272-RC Castro Schalch
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(1)
Professor, Departamento de Hidráulica e Saneamento Escola de Engenharia de São Carlos (EESC-USP) /
Centro Universitário Anhanguera – unidade Pirassununga; Av. Trabalhador Sancarlense, 400, CP 359, São
Carlos, SP; [email protected]; (2) Professor Associado, Departamento de Hidráulica e Saneamento
Escola de Engenharia de São Carlos (EESC-USP); Av. Trabalhador Sancarlense, 400, CP 359, São Carlos, SP;
[email protected]
Introdução
Segundo Pacheco (2012), ao longo da história o ser humano tem utilizado
várias práticas funerárias para garantir que a decomposição dos corpos sepultados
não se se torne foco de infecção. Durante muito tempo, os sepultamentos no solo
não foram planejados e realizados de forma adequada; os cemitérios implantados de
forma inadequada são fontes potenciais de dois tipos de impacto: liberação na
atmosfera de gás sulfídrico, amônia, dióxido de carbono, metano e fosfina,
resultantes da decomposição dos cadáveres - situação mais associada a problemas
na confecção e manutenção das sepulturas - e contaminação física, química e
biológica das águas, por exemplo, por meio e microrganismos patogênicos
(bactérias e vírus) originalmente presentes nos corpos sepultados. A decomposição
dos corpos sepultados em cemitérios pode levar de quatro a oito semanas ou mais,
e se dá em quatro períodos; o último deles é chamado de período coliquativo ou
humoroso, em que os elementos celulares se dissolvem, e os tecidos se liquefazem.
A substância resultante é designada no campo da Medicina Legal como liquame
funerário, enquanto que pesquisadores que investigam os aspectos ambientais de
cemitérios a denominam necrochorume, por analogia com o chorume, líquido
XI CONGRESSO NACIONAL DE MEIO AMBIENTE DE POÇOS DE CALDAS
21 A 23 DE MAIO DE 2014 – POÇOS DE CALDAS – MINAS GERAIS
Material e Métodos
Foram analisados os dispositivos legais e normas atualmente em vigor no
país, bem como materiais de apoio à elaboração ou revisão de Planos Municipais de
Gestão Integrada de Resíduos Sólidos, de modo a identificar as exigências legais e
técnicas a respeito do tema, bem como as recomendações a serem atendidas na
elaboração de tais planos. A seguir, foi realizado estudo de caso em cemitério
localizado em um município no interior de São Paulo, durante o qual, além de
registros fotográficos, foi utilizado um roteiro de entrevista/ questionário previamente
elaborado, apresentado na figura 1, e realizados registros fotográficos, para obter
informações referentes aos resíduos gerados em cemitérios e as práticas de gestão
e gerenciamento.
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Resultados e Discussão
No estado de São Paulo, a Norma CETESB nº. L1.040 de janeiro de 1999, já
estabelecia requisitos e condições técnicas para a implantação de cemitérios
destinados ao sepultamento no subsolo, visando a proteção e a preservação
ambiental, em particular do solo e das águas subterrâneas. Entre os requisitos da
norma estão a necessidade de observar uma distância mínima de cursos d’água, a
existência de sistema adequado de drenagem de águas pluviais de modo a evitar
erosões alagamentos e movimentos de terra no interior dos cemitérios e a
destinação adequada de resíduos gerados na exumação dos corpos, como urnas e
material descartável (luvas, sacos plásticos, entre outros) (CETESB, 1999).
Em âmbito federal, com a promulgação da resolução CONAMA 335, em 28 de
maio de 2003, os cemitérios passaram a ser considerados como fontes de
contaminação ambiental, tendo sua implantação sujeita ao atendimento de critérios
legais, também para proteger o solo e as águas subterrâneas (MMA, 2003)
Em 2010, foi instituída a Polícia Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), por
meio da lei federal 12305/10 e de seu respectivo decreto regulamentador, de
número 7404/10. Em seu artigo 13, a lei divide os resíduos quanto à sua origem e
sua periculosidade. Segundo a origem, os resíduos são classificáveis como:
resíduos domiciliares e de limpeza urbana, que juntos são denominados resíduos
sólidos urbanos; de estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços; dos
serviços públicos de saneamento básico; industriais; de serviços de saúde; da
construção civil; agrossilvopastoris; de serviços de transportes; e de mineração.
Quanto à periculosidade, os resíduos são classificados em não perigosos e
perigosos (BRASIL, 2010). A lei não apresenta exemplos de cada tipo - e talvez
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Estudo de caso
O estudo de caso foi realizado durante visita técnica ao único cemitério
existente em um município do interior de São Paulo, com cerca de 30.000
habitantes. O município em questão encontrava-se na fase de elaboração de seu
plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos e seguindo orientações do
GIREM incluiu também o cemitério municipal e seus resíduos na fase de diagnóstico
e avaliação.
O Cemitério Municipal analisado existe há mais de 100 anos. Nele, são
realizados, em média 15 a 16 enterros, e seu grau de ocupação encontra-se em
95%.
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Conclusões
Os resíduos gerados em cemitérios, ainda que cercados de que o tema
usualmente levanta, começam a ser discutidos em face das obrigatoriedades
expressas em legislações e normas.
Os impactos ambientais do necrochorume, se já são objeto de estudos e têm
seus impactos previstos a ponto de ter motivado a elaboração de normas técnicas
específicas para a implantação de cemitérios, parecem não receber a atenção
devida, seja pela dificuldade ou ignorância a respeito do tema ou seja pela condição
delicada do assunto. De qualquer modo, impõe-se a necessidade de, no caso dos
novos empreendimentos, atender às disposições técnicas já existentes e, no caso
dos já existentes, sobretudo os mais antigos, de se realizar investigações sobre a
ocorrência ou não de contaminação da área em questão, com o que deve-se
promover a recuperação da área degradada e a mitigação dos eventuais impactos.
Os demais resíduos gerados em cemitérios parecem despertar ainda menos
atenção, sendo na melhor das hipóteses coletados e destinados diretamente para
aterros sanitários.
O estudo de caso trouxe a informação preliminar de que ainda não foram
relatados casos de contaminação de águas subterrâneas por necrochorume, o que
se pretende confirmar através de posteriores análises apropriadas. Também permitiu
observar a geração de grande quantidade de resíduos que, se devidamente
separados, poderiam ter como destinação programas de reciclagem ou a utilização
em processos de compostagem, em lugar da simples disposição final em aterro.
Nesse sentido a proposta inicial de classificação visa destacar as diferentes origens
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Referências Bibliográficas
ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 1004 – Resíduos
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BRASIL. Lei nº 12305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos
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CETESB - COMPANHIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO. Norma Técnica
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MMA – MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Resolução CONAMA 335, em 28 de maio de
2003. Dispõe sobre o licenciamento ambiental de cemitérios. Diário Oficial de União, nº 101,
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PACHECO, A. Meio ambiente e cemitérios. São Paulo: Editora SENAC São Paulo. 192 p.
2012.
SMA – SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE DO ESTADO DE SÃO PAULO. Coordenadoria
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Municipais. Plano Municipal de Gestão integrada de Resíduos Sólidos. São Paulo:
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