Stephanie Freitas Couto de Magalhães

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

Campus MACAÉ - PROFESSOR ALOÍSIO TEIXEIRA


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS AMBIENTAIS E
CONSERVAÇÃO

Avaliação dos fatores que influenciam na


dinâmica de nutrientes, material particulado e
vazão em pequenas bacias hidrográficas.

Stephanie Freitas Couto de Magalhães

2017
Avaliação dos fatores que influenciam na
dinâmica de nutrientes, material particulado e
vazão em pequenas bacias hidrográficas.

Stephanie Freitas Couto de Magalhães

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de


Pós-graduação em Ciências Ambientais e
Conservação, Universidade Federal do Rio de Janeiro,
Campus Professor Aloísio Teixeira-Macaé como parte
dos requisitos necessários à obtenção do título de
Mestre em Ciências Ambientais e Conservação

Orientador: Prof. Dr. Maurício Mussi Molisani


Coorientador: Prof. Dr. Marcos Sarmet Moreira de
Barros Salomão

Macaé

Junho de 2017
Avaliação dos fatores que influenciam na
dinâmica de nutrientes, material particulado e
vazão em pequenas bacias hidrográficas.

Stephanie Freitas Couto de


Magalhães

Maurício Mussi Molisani

Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-graduação em Ciências


Ambientais e Conservação, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Campus Professor
Aloísio Teixeira- Macaé como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de
Mestre em Ciências Ambientais e Conservação

Aprovada por:

Presidente, Prof..

Prof (a).

Prof (a).

Prof (a).

Prof (a).
iv

Magalhães, Stephanie Freitas Couto

Avaliação dos fatores que influenciam na dinâmica de nutrientes, material


particulado e vazão em pequenas bacias hidrográficas. / Stephanie Freitas Couto de
Magalhães. - Macaé: UFRJ, Campus Macaé, 2017.
vii, 67.:il.
Orientador: Maurício Mussi Molisani
Coorientador: Marcos Sarmet Moreira de Barros Salomão
Dissertação (mestrado) – UFRJ/ Campus Macaé/ Programa de Pós-graduação em
Ciências Ambientais e Conservação, 2017.
Referências Bibliográficas: f. 51- 60.
1. Bacias hidrográficas e rios. 2. Geotecnologia. 3. Geomorfologia. 4. Uso da terra.
5. Concentração, fluxo e rendimento de nutrientes, MPS e água. I. Molisani, Maurício
Mussi. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Programa de Pós-Graduação em
Ciências Ambientais e Conservação. III. Avaliação dos fatores que influenciam na
dinâmica de nutrientes, material particulado e vazão em pequenas bacias
hidrográficas.
v

SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS ............................................................................................................... viii

RESUMO ..................................................................................................................................... ix

ABSTRACT .................................................................................................................................. x

LISTA DE FIGURAS .................................................................................................................. xi

LISTA DE TABELAS ............................................................................................................... xiv

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ................................................................................ xvi

1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 1

1.1. Bacias hidrográficas e ambientes fluviais...................................................................... 1

1.2. Hidrologia florestal: o papel da vegetação na quantidade da água numa bacia............. 4

1.3. Uso da terra e qualidade da água superficial ................................................................. 6

2. OBJETIVOS ........................................................................................................................ 10

2.1. Objetivo Geral ............................................................................................................. 10

2.2. Objetivos específicos ................................................................................................... 10

3. METODOLOGIA ................................................................................................................ 11

3.1. Área de estudo ............................................................................................................. 11

3.2. Geotecnologia .............................................................................................................. 14

3.2.1. Modelo digital do terreno hidrologicamente corrigido ............................................ 14

3.2.2. Coeficiente de compacidade e fator de forma ........................................................ 14

3.2.3. Mapas temáticos ..................................................................................................... 15

3.3. Amostragem de parâmetros físico-químicos das sub-bacias hidrográficas ................. 17

3.4. Análise dos dados ........................................................................................................ 20

4. RESULTADOS ................................................................................................................... 21

4.1. Características físicas e uso da terra das sub-bacias hidrográficas .............................. 21

4.2. Hidrologia e hidroquímica das sub-bacias hidrográficas do rio Sana – Análise


espacial....................... ................................................................................................. 29
vi

4.3. Hidrologia e hidroquímica das sub-bacias hidrográficas do rio Sana – Análise


temporal........ ...................................................................................................... .........35

4.4. Fatores que determinam a qualidade e quantidade das águas das sub-bacias do rio
Sana........ .......................................................................................................... ...........39

5. DISCUSSÃO ....................................................................................................................... 43

5.1. Características físicas e uso da terra das sub-bacias hidrográficas ............................. 43

5.2. Hidrologia e hidroquímica das sub-bacias hidrográficas do rio Sana – Análise espacial
.......................................................................................................................................44

5.3. Hidrologia e hidroquímica das sub-bacias hidrográficas do rio Sana – Análise temporal
.......................................................................................................................................46

5.4. Fatores que determinam a qualidade e quantidade das águas das sub-bacias do rio Sana
.......................................................................................................................................47

6. CONCLUSÃO ..................................................................................................................... 50

7. REFERÊNCIAS .................................................................................................................. 51

8. APÊNDICES ....................................................................................................................... 61
vii

Dedico este trabalho a minha amada filha Sofia, que foi a


fonte de inspiração para esta etapa da minha vida e ao
meu querido companheiro Vinicius, que me apoiou e me
ajudou nesta conquista
viii

AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer,

A todos que estiveram ao meu lado durante este período. Em especial a minha família, primeiramente
ao meu companheiro Vinicius que me ajudou e me apoiou em todos os momentos, principalmente nas
diferentes oportunidades que ficou com a nossa filha para que eu pudesse concluir a dissertação e a Jane
e ao Péricles que também me ajudaram muito com a Sofia;
Ao meu pai e a Vania que mesmo distante sempre me apoiaram e incentivaram, e a minha mãe e minha
avó pelo carinho.
Ao meu orientador pela oportunidade, as idas a campo, a orientação para construção deste trabalho e a
troca de conhecimento, que fez com que hoje eu tenha um novo olhar sobre a ciência e o cenário
ambiental;
A Lua, que teve toda a paciência comigo me ensinado os procedimentos do laboratório e me
acompanhando no campo em diferentes oportunidades, bem como a Larissa que sempre esteve ao meu
lado me incentivando e ajudando no que eu precisasse;
A Maira e a Isabela pelas análises químicas, que foram de extrema importância para o desenvolvimento
do trabalho;
A toda equipe do PPGCIAC, em especial a Ana Petry pela paciência e por ter me ensinado um pouquinho
de estatística, e a querida Marla;
A CAPES pelo financiamento que fez este mestrado possível;
A banca de dissertação (Marcos Paulo e Salomão) pelas sugestões e críticas construtivas que
contribuíram para um melhor direcionamento do trabalho e que me trouxe um coorientador que me
ajudou na construção da dissertação;
ix

RESUMO

A cobertura florestal em bacias com alta declividade tem funções eco hidrológicas que
minimizam os efeitos decorrentes das características naturais, como a redução na produção
e transporte de sedimentos e nutrientes, contribuindo para manutenção da quantidade e
qualidade da água nos rios. Entretanto a substituição da vegetação natural por áreas de
agricultura, pastagem, centros urbanos, entre outros, estão ocasionando diferentes impactos
ambientais como no balanço hídrico, na degradação do solo e na qualidade das águas.
Dentro deste contexto está a bacia hidrográfica do rio Sana, que também passa por
alterações antrópicas que podem vir a refletir numa mudança na descarga, no aumento de
nutrientes e materiais em suspensão para bacia do Rio Macaé. Por isso, o entendimento da
dinâmica hidrológica e de materiais nestes ambientes é importante a fim de garantir o uso
sustentável e a preservação da vida nos ecossistemas aquáticos. Este estudo por meio dos
Sistemas de Informações Geográficas realizou a caracterização morfométrica (área,
perímetro, declividade média, coeficiente de compacidade e índice de forma) e de uso do
solo em onze sub-bacias da bacia hidrográfica do rio Sana. Nestas sub-bacias, se mediu
mensalmente durante um ano, a vazão, as partículas em suspensão, as concentrações de
nutrientes, fluxos e rendimentos dos rios, a fim de avaliar a relação entre uso do solo e
geomorfologia com a dinâmica hidrológica e de materiais. Os resultados evidenciaram
aspectos importantes, como ausência ou pequena variação espacial das concentrações de
materiais particulados entre os rios, onde as maiores concentrações de nutrientes foram
encontradas no período chuvoso. A vazão e declividade apresentaram uma relação negativa
com as concentrações e rendimentos de material particulado, enquanto que para os
rendimentos de nutrientes e água foi observada uma forte influência das características
geomorfológicas. As mudanças do uso da terra, com exceção da urbanização não foram
relacionadas com as concentrações de nutrientes, fluxos e rendimentos. O uso
preponderante encontrado nas sub-bacias foi cobertura florestal, onde a conversão para
áreas urbanizadas mostra um cenário tendencioso para poluição dos rios, apesar do
monitoramento mensal ter indicado uma boa qualidade da água e um comportamento
hidrológico semelhante entre as sub-bacias.

Palavras-chave: uso da terra, geomorfologia, balanço de materiais, bacias hidrográficas


montanhosas
x

ABSTRACT

Forest cover in high declivity basins has eco-hydrological functions that minimize the effects
of natural features, such as reduction in sediment and nutrient production and transport,
contributing to the maintenance of water quantity and quality in rivers. However, the
replacement of natural vegetation by agriculture, pasture, urban centers, among others, are
causing different environmental impacts such as water balance, soil degradation and water
quality. Within this context, the Sana’s River basin is also undergoing anthropic alterations that
may reflect a change in the discharge, increase of nutrients and suspended materials for the
Macaé River basin, so the understanding of hydrological dynamics and Materials in these
environments is important for the sustainable use and preservation of life in aquatic ecosystems.
This study, through the Geographic Information Systems, performed the morphometric
characterization (area, perimeter, mean slope, compactness and shape coefficient) and land use
in eleven sub basins that are part of the Sana river basin, as well as measured monthly for one
year, flow, particulate matter and nutrient concentrations, flows and yields of rivers, in order to
evaluate the relationship between land use and geomorphology with hydrological and material
dynamics. The results evidenced important aspects, such as absence or small spatial variation
of material concentrations between rivers, where the highest concentrations of nutrients were
found in the rainy season. The flow and declivity presented a negative relation with the
concentrations and yields of particulate matter, whereas for the nutrient and water a strong
influence of the geomorphological characteristics was observed on the yields. Changes in land
use, with the exception of urbanization, were not related to nutrient concentrations, flows, and
yields. The preponderant use found in the sub-basins was forest cover, where conversion to
urbanized areas shows a biased scenario for river pollution, although monthly monitoring
indicated good water quality and a similar hydrological behavior among sub-basins.

Keywords: land use, geomorphology, material balance, mountainous river basins


xi

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Localização da área de estudo inserida no município de Macaé-RJ (Fonte: Nunes et


al., 2004)..................................................................................................................................12

Figura 2: Dados da estação pluviométrica localizada na barra do Sana no período de 2015 e


2016 (Fonte: INEA, 2017)......................................................................................................12

Figura 3: Imagem RapidEye (2014) utilizada na classificação de uso da terra com a respectiva
delimitação da bacia hidrográfica do rio Sana- RJ. ......................................................... ........17

Figura 4: Bacia de drenagem do rio Sana, Macaé-RJ, destacando as sub-bacias estudadas e os


pontos de coleta ......................................................................................................................18

Figura 5: Altimetria da bacia hidrográfica do rio Sana- RJ.. ........................................... ......23

Figura 6: Declividade da bacia hidrográfica do rio Sana- RJ................................................ .24

Figura 7: Uso da terra na bacia hidrográfica do rio Sana- RJ.................................................27

Figura 8: Uso da terra nas sub-bacias hidrográficas do rio Sana- RJ .....................................28

Figura 9: Concentração média ± (desvio padrão) de nutrientes (mg/L) (Nitrogênio Total (NT);
Amônio (NH4+); Fósforo Total - PT e Ortofosfato (PO43- ); Carbono orgânico dissolvido
(COD), Material particulado em suspensão - MPS (mg/L) e vazão (L/s) medidos na porção
fluvial (n = 11) durante o período amostral de 12 meses, nas sub-bacias hidrográficas do rio
Sana-RJ...................................................................................................................................32

Figura 10: Fluxo anual de nutrientes (ton/ano) (Nitrogênio Total (NT); Amônio (NH4+);
Fósforo Total - PT e Ortofosfato (PO43- ); Carbono orgânico dissolvido (COD)), Material
particulado em suspensão - MPS (ton/ano) e água (m3/ano) medidos na porção fluvial (n = 11)
durante o período amostral de 12 meses, nas sub-bacias hidrográficas do rio Sana- RJ .......33
xii

Figura 11: Rendimento de nutrientes (Nitrogênio Total (NT); Amônio (NH4+); Fósforo Total
- PT e Ortofosfato (PO43- ); Carbono orgânico dissolvido (COD)), Material particulado em
suspensão - MPS e água medidos na porção fluvial (n = 11) durante o período amostral de 12
meses, nas sub-bacias hidrográficas do rio Sana- RJ..............................................................34

Figura 12: Variação temporal da vazão (L/s) medidos na porção fluvial (n = 11) durante o
período amostral de 12 meses, nas sub-bacias hidrográficas do rio Sana-
RJ.............................................................................................................................................35

Figura 13: Variação temporal das concentrações de Amônio (NH4+ - (mg/L) medidos na
porção fluvial (n = 11) durante o período amostral de 12 meses, nas sub-bacias hidrográficas
do rio Sana-RJ.........................................................................................................................36
Figura 14: Variação temporal das concentrações de nitrogênio total (NT – (mg/L) medidos na
porção fluvial (n = 11) durante o período amostral de 12 meses, nas sub-bacias hidrográficas
do rio Sana-RJ.........................................................................................................................36

Figura 15: Variação temporal do rendimento de carbono orgânico dissolvido (COD-


ton/km2/ano) medidos na porção fluvial (n = 11) durante o período amostral de 12 meses, nas
sub-bacias hidrográficas do rio Sana-RJ.................................................................................37

Figura 16: Variação temporal do rendimento de nitrogênio total (NT- ton/km2/ano) medidos
na porção fluvial (n = 11) durante o período amostral de 12 meses, nas sub-bacias hidrográficas
do rio Sana- RJ........................................................................................................................37
Figura 17: Variação temporal do rendimento de fósforo total (PT- kg/km2/ano) medidos na
porção fluvial (n = 11) durante o período amostral de 12 meses, nas sub-bacias hidrográficas
do rio Sana-RJ.........................................................................................................................38
Figura 18: Variação temporal do rendimento de amônio (NH4+ - kg/km2/ano) medidos na
porção fluvial (n = 11) durante o período amostral de 12 meses, nas sub-bacias hidrográficas
do rio Sana-RJ.........................................................................................................................38
Figura 19: Variação temporal do rendimento de material particulado em suspensão (MPS -
ton/km2/ano) medidos na porção fluvial (n = 11) durante o período amostral de 12 meses, nas
sub-bacias hidrográficas do rio Sana-RJ.................................................................................39
Figura 20: Correlação dos parâmetros vazão (L/s) e área (km2).............................................40
xiii

Figura 21: Correlação entre rendimento do fluxo anual de água (m3/km2/ano) e rendimento
de carbono orgânico dissolvido (COD (ton/km2/ano)), nitrogênio total (NT (ton/km2/ano)),
amônio (NH4+ (kg/km2/ano)), e ortofosfato (PO43 ton/km2/ano))..............................................41
Figura 22: Correlação entre declividade, concentração material particulado (MPS (mg/L)) e
rendimento de material particulado (MPS (ton/km2/ano)) na ..............................................
........................................................................................................................... ...............42
Figura 23: Correlação entre urbanização e concentrações de nitrogênio total (NT (mg/L)) e
fósforo total (PT (mg/L))
.................................................................................................................................................42
xiv

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Formas de relevo e classes de declividade (Fonte: Embrapa,


1979).......................................................................................................................................16
Tabela 2: Parâmetros morfométricos da bacia e sub-bacias do Rio Sana, Macaé- RJ. Onde:
Kc: coeficiente de compacidade, F: fator de forma. ....................................................... ......22

Tabela 3: Porcentagem de ocupação do uso da terra nas sub-bacias hidrográficas do rio Sana-
RJ..........................................................................................................................................26

Tabela 4: Valores médios ± desvio padrão – DP, mínimo e máximo dos parâmetros físico-
químicos medidos na porção fluvial (n = 11) durante o período amostral de 12 meses, nas
sub-bacias do rio Sana-RJ. Temperatura (Temp. ºC); Oxigênio Dissolvido (O2. %);
Condutividade (µS/cm); pH. .......................................................................................... ......29
xv

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

F= Fator de Forma
INEA = Instituto Estadual do Ambiente
Kc= Coeficiente de compacidade
MPS = Material Particulado em Suspensão
MO = Matéria orgânica
Min = Mínimo
Max= Máximo

NT = Nitrogênio Total
NH4+= Amônio
%OD = Percentual de saturação em Oxigênio Dissolvido

PO43- = Ortofosfato
PT = Fósforo Total
YSI = Yellow Springs Instruments
MMA = Ministério do Meio Ambiente
INEA = Instituto Estadual do Ambiente
SIG = Sistema de Informações Geográficas
1

1. INTRODUÇÃO

1.1. Rios e ambientes fluviais

Os ecossistemas lóticos dos quais os rios fazem parte são sistemas abertos que o
integram e interagem com a paisagem (Ward, 1989). Com a finalidade de descrever os
ecossistemas lóticos e suas bacias hidrográficas, diferentes teorias foram formuladas
mostrando as estruturas e processos atuantes nestes ambientes. Allan (1995) não recomenda
a utilização individual das teorias, visto que um conjunto de fatores influenciam na
característica do rio. A teoria pioneira foi a do “Contínuo Fluvial” descrita por Vannote et al.
(1980) que aborda a dimensão longitudinal do rio, ou seja, da nascente a foz. De acordo com
essa teoria os sistemas lóticos, possuem um gradiente de variáveis ambientais que vão se
modificando ao longo do rio, tais como: profundidade, largura, volume de água, temperatura,
padrões de transporte, utilização e armazenamento de matéria orgânica. Diante destes fatores,
o rio pode ser dividido em três regiões geomorfológicas distintas: cabeceira, médio curso e
baixo curso.
Na bacia hidrográfica a região da cabeceira normalmente possui rios estreitos, com
menores vazões e quedas íngremes, devido a maior declividade. À medida que se movimenta
a jusante na bacia ocorre a contribuição dos rios tributários (afluentes), que são um grande
fator de interferência no gradiente longitudinal do rio, pois promovem um aumento da vazão,
largura e profundidade dos rios (Brigante e Espíndola, 2003; Press et al., 2006). Segundo a
teoria do “Contínuo Fluvial” a região da cabeceira geralmente é formada por rios de 1o a 3o
ordem, onde existe uma elevada dependência da contribuição terrestre de matéria orgânica
(MO), em especial da mata ciliar, sendo a taxa de produção maior do que a respiração. O
curso médio é composto por rios de 4o a 6o ordem, neste trecho do rio existe uma redução na
dependência da contribuição dos ecossistemas terrestres, com uma maior produção primária,
em função do aumento de algas, macrófitas aquática vasculares e do material orgânico. Já no
baixo curso são os rios de ordem > 6, que apresentam grande carga sedimentar que é
resultante de todos os processos a montante, nesta região a taxa de respiração excede a
produção (Vannote et al., 1980). Segundo esta teoria, os rios e córregos apresentam fluxo
unidirecional, porém outras teorias apontam que o conceito de continuidade do rio pode ser
rompido devido a interferências antrópicas, fazendo com que modificações nas cabeceiras
possam vir a influenciar nas características da foz fluvial (Standford e Ward, 2001; Roland
2

et al., 2005; Brigante e Espíndola, 2003).


A teoria de “Domínio de Processos” considera a influência dos processos
geomorfológicos na variabilidade espacial e temporal, ou seja, a combinação de clima,
geologia e topografia determinando as características dos sistemas lóticos (Montgomery,
1999). De acordo com essa teoria esses fatores determinam a forma do escoamento geral,
tipo de substrato e declive, atuando como controle primário nos processos de formação de
vale e dos canais fluviais. Sendo que os processos biológicos também podem influenciar nos
processos físicos (Montgomery, 1999).
Já a teoria das “Quatro Dimensões” proposta por Ward (1989) descreve os sistemas
lóticos como tetradimensionais, onde fazem parte componentes longitudinais, verticais e
laterais que se modificam ao longo do tempo. Nos componentes longitudinais fazem parte as
mudanças que ocorrem ao longo do canal, enquanto que os componentes laterais e verticais
seriam a interação do canal com a várzea e com o lençol freático, utilizando o componente
temporal como resposta do canal a uma mudança ao longo do tempo.
A teoria do “Descontínuo Fluvial” assume que cada fluxo é provável de ser um
sistema individual, que é fortemente relacionado com a meta-estrutura da sua bacia
hidrográfica, ou seja, um mosaico de manchas. Onde as manchas são características de cada
segmento (como vegetação, geomorfologia, solo, clima, etc.), e a dinâmica dessas manchas
ao longo do sistema é que caracteriza o rio. Segundo Poole (2002), a visão descontinua do
rio cria uma estrutura para o estudo e compreensão da importância individual de cada fluxo
e da sua relação com a paisagem em que está inserido. Hynes (1975) aponta que "em todos
os aspectos, o vale domina a corrente" e "cada fluxo é provável que seja individual", ou seja,
o sistema lótico é reflexo das características geomorfológicas e das ações antrópicas que
ocorrem no seu vale, sendo único, pois é pouco provável destas características serem
idênticas, apenas semelhantes.
No que tange a complexa dinâmica hidrológica que envolve as bacias hidrográficas,
inclusive pequenas bacias e rios de ordens iniciais, é importante o conhecimento dos
parâmetros físicos (área, fator de forma, compacidade, altitude e declividade média, direção
e comprimento da bacia), geológicos (tipos de rochas, solo e sedimentos fluviais) e da
vegetação (tipo de cobertura vegetal), a fim de se obter uma melhor compreensão das inter-
relações existentes e dos processos hidrológicos que envolvem uma bacia hidrográfica (Lima,
2008a). Assim como também é importante o conhecimento das características hidrológicas
(escoamento superficial, subsuperficial e profundo, infiltração, evapotranspiração,
precipitação e vazão dos rios) para quantificar os processos hidrológicos e correlacioná-los
3

com variáveis relacionadas à quantidade e qualidade da água (Cardoso et al., 2006).


A química da água e o fluxo de nutrientes refletem os processos hidrológicos e
biogeoquímicos que ocorrem na bacia hidrográfica e no interior dos canais (Andrade et al.,
2011) sofrendo também influência da variabilidade da paisagem, onde ações antrópicas, como
na mudança do uso da terra, podem intensificar o fluxo e a concentração de sedimentos e
nutrientes na água dos rios (Donato et al.,2008; Lee et al., 2009; Molisani et al, 2013; O'Neill
et al., 1997; Press et al., 2006; Wiens, 2002). Cenários de poluição e degradação dos ambientes
aquáticos estão associados a elevadas emissões antrópicas de nutrientes (O'Neill et al., 1997;
Lee et al., 2009; Molisani et al., 2013) devido ao aumento da erosão, carga sedimentar, matéria
orgânica, lixiviação de nutrientes e químicos agrícolas para água subterrânea, rios e riachos
(Foley et al., 2005).
Segundo Milliman e Syvitski (1992) para compreender a carga de sedimentos de
pequenos rios é preciso entender a interação de fatores como clima, precipitação, descarga
(volume e velocidade), a geologia, impacto humano e a área da bacia de drenagem. Quando
se analisa o fluxo de partículas em suspensão observa-se a ação das atividades humanas,
devido aos maiores valores que são encontrados em bacias que estão mais susceptíveis a
processos erosivos devido ao desmatamento, a má conservação do solo e a urbanização. Por
outro lado, os rios represados apresentam uma redução drástica na carga de sedimentos.
O grau de importância destes fatores no aumento do fluxo de sedimento e nutrientes
pode variar de acordo com o ambiente em questão, sendo que para um tipo de bacia a
precipitação possa ser o principal fator de influência (Walling e Webb, 1983), enquanto que
para outra, a área de drenagem e uso do solo (Salomão, 2004; Wilson, 1973). Deste modo, a
variabilidade local da paisagem, em que os rios e córregos estão inseridos, reflete no fluxo
de materiais (Wiens, 2002). Assim como, pode ser observado no carbono orgânico dissolvido
(COD) encontrado nos pequenos rios tropicais que tem como principal fonte a matéria
orgânica (MO) terrestre, onde o transporte e abundância do COD sofre influência das
características naturais da bacia (elevação, clima e tempo de residência da matéria orgânica)
e dos impactos antropogênicos como na mudança do uso da terra, barramento dos rios, pois
podem acarretar alterações no ciclo da MO e consequentemente no ciclo do carbono. (Moyer
et al., 2015). Portanto, a quantidade de nutrientes transportada pela corrente dos rios pode ser
considera um indicador relativo do estado nutricional de uma área, tanto antes, quanto após
uma perturbação (Likens et al., 1974).
4

1.2. Hidrologia florestal: o papel da vegetação na quantidade de água em uma bacia


hidrográfica

A hidrologia florestal trata dos efeitos da floresta e vegetação associada sobre o ciclo
hidrológico. A relação entre floresta e água vem sendo debatida há séculos, sendo um tema
polêmico e que até os dias atuais gera controvérsia no meio cientifico, onde os dois principais
aspectos analisados de influência da floresta são o hidrológico e o meteorológico
(Andréassian, 2004).

Na bacia hidrográfica a maior parte da água precipitada alcança o solo e infiltra-se


alimentando o escoamento subsuperficial e de base, sendo parte perdida pelo escoamento
superficial, e outra parte, para atmosfera por meio do processo de evapotranspiração (Ranzini,
2004). A cobertura florestal desempenha um importante papel nos componentes do balanço
hídrico, onde estudos relatam que mudanças no uso da terra, tendem a resultar numa variação
das taxas de evapotranspiração, escoamento superficial, infiltração e precipitação (Chang,
2006).

Os estudos envolvendo o princípio de bacias hidrográficas pareadas são referências


para estudos de impacto de uso da terra sobre o balanço hídrico, pois foram experimentos
pioneiros que corroboraram para toda base teórica cientifica que se tem atualmente (Brown
et al., 2005; Andréassian, 2004).

Na revisão apresentada por Hibbert (1967), em 39 pequenas bacias pareadas na região


temperada, o autor relata uma tendência de aumento no rendimento do fluxo anual de água,
logo após o desmatamento, embora as respostas hidrológicas das bacias, para as alterações
de uso da terra, podem ser variáveis e imprevisíveis entre elas, pois cada bacia tem suas
características peculiares. Watson et al. (2001) na Austrália e Stednick (1996) nos Estados
Unidos, também verificaram um aumento no rendimento de água, principalmente nos cinco
primeiros anos após o corte da floresta. Watson et al. (2001) encontrou uma variação de
10m3.s-1 no rendimento do fluxo anual de água, com a conversão de 10% da cobertura
florestal para pastagem, embora de acordo com Hibbert (1967) não é possível observar
variações no rendimento anual de água com desmatamento inferiores a 20%. Por outro lado,
desmatamento superior a 40% da bacia resultou num aumento do fluxo anual, picos de cheias
e volume de inundação (McCulloch e Robinson, 1993).
5

Ao analisar o impacto das mudanças da vegetação nos trópicos Bruijnzeel (1988)


constatou que as alterações no rendimento da água estavam associadas com alterações nas
taxas de infiltração e evapotranspiração. Numa área florestada na Mata Atlântica estudos
constataram que 30 % da água precipitada é devolvida para atmosfera pelo processo de
evapotranspiração (Donato et al., 2008). Sendo que a conversão da floresta natural para
vegetações de menor porte e cultura agrícola não irrigada representaram uma redução da
evapotranspiração e infiltração da água no solo, bem como um maior escoamento superficial
(Calder, 1998). Conforme foram relatados por Zhang et al (2001) ao relacionar uma área
coberta por floresta e outra similar coberta por pastagem, há uma maior evapotranspiração
na área florestal, embora ambas as áreas tenham a mesma precipitação anual média. Com a
redução da evapotranspiração, devido à alteração da vegetação, foi observada uma maior
quantidade de água disponível no solo e consequentemente maior vazão dos riachos, tanto
em bacias localizadas nas regiões tropicais quanto temperadas (Bosch e Hewlett, 1982;
Brown et al., 2005). Desta maneira, é atribuído a evapotranspiração, o principal processo
responsável por mudanças na produtividade da água em escala anual (Zhang et al., 2001;
Holmes e Sinclair, 1986; Turner, 1991)

A redução da evapotranspiração, devido à alteração da vegetação natural, também foi


relacionada com problemas meteorológicos, tais como: redução da precipitação média anual
nas bacias hidrográficas, devido a menor umidade atmosférica (Makarieva et al., 2009;
Spracklen et al., 2012 Watson et al., 2001). Conforme foi observado por Spracklen et al.,
(2012) no monitoramento feito na floresta Amazônica, onde constataram que o ar que passou
por extensas áreas florestadas produziu duas vezes mais chuva, do que o ar que percorreu
uma área com pouca vegetação. A mudança na precipitação também contribui para uma
variação no rendimento de água (Watson et al., 2001), já que o fluxo dos rios apresenta uma
relação linear com a precipitação anual (Hibbert, 1975).

Makarieva et al. (2009) também constataram que as florestas possuem um papel crucial
na circulação atmosférica da água, já que a maior umidade atmosférica das áreas florestadas
atrai a massa de água evaporada pelos oceanos, resultando em maiores precipitações nestas
regiões (Makarieva et al., 2009), em contraste com regiões próximas ao oceano, que
apresentaram pouca precipitação, devido à menor extensão da floresta natural (Makarieva et
al., 2009)

Mudanças na cobertura florestal também afetam as taxas de escoamento superficial,


pois com o desmatamento ocorre um aumento do escoamento (Ranzini, 2004). As florestas
6

ajudam na redução da intensidade da chuva que atinge o solo, bem como na menor velocidade
do escoamento e na capacidade de infiltração da água no solo, em contraste com áreas que
sofreram compactação e apresentaram uma redução da capacidade de infiltração, além de um
aumento no escoamento superficial, devido a práticas de agricultura convencional, pastagem
e urbanização (Bruijnzeel, 1988; Calder, 1998; Tucci e Clarke, 1997). Nas regiões tropicais
foi observada uma maior variação sazonal no rendimento da água (Gafur et al., 2003). As
variações sazonais observadas nas vazões dos rios é resultado das chuvas mais intensas do
período chuvoso, que contribuem para as maiores taxas de escoamento superficial
aumentando o aporte de água nos rios, enquanto que no período seco, o rio se encontra sobre
o fluxo base, sendo o aporte oriundo do lençol freático (Salomão, 2004).

Em síntese as florestas nativas possuem funções eco hidrológicas, que variam desde a
regulação hidrológica até a manutenção da qualidade da água, sendo sua função determinada
de acordo com localização no relevo (Calijuri e Cunha, 2013; Falkenmark et al., 1999).

1.3. Uso da terra e qualidade da água superficial

As ameaças mais comuns e potentes para integridade dos córregos e rios são resultantes
da transformação de paisagem, ocasionada por alteração no uso da terra, por fontes de
emissão (pontuais e difusas) de nutrientes e outros materiais que podem se tornar poluentes
(Allan e Flecker., 1993).
A mudança do uso da terra está associada à utilização dos recursos naturais para
consumo humano, onde ocorre a substituição da vegetação natural por áreas de agricultura,
pastagem, centros urbanos e industriais, entre outros. Estas práticas de uso da terra são
consideravelmente variadas entre os países e regiões, porém tem se observado
mundialmente impactos ambientais similares como: mudança nos ciclos biogeoquímicos,
no clima regional, no balanço hídrico, degradação do solo, na qualidade das águas, na
alteração e perda de biodiversidade, entre outros (Foley et al., 2005; O'Neill et al., 1997;
Lee et al., 2009).
Atualmente a produção de alimento baseada no modelo da agricultura moderna, onde se
tem uma produção intensiva e em larga escala, com uso excessivo de fertilizantes e
agrotóxicos, acarretou em diferentes problemas ambientais tais como: salinização de áreas,
erosão do solo, redução da fertilidade natural, perda de habitat nativos, redução da
biodiversidade, degradação dos recursos hídricos, alterações no ciclo hidrológico (Foley et
7

al., 2005). A conversão de áreas naturais para plantios de cultura tende a aumentar o risco
de erosão, principalmente em áreas com alta declividade, tendo como consequência o
aumento na carga de nutrientes e de sedimento para os rios, que se agrava quando a área
ripária está sem vegetação ou modificada (O'Neill et al., 1997). A erosão do solo geralmente
está associada à valores mais elevados de fosfato nos rios, pois grande parte do fósforo
encontrado no ambiente natural é proveniente das rochas (Yu et al., 2016; Christopher et al,
2010). Áreas com forte influência da agricultura representam fontes difusas de
contaminação e apresentam uma correlação significativa com altas concentrações de
nutrientes, principalmente nitrogênio e fósforo, sendo que estas concentrações podem variar
de acordo com as práticas agrícolas utilizadas e espécie cultivada (Yu et al., 2016; Huang
et al., 2016; Wang, 2013; Bu et al., 2010a; Lee et al., 2009).
A urbanização por sua vez aumenta o número de fontes pontuais de contaminação, por
exemplo, oriundas de lançamentos de efluentes domésticos nos corpos d´água, que
contribuem com o aumento da concentração de fósforo e nitrogênio (Sharpley et al., 1995).
De acordo com Foley et al. (2005) as concentrações de N e P são acentuadas em regiões
urbanizadas, principalmente onde não ocorre tratamento do esgoto. Estudos realizados
mundialmente indicam que a presença de vegetação contribui positivamente na qualidade
da água, em contraste com áreas com atividades humanas que contribui de maneira negativa
(White e Greer, 2006; Lee et al., 2009). Experiências internacionais, como as realizadas na
Austrália e nos Estados Unidos, vêm utilizando o conceito de bacias municipais utilizadas
para abastecimento público, onde é mantida a cobertura florestal e em contrapartida se têm
uma água de boa qualidade para o consumo, reduzindo assim o custo com o tratamento da
água e com isso atribuindo um valor socioeconômico e ambiental ao serviço ecossistêmico
produzido pela floresta (Dudley e Stolton, 2003).
No que se refere à qualidade da água dos rios, diferentes autores têm documentado uma
relação significativa entre características do uso da terra e qualidade dos ecossistemas
aquáticos na área de drenagem da bacia hidrográfica, no entanto é importante compreender
se existe relação entre a localização dessas ocupações antrópicas (Bu et al., 2010a; Yu et
al., 2016; Huang et al., 2016; Amiri e Nakane, 2006; Lee et al., 2009). Estudos tem
documentado que existe uma maior influência na qualidade da água quando a mudança no
uso da terra ocorre na mata ciliar, pois a ocupação se dá numa curta distância da massa de
água receptora (Tran et al., 2010; Sliva e Williams 2001; Norton e Fisher 2000; Barling e
Moore, 1994; Storey e Cowley, 1997). Segundo Woodcock et al. (2006) nas bacias de
cabeceiras com áreas de drenagem menor que 25 km2 se tem maior probabilidade do uso da
8

terra influenciar a qualidade da água ao longo do vale fluvial, pois há maior proximidade
da água dos riachos. Enquanto que nas bacias de maior dimensão (>25km2) acredita-se que
a maior influência na qualidade da água ocorre pelo uso da terra na mata ciliar (Yu et al.,
2015; Woodcock et al., 2006; Wang, 2013). De acordo com Barbosa (2003) uma menor
escala de estudo é indicada para melhor compreensão da relação entre efeitos antrópicos e
a resposta ecológica de determinado trecho do rio.
A presença de florestas nativas na bacia hidrográfica e na mata ciliar garantem maior
estabilidade térmica do ambiente aquático, regulam o ciclo hidrológico, proporciona
proteção dos solos na bacia e na margem dos rios, reduzindo a erosão e o assoreamento dos
corpos d´água, como também propicia a entrada de materiais alóctones, como a matéria
orgânica e atua como uma barreira para nutrientes e contaminantes que são carreados de
outras áreas da bacia em direção ao leito dos rios (Calijuri e Cunha, 2013; Foley et al., 2005;
Lee et al., 2009; Tambosi, 2015; Tundisi, 2010; Tundisi, 2014; White e Greer, 2006).
As atividades humanas têm demonstrado ser o mais significativo fator que influencia as
exportações de nutrientes (Galloway e Cowling, 2002; Seitzinger et al., 2005). Molisani et
al. (2013) relata maior emissão antrópica em relação à natural, ocasionada pela urbanização
e pastagem na bacia do rio Macaé-RJ. Este rio é uma importante fonte de água para o
abastecimento da cidade de Macaé, Rio das Ostras, Casimiro de Abreu, e também para as
atividades petrolíferas que são desenvolvidas na região (Halla, 2015). Um importante
tributário do rio Macaé, é o rio Sana que tem sua bacia localizada no curso médio da bacia
hidrográfica do rio Macaé. A preservação e conservação do curso médio e superior são
importantes, pois são regiões onde se tem uma alta produção e transporte de nutrientes e
sedimentos, que são exportados para o rio Macaé (Molisani et al., 2016), bem como são
importantes para o abastecimento de água local (Moulton et al., 2007). Assim como toda
bacia hidrográfica, a do rio Macaé está sujeita a ocupação humana por meio da pecuária,
agricultura e urbanização e a bacia do rio Sana também passa por estas transformações,
inserindo pressões antrópicas como na mudança do uso da terra e no consumo de água. As
ações antrópicas podem vir a refletir numa mudança na descarga, no aumento do aporte de
nutrientes e materiais em suspensão que poderá resultar na mudança da qualidade da água.
As microbacias, assim como as sub-bacias do rio Sana estudadas, possuem uma maior
sensibilidade às chuvas de alta intensidade e a modificações no uso da terra, quando
relacionada com bacias maiores, por isso ao utilizar está escala de estudo é possível obter
uma boa precisão da influência do uso da terra sobre a quantidade e qualidade da água
(Fernandes, 2009). Dentro desse contexto torna-se importante estudos que contribuam para
9

o entendimento dos processos hidrológicos e da influência do uso da terra sobre a qualidade


da água dos rios, a fim de garantir o uso sustentável e a preservação da vida nos ecossistemas
(Molisani et al., 2016; Salomão, 2004).
10

2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo Geral

• Analisar a influência do uso da terra e geomorfologia sobre as concentrações, fluxos e


rendimentos, de água, partículas em suspensão e nutrientes em sub-bacias do rio Sana
(sub-bacia do rio Macaé-RJ).

2.2. Objetivos específicos

• Monitorar, mensalmente ao longo de um ano hidrológico, parâmetros físico-químicos


(temperatura, pH, oxigênio dissolvido, vazão, concentração de C, N, P, partículas em
suspensão).
• Determinar aspectos sobre a geomorfologia das sub-bacias, como área de drenagem,
perímetro, coeficiente de compacidade, índice de forma, declividade e altitude;
• Determinar os usos do solo preponderantes nas sub-bacias do rio Sana;
• Avaliar a semelhança na concentração de nutrientes, fluxos e rendimento entre as sub-
bacias hidrográficas;
• Relacionar as variáveis levantadas determinando os processos naturais e antrópicos que
apresentam influência sobre a quantidade e qualidade das águas superficiais.
11

3. METODOLOGIA

3.1. Área de Estudo

A área de estudo compreende as sub-bacias hidrográficas da Bacia do rio Sana que é


uma sub-bacia da bacia do rio Macaé (Figura ). A gestão da bacia é, em parte,
responsabilidade do comitê de bacias hidrográficas dos rios Macaé e das Ostras. A bacia do
rio Sana está localizada a oeste do município de Macaé na região serrana fazendo divisa ao
sul com o município de Casimiro de Abreu, com Nova Friburgo, a oeste, e Trajano de
Moraes a noroeste (MACAÉ, 2003). A bacia do rio Sana abrange uma área de 118 km2 com
uma amplitude altimétrica de 1.500 m aproximadamente (Assumpção e Marçal, 2006).
O Sana encontra-se dentro de uma unidade geomorfológica também denominada de
escarpas serranas, mais especificamente a Serra do Mar, com ocorrência de solos rasos e
afloramentos de rocha (Castro et al., 2010; Nunes, 2004). A bacia tem um relevo formado
por montanhas com encostas íngremes, sendo os córregos caracterizados por corredeiras
rochosas, na maior parte de suas extensões (MACAÉ, 2003). O principal rio da bacia, o rio
Sana, nasce nas escarpas da serra de Macaé, e possui um curso de aproximadamente 20 km
de extensão (Nunes, 2004). Os tipos de solo encontrados na bacia são os cambissolos
háplicos, argissolos amarelos, latossolos vermelho-amarelos, neossolos flúvicos e
associações de argissolos amarelos com latossolos amarelos (Lima, 2008).
12

Figura 1: Localização da área de estudo inserida no município de Macaé-RJ (Fonte: Nunes et


al., 2004)

A região apresenta clima tropical de altitude com chuvas orográficas, devido a


influência da Serra do Mar, sendo caracterizadas como chuvas de menor intensidade e longa
duração e precipitações anuais em torno de 2.000 mm (ANA, 2009). A Figura 2 mostra o
regime de chuvas na região no período de estudo, indicando uma precipitação mínima
mensal de 0,2 mm e a máxima de 800 mm, onde 67,7% das chuvas precipitaram nos meses
chuvosos.

Figura 2: Dados da estação pluviométrica localizada na barra do Sana no período de 2015


e 2016 (Fonte: INEA, 2017).
13

A cobertura florestal original da bacia é a Floresta Ombrófila Densa característica do


bioma de Mata Atlântica. Já com relação à cobertura vegetal atual, esta é tipicamente
formada por mosaicos florísticos constituídos por pastos, lavouras e fragmentos de florestas
em diferentes estágios de sucessão florestal (MACAÉ, 2003). Esta fragmentação da floresta
na região do Sana (6º Distrito de Macaé) representa a degradação ocasionada pelos ciclos
econômicos da exploração de madeira de lei, café, gado e banana. Atualmente os conflitos
socioambientais associados ao uso do solo, estão relacionados a maior especulação
imobiliária, devido ao potencial turístico da região, a agropecuária e a urbanização
(Jeronymo, 2012; Marinho, 2011). Devido a estes conflitos, ocorreu uma mobilização
político-social por parte da população do Sana que resultou na criação da Área de Proteção
Ambiental (APA) do Sana, por meio da Lei Municipal nº 2.172, de 30 de novembro de
2001. A Unidade de Conservação está inserida nos limites da bacia, sendo assim foi
estabelecido um ordenamento de uso e ocupação do solo, por meio do Plano de Manejo e
Zoneamento Ambiental (Marinho, 2011). Apesar da criação da APA na bacia, observa-se
problemas ambientais como: poluição e redução dos corpos hídricos, ocupação desordenada
da mata ciliar, criação de gado em áreas suscetíveis à erosão, uso de agrotóxicos, criação de
loteamentos e construções irregulares, além do incremento da ocupação urbana provocado
por empreendimentos imobiliários e turísticos (Jeronymo, 2012).
14

3.2. Geotecnologia

A partir do uso de Sistema de Informações Geográficas (SIG) foi possível identificar as


características morfométricas (área da bacia, coeficiente de compacidade, índice de forma,
declividade média) e elaborar os mapas temáticos de uso da terra, declividade e altitude. A
base de dados utilizada para atender os procedimentos deste estudo consiste em cartas
topográficas, pontos cotados altimétricos, rede de drenagem e limite da bacia hidrográfica
do Rio Macaé, fornecidos pelo Instituto Estadual do Ambiente (INEA) e as imagens do
satélite RapidEye do ano de 2014, fornecidas pelo Geo Catálogo do Ministério do Meio
Ambiente (MMA). Com o uso do software ArcGis 10.2 foi realizado o processamento e
organização do banco de dados da pesquisa. Todos os arquivos no formato de shape e/ou
raster estão na escala 1:25.000 e Datum Sirgas South América Fuso 23 Sul.

3.2.1. Modelo digital do terreno hidrologicamente corrigido (MDT_HC)

O modelo digital do terreno foi obtido a partir da interpolação dos dados de elevação
(isolinhas das cartas topográficas), pontos de elevação, drenagem e limite da bacia, por meio
da ferramenta 3D Analyst Tools / Raster Interpolacion / Topo para Raster. No campo foram
georreferenciados os pontos de coleta, sendo as coordenadas geográficas (X, Y) obtidas
com o GPS Garmin Etrex 30. A área de contribuição da bacia e sub-bacias foi delimitada
automticamente no ArcGis 10.2 utilizando as extensões Spatial Analyst e Hydrology, sendo
a metodologia subdividida em quatro etapas: preenchimento de depressões (“fill sinks”),
direção de fluxo (“flow direction”), fluxo acumulado (“flow accumulation”) e delimitação
de bacias (“Watershed”) (Novais, 2015). A bacia e sub-bacias geradas no modelo raster
foram convertidas para shape, tornando-se possível a delimitação, levantamento da área e
perímetro.

3.2.2. Coeficiente de compacidade e fator de forma

Com o coeficiente de compacidade (Kc) e fator de forma (F) foi possível verificar o
tempo de concentração da água na bacia e sua susceptibilidade a enchentes (Cardoso et al.,
2006; Georgin et al, 2015). O coeficiente de compacidade estabelece uma relação do
15

perímetro da bacia com a circunferência de um círculo de área igual ao da bacia. O


coeficiente é um valor adimensional, quanto mais irregular for a bacia, maior será o
coeficiente, ou seja, bacias alongadas possuem coeficiente superior a 1, já bacias mais
circulares apresentam um valor mínimo próximo a 1 (Villela e Mattos, 1975). Já o fator de
forma relaciona a forma da bacia com a de um retângulo, correspondendo à razão entre a
largura média e o comprimento axial da bacia, sendo que quanto menor o fator, menos
sujeita a enchentes em relação a outra bacia de mesmo tamanho, porém que possuem um
fator de forma maior (Cardoso et al., 2006). Bacias com formato mais alongado se mostram
pouco susceptível a enchentes, pois a precipitação pluviométrica é concentrada em
diferentes pontos, amenizando a influência da intensidade das chuvas (Cardoso et al., 2006;
Georgin et al., 2015).

𝑃
𝐾𝑐 = 0,28 (1)
√𝐴

Sendo: Kc = coeficiente de compacidade, P = perímetro (m) e A = área de drenagem


(m2).

𝐴
𝐹 = 𝐿2 (2)

Sendo: F = fator de forma, A= área de drenagem (m2) e L = comprimento do eixo da


bacia (m).

3.2.3. Mapas temáticos

3.2.3.1. Declividade

A partir do MDT_HC foi gerado o mapa temático de altitude e declividade, sendo por
meio do mapa obtido a declividade média referente a cada sub-bacia. A classificação do
relevo foi feita de acordo com o as diretrizes da EMBRAPA (1979) (Tabela 1).
16

Tabela 1: Formas de relevo e classes de declividade


(Fonte: Embrapa, 1979)

3.2.3.2. Uso da terra

Com as imagens do satélite RapidEye foi realizado o procedimento de composição de


bandas falsa cor R(1)G(2)B(3) para gerar uma imagem multiespectral para cada cena, a qual
tem resolução de 5m. As quatro cenas utilizadas foram unidas por meio do processo de
mosaicagem utilizando a ferramenta “mosaic raster”, sendo posteriormente a área
recortada com base no shape de limite da bacia do rio Sana (Figura 3). No mapeamento de
uso e ocupação do solo optou-se pela realização da classificação manual, sendo os polígonos
delimitados de acordo com o observado na imagem. A escolha do satélite e método de
classificação foi feita devido à necessidade de detalhamento e à pequena extensão da área
de estudo, esperando-se, assim, resultados de cálculos de áreas mais precisos em relação às
classes de uso e cobertura (Pedreira et al., 2011; Antunes e Siqueira, 2013).
As classes utilizadas no estudo foram: fragmentos florestais, agropastoril, urbanização,
solo exposto e afloramento rochoso. Para este estudo foi adotado o mesmo conceito para o
termo uso da terra e cobertura da terra, significando o tipo de cobertura encontrado nas
bacias de drenagem, sendo a cobertura definida em função das atividades antrópicas
desenvolvidas ou presença da vegetação natural.
A validação da classificação da imagem foi feita por meio de levantamento de campo
com o georreferenciamento, utilizando o GPS Garmin Etrex 30, de 14 pontos de controle
que foram estabelecidos ao longo da bacia, levando em consideração todas as classes de uso
da terra utilizadas. Nesta verificação apenas em um dos pontos de controle, referente ao
solo exposto, estava em área de agricultura, o que de fato pode estar de acordo com a
realidade, já que no ano da imagem o local podia não apresentar nenhum cultivo
apresentando o solo exposto. Também é importante ressaltar que em grande parte da bacia
17

a urbanização é composta por pequenos povoados, ou casas isoladas, e que em algumas


regiões da bacia estas áreas apresentam o dossel da floresta fechado, dificultando assim a
classificação destas áreas, no nível de precisão adotado no estudo.

Figura 3: Imagem RapidEye (2014) utilizada na classificação de uso da terra com a


respectiva delimitação da bacia hidrográfica do rio Sana- RJ.

3.3. Amostragem de parâmetros físico-químicos das sub-bacias do rio Sana

A medição da vazão, das concentrações, fluxos e rendimentos dos nutrientes e partículas


em suspensão foram realizadas mensalmente durante o período de outubro de 2015 a
setembro de 2016. Foram selecionadas 11 sub-bacias (São Bento, Deserto, Boa Sorte,
Glória, Monte Alto, Santana, Peito de Pomba, Montanha, Pedra Grande, Alegre e Cabeceira
do Sana), onde os pontos de coleta foram estabelecidos na porção mais próxima do exutório
de cada sub-bacia no Rio Sana (Figura 4).
18

Figura 4: Bacia de drenagem do rio Sana, Macaé-RJ, destacando as sub-bacias estudadas e os


pontos de coleta

Em cada coleta mensal foram realizadas as medidas de comprimento e profundidade da


calha fluvial (batimetria), bem como a medição da velocidade da corrente fluvial utilizando
um correntômetro mecânico (General Oceanics). A relação entre a área da seção transversal
e a velocidade determina a vazão fluvial de cada sub-bacia. Devido à reduzida profundidade
na porção fluvial dos rios, as amostras de água foram coletadas na subsuperfície utilizando
uma garrafa de polietileno que foi mantida refrigerada em gelo. No momento da coleta
foram realizadas medições in situ de pH, temperatura, condutividade e porcentual de
oxigênio dissolvido (sonda multiparâmetros YSI 556 MPS).
No laboratório, uma alíquota das amostras de água foi filtrada imediatamente para
análises da concentração do material particulado em suspensão (MPS). Para a determinação
do MPS, alíquotas de volumes conhecidos das amostras de água foram filtradas em filtros
19

de membrana de acetato de celulose de porosidade 0,45µm, previamente pesados; e após a


filtração, os filtros foram secos em estufa a 60°C por 24 horas, sendo novamente pesados.
O MPS foi obtido a partir da diferença de peso antes e após a filtração em relação ao volume
filtrado (mg/L), segundo o método descrito por Strickland e Parsons (1972).
O volume filtrado das amostras foi utilizado para as análises de nutrientes dissolvidos,
enquanto uma alíquota total (sem filtrar) foi retirada para as análises de nutrientes totais.
Ambas as amostras foram armazenadas refrigeradas ou congeladas até o momento da
análise. Os nutrientes dissolvidos, carbono orgânico dissolvido (COD), amônia (NH4+) e
ortofosfato (PO4-3) e na fração total de nitrogênio (NT) e fósforo (PT) foram determinados
através de processos colorimétricos tradicionais, com leitura feita em espectrofotômetro
duplo-feixe Shimadzu UV 160 A, conforme metodologia descrita abaixo:

• COD: analisadas por combustão pirolítica a 450°C em equipamento TOC-Vcpn Analyzer


– Shimadzu

• NH4+: método do azul do indofenol adaptado de Strickland e Parsons (1972). O complexo


colorido foi lido por espectrofotômetro em cubeta de 5 cm de trajeto óptico.

• PO4-3: os íons fosfato foram determinados pela formação do complexo colorido após
reação com molibdato de amônio segundo método adaptado de Strickland e Parsons (1972).
O complexo colorido foi lido em cubeta de 5 cm de trajeto óptico.

• PT: as amostras foram digeridas com persulfato de potássio em autoclave, a 120°C por
45 min. Após a digestão o fósforo foi determinado colorimetricamente após reação com o
molibdato de amônio, conforme Carmouze (1994).

• NT: as amostras foram digeridas com persulfato de potássio em autoclave, a 120°C por 45
min e analisadas por combustão pirolítica a 450°C em equipamento TOC-Vcpn Analyzer –
Shimadzu.

A partir das vazões e das concentrações de partículas em suspensão e dos nutrientes totais
e dissolvidos foram calculados os fluxos instantâneos (g/s) e anuais (ton/ano), e os
rendimentos, que relacionam os fluxos à área a montante de cada ponto de coleta
(ton/km2/ano) de cada bacia.
20

3.4. Análise dos dados

As variáveis foram expressas na forma de médias, desvio padrão e valores máximos e


mínimos. O teste de normalidade Shapiro Wilk foi utilizado para verificar se os dados
tinham uma distribuição gaussiana. Já o teste de Kruskal-Wallis e o complementar Dunn´s
foi utilizado para avaliar a semelhança na distribuição na concentração de nutrientes, fluxos
e rendimento entre as sub-bacias hidrográficas, enquanto que o teste t foi utilizado para
comparar a existência de diferença entre o período seco e chuvoso para os rendimentos e
concentrações de nutrientes e água, e também entre os grupos de bacias com mais e com
menos de 1% de urbanização. A correlação de Spearman foi utilizada para avaliar a relação
entre as variáveis: concentração, fluxo e rendimento (MPS, COD, NT, PT, NH4+, PO4-3 e
vazão), uso da terra (cobertura florestal, agropastoril, urbanização), área e declividade.
Todas as estatísticas adotaram um nível de significância de 5% (p<0,05). Os testes foram
realizados utilizando o programa Graphpad Prism 5.
21

4. RESULTADOS

4.1. Características físicas e uso do solo das sub-bacias hidrográficas do rio Sana

O solo predominante na bacia do Rio Sana, assim como nas sub-bacias é o Cambissolo
Háplico (IBGE, 1992). De acordo com a Embrapa (2006) este tipo de solo é identificado
normalmente em relevos forte ondulados ou montanhosos, que não apresentam horizonte
superficial A húmico, sendo solos com fertilidade natural variável e tem como principais
limitações para uso, o relevo com declives acentuados, a pequena profundidade e a
ocorrência de pedras na massa do solo.
Os parâmetros morfométricos das sub-bacias (área de drenagem, perímetro, declividade
média, coeficiente de compacidade e fator de forma) são apresentados na Tabela 2 e os
mapas de altimetria e declividade são expostos na Figura 5 e 6.
A área de drenagem da bacia hidrográfica do Sana corresponde a aproximadamente
106,18 km2 e perímetro de 49,26 km. Entre as sub-bacias estudadas tivemos variações de
áreas de 1,32 a 20,24 km2, sendo que o somatório das sub-bacias estudadas corresponde a
76 km2 ou 71,7% da área de drenagem da bacia.
A declividade média das sub-bacias variou entre 23o e 32o, com menores declividades
nas bacias de Santana e Pedra Grande (22,6% e 23,7%), e a maior declividade na bacia do
rio São Bento (32o). Estas sub-bacias são classificadas, segundo a Embrapa (1979), como
fortemente onduladas.
O menor fator de forma (F) encontrado foi na sub-bacia Monte Alto (0,20) e o maior na
Pedra Grande (0,50), enquanto que o índice de compacidade (Kc) variou entre 1,21 a 1,43,
sendo estas sub-bacias classificadas como formato alongado.
A altitude da bacia do Sana variou de 178m a 1.848m, sendo que as sub-bacias a margem
direita do rio Sana no sentido foz- cabeceira foram as que apresentaram uma menor altitude
(499 a 939 m) e área de drenagem, em contraste com as sub-bacias localizadas na margem
esquerda do rio que tiveram as maiores altitudes (1.239 a 1.848 m) e áreas de drenagem.
22

Tabela 2: Parâmetros morfométricos da bacia e sub-bacias do Rio Sana, Macaé- RJ. Onde:
Kc: coeficiente de compacidade, F: fator de forma.

Ordem Rio Área Perímetro Declividade Kc F


de coleta (km2) (km) média (%)
1 Bacia do Sana 106,18 49,27 26,81 1,34 0,46
2 São Bento 20,24 22,00 32,25 1,37 0,35
3 Deserto 1,78 6,73 25,89 1,41 0,39
4 Boa Sorte 4,11 9,13 27,93 1,26 0,40
6 Glória 3,37 9,00 26,08 1,37 0,39
7 Monte Alto 1,33 5,91 27,79 1,44 0,21
8 Santana 2,06 6,53 22,60 1,27 0,47
9 Peito do Pomba 20,22 23,14 27,59 1,44 0,27
10 Montanha 6,07 11,85 27,37 1,35 0,39
11 Pedra Grande 1,77 5,76 23,78 1,21 0,51
12 Alegre 10,49 14,43 26,20 1,25 0,43
13 Cabeceira do Sana 4,16 9,60 27,23 1,32 -
23

Figura 5: Altimetria da bacia hidrográfica do rio Sana-RJ.


24

Figura 6: Declividade da bacia hidrográfica do rio Sana-RJ.


25

De acordo com mapeamento de uso da terra, a bacia do rio Sana possui 73,3 km2 (69,0%)
cobertos por floresta em diferentes estágios de sucessão florestal; 28,7 km2 (27,1%) por
atividade agropastoril; 0,4 km2 (0,38%) solo exposto; 2,2 km2 (2,07%) de urbanização e 1,6
km2 (1,51%) afloramento rochoso (Figura 7 e Tabela 3). Em relação às sub-bacias analisadas,
as maiores interferências antrópicas no uso da terra foram nas que apresentam menor altitude e
área de drenagem, localizando-se a margem direita do rio Sana (sentido foz – cabeceira).
Também foi observada uma forte alteração no uso da terra ao longo das margens do rio Sana,
sendo áreas mais afetadas pelo processo de urbanização e pastagem. Embora se tenha usado a
categoria agropastoril, há uma predominância da pastagem. A agricultura é praticada em
pequena escala, sendo caracterizada como uma agricultura de subsistência.
A maior parte das 11 sub-bacias estudadas possui mais de 70% da área coberta por
floresta, com exceção das sub-bacias Boa Sorte (67,23%), Glória (64,24%), Santana (31,6%) e
Deserto (25,51%). As sub-bacias com maiores áreas de atividade agropastoril foram as Deserto
(73,91%), Santana (60,94%) e Glória (31,70%), sendo que a Peito de Pomba foi a que
apresentou a menor área (10,45%). As sub-bacias Montanha (1,11%) e Pedra Grande (1,47%)
registraram as maiores áreas de solo exposto, enquanto que o afloramento rochoso foi maior
nas sub-bacias Monte Alto (5,10%), Boa Sorte (5%), São Bento (3,63%) e Peito de Pomba
(2,24%). Com relação à urbanização, a bacia de Santana (7,22%), Glória (4,06%), Pedra Grande
(2,26%) e Boa Sorte (2,07%) tiveram os maiores percentuais de áreas dentro da zona urbana do
distrito do Sana. (Figura 8 e Tabela 3).
De acordo com o mapa de uso da terra as sub-bacias foram divididas em dois grupos,
sendo um formado pelas que apresentavam taxas maiores que 1% de urbanização, e o outro
pelas bacias menores que 1%, ou seja, no primeiro grupo fez parte (Santana, Glória, Pedra
Grande, Boa Sorte e Montanha) e no segundo (São Bento, Peito de Pomba, Cabeceira, Deserto
e Alegre).
26

Tabela 3: Porcentagem de ocupação do uso da terra nas sub-bacias hidrográficas do rio Sana-
RJ.
Bacias/Usos Floresta Agropastoril Solo exposto Urbanização Afloramento
(%) (%) (%) (%) rochoso (%)
Santana 31,6 60,9 0,2 7,2 0,0
Glória 64,2 31,7 0,0 4,1 0,0
Pedra Grande 73,8 22,5 1,5 2,3 0,0
Boa Sorte 67,2 25,7 0,0 2,1 5,0
Montanha 84,7 12,7 1,1 1,5 0,0
São Bento 72,7 22,3 0,3 1,0 3,6
Peito de Pomba 87,3 10,5 0,0 1,0 2,2
Cabeceira do Sana 77,0 21,3 0,8 0,6 0,4
Deserto 25,5 73,9 0,0 0,6 0,0
Alegre 75,8 23,4 0,2 0,5 0,0
Monte Alto 76,9 18,1 0,0 0,0 5,1
27

Figura 7: Uso da terra na bacia hidrográfica do rio Sana-RJ.


28

Figura 8: Uso da terra nas sub-bacias hidrográficas do rio Sana-


29

4.2. Hidrologia e hidroquímica das sub-bacias hidrográficas do rio Sana – Análise


espacial

Em média, as sub-bacias do rio Sana apresentaram pH ácido próximo ao neutro variando


entre 6,5 (Santana) e 6,8 (São Bento). A condutividade elétrica variou numa faixa entre 25,4
µS/cm (Peito de Pomba) a 43 µS/cm (Santana). Todos os rios apresentaram boa oxigenação,
com % saturação de O2 variando entre 92,5% (Santana) e 103,9% (Cabeceira do Sana). De
acordo com o teste de Kruskal Wallis (p < 0,05) não houve diferença significativa dos
parâmetros (pH e % O2 dissolvido) entre as sub-bacias ao longo do ano (Tabela 4). A
condutividade apresentou uma variação maior entre os rios, onde o houve similaridade apenas
entre as sub-bacias Glória, Santana e Pedra Grande que apresentaram as maiores
condutividades. Já na temperatura foi observada uma diferença significativa (p < 0,05), entre a
Cabeceira (menores temperaturas) e Santana (maiores temperaturas).

Tabela 4: Valores médios ± desvio padrão – DP, mínimo e máximo dos parâmetros físico-
químicos medidos na porção fluvial (n = 11) durante o período amostral de 12 meses, nas sub-
bacias do rio Sana-RJ. Temperatura (Temp. ºC); Oxigênio Dissolvido (O2. %); Condutividade
(µS/cm); pH.
Temperatura (°C) pH Condutividade (µS/cm) O2 (%)
São Bento 20.0±2.2 6.8±0.4 28±2.5 101.1±8.4
(16.1-23.9) (5.8-7.5) (22-32) (78 - 111)
Deserto 21.5±2.4 6.6±0.3 28.6±1.3 100.3±10.3
(17.3-27.2) (6.1-7.3) (24-31) (71 - 115)
Boa Sorte 21.1±1.9 6.7±0.3 30.6±1.9 97.2±11.4
(17.6-25.8) (6.0-7.4) (26-33) (73 - 110)
Glória 20.8±2.1 6.7±0.3 38.4±2.5 98.6±10.3
(17.2-24.3) (6.1-7.3) (33-42) (66 - 116)
Monte Alto 21.1±1.9 6.6±0.3 30.2±1.3 96.6±8.6
(17.9-24.1) (6.0-7.2) (28-34) (72 - 107)
Santana 22.8±2.1 6.5±0.3 43±3.2 92.5±13.2
(19.5-25.8) (5.9-7.0) (36-49) (58 - 114)
Peito de Pomba 19.9±1.9 6.7±0.2 25.4±1.7 98.8±10.2
(16.1-22.6) (6.1-7.1) (21-28) (81 -113)
Montanha 20.0±1.4 6.7±0.2 30±1.3 97.0±10.5
(17.3-22.1) (6.0-6.9) (26-32) (65 - 114)
Pedra Grande 20.8±1.1 6.6±0.2 37.5±2.2 95.0±15
(18.6-22.6) (6.0-7.0) (28-41) (65 - 115)
Alegre 21.2±1.3 6.7±0.2 34±1.8 98.1±9.9
(18.4-23.4) (6.2-7.0) (28-38) (71 -114)
Cabeceira do Sana 19.0±1.8 6.8±0.2 19.7±1.1 103.9±7.4
(15.5-21.5) (6.3-7.2) (17-21) (91 - 113)
30

As concentrações médias de MPS, nutrientes (COD, PO43, NT, PT, NH4+) e vazão, são
expostas na figura 9, enquanto que os fluxos anuais e rendimentos de nutrientes, MPS e água
são apresentados na figura 10 e 11 e no anexo. Em média, as vazões das sub-bacias variaram
entre 907 L/s (São Bento) a 30 L/s (Monte Alto) com os rios (São Bento, Peito de Pomba,
Montanha, Alegre e Cabeceira) apresentando as maiores vazões, e sub-bacias Deserto, Boa
Sorte, Glória, Monte Alto, Santana e Pedra Grande tendo os menores valores (p < 0,05). O MPS
das sub-bacias variou entre 1,3 mg/L (São Bento) a 22,0 mg/L (Santana).
Em média, a variação de NH4+ foi de 0,04 mg/L (Boa Sorte) a 0,19 mg/L (Santana), onde
as sub-bacias apresentaram concentrações semelhantes entre ela, com exceção de Santana que
apresentou a maior concentração, sendo estatisticamente diferente da bacia São Bento e da Boa
Sorte (p < 0,05). O NT variou de 0,28 mg/L (Deserto) a 0,49 mg/L (Santana). O PT apresentou
uma variação de 0,045 mg/L (Glória) a 0,02 mg/L (Alegre), sendo as maiores concentrações
encontradas nas sub-bacias com maiores taxas de urbanização (Glória, Santana e Pedra
Grande). A maior concentração de PO43- ocorreu em Santana (0,75 mg/L), enquanto que as
outras sub-bacias variaram de 0,14 mg/L a 0,65 mg/L (Cabeceira do Sana). O COD variou de
3,5 mg/L (Pedra Grande) a 5,6 mg/L (Santana). A distribuição espacial de nutrientes indicou,
segundo o teste de Kruskal-Wallis, que os rios tiveram concentrações similares de COD e PO43-
(p < 0,05), enquanto que para NT, PT e NH4+, MPS foram observadas diferenças nas
concentrações entre alguns rios (p < 0,05). Com o teste Dunn´s foi verificado que a diferença
significativa do NT ocorre somente entre Deserto, que teve a menor concentração, e Montanha,
já o PT e MPS apresentaram variações entre diferentes bacias.
Nos fluxos instantâneos e anuais foi observada uma variação entre os rios, onde as sub-
bacias com as maiores áreas tenderam a apresentar os maiores fluxos. Em média, o fluxo anual
de COD variou entre 3,4 ton/ano (Monte Alto) a 136,0 ton/ano (Peito de Pomba). A variação
nos fluxos anuais do PT foi de 0,02 ton/ano (Monte Alto) a 0,35 ton/ano (Alegre). A NH4+
variou de 0,17 ton/ ano (Pedra Grande) a 1,67ton/ ano (São Bento). A faixa de variação nos
fluxos anuais do NT foi entre 0,3 ton/ano (Monte Alto) a 7,9 ton/ano (São Bento). Os fluxos

anuais de PO43- apresentaram uma variação de 0,2 ton/ano (Monte Alto e Pedra Grande) a 9,03
ton/ano (Cabeceira). No fluxo anual de MPS não foi observada uma relação com a área da bacia
onde, em média, a variação foi de 4 ton/ano (Monte Alto) a 140 ton/ano (Montanha).
No presente estudo o rendimento de MPS, nutrientes e vazão foi utilizado com a finalidade
de normalizar as relações de carga e tamanho da bacia hidrográfica. A sub-bacia da Cabeceira
do rio Sana foi a que apresentou o maior rendimento para COD, NH4+, NT, PT, PO43-, em
31

contraste com a Monte Alto que apresentou os menores rendimentos. Em média, a variação do
COD foi de 20,6 ton/km2 /ano a 2,56 ton/km2 /ano. A NH4+ variou de 376 kg/km2 /ano a 63
kg/km2 /ano. O NT apresentou uma variação entre 1,02 ton/km2 /ano a 0,20 ton/km2 /ano. A
faixa de variação do PT foi de 63,4 kg/km2 /ano a 12,6 kg/km2 /ano, enquanto que a do PO43-
foi de 376 kg/km2 /ano a 62 kg/km2 /ano. O rendimento de MPS variou de 231,02 ton/km2 /ano
(Montanha) a 1,5 ton/km2 /ano (São Bento).
32

Figura 9: Concentração média ± (desvio padrão) de nutrientes (mg/L) (Nitrogênio Total (NT); Amônio (NH4+); Fósforo Total - PT e Ortofosfato
( PO43- ); Carbono orgânico dissolvido (COD), Material particulado em suspensão - MPS (mg/L) e vazão (L/s) medidos na porção fluvial (n =
11) durante o período amostral de 12 meses, nas sub-bacias hidrográficas do rio Sana-RJ.
33

Figura 10: Fluxo anual de nutrientes (ton/ano) (Nitrogênio Total (NT); Amônio (NH4+); Fósforo Total - PT e Ortofosfato (PO43- ); Carbono
orgânico dissolvido (COD)), Material particulado em suspensão - MPS (ton/ano) e água (m3/ano) medidos na porção fluvial (n = 11) durante o
período amostral de 12 meses, nas sub-bacias hidrográficas do rio Sana-RJ.
34

Figura 11: Rendimento de nutrientes (Nitrogênio Total (NT); Amônio (NH4+); Fósforo Total - PT e Ortofosfato (PO43- ); Carbono orgânico
dissolvido (COD)), Material particulado em suspensão - MPS e água medidos na porção fluvial (n = 11) durante o período amostral de 12 meses,
nas sub-bacias hidrográficas do rio Sana-RJ.
35

4.3. Hidrologia e hidroquímica das sub-bacias hidrográficas do rio Sana - Análise


temporal.

De acordo com a sazonalidade das chuvas na área de estudo foi avaliado a variação
temporal dos parâmetros analisados nas sub-bacias. As maiores vazões ocorreram no período
chuvoso (outubro a março) (p = 0,0118), representando no período chuvoso aumentos de 23L/s
(Deserto) a 1.306L/s (Cabeceira do Sana) em relação às vazões do período de estiagem (Figura
12). Também foi observado que os maiores fluxos instantâneos acontecem no período chuvoso,
ou seja, o período de maior vazão nos rios.

3500
3000
2500
vazão (L/s)

2000
1500
1000
500
0

São Bento Deserto Boa Sorte


Glória Monte Alto Santana
Peito do Pombo Montanha Pedra Grande
Alegre Cabeceira do Sana

Figura 12: Variação temporal da vazão (L/s) medidos na porção fluvial durante o período
amostral de 12 meses, nas sub-bacias hidrográficas do rio Sana-RJ.

A variação temporal das concentrações e rendimentos não apresentou diferença

significativa entre as concentrações de PO43-, COD, NT, PT e MPS, em todos os rios, entre os
períodos de chuva e seca (p < 0,05). Para a NH4+ (p < 0,0001) foi observada diferença
significativa, sendo os maiores valores encontrados no período chuvoso (Figura 13). Ao analisar
a existência de variação em cada sub-bacia, apenas Santana apresentou diferença no NT (p =
0,03), onde as maiores concentrações ocorreram no período chuvoso (Figura 14).
36

0,80
0,70

amônio (mg/L)
0,60
0,50
0,40
0,30
0,20
0,10
0,00

São Bento Deserto Boa Sorte


Glória Monte Alto Santana
Peito de Pomba Montanha Pedra Grande
Alegre Cabeceira do Sana

Figura 13: Variação temporal das concentrações de Amônio (NH4+ - (mg/L) medidos na
porção fluvial (n = 11) durante o período amostral de 12 meses, nas sub-bacias hidrográficas
do rio Sana-RJ.

0,80
0,70
0,60
NT (mg/L)

0,50
0,40
0,30
0,20
0,10
0,00

São Bento Deserto Boa Sorte


Glória Monte Alto Santana
Peito de Pomba Montanha Pedra Grande
Alegre Cabeceira do Sana

Figure 14: Variação temporal das concentrações de nitrogênio total (NT – (mg/L) medidos na
porção fluvial (n = 11) durante o período amostral de 12 meses, nas sub-bacias hidrográficas
do rio Sana-RJ

Os maiores rendimentos nas sub-bacias foram encontrados no período chuvoso, que foi
estatisticamente diferente do período seco para os nutrientes COD (p = 0,0045), NT (p =
0,0007), PO43- (p = 0,0003), NH4+ (p= 0,0002) e PT (p = 0,0002) e para o fluxo de água (p =
0,00118). Ao analisar a cabeceira do Sana, bacia que apresentou os maiores rendimentos, foi
possível observar que a maior diferença nos rendimentos, com relação as outras sub-bacias,
37

ocorre no período chuvoso, época das maiores precipitações e consequentemente maior


escoamento superficial nas bacias. Os rendimentos de nutrientes e água são expostos da Figura
15 a 18.

4500
4000
rendimento COD

3500
3000
2500
2000
1500
1000
500
0

São Bento Deserto Boa Sorte


Glória Monte Alto Santana
Peito de Pomba Montanha Pedra Grande
Alegre Cabeceira do Sana

Figura 15: Variação temporal do rendimento de carbono orgânico dissolvido (COD-


ton/km2/ano) medidos na porção fluvial (n = 11) durante o período amostral de 12 meses, nas
sub-bacias hidrográficas do rio Sana-RJ

Figura 16: Variação temporal do rendimento de nitrogênio total (NT- ton/km2/ano) medidos
na porção fluvial (n = 11) durante o período amostral de 12 meses, nas sub-bacias
hidrográficas do rio Sana-RJ
38

12
10

rendimento PT
8
6
4
2
0

São Bento Deserto Boa Sorte


Glória Monte Alto Santana
Peito de Pomba Montanha Pedra Grande
Alegre Cabeceira do Sana

Figura 17: Variação temporal do rendimento de fósforo total (PT- kg/km2/ano) medidos na
porção fluvial (n = 11) durante o período amostral de 12 meses, nas sub-bacias hidrográficas
do rio Sana-RJ

Figura 18: Variação temporal do rendimento de amônio (NH4+ - kg/km2/ano) medidos na


porção fluvial (n = 11) durante o período amostral de 12 meses, nas sub-bacias hidrográficas
do rio Sana-RJ

O MPS (p = 0,0171) também apresentou diferença significativa entre os períodos, com os


maiores rendimentos sendo observados no período chuvoso. Durante o período de dezembro a
janeiro, as sub-bacias Montanha, Santana e Glória apresentaram rendimentos até 6 vezes mais
do que encontrado nas demais sub-bacias avaliadas (Figura 19).
39

Figure 19: Variação temporal do rendimento de material particulado em suspensão (MPS -


ton/km2/ano) medidos na porção fluvial (n = 11) durante o período amostral de 12 meses, nas
sub-bacias hidrográficas do rio Sana-RJ.

4.4. Fatores que determinam a quantidade e qualidade das águas das sub-bacias do
rio Sana.

Parte das sub-bacias apresentaram um comportamento hidrológico semelhante entre as


vazões, com exceção das sub-bacias Santana e Peito de Pomba que não se relacionaram com as
bacias do grupo em que estavam inseridas, ou seja, grupo de pequenas vazões e grandes vazões,
respectivamente. As diferenças podem estar associadas à influência da urbanização no manejo
de água, já que Santana apresenta uma alta taxa de urbanização e a água da bacia Peito de
Pomba foi utilizada para abastecimento público do centro urbano (arraial do Sana) no período
de menor estiagem nos rios, modificando assim o ciclo hidrológico natural.
Ao analisar as vazões observa-se uma relação linear com a área, onde bacias com maiores
áreas apresentaram maiores vazões (p<0,0001; r= 0,972) (Figura 20).
40

Figura 20: Correlação dos parâmetros vazão (L/s) e área (km2)

A área de drenagem e a precipitação influenciaram nos fluxos anuais e instantâneos de


nutrientes e vazão, sendo maiores no período chuvoso em relação ao seco, porém bacias com
áreas similares apresentaram fluxos diferentes, como por exemplo a Cabeceira e Boa Sorte;
Peito de Pomba e São Bento, o que nos demonstra a influência de outros fatores ambientais e
sociais, tais como a geomorfologia, diferentes usos da terra e captação de água para
abastecimento público.
Para os rendimentos não foi observada nenhuma relação com as diferentes classes de uso
da terra, sendo estabelecida apenas a relação do rendimento do fluxo de água com o rendimento
de nutrientes (COD, NT, PO43-e NH4+) (Figura 21). O que demonstra que os rios que apresentam
alto rendimento de água tendem a apresentar maiores rendimento de nutrientes.
41

Figura 21: Correlação entre rendimento do fluxo anual de água (m3/km2/ano) e carbono
orgânico dissolvido (COD (ton/km2/ano)), nitrogênio total (NT (ton/km2/ano)), amônio (NH4+
(kg/km2/ano)), e ortofosfato (PO43- (ton/km2/ano))

A declividade mostrou ser um fator de influência nas concentrações e rendimentos de MPS,


já que foi encontrada uma correlação negativa entre as variáveis, indicando que em bacia com
maiores declividades se espera menores valores de MPS nos rios devido ao maior potencial de
transporte (Figura 22). Sendo que a cobertura florestal e o uso e manejo do solo também são
fatores que influenciam nas concentrações e rendimentos de MPS, embora não tenha sido
possível estabelecer uma relação significativa entre as variáveis.
42

Figura 22: Correlação entre declividade, concentração material particulado (MPS (mg/L)) e
rendimento de material particulado (MPS (ton/km2/ano))

Embora diferentes estudos indiquem uma relação entre uso da terra e concentrações de
nutrientes, neste estudo não foi encontrada correlação com as diferentes classes de uso do solo
(agropastoril, cobertura florestal e solo exposto), com exceção da urbanização, que apresentou
uma relação positiva com o NT e PT (Figura 23). Sendo assim os resultados indicam que as
sub-bacias do Sana mais urbanizadas tendem a apresentar maiores concentrações de NT e PT.

Figura 23: Correlação entre urbanização e concentrações de nitrogênio total (NT (mg/L))
e fósforo total (PT (mg/L))RJ.

Com a divisão dos dois grupos de sub-bacias os resultados indicaram que a partir de 1 % de
urbanização as bacias se diferenciam nas concentrações de NT (p = 0,0012), PT (p < 0,0001),
MPS (p < 0,0001) e vazão (p < 0,0001), bem como no rendimento de MPS (p= 0,0302). Embora
não tenha sido estabelecida correlação significativa (p < 0,05) com os outros usos da terra,
observar-se uma tendência no aumento das concentrações de nutrientes e MPS com o aumento
da área alterada.
43

5. DISCUSSÃO

5.1. Características físicas e uso da terra das sub-bacias hidrográficas do rio Sana

A partir dos padrões morfométricos obtidos, como área de drenagem, índice de forma e
coeficiente de compacidade foi possível obter um melhor detalhamento do comportamento
hidrológico das bacias.
O índice de forma e o coeficiente de compacidade indicaram uma tendência alongada da
bacia e sub-bacias, estes índices indicam uma resposta semelhante entre as bacias, com relação
ao menor efeito da precipitação sobre as vazões durante a chuva. Sendo semelhante a Cardoso
et al. (2006) na bacia do rio Debossan em Nova Friburgo, que obteve índice de forma 0,3 e
coeficiente de compacidade de 1,6 indicando um formato alongado da bacia. A declividade
média de todas as sub-bacias foi fortemente ondulada (20 a 45%), indicando uma maior
tendência ao escoamento superficial em relação a infiltração (Coutinho et al., 2009).
Devido à proximidade das sub-bacia e as características morfométricas analisadas é possível
observar uma similaridade entre elas e com isso agrupá-las dentro de uma mesma unidade de
litótopo, que são bacias que apresentam o mesmo clima regional, topografia e geologia
(Montgomery, 1999). Como são considerados rios de cabeceira, o conceito da teoria do rio
contínuo indica uma forte influência da entrada de material alóctone, na composição química
da água dos rios. Por fazerem parte do mesmo litótopo, de acordo com a teoria de domínio de
processos, as sub-bacias deveriam apresentar semelhante fonte de matéria orgânica (floresta
natural) para os rios estudados, contribuindo para concentrações similares de nutrientes entre
eles (Montgomery, 1999). Porém nas bacias ocorrem interferências antrópicas, como na
mudança do uso da terra, o que pode estar contribuindo, em alguns rios, na diferença das
concentrações de nutrientes e MPS na composição da água. Já que a composição da paisagem
nas bacias de drenagem exerce influência sobre a qualidade das águas nos rios (Salomão, 2004).
Sendo assim pode-se observar a influência das teorias do rio contínuo, domínio de processos e
do descontinuo fluvial determinando as características dos rios estudados, já que as
características hidro químicas sofreram influência da contribuição da matéria orgânica (material
alóctone), dos processos geomorfológicos, condições climáticas e solo, que foram semelhantes
entre os rios, e a interação com as transformações na paisagem, como por exemplo a influência
das áreas urbanas sobre a composição química da água.
Em todas as sub-bacias, com exceção da Cabeceira do Sana, houve uma mudança na
44

cobertura da terra, na região do ponto de coleta, onde as características deste local, podem
refletir nas concentrações de nutrientes e MPS encontrada nos rios. Já que a localização do
impacto antrópico também pode ser um fator de influência na físico-química da água dos rios,
onde diferentes autores têm sugerido uma maior influência na qualidade da água, quando o uso
da terra ocorre na mata ciliar (Barling e Moore, 1994; Norton e Fisher, 2000; Sliva e Williams,
2001; Storey e Cowley, 1997; Tran et al., 2010).

5.2. Hidrologia e hidroquímica das sub-bacias hidrográficas do rio Sana – Análise


espacial

Todas as sub-bacias estudadas possuem alta declividade, com rios encachoeirados, que
apresentam fluxo turbulento, contribuindo assim para alta oxigenação encontra na água dos rios
(Wetzel, 2011).
A semelhança na alta condutividade encontrada nas sub-bacias Glória, Santana e Pedra
Grande, pode estar relacionada com a maior porcentagem de área urbanizada encontrada nestas
bacias pois, segundo Esteves (1998), em rios tropicais os valores de condutividade elétrica estão
relacionados com as características geoquímicas da região e com as condições climáticas,
quando não sofrem influência de outros fatores, como contaminação por fontes pontuais ou
difusas.
A maior parte das bacias apresentaram concentrações similares de nutrientes, sendo apenas
em alguns rios, encontradas diferenças significativas nas concentrações de PT e NT. Esta
similaridade pode ser um reflexo das concentrações naturais, visto que as sub-bacias
apresentaram pouca interferência antrópica, tendo como principal fonte de matéria orgânica a
cobertura florestal. De acordo com Salomão (2004) em bacias sem interferência antrópica a
composição das partículas e solutos contidos na água é consequência do tipo de clima,
vegetação, solos e rocha presente na bacia de drenagem. Assim a diferença nas concentrações
pode estar relacionada com a interferência humana (urbanização), que promoveram uma
exportação de MO (fonte antrópica) para água dos rios com alteração das concentrações
naturais. Como exemplo, somente a bacia de Santana apresentou uma concentração de COD
superior às outras sub-bacias, este aumento, embora não significativo, pode estar associado à
área urbana. Estudos em pequenas bacias tropicais têm demonstrado que áreas urbanas podem
atuar como importante fonte antrópica de COD e outros nutrientes para os rios, principalmente
quando o esgoto não tratado é despejado diretamente (Camargo et al., 1996; Daniel et al., 2002;
45

Moyer et al., 2015; Raymond e Bauer, 2001c).


As maiores concentrações de PT encontradas nas bacias de Santana e Glória estiveram
relacionadas com a maior densidade populacional, pois estão localizadas na região mais
urbanizada da bacia (arraial do Sana) e possuem a maior porcentagem de área urbanizada. Já
que os estudos de Alvarez-Cobelas et al. (2009) e Harris (2001) apontaram a densidade
populacional o como o principal fator de influência para o aumento das concentrações de PT.
Nos fluxos e rendimentos foi observada a influência de outros fatores e processos, tais
como: a influência da área de drenagem nos fluxos, e das características geomorfológicas
influenciando nos rendimentos. Nas sub-bacias do Sana, os fluxos de nutrientes tiveram uma
relação com a área, conforme pode ser observado que as maiores bacias (São Bento e Peito de
Pomba) apresentaram os maiores fluxos. Este mesmo padrão foi encontrado por Milliman e
Syvitski (1992) que constataram uma alta relação entre a área da bacia com o fluxo de
sedimentos.
Na área de estudo o maior rendimento de nutrientes foi encontrado na cabeceira do Sana,
bacia que também apresentou o maior rendimento anual de água. Esta bacia possui as maiores
altitudes e uma orientação de vertente perpendicular as outras sub-bacias, se diferenciando das
demais, que estão orientadas paralelamente ao rio Sana. Estes aspectos podem estar
relacionados a interceptação horizontal da umidade, contribuindo para chuva oculta (Cortines, 2012) e
para maior taxa de escoamento superficial nesta bacia, que é intensificado com o desmatamento
em algumas regiões da bacia, onde estão localizadas as áreas mais íngremes, que tendem a
apresentar naturalmente um maior escoamento superficial. Milliman e Syvitski (1992)
observaram que a diferença no rendimento de sedimentos em diferentes rios montanhosos era
em função da variação na altitude entre as bacias, onde os rios de maiores elevações
apresentaram as maiores taxas de escoamento superficial e consequentemente maior
rendimento de sedimentos. Lenhart et al. (2003) também apontou o escoamento superficial
como o principal fator de influência no aumento do rendimento de nutrientes e Alvarez-Cobelas
et al. (2009) apontaram a influência do escoamento superficial e da densidade como os melhores
preditores para o rendimento de PT.
Os rendimentos de COD nas sub-bacias foram semelhantes aos estimados por Lioret et al.
-2
(2013) (2.3-5.0 t km ano -1) para pequenos rios montanhosos tropical úmido. O forte poder
erosivo das chuvas e a íngreme encosta das bacias contribuem para erosão da matéria orgânica
do solo, levando a exportação de COD (Lioret et al., 2013). McDowell e Asbury (1994) mostrou
que em pequenos rios tropicais os rendimentos de COD podem ser altamente dependentes da
vazão, ou seja, quanto maior a vazão maior será o rendimento de COD.
46

As bacias Montanha, Santana, Alegre e Glória apresentaram os maiores rendimentos de


MPS entre dezembro a janeiro, o que pode estar associado a diferença no uso da terra e ao tipo
de manejo do solo. Já que diferentes autores relataram um aumento na produção de MPS e
escoamento superficial, com a alteração da cobertura florestal e com um uso intensivo e
moderado da terra (Calijuri e Cunha, 2013; Langbein e Schumm, 1958; Baker, 2003;
Schoonover e Crim, 2015; Schoonover e Lockaby, 2006; Wilson, 1973).

5.3. Hidrologia e hidroquímica das sub-bacias hidrográficas do rio Sana – Análise


temporal

Neste estudo somente a somente a vazão e o nutriente (NH4+) apresentaram diferença


significativa entre o período seco e chuvoso, sendo as maiores concentrações de nutrientes
encontradas no período de maiores precipitações. Embora diferentes estudos apontam uma
variação temporal, onde no período seco, baixa vazão, ocorre um aumento nas concentrações
de nutrientes (Bu et al., 2014; Yu et al., 2016; Salomão, 2004). O aumento da concentração de
nutrientes no período chuvoso pode estar relacionado ao aumento do lençol freático, já que a
água do lençol pode ter entrado em contato com a matéria orgânica das fossas das casas, e
também ao possível aumento do escoamento superficial, que contribuiu para o maior
carreamento de MPS e lixiviação de nutrientes para os rios. De acordo com Yu et al (2016),
Ranzini (2004) e Salomão (2004) durante o período de cheias ocorre um aumento do
escoamento superficial e subsuperficial, contribuindo para o maior aporte de água nos rios.
Este aumento explica os maiores rendimentos na cabeceira terem ocorrido no verão.
47

5.4. Fatores que determinam a quantidade e qualidade das águas das sub-bacias do
rio Sana.

Nas sub-bacias hidrográficas foi possível observar a relação entre área, declividade, altitude,
escoamento superficial e cobertura da terra. A relação negativa encontrada entre a vazão dos
rios e a concentração de PT e MPS, demonstra que com aumentos da vazão tende a ocorrer uma
diminuição destas concentrações, onde a vazão apresenta um potencial de diluição para o PT e
transporte para o MPS. Segundo Yu et al. (2016) e Salomão (2004) o aporte de água nos rios
contribui para a diluição do PT. Com relação ao MPS a bacia São Bento foi a que apresentou a
menor concentração média, o que pode estar associado a maior declividade e vazão do rio e a
alta área de cobertura florestal, já que a alta declividade e vazão do rio contribuem para uma
um rápido transporte de MPS, resultando numa maior exportação para outras bacias, e a
presença da cobertura florestal auxilia na redução do potencial erosivo de bacias montanhosas.
De acordo com Kramer e Meyer (1969) em regiões montanhosas ocorre uma maior erosão e
transporte de sedimentos, devido a maior velocidade de escoamento superficial que é provocada
pela acentuada declividade. No entanto a presença da floresta, em bacias com alta declividade,
contribui para redução da velocidade do escoamento superficial e da erosão superficial (Brown,
2005; Brooks et al., 1997; Chen e Lu, 2014).
Nenhuma classe de uso da terra (floresta, atividade agropastoril e solo exposto), com
exceção da urbanização, apresentou relação com as variáveis analisadas. Apesar de a literatura
apontar a relação do uso da terra com a concentração de nutrientes, onde a pecuária, agricultura
e urbanização contribuem para uma maior emissão de nutrientes (Amiri e Nakane, 2009; Bu et
al., 2010; Huang et al., 2016; Lee et al., 2009; Molisani et al., 2013; Yu et al., 2016).
A ausência de correlação no presente estudo acredita estar associada à baixa
representatividade da área impactada, visto que a maior parte das bacias estudadas apresentaram
uma cobertura florestal superior a 60% onde somente duas bacias, com pequena área de
drenagem, apresentaram uma alta porcentagem de área agropastoril. Sendo assim, numa
pequena área amostral foi possível estabelecer uma correlação significativa apenas com a
urbanização, assim como Lenhart et al. (2003) que também não estabeleceram nenhum efeito
do uso da terra, nas concentrações e rendimentos, devido a pequena área amostral que foi
alterada.
Em áreas pouco alteradas, como foi o caso das sub-bacias estudadas foi possível verificar
apenas a relação da urbanização com as concentrações de PT e NT. Bacias urbanizadas, com
48

taxas maiores que 1%, já começaram a apresentar modificações nas concentrações (PT, NT e
MPS), vazão e no rendimento de MPS. A forte influência da área urbana sobre a qualidade da
água também foi documenta por Chen e Lu (2014) que aponta a urbanização explicando 50,8%
da variação na qualidade da água num rio de médio porte na região montanhosa da China, tendo
como influência dois principais fatores, o lançamento de águas residuais sem tratamento
(urbanas e industriais) e a alta porcentagem de superfícies impermeáveis. Molisani et al (2013)
também apontaram o esgoto doméstico, oriundo da urbanização, e pecuária como os principais
responsáveis pelo incremento antrópico da emissão dos elementos químicos na bacia do Rio
Macaé. A redução do rendimento do fluxo anual de água nas bacias com maiores taxas de
urbanização, podem estar relacionadas com a utilização da água pela comunidade local, apesar
destas bacias apresentarem uma redução da cobertura florestal o que pode contribuir para um
aumento do rendimento do fluxo anual de água segundo McCulloch e Robinson (1993) e Watson
et al. (2001). Sendo assim, também é importante considerar as atividades e os diferentes usos que são
desenvolvidos na bacia, já que o fluxo de água pode ser reflexo de outros componentes e não somente
da presença ou ausência de cobertura florestal.
Em parte, as diferentes concentrações de MPS e nutrientes encontradas entre as sub-bacias
alteradas (Deserto e Santana) pode ser resultado da maior porcentagem de área urbanizada, pois
a ocupação humana ocorre ao longo do rio, onde se tem construções residenciais e possíveis
fontes de lançamento in natura do esgoto doméstico, conforme pode ser observado na bacia de
Santana e Glória. Entretanto as variações também é pode ser resultado das diferentes práticas
de manejo utilizadas no solo, já que Yu et al. (2016) aponta uma relação entre o tipo de
agricultura, intensidade da pastagem e práticas de manejo do solo com a intensificação dos
processos erosivos, o aumento de sedimentos e nutrientes nos rios. Com isso observa-se que as
maiores ameaças não são na alteração da cobertura da terra, mas sim as atividades
desenvolvidas na área, que podem contribuir para diferentes fontes de poluições, conforme foi
retratado por Bu et al. (2010a).
A cabeceira do Sana apresentou o maior rendimento de água e de nutrientes, o que pode
estar associado ao maior escoamento superficial da bacia, que foi atribuído as diferenças
geomorfológicas da bacia, sendo semelhante a Salomão (2004) que também observou o relevo
influenciando no deflúvio. O desmatamento em alguns trechos da bacia pode ter uma influência
indireta, pois diferentes autores apontam que as mudanças do uso do solo alteram os processos
de infiltração e escoamento superficial (Andreassian, 2001; Lenhart et al., 2003; Whitehead e
Robinson, 1993)
Neste estudo não foi possível obter uma compreensão plena da correlação entre uso da terra,
49

concentração e rendimento dos diferentes parâmetros analisados, já que a quantidade e


qualidade da água são influenciadas por diferentes fatores (localização do impacto antrópico,
características do local de coleta, tipo de manejo do solo, densidade populacional, entre
outros...). No presente estudo houve uma dificuldade em estabelecer uma relação entre uso da
terra e vazão, já que a água também é utilizada pela comunidade local, portanto foi observado
que a vazão não é um bom parâmetro para ser analisado em bacias urbanizadas, sendo
recomendado apenas nos estudos que envolvem bacias pareadas. Yu et al. (2015) atribuiu a
falta de correlação ao envolvimento de um conjunto de múltiplos fatores, onde as análises são
complexas, já que diferentes fatores podem influenciar nas características químicas e físicas da
água e no comportamento hidrológico da bacia. A complexidade dos fatores também foi
abordada por Christopher et al. (2010) que apontaram o efeito da localização dos impactos
antrópicos, o grau do impacto antrópico e se o conjunto e tempo de coleta das amostras foram
suficiente para analisar a existência de correlação. Por mais que se consiga minimizar ao
máximo estes múltiplos fatores segundo Hibbert (1967) a resposta de bacias hidrográficas a
mudanças é extremamente variável. Onde a generalização das observações locais pode gerar
resultados imprecisos, sendo necessária para uma melhor análise amostragens mais amplas e
com maiores repetições (Andréassian, 2004). Para melhor compreensão da relação do uso da
terra com os parâmetros analisados é importante uma maior representatividade da área alterada,
fato que não se enquadra nas sub-bacias do Sana, já que estas se encontram bem preservadas,
sendo assim talvez um maior período de amostragem possa estabelecer melhores relações entre
as variáveis estudadas.
Os estudos sobre recursos hídricos em microescala são importantes para um conhecimento
mais detalhado da qualidade ambiental da bacia hidrográfica, tornando-se assim possível traçar
um plano de ação voltado para as áreas mais impactadas, para os problemas locais observados
e áreas estratégicas de preservação, conservação e recuperação. Como por exemplo na bacia
hidrográfica do rio Sana, que apesar da bacia ter apresentado boa porcentagem de cobertura
florestal e qualidade da água dos rios, considerando os parâmetros analisados, foi observado
que as bacias mais urbanizadas apresentaram um aumento da concentração de NT PT e MPS,
enquanto que nos rendimentos se teve forte influência do escoamento superficial. Sendo assim
uma gestão voltada para regiões estratégicas na bacia do Sana, com vista a minimizar processos
erosivos, possíveis fontes pontuais e difusas de poluição, redução do escoamento superficial e
aumento da infiltração, podem contribuir com menores fluxos e rendimentos (nutrientes e MPS)
exportados para bacia do rio Macaé.
50

6. CONCLUSÃO

Os aspectos analisados da geomorfologia indicaram um comportamento hidrológico


semelhante entre as sub-bacias, porém pequenas variações, como na altitude, declividade e área
de drenagem influenciaram em parâmetros monitorados (vazão, concentração de MPS e
rendimentos).
As sub-bacias do rio Sana possuem maiores proporções de áreas de coberturas florestais,
sendo assim, este é o uso preponderante na bacia do rio Sana. No entanto as sub-bacias Glória
e Santana apresentaram pequenas áreas urbanizadas contribuindo para uma alteração da matéria
orgânica exportada para os rios influenciando no aumento da concentração de nutrientes.
O monitoramento mensal indicou uma boa qualidade da água dos rios, já que todos
encontram-se com boa oxigenação e baixas concentrações de nutrientes, sendo em grande parte
das bacias as concentrações oriundas de fonte natural.
Nos rendimentos, concentrações e vazões das sub-bacias do Sana observou-se maiores
influências de processos naturais decorrentes da geomorfologia e características naturais da área
(solo, vegetação natural e clima), no entanto processos antrópicos como a conversão da
cobertura florestal por áreas urbanizadas, mostram um cenário tendencioso para a poluição dos
rios, já que ocorre um aumento da concentração de nutriente e material particulado.
51

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8. APÊNDICES

Anexo 1: Concentração de PT nas sub-bacias ao longo do ano (Fonte: Magalhães, 2017)

0,180
0,160
0,140
0,120
PT (mg/L)

0,100
0,080
0,060
0,040
0,020
0,000

São Bento Deserto Boa Sorte


Glória Monte Alto Santana
Peito de Pomba Montanha Pedra Grande
Alegre Cabeceira do Sana

Anexo 2: Concentração de MPS nas sub-bacias ao longo do ano (Fonte: Magalhães, 2017)

120
100
MPS (mg/L)

80
60
40
20
0

São Bento Deserto Boa Sorte


Glória Monte Alto Santana
Peito de Pomba Montanha Pedra Grande
Alegre Cabeceira do Sana
62

Anexo 3: Concentração de COD nas sub-bacias ao longo do ano (Fonte: Magalhães,2017)

12,00
10,00
COD (mg/L)

8,00
6,00
4,00
2,00
0,00

São Bento Deserto Boa Sorte


Glória Monte Alto Santana
Peito de Pomba Montanha Pedra Grande
Alegre Cabeceira do Sana
63

Anexo 4: Fluxos instantâneos, anuais e rendimentos de nutrientes, MPS e água (Fonte: Magalhães, 2017)
São Bento Deserto Boa Glória Monte Santana Peito de Montanha Pedra Alegre Cabeceira
Sorte Alto Pomba Grande
Fluxo de
água
Média 907 87 252 89 30 60 645 323 59 547 464
seco/chuvoso
Fluxo 362/1669 67/116 110/451 28/176 20/43 44/82 322/1097 149/568 40/85 356/815 100/974
instântaneo
(L s-1)
Fluxo anual 28 3 8 3 1 2 20 10 2 17 14
(m3 ano-1)
Rendimento
(m3 km2 ano-1) 1.39 1.52 1.9 0.82 0.69 0.90 0.99 1.65 1.04 1.62 3.48
COD
Média 3183 364 1019 400 110 349 4387 1750 245 2685 2672
seco/chuvoso
Fluxo 1307/5811 275/487 375/1922 102/817 79/153 283/441 1789/8025 579/3388 108/437 1571/4245 479/5744
instântaneo (g
s-1)
Fluxo anual
(ton ano-1) 99 11 32 12 3.4 11 136 54 7.6 83 83
Rendimento
(ton km2 ano-1) 4.88 6.33 7.69 3.69 2.56 5.25 6.73 8.93 4.32 7.94 20.06
NT
Média 253 24 80 38 8.5 31 237 131 19 172 136
seco/chuvoso
Fluxo 120/411 17/33 38/138 11/75 6.5/11 21/44 137/377 63/226 13/27 118/248 31/284
instântaneo (g
s-1)
Fluxo anual
(ton ano-1) 7.9 0.7 2.5 1.2 0.3 0.9 7.4 4.1 0.6 5.3 4.2
Rendimento
(ton km2 ano-1) 0.39 0.41 0.60 0.35 0.20 0.46 0.36 0.67 0.33 0.51 1.02
NH4+
Média 54 8.9 15.6 7.7 2.7 11.3 51.1 25.6 5.5 381 50
seco/chuvoso
Fluxo 15/109 7.3/11 4.2/32 1.7/16 1.3/5 3.4/22 20/95 6.9/52 2.5/10 16/68 5.2/113
instântaneo (g
s-1)
Fluxo anual 1.67 0.28 0.48 0.24 0.08 0.35 1.58 0.79 0.17 1.18 1.55
64

(ton ano-1)
Rendimento
(Kg km2 ano-1) 83 155 118 71 63 170 78 131 97 112 376
PT
Média 11 1 4.3 3.7 0.5 2.6 11 10 2.4 11 8.5
seco/chuvoso
Fluxo 4.1/21 0.6/2 2.0/7.0 1.1/8.0 0.4/1.0 1.2/4.0 8.0/16 3.1/20 1.4/4.0 7.2/17 2.2/17
instântaneo (g
s-1)
Fluxo anual
(ton ano-1) 0.35 0.03 0.13 0.12 0.02 0.08 0.35 0.32 0.07 0.35 0.26
Rendimento
Kg km2 ano-1) 17.4 18.1 32.2 34.5 12.6 38.7 17.2 52.1 42.5 33.4 63.4
PO43-
Média 53 8.8 16 7.6 2.7 11 50 25 5.2 38 50
seco/chuvoso
Fluxo 13.6/108.5 7.2/11.1 4.0/31.6 1.7/16 1.2/4.7 3.0/22.3 18.9/94.7 6.3/51.7 2.0/9.7 15.6/68.3 5.22/112.9
instântaneo (g
s-1)
Fluxo anual
(ton ano-1) 1.6 0.3 0.5 0.2 0.1 0.3 1.6 0.8 0.2 1.2 1.6
Rendimento
(Kg km2 ano-1) 81 153 117 70 62 166 77 129 92 111 376
MPS
Média 948 308 1191 1330 142 1392 1824 4520 508 3722 637
seco/chuvoso
Fluxo 392/1726 197/464 387/2317 150/2983 123 /169 543/2580 1252/2624 860/9718 341/741 1894/6282 211/1234
instântaneo (g
s-1)
Fluxo anual
(ton ano-1) 29 10 37 41 4 43 57 140 16 115 20
Rendimento
(ton km2 ano-1) 1.5 5.4 9.0 12 3.3 21 2.8 23 8.9 11 4.8

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