áreas para cultivo de alimentos.

Assinale a alternativa correta:

a) V, F, V, V, F.
b) F, V, F, F, V.
c) V, F, V, F, V.
d) F, V, F, V, F.
e) F, F, V, V, F.

4. De acordo com o que você estudou nesta unidade, escreva com suas palavras, em um texto
de até 10 linhas, como os jardins refletem as mudanças sociais e culturais ao longo do tempo?

5. Quais foram as principais influências culturais nos estilos de jardins ao longo da história até a
Idade Média? Escreva sua resposta em forma de texto dissertativo, de 4 a 8 linhas.

69
70
3
Paisagismo, do
Renascimento ao
Contemporâneo
Me. Lessyane Rezende de Matos Souza Bonjorno

Este tema de aprendizagem abordará as referências da arquitetura


paisagística do período clássico até o paisagismo moderno contem-
porâneo nacional. Caminharemos pelo Renascimento na Europa
e na Inglaterra, suas influências no período colonial e imperial do
Brasil através dos estilos e espécies importados. Você também
observará as principais mudanças nos conceitos paisagísticos dos
séculos XVIII até o século XXI. Definirei características, padrões, ma-
teriais e técnicas desenvolvidas principalmente pelo nosso maior
paisagista brasileiro, Burle Marx.
UNICESUMAR

Qual a relação dos projetos Renascentistas e as composições dos jardins modernos? No princípio, a
ideia de se constituir uma linguagem moderna surgiu da necessidade de se projetar um jardim que
dialogasse com a arquitetura - não se poderia projetar uma casa moderna e manter o jardim com as
características ecléticas. Os pressupostos de uma nova linguagem partiram da oposição ao jardim
eclético e principalmente ao chamado “jardim paisagístico”, que é o jardim inglês, considerado pelos
arquitetos modernos uma tentativa de imitar e melhorar a natureza.
O paisagista do século XX é chamado a fazer muitas coisas: criar um jardim imponente ou um
jardim que ofereça refúgio, elaborar margens de estradas, organizar parques e alamedas, como tam-
bém logradouros comemorativos, jardins botânicos e, às vezes, hortos, que podem ser objeto de
extraordinária beleza. Mas, ainda assim, qual a relação dos projetos Renascentistas e a composições
dos jardins modernos?
O jardim é um tema com grande significado em todas as culturas, sobretudo nos momentos de
crise e de transição, nos quais uma exploração de seus valores se propõe como uma necessidade, de
nostalgia e de esperança, elo conceitual entre um momento de consciência da própria história e, ao
mesmo tempo, lugar para projeção de visões de futuro.
O jardim é potencialmente uma das mais eloquentes expressões dos valores de uma sociedade, em
algumas épocas ditada por uma ideia fundadora autóctone, até as raízes de uma cultura particular em
outras mais aberta, a partir de e em direção a outras culturas, como um precioso lugar de hibridações.
A investigação sobre a contribuição da arquitetura contemporânea se faz com a discussão do con-
junto do trabalho de arquitetos importantes na concepção da arquitetura contemporânea, a partir da
ruptura com o pensamento moderno e que realizaram projetos paisagísticos sob uma nova perspectiva.
A referência aos projetos fundantes do paisagismo contemporâneo, que são os do concurso do Parc
de La Villete, e os projetos das intervenções de requalificação urbana de Barcelona, contribuem para
a consolidação dos novos conceitos e estratégias do paisagismo.
Que tal pesquisar mais sobre os expoentes paisagistas do nosso século? Pesquise e faça uma lista
com os nomes de profissionais que, no início da década de 2020, atuam em projetos que preservam
e transformam a paisagem.
Uma obra de arte decidirá sempre sua própria estrutura. Nem sempre uma regra estabelecida para
um jardim serve para outro. Não se podem criar jardins de acordo com regras, com imposições. Pode-
mos apenas tentar chegar a certos princípios, trabalhando por instinto ou raciocínio, com imaginação
e intuição. Podemos aceitar, da história, as convenções, sem deixar-nos prender por elas; da natureza,
aceitamos suas leis e sugestões.
Após fazer sua pesquisa, pense: quais são as características dos trabalhos desses profissionais? O
que mais te chamou a atenção? Como você conseguiria incorporar as ideias deles em seus trabalhos?
Anote seus resultados de pesquisa e suas considerações no seu Diário de Bordo.

72
UNIDADE 3

“Em um jardim saberemos sempre se devemos compor uma sinfonia ou um simples moteto. Pode-
mos pensar numa planta como numa nota musical. Tocada num acorde, ela soará de certa forma
num outro acorde, seu valor alterar-se-á. Às vezes, ela é a tônica, outras vezes, a terceira ligada
acima ou abaixo, na escala; pode ser legato, staccato, forte ou fraca, tocada numa tuba ou num
violino. Mas é sempre a mesma nota. Uma planta é uma forma, uma cor, uma textura, um perfume,
um ser vivo, com necessidades e preferências, com personalidade própria. A luz e a distância a
modificam, o vento pode alterá-la, bem como a chuva ou o sol. Plantada sozinha na relva, terá um
valor; em grupo, entre rochedos, entre texturas diferentes e folhas, num canteiro de cor, será dife-
rente. Podemos pensar numa planta como obra de escultura, que deve ser vista em seus diversos
ângulos, transformada por sopros de vento, de um verde tranquilo numa figura dançante de folhas
verde-prateadas, salpicadas pelo sol depois de uma inopinada chuva”.
Fonte: Marx (2004, p. 64).

73
UNICESUMAR

No Renascimento (séc. XVI–XIX), havia novos conceitos sobre a Terra, a humanidade e o universo.
Tem um caráter conquistador e imperialista. Houve um movimento geral de renovação envolvendo
jardins e parques. Esse movimento na arte do jardim passou pelo Humanismo, que representou a
transição entre a Idade Média e o Renascimento.
Segundo Jellicoe e Jellicoe (1995), durante os séculos XVII e XVIII, as civilizações ocidentais
se transformaram em sociedades liberais. Suas bases filosóficas e legais, além do espírito científi-
co, propiciaram liberdade de empreendimento e mobilidade social, bem como as possibilidades
de prosperar e expandir em escalas mais amplas. A partir de então, deu-se início ao intercâmbio
universal de ideias que elevariam as artes da paisagem de um nível local e doméstico de projeto
ao moderno conceito de planejamento abrangente. O Renascimento foi um período marcado pela
retomada dos padrões clássicos.
Uma das principais mudanças no cenário paisagístico é a transição dos jardins murados para os
jardins abertos, pois o jardim passa a refletir a época (DEMATTÊ, 2006). O primeiro exemplo de jar-
dim aberto foi a Villa Medici, nos arredores de Florença, na Itália (COOPER, 2006). Os jardins renas-
centistas são inspirados nos domus e nas villas romanas e fazem uso da técnica hidráulica espanhola.
Apresentam também influência medieval no uso de pomares e hortas. Fez-se uso tanto de plantas de
valor utilitário quanto ornamental.
De acordo com Paiva (2008), os jardins reais se tornavam cada vez maiores e eram compostos de
mais setores variados como bosque para os animais selvagens, viveiro de peixes, viveiro de aves (este
coberto de tela de fios de latão), onde se criavam faisão, perdiz, rouxinol, melro, pintarroxo, pintassilgo,
canários e outros pássaros que cantavam. As árvores eram plantadas em linhas perpendiculares para
destacar as perspectivas. Esse tipo de concepção aparece aqui pela primeira vez, e será dominante
no jardim francês. Nessa época, não era conveniente que o rei ou mesmo os senhores se deleitassem
sempre, mas quando o faziam para satisfazerem seus súditos, eles iam aos jardins para se refrescar,
agradecer e glorificar a Deus.
Os jardins europeus do século XV ao XVIII são suntuosos e elaborados, sendo as plantas submetidas
a formas artificiais por meio da poda, sendo produto do culto à forma clássica (DEMATTÊ, 2006).
Uma característica importante para a atividade paisagística nesse período é o desenvolvimento do
projeto do jardim antes da execução, o que se deu também pela complexidade deles. Na composição,
os jardins fizeram uso da modulação classicista e do antropocentrismo.
A criação do jardim clássico começa com o renascimento italiano. Florença foi, desde meados
do século XIV, a capital dos jardins, assim como era também a capital da pintura. Os arredores de
Florença se encheram de Villas e castelos onde banqueiros e comerciantes ricos se retiravam durante
o verão. Retomaram-se ainda os motivos dos mitos da Antiguidade, que concorriam para restituir a
vida agradável no seu sentido religioso profundo. Assim, as divindades pagãs ressurgiram nos jardins,
simbolizadas nas estátuas da Antiguidade que se tornaram mais conhecidas. As fontes foram outro
elemento desta continuidade medieval, na época do renascimento (PAIVA, 2008).
As plantas utilizadas nos jardins do renascimento eram menos variadas do que as utilizadas atual-
mente, porém eles souberam evitar a monotonia nos jardins (NOORDHUIS, 2003). Nesse período,

74
UNIDADE 3

deram-se três importantes estilos de jardins: o clássico italiano, clássico francês e o inglês. Em cada país,
o jardim vai assumir características próprias: enquanto na Itália são mais volumosos e opulentos, na
França, as formas são mais sutis e detalhadas, sendo predominante a vegetação de porte baixo, dando
destaque aos edifícios (DEMATTÊ, 2006).
O Jardim Italiano e o Jardim Francês eram semelhantes com relação à concepção de formas
geométricas e simétricas. No entanto, no jardim italiano era abundante o uso de estátuas, já no francês
a vegetação é que ganha maior importância. São características do estilo clássico as linhas geométricas
e simetria dos traçados: círculos, retângulos e triângulos combinam-se. Costuma-se dizer que esse
jardim era desenhado com régua e compasso, dada a geometrização das formas. São comuns nesse
jardim as sebes baixas e rigorosamente aparadas emoldurando os canteiros e a conexão com a paisa-
gem, por meio da criação de pontos de fuga. As flores são secundárias, a vegetação é composta por
ciprestes, tuias e buxinhos, de porte baixo e topiadas, emoldurando os canteiros. Outros elementos
estão presentes, como as estátuas, escadarias e fontes de desenho clássico.
O Jardim Inglês, porém, com inspiração nos jardins chineses, busca imitar a natureza por meio de
um traçado livre e sinuoso, com a presença de água em lagos ou riachos, naturais ou artificiais. Segundo
Lamas (1993, p. 194), é no período clássico barroco que o paisagismo se estrutura “como um campo
específico da arquitetura e do planejamento urbano”, e a natureza ganha “os mesmos atributos culturais
e estéticos que a cidade”. Nesse período, as cidades passaram por mudanças no modo de viver urbano;
surgem novas tipologias espaciais como os parques, as alamedas, o jardim e o passeio arborizado.
Assim, o homem que até aqui havia buscado a eternidade através da interiorização, começa a per-
ceber no mundo exterior valores outros nunca antes percebidos e, com esse espírito, as artes foram
recriadas no Renascimento, dentre elas, a arte da paisagem, mediante a qual se produziram jardins
no mais alto nível de sofisticação. E segundo os ditames racionais do Renascimento, o objetivo fun-
damental era criar formas que correspondessem à tranquilidade e estímulo ao homem, conforme a
nova postura para ele idealizada.
Na Europa, surge, na Itália, o desenho da paisagem, que abarcava três zonas diferenciadas: Toscana,
Roma e o Norte, de Génova a Veneza. Na região da Toscana, por inúmeras colinas e vales, em que se
apresentavam, de forma dispersa, edifícios agrícolas e plantações de oliveiras e videiras. Na zona de
Roma, havia uma planície com terrenos pobres, onde se encontravam ruínas de antigos aquedutos
e restos de calçamento, como a Via Ápia, ou seja, Roma era uma cidade medieval murada, tendo no
entorno ruínas clássicas. Veneza, em meio a lagos e lagoas, tinha uma paisagem espaçosa e tranquila.
O jardim italiano é um jardim pensado nos detalhes, e buscava promover perspectiva arquitetôni-
ca. Para promover o prolongamento dos jardins, eram utilizadas muralhas, escadarias e parapeitos. A
conexão gradual entre a massa de construção e de vegetação era feita por meio de pátios com pórti-
cos. Os passeios eram feitos por passagens retilíneas e ortogonais entre si, e a água estava presente de
forma decorativa em fontes. Os elementos arbóreos e vegetais são subordinados à arquitetura, sendo
sempre recortados e topiados. “A vegetação perene é a preferida, pois assegura o aspecto definitivo
com o jardim e compõe com a arquitetura. Eram utilizadas plantas cítricas e ornamentais, dentre elas,
as cidras, limoeiros e laranjeiras” (GONÇALVES, 2017, p. 60).

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UNICESUMAR

Segundo, Vieira (2007), a teoria geométrica platônica desenvolvida por Palladio, dentro de um
ponto de vista prático, é aplicada nas obras construídas, nas proporções harmônicas da habitação tri-
dimensional única, assim como no conjunto de uma série de habitações, de forma que se percebesse
o todo, traduzindo a harmonia proposta. Essas proporções, absolutas, estáveis e finitas, constituíram
o ponto culminante da busca renascentista pela proporção. Dessa forma, na Renascença, realizou-se
a busca da proporção na arquitetura e sua concretização desencadeou uma nova paisagem
Para Paiva (2008), os jardins deixaram de ser canteiros para cultivar e colecionar plantas e passaram
a serem construídos em áreas externas para realização de atividades diversas de lazer. Em terrenos
acidentados formavam-se platôs, interligados com escadarias monumentais de pedra com corredeiras
de água. Nos terraços, havia fontes, estátuas, pórticos, belvederes (mirantes), balaustradas (gradeado
com pequenos pilares), arcadas em colunatas, pérgolas com trepadeiras, áreas sombreadas.

76
UNIDADE 3

Não se usavam flores, o foco era a


massa arbórea. Na composição des-
ses jardins, eram comuns os labirin-
tos. Na Figura 1, vemos a ilustração
dos jardins da Villa Lante – pode-se
observar os desenhos geométricos
criados com o uso da vegetação to-
piada. Outra característica marcante
do estilo italiano encontrado nesse
jardim é a presença de água, junto a
uma fonte no centro do jardim, assim
como o uso abundante de estátuas.
Para o projeto paisagístico, os
mesmos conceitos utilizados para
a edificação, criando platôs que se Figura 1 - Villa Lante, Bagnaia, Itália
encaixam de forma harmoniosa na
topografia, desenvolvendo um exer- Descrição da Imagem: uma grande área de jardim, com canteiros geometri-
zados, moldados com topiarias e vegetação predominante na cor verde. No
cício de geometria na natureza, com- centro, há uma área de espelhos d’água, e ao centro, escultura e fonte. Ao
fundo, edificações da cidade de Bagnaia com textura nas fachadas de tijolo à
pensado pelo desenho orgânico da vista e telhados de terracota.
topiaria (VIEIRA, 2007).

Figura 2 - Villa Lante, Bagnaia, Itália

Descrição da Imagem: fonte com grandes esculturas do deus Netuno e cobras marinhas, todas esculpidas em pedra. Logo acima,
parapeito de balaústres, e ao fundo, vegetação de ciprestes.

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UNICESUMAR

Os elementos verdes empregados constituíam plantas perenes maciças de buxo, cedros cortados,
ciprestes escuros e arbustos, ou flores em locais de destaque e os materiais construtivos, pedra e água;
os construídos: fontes monumentais, grandes escadas de pedra, nichos, cascatas, rampas, terraços,
balaustradas, esculturas e pérgolas. Os detalhes arquitetônicos eram delicados, como molduras nas
amuradas e inúmeros balaústres que sustentavam parapeitos (VIEIRA, 2007).
O terraço tinha uma escada de pedra e o patamar era decorado com uma fonte. A água serviu não
apenas como decoração, mas também para enfatizar diferenças de elevação e cruzamentos de cami-
nhos. Em meio a muitas fontes, estares são sombreados por ciprestes e envolvidos pelo som da água
corrente que percorre todo o jardim. A composição final é harmônica, de uma beleza tranquila, na
qual todas as formas se apresentam integradas. Uma infinidade de jardins com essas características
foi criada por toda a Europa, porém os mais expressivos foram os italianos.
No jardim de estilo francês, as amplas pers-
pectivas eram desenhadas para que o jardim pa-
recesse infinito, fundindo-se com a paisagem do
entorno. Desperta a admiração, não falta água e
vistas panorâmicas. A criação de jardins era um
modo de fazer arte com a natureza.
Os reis e os grandes senhores do Renascimento
quiseram também possuir seus próprios jardins.
Todos os jardins apresentavam as principais carac-
terísticas dos jardins italianos, apesar da tradição na-
cional francesa ter passado a se impor com o tempo.
De maneira geral, a parte descoberta dos jardins era
ocupada por canteiros em broderie (desenhos que
remetem a bordados), e no centro encontrava-se uma fonte, que era dominada por um pavilhão em forma
de cúpula, geralmente em estilo gótico. Havia ainda as plantas podadas em topiarias (PAIVA, 2008).
Cada jardim era planejado geometricamente, composto por terraços, espelhos d’água e caminhos
traçados ao longo de um eixo central em proporções monumentais. A maior parte desse plano pode
ser vista de relance para despertar admiração e mostrar respeito.

78
UNIDADE 3

Na organização do jardim, de acordo com Gonçalves (2017), o passeio principal era mais largo, e os
demais, perpendiculares. A disposição dos elementos era exatamente simétrica, com canteiros bem desenha-
dos. Dentre os elementos que compõem um jardim francês estão: bosques, claustros, galerias, salas verdes,
labirintos, anfiteatros, canais, cascatas, esculturas e elementos decorativos. Eram evitados os muros altos,
possuíam escadas e fontes bem decoradas e os edifícios sempre estavam elevados com relação ao jardim.
O jardineiro mais famoso dessa época foi André Le Nôtre, que trabalhava com simplicidade, ele-
gância e requinte, no entanto sem excessos. Seu primeiro trabalho importante como paisagista foram
os jardins do castelo Vaux-le-Vicomte, pertencente ao Ministro das Finanças de Luís XIV, Nicolas
Fouquet. Nele, havia parterres padronizados com o gramado, sebes perenes de porte baixo e espelhos
d’água. O uso de alvenaria era mínimo: Le Nôtre utilizava as plantas para criar estruturas, como os
teixos podados em forma de cone (PAIVA, 2008).

a) b)

Figura 3 - Jardins do castelo Vaux-le-Vicomte

Descrição da Imagem: em espaço destinado ao lazer e contemplação, extensão do Castelo, observa-se toda a rigidez do desenho
paisagístico, marcado pela geometrização dos canteiros e topiarias, e também dos alinhamentos, retilíneos de caminhos e estruturas.
A primeira imagem, “a”, vislumbra o castelo ao fundo, marcado no horizonte por uma densa vegetação arbórea de cor verde, o castelo
com cobertura acinzentada e paredes de cor bege. À frente identificamos um espelho d’água, esculturas e balizadores intercalados
com elementos arbustivos conduzidos no formato triangular. Na segunda imagem, “b”, observa-se o caminho central do jardim, no
centro uma fonte, e, ao fundo, um terraço para observação da extensão do espaço. Circundando o caminho, temos áreas ajardinadas,
canteiros, mesclando topiarias e flores. E ao fundo, um belo bosque.

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UNICESUMAR

Le Nôtre revolucionou o desenho paisagístico francês de acordo com Vieira (2007). Substituindo o
conceito de compartimentação pelo conceito de espaço organizado na sua totalidade, a relação entre
espaço, arquitetura e jardim é sustentada pelos seguintes princípios:

• O jardim não é um mero prolongamento da arquitetura, porém o conjunto arquitetura


e jardim compõem a paisagem de forma unificada.
• A geometria do sólido é aplicada para contrapor a bidimensionalidade proporcionada
pelos eixos direcionais, em diálogo com as ondulações do terreno.
• Os bosques projetados devem ser ordenados e rebatidos segundo eixos direcionais
adotados pelo projeto; estes devem ficar nitidamente definidos e serem implemen-
tados de forma escultórica, mantendo-se as formas geométricas.
• O princípio barroco é adotado na criação de unidade entre o céu e o entorno, pelo
reflexo da água e traçados de ruas e avenidas, cujo eixo direcional dirige o ponto de
fuga (o olhar) para o infinito.
• A escala do jardim cresce conforme acontece o afastamento em relação à arquitetura.
• O ritmo do espaço é enfatizado pelo uso do mobiliário do jardim, esculturas e fontes
aquáticas.
• A priorização dos recursos óticos, na criação de ilusões óticas, dirigindo o olhar do
espectador para pontos demarcados, aumentando a sensação de distância.
• À primeira vista, o projeto é irrelevante; porém, durante o percurso, o espectador
encontra surpresas e contrastes, em especial junto aos pequenos bosques.
• O uso intenso de grades e pequenos lances de escada deve realçar o movimento do
usuário do jardim.
• A construção de grandes lances de escadas nos acessos principais objetiva criar a
sensação de se estar penetrando em um grandioso éden organizado.

As grutas também foram trazidas (dos jardins italianos) para Versailles, por várias trajetórias. A arte
da topiaria enfatiza forrações baixas com flores que constituem o canteiro de bordaduras partene de
broderies, canteiros considerados o elemento mais decorativo do jardim estilo francês. Os jardins de
Versailles foram encomendados pelo rei Luís XIV, sete anos antes do início da construção do palácio,
para André Le Nôtre. A área total era de 732 hectares, 3 km de extensão e 1400 fontes. Uma curiosi-
dade é que esse jardim foi inserido em uma área de um pântano sem função, e se tornou um espaço
encantador em conjunção com o grandioso Palácio.

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UNIDADE 3

Figura 4 - Jardins do Palácio de Versailles

Descrição da Imagem: área de contemplação, extensão do Palácio, onde se observa toda a simetria, a linearidade do desenho paisa-
gístico, marcado pela geometrização dos canteiros e topiarias e os caminhos ortogonais. No centro, um espelho d’água, e ao fundo, o
grande canal circundado pelo bosque.

Neste link, você encontra um vídeo entitulado Versailles, des jardins aux
châteaux de Trianon. Ele faz um passeio virtual pelo jardim de Versailles.
Vale muito a pena conferir.
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

Para Paiva (2008), a monumentalidade de um jardim era consequência de uma escala que pudesse
impressionar, expressão conseguida nos grandes espaços abertos. Em Versailles, os jardins foram
estruturados em uma série de terraços planos e abertos. Nesses terraços foram construídos canteiros,
onde o chão era todo bordado com buxinhos podados. Os espaços eram complementados com pe-
dras trituradas ou pó de tijolo, além de possuírem vasos plantados com flores, oferecendo, assim, cor
ao jardim. Um corredor principal ligava os canteiros, que se estendia até árvores plantadas de forma
bastante adensada. Entre o castelo e essa floresta, as árvores e arbustos eram rigidamente podados,
criando uma transição de formas: partindo-se do castelo, estrutura de alvenaria e formas geométricas,
passando-se pelas plantas, elemento natural em forma também geométrica, chegava-se aos bosques
cujas árvores se desenvolviam livremente.
Os espelhos d’água foram aprimorados com fontes ou jatos de água, pois o relevo do terreno não
favorecia a construção de cascatas. Assim, foram criadas várias fontes no jardim de Versailles, mas não
havia volume de água e pressão suficientes para abastecê-las e movê-las todas de uma vez.

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UNICESUMAR

Figura 5 - Grande Canal, Jardim de Versailles

Descrição da Imagem: área do grande espelho d’água do jardim, uma grande área ajardinada de forração baixa esverdeada, emoldu-
rada por uma sequência de escultura e indivíduos arbóreos, e, ao fundo, a fachada do Palácio de Versailles.


Alguns canteiros, só de flores, são criados próximos ao palácio: são os brouquetier ou
partenes flouristes. Quando se completa a separação do jardim de flores, a criação do
partene tomou quatro formas distintas:
Partene de Broderie - o mais delicado e recomendado para ficar junto ao edifício; este
era constituído por buxos podados e flores, formando desenhos assimétricos e delica-
dos. Partene Compartiment com desenhos simétricos, em que cada metade repetia o
desenho da outra, estruturado com buxo, grama, terra colorida e flores.
Partene Estilo Inglês - com grande área gramada e pequena elaboração de desenhos.
Os canteiros formados por flores eram separados do gramado por caminhos de areia
medindo aproximadamente um metro de largura; aqui também eram colocados vasos
com laranjeira, ao longo do partene em toda a extensão.
Partene com trabalhos de poda - com flores e canteiros margeados por buxos podados.
Neste não se incluíam gramas nem bordaduras; os caminhos eram cobertos com areia
(VIEIRA, 2007, p. 139, grifo nosso).

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UNIDADE 3

Figura 6 - Jardim de Versailles

Descrição da Imagem: área do grande ajardinada, com canteiros de flores e canteiros geometrizados de topiarias, na lateral esquerda
uma parte da fachada do Palácio de Versailles, na cor bege clara, com janelas em arco de estruturas alaranjadas. No jardim, observa-se
os elementos arbóreo formatos cônicos. No centro, um espelho d’água, e ao fundo, um bosque.

Dessa forma, Le Nôtre recupera perspectivas, constrói terraços, abre fileiras e passeios, concebe desta-
cáveis planos de água, dentro de uma concepção arquitetônica em que prevalece a razão geométrica.
Em decorrência de tais valores, a vegetação submete-se à topiaria nos canteiros, e as árvores à arte tam-
bém racional do jardineiro pela poda geométrica. Em meio a todo o conjunto, abrem-se perspectivas
em profundidade, oferecendo aos nossos olhos diversidade de movimentos, assim como as estátuas
parecem vir ao nosso encontro. É a arte a serviço da razão.
Ao focalizarmos o jardim de estilo inglês, é importante lembrarmos o grande amor que os ingleses
sempre dedicaram à natureza. A tradição inglesa nos jardins é antiga: surgiu da ocupação romana que
durou aproximadamente 400 anos na Inglaterra. Durante essa época e a seguinte, Elizabetana, os jardins
foram bastante sofisticados, artificiais; confinados num quadrado; elaborados com “fitas” de topiaria en-
trelaçando-se, desenhos de heráldicas preenchidos com flores. Criados como extensão da casa, possuíam a
mesma utilização desta. Até essa época, os jardins eram locais relativamente pequenos, divididos em várias
partes, até começarem a sofrer a influência da Renascença Italiana e, por volta de 1650, da Grandiosidade
Francesa, quando aumentaram em tamanho e tornaram-se mais formais (VIEIRA, 2007).

83
UNICESUMAR

No século XVIII, arquitetos e paisagistas da


época passaram a olhar toda a natureza como um
imenso jardim. Em pleno Romantismo, a escola
romântica de paisagismo desenvolveu-se lenta e
gradativamente no século XVIII. Originária da
Inglaterra, nascida do diálogo entre o homem e a
paisagem, sempre dentro dos clássicos casacos da
moda italiana e francesa. À espreita, mas esperando
para afirmar-se.
Arquitetos e paisagistas da época começaram a
ver toda a natureza como um jardim imenso. Por-
tanto, a natureza não se torna um elemento a serviço
da humanidade, mas um fundamento inesgotável
do progresso. A princípio, a transformação ocorreu
apenas por meio da concepção orgânica do projeto,
nascido de um novo conceito, o diálogo entre o ho-
mem e a natureza, que viu surgir um novo conceito
de paisagem, a passagem da regularidade rígida à
organicidade espontânea.
O movimento e a imaginação eram estimulados
por caminhos curvos e que desapareciam, por linhas
de vista encobertas por galhos. No estilo paisagístico,
sempre havia um elemento surpresa ou a sensação de
mistério. A ordenação assimétrica da paisagem provo-
cava uma complexidade visual, enquanto nos jardins
formais com traçados rígidos, todo ele poderia ser
observado em um só lance visual. Os desenhos assi-
métricos eram mais difíceis de se compor, devendo-se
sempre buscar o equilíbrio (PAIVA, 2008).
Conhecido como jardim naturalista ou paisagis-
ta, este busca a volta à natureza, sendo formado por
extensos gramados, vegetação em sua forma natu-
ral, árvores, riachos, rochedos e ruínas (DEMATTÊ,
2006). Os jardins eram projetados de modo que se
confundissem com a paisagem do entorno. Para
tanto, criavam-se caminhos sinuosos, criavam-se
colinas, organizando a perspectiva de maneira que
o jardim e a paisagem formassem uma única uni-
dade. Os lagos, que até então eram feitos em formas
retilíneas, ganham bordas sinuosas.

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UNIDADE 3

Esses corpos d’água e trilhas de utilidade incerta são característicos dos jardins dessa época. Era
usual, em uma das extremidades dos lagos, colocar-se pequenas ilhas repleta de árvores para dar a
impressão que o lago era mais largo. A fim de proteger o jardim do gado circundante, sem, no en-
tanto, isolar os jardins da paisagem natural, eram construídos muros invisíveis aos olhos de quem se
encontrava dentro do jardim (NOORDHUIS, 2003).

Figura 7 - Jardim Inglês da Bavaria, Alemanha

Descrição da Imagem: uma bela área livre, parecida com um campo, contornada por caminhos calçados, sinuosos, que promovem
a sensação de percurso em um bosque. Ao centro, uma construção com colunas em mármore branco. Toda a área é coberta por um
extenso gramado, e com maciços arbóreos. No horizonte, está a cidade alemã.

Com relação à composição e formas, o traçado do jardim inglês era livre e sinuoso, com a utilização de
elementos como calçadas, gramados, canteiros e bordaduras com flores, grandes maciços de plantas e
linhas curvas. A composição buscava promover a sensação de que não existiu intervenção humana e, ao
contrário dos jardins clássicos, não buscava a perfeição, assemelhando-se mais às formas da natureza.
Os paisagistas ingleses fizeram uso de métodos já utilizados nos jardins franceses para promover a
integração do jardim construído à paisagem do entorno, dando a sensação de continuidade entre os
espaços (COOPER, 2006).
Até a metade do século XIX, os jardins eram patrimônio da classe mais rica; com o tempo, esse
cenário foi mudando, e cada vez mais gente pode ter acesso aos jardins (NOORDHUIS, 2003). Opta-
vam pela implantação de vários tipos de flores, folhagens, arbustos e ervas. As plantas utilizadas eram
aquelas que necessitavam de pouca manutenção. Entre as espécies, estavam a lavanda, bela-emília,
rosas, jasmim, hortênsias, agapantos, glicínias, dentre outras.

85
UNICESUMAR

a) b)

Figura 8 - (a) Jardim do Palácio de Kensington, Londres; (b) Jardim inglês

Descrição da Imagem: a Figura (a) mostra um jardim inglês particular, moldado no estilo herdado dos italianos e franceses, porém
com muitas cores, flores e mescla de espécies. Caminhos lineares, com calçamento em pedras naturais, rústicas. Ao centro, um espelho
d’água, e todo jardim circundado por uma linha arbórea. Ao fundo, a fachada do palácio com tijolos aparentes. A Figura (b) mostra a
área do jardim inglês, onde se mostra sua essência de composição, que busca a integração da vegetação inserida. Na área de bosques,
visualiza-se caminhos gramados, sinuosos, contornados por canteiros, de flores coloridas, e ao centro, uma estrutura de fonte. Ao
fundo o maciço arbóreo de um bosque inglês.

No jardim inglês, o plano paisagístico era definido pelos grupos de árvores, onde se fazia inclusão
ou exclusão de espécies de acordo com o traçado ou a vista desejada. Em função disso, a maioria das
árvores que compunham o jardim eram espécies nativas.
Os elementos arquitetônicos impunham ao jardim uma característica de época e ainda indicavam
que o jardim constituía uma área projetada e trabalhada. No século XVIII, templos e ruínas, em
homenagem à Antiguidade, eram utilizados. Com o tempo, essas estruturas foram substituídas por
formas mais exóticas, como os pagodes chineses, pontes indianas, abrigos rústicos, ruínas e arcos
góticos. Destacava-se ainda o que se denominava “natureza sublime”, onde se valorizavam árvores
com formas irregulares, cenários com características selvagens (penhascos, cachoeiras) e até troncos
de árvores mortas. As árvores eram plantadas próximas aos elementos arquitetônicos (PAIVA, 2008).
O enfoque do paisagismo inglês diferia radicalmente da raiz de Le Nôtre, herdada na Itália renas-
centista, isto é, a do domínio explícito do homem sobre a natureza, expresso nas extensas paisagens
que guarneciam os castelos, dando ênfase à magnitude da arquitetura, numa espécie de gesto heroico
das linhas clássicas e cerebrais. “No desenho inglês, sem dúvida, também presente o mesmo domínio
sobre o natural, só que de forma muito mais sutil e dissimulada nas curvas e nos cenários românticos
e picturescos” (FRANCO, 1997).
Também no Renascimento, além dos jardins clássicos e inglês, desenvolveram-se os jardins de es-
tilos barroco e rococó. Estes eram evoluções dos jardins clássicos, porém com formas menos rígidas
simétricas, adquirindo aspecto de jardim vivaz e que sugeria movimento. O idealismo romântico foi
de caráter muito diverso, valorizando o indivíduo nas suas peculiaridades com diferenças para como
o outro na configuração dentro de um ambiente; constituiu-se, portanto, numa busca à pureza, à
inocência, num resgate do meio ambiente e da natureza em todos os sentidos.

86
UNIDADE 3

Em meio ao movimento romântico, no século XVIII, desenvolveu- se, lenta e gradualmente, a


Escola do Desenho da Paisagem Romântica. Originária da Inglaterra, nasceu de um diálogo do
homem com uma paisagem que sempre esteve latente, sob os mantos clássicos das modas italiana e
francesa, esperando, todavia, o momento para se afirmar (VIEIRA, 2007).
Arquitetos e paisagistas da época começaram a olhar toda a natureza como um imenso jardim.
Dessa forma, a natureza não seria um elemento a serviço do homem, mas deveria ser uma base de
exaltações morais inesgotáveis. De início, a transformação só se verificaria através da organicidade
do traçado dos projetos. Nasceu, assim, uma nova concepção do diálogo entre o homem e a natureza,
lançando-se a semente de um novo desenho paisagístico que passava de uma rigorosa regularidade a
um organicismo espontâneo.
Nos séculos XIX ao XX,
praticamente não se criou ne-
nhum estilo novo de jardim.
Na verdade, os jardins se ca-
racterizavam por serem fusão
ou mescla dos grandes estilos
já criados. No século XIX, mui-
to se usou dos quiosques, das
passarelas e pavilhões de esti-
los exóticos, adaptando-os aos
jardins da época, formando um
estilo que consistia na mistura
dos grandes estilos do passado.
Esse estilo consistia em rodear
a casa com um jardim regular,
e este, por sua vez, era rodeado
por um parque em estilo inglês.
No século XIX, houve a decadência na arte dos jardins, não surgiu nenhuma teoria nova, ne-
nhum estilo característico. O que se observou foi que os jardins deixaram de ser luxo de alguns para
se transformarem em necessidade de todos. Passaram a ser parte das novas exigências da população,
da saúde pública. A praticidade moderna era refletida também na arte dos jardins, onde se utilizava
com maior frequência o estilo paisagista em detrimento dos estilos francês ou italiano, por serem mais
baratos de se implantar. Nos jardins públicos contemporâneos, geralmente de estilo paisagista, não
há construções exóticas como tumbas, ruínas, castelos etc. Ao contrário, existem obras mais práticas
como estufas, cafés, restaurantes, salões de chá ou espetáculos.
Nos parques públicos que existem na maioria das grandes cidades, há um maior destaque para
as flores, em comparação ao que se utilizava nos jardins históricos (franceses, ingleses ou italianos),
que eram continuamente renovadas. “O Jardim Contemporâneo, mesmo que tenha se submetido às
pesadas ‘servitudes’ econômicas, não é mais que a continuação, mais modesta, do estilo paisagístico
que um jogo múltiplo de influências criou” (PAIVA, 2008, p. 61).

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Os primeiros sinais do paisagismo no Brasil tiveram início com a dominação holandesa. Na


primeira metade do século XVII, Mauricio de Nassau introduziu em Pernambuco as laranjeiras, tan-
gerineiras e limoeiros, com o intuito de urbanizar as cidades de Olinda e Recife. Também nas caravelas
que faziam rotas da Europa e das Índias vieram outras espécies: chapéu-de-sol (Terminalia catappa),
coco-da-Bahia (Cocus nuciferae), nogueira-de-iguape (Aleurites moluccana) e a tiririca (Cyperus
communis), cujas sementes eram liberadas quando se trocava o madeiramento dos navios.
Nas residências do período inicial de colonização, havia um predomínio de plantas aromáticas,
medicinais ou destinadas à alimentação. No período colonial, as residências ocupavam totalmente os
lotes, não havendo recuo do passeio, nem divisas laterais, ficando apenas algumas áreas nos fundos.
É o casario típico das cidades históricas.
No período colonial, não havia um estilo ou uma tendência paisagística marcante. A vegetação,
sobretudo as árvores, era utilizada como forma de amenizar o calor tropical. Há evidências de jardins
ligados à cultura religiosa. Nos mosteiros e conventos, cultivava-se plantas para ornamentação das
igrejas. No final do período colonial, foram criados os primeiros passeios públicos: Passeio público
do Rio de Janeiro (criado pelo mestre Valentim); Passeios públicos de Belém, Olinda, Ouro Preto e
São Paulo. No século XIX, D. João VI iniciou um processo de mudança nas características da colônia,
procurando se adequar ao progresso do mundo europeu. Esse processo foi mais intensificado em
consequência da transferência da família real para o Brasil.
Em 1807, foi criado o Jardim Botânico, no Rio de Janeiro, que constituía um horto para aclimatação
de plantas e onde se cultivavam espécies para chá, produção de carvão e matéria-prima para produção
de pólvora, cultivo em geral de plantas e, ainda, produção de especiarias (cravo, canela).


Com a transformação do Jardim Botânico em Horto Real, algumas espécies foram in-
troduzidas: caneleira-do-ceilão (Cinnamomum ceylanicum); canforeira (C. Canphora);
falsa-murta (Murraya exotica), utilizada como aroma para chá; gardênia (Gardenia
jasminoides); aglaia (Aglaia odorata); magnólia amarela (Michelia champaca); jasmim-
do-imperador (Osmanthus fragans); palmeirinha anã do Panamá (Carludovica palmata),
fornecedora de fibra para chapéu Panamá; e palmeira trepadeira rotang (Calamus rotang)
fornecedora de palha para assentos em cadeiras (PAIVA, 2008, p. 63, grifo nosso).

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UNIDADE 3

Figura 9 - Portão de Acesso Passeio Público do Rio de Janeiro

Descrição da Imagem: portão metálico com gradis na cor cinza em desenhos bem geométricos, uma moldura em concreto, com
capitéis de molduras no seu topo, mureta e gradil com ponteiras metálicas na lateral. Ao fundo, mostra-se a parte interna do parque
com gramado e árvore de copas altas.

Imigrantes portugueses, vindos da Ilha da Madeira, introduziram nos jardins plantas exóticas e nativas
como alamandas, amarilis, begônias, biris, primaveras, brunfelsins. tinhorão, petúnias, onze-horas,
sálvias. Portugueses da Ilha Mauritius trouxeram a palmeira imperial (Roystonia regia) e D. João
plantou-a no Horto Real (esse exemplar viveu 163 anos atingindo a altura de 40 m). A palmeira real
(Roystonia oleraceae) foi introduzida um século depois, vinda de Porto Rico.
Em 1858, chegou ao Rio o paisagista August François Glaziou.


Inicialmente trabalhou como engenheiro hidráulico, viajando por todo o país, o que lhe
deu a oportunidade de conhecer a flora brasileira e montar um herbário com mais de vinte
e quatro mil espécies vegetais. Em decorrência de seu interesse pela vegetação, o então
Regente D. Pedro II o nomeou chefe de parques e jardins, quando teve a oportunidade
de redesenhar os mais importantes jardins cariocas da época: a Quinta da Boa Vista, o
Campo de Sant’Ana e o Passeio Público (VIEIRA, 2007, p. 179, grifo nosso).

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O Estilo de Glaziou era inspirado no jardim paisagístico inglês do século XVIII. Havia grandes gra-
mados, lagos sinuosos, caramanchões em estilo de templo grego, e a preocupação de situar o jardim
dentro da paisagem, não havendo cercas ou outras estruturas que limitassem a visão.
Nos projetos de Glaziou, observamos uma síntese das duas tradições europeias: o formal jardim
francês e o pitoresco inglês, trabalhados com a finalidade de respeitar a forma e a exuberância de nossa
natureza tropical. Ele tem em seus traços inspirações de Jean-Charles, mestre de parques e jardins
“haussmannianos”, refletidos nos jardins do Rio de Janeiro com amplas circulações circundadas por
maciços generosamente recortados. Assim, o exemplo do Rio de Janeiro se espalhou para outros estados.

A Europa sempre fora considerada modelo de


civilização e desenvolvimento. Assim, sempre
serviu de modelo para a arquitetura e para os
jardins nacionais. Isso foi ainda mais acen-
tuado com as imigrações, principalmente de
italianos, portugueses, franceses e alemães,
que trouxeram e implantaram aqui seus mo-
delos de jardim. As espécies mais cultivadas
eram as rosas, dálias, crisântemos, avencas e
samambaias.
Houve grande influência dos jardins fran-
ceses nas praças brasileiras. A praça Paris, por
exemplo, no Rio de Janeiro, obra do urbanista
Figura 10 - Praça Paris, Rio de Janeiro/RJ Alfred Agache, 1929, serviu de modelo para
muitas outras. A simetria se tornou um ponto
Descrição da Imagem: caminho largo, envolto por postes de ilumi-
nação, áreas ajardinadas de gramados, com arbustos podados de comum, e em muitos projetos havia demons-
forma geométrica. Ao centro desse caminho, reconhecemos uma
fonte de água em mármore claro e esculturas escuras. Ao fundo,
trações da arte topiária, com estranhas escul-
a vegetação de grande porte com frondosas copas verde escuras. turas como poltronas, jogadores de futebol,
No horizonte, identificamos várias construções, em especial uma
igreja de arquitetura colonial. camelos, cavalos, esferas.
Mas o grande marco no paisagismo bra-
sileiro foi devido ao trabalho de Roberto
Burle Marx, no século XX. Ele nasceu em São Paulo em 4 de agosto de 1909 e mudou-se para o Rio
de Janeiro em 1913. Estudou na Alemanha de 1928 a 1929. Ainda era estudante de pintura em Ber-
lim, quando visitou o Jardim Botânico de Dablem e descobriu a riqueza da flora tropical, com vários
exemplos de plantas nativas brasileiras. De volta ao Brasil, ele foi convidado para fazer os jardins da
casa da família Schwartz, projetada pelos arquitetos Lúcio Costa e Gregório Warchavchik, em 1932, a
primeira do Rio de Janeiro em estilo moderno.

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UNIDADE 3

Caro(a) aluno(a), neste momento, apresento a vocês uma série de de-


poimentos de profissionais que tiveram experiências de desenvolver
projetos junto a Burle Marx. A Tv Brasil, através do jornalista Ancelmo
Góis, em 2009, em comemoração ao centenário de vida e história do
paisagista, entrevistou inicialmente Ana Beatriz Siqueira, Haruyoshi Ono,
Oscar Niemeyer, Lauro Cavalcanti e outros sobre o legado do paisagista,
referência na arte, paisagismo, coleção artística e botânica no Brasil.
Assista às três séries nos QR Codes
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Como artista, soube extrair a essência dessa tradição e reelaborar um trabalho de cunho pessoal, utili-
zando-se de formas fantásticas e das cores da vegetação brasileira, com seus conhecimentos botânicos,
explorando a plástica das folhagens tropicais e coloridas.
Com a concepção do jardim brasileiro, os anos 1930 marcaram uma fase distinta, preponderante e
decisiva na história do paisagismo no Brasil. Por essa época, foram firmados os princípios do pensa-
mento moderno, que mudaram os rumos da produção artística até então referenciada nas influências
estrangeiras fortemente europeias. Surgia a proposta desafiadora de construir o caráter nacional da
produção artística, democratizando-a e, portanto, desprendendo-a dos modelos estrangeiros. Quanto
à arquitetura, Lúcio Costa afirmava que deveria estar voltada para a coletividade, procurando explorar
a potencialidade dos materiais locais disponíveis e refletir a racionalidade da estrutura construtiva,
para solidificar as raízes brasileiras.

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UNICESUMAR

Entre 1934 e 1937, o paisagista exerceu a função de Diretor de Parques no Recife, onde projetou e
executou os primeiros jardins com plantas que ocorriam naturalmente em diversas formações fito-
geográficas do Brasil. Utilizou plantas da caatinga na praça Euclides da Cunha e da flora amazônica
nos jardins da Casa Forte.
Em 1943, com a associação com Henrique Lahmeyer de Mello Barreto, botânico, a tendência de
valorização da flora nativa foi acentuada, observando, sobretudo, o comportamento das plantas em
seu habitat, como se associavam com pedras, diferentes tipos de solo e outras plantas.


Também coletou diversas plantas nas diferentes regiões brasileiras, algumas desconhe-
cidas, e as valorizou, utilizando-as em seus projetos. As plantas desconhecidas foram
classificadas, recebendo o seu nome: Heliconia burle-marxii. Anturium burle-marxii,
Begonia burle-marxii, Mandevilla burle-marxii, Vellozia burle marxii, Philodendron
burle-marxii, Pleurostima burle-marxii, Burlemaxia spiralis são alguns exemplos (PAI-
VA, 2008, p. 63, grifo nosso).

A definição de um estilo ou uma tendência não depende unicamente das plantas utilizadas, mas da
forma de compor a vegetação, criando um movimento inovador. Como um artista moderno, ele não
poderia aceitar as formas e traçados rígidos impostos por outros estilos importados pelo país. “Detesto
a fórmula, adoro princípios”.
Assim, utilizou em seus projetos curvas amplas, traçados sinuosos e livres, com a proporção re-
lacionada com a paisagem do entorno, sem perder a sua relação com a arquitetura no qual o jardim
está inserido. Não havia um compromisso com regras preestabelecidas. Preocupou-se, sim, em manter
uma coesão entre as peças de suas composições, sempre com uma visão global. Apesar disso, e como
é característico do paisagismo eclético, aproveitaram-se os conceitos de outros estilos, nos seus pon-
tos mais importantes e marcantes. Também utilizou, por exemplo, na residência de Odete Monteiro,
os conceitos dos parques ingleses, onde o jardim fazia parte da paisagem local. O uso de volumes
justapostos caracterizava a transição entre a arquitetura e a paisagem natural, sem, no entanto, haver
limitações físicas visíveis. No Centro Cívico de Santo André, utilizou a geometrização do traçado dos
jardins franceses e os parterres.

Um parterre ou canteiro é uma componente de um “jardim formal”, plantado numa superfície plana
e consistindo em canteiros de flores ou outras plantas, delimitados por sebes baixas ou muretes
de pedra de proteção dos leitos florais interiores, rodeados de alamedas de passeio, normalmente
pavimentadas com gravilha e dispostas simetricamente. Os parterres podem ser exclusivamente
desenhados com plantas e arbustos, sem incluir flores. A palavra parterre teve origem no francês
com significado de na terra.

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a) b)

Figura 11 - (a) Calçada de Copacabana; (b) Roberto Burle Marx

Descrição da Imagem: a Figura (a) apresenta uma vista aérea de parte do calçadão de Copacabana-RJ. Conseguimos identificar a areia
da praia circundada por palmeiras, calçada com desenho preto e branco, representando as ondas do mar. A pista asfaltada para pas-
sagem de veículos, uma calçada central com desenhos geométricos, também nas cores preto e branco, com palmeiras em canteiros. A
Figura (b) mostra um senhor, cabelos brancos, óculos, veste camisa xadrez de tons azul e branco, calça jeans, sapatos pretos. Ele segura
um regador metálico na cor bronze e mostra como regar a muda de uma árvore que está no chão.

Nessa atmosfera propícia, coube ao paisagista Roberto a tradução desse sentimento e conceito no jar-
dim, reunindo conhecimentos em outros tipos de arte, como a pintura, a escultura, a música e, além
disso, a botânica. Por isso, o arquiteto Michel Racine caracterizou o modernismo brasileiro como um
“movimento-modernista-com-jardim”, porque foi traduzido no campo da paisagem por um espírito
revolucionário como o de Burle Marx. A determinação desse paisagista evidenciou-se com muita
propriedade em artigo publicado em jornal do Recife, no ano de 1935, quando expressou a urgência
em começar a semear a alma brasileira nos nossos jardins (FARAH; BAHIA; TARDIN, 2010).

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a) b)

Figura 12 (a) - Complexo da Pampulha, Belo Horizonte-MG; Figura (b) - Vista panorâmica deste complexo

Descrição da Imagem: uma bela igreja que se localiza próxima a uma lagoa. A Figura (a) está circundada por grandes áreas ajardinadas,
com vegetação de diferentes tonalidades, e ao fundo, uma praça de calçamento bege, com frondosas árvores de grande porte. A Figura
(b) mostra uma vista aérea desse lugar. Nota-se que a igreja possui uma fachada e coberturas arredondadas.

O complexo arquitetônico da Pampulha e no parque da cidade de Araxá são importantes obras pai-
sagísticas realizadas pelo paisagista. Nessas áreas, ele procurou utilizar e valorizar espécies da flora
nativa regional.
A cor em sua obra não era enfatizada apenas pela floração das árvores, surgindo também em
grandes manchas coloridas nos canteiros de flores, nas folhas, nos troncos e mesmo em componentes
construídos. Houve possibilidade de projetar painéis, como no caso do Instituto Moreira Salles (Figura
13, fase cubista do autor). A busca por novas plantas decorreu da necessidade que ele sentia de, no
seu dizer, “aumentar o vocabulário à disposição”, ou seja, encontrar maiores possibilidades de compor
com a vegetação, pelo uso de novas plantas.


O gênero Philodendron, nesse aspecto, ocupa um lugar especial. Tendo conhecido essas
plantas, com sua folhagem enorme caracterizando a pujança da vegetação tropical, nas
estufas do jardim botânico de Dahlem, Berlim, Marx não podia avaliar então a riqueza
desse gênero no país. Com o passar dos anos reuniu uma coleção de mais de quinhentas
espécies, a maior parte autóctone do Brasil (MARX; TABACOW, 2004, p. 33).

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Figura 13 - Instituto Moreira Salles, Rio de Janeiro-RJ, projeto de 1951

Descrição da Imagem: edificação de cores brancas, um painel de azulejos decorados e pintados no tom azul e roxo, junto a um es-
pelho d’água circundado de vegetação bem verde com flores amarelas. Observa-se junto da construção uma árvore de grande porte
com copa densa, junto à calçada de placas de concreto branco. Ao fundo, um céu típico de verão, bem azulado, emoldura a edificação.

O artista soube aproveitar a interação com cores contrastantes, como as das flores que lhes estariam
próximas, constituindo-se, assim, fortes elementos de ligação entre o jardim e a arquitetura. Ora vo-
lumes de plantas acentuando áreas de dominância no painel, ora este se impondo sobre a vegetação.
Sendo, então, um artista multifacetado, é natural que as várias manifestações se alimentem reci-
procamente. É possível detectar identidades em estruturas formais de artes tão distintas como jardins,
painéis, pinturas ou gravuras. E para ele, a composição sempre foi um reflexo da paisagem circundante.
Atualmente local público, com o nome de Parque Roberto Burle Marx, nesse espaço, evidenciou-
-se a preocupação em manter a unidade entre as composições do jardim e dos painéis de concreto,
que aqui ligam o jardim com os elementos construídos. São concepções que nascem juntas e, muito
embora alguns elementos e estruturas geométricas semelhantes se percebam em ambos, cada qual é
resolvido levando em conta a particularidade de cada meio de expressão. Assim, o desenho dos jardins
obedece também às necessidades funcionais de circulação, da dinâmica da composição do elemento
vegetal, do balanço entre cheios e vazios. Já os painéis, embora tenham algum propósito funcional,
por exemplo, como limitadores do espaço, são compostos com muito mais liberdade, mas enfatizando
a plasticidade, cor e textura do material com o qual são construídos.

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UNICESUMAR

Nota-se, ainda, a valorização da paisagem circundante que, embora em plano posterior aos painéis,
é parte visualmente inseparável do jardim.

Figura 14 - Parque Burle Marx

Descrição da Imagem: grande painel em alvenaria com desenhos coloridos geométricos, junto de um canteiro de vegetação e calça-
mento em ladrilhos hidráulicos desenhados. Ao fundo, observa-se troncos de palmeiras em sequência e árvores frondosas ao fundo.

O tratamento simultâneo de texturas, ritmos, cores e demais elementos de composição era imperativo nas
concepções. Mas a possibilidade de incluir e jogar com texturas exercia um fascínio todo especial no artista,
destacando-se em suas preocupações, facilmente perceptíveis não apenas em projetos de paisagismo, mas
também em pintura, escultura e desenho de joias. O conjunto de forrações contrastantes é um dos exemplos
mais conhecidos. Ele mencionava frequentemente o fato de ter tido inteira liberdade para desenhar jardins.
Com essa liberdade, o projeto da Residência de Odete Monteiro, no Rio de Janeiro, em 1948, atribuiu
ao paisagista o prêmio do projeto na Bienal de São Paulo, em 1949. Ele tinha a genialidade para captar
elementos dominantes de uma paisagem e reconstruí-los em croquis e desenhos esquemáticos e múl-
tiplas cópias feitas na prancheta, de onde surgia uma visão do conjunto do jardim tão logo implantado.


Na construção de seus jardins, Burle Marx define uma ordem claramente artificial que
se sobrepõe a outro natural. Para ele, trata-se não de reproduzir a paisagem existente,
mas de intermediar essa relação com o natural pela inclusão de um jardim, gerando, no
seu conjunto, uma paisagem outra. O modo como realiza essa operação é singular, e a
disposição da vegetação o exemplifica muito bem (OLIVEIRA, 2015, p. 61).

Embora modernista, o arquiteto não se submeteu à ortodoxia implacável daquele movimento, a


respeito do despojamento das relações complexas entre formas e cores. O elo fortíssimo que o artista
estabeleceu entre o seu processo criativo e o entendimento da natureza pela botânica revelou-se de
forma inconfundível e explosiva em toda a sua obra.

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Inspirado na natureza tropical, mostra em seu trabalho propostas plásticas imprevisíveis e de ine-
gável originalidade, as quais soube passar ao universo cultural não só através do desenho da paisagem,
mas também pela pintura e por meio da escultura.

Como compreender projetos implantados pelo maior paisagista bra-


sileiro? Projetos de grande escala, às vezes imperceptíveis ao nível
de visualização do pedestre, compreender os vazios e cheios, a esca-
la vegetal, arquitetônica, de estruturas, painéis e os espelhos d’água.
Gabriel Pedrotti teve essa ideia genial e demonstrou através de ima-
gens reais compartilhadas pela empresa espanhola Deimos Imaging
para o site Archidaily. Ele vislumbra e comenta os projetos de diver-
sas áreas urbanas planejadas por ele, de plástica e composições incríveis. E aí, futuro paisa-
gista! Acesse para descobrir lugares que apresentam novas experiências da nossa profissão!
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Apesar da formação em pintura, praticamente toda a produção paisagística é vinculada ao desenvol-


vimento da “nova” arquitetura, ou seja, foi a partir do contato com os arquitetos modernistas que o
profissional adquiriu a base para criar seus jardins: o edifício moderno.
Ele encontrou no diálogo do edifício com o jardim sua expressão pessoal, que passou a ser a síntese
da linguagem paisagística moderna. Assim, além de inovar na forma dos jardins, elevava a aparência do
edifício a uma dimensão superior. A partir da década de 1950 “se manifestam com notável constância
projetos com uma ordenação geométrica mais precisa” (MOTTA, 1983, p. 86). Já a partir da década
de 1970, os trabalhos de paginação de piso com elementos abstratos intensificam-se e tornam-se
constantes. O movimento de arte Neoconcreta, surgido no Rio de Janeiro no fim dos anos cinquenta
como uma reação a rigidez do concretismo, está presente nas pesquisas do paisagista, que buscava
romper com o desenho puro geométrico.
A parceria com nomes importantes do movimento moderno brasileiro, como Lucio Costa e Oscar
Niemeyer, possibilitou a Roberto a participação em vários projetos paisagísticos de obras públicas
na capital. “Considera-se sua primeira proposta para Brasília o projeto do Parque Zoobotânico, de
1960-61. Nele, Marx buscava integrar a flora e a fauna de diferentes regiões, inovando com ‘o desejo de
evidenciar o significado vital, ecológico, científico e artístico’ do paisagismo” (MOTTA, 1983, p. 117).
Nos anos seguintes, porém, dedicou-se a projetos de particulares em Brasília, realizando os jardins
da Embaixada dos Estados Unidos (1960) e os da Embaixada do Canadá (1961). Em 1962, propôs
para o Banco do Brasil no Setor Bancário Sul, na área pavimentada que o circunda, vários canteiros
de diferentes tamanhos que exibiam uma vegetação exuberante.

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Segundo Cardoso (2014), somente em 1965 ele voltou a projetar jardins para o governo, com o
projeto do Ministério das Relações Exteriores, também conhecido como Palácio do Itamaraty. O
edifício de autoria do arquiteto Oscar Niemeyer evidenciou-se ainda mais com os jardins aquáticos
e internos propostos por Burle, sendo esses considerados uma entre as obras mais importantes do
paisagista em Brasília.

a) b)

Figura 15 (a) - Parte externa do Palácio do Itamaraty, Brasília-DF, 1965; Figura (b) - Parte interna do palácio

Descrição da Imagem: a Figura (a) mostra uma edificação com colunas marrons circundada por um grande espelho d’água. Ao centro,
uma escultura arredondada na cor branca, e ao fundo, um extenso canteiro de vegetação verde com uma sequência de palmeiras
envoltas por um céu azul. A Figura (b) mostra uma edificação em seu interior, onde aparecem vigas em concreto suspensas, de cor
clara. No centro, uma escultura de um homem com cores brilhantes. No seu entorno, canteiros de vegetação arbustiva. Ao fundo, uma
sequência de arcos da estrutura da edificação.

Sobre o entorno do palácio do Itamaraty, no pano de fundo, um grupo de buritis (Mauritia vinifera),
usado nas paisagens naturais do cerrado, anuncia a presença próxima da água. No lago, a escultura de
Bruno Giorgi pode ser apreciada de diversos pontos de vista, pois a composição do jardim considera
a sua presença, sem qualquer outro volume que possa dividir o interesse ou com ela competir. Os
nenúfares são distribuídos pela água aqui e acolá, de forma a interromper a monotonia da superfície
(MARX; TABACOW, 2004).

ne·nú·far 1. [ Botânica ] Designação comum às plantas aquáticas da família das ninfeáceas, muitas
vezes cultivadas em recipientes de água devido às suas largas folhas flutuantes e às suas flores de
pétalas brancas, amarelas ou vermelhas (NENÚFAR, 2023).

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UNIDADE 3

As décadas que se sucederam à Segunda Guerra apresentaram condições para que, em pontos distan-
tes do planeta, aparentemente ilhados e desconexos, surgissem expoentes da arquitetura paisagística,
tais como: Roberto Burle Marx, no Brasil,; Luiz Barragán, no México; Sylvia Crowe no Reino Unido;
Ernest Cramer, na Suíça; e Thomas Church, Garret Eckbo, Lawrence Halprin, Jane Jacobs e tantos
outros, nos Estados Unidos (FRANCO, 1997).
Essas figuras vêm compensar, como já foi dito, a primeira metade do século XX, quando a arquitetura
paisagística teve pouca expressão, em virtude da prevalência de modelos herdados dos séculos XVIII
e XIX. Em parte, isso ocorreu em decorrência de as escolas e centros de pesquisa da época estarem
pouco interessados nas transformações que o modelo moderno progressista impunha às paisagens,
quer elas fossem urbanas, agrícolas ou naturais.
Por volta dos anos 1940 e 1950, começaram a ser visíveis as intervenções paisagísticas realizadas
por Azevedo Neto e Luiz Emygdio de Mello Filho, no Rio de Janeiro, e por Roberto Coelho Cardozo,
em São Paulo. E, na década de 1960, mais dois nomes despontaram: Fernando Chacel e Rosa Kliass,
dentre outros paisagistas que contribuíram para enriquecer nossas paisagens urbanas e rurais. São
diferentes maneiras de intervir, a partir de diferentes enfoques, e priorizando quase sempre o elemento
natural. Mas, no cômputo geral, esse legado artístico-paisagístico é testemunho da capacidade e do
talento desses profissionais inspirados e sensibilizados pela diversidade da paisagem brasileira.
Alguns desses projetos, do intervalo de 1930 a 1976, são comentados com a finalidade de mostrar
que as formas de intervir na paisagem variam conforme os olhares dos paisagistas, seus estímulos e
capacidade criativa. Os projetos paisagísticos apresentados trazem escalas diferentes da paisagem
urbana, incluindo jardins residenciais e institucionais, praças, parques e alguns exemplos de grandes
áreas em âmbito regional.
A década 1976-1985 foi marcada por uma produção que anuncia os traços da arquitetura paisa-
gística contemporânea no Brasil. Em total consonância com as tendências internacionais conceituais
e formais, indicada na relação estabelecida entre a Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas
(ABAP) e a International Federation of Landscape Architects (IFLA), a produção paisagística dos
profissionais ligados à Abap apresenta, entretanto, sua particularidade, ao manter uma característica
delineada inicialmente pela obra de um de seus membros honorários, Roberto Burle Marx: a inova-
ção associada a uma estreita relação com a paisagem brasileira, múltipla em sua diversidade regional.

99
UNICESUMAR

Caro(a) aluno(a), neste momento da nossa reflexão, indico a leitura de


um artigo sobre Rosa Grena Kliass, considerada a primeira arquiteta
paisagista mulher no Brasil. Sua trajetória pelo paisagismo se confunde
com a própria origem do paisagismo no Brasil. Ganhadora de inúmeros
prêmios e consagrada no campo da arquitetura paisagística, não pode
simplesmente ser definida como figura ativa no desenvolvimento proje-
tual, mas como importante agente transformadora da paisagem brasileira,
por meio de projetos e consultorias a órgãos ligados ao Estado. Leia o artigo
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

A ação da ABAP, reafirmando o campo de trabalho e a especificidade da área, veio consolidar a partici-
pação dos profissionais de paisagismo no mercado, como pode ser percebido no quadro de escritórios
que atuavam antes e depois da criação da associação.


Até a década de 1970, poucos escritórios de arquitetura tinham suas atividades exclusi-
vamente na área de paisagismo, com destaque para os precursores Roberto Burle Marx,
Roberto Coelho Cardozo, Rosa Kliass, Luciano Fiaschi e Fernando Chacel. A partir da
década de 1980, ampliou-se o número de escritórios específicos de arquitetura paisagís-
tica, caracterizando a consolidação desse perfil profissional (FARAH; BAHIA; TARDIN,
2010, p. 77).

Por fim, vale destacar a sempre presente demanda por projetos paisagísticos de residências parti-
culares. Desde muito tempo, esse mercado tem sido frequente para os paisagistas, gerando espaços
com projetos elaborados, características e propostas bem diferenciadas dos espaços públicos. Desde
o início do século, os espaços privados, principalmente as residências, representaram um segmento
considerável do mercado. “A ABAP surge, assim, num momento em que se fazia necessária tal afir-
mação, e possibilita um fórum de discussões e debates frutífero para o aprimoramento da profissão e
fortalecendo a arquitetura paisagística contemporânea no Brasil” (FARAH; BAHIA; TARDIN,
2010, p. 113, grifo nosso).
No Brasil, a partir da segunda década do século XX, essa categoria de projeto destacou-se em obras
do paisagismo moderno de Mina Warchavchik e Roberto. Mais tarde, a atuação de defesa e criação de
um conceito específico de fruição desses espaços nos Estados Unidos, principalmente por profissionais
como Garrett Eckbo e Thomas Church, chega até nós pela influência da cultura americana.

100
UNIDADE 3

Essa categoria de projeto permitiu, em muitos casos, a realização de obras em que a criação do arquite-
to paisagista pode ser isentada das dificuldades econômicas e de manutenção que muitas vezes cerceiam
a liberdade do profissional em obras públicas. Desde que consideradas as necessidades do cliente, os
criadores da paisagem puderam elaborar projetos que acentuassem sua inventividade, apoiados pela
expectativa dos clientes por uma produção inovadora, que marcasse a sua propriedade, representando
um destaque para a época. Assim, podemos dizer que muitos desses clientes atuaram, de certa forma,
como mecenas do paisagismo. Contribuindo para a criação de obras que impulsionaram visões, abriram
espaço para a criatividade e forneceram um campo de experimentação da arte paisagística.
Uma das mais impressionantes obras de projeto residencial dessa época é a Fazenda Vargem Gran-
de (Areias-SP), de Burle Marx, em 1979. O exuberante jardim, em torno da antiga fazenda de café,
contrapõe tempos diversos da paisagem, reunidos em manifestações da arte.

Título: O Livro da Rosa: Vivência e Paisagens


Autora: Rosa Grena Kliass
Editora: Romano Guerra
Comentário: o livro apresenta um percurso das experiências pessoais e
profissionais da arquiteta paisagista Rosa Grena Kliass, reconhecida interna-
cionalmente como um dos personagens contemporâneos mais importantes
na área do projeto e do planejamento paisagístico.

Posteriormente, o paisagismo brasileiro experimentou, a partir de 1990, um período de tendências


formais variadas e de grande diversidade na concepção de projetos, tendo sido influenciadas pelas
tendências mundiais, desenvolvidas principalmente nos grandes centros da Europa e Estados Unidos.
Essas inovações chegaram ao Brasil e essas novidades penetram facilmente nas mãos de arquitetos e
paisagistas que as incorporam em seus projetos.


O movimento contemporâneo expressa nova ruptura após período não muito longo das
diretrizes modernas. Nos anos 1990, sofrem concorrência de antigos ícones do passado,
preceitos ecológicos e pela tendência do pós-modernismo, surgindo novas organizações
de espaços livres. O paisagismo nesse momento se caracteriza pela inserção de novos
usos, novas formas e uma renovada influência europeia, especialmente dos projetos
executados em Paris e na Espanha. Reintroduzem o conceito de cenarização exacerbada,
agora inspirada em figurações da arquitetura pós-modernista. O utilitarismo, o ideal
ecológico, o pós-modernismo e neoecletismo são as facetas projetuais da linha con-
temporânea. Este é o estilo que prevalece na atualidade, configurando-se como uma
mistura dos grandes estilos do passado (GONÇALVES, 2017, p. 66).

101
UNICESUMAR

O resultado se observa na concepção de projetos, em que se tem o uso de pórtico de cores e formas varia-
das, novos tipos de paginação de piso e plantio, a utilização de mobiliário urbano com design sofisticado.
Aos poucos, essas novidades formais vão sendo inseridas nos espaços do cotidiano, nos jardins eruditos e
vernaculares, em praças, parques e em calçadas. A partir de então, observa-se uma variedade de soluções,
as quais refletem a diversidade de novas demandas e influências formais em andamento.
Segundo Macedo (2012), podem ser identificados alguns padrões de projeto. Dentre eles,
destacam-se:

Formalismo geometrizante. Neste padrão, a inspiração é o tratamento radical de pisos,


terrenos, águas e paredes de um modo quase pictórico. Busca-se a criação de formas iné-
ditas por meio do uso de formas geométricas na composição dos elementos. A vegetação
é inserida de forma comportada, estruturada por traçados geométricos simples, retas e
curvas. A vegetação tem uma função de cenarização e não necessariamente de elementos
estruturador do espaço. No âmbito residencial, essa tendência pode ser identificada pelo
que se denomina popularmente de projeto clean, ou seja, espaços estruturados por formas
simples, claros e com pouca vegetação.
O Neomodernismo consiste na continuidade e aperfeiçoamento das premissas de projeto
modernista. A concepção de projeto dá ênfase ao uso da vegetação tropical, usando formas
geométricas livres na paginação de pisos e desenhos de canteiros e piscinas. No uso da
vegetação, predominam as paletas de cores que vão do verde intenso ao da policromia,
explorando as nuances e tonalidades da vegetação nativa e aclimatada. Os materiais uti-
lizados continuam os mesmos, como o mosaico português, com o uso intenso das cores
nos desenhos dos pavimentos.
Neoecletismo ou pós-modernismo. Neste padrão, observa-se o incremento por parte dos
projetistas, da utilização de formas tradicionais, com uso constante de canteiros geométricos,
cercados por bordaduras de plantas de espécies como os buxinhos e o pingo de ouro, espécies
que permitem a topiaria. Tem-se a volta do uso de roseiras e demais espécies sazonais. Nos
jardins privados, é retomado o uso de elementos decorativos típicos dos jardins do ecletismo,
como as estátuas clássicas, fontes e tanque inspirados na velha Roma e palácios Barrocos e
Renascentistas, uso de bancos, pérgolas e gazebos inspirados no passado.
Ambientalismo. Resultado da conscientização pública em relação a problemas ambien-
tais, esse tipo de projeto tem como foco a vegetação nativa, que pode ser uma mata de
araucárias, um manguezal, a vegetação de praia ou do cerrado. A partir dos anos 1970,
percebe-se o valor dos remanescentes vegetais tanto no aspecto cênico, para a constituição
dos espaços, como ambientais, como objetos da preservação e conservação, a valorização
da vegetação em seu estado natural é menor. É possível encontrar paisagistas que trafegam
por esses padrões de concepção de projeto com facilidade, um padrão não predomina
sobre o outro. A pluralidade de pensamentos e atitudes que conduz a essa miscelânea de
soluções espaciais é a característica desse momento. O período atual do paisagismo se
caracteriza por uma extrema liberdade e independência a qualquer tipo de estilo.

102
UNIDADE 3

Como pode ser visto, o paisagismo tem demonstrado ser uma arte flexível e polivalente, aplicando-se
tanto ao uso em pequena escala quanto a projetos de renovação urbana, empregando para isso os mais
diversos materiais e plantas das mais variadas partes do mundo.
No entanto, o paisagismo atual se concentra no interesse pelo contexto e pelo significado, temas
praticamente ausentes nessa atividade nos últimos duzentos anos, se levarmos em conta o que eles
representaram em outros momentos históricos, como o simbolismo greco-romano expresso nos jardins
renascentistas italianos, e nas expressões do racionalismo do jardim francês nos séculos XVII e XVIII.
A evolução do paisagismo no pós-guerra, em decorrência da relativa dissociação daquela atividade
com a própria arquitetura, se deu por obras de paisagistas e arquitetos cuja atividade heterodoxa, em
relação aos cânones do paisagismo clássico, fez com que eles adentrassem por caminhos especulativos
totalmente inusitados.

Ao “descobrir” a flora brasileira na viagem que fez à Alemanha em sua


juventude, abriu-se para Burle Marx um caminho de experiência absolu-
tamente novo, mesmo porque de que lhe valeriam os modelos de jardins
clássicos, todos baseados em composições florísticas e paisagísticas
onde somente entravam espécies importadas? Daí se conclui que, uma
vez adotando a flora e a paisagem neotropical como eixo de referência,
ele não tinha parâmetros históricos para suas composições - portanto,
ele teve de recriar a arte paisagística. Vamos conhecer um pouquinho
desse desenvolvimento profissional? Acesse e ouça o meu podcast!

Como o caso de Roberto, o qual cria uma forma totalmente nova de desenhar a paisagem a partir da
compreensão dos processos naturais e do estudo da botânica. Em suas viagens exploratórias pelo Brasil
e pelo mundo e do domínio das artes da pintura e da escultura, o paisagista integra o conhecimento
científico à cultura em sua atividade.
O novo paisagismo deixa ver múltiplas vanguardas. Os modelos que preveem para o futuro descan-
sam na investigação, tanto de temas elementares e situações limites como na exploração de combinações
de múltiplos temas, configurando uma paisagem determinante de um novo momento da arquitetura.
Quase sempre que falava em água, Burle Marx retrocedia aos jardins renascentistas italianos, onde
buscava inspiração para suas composições, se não na forma, certamente na filosofia de uso daquele
elemento. Os painéis foram propostos como formas de estruturação de espaços mais limitados, mais
arquitetônicos, uma série de pátios que cumprem diferentes funções. Em meio à sensação de surpre-
sa, de descoberta, são locais de estar, de contemplação, diferenciados do restante do parque na escala
menor e no tratamento mais íntimo, de recolhimento, embalado pelo som das águas que jorram de
seus muros. As fontes dos jardins italianos da Renascença foram constante inspiração para ele que,
nelas, buscava referência para suas soluções modernas.

103
UNICESUMAR

Lembra-se da pesquisa que eu propus no iní-


cio deste tema? Pois bem, agora você é capaz de
responder que se identificam os momentos de
inflexão do paisagismo, quando surge a visão
contemporânea da concepção de projetos paisa-
gísticos, destacando-se três projetos finalistas do
concurso para o Parc de la Villete: o projeto de
Zaha Hadid, o projeto de Rem Koolhass e o pro-
jeto vencedor de Bernard Tschumi; e três projetos
integrantes das intervenções de requalificação
urbana de Barcelona: o projeto de Helio Piñon
e Albert Viaplana, o projeto de Andreu Arriola
e Carmen Fiol e o projeto de Daniel Freixes e
Vincence Miranda.
De posse desses nomes, você será capaz de se
aprofundar ainda mais, e se inspirar nas obras
desses criadores. Continue assim, sempre a pes-
quisar, e seu trabalho será cada vez melhor!

104
Caro(a) aluno(a), neste tema, você aprendeu que o Renascimento é um resumo de muitas influên-
cias que originaram as vanguardas modernas e contemporâneas do paisagismo. Saber como
profissionais pensavam e hoje planejam áreas livres privadas ou urbanas é entender como um
paisagista pode criar e promover um ambiente que influencie positivamente no bem-estar huma-
no. Convido você a elencar características e autores expoentes do paisagismo mundial e brasileiro.
Organize seu mapa mental!

Moderno

Clássico

Inglês

ESTILOS PAISAGÍSTICOS Contemporâneo


Francês

Romano

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1. O paisagismo clássico é um estilo de design de jardim e paisagem que se originou durante os
períodos renascentista e barroco, conhecido por sua abordagem formal e estruturada. Nesse
contexto, assinale a alternativa correta que indica qual característica é típica do paisagismo
clássico:

a) Uso predominante de elementos naturais e orgânicos em suas composições.


b) Ênfase na simetria e no equilíbrio formal das estruturas paisagísticas.
c) Incorporação de tecnologias avançadas de iluminação para realçar os elementos do jardim.
d) Uso exclusivo de plantas exóticas e não encontradas na região.
e) Ausência de elementos arquitetônicos nas composições paisagísticas.

2. Roberto Burle Marx foi um renomado arquiteto paisagista brasileiro conhecido por suas con-
tribuições ao paisagismo moderno. Seus jardins são famosos por suas características únicas.
Assinale a alternativa correta que indica qual das seguintes características é uma marca dis-
tintiva nos jardins projetados pelo paisagista:

a) Uso predominante de linhas curvas e formas sinuosas, imitando a fluidez da natureza.


b) Ênfase na utilização de plantas exóticas de outros continentes, criando uma mistura cultural.
c) Predomínio de elementos artificiais, como esculturas e estruturas metálicas, para criar um
contraste visual.
d) Utilização de técnicas de iluminação natural, aproveitando ao máximo a luz do sol nos jardins.
e) Inclusão de fontes de água em todos os projetos, criando uma atmosfera refrescante e re-
laxante.

3. O paisagismo moderno brasileiro é caracterizado por suas inovações estéticas e integração


com a natureza. Diversos arquitetos paisagistas contribuíram para o desenvolvimento desse
estilo no Brasil. Leia as seguintes afirmações sobre o paisagismo moderno brasileiro e assinale
como Verdadeiro (V) ou Falso (F):

( ) O paisagista brasileiro Roberto Burle Marx foi uma figura importante no desenvolvimento do
paisagismo moderno no Brasil.
( ) Oscar Niemeyer, famoso arquiteto brasileiro, teve um papel significativo no paisagismo mo-
derno, integrando suas obras arquitetônicas com o ambiente natural.
( ) Lúcio Costa, conhecido urbanista e arquiteto brasileiro, não teve envolvimento relevante com
o paisagismo moderno no país.
( ) Ruy Ohtake, renomado arquiteto contemporâneo, também contribuiu para o paisagismo
moderno brasileiro, explorando a interação entre formas arquitetônicas e elementos naturais.
( ) Rosa Kliass, renomada arquiteta paisagista brasileira, teve um papel importante no desen-
volvimento do paisagismo moderno, com projetos marcados pela integração entre natureza
e espaços urbanos.

106
Assinale a alternativa correta:

a) V, F, F, V, V.
b) V, F, V, F, F.
c) F, V, V, F, V.
d) V, V, F, V, V.
e) F, F, F, V, F.

4. Os jardins são espaços verdes projetados com diferentes estilos ao longo da história. Três esti-
los notáveis são o Romano, o Francês e o Inglês. Cada um desses estilos possui características
distintas que os diferenciam uns dos outros. Qual das seguintes afirmações é uma diferença
marcante entre os jardins de estilos romano, francês e inglês?

a) Os jardins romanos são caracterizados por uma maior simetria e ordem geométrica, com
arranjos cuidadosos de caminhos, canteiros e estátuas. Por outro lado, os jardins franceses
e ingleses tendem a ter uma abordagem mais assimétrica e naturalista, com linhas curvas e
composições que imitam a natureza de forma harmoniosa.
b) Os jardins franceses são famosos por suas características ornamentais, como fontes, escul-
turas e labirintos intrincados. Esses elementos são cuidadosamente dispostos para criar uma
atmosfera grandiosa e luxuosa. Já os jardins Ingleses se destacam pela presença de vastos
gramados verdes, que são meticulosamente aparados e proporcionam espaços abertos para
caminhar e relaxar.
c) Os jardins ingleses são conhecidos por suas estruturas arquitetônicas proeminentes, como
pavilhões, gazebos e pergolados. Essas construções adicionam charme e funcionalidade aos
jardins, proporcionando áreas de sombra e pontos de observação panorâmica. Em contraste,
os jardins romanos e franceses geralmente não apresentam essas construções, concentran-
do-se mais na beleza natural dos elementos vegetais.
d) Os jardins franceses e ingleses têm uma ênfase maior em elementos aquáticos, como lagos,
fontes e riachos. Essas águas em movimento são cuidadosamente projetadas para criar efeitos
visuais impressionantes e para refletir a arquitetura circundante. Por outro lado, os jardins
romanos são mais focados em elementos de pedra, como pórticos, colunas e estátuas, que
são incorporados de forma grandiosa em toda a composição do jardim.
e) Os jardins romanos são notáveis pela presença de ruínas antigas, como templos e arcos, que
são integrados ao design do jardim, evocando a grandiosidade do passado. Enquanto isso, os
jardins franceses e ingleses não possuem esse aspecto histórico, focando mais em elementos
contemporâneos e paisagismo contemporâneo.

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5. Analise a imagem a seguir:

Figura 1 - Imagem aérea do Jardim de Versailles, Paris, França

Descrição da Imagem: grande área de jardim e, ao fundo, um lago. No centro, identificamos canteiros ajardinados, com forra-
ção bem esverdeada e baixa. Os canteiros apresentam desenhos geométricos com moldura lineares vegetais, contornadas por
vegetação arbustiva plantadas em vasos quadrados e caminhos pavimentados da cor bege. Visualizamos também um espelho
d’água de formato arredondado. Ao fundo, uma construção com tijolos aparentes laranjas. Também conseguimos identificar
outras edificações e uma floresta de árvores de grande porte e copas densas com céu limpo, azul com nuvens esparsas.

No Renascimento, Le Nôtre revolucionou o desenho paisagístico francês: ele planejou a substi-


tuindo o conceito de compartimentação pelo conceito de espaço organizado na sua totalidade,
e a relação entre espaço, arquitetura e jardim. Isto posto, descreva em forma de texto disser-
tativo, entre 5 e 30 linhas, sobre três elementos principais e diretrizes projetuais abordadas
por Le Nôtre no jardim do Palácio de Versailles.

108
4
Composição, Conceito
e Partido do Projeto
Paisagístico
Me. Lessyane Rezende de Matos Souza Bonjorno

Nesta unidade, você entenderá como o projeto de paisagismo é


pensado, quais os elementos que compõem um projeto e a impor-
tância de cada um deles. Verá que o paisagismo se bem pensado e
projetado por um profissional capacitado faz com que os usuários
tenham experiências muito agradáveis. Você compreenderá como
o processo de desenvolvimento de um projeto se inicia de acordo
com os princípios de composição.
UNICESUMAR

Quando se fala de projeto de paisagismo, como


arquitetos podem se “apropriar” da composição
no desenvolvimento de jardins? Você já parou e
pensou sobre como você pode utilizar a ciência
no desenvolvimento de seus projetos? Costumo
dizer aos meus alunos que qualquer elemento
inserido em um projeto deve ter um por quê.
Seja uma planta, de um determinado porte, um
mobiliário – considerando sua forma, cor, tama-
nho, anatomia, textura etc., um revestimento, ou
mesmo um objeto de sinalização, se você não sabe
justificar sua escolha, ela não se justifica. Essa,
talvez, seja a maior e grande diferença entre um
projeto de um jardineiro e um projeto paisagís-
tico elaborado por um arquiteto(a) ou designer,
o porquê de cada uma das especificações.
E justamente os elementos e princípios do
paisagismo são fundamentos dessa ciência que
você pode utilizar de maneira a buscar me-
lhores resultados em seus projetos. E são os
elementos e princípios da ciência, de materiais,
da natureza, da arquitetura que consistem es-
sas ferramentas nas quais convido você a uma
imersão no paisagismo.
A atividade Paisagismo é também denomi-
nada de Planejamento Paisagístico ou Arquite-
tura Paisagística. O paisagismo é arte porque as
plantas, pela sua diversidade de formas, cores
e textura, possuem grande riqueza plástica. A
arte consiste em se criar, harmonizando essas
características numa composição de valor es-
tético. E o paisagismo é ciência, porque é eclé-
tico e envolve conhecimentos de diversas áreas
como Biologia, Agronomia, Arquitetura, Eco-
logia, Engenharia. Paisagismo é o estudo das
paisagens e suas representações. Existem três
tipos clássicos de representações da paisagem:
a pintura, a poesia e os jardins.

110
UNIDADE 4

Para Paiva (2008), as representações da paisagem podem também ser encontradas nos textos das
descrições dos viajantes naturalistas e, às vezes, até mesmo em certos tipos de músicas e danças. Nos
conceitos mais antigos, o paisagismo sempre esteve ligado às artes, especialmente à pintura. Atual-
mente, os conceitos científicos possuem maior importância, preocupando-se em adequar o ambiente
às necessidades humanas, através de uma administração eficiente dos recursos ambientais.
Agora, imagine que você já atua na área, e tente fazer o seguinte experimento: analise uma praça
em sua cidade e crie um esboço de projeto paisagístico para a sua revitalização. Leve em consideração
o contexto, as necessidades dos usuários e os aspectos ambientais e sociais. Apresente uma justificativa
para suas escolhas.
Em quais sentidos a inserção de jardins junto à arquitetura e na construção civil será benéfica para
as pessoas que ali irão conviver? Quais elementos mais marcantes para a identidade daquele espaço
livre? Quais te remetem mais atenção?
Realizar jardins é, muitas vezes, realizar microclimas, harmonizá-los, mantendo sempre viva a
concepção de que, nessas associações, as plantas se colocam lado a lado, quase que numa relação de
necessidade. O importante é um jardim ecologicamente bem-sucedido, adaptando-se à paisagem e
ao clima local.
Um jardim, ao ser planejado, precisa ter um traço definido, que o identifique, dentro de uma leitura
paisagística, com uma estética pré-definida. É fundamental, num jardim, saber combinar as plantas,
com suas diferentes formas de apresentação, com os elementos que irão compor o jardim, como água,
pisos, bancos, outras construções, sempre considerando as condições ambientais (PAIVA, 2008). Anote
suas percepções em seu diário de bordo!

111
UNICESUMAR

Figura 1 - Jardim composto por plantas e água

Descrição da Imagem: a imagem mostra um grande espaço verde forrado com grama e cercado de árvores. O destaque desse projeto
paisagístico é um grande lago em formato orgânico com alguns conjuntos de plantas dentro dele. No fundo da imagem, existem algumas
montanhas e uma parte pequena que mostra o céu azul com nuvens.

A paisagem se transforma ao longo do tempo, das estações do ano, por mudanças na própria natureza
ou por intervenção humana. Tem, em sua composição, sons, cores, texturas e aromas que criam uma
percepção diferente em cada observador, e também se adequa ao espaço que estão inseridas, seguindo
as características de cada local, bioma, clima, fauna e flora.
Existem diversos tipos, estilos e tamanhos de projetos paisagísticos, desde um pequeno jardim resi-
dencial ao projeto de uma grande praça, um parque urbano ou as avenidas e canteiros de uma cidade.
Entender todos esses conceitos e princípios é fundamental para que você consiga ter um repertório
rico e criativo para seus projetos.
Mesmo o projeto paisagístico podendo ter diferentes escalas, todos eles precisam seguir os princí-
pios que você verá nesta unidade. A partir deles, você vai conseguir compor jardins que cumpram as
expectativas do seu cliente, agrade e encante todas as pessoas que passarem por ele.

112
UNIDADE 4

COMPOSIÇÃO DO PROJETO DE PAISAGISMO

Muitas pessoas pensam que a paisagem é composta apenas ou em sua maior parte por plantas, mas,
na verdade, há muitos outros elementos que contribuem para a criação de um bom projeto da paisa-
gem. A água, as rochas, a luz e o som podem ser usados de forma criativa e estratégica para criar um
ambiente que é agradável, relaxante, funcional e bonito. Na composição dos jardins, existem princípios
básicos que devem ser considerados:

Harmonia: é conseguida pelo uso adequado de vários elementos artísticos, criando uma
identidade para o jardim. A ordem excessiva proporciona ao jardim um caráter formal e
rígido e, ao contrário, a desordem excessiva não permite o controle sobre os elementos
utilizados.
Unidade: um jardim possui unidade quando nenhum de seus elementos pode ser ex-
cluído, ou não se exige a inclusão de nenhum outro elemento, constituindo um conjunto
harmonioso.
Contraste: é a combinação entre elementos com caraterísticas opostas, mas que, colo-
cados juntos, oferecem harmonia e se destacam ao mesmo tempo, um valoriza o outro.
Dominância: em um jardim deve haver algum elemento que seja destacado em relação
aos demais.
Equilíbrio: a combinação dos elementos deve proporcionar o sentido de estabilidade.
A combinação pode ser de forma simétrica ou assimétrica, mas sempre promovendo o
equilíbrio, como se fosse uma balança. Na combinação simétrica, utilizam-se elementos
semelhantes, por exemplo: árvores de um lado e de outro. Na combinação assimétrica, os
elementos podem ser diferentes, por exemplo: árvores dispostas de um lado e arbustos
de outro, mas esses últimos em quantidade maior para compensar o tamanho das árvores.
Proporção: a proporção adequada dos elementos provoca a sensação de escala entre o
tamanho do todo e das diferentes partes do jardim. Assim, os canteiros e maciços devem
sempre ser de dimensões proporcionais ao jardim.
Movimento: utilizando-se plantas com portes diferentes e a própria disposição delas,
criando planos diferentes, oferecendo a ideia de movimento ao jardim. O movimento é,
sobretudo, proporcionado pela diferenciação vertical do jardim, mas também pode ser em
razão de caminhos, água (tanques, lagos etc.) (PAIVA, 2008, p. 74).

A composição de um projeto de paisagismo começa do programa de necessidades do cliente. Da mes-


ma forma que você aprendeu a usar o programa de necessidades para os projetos arquitetônicos e de
interiores, também é usado para o projeto da paisagem. Esse programa de necessidades é importante
para saber tudo que o projeto precisa ter e a melhor forma de fazer a disposição de todos os elementos,
para que haja harmonia, equilíbrio e todos os outros elementos que veremos neste capítulo.

113
UNICESUMAR

“A modelagem espacial diversificada por meio de volumes vegetais e construídos é a base de um


bom projeto paisagístico. É por esse percurso que teremos sensações diferenciadas, incluindo a sen-
sação de beleza” (ABBUD, 2006, p.20).

Figura 2 - Jardim composto pelos elementos, plantas, água e rocha

Descrição da Imagem: a imagem mostra um córrego com paredes de rochas que tem um formato sinuoso e divide um espaço com
um paisagismo com muitos arbustos, pinheiros e pedras brancas, substituindo a grama em grande parte dele. Ao fundo da imagem
existem algumas montanhas e um céu azul.

Sobre os elementos que trabalham juntos para criar um ambiente interessante, agradável e funcional,
alguns dos principais elementos incluem: plantas, pedras e rochas, água, iluminação e mobiliário.
As plantas são um dos elementos ou os elementos mais importantes de um projeto paisagístico, pois
proporcionam vida e diversidade para o ambiente, contribuem para a saúde e bem-estar das pessoas e
também para a conservação da biodiversidade. Elas podem ser usadas para criar uma variedade de efeitos
visuais e funcionais, desde a criação de jardins formais, jardins de flores, até mesmo áreas de vegetação na-
tural. Além disso, as plantas também podem ser usadas para complementar outros elementos da paisagem,
como pedras e rochas, água e mobiliário.
Existem vários tipos de plantas que podem ser usadas em projetos paisagísticos, cada uma delas
tem suas próprias características de folhagem, flor, frutos, e suas necessidades de clima, solo e água.
A escolha das plantas para o projeto paisagístico deve ser feita de acordo com o clima, sol, vento,
solo e os objetivos do projeto.

114
UNIDADE 4

Figura 3 - Paisagismo somente com plantas

Descrição da Imagem: a imagem retrata um gramado com vários tipos de arbustos. Podemos identificar alguns deles como o Buxinho,
a Lavanda, a Moreia e muitos outros, que formam uma composição em vários tons de verde com algumas flores brancas, roxas e ama-
relas. Atrás dos arbustos menores existe um arbusto maior, que faz a função de barreira, podado em formato de “muro”, delimitando
o espaço e separando o jardim das árvores que ficam ao fundo.

As plantas também podem ser


usadas para atender a funções
específicas, como a criação de
áreas de sombra, privacidade,
ou até mesmo para atenuar a po-
luição sonora e do ar. O uso de
plantas também pode ser usado
para criar uma sensação de con-
tinuidade e fluidez no projeto,
e para ajudar a guiar o olhar do
espectador através da paisagem.
O sombreamento proporcionado
pela arborização se soma aos benefí-
cios dos pisos e superfícies vegetados,
contribuindo de maneira significati- Figura 4 - Árvores grandes que proporcionam sombra e ajudam demarcar um
caminho
va para o controle das temperaturas
nas cidades. As plantas trazem, ainda, Descrição da Imagem: a imagem retrata um largo caminho de pedestres som-
breado por grandes árvores que formam uma continuidade dos dois lados
benefícios relacionados ao controle desse caminho, as copas grandes das árvores dos dois lados se unem formando
um túnel. Existe também uma pequena grade do lado esquerdo que separa a
dos ventos, à amenização dos níveis parte de calçada da parte coberta com grama, e do lado direito existe a mesma
grade, mas com alguns bancos encostados nelas que são quase imperceptíveis
de ruído e à retenção de poeira do ar na imagem, que tem como destaque as grandes árvores.
(MALAMUT, 2014).

115
UNICESUMAR

É importante lembrar que as plantas precisam ser cuidadosamente planejadas e selecionadas, para
garantir que sejam adequadas ao ambiente e que complementem os outros elementos do projeto
paisagístico, como as necessidades de clima, solo, água e outras condições ambientais para garantir
que as plantas possam crescer saudáveis e fortes. Além disso, é importante trabalhar com profissio-
nais capacitados e experientes para garantir que as plantas sejam planejadas, planejadas e executadas
corretamente.
As pedras e rochas são elementos importantes no paisagismo, pois podem ser usadas para criar
uma variedade de efeitos visuais e funcionais. Elas podem ser usadas para criar caminhos, muros, e
até mesmo como elementos decorativos. Além disso, as pedras e rochas também podem ser usadas
para criar uma sensação de estabilidade e durabilidade, e para complementar outros elementos da
paisagem, como plantas e água.

Existem vários tipos de pedras e rochas


que podem ser usadas em projetos pai-
sagísticos, cada uma com suas próprias
características. As pedras maiores, por
exemplo, podem ser usadas para criar
muros e bancos, enquanto as pedras
menores podem ser usadas para criar
caminhos e áreas de jardim. Além dis-
so, as pedras e rochas também podem
ser usadas para criar áreas de jardim
rochoso, ou para complementar áreas
de jardim com vegetação natural.
É importante notar que as pedras e
rochas devem ser escolhidas e coloca-
Figura 5 - Portal e caminho com pedras das cuidadosamente, para garantir que
sejam adequadas ao ambiente e que
Descrição da Imagem: a imagem retrata um jardim com um portal com as
laterais retas e o topo arredondado totalmente feito com pedras em vários
complementam os outros elementos
tons de marrom com plantas trepadeiras verdes no topo, plantas em sua
base e ao fundo e no piso um outro tipo de pedras na cor cinza.
da paisagem. Elas devem ser colocadas
de forma a garantir que sejam seguras e
estáveis, e podem ser cuidadosamente
combinadas com outros elementos, como plantas e água, para criar um efeito harmonioso. Na Figura
6, você pode ver uma forma de usar pedras no paisagismo presas em uma malha metálica de gabião,
para formar muros.

116
UNIDADE 4

Figura 6 - Canteiro de gabião com pedras. / Fonte: Souza (2019, on-line).

Descrição da Imagem: a imagem retrata dois pequenos canteiros de pedras presas por uma estrutura metálica, um em cada lado
da rua, com flores coloridas, verdes, roxas e amarelas, dos dois lados desse canteiro tem bicicletas encostadas. Ao fundo da imagem
aparece a base de um prédio antigo e uma mulher atravessando a rua.

“Por conta de sua estética, o gabião vem ganhando espaço em usos diversos. Desde sua função mais
primordial como muro de contenção, a estrutura vem sendo utilizada como paredes de edificações,
muros, mobiliários urbanos, entre outros” (SOUZA, 2019, on-line).
A água é outro elemento importante em projetos paisagísticos. Além de ser essencial para a vida,
a água tem a capacidade de criar sensações de tranquilidade e beleza. Pode ser usada de várias formas
no paisagismo, como fontes, cachoeiras, lagoas, riachos e piscinas, cada uma com seu próprio efeito
visual e sonoro. A água também pode ser usada para criar um ambiente de refrigeração natural.
Uma fonte, por exemplo, pode ser usada como um ponto focal central em um jardim ou pátio,
criando um ambiente sereno e tranquilo. Já uma cachoeira ou riacho pode ser usado para criar um
efeito de movimento e som, e pode ser incorporado em áreas de jardins com vegetação natural.

117
UNICESUMAR

Figura 7 - Cascata.

Descrição da Imagem:a imagem retrata um jardim com muitas plantas verdes, com o destaque para uma fonte de pedras de diversos
tamanhos, com água corrente chegando em um lago. Ao lado da cascata, existe uma parede coberta com trepadeiras. No lago onde
cai a água, existem algumas plantas e umas pedras grandes e pequenas soltas.

Lagoas e piscinas também podem ser usadas


para criar um ambiente de lazer e recreação,
e podem ser incorporadas em projetos de
paisagismo maiores como parques e jardins
públicos. Além disso, a água pode ser usada
como um elemento de transição, criando uma
sensação de continuidade entre diferentes áreas
de um projeto paisagístico.

Descrição da Imagem: a imagem mostra uma menina com


galochas e óculos de sol cor-de-rosa, brincando em uma praça
onde possui um Splash Park, que são jatos de água que saem
do chão. Na imagem aparece o piso cinza com grades ao
redor dos muitos jatos de água para recolher a água que cai.
Figura 8 - Splash Park

É importante notar que a água também tem um papel importante na sustentabilidade, como ajudar no
controle de temperatura e na conservação da biodiversidade, por isso, é importante seguir os critérios
técnicos e ambientais para sua utilização no projeto paisagístico.

118
UNIDADE 4

A iluminação é outro elemento importante. Ela pode ser usada para destacar as áreas do espaço,
criar um ambiente acolhedor à noite e aumentar a segurança, pois permite que os espaços exteriores
sejam utilizados e apreciados durante a noite.
Existem diversas formas de iluminação que po-
dem ser usadas em projetos paisagísticos, como
iluminação embutida, iluminação de postes, ilumi-
nação subaquática, entre outras. A iluminação em-
butida, por exemplo, pode ser usada para iluminar
caminhos e áreas de jardim, enquanto a iluminação
de postes pode ser usada para iluminar áreas maio-
res, como parques e jardins públicos. Iluminação
subaquática, por sua vez, pode ser usada para criar
um efeito interessante em lagos e piscinas.
A iluminação deve ser planejada e projetada
cuidadosamente, para evitar a poluição luminosa
e garantir que a iluminação seja eficiente e ade-
quada ao ambiente. Além disso, a iluminação deve Figura 9 - Iluminação noturna de jardim.

ser projetada de forma a não prejudicar a fauna e


Descrição da Imagem: a imagem mostra uma área de lazer a
flora local. É importante trabalhar com profissio- noite com uma grande piscina iluminada e um jardim no fun-
do com pequenos arbustos e algumas árvores e um muro com
nais capacitados e experientes para garantir que a uma textura de pedras iluminado pela iluminação do jardim.
iluminação seja bem planejada e bem executada.

Figura 10 - Jardim com iluminação

Descrição da Imagem: a imagem retrata um espaço com um gramado e alguns canteiros com plantas pequenas e médias, e cascalho
e plantas maiores ao fundo. Esse jardim possui pequenos postes de luz.

119
UNICESUMAR

O mobiliário é um elemento bastante usado no paisagismo, pois permite que as pessoas possam
desfrutar e interagir com o espaço exterior. Ele pode ser usado para criar áreas de descanso, refeição,
ou até mesmo para jogos e atividades. Além disso, o mobiliário também pode ser usado para destacar
elementos específicos da paisagem, criar um ambiente acolhedor e confortável.
É importante notar que o mobiliário deve ser planejado e projetado cuidadosamente, para garantir
que seja adequado ao ambiente e às necessidades dos usuários. Ele deve ser projetado de forma a ser
resistente e durável, e deve ser colocado em áreas apropriadas, para garantir que seja seguro e fácil de
usar. Para um bom resultado, o mobiliário precisa ser bem planejado e executado.

Figura 11 - Mobiliário público praça.

Descrição da Imagem: a imagem retrata um grande banco na cor branca em formato orgânico que ocupa um grande espaço de destaque
no gramado, que possui algumas plantas maiores ao fundo, e podemos ver somente o tronco do que parece ser algumas palmeiras.

Outro elemento comum em jardins são os pergolados. Pergolado é uma estrutura de jardim compos-
ta por colunas ou pilares que suportam uma cobertura de madeira, ferro ou outro material. Eles são
comumente usados como espaços de refúgio ao ar livre, criando uma área sombreada para se sentar
e desfrutar do jardim. Alguns pergolados também podem ser usados como suporte para plantas
trepadeiras, como videiras ou rosas, criando um efeito de túnel verde. Eles podem ser projetados em
vários estilos, desde o tradicional até o moderno, e podem ser construídos com diferentes materiais,
como madeira, pedra ou metal. Um pergolado pode ser uma adição atraente e funcional a qualquer
jardim ou área ao ar livre.

120
UNIDADE 4

Figura 12 - Pergolado

Descrição da Imagem: a imagem mostra um pergolado com muitas flores rosas em um jardim que possui um gramado com plantas
coloridas.

Parecido com os pergolados, o caramanchão é uma estrutura de jardim, mas com uma cobertura
fechada. Ele geralmente é feito de madeira ou ferro e possui telhado e paredes, criando um espaço
fechado e protegido do sol e da chuva. Eles são comumente usados como áreas de refúgio ao ar livre,
como áreas de jantar ou de estar. Alguns caramanchões também podem ser usados como suporte para
plantas trepadeiras, criando um ambiente mais acolhedor e privado. Eles podem ser projetados em
vários estilos, desde o tradicional até o moderno, e podem ser construídos com diferentes materiais,
como madeira, pedra ou metal. Um caramanchão pode ser uma adição atraente e funcional a qualquer
jardim ou área ao ar livre.

121
UNICESUMAR

Figura 13 - Caramanchão

Descrição da Imagem: a imagem mostra uma estrutura metálica arredondada, coberta com vegetação, formando uma espécie de túnel.

122
UNIDADE 4

É comum também o uso de gazebo, que é uma estrutura de jardim que consiste em uma cobertura
aberta, geralmente circular ou octogonal, suportada por colunas ou pilares. Eles são comumente usados
como espaços de refúgio ao ar livre, criando uma área sombreada para se sentar e desfrutar do jardim.
Eles também podem ser usados como áreas de jantar, para festas ou eventos ao ar livre.
Alguns gazebos também podem ser usados como suporte para plantas trepadeiras, criando um
efeito de túnel verde. Eles podem ser projetados em vários estilos, desde tradicional até moderno, e
podem ser construídos com diferentes materiais, como madeira, pedra ou metal.

Figura 14 - Gazebo

Descrição da Imagem: a imagem mostra um gazebo de madeira com uma cobertura octogonal, ele possui bancos e uma mesa dentro
e muitas flores rosas em sua estrutura, e é cercado por um gramado verde com plantas grandes e árvores ao fundo.

Em muitos jardins, você também pode ver o uso de decks. Um deck é uma estrutura de madeira ou
outro material que é construída acima do solo e usada como uma área de estar ao ar livre. Decks ge-
ralmente são conectados à casa e são usados como uma extensão da área de vida interna. Eles podem
ser projetados em vários tamanhos e formas, e podem incluir características como corrimãos, guarda-
-corpos, bancos e iluminação. Decks são uma ótima maneira de aproveitar o espaço ao ar livre, e são
usados para jantar, relaxar e até mesmo para contornar piscinas. Eles podem ser uma adição elegante
e funcional para qualquer paisagem.

123
UNICESUMAR

Figura 15 - Deck de madeira

Descrição da Imagem: a imagem mostra um deck de madeira em um jardim que cria um espaço de lazer sobre a grama e ao redor
de uma grande piscina que além da grama, é cercada por vegetação e objetos de decoração.

Alguns jardins podem ter esculturas que são uma forma de arte tridimensional que podem ser usadas
como elementos de composição do paisagismo. Elas podem ser feitas de uma variedade de materiais,
como pedra, metal, cerâmica ou madeira, e podem ser projetadas em uma variedade de estilos, desde
clássico até contemporâneo.
As esculturas podem ser usadas para enriquecer o paisagismo de uma propriedade e podem ser
usadas para criar pontos focais, ou para complementar o design do jardim. As esculturas podem ser
uma adição interessante e artística a qualquer paisagem, e podem ser utilizadas para expressar a per-
sonalidade do jardim.

124
UNIDADE 4

Figura 16 - Jardim com escultura

Descrição da Imagem: a imagem mostra um jardim com muitas flores coloridas, um caminho para pedestres em formato orgânico,
uma escultura de um humano em pedra branca e o céu azul ao fundo com algumas nuvens.

É importante notar que cada projeto paisagístico é único e pode incluir outros elementos além dos
mencionados acima, dependendo das necessidades e desejos do cliente.

Título: O livro da Rosa – vivência e paisagens


Autor: Rosa Grena Kliass
Editora: Romano Guerra Editora
Sinopse: o livro retrata a jornada pessoal e profissional da arquiteta paisa-
gista Rosa Grena Kliass, uma das figuras mais relevantes na área de projeto
e planejamento paisagístico. O livro é uma reconstrução cronológica da
trajetória que mudou profundamente a arquitetura paisagística no Brasil.

125
UNICESUMAR

Um jardim que possui praticamente todos esses elementos de composição é o Jardim sensorial, pois
inclui cores, aromas, sons e texturas. Essa paisagem é projetada para estimular todos os sentidos do
visitante, oferecendo uma experiência única. Um jardim sensorial é especialmente importante para
pessoas com deficiência, além de idosos crianças e público em geral, podendo ser desfrutado por todos.

Figura 17 - Jardim sensorial

Descrição da Imagem: a imagem retrata um jardim sensorial em formato curvilíneo, com várias espécies de plantas, cores e texturas,
com um corrimão ao redor de onde não podem pisar e alguns vasos mais altos com plantas aromáticas para facilitar o acesso das
pessoas que querem cheirar e tocar como na própria imagem que mostra uma mulher cheirando uma das plantas.

Acessibilidade é uma das principais vantagens dos jardins sensoriais. Eles são projetados para serem
acessíveis a pessoas com necessidades especiais e podem incluir rampas, caminhos largos e áreas de
descanso. Além disso, os jardins sensoriais podem incluir informações em braile, áudio e libras para
torná-los acessíveis a pessoas com diferentes tipos de necessidades.
Eles podem ser usados como ferramentas educacionais, para ensinar sobre ecologia, botânica e
ciência da natureza para crianças e adultos. Além disso, podem ser usados para desenvolver habilidades
socioemocionais, como a empatia e a compreensão do mundo ao seu redor.

126
UNIDADE 4

Figura 18 - Caminho sensorial

Descrição da Imagem: na imagem, temos uma parte de um caminho sensorial para as pessoas andarem e sentirem as texturas dos
elementos. Esse caminho tem formato sinuoso com tijolinhos em suas bordas que separam os elementos da grama do jardim ao
redor e madeiras para separar um elemento do outro. Na imagem, há duas pessoas caminhando descalças sobre esses elementos.

Plantas de diferentes cores e flores podem ser usadas para criar um contraste de cor. Aromas também
são uma parte importante da paisagem sensorial, pois podem ser usadas para criar um aroma agradável
e relaxante. Sons são outro elemento importante na paisagem sensorial, com fontes, cachoeiras, cas-
catas e os pássaros que podem ser atraídos para o jardim através do uso de plantas específicas. Plantas
com texturas diferentes e elementos como pedras, madeira e metal podem ser usados para adicionar
textura à paisagem. O paladar também pode ser explorado. Plantas comestíveis, como frutas, vegetais
e ervas, podem ser usadas para criar um jardim comestível. O paisagismo sensorial é uma forma de
projetar jardins e paisagens que estimulam todos os sentidos, em uma combinação de cores, aromas,
sons e texturas, para criar um ambiente agradável e relaxante.

Qual a importância do planejamento e da seleção adequada de plantas e elementos sensoriais para


a criação de um jardim sensorial efetivo e significativo para os usuários?

127
UNICESUMAR

Os Princípios de Composição do paisagismo são as regras básicas que guiam a criação de um projeto
de paisagem. Esses princípios ajudam a criar um espaço que traga sensações aos visitantes e usuários,
garantindo que os elementos da paisagem sejam organizados de maneira estética e funcional. Seja com
árvores de grandes copas em locais onde a temperatura é sempre alta, possibilitando uma grande área
sombreada, ou em locais com temperaturas baixas com o uso de grandes pinheiros que não geram
grandes sombras, mas criam uma bela composição com outras espécies, criando caminhos, unidade,
harmonia, entre outros princípios que você verá a seguir.
Nesse primeiro momento não é necessário saber quais espécies você irá utilizar no projeto, o mais
importante é saber quais os tamanhos, cores, quais sensações você quer que o ambiente cause nos
usuários, qual estilo do jardim e as necessidades do cliente.

Figura 19 - Composição da paisagem, Lagoa da Pampulha

Descrição da Imagem: na imagem temos uma vista superior da Igreja da Pampulha, do lago e da vegetação ao redor da igreja com
desenhos orgânicos entre os caminhos de pedestres. Ao redor da igreja e dos jardins que ficam próximos a ela, tem uma rua, e atrás
da igreja tem um outro jardim que é separado dela por outra rua, que tem palmeiras dos dois lados e árvores em grande parte do
espaço. No canto superior da imagem aparece um pedaço da cidade.

O princípio da unidade e da harmonia se refere à criação de equilíbrio e proporção entre os elementos


da paisagem. Isso inclui a escolha de plantas e flores, a disposição de pedras e rochas, e a criação de
espaços de jardim e áreas de pátio, criando uma sensação de unidade e fluidez no projeto, em vez de
ter elementos que pareçam desconectados ou desproporcionais. Isso também pode incluir no projeto
os elementos da arquitetura existente no local, como o estilo da casa ou a cor das paredes.

128
UNIDADE 4

Outro princípio importante é o princípio do


contraste, que se refere à utilização de elementos
visuais que sejam diferentes entre si, com o ob-
jetivo de destacar áreas específicas ou criar uma
sensação de interesse e variedade. Isso pode in-
cluir a utilização de plantas e flores de diferentes
cores, tamanhos e texturas, ou a incorporação de
elementos arquitetônicos ou decorativos que sejam
contrastantes com o resto da paisagem. O contraste
também pode ser criado através da utilização de
luz e sombra, ou através da criação de áreas de
transição entre diferentes tipos de paisagens. O
Figura 20 - Jardim
objetivo é criar uma paisagem que seja atraente e
interessante, e que incentive as pessoas a explorar e Descrição da Imagem: a imagem retrata um jardim com
um espaço com grama e diversos tipos de plantas em tons
apreciar a variedade de elementos que ela oferece. parecidos de verde. Tem também um caminho de blocos de
As cores, na natureza, são extremamente de- concreto que levam a uma escada. Ao lado da escada tem um
muro de pedras com vegetação sobre ele.
nunciadoras das características de uma determi-
nada região, país, clima ou também da qualidade
de uma área. Plantas com folhas amarelas, que deveriam estar verdes, podem estar sinalizando pro-
blemas. O colorido de uma copa pode sinalizar a chegada do outono. Essas percepções são óbvias e
diretas em nossas vidas (PAIVA, 2008).

Figura 21 - Paisagismo residencial

Descrição da Imagem: a imagem retrata um jardim com um gramado e diversos tipos de plantas em várias cores, do lado direito da
imagem existem vários tipos de plantas de médio porte com plantas menores na cor rosa ao redor, e do lado direito da imagem vemos
outro tipo de canteiro menor com plantas coloridas e uma casa ao fundo, essa casa é estilo americana, feita de madeira na cor branca
com detalhes vermelhos.

129
UNICESUMAR

Um dos critérios utilizados para a seleção das espécies é a coloração das flores, baseando-se nos con-
ceitos de contrastes e complementariedade, também sensações podem ser provocadas nas pessoas
de acordo com a coloração das flores. Por exemplo, em locais onde se deseja calma e tranquilidade,
utilizam-se espécies com flores em colorações frias, e em locais onde devem prevalecer a alegria, a
agitação, flores com cores quentes.
A Proporção é um conceito importante no projeto paisagístico que se refere à relação entre os
diferentes elementos de uma paisagem, tanto em termos de tamanho quanto de forma. Ele busca criar
uma sensação de harmonia e equilíbrio no espaço.
Existem várias técnicas que podem ser utilizadas para criar proporções harmônicas em um projeto
paisagístico, incluindo a utilização de elementos com proporções similares, como o uso de formas
geométricas, ou a utilização de proporções encontradas na natureza, como a proporção áurea. O uso
de plantas e vegetação também é importante, pois a escolha de espécies com diferentes alturas e formas
pode ajudar a criar proporções harmônicas no espaço. Além disso, é importante considerar proporções
harmônicas entre o espaço construído e o espaço natural.

Figura 22 - Paisagismo de praça

Descrição da Imagem: a imagem retrata uma praça com um caminho central de blocos de concreto vermelho e cinza, esse caminho
leva para um edifício parecido com um museu. Dos dois lados do caminho existem canteiros com grama e alguns canteiros envoltos
por um pequeno muro de pedras, dentro desses canteiros possui um arbusto verde e algumas luminárias. Depois desses canteiros
tem outro caminho cercado por grandes árvores.

130
UNIDADE 4

O princípio de Equilíbrio é um conceito importante no projeto paisagístico. Ele busca criar uma sen-
sação de estabilidade no espaço. Existem dois tipos de equilíbrio no projeto paisagístico: o equilíbrio
simétrico e o equilíbrio assimétrico. O equilíbrio simétrico se baseia na criação de uma simetria visual
entre os elementos da paisagem, enquanto o equilíbrio assimétrico se baseia na distribuição desigual
dos elementos, criando uma sensação de equilíbrio através da combinação de diferentes formas e ta-
manhos. A seleção de espécies de plantas e vegetação que tenham diferentes alturas, formas e texturas
pode ajudar a criar equilíbrio visual e dinâmico no espaço. O uso de elementos lineares, como cami-
nhos, paredes, bancos etc., também pode ser utilizado para criar equilíbrio e organização no espaço.

Figura 23 - Paisagismo

Descrição da Imagem: a imagem retrata um enorme jardim, simétrico, com canteiros retangulares, cada um com uma cor e espécie
de planta, mas todos perfeitamente organizados, alguns espelhos d’água retangulares e no meio da imagem uma escultura no formato
de uma pessoa. No fundo da imagem, tem árvores, montanhas e um céu azul com nuvens.

O princípio de Continuidade é um conceito importante no projeto paisagístico, que se refere à cria-


ção de ligações visuais e físicas entre os diferentes elementos de uma paisagem. Ele busca criar uma
sensação de fluidez e coesão no espaço, permitindo que os visitantes se sintam guiados e orientados
de forma natural.
Existem várias técnicas que podem ser utilizadas para criar continuidade em um projeto paisagís-
tico, incluindo a utilização de elementos repetitivos como plantas, pedras, formas geométricas etc. A
seleção de plantas e vegetação também é importante, pois a escolha de espécies com folhagens e flores
similares pode ajudar a criar uma sensação de coesão.
A continuidade também pode ser alcançada através da utilização de cores e texturas semelhantes,
assim como de linhas de visão e trajetos claros.

131
UNICESUMAR

Figura 24 - Paisagismo contínuo

Descrição da Imagem: na imagem, temos uma simetria, dividida por um grande caminho pavimentado para pedestres que leva a
uma grande edificação bem ao fundo. Dos dois lados desse caminho, existe um arbusto alto, podados todos exatamente do mesmo
tamanho inteiramente na cor verde.

132
UNIDADE 4

O Princípio do Movimento em projetos pai-


sagísticos se refere à criação de um fluxo visual
através do jardim ou paisagem. Isso pode ser al-
cançado através de várias técnicas, como o uso de
linhas curvas em vez de retas, o uso de elementos
como caminhos, escadas e rampas para guiar o
olhar, e a disposição de plantas e flores de forma
a criar uma sensação de movimento. O objetivo
é criar um jardim ou paisagem que seja atraente
e convidativo, e que incentive as pessoas a explo-
rar e se mover através dele. Além disso, o uso de
elementos naturais como água, rochas e animais
também pode ser utilizado para criar sensações
Figura 25 - Paisagismo em grande escala
de movimento e dinamismo na paisagem.
O princípio do Ritmo se refere à repetição Descrição da Imagem: na imagem, temos uma grande área
verde com alguns caminhos sinuosos, com grandes árvores
de elementos visuais ao longo do jardim ou pai- ao fundo, árvores médias distribuídas no gramado e canteiros
sagem. Isso pode incluir a repetição de plantas e de flores roxas e laranjas. Na imagem também aparece uma
parte do céu azul com uma nuvem branca.
flores, formas geométricas, ou outros elementos
decorativos. O objetivo é ajudar a guiar o olhar
do espectador através do jardim ou paisagem. O princípio é importante para criar uma sensação de
ordem na paisagem e ajudar a criar uma sensação de continuidade no projeto.

Figura 26 - Paisagismo com pinheiros

Descrição da Imagem: na imagem, temos um gramado e dos dois lados pinheiros em uma fileira perfeitamente alinhada, e todos eles
podados em formato de cone, todos iguais. Todos no mesmo tom de verde. No fundo, fora do jardim, há copas de algumas árvores.
A imagem também mostra o céu azul.

133
UNICESUMAR

O princípio de Ênfase em projetos paisagísticos se refere ao destaque de um elemento ou área especí-


fica da paisagem, com o objetivo de chamar a atenção do espectador e criar um ponto focal. Isso pode
ser alcançado através de várias técnicas, como o uso de plantas ou elementos decorativos de maior
porte ou cor, ou a criação de uma área de jardim ou pátio específica. O objetivo é criar um jardim ou
paisagem que seja atraente e convidativo, e que incentive as pessoas a explorar e apreciar a variedade
de elementos que ela oferece.

Figura 27 - Jardim com escultura

Descrição da Imagem: na imagem, temos um grande gramado, com duas pessoas sentadas olhando para uma grande escultura em
formato de cavalo um pouco distante deles. A imagem também retrata um caminho para pedestres, com alguns bancos. Esse caminho
leva até a escultura que também fica em uma área circular pavimentada. Esse jardim também possui algumas árvores. O terreno possui
alguns desníveis. Na imagem também aparece o céu azul.

O texto “Os melhores projetos brasileiros de paisagismo de 2022” mostra


15 obras que estão entre as mais importantes inspirações de projetos pai-
sagísticos no ano de 2022, para você se inspirar. Acesse o QRCode e veja!
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

134
UNIDADE 4

O Conceito do Projeto de Paisagismo é definido pelo projeto paisagístico que é um plano de de-
senvolvimento de um espaço ao ar livre, que busca equilibrar as necessidades estéticas, funcionais e
ecológicas do local. Ele inclui a criação de jardins, parques, praças, canteiros centrais de avenidas e
outras áreas verdes, assim como a incorporação de elementos como água, iluminação e mobiliário.
Ouça meu Podcast, sobre nossas perspectivas sobre o paisagismo: é um
campo com grande abrangência de escala, ocupando-se tanto de inter-
venções em pequenos jardins residenciais, quanto projetos para grandes
ecossistemas urbanos de domínio público. Essa amplitude de atuação e
o domínio científico dos sistemas ambientais aplicados ao projeto fazem
do arquiteto paisagista um profissional de extrema relevância para o
desenvolvimento consciente e sustentável do complexo meio ambiente
urbano em que vivemos, além de tratar da composição desses espaços,
da acessibilidade e da inclusão social. Tratarei de como o profissional se
relaciona à primeira vista com o espaço que deve planejar, e como suas
escolhas mudam esse lugar.

Enquanto um projeto arquitetônico se concentra na construção e design de edifícios, um projeto pai-


sagístico se concentra na criação e design de espaços ao ar livre. Ambos os projetos trabalham juntos
para criar ambientes integrados e harmônicos.

Figura 28 - Jardim com diversos elementos

Descrição da Imagem: a imagem retrata um jardim que circunda um lago com um chafariz. Ao redor do lago existe um caminho
pavimentado por blocos. Entre o caminho e o lago existe um paisagismo com arbustos em diferentes tons de verde e do outro lado
do caminho existem arbustos também e atrás deles possui um muro de vegetação e árvores. Na imagem também temos uma parte
do céu azul coberto com nuvens brancas.

135
UNICESUMAR

Um partido bem elaborado é fundamental para garantir que o projeto final seja funcional e bonito.
Ele deve ser desenvolvido de maneira clara e precisa, de forma a ser compreendido facilmente tanto
pelo paisagista quanto pelo cliente e os outros profissionais envolvidos no projeto.
Para intervir no espaço, precisamos, portanto, compreender como as pessoas o percebem, como se
localizam e como se movem através dele. É preciso entender que atributos do espaço interferem em
sua atratividade, que despertam ao usuário o desejo de ingressar em um lugar, de permanecer em um
lugar, ou de realizar uma atividade (MALAMUT, 2014).

De acordo com o que você aprendeu até aqui, qual a importância da análise do contexto e das
necessidades do usuário na definição da composição, conceito e partido do projeto de paisagismo?

Nesta unidade, podemos aprender que a composição, o conceito e o partido do projeto paisagismo
são elementos essenciais na criação de espaços verdes que atendam às necessidades e expectativas dos
usuários. A análise do contexto, a definição de objetivos e a escolha de materiais e plantas adequados
são fundamentais para alcançar um resultado harmônico, funcional e esteticamente agradável. Além
disso, é importante considerar aspectos ambientais e sociais, buscando promover a sustentabilidade e a
inclusão. O paisagismo pode ser um instrumento poderoso para transformar e valorizar espaços urbanos
e naturais, contribuindo para a qualidade de vida das pessoas e para a preservação do meio ambiente.
Nesta unidade, adquirimos conhecimentos e habilidades que são fundamentais para a prática
profissional do paisagista, que deve ser capaz de transformar e valorizar espaços urbanos e naturais,
contribuindo para a qualidade de vida das pessoas e para a preservação do meio ambiente.
Relembre a atividade que propus no início desta unidade. Pedi para que você analisasse uma praça
em sua cidade e criasse um esboço de projeto paisagístico para a sua revitalização. Que, nesta ativida-
de, você levasse em consideração o contexto, as necessidades dos usuários e os aspectos ambientais e
sociais, e apresentasse uma justificativa para suas escolhas.
Esse experimento pode, hipoteticamente, ser resolvido da seguinte forma: A praça X, localizada no bairro
Y, apresenta uma vegetação pouco diversificada e sem um projeto de paisagismo bem definido. A proposta
de revitalização prevê a criação de áreas de lazer, como um playground e uma quadra poliesportiva, além
da instalação de mobiliário urbano e de espaços de convivência. Quanto à vegetação, será feita uma seleção
de espécies que se adaptem ao clima local e que possuam floração e frutificação em épocas distintas, favore-
cendo a presença de fauna. O uso de materiais sustentáveis será incentivado, como a utilização de madeira
certificada e o reaproveitamento de água da chuva para a irrigação das plantas. A revitalização da praça X
busca promover a inclusão social, criando espaços que atendam às necessidades dos diferentes grupos de
usuários, e a preservação do meio ambiente, incentivando a biodiversidade e a sustentabilidade.

136
Caro(a) aluno(a), nesta unidade, você pode ver que os elementos presentes em um jardim podem
aguçar os sentidos: visão, audição, tato, olfato e paladar. Dei um exemplo do jardim sensorial
também, que são jardins que ajudam a melhorar os sentidos de pessoas com necessidades espe-
ciais, idosos e crianças. No mapa a seguir, temos todos os sentidos e em cada um deles tem dois
espaços para que você escreva quais elementos você pode inserir no projeto de um jardim para
aguçar cada um desses sentidos. Preencha as lacunas e depois escreva um pequeno texto, de até
20 linhas, explicando como você usaria cada um dos elementos escolhidos.

Visão
Audição
Paladar

SENSAÇÕES DE UM JARDIM

Tato
Olfato

Descrição da Imagem: na imagem, temos a frase: “sensações de um jardim” dentro de um retângulo verde, desse retângulo
saem umas linhas que ligam com as 5 palavras dos 5 sentidos, “visão, audição, paladar, tato e olfato” e de cada uma dessas
palavras saem mais dois espaços para o aluno preencher.

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1. O Jardim Botânico de Nova Iorque (New York Botanical Garden – NYBG) inaugurou no dia 8
de junho de 2019 uma grande exposição sobre a obra do paisagista, pesquisador e artista
brasileiro Roberto Burle Marx. Aberta ao público até o dia 29 de setembro, a mostra foi a pri-
meira a combinar exuberantes jardins em tributo aos projetos do paisagista com uma galeria
dedicada as suas pinturas, desenhos e tapeçarias, revelando as conexões entre sua prática
artística e seu comprometimento com a conservação da natureza.
BARATTO, R. Roberto Burle Marx é tema de grande exposição no Jardim Botânico de Nova Iorque. ArchDaily,
17 jun. 2019. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/919107/roberto-burle-marx-e-tema-de-grande-
-exposicao-no-jardim-botanico-de-nova-iorque. Acesso em: 18 maio 2023.

Agora, analise a imagem a seguir:

Fonte: BARATTO, R. Roberto Burle Marx é tema de grande exposição no Jardim Botânico de Nova Iorque. Arch-
Daily, 17 jun. 2019.

Descrição da Imagem: na imagem, temos uma vista de cima de uma praça com uma grande calçada para pedestres com
desenhos orgânicos nas cores branco e preto, cercadas por diversos tipos de plantas de diferentes cores e escalas, e, no
canto inferior direito da imagem, existe um lago.

Caro(a) aluno(a), depois de aprender sobre os princípios de composição, escreva um texto


dissertativo, de 5 a 10 linhas, respondendo quais foram utilizados nesse projeto da paisagem,
e como eles foram utilizados.

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2. Com base no que você aprendeu nesta unidade, escreva, com suas palavras, um texto dis-
sertativo de 3 a 5 linhas, a importância de adotar os princípios de composição para criar um
projeto da paisagem.

3. Nesta unidade, mostrei a importância de entender o conceito do projeto e o partido arquite-


tônico para conseguir fazer um bom projeto. Escreva, em forma de texto dissertativo de 5 a
10 linhas, quais são os primeiros passos antes de começar a fazer um projeto paisagístico e
para que servem cada um deles.

4. Depois de ter estudado sobre o conceito, composição e partido, responda quais das alterna-
tivas abaixo melhor definem o que é o paisagismo?

a) É uma disciplina científica que se concentra em estudar as paisagens.


b) É uma forma de arte que envolve a criação de composições estéticas a partir da diversidade
de plantas.
c) Uma especialidade multidisciplinar de ciência e arte que visa ordenar o espaço exterior em
relação ao homem e demais seres vivos.
d) É uma forma de representação da paisagem apenas através de gravuras, quadros e fotografias.
e) É uma forma de desenhar as espécies vegetais.

5. Você pode dizer que o paisagismo é considerado arte e ciência? Por quê? Assinale a alternativa
correta:

a) Sim, é arte, porque se concentra em criar composições estéticas a partir da diversidade de


plantas.
b) Não é arte, mas é ciência, porque se concentra em estudar as paisagens através de textos
escritos por viajantes.
c) Sim, é arte, porque as plantas possuem grande riqueza plástica, e também é ciência, porque
envolve conhecimentos de áreas como Biologia.
d) Sim, é arte, porque se concentra em pintar paisagens, e também é ciência, porque se preocupa
em adequar o ambiente às necessidades humanas.
e) Não, pois se concentra apenas em criar desenhos de espaços com plantas.

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6. Você sabe que existem diversos tipos de jardins e cada um deles possui elementos importantes.
O mobiliário é um elemento usado na maioria dos projetos. Marque (V) para verdadeira e (F)
para as respostas que são falsas sobre a importância do mobiliário no projeto paisagístico e
como ele pode ser utilizado para complementar a paisagem e atender às necessidades dos
usuários.

( ) O mobiliário é importante no projeto paisagístico, pois permite que as pessoas desfrutem e


interajam com o espaço.
( ) O mobiliário não é importante no projeto paisagístico, porque é secundário em relação a
outros elementos, como plantas e água.
( ) O mobiliário pode ser usado para criar áreas de descanso, refeição, lazer e recreação.
( ) O mobiliário deve ser projetado de forma resistente e durável, e ser colocado em áreas apro-
priadas para garantir segurança e usabilidade.
( ) Um projeto paisagístico não possui mobiliário, apenas plantas.
Assinale a alternativa que contém a sequência correta:

a) V, F, V, F, V.
b) V, F, V, V, F.
c) F, F, F, F, F.
d) V, V, V, V, V.
e) F, V, F, V, F.

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5
Espaço Arquitetônico:
Elementos de
Composição
Me. Lessyane Rezende de Matos Souza Bonjorno

O espaço arquitetônico bem planejado faz com que o ambiente se


torne mais agradável, funcional e esteticamente atraente. Para isso,
é fundamental compreender os elementos de composição do espaço
arquitetônico e como eles podem ser combinados da melhor forma.
Nesta unidade, abordaremos os principais elementos de composição
do espaço arquitetônico, e como eles podem ser utilizados para criar
diferentes atmosferas e sensações no ambiente. Ao final, espero
que você tenha uma compreensão mais profunda dos elementos
de composição do espaço arquitetônico e como eles podem ser
utilizados para criar espaços funcionais, esteticamente agradáveis
e adequados às necessidades dos usuários e do meio ambiente.
UNICESUMAR

Você já parou para pensar como o paisagismo e os elementos de composição podem transformar um
espaço arquitetônico monótono, sem uso e sem funcionalidade em um ambiente agradável, funcional,
que melhora a qualidade de vida e saúde das pessoas?
Nesta unidade, vamos explorar como o design paisagístico pode ser utilizado para solucionar pro-
blemas de diversos tipos de espaços, além de desenvolver competências em termos de planejamento,
projeto e implementação de soluções paisagísticas que promovam o bem-estar e a qualidade de vida
das pessoas que frequentam esses ambientes.
Imagine que você mora em uma cidade grande, rodeado por prédios cinzas e sem vida. A falta de
áreas verdes e de espaços públicos bem cuidados torna sua vida um pouco monótona e sem graça.
Certo dia, você começa a notar que um terreno vazio próximo a sua casa começa a ser transformado
em um parque urbano. Com o passar dos dias, você vê a área ganhar forma e se tornar um espaço
verdejante, com árvores, canteiros de flores, bancos e áreas de lazer para crianças.
Com essa mudança, você nota que as pessoas da sua comunidade começam a se reunir no parque,
levando seus filhos para brincar, praticando exercícios ou simplesmente apreciando a natureza. A
paisagem ao redor começa a ganhar cor e vida, tornando o seu dia a dia mais agradável e estimulante.
Esse exemplo demonstra como o design paisagístico pode transformar espaços sem vida em áreas
vibrantes e acolhedoras, criando um impacto positivo na qualidade de vida das pessoas que frequen-
tam esses espaços. A partir deste exemplo, podemos perceber como os elementos de composição
do paisagismo podem fazer a diferença na construção de um ambiente mais saudável e equilibrado,
promovendo a interação social, a atividade física e o contato com a natureza.

142
UNIDADE 5

Que tal experimentar os conceitos aprendidos neste estudo de caso em seu bairro? Identifique um
espaço público próximo a sua casa, local de trabalho ou de estudos que possa ser transformado em
um jardim ou uma praça. Utilize os elementos de composição, faça um levantamento dos recursos
necessários, como mudas de plantas, ferramentas e materiais de construção. E não se esqueça de con-
siderar a manutenção do espaço após a implementação.
Ao realizar esta atividade, você terá a oportunidade de vivenciar na prática a importância do pla-
nejamento, da escolha adequada das espécies de plantas em projetos de paisagismo comunitário. Essa
experiência prática certamente irá gerar reflexões e conclusões que poderão ser aplicadas na solução
do estudo de caso proposto. Algumas dessas reflexões podem incluir:
Identificação das necessidades da comunidade: ao planejar e executar o projeto de paisagismo, foi
possível identificar as necessidades e desejos da comunidade com relação ao espaço público. Essa identifica-
ção é fundamental para garantir que o projeto atenda às expectativas e necessidades dos usuários do espaço.
Importância da escolha das espécies: durante a experimentação, será possível perceber que a
escolha adequada das espécies de plantas é fundamental para o sucesso do projeto de paisagismo. Além
de considerar as características climáticas e do solo, é importante levar em conta as necessidades dos
usuários do espaço e a biodiversidade local.
Ao refletir sobre essas questões, você desenvolverá competências importantes para a execução de
projetos de paisagismo. Além disso, poderá aplicar esses conhecimentos para solucionar problemas
reais, contribuindo para um ambiente mais saudável e equilibrado.
De posse dessas ideias, anote seu projeto no seu Diário de Bordo.

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UNICESUMAR

Figura 1 - Paisagismo com hortênsias

Descrição da Imagem: a imagem retrata um jardim na frente de uma edificação. Esse jardim possui maciços de vegetação médios com
muitas flores azuis e muitas árvores que tampam quase toda a fachada da edificação, deixando visível apenas uma grande porta com
uma escada da largura da porta com quatro degraus. Também aparece uma mulher de costas andando pelo jardim.

O espaço arquitetônico no paisagismo é o am-


biente que é projetado e construído para atender
às necessidades humanas, enquanto se integra
harmoniosamente ao ambiente em que é inse-
rido. É o espaço físico que as pessoas utilizam
para atividades ao ar livre, como lazer, esporte,
recreação e contemplação da natureza, criado
a partir da combinação de elementos naturais,
como árvores, plantas, água e pedra; e elementos
artificiais, como pavimentos, mobiliário, ilumi-
nação e equipamentos esportivos.
As características do espaço arquitetônico no
paisagismo incluem sua função, forma, escala,
proporção, ergonomia, acessibilidade, conforto
ambiental e estética. A função do espaço é de-
terminada pelo programa de necessidades dos
usuários, que pode incluir áreas de lazer, esporte,
recreação, circulação e contemplação.

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UNIDADE 5

Figura 2 - Projeto paisagístico em INHOTIM, Brumadinho, Minas Gerais

Descrição da Imagem: a imagem mostra um grande lago com muita vegetação de vários portes, desde rasteiras, arbustos até palmeiras.
Ao fundo aparece a ponta de uma montanha e o céu azul com algumas nuvens.

A escala e proporção são importantes para garantir que o espaço seja adequado ao uso pretendido e às
pessoas que o ocuparão; e a ergonomia e acessibilidade são importantes para garantir que o espaço seja
confortável e seguro para todos os usuários, independentemente de suas habilidades físicas e mentais.
O conforto ambiental, por sua vez, é essencial para garantir que o espaço seja climatizado, iluminado e
ventilado de forma adequada e eficiente. E a estética é fundamental para que seja visualmente atraente
e se integre harmoniosamente ao ambiente natural.

Título: Arte & paisagem: conferências escolhidas.


Autor: Roberto Burle Marx
Editora: Studio Nobel
Ano: 2004
Sinopse: o livro discute os jardins produzidos por Roberto Burle Marx,
apresentando imagens dos projetos e discussão sobre sua forma de criação.

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UNICESUMAR

O paisagismo pode ser dividido em: micropaisa- O micropaisagismo é o design de espaços


gismo e macropaisagismo. O primeiro se refere em uma escala menor. Envolve o planejamento
aos trabalhos de paisagismo de menores dimen- e criação de jardins, terraços, pátios e varandas.
sões, realizados em pequenos espaços. Neste tipo É uma abordagem detalhada e cuidadosa que
de projeto, a escala de representação se encontra busca transformar esses pequenos espaços em
entre as escalas de 1:50 até 1:1.000, e normal- áreas funcionais e agradáveis, envolvendo a es-
mente envolve soluções técnicas mais simples. colha de plantas e materiais que são adequados
Por outro lado, o macropaisagismo é o trabalho para o clima, solo e ambiente local. Também
de paisagismo realizado em grandes espaços, no envolve a escolha de móveis e decoração que
qual a escala usual está em geral entre 1:5.000 a complementam o design geral. A iluminação
1:50.000, envolvendo problemas técnicos com- e o uso de água também são considerados no
plexos e multidisciplinares (DEMATTÊ, 2006). design de micropaisagismo.

Figura 3 - Paisagismo residencial

Descrição da Imagem: a figura retrata um jardim residencial em dois níveis diferentes: o nível mais alto aparece mais ao fundo da
imagem e possui muitas plantas verdes, roxas e brancas; todo o espaço é cercado por uma cerca de madeira quadriculada em que as
plantas trepadeiras cobrem algumas partes. Existe uma escada com quatro degraus que dão acesso à varanda mais baixa, que também
possui muitas plantas em vasos, e uma mesa com duas cadeiras e três vasos menores com flores coloridas em cima.

Ultimamente presenciamos bastante o uso do jardim vertical, uma técnica de paisagismo que consiste
em cultivar plantas em uma estrutura como uma parede ou painel. Esse tipo de jardim pode ser usado
em ambientes internos ou externos, e oferece uma série de benefícios, como melhoria da qualidade
do ar, redução da temperatura ambiente e aumento da biodiversidade. Além disso, os jardins verticais
são uma opção interessante para quem tem pouco espaço disponível, já que aproveitam as paredes de

146
UNIDADE 5

forma criativa e funcional. As plantas usadas em jardins verticais variam de acordo com o clima e as
condições de luz do local, e podem incluir desde espécies ornamentais até hortaliças e ervas aromáticas.
A manutenção de um jardim vertical envolve cuidados como irrigação, fertilização e poda regular,
para garantir a saúde e beleza das plantas.

Figura 4 - Jardim vertical

Descrição da Imagem:a imagem mostra uma estrutura de madeira com muitos vasinhos de plantas fixados e um homem de costas
mexendo neles. Cada tipo de planta é organizado na diagonal, fazendo uma composição com várias cores e texturas diferentes.

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UNICESUMAR

Dentre as espécies mais comuns nos jardins verticais, estão os Aspargus, Columeia, Liriópolis, Russélia,
Rhipsales, Antúrio, Polypodium, Lambari e Lambari-roxo, Hera e Hera verde, Lírio da paz, Singônio,
Begônia, Clorofito, Jiboia, Avenca, Peperomia e Samambaias.


Vale um destaque especial para as samambaias: estas, de diferentes espécies, são as queridi-
nhas de muitos jardins verticais, pois se adaptam muito bem a ambientes internos e externos
e sua folhagem farta e exuberante promove um amplo recobrimento do painel e de sua
estrutura, criando um aspecto muito natural ao jardim vertical (GONÇALVES, 2018, p. 175).

Em pequenos espaços como apartamentos que não têm quintal, o jardim vertical também pode ser
substituído ou até misturado com uma horta vertical. As plantas usadas em hortas verticais variam
de acordo com as condições de luz e temperatura do local, mas geralmente incluem hortaliças folhosas,
como alface e rúcula; e ervas aromáticas, como manjericão e alecrim. O cultivo dessas plantas pode
ser feito em vasos, jardineiras ou bolsas de plantio, fixados em paredes ou estruturas verticais.

Figura 5 - Horta vertical em


apartamento

Descrição da Imagem: a
imagem retrata uma pequena
varanda de um apartamento
com muitos vasinhos de plan-
tas e temperos pendurados
em suportes na parede e na
grade, onde entra bastante
luz natural. As paredes e as
grades são brancas.

A horta vertical pode ser uma opção interessante para quem quer produzir alimentos frescos e sau-
dáveis em casa, aproveitando espaços pequenos. Além disso, a horta vertical pode trazer benefícios
estéticos e ambientais, melhorando o aspecto visual do ambiente.
Outra forma de trazer a natureza para o interior do ambiente é através dos chamados “jardins de
inverno”. Eles geralmente são usados em casas pequenas e geminadas como uma estratégia para obtenção
de luz e ventilação natural em cômodos que não teriam espaço para janela; e os pátios internos que são
usados em espaços maiores geralmente possuem mobiliário para que o usuário possa relaxar no espaço.

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UNIDADE 5

Figura 6 - Paisagismo residencial, pátio interno

Descrição da Imagem: a imagem retrata um pátio central de uma residência com gramas e pedras no chão, e vários tipos de plantas
no chão, em vasos fixados na parede do fundo e vasos com plantas pendentes penduradas na beira da cobertura da parte do fundo
da casa. Esse espaço é a céu aberto e tem as portas da casa voltadas para ele.

Esses espaços são projetados para permitir que os habitantes desfrutem da natureza e de um ambien-
te verde. Também podem ser chamados de jardim interno ou espaço verde interno. Eles podem ser
projetados de diversas formas, desde um pequeno espaço com algumas plantas em vasos até uma área
ampla e complexa com uma variedade de plantas, caminhos, fontes e áreas de descanso. A estrutura
do jardim de inverno pode ser de vidro ou policarbonato, para permitir a entrada de luz natural.
O objetivo principal é trazer a natureza para dentro de casa, proporcionando um ambiente aco-
lhedor e relaxante, melhorando a qualidade do ar interno. As plantas escolhidas para um jardim de
inverno geralmente são aquelas que se adaptam bem às condições de luz e temperatura internas, como
samambaias, bromélias, orquídeas, filodendros, entre outras.
Já na parte externa existe outro tipo de jardim, os jardins em coberturas e telhados, também conhe-
cidos como telhados verdes ou telhados vivos. São espaços verdes construídos em cima de edifícios,
casas e outros tipos de construções. Esses jardins são uma forma de aproveitar o espaço não utilizado
nas áreas superiores das edificações e, ao mesmo tempo, trazer benefícios para o meio ambiente e para
a qualidade de vida dos habitantes das cidades.

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UNICESUMAR

Figura 7 - Jardim no terraço

Descrição da Imagem: a imagem retrata vários telhados de casas bem próximas umas das outras, e um deles possui um jardim com
grama e muitos vasos com diferentes tipos de plantas. Também aparece um sol radiante e o céu nublado.

Pode ser criado de diversas formas, desde a utilização de vasos e recipientes para o cultivo de plantas
até a instalação de uma camada de solo e vegetação sobre a cobertura do prédio. Esses jardins podem
incluir plantas ornamentais, hortas, árvores, gramados e outras formas de vegetação. Eles trazem
diversos benefícios para as cidades e para as pessoas que vivem nelas. Eles ajudam a reduzir a chama-
da “ilha de calor” urbana, que ocorre quando as superfícies urbanas absorvem calor e aumentam a
temperatura local. Além disso, os telhados verdes ajudam a reduzir o escoamento de água das chuvas,
pois as plantas absorvem e retêm parte da água da chuva, reduzindo a quantidade de água que corre
pelas ruas e pode causar enchentes.

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UNIDADE 5

Figura 8 - Cobertura verde

Descrição da Imagem: a imagem mostra cinco casas iguais em um condomínio com uma grande área gramada. Todas as casas pos-
suem uma cobertura gramada na sua laje.

Outros benefícios dos jardins em coberturas e telhados incluem a melhoria da qualidade do ar, já
que as plantas absorvem dióxido de carbono e liberam oxigênio; e a criação de habitats para animais
urbanos, como pássaros e insetos.
Além dos benefícios ambientais, os jardins em coberturas e telhados também podem ter benefí-
cios sociais e econômicos. Eles podem ajudar a melhorar a qualidade de vida das pessoas que moram
ou trabalham nas edificações em que são instalados, proporcionando um espaço verde e tranquilo
para relaxar e socializar. Também podem valorizar as propriedades imobiliárias, pois os jardins em
coberturas e telhados são considerados uma característica sustentável e inovadora.
Eles podem ser usados em telhados pequenos e médios, em residências e também em grandes
terraços de edifícios multifuncionais, comerciais e institucionais.
O macropaisagismo, por outro lado, é o design de espaços em uma escala maior, geralmente em
ambientes urbanos ou parques públicos. Envolve a criação de paisagens urbanas, como praças, par-
ques, avenidas e corredores verdes. É uma abordagem mais abrangente que considera a paisagem em
sua totalidade que, assim como o micropaisagismo, envolve a escolha de plantas e materiais que são
adequados para o clima e o ambiente local, além de levar em consideração o uso futuro do espaço.
Também envolve a consideração da infraestrutura urbana, como sistemas de drenagem, iluminação
e mobiliário urbano.

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UNICESUMAR

Figura 9 - Macropaisagismo

Descrição da Imagem: Ia imagem mostra um grande espaço com um lago central e vegetação ao redor. O espaço ao redor do lago é
coberto por grama, tem maciços de médio porte e muitas palmeiras. A imagem também mostra o céu com muitas nuvens.

Ambas as abordagens são importantes para o paisagismo. O micropaisagismo pode melhorar a


qualidade de vida das pessoas ao criar espaços verdes e relaxantes, enquanto o macropaisagismo pode
melhorar a aparência e a funcionalidade de grandes áreas urbanas. Juntas, essas abordagens podem
criar um ambiente externo agradável e funcional para as pessoas viverem e trabalharem.

Título: Criando paisagens: guia de trabalho em arquitetura paisagística


Autor: Benedito Abbud
Editora: Senac São Paulo
Ano: 2010
Sinopse: neste livro, Benedito Abbud aponta diversos recursos que a dis-
ciplina de paisagismo nos oferece para projetar espaços vivos e, por isso
mesmo, mutáveis, os quais nos convidam a com eles interagir de maneira
sensível, e não apenas pragmática. Este livro aborda de maneira bastante
didática o processo de composição e desenvolvimento de projetos paisagísticos por meio de
técnicas e princípios que nos levam a entender o jardim como um espaço para ser percebido e
utilizado por meio de todos os sentidos.

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UNIDADE 5

Existem diversos tipos e estilos de projetos paisagísticos que podem ser usados juntos em um grande
espaço ou podem ser o único tema de um jardim. Os jardins contemplativos, por exemplo, são os que
se concentram em criar espaços que são agradáveis ​​para contemplação e relaxamento e admiração à
visão, isolando a visão do entorno, possibilitando o silêncio e o foco somente nele. Geralmente eles
também despertam os sentidos do olfato e do tato. Este é o tipo de lazer que propicia uma agradável
sensação de repouso mental e de bem-estar.

Figura 10 - Paisagismo em INHOTIM, Brumadinho, Minas Gerais

Descrição da Imagem:a imagem mostra um caminho largo calçado para pedestres entre o paisagismo de arbustos e variadas espécies
de palmeiras. Podemos ver também algumas pessoas caminhando nesse espaço.

As características principais do paisagismo contemplativo incluem o uso de elementos naturais como


plantas, pedras, água, madeira, pedra e cascalho, usadas p
​​ ara criar caminhos e áreas de estar. Pode ser
composto de plantas que mudam de cor com as estações do ano e criam um ambiente natural.
O design minimalista é uma característica comum do paisagismo contemplativo. A simplicidade
do design cria um ambiente tranquilo e relaxante que permite aos visitantes se concentrarem na beleza
natural ao seu redor. Formas geométricas simples, como círculos, quadrados e retângulos, são usadas
para criar um ambiente equilibrado e harmonioso. As linhas retas e formas simples são geralmente
combinadas com curvas suaves para adicionar interesse e suavidade.

153
UNICESUMAR

Figura 11 - Paisagismo contemplativo

Descrição da Imagem: a imagem


retrata um lago com água cristalina
com suas bordas em pedras, e uma
escada também revestida de pe-
dras. Ao redor deste lago existem
muitas plantas de médio e grande
porte, a maioria delas na cor verde,
mas ao fundo tem um conjunto de
arbustos que se destacam na pai-
sagem por sua cor vermelha.

O uso de água é uma caracte-


rística comum do paisagismo
contemplativo, as fontes e pisci-
nas ajudam a criar um ambiente
tranquilo e relaxante que pode
ser apreciado durante todo o ano.
Diferente do paisagismo contemplativo, que é voltado para o relaxamento, o paisagismo recreativo
é uma forma de lazer para crianças, adultos e idosos. Para as crianças, são incluídos playgrounds, par-
quinhos de diversão etc., à medida que para os idosos podem existir mesas e bancos fixos para jogos de
xadrez, dominó, baralho etc. Esses ambientes também propiciam a integração social dos usuários; as
áreas reservadas a esse tipo de lazer devem estar estrategicamente localizadas, de modo a não interferir
nas demais áreas de lazer. As características principais do paisagismo recreativo incluem, como no
contemplativo, o uso de áreas verdes como gramados e parques, para atividades ao ar livre, como jogos,
piqueniques e caminhadas. As áreas verdes podem ser projetadas com caminhos, trilhas e bancos para
torná-las mais acessíveis e confortáveis para os visitantes. Geralmente possuem instalações de lazer,
como parquinhos infantis, quadras esportivas, piscinas e áreas de churrasco.
O paisagismo recreativo muitas vezes inclui espaços de convivência, como áreas de piquenique,
gazebos e áreas de descanso com sombra. Esses espaços são projetados para oferecer aos visitantes um
lugar para relaxar e socializar, e podem ser equipados com mesas, bancos e outras comodidades para
torná-los mais confortáveis e funcionais. Também podem ser projetados para atender às necessidades
da comunidade, e podem incluir espaços de uso comum, como jardins comunitários, trilhas e áreas
de lazer para animais de estimação. Esses espaços são projetados para promover a interação social e
a construção da comunidade.

154
UNIDADE 5

Figura 12 - Paisagismo recreativo

Descrição da Imagem: a imagem retrata uma grande praça com um espaço com playground, esse espaço é destacado e separado
do restante da praça pela diferenciação do piso. A parte dos brinquedos tem um piso emborrachado nas cores laranja, amarelo e
cinza com desenhos em formato orgânico. Ao redor dessa área tem um caminho de calçada para pedestres, e ao lado desse caminho
existem canteiros com grama, vegetação de porte médio e árvores. Ao fundo existem alguns edifícios comerciais e também aparece
o céu azul com algumas nuvens.

O recreativo muitas vezes possui também um espaço de lazer esportivo, composto de campos de
futebol, quadras poliesportivas, pistas de cooper, áreas para ginástica, piscinas etc. Nesses espaços,
são utilizados materiais duráveis que são capazes de suportar o desgaste causado pelo uso esportivo
intenso. Esses materiais são escolhidos por sua durabilidade, baixa manutenção e por sua capacidade
de reduzir lesões. A iluminação é uma característica importante, pois permite que os usuários prati-
quem esportes à noite e durante as épocas do ano em que os dias são mais curtos. A iluminação deve
ser projetada para ser funcional e segura, garantindo que as áreas esportivas e seus acessos sejam
facilmente acessíveis e seguras para os usuários. Isso pode incluir o uso de caminhos pavimentados,
sinalização e áreas de espera para espectadores.

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UNICESUMAR

Figura 13 - Paisagismo esportivo

Descrição da Imagem: a imagem


retrata duas quadras esportivas a
céu aberto em uma praça com mui-
tas árvores sombreando a área. Ao
redor temos muitos prédios.

O paisagismo esportivo pode


incluir o uso de áreas verdes
para ajudar a equilibrar as áreas
construídas, melhorar a quali-
dade do ar e reduzir a poluição
sonora. As áreas verdes podem
ser compostas por gramados,
árvores e arbustos, que ajudam
a criar uma atmosfera agradável
e relaxante para os usuários.
Em algumas praças podemos ver um espaço para o lazer cultural ou até uma praça somente para
esse tipo de espaço que se refere às áreas planejadas para a realização das várias manifestações culturais
de artistas, poetas, cantores, compositores, músicos etc.

Figura 14 - Paisagismo cultural

Descrição da Imagem: Ia imagem mostra uma concha acústica em um palco de frente para uma grande arquibancada em concreto e
grama. Todo o espaço é cercado por grama e árvores em um dia ensolarado com o céu azul.

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UNIDADE 5

A praça é projetada com espaços multifuncio- Além das arquibancadas e concha acústica, pode
nais que podem acomodar diferentes tipos de haver áreas de sombra, assentos confortáveis,
eventos culturais. As arquibancadas e a concha fontes de água, iluminação adequada e outros
acústica são elementos fundamentais desse tipo elementos que tornem o espaço mais atraente
de paisagismo, pois proporcionam um espaço para os visitantes. Ela precisa ser projetada para
adequado para apresentações e performances. ser acessível a todos os usuários, independente-
Ela pode incluir elementos que destacam a mente de sua idade, mobilidade ou habilidades.
cultura local, como esculturas, murais, jardins Isso inclui a presença de rampas, calçadas largas,
temáticos, painéis informativos e outras ca- sinalização adequada e outras medidas que tor-
racterísticas que são inspiradas na história e nam o espaço mais inclusivo.
tradições da região. Algumas praças são projetadas para rece-
Possui espaços abertos e agradáveis que in- ber eventos como feiras gastronômicas, expo-
centivem as pessoas a se reunirem e interagirem. sições de arte e apresentações musicais.

Figura 15 - Praça para feiras e eventos.

Descrição da Imagem: a imagem retrata uma praça em um espaço cercado por prédios comerciais. Esta praça possui muitas mesas
com bancos de madeira com pessoas, e ambos os lados das mesas possuem muitas bancas e food trucks como uma feira. Também
podemos ver alguns canteiros com plantas entre as mesas. O espaço é todo pavimentado com pisos com aparência de concreto.

As praças que são utilizadas para eventos desse tipo geralmente apresentam uma área ampla, com espaço
suficiente para acomodar as barracas de feira, estandes de exposição, palcos e demais estruturas necessárias
para os eventos. Precisam estar localizadas em áreas de fácil acesso, com boas conexões de transporte
público e estacionamento suficiente para acomodar os visitantes. Ter uma infraestrutura adequada para o
evento, com pontos de energia elétrica, iluminação, banheiros públicos e água potável disponível também
são fatores importantes. Elas geralmente possuem áreas verdes bem cuidadas, jardins ornamentais, flores,
árvores e outras características de paisagismo que contribuem para a estética do espaço.

157
UNICESUMAR

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Essas praças podem contar com equipamentos para a realização de eventos, como palcos, som, ilu-
minação, tendas, mesas e cadeiras, além de infraestrutura para o atendimento aos visitantes, como
bares e restaurantes.

Conheça o projeto paisagístico da: Praça Maristas / Roman Bauer Arqui-


tectos + Juan Caycho Arquitecto. Acesse o QRCode e se inspire!
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

A elaboração de jardins para residências tem como característica principal atender às necessidades
e vontades específicas de clientes que utilizarão o espaço. Ao contrário dos jardins comerciais, nos
quais é necessário interpretar e satisfazer as exigências tanto do proprietário quanto do público que
frequentará o ambiente.
O mesmo acontece em projetos institucionais, empresariais ou públicos, nos quais o paisagista
deve levar em consideração não apenas um único cliente, mas uma grande quantidade deles para
garantir o êxito do projeto.
O desenvolvimento de jardins residenciais é uma área do paisagismo que envolve a criação de
espaços verdes em propriedades particulares. Esses projetos geralmente são feitos sob medida para
atender às necessidades e desejos específicos de cada cliente, levando em consideração fatores como
tamanho do terreno, estilo arquitetônico da casa, preferências estéticas e necessidades funcionais.

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UNIDADE 5

Figura 16 - Paisagismo residencial

Descrição da Imagem: a imagem retrata a vista superior de uma piscina retangular, em que um lado possui borda infinita e o outro
lado um deck de madeira. Todo o espaço é envolto por muita vegetação com árvores e palmeiras.

O profissional paisagista alia as preferências e desejos às necessidades implícitas, criando um jardim com
qualidade estética, que promova conforto e seja funcional ao mesmo tempo (ABBUD, 2006).
Os jardins residenciais são criados para agradar a um número limitado de pessoas, como uma
família ou um casal. Isso permite que o paisagista trabalhe de forma mais personalizada, criando um
ambiente que seja verdadeiramente único para o cliente.
Figura 17- Paisagismo: área da
piscina

Descrição da Imagem: a imagem


retrata a área de lazer de uma resi-
dência, em que existe uma piscina
com uma boia de cisne, duas ca-
deiras para tomar sol e duas cadei-
ras de descanso cobertas por um
pergolado de madeira próximas da
janela da casa. Ao fundo existe um
muro com trepadeiras e algumas
árvores.

Precisamos pensar em soluções


para criar ambientes mais agra-
dáveis e acolhedores, além de
promover uma melhor qualida-
de de vida para os moradores,
oferecendo a possibilidade de

159
UNICESUMAR

contato com a natureza. Dessa forma, as pessoas


podem desfrutar de momentos de relaxamento
e lazer, sem precisar sair de casa, o que é espe-
cialmente importante nos dias de hoje, quando
o tempo livre muitas vezes é escasso.
Existem diversos tipos de projetos paisagísti-
cos residenciais que podem ser desenvolvidos de
acordo com as características e necessidades de
cada cliente. O projeto voltado para a área externa
em frente à residência, que pode ser visto por to-
dos que passam pela rua ou pela calçada, precisa
estar em harmonia com o estilo arquitetônico da
casa e com o entorno.

Figura 18 - Paisagismo de fachada

Descrição da Imagem: a imagem retrata o portão de entrada de um espaço. O portão preto possui um pequeno telhado e muros dos
dois lados. Nos dois lados desse portão existem vasos com plantas; o vaso do lado esquerdo possui uma árvore com muitas flores na cor
rosa. A base de todo o muro é contornada por vegetação. Na frente desse portão aparece o tronco de uma árvore também com vegetação
na sua base. Atrás do muro, dentro do espaço, podemos ver muita vegetação de todos os tamanhos e um pedaço de uma escultura.

Já os projetos paisagísticos voltados para a área interna da residência podem ser vistos pelos moradores
e convidados. São espaços de lazer e relaxamento, que podem contar com áreas para churrasco, piscina,
pergolados e outros elementos que promovam o convívio e o bem-estar.

160
UNIDADE 5

Figura 19 - Paisagismo: varanda

Descrição da Imagem: a imagem retrata um espaço de lazer em uma casa. A foto parece ter sido tirada de dentro da casa para fora,
debaixo de um pergolado branco com duas poltronas brancas de cordas, e mais ao fundo uma mesa de madeira com cadeiras e um
guarda-sol. Todo o espaço é cercado por vegetação que tem o formato de um muro verde. É um dia de sol em que aparece a sombra
do pergolado no piso. O céu possui algumas nuvens.

Varandas e terraços: projetos paisagísticos voltados para espaços elevados, como varandas e terraços,
que podem ser transformados em áreas verdes de contemplação e lazer.

Figura 20 - Paisagismo elevado

Descrição da Imagem: a imagem retrata uma piscina em uma varanda elevada. Essa piscina possui borda infinita e vista para uma
mata. Próximo à piscina existem palmeiras e vegetações menores.

161
UNICESUMAR

Existem pessoas que preferem um jardim com Os projetos de jardins comerciais, por outro
espécies que exijam pouca manutenção, outras lado, são mais complexos, pois precisam levar
preferem muitas espécies para um jardim bem em conta não apenas as necessidades e desejos do
diverso e colorido, outras que possuem filhos e proprietário, mas também as expectativas e pre-
têm um grande espaço querem um gramado para ferências do público que utilizará o espaço. Isso
jogar bola ou colocar um playground. pode incluir clientes de diferentes faixas etárias,
Pessoas que meditam geralmente preferem interesses e necessidades, o que torna o processo
um espaço mais calmo, com espécies que podem de criação do projeto mais desafiador.
ter um aroma que acalma e plantas que também Os projetos institucionais, empresariais ou
podem ser usadas como barreira visual e acústica públicos apresentam ainda mais complexidade,
para ajudar a diminuir os ruídos externos e me- já que muitas vezes envolvem a consideração de
lhorar a privacidade. um grande número de clientes e usuários.
Cada projeto paisagístico residencial deve ser
desenvolvido de acordo com as necessidades e
desejos de cada cliente, levando em considera-
ção o espaço disponível, o orçamento e as carac-
terísticas do entorno.

Quer se inspirar mais sobre paisagismo


residencial? Acesse o QRCode e leia o
artigo Paisagismo em interiores: 30 pro-
jetos que trazem o verde para dentro do
edifício. Veja algumas possibilidades!
Para acessar, use seu leitor de QR
Code.

162
UNIDADE 5

Figura 21 - Paisagismo: praça comercial

Descrição da Imagem: a imagem


retrata uma praça entre edifícios
comerciais com caminhos pavi-
mentados com pedras e canteiros
em níveis diferentes, com grama e
outros tipos de vegetação. Ao re-
dor de alguns canteiros mais altos
existem bancos. O piso e os muros
dos canteiros são em concreto com
formatos de pedras.

Criar um ambiente de trabalho


convidativo é fundamental para o
sucesso de uma empresa. Quando
as pessoas se sentem confortáveis
e motivadas no local de trabalho,
elas tendem a ser mais produtivas,
colaborativas e engajadas com as
metas e objetivos da empresa.
A presença de plantas e áreas verdes no ambiente de trabalho pode ajudar a reduzir o estresse,
melhorar a qualidade do ar e aumentar a sensação de bem-estar dos colaboradores. Além disso, o
paisagismo pode contribuir para criar uma atmosfera mais agradável e descontraída, o que pode ajudar
a melhorar a comunicação e a colaboração entre os membros da equipe.

Figura 22 - Paisagismo: área comercial

Descrição da Imagem: a imagem retrata um pátio que parece ser o térreo de um edifício comercial, que possui uma escada curva,
pilares em concreto e uma parede com um jardim vertical cobrindo-a toda. No teto existe um trilho com spots de iluminação direcio-
nados para as plantas, dando destaque para o jardim.

163
UNICESUMAR

Além de trazer benefícios para os funcionários, o paisagismo comercial também pode ajudar a melho-
rar a imagem da empresa junto aos clientes e ao público em geral. Uma empresa que se preocupa com
o bem-estar dos seus colaboradores, e investe em um ambiente de trabalho agradável e convidativo,
transmite uma imagem positiva e profissional para o mercado.
Por isso, é importante que as empresas invistam em estratégias de paisagismo e considerem a im-
portância de criar um ambiente de trabalho convidativo para os seus funcionários. Ao encantar os
funcionários, a empresa criará um ambiente mais produtivo e positivo, o que pode contribuir para o
crescimento e sucesso da organização.

Deseja ter mais ideias para o paisagismo em áreas abertas? Acesse o


QRCode e veja o artigo Paisagismo no jardim do futuro / ATELIER DYJG.
Acredito que você vai gostar!
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

Vamos falar agora sobre estilos contemporâneos de decoração com vegetação. O estilo Urban
Jungle (“selva urbana”) de decoração é uma tendência moderna que combina o ambiente urbano com
elementos naturais, trazendo a natureza para dentro de casa. Esse estilo de decoração é inspirado na
selva urbana e busca incorporar plantas e vegetação em todos os espaços possíveis.

Figura 23 - Urban Jungle

Descrição da Imagem:a foto retrata uma moça meditando, sentada em um banco de madeira coberto com um tapete em meio a
muitos vasos de plantas de diferentes espécies, tamanhos e texturas.

164
UNIDADE 5

Uma das principais características do estilo Urban


Jungle é a presença de muitas plantas em diferentes
tipos, tamanhos e texturas. Elas são usadas em va-
sos, jardineiras, cachepôs e suspensas em paredes
e teto. A ideia é criar um ambiente verde e fresco,
que remete à natureza, mesmo em locais urbanos.
Além das plantas, o estilo Urban Jungle tam-
bém utiliza elementos naturais, como madeira,
pedras e fibras naturais, em móveis e objetos de
decoração. O uso de cores terrosas, verdes e azuis,
além de estampas com folhagens e flores, também
são comuns nesse estilo.

Assista aos vídeos para ver como é


um apartamento Urban jungle, e como
compor um apartamento com plantas
e decoração, bem como ver as cinco Outra característica do estilo Urban Jungle é a bus-
espécies principais para utilizar na sua ca por iluminação natural, que valoriza as plantas e
Urban Jungle: cria uma atmosfera mais aconchegante e acolhedo-
Para acessar, use seu leitor de QR ra. Janelas amplas e cortinas leves são usadas para
Code. permitir a entrada de luz natural nos ambientes.
URBAN JUNGLE - mais que DE-
CORAÇÃO ! UM ESTILO DE VIDA O estilo Urban Jungle pode ser adaptado a di-
ferentes tipos de ambientes, desde apartamentos
pequenos até grandes casas. Ele traz uma sensa-
ção de frescor e relaxamento, além de ser uma
ótima opção para quem quer trazer um pouco
mais de natureza para dentro de casa e tornar o
ambiente mais agradável e aconchegante.
Já o design biofílico é uma abordagem de
URBAN JUNGLE: 5 PLANTAS para
ter em AMBIENTES FECHADOS design que tem como objetivo criar espaços cor-
porativos e residenciais que conectem as pessoas
com a natureza, trazendo benefícios para a saúde
e bem-estar. A palavra “biofilia” significa amor
pela vida e pela natureza, e o design biofílico
busca trazer elementos naturais para dentro dos
espaços construídos, como plantas, água, luz na-
tural e materiais naturais, para criar ambientes
saudáveis e agradáveis.

165
UNICESUMAR

Figura 24 - Espaço biofílico

Descrição da Imagem: a imagem mostra uma moça de macacão amarelo em uma escada da mesma cor, abraçada com uma planta
pendente em um espaço cheio de plantas no chão, nas paredes e presas ao teto. O espaço tem parede na cor branca, piso de madeira
e recebe iluminação natural.

O design biofílico foi desenvolvido como resposta aos desafios da vida urbana moderna, em que as
pessoas passam a maior parte do tempo em ambientes fechados e afastados da natureza. A falta de
contato com a natureza pode afetar negativamente a saúde mental e física, aumentando o estresse, a
ansiedade e a depressão. Então, o design biofílico busca criar ambientes que estimulem a conexão com
a natureza, melhorando a saúde e o bem-estar das pessoas.

O artigo O que é o design biofílico? Apartamentos no México que integram


estes princípios apresenta uma seleção de imagens e projetos de aparta-
mentos que procuram se conectar com princípios biofílicos para oferecer
uma maior qualidade de vida a seus usuários. Acesse o QRCode e entenda:
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

166
UNIDADE 5

Essa abordagem de design utiliza elementos naturais, como plantas, pedras, água, madeira e materiais
orgânicos, para criar espaços que se assemelham a ambientes naturais, trazendo benefícios para a saúde
e o bem-estar. Um exemplo de como o design biofílico pode ser aplicado em espaços construídos é
através do uso de paredes verdes e telhados verdes, que trazem a natureza para dentro dos edifícios,
ajudando a melhorar a qualidade do ar. Além disso, o uso de materiais naturais, como madeira e pedra,
ajuda a criar uma sensação de conexão com a natureza e a reduzir o estresse.

Figura 25 - Espaço comercial biofílico

Descrição da Imagem: a imagem retrata uma área de estar em um ambiente comercial com três poltronas azuis ao redor de uma
mesa de centro, com um jardim vertical na parede ao lado com diversas espécies de plantas. O local tem um piso de madeira e uma
porta de vidro ao fundo, que faz com que entre bastante iluminação natural.

O design biofílico também utiliza a luz natural como um elemento importante, podendo melhorar o
humor e a produtividade das pessoas, além de reduzir a necessidade de iluminação artificial, econo-
mizando energia.
O estilo de vida contemporâneo trouxe consigo uma série de mudanças significativas em todos os
aspectos, tanto com relação à construção de edifícios quanto à forma como as pessoas se relacionam e
aproveitam seu tempo livre, que está cada vez mais escasso. Com a redução dos espaços livres dentro
dos terrenos e a popularidade de apartamentos, os profissionais foram obrigados a pensar em novas
maneiras de aproximar os espaços verdes do ser humano.
Por causa disso, surgiram diversas formas de inserir a vegetação em espaços restritos, com o objetivo
de criar áreas de contemplação e relaxamento dentro das edificações e aproximar novamente o homem
da natureza. Podemos citar alguns exemplos de inserção da vegetação em casas e apartamentos que
se tornaram mais comuns nos últimos anos.

167
UNICESUMAR

Alguns exemplos são as paredes verdes ou jardins verticais, que podem ser usadas tanto em am-
bientes internos quanto externos, as varandas ajardinadas, os terraços jardins, as coberturas verdes, as
floreiras, os jardins de inverno, os pátios iluminados e ajardinados, entre outros. Jardins verticais: são
projetos paisagísticos que utilizam paredes e muros para criar áreas verdes em espaços reduzidos, como
apartamentos e casas com pouco espaço livre. Jardins de inverno: projetos paisagísticos que utilizam
áreas internas da residência, geralmente próximas a janelas ou claraboias, para criar pequenos jardins
com plantas que se adaptam bem a ambientes fechados, são maneiras de usar o paisagismo nos espaços.
Agora que você aprendeu sobre o espaço arquitetônico e os elementos de sua composição, volte para o
início da unidade e tente resolver o exercício que eu propus. Caso eu fosse resolvê-lo, faria da seguinte forma:
Depois de um levantamento inicial, identifiquei um terreno baldio que estava abandonado e sem
uso. Com autorização da prefeitura local, comecei a trabalhar na transformação do espaço. Primeiro,
utilizei os elementos de composição que aprendi no estudo de caso para criar um projeto estruturado
e esteticamente agradável, com plantas e mobiliários reutilizados, pois além de ser de baixo custo é
sustentável. Selecionei plantas e flores que se adaptam bem ao clima da minha região, como ipês. Para
fazer sombra e por sua beleza, grama esmeralda, por ser resistente; e alguns arbustos como buxinhos
e lavandas, para delimitar os espaços e pedras para criar caminhos.
Por fim, não esqueci da manutenção do espaço após a implementação. Criei um plano de ma-
nutenção eficiente que inclui rega, poda e limpeza regular do espaço. Também envolvi membros
da comunidade no projeto e criamos um grupo de voluntários que se comprometeram a ajudar na
manutenção do jardim. O espaço antes abandonado agora é um local agradável e seguro para a co-
munidade desfrutar, e espero que o jardim seja muito utilizado para piqueniques, atividades físicas e
encontros comunitários.

168
Ambientes de trabalho convidativos e agradáveis são fundamentais para o sucesso de uma em-
presa. O paisagismo comercial pode ajudar a criar um ambiente mais agradável e saudável para os
funcionários, o que pode ter diversos benefícios, tanto para os funcionários quanto para a empre-
sa. Preencha o mapa mental a seguir para explorar as ideias relacionadas ao assunto.

A IMPORTÂNCIA DO
PAISAGISMO NO AMBIENTE
DE TRABALHO

BENEFÍCIOS PARA BENEFÍCIOS PARA


OS FUNCIONÁRIOS A EMPRESA

169
1. Podemos dividir o paisagismo em micropaisagismo e macropaisagismo. Qual é a diferença
entre eles? Responda, em forma de texto dissertativo (3 a 5 linhas), dois exemplos de projetos
de micropaisagismo e dois de macropaisagismo.

2. O jardim vertical tem se tornado comum em muitos ambientes hoje em dia, por não necessitar
de muito espaço e outros inúmeros benefícios. Sobre o jardim vertical, classifique V para as
afirmativas verdadeiras e F para as falsas:

( ) Os jardins verticais são indicados somente para ambientes residenciais, pois o custo para a
sua manutenção é geralmente alto.
( ) Para se construir um jardim vertical, é necessário conhecimento das características das es-
pécies vegetais e só especificar espécies de sombra ou meia sombra.
( ) As espécies mais utilizadas em jardins verticais são as herbáceas, devido ao porte, caracte-
rística de crescimento e à profundidade das raízes, que normalmente são pouco profundas.
( ) Os jardins verticais podem ser executados tanto em ambientes ao ar livre, em exposição ao
sol, quanto em ambientes internos.
( ) Os jardins verticais não são indicados para ambientes internos, pois as plantas precisam de
sol e água para se desenvolverem de forma adequada.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta:

a) F, V, F, F, V.
b) F, F, V, V, F.
c) V, V, F, V, V.
d) V, F, F, V, F.
e) F, F, F, F, V.

3. Qual é a diferença entre o paisagismo comercial e o paisagismo residencial? Escreva, em


forma de texto dissertativo (6 a 12 linhas) sobre eles e quais as características principais de
cada um deles.

4. Sobre o que é o espaço arquitetônico no paisagismo, assinale a alternativa correta:

a) Um espaço físico construído que não se integra ao ambiente natural e nem possui elementos
naturais.
b) Um espaço que atende apenas às necessidades humanas, sem considerar o ambiente natural.
c) Um espaço criado apenas a partir de elementos naturais.
d) Um espaço físico que as pessoas utilizam para atividades ao ar livre, como lazer, esporte,
recreação e contemplação da natureza; ou espaços internos com elementos naturais.
e) Um espaço que não requer nenhum elemento artificial.

170
5. Sobre os elementos que compõem o espaço arquitetônico no paisagismo, assinale a alterna-
tiva correta:

a) Apenas elementos naturais, como árvores e plantas.


b) Apenas elementos artificiais, como pavimentos e mobiliário.
c) Apenas flores e plantas.
d) Apenas elementos que se integram harmoniosamente ao ambiente natural.
e) A combinação de elementos naturais, como árvores, plantas, água e pedra; e elementos arti-
ficiais, como pavimentos, mobiliário, iluminação e equipamentos esportivos.

171
172
6
Vegetação e
Caracterização de
Espécies Usadas
em Jardins
Me. Lessyane Rezende de Matos Souza Bonjorno

Nesta unidade, você aprenderá sobre as espécies utilizadas no


paisagismo, como elas configuram um jardim por meio de suas
características e as necessidades e características do ambiente em
que serão implantadas.
UNICESUMAR

Antigamente, era comum vermos muitas plan- somente em uma época do ano, dentre outros
tas nos quintais de nossas avós e, raramente, vía- diversos detalhes que podem nos fazer aprender
mos alguma planta dentro de casa. Isso mudou mais sobre paisagismo.
com o tempo conforme as pessoas descobriram Após definirmos o partido e o conceito ge-
que, além de deixar o ambiente mais bonito, as ral do jardim, precisamos escolher os tipos de
plantas trazem inúmeros benefícios para nossa vegetação, as suas características, o volume e a
vida e saúde, além de nos trazer a lembrança e o sua adaptação no espaço. A vegetação é dividida
aconchego da casa dos nossos avós para a nossa em três tipos principais: forração, que formam
casa ou apartamento. Apesar de ser cada vez mais tapetes nos jardins; o segundo é o arbustivo, que
comum vermos casas cheias de plantas, sempre, tem uma altura abaixo da linha de visão, criando
tivemos o contato com elas em locais públicos, barreiras físicas, mas não visuais; e o terceiro tipo
por isso, sabemos como é prazeroso estar em um são as árvores que formam um “teto”, e podemos
local arborizado, colorido e cheio de vida. passar por baixo da sua copa. Relacionando com
Analisando alguns dos jardins de praças, par- as construções, podemos pensar nesses três tipos
ques e outros, você consegue diferenciar o que é como: chão, parede e teto.
vegetação arbustiva, arbórea e o que é forração? As plantas são os principais elementos de um
Essas espécies estão cumprindo quais funções jardim — pensando, agora, nas plantas de pequeno,
nesse jardim, além da estética? Você acredita que médio e grande porte dos parques, das praias, das
quem projetou esse jardim pensou na insolação, praças e de diversos lugares. Pense nos porquês
na ventilação, no tipo de clima e no solo? Po- de vermos um determinado tipo de árvore, por
demos ver, pela saúde das plantas, se a forração exemplo, em uma cidade e um outro tipo de árvore
que sempre fica na sombra das copas das árvores em outra, nas plantas que vemos com frequência
está verde, se os arbustos florescem sempre ou em uma parte do Brasil, mas não vemos em outra.

174
UNIDADE 6

Faça uma pesquisa e escolha dois projetos de praças ou parques de duas cidades diferentes do Brasil.
Pode ser um local que você já visitou ou um local escolhido na internet ou em algum livro e escreva porque
você acredita que cada tipo de planta foi escolhida e o motivo do modo como foram dispostas no espaço.
Como arquiteto paisagista, qual é a importância de entender sobre as diferentes vegetações para o
desenvolvimento de projetos paisagísticos sustentáveis e harmoniosos com o meio ambiente? Con-
siderando que o conhecimento sobre as características e as necessidades das plantas é fundamental
para a escolha adequada das espécies em cada projeto, como isso pode influenciar na funcionalidade,
estética e manutenção do jardim ou espaço verde? Em que medida a habilidade de identificar e integrar
as características naturais do local, como o clima, a topografia e o solo, com as escolhas de plantas e
elementos arquitetônicos pode diferenciar um arquiteto paisagista bem-sucedido e consciente daquele
que não considera esses aspectos?
Anote os resultados da sua pesquisa de praças ou parques, bem como seus pensamentos no seu
Diário de Bordo!

175
UNICESUMAR

A vegetação em jardins é formada por plantas que são escolhidas por seu aspecto visual ou funcional,
como a produção de frutos ou flores. As espécies utilizadas em jardins podem ser nativas ou exóticas,
que são escolhidas pelas condições climáticas, pelo solo e pela disponibilidade de água na região. Al-
gumas das características que são consideradas na escolha de espécies para jardins incluem a cor das
flores, a textura das folhas, a forma da copa, a velocidade de crescimento, a capacidade de adaptação
às condições climáticas e a resistência a pragas e doenças.
Cada planta possui uma função própria na construção dos ambientes que projetamos. Funcionam
como pisos, paredes, tetos ou colunas, e as suas dimensões e a sua capacidade de crescimento naturais
devem ser o mais compatível possível com as necessidades e os intentos do projeto (MALAMUT, 2014).
Os tipos de vegetação utilizados nos projetos paisagísticos incluem forrações, arbustos, árvores
e trepadeiras. Cada um desses tipos tem características únicas e é escolhido para cumprir funções
específicas no projeto.

Figura 1 - Jardim com gramado, arbusto e árvores

Descrição da Imagem: a imagem retrata um jardim com um grande gramado contornado por um arbusto podado em formato re-
tangular. Atrás dos arbustos, há vários tipos de vegetações, como arbustos maiores e árvores. Na imagem, também aparece o céu
encoberto por nuvens em um tom acinzentado.

Antes de começarmos a falar sobre os conjuntos vegetativos, as suas características e as classificações,


precisamos entender alguns fatores importantes para o planejamento de um jardim, a fim de que ele se
desenvolva da melhor forma. Nesta unidade, você verá algumas tabelas de vegetação, que se dividem
em colunas para organizar as informações mais importantes das espécies, que são o nome popular, o
nome científico, a origem, o clima, a luminosidade, a família e o crescimento.

176
UNIDADE 6


É preciso reconhecer o contexto onde a intervenção será inserida para poder especificar
adequadamente. A estratégia de utilizar plantas nativas da própria região, quando possível,
gera muitos benefícios que vão além da simples adequação da espécie ao ambiente físico
(MALAMUT, 2014, p. 128).

O nome popular é o nome pelo qual conhecemos a planta, o nome comum, mais usado, que pode
ser diferente em cada lugar do mundo. Já o nome científico, geralmente, é mais difícil de memorizar
e falar, então não é usado no dia a dia, mas é universal.
As famílias das plantas são compostas por uma ou mais espécies que compartilham características
comuns que as distinguem de outras plantas. As plantas de uma mesma família, geralmente, têm uma
aparência semelhante, são agrupadas em ordens, que, por sua vez, são agrupadas em classes. Essas
famílias também são importantes para a classificação de plantas medicinais, plantas venenosas e plan-
tas alimentícias. Além disso, a classificação das plantas em famílias é útil para entender as relações
evolutivas entre as plantas e para prever as características das plantas que ainda não foram estudadas.

Figura 2 - Vista aérea de um parque urbano

Descrição da Imagem: a imagem retrata um grande parque urbano com passeio para pedestres, e todo o seu restante é coberto por
vegetação, principalmente, grama. O parque possui caminhos e desenhos com a vegetação em formatos circulares e sinuosos, contor-
nando os espaços e um lago em formato oval.

177
UNICESUMAR

A luminosidade é a medida de quantidade de


luz que uma planta recebe em um determinado
local e período de tempo e pode ser influenciada
por fatores como latitude, altitude, clima, tempo Este é um artigo chamado Elementos-

de exposição ao Sol, dentre outros. Existem três -chave de Paisagismo: arbustos, gramas,
forrações e pisos, com conteúdo sobre
categorias principais de plantas com relação à
paisagismo que nos ajuda a pensar e
luminosidade: plantas de Sol pleno, plantas de
escolher o melhor tipo de vegetação,
meia-sombra e plantas de sombra. As plantas de
a disposição de árvores, arbustos, gra-
sol pleno necessitam de uma exposição direta ao
ma e forrações nos espaços livres, com
Sol durante a maior parte do dia, enquanto as imagens que facilitam o entendimento.
plantas de meia-sombra precisam de luz difusa Acesse o QR Code e entenda!
ou indireta, recebendo luz solar direta apenas em Para acessar, use seu leitor de QR
algumas horas do dia. As plantas de sombra, por Code.
sua vez, crescem em ambientes com pouca ou
nenhuma exposição ao Sol direto.
A classificação da luminosidade é impor-
tante na seleção de plantas para diferentes am-
bientes, uma vez que plantas que não recebem a
quantidade adequada de luz podem não crescer e
se desenvolver corretamente. Por exemplo, plan-
tas de Sol pleno não sobreviveriam por muito
tempo em ambientes escuros ou sombreados,
enquanto plantas de sombra sofrem com danos
causados pelo excesso de luz solar direta. É im-
portante ressaltar, no entanto, que as necessidades A origem é um fator importante na classificação
de luminosidade podem variar de acordo com a de plantas para paisagismo, uma vez que as
espécie da planta e que algumas plantas podem se plantas variam amplamente em sua distribuição
adaptar a diferentes níveis de luminosidade com geográfica e história evolutiva. A origem de uma
o tempo e as condições adequadas. planta pode influenciar sua adaptação a diferentes
condições climáticas, solo e ecossistemas, bem
como sua interação com outras espécies.
As plantas utilizadas em paisagismo são classifi-
cadas de acordo com sua origem em três categorias
principais: nativas, exóticas e invasoras. As plantas
nativas são aquelas que ocorrem naturalmente em
uma determinada região ou ecossistema e que evo-
luíram para sobreviver e prosperar nas condições
locais. Essas plantas são frequentemente utilizadas
em projetos de paisagismo sustentável e restaura-
ção de ecossistemas, uma vez que são mais adapta-

178
UNIDADE 6

das às condições locais e proporcionam benefícios te, invadindo e prejudicando os ecossistemas


para a fauna e a biodiversidade. nativos. Por isso, é importante ter cuidado na
As plantas exóticas, por outro lado, são seleção de plantas exóticas para paisagismo e
aquelas que foram introduzidas em uma de- evitar a introdução de espécies invasoras em
terminada região ou ecossistema, geralmente, ecossistemas vulneráveis.
como resultado de atividades humanas, como O clima é um fator crucial na classificação de
comércio ou jardinagem. Essas plantas podem plantas para paisagismo, uma vez que as plan-
ser benéficas para o paisagismo, adicionando tas têm diferentes necessidades de temperatura,
diversidade e estética, mas, também, podem umidade, precipitação e outras condições cli-
representar riscos para o ambiente e para as máticas para crescer e se desenvolver correta-
espécies nativas, competindo por recursos mente. A seleção de plantas adequadas para as
e alterando o equilíbrio ecológico. Algumas condições climáticas locais é fundamental para
plantas exóticas podem se tornar invasoras, ou garantir um paisagismo saudável, evitando pro-
seja, estabelecem-se e se espalham rapidamen- blemas como pragas, doenças e perda de plantas.

Figura 3 - Paisagismo na neve

Descrição da Imagem: a imagem retrata uma casa cercada por árvores e arbustos cobertos com neve, demonstrando os diversos
climas que as vegetações podem suportar. Atrás da casa, existem árvores bem mais altas que a casa e, na frente, há menores. O chão
também está totalmente coberto por neve.

As plantas são classificadas de acordo com a sua tolerância climática em três categorias principais:
plantas de clima frio, plantas de clima temperado e plantas de clima quente. As plantas de clima frio
são aquelas que toleram temperaturas abaixo de 0°C e são comuns em regiões com invernos rigorosos.
As plantas de clima temperado, por sua vez, são as que toleram temperaturas moderadas, geralmente,

179
UNICESUMAR

entre 10°C e 20°C, e são comuns em regiões com estações bem definidas, com verões quentes e inver-
nos frios. Já as plantas de clima quente são aquelas que toleram temperaturas acima de 25°C, sendo
comuns em regiões tropicais e subtropicais, com alta umidade e precipitação. Os tipos de climas mais
comuns quando precisamos classificar as plantas são:

Clima equatorial: característico de regiões próximas à linha do Equador, com temperatu-


ras elevadas e chuvas abundantes durante todo o ano. As plantas que se adaptam a esse
clima, geralmente, possuem folhas grandes e densas para resistir à intensa radiação solar
e um sistema radicular profundo para absorver a água.
Clima mediterrâneo: característico de regiões costeiras do Mediterrâneo, com verões
quentes e secos e invernos úmidos e amenos. As plantas que se adaptam a esse clima,
geralmente, são resistentes à seca e possuem folhas duras e coriáceas para reduzir a
perda de água.
Clima subtropical: característico de regiões com invernos amenos e verões quentes e
úmidos, com chuvas regulares ao longo do ano. As plantas que se adaptam a esse clima,
geralmente, possuem folhas grandes e escuras para absorver a luz solar e um sistema
radicular profundo para acessar a água do solo.
Clima temperado: característico de regiões com estações bem definidas, com invernos
frios e verões quentes e úmidos. As plantas que se adaptam a esse clima, geralmente,
perdem suas folhas no outono e se regeneram na primavera.
Clima tropical: característico de regiões próximas à linha do Equador, com temperaturas
elevadas e chuvas abundantes durante todo o ano. As plantas que se adaptam a esse clima,
geralmente, possuem folhas grandes e densas para resistir à intensa radiação solar e um
sistema radicular profundo para absorver a água.

Plantas que não são adaptadas às condições climáticas locais podem não sobreviver, exigir cuidados
extras e, em alguns casos, podem se tornar invasoras e prejudicar o ambiente natural. Por fim, é im-
portante ressaltar que as condições climáticas estão mudando em todo o mundo, e isso pode afetar a
seleção de plantas para paisagismo no futuro. Por isso, é fundamental considerar as mudanças climáticas
em projetos paisagísticos, buscando soluções sustentáveis e adaptáveis às novas condições.
Além das características já citadas, também precisamos entender o tipo de solo em que as plantas
serão inseridas. O solo é o meio onde as plantas se desenvolvem e de onde absorvem os nutrientes neces-
sários para crescer e florescer. Existem diferentes tipos de solos, cada um com características únicas que
afetam o crescimento das plantas. Alguns dos principais tipos de solos para plantar um jardim incluem:

180
UNIDADE 6

Solo arenoso: esse tipo de solo é composto, principalmente, por partículas de areia e
tem uma drenagem muito boa, o que o torna ideal para plantas que não gostam de solos
úmidos. No entanto, o solo arenoso também pode ser pobre em nutrientes, o que pode
dificultar o crescimento de algumas plantas.
Solo argiloso: esse tipo de solo é composto, principalmente, por partículas de argila e tem
uma drenagem mais lenta do que o solo arenoso. O solo argiloso é rico em nutrientes e é
ideal para plantas que precisam de um solo mais úmido, mas pode ser difícil de trabalhar
e compacto demais, o que pode dificultar o crescimento das raízes.
Solo calcário: esse tipo de solo é rico em cálcio e é ideal para plantas que preferem um
pH mais alcalino. No entanto, o solo calcário também pode ser pobre em nutrientes e pode
exigir a adição de fertilizantes para garantir o crescimento saudável das plantas.
Solo rochoso: esse tipo de solo é composto, principalmente, por pedras e pode ser desa-
fiador para o plantio de algumas plantas. No entanto, algumas plantas se adaptam bem a
solos rochosos e podem ser ideais para jardins de rochas ou jardins com uma aparência
mais natural.
Esses são apenas alguns exemplos dos diferentes tipos de solos que podem ser usados
para plantar um jardim. A escolha do tipo de solo ideal dependerá das necessidades das
plantas escolhidas e das condições específicas do local onde o jardim será plantado. É
importante fazer uma análise do solo antes de plantar para entender as características do
solo e garantir que as plantas escolhidas se adaptem bem às condições locais.

Caro(a) estudante, quer conhecer um pouco mais sobre os tipos de


vegetais aplicados ao paisagismo? Recomendo o artigo de Eurico João
Salviati, que você pode acessar pelo QR Code. Venha conferir!
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

O crescimento é um dos principais fatores considerados na classificação das plantas. Existem dois
principais tipos de crescimento que as plantas podem apresentar: o crescimento determinado e o
crescimento indeterminado. As plantas que apresentam crescimento determinado têm um tamanho
e formato específicos, que são determinados geneticamente. Essas plantas, geralmente, apresentam

181
UNICESUMAR

um único caule principal e um número limita- elementos de acabamento,


do de ramificações laterais. Exemplos de plantas o gramado é o tapete refres-
com crescimento determinado incluem árvores, cante e aconchegante que
arbustos e algumas plantas herbáceas. ajuda unificar a paisagem
As plantas que apresentam crescimento in- (DEMATTÊ, 2006, p. 23).
determinado continuam a crescer ao longo de
toda a sua vida. Essas plantas, geralmente, apre- Algumas plantas são ideais para preencher espa-
sentam múltiplos caules principais e uma grande ços vazios em um jardim, enquanto outras são
quantidade de ramificações laterais. Exemplos de ideais para criar estruturas verticais ou cobrir
plantas com crescimento indeterminado incluem paredes e cercas. Ao escolher plantas para um
muitas plantas trepadeiras, como as videiras e as jardim, é importante levar em consideração o
trepadeiras de jardim. espaço disponível, as condições do solo e do cli-
O crescimento também pode ser classificado ma e as necessidades específicas de cada planta
de acordo com a forma como a planta se desenvol- para garantir que elas cresçam e prosperem no
ve. Algumas plantas crescem a partir de um único ambiente escolhido.
caule central, enquanto outras crescem a partir de
um sistema de raízes subterrâneas. Além disso,
algumas plantas apresentam crescimento anual,
enquanto outras crescem ao longo de vários anos.
Ao escolher plantas para paisagismo, é importan-
te considerar o tipo de crescimento que cada planta
apresenta, bem como o tamanho e a forma que a
planta terá quando estiver totalmente desenvolvida.


A função mais evidente das
espécies vegetais em um
jardim é conferir beleza a
composição. Nesse senti-
do, as árvores e os arbustos
definem a forma predomi-
nante dos espaços no jar-
dim, as palmeiras podem
ser elementos de ritmo, as
trepadeiras proporcionam
graça e leveza, as flores,
pelo colorido, podem ser o
ponto de atração principal;
folhagens e forrações são

182
UNIDADE 6

Neste vídeo, intitulado “O Processo de Escolha das Plantas no Projeto”,


o arquiteto paisagista Benedito Abbud fala sobre como são feitas as
escolhas das espécies vegetais para um projeto. Ficou interessado(a)?
Acesse o QR Code e aperte o play!
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Classificamos os tipos de vegetação de acordo com as espécies vegetais utilizadas no paisagismo,


em grupos de acordo com suas características. Nesta unidade, falaremos sobre os principais grupos,
são eles: gramados, forrações, arbustivas, arbóreas, palmeiras e trepadeiras.

Figura 4 - Paisagismo

Descrição da Imagem: a imagem retrata um caminho para pedestres em formato orgânico, curvo, com pavimentação em concreto em
meio a muita vegetação com coloração na escala de verde. Dos dois lados do caminho, existem arbustos menores, médios, maiores e
árvores de grande porte que fazem o sombreamento de todo o percurso.

Os gramados são plantas de baixa altura, que são utilizadas para cobrir o solo e para criar uma camada
verde uniforme no jardim. Eles ocupam cerca de 60% a 80% das áreas cobertas de um jardim. As caracte-
rísticas mais importantes incluem a capacidade de se adaptar às condições climáticas, a resistência a pragas
e doenças, a capacidade de se manter verde durante todo o ano e a capacidade de se reproduzir rapidamen-
te. Os gramados e as forrações são usados, também, em telhados verde, ajudando a melhorar a tempera-
tura interna do ambiente, além de ajudar a diminuir a poeira, melhorar a drenagem e proteger os taludes.

183
UNICESUMAR

O gramado é uma cobertura vegetal que permanece verde durante todo o ano e desempenha um
papel fundamental na coesão do design paisagístico, conectando diferentes espaços do jardim. Além
disso, é usado em áreas de atividades como esportes, recreação e caminhos, pois é capaz de suportar o
tráfego de pessoas. No entanto, é importante lembrar de verificar se a área escolhida para o gramado
recebe sol direto por, pelo menos, três horas diárias ao planejar sua implantação. As principais gramas
utilizadas no Brasil são:
Nome Nome Luminosi-
Família Categoria Clima Origem Altura
científico popular dade

Equatorial,
Grama mediterrâ-
Zoysia esmeralda, neo, sub- Ásia, Chi-
Poaceae Gramados Sol pleno Até 15 cm
japonica grama-zói- tropical, na, Japão
sia temperado,
tropical
Equatorial,
Grama São
subtro- América Meia som-
Axonopus Carlos,
Poaceae Gramados pical, do Sul, bra, Sol Até 15 cm
compressus grama-
temperado, Brasil pleno
-curitibana
tropical
Grama
batatais, Equatorial,
América
Paspalum grama- subtro-
Poaceae Gramados do Sul, Sol pleno Até 15 cm
notatum -da-Bahia, pical,
Brasil
grama-ma- tropical
to-grosso
Quadro 1 - Tipologias de gramas / Fonte: adaptado de Plantas de A a Z ([2023]).

Figura 5 - Gramas esmeralda, São Carlos e batatais

Descrição da Imagem: as imagens tratam de fotografias que retratam partes de gramados. A primeira da esquerda é a grama esme-
ralda, uma espécie gramínea, fina, de cor esverdeada. A imagem central mostra a espécie São Carlos, uma espécie mais grossa de cor
verde-escura. E a imagem da direita, mostra a grama Batatais, com folhagem média e de cor verde.

184
UNIDADE 6

Utilizamos os gramados, na maioria das vezes, em espaços que permitem o pisoteio, diferente da
forração que não suporta tanto impacto.


As forrações também formam grandes planos horizontais encobrindo o solo e estrutural-
mente assumem o papel de pisos. A diferenciação em relação aos gramados reside no fato
de não tolerarem pisoteio. São geralmente utilizadas em manchas homogêneas, situação
em que seu potencial plástico pode ser melhor aproveitado (MALAMUT, 2014, p. 131).

Livro: Plantas para Jardim no Brasil: herbáceas, arbustivas e trepadeiras


Autor: Harri Lorenzi
Editora: Instituto Plantarum
Sinopse: o livro contempla a maioria das plantas herbáceas, arbustivas e
trepadeiras utilizadas nos jardins brasileiros. Essa segunda edição, atuali-
zada em relação à primeira, diferencia-se, principalmente, pela presença
de 25 espécies recém-introduzidas nos jardins.

As forrações são, geralmente, usadas nas bordas


de jardim ou na transição entre os gramados e
arbustos. As forrações podem ser definidas como
qualquer tipo de cobertura vegetal rasteira que é
plantada no solo para criar um tapete de plantas
de baixo crescimento que ajuda a preencher o
espaço entre as plantas maiores.
Segundo Viana e Ribeiro (2014), o grupo das
forrações contempla plantas que atingem de 10 a
40 cm de altura e que possuem textura delicada.
Elas são utilizadas em grandes quantidades nos
jardins e projetos paisagísticos, visando dar aca-
bamento ao projeto e revestimento ao solo. Podem
desempenhar diversas funções como: proteger o
solo da erosão; manter a umidade do solo; inibir a
presença de plantas invasoras ou plantas daninhas;
criar caminhos preferenciais para os pedestres,
sem a necessidade de uma barreira física; absorver
raios solares, reduzindo o calor; e formar desenhos
para efeitos paisagísticos ou decorativos.

185
UNICESUMAR

Figura 6 - Grama amendoim, forração

Descrição da Imagem: a imagem


retrata um jardim com uma gran-
de área coberta com grama amen-
doim, que possui pequenas folhas
verdes arredondadas com algumas
flores amarelas.

Ao escolher a forração para o seu


jardim, é importante considerar
o ambiente local, as condições de
crescimento e o efeito visual dese-
jado. Com a seleção adequada de
forrações, seu jardim pode ficar
ainda mais atraente e funcional.
No quadro a seguir, temos os três
tipos de forração mais utilizados
nos projetos paisagísticos:

Nome Nome Luminosi-


Família Categoria Clima Origem Altura
científico popular dade

Lambari Equatorial,
Folhagens,
Tradescan- roxo, ju- oceânico, América Luz difusa,
Commeli- forrações
tia pallida deu-erran- subtro- do Norte, Meia som- Até 15 cm
naceae à meia
purpurea te, Trapoe- pical, México bra
sombra
raba-roxa tropical
Grama Forrações Conti-
preta, à meia nental,
Ophio- Meia som-
grama-ja- Asparaga- sombra, oceânico, Ásia, Chi-
pogon japo- bra, Sol Até 15 cm
ponesa, ceae forrações subtro- na, Japão
nicus pleno
pelo-de- ao Sol pical,
-urso pleno tropical
Folhagens, Equatorial,
Chloro- forrações mediterrâ- África, Meia som-
phytum Gravatinha Agavaceae à meia neo, sub- África do bra, Sol Até 10 cm
comosum sombra ao tropical, Sul pleno
Sol pleno tropical
Quadro 2 - ForraçõesFonte: adaptado de Plantas de A a Z ([2023]).

186
UNIDADE 6

Figura 7 - Lambari roxo, grama preta e gravatinha

Descrição da Imagem: a imagem da esquerda é uma fotografia da espécie vegetal lambari roxo, com folhas pequenas de cor roxa e
faixas beges com formato bojudo. Ao centro, temos uma fotografia da espécie grama preta, vegetal de porte pequeno, seu formato
parece um buquê de fios com folhas finas que parecem fios na cor verde. E a imagem da direita é uma fotografia da espécie vegetal
gravatinha, de porte pequeno, e seu formato parece fitas finas em torno de 20 cm de comprimento nas cores verde e branca.

Alguns tipos de forrações, como a grama amendoim e o lambari roxo, por terem a facilidade de se se
alastrar pelo solo, podem até ser confundidos com trepadeiras, dependendo de onde forem plantadas.
As trepadeiras são plantas com caules flexíveis, por esse motivo, elas precisam de suporte para se
desenvolver. Esses suportes são encontrados em outras plantas ou em estruturas feitas especificamente
para essa finalidade, como pérgolas e paredes. Elas são leves e podem ser classificadas de acordo com
o tamanho e o tipo de suporte que utilizam para fixar seus caules.
As plantas trepadeiras são utilizadas para dar uma aparência mais suave às texturas de tijolos e
pedras, além de fornecer sombra às paredes da casa. Elas podem ser usadas para cobrir uma variedade
de estruturas, incluindo cercas, treliças, caramanchões, pórticos e pérgolas e podem ser usadas para
melhorar a aparência de muros sem graça. Quando o espaço para árvores e arbustos é limitado, as
trepadeiras podem ser uma opção útil para ajudar a moldar o cenário.
Algumas das características mais importantes de uma trepadeira incluem a capacidade de se agarrar
a superfícies, a capacidade de produzir flores, a resistência a pragas e doenças e a capacidade de se
adaptar às condições climáticas.

187
UNICESUMAR

Nome Nome Luminosi-


Família Categoria Clima Origem Altura
científico popular dade

Equatorial,
Arbustos,
oceânico, América
Bougainvil- Nyctagina- arbustos
Primavera subtro- do Sul, Sol pleno Até 6 m
lea glabra ceae tropicais,
pical, Brasil
trepadeiras
tropical

Equatorial,
Dolichan- Ásia, Chi- Meia som-
Unha-de- Trepadei- subtro-
dra unguis- Moraceae na, Japão, bra, Sol Até 12 m
-gato ras pical,
-cati Vietnã pleno
tropical

Equatorial, África,
Senecio mediterrâ- África do
Hera-do- Folhagens, Meia som-
macroglos- Asteraceae neo, sub- Sul, Mo- Até 3 m
-cabo trepadeiras bra
sus tropical, çambique,
tropical Zimbábue

Quadro 3 - Trepadeiras / Fonte: adaptado de Plantas de A a Z ([2023]).

Figura 8 - Primavera, unha-de-gato e hera-do-cabo

Descrição da Imagem: a imagem da esquerda é de uma área de muro com forração da trepadeira primavera, ela tem cor verde nas
folhas e cor roxo-púrpura nas flores. Ao centro, tem-se uma fotografia de uma faixa de trepadeira unha-de-gato, ela tem flores amarelas
e folhas em verde-claro. E, à direita, a imagem mostra vários vasos plásticos na cor preta, com mudas de trepadeiras hera-do-cabo,
suas folhas têm formatos irregulares nas cores verde-claro e faixas brancas.

Os arbustos são plantas de porte médio que são utilizadas para criar linhas definidas, limites, paredes
e para adicionar textura e cor ao jardim. Algumas das características mais importantes de um bom
arbusto incluem a cor da flor, a textura das folhas, a capacidade de se adaptar às condições climáticas
e a resistência a pragas e doenças.
Por ter diversas alturas e seus caules serem cobertos por folhas, os arbustos mais baixos servem para
delimitar os espaços, fazendo uma barreira para que as pessoas não pisem nos gramados e nas forra-
ções, por exemplo. Os arbustos mais altos servem para criar uma barreira visual, gerando privacidade,
e, também, servem como barreira acústica. Dependendo do arbusto e de todo o contexto do jardim,

188
UNIDADE 6

ele pode ser usado como elemento principal da paisagem. “No paisagismo, os arbustos podem ser
utilizados nas mais diversas formas: como barreira física, bordaduras, revestimento de muros, cercas
vivas, canteiros, vasos, podendo ser implantadas isoladas ou em maciços. É o grupo vegetal com mais
opções de uso no paisagismo” (VILAÇA, 2005, [s.p.]).


Os arbustos são o grupo que apresenta maior variedade de cores nas folhagens; além das
diversas tonalidades de verdes, vermelhos, cinzas e amarelos, muitos arbustos apresentam
várias cores em uma mesma folha. Esses tons podem aparecer em manchas disformes e
variáveis em cada folha ou apresentarem um padrão de desenho que se repete em todas
as folhas (ABBUD, 2006, [s.p.]).

Diversos métodos podem ser utilizados para clas- sários. Também, é importante levar em consi-
sificar os arbustos em relação à sua forma. Uma deração o efeito visual desejado e a manutenção
dessas categorizações leva em conta os arbustos necessária para cada tipo de arbusto.
que possuem uma arquitetura própria, com uma Alguns exemplos de arbustos populares in-
forma e volume que são únicos e não dependem cluem a azaleia, a hortênsia, o buxinho, o alecrim
do ambiente onde estão plantados. Algumas das e a lavanda. A azaleia é uma escolha popular
principais formas desses arbustos incluem espé- para jardins de clima ameno e é encontrada em
cies para vasos, achatada, semielíptica, irregular, diversas cores e tamanhos. A hortênsia é outra
espalhada, colunar, capitada, aberta, abobadada e escolha popular, conhecida por suas grandes
arredondada. Por outro lado, há os arbustos que flores em forma de bola, que podem ser encon-
possuem uma estrutura dependente, ou seja, que tradas em diversas cores. O buxinho é frequen-
necessitam de suporte para manter sua forma ca- temente utilizado para criar cercas vivas devi-
racterística. Já os arbustos com arquitetura plástica do à sua capacidade de ser facilmente moldado
possuem a capacidade de ser moldados de acordo em formas desejadas. O alecrim é uma opção
com a estrutura desejada, sendo possível realizar atraente, com sua folhagem cinza-esverdeada
podas sucessivas para atingir o formato desejado. e flores azuis, sendo uma escolha popular para
Ao escolher arbustos para um projeto paisa- jardins mediterrâneos. A lavanda é conhecida
gístico, é importante considerar fatores como a por seu perfume agradável e é frequentemente
altura, largura e forma da planta, bem como as utilizada para criar bordas em jardins. A seguir,
condições de crescimento necessárias, incluindo podemos ver as características principais de três
a quantidade de sol, água e o tipo de solo neces- opções de arbustos para um jardim:

189
UNICESUMAR

Nome Nome Luminosi-


Família Categoria Clima Origem Altura
científico popular dade

Mediter-
Hidrângea, Arbustos, râneo,
Hydrangea
hortênsia, Hydran- cercas vi- oceânico, Ásia, Chi- 0,9 até 1,2
macrophyl- Sol pleno
rosa-do-Ja- geaceae vas, flores subtropi- na, Japão m
la
pão perenes cal, tempe-
rado
Ervas
Mediter-
condimen- África,
râneo,
tares flores Ásia, Euro-
Lavandula Lavanda, oceânico, 0,3 até 0,4
Lamiaceae perenes, pa, Índia, Sol pleno
sp alfazema subtropi- m
medicinal, Mediterrâ-
cal, tempe-
plantas neo
rado
hortícolas

Mediterrâ-
Arbustos, Ásia,
Árvore- neo, sub- Meia som-
Buxus sem- bonsai, Europa, 1,8 até 2,4
da-caixa, Buxaceae tropical, bra, Sol
pervirens cercas Mediterrâ- m
buxinho temperado, pleno
vivas neo
tropical

Quadro 4 - Arbustos / Fonte: adaptado de Plantas de A a Z ([2023]).

Figura 9 - Hortênsia, lavanda e buxinho

Descrição da Imagem: a imagem da esquerda mostra uma fotografia de calçada residencial com pavimentação em tijolinhos cinzas,
junto ao alinhamento da edificação, com um fechamento vegetal arbustivo, a hortênsia tem folhagens na cor verde e flores azuis-claras.
A imagem central é uma fotografia de parte de um jardim, em que temos flores arroxeadas e folhas verdes, a lavanda, além de uma
abelha amarela e preta, o fundo está distorcido. E, à direita, mostram-se um canteiro de jardim, com forração com cascas de árvores
marrom, e elementos vegetais tipo buxos, podados em formato de esfera na cor verde-clara.

Alguns arbustos maiores podem crescer e ser con- mento, a capacidade de se adaptar às condições
fundidos com árvores de pequeno porte, porém climáticas e a sua resistência a intempéries.
as árvores são plantas de grande porte utilizadas As árvores são fundamentais, principalmente,
para criar uma estrutura central no jardim. Elas em locais com temperaturas mais altas, pois elas
possuem características importantes para ser ana- contribuem muito com sua sombra, amenizan-
lisadas para um bom paisagismo, como a forma do o calor com suas grandes copas que formam
da copa, a cor das folhas, a velocidade de cresci- planos horizontais, como tetos naturais que pro-

190
UNIDADE 6

tegem do Sol, amenizam a temperatura, servem, também, como barreiras acústicas e visuais e, de-
pendendo de como forem dispostas em um local, podem direcionar o vento, deixando o ambiente
ainda mais agradável.
Existem diferentes tipos de árvores com diferentes tamanhos de caule, copas e raízes que precisam
ser muito bem escolhidas de acordo com o espaço, o clima e as necessidades do cliente.
Árvores de grande porte com grandes copas e grandes raízes são ótimas para parques com grandes
gramados, em que as pessoas podem fazer piquenique ou descansar na sombra, mas em calçadas ou
canteiros centrais já não são apropriados. Precisamos lembrar sempre do tamanho das raízes para que
não ocorra a quebra do piso, precisamos pensar na fiação elétrica. Se a árvore for frutífera, por exemplo,
precisamos que ela fique em um local em que seus frutos possam cair no chão sem correr o risco de
atingir alguém ou de alguém escorregar, de entupir bueiros, dentre outros problemas. Geralmente, as
raízes das árvores são do mesmo tamanho que a copa delas, como vemos na figura a seguir.

Figura 10 - Árvore e raiz

Descrição da Imagem: a imagem mostra o desenho de uma árvore e mostra um corte de sua raiz dentro do solo que é do mesmo tama-
nho de sua copa. Metade da imagem é o solo e a raiz, e a outra metade é a grama que cobre o solo e o céu azul com a árvore na frente.

Existem diversos aspectos que podem ser utilizados para classificar as árvores, um desses aspectos
é o porte, que se refere ao tamanho da árvore. Geralmente, o porte é classificado em três categorias
principais: grande, médio e pequeno. As árvores de grande porte são as que têm mais de 15 metros de

191
UNICESUMAR

altura e 12 metros de diâmetro; as árvores de médio porte têm de 8 a 15 metros de altura e de 6 a 12


metros de diâmetro; e as árvores de pequeno porte têm até 8 metros de altura e até 6 metros de diâmetro.
Além do porte, a forma da árvore também é um aspecto importante a ser considerado. As formas
podem variar bastante, desde as árvores colunares, que possuem um tronco vertical e ramos esparsos, até
as árvores piramidais, que possuem um tronco central forte e ramos abundantes e densos. Outro fator
que pode ser levado em conta é o sombreamento proporcionado pela árvore. Algumas árvores têm copas
amplas e densas, que proporcionam uma boa sombra e proteção contra os raios solares, enquanto outras
têm copas mais abertas, permitindo a passagem de luz solar e criando um ambiente mais iluminado.
Vale lembrar que a escolha da árvore ideal para um determinado projeto paisagístico deve levar em
conta não apenas o porte, a forma e o sombreamento, mas, também, fatores como o clima, o solo e a
disponibilidade de espaço, a fim de garantir que a árvore escolhida se adapte bem ao ambiente e possa
se desenvolver plenamente. Em locais frios, é importante que a copa das árvores não seja uma barreira
para a insolação dos ambientes, por isso, em cidades mais frias, vemos mais o uso de pinheiros, por
exemplo. Temos uma diversidade de árvores para cada tipo de local, por isso, é importante conhecer
bem os tipos, benefícios e problemas que elas podem causar.

Figura 11 - Flamboyants

Descrição da Imagem: a imagem retrata uma rua com flamboyants nos dois lados; do lado esquerdo, as árvores estão mais carregadas
de flores vermelhas do que as do lado direito.

As árvores mais comuns no paisagismo brasileiro são as seguintes:

192
UNIDADE 6

Nome Nome Lumino-


Família Categoria Clima Origem Altura
científico popular sidade

Sibipiruna,
Equatorial,
Caesalpinia coração- Árvores, América
subtro- Acima de
peltophoroi- -de-negro, Fabaceae árvores do Sul, Sol pleno
pical, 12 metros
des sebipira, ornamentais Brasil
tropical
sibipira

Conti-
Jacarandá
nental,
mimoso, Árvores, América
Jacaranda Bignonia- mediterrâ- Acima de
caroba- árvores or- do Sul, Sol pleno
mimosifolia ceae neo, sub- 12 metros
guaçu, namentais Argentina
tropical,
jacarandá
tropical
Equatorial,
Árvores,
Delonix re- Flamboya- subtro- África, Ma- 6,0 a 12
Fabaceae árvores Sol pleno
gia nts pical, dagascar metros
ornamentais
tropical
Quadro 5 - Árvores / Fonte: adaptado de Plantas de A a Z ([2023]).

Figura 12 - Sibipiruna, jacarandá mimoso e flamboyants

Descrição da Imagem: as imagens superiores são fotografias de indivíduos arbóreos fotografados em ambientes diferentes. A imagem
da esquerda mostra uma sibipiruna, espécie de copa bem densa com folhas minúsculas de cor verde. Ao centro, há uma foto de uma
rua arborizada com a espécie jacarandá mimoso, espécie de copa densa e com flores na cor roxa. E, à direita, a fotografia retrata uma
estrada asfaltada com uma linha de indivíduos arbóreos, com destaque para uma copa de flamboyants com flores vermelhas, no fundo,
identificamos o campo e fundo de céu azul com nuvens.

Para compor os jardins, podemos escolher árvores para espaços maiores que precisam ser sombrea-
dos ou palmeiras para um jardim menor ou um grande jardim que não tem muita permanência dos
usuários. Também, podemos utilizá-los juntos, compondo um espaço esteticamente agradável.
As palmeiras são plantas monocotiledôneas que se destacam pela sua presença marcante na
flora tropical e por serem uma das espécies mais antigas do planeta, tendo grande utilidade em
jardins. Geralmente, encontradas em regiões tropicais, as palmeiras tendem a crescer melhor em
regiões de clima quente.

193
UNICESUMAR

Figura 13 - Palmeiras

Descrição da Imagem: a imagem retrata uma praça com um caminho central de veículos que leva a um prédio antigo parecido com um
museu. Dos dois lados dessa rua, existem canteiros com grandes palmeiras e, ao lado dos canteiros, estão os caminhos de pedestres
que possuem, em seu lado oposto ao canteiro das palmeiras, um grande jardim com árvores de médio porte. Atrás do prédio antigo,
no fundo da imagem, existem vários edifícios.

As palmeiras são uma das espécies mais antigas do planeta, com vestígios que datam de mais de 120
milhões de anos. Elas possuem uma variedade de usos, como na fabricação de artesanatos e telhados
(utilizando suas folhas), extração de cera vegetal, de óleo e de fibras. Além disso, seus frutos e palmitos
são usados na alimentação humana, sendo utilizados em vários pratos. Também, são muito utilizadas
em paisagismo de diversas maneiras.

Estamos falando sobre elementos do paisagismo. E, nesta conversa,


não podemos deixar de falar sobre como buscar, escolher e pensar na
composição quando projetamos. Então, convido você a escutar o podcast
que gravei especialmente sobre essa temática.

194
UNIDADE 6

Geralmente, quando pensamos em palmeiras, lembramos de praias, pois é o local em que vemos
grande quantidade delas. Quando usadas nos projetos paisagísticos, elas, geralmente, são elementos
de destaque. As palmeiras são uma escolha popular para projetos de paisagem no Brasil devido à
sua aparência e por serem plantas resistentes, já que elas não exigem muito cuidado e podem crescer
rapidamente, fornecendo sombra, textura e um visual exótico ao ambiente. Algumas das espécies de
palmeiras mais comuns utilizadas em projetos de paisagem no Brasil incluem:

Palmeira-real (Roystonea regia): uma das espécies mais conhecidas no Brasil, esta pal-
meira é nativa de Cuba e pode crescer até 30 metros de altura. É ideal para áreas amplas
e abertas, como praças e parques.
Palmeira-imperial (Roystonea oleracea): nativa do Brasil, é muito utilizada em projetos
de paisagem em todo o país, pois é resistente a diversas condições climáticas. Pode crescer
até 25 metros de altura e é uma ótima opção para áreas de grande porte.
Palmeira-de-leque (Livistona chinensis): originária da China, essa palmeira pode crescer
até 15 metros de altura. É comumente usada em projetos de paisagem residenciais, pois é
menor do que outras espécies de palmeiras e se adapta bem em áreas menores.
Palmeira-coco (Cocos nucifera): uma das espécies de palmeiras mais conhecidas no
mundo, a palmeira-coco é nativa do sul da Ásia. É ideal para projetos de paisagem perto
de praias e áreas litorâneas, pois se adapta bem em solos arenosos e tolera ventos fortes.
Palmeira-bambu (Chamaedorea seifrizii): também conhecida como palmeira-de-bambu,
essa espécie é nativa da América Central e pode crescer até três metros de altura. É ideal
para projetos de paisagem em áreas internas, como dentro de residências e escritórios.

Em projetos de paisagem, as palmeiras podem ser utilizadas como destaque no jardim ou em conjunto
com outras plantas. Além disso, elas também podem ser usadas para criar uma barreira visual e, tam-
bém, são uma excelente opção para projetos de paisagem que buscam um visual exótico e diferenciado.

195
UNICESUMAR

Figura 14 - Palmeiras

Descrição da Imagem:a imagem retrata um grande lago com muitas palmeiras ao seu redor e uma casa ao fundo. Entre as palmeiras e
o lago, o chão é coberto por grama e tem, também, uma parte com algumas bananeiras. Atrás da casa, existem algumas árvores grandes.

Ao utilizar palmeiras em projetos de paisagem, é importante tomar alguns cuidados para garantir que
elas cresçam saudáveis e bonitas, como escolher a espécie de palmeira certa para o local em que ela
será plantada, levando em consideração o estilo, o local e o tamanho da área e outras características
importantes, como as do quadro a seguir, que contém as características de três tipos de palmeiras mais
utilizadas nos projetos:

Nome Nome Luminosi-


Família Categoria Clima Origem Altura
científico popular dade

América
Equatorial,
Central,
oceânico,
Roystonea Palmeira- Árvores, América Acima de
Arecaceae subtro- Sol pleno
regia -real palmeiras do Norte, 12 m
pical,
Belize,
tropical
Cuba etc.
Equatorial,
América
mediter-
Central,
râneo,
Roystonea Palmeira- Árvores, América Acima de
Arecaceae oceânico, Sol pleno
oleracea -imperial palmeiras do Norte, 12 m
subtro-
América
pical,
do Sul etc.
tropical
Equatorial,
Licuala Palmeira- Árvores, subtro- Oceania, Acima de
Arecaceae Sol pleno
grandis -de-leque palmeiras pical, Vanuatu 2m
tropical

Quadro 6 - Palmeiras Fonte: adaptado de Plantas de A a Z ([2023]).

196
UNIDADE 6

Figura 15 - Palmeira-real, palmeira-imperial e palmeira-de-leque

Descrição da Imagem:as imagens têm por finalidade apresentar espécies de palmeiras de diferentes portes. A imagem da esquerda
mostra uma fotografia de uma rua arborizada, em suas bordas, uma linha de palmeiras-real e faixas de gramados. Ao centro, vislumbra-
mos uma linha de palmeiras-imperiais adultas, com cerca de 20 a 25 metros de altura, comparamos com os veículos a monumentalidade
dessas palmeiras. E a imagem da direita mostra uma copa de uma palmeira, as suas folhas são abertas em leque, na cor verde-clara.

Ao se aprofundar mais em projetos da paisagem,


vocês se deparará, muitas vezes, com tabelas como
as que usamos aqui para descrever as característi-
cas de todas as espécies que forem escolhidas para
seu projeto. Você pode acrescentar mais informa-
ções na sua tabela se achar que são importantes,
também, para a boa execução do projeto.
Para o arquiteto paisagista, entender sobre as
diferentes vegetações é de extrema importância,
pois as plantas são os elementos principais do
projeto paisagístico. O conhecimento sobre as
características das plantas e as suas necessidades
é fundamental para a escolha adequada das espé-
cies em cada projeto, garantindo que elas se adap-
tem bem ao clima, ao solo e a outras condições
locais. Isso pode influenciar na funcionalidade,
estética e manutenção do jardim ou espaço verde.
Um arquiteto paisagista consciente deve ser capaz
de identificar e integrar as características naturais
do local, como o clima, a topografia e o solo, com
as escolhas de plantas e elementos arquitetônicos.
Além disso, um profissional que entende sobre
as vegetações pode se destacar no mercado, de-
senvolvendo projetos que valorizem a natureza
e atendam às necessidades dos clientes de forma
eficiente e harmoniosa com o meio ambiente.

197
UNICESUMAR

Lembra-se do exercício que eu propus no início desta unidade? De posse das informações que
estudamos, agora, você será capaz de resolvê-lo! Por exemplo, no meu caso, o parque que já visitei foi
o Parque Ibirapuera, em São Paulo, que foi projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer e pelo paisagista
Roberto Burle Marx e é um dos parques mais visitados do Brasil. O parque possui várias espécies de
plantas de diferentes tamanhos e características, desde pequenos arbustos até árvores imponentes.
As plantas foram dispostas no espaço de forma estratégica para criar áreas de sombra, proporcionar
vistas agradáveis e melhorar a qualidade do ar do parque. Além disso, o parque possui uma grande
diversidade de espécies de árvores nativas, que contribuem para a preservação da biodiversidade e
da cultura local.
Outro exemplo interessante é a Praça do Japão, em Curitiba, ainda não conheço, mas, segundo
pesquisas, descobri que a praça foi construída em homenagem à comunidade japonesa na cidade e
possui um estilo paisagístico japonês. As plantas escolhidas para a praça são, predominantemente,
espécies nativas do Japão, como o pinheiro negro, o cedro japonês e a cerejeira. As plantas foram
dispostas de acordo com os princípios da jardinagem japonesa, que enfatizam a harmonia entre os
elementos naturais e a simplicidade. As plantas foram agrupadas em pequenos jardins, cada um com
seu próprio tema e caráter, criando um ambiente tranquilo e contemplativo.

198
Caro(a) estudante, agora que você sabe mais sobre as espécies vegetais para o paisagismo, preen-
cha o seguinte mapa mental com algumas das espécies de sua preferência!

Gramado Árvores

Espécies

Forração Arbusto

199
1. Sobre os tipos de gramados, classifique V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas:

( ) Todas as espécies de grama requerem muita luz solar.


( ) A grama esmeralda é uma das espécies mais utilizadas em paisagismo.
( ) A grama São Carlos é uma espécie indicada para regiões com clima mais frio.
( ) Todas as gramas possuem a mesma tonalidade de verde.
( ) A grama amendoim é uma espécie que não necessita de podas frequentes.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta:

a) V, V, V, F, F.
b) F, V, V, F, V.
c) V, V, F, F, V.
d) F, F, V, V, F.
e) F, V, F, F, V.

2. Qual é uma das principais funções das forrações nos projetos paisagísticos?

a) Proporcionar sombra para as áreas de estar.


b) Servir como habitat para animais silvestres.
c) Controlar a erosão do solo.
d) Aumentar a umidade do ar e reduzir a poluição.
e) Fornecer frutos para consumo humano.

3. Qual das seguintes características é importante se considerar ao escolher forrações para


paisagismo?

a) A tolerância à sombra das forrações.


b) A preferência por forrações de clima seco.
c) A origem geográfica das forrações.
d) A taxa de crescimento das forrações.
e) A altura máxima das forrações.

200
4. Qual das seguintes características é mais importante considerar ao escolher árvores para paisagismo?

a) Altura máxima da árvore.


b) Cor da casca da árvore.
c) Forma das folhas da árvore.
d) Taxa de crescimento da árvore.
e) Espécie da qual a árvore deriva.

5. Sobre os tipos de arbustos, classifique V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas:

( ) Todos os arbustos florescem na primavera.


( ) A hortênsia é uma espécie de arbusto indicada para locais com clima quente e seco.
( ) Arbustos podem ser cultivados em vasos sem a necessidade de plantio no solo.
( ) Todos os arbustos têm crescimento rápido.
( ) Arbustos não requerem manutenção.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta:

a) V, V, F, F, F.
b) F, V, V, F, F.
c) F, V, F, F, V.
d) F, F, V, F, V.
e) F, F, F, V, V.

6. Qual das opções a seguir é um tipo de solo mais adequado para plantas de paisagismo que
requerem boa drenagem?

a) Solo argiloso.
b) Solo arenoso.
c) Solo orgânico.
d) Solo calcário.
e) Nenhuma das alternativas anteriores.

201
202
7
Sistemas Sustentáveis
e Tecnologia no
Paisagismo
Me. Lessyane Rezende de Matos Souza Bonjorno

Nesta unidade, você explorará os sistemas sustentáveis e a tecno-


logia no paisagismo, destacando como essas abordagens podem se
combinar para criar espaços verdes mais saudáveis e sustentáveis.
UNICESUMAR

O paisagismo é uma área que vem passando por Ao visitar o local, você percebe que a escola
mudanças significativas nas últimas décadas, tem um problema com o gasto excessivo de água
com uma crescente conscientização sobre a ne- em seu gramado, que sofre com a seca. Além dis-
cessidade de práticas sustentáveis e a preserva- so, a escola não possui um espaço adequado para
ção do meio ambiente. A adoção de sistemas reciclagem de resíduos, o que pode levar a um
sustentáveis e tecnologia tem se tornado uma aumento na quantidade de lixo produzido. Você
parte importante desse processo, permitindo a decide utilizar suas habilidades em paisagismo
criação de paisagens que são mais resilientes e sustentável para criar um jardim que seja bonito e
eficientes em termos de uso de recursos. ecologicamente correto. Para resolver o problema
Você sabia que a falta de práticas sustentáveis de uso excessivo de água, você utiliza técnicas
no paisagismo pode ter um impacto negativo no como a escolha de plantas nativas e resistentes
meio ambiente e na saúde humana? Imagine um à seca, a instalação de um sistema de irrigação
ambiente com um projeto paisagístico adequado eficiente e a utilização de materiais permeáveis no
e um ambiente sem nenhum elemento natural, paisagismo. Ademais, você propõe a criação de
em qual deles você preferiria estar para traba- uma área de compostagem para ajudar a reduzir
lhar, descansar ou passear? a quantidade de resíduos produzidos pela escola.
Combinando sistemas sustentáveis e tecno- Com as suas soluções sustentáveis, você conse-
logia, é possível criar paisagens mais saudáveis e gue criar um jardim bonito e funcional que ajuda
sustentáveis que ajudam a preservar o meio am- a promover a educação ambiental entre as crian-
biente e promovem o bem-estar humano. Imagi- ças e, ainda, ajuda a escola a economizar água
ne que você é um(a) paisagista recém-formado(a) e reduzir a quantidade de lixo produzido. Esse
e está iniciando seu próprio negócio. Um dos seus caso hipotético demonstra como o uso de siste-
primeiros projetos é criar um jardim sustentável mas sustentáveis e tecnologia pode ser aplicado
para uma escola local. A escola quer um jardim no paisagismo para criar soluções eficientes, em
que seja bonito, atraente para as crianças e que termos de recursos, e duradouras, que beneficiam
também ajude a promover a educação ambiental. o meio ambiente e as pessoas.

204
UNIDADE 7

Agora, quero que você escolha um espaço em sua casa ou outro local onde gostaria de implementar
um projeto de paisagismo. Pode ser um jardim, uma varanda, uma praça ou outro espaço de sua pre-
ferência. Faça uma pesquisa sobre as espécies de plantas que são nativas da região em que se encontra
o espaço escolhido. Além disso, pesquise sobre as necessidades dessas plantas, como iluminação, solo,
clima, dentre outros. Crie um projeto de paisagismo, levando em consideração as soluções sustentáveis
e as tecnologias que aprendeu durante a leitura do capítulo do livro.
Se possível, execute o projeto, utilizando materiais e equipamentos que tenha disponível em sua
casa. Documente todo o processo de criação e execução do projeto, registrando fotos, vídeos, anotações
e observações para acompanhar o desenvolvimento das plantas.
Reflita sobre os resultados obtidos e as soluções sustentáveis aplicadas no projeto de paisagismo.
Considere as seguintes questões: quais foram os principais desafios enfrentados durante o planeja-
mento e a execução do projeto? Quais foram as soluções sustentáveis adotadas no projeto e qual é o
seu impacto na preservação do meio ambiente?
Ao refletir sobre essas questões, você poderá chegar a conclusões consideráveis sobre a importância
da sustentabilidade no paisagismo e como as soluções sustentáveis podem ser aplicadas em diferentes
contextos. Anote suas considerações no seu Diário de Bordo.

205
UNICESUMAR


A vegetação pode ser uma grande aliada na obtenção do conforto ambiental, garantindo
áreas de sombras, barreiras acústicas e conforto térmico no interior das edificações, ao
passo que a água pode ser reutilizada, após passar por um processo de filtragem e purifi-
cação, ou ser utilizada com parcimônia, de maneira a evitar o desperdício (GRABASCK;
CARVALHO, 2019, p. 57).

Os sistemas sustentáveis no paisagismo se preocupam em projetar e manter espaços verdes de


forma ecologicamente correta, socialmente justa e economicamente viável. Quando aplicado de
maneira adequada, pode trazer inúmeros benefícios para a qualidade de vida das pessoas. Um dos
principais benefícios é a melhora da qualidade do ar. Plantas e árvores absorvem dióxido de carbono
e outros poluentes do ar, ajudando a melhorar a qualidade do ar. Além disso, as plantas produzem
oxigênio, o que é vital para a saúde humana. Assim, um paisagismo sustentável pode contribuir para
a redução dos índices de poluição do ar, proporcionando uma melhoria significativa na qualidade
de vida das pessoas. “A poluição e as emissões atmosféricas são fatores cruciais na atualidade, e a
vegetação é essencial para purificar o ar e reduzir os danos ocasionados pela poluição atmosférica”
(GRABASCK; CARVALHO, 2019, p. 59).

Neste podcast, discutiremos a importância de incorporar práticas e


tecnologias sustentáveis no paisagismo moderno. Falaremos sobre as
inovações mais recentes no setor, como a utilização de painéis solares,
sensores e drones para criar e gerenciar paisagens sustentáveis. Além
disso, discutiremos a importância da escolha de espécies nativas e da
utilização de técnicas de manejo adequadas para preservar a biodiver-
sidade e reduzir os impactos ambientais. Você poderá aprender mais
sobre as soluções criativas e inspiradoras que são adotadas pelos pai-
sagistas para criar espaços verdes belos e sustentáveis.

Áreas verdes também ajudam a reduzir o efeito de ilhas de calor, que ocorrem em áreas urbanas com
grande quantidade de concreto e asfalto, causando aumento de temperatura. O paisagismo sustentável
pode ajudar a reduzir a temperatura e tornar o ambiente mais agradável para as pessoas.


A vegetação pode ser utilizada para amenizar as mudanças de temperatura ao redor da
edificação, o que fará com que as temperaturas reduzam significativamente também no seu
interior. Além de bloquear os raios solares, a vegetação pode ser utilizada para bloquear os
ventos incidentes ou, até mesmo, direcioná-los (GRABASCK; CARVALHO, 2019, p. 60).

206
UNIDADE 7

Figura 1 - Sombra de árvores que proporcionam conforto térmico nas edificações

Descrição da Imagem: a imagem mostra uma rua com edificações comerciais e residenciais nos dois lados e um canteiro central
dividindo as duas vias. Nesse canteiro central, existem muitas árvores que, junto com as copas das árvores das duas calçadas laterais,
promovem sombra em todo o espaço.


Recomenda-se o uso de plantas nativas, visto que, dessa forma, os gastos com manuten-
ção são menores e há garantia de desenvolvimento da espécie vegetal. A seleção de uma
espécie ideal para sombreamento dependerá da orientação do que se deseja sombrear,
da direção do vento dominante, do tipo de solo, da topografia, do espaço disponível no
lote e do clima da região (GALINATTI; GRABASCK; SCOPEL, 2019, p. 75).

As áreas verdes têm um efeito calmante e podem ajudar a reduzir o estresse e a ansiedade nas pessoas.
Além disso, a interação com a natureza pode melhorar o humor e aumentar a sensação de bem-estar.
Um paisagismo sustentável pode proporcionar espaços de lazer e contemplação, contribuindo para
uma vida mais saudável e equilibrada.

207
UNICESUMAR

Figura 2 - Benefícios das áreas verdes

Descrição da Imagem: a imagem mostra uma mulher sentindo o aroma das flores em seu jardim, são flores cor-de-rosa que estão
na altura do rosto da mulher em pé. Atrás dela, aparece a varanda de uma casa com um vaso de plantas pendurado. Todo o espaço
é cercado por árvores e grama.

As áreas verdes oferecem habitats para diversas


espécies de animais e plantas, contribuindo para
a biodiversidade local e podem ser planejadas de
REALIDADE
forma a incentivar a presença de espécies nativas
AUMENTADA
e promover a conservação da fauna e flora locais.
“As paredes verdes ainda conseguem promover o
embelezamento e a valorização das edificações e
da paisagem urbana, contribuindo para o aumen-
to da biodiversidade nas cidades, uma vez que
as plantas atraem pássaros, borboletas, abelhas,
entre outros” (NUNES, 2014, on-line).

Gostaria de ver um exemplo de um


Jardim Vertical? Acesse o QR Code e
veja um!

208
UNIDADE 7

Figura 3 - Parede verde

Descrição da Imagem: a imagem é uma


foto de um prédio tirada da altura do
observador para cima, mostrando a fa-
chada toda coberta com plantas verdes e
vermelhas, apenas as sacadas e janelas e
a borda do edifício não possuem plantas.

O paisagismo sustentável é uma


forma de projetar, construir e man-
ter paisagens de forma a minimizar
o impacto ambiental e maximizar
os benefícios sociais e econômicos.
O paisagismo sustentável engloba
uma série de práticas, técnicas e
tecnologias que visam reduzir o
consumo de recursos naturais, minimizar a geração de resíduos e promover a biodiversidade e a quali-
dade de vida das pessoas. Entre as soluções sustentáveis aplicáveis ao paisagismo, destacam-se:

• Escolha de espécies vegetais nativas ou adaptadas às condições climáticas e de solo da


região: essas espécies têm uma melhor adaptação ao ambiente local e requerem menos água e
fertilizantes para crescerem saudáveis. Além disso, a utilização de espécies nativas pode ajudar
a preservar a biodiversidade local e a manter a paisagem em harmonia com o ecossistema ao
redor. Dessa forma, ao escolher espécies adaptadas às condições climáticas e de solo da região,
é possível criar um paisagismo mais sustentável, que requer menos manutenção e tem um
menor impacto ambiental.


A substituição de plantas ornamentais exóticas por espécies nativas com potencial or-
namental é uma tendência na floricultura e reduz o risco de novas invasões da paisagem
natural. Plantas nativas desempenham importante papel no paisagismo, com destaque
para a menor necessidade de manutenção, a valorização da identidade regional, a pre-
servação da diversidade biológica e o oferecimento de ambientes para a fauna (HEIDEN;
BARBIERI; STUMPF, 2006 apud STUMPF; BARBIERI; HEIDEN, 2009, p. 38–39).

209
UNICESUMAR

Figura 4 - Paisagismo residencial

Descrição da Imagem: a imagem mostra duas poltronas em frente a uma piscina no meio de um jardim com vegetação no chão, nos
muros e árvores atrás dos muros. As árvores possuem flores brancas e roxas. A imagem toda é preenchida por vegetação de diferentes
tipologias de folhagens.

Para executar um projeto paisagístico adequado e de modo sustentável, alguns procedimentos podem
ser adotados, como, por exemplo, partindo da análise de conservação da natureza e, especificamente,
do solo, a devida preocupação na inserção de nutrientes para desenvolver a fertilidade do solo ou o
combate de “pragas”. Nesse caso, os elementos mais conhecidos e mais utilizados em abundância pelos
profissionais são o nitrogênio (N), fósforo (P), potássio (K) e enxofre (S), conhecidos, também, como
macronutrientes, sendo obtidos diretamente de fontes naturais. O N se encontra presente na atmosfera;
já P, K e S provêm de rochas e são aplicados como adubo. Estes, quando em excesso, podem acabar
como efluentes e resíduos sólidos, contaminando as águas superficiais, as subterrâneas, o solo e, até
mesmo, a atmosfera (LUEDEMAN, 2010).

• Utilização de materiais reciclados ou reaproveitados, como madeira de demolição,


pneus e garrafas PET: a utilização de materiais reciclados ou reaproveitados é uma estratégia
importante para o paisagismo sustentável. Esses materiais têm um menor impacto ambiental
do que os materiais novos, uma vez que reduzem o consumo de recursos naturais e a geração de
resíduos. Além disso, a utilização desses materiais pode dar um toque criativo e personalizado
ao paisagismo, criando um ambiente diferenciado.

Entre os materiais reciclados mais utilizados no paisagismo estão a madeira de demolição, os pneus e as
garrafas PET. A madeira de demolição, por exemplo, pode ser utilizada para criar móveis e estruturas
como pergolados, bancos e mesas. Já os pneus podem ser reaproveitados como vasos para plantas,
playgrounds e canteiros elevados.

210
UNIDADE 7

Figura 5 - Canteiros de flores com pneus.

Descrição da Imagem: a imagem


mostra três pneus pintados, cada um
de uma cor, dividindo um espaço de
grama e outro de calçada. Os pneus
são usados como vasos de plantas.

As garrafas PET, por sua vez,


podem ser utilizadas como
suporte para plantas trepadeiras
e para criar muros verdes.

Figura 6 - Jardim vertical com garrafa pet

Descrição da Imagem: a imagem mos-


tra várias garrafas pet penduradas na
horizontal com uma abertura na parte
virada para cima, como vasos de plan-
tas. Cada garrafa possui um tipo de
planta, e elas formam um jardim verti-
cal encostado em uma parede marrom.

Além de reduzir o impacto am-


biental, a utilização de materiais
reciclados ou reaproveitados pode
ser uma alternativa mais econô-
mica para o paisagismo, uma vez
que muitos desses materiais são
obtidos gratuitamente ou a baixo
custo. Assim, ao utilizar materiais
reciclados ou reaproveitados no paisagismo, é possível criar um ambiente sustentável e personalizado,
ao mesmo tempo em que se contribui para a preservação do meio ambiente.

• Criação de áreas verdes para promover a biodiversidade, melhorar a qualidade do ar


e reduzir a temperatura local: de acordo com pesquisas, a qualidade do ar em ambientes
internos pode ser até cinco vezes pior do que a qualidade do ar externo, devido ao acúmulo de
poluentes emitidos por materiais de construção, produtos químicos, poeira e, até mesmo, o uso
de produtos de limpeza. Esses poluentes podem causar irritações nos olhos, nariz e garganta,
dores de cabeça, fadiga e até problemas respiratórios.

211
UNICESUMAR

O paisagismo é uma forma natural e eficaz de paisagismo, a iluminação LED é utiliza-


purificar o ar, utilizando plantas que absorvem da para destacar elementos da paisagem,
substâncias tóxicas e liberam oxigênio. Algumas como árvores, arbustos, fontes e esculturas.
dessas plantas incluem a espada-de-São-Jorge, a Além disso, também se pode utilizá-la para
palmeira-areca, o lírio-da-paz, o antúrio e a dra- criar um ambiente mais aconchegante e
cena, tornando o ambiente interno mais saudável convidativo, especialmente, em áreas de
e agradável para se viver ou trabalhar. lazer e convivência. Outra vantagem da
iluminação LED é que ela oferece uma va-
riedade de cores e tonalidades, permitindo
criar diferentes ambientes e efeitos de luz. A
utilização de sistemas de automação, como
sensores de presença e temporizadores,
também pode ajudar a reduzir o consumo
de energia elétrica, garantindo que as luzes
sejam ligadas apenas quando necessário.

Figura 7 - Plantas em casa.

Descrição da Imagem: a imagem mostra uma criança com


um bule molhando uma planta em um vaso que está em
cima de uma mesa. A menina está com um vestido de man-
ga longa listrado em um ambiente iluminado com cortinas
brancas ao fundo.

• Utilização de iluminação LED de bai-


xo consumo, reduzindo o consumo de
energia elétrica: as lâmpadas LED con-
somem, em média, 80% menos energia
do que as lâmpadas incandescentes e têm
uma vida útil muito maior, o que reduz a
necessidade de manutenção e troca. No

212
UNIDADE 7

Figura 8 - Plantas pendentes e iluminação de LED

Descrição da Imagem: a imagem mostra um teto ripado de madeira com plantas pendentes, penduradas, e, entre as plantas, há
alguns pendentes de iluminação de LED.

• Utilização de técnicas de irrigação eficientes e a captação de água da chuva para evitar


o desperdício de água: uma ótima ideia que tem se tornado cada vez mais usada é coletar a
água da chuva que cai no telhado, armazená-la em um reservatório e utilizá-la para regar as
plantas do jardim. Além de ser uma forma de economizar água potável, que é um recurso cada
vez mais escasso, a água da chuva é rica em nutrientes e pode ser benéfica para as plantas.

Figura 9 - Sistema de captação


de água da chuva para reutilizar
no jardim

Descrição da Imagem: Ia ima-


gem mostra um barril maior
e um menor embaixo de um
sistema que capta a água da
chuva da calha para reutilizar
no jardim. Os barris são envol-
tos por vegetação. No fundo da
imagem, existe um muro de
blocos de concreto pintados
de branco e, acima deles, uma
barreira de vegetação.

213
UNICESUMAR

Para fazer a captação, é necessário instalar um sistema de calhas e canos que direcionem a água para
o reservatório, que deve ter uma tampa para evitar a proliferação de mosquitos.

Figura 10 - Reutilização da água da chuva

Descrição da Imagem: a imagem mos-


tra uma mão segurando uma manguei-
ra e aguando algumas plantas. Essa
mangueira está instalada em um tam-
bor que capta a água da chuva para ser
reutilizada.

A importância do paisagismo
sustentável está relacionada à ne-
cessidade de se promover um de-
senvolvimento mais equilibrado
e responsável, que leve em con-
sideração não apenas as deman-
das imediatas da sociedade, mas,
também, a preservação do meio
ambiente e a promoção da qualidade de vida das pessoas. Além disso, o paisagismo sustentável pode
trazer benefícios econômicos, sociais e ambientais, como a valorização imobiliária, a redução de custos
de manutenção e a melhoria da saúde e bem-estar das pessoas.
O planejamento de um projeto de paisagismo sustentável é essencial para garantir que o espaço
verde seja construído de maneira eficiente e ecologicamente correta. Para alcançar esses objetivos, é
necessário seguir algumas etapas importantes:

Avaliação do local: a primeira etapa consiste em avaliar o local onde o projeto será cons-
truído. É importante entender o tipo de solo, o clima e a topografia para que o projeto seja
adequado ao ambiente.
Definição do programa de necessidades: em seguida, é necessário definir quais serão
as necessidades do espaço verde.
Planejamento da vegetação: a escolha das espécies vegetais é um dos pontos mais
importantes do projeto. É necessário selecionar plantas que sejam adequadas ao clima,
ao solo e ao uso do espaço.
Planejamento da irrigação: a irrigação é essencial para garantir a sobrevivência das
plantas e para evitar o desperdício de água. É necessário planejar o sistema de irrigação de
acordo com as necessidades de cada espécie e considerando a possibilidade de reutilizar
água de chuva ou de outras fontes.

214
UNIDADE 7

Escolha dos materiais: na escolha dos materiais, é importante dar preferência aos pro-
dutos sustentáveis, como madeiras certificadas e materiais reciclados. Além disso, é preciso
considerar a durabilidade dos materiais escolhidos e o seu impacto ambiental.
Projeto de drenagem: a drenagem é importante para evitar problemas de erosão e
para garantir a manutenção do solo. É necessário planejar a drenagem de acordo com a
topografia e as características do solo.
Manutenção: finalmente, é importante considerar a manutenção do espaço verde após
a sua construção. É necessário estabelecer um plano de manutenção que inclua a poda, a
adubação, a limpeza e a irrigação para garantir a saúde das plantas e a beleza do espaço.
Além do controle de pragas e doenças sem o uso de produtos químicos, pois o uso deles
para controlá-las pode ser prejudicial ao meio ambiente e à saúde humana.

Título: Paisagismo Sustentável para o Brasil: integrando natureza e huma-


nidade no século XXI
Autor: Ricardo Cardim
Ano da publicação: 2022
Sinopse: o que pode vir a ser paisagismo sustentável no Brasil? O que é real-
mente importante em nossa realidade? Com linguagem acessível e baseado
em ciência e prática, esse livro procura uma nova visão do paisagismo e do
relacionamento humano com a natureza, apontando problemas históricos
e atuais e caminhos futuros para integrar estética, saúde pública e meio ambiente. Escrita ao
longo de sete anos, é uma obra para profissionais, amadores e interessados no tema. Por estar
diretamente relacionado ao habitat humano, o paisagismo é, hoje, um assunto de importância
vital para a sociedade. Afinal, ele responde pela criação de áreas verdes que fazem parte de nosso
cotidiano, nas cidades ou fora delas. Suas escolhas refletem em temas como equilíbrio ecológico,
água, solo, bem-estar físico e psicológico e valorização cultural de remanescentes naturais, desa-
fios ainda mais complexos em um país extraordinariamente rico em biodiversidade nativa e com
altas taxas de urbanização como o Brasil. Paisagismo sustentável pode significar um importante
caminho de harmonia entre pessoas e meio ambiente, resultando em uma vida melhor para
todos. E, ainda, para muitos, o único contato disponível com a natureza.
Comentário: o livro tem como objetivo principal apresentar conceitos e práticas relacionados
ao paisagismo sustentável, buscando integrar a natureza e a humanidade em um contexto de
preocupação ambiental e social. Aborda temas como o planejamento e a gestão de áreas verdes,
a escolha de espécies vegetais adequadas para cada região, a utilização de tecnologias sustentá-
veis no projeto e a manutenção de jardins e paisagens, dentre outros assuntos relevantes para
a promoção de um desenvolvimento mais sustentável do ambiente.

215
UNICESUMAR

Como a consciência sobre a mudança climática e a necessidade de reduzir nossa pegada de carbono
continua a crescer, o paisagismo sustentável está se tornando uma escolha popular para projetos de
paisagismo. Uma das principais tendências emergentes no paisagismo sustentável é a incorporação
de tecnologia para criar paisagens mais resilientes e sustentáveis. Por exemplo, jardins verticais e
telhados verdes estão se tornando cada vez mais populares.

Recomendo assistir ao vídeo que trata da montagem de um terraço jar-


dim: “As camadas fundamentais de um telhado verde — Edifícios
verdes explicados”. Compartilham-se todas as peças e as suas camadas
importantes até chegar à camada da vegetação. Sabemos que a inserção
de áreas verdes ao meio urbano colaboram para um melhor conforto
ambiental à arquitetura de edificação. Principalmente, na nossa região
brasileira, com o clima de grandes inércias térmicas.
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

Figura 11 - Jardim vertical interno

Descrição da Imagem: a imagem mostra uma vista superior de um espaço interno de um prédio de vários pavimentos. De um lado,
há algumas rampas e um homem parado nela, olhando para o outro lado do ambiente, que tem um jardim vertical em toda a parede
dos vários pavimentos.

216
UNIDADE 7

A tecnologia tem sido uma importante aliada no desenvolvimento de paisagens sustentáveis. Ela
pode ser utilizada em diversas etapas do processo, desde o planejamento até a manutenção dos espaços
verdes. Uma das principais formas de uso da tecnologia é na escolha das espécies vegetais mais ade-
quadas para cada região, levando em consideração fatores como clima, tipo de solo e disponibilidade
de água. Para isso, são utilizados softwares de mapeamento de áreas verdes, que ajudam na seleção
das plantas mais apropriadas para cada ambiente.

Figura 12 - Sistema de irrigação automatizado

Descrição da Imagem: a imagem mostra alguns pontos de irrigação distribuindo água em toda a grama. No meio da grama, há um
caminho com placas pavimentadas e, no canto da imagem, aparece o meio-fio e um pedaço do asfalto da rua.

Além disso, a tecnologia pode ser utilizada na ir-


rigação e no monitoramento do consumo de
água, com a utilização de sensores que indicam a
umidade do solo e a necessidade de irrigação em
tempo real. Também, é possível utilizar sistemas de
captação de água da chuva e reutilização de água
cinza, o que reduz o consumo de água potável e
contribui para a preservação dos recursos hídricos.
Outra forma de uso da tecnologia é na ilumi-
nação e climatização de ambientes, com a utiliza-
ção de sistemas eficientes que reduzem o consu-
mo de energia elétrica. Além disso, a tecnologia
também pode ser utilizada na manutenção das
áreas verdes, com a utilização de equipamentos
elétricos e movidos a energia solar, reduzindo a
emissão de poluentes.

217
UNICESUMAR

Figura 13 - Tecnologia no paisagismo

Descrição da Imagem: a imagem mostra duas mãos segurando um celular apontando para as plantas. Acima da imagem, aparecem
os símbolos de um sol, um termômetro, uma nuvem com chuva e uma planta e um círculo embaixo de cada um desses símbolos
mostrando as porcentagens de iluminação, temperatura, umidade e crescimento.

Portanto, a tecnologia tem um papel importante no desenvolvimento de paisagens sustentáveis, con-


tribuindo para a preservação do meio ambiente e para a melhoria da qualidade de vida da população.

Recomendo o artigo “Pavilhão de Taiwan na Bienal de Veneza 2023 des-


taca a inteligência incorporada à paisagem”. O Pavilhão de Taiwan, organi-
zado pelo Museu de Belas Artes de Taiwan, mostra a inteligência imbuída
nas paisagens, como os habitantes locais, ao longo da história, usaram
sua intuição para moldar o ambiente. Além disso, o projeto também
abre um diálogo sobre terreno artificial e natural para redescobrir o que
podemos aprender com a natureza.
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

218
UNIDADE 7

Outra maneira de incorporar a tecnologia na paisagem sustentável é por meio da implementação de


soluções de energia renovável. Painéis solares podem ser facilmente incorporados em paisagens para
gerar energia limpa e renovável. A energia gerada pode ser usada para alimentar luzes de paisagem,
fontes de água, sistemas de irrigação e outros recursos de paisagem. Isso não apenas ajuda a reduzir o
consumo de energia da propriedade, mas também ajuda a reduzir a pegada de carbono da propriedade.

Figura 14 – Placas solares e turbinas eólicas

Descrição da Imagem: a imagem mostra placas solares no telhado de uma casa. Esse telhado possui uma grande inclinação. A casa
possui as paredes de tijolinhos de barro e é cercada por plantas. Atrás da casa, existem três turbinas de energia eólica. Ao fundo da
imagem, o céu está azul, e o Sol reflete nas placas do telhado.

Além disso, a tecnologia também pode ajudar a monitorar e gerenciar paisagens de forma mais eficaz.
Sensores podem ser usados para monitorar a qualidade da água, a umidade do solo e a temperatura,
ajudando os paisagistas a ajustar o uso da água e a fertilização de acordo com as necessidades das
plantas. Além disso, drones podem ser usados para mapear áreas de paisagem e ajudar a planejar o
design da paisagem de forma mais precisa e eficiente.

219
UNICESUMAR

Figura 15 – Drone sendo usado para o levantamento de dados de uma área

Descrição da Imagem: a imagem mostra um drone sobrevoando uma área em um dia de céu azul com muitas nuvens, em que, na
metade da imagem, aparece o céu e, na outra metade, uma grande área gramada com montanhas ao fundo. Sobre a foto, foram feitos
alguns desenhos representando a visão do drone com linhas e dados ao redor do terreno em que se realiza o levantamento.

Então, como vemos, as novas tendências no paisagismo sustentável incluem a incorporação de tec-
nologia para criar paisagens. Jardins verticais, telhados verdes, sistemas de aproveitamento de água e
energia e monitoramento de paisagens por meio de sensores e drones são algumas das maneiras pelas
quais a tecnologia pode ser utilizada para melhorar o trabalho e os projetos paisagísticos.
Um exemplo que une sustentabilidade e tecnologia ao paisagismo é o arranha-céu bioclimático e
as estratégias de ecodesign de Kenneth Yeang.


Yeang descreve a arquitetura bioclimática como o uso de técnicas passivas de baixo
consumo de energia, como configuração do edifício, sombreamento, inserção de compo-
nentes, seleção de materiais, orientação solar e eólica, ventilação natural, “pátios de luz” e
paisagismo vertical. O livro “The Green Skyscraper: the Basis for Designing Sustainable
Intensive Buildings” (O arranha-céu verde: a base para o projeto de edifícios intensivos
sustentáveis) detalha a justificativa de Yeang para o foco em arranha-céus como um meio
de melhoria ecológica em cidades em crescimento (GATTUPALLI, 2023, on-line).

220
UNIDADE 7

Figura 16 - Edifício bioclimático

Descrição da Imagem: a imagem retrata uma foto de um edifício vista da altura do observador que passa na calçada. O edifício está
do lado direito da imagem, e o céu, no restante da imagem. O edifício possui muita vegetação em todas as sacadas.

Recomendo que você assista ao vídeo “Paisagismo e jardinagem — dicas e


aplicativos”. Neste vídeo, você conhecerá quatro aplicativos com ferramen-
tas úteis para auxiliar na hora de trabalhar com paisagismo ou jardinagem.
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

Percebemos que a tecnologia pode ser incorporada na paisagem sustentável de várias maneiras, como
a implementação de soluções de energia renovável, por exemplo, por meio de painéis solares. Além
disso, a tecnologia também pode ajudar no monitoramento e gerenciamento da paisagem, com o uso
de sensores e drones. Essas inovações contribuem para reduzir o consumo de energia e a pegada de
carbono da propriedade, além de permitir um uso mais eficaz da água. No geral, a tecnologia é uma
importante ferramenta para melhorar o trabalho e os projetos paisagísticos sustentáveis.
Por outro lado, há necessidade de mudanças por parte da sociedade nos hábitos, reeducar, sen-
tir-se como parte da natureza, sem considerar a natureza algo à parte. É fundamental que exista
uma convivência entre o homem, as plantas e os animais em geral. É impossível valorizar as flores,
mas não querer as abelhas por perto, do mesmo jeito que plantam árvores e agridem os pássaros,
imprescindível adequar hábitos para que haja uma aproximação à natureza e a devolução do espaço

221
UNICESUMAR

que é de todos. Dessa forma, o paisagista deve estar, também, atento para a adaptação, o ajustamento
entre o ser e o meio que ocorrem entre o animal e a planta, o homem com a natureza e, também,
com o homem e a cidade (TABACOW, 2004).
Nesta unidade, você aprendeu a importância da sustentabilidade nos projetos paisagísticos para
melhorar o meio ambiente e até a saúde das pessoas que utilizam o espaço. Também, aprendemos
como a tecnologia pode ajudar no projeto da paisagem, fazendo com que tenhamos mais eficiência,
produtividade e economia.
Voltemos, agora, ao experimento que propus no início desta unidade. Nela, você poderá aplicar, de
forma prática e individual, os conhecimentos adquiridos sobre sistemas sustentáveis e tecnologia no pai-
sagismo, desenvolvendo habilidades e competências importantes para sua formação pessoal e profissional.
Para exemplificar, demonstrarei um caso: escolhi implementar um projeto de paisagismo em minha
varanda. Para começar, fiz uma pesquisa sobre as espécies de plantas nativas da minha região e suas
necessidades específicas em relação à iluminação, ao solo e ao clima. Com base nessas informações,
escolhi plantas que se adequassem às condições da minha varanda, levando em consideração, também,
soluções sustentáveis, como o uso de vasos reciclados e de substratos orgânicos.
Em seguida, criei um projeto de paisagismo, escolhendo as plantas que seriam utilizadas e definindo
sua disposição no espaço disponível. Para executar o projeto, utilizei materiais e equipamentos que já tinha
em casa, como vasos e ferramentas de jardinagem. Durante a execução do projeto, registrei todo o processo
com fotos e anotações, documentando as etapas de plantio, cuidado e desenvolvimento das plantas.
Ao longo do tempo, acompanhei o crescimento das plantas e realizei os cuidados necessários, como
adubação e poda. O resultado final foi uma varanda mais verde, aconchegante e sustentável, que traz
mais vida e harmonia para o meu lar.

222
O mapa mental a seguir aborda o tema “Paisagismo Sustentável e Tecnologia” e apresenta infor-
mações sobre as técnicas e tecnologias utilizadas para a criação de espaços mais verdes e sau-
dáveis. Complete-o com os benefícios de cada uma das três tecnologias citadas para o paisagismo
sustentável.

Paisagismo sustentável e tecnologia


Benefícios do Paisagismo Sustentável:

Jardins Verticais

Técnicas e
Tecnologias
de Paisagismo Telhados Verdes
Sustentável:

Sistemas de
Irrigação
Inteligentes

223
1. Quais são os benefícios do paisagismo sustentável e como a tecnologia pode ajudar a criar
paisagens mais eficientes e sustentáveis?

2. Qual das seguintes práticas é mais sustentável para o paisagismo em residências?

a) Uso de pisos impermeáveis que não necessitam de manutenção, como a grama.


b) Utilização de plantas exóticas que requerem manutenção frequente.
c) Uso de sistemas de irrigação ineficientes que não reutilizam água.
d) Criação de jardins com plantas nativas e baixa demanda de água.
e) Utilização de produtos químicos tóxicos para controle de pragas.

3. Leia as seguintes afirmativas sobre tecnologias no paisagismo residencial e classifique-as em


V para verdadeira e F para falsa:

( ) A utilização de sistemas de irrigação inteligentes pode reduzir significativamente o consumo


de água.
( ) O uso de painéis solares para alimentar a iluminação externa pode reduzir o consumo de
energia elétrica.
( ) O uso de jardins verticais pode aumentar a biodiversidade e reduzir o efeito de ilha de calor
urbano.
( ) O uso de produtos químicos para controle de pragas é mais eficaz e sustentável do que o
uso de métodos naturais.
( ) O uso de materiais reciclados e de baixo impacto ambiental é uma prática sustentável no
paisagismo residencial.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta:

a) F, F, V, V, F.
b) V, F, V, F, V.
c) V, V, V, F, V.
d) F, V, F, V, F.
e) V, V, F, V, F.

224
4. A adoção de sistemas sustentáveis e tecnologia tem permitido a criação de paisagens que
são mais resilientes e eficientes em termos de uso de recursos. Escreva, em forma de texto
dissertativo, em três a cinco linhas, como a vegetação pode ajudar a garantir o conforto am-
biental nas edificações.

5. Explique, com suas palavras, em forma de texto dissertativo com cinco a dez linhas, como a
tecnologia pode ser utilizada para gerar energia limpa em paisagens sustentáveis.

225
226
8
Paisagismo e a Análise
para Organização do
Contexto Projetual
Me. Lessyane Rezende de Matos Souza Bonjorno

Esta unidade apresenta a problemática enfrentada pelos arquitetos


ao lidar com as necessidades dos clientes, variáveis ambientais e
contexto do terreno. A falta de compreensão desses elementos pode
levar a projetos ineficientes, disfuncionais ou até mesmo inviáveis.
Entender a interação entre Programa de Necessidades, Diagramas
Analíticos, Requisitos do Cliente, Variáveis Ambientais e do Contexto
do entorno, além do perfil do Terreno, é essencial para o sucesso
de um projeto arquitetônico. Nesta unidade, aprenderemos como
dominar essas habilidades pode transformar a forma como você
pensa e projeta espaços.
UNICESUMAR

O arquiteto paisagista James Corner alerta-nos de que o projeto e o planejamento da paisagem requerem
“uma visão cultural que não pode ser reduzida a procedimentos formais ou ecológicos” apenas (FARAH;
BAHIA; TARDIN, 2010, p. 216). Dessa forma, na compreensão da paisagem como processo, é preciso
considerar a complexa estrutura de relações que é inerente, entre elas as relações culturais e ambientais.
O paisagismo corresponde à técnica utilizada para se criar um espaço livre composto de elementos
arquitetônicos e áreas vegetadas. Nesta técnica de criação são envolvidos princípios de harmonia,
unidade, equilíbrio e conhecimento da anatomia vegetal. O planejamento é dinâmico e prevê análises
e modificações no decorrer do processo projetual. É fundamental que o projeto seja bem elaborado,
para que possa unir com harmonia o espaço, a natureza (flora e fauna) e o ser humano. Promovendo
bem-estar e o uso com segurança.
Você já percebeu que a falta de compreensão dos elementos do contexto, das necessidades do cliente
e das variáveis ambientais levaram a um projeto ineficiente ou disfuncional. Como você acredita que o
conhecimento desses elementos pode impactar a qualidade de um projeto arquitetônico e paisagístico?
Antes de dar início a um projeto de paisagismo, há duas grandes fontes de informação que se
complementam para direcionar a sua concepção: o espaço físico e seus usuários. Do espaço físico,
recolheremos informações objetivas sobre suas dimensões, características e relações com o entorno.
Sobre os usuários, reconheceremos seus interesses, necessidades e expectativas (MALAMUT, 2014).
Desenhar o jardim, ao invés de simplesmente plantá-lo sem planejamento prévio, é permitir que se
realize um controle do espaço e, consequentemente, o controle da forma de contemplar uma paisagem.
Na elaboração de um desenho de jardim devem ser previstos tantos elementos naturais quanto estru-
turais. A reprodução deles num desenho constitui da associação de formas, linhas e proporção, os quais
denominados de elementos de composição de desenhos, formas, condicionantes e elementos naturais.

228
UNIDADE 8

Para Paiva (2008), um jardim é fruto do sonho e criação de quem o idealiza e de quem contrata o
idealizador. Numa análise mais real, ele estimula emoções em quem o contempla e, mais ainda, naquele
que se insere dentro dele para vivê-lo, fundindo o sonho à criação concretizada.
Sabemos que, para realizarmos um bom projeto, precisamos do máximo de informações sobre
o local e sobre as necessidades do cliente. Antes de criar o programa de necessidades, vimos que é
importante ter uma conversa com os clientes para entender o que eles esperam do projeto, quais as
preferências deles, qual é o orçamento, entre outros. Utilize o modelo a seguir de levantamento de
informações. Você pode entrevistar um amigo ou familiar para preencher os dados.

Ficha de Levantamento de Informações para Projeto de Paisagismo

Nome do cliente:
Endereço:
Data do levantamento:
Quantidade de moradores na residência:
Adultos:
Crianças:
Idosos:

Quadro 1 – Ficha de Levantamento de Informações para Projeto de Paisagismo / Fonte: a autora.

• Descreva brevemente o perfil e estilo de vida dos moradores:


• Quais são as principais necessidades e objetivos do projeto de paisagismo?
• Quais são as atividades que você gostaria de realizar no espaço externo? (exemplo: receber
amigos, fazer churrascos, praticar esportes, relaxar etc.).
• Você tem preferência por algum estilo de paisagismo? (exemplo: contemporâneo, tropical,
minimalista, rústico etc.).
• Existe algum elemento específico que gostaria de incluir no projeto? (exemplo: piscina, área de
lazer para crianças, horta, pergolado etc.).
• Como é o clima da região onde a propriedade está localizada? (exemplo: tropical, temperado,
quente, frio).
• Quais são as características do terreno que devem ser consideradas? (exemplo: declive, presença
de árvores, vista para o mar ou montanhas, área plana etc.).
• Existe alguma restrição ou exigência legal que deva ser considerada? (exemplo: regulamentações
de construção, limitações de altura, restrições de vegetação etc.).
• Há preferência por algum tipo de vegetação ou espécies específicas? (exemplo: plantas tropicais,
plantas de baixa manutenção, plantas com flores, árvores frutíferas etc.).
• Você tem alguma restrição em relação à manutenção do jardim? (exemplo: disponibilidade de
tempo, preferência por jardim de fácil manutenção etc.).
• Há necessidade de iluminação externa? Se sim, qual a finalidade da iluminação? (exemplo:
segurança, realce de elementos, valorização estética etc.).

229
UNICESUMAR

• Qual é o orçamento estimado para o projeto de paisagismo?


• Há algum prazo específico para a conclusão do projeto?
• Existe alguma informação adicional que você gostaria de compartilhar sobre suas expectativas
ou desejos para o projeto de paisagismo?

Com base nessas informações, o Programa de Necessidades para esse projeto de arquitetura
paisagística deve incluir:

• Criação de uma área de convivência central com:


• o espaço para mesas;
• o cadeiras e sofás;
• o churrasqueira;
• Piscina com área de solário.
• Jardim com espécies tropicais.
• Pomar com variedades de frutas.
• Área de brincadeiras para as crianças.

A distribuição desses elementos no terreno deve levar em consideração a topografia e a localização


das árvores existentes, buscando integrar as soluções propostas ao contexto natural do terreno. Esses
requisitos devem ser levantados por meio de entrevistas com o cliente e análise de documentos como
plantas de imóveis existentes ou projetos anteriores. Consegue imaginar um caso desse para algum
familiar seu, ou amigo ou conhecido? Você pode usar as informações que você colocou na Ficha de
Levantamento. Imagine essa situação e anote como a faria em seu Diário de Bordo.

230
UNIDADE 8

Desenhar é uma arte cujo dom pertence a talentosos que conseguem exprimir num papel, as formas
e nuances da vida real.
Planejar, ao contrário, exige técnica, conhecimento dos fatos para se conseguir exprimi-los. O
desenho, apesar de ser possível mostrar uma evolução, é uma situação estática, momentânea. O pla-
nejamento é dinâmico, prevê alterações, modificações de uma situação ao longo do tempo.
O paisagismo corresponde à técnica utilizada para se criar um jardim. Nessa criação, estão en-
volvidos princípios artísticos como harmonia, unidade, equilíbrio além de todo o conhecimento das
plantas ornamentais, elemento básico para essa criação.

Figura 1 – Análise de projeto de paisagismo

Descrição da Imagem: a imagem retrata uma mulher segurando uma prancheta com o desenho de um projeto em uma mão e uma
folha com outro desenho de projeto de paisagismo e um lápis na outra mão. Ela está em uma mesa com muitas folhas como as que
ela está na mão. Na imagem também aparece uma parte da tela do computador. A mulher está com uma camisa com listras, a imagem
só mostra uma parte do seu rosto e seu cabelo cacheado.

O projeto de um jardim consiste em desenhar num papel o planejamento de uma situação. Para
aqueles que não possuem o dom da arte do desenho, existem alternativas como recorrer a profis-
sionais especializados ou aos recursos gráficos. Quanto ao planejamento, só o estudo, o aperfeiçoa-
mento, as observações de situações cotidianas poderão contribuir para a formação do profissional.

231
UNICESUMAR


É fundamental que o projeto seja bem elaborado, para que possa unir com harmonia o
espaço, o ser humano e os vegetais. O bom planejamento é fundamental para atender
a todas as expectativas em relação ao espaço trabalhado. Um jardim é fruto do sonho e
criação de quem o idealiza e de quem contrata o idealizador. Numa análise mais real, ele
estimula emoções em quem o contempla e mais ainda, naquele que se insere dentro dele
para vivê-lo, fundindo o sonho à criação concretizada (PAIVA, 2008, p. 482).

Assim, o desenvolvimento de um projeto paisagístico pode ser dividido em três etapas:

1. A partir dos levantamentos preliminares é que serão traçados os primeiros detalhes do jar-
dim. Por meio desses estudos, torna-se possível conhecer o espaço que será trabalhado, assim
como as características dos usuários da área. Esses levantamentos envolvem análise física da
área (levantamento planialtimétrico, levantamento da vegetação etc.) e análise socioeconômica
(questionários, entrevistas, conhecimento da finalidade do jardim).

O levantamento planialtimétrico corresponde a uma detalhada avaliação da área a ser trabalhada.


Esse serviço deve reproduzir o ambiente como se fosse um retrato: tudo o que existir no terreno deve
ser registrado, resultando num desenho em escala. A altimetria registra o grau de declividade do ter-
reno, ilustrando o desenho com curvas de nível. A planta planialtimétrica é a representação do jardim
como se pudesse ser visto inteiro de cima, sem as deformações que a vista provoca.
Em uma planta, a orientação norte-sul é muito importante. Por meio dela, é possível indicar
variação de iluminação pelo sol, durante o dia, formando áreas de luz e sombra, além da direção
dos ventos predominantes.
As espécies vegetais são representadas esquematicamente, na escala do desenho, por sua projeção
horizontal, considerando o seu máximo desenvolvimento. Também outras estruturas existentes, bem
como os materiais utilizados na circulação e nas áreas pavimentadas devem ser registradas nesse projeto.
Deve-se ressaltar que, se o levantamento planialtimétrico estiver errado e não corresponder à
realidade local, o projeto paisagístico automaticamente será falho também.
Para a adequada indicação das espécies, é fundamental a orientação espacial para que se determine
a insolação. Assim, na visita à área, marca-se a orientação norte do projeto. A partir dessa indicação,
é possível saber qual será o caminhamento do sol.

2. A concepção do projeto constituirá no planejamento da área, definindo o uso dos espaços, áreas
de circulação, especificação de vegetação e determinação das estruturas que irão compor a área.

Uma etapa fundamental no processo de concepção de um projeto de arquitetura paisagística é o Pro-


grama de Necessidades. Ele consiste na definição das necessidades e desejos do cliente em relação ao
espaço a ser projetado, levando em consideração aspectos como funcionalidade, estética e orçamento

232
UNIDADE 8

disponível. Além disso, a elaboração do Programa de Necessidades deve incluir a análise de variáveis
ambientais e do contexto do terreno, bem como a identificação de requisitos específicos do cliente.
O desenvolvimento de jardins residenciais tem como característica atender às demandas de clientes
específicos, por exemplo, vontades e desejos de uma família, um casal ou um único cliente. Diferente
dos jardins comerciais, na maioria dos casos, além dos pré-requisitos do cliente/proprietário, é preciso
interpretar e responder aos anseios do público que utilizará o espaço.

Figura 2 – Arquiteta e cliente

Descrição da Imagem: a imagem retrata duas mulheres em um jardim, elas estão segurando um papel e uma delas está apontando
para o jardim, como se estivesse mostrando alguma característica do projeto no espaço para a outra mulher.

O mesmo ocorre em projetos institucionais, corporativos ou de uso público e coletivo: não há apenas
um único cliente atuando junto ao paisagista na concepção do projeto, mas sim uma centena deles
que devem ser considerados para que o sucesso do projeto possa ser alcançado (GONÇALVES, 2018).


Na fase de estudos preliminares, é fundamental se avaliar e conhecer os gostos e necessi-
dades dos usuários do jardim. Esses estudos devem ser feitos tanto para jardins públicos
quanto particulares.
Quando o projeto é de um jardim público, é fundamental se realizar entrevistas junto
aos possíveis usuários da área, principalmente aqueles residentes próximo a ela, para
se avaliar os seus anseios e necessidades, além de descobrir a vocação natural da área
a ser urbanizada. Nem sempre os dados são coincidentes com as ideias e intenções do
paisagista (PAIVA, 2008, p. 484).

233
UNICESUMAR

O levantamento dos costumes, gostos e necessi-


dades da população e dos futuros usuários é um
dado valioso para a essência do projeto. Além
disso, a participação efetiva da população na ela-
boração do projeto irá contribuir, em muito, para
a manutenção e o bom uso da área. Uma avaliação
socioeconômica e um amplo cadastro da paisa-
gem circundante, também enriquecerão o projeto.
3. A representação gráfica e desenho de
apresentação do projeto que correspon-
de ao projeto já elaborado e a forma na
qual será apresentado ao cliente. Inclui,
além das pranchas com desenhos, as pla-
nilhas e o memorial descritivo.

Uma abordagem útil para a elaboração do Pro-


grama de Necessidades é a utilização de diagra-
mas analíticos. Esses diagramas consistem em
representações gráficas das informações levanta-
das durante a análise do contexto do terreno e dos
requisitos do cliente. Eles podem incluir, por exem-
plo, informações sobre a topografia do terreno,
a vegetação existente, a localização de elementos
como piscinas, áreas de lazer, entre outros.
Você pode usar os diagramas de várias formas,
você pode criar um diagrama de zoneamento para
indicar as áreas de atividades específicas em um
projeto de paisagismo, como áreas de recreação,
jardim de inverno, horta, entre outros. Cada zona
é representada por uma cor ou símbolo específi-
co, permitindo uma visualização clara das áreas
do projeto, você pode fazer círculos e manchas
sobre o projeto com cores diferentes para demar-
car cada espaço. Você pode criar também um
diagrama de fluxos para representar a circulação
de pessoas e veículos dentro do projeto de paisa-
gismo para garantir a acessibilidade e a segurança
das pessoas, indicando as rotas de circulação, os
pontos de entrada e saída e a localização de ele-
mentos como escadas e rampas.

234
UNIDADE 8

Figura 3 – Diagramas sobre a área de projeto

Descrição da Imagem:a imagem retrata uma mão segurando um lápis de cor verde, pintando um desenho de uma árvore em uma
planta de localização com as curvas de nível, que possui algumas setas, árvores e algumas edificações. O desenho possui uma parte
colorida e uma parte sem colorir.

Você também pode criar um diagrama de níveis para representar a topografia do terreno e as variações
de alturas para identificar as áreas onde será necessário realizar aterros ou escavações e para definir a
localização de elementos como muros de contenção, escadas e outras estruturas.
Diagrama de plantas também pode te ajudar a organizar e representar as espécies vegetais que se-
rão utilizadas no projeto de paisagismo, indicando a localização de cada planta e suas características
específicas, como altura, diâmetro e formato.

Neste podcast, discutiremos as etapas cruciais para um projeto paisagís-


tico bem-sucedido, desde a análise do contexto até a organização dos
elementos projetuais. Ao longo da conversa, exploraremos a importância
da escolha adequada das plantas, o estudo da topografia, a consideração
dos fatores climáticos e culturais, além do compromisso com a preser-
vação ambiental e a sustentabilidade. Esses elementos essenciais são
fundamentais para a criação de espaços que promovam a qualidade de
vida e estabeleçam uma conexão profunda entre o homem e a natureza.

235
UNICESUMAR

Um recurso que ajuda bastante na maioria dos projetos é o moodboard, que é uma ferramenta visual
que ajuda a transmitir a atmosfera, o estilo e a sensação que se deseja para um projeto. É uma coleção
de imagens, texturas, cores, materiais e outros elementos que representam a inspiração e referência.

Figura 4 – Moodboard físico de materiais

Descrição da Imagem: a imagem retrata vários mostruários de materiais sobre uma mesa, todos em tons parecidos de marrom e rosa,
somente o que se difere das cores é o verde de uma planta. A imagem tem um leque de cores de tintas aberto e alguns mostruários
de MDF, telinha e revistas nas cores da parte do leque de cores que aparece na foto.

Para fazer um moodboard de paisagismo, é preciso primeiro ter uma ideia clara do conceito e estilo
que se deseja transmitir. Em seguida, é preciso coletar imagens e referências que sejam coerentes com
esse conceito. Essas imagens podem ser encontradas em revistas, sites especializados em paisagismo
ou, até mesmo, em redes sociais como o Pinterest.

Nesta pílula, apresentaremos estudos de casos desenvolvidos por ar-


quitetos nacionais. Nela serão destacados o programa de necessidades,
partido paisagístico, fluxos e circulações, condicionantes ambientais e
entorno do lote, elementos e vegetação utilizadas no projeto? Se inte-
ressou? É só acessar!

236
UNIDADE 8

Após a coleta das imagens, é importante orga-


nizar tudo em um painel, que pode ser físico ou
digital, como um arquivo em PDF. As imagens
devem ser dispostas de forma harmoniosa, com Ficou interessado em como se monta

cores e texturas que conversem entre si e com um moodboard? Você poderá ver no
vídeo Dicas para montar um moodboard
o conceito do projeto. O moodboard deve ser
perfeito! uma demonstração de como
apresentado ao cliente para validar se o estilo e
montar um moodboard para seus pro-
a atmosfera estão de acordo com o que ele deseja
jetos de arquitetura.
para o projeto e para guiar a escolha de mate-
Para acessar, use seu leitor de QR
riais, plantas e elementos decorativos. Code.

A primeira entrevista com o cliente é uma etapa


fundamental para o sucesso do projeto de pai-
sagismo. Estabelecer um bom relacionamento,
conduzir a reunião de forma a criar um clima de
confiança e empatia entre o paisagista e o cliente
ajuda a estabelecer um diálogo aberto e franco.
Durante a entrevista, é importante fazer pergun-
tas específicas para entender as necessidades do
cliente. Você deve procurar saber quais são as ex-
pectativas do cliente com relação ao projeto, quais
são as funcionalidades que ele espera da área a ser
projetada, quais são as suas preferências estéticas,
Figura 5 – Moodboard digital entre outras informações relevantes.
Não basta anotar mecanicamente os itens
Descrição da Imagem:a imagem retrata seis imagens mon-
tando uma composição de estilos em tons de bege, rosa e desejados “[...] mas também discutir o tipo e
verde. A primeira imagem tem quatro vasos iguais em uma
escada, a segunda foto aparece algumas folhas verdes de o caráter mais ou menos formal dos espaços.
uma palmeira, a terceira foto são várias conchas, a quarta
imagem tem uma mulher com um vestido branco, um chapéu É preciso saber do interesse por lugares acon-
e uma bolsa de palha em pé na frente de uma parede bege,
a quinta imagem mostra uma flor e na última alguns cactos.
chegantes, sombreados, jardins mais ou menos
densos” (ABBUD, 2006, p. 180).

237
UNICESUMAR

Uma estratégia que pode ajudar a ter mais criatividade para o projeto é o brainstorming, que é uma
técnica de resolução de problemas ou geração de ideias em grupo, em que os participantes compar-
tilham livremente suas ideias e pensamentos em relação a um determinado tópico ou problema. O
objetivo é estimular a criatividade, promover a colaboração e a participação de todos os membros do
grupo, e superar possíveis bloqueios criativos. Essa é uma ótima forma de entender as necessidades e
desejos do cliente e garantir um resultado mais satisfatório.
Você pode fazer perguntas abertas para estimular a criatividade do cliente, como “o que você imagina
para o seu jardim?” ou “quais são os seus maiores desejos para a paisagem?”. Estimule o cliente a fornecer
mais detalhes sobre suas ideias e peça exemplos de projetos que ele tenha gostado. Faça conexões entre
as ideias do cliente, propondo soluções criativas para unir as necessidades e desejos apresentados. Releia
todas as ideias propostas e discuta as melhores opções com o cliente para finalizar o brainstorming.
Quanto aos honorários, apresenta-se o valor a ser pago e como será pago o trabalho profissional: por
mês os por fase entregue etc. É bom lembrar que, geralmente, esses valores não incluem levantamentos
topográficos (essenciais para o início do trabalho) cópias do projeto, viagens, estadas, visitas ilimitadas para
o acompanhamento da obra e plantio etc. Esses custos devem ser apresentados à parte (ABBUD, 2010).

Título: Paisagens particulares


Autor: Ana Rosa de Oliveira
Editora: Dantes (4 agosto 2015)
Comentário: o livro evoca a produção de Burle Marx através dos jardins
particulares para cinco residências e percorre os aspectos de sua formação,
certas constantes de seu método, os desafios para a preservação de seus
jardins e sua relação com diferentes demandas de clientes e arquitetos. A
edição traz projetos, rascunhos de Burle Marx e um belo material fotográfico.

Uma vez fechado o contrato, é pôr a mão na massa. Para iniciar o trabalho, a quantidade e o tipo de
dados necessários variam, dependendo do tamanho da área, do tipo de utilização (residencial, comer-
cial, uso público, particular ou coletivo), das edificações implantadas ou por implantar, da paisagem
do entorno, das necessidades específicas dos usuários etc. (ABBUD, 2010, p. 168).
O paisagista deve visitar o local e analisar as suas condições, como o tamanho da área, a topo-
grafia, o clima, a insolação, a vegetação existente, entre outros aspectos relevantes e com base nas
informações obtidas na entrevista, deve propor soluções criativas e inovadoras que atendam às
necessidades e expectativas do cliente.

238
UNIDADE 8

É importante obter o máximo de informações sobre a área que será objeto da intervenção paisagística.
A parte mais simples é obter, por meio de plantas-baixas (ou de cadastramento in loco ou de levan-
tamentos topográficos), as dimensões do espaço e dos elementos edificados que porventura existam
ou estejam planejados. Declividades, diferenças de nível e o escoamento natural também devem ser
observados e estar registrados graficamente (MALAMUT, 2014, p. 111-112).

Figura 6 – Jardim residencial

Descrição da Imagem: a imagem mostra o jardim de uma casa em que a maior parte é gramado e possui algumas vegetações maio-
res ao redor. Existe um banco na parte gramada descoberta e poltronas na parte calçada do lado direito da imagem, ao dado da casa
embaixo da marquise. Do lado esquerdo e no fundo existe um muro branco. A casa também é branca e cinza e possui uma grande
porta que na imagem está fechada, mas que se abre para o jardim.

As variáveis ambientais e o contexto do terreno são fatores fundamentais a serem considerados em um


projeto paisagístico. Esses elementos influenciam diretamente na escolha das plantas, na disposição
dos elementos construtivos e na harmonia do projeto com o entorno. Entre as variáveis ambientais,
destacam-se o clima, a topografia, a hidrografia, a insolação, a vegetação existente e as condições do
solo. Ao analisar esses fatores, o paisagista pode selecionar espécies vegetais que se adaptem bem ao
clima e ao solo da região, bem como considerar a exposição ao sol e ao vento na disposição das plantas.

239
UNICESUMAR

Gostaria de ver alguns exemplos em que a topografia foi bem utilizada no


paisagismo? Recomendo o artigo intitulado Casa brasileiras: 15 residências
integradas à topografia natural, onde você poderá ver uma seleção de ca-
sas nas quais a topografia é a estrutura que une arquitetura e paisagem.
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

Figura 7 – Paisagismo em desnível

Descrição da Imagem: a imagem retrata um jardim com um desnível, ele possui uma escada em pedra preta com duas esculturas uma
de cada lado do começo da escada, essas esculturas também em pedra preta têm vasos em sua parte superior com vasos de plantas,
todo o restante do espaço é gramado e possui alguns tipos de plantas de cores contrastantes.

A topografia é uma variável ambiental impor- É importante analisar o entorno do projeto e


tante que pode influenciar no projeto paisagís- identificar elementos que possam ser valorizados
tico. Ela pode indicar a necessidade de muros ou integrados ao projeto, como a vista para uma
de contenção ou a criação de áreas em níveis paisagem natural ou a presença de árvores anti-
diferentes, por exemplo. Já a hidrografia pode gas. Também é importante considerar o contexto
sugerir a criação de elementos aquáticos, como arquitetônico e urbano do local, a fim de criar
lagos ou fontes ou a necessidade de estratégias um projeto que se integre harmoniosamente ao
para a captação e armazenamento de água, como entorno e contribua para a qualidade de vida das
o aproveitamento de águas pluviais. pessoas que o frequentam.

240
UNIDADE 8

É necessário que o paisagista faça uma análise Quando o paisagista estiver com todos os da-
detalhada do local e identifique as características dos do levantamento, ele tem condições seguras
do ambiente e do contexto do terreno para criar para elaborar um anteprojeto. O anteprojeto
um projeto paisagístico eficiente e harmonioso. consiste na apresentação da solução conceitual
A partir daí, é possível selecionar as plantas mais e física do problema, com as definições, distri-
adequadas, escolher materiais e elementos cons- buição das funções e das áreas de intervenção
trutivos que se integrem ao ambiente natural e com seus elementos principais, naturais e/ou
arquitetônico e valorizar elementos do entorno edificáveis, em escala adequada, sob a forma de
que possam ser incorporados ao projeto. desenhos e cortes esquemáticos e pode ser feito
Deve-se ter a consciência de que, quando se nas seguintes etapas:
intervém numa área, é preciso aproveitar o que
já ocorre naturalmente no terreno, por exemplo, • lançar, em planta planialtimétrica da obra,
os recursos hídricos: protegendo nascentes, rios, as áreas de uso pré-dimensionadas e a cir-
riachos, córregos, lagos e cachoeiras. Formações culação;
rochosas não deverão ser retiradas sem a prévia • resolver os problemas de divisão dessas
avaliação de um geólogo, paleontólogo ou ar- áreas em relação ao uso;
queólogo. Da mesma forma, nunca se deve re- • compor a proteção aos ventos sul e no-
mover a flora nativa. Quando se está reformando roeste, a proteção ao sol da tarde e criar
uma área, parte da vegetação, sobretudo as de o espaço necessário ao livre acesso do sol
porte mais alto, geralmente são mantidas. Elas nascente;
devem estar locadas, indicadas no projeto. • elaborar a organização final dos diversos
Na área onde será projetado o jardim, deve- espaços verdes que compõem a obra; apre-
-se observar a existência (ou se haverá projetos sentar e discutir o projeto com o cliente.
futuros) de algumas instalações, que podem li-
mitar o uso de determinadas espécies: presença Na verdade, essas etapas se sobrepõem, pois, no pro-
de rede elétrica, aérea ou subterrânea; presença cesso global, na medida em que os problemas vão
de rede telefônica ou fibra ótica; presença de ca- sendo resolvidos, há necessidade de reconsiderar par-
nos da rede hidráulica ou pluvial; rede de esgoto, cialmente ideias anteriores em benefício do conjunto.
fossas; áreas reservadas para outras finalidades Segundo Paiva, 2008, no processo de elabo-
que não jardim, sobretudo para construção de ração do anteprojeto, a distribuição espacial é
outras edificações, entre outros condicionantes muito importante, consiste em dividir a área total
importantes. em espaços menores, conforme cada tipo de uso,
Não menos importante, em muitos casos, é a formando ambientes estrategicamente distribuí-
percepção do genius loci, o “espírito do lugar”. É dos, para os seguintes tipos de lazer existentes:
preciso lembrar que o entendimento do espaço Lazer contemplativo: realizado em áreas
vai além de sua materialidade, abrangendo tam- onde o que predomina é a beleza plástica, o bo-
bém seus significados e vínculos afetivos de seus nito. Nessas áreas, deve ser inserido tudo o que
usuários (MALAMUT, 2014, p. 115 e 118). provoca admiração à visão. Deve ser considera-

241
UNICESUMAR

da, além do sentido da visão, a audição, isolando


alguns ambientes para proporcionar o máximo
de silêncio, que só poderá ser rompido pelo som
dos pássaros, dos insetos, do movimento das fo-
lhas etc. Há também o sentido do olfato: o uso
de flores perfumadas é bastante indicado. O tato
é outro sentido que deve ser considerado, pois
elementos atrativos sempre são tateados. Esse tipo
de lazer é um dos mais importantes, pois impõe
aos usuários o respeito pelo uso, diminuindo,
consequentemente, as depredações, além de
promover repouso mental, bem-estar e paz.
Lazer recreativo: as áreas reservadas ao lazer
recreativo devem estar estrategicamente locali-
zadas, de modo a não intervir nas demais áreas
de lazer. Aqui são incluídos os “playgrounds”, os
parquinhos de diversão, com equipamentos es-
pecíficos para essa finalidade. Para os idosos, a O lazer aquisitivo: pode ser subdividido em
recreação pode ser representada por áreas silen- dois tipos: o “lazer gastronômico”, representado,
ciosas, tranquilas, com mesas e bancos fixos, em nos projetos de paisagismo, pelos restaurantes,
que se possa jogar baralho, xadrez, dominó etc. lanchonetes, “traillers” de sanduíche, locais para
Lazer esportivo: o lazer esportivo é uma carrinhos de sorvetes, lanches, pipocas ou co-
realidade que produz vários benefícios aos fre- midas típicas. Para o “lazer aquisitivo pessoal”,
quentadores no que diz respeito à saúde física e correspondem áreas, equipamentos ou edifica-
mental. Como existe uma infinidade de esportes e ções onde os usuários possam comprar objetos
cada qual necessita de um espaço específico, não é de uso pessoal ou doméstico, representados nos
difícil incluir áreas destinadas a esse tipo de lazer. projetos como minishoppings, áreas para feiras
O paisagista deve identificar qual a preferência de artesanato ou outros.
dos possíveis usuários ou a tendência de uso da Para que o andamento do projeto aconteça
área. Podem ser construídos campos de futebol, da melhor forma possível, é importante criar um
quadras poliesportivas, pistas de caminhada e cronograma, definindo prazos para cada etapa do
ou corrida, piscinas, espaços para alongamento, processo. Isso ajuda a garantir que o projeto seja
ginástica, entre outros. entregue dentro do prazo estabelecido e com a
Lazer cultural: na distribuição espacial do qualidade esperada.
anteprojeto, devem ser previstas áreas para mani- Os cronogramas são ferramentas importantes
festações culturais, não só para profissionais, mas para o planejamento e a gestão do tempo em um
principalmente para amadores, artistas, poetas, projeto paisagístico. Eles ajudam a definir prazos,
compositores e músicos. Os equipamentos que estabelecer prioridades e acompanhar o progres-
ocupam essas áreas podem ser coretos, teatros de so do trabalho, garantindo que o projeto seja en-
arena, anfiteatros ou simplesmente espaços livres. tregue dentro do prazo previsto e com qualidade.

242
UNIDADE 8

Uma das principais vantagens de se utilizar um cronograma é a possibilidade de identificar possíveis


atrasos ou problemas no andamento do projeto, permitindo que sejam tomadas medidas corretivas
para garantir o cumprimento dos prazos. Além disso, um cronograma bem estruturado também ajuda
a otimizar o uso dos recursos disponíveis, evitando desperdícios e reduzindo custos.
Para criar um cronograma eficiente, é preciso definir prazos realistas e viáveis, levando em con-
sideração o tamanho e a complexidade do projeto, bem como os recursos disponíveis. É importante
manter o cronograma atualizado, revisando-o regularmente e fazendo ajustes sempre que necessário e
envolver toda a equipe responsável pelo projeto no planejamento e acompanhamento do cronograma,
garantindo que todos estejam alinhados e trabalhem em conjunto para atingir os objetivos estabelecidos.
A apresentação do projeto de paisagismo é uma etapa crucial para garantir a satisfação do cliente
e a aprovação do trabalho realizado. É importante lembrar que o projeto deve ser apresentado de forma
clara e objetiva, para que o cliente possa entender e visualizar as soluções propostas.
Antes de apresentar o projeto, é importante ter certeza de que todas as etapas anteriores foram cumpri-
das de forma adequada, como a análise do terreno, a definição do programa de necessidades, a elaboração
de diagramas analíticos, a identificação dos requisitos do cliente e a abordagem das variáveis ambientais.
A apresentação do projeto pode ser feita por meio de desenhos, maquetes, imagens em 3D, fotogra-
fias ou até mesmo por meio de uma apresentação em slides. Independentemente do método escolhido,
é importante que o projeto seja apresentado de forma clara e objetiva, com informações suficientes
para que o cliente possa visualizar o resultado final.
Durante a apresentação, o paisagista deve explicar todas as soluções propostas e como elas atendem
às necessidades do cliente e do terreno. Além disso, é importante estar aberto a sugestões e críticas do
cliente, a fim de ajustar o projeto conforme suas expectativas e preferências.

Caro(a) estudante, você já ouviu falar no “Plantscaping” antes? Gostaria


que você aprendesse mais sobre essa ideia. No artigo intitulado Paisagis-
mo de interiores: o que é ‘plantscaping’? você vai aprender sobre um novo
conceito de paisagismo de interiores e ver alguns exemplos de projetos
que esse conceito é usado.
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

Ao final da apresentação, é importante esclarecer todas as dúvidas do cliente e deixar claro os próximos
passos do projeto, como a elaboração do orçamento e o início da execução. Com uma apresentação
bem-feita e uma comunicação clara, é possível garantir a aprovação do projeto e a satisfação do cliente.
Caro(a) aluno (a), nesta unidade, você compreendeu que a criação de um projeto de paisagis-
mo eficiente e harmonioso requer uma abordagem multidisciplinar que envolve a compreensão do
programa de necessidades, a análise do contexto do terreno e das variáveis ambientais, bem como a

243
UNICESUMAR

consideração dos requisitos e expectativas do cliente. A utilização de ferramentas como diagramas


analíticos e moodboards pode facilitar a visualização e a organização das informações, contribuindo
para um resultado mais satisfatório. Além disso, é importante lembrar que o paisagismo não deve ser
encarado isoladamente, mas sim como parte integrante de um projeto mais amplo, considerando o
contexto arquitetônico e urbano do local. Com uma abordagem cuidadosa e integrada, é possível criar
espaços verdes que sejam esteticamente agradáveis, funcionais e que contribuam para a qualidade de
vida das pessoas que os frequentam.
Você se lembra da atividade que propus no início da unidade? Vamos imaginar a seguinte situa-
ção e respondê-la!
Ficha de Levantamento de Informações para Projeto de Paisagismo

Nome do cliente: Família Oliveira


Endereço: Rua das Flores
Data do levantamento: 15 de maio de 2023
Quantidade de moradores na residência: 4
Adultos: 2
Crianças: 2
Idosos: 0

Quadro 2 - Ficha de Levantamento de Informações para Projeto de Paisagismo preenchida / Fonte: a autora.

Descreva brevemente o perfil e estilo de vida dos moradores.

R.: Somos uma família jovem e ativa. Gostamos de passar tempo ao ar livre, receber amigos e realizar
atividades recreativas em família.

Quais são as principais necessidades e objetivos do projeto de paisagismo?

R.: Desejamos criar um espaço acolhedor para receber amigos e familiares, bem como um local se-
guro e agradável para nosso filho brincar. Também queremos um jardim que reflita nossa paixão por
plantas tropicais.

Quais são as atividades que você gostaria de realizar no espaço externo?

R.: Gostaria de ter um espaço para churrascos e refeições ao ar livre, uma área de recreação para crianças
e um local tranquilo para relaxar e desfrutar do jardim.

244
UNIDADE 8

Você tem preferência por algum estilo de paisagismo?

R.: Estilo contemporâneo, com toques tropicais para refletir nossa localização em uma região de clima
quente.

Existe algum elemento específico que gostaria de incluir no projeto?

R.: Uma piscina, um playground para nosso filho e um canteiro de ervas e temperos na área da cozinha.

Como é o clima da região onde a propriedade está localizada?

R.: A região possui clima tropical, com sol intenso e chuvas frequentes.

Quais são as características do terreno que devem ser consideradas?

R.: Nosso terreno possui declive acentuado em uma das extremidades e uma pequena área plana no
centro. Há uma árvore frondosa no centro do terreno e algumas árvores menores nas extremidades.

Existe alguma restrição ou exigência legal que deva ser considerada?

R.: Não há restrições ou exigências legais específicas.

Há preferência por algum tipo de vegetação ou espécies específicas?

R.: Gostaríamos de incluir plantas tropicais como palmeiras, bananeiras e helicônias, bem como árvores
frutíferas como manga e jabuticaba.

Você tem alguma restrição com relação à manutenção do jardim?

R.: Preferimos um jardim de fácil manutenção, pois temos uma rotina agitada, porém estamos dispostos
a investir em um sistema de irrigação automatizado, se necessário.

Há necessidade de iluminação externa? Se sim, qual a finalidade da iluminação?

R.: Sim, gostaríamos de ter iluminação externa para proporcionar segurança e realçar os elementos
do jardim durante a noite.

245
UNICESUMAR

Qual é o orçamento estimado para o projeto de paisagismo?

R.: Nosso orçamento estimado para o projeto de paisagismo é de R$30.000,00.

Há algum prazo específico para a conclusão do projeto?

R.: Não há um prazo específico, mas gostaríamos de ter o projeto concluído dentro de seis meses.

Existe alguma informação adicional que você gostaria de compartilhar sobre suas expectativas
ou desejos para o projeto de paisagismo?

R.: Gostaríamos que o projeto levasse em consideração a integração harmoniosa entre os elementos
do jardim e a área de convivência, criando um espaço funcional e esteticamente agradável para nossa
família desfrutar.

De posse dessas informações, você conseguirá facilmente criar seu próprio trabalho! Viu como
é fácil? Agora é com você!

246
Escreva nos espaços em branco a seguir duas ou mais características que você aprendeu sobre
cada uma das variáveis ambientais no projeto de paisagismo.

Variáveis Ambientais no Projeto de Paisagismo

Importância da
Integração ao
Seleção de Análise Detalhada do
Análise do Local Contexto Arquitetônico
Espécies Vegetais Local e das Variáveis
e Urbano
Ambientais

Figura 1 – Mapa mental / Fonte: a autora.

Descrição da Imagem: a imagem mostra um mapa mental com título “Variáveis Ambientais no Projeto de Paisagismo”, que
possui quatro círculos verdes, da esquerda para a direita, com as frases: “Análise do local”; “Seleção de espécies vegetais”;
“Integração ao contexto arquitetônico e urbano”; e “Importância da análise detalhada do local e das variáveis ambientais”,
respectivamente. Cada um deles possui uma seta para baixo indicando para um círculo maior em que você irá preencher
de acordo com o que foi solicitado.

247
1. Qual é a importância da elaboração do Programa de Necessidades em um projeto de arquite-
tura paisagística? Escreva sua resposta em forma de texto dissertativo, de cinco a dez linhas.

2. Quanto às etapas de um projeto de paisagismo, assinale a alternativa CORRETA:

a) Apenas o contato com o cliente e a execução do projeto.


b) Contato com o cliente, levantamento do local, elaboração do programa de necessidades,
concepção e representação da proposta.
c) Levantamento do local, elaboração do programa de necessidades, execução do projeto.
d) Contato com o cliente, execução do projeto, apresentação da proposta.
e) Nenhuma das alternativas.

3. Por que é importante considerar o contexto arquitetônico e urbano no projeto de paisagismo?


Escreva sua resposta em forma de texto dissertativo, de duas a cinco linhas.

4. Uma das principais preocupações do paisagista é selecionar as espécies vegetais mais adequadas
para o projeto, garantindo, assim, que as plantas se desenvolvam bem e contribuam para a esté-
tica e funcionalidade do espaço. Como o paisagista pode selecionar espécies vegetais adequadas
para o projeto? Escreva sua resposta em forma de texto dissertativo, de cinco a dez linhas.

5. Assinale (V) para verdadeiro e (F) para falso. Durante a entrevista e o brainstorming com o
cliente do projeto de paisagismo, é importante:

( ) Ignorar as preferências do cliente e seguir somente as recomendações técnicas do pai-


sagista.
( ) Identificar as necessidades e desejos do cliente em relação ao projeto.
( ) Não levar em consideração o orçamento disponível para o projeto.
( ) Focar apenas na estética do projeto, sem considerar a funcionalidade e praticidade.
( ) Não se preocupar com o contexto ambiental e arquitetônico do terreno.

Assinale a alternativa correta:

a) V, F, V, V, V.
b) V, F, V, F, V.
c) F, V, F, V, F.
d) F, V, F, F, F.
e) V, F, F, F V.

248
9
Etapas de Projeto
e Representação
Gráfica no Paisagismo
Me. Lessyane Rezende de Matos Souza Bonjorno

Nesta unidade, será abordado o tema da representação de projetos


paisagísticos, incluindo as formas de representação, elementos grá-
ficos e textuais bem como as etapas de desenvolvimento do projeto.
Serão discutidos tipos e métodos de representação de espécies
vegetais, tanto no método à mão livre quanto no desenho auxiliado
por computador. Além disso, serão apresentadas as peças gráficas
e elementos textuais que compõem os projetos paisagísticos, as
suas etapas preliminares e a concepção da proposta paisagística.
UNICESUMAR

Como os paisagistas se comunicam? Embora con- A equipe desenhou à mão livre as plantas e
versem e troquem ideias e conceitos livremente, perspectivas tridimensionais do projeto, utili-
por meio da linguagem e do texto, isso pode ser zando lápis de colorir, canetas coloridas e outros
limitante, em especial, para explicar ou descrever materiais, para dar vida e realismo aos desenhos.
configurações, formas e padrões mais complexos. As espécies vegetais foram representadas com
Para os paisagistas, que trabalham em três di- cores que indicavam suas características, como
mensões, a comunicação visual, com frequência, as flores e folhagens.
descreve com mais precisão e, também, é mais aces- Elementos como bancos, vasos e iluminação
sível. A comunicação visual ou gráfica das ideias de também foram ilustrados de forma artística, mar-
um projeto permite ao paisagista trabalhar mais rá- cando ou reforçando os efeitos de luz e sombra.
pida e eficazmente, usando desenhos em proporção Além disso, a equipe usou técnicas de texturi-
ou em escala, para obter mais precisão. zação e sombreamento. A fim de diferenciar os
Designers de jardins usam duas grandes cate- materiais e cores utilizados no projeto.
gorias para transmitir ideias: desenhos técnicos ou A Sra. Ana ficou encantada com o resultado
arquitetônicos e desenhos à mão livre ou esboços. final e a representação gráfica humanizada, a qual
Imagine a seguinte situação: o projeto de a permitiu visualizar, com clareza, como ficaria
paisagismo residencial da Sra. Ana foi de- seu jardim após a execução do projeto.
senvolvido por um pequeno escritório de Imagine que você faz parte da equipe de paisa-
paisagismo. Para a representação gráfica do gismo responsável pelo projeto da Sra. Ana. Com
projeto, a equipe optou por uma abordagem base no texto e nas informações fornecidas, reflita
humanizada, utilizando técnicas manuais de sobre a importância da representação gráfica hu-
ilustração artística. manizada no projeto de paisagismo.

250
UNIDADE 9

Considerando a abordagem humanizada utilizada pela equipe de paisagismo no projeto da Sra.


Ana, explique por que a representação gráfica artística é uma ferramenta valiosa para transmitir ideias
e permitir que os clientes visualizem, com clareza, o resultado final.
Escreva um texto breve explicando sua opinião sobre a importância da representação gráfica huma-
nizada no projeto de paisagismo, destacando como ela pode auxiliar na comunicação e compreensão
das ideias aos clientes. Utilize exemplos e argumentos para fundamentar suas afirmações.
Consegue transportar seu pensamento a este formato exato de comunicação? Agora, você pode
desenvolver um projeto de paisagismo residencial simplificado, utilizando técnicas manuais de ilus-
tração artística voltados à representação gráfica. Escolha algumas espécies vegetais para compor o
jardim e adicionar elementos, tais como: bancos, vasos e iluminação.
Em seguida, desenhe à mão livre as plantas e perspectivas tridimensionais do projeto, utilizando
lápis de colorir, canetas coloridas e outros materiais, com o objetivo de dar vida e realismo aos dese-
nhos. É importante utilizar as técnicas de texturização e sombreamento para diferenciar os materiais
e cores utilizados no projeto.
Ao final, apresente seus projetos e representações gráficas humanizadas no seu Diário de Bordo,
explicando as técnicas que foram utilizadas para dar mais vida e realismo aos desenhos. Esta prática
permitirá que todos compreendam a importância da representação gráfica humanizada nas visuali-
zação e compreensão de projetos paisagísticos.

251
UNICESUMAR

O desenho é a linguagem do paisagista para transmitir suas ideias e soluções de projeto. A represen-
tação pode ser feita à mão livre ou por software, seguindo normativas de desenho técnico, a fim de
obter uma interpretação universal. Na representação de projetos paisagísticos, a representação gráfica
de elementos vivos, como as plantas, é fundamental para aproximar a realidade e o cliente.
Softwares ajudam na representação em três dimensões. A personalidade do profissional é definida
pelo traço e linguagem de representação gráfica. É fundamental estar aberto a novas formas de repre-
sentação, com o intuito de desenvolver trabalhos com mais facilidade e agilidade.
Quando os paisagistas desenvolvem seu trabalho, o desenho de vista superior é o foco do processo.
Para entendê-lo, devemos imaginar que podemos planar sobre o jardim e olhar para baixo, tal como
um pássaro quando voa nas alturas, o que nos possibilita enxergar o espaço representado como um
padrão. Isso é útil ao paisagista, pois permite que os objetos sejam dispostos, com muita precisão, nos
limites do jardim, uma consideração importante na transposição do projeto à realidade. Para o leigo,
porém, entender esta imagem é, muitas vezes, difícil, já que não é o modo pelo qual uma pessoa, nor-
malmente, percebe ou vê um jardim.

Figura 1 - Desenho de projeto de paisagismo

Descrição da Imagem: a figura apresenta uma fotografia colorida de uma mulher segurando um tablet que mostra o desenho de um
projeto da paisagem, enquanto essa mulher segura uma caneta eletrônica na mão. Ela está sentada em um sofá com o tablet no colo,
veste uma roupa branca e um casaco verde.

252
UNIDADE 9

O plano adotado é bidimensional, incluindo comprimento e largura. O uso de escala permite que estas
dimensões sejam lidas e compreendidas com exatidão. Nesses desenhos, falta a informação sobre a
altura, e os designers precisam considerar outras formas de transmitir esta terceira dimensão.
A representação gráfica é essencial ao profissional paisagista, permitindo que ele crie sua própria
linguagem e apresente projetos de forma clara e objetiva.


Para o cliente, desenhos à mão livre são compreendidos e interpretados mais rapida-
mente. Geralmente em forma de esboço, eles parecem mais realistas, transmitindo
talvez o estado de espírito ou a atmosfera de um jardim com mais eficiência. Contu-
do, desenhos técnicos ou arquitetônicos têm sua importância na criação de jardins
bem-sucedidos (WILSON, 2016, p. 10).

Softwares são importantes aliados, permitindo a criação e edição de blocos e templates, o que facilita o
trabalho de representação e cria uma linguagem uniforme. Com isso, é possível usar sempre a mesma
representação gráfica para identificar espécies de vegetais, tornando o trabalho mais ágil e consistente. A
utilização de templates também facilita o trabalho em equipe bem como garante a qualidade do projeto.
Como você pode perceber, a representação gráfica é fundamental ao trabalho do paisagista, e os
softwares são importantes ferramentas para garantir a eficiência, agilidade e consistência na repre-
sentação gráfica dos projetos.

O vídeo “Revit | Componentes para Representação de Paisagismo” mostra


como é possível combinar um programa técnico — o Revit — com uma
apresentação um pouco mais artística para um projeto paisagístico.
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

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UNICESUMAR

Figura 2 - Template para de projeto de paisagismo

Descrição da Imagem: a figura retrata, por meio de uma ilustração, vários blocos para serem usados em projetos paisagísticos. Eles
dividem-se em quatro grupos; o primeiro mostra elementos em madeira, como bancos, balanços e mesas, o segundo apresenta quatro
tipos de pavimentações, o terceiro, 15 tipos de árvores, o quarto e último, um conjunto de blocos com arbustos.

O uso de diferentes espessuras de linha, recurso também chamado de hierarquia de linha, pode
passar a sensação da altura relativa das estruturas, das plantas e dos complementos do jardim. Co-
res e, em especial, luzes e sombras, também comunicam uma impressão mais realista e tangível de
formas e alturas tridimensionais.
Paisagistas usam linhas contínuas e uniformes para sugerir ou indicar materiais rígidos e elementos
de construção, dando aos desenhos uma qualidade arquitetônica ou de engenharia. Uma linha partida
ou mais orgânica sugerem materiais flexíveis ou plantas. Se usadas juntas, podem levar a resultados
visualmente sedutores e transmitir o clima, o espírito ou a personalidade do jardim (WILSON, 2016).
As etapas do projeto paisagístico variam de acordo com o tipo e complexidade do projeto, mas,
geralmente, envolvem as seguintes fases, segundo Abbud (2006):

I. Estudo preliminar (plano de massas).


II. Anteprojeto.
III. Projeto executivo dos elementos construídos (layout).
IV. Projeto executivo de plantio.

Antes destas etapas, existem, contudo, outros procedimentos, desde o primeiro contato com o cliente
até, finalmente, a iniciação dos projetos enquanto elemento gráfico.
Com as condicionantes conhecidas e o programa de necessidades definido, inicia-se o proces-
so de zoneamento espacial, ou seja, a distribuição geral dos elementos (vegetais e construídos). O

254
UNIDADE 9

zoneamento prevê o caráter dos espaços, demonstra, aproximadamente, as dimensões dos equipa-
mentos, maciços arbustivos, áreas de vegetação arbórea, caminhos etc., em suma, como se dará a
configuração do jardim (ABBUD, 2006).
A próxima etapa, considerada a primeira do projeto gráfico, é o estudo preliminar, que se trata
de uma depuração do zoneamento espacial. O estudo preliminar, também conhecido como plano
de massas, é uma etapa importante no processo de projeto paisagístico. Nele, o paisagista define as
principais ideias, conceitos e estratégias que serão utilizadas na elaboração do projeto final. Para isso,
é realizada uma análise do local e do contexto onde o projeto será implantado, em seguida, é desenvol-
vido o plano de massas, um conjunto de esboços, croquis e desenhos que representam a distribuição
dos elementos no espaço. Ao final, o paisagista apresenta esse plano ao cliente e discute as propostas
e soluções apresentadas, aprimorando o projeto antes de seguir às próximas etapas.

Figura 3 - Desenho à mão de um projeto de paisagismo

Descrição da Imagem:a figura retrata um desenho feito à mão de um jardim com uma fonte central. Há um espelho d’água ao redor
dela e, de um lado da fonte, há um banco contornando-a. Atrás desse banco, estão algumas árvores e vegetações maiores e, no restante
do espaço, ao redor do espelho d’água, há grama e algumas vegetações menores. Em cima desse desenho, estão um escalímetro e
alguns lápis de cor.

Outras informações relevantes que balizam o desenvolvimento do projeto são o percurso aparente
do sol (e suas variações ao longo do ano) e o sombreamento resultante, os quais fazem a especificação
adequada da vegetação bem como a destinação dos usos adequados para cada área (MALAMUT, 2014).
O anteprojeto é uma continuação do estudo preliminar no processo de projeto paisagístico. Ele
deve ser elaborado de forma a permitir o fácil entendimento do projeto como um todo, com explici-
tação do partido adotado, distribuição espacial das atividades e indicação do tratamento paisagístico

255
UNICESUMAR

e linguagem de desenho a ser imprimido a cada espaço. Além disso, o anteprojeto deve conter defini-
ção básica dos materiais a serem adotados, modelagem preliminar do terreno, tipologia da vegetação
e indicação de elementos especiais: estruturas, peças de água, obras de arte, entre outros. Esta fase
também deve incluir informações que possibilitem a estimativa de custo da implantação do projeto.
No anteprojeto, a linguagem gráfica é de fácil compreensão, dada por meio de desenhos coloridos,
perspectivas e plantas humanizadas (ABBUD, 2006).

Figura 4 - Desenho de um projeto de paisagismo

Descrição da Imagem:a figura retrata um desenho de um projeto paisagístico pintado com lápis de cor colorido. O projeto mostra um
grande gramado, uma piscina contornada por um deque e a casa com uma garagem para dois carros. Em cima do desenho, há um
escalímetro, um compasso e uma régua-gabarito de círculos.

O projeto executivo é a fase final do processo de projeto paisagístico. Ele corresponde ao desenvol-
vimento da proposta com base no anteprojeto consolidado, é composto por plantas, cortes e detalhes
construtivos que devem indicar o modelado no terreno, cotas de nível, especificação dos materiais
e distribuição dos equipamentos, soluções de drenagem, pontos de água e luz. Além disso, o projeto
executivo — o qual é a fase em que o projeto paisagístico é detalhado e finalizado, tornando-se apto
para ser executado no terreno — pode ser acompanhado de um memorial descritivo e quantitativo.

256
UNIDADE 9

Neste podcast, apresentaremos a riqueza de criatividade e de imagi-


nação que os paisagistas levam aos jardins nos quais trabalham. Con-
versaremos sobre as principais técnicas que profissionais utilizam para
a apresentação de projetos, reconheceremos que, sem o desenho, é
praticamente impossível transmitir a concepção do projeto para o papel
e apresentar a qualidade concebida à execução final.

Figura 5 - Desenho de um projeto executivo de paisagismo

Descrição da Imagem:a figura mostra uma fotografia colorida de algumas folhas de projeto sobre uma mesa onde uma pessoa está
com as duas mãos sobre ele, uma mão segura um lápis e a outra segura a folha que estava enrolada, para ela ficar aberta enquanto
a pessoa analisa o projeto. A imagem não mostra o rosto, somente os braços, mãos e uma parte das pernas da pessoa que está em
pé, atrás de uma mesa.

No paisagismo, a representação gráfica é fundamental para a visualização e comunicação do projeto,


permitindo que as ideias sejam transmitidas de forma clara e objetiva. Existem vários tipos de repre-
sentação gráfica a serem utilizados no paisagismo, tais como:
A representação técnica é uma etapa importante no processo de projeto paisagístico e segue
as mesmas normas de desenho técnico utilizadas em outras áreas, como edificações ou projetos
de interiores. Isso significa que é necessário seguir um conjunto de regras e convenções estabe-
lecidas, para que a representação gráfica seja clara, precisa e facilite a compreensão do projeto
por parte de todos os envolvidos.

257
UNICESUMAR

A norma técnica brasileira NBR 6492 (ABNT, técnicos, todos estes elementos ajudam a mos-
2021) estabelece as diretrizes para a representação trar, em detalhes, os elementos que compõem o
gráfica de projetos de arquitetura, engenharia e projeto: caminhos, áreas verdes, equipamentos
agronomia, incluindo projetos paisagísticos. Den- urbanos e elementos de decoração.
tre as principais diretrizes estabelecidas pela nor- Além disso, é importante ressaltar que a repre-
ma, destacam-se a padronização de linhas, os tipos sentação técnica deve ser acompanhada de um me-
de traço, os símbolos gráficos e as convenções de morial descritivo que contém informações sobre as
representação, como a utilização de escalas e cotas. espécies vegetais escolhidas, os materiais utilizados,
os equipamentos urbanos e outras especificações
técnicas relevantes para a execução do projeto.
Abbud (2006) recomenda uma forma de in-
dicação de vegetação para projetos paisagísticos
muito utilizada entre os profissionais, como segue:

Convenção de legenda:
21 = quantidade.
PHBI = nome da espécie – PH (duas primei-
ras letras correspondente ao gênero); BI (duas
primeiras letras correspondente à espécie) –
Philodendron bipinnatifidum.
60 = porte (cm).
70 = espaçamento de plantio (cm).

A fase do desenho é uma etapa crucial na concep-


ção e desenvolvimento de um projeto paisagístico,
pois é por meio dela que o projeto é materializado
e compreendido tanto pelos clientes quanto pela
equipe de execução. Esta etapa deve ser clara e pre-
cisa, permitindo a visualização das peças gráficas
do projeto. Esta última, junto com os planos e pro-
postas em arquitetura paisagística, em suas dife-
Figura 6 - Projeto técnico rentes escalas, sempre tem apresentado constantes
desafios. Devido ao seu caráter interdisciplinar,
Descrição da Imagem: a figura mostra, por meio de uma
fotografia colorida, algumas folhas de projeto onde aparecem a incorporação de conceitos e saberes de outras
a parte da planta de uma casa e uma parte da área externa
com vegetações e as curvas de nível. Estes projetos estão um áreas do conhecimento tem representado bastante
sobre o outro e, em cima de um deles, há dois lápis.
esforço para o rebatimento destes conceitos em re-
presentações gráficas capazes de materializar uma
No caso específico do projeto paisagístico, a re- ideia (FARAH; BAHIA; TARDIN, 2010).
presentação técnica pode incluir plantas baixas,
cortes, elevações, perspectivas e detalhamentos

258
UNIDADE 9

O projeto paisagístico é dividido em três grandes partes: a concepção paisagística, a definição


e especificação de espécies e demais materiais, a implantação/execução.
Na concepção paisagística, é definida a forma de ocupação do espaço e as características volu-
métricas das plantas; na definição e especificação de espécies e demais materiais, são escolhidos os
tipos de plantas, mobiliários e elementos decorativos a serem utilizados; na implantação/execução,
são apresentadas as instruções para a execução do projeto.
A apresentação dos projetos paisagísticos divide-se em dois elementos: elementos gráficos e
especificações/elementos textuais. Os primeiros incluem plantas, cortes, elevações, perspectivas e
detalhes construtivos. As plantas apresentam a distribuição das espécies no espaço, os cortes e elevações
apresentam as características do terreno e a distribuição das plantas em diferentes níveis, as perspectivas
mostram a visão do projeto em 3D, enquanto os detalhes construtivos mostram informações sobre os
materiais e técnicas de construção a serem utilizados. Já os segundos incluem tabela botânica, lista de
materiais, legendas e especificações técnicas, que dão informações relacionadas a espécies utilizadas,
materiais a serem empregados e técnicas de implantação e manutenção do projeto.

A planta planialtimétrica é uma das principais ferramentas utilizadas na representação gráfica de


projetos paisagísticos. Ela permite a visualização de todas as informações necessárias à implantação
do projeto, incluindo espécies vegetais, caminhos, elementos construídos e detalhes construtivos. É
fundamental que esta planta apresente a indicação de norte e dos ventos predominantes para a correta
compreensão das áreas de luz e sombra. As legendas com a identificação das espécies vegetais e dos
materiais utilizados para a composição do projeto também são essenciais, sendo importante que as
espécies sejam representadas em sua forma adulta, a fim de transmitir uma ideia clara do resultado
final. A elaboração correta da planta planialtimétrica é fundamental para garantir tanto a eficácia
quanto o sucesso do projeto paisagístico.

259
UNICESUMAR

Já as plantas baixas são representações bidimensionais da área a ser trabalhada, mostrando a


disposição dos elementos no terreno, como: caminhos, canteiros, áreas de lazer, entre outros. As plantas
baixas são essenciais à fase de planejamento do projeto, pois permitem que o profissional visualize o
espaço a ser trabalhado e faça as correções necessárias.

Figura 7 - Desenho de uma planta baixa de paisagismo humanizada

Descrição da Imagem: a figura mostra a fotografia colorida de uma planta baixa de uma área de lazer onde aparece uma parte do
projeto da casa. A maior parte da imagem é composta pelo desenho de caminhos, gramados, arbustos e uma piscina com um deque
de madeira. Todo o desenho é colorido com lápis de cor e, sobre ele, há alguns desses lápis.

No paisagismo, o corte é um elemento gráfico importante que apresenta, em detalhes, a verticalidade


dos elementos presentes no projeto, possibilitando melhor visualização dos diferentes alturas e níveis.
Além disso, o corte é utilizado para mostrar como o projeto se relaciona com o terreno onde está inserido,
indicando as variações de relevo e as soluções adotadas para lidar com estas diferenças. Por meio do corte,
é possível compreender como os elementos construídos se relacionam com a vegetação e com o espaço
em geral, o que permite a visualização de possíveis problemas e soluções para a execução do projeto.

260
UNIDADE 9

Figura 8 - Desenho de corte de um proje-


to de paisagismo

Descrição da Imagem: a figura retra-


ta, por meio de uma fotografia colorida,
um desenho à mão de um corte em um
terreno em declive. O desenho mostra
árvores em suas extremidades, palmei-
ras e um deque com um quiosque de
madeira. O desenho é colorido com lápis
de cor e, sobre ele, há um compasso e
três desses lápis.

As elevações são fundamentais


à representação gráfica de proje-
tos paisagísticos, pois permitem
a visualização de elementos im-
portantes, por exemplo, a vegetação escolhida, os elementos construídos e seus acabamentos em
uma representação frontal. É comum que estes desenhos mostrem a altura dos elementos do projeto,
permitindo que se visualize a proporção entre os elementos construídos e a vegetação escolhida.
Além disso, as elevações também podem ser utilizadas para ilustrar as fachadas de edifícios e outros
elementos arquitetônicos presentes no projeto. Por meio das elevações, é possível visualizar, de forma
mais clara, como o projeto se integra ao entorno e como os diferentes elementos que compõem o
projeto se relacionam entre si.

Figura 9 - Desenho de fachada de projeto

Descrição da Imagem: a figura mostra, por meio de uma fotografia colorida, uma mão desenhando com um lápis uma árvore em um
projeto onde está uma fachada residencial que foi colorida por lápis de cor, espalhada ao longo da folha há, também, outros desenhos.
Em cima do projeto, há uma régua-gabarito de vegetações, um gabarito de círculos, um escalímetro e alguns lápis de cor.

261
UNICESUMAR

As perspectivas são representações tridimensionais do projeto que permitem o cliente visualizar o


resultado final do projeto e compreender melhor as ideias propostas.
As perspectivas ou imagens 3D, como também são conhecidas, são úteis para a fase de apresentação
do projeto, o valorizam e comunicam ao cliente a ideia do paisagista. As perspectivas podem ser de-
senvolvidas por vários meios, desde o desenho à mão livre até os mais sofisticados softwares que, por
sua vez, tornam o elemento de representação o mais próximo possível da realidade. Cada profissional
escolhe e desenvolve o método que melhor se adapta ao seu estilo ou à forma de trabalho ou que seja
mais viável na relação custo-benefício (GONÇALVES, 2018).
As maquetes são representações tridimensionais do projeto, feitas em escala reduzida, a fim de permitir
que o cliente visualize o projeto de forma mais realista. As maquetes são úteis para a fase de apresentação
do projeto, pois, desse modo, o cliente pode avaliar os detalhes do projeto e fazer sugestões de melhorias.

Figura 10 - Maquete 3D

Descrição da Imagem: a figura mostra, por meio de uma fotografia colorida, uma maquete em três dimensões de uma casa de dois
pavimentos, ela possui sacadas com vistas para o quintal no segundo pavimento e, no térreo, há algumas vegetações ao redor da casa,
uma varanda com um deque de madeira onde estão duas cadeiras e uma piscina.

O memorial descritivo é uma importante ferramenta para o detalhamento das instruções e especifica-
ções de um projeto paisagístico. Nele, são descritas as espécies vegetais, os materiais a serem utilizados,
os elementos construídos e os trabalhos a realizar. Além disso, pode conter cálculos, listas de plantas,
orçamento do projeto e tudo que for importante para a boa execução da obra. É fundamental que o
memorial descritivo seja claro e completo, a fim de que a implantação e manutenção do projeto sejam
realizadas de forma adequada.

262
UNIDADE 9

O projeto botânico é compreendido por desenhos em pranchas com ilustrações das espécies ornamen-
tais utilizadas, devidamente alocadas e simbolizadas em seu tamanho adulto, na mesma escala utilizada
aos outros desenhos. Contém, também, o memorial botânico e um manual técnico de implantação e
manutenção das espécies escolhidas.
A seleção das espécies deve ser criteriosa e harmônica, pensando sempre no ambiente formado pelo
projeto e correlacionando com o ambiente que as plantas escolhidas necessitam. A existência de ilumina-
ção natural durante o dia ou a formação de áreas de luz e sombra devem ser consideradas (PAIVA, 2008).
No paisagismo, é importante utilizar diferentes tipos de representação gráfica de forma integrada,
visando a transmitir as ideias de forma clara e objetiva, o que garante a compreensão do projeto por
parte do cliente e dos profissionais envolvidos na execução da obra.

Título: O Desenho no Projeto da Paisagem


Autor: Edward Hutchison
Editora: Gustavo Gili
Sinopse: o livro explora a relação entre o desenho e o projeto de paisagem,
destacando a importância do primeiro como ferramenta para a concepção
e comunicação de ideias. O autor apresenta uma ampla variedade de téc-
nicas, incluindo o desenho à mão livre, a modelagem em argila, a fotografia
e a ilustração digital, além de abordar a relação entre o desenho e outras
áreas de conhecimento, como a ecologia, a arquitetura e a arte.
Comentário: o livro é ricamente ilustrado bem como apresenta exemplos práticos de projetos
de paisagem e obras de artistas renomados.

Os croquis são uma ferramenta importante no processo de concepção de projetos de paisagismo.


São representações rápidas e esquemáticas feitas à mão livre, permitindo ao profissional expressar,
de forma rápida e intuitiva, suas ideias. Esses desenhos são úteis para a fase inicial do projeto, pois
permitem que o designer visualize a disposição de elementos, como plantas e estruturas, e faça ajustes
rapidamente. Além disso, os croquis podem ser apresentados aos clientes para que eles tenham uma
ideia geral do projeto antes da etapa de desenho técnico.

263
UNICESUMAR

Figura 11 - Desenho à mão.

Descrição da Imagem: a figura retrata, por meio de uma fotografia colorida, uma mão segurando um lápis de cor que colore o desenho
de um muro com um portal cujo acesso indica um espaço com bastante vegetação. Na frente deste portal, há um caminho sinuoso com
vegetações dos dois lados e, depois do muro e do portal, há uma vegetação parecida com a que foi mostrada, inicialmente.

Não há como pensar em projeto paisagístico sem na posição correta em relação ao tronco e que
pensar em árvores, não é mesmo? Então, agora, a distância entre os galhos seja proporcional
você aprenderá um passo a passo de como fazer à escala escolhida. Para representar as folhas,
a representação das árvores à mão, na sua planta desenhe pequenos círculos ou formas ovais ao
baixa. Antes de começar a desenhar, escolha a longo dos galhos. Novamente, certifique-se de
escala que será usada, isso te permitirá determi- que a densidade das folhas seja proporcional à
nar as dimensões corretas da árvore e garantirá escala escolhida.
o perfeito encaixe dela no desenho. Inclua outros detalhes, se necessário: ou-
Comece desenhando o tronco da árvore, tras informações em sua representação, como
que deve ser uma linha vertical. A largura do o diâmetro da copa da árvore ou a posição de
tronco deve ser proporcional à escala escolhida outras plantas ou elementos paisagísticos pró-
e, para árvores maiores, você pode usar uma ximos (Figura 12). Existem diversas maneiras
linha mais espessa na representação o tron- de representar árvores em plantas, e você tam-
co. A partir do topo do tronco, desenhe linhas bém tem a possibilidade de criar o seu próprio
horizontais que representam os galhos da ár- estilo de desenho, lembrando que, em projetos
vore. Certifique-se de que as linhas estejam técnicos, deve-se seguir a norma.

264
UNIDADE 9

Figura 12 - Representação de árvores


em planta baixa

Descrição da Imagem: a figura


retrata, em uma fotografia em
preto e branco, 12 desenhos
de representação de árvores
em planta baixa, utilizadas, na
maioria das vezes, em projetos
técnicos.

Uma vez que o desenho está


completo, você, para melhorar
a visualização da árvore, tem a
possibilidade de adicionar cor.
Use tons de verde nas folhas e
tons de marrom para o tronco
e os galhos (Figura 13).

Figura 13 - Representação de árvores em planta baixa humanizada

Descrição da Imagem:a figura retrata, em uma fotografia colorida, seis desenhos de representação de árvores em planta baixa, com
copas verdes e troncos e galhos marrons. Estas árvores são utilizadas, na maioria das vezes, em projetos humanizados.

Outro elemento bastante usado no paisagismo são os arbustos. Antes de começar a desenhar, você
também precisa escolher a escala que será usada na planta baixa, o que te permitirá determinar as
dimensões corretas dos arbustos, além de garantir o encaixe perfeito deles no desenho.

265
UNICESUMAR

Comece desenhando o contorno do arbusto, por meio de uma linha que segue a forma geral do
arbusto. Certifique-se de que a forma esteja na posição correta em relação ao resto do desenho.

O artigo “Dicas para desenhar árvores na representação de arquitetura” fala


sobre desenho de árvores e indica alguns tutoriais do YouTube para
ajudar nesta tarefa, além de uma seleção com desenhos de vegetação
realizados por arquitetos.
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

Na representação das folhas, desenhe pequenos círculos ou formas ovais dentro do contorno do ar-
busto. Novamente, certifique-se de que a densidade das folhas seja proporcional à escala escolhida.
Uma vez que o desenho está completo, você pode adicionar cor para melhorar a visualização do arbusto.
Use tons de verde nas folhas e tons de marrom nos ramos e galhos, se necessário, inclua outras informa-
ções em sua representação, como a posição de outros elementos paisagísticos próximos aos arbustos.

Figura 14 - Arbustos em planta baixa

Descrição da Imagem: a figura retrata, por meio de uma fotografia em preto e branco, 24 tipos de representação de arbustos
em planta baixa.

266
UNIDADE 9

A humanização de projetos paisagísticos é uma técnica a qual consiste na ilustração artística das
peças gráficas, por meio de coloração e inserção de elementos que aproximem o desenho da realidade
imaginada pelo projetista. Esta técnica facilita o entendimento da proposta paisagística pelo cliente
ou por leitores leigos no assunto.
A humanização costuma ser feita com diferentes técnicas tanto manuais quanto digitais, utilizando
softwares como Corel Draw, AutoCAD, Landscape, Sketchup, Photoshop, entre outros.

O artigo “Dicas de desenho à mão para melhorar suas representações de


projeto” possui alguns vídeos com dicas para melhorar as representações
de projetos feitas à mão.
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

Na humanização manual, os materiais mais utilizados são lápis de cor, marcadores, canetas coloridas,
giz pastel e aquarela. Esta técnica dá vida ao desenho, tornando-o mais realista. Além disso, a coloração
de figuras vegetais dá indícios das cores que formarão a composição do jardim.

Figura 15 - Projeto paisagístico humanizado

Descrição da Imagem: a figura retrata, por meio de uma fotografia colorida, um desenho de um projeto paisagístico com muitas árvores
de diferentes tamanhos em planta baixa, todo colorido em lápis de cor, em sua maioria, na cor verde. Há, sobre o desenho, uma mão
segurando um lápis de cor verde na direção de uma árvore, como estivesse colorindo-a.

267
UNICESUMAR

A humanização dos desenhos também marca ou reforça os efeitos de luz e sombra, como espéci-
mes vegetais em nível mais alto ou mais baixo (por exemplo, arbustos sob árvores). Além disso,
é possível demarcar circulações e diferenciar os materiais e cores utilizadas no projeto, o que
facilita o entendimento do leitor.

Convido você a assistir ao vídeo “Como você apresenta seus projetos aos
clientes? ”, do arquiteto paisagista Benedito Abbud, no seu canal do You-
Tube intitulado “Criando Paisagens”. Neste vídeo, Abbud fala sobre a re-
presentação gráfica dos projetos, sobre a evolução dessa representação
e como ela é importante para encantar seu cliente!
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

A humanização trata-se de uma técnica importante para tornar os projetos mais acessíveis e compreensí-
veis a todos os públicos. Com ela, é possível dar vida ao desenho, tornando-o mais próximo da realidade
imaginada pelo projetista. Além disso, a humanização permite que o cliente visualize, com mais clareza, o
resultado final do projeto, o que pode ser fundamental para a tomada de decisão e aprovação do projeto.

Figura 16 - Análise de projeto de paisagismo

Descrição da Imagem: a figura retrata, por meio de uma fotografia colorida, uma planta baixa de uma área verde com árvores, arbustos,
mesa, gramado, canteiros e uma fonte de água. Sobre a imagem, está uma mão segurando um lápis de cor verde, duas réguas-gabarito
de plantas, alguns lápis de cor e um escalímetro.

268
UNIDADE 9

A formação-base em arquitetura também é identificada no clássico formato da apresentação de um


projeto paisagístico. As pranchas que informam este tipo de projeto ainda apresentam uma lógica muito
similar a de um projeto de arquitetura e urbanismo. A esse respeito, Corner ([s. d.] apud FARAH, 2010,
p. 224) argumenta que “já é tempo de os profissionais da área buscarem outros caminhos que lhes sejam
mais favoráveis”, pois a opção por esta apresentação tem sido limitadora das muitas possibilidades de
construção e transformação da paisagem específicas da atuação profissional em arquitetura paisagística.
Esse tempo urge, afinal, a incorporação de novas dimensões ambientais e culturais precisa repercutir
num discurso gráfico que contemple esta nova complexidade.

Título: O Livro das Áreas Verdes


Autor: Andrew Wilson (org.).
Editora: Senac
Sinopse: este livro é uma instigante compilação de dezenas de projetos de
jardins criados por diversos arquitetos-paisagistas para os mais diferentes
tipos de terreno. Apresenta diferentes propostas de espaços ao ar livre,
aconchegantes e esteticamente prazerosos. De repouso e contemplação,
para encontros sociais ou familiares, sempre lançando mão da grande
variedade de materiais e vegetação.
Comentário: o livro é, realmente, inspirador na criação de projetos!

Assim, por vários séculos, os desenhos foram executados por artistas, sem regras e normas de execução
claras, diferentemente do desenho técnico empregado atualmente, o qual é uma forma normatizada
de desenho, com especificidades características de cada área tecnológica do conhecimento.
Tradicionalmente, os projetistas expressam as suas ideias por meio de informações gráficas na forma
de desenhos, assim, como não poderia ser diferente, no paisagismo, a melhor forma de expressar as
ideias é na forma de desenhos que podem ser complementados por informações escritas, estas, por
sua vez, auxiliam a execução de determinado projeto.
Os desenhos paisagísticos devem proporcionar facilidade de interpretação, e a representação
adequada do formato e da cor da espécie utilizada auxilia, significativamente, na compreensão do
projeto, inclusive aqueles representados tridimensionalmente facilitam, ainda mais, a interpretação
do projeto paisagístico. Nesse contexto, o uso de recursos computacionais — como a tecnologia CAD
ou o fotorrealismo — propiciam agilidade no desenvolvimento do projeto (execução dos desenhos),
qualidade superior de representação dos componentes (vegetação, equipamentos de lazer etc.), por
meio de maquetes eletrônicas, além de possibilitar a animação. Assim, exercitar e estar aberto a novas
formas de apresentação é fundamental para quem almeja ser um bom paisagista.

269
UNICESUMAR

No começo desta unidade, propus o seguinte exercício: “Escreva um texto breve explicando sua
opinião sobre a importância da representação gráfica humanizada no projeto de paisagismo, desta-
cando como ela pode auxiliar na comunicação e compreensão das ideias do projeto pelos clientes.
Utilize exemplos e argumentos para fundamentar suas afirmações”.
Ao utilizar técnicas manuais de ilustração artística — desenhos à mão livre e materiais coloridos — a
equipe de paisagismo consegue criar representações realistas e expressivas. Uma das principais razões
para a importância desta abordagem é a capacidade de comunicar, de maneira eficaz. Por meio dos
desenhos, é possível transmitir detalhes e características das espécies vegetais, como as cores das flores
e folhagens, além de ilustrar elementos, como bancos, vasos e iluminação, destacando os efeitos de luz
e sombra. Esta representação artística proporciona uma compreensão visual imediata, permitindo que
os clientes tenham uma visão clara de como ficará o seu jardim após a execução do projeto.
Além disso, a representação gráfica humanizada estimula a imaginação e a conexão emocional.
Os desenhos detalhados e realistas despertam o interesse bem como o encantamento dos clientes,
permitindo que eles se envolvam e visualizem, com mais clareza, o espaço projetado. A combinação
de texturização, sombreamento e cores vivas cria uma sensação tanto de vida quanto de realismo,
aproximando esses clientes da experiência sensorial que terão com o jardim real.

270
UNIDADE 9

Caro(a) aluno(a), nesta unidade, você aprendeu quais são as etapas de um projeto paisagístico e a
importância delas para que o projeto seja bem-sucedido! Escreva, no Mapa Mental, a seguir, as carac-
terísticas de cada uma das etapas.

Figura 1 - Mapa Mental

Descrição da Imagem:a figura mostra um Mapa Mental onde, no canto esquerdo, há um círculo com a frase: “Etapas do Projeto Pai-
sagístico”, deste círculo saem quatro setas em direção a quatro círculos menores, um embaixo do outro, os quais trazem, de cima para
baixo, os respectivos termos: “Estudo Preliminar”, “Anteprojeto”, “Projeto Executivo” e “Manutenção”. Cada um desses círculos possui
uma seta com um espaço para ser preenchido conforme o enunciado.

271
1. Qual é a finalidade da representação gráfica no projeto de paisagismo? Assinale a alternativa
correta:

a) Permitir que o profissional visualize o espaço a ser trabalhado, apenas, na fase de con-
ceituação do projeto.
b) Transmitir, de forma confusa e subjetiva, as ideias para o cliente.
c) Auxiliar na análise do terreno e na definição das estratégias do projeto.
d) Substituir as etapas de planejamento e execução do projeto.
e) Reduzir o tempo de execução do projeto.

2. Escreva um texto de até 10 linhas que explique a importância da representação gráfica no


projeto de paisagismo.

3. A respeito da função das plantas baixas no projeto de paisagismo, assinale V para verdadeiro
e F para Falso:

( ) Representar tridimensionalmente o projeto de paisagismo.


( ) Apresentar detalhes do projeto em escala reduzida.
( ) Permitir que o cliente visualize o resultado final do projeto.
( ) Mostrar a disposição dos elementos no terreno.

A sequência correta para a resposta da questão é:

a) F, V, F, V.
b) V, V, F, F.
c) F, F, F, F.
d) V, V, V, V.
e) V, F, V, F.

4. Escreva, em forma de texto dissertativo de 3 a 5 linhas, qual é a finalidade das maquetes no


projeto de paisagismo.

5. Qual é a utilidade do croqui no projeto de paisagismo? Assinale a alternativa correta:

a) É utilizado, apenas, para registrar observações durante as visitas ao local do projeto.


b) Representação tridimensional do projeto que mostra todos os detalhes e proporções reais.
c) Técnica de design exclusiva para áreas internas, não sendo aplicável em projetos de áreas
externas.
d) Ferramenta utilizada, apenas, na fase final do projeto, para documentar o resultado final.
e) Forma de arte abstrata, sem relação direta com a prática do design de paisagens.

272
UNIDADE 1

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UNIDADE 6

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UNIDADE 8

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UNIDADE 9

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276
UNIDADE 1

1. E. A implantação de áreas verdes em espaços urbanos pode contribuir para a diminuição do consumo
de energia elétrica.

A presença de áreas verdes em espaços urbanos pode ajudar a reduzir a temperatura local, pro-
porcionando um ambiente mais fresco e agradável. Com isso, é possível diminuir a demanda por
ar-condicionado e ventiladores, o que consequentemente contribui para a redução do consumo de
energia elétrica nas cidades.

2. A Praça do Arsenal em Recife é considerada uma obra icônica de Burle Marx por várias razões. Em
primeiro lugar, ela é um exemplo da habilidade do arquiteto paisagista em projetar espaços urbanos
multifuncionais que harmonizam com o ambiente natural. A Praça do Arsenal é uma das primeiras
obras de Burle Marx em Recife e foi projetada em 1938. Ela é um dos seus primeiros exemplos de
como integrar a vegetação e as formas orgânicas em um ambiente urbano, o que mais tarde se tor-
naria sua assinatura.

A praça tem uma área total de cerca de 2.800 metros quadrados e é cercada por edifícios históricos,
incluindo o prédio do Arsenal da Marinha, que data do século XVIII. O projeto paisagístico incluiu a
criação de uma grande área de jardim central com um espelho d’água cercado por palmeiras imperiais
e outras espécies nativas. O paisagismo da praça também incluiu a instalação de bancos e áreas de
convivência para as pessoas.

Outro fator que contribui para a importância da Praça do Arsenal é que ela foi projetada durante um
período importante da história do Brasil, que estava passando por uma série de mudanças políticas e
sociais. A obra de Burle Marx incorporou elementos da cultura local e regional, como o uso de plantas
nativas e o estilo art déco, que era popular na época.

Por fim, a Praça do Arsenal é uma obra icônica de Burle Marx, porque representa um marco importante
em sua carreira. Ela é uma das suas primeiras obras a utilizar a vegetação como elemento principal do
projeto, e foi um precursor do seu estilo único de paisagismo. Como resultado, a praça é um exemplo
notável da habilidade do arquiteto paisagista em criar espaços urbanos belos e funcionais que são
considerados referências até os dias de hoje.

3. C. Incentivo ao isolamento das pessoas em relação ao ambiente.

O paisagismo busca criar um ambiente acolhedor e convidativo, estimulando a interação das pessoas
com o espaço. O isolamento das pessoas em relação ao ambiente vai contra esse objetivo.

4. D. Ciência capaz de recriar espaços vivos para nossa convivência.

O texto apresenta uma definição clara do que é paisagismo, destacando sua capacidade de criar
espaços vivos para nossa convivência. Além disso, o texto enfatiza a importância do entendimento da
paisagem natural e de suas transformações ao longo do tempo para a criação de projetos paisagísticos
mais fiéis e em sintonia com o contexto local. As alternativas B, C e E apresentam definições parciais
ou incorretas de paisagismo, enquanto a alternativa A se refere a outra área de estudo. Portanto, a
resposta correta é a alternativa D.

277
UNIDADE 2

Figura 1 - Mapa Mental

Descrição da Imagem: a imagem se trata de um mapa mental, em formato de um retângulo azul deitado, dividido em
quatro partes iguais, e no centro um círculo amarelo. Escrito dentro do círculo, está “Paisagismo na Idade Média”. Na divisão
esquerda superior, está escrito: “Uma função prática comum dos jardins medievais era fornecer alimentos, ervas medicinais
e plantas úteis para a comunidade. Os jardins eram projetados levando em consideração as necessidades de subsistências e
o uso diário das plantas”. Na divisão direita superior, está escrito: “O simbolismo religioso nos jardins medievais era evidente
através da inclusão de elementos como cruzes, labirintos e plantas com significados religiosos. Esses elementos representa-
vam a fé cristã e proporcionavam um ambiente propício para a contemplação espiritual”. Na divisão esquerda inferior, está
escrito: “A ordem e a simetria eram características importantes nos jardins medievais. Os projetos eram baseados em uma
ordem geométrica, com uma ênfase na organização precisa dos elementos. Essa simetria refletia a busca pela ordem divina
e a harmonia na criação”. E na divisão direita inferior, está escrito: “Os elementos defensivos eram incorporados aos jardins
medievais devido à instabilidade política e às ameaças de invasões. Muros altos, cercas e valas eram usados para proteger
o jardim e seus ocupantes, refletindo as circunstâncias sociais e políticas turbulentas da época”.

1. C. Com a intenção de representar uma montanha sobre a região da planície desértica. A construção
era de forma escalonada, sobre sete fileiras de camadas abobadadas, chegando a 23 metros de altura
e formava um zigurate.

a. incorreta. Não há evidências históricas que comprovem a existência de espelhos d’água e cascatas
no Jardim Suspenso da Babilônia.

b. incorreta. Não há registros históricos que indiquem que o Jardim Suspenso da Babilônia fosse
irrigado mecanicamente ou cercado por muros altos.

c. correta. A descrição do jardim como uma estrutura escalonada, formando uma montanha artificial,
sustentada por camadas abobadadas e com altura de aproximadamente 23 metros, é consistente
com as informações históricas disponíveis.

278
d. incorreta. Embora o Jardim Suspenso da Babilônia fosse um local de beleza exuberante, não há
evidências de que as plantas utilizadas fossem estritamente ornamentais. Acredita-se que também
fossem utilizadas para fins agrícolas.

e. incorreta. Não há informações suficientes para determinar se a vegetação era disposta de forma
assimétrica ou se era conduzida por meio de multiplicação. Além disso, não há evidências de que
o jardim dependesse exclusivamente das chuvas escassas do deserto para irrigação.

2. C. Somente as afirmativas II, III e IV.

A característica predominante do paisagismo oriental é utilizar dos elementos naturais ao máximo, po-
rém com pequenas referências, espécies vegetais previamente selecionadas, como o caso da Cerejeira
que é um elemento simbólico dos jardins de caça que emolduram posteriormente os jardins planejados.

3. A. V, F, V, V, V

V) Os jardins egípcios, com sua simetria e o uso abundante de água, encantavam os olhos com sua
perfeição estética.

F) Os jardins medievais, diferentemente do movimento paisagístico, priorizavam a utilidade e simbo-


lismo, com áreas dedicadas ao cultivo de alimentos e elementos religiosos.

V) Os jardins persas encantavam com seus azulejos coloridos e fontes ornamentais, criando um cenário
de beleza exuberante e sofisticado.

V) Os jardins romanos, com seu estilo naturalista e a integração de elementos naturais, proporcionavam
uma atmosfera harmoniosa e convidativa à contemplação da natureza.

V) Os jardins medievais eram espaços multifuncionais, unindo lazer e necessidades práticas, com áreas
destinadas ao cultivo de alimentos, demonstrando sua importância como fonte de sustento.

4. Os jardins são reflexos das mudanças sociais e culturais, pois se adaptam às necessidades e valores da
sociedade em cada período histórico. Eles refletem a evolução dos conceitos estéticos e simbólicos, as
transformações políticas, econômicas e sociais, e as influências da cultura e dos valores dominantes.
Por meio de elementos compositivos, tecnologia empregada, função estabelecida e ordenamento, os
jardins expressam as mudanças sociais e culturais em seus desenhos e características.

5. Ao longo da história, os estilos de jardins foram profundamente influenciados por diversas culturas.
Na Antiguidade, o Egito introduziu a ideia de jardins exuberantes, com árvores frutíferas e plantas or-
namentais. Na Grécia, a estética buscava a harmonia e a simetria, com jardins organizados em torno
de pátios e colunatas. O Império Romano trouxe a influência dos jardins persas, com suas fontes e
sistemas de irrigação sofisticados. Na Idade Média, os jardins monásticos eram espaços de contem-
plação, com hortas e ervas medicinais. Essas influências culturais continuaram a moldar os estilos de
jardins ao longo da história, proporcionando uma variedade de abordagens estéticas e funcionais
para o design paisagístico.

279
UNIDADE 4

Plantas

Árvores
Frutíferas
Esculturas
Cascata
Ervas Visão
Audição
Paladar
Pássaros
SENSAÇÕES DE UM JARDIM

Plantas
Tato com aromas
Olfato
Pedras
Flores Temperos

Entre os elementos de um jardim sensorial, para a visão, as plantas e esculturas tem o poder de
encantar as pessoas, o barulho de água de uma cascata também é muito agradável, podemos usar
elementos como as próprias árvores frutíferas para atrair pássaros também, pois o canto dos pássaros
também traz uma sensação agradável. Para o olfato, podemos usar plantas com cheiros agradáveis,
como a lavanda por exemplo, e também nos jardins sensoriais utilizamos temperos como hortelã e
manjericão, que têm cheiro marcante e que também podem ser usadas para aguçar o paladar, junto
com as ervas e os frutos das árvores.

1. Esse projeto combina alguns princípios, como o de contraste, pois podemos ver a diferença entre o
piso do passeio com as plantas escolhidas, também o de proporção, pois mesmo utilizando diferentes
tamanhos de plantas, elas formam um conjunto sem que fique desproporcional, também foi usado
o princípio de movimento pelo formato orgânico do caminho, os diferentes tipos de plantas e o uso
da água.

2. Entendendo os princípios de composição, você pode partir para um projeto com mais criatividade e
uma ideia de proporção, combinação e equilíbrio, fazendo com que o jardim seja bem executado e
tenha uso, pois, dessa forma, as pessoas conseguem se sentir bem no espaço.

3. Antes de começar a fazer um projeto da paisagem é preciso entender quais as necessidades do cliente
para que o projeto supra elas da melhor forma, e você precisa também estudar o entorno, a topografia
do terreno, clima, ventilação, insolação etc., para ver se o “sonho do cliente” será viável ou teremos
que pensar em outras alternativas para que o projeto seja bem-sucedido.

4. C.

280
a) Alternativa errada, pois o paisagismo não se concentra apenas em estudar paisagens, mas o usuário
também.

b) Alternativa errada, pois o projeto da paisagem começa pelas necessidades do usuário, as condicio-
nantes do local, e, por último, a escolha das plantas.

c) Alternativa correta, pois a disciplina precisa estudar o usuário e o espaço, para que tenham uma
relação que obtenha um resultado satisfatório e que beneficie a todos. E o projeto de uma paisagem
também é uma forma de arte.

d) Alternativa errada, pois ela não é somente uma forma de representação da paisagem, mas um
projeto que sai do desenho e se torna real.

e) Alternativa errada, pois desenhar as espécies vegetais é apenas uma etapa de um projeto paisagístico.

5. C.

a. Alternativa errada, pois o paisagismo não é somente criar composições estéticas a partir da diver-
sidade de plantas.

b. Alternativa errada, pois não se concentra em estudar as paisagens através de textos escritos por
viajantes.

c. Alternativa correta, pois o paisagismo é arte pela riqueza dos elementos da paisagem e suas compo-
sições, e também é ciência, porque envolve conhecimentos de diversas áreas, como Biologia, para
entender sobre as características das espécies escolhidas, tipo de solo, tamanho, luminosidade,
entre outros.

d. Alternativa errada, pois o paisagismo não se concentra apenas em pintar paisagens.

e. Alternativa errada, pois o paisagismo não se concentra apenas em criar desenhos de espaços com
plantas.

6. B.

a. Verdadeiro: o mobiliário é importante no projeto paisagístico, porque permite que as pessoas


desfrutem e interajam com o espaço.

b. Falso: o mobiliário não é importante no projeto paisagístico, porque é secundário em relação a


outros elementos, como plantas e água.

c. Verdadeiro: o mobiliário pode ser usado para criar áreas de descanso, refeição, lazer e recreação.

d. Verdadeiro: o mobiliário deve ser projetado de forma resistente e durável, e ser colocado em áreas
apropriadas para garantir segurança e usabilidade.

e. Falso: um projeto da paisagem inclui plantas, mobiliários e outros elementos, como água e pedras.

281
UNIDADE 5

A IMPORTÂNCIA DO
PAISAGISMO NO AMBIENTE
DE TRABALHO

BENEFÍCIOS PARA BENEFÍCIOS PARA


OS FUNCIONÁRIOS A EMPRESA

REDUÇÃO DO ESTRESSE IMPACTO NA IMAGEM DA EMPRESA

MELHORIA DA QUALIDADE DO AR ECONOMIA DE ENERGIA

AUMENTO DA SATISFAÇÃO NO TRABALHO MAIOR PRODUTIVIDADE DA EQUIPE

MELHOR DA SAÚDE DOS FUNCIONÁRIOS ESPAÇO VALORIZADO

1. Podemos considerar o micropaisagismo como o paisagismo em menor escala, como o residencial, jardins
verticais, jardins de inverno e varandas. Já o macropaisagismo em maior escala, como as praças e parques.

2. B.

a. (F) Os jardins verticais são indicados para qualquer ambiente.

b. (F) Para se construir um jardim vertical, precisa especificar plantas que se adaptam ao local, depen-
dendo do sol, temperatura etc.

c. (V) As espécies mais utilizadas em jardins verticais são as herbáceas, devido ao porte, característica
de crescimento e à profundidade das raízes, que normalmente são pouco profundas.

d. (V) Os jardins verticais podem ser executados tanto em ambientes ao ar livre, em exposição ao sol,
quanto em ambientes internos.

e. (F) Os jardins verticais são indicados para ambientes internos e externos.

3. O paisagismo comercial é destinado a projetos em áreas públicas, comerciais e empresariais, tendo


como objetivo melhorar a aparência e a funcionalidade desses espaços para fins comerciais, como
atrair clientes e melhorar a experiência do usuário. Já o paisagismo residencial é destinado a projetos
em áreas residenciais, tendo como objetivo melhorar a qualidade de vida dos moradores, criando
espaços funcionais, esteticamente agradáveis e que atendam às necessidades específicas de cada
família. As principais características do paisagismo comercial são a escolha de plantas duráveis e de
fácil manutenção, pensando na acessibilidade e a segurança do espaço, e a consideração do impacto
visual. Já as principais características do paisagismo residencial são a personalização do projeto de
acordo com as preferências e necessidades dos moradores, a escolha de plantas que possam oferecer
benefícios como sombra e privacidade e a integração com o ambiente natural.

282
4. D. Um espaço físico que as pessoas utilizam para atividades ao ar livre, como lazer, esporte, recreação
e contemplação da natureza. O espaço arquitetônico no paisagismo é projetado e construído para
atender às necessidades humanas, enquanto se integra harmoniosamente ao ambiente em que é
inserido. Ele é criado a partir da combinação de elementos naturais e artificiais, para criar um espaço
agradável e funcional para as pessoas.

5. E. A combinação de elementos naturais, como árvores, plantas, água e pedra; e elementos artificiais,
como pavimentos, mobiliário, iluminação e equipamentos esportivos. O espaço arquitetônico no
paisagismo é criado a partir da combinação de elementos naturais e artificiais, para criar um espaço
agradável e funcional para as pessoas. É projetado e construído para atender às necessidades huma-
nas, enquanto se integra harmoniosamente ao ambiente natural em que é inserido.

UNIDADE 6

Ypê amarelo
Grama
esmeralda
Gramado Árvores

Ypê roxo

Espécies

Grama
amendoim Lavanda

Forração Arbusto

Lambarí roxo
Buxinho

1. C. A primeira é falsa, algumas espécies de grama podem tolerar sombra parcial, mas a maioria requer,
pelo menos, quatro horas de Sol direto por dia. A segunda é verdadeiro, a grama esmeralda é uma
das espécies mais utilizadas em paisagismo devido à sua textura macia e verde intenso. A terceira é
falsa, a grama São Carlos é uma espécie indicada para regiões de clima quente e úmido. A quarta é
falsa, as gramas podem ter tonalidades de verde diferentes, dependendo da espécie e das condições
de cultivo. A quinta é verdadeira, a grama amendoim é uma espécie rasteira que não cresce muito e,
por isso, não precisa ser podada com frequência.

2. C. Uma das funções das forrações nos projetos paisagísticos é controlar a erosão do solo. As plan-
tas que compõem o grupo das forrações possuem uma estrutura rasteira e compacta que ajuda a
proteger o solo da ação da chuva e do vento, evitando sua erosão. Além disso, as forrações também
podem manter a umidade do solo, inibir a presença de plantas invasoras ou daninhas, criar caminhos
preferenciais para os pedestres, absorver raios solares e formar desenhos decorativos. No entanto,
controlar a erosão do solo é uma das funções mais importantes das forrações nos projetos paisagís-
ticos, especialmente, em áreas inclinadas ou sujeitas a intempéries.

283
3. A. A tolerância à sombra é uma característica importante a ser considerada ao escolher forrações para
paisagismo, especialmente, se o local onde elas serão plantadas não receber muita luz solar direta.
Forrações que não toleram sombra podem não se desenvolver adequadamente e, eventualmente,
morrer em condições de pouca luz. Outras características, como preferência por climas secos, origem
geográfica, taxa de crescimento e altura máxima, também podem ser importantes dependendo das
condições específicas do local de plantio, mas a tolerância à sombra é, geralmente, a consideração
mais prática e relevante.

4. D. A taxa de crescimento da árvore é uma característica importante a ser considerada ao escolher


árvores para paisagismo, pois pode afetar a rapidez com que a árvore atingirá seu tamanho máximo e,
portanto, o tempo que levará para a árvore se integrar completamente na paisagem. Outras caracte-
rísticas, como altura máxima, forma das folhas e cor da casca, também podem ser importantes depen-
dendo do efeito desejado na paisagem, mas a taxa de crescimento é, geralmente, a consideração mais
prática e relevante. A espécie da qual a árvore é derivada também pode ser importante, dependendo
de fatores como o clima e o tipo de solo em que a árvore será plantada, mas não é, necessariamente,
a consideração mais importante ao escolher árvores para paisagismo em geral.

5. C. A primeira é falsa, nem todos os arbustos florescem na primavera, algumas espécies podem flo-
rescer no verão, outono ou inverno. A segunda é verdadeira, a hortênsia é uma espécie de arbusto
que prefere clima mais quente e seco, mas, ainda assim, precisa de regas regulares para se manter
saudável. A terceira é falsa, alguns arbustos podem ser cultivados em vasos, mas a maioria precisa ser
plantada no solo para se desenvolver adequadamente. A quarta é falsa, o crescimento dos arbustos
pode variar muito entre as espécies, algumas podem crescer rapidamente, enquanto outras podem ter
um crescimento mais lento. A quinta é falsa, assim como qualquer outra planta, os arbustos requerem
manutenção regular, como poda, adubação e controle de pragas e doenças.

6. B. Plantas de paisagismo que requerem boa drenagem, geralmente, adaptam-se melhor a solos areno-
sos, que possuem uma textura mais leve e permeável, permitindo que a água escoe com facilidade. Já
os solos argilosos tendem a ser mais compactos e retentores de água, o que pode não ser adequado
para algumas plantas. O solo orgânico é rico em nutrientes, mas pode não ter uma boa drenagem. O
solo calcário é alcalino e pode não ser adequado para algumas espécies de plantas. A opção “Nenhuma
das alternativas anteriores” não é a resposta correta, pois cada tipo de solo apresenta características
que podem influenciar diretamente na escolha das plantas para paisagismo.

UNIDADE 7
Paisagismo sustentável e tecnologia
Benefícios do Paisagismo Sustentável: Promoção da saúde e bem-estar

Jardins Verticais
Favorece a umidade do ar

Reutiliza espaços de maneira sustentável


Técnicas e
Melhora o isolamento térmico da edificação
Tecnologias
de Paisagismo Telhados Verdes
Sustentável: Melhora o isolamento acústico da edificação
Maior retenção da água das chuvas

Redução de mão de obra


Sistemas de
Irrigação Tempos de irrigação mais precisos
Inteligentes

Eficiência na aplicação de água

284
1. O paisagismo sustentável traz diversos benefícios, como a melhoria da qualidade do ar, a redução da
ilha de calor urbana, o incentivo à biodiversidade e a promoção da saúde e bem-estar. A tecnologia
pode ajudar a criar paisagens mais resilientes e sustentáveis por meio de técnicas como jardins verti-
cais, telhados verdes, sistemas de irrigação inteligentes, sensores e drones, além da incorporação de
soluções de energia renovável, como energia solar e energia eólica.

2. D. Essa prática é mais sustentável para o paisagismo residencial, pois as plantas nativas são mais
adaptadas às condições climáticas locais e, portanto, exigem menos manutenção e menos recursos
de irrigação. Além disso, o uso de plantas com baixa demanda de água ajuda a reduzir o consumo de
água e a garantir que as plantas recebam a quantidade adequada de água para crescerem saudáveis.
As outras alternativas mencionadas não são práticas sustentáveis e podem prejudicar o meio ambiente.

3. C. Somente a quarta afirmativa é falsa, pois o uso de produtos químicos para o controle de pragas não
é mais eficaz e sustentável do que o uso de métodos naturais. Na verdade, o uso de produtos químicos
pode ser prejudicial para o meio ambiente e para a saúde humana. O uso de métodos naturais, como
o controle biológico, é uma opção mais sustentável e saudável para o ambiente residencial.

4. A vegetação pode ser uma grande aliada na obtenção do conforto ambiental, garantindo áreas de
sombras, barreiras acústicas e conforto térmico no interior das edificações.

5. Os painéis solares podem ser incorporados na paisagem para gerar energia limpa e renovável, que pode
ser usada para alimentar luzes de paisagem, fontes de água, sistemas de irrigação e outros recursos.
Isso ajuda a reduzir o consumo de energia da propriedade e, também, sua pegada de carbono. Além
disso, a tecnologia pode ajudar a monitorar e gerenciar paisagens de forma mais eficaz, como o uso
de sensores para monitorar a qualidade da água, a umidade do solo e a temperatura, ajustando o uso
da água e a fertilização de acordo com as necessidades das plantas.

285
UNIDADE 8
Variáveis Ambientais no Projeto de Paisagismo

Importância da
Integração ao
Seleção de Análise Detalhada do
Análise do Local Contexto Arquitetônico
Espécies Vegetais Local e das Variáveis
e Urbano
Ambientais

Projeto Eficiente e
Clima Harmonia com o
Harmonioso
Topografia Adaptação ao Clima Entorno
Atendimento aos
Insolação Adaptação ao Solo Contribuição para a
Requisitos do Cliente
Vegetação Existente Exposição ao Sol e Vento Qualidade de Vida
Alcance dos Objetivos
Condições do Solo das Pessoas
do Projeto

Figura 1 – Mapa mental resolvido / Fonte: a autora.

Descrição da Imagem: a imagem mostra um mapa mental com título “Variáveis Ambientais no Projeto de Paisagismo”, que
possui quatro círculos verdes, da esquerda para a direita, com as frases: “Análise do local”; “Seleção de espécies vegetais”;
“Integração ao contexto arquitetônico e urbano”; e “Importância da análise detalhada do local e das variáveis ambientais”,
respectivamente. Cada um deles possui uma seta para baixo indicando para um círculo maior com as respostas. Do círculo
de “Análise do Local” está conectado o círculo grande com as frases “Clima”, “Topografia”, “Insolação”, “Vegetação Existente”
e “Condições do Solo”. Do círculo “Seleção de Espécies Vegetais”, temos o círculo “Adaptação ao Clima”, “Adaptação ao Solo”
e “Exposição ao Sol e Vento”. De “Integração ao Contexto Arquitetônico e Urbano” temos “Harmonia com o Entorno” e “Con-
tribuição para a Qualidade de Vida das Pessoas”. De “Importância da Análise Detalhada do Local e das Variáveis Ambientais”
temos “Projeto Eficiente e Harmonioso”, “Atendimento aos Requisitos do Cliente” e “Alcance dos Objetivos do Projeto”.

1. A elaboração do Programa de Necessidades para um projeto de arquitetura paisagística é um processo


que envolve a análise do contexto do terreno, a identificação de requisitos específicos do cliente, a
consideração de variáveis ambientais e a utilização de diagramas analíticos para representar as infor-
mações levantadas. Essa etapa é fundamental para garantir que o projeto atenda às expectativas do
cliente, seja funcional e esteticamente agradável e respeite as características do terreno e as normas
aplicáveis.

2. B. Contato com o cliente, levantamento do local, elaboração do programa de necessidades, concepção


e representação da proposta.

Justificativa das alternativas erradas:

a. Apenas o contato com o cliente e a execução do projeto: essa alternativa exclui etapas importantes
do processo de projeto, como o levantamento do local, a elaboração do programa de necessidades
e a concepção da proposta.

b. Levantamento do local, elaboração do programa de necessidades, execução do projeto: essa alter-


nativa omite a etapa de concepção e representação da proposta, que envolve a criação de desenhos,
maquetes ou representações visuais do projeto antes da sua execução.

c. Contato com o cliente, execução do projeto, apresentação da proposta: essa alternativa também
exclui etapas cruciais, como o levantamento do local e a elaboração do programa de necessidades,
além de não mencionar a etapa de concepção e representação da proposta.

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3. Para criar um projeto que se integre harmoniosamente ao entorno e contribua para a qualidade de
vida das pessoas que o frequentam.

4. O profissional deve levar em consideração diversos fatores, tais como o clima da região, o tipo de solo
disponível e a exposição ao sol e ao vento no local. A partir dessas informações, é possível escolher
as espécies que apresentam maior resistência às condições climáticas, que se adaptam melhor ao
solo e que possuem as características estéticas desejadas para o projeto. Além disso, é importante
considerar o crescimento e o porte das plantas, a fim de garantir que elas não interfiram na circulação
e no uso do espaço. A seleção adequada de espécies vegetais é fundamental para o sucesso de um
projeto de paisagismo e deve ser realizada de forma criteriosa e consciente.

5. D. F, V, F, F, F.

a) Falso, porque durante a entrevista e o brainstorming com o cliente, é fundamental ouvir e entender
suas preferências, gostos e expectativas em relação ao projeto. O trabalho do paisagista é conciliar
essas preferências com suas recomendações técnicas, buscando encontrar um equilíbrio entre a visão
do cliente e os princípios do paisagismo.

b) Verdadeiro, porque levar em consideração as preferências do cliente é uma parte crucial do pro-
cesso de projeto, pois o paisagista deve buscar um equilíbrio entre as recomendações técnicas e a
visão e expectativas do cliente.

c) Falso, porque o orçamento é um elemento fundamental a ser considerado durante o processo de


projeto. É importante entender as restrições orçamentárias do cliente para desenvolver um projeto
viável e realista, fazendo escolhas adequadas em termos de materiais, plantas e demais elementos
do paisagismo.

d) Falso, porque um bom projeto de paisagismo deve equilibrar a estética com a funcionalidade e pra-
ticidade do espaço. Além de criar ambientes visualmente agradáveis, é necessário considerar aspectos
como o uso do espaço, a circulação, a acessibilidade e a integração com a arquitetura e o entorno.

e) Falso, porque o contexto ambiental e arquitetônico do terreno é de extrema importância no projeto


de paisagismo. É fundamental compreender e respeitar as características naturais do local, como a
topografia, a vegetação existente, as condições climáticas, bem como integrar harmoniosamente o
projeto paisagístico com a arquitetura e o entorno.

287
UNIDADE 9

Figura 1 - Mapa Mental resolvido

Descrição da Imagem:a figura mostra um mapa mental onde, no canto esquerdo, há um círculo com a frase: “Etapas do
Projeto Paisagístico”, deste círculo saem quatro setas em direção a quatro círculos menores, um embaixo do outro. De
cima para baixo, o primeiro círculo traz o termo “Estudo Preliminar”, dele sai uma seta em direção à frase: “Análise do local,
diagnóstico e definição dos objetivos e diretrizes do projeto”; o segundo círculo mostra o termo “Anteprojeto”, dele sai uma
seta em direção à frase: “Apresentação da proposta preliminar do projeto, incluindo plantas, cortes e perspectivas”; o ter-
ceiro círculo mostra o termo “Projeto Executivo”, dele sai uma seta em direção à frase: “Detalhamento do projeto, incluindo
especificações técnicas, materiais e orçamentos”; o quarto e último círculo traz o termo “Manutenção”, dele sai uma seta em
direção à frase: “Cuidados necessários para manter o jardim saudável e bonito, incluindo irrigação, poda e controle de pragas”.

1. C. É por dos desenhos que o projetista realizará as análises preliminares até a representação completa
final do projeto executivo.

a. É incorreta porque a representação gráfica no projeto de paisagismo não se restringe, apenas, à


fase de conceituação. A visualização do espaço a ser trabalhado é importante ao longo de todo o
processo, desde a análise inicial até a execução final do projeto.

b. É incorreta porque a representação gráfica no projeto de paisagismo tem como objetivo transmitir,
de forma clara e objetiva, as ideias para o cliente. É importante que o desenho ou a imagem re-
presentativa sejam compreensíveis e facilmente interpretados, evitando confusão e subjetividade.

d. É incorreta porque a representação gráfica no projeto de paisagismo não substitui as etapas de


planejamento e execução. Ela é uma ferramenta que auxilia na comunicação e visualização das
ideias, mas não substitui nem o processo de planejamento, que envolve a definição de objetivos,
levantamento de informações, estudo de viabilidade, entre outros, nem a etapa de execução, que
envolve a implementação efetiva do projeto no terreno.

e. É incorreta porque embora a representação gráfica possa agilizar a comunicação e compreensão


do projeto, ela não reduz automaticamente o tempo de execução. Este depende de diversos fa-
tores, como a complexidade do projeto, o tamanho da área a ser trabalhada, a disponibilidade de
recursos e a equipe envolvida. A representação gráfica é apenas uma etapa dentro do processo de
planejamento e execução do projeto de paisagismo.

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2. A representação gráfica de projetos, planos e propostas em arquitetura paisagística, em suas diferen-
tes escalas, sempre tem apresentado constantes desafios. Devido ao seu caráter interdisciplinar, a
incorporação de conceitos e saberes de outras áreas do conhecimento, esta etapa tem representado
bastante esforço para o rebatimento destes conceitos em representações gráficas capazes de mate-
rializar uma ideia.

3. A.

A primeira alternativa é falsa porque as plantas baixas no projeto de paisagismo representam o projeto
de forma bidimensional, ou seja, em duas dimensões. Elas fornecem informações sobre a disposição
dos elementos no terreno, mas não representam tridimensionalmente o projeto, como seria o caso
de um modelo em escala ou uma representação em 3D.

A segunda alternativa é verdadeira porque as plantas baixas no projeto de paisagismo apresentam


detalhes do projeto em escala reduzida. Elas fornecem informações sobre a distribuição dos elemen-
tos, como caminhos, áreas de estar, vegetação, entre outros, de forma proporcional ao espaço real.

A terceira alternativa é falsa porque embora as plantas baixas possam auxiliar o cliente na visualiza-
ção e compreensão do projeto, elas não representam o resultado final. As plantas baixas são uma
representação esquemática e simplificada que serve como base para a execução do projeto, mas o
resultado final pode variar de acordo com vários fatores, como o crescimento das plantas, a evolução
do espaço ao longo do tempo, entre outros.

A quarta alternativa é verdadeira porque as plantas baixas no projeto de paisagismo mostram a dis-
posição dos elementos no terreno. Elas representam a distribuição espacial dos caminhos, áreas de
estar, vegetação, mobiliário, entre outros elementos do projeto.

4. A maquete pode funcionar como um instrumento de criação, pois potencializa o estudo volumétrico
da área a ser implantado no paisagismo. Por meio deste estudo, conseguimos determinar a escala
dos elementos, suas proporções, composição física e de cores.

5. E.

a. Alternativa incorreta: o croqui no paisagismo não se limita, apenas, ao registro de observações, mas
sim é uma ferramenta de desenho livre para expressar ideias e conceitos.

b. Alternativa incorreta: o croqui no paisagismo é uma representação bidimensional e simplificada do


projeto, não apresentando uma visão tridimensional.

c. Alternativa incorreta: o croqui no paisagismo pode ser aplicado tanto em áreas internas quanto o
externas, não sendo restrito a nenhum tipo específico de projeto.

d. Alternativa incorreta: o croqui no paisagismo é utilizado ao longo de todo o processo de design,


não apenas na fase final.

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