Apostila 6
Apostila 6
Apostila 6
CELULAR
Introdução
O ciclo de vida das células é um processo fisiológico contínuo envolvendo
morte celular não relacionada à inflamação e de forma programada. O
tema é tão importante que foi laureado com o Prêmio Nobel de Medicina
em 2002, por investigações sobre crescimento de órgãos e apoptose.
Neste capítulo, você será apresentado aos conceitos e às descobertas
que levaram ao prêmio Nobel e também ao que se estendeu de compre-
ensão do tema, ampliando para a outras formas em que a célula decide
pelo seu fim, para sinalizar o organismo ou para manter a homeostase
do tecido.
A piroptose é uma forma de morte celular induzida por infecção. Essa via
é dependente exclusivamente da enzima caspase-1, que não está envolvida
em cascata de caspase na morte celular apoptótica. Caspase-1 ativa as cito-
cinas inflamatórias, como IL-1 e IL-18, que mediam reações inflamatórias
intensas em tecido circundante. A morte por piroptose funciona como um
disparo sinalizador inflamatório muito potente (ALBERTS et al., 2010; ROSS;
PAWLINA, 2016).
Entose é um processo de eliminação celular que envolve a ingestão da célula
vizinha por outra célula, normalmente desprendida da matriz extracelular.
A célula absorvida normalmente é degradada com a ação do lisossomo. O que
diferencia esse processo é que ele ocorre entre células similares e por meio de
proteínas de adesão de ambas as células, portanto, não deve ser confundido
com fagocitose.
A morte por anoikis é definida como a indução de apoptose pela perda de
adesão à matriz extracelular e a outras células. Ela é muito importante para
impedir que as células se soltem dos seus tecidos de origem e povoem outros
tecidos, como nos processos de metástase em câncer (ALBERTS et al., 2010;
ROSS; PAWLINA, 2016).
Diferentes tipos de morte celular são frequentemente definidos por critérios morfoló-
gicos, sem uma referência clara a mecanismos bioquímicos precisos. Existe um comitê
internacional, o Comitê de Nomenclatura sobre Morte Celular, do inglês Nomenclature
Committee on Cell Death, que propõe a nomenclatura correta para os eventos associados
à morte celular. Eles propõem critérios unificados para a definição de morte celular
e de suas diferentes morfologias. Autores, revisores e editores de revistas científicas
são convidados a seguir essas normativas para que haja consenso de termos e melhor
comunicação. As normativas são publicadas em guidelines, infelizmente somente em
inglês. No primeiro artigo a seguir, você encontra, gratuitamente, a publicação do ano
de 2018. O segundo artigo, em português, também é gratuito e trata da desregulação
de apoptose em um câncer hematológico.
Acesse os textos, na íntegra, por meio dos links:
https://qrgo.page.link/DV6MY
https://qrgo.page.link/de7ju
Morte celular: apoptose e necrose 5
https://qrgo.page.link/Bvcgj
https://qrgo.page.link/MFMU2
https://qrgo.page.link/Gb3HT
Mecanismos apoptóticos
Os mecanismos de apoptose são bastante sofisticados, envolvendo uma cascata
de eventos moleculares dependente. Temos muitas vias pelas quais é possível
ativar os mecanismos de apoptose: a via extrínseca ou do receptor de morte;
a intrínseca ou via mitocondrial; citotoxicidade mediada por células T; e
morte dependente de perforina e granzima. Esta última pode ser ativada pela
granzima A ou B. As vias extrínseca, intrínseca e de granzima B convergem
no mesmo terminal ou caminho de execução. Essa via é iniciada pela clivagem
da caspase-3 e resulta em fragmentação do DNA, degradação de proteínas
do citoesqueleto e nucleares, formação de corpos apoptóticos, expressão de
receptores ligantes de células fagocíticas e, finalmente, a própria fagocitose.
A via da granzima A segue paralelamente uma via de morte independente
da caspase por dano no DNA de fita simples. Um fator importante é que a
fagocitose precisa ocorrer de modo rápido e eficiente para evitar danos ao
tecido circundante. Isso ocorre pelo aumento da sinalização para as células
fagocíticas por meio da inversão da posição da fosfatidilserina na membrana
dos corpos apoptóticos, normalmente uma proteína de face para o citoplasma,
8 Morte celular: apoptose e necrose
Você deve ter percebido que a apoptose é regulada e pode ser ativada por uma série
de mecanismos. Afinal, como nossas células estão sempre se multiplicando, um ciclo
de vida precisa ser cumprido. A mitose, mesmo regulada, pode apresentar erros e os
fatores ativos que levam à apoptose muitas vezes envolvem dano ao DNA. A seguir,
você encontrará uma tese de doutorado relacionando proteína p53, dano ao DNA
e apoptose. A epigenética e os efeitos ambientais também estão relacionados ao
contexto em que os processos fisiológicos ocorrem. Portanto, a seguir, você encontrará
um artigo relacionando epigenética, estresse oxidativo, câncer e efeitos apoptóticos.
Leia os textos completos clicando nos links a seguir:
https://qrgo.page.link/FpTje
https://qrgo.page.link/Tkzi3
ALBERTS, B. et al. Biologia molecular da célula. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2010.
JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Biologia celular e molecular. 8. ed. Rio de Janeiro: Gua-
nabara Koogan, 2005.
KIERSZENBAUM, A. L. Histologia e biologia celular: uma introdução à patologia. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2004.
ROSS, M. H.; PAWLINA, W. Ross histologia: texto e atlas: correlações com biologia celular
e molecular. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016.
Leituras recomendadas
BATISTA, L. F. Z. Mecanismos de indução de apoptose pela presença de danos ao DNA: um
estudo sobre o papel de p53 na resistência de células de glioma a agentes quimiote-
rápicos. 2008. Tese (Doutorado em Microbiologia) - Instituto de Ciências Biomédicas,
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008. Disponível em: https://teses.usp.br/teses/
disponiveis/42/42132/tde-22092008-170922/publico/LuisFranciscoZirnbergerBatista_
Doutorado.pdf. Acesso em: 29 out. 2019.
GALLUZZI, L. et al. Molecular mechanisms of cell death: recommendations of the
Nomenclature Committee on Cell Death 2018. Cell Death & Differentiation, v. 25, n. 3,
p. 486−541, 2018.
Morte celular: apoptose e necrose 11
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