Geral - Motores 2
Geral - Motores 2
Geral - Motores 2
4 Pistões.......................................................................................................... Página. 53
. 4.1..Objetivos.e.princípios.de.funcionamento..................................... Página. 53
. 4.2..Nomenclatura.do.pistão............................................................... Página. 53
. 4.3..Tecnologia.dos.pistões................................................................. Página. 57
. 4.4..Tipos.de.pistões........................................................................... Página. 64
1
8 Falhas prematuras em anéis de pistão...................................................... Página. 109
. 8.1..Falhas.prematuras.em.anéis.por.erros.de.montagem.................. Página. 109
. 8.2..Partículas.estranhas.no.ar.admitido............................................. Página. 111
. 8.3..Lubrificação.insuficiente.............................................................. Página. 113
. 8.4..Outros.fatores.............................................................................. Página. 114
2
16 Válvulas....................................................................................................... Página. 171.
. 16.1..Objetivos.e.princípios.de.funcionamento................................... Página. 171.
. 16.2..Nomenclatura.da.válvula............................................................ Página. 172
. 16.3..Processos.de.fabricação............................................................ Página. 174.
. 16.4..Tipos.de.válvulas........................................................................ Página. 176
*TODOS OS DIREITOS RESERVADOS PARA A MAHLE METAL LEVE S.A. Proibida a comercialização e/ou reprodução total ou parcial desta obra, por qualquer
meio ou processo, especialmente por sistemas gráficos, microfílmicos, fotográficos, reprográficos, fonográficos e videográficos. Vedada a memorização e/ou
a recuperação total ou parcial, bem como a inclusão de qualquer parte desta obra em qualquer sistema de processamento de dados. Essas proibições tam-
bém aplicam-se às características gráficas da obra e à sua editoração. A violação dos direitos autorais é punível como crime (art. 184 e parágrafos do Código
Penal), com pena de prisão e multa, busca e apreensão e indenizações diversas (arts. 101 a 110 da Lei 9.610 de 19.02.1998, Lei dos Direitos Autoriais).
3
NOÇÕES
PRELIMINARES
4
1— Noções preliminares
Motor
Máquina destinada a converter qualquer forma de
energia (térmica, elétrica, hidráulica, etc.) em ener-
gia mecânica. No caso dos motores de combustão
interna, há transformação de energia térmica (quei-
ma de combustível) em energia mecânica.
5
Fig. 1.1
6
Fig. 1.2
7
1.1 — Objetivo do motor de
combustão interna
Os motores de combustão interna tem por ob- rabrequim, transmite a força atuante na cabeça
jetivo transformar energia térmica em energia do mesmo (resultante da expansão dos gases) ao
mecânica, diretamente utilizável. Após a mistu- colo do virabrequim (moente), fazendo com que
ra combustível/ar ser comprimida na câmara de este gire. Converte assim o movimento retilíneo al-
combustão de cada cilindro, inicia-se uma quei- ternado do pistão em movimento rotativo do vira-
ma, a qual libera uma força contra a cabeça do brequim (Fig. 1.3).
pistão, forçando este a deslocar-se na direção do
virabrequim (eixo de manivelas). Entende-se por combustão a inflamação rápida
da combinação do oxigênio com qualquer mate-
A biela, elemento de ligação entre o pistão e o vi- rial combustível.
Fig. 1.3
8
Motor Ciclo Otto a gasolina Motor Ciclo Diesel
É o motor de combustão interna no qual a mistu- Neste tipo de motor de combustão interna, somen-
ra (gasolina/ar) se inflama através de uma centelha te o ar é comprimido, sendo o combustível injetado
elétrica, ocasionando a queima da mistura e a ex- no interior do cilindro, quando a compressão do ar
pansão dos gases. está próxima do seu ponto máximo.
9
1.3 — Definições
P = força × deslocamento
tempo
kW — Quilowatt
É a unidade de potência do Sistema Internacional
de Unidades. Por definição: um kW é a potência
desenvolvida quando se realiza, contínua e unifor-
memente, um trabalho decorrente da aplicação de
uma força necessária para elevar um peso de 100
quilos a uma distância de um metro em um segun-
do (Fig. 1.4).
Fig. 1.5
CV — Cavalo-vapor
É a unidade de medida da norma DIN, para ex-
pressar a potência do motor. Por definição: um CV
(ps) é a potência desenvolvida quando se realiza,
contínua e uniformemente, um trabalho decorren-
te da aplicação de uma força necessária para ele-
var um peso de 75 kg a um metro de altura em um
segundo (Fig. 1.6).
10
O momento de uma força é expresso
normalmente nas seguintes unidades:
Quilogrâmetro (kgf.m)
Por definição, é o produto de uma força de 1 kgf,
atuando perpendicularmente num braço de alavan-
ca de comprimento igual a um metro.
Obs:
Chamamos a atenção para estas duas últimas uni-
dades de torque, porque na prática as chaves de
torque ou torquímetros estão geralmente graduados
em uma destas duas unidades (Fig. 1.9).
Fig. 1.7
11
Torque do motor CURVAS DE DESEMPENHO
No caso de motores de combustão interna o seu
torque ou conjugado é o momento criado pela bie-
la, devido à força de expansão dos gases, atuando
sobre o virabrequim (Fig. 1.10).
M= PxK
rpm
Na qual:
M = torque do motor
P = potência do motor
K = constante que depende da unidade
de potência, valendo:
K = 97,44 para potência em kW Fig. 1.11
K = 716,2 para potência em cv Curso do Pistão
K = 5.252 para potência em hp Distância que o pistão percorre entre o seu Pon-
rpm = velocidade de giro do motor em to Morto Superior (PMS) e o seu Ponto Morto In-
rotações por minuto. ferior (PMI).
CURSO / DIÂMETRO
Fig. 1.10
12
Diâmetro Podemos então calcular:
É a denominação usada para o diâmetro do cilin-
dro (Fig. 1.12). C = π x d2 x curso x N
4
Cilindrada
É o volume total deslocado pelo pistão entre o PMI d = 85,5 mm = 8,55 cm, logo, d2 = 73,1 cm2
e o PMS, multiplicado pelo número de cilindros do curso = 69 mm = 6,9 cm
motor. É indicado em centímetros cúbicos (cm ) (Fig.
3
N=4
1.13) e a fórmula para calculá-la é a seguinte: π = 3,14
CILINDRADA
Câmara de compressão ou de combustão
Fig. 1.13
13
Taxa de compressão Normalmente a taxa de compressão é dada na
(relação de compressão) forma 6:1 ou 7:1, em que se lê “seis por um” ou
“sete por um”.
Corresponde à relação entre
Portanto, no exemplo acima temos 7,2:1, ou seja,
Volume do cilindro + volume da câmara sete vírgula dois por um.
de combustão
volume da câmara de combustão Para explicar tal fato, vamos ilustrar o assunto para
maior facilidade de compreensão (Fig. 1.15).
Sendo “V” o volume de um cilindro e “v” o volume
da câmara de combustão de um cilindro, temos: Observamos que a forma de cálculo acima da taxa
de compressão é aproximada, pois não foram con-
Taxa de compressão TC = V + v siderados os volumes da espessura da junta do
v cabeçote bem como o volume existente entre a
cabeça do pistão e o cilindro acima do 1º anel de
Se no caso anterior admitirmos que o motor tenha compressão.
uma câmara de combustão com 64,0 cm3, pergun-
ta-se qual a taxa de compressão?
Temos: V = C
N
Na qual:
C = cilindrada do motor
N = nº de cilindros
V = volume de um cilindro (cilindrada unitária)
C = 1.584 cm3
N = 4 (motor de 4 cilindros)
V = 1.584 cm3 = 396,0 cm3
4
Então:
TC = V + v
v
Na qual:
V = 396,0 cm3
V = 64,0 cm3
Fig. 1.15
Substituindo os valores:
Eficiência volumétrica
TC = 396,0 + 64,0 72 É a relação entre o enchimento teórico e o enchi-
64,0 mento real do cilindro quando da admissão.
14
Eficiência térmica
É a relação entre a energia térmica convertida em
trabalho pelo motor dividida pela energia térmica
total gerada nas câmaras de combustão.
15
DESCRIÇÃO DO FUNCIONAMENTO DE
MOTORES
16
2 — Descrição do funcionamento de motores
CICLO OTTO
1º Tempo: Admissão 2º Tempo: Compressão 3º Tempo: Combustão 4º Tempo: Escape Fig. 2.1
17
Ciclo Diesel Assim, temos no motor diesel (Fig. 2.2):
Nos motores tipo diesel há somente admissão de ar 1º tempo — Admissão (de ar puro);
puro, que ao ser comprimido pelo pistão se aquece 2º tempo — Compressão (de ar puro);
o suficiente para inflamar o óleo diesel pulverizado 3º tempo — Combustão (pulverização de óleo
no interior da câmara de combustão. Tem seu fun- diesel e expansão dos gases);
cionamento semelhante ao do motor à gasolina. 4º tempo — Escape (dos gases queimados).
CICLO DIESEL
Admissão Compressão
Combustão Combustão
(Pulverização) (Expansão) Escape Fig. 2.2
18
2.2 — Funcionamento dos motores
de dois tempos
Motor a gasolina ou a álcool mistura sob pressão existente no cárter para o ci-
lindro onde é comprimida e queimada, repetindo-
Os motores deste tipo combinam em dois cursos se o ciclo (Fig. 2.3).
as funções dos motores de quatro tempos. Sen-
do assim, há um curso motor para cada volta do Motor diesel
virabrequim.
Os motores diesel de dois tempos têm funcio-
Ocorrendo a combustão, o pistão é impulsionado namento semelhante ao motor de dois tempos
para baixo, fornecendo trabalho. Ao mesmo tempo, a gasolina ou a álcool, porém, admitem apenas
comprime no cárter a mistura que vai ser utilizada ar puro, geralmente forçado no interior do cilin-
no tempo seguinte. Continuando a descer, o pis- dro por um compressor de baixa pressão (volu-
tão descobre as janelas de escape, por onde são métrico). Possui também um sistema de lubrifi-
expelidos os gases queimados. Simultaneamente, cação forçada idêntica à dos motores de quatro
descobre também as janelas de transferência da tempos.
Fig. 2.3
19
2.3 — Órgãos principais do motor
Bloco
É o motor propriamente dito, no qual estão loca-
lizados os cilindros ou os furos para a colocação
Bloco
das camisas (Fig. 2.4).
20
Órgãos móveis
ÓRGÃOS MÓVEIS
Biela
Braço de ligação entre o pistão e o virabrequim; re-
cebe o impulso do pistão, transmitindo-o ao virabre- Anéis
Trava para Pino
quim. É importante salientar que este conjunto trans-
forma o movimento retilíneo alternado do pistão em
movimento rotativo do virabrequim (Fig. 2.5).
Anéis
Compensam a folga entre o pistão e o cilindro, dan-
do a vedação necessária para uma boa compressão Biela
do motor e um melhor rendimento térmico (Fig. 2.5). Bronzinas
ÓRGÃOS MÓVEIS
Pistão
Biela
Virabrequim
Fig. 2.6
21
Eixo Comando de Válvula
A função deste eixo é abrir as válvulas de admis- ÓRGÃOS MÓVEIS
são e escape. É acionado pelo virabrequim, atra-
vés de engrenagem ou corrente, ou ainda correia
Eixo Comando de Válvulas
dentada (Fig. 2.7).
Válvulas
Válvula de Admissão: tem a finalidade de permitir a
entrada da mistura combustível/ar (somente ar no Engrenagem do Eixo
motor diesel) no interior do cilindro. Comando de Válvulas
ÓRGÃOS MÓVEIS
Ressalto do Comando
Tucho
Balancim
Eixos Comando
de Válvulas
Válvulas
Haste Válvulas
Mola da
Tucho Válvula
Eixo Comando
de Válvulas
Polia Engrenagens
Esticadora do Eixo
Comando
de Válvulas
Correia
Dentada
Virabrequim
Engrenagem de Acionamento Fig. 2.8 Fig. 2.9
22
Polia e anti-vibrador ou
compensador harmônico BOMBA DE ENGRENAGENS
Transmite, através de correia, o movimento de rota-
ção do virabrequim ao alternador e à bomba, e ab-
sorve as vibrações do funcionamento do motor.
Bomba de óleo
Mecanismo cuja finalidade é bombear o óleo do
cárter e enviá-lo, sob pressão, aos diversos pontos
do motor que necessitam de lubrificação. Existem
vários tipos de bombas de óleo, sendo a de engre-
nagem a mais utilizada (Figs. 2.10 e 2.11).
BOMBA ROTATIVA
Fig. 2.10
Bomba-d’água
Mecanismo destinado a efetuar a circulação de
água pelo motor e radiador, para arrefecimento do
motor (Fig. 2.12).
BOMBA-D’ÁGUA
23
2.4 — Lubrificação do motor
VÁLVULA DE ALÍVIO DE
PRESSÃO DE ÓLEO
Fig. 2.13
Fig. 2.14
24
Filtro de óleo qual o óleo se desvia pela válvula aliviadora de pres-
O filtro de óleo tem a finalidade de reter impurezas são e passa através do filtro de óleo em seu retorno
em suspensão no óleo lubrificante, evitando o des- ao cárter. Outras variações deste mesmo método,
gaste prematuro das peças do motor (Fig. 2.15). incluídas na mesma categoria, são aquelas em que
só uma parte do óleo que circula pelo sistema pas-
FILTRO DE ÓLEO sa através do filtro de óleo. Por exemplo: quando o
filtro está colocado na linha que vai ao mecanismo
superior das válvulas (balancins), todas as demais
partes com lubrificação sob pressão recebem óleo
sem filtrar, diretamente da bomba.
Fig. 2.16
25
Folga de lubrificação das bronzinas e das
FOLGA DE LUBRIFICAÇÃO DAS
buchas
BRONZINAS E BUCHAS
A folga de lubrificação é a diferença entre o diâme-
tro interno da bronzina ou da bucha e o diâmetro
externo do respectivo eixo (Fig. 2.17).
Fig. 2.18
26
Sistema de lubrificação por salpique Em cada volta do virabrequim, a biela recolhe com
Em um sistema típico de lubrificação por salpique, seu pescador o óleo do rebaixo e o salpica em to-
o óleo é bombeado do cárter para uma calha com das as partes móveis do motor (Fig. 2.19).
rebaixos fixada na parte inferior do bloco.
Fig. 2.19
27
2.5 — Sistema de alimentação do motor
Filtro de Combustível
Tem a finalidade de reter todas as impurezas que
circulam no sistema de alimentação (Fig. 2.20).
Para os motores que utilizam dois combustíveis in-
dependentemente, foi desenvolvido um novo filtro
cujas características construtivas são demonstra-
das abaixo (Fig. 2.20A).
Fig. 2.20
Vedação entre o
lado contaminado Após a solda por fricção, a tampa do filtro
e o lado filtrado, prende o diâmetro externo da tampa do
garantida por elemento filtrante, evitando deslocamento
montagem com axial, mesmo havendo deformação do
interferência entre papel após o uso.
os diâmetros.
O elemento
filtrante não utiliza
adesivos na junção
entre papel e
plastificação.
28
Bomba de gasolina ou de álcool
Conjunto destinado a transferir do tanque o com- BOMBA MECÂNICA DE GASOLINA
bustível em quantidade suficiente para alimentar o OU ÁLCOOL
carburador.
Fig. 2.20B
Carburador
Conjunto destinado a dosar ar e combustível para
o motor, possibilitando o funcionamento do mes- Fig. 2.20C
mo em várias condições, tais como marcha len-
ta, acelerações rápidas e rotação constante, etc. Os carburadores podem ser usualmente de corpo
(Fig. 2.21). simples ou de corpo duplo e verticais ou horizontais.
CARBURADOR
Fig. 2.21
29
CARBURADOR DE CORPO SIMPLES (CORTE)
Fig. 2.22
30
INJEÇÃO MECÂNICA DE COMBUSTÍVEL
Fig. 2.23
31
MONO-POINT
Fig. 2.24A
Este sistema de injeção utiliza poucos elementos vez, processa as informações recebidas e calcu-
mecânicos móveis (válvulas borboleta, regulador la o tempo adequado de injeção através de um
de mistura e injetor) e isso diminui o desgaste e as sinal elétrico. Atualmente existem dois sistemas
prováveis quebras. de injeção eletrônica: o sistema mono-point e o
multi-point.
Injeção eletrônica de combustível
Mono-point
Com a modernização dos veículos e os grandes O sistema mono-point é dotado de apenas um
avanços tecnológicos, abrem-se novas perspecti- bico injetor comandado eletronicamente, que efe-
vas para a indústria automobilística. tua a injeção do combustível no coletor de admis-
são, alimentando os quatro cilindros. A função do
A injeção eletrônica de combustível é uma das sistema é proporcionar para o motor uma exa-
inovações tecnológicas mais importantes dos úl- ta mistura ar/combustível em qualquer regime de
timos anos. O cérebro deste sistema sofisticado funcionamento do mesmo, visando uma perfeita
é uma central de comando (módulo). A unidade combustão com menor consumo de combustível
de comando recebe uma série de sinais de en- emitindo gases de escape mais limpos (menor
trada, provenientes dos sensores instalados no índice de poluentes), partida a frio mais rápida e
motor, que enviam informações precisas referen- menor desgaste dos componentes, reduzindo a
tes ao seu funcionamento. A unidade, por sua manutenção.
32
Multi-point processadores, é possível converter um grande nú-
O sistema multi-point é o mais desenvolvido. É mero de dados operacionais em dados de injeção
um sistema dotado de quatro bicos injetores co- e ignição controlados por mapeamento.
mandado eletronicamente, que efetua a injeção do
combustível no coletor de admissão, alimentando Com o sistema multi-point consegue-se um melhor
individualmente cada cilindro, podendo ser simul- rendimento do motor, pois cada cilindro irá receber
tâneo ou seqüencial. a quantidade exata de mistura ar/combustível, ga-
rantindo assim: um menor consumo de combustível,
Neste sistema o módulo comanda o sistema de maior potência, aceleração sem atraso, melhora da
injeção e o sistema de ignição. Através do proces- partida a frio e fase de aquecimento, e baixo teor
samento digital de dados e do emprego de micro- de poluentes nos gases de escape.
MULTI-POINT
Fig. 2.24B
33
Tecnologia sensor de massa de ar que mede, direta e precisa-
mente, a quantidade de ar admitida pelo motor e,
Motor 1.0 16V Turbo com isso, otimiza a relação ar/combustível melho-
O motor 1.0 16V Turbo tem um controle otimizado, rando a dirigibilidade e as emissões de poluentes.
através da utilização de uma Unidade de Controle
Eletrônico (ECU), com os melhores recursos de cali- O motor está equipado com dois sensores de de-
bração de injeção e ignição existentes no mercado. tonação localizados entre os cilindros 1 e 2, e o
O sistema possui ainda, como diferencial, a corre- outro nos cilindros 3 e 4, que evitam a ocorrência
ção dinâmica para avanço de ignição que prioriza de detonação, através da informação à ECU, que
o torque (Nm) do motor em qualquer regime. O sis- toma as medidas necessárias para obter a melhor
tema de gerenciamento do motor controla a válvula performance com o menor consumo.
reguladora de pressão do turbo (Waste Gate). Essa
válvula mantém o nível máximo de potência e torque O motor 1.0 16V Turbo recebeu as adequações
independente das variações ambientais. tecnológicas dos motores mais modernos. Estas
são as responsáveis por fazer com que este motor
Outro componente, o HFM (Hot Film Mass) é um desenvolva potência e torque elevados.
Canister
Waste gate
Intercooler Turbo
compressor
Motronic
Reservatório de Combustível
Fig. 2.24C
34
2.5.2 — Sistema de alimentação do motor Bomba injetora
(Ciclo Diesel) Conjunto destinado a regular o débito do óleo com-
bustível e injetá-lo, através dos bicos injetores, nos
Bomba de alimentação (ou transferência) de cilindros. Existem dois tipos: em linha e rotativa.
combustível
Pode ser de pistão ou de diafragma e serve para Bomba em linha
transferir o óleo combustível do tanque para a bom- É um mecanismo de injeção, de pistões múltiplos
ba injetora, fazendo-o passar por um elemento fil- e curso constante, que deve bombear a quanti-
trante (detalhe A — Fig. 2.25). dade de combustível exigida pela carga do motor,
mantendo essa carga constante de ciclo para ciclo
Filtro de combustível bem como de cilindro para cilindro, no tempo exa-
Tem a finalidade de reter todas as impurezas que to, a despeito da rotação do motor. A quantidade
circulam no sistema de alimentação. Dispõe de uma de combustível injetada é regulada pelo movimento
válvula cuja finalidade é manter constante a pres- semi-rotativo dos pistões, os quais possuem uma
são do combustível para a bomba injetora, evitan- ranhura em hélice permitindo a passagem de maior
do dessa maneira o borbulhamento ou a deficiência ou menor quantidade de óleo diesel na câmara de
de combustível. Em alguns motores essa válvula é compressão da bomba. O movimento semi-rota-
colocada na bomba em vez de ser posta no filtro tivo dos pistões é dado pela cremalheira que está
(detalhe B — Fig. 2.25). ligada ao regulador de rotação (Fig. 2.25).
Fig. 2.25
35
Bomba Rotativa
É um mecanismo de injeção de um único ele-
mento de bombeamento (2 pistões contrapostos
em um cilindro transversal), fornecendo por meio
de uma válvula dosadora a quantidade exata de
combustível ao motor, através de um distribuidor
giratório na ordem de explosão, independente da
quantidade de cilindros e rotação do mesmo (Figs.
2.26 e 2.27).
BOMBA DE INJEÇÃO DE
COMBUSTÍVEL — ROTATIVA Fig. 2.27
BICO INJETOR
Entrada de
Fig. 2.26 Combustível
Bico Injetor
A sua principal função é injetar o combustível na
pré-câmara de combustão (injeção indireta) ou na
câmara de combustão (injeção direta) num jato fi- Fig. 2.28
namente atomizados (Figs. 2.28 e 2.29).
Fig. 2.29
36
Vela de Incandescência
A fim de facilitar a partida, isto é, com o motor
frio, os motores diesel de injeção indireta pos-
suem velas de incandescência que, ao recebe-
rem corrente elétrica, aquecem o ar no interior
da pré-câmara, facilitando a queima do óleo die-
sel pulverizado na câmara de combustão (Figs.
2.30 e 2.31).
VELA DE INCANDESCÊNCIA
Fig. 2.30
Fig. 2.31
2.5.3 — Superalimentação
Os superalimentadores acionados mecanicamen-
A potência máxima desenvolvida por motores à te, por meio de engrenagens, correias, etc., são
combustão interna pode ser aumentada com a denominados Compressores Volumétricos (Fig.
elevação da pressão de admissão. 2.32). Aqueles acionados pelos gases de escape
são denominados Turboalimentadores e são os
Este aumento é obtido com a aplicação de um sis- mais empregados atualmente.
tema denominado Superalimentação. Este pro-
cesso consiste em forçar para dentro do cilindro
COMPRESSOR VOLUMÉTRICO
a mistura ar/combustível ou somente ar no motor
Ciclo Diesel.
37
TURBO ALIMENTADOR
Fig. 2.33
Os turboalimentadores são compostos por uma a mistura ar/combustível ou somente ar, forçando-
turbina e por um compressor ligados mecanica- a dentro do cilindro (Fig. 2.33).
mente por um eixo. A turbina alimentada pelos ga-
ses de escape que estão a elevadas temperaturas Para motores de aviação, e para aqueles que ope-
movimenta o compressor. Este por sua vez aspira ram em altitudes elevadas, a superalimentação é
necessária devido à rarefação do ar.
38
Injeção eletrônica de combustível Sua finalidade é fornecer a pressão e o fluxo cor-
A injeção eletrônica de combustível em motores reto para todas as unidades injetoras. O fluxo
diesel tem como objetivo satisfazer as exigências deve ser suficientemente elevado para equalizar
muito severas de proteção do meio ambiente. eventuais diferenças de temperatura no com-
bustível e no canal de combustível na cabeça
Para isso foi desenvolvido um sistema eletrônico de cilindro.
de comando de injeção. Um módulo de comando
recebe sinais do pedal do acelerador e de senso- Bomba manual
res instalados no motor. Os sensores detectam as A bomba manual está montada no suporte do fil-
informações de funcionamento do motor e enviam tro de combustível e usa-se para poder encher o
para o módulo de comando. sistema de combustível e purgar o ar do sistema
quando o motor está parado.
As unidades injetoras são comandadas mecanica-
mente pela árvore de comando na cabeça dos cilin- Válvula de retenção
dros e eletronicamente pelo módulo de comando. Na saída do canal de combustível está montada
Com isso a injeção de combustível é alterada de uma válvula de retenção.
acordo com a solicitação e a rotação do motor.
A válvula de retenção mantém a pressão do sistema
Bomba de alimentação de combustível. A pressão de abertura da válvula é
A bomba de alimentação é movida a partir da dis- de cerca de 3,5 bar.
tribuição do motor.
5
1 – Bomba de alimentação
4
2 – Módulo de comando
3 – Tubo de purga de ar
3 7
4 – Canal de combustível
2
5 – Unidade injetora
6 – Válvula de retenção
7 – Depósito de combustível
8 – Filtro de combustível
1 8 Fig. 2.35
39
Common Rail No sistema de injeção de pressão modulada “Com-
A primeira bomba injetora em linha, fabricada mon Rail”, produção de pressão e injeção são desa-
em série no ano de 1927, criou as condições copladas. A pressão de injeção é produzida indepen-
para o emprego do motor diesel de alta rota- dente da rotação do motor e do volume de injeção,
ção em veículos automotivos. Ainda hoje alguns e está no “Rail” (acumulador de combustível de alta
motores utilizam a bomba injetora. pressão) pronta para a injeção. Momento e quantida-
de de injeção são calculados na unidade de coman-
O sistema de injeção de pressão modulada “Com- do eletrônica e transportados pelo injetor em cada
mon Rail” para motores de injeção direta abre no- cilindro do motor através de uma válvula magnética
vos conceitos: ativada. Com o injetor e a alta pressão sempre cons-
tante, obtém-se uma curva de injeção muito precisa.
l Grande área de aplicação, desde motores com
potência de 30kW/cilindro até 200kW/cilin- Com a ajuda de sensores instalados no motor, a uni-
dro. dade de comando capta as informações e tem condi-
l Alta pressão de injeção de até cerca de 1.400 ções de comando e regulagem sobre o veículo e, prin-
bar. cipalmente, sobre o motor. A função básica é controlar
l Início de injeção variável. a injeção do diesel no momento certo, na quantidade
l Volume de injeção, pressão no “Rail” e início de exata e com a máxima pressão possível. Assegura,
injeção adaptada a cada regime de funciona- desta maneira, um funcionamento silencioso, econô-
mento. mico e pobre em poluentes do motor diesel.
Fig. 2.36
40
2.6 — Sistema de ignição nos motores (Ciclo Otto)
l Distribuidor — dispositivo destinado a interrom- l Vela — dispositivo através do qual a faísca oca-
per ou alternar a baixa voltagem de alimentação sionada pela alta tensão inflama a mistura com-
do primário da bobina e também distribuir a alta primida no cilindro.
voltagem de saída da bobina para as velas.
VELA DE IGNIÇÃO
SISTEMA CONVENCIONAL
Fig. 2.37
Fig. 2.38
41
2.6.2 — Sistemas de ignição com Como este sistema não elimina o platinado, pode-
semicondutores mos “reverter” para o sistema convencional no caso
de falha do sistema eletrônico.
Sistema transistorizado com platinado
O Sistema Transistorizado com Platinado utiliza o Sistema transistorizado sem platinado ou
platinado como “interruptor mecânico” ligado ao sistema de impulso magnético (Fig. 2.39)
circuito de base do transistor. Desse modo o tran- Neste sistema o platinado é substituído por um
sistor é ligado e desligado. “sensor” ligado à mesma base do circuito anterior.
Como a corrente de base do transistor é muito Este sensor magnético é formado por um ímã perma-
menor que a da bobina (aproximadamente 1/10), nente e por uma bobina de captação de voltagem.
o platinado praticamente não se desgastará nem
será preciso o uso do condensador. A saturação O ímã permanente possui um dente para cada
da bobina fica garantida e assim a voltagem no seu cilindro, sendo o substituto do came convencio-
secundário é a máxima possível. nal. O resto do sistema do distribuidor permane-
ce inalterado.
Como a bobina deve ser dimensionada especial-
mente para este sistema de ignição e a ligação é Como a voltagem na saída do sensor é muito peque-
instantânea, não há queda de voltagem no secun- na, usa-se um “amplificador de pulsos” para excitar
dário devido à rotação do motor. o transistor que liga e desliga o primário da bobina.
A bobina também é especialmente projetada para
Algumas das vantagens que o Sistema Transistori- este sistema. No primário ela tem menos espiras e
zado com Platinado apresenta são as seguintes: de fio mais grosso, e no secundário mais espiras que
a bobina comum. Portanto produz maior voltagem
l corrente pequena no platinado; no secundário, inclusive em altas velocidades.
l obtenção de maior corrente no primário da bo-
bina (cerca de 20% a mais); Além dos sistemas citados existem outros, pouco
l produção de maior voltagem no secundário da usados no Brasil, tais como ”Sistema de Ignição
bobina; por Descarga Capacitiva” e “Sistema Conjugado
l o sistema não é afetado pela rotação do motor. de Ignição”.
Fig. 2.39
42
2.7 — Sistema de arrefecimento
SISTEMA DE ARREFECIMENTO
(por meio de líquido)
Tampa do radiador
Temperatura da água
Válvula termostática
B C
A
Aquecedor
Ventilador interno do
veículo
Galerias de água
Radiador
Bomba-d’água
Fig. 2.41
43
Radiador Tanque de expansão
Dispositivo principal do sistema de arrefecimento por É um dispositivo que serve para armazenar
meio de líquido destinado a retirar o calor do líquido o líquido arrefecedor que se expandiu do ra-
arrefecedor que circula no motor, pela passagem de diador devido ao seu aquecimento. Quando o
ar através do conjunto tubos e colméia (Fig. 2.42). Na motor esfria, surge um vácuo no radiador que
maioria dos casos possui um defletor que serve para faz o líquido arrefecedor retornar do tanque
melhorar a circulação do ar em baixas velocidades. expansor para o mesmo. Com isso mantém-
se a quantidade do líquido arrefecedor cons-
Ventilador tante no sistema, evitando-se freqüentes re-
Dispositivo destinado a forçar a passagem de ar posições (detalhe A — Fig. 2.42).
através do conjunto tubos e aletas do radiador.
Pode ser acionado pelo motor do veículo (detalhe Nos sistemas mais modernos, o tanque de expan-
B — Fig. 2.41) ou por um motor elétrico (eletroven- são é pressurizado e está ligado diretamente no
tilador) comandado por um sensor térmico ou ain- radiador.
da por um acoplamento eletromagnético também
comandado por um sensor térmico.
Tubos do radiador
Tampa do radiador
Tanque de expansão
Dreno do radiador
Colméia do radiador
Fig. 2.42
44
Tampa do radiador deste ponto ela controla a temperatura do motor
É um dispositivo que tem várias funções: mantém abrindo ou fechando e desta forma regulando o
a pressão elevada no radiador, fazendo com que o fluxo do líquido arrefecedor pelo radiador (detalhe
ponto de ebulição do líquido arrefecedor fique mais C — Fig. 2.41).
alto; forma ainda uma câmara de dupla vedação
no bocal do radiador, com três guarnições, sendo
uma fixa e duas acionadas por molas; a volta do lí- TAMPA DO RADIADOR
quido para o radiador, quando o motor estiver frio,
ocorre automaticamente, pois a pressão no radia-
dor é inferior à do tanque de expansão; a diferen-
ça de pressão consegue abrir a válvula central ao
comprimir a mola (Fig. 2.43). No sistema de arre-
fecimento pressurizado, a tampa do radiador fica
colocada no tanque de expansão.
Fig. 2.44
45
PRINCIPAIS IRREGULARIDADES
DOS MOTORES A COMBUSTÃO
INTERNA
46
3 — Principais irregularidades dos motores
a combustão interna
3.1 — Introdução
Todo motor, como qualquer outro equipamento, so- Inicialmente daremos um relato dos fenômenos de
fre envelhecimento com o tempo e com o uso, che- combustão e dos efeitos da detonação e pré-igni-
gando a apresentar falhas. No caso de motores a ção, e em seguida as causas mais comuns de fa-
combustão interna, esses também podem apresen- lhas em motores a combustão interna.
tar defeitos decorrentes do desgaste da operação,
ou mesmo manutenção e reparos inadequados.
3.2 — Combustão
Combustão normal Como a mistura queima numa velocidade contro-
A combustão normal num motor Ciclo Otto é aque- lada, os gases são aquecidos e a sua temperatu-
la que produz uma queima controlada da mistura ra pode alcançar valores de 1.100ºC até 1.600ºC.
ar/combustível, e que gasta de 1 a 4 milésimos de Junto com esse acréscimo de temperatura existi-
segundo do início ao término da mesma. rá, conseqüentemente, um aumento da pressão no
cilindro. Esta, portanto, é a combustão normal que
Imediatamente após a mistura ser ignizada pela converte energia química em mecânica (Fig. 3.1).
centelha da vela, a frente da chama propaga-se Qualquer outra combustão que não se processe
a partir do ponto de ignição, na forma de círculos dessa forma é considerada combustão anormal,
sempre crescentes, com velocidade de até 80 km/h. tais como: detonação e pré-ignição.
Fig. 3.1
47
Fig. 3.2
Fig. 3.3
48
Fig. 3.4
49
3.3 — Causas do baixo rendimento
dos motores
Os principais sintomas de funcionamento alívio de pressão;
anormal de um motor são: l anéis gastos, presos e/ou quebrados;
l camisas ou cilindros gastos;
l baixa pressão de óleo; l hastes e guias das válvulas com desgaste;
l consumo de combustível acima do normal; l vazamentos através de juntas e retentores.
l consumo excessivo de óleo lubrificante;
l falhas de funcionamento; Quando a fumaça de escape apresenta uma colo-
l ruídos no motor; ração azul clara, ela indica que está havendo um
l superaquecimento. consumo de óleo lubrificante. Contudo deve ser ob-
servada a especificação do consumo de óleo esta-
Baixa pressão de óleo belecida pelo fabricante do motor (Fig. 3.6).
Cada modelo de motor funciona sob uma pressão
de óleo especificada para uma determinada rota- Falhas de funcionamento
ção. A queda de pressão de óleo pode ser causa- As causas mais comuns de falhas de funcionamen-
da principalmente por: to são as seguintes:
l bomba de óleo com desgaste ou defeituosa; l carburador, bomba injetora ou bico injetor com
l diluição do óleo lubrificante por água ou com- regulagem inadequada;
bustível; l contaminação do combustível;
l filtro de óleo parcialmente obstruído; l detonação;
l folga excessiva nas bronzinas; l entrada falsa de ar no sistema de alimentação;
l peneira de sucção parcialmente obstruída; l falhas no sistema de ignição ou no sistema de injeção;
l superaquecimento do motor; l motor superaquecido;
l válvula de alívio de pressão defeituosa. l perda de compressão através dos anéis ou das
válvulas;
Consumo de combustível acima do normal l velas sujas e inadequadas.
Isto pode ser causado, principalmente, por:
Ruídos no motor
l condições defeituosas das válvulas; Os ruídos no interior do motor, em algumas oca-
l falhas no carburador ou na bomba injetora e/ou siões, são de difícil localização e podem ser cau-
no bico injetor; sados principalmente por:
l método e condição de operação do veículo;
l perda de compressão devido a anéis gastos l detonação;
e camisas ou cilindros na mesma condição; l folga e/ou desgaste axial excessivo do virabrequim;
l ponto de injeção ou ponto de ignição fora do l folga e/ou desgaste excessivo das bronzinas;
especificado. l folga e/ou desgaste excessivo entre os elemen-
tos de sincronismo do comando (tuchos, balan-
Consumo excessivo de óleo lubrificante cins, válvulas, correntes, etc);
Indica que uma excessiva quantidade de óleo lu- l folga e/ou desgaste lateral excessivo das bielas;
brificante está chegando à câmara de combustão l folga e/ou desgaste excessivo das buchas de
e se queima ali. pé de biela;
l folga e/ou desgaste excessivo entre o pistão e
Esta condição pode ser causada principalmente por: o cilindro.
50
CONSUMO DE ÓLEO LUBRIFICANTE
Balancins
Guias de
Válvula válvula
termostática
Junta do cabeçote
Hastes
Bomba-d’água
Tuchos
Retentor eixo
comando
Mancais
de biela
Correia ventilador/
bomba-d’água
Retentor
dianteiro do
virabrequim
Retentor traseiro
Mancais do virabrequim
centrais
Superaquecimento Resumo
O superaquecimento pode ser causado principal- Para restaurar a eficiência da operação de um mo-
mente por: tor, deverão ser analisados todos os fatores ante-
riormente descritos que podem contribuir para o
l bomba-d’água defeituosa; funcionamento anormal do motor.
l correia do ventilador ou da ventoinha frouxa ou
rompida; O mecânico deverá determinar e realizar todo o
l falta de água no sistema de refrigeração; trabalho que seja necessário para corrigir as fa-
l ponto de ignição ou ponto de injeção incorreto; lhas e deixar o motor em condições normais de
l radiador obstruído; funcionamento.
l tampa do radiador defeituosa;
l válvula termostática operando inadequadamente.
51
PISTÕES
52
4 — Pistões
53
NOMENCLATURA DO PISTÃO A — Cabeça
Parte superior do pistão, situada acima da saia,
onde estão localizadas todas ou quase todas as
canaletas para anéis.
A1 — Topo
Superfície superior da cabeça contra a qual os ga-
ses de combustão exercem pressão. Pode ser pla-
na, côncava, convexa, possuir rebaixos para válvu-
las, câmaras de combustão, etc.
KH — Zona de fogo
Parte da zona dos anéis compreendida entre o topo
e a 1ª canaleta. Nesta zona poderão existir ressaltos
ou ranhuras para redução do atrito com a parede
do cilindro e atuar como barreira térmica.
54
num pistão de liga de alumínio ligada, metalúrgica B1 — Boca
ou mecanicamente, durante o processo de fundi- A extremidade inferior aberta do pistão.
ção nas quais são usinadas canaletas para anéis
de compressão. B2 — Superfície de contato de maior pressão
Parte da saia do pistão que suporta o maior es-
A7 — Plugue forço lateral.
Peça de aço, inserida no topo do pistão de mo-
tores diesel, com a finalidade de proteger a zona B3 — Superfície de contato de menor pressão
de injeção. Parte da saia do pistão diametralmente oposta à
superfície de contato de maior pressão.
A8 — Pinos de segurança
Pinos inseridos nas canaletas com a finalidade de B4 — Chapas autotérmicas
evitar a rotação dos anéis, geralmente usados nos Chapas de aço inseridas na parte interna do pis-
motores de dois tempos. tão, na região dos cubos, durante o processo de
fundição.
A9 — Nervuras
Reforços nas paredes internas do pistão. B5 — Fendas transversais
Cortes no fundo da canaleta de óleo, ou logo abaixo
B — Saia da mesma, com a finalidade de permitir passagem
Parte do pistão compreendida entre a cabeça e a de óleo, servir como barreira térmica e dar maior
boca. A saia forma uma superfície de deslizamento flexibilidade à saia.
e guia do pistão dentro do cilindro.
NOMENCLATURA DO PISTÃO
Sentido de
rotação do
virabrequim
Fig. 4.2.3
55
B6 — Fendas longitudinais C4 — Protetores do cilindro
Corte na saia, com a finalidade de permitir maior Peças de alumínio montadas nas extremidades
elasticidade da mesma e de controlar a sua ex- do pino, a fim de evitar o contato do mesmo com
pansão térmica. as paredes do cilindro.
B7 — Espelhos C5 — Cubos
Rebaixos existentes na saia, na região do furo para Partes internas do pistão, onde se localiza o furo
pino, geralmente não usinados. para pino.
56
4.3 — Tecnologia dos pistões
57
DISTRIBUIÇÃO DE TEMPERATURAS EM PISTÕES DURANTE O FUNCIONAMENTO
Fig. 4.3.1
Em ambos os casos aparecem faixas de tempera- os máximos seriam, respectivamente, 420ºC para
tura alcançadas nos pistões de ferro fundido e ligas o pistão de ferro fundido e 340ºC para o pistão
de alumínio. Os limites superiores de temperatura de ligas de alumínio. Nos dois ciclos a temperatu-
são os casos mais desfavoráveis (pré-câmara no ra na saia é bem menor, situando-se na faixa de
diesel e dois tempos arrefecidos a ar no à gasolina) 120ºC a 200ºC.
e os limites inferiores de temperatura, os casos mais
favoráveis (injeção direta no diesel e quatro tempos A menor temperatura máxima de trabalho dos pis-
arrefecidos à água no Ciclo Otto). tões de liga de alumínio, tem permitido o uso de
relações de compressão mais elevadas do que as
Pode-se verificar que, felizmente, embora a tem- que seriam possíveis com ferro fundido, devido aos
peratura dentro da câmara de combustão alcance riscos de pré-ignição, como pode ser verificado pe-
mais de 2.000ºC, a temperatura máxima do pis- los dados da tabela anterior.
tão no caso do Ciclo Diesel com pré-câmara, que
é o mais crítico, pode alcançar: com pistão de fer- O pistão de ferro fundido atualmente está sendo
ro fundido, 460ºC e com pistão de liga de alumí- utilizado quase exclusivamente nos motores Ci-
nio, 400ºC. No motor Ciclo Otto de dois tempos, clo Diesel.
58
Materiais
Atualmente, as ligas mais usadas para pistões são
as ligas de alumínio-silício e alumínio-cobre. Pelas
suas boas características mecânicas e resistência
ao desgaste, são as ligas de alumínio-silício as mais
utilizadas na fabricação de pistões.
Fig. 4.3.3
59
A resistência ao desgaste, principalmente nas re- O desenvolvimento das ligas para pistões também
giões das canaletas, é decisiva quanto à vida útil está estreitamente ligado ao da tecnologia de usi-
dos pistões e não pode ser avaliada a uma simples nagem. O silício, especialmente sob a forma de si-
vista das mesmas. A Figura 4.3.2 apresenta pistões lício primário livre, devido à sua grande dureza (su-
diesel fabricados pela Metal Leve S.A. com mais de perior à do aço temperado), só permitiu a utilização
360.000 km de uso. de ligas de alumínio-silício hipereutéticas, quando a
introdução da vídia e do diamante na tecnologia da
A Figura 4.3.3 é a fotografia de um desses pistões usinagem tornou a mesma economicamente viável.
desenvolvida 360º, podendo-se observar o per-
feito estado das superfícies. As fotos das cana- Ainda assim, são exigidos cuidados especiais na
letas em corte mostram que somente na primeira fundição, no sentido de garantir um tamanho ade-
houve desgaste, enquanto que as demais nada quado de cristais de silício e uma distribuição uni-
sofreram (Figs. 4.3.4, 4.3.5, 4.3.6 e 4.3.7). forme e controlada dos mesmos.
Secção da 1a canaleta do anel de fogo. Note-se o pequeno desgaste do pistão, Secção da 3a canaleta, sem desgaste.
após 360.000 quilômetros.
60
COMPENSAÇÃO DAS DEFORMAÇÕES DEVIDO À
TEMPERATURA E PRESSÃO POR USINAGEM EM
TORNO COPIADOR A DIAMANTE
Fig. 4.3.8
61
FORMA DO PISTÃO — ABAULAMENTO E OVALIZAÇÃO OBTIDAS EM
TORNO COM FERRAMENTA DE DIAMANTE.
Fig. 4.3.10
A forma resultante é extremamente complexa, va- Nota-se que aumentos de temperatura dessa or-
riando o raio ao longo do eixo e do qual resulta, por dem podem ser obtidos na usinagem por uso de
exemplo, a forma de barril. Como as secções resul- ferramentas, ângulos de corte ou velocidades de
tantes não são também circulares, deve-se incorpo- corte incorretos.
rar na usinagem a ovalização, como se observa na
Figura 4.3.9. As tolerâncias de fabricação do pistão
são da ordem de centésimo de milímetro, chegando
no furo para pino a alguns milésimos de milímetro.
Fig. 4.3.9
Aperfeiçoamento da forma de ovalização. Notem-se, Perfil de contato muito bom, obtido após prolongado
ainda, as grandes irregularidades do perfil de contato. estudo de ovalização e conicidade e centenas de horas
de ensaio.
62
FORMA TÍPICA DE PISTÕES
Fig. 4.3.11
A melhor forma externa de um pistão só é obtida A foto da Figura 4.3.12 mostra uma boa superfície
após cálculos, testes e alguns ensaios em bancos de contato de um pistão diesel.
de prova, nas condições de operação mais críti-
cas do motor e pela análise cuidadosa da super-
fície de contato.
63
4.4 — Tipos de pistões
Existem muitos tipos diferentes de motores: Ci- fenda ao longo da circunferência do pistão, entre a
clo Otto e Ciclo Diesel arrefecidos a ar ou a água, zona dos anéis e a saia, destina-se a reduzir o fluxo
com diâmetros de cilindros variando de 30 mm a de calor para a saia, controlando a sua dilatação,
500 mm, monocilíndricos e pluricilíndricos. Portan- enquanto a fenda ou fendas longitudinais se des-
to, um único tipo de pistão não é conveniente a to- tinam a garantir uma certa elasticidade da saia e
dos os motores. também controlar a sua expansão. Conforme o as-
pecto, temos os pistões com fenda em “U”, ou em
O tipo de pistão mais primitivo, e mais simples, é o “T”, como mostram as Figuras 4.4.1 e 4.4.2. Este é
da saia lisa, sem cortes. Exigia folga grande, a fim um tipo de pistão praticamente fora de uso.
de evitar possível engripamento por não apresen-
tar nenhuma compensação para sua dilatação. Seu Com o desenvolvimento dos motores exigindo fol-
uso ficou restrito aos motores que exigiam pistões gas cada vez menores, surgiu a necessidade de se
robustos, para serviços pesados, caminhões, onde criar novas formas de controlar a dilatação térmica.
podia ser admitido um pistão mais barulhento. Então foi idealizada uma chapa de aço de baixo car-
bono, engastada numa parede de alumínio, atuan-
A necessidade de reduzir as folgas de operação do como um par bimetálico, devido aos coeficien-
levou ao aparecimento dos pistões com fendas. A tes de dilatação diferentes, curvando-se em função
da temperatura conforme se pode observar na Fi-
gura 4.4.3. O resultado é um aumento menor da di-
PISTÃO COM FENDA EM “U” (INVERTIDO)
mensão longitudinal do conjunto. Incorporando este
princípio à construção dos pistões, foram obtidos os
pistões de dilatação controlada, conhecidos como
autotérmicos, em que a variação da folga entre o
motor operando sem carga até a plena carga pode
ser sensivelmente reduzida. Este tipo de pistão apa-
rece nas Figuras 4.4.4, 4.4.5 e 4.4.6. Na Figura
4.4.7 vemos diversos tipos de chapas autotérmicas.
Fig. 4.4.1
Fig. 4.4.3
PISTÃO COM FENDA EM “T”
Fig. 4.4.2
64
No tipo mais aperfeiçoado — Figura 4.4.6 — cha- do como “Conformatic” e “Clearomatic”, tem certa
mado autotérmico de saia integral, o par bimetáli- analogia com o concreto protendido.
co não exige solução de continuidade na superfície
de contato da saia, tendo sido eliminados os es-
pelhos. A maior expansão destes pistões, na dire-
ção do eixo do pino, é levada em conta no projeto
da ovalidade. A exigência de potências específicas
crescentes, decorrentes do aumento da relação de
compressão e das rotações por minuto, viria ainda
a exigir dos pistões maiores esforços. Quando a
potência específica ultrapassou 0,4 cv/cm2 de área
da cabeça do pistão, a solução encontrada foi elimi-
nar a fenda transversal substituindo-a por furos. A
fenda transversal era responsável por um recalque
térmico na zona dos anéis, obrigando os mesmos
a trabalhar em temperaturas mais altas (num caso Fig. 4.4.5
concreto: a eliminação da fenda abaixou em 25ºC Corte de um pistão autotérmico. Pode-se ver claramente
a chapa de aço engastada no alumínio, formando um par.
a temperatura do primeiro anel) e responsável tam-
bém pela diminuição da rigidez do pistão.
Fig. 4.4.7
Fig. 4.4.4
65
Nestes pistões (Fig. 4.4.8) um anel de aço é colo- da expansão destes pistões será menor do que no
cado, antes do vazamento da liga, na parte supe- caso dos autotérmicos.
rior da saia, onde fica embutida. A secção deste
anel pode ser quadrada, retangular, ou mesmo cir- Outros tipos muito em uso são os pistões forjados
cular (Fig. 4.4.9). que, devido a este processo, apresentam carac-
terísticas mecânicas de resistência cerca de 20%
O efeito desejado de menor expansão na direção a 40% maiores do que os pistões obtidos por fu-
do eixo de pressão decorre do fato de, no momen- são. Seu uso é reservado aos pistões de maior
to de resfriamento, a liga de alumínio envolvendo o responsabilidade, em motores diesel e principal-
anel ter sua contração livre impedida pelo mesmo, mente em aviação.
em conseqüência da diferença de coeficientes de
dilatação. O anel fica sob tensões de compressão
e o metal em volta sob tensões de tração. O pistão,
ao ser aquecido no motor, terá as suas tensões re-
siduais reduzidas e a expansão será menor.
66
PISTÃO COM PORTA-ANEL DE NI-RESIST E
LIGAÇÃO AL-FIN, A FIM DE REDUZIR O DESGASTE
NA ZONA CRÍTICA DO ANEL DE FOGO
67
Fig. 4.4.13
Quando as solicitações térmicas atingem níveis As modernas técnicas de fundição começam nova-
não admissíveis em pistões dos tipos que já fo- mente a viabilizar o uso dos pistões de ferro fundido
ram mencionados, podem-se empregar pistões que, com paredes bem delgadas e arranjos estrutu-
compostos ou montados, cujo corpo é de liga de rais, equiparam-se em peso aos pistões compostos
alumínio fundido ou forjado com uma cabeça de utilizados em motores de altas cargas. Da mesma
aço forjado ou de ferro fundido nodular. Ambas forma, os pequenos motores a gasolina ou a álcool
as partes são conectadas entre si por meio de que procuram otimizar o aproveitamento energéti-
parafusos ou outros elementos rosqueados e, co através da redução das massas de seus com-
entre elas, forma-se um tipo de galeria pela qual ponentes e redução do atrito, voltam a viabilizar o
circula o óleo para refrigeração (Fig. 4.4.13). uso dos pistões em liga de alumínio de configura-
68
PISTÃO ARTICULADO
Fig. 4.4.14
ção simples, sem os componentes de controle da visando, sobretudo, criar uma barreira térmica que
expansão térmica. São pistões bastante leves que restringe em parte o fluxo de calor para o corpo do
agregam em si desenvolvidos fatores de ordem es- pistão e propicia uma maior resistência ao apareci-
trutural, formas bem aproximadas, detalhes cons- mento de trincas de origem térmica.
trutivos no furo para pino e na região das canale-
tas que, alternativamente, substituíram recursos Pistão articulado (Ferrotherm®)
empregados no passado. Novas técnicas de fabricação têm dado origem a
alguns novos tipos de pistões, em função das nor-
Nos casos de recobrimento de superfície, este pode mas sobre emissões de poluentes e aumento de
ser feito por estanhagem, chumbagem, fosfatização potência dos motores, tais como: pistões articu-
ou grafitagem. Todas estas camadas são muito finas, lados, pistões de liga de alumínio com reforço de
com alguma característica autolubrificante, visando fibra cerâmica e pistões cerâmicos para motores
a proteção das superfícies em contato. Estas cama- adiabáticos.
das suprem momentaneamente uma possível ausên-
cia do óleo lubrificante na parede do cilindro, no pe- Um pistão articulado é normalmente constituído de
ríodo do amaciamento. uma cabeça de ferro fundido ou de aço fundido ou
forjado e de uma saia de alumínio também fundida
Na cabeça de alguns pistões é feita uma anodiza- ou forjada. As duas partes são unidas pelo mesmo
ção que introduz uma camada de óxido de alumínio, pino que transmite a força à biela (Fig. 4.4.14).
69
O pistão articulado suporta maiores solicitações Pistão Monotherm®
termomecânicas quando comparado com os pis- Em função da demanda por motores com eleva-
tões de alumínio e aceita as maiores pressões de da pressão de combustão e temperatura, com o
combustão dos motores mais modernos. conseqüente aumento de cargas mecânicas térmi-
cas, e devido à legislação de emissões, a MAHLE
Além disso, possibilita aproximar o primeiro anel desenvolveu o pistão Ferrotherm®, cuja cabeça é
do topo, diminuindo a emissão de poluentes e o de ferro ou aço fundido, ou ainda de aço forjado,
consumo de combustível (a fragilidade da ligação todos com saia em alumínio (pistões articulados).
metalúrgica do porta-anel no pistão de alumínio Posteriormente, estes motores evoluíram, sendo
limita a altura do primeiro anel). necessário o desenvolvimento de novos compo-
nentes. A evolução dos pistões articulados Ferro-
No pistão articulado, a função de guia é realizada therm® originou os pistões forjados em aço Mo-
pela saia e a carga é suportada pela cabeça. Isso notherm®. São produzidos em peça única de aço,
faz com que haja redução de ruído e também fa- podendo possuir ou não tratamento superficial de
cilita a refrigeração. Fosfatização e revestimento de grafite na região da
saia. Também possuem dutos na cabeça e furos
Consegue-se dessa forma a redução de peso em na região da saia (Figs. 4.4.15 e 4.4.16). O pistão
pistões com grandes diâmetros. Monotherm® tem como características:
Fig. 4.4.16
70
71
PINO DO
PISTÃO
72
5 — Pino do pistão
5.1 — Introdução
O pino do pistão é uma peça de aço, tratada termi-
camente, que atua como elemento de união e de
transmissão de força entre o pistão e a biela, es-
tando suas características de projeto intimamente
ligadas com as do próprio pistão (Fig. 5.1).
5.2 — Fabricação
Recebimento de barras (controle) Finalmente os tarugos são faceados, chanfrados e
Os pinos são fabricados em aços de baixa liga e raiados, obtendo-se assim a forma final do pino.
baixo teor de carbono, que são fornecidos em bar-
ras trefiladas ou bobinas. Dos lotes recebidos, são Processo de formação a frio (“Cold Former”)
retiradas amostras que são enviadas para análise “Cold Former” é o processo de fabricação mais
química, mecânica e metalográfica, além de análi- moderno de pinos, no qual o ferro é feito por for-
se dimensional e Magna-Flux. jamento a frio. A matéria-prima utilizada é barra de
aço em bobina previamente tratada. É um processo
Processo de fabricação dos pinos destinado a grandes volumes de produção.
73
o pino está no comprimento especificado e com Têmpera
o furo pronto (acabado); O tratamento térmico de têmpera é exigido para
l a seguir, passa por uma retífica “centerless”, que aumentar ainda mais a elevada resistência ao des-
lhe confere o diâmetro externo pré-acabado, e gaste. Esta elevada resistência é conseguida pela
por uma chanfradeira que dá o acabamento nas formação de uma estrutura martensítica na cama-
faces, efetuando chanfros e raios simultanea- da cementada.
mente. O acabamento externo é executado em
retíficas após o tratamento térmico. Após atingirem a temperatura de têmpera, os pi-
nos são resfriados bruscamente em óleo, mar-
Tratamento térmico dos pinos têmpera ou salmoura. O líquido usado na têmpe-
ra deve ser agitado para promover resfriamento
Um pino de pistão, devido ao tipo de trabalho que mais rápido.
realiza, deve apresentar uma superfície dura para
resistir ao desgaste superficial, e um núcleo flexível Revenimento para alívio de tensões
(dútil) para que não fique frágil e possa acomodar- O processo de têmpera introduz nos pinos tensões
se, resistindo às deformações elásticas que lhe são internas. Para eliminar as tensões residuais os pi-
impostas no funcionamento do motor. nos passam por um revenimento, que consiste em
aquecê-los em fornos de banho de sal, ou com
São feitos três tratamentos térmicos nos pinos: circulação de ar forçado ou banho de óleo a uma
cementação, têmpera e revenimento para alívio temperatura e por um tempo especificados para
de tensões. cada tipo de pino. A seguir, os pinos são protegi-
dos em óleo. Com isto, eles estão prontos para as
Cementação operações finais.
A cementação tem a finalidade de elevar o teor de
carbono na superfície do pino, para torná-lo mais Retífica dos pinos
resistente ao desgaste. Os tipos de cementação
mais empregados neste caso são: Os pinos, após o tratamento térmico, são retifi-
cados no diâmetro externo. A seguir são subme-
Cementação em banho de sal tidos a um ensaio de magna-flux para a verifica-
Para esse tratamento, são usados fornos aquecidos ção da existência ou não de trincas devidas ao
por resistência elétrica que transmitem calor por ir- tratamento térmico ou ao processo mecânico de
radiação ao cadinho de aço com banho de sal. O retificação.
tempo e a temperatura de tratamento dependem
do material e das especificações estipuladas (coe- A seguir, os pinos são oleados para proteção e en-
rentes para o tipo de aço). caminhados para a inspeção final.
Cementação a gás
Quando as exigências do fabricante do motor são
para não cementar o furo, a cementação deve ser
feita em forno, com atmosfera carbonetante, e os
pinos devem ser protegidos internamente para não
haver cementação no furo.
74
5.3 — Tipos de pinos
75
Tipos usuais de ajuste pino — pistão (Fig. 5.2) Folga de 0 a 0,0025 mm
O pino pode ser movido dentro do furo através de
Folga maior do que 0,0075 mm forte pressão do dedo polegar.
O pino pode ser movido nos furos com boa folga e
cairá através deles pelo seu próprio peso quando
o pistão for mantido horizontalmente.
Aquecer o pistão
Fig. 5.2
76
É aconselhável aquecer o pistão em banho de ça o pistão até que o pino possa ser movido
óleo ou chapa quente, mas nunca sob uma cha- sem força. O uso de força excessiva poderá
ma direta. deformar o furo para pino e o próprio pis-
tão, alterando sua forma.
Obs.:
l Nunca use força excessiva para a remoção l Não esqueça de lubrificar o pino antes de
ou introdução do pino. Se necessário, aque- introduzi-lo no pistão.
77
A superfície do cilindro ou do pistão onde esta força R, que é uma reação da biela no pino con-
força ”C” atua no tempo motor, chama-se super- tra a ação de M), separadas por uma distância
fície de contato de maior pressão e corresponde “x” e produzindo um conjugado
sempre ao lado contrário daquele para o qual o
virabrequim gira (sentido horário). A superfície
de contato de menor pressão corresponde ao m= Mx + Rx ,
lado oposto. 2 2
Fig. 5.4
78
Furo para pino descentrado para o lado de Uma folga cilindro-pistão maior que a normal,
maior pressão quer por uma retificação incorreta do cilindro,
quer pelo desgaste com o uso, pode agravar o
Esta descentralização se faz para diminuir, e até fenômeno.
mesmo eliminar, ruídos provenientes das batidas da
saia do pistão nas paredes do cilindro, no instante Portanto, o deslocamento do furo para pino, para
em que se alterna o sentido do movimento. o lado de maior pressão, evita as batidas da saia,
provocando um funcionamento mais silencioso
Nas imediações do ponto superior, a cabeça tam- do motor. Estes ruídos não eram importantes no
bém se desloca para o lado de maior pressão, sem passado, quando havia muitas outras fontes de
no entanto produzir ruído, devido ao efeito de amor- barulho. Também a intensidade dessas batidas
tecimento ocasionado pela presença dos anéis. A e o perigo de rompimento da película de óleo se
mudança de apoio do pistão faz-se assim de ma- agravaram com o emprego de pistões de diâme-
neira progressiva e sem choques. tro maior que o comprimento e maiores rotações
por minuto nos motores (Fig. 5.5).
As batidas da saia podem conduzir à fadiga do ma-
terial, produzindo trincas e rupturas.
Fig. 5.5
79
FURO DESCENTRADO PARA O LADO DE MENOR PRESSÃO
Fig. 5.6
Furo para pino descentrado para o lado de A Figura 5.6 esquematiza o que ocorre nas imedia-
menor pressão ções do ponto morto superior de compressão.
Esta descentralização, muito menos freqüente do A centralização da zona de fogo pode ser verificada
que a anterior, é feita para uma melhor centraliza- experimentalmente pela quantidade de depósitos
ção da zona de fogo do pistão (parte superior do formados. Pode ocorrer que se obtenham sinais de
pistão) em relação ao cilindro. É empregada em al- contato metálico numa parte da zona de fogo, in-
guns motores diesel, cujos pistões possuem saia dicando pouca folga, enquanto que no outro lado
reforçada e nos quais o ruído das batidas não chega ocorrem depósitos excessivos. A prática ensina que
a constituir problema, devido às características de um deslocamento do furo para pino para o lado de
funcionamento do próprio motor. O deslocamen- menor pressão permite geralmente equilibrar o pis-
to do furo para pino para o lado de menor pressão tão de maneira a obter-se uma zona de fogo com
produz o efeito inverso do caso anterior, fazendo aspecto uniforme. Isto melhora a vedação, equili-
com que a saia se encoste no lado de maior pres- bra melhor as temperaturas na cabeça e diminui a
são, depois da cabeça. formação de depósitos de carvão (Fig. 5.6).
5.6 — Conclusão
Vê-se, portanto, que a posição do furo para pino etc), indicando a frente do motor, deve ser rigoro-
colocado no centro, deslocado para um lado ou samente obedecida na montagem. Constitui essa
para outro, é o resultado de um longo processo de modificação o fruto do desenvolvimento na técni-
desenvolvimento, através de inúmeros ensaios. ca do projeto e da construção de motores à com-
bustão interna.
A marca colocada no pistão (entalhe, seta, letra,
80
6 — Falhas prematuras em pistões
Fig. 6.1.4
Fig. 6.1.2 Fig. 6.1.3
Danos provocados pela trava
Fig. 6.1.6
Fig. 6.1.5
Fig. 6.1.7
Aspecto
l Faixas de engripamento ao lado do furo para Marcação inclinada na região da saia do pistão
pino (cubos).
Causas
l Montagem do pino com folga insuficiente no
cubo do pistão e/ou na bucha do pé de biela.
Correções
l Montar o pino do pistão com a folga especifica- Fig. 6.1.8
da na bucha do pé de biela, observando a exis-
tência ou não de classificação pino e pistão. Marcação inclinada
Aspecto
l Área de contato inclinada em relação ao eixo do
pistão.
Correções
l Alinhar corretamente as bielas (trocar se neces-
sário).
l Retificar os cilindros devidamente alinhados em
relação ao virabrequim.
l Mandrilar a bucha do pé de biela no esquadro
Fig. 6.1.10
em relação à biela.
Marcação inclinada na região da saia do pistão
82
Engripamento por deformação da camisa de "Flutter" dos anéis
cilindro
Aspecto
Aspecto l Canaletas de anéis destruídas.
l Engripamento em faixas estreitas, geralmente
em toda a circunferência da saia do pistão, que O problema ocorre geralmente no primeiro anel de
tendem a ir se alargando com o funcionamento, compressão, que é a zona mais solicitada da re-
com conseqüente engripamento generalizado. gião dos anéis, devido à sua exposição direta aos
gases da combustão.
Causas
Deformação da camisa em virtude de: A combustão retardada sobre os anéis origina calor,
l irregularidade na montagem do bloco; superaquecendo esta região do pistão. Além disso,
l dilatação das gaxetas de vedação durante o fun- os anéis não exercem perfeitamente sua função de
cionamento do motor; transferir calor para o cilindro.
l diâmetro dos alojamentos das gaxetas de veda-
ção acima do valor especificado; Dessa forma, o pistão tem a sua resistência dimi-
l aperto excessivo do cabeçote; nuída, podendo vir a fraturar, o que se dá normal-
l deficiência de retificação do cilindro. mente na zona de fogo/anéis.
Correções Causas
l Usinar corretamente os furos no bloco para a l Excesso de folga entre o anel e a canaleta.
instalação das camisas. l Montagem de anéis novos em canaletas gastas.
l Utilizar gaxetas de vedação de boa qualidade. l Utilização de anéis com altura incorreta.
l Verificar o diâmetro dos alojamentos das gaxe- l Excesso de depósitos de materiais carboníferos.
tas de vedação.
l Dar o torque correto nos parafusos do cabeçote. O superaquecimento desta região do pistão acres-
cido pela abrasão provocada pelos materiais car-
boníferos desgastam excessivamente a canaleta,
proporcionando a vibração do anel.
Correções
l Quando da troca dos anéis, verificar minuciosa-
mente as condições das canaletas nos pistões,
principalmente as primeiras, que recebem os
anéis de compressão.
l Manter a folga entre os anéis e as canaletas den-
tro das tolerâncias especificadas.
83
Insuficiência de folga de montagem
Aspecto
l Engripamento bastante acentuado e generaliza-
do na saia do pistão, preferencialmente no lado
de maior pressão, decorrente de um funciona-
mento anormal e, por consegüinte, de uma di-
minuição de folga a valores que ultrapassam a
indicada em projeto.
Causas
l Montagem do pistão no cilindro com folga insu-
ficiente.
Correções
l Observar a folga de montagem entre o pistão e o
Fig. 6.1.14
cilindro recomendada pela montadora/fabricante.
Aspecto
l Engripamento do pistão, preferencialmente so-
bre o eixo do pino (cubo).
84
em relação ao ambiente dá-se, principalmente, to maior do que a pressão final atingida em com-
por excessivos depósitos de barro em sua su- bustão normal. Devido à grande rapidez com que
perfície externa. ocorre o fenômeno, não há tempo para que os ga-
l Falhas mecânicas na bomba de água podem ses queimados se expandam, o que justifica a hi-
gerar baixa vazão de água de refrigeração, o pótese de que esta combustão anormal se realiza
que se percebe especialmente quando o motor a volume constante.
é muito solicitado.
l Correia de ventilador frouxa (patinando) em de- A elevação de pressão correspondente limita-se,
masia, originando queda no fluxo de ar através portanto, ao volume ocupado pela massa que re-
da colméia. agiu espontaneamente e dá origem a uma onda de
l Tampão do radiador defeituoso, não oferecen- pressão que se propaga dentro da câmara com a
do estanqueidade suficiente, causa queda de velocidade do som.
pressão no circuito de água e “fervura” mais
freqüente. Esta onda sofre repetidas reflexões pelas paredes
l Drenar o Sistema de Arrefecimento para a reti- da câmara, dando origem a um ruído característi-
rada de possíveis bolhas de ar quando do en- co, que na linguagem popular é erroneamente cha-
chimento do sistema com água aditivada. mado de “batida de pinos”. O nome correto para o
fenômeno descrito é “DETONAÇÃO”.
A retirada das bolhas deve ser realizada através de
locais próprios e recomendados pela montadora/ A detonação ocasiona uma erosão na cabeça do
fabricante. Por exemplo: na linha Volvo, nos veícu- pistão, no lado em que os gases sofrem a com-
los B58, B10M, NL10-340, a drenagem deste sis- bustão espontânea (normalmente do lado oposto
tema deve ocorrer, removendo-se o bujão peque- à vela) e tem origem na ação turbulenta dos ga-
no do 6º cabeçote, quando for encher o sistema ses de temperatura elevadíssima contra a cabe-
com líquido refrigerante até a retirada total do ar ça do pistão.
existente internamente no sistema, antes de fazer
funcionar o motor. Além disso, pode ocasionar, em seus últimos está-
gios, excessivo desgaste da primeira canaleta, que-
Correções bra, sulcos e aprisionamento dos anéis.
l Revisar periodicamente o Sistema de Arrefeci-
mento (bomba d'água, radiador, correia, venti-
lador e válvula termostática).
Aspecto
l Cabeça do pistão parcialmente destruída.
85
l Carburador com regulagem incorreta (mistura As excessivas temperaturas e as pressões resul-
excessivamente pobre). tantes da pré-ignição podem ocasionar um furo no
l Centelha excessivamente avançada. topo do pistão.
l Combustível de má qualidade (com baixo núme-
ro de octanas). Causas
l Distribuidor com calibragem/regulagem incor- l Velas inadequadas para o tipo de serviço reque-
reta. rido.
l Sobrecarga do motor. l Pontos quentes ocasionados por sistema de ar-
l Acúmulo de depósitos no topo do pistão ou no refecimento defeituoso.
cabeçote. l Depósitos de carbono em temperatura muito
l Rebaixamento excessivo do cabeçote com con- alta (quase incandescentes), ocasionando pon-
seqüente aumento da taxa de compressão. tos quentes.
l Utilização de velas inadequadas. l Válvulas operando em temperaturas mais eleva-
das do que a normal.
Correções l Detonação ou condições que levam a ela.
l Proceder periodicamente a uma revisão dos sis-
temas de alimentação e ignição, mantendo-os Correções
em condições de funcionamento recomendadas l Instalar velas adequadas para o motor.
pela montadora/fabricante. l Verificar o sistema de arrefecimento.
l Evitar sobrecargas operacionais no motor. l Descarbonizar o topo dos pistões e o cabeçote
sempre que possível.
Danificação por pré-ignição l Regular periodicamente as válvulas do motor,
conforme prescrito pela montadora/fabricante.
Aspecto
l Zonas dos anéis e da cabeça do pistão parcial-
mente destruídas.
l Furo no topo do pistão.
86
Trincas na cabeça e nos cubos do pistão Falha por funcionamento em temperatura
abaixo da normal
Aspecto
l Trinca na cabeça do pistão.
l Trinca na parte superior dos cubos.
Causas
l As trincas que se originam na cabeça dos pis-
tões são conseqüências de tensões térmicas ex-
tremas. No caso em que as trincas evoluem na
direção perpendicular ao eixo do pino, verificou-
se que, em adição aos efeitos térmicos, existem
tensões mecânicas induzindo tensões de tração
ou de compressão na superfície do topo.
l As trincas que se originam na parte superior dos
cubos e evoluem em direção ao topo, numa ten-
dência de abrir o pistão ao meio, são decorren-
tes da interação entre o cubo e o pino. Ocorrem
Fig. 6.2.7
tensões elevadas, acima do valor recomendável,
causadas pela compressão, pela deformação do
pino e pelo efeito de cunha que exerce na su- Aspecto
perfície do furo. l Paredes entre as canaletas de anéis destruí-
das.
l Carbonização excessiva da zona de fogo e ca-
naletas.
Causas
l Carburador mal regulado (mistura excessiva-
mente rica).
l Motor funcionando abaixo da temperatura nor-
mal.
l Válvula termostática bloqueada na posição aber-
ta e/ou inexistente.
Correções
l Regular corretamente o carburador, para que
forneça a dosagem certa de ar e combustível.
l Verificar o funcionamento da válvula termostá-
tica.
l Recolocar a válvula termostática no caso de sua
falta.
l É aconselhável não solicitar o veículo com o mo-
Fig. 6.2.6
tor totalmente frio.
87
Causas
l A diluição da película de óleo lubrificante exis-
tente nas paredes dos cilindros dá-se a partir do
excesso de combustível injetado, seja por débito
da bomba injetora com valor acima do especifi-
cado e/ou por pulverização incorreta (esguicho)
Fig. 6.2.10
dos bicos injetores.
Pulverização ocorrendo parcialmente fora da câmara de combustão
Fig. 6.2.12
Fig. 6.2.8
Fig. 6.2.13
Fig. 6.2.14
Fig. 6.2.9
Pulverização irregular do bico injetor
88
Fig. 6.2.18
Fig. 6.2.19
Fig. 6.2.16
Aspecto
l Erosão da cabeça do pistão devido à sobrecar- Fig. 6.2.20
ga mecânica e à desintegração térmica.
Engripamento iniciado na zona de fogo, estendendo-se para a
região da saia do pistão
Causas
l Excesso de combustível injetado por ciclo.
l Injeção prematura (ponto adiantado).
l Pulverização incorreta.
l Falta de estanqueidade nos injetores.
Fig. 6.2.21
Fig. 6.2.17
Correções
l Regular a bomba e os bicos injetores, para obter
correta injeção e pulverização de óleo diesel. Fig. 6.2.22
l Corrigir o ponto de injeção de combustível.
Engripamento iniciado na zona de fogo
89
Fig. 6.2.23
Fig. 6.2.27
Destruição parcial do topo devido à injeção
Fig. 6.2.28
Fig. 6.2.24
Destruição do topo e da região do cubo devido ao bico injetor
com funcionamento irregular
Destruição parcial do topo devido à injeção
Aspecto
l A cabeça do pistão apresenta-se deformada
devido a batidas contra o cabeçote e/ou as vál-
vulas do motor.
Fig. 6.2.25
Causas
Engripamento iniciado na zona de fogo l Aumento do curso do pistão devido ao afrouxa-
mento de um parafuso da biela.
l O depósito de carvão de óleo que se forma na
cabeça do pistão torna-se maior do que a folga,
provocando, por isso, impactos no cabeçote do
cilindro.
l Altura do bloco abaixo do especificado.
l Variação do curso devido à retificação incorreta
dos colos do virabrequim.
l Alteração do comprimento da biela.
l Redução da altura do cabeçote sem o de-
vido ajuste na profundidade das sedes das
válvulas.
l Flutuação das válvulas.
Fig. 6.2.26
l Sincronismo incorreto do eixo comando de vál-
Engripamento iniciado na zona de fogo vulas.
90
l folga de montagem pistão/cilindro inadequada;
l supersolicitação do motor ainda em fase de ama-
ciamento;
l deficiência de refrigeração;
Fig. 6.2.29 l deficiência de lubrificação;
l combustão anormal.
Fig. 6.2.31
Correções
l Observar as instruções da montadora/fabricante
relativas à folga de montagem pistão/cilindro.
l Seguir as instruções da montadora/fabricante
relativas ao amaciamento do pistão/cilindro.
l Verificar se os sistemas de refrigeração, de lu-
Fig. 6.2.30 brificação e de injeção estão funcionando cor-
retamente.
Marca de válvula no topo usinado do pistão
91
tão circundada pelas regiões menos aquecidas Geralmente, ocorre do lado de maior pressão, pois
não pode expandir-se como deveria, de acordo a região mais solicitada é a saia, que é submetida
com o coeficiente de dilatação térmica e tem- a esforços de flexão excessiva.
peratura atingida, uma vez que não é possível
comprimir o material. A única possibilidade é a A trinca ou as trincas evoluem em direção à parte
dilatação deste na direção da superfície livre. inferior (boca) da saia do pistão, chegando a des-
l O limite de elasticidade do material do pistão, tacar sua parte central.
que é baixo, em altas temperaturas, é excedido,
isto é, ocorre uma deformação plástica na forma As irregularidades, que geralmente ocasionam tal
de acúmulo de material ou uma concentração processo de supersolicitação do motor e pistão,
na periferia da câmara. são as seguintes:
l Quando o pistão se esfria até a sua temperatu-
ra ambiente, esta deformação persiste, criando l aumento da relação de compressão acima dos
tensões de tração que conduzem às trincas na limites estabelecidos no projeto;
borda da câmara. l aumento da rotação do motor acima do valor
especificado pela montadora/fabricante;
Correções l combustível não adequado para essa relação de
l Regular o ponto de injeção. compressão;
l Ajustar a bomba injetora de acordo com as ins- l montagem do pistão invertido;
truções da montadora/fabricante. l folga excessiva do pistão/cilindro.
Correções
l Manter a relação de compressão e a rotação
especificadas pela montadora/fabricante.
l Utilizar o combustível adequado para a relação
de compressão.
l Observar a folga do pistão/cilindro indicada pela
montadora/fabricante.
Fig. 6.2.32
l Observar as indicações de montagem existentes
na cabeça do pistão.
Fig. 6.2.33
Fig. 6.2.34
Aspecto
l Em alguns tipos de pistões, a trinca na saia tem
início no furo da fenda existente na canaleta de Deformação da parte superior da camisa
óleo e em outros, na fenda existente na saia.
Aspecto
Causas l Arrancamento de material da zona de fogo do
Este tipo de trinca é característico de supersolici- pistão.
tação do motor e, conseqüentemente, do pistão.
92
Causas as tensões no topo do pistão, implicando no au-
A deformação da parte superior da camisa tem mento da concentração das tensões na região
como conseqüência a danificação da zona de fogo da borda da câmara de combustão e, conse-
do pistão. As causas desse tipo de desgaste do qüentemente, estando mais suscetível a trincas
pistão podem ser: nesta região (Fig. 6.2.36).
Fig. 6.2.36
Topo usinado
Correções
l Utilizar pistões com altura de compressão me-
nor, quando existir.
l Substituir o bloco.
Fig. 6.2.35
Correções
l Efetuar a montagem da camisa e o aperto do
cabeçote, seguindo as especificações da mon-
tadora/fabricante.
l Utilizar junta do cabeçote de boa qualidade, se-
guindo as instruções da montadora/fabricante.
l Verificar as dimensões do alojamento do colari-
nho da camisa.
Fig. 6.2.37
Usinagem do topo do pistão
Marcas de usinagem do topo do pistão
Aspecto
l Trincas originadas ao longo da borda da câmara
de combustão.
l Topo do pistão apresenta marcas grosseiras de
ferramenta e ausência das marcas de identifica-
ção da peça.
Causas
l A usinagem/o rebaixamento do topo do pistão
diminui a distância entre a primeira canaleta e o
topo do pistão (diminuição da altura da zona de
fogo). Esta aproximação, associada à retirada do Fig. 6.2.38
raio de concordância existente entre a borda da
câmara de combustão, faz com que aumentem Marcas de usinagem do topo do pistão e rebaixo de válvulas
93
Causas
l Posição incorreta da biela no pino.
l Aquecimento irregular da biela durante o pro-
cesso de embielamento.
Fig. 6.2.39
Topo usinado
Fig. 6.2.43
Correções
l Efetuar o embielamento do pistão, seguindo as
Fig. 6.2.40 recomendações da montadora/fabricante.
l Utilizar ferramentas adequadas para o embiela-
Usinagem do rebaixo de válvulas mento do pistão, tal como forno elétrico.
l Ficar atento a possível desalinhamento do pino
com o cubo durante a instalação deste no pistão.
Fig. 6.2.41
Fig. 6.2.44
Fig. 6.2.42
Embielamento incorreto
Aspecto
l A peça apresenta marcação irregular no pino
provocada por excesso de temperatura. O pis-
tão também pode apresentar: trinca/fratura na Fig. 6.2.45
região do cubo, consumo de óleo lubrificante, ali-
nhamento das entrepontas dos anéis e ruído. Marcação irregular do pino no cubo durante o embielamento
94
Ruptura/quebra da parede entre canaleta
Aspecto
l O pistão, tanto na linha Diesel como no Ciclo
Otto, apresenta ruptura/quebra da primeira e/ou
segunda parede entre canaleta.
Causas
l A ruptura das paredes entre canaleta é conse-
qüência da elevação repentina do pico de pres-
são de combustão. Isto ocorre devido ao aumen-
to do volume/massa de combustível admitido, à
diminuição do volume na câmara de combustão
do cabeçote e ao ponto incorreto de injeção/ig-
nição. Nesta condição, o pistão fica submetido
à elevação de cargas mecânicas (maior pressão
de pico) e térmicas, causando a ruptura das pa-
redes entre canaleta. A ruptura/quebra está rela-
Fig. 6.2.46 cionada ao processo que leva ao fenômeno da
“DETONAÇÃO”.
Peça trincada durante o embielamento
Fig. 6.2.49
Parede entre canaleta quebrada em pistão aplicado em motores
Ciclo Otto
Correções
Fig. 6.2.47 l Manter a altura do cabeçote dentro das reco-
mendações da montadora/fabricante.
Marca irregular próxima ao cubo l Manter a altura do bloco dentro das recomen-
dações da montadora/fabricante.
l Manter a projeção do pistão em relação ao blo-
co, segundo as recomendações da montadora/
fabricante.
l Não utilizar combustíveis de má qualidade.
l Revisar equipamentos periféricos ao motor (bom-
ba e bicos injetores, partida a frio, motor de ar-
ranque e bateria).
l Utilizar corretamente a vela aquecedora (quando
existir).
l Aplicar corretamente as peças e os componen-
Fig. 6.2.48 tes.
l Ponto de injeção correto.
Marca do pino no cubo l Verificar os itens que levam à “DETONAÇÃO”.
95
Fig. 6.2.50
Fig. 6.2.51
Fig. 6.2.52
Fig. 6.2.53
96
97
MANUAL TÉCNICO
Curso MAHLE Metal Leve
Motores de Combustão Interna AFTERMARKET
ANÉIS DE
PISTÃO
98
7 — Anéis de pistão
Ø DO CILINDRO
FORÇA TANGENCIAL
FORÇA DIAMETRAL
99
Fig. 7.2.3
Anel é um elemento circular elástico com elevada o controle do filme de óleo lubrificante na parede
força de expansão. Tem por finalidade promover a do cilindro e servir como elemento de transmissão
vedação dos gases da câmara de combustão, fazer de calor do pistão para o cilindro.
T4 H
7
Fig. 7.3.1 Fig. 7.3.2 Fig. 7.3.3
100
Fig. 7.3.4
Fig. 7.3.7
101
Coberturas
Cromo
É um material que tem como características: du-
reza, alta resistência ao desgaste e a escoriações
por abrasão, alto ponto de fusão (aproximadamente
102
Molibdênio Cromo Channel
É um material poroso, resistente a escoriações e a É uma cobertura de cromo com microfissuras (Figs.
altas temperaturas (ponto de fusão de aproxima- 7.3.17 e 7.3.18) abertas através do processo de re-
damente 2.620ºC). Os microporos servem como versão durante a aplicação do cromo. Estas micro-
pequenos reservatórios de óleo, auxiliando na lu- fissuras melhoram a lubrificação no contato cilindro/
brificação e no amaciamento do motor. É aplicado anel durante o amaciamento do motor. Após a fase
na face de trabalho do anel por processo de meta- de amaciamento, as microfissuras desaparecem,
lização por chama ou plasma (Fig. 7.3.15). passando a ser um cromo normal.
CAMADA DE MOLIBDÊNIO
Fig. 7.3.17
Microfissuras
Profundidade
das microfissuras Fig. 7.3.18
Fig. 7.3.15
Cromo Multilayer
Enchimento de Ferrox Possui microestrutura de múltiplas camadas feitas
(mistura de óxido de ferro e silicato de sódio) por reversões sucessivas durante toda a cromação
Material poroso que retém o óleo lubrificante, me- (Fig. 7.3.19). A reversão é feita para se obter aca-
lhorando assim a lubrificação e reduzindo o des- bamento similar ao channel, porém há fissuras para
gaste do cilindro e do anel (Fig. 7.3.16). retenção de óleo ao longo de toda a camada. En-
quanto as primeiras camadas possuem maior nú-
ENCHIMENTO DE FERROX mero de fissuras que contribuem significativamen-
te durante o amaciamento, as camadas inferiores
contribuem continuamente por toda vida do motor.
Apresenta elevada resistência ao engripamento e
ao desgaste se comparado ao cromo channel e
ao cromo normal.
Fig. 7.3.16
103
Cromo Cerâmico molibdênio), alta adesão ao material base, menor
Também conhecido como CKS, é semelhante ao risco de desplacamento, baixo desgaste do cilindro
cromo multilayer, porém possui partículas de alumi- e elevada resistência à corrosão. A Figura 7.3.22
na, depositadas nas fissuras da sua microestrutura, é uma representação esquemática de uma pistola
que aumentam a sua resistência ao desgaste e ao de HVOF metalizando um tubo de anéis.
scuffing. A sua elevada dureza confere maior du-
rabilidade a este produto. É a melhor opção, entre
os recobrimentos de cromo, para motores de alta ESQUEMA DE UMA PISTOLA HVOF
solicitação. Apresentamos na Figura 7.3.20 uma
ampliação da face de trabalho de um anel revesti-
do com cromo cerâmico.
FISSURAS
NA FACE DE
TRABALHO
ALUMINA
Entrada do pó metálico Tubo de anéis
Fig. 7.3.20 para o revestimento
Fig. 7.3.22
104
7.4 — Tipos de anéis
Sem Ovalização
Possui forma redonda e tem a distribuição de pres-
são homogênea ao redor de todo o perímetro do
anel (Fig. 7.4.1).
FORMA REDONDA
Fig. 7.4.3
Fig. 7.4.1
Ovalização Negativa
A distribuição das pressões é em forma de “maçã”,
como mostra a Figura 7.4.2, ou seja, a pressão é
menor nas pontas do anel.
Anel de Compressão
É responsável por efetuar a vedação da câmara de
combustão, evitando assim a passagem de gases
da combustão para o cárter. Grosseiramente, o anel
de compressão tem uma capacidade de vedação
de 80%. Efetua a troca do calor absorvido pelo
Fig. 7.4.2
pistão durante a combustão e transmite-o para a
105
parede do cilindro (Fig. 7.4.5). Os perfis podem ser
dos tipos: Face Retangular, Trapezoidal / Semi-Tra-
pezoidal, Face Cônica (Fig. 7.4.6), Face Abaulada /
Abaulada Assimétrica, Torsional Positivo e Cônico
Torsional Negativo (Fig. 7.4.7).
Fig. 7.4.5
Fig. 7.4.6
Fig. 7.4.9
Anel de Óleo
É responsável pelo controle do filme de óleo lubri-
ficante na parede do cilindro e por devolver o ex-
cesso de óleo para o cárter. Apresentamos a seguir
os principais tipos.
Fig. 7.4.7
Uma peça: composto apenas pelo próprio anel de
ferro fundido, cuja força tangencial é dada por ele
Anel Raspador ou Napier mesmo. Mostramos, na Figura 7.4.10, dois exem-
É responsável pela raspagem do excesso de óleo plos de perfis.
lubrificante existente na parede do cilindro e tam-
bém auxilia na troca de calor (Fig. 7.4.8). Pode ser
dos tipos 6, T7Z, T6 e T7, entre outras combina-
ções de perfis (Fig. 7.4.9).
106
Duas peças: é composto por um anel de ferro fun-
TIPO 9
dido ou de aço (I-Shaped) com um canal interno
para o alojamento da mola, sendo esta a responsá-
vel pela força tangencial do conjunto (Fig. 7.4.11). A
Figura 7.4.12 mostra dois perfis existentes.
TIPO 81
Anel
FERRO FUNDIDO
TIPO 98
I-SHAPED
Fig. 7.4.13
Fig. 7.4.12
107
Evolução do pacote de anéis quanto ao revestimento da face, os perfis.
Com a constante necessidade de oferecer ao
mercado, motores mais econômicos e mais po- Esta evolução ocorreu tanto para motores ciclo Otto
tentes, os anéis também passaram por uma evo- como para motores ciclo Diesel, representados res-
lução no material utilizado em sua fabricação, pectivamente nas Figuras 7.4.15 e 7.4.16 .
CICLO OTTO
Atual
Fig. 7.4.15
Fig. 7.4.15
CICLO DIESEL
Fig. 7.4.16
108
8 — Falhas prematuras
Características emde
normais anéis de pistão
trabalho
características dos
As características
As dos anéis
anéis apresentados
apresentados nas
nas pois oo desgaste
pois desgaste da
da face
face de
de contato
contato éé compatí-
compatí-
Características normais de trabalho desgaste da face de contato é compatível com a
figuras a seguir são normais de funcionamento, vel com a vida útil de todo o conjunto motriz.
figuras a seguir são normais de funcionamento,
As características dos anéis apresentados nas figu- vel com a vida útil de todo o conjunto motriz.
vida útil de todo o conjunto motriz.
ras a seguir são normais de funcionamento, pois o
Anel
Anel de 3º
de3º3º canalete.
3ºcanalete.
canalete.
Anel de
Anel
Face de canalete.
de trabalho -
Face
Face de
de
de trabalho
trabalho
trabalho -- de
– faixa
faixa
contatodecomcontato
o com
cilindro. o
faixa de
faixa de contato
contato com oo
cilindro. 180° do com
180° do GAP. GAP
cilindro. 180° do
cilindro. 180° do GAP GAP
Causas Causas
l A montagem da mola helicoidal (Fig. 8.1.3) ou l A contaminação dos anéis pelo material impreg-
do espaçador com as pontas sobrepostas (Fig. nado ocorreu durante a montagem do motor. A
8.1.4), no conjunto anel de óleo, comprometem utilização de adesivos para vedação nos moto-
a pressão radial do anel e, conseqüentemente, res, em regiões próximas aos cilindros, não é
a função de controlar o excesso de óleo lubri- procedimento recomendado por nenhuma mon-
ficante existente na parede do cilindro, aumen- tadora/fabricante. Neste caso, os anéis conta-
tando sensivelmente o consumo. minados tiveram a sua função de vedação com-
prometida, pois as pressões, ao longo de sua
Os anéis de óleo com molas helicoidais devem ter periferia, estavam distribuídas de forma irregular
as pontas da mola posicionadas a 180º do GAP. devido ao "calço" provocado pelo adesivo. Isto
compromete a vida útil dos anéis, causando o
No caso dos anéis de óleo de 3 peças, as pontas aumento no consumo de óleo lubrificante e des-
devem estar deslocadas uma da outra em 90°. gaste irregular dos cilindros.
Correções Correções
l No anel de 2 peças, montar a mola do anel de óleo l Fazer a montagem, seguindo as recomendações
com as pontas a 180º do GAP. No caso do anel de da montadora/fabricante do motor.
3 peças, não sobrepor as pontas do espaçador.
l Efetuar a limpeza de todos os componentes in-
ternos do motor, utilizando um procedimento
adequado, com materiais e produtos isentos de
sujeiras e impurezas.
Aspecto
l O anel apresenta-se torcido (com as pontas de-
salinhadas) e deformado (Figs. 8.1.6 a 8.1.8).
Causas
l A montagem dos anéis nos canaletes do pistão
sem a utilização de ferramentas apropriadas (ali-
cate expansor) cria tensões e deformações inde-
sejáveis, podendo deixá-los com a forma espiral.
Fig. 8.1.4
Desta maneira, as pontas dos anéis montados
110
nos canaletes exercerão pressões localizadas l Montar os anéis utilizando ferramentas apro-
contra as faces laterais dos canaletes do pistão, priadas e em boas condições, como o alicate
promovendo um desgaste nessa região, além de expansor para anéis.
comprometer a vedação lateral. Devido a estas l Utilizar cintas adequadas para cada motor, para a
condições, os anéis não terão o movimento de colocação do conjunto anel/pistão no cilindro.
rotação dentro do canalete, provocando o des-
gaste irregular na face de trabalho do anel e no
cilindro, tendo, como conseqüência, o aumen-
to do consumo de óleo do “Blow-by” (fluxo de
gases da combustão para o cárter).
Correções
l Não montar os anéis utilizando as mãos para a Fig. 8.1.8
111
l Sistema de filtração de combustível – aplicação
incorreta dos filtros de combustível e combustí-
vel de má qualidade.
Fig. 8.2.4
Fig. 8.2.1
Correções
l Utilizar elementos filtrantes somente para as apli-
cações recomendadas, verificá-los e substituí-
los, segundo as recomendações da montadora/
fabricante.
l Efetuar um check-up periódico no sistema de fil-
tração (mangueiras, braçadeiras, juntas, etc.).
Fig. 8.2.5
l Preparar e limpar corretamente os componentes
internos para a montagem do motor. Anel com partículas abrasivas na lateral
l Utilizar combustíveis de boa qualidade, assim
como elementos filtrantes e filtros separadores
corretos.
112
8.3 — Lubrificação insuficiente
Lavagem de cilindro o circuito do óleo, comprometendo, assim, a lu-
brificação do motor, levando-o a sofrer os danos
Aspecto anteriormente citados.
l Os anéis apresentam sinais de escoriações “scu-
ffing” na face de trabalho (Figs. 8.3.1 a 8.3.5).
Causas
l A existência de óleo lubrificante tem várias fun-
ções, dentre elas: auxilia no resfriamento dos
componentes internos do motor e diminui o atrito
Fig. 8.3.1
entre as partes móveis. Quando ocorre a com-
bustão no topo do pistão, o calor gerado é dis-
sipado para os anéis (principalmente o anel da Correções
primeira canaleta) que, por sua vez, transferem l Manter o sistema de injeção ou de carburação
este calor para a parede do cilindro e para o sempre regulado, seguindo as recomendações
óleo lubrificante ali existente. A película de óleo da montadora/fabricante.
existente entre os anéis e o cilindro, apesar de l Verificar periodicamente o sistema de lubrifica-
ser muito fina, reduz consideravelmente o atrito, ção do motor.
evitando o contato direto do metal com metal. l Verificar e manter a originalidade da turbina.
113
8.4 — Outros fatores
Brunimento Correções
l Não efetuar retrabalhos de nenhuma espécie
Aspecto nos anéis.
l Os anéis apresentam riscos na face de tra- l Utilizar os anéis somente para as aplicações in-
balho, principalmente os de primeiro canalete dicadas pela montadora/fabricante.
(Fig. 8.4.1).
Anel de 1o Canalete
Causas Face/canto externo das pontas (Figs. 8.4.2 a
l A principal causa está relacionada com a rugosi- 8.4.5).
dade do brunimento dos cilindros. A rugosidade
elevada provocará desgaste e risco na face de Ponta adulterada – esmerilhada, eliminando o chan-
trabalho do anel. A baixa rugosidade dificultará fro externo/acabamento irregular.
o assentamento dos anéis e reterá menos óleo
lubrificante na parede dos cilindros.
Fig. 8.4.2
Fig. 8.4.1
Correções
Fig. 8.4.3
n Efetuar a retífica do cilindro (brunimento), seguin-
do as recomendações da montadora/fabricante,
respeitando o ângulo de inclinação e a rugosi- Ponta sem adulteração – acabamento original, com
dade especificados. o chanfro externo na face cromada.
Aspecto
l Os anéis de 1o, 2o e 3o canaletes apresentam
evidências de adulteração nas pontas.
Fig. 8.4.4
Causas
l O retrabalho das pontas dos anéis tem como
principal objetivo diminuir o diâmetro externo
dos mesmos, para adaptá-los em aplicações
diferentes daquelas recomendadas pela mon-
tadora/fabricante. A alteração das característi-
cas construtivas dos anéis é procedimento não
recomendado pela MAHLE Metal Leve S.A., im-
Fig. 8.4.5
plicando na perda total da garantia.
114
Anel de 2o Canalete Aspecto das pontas dos espaçadores (Figs. 8.4.10
Face das pontas (Figs. 8.4.6 e 8.4.7). e 8.4.11).
Fig. 8.4.10
Fig. 8.4.6
Adulteração em uma das pontas
Fig. 8.4.7
Anel de 3o Canalete
Face das pontas (Figs. 8.4.8 e 8.4.9).
Fig. 8.4.8
Fig. 8.4.9
115
CAMISAS
9 — Camisas
Camisa é um elemento estático que compõe a calor gerado na combustão com a água ou o ar
estrutura do bloco, proporcionando ao conjunto que circulam ao redor desta. Algumas camisas
um sistema fechado para os gases em expan- proporcionam o reaproveitamento de blocos.
são, assim como promove a troca térmica do
A - diâmetro flange
B - diâmetro do ressalto anti-chama (Lip)
C - altura do ressalto anti-chama (Lip)
D - altura do flange
E - comprimento total
F - diâmetro interno
G - diâmetro externo (camisa seca)
117
CAMISA ALETADA
Aleta
L – altura total
B – diâmetro interno
C – diâmetro externo do apoio superior
D – diâmetro externo do apoio inferior
Fig. 9.2.3
Fig. 9.3.1
118
Brunimento é a operação que tem como objetivo l Uniforme — sulcos com ângulo definido de
remover os riscos horizontais deixados nas cami- profundidade e largura uniformes.
sas após a usinagem interna, proporcionando ao
cilindro um acabamento final uniforme, com ângu- POSITIVO
lo de brunimento (Fig. 9.3.2) e rugosidade contro-
lada (Fig. 9.3.3). Uma de suas funções é reter o
óleo lubrificante.
Fig. 9.3.2
Fig. 9.3.3
119
NEGATIVO Existem vários fatores que alteram a configuração
e a orientação dos sulcos de brunimento.
FATORES
Ferramenta em estado insatisfatório,
fixação insuficiente da ferramenta e
repetição do brunimento com pedras
e velocidades diferentes.
Configuração Orientação
FATORES
Pouca remoção de material (foi deixado
pouco material para o brunimento), com
baixa pressão de corte; granulação muito
fina; liga muito dura, com distorção
localizada.
Configuração Orientação
FATORES
Pedras de brunir com granulação cúbica
e macia, que desgasta rapidamente e
carrega os grãos soltos; pedra muito
dura e sem fio; liga muito dura, que
mais pressiona do que corta; óleo de
brunimento incorreto ou muito sujo;
pouca refrigeração do brunimento.
Configuração Orientação
120
FATORES a quantidade de comprimento de medição. O
Ferramenta em estado insatisfatório, folga controle destes parâmetros é feito com o uso
na ferramenta de brunir, má fixação da guia de rugosímetro.
de brunir, articulação danificada, insuficiente l Para que o conjunto pistão / camisa / anéis te-
fixação da ferramenta e cursos desiguais no nha bom funcionamento, é necessário que a
caso de repetidos brunimentos. geometria das camisas seja a adequada para
a aplicação. São utilizados medições e gráficos
para o controle das principais características da
Configuração Orientação camisa.
121
Gráfico de Circularidade camisa molhada devido à deficiência de apoio da
Identifica a deformação circular da camisa. Pode- camisa no bloco. A deficiência de apoio também é
mos citar como exemplo a deformação causada na válida para a camisa seca que utiliza colarinho.
122
9.4 — Tipos de camisas
Todos os diferentes tipos de camisas, após a fun- Cada motor já é projetado para utilizar um tipo de
dição, passam por um processo de estabilização sistema de refrigeração e, conseqüentemente,
e alívio de tensão. Suas dimensões finais são ob- um tipo de camisa. Os motores refrigerados à água
tidas através de processos de usinagem como utilizam dois tipos de camisas:
torneamento, mandrilhamento, retificação e bru-
nimento. Camisa molhada
Sua parede externa tem contato com a água do
As camisas secas só terão suas dimensões finais sistema de arrefecimento. A montagem é realiza-
após sua instalação no alojamento / bloco. da sem nenhum ponto de interferência e a vedação
externa é realizada por anéis o’ring, que são posi-
Para que os diferentes tipos de camisas desempe- cionados, geralmente, na parte superior e inferior
nhem sua função, são necessários controles que da camisa. Após a instalação da camisa, esta fica
permitirão o correto apoio, assentamento e veda- apoiada no bloco, somente na parte superior. Em
ção da camisa com o cabeçote e bloco. alguns motores, a camisa se apóia na região cen-
tral do bloco (Fig 9.4.1).
CAMISA MOLHADA
Apoio da
camisa no
bloco
Galeria de Camisa
refrigeração
Bloco
Anéis de vedação
o`ring
Fig. 9.4.1
Para a instalação de camisa molhada são sente vazamento ou provoque a queima da junta
necessários alguns cuidados. É preciso limpar de cabeçote. Utilizar produtos lubrificantes que
cuidadosamente o alojamento (colarinho) da ca- não contenham solventes nos anéis o’ring, evi-
misa no bloco, assim como o alojamento dos tando sua torção ou mesmo seu deslocamento
anéis de vedação o’ring. Verificar o desgaste e do alojamento durante a instalação da camisa.
deformação do alojamento, pois o apoio da ca- Conferir a altura da camisa em relação ao blo-
misa neste deve ser uniforme. Esta verificação co, assim como conferir seu diâmetro interno
evita que a camisa se deforme e trinque, apre- após sua instalação.
123
Camisa seca para a vedação, pois não mantém contato com a
Sua parede externa não tem contato direto com a água do sistema de arrefecimento. Após sua ins-
água. Este tipo de camisa é utilizado normalmente talação no alojamento, sua fixação se faz através
para o reaproveitamento de blocos. Para sua ins- da interferência da parte cilíndrica da camisa com
talação é necessário que exista interferência entre o bloco e, em alguns motores, o apoio também
o alojamento no bloco e a superfície externa da ocorre na parte superior (Fig. 9.4.2).
camisa. Este tipo de camisa não utiliza anéis o`ring
CAMISA SECA
Apoio da camisa no
bloco
Bloco
Camisa
Galeria de
refrigeração
Região de
^
interferencia
Fig. 9.4.2
Para a instalação da camisa seca também são que haja diminuição da área de apoio da camisa no
necessários cuidados, como a retirada de todo bloco e comprometimento da troca térmica. Deve-
o depósito de carvão (age como isolante térmico se verificar ainda a existência de trincas no bloco.
entre a camisa e o cilindro), brunindo o bloco an- Durante a instalação, devem-se observar as orien-
tes da instalação. Também é preciso verificar as tações de carga aplicada na camisa durante a ins-
deformações e medidas do alojamento, evitando talação, lubrificação e interferência recomendadas
para cada motor.
Apoio Camisa
superior Os motores refrigerados a ar utilizam:
Camisa aletada
Este tipo de camisa contém aletas na parte externa.
São montadas sem interferência e não utilizam anéis
Aletas
de vedação. Para a sua montagem, é necessário que
na parte inferior se apóie no bloco e na parte superior,
Bloco Apoio no cabeçote. A vedação se faz por estes apoios, por-
inferior tanto não tem interferência com o bloco nem utiliza
anéis de vedação. O resfriamento se faz pela passa-
gem do ar pelas aletas (Fig. 9.4.3).
Fig. 9.4.3
124
10 — Falhas prematuras em camisas
Aspectos
l A aparência visual indica a utilização de cola/
adesivo no apoio da camisa no bloco.
Causas
A utilização de cola/adesivo, após a sua secagem,
Fig. 10.1.1
causa deformações não controladas na parede da
camisa, podendo comprometer sua vida útil. As Camisa montada com cola na superfície de apoio com o
cabeçote (lado superior da camisa)
conseqüências podem ser:
Correções
l ovalização; l Seguir corretamente as recomendações da mon-
l deformações localizadas e não controladas, tadora/fabricante quanto à utilização ou não da
onde não ocorrerá a vedação do anel de com- cola/adesivo.
pressão ou mesmo a raspagem do óleo lubrifi-
cante pelos anéis raspadores;
l deformações localizadas e não controladas que
poderão comprometer a folga entre o pistão e a
saia, chegando ao engripamento;
l a cola/adesivo pode escorrer e obstruir os ca-
nais de lubrificação;
l deficiência de apoio com o cabeçote (falta de
Fig. 10.1.2
perpendicularidade entre o apoio da camisa e o
cabeçote). Cola na região do colarinho da camisa
125
Fig. 10.1.3 Fig. 10.1.5
Silicone na base inferior da camisa Camisa montada com cola na base inferior
Cola na região de apoio da camisa no bloco Apoio irregular da camisa com o cabeçote
126
Causas
Nos motores que trabalham com camisa seca, as
irregularidades existentes no alojamento no bloco,
devido à usinagem ou não, podem provocar:
Apoio irregular entre a parte superior da camisa e o cabeçote Camisa com marcas da usinagem do bloco
127
Fig. 10.2.12
Causas
l Bomba e bicos injetores com regulagem incor-
reta.
l Turbina.
l Projeção incorreta dos bicos injetores em rela-
ção ao cabeçote.
l Ponto incorreto de injeção/ignição.
l Comando torcido ou com os cames compro-
metidos.
l Carburador com regulagem incorreta.
Fig. 10.2.8
l Amaciamento incorreto do motor.
Marcas escuras no lado externo da camisa, identificando a falta
de interferência com o alojamento.
Correções
l Regular bomba e bicos injetores, segundo reco-
mendações da montadora/fabricante.
l Manter o ponto de injeção correto.
l Conferir o comando e os cames.
l Regular corretamente o carburador.
l Aplicar corretamente os componentes internos
Fig. 10.2.9 Fig. 10.2.10
(pistões, camisas e anéis).
Fig. 10.2.9: Engripamento originado devido ao deslocamento do anel l Evitar rotações constantes do motor durante o
o'ring. Fig. 10.2.10: Impureza no alojamento do anel o'ring na camisa.
período de amaciamento.
Fig. 10.2.11
Aspecto
l A diluição do óleo lubrificante existente na parte
interna das camisas faz com que os anéis des-
gastem prematuramente o brunimento e provoca
riscos verticais e marcas de engripamento com
arraste de material.
128
10.3 — Outros fatores
Corrosão – escamas – cavitação que são conseqüência da combustão e mistura
ar/combustível no seu interior. Assim, quando
Aspecto ocorre a combustão, ocorre também a expansão
l Pequenos furos e/ou formação de escamas. da parede da camisa em frações de milímetro,
devido à força dos gases em expansão contra
Causas as paredes internas. Após passada a expan-
l Corrosão eletrolítica ou eletrólise – Resulta são dos gases, as paredes do cilindro voltam
da decomposição química do metal devido à às suas dimensões normais. Esta volta ocorre
ação de pequenas correntes elétricas, que sur- em um espaço de tempo muito curto: a água
gem quando dois metais diferentes, como o ferro do sistema não tem tempo suficiente para pre-
e o cobre, entram em contato com a água. Esta encher de imediato o espaço criado, originando
corrente elétrica, apesar de fraca, com o tempo minúsculas bolhas de vácuo que, ao implodirem
acaba atacando as paredes externas da cami- junto à parede da camisa, arrancam-lhe peque-
sa. Nos motores modernos, utiliza-se, abaixo nas partículas de metal, perfurando-a.
do colarinho da camisa, um anel de latão, para
que esta eletricidade passe para o bloco e des-
te para o chassi, através de um cabo-terra.
129
Correções
l Manter, em condições normais de funcionamen-
to e compatíveis com o projeto do motor, todos
os componentes do sistema de arrefecimento
(tampa do reservatório e/ou radiador, manguei-
ras e mangotes, válvula termostática, válvula
pressostática, bomba d’água, etc.).
l Utilizar sempre os aditivos inibidores de corrosão
e anticongelantes, recomendados pela monta-
dora/fabricante do motor.
l Manter o nível de água do reservatório e/ou ra-
diador. Quando houver necessidade de comple-
tar o nível de água do sistema, seguir as reco-
mendações da montadora/fabricante quanto à
quantidade de aditivo a ser utilizado.
l Montar o motor, seguindo as recomendações
da montadora/fabricante, quanto à alteração em
pistões, sistema de injeção ou mesmo através Fig. 10.3.5
de qualquer outro artifício.
Cavitação sem corrosão
Fig. 10.3.6
Escamas
Fig. 10.3.3
Cavitação e escamas
Fig. 10.3.7
Cavitação
Fig. 10.3.4
Cavitação
130
Expulsão da trava
Aspecto
l A camisa apresenta marca interna provocada
pelo contato com o pino.
Causas
l Falta de paralelismo entre o centro do alojamen-
to da bucha de biela e o centro do alojamento
Fig. 10.3.9
da bronzina na biela.
l Biela empenada e/ou torcida. Marca provocada pelo deslocamento do pino após a expulsão da trava
l Embielamento incorreto.
l Posicionamento incorreto do anel trava no alo- Contaminação por abrasivo
jamento.
l Conicidade do colo de biela do eixo virabre- Aspecto
quim. l A camisa apresenta desgaste excessivo na re-
gião superior.
Estes fatores fazem com que ocorra desalinha-
mento, seja criada uma força lateral e que a bie- Causas
la “empurre” o pino contra o anel trava. Quando l Filtro de ar obstruído e/ou danificado, ou válvula
o anel trava for expulso, o pino se deslocará até de segurança inoperante.
ter apoio na camisa. O anel trava expulso, com o l Mangueira e/ou mangote de admissão de ar da-
movimento vertical de subida e descida do pistão, nificados.
provocará desgaste da região (alumínio) até que l Limpeza incorreta dos cilindros quando da mon-
consiga sair. tagem do motor.
l Alojamento do filtro de ar deformado ou amas-
sado e com má vedação.
Correções
l Substituir sempre o filtro, segundo a recomen-
dação da montadora/fabricante quanto à sua
manutenção.
l Inspecionar periodicamente os mangotes e as
mangueiras de ar.
l Efetuar a limpeza correta dos cilindros.
Fig. 10.3.8
Correções
l Manter o paralelismo entre o centro do aloja-
mento da bucha e o centro do alojamento da-
bronzina na biela;
Fig. 10.3.10
l Embielar o pistão, segundo a recomendação da
montadora/fabricante; Desgaste e risco provocados por partículas sólidas admitidas
para dentro do cilindro
l Instalar e posicionar corretamente o anel trava
no alojamento;
l Retificar o eixo virabrequim e manter os colos
dentro dos padrões recomendados pela mon-
tadora/fabricante.
131
BRONZINAS
132
11 — Bronzinas
1) o filme de óleo lubrificante torna-se muito fino ou Em primeiro lugar, deve-se examinar a superfície
desaparece inteiramente por um curto período lisa de uma peça de metal sob um microscópio.
133
Como se vê na Figura 11.1.1, ela não é muito lisa,
pois parece mais o relevo de uma cadeia de mon-
tanhas (picos e vales). Na Figura 11.1.2 podemos
observar as superfícies de duas peças metálicas
quando em contato.
Secção de duas
Fig. 11.1.2 superfícies de
metal em contato
Fig.11.1.1
Um desses materiais é uma liga de estanho e chum- Outros materiais serão discutidos no item “Mate-
bo, chamada Babbitt (metal branco). As proprieda- riais para Bronzinas”.
134
Os estudos visando a redução do atrito não pa-
ram no material da bronzina: a sua lubrificação é
um fator vital.
Fig. 11.1.5
A Figura 11.1.5 mostra o fenômeno. A camada
superior das moléculas de óleo adere à superfície
do metal em movimento e move-se com ela. Des- rer através de todas as camadas de óleo subse-
sa forma, ela se desloca sobre a segunda camada qüentes até a camada mais inferior, que permanece
de moléculas de óleo, aplicando um esforço que estática, grudada na superfície da peça de metal
faz esta camada mover-se também, porém numa parada. Essa ação reduz o atrito a um valor bastan-
proporção menor. Do mesmo modo, esta segun- te inferior àquele atingido pelas duas superfícies de
da camada desloca-se sobre a terceira e a arrasta metal, quando não existe o filme de óleo.
numa velocidade bem menor. Isso continua a ocor-
NOMENCLATURA DA BRONZINA
Fig. 11.2.1
135
11.3 — Tecnologia de bronzinas
Para desempenhar perfeitamente suas funções, DIMENSÃO LIVRE
uma bronzina deve permanecer fixa em seu aloja-
mento. Toda sua superfície exterior deve estar em
contato com a superfície do alojamento, para per-
mitir que a dissipação do calor seja perfeita. No seu
projeto também são levados em consideração ou-
tros fatores que descreveremos a seguir. Fig. 11.3.1
PRESSÃO
Dimensão livre
Todas as bronzinas são fabricadas com determina-
da dimensão livre. Isto quer dizer que a distância
entre as bordas exteriores da bronzina é um pouco
maior que o diâmetro do alojamento (Fig. 11.3.1). A
dimensão livre faz com que a bronzina se ajuste sob
pressão no alojamento, o que ajuda a mantê-la em
Fig. 11.3.2
seu lugar durante a montagem (Fig. 11.3.2).
PRÉ-CARGA ALTURA DE
136
Fig. 11.3.6
Fig. 11.3.7
137
EXCENTRICIDADE EM BRONZINAS
Fig. 11.3.8
Propriedades Conformabilidade
Como estabelecido no item relativo a Objetivos e É a propriedade do material de bronzina que con-
Princípio de Funcionamento, a função de uma fere a esta a característica de assumir a forma do
bronzina é reduzir o atrito entre a parte móvel de um alojamento e/ou colos.
motor e a parte de suporte a ela associada. Dessa
definição, alguém poderia considerar que a única Incrustabilidade (embedabilidade ou absorção)
exigência para o material da bronzina seria ter uma É a propriedade do material para bronzina de ab-
boa qualidade de deslizamento. Apesar do desli- sorver partículas sólidas estranhas, que poderiam
zamento ser uma característica importante do seu vir a riscar o eixo que a bronzina está suportando.
material, ela está longe de ser a única exigência. Há Em outras palavras, o material de bronzina deve ser
pelo menos seis outras características necessárias suficientemente capaz de permitir que essas partí-
para a mesma funcionar de forma apropriada. culas fiquem incrustadas na superfície da peça.
138
Deslizamento (ação de superfície) que se quer dar para ela. A razão para isso torna-
É a propriedade do material de bronzina de resis- se evidente quando examinamos os exemplos de
tir ao arraste que poderia ocorrer entre bronzina e aplicação seguintes:
eixo, quando entram em contato direto, durante a
operação do motor. APLICAÇÃO DA BRONZINA PROPRIEDADE PRINCIPAL DA BRONZINA
Serviço pesado em estradas Resistência à fadiga
Resistência à corrosão Pequenos tratores e equip. agrícolas Absorção
É a propriedade do material de bronzina de resis- Bombas de irrigação e mot. marítimos Resistência à temperatura
tir à corrosão química, tal como a causada pelos
ácidos que se formam na reação dos produtos de É óbvio, então, que nenhum material de bronzina é
combustão. o melhor indicado para todas as aplicações. Em vis-
ta disso, os fabricantes de bronzinas desenvolvem
Resistência a altas temperaturas uma ampla variedade de materiais para atender às
É a propriedade do material de bronzina de supor- necessidades específicas de cada motor.
tar altas temperaturas de operação do motor, sem
que este perca as características responsáveis pela
capacidade de carga e/ou ação de superfície.
Condutividade térmica
É a propriedade do material de absorver e transferir
calor da superfície interna da bronzina para o alo-
jamento. Esta característica é importante porque a
bronzina se comporta melhor quanto menor for a
sua temperatura de operação.
Escolha do material
Existem diversos materiais e combinações de ma-
teriais que podem ser usados na fabricação de
uma bronzina. Cada um deles apresenta combina-
ção diferente dessas sete propriedades discutidas.
Por exemplo, um material “A” pode apresentar um
bom deslizamento, mas baixa resistência à fadi-
ga, enquanto que um material “B” pode ter boas
qualidades de resistência ao calor e ao desgaste,
mas ser muito limitada a sua capacidade de desli-
zamento (ação de superfície). A seleção do mate-
rial para qualquer bronzina depende da aplicação
139
11.4 — Tipos de bronzinas
Tipos de bronzinas quanto ao material em- Micro-babbitt
pregado Com este material obtém-se bronzinas com me-
As bronzinas, quanto ao material empregado na sua lhor resistência à fadiga, bom deslizamento (ação
fabricação, podem ser classificadas nos seguintes de superfície) e boa resistência à corrosão, mas
tipos principais: conformabilidade e incrustabilidade menores que
com a Babbitt.
I — Babbitt
l Babbitt O efeito da espessura de Babbitt na vida da bronzi-
l Micro-Babbitt na é aumentá-la rapidamente, quando esta espes-
sura diminui para menos de 0,356 mm (0,014 in)
II — Cobre-chumbo sinterizada (Fig. 11.4.1).
l Bimetálicas de cobre-chumbo-estanho (Cu-Pb-
Sn) sinterizadas (sem camada de revestimento). As bronzinas de Babbitt que podem trabalhar com
l Trimetálicas de cobre-chumbo-estanho (Cu-Pb- cargas de até 130 kgf/cm2 deram origem às cha-
Sn) sinterizadas (com camada de revestimen- madas bronzinas “micro”, em que a espessura da
to eletrodepositada) de cobre-chumbo-estanho camada de metal branco foi reduzida de 0,5 mm,
(Cu-Pb-Sn). da bronzina normal, para cerca de 0,1 mm, a fim
de aproveitar o aumento de resistência à fadiga,
III — Cobre-chumbo fundidas com diminuição da espessura da camada de me-
l Bimetálicas de cobre-chumbo-estanho (Cu-Pb- tal branco, e que pode chegar a até 70%. Nas
Sn) fundidas (sem camada de revestimento). bronzinas “micro” podemos chegar a até cerca
l Trimetálicas de cobre-chumbo-estanho (Cu-Pb- de 190 kgf/cm2 (Fig. 11.4.2).
Sn) fundidas (com camada de revestimento ele-
trodepositada) de cobre-chumbo-estanho (Cu- Naturalmente, se as bronzinas convencionais, devi-
Pb-Sn). do ao acabamento superficial com rugosidade ex-
tremamente baixa, já não admitem qualquer modi-
IV — Alumínio ficação ou “adaptação”, nas micros, até o simples
l Alumínio sólido (com camada de revestimento rasqueteamento poderá ser suficiente para eliminar
de chumbo-estanho [Pb-Sn] eletrodepositada). a camada antifricção.
l Bimetálicas de alumínio.
l Trimetálicas de alumínio.
I. Ligas de babbitt
Babbitt
Com este material, obtém-se boa conformabilida-
de, incrustabilidade, deslizamento (ação de super-
fície) e resistência à corrosão, mas baixa resistên-
cia à fadiga. Fig. 11.4.1
140
DIFERENÇAS ENTRE AS CARGAS SUPORTADAS PELA BRONZINA NORMAL E PELA “MICRO”
Fig. 11.4.2
141
A micrografia da camada antifricção da bronzina culiaridade apresenta problemas no projeto das
mostra nitidamente a finíssima, mas importante, bronzinas e, como conseqüência, elas devem ser
barreira de níquel (Figs. 11.4.3 e 11.4.4). montadas com uma folga maior para compensar
essa característica. Paralelamente, devem ser fa-
É interessante observar, também, a importância do bricadas com espessura de parede mais grossa, a
teor de cobre, que deve ter a liga branca eletrode- fim de manter a capacidade de carga.
positada na superfície (Fig. 11.4.4).
Conseqüentemente, as bronzinas de alumínio sóli-
IV — Ligas de alumínio do não podem ser usadas nos motores em que os
diâmetros do alojamento (mancal) e do virabrequim
Ligas de alumínio sólido exigem uma parede fina.
As bronzinas de alumínio-silício surgiram muitos anos
após considerável pesquisa de ligas de alumínio. Isso Normalmente, as bronzinas de alumínio sólido são
resultou no desenvolvimento de uma liga fundida de fabricadas com uma camada de revestimento de
estanho, cobre, níquel e alumínio (ML-83). estanho-chumbo eletrodepositada.
Fig.11.4.3
Fig.11.4.4
142
nio-zinco (Al-Zn). Um material agora empregado
universalmente é a liga de alumínio com estanho, CARGA UNITÁRIA
usada, geralmente, na faixa de serviço intermediá-
rio de resistência à fadiga.
Trimetálicas de alumínio
Tem uma camada de revestimento eletrodeposita-
da de cobre-estanho-chumbo aplicada à liga bá-
sica de alumínio. A espessura da camada de re-
vestimento eletrodepositada é nominalmente de
0,025mm (0,001 in) apresentando boa resistência
à corrosão, alta capacidade de carga e bom des-
lizamento (ação de superfície). Algumas bronzinas
são projetadas com uma camada de revestimento
de 0,013 mm (0,0005 in).
143
12 — Falhas prematuras em bronzinas
144
pode ocorrer uma movimentação do chumbo,
separando-se do cobre, e a camada superficial
perderá a aderência com a capa de aço, pro-
vocando, conseqüentemente, o destaque do
material. A condição de fragilidade a quente é
provocada por uma elevação excessiva de calor
em alguma área da bronzina. O calor excessivo
pode ser devido à insuficiência de folga radial,
às impurezas, à deformação dos colos do vira-
brequim ou, ainda, ao desalinhamento do bloco
e/ou virabrequim.
Fig.12.1.1
Correções
l Troca de óleo dentro do prazo especificado pela
montadora/fabricante.
Fig.12.1.4
l Caso seja observado que a corrosão tenha sido
provocada por passagem de gases para o cárter
(“blow-by”), efetuar a troca dos anéis e retificar
o motor, se necessário.
Fig.12.1.2 Fig.12.1.3
Aspecto
l Grandes áreas da camada antifricção da bron- Correções
zina são arrancadas, ficando exposta à capa de l Montar as bronzinas com a folga recomendada
aço. pela montadora/fabricante.
l Na troca de óleo, observar o máximo de limpeza
Causas e na montagem do motor, retirar todos os resí-
l Quando uma bronzina em operação se aque- duos de usinagem e outras sujeiras existentes.
ce acima da temperatura de fusão do chum- l Antes da montagem de novas bronzinas,fazer
bo (326ºC) ou estanho (231ºC) e está sujeita ao uma inspeção dimensional cuidadosa dos co-
esforço de arraste considerável do atrito com o los do virabrequim.
eixo, seu material antifricção assume a condi- l Verificar o alinhamento do bloco e do virabre-
ção de fragilidade a quente. Sob essa condição, quim.
145
Fadiga generalizada da de bronzinas trimetálicas, onde as fraturas, após
a penetração perpendicular, propagam-se paralela-
Aspecto mente à barreira de níquel, ocasionando a remoção
l A superfície da bronzina apresenta áreas irregula- desta em áreas reduzidas (Fig. 12.1.8).
res de onde se destacou o material antifricção.
Fig.12.1.6
Causas
l Os danos por fadiga podem ser causados por
esforço anormal e cíclico, ou seja, picos de car-
Fig.12.1.8
ga (Fig. 12.1.7).
FADIGA
Fig.12.1.9
Ampliação – 350
Aspecto
l Quando uma bronzina falha por insuficiência ou
diluição do óleo lubrificante, a sua superfície de
Fig.12.1.7
trabalho pode tornar-se brilhante (Fig. 12.1.11).
146
No caso de falta completa de lubrificação, apre- Correções
senta desgaste excessivo pelo arrastamento de l Verificar as dimensões dos colos para a escolha
material pelo eixo no contato da superfície de correta das novas bronzinas.
deslizamento da bronzina com o colo do vira- l Retificar os colos do virabrequim, caso seja ne-
brequim. cessário.
l Verificar o bom funcionamento da bomba de
Causas óleo e da válvula de alívio. Caso seja necessá-
A insuficiência ou a diluição do filme de óleo lubri- rio, recondicioná-las ou trocá-las.
ficante entre a bronzina e o eixo, que ocasiona o l Observar se os furos de óleo das bronzinas estão
desgaste da camada eletrodepositada, é normal- alinhados com os existentes no bloco do motor
mente provocada por: e nas bielas.
l Evitar o funcionamento do motor na marcha len-
l folga vertical insuficiente; ta por períodos prolongados.
l diluição do óleo lubrificante; l Verificar a diluição do óleo lubrificante por com-
l motor trabalhando em marcha lenta por longos bustível ou líquido de arrefecimento.
períodos.
Erosão por cavitação
A falta de óleo lubrificante, que ocasiona um contato
metal-metal da bronzina com o colo do virabrequim, Aspecto
com desgaste excessivo pelo arrastamento do ma- l Algumas regiões da superfície da bronzina ficam
terial antifricção, é normalmente provocado por: erodidas. Em algumas ocasiões, a erosão pode
atravessar todo o material da liga da bronzina e
l galerias de óleo parcialmente obstruídas; chegar até a capa de aço.
l escolha incorreta de submedida da bronzina;
l montagem invertida das bronzinas centrais (par-
te inferior no lugar da superior);
l mau funcionamento da bomba de óleo ou da
válvula de alívio.
Fig.12.1.12
Causas
l A erosão por cavitação é um tipo de dano cau-
sado pela explosão instantânea de bolhas de
vapor de óleo à baixa pressão na superfície da
Fig.12.1.10 liga antifricção da bronzina. As cargas em uma
bronzina do motor flutuam rapidamente, tanto
em intensidade como em direção, durante o ci-
INSUFICIÊNCIA DE ÓLEO NA BRONZINA clo de trabalho do motor. Isso ocasiona mudan-
ças rápidas na pressão hidrodinâmica do filme
de óleo na bronzina.
147
A erosão da bronzina também pode ser causada Causas
pela alta velocidade do fluxo de óleo nos furos do l As medidas dimensionais dos moentes ou mu-
virabrequim e pela variação do fluxo em desconti- nhões estando abaixo da medida mínima reco-
nuidades de sua superfície, como rebaixos, canais mendada, assim como o diâmetro do alojamento
e cantos vivos. das bronzinas estando acima do diâmetro máxi-
mo recomendado, proporcionarão folga de óleo
A erosão por cavitação nas bronzinas pode ser di- lubrificante acima da máxima permitida. A folga
vidida em quatro grupos principais: excessiva não gera sustentação hidrodinâmica
do eixo. Desta maneira, há contato do eixo com
l Erosão por cavitação de sucção – ocorre por a superfície da bronzina, podendo ocasionar fu-
trás do movimento do eixo; são e deformação superficial da liga antifricção
l Erosão por cavitação de descarga – ocorre da bronzina (Figs. 12.1.14 a 12.1.17).
à frente do movimento do eixo;
l Erosão por cavitação de fluxo;
l Erosão por cavitação de impacto.
Fig.12.1.14
Escoamento da liga
Correções
l Conferir as medidas do diâmetro dos mancais,
bielas e colos do moente e munhão do eixo vi-
rabrequim.
l Aplicar sempre o torque correto nos parafusos
e substituí-los sempre que recomendado pela
montadora/fabricante.
Fig.12.1.13
l Utilizar óleo lubrificante adequado ao motor e
recomendado pela montadora/fabricante.
Correções
l Usar óleo lubrificante com viscosidade recomen-
dada para o motor.
l Verificar a pressão do óleo.
l Evitar contaminação do óleo lubrificante.
l Verificar a folga de montagem.
Folga excessiva
Aspecto
l A peça apresenta riscos provocados por par- Fig.12.1.15
tículas e deformação/migração da liga antifric- Escoamento da liga (foto ampliada)
148
Fig.12.1.16 Fig.12.1.17
Causas
l Uma folga insuficiente provocada por montagem
incorreta ou por colocação incorreta do disco e
do platô, que forçam o virabrequim contra o flan-
ge da bronzina a tal ponto que, pelo atrito gerado
Fig.12.2.2
e pela falta da formação do filme de óleo, há uma
elevação de temperatura a níveis onde o chumbo Flange totalmente desgastado
Fig.12.2.3
Flange do lado dianteiro da bronzina sem desgaste e do lado traseiro com desgaste
Fig.12.2.1
149
Impurezas sólidas Correções
l Instalar novas bronzinas, seguindo cuidadosa-
Aspecto mente as instruções de limpeza recomendadas.
l Partículas estranhas ficam impregnadas na liga l Retificar o eixo, caso seja necessário.
antifricção, provocando deslocamento do ma- l Recomendar que o operador troque o óleo e o
terial. Pode-se encontrar também riscos na su- respectivo filtro, periodicamente, nos intervalos
perfície da bronzina. recomendados pela montadora/fabricante do
motor e mantenha limpos o filtro de ar e o res-
piro do cárter.
Fig.12.2.6
Fig.12.2.4
Causas
l Poeira, sujeira, abrasivos ou partículas metáli-
cas presentes no óleo incrustam-se na super-
fície da bronzina, deslocando a liga antifricção.
As saliências, da liga ou da partícula, podem
tocar no eixo, criando pontos de atrito loca-
lizados e provocando o rompimento do filme
de óleo (Fig. 12.2.5).
Fig.12.2.5 Fig.12.2.8
150
Sujeira no alojamento
Aspecto
l Área localizada de desgaste na superfície da
liga, correspondendo a uma marca provocada
pela presença de partícula estranha nas costas
da bronzina.
Fig.12.2.9
Causas
l Partículas entre o alojamento e a bronzina im-
pedem o contato adequado e dificultam o fluxo
de calor. O aquecimento e as cargas localiza-
das provocam a fadiga nessa área e o material
se destaca (Fig. 12.2.14).
Fig.12.2.10
Correções
Bronzinas de biela contaminadas e com riscos circunferenciais l Limpar cuidadosamente o alojamento, retirando
todas as rebarbas, as sujeiras ou as partículas
sólidas, antes de instalar novas bronzinas.
l Examinar o estado dos colos e retificá-los, caso
seja necessário.
Fig.12.2.11
Fig.12.2.14
Sujeira no alojamento
Alojamento ovalizado
Fig.12.2.12
Aspecto
Bronzinas de biela contaminadas e com riscos l Áreas de desgaste excessivo próximas às linhas
circunferenciais na direção do furo de lubrificação
de partição da bronzina.
151
Altura de encosto insuficiente
Fig.12.2.15
Causas
l As flexões da biela devido às cargas alternadas
podem produzir a ovalização do alojamento. As
Fig.12.2.18
bronzinas tendem a adquirir essa forma, resul-
tando, daí, uma superfície interna não-cilíndri-
ca. A folga próxima da linha de partição pela Aspecto
deformação do alojamento fica muito reduzida, l Áreas brilhantes (polidas) são visíveis nas costas
podendo haver contato metálico da liga antifric- da bronzina e, em alguns casos, também na su-
ção com o colo do eixo (Fig. 12.2.16). perfície da partição.
Correções Causas
l Examinar a circularidade do alojamento da bron- l O aperto insuficiente não permite que se esta-
zina e se estiver fora das especificações, recon- beleça a pressão radial que retém a bronzina no
dicioná-lo ou trocar a biela. alojamento.
l Examinar o colo do eixo, retificando-o caso seja
necessário. O contato é inadequado, a condução do calor é
dificultada e, ao mesmo tempo, o atrito adicional
provocado pela pulsação da bronzina aumenta o
calor gerado (Fig. 12.2.21). As causas para uma
altura de encosto ser insuficiente são:
Correções
l Limpar as superfícies de partição antes de aper-
tar os parafusos.
l Examinar as dimensões e o estado dos alojamen-
tos, recondicionando-os caso seja necessário.
l Aplicar, no aperto dos parafusos ou das por-
cas, o torque recomendado pela montadora/
Fig.12.2.17 fabricante.
152
Causas
l Quando se coloca a bronzina no alojamento,ela
fica saliente na linha de partição (altura de en-
costo). Ao se apertar os parafusos da capa, as
bronzinas serão forçadas contra o alojamento,
garantindo um bom contato.
Correções
Fig.12.2.20 l Se tiver sido usinada a superfície de partição da
capa, do bloco ou da biela, reusinar o alojamen-
to para se obter uma circularidade perfeita.
l Verificar, com o emprego do Azul da Prússia ou
com outro processo adequado (súbito, etc.), se
a ovalização está dentro dos valores permitidos,
depois de ter dado o aperto correto nos parafu-
sos da capa com a chave de torque.
l Aplicar, no aperto dos parafusos ou das por-
cas, o torque recomendado pela montadora/
fabricante.
Fig.12.2.21
Fig.12.2.23
Fig.12.2.22
Biela empenada ou torcida
Aspecto Aspecto
l Áreas de desgaste excessivo junto à linha de par- l Áreas de desgaste excessivo nos lados diago-
tição, em uma das bronzinas ou em ambas. nalmente opostos de cada bronzina.
153
Causas
A capa do mancal foi deslocada, forçando um lado
de cada bronzina contra o eixo (Fig. 8.8). Isso pode
acontecer devido às seguintes causas:
Correções
l Examinar a biela e, caso seja necessário, subs-
tituí-la.
l Evitar esforços de torção na biela.
Fig.12.2.26
Capa deslocada
Correções
l Escolher a chave adequada e apertar alternada-
mente os parafusos para perfeito assentamento
da capa.
l Certificar-se de que a posição da capa está cor-
reta.
l Verificar se o sistema de centragem das capas
Fig.12.2.25
não está alterado ou danificado e substituí-lo,
Biela empenada caso seja necessário.
l Substituir os parafusos de biela e/ou mancal,
Capa deslocada conforme a recomendação da montadora/fa-
bricante do motor.
Aspecto l Usinar o eixo virabrequim dentro das especifica-
l Áreas de desgaste excessivo nos lados diame- ções da montadora/fabricante.
tralmente opostos de cada bronzina próximas à
linha de partição.
154
O grau de desgaste varia de bronzina para bronzi-
na, mas, geralmente, na do meio ele é bem mais
acentuado.
Causas
l O virabrequim deformado submete as bron-
zinas centrais a cargas excessivas, sendo as
pressões máximas obtidas nos pontos de maior
distorção.
Correções
l Verificar se o eixo está deformado através de um
processo adequado.
l Desempenar o virabrequim.
Fig.12.2.28
Virabrequim deformado
Fig.12.2.29
Virabrequim deformado
Bloco deformado
Aspecto
l Uma faixa de desgaste bem definida pode ser Aspecto
observada no conjunto de bronzinas centrais l Uma faixa de desgaste bem definida pode ser
superiores ou no conjunto das inferiores. observada no conjunto de bronzinas centrais
superiores ou no conjunto das inferiores.
155
O grau de desgaste varia de bronzina para bronzina,
mas, geralmente, na do meio ele é bem acentuado.
Causas
O aquecimento e resfriamento brusco do motor é
uma das causas da distorção dos blocos, quando
ele opera sem válvula termostática. A deformação
do bloco pode também ser causada por:
Correções
Fig.12.2.34
l Determinar a existência de deformação através
de um processo adequado; Bloco deformado
l Realinhar (mandrilar) os alojamentos;
l Instalar válvula termostática.
Fig.12.2.35
Colos não-cilíndricos
Fig.12.2.32
Aspecto
l Faixa de desgaste desigual na bronzina. De
acordo com as regiões que ficam submetidas a
maiores pressões, distingüem-se três aspectos
principais que correspondem respectivamen-
te aos defeitos de forma dos colos ilustrados
(Fig. 12.2.36 – A, B e C).
Fig.12.2.36
Fig.12.2.33
Colos não-cilíndricos
156
Causas
l Colos não-cilíndricos impõem uma distribuição
irregular de cargas na superfície da bronzina
gerando, em certas áreas, maior quantidade de
calor e acelerando o desgaste. As folgas pode-
rão tornar-se insuficientes e haver contato metal-
metal entre a bronzina e o colo do virabrequim.
Correções
l Retificar corretamente os colos e alojamentos.
Fig.12.2.42
Aspecto
l Áreas de desgaste excessivo ao longo das su-
perfícies laterais da bronzina.
Causas
Fig.12.2.37
l Raios de concordância dos colos incorretos,
ocasionando o contato metal-metal ao longo
das superfícies laterais da bronzina (Fig.12.2.43).
Isso leva a um desgaste excessivo e a uma fa-
diga prematura localizada.
Correções
l Retificar os colos, tomando o cuidado de exe-
cutar os raios com a curvatura correta.
l Não deixar canto vivo, porque enfraquecerá o
eixo pela concentração de tensões em área já
muito solicitada.
Fig.12.2.38 Fig.12.2.39
Fig.12.2.43
Fig.12.2.40 Fig.12.2.44
Raio de concordância incorreto
157
Torque incorreto e aplicação de cola/adesivo
Aspecto
l A peça apresenta-se amassada na região de bi-
partição da carcaça e com o canal externo de
lubrificação parcialmente obstruído com cola/
adesivo.
Causas
l O torque aplicado nos prisioneiros/parafusos de
Fig.12.2.45
fixação do bloco, quando excede o especifica-
do pela montadora/fabricante, provoca a defor- Cola/adesivo no canal de lubrificação externa da bronzina
Correções
l Aferir/revisar periodicamente o torquímetro.
l Aplicar o torque recomendado pela montadora/
fabricante.
l Montar o motor seguindo as recomendações da Fig.12.2.46
montadora/fabricante referentes à utilização ou
não de cola/adesivo. Marca do pino na parte externa da bronzina
Biela assimétrica
158
CAPAS INVERTIDAS OU TROCADAS
Fig.12.3.2 Fig.12.3.5
Fig.12.3.6
Fig.12.3.3
Fig.12.3.4
159
ARRUELAS DE
ENCOSTO
160
13 — Arruelas de encosto
NOMENCLATURA
Fig.13.2.1
161
Montagem de arruelas de encosto Materiais
As arruelas de encosto são posicionadas nos re- As arruelas de encosto são fabricadas normalmen-
baixos usinados existentes nas laterais do bloco e te com os seguintes materiais:
na capa do mancal, e são impedidas de girar atra-
vés de ressaltos. l ligas de cobre-chumbo fundidas sobre tiras de
aço;
Alguns tipos de arruela de encosto possuem chan- l ligas de cobre-chumbo sinterizadas sobre tiras
fros de posicionamento para evitar a montagem in- de aço;
vertida das peças. l ligas de alumínio sobre tiras de aço.
162
163
MANUAL TÉCNICO
Curso MAHLE Metal Leve
Motores de Combustão Interna AFTERMARKET
BUCHAS
164
14 — Buchas
NOMENCLATURA DA BUCHA
Fig.14.2.1
165
Montagem da bucha Materiais
As buchas são fabricadas com os mesmos mate-
Interferência riais antifricção usados nas bronzinas. As buchas
A interferência de montagem representa a diferen- normalmente não apresentam a camada de reves-
ça entre o diâmetro externo da bucha e o diâmetro timento, porém recebem uma camada de estanho
interno do alojamento. Essa interferência é neces- protetora contra oxidação. Portanto, elas são bi-
sária para fixar firmemente a bucha no seu aloja- metálicas.
mento de forma a impedir que ela se movimente
em funcionamento. Os materiais mais empregados são os seguintes:
166
15 — Falhas prematuras em buchas
Aspecto Aspecto
l A superfície externa da bucha apresenta riscos l A superfície externa da bucha apresenta áreas
circunferenciais profundos. de pouco contato com o alojamento. Na super-
fície interna, a peça apresenta destacamento da
liga antifricção.
Causas
l O processo de fabricação das buchas de eixo
comando adotado pela MAHLE Metal Leve S. A.
é o denominado "G Die" (estampagem progressi-
Fig.15.1.1
Causas
l Montagem do eixo na bucha com folga diame-
tral insuficiente, fazendo com que o eixo fique
“agarrado” na bucha e provoque a rotação desta
no alojamento.
Correções
l Utilizar a folga de montagem especificada pela
montadora/fabricante do motor.
Fig.15.1.2
167
va). Neste processo, as buchas na conformação
assumem a forma cilíndrica com tolerâncias para
garantir o perfeito assentamento após terem sido
montadas no alojamento do bloco do motor.
Correções Fig.15.1.6
l Verificar a circularidade do alojamento antes da
montagem de uma nova bucha. Marca de apoio irregular da bucha com alojamento
l No caso de alojamento muito deformado, reti-
ficá-lo e utilizar uma bucha com sobremedida
externa.
l Manter as especificações de tolerância e inter-
ferência entre a bucha e o alojamento recomen-
dadas pela montadora/fabricante do motor.
Fig.15.1.7
Fig.15.1.8
Fig.15.1.3
Fig.15.1.4
Marca externa provocada pelo corpo estranho
168
Embuchamento incorreto
Aspecto
l A superfície externa da bucha apresenta marcas
profundas.
Fig.15.1.9
Fig.15.1.11
Correções
l Utilizar ferramentas adequadas para a instalação
das buchas no alojamento.
l Não utilizar a peça deformada.
Fig.15.1.13
Fig.15.1.10 Fig.15.1.14
169
VÁLVULAS
170
16 — Válvulas
Válvulas são elementos de alta precisão, compos- válvulas também são diferentes em suas formas,
tos por ponta, haste e cabeça. São componentes aplicações e tamanhos.
de motores a combustão interna, sujeitos às altas
tensões térmicas e mecânicas. Desta forma, são As válvulas estão posicionadas, na maioria das ve-
fabricadas por diferentes processos e utilizados zes, no cabeçote dos motores de quatro tempos
desde materiais de baixo teor de carbono até su- (Fig. 16). Em alguns casos, as válvulas de admissão
per ligas com blindagem da sede de válvulas. As ou escapamento são instaladas no bloco do motor.
Fig.16
171
16.2 — Nomenclatura da válvula
No intuito de se obter uma padronização no uso das l Localização da solda – É a região das válvu-
denominações utilizadas para a identificação das par- las de escapamento em que se encontra a solda
tes que compõem uma válvula, foram definidos os por fricção de diferentes materiais da haste e da
principais termos identificados na Figura 16.2.1. cabeça (Fig. 16.2.3). As válvulas monometálicas
não utilizam este processo de soldagem.
l Ponta – É a parte superior da válvula onde se apóia l Enchimento – É a região da cabeça da válvula
uma das extremidades do balancim ou tucho. definida durante a fabricação (forjado) ou atra-
l Canaletas – É o local em que se posiciona a tra- vés de usinagem e retificação (Fig. 16.2.4).
va da válvula, evitando que ela caia para dentro l Cabeça – É composta pela sede, ângulo e pelo
da câmara de combustão. As canaletas podem enchimento.
variar de 1 a 4 por válvula (Fig. 16.2.2). l Sede – É a região de apoio da válvula na sede
l Haste – É a região da válvula que atua junto à instalada no cabeçote (Fig. 16.2.5).
guia (instalada no cabeçote), no posicionamento l α – É o ângulo de assentamento entre a sede e
da válvula durante sua abertura e fechamento. a sede do cabeçote.
l Final frio – É a parte menos quente da haste, l Face – É a região inferior da cabeça e que fica
ou seja, a região afastada da cabeça. dentro da câmara de combustão. Apresentam
l Final quente – É a parte quente da haste, pois diferentes configurações de fabricação (Fig.
está mais próxima da cabeça da válvula. 16.2.6).
Fig.16.2.1
172
TIPOS DE CANALETAS
Fig.16.2.2
Fig.16.2.3
Fig.16.2.4
Fig.16.2.5 Fig.16.2.6
173
16.3 — Processos de fabricação
Para a fabricação das válvulas são utilizados dife-
rentes tipos de materiais.
1000:1
Fig.16.3.1 Fig.16.3.3
174
As válvulas são produzidas em vários
processos
Fig.16.3.4
Fig.16.3.8
Processo de soldagem
Fig.16.3.6 Fig.16.3.9
175
16.4 — Tipos de válvulas
Existem dois tipos distintos de válvulas quanto às
funções: válvulas de admissão e válvulas de es- VÁLVULA COM ENCHIMENTO DE SÓDIO
capamento.
176
Em função de sua condição de funcionamento ser
mais exigida na região da cabeça da válvula, o ma-
terial utilizado em sua fabricação deve resistir às
elevadas tensões mecânicas e térmicas, à corro-
são e ao atrito. Normalmente, em função da seve-
ridade de funcionamento, as válvulas de escape
são produzidas com dois materiais diferentes e,
em muitos casos, a sede da válvula pode receber
blindagem (Stelitle).
1000: 1
Fig.16.4.3
177
17 — Falhas prematuras em válvulas
Correções
Engripamento da haste de válvulas l Verificar o alinhamento entre os componentes:
mola/prato/guia/sede. Deve ser conferida a fol-
Aspecto ga, assim como a aplicação correta.
l Haste de válvula com marcas de engripamento l Verificar o sincronismo, assim como evitar o ex-
com a guia. O engripamento ocorrido provoca, cesso de rotação do motor.
em alguns casos, o arraste de material. l Manter as recomendações do fabricante do mo-
tor quanto à regulagem do sistema de injeção
Causas de combustível (álcool/gasolina/diesel).
O engripamento da haste com a guia de válvulas
ocorre quando a folga existente entre a válvula/guia
é comprometida por falhas relacionadas à:
178
Fig.17.2
Engripamento com arraste de material
Fig.17.3
Fig.17.5
Fig.17.4
Aspecto
l O assento da válvula apresenta desgaste exces- Fig.17.6
sivo na forma de canal em todo o diâmetro da
sede. Desgaste na região do assento da válvula
179
fatores que comprometem a condição normal danificadas, folga excessiva na regulagem de vál-
de funcionamento da válvula (Fig. 17.7 e 17.8). vulas e flutuação da válvula (Fig. 17.9 a 17.12).
Correções Correções
l As molas de válvulas devem ser testadas quanto l Substituir as travas e testar as molas de válvu-
às suas dimensões, quando submetidas à car- las, assim como efetuar a regulagem correta da
ga. Devem-se seguir as recomendações quan- folga de válvulas.
to aos limites admissíveis. Tanto o sincronismo
da distribuição, quanto o excesso de rotação
e/ou a utilização do freio-motor devem seguir
as recomendações de limites de cada motor/
veículo.
Fig.17.9
Fig.17.10
Trava danificada
Fig.17.8 Fig.17.11
Cabeça da válvula quebrada na região do raio e haste Quebra na região do canal de trava
Aspecto
l As válvulas apresentam quebra/fratura ou des-
gaste na região dos canais de trava. Este tipo
de falha está relacionado a causas mecânicas.
Causas
l Durante a substituição das válvulas, não só as mo-
las devem ser inspecionadas e testadas, como Fig.17.12
também as travas. Podemos considerar os fatores
que causam este tipo de falha como sendo irregu- Desgaste na região do canal de trava provocado por irregularidade
na trava
laridades nos ressaltos do eixo comando e travas
180
Trinca e/ou fissura na região da sede Fratura na região da cabeça da válvula
de válvulas
Aspecto
Aspecto l A válvula apresenta quebra de parte da cabeça.
l A válvula apresenta trinca/fissura na região da Este tipo de falha está relacionado a causas tér-
sede da cabeça. Este tipo de falha está relacio- micas.
nado a causas térmicas. Caso a fissura aumen-
te, parte da cabeça vai se desprender (vide item Causas
“Fratura na região da cabeça da válvula”). l A quebra de parte da cabeça da válvula tem iní-
cio com uma fissura na região do assento desta,
Causas que é originada pelo aumento das pressões de
l A fissura tem início devido a um choque térmico combustão e temperatura na câmara. Este tipo
causado pelo aquecimento e resfriamento des- de falha ocorre somente nas válvulas de esca-
proporcionais da cabeça da válvula, provocando pamento e está relacionado à utilização de com-
fadiga térmica. Desalinhamento entre a haste de bustível inadequado, ponto de ignição incorreto,
válvulas e a sede do cabeçote causa deficiência excesso de carvão no topo do pistão, velas ina-
de apoio, contribuindo para o resfriamento ina- dequadas e válvulas aplicadas incorretamente. O
dequado. A operação incorreta do veículo, as- apoio incorreto da válvula com a sede também
sim como a utilização de ponto morto nas des- pode originar a fratura da região da cabeça (Fig.
cidas, também contribui para a fadiga térmica 17.15 e 17.16).
(Fig. 17.13 e 17.14).
Correções
Correções l Manter as características originais do motor
l Corrigir as deficiências de apoio e de alinha- quanto à taxa de compressão do cilindro, uti-
mento, assim como operar o veículo segundo lizar combustível e vela adequados ao motor,
as recomendações da montadora/fabricante. manter a curva de permanência recomendada
pelo fabricante do motor (motores carburados)
e efetuar a correção do assento da válvula em
relação à sede.
Fig.17.15
Fig.17.13
Quebra de parte da cabeça
Fig.17.14 Fig.17.16
181
Desgaste generalizado na cabeça da válvula em um só ponto, provocando a desintegração
da cabeça da válvula. A vedação irregular do as-
Aspectos sento da válvula com a sede do cabeçote se dá
l A válvula apresenta desgaste na região da ca- devido a resíduos de carbono gerados na com-
beça e no assento da válvula. Este tipo de falha bustão irregular (mistura pobre). Estes resíduos
está relacionado a causas térmicas. se alojam na região de sede e comprometem a
vedação entre a válvula e a sede do cabeçote.
Causas Outro fator é a refrigeração deficiente devido à
l O desgaste está relacionado ao aumento da for- obstrução parcial dos dutos de arrefecimento
ça de fechamento da válvula combinado com do cabeçote. Conseqüentemente, a válvula será
elevadas temperaturas de operação e pressão resfriada de forma inadequada. Podemos ainda
de combustão. Pré-ignição, detonação, mistura considerar que a folga incorreta de regulagem
pobre de combustível e relação inadequada de é outro fator que compromete a vedação e vai
compressão são fatores que alteram e desgas- propiciar o surgimento deste tipo de falha (Figs.
tam a cabeça da válvula (Figs. 17.17 e 17.18). 17.19 e 17.20).
Correções Correções
l Manter as características originais do motor, as- l Efetuar o assentamento correto, assim como
sim como a taxa de compressão, ponto de ig- manter a mistura de ar e combustível homogênea
nição/injeção e utilizar combustíveis adequados e efetuar a limpeza das galerias de arrefecimento
às especificações do motor. do cabeçote, utilizando produtos recomendados
pela montadora. Evitar o funcionamento prolon-
gado em marcha lenta.
Fig.17.17
Fig.17.19
Fig.17.18
Causas Aspecto
l Excesso de calor localizado na região da cabeça, l Válvulas com contaminação da sede, marcação
assim como a passagem de gases concentrada de assentamento deslocado, excesso de carvão
182
na base da válvula e marcação irregular do topo
da válvula.
Causas
l A marcação de assentamento irregular é devida
à falta de perpendicularidade entre o centro da
sede do cabeçote e o centro da guia de válvulas.
Esta deficiência vai aumentar a pressão da vál-
vula sobre a sede na região de maior inclinação Fig.17.22
e permitir a passagem de gases onde a pressão
é menor. O excesso de carvão é proveniente da Válvula de admissão contaminada com óleo lubrificante devido à folga
excessiva entre a haste e a guia ou a retentor/vedador deficiente
folga excessiva entre a guia de válvulas e a has-
te, de retentores danificados ou comprometidos,
ou ainda da altura incorreta da guia em relação
ao cabeçote.
Correções
l Manter a perpendicularidade entre a sede de
válvulas do cabeçote e a guia. Manter as folgas
recomendadas pelo fabricante do motor e pro-
teger o retentor/vedador dos canais de travas
das válvulas durante a montagem dos vedado-
Fig.17.24
res (quando existirem). Substituir os balancins e
não retificá-los, assim como substituir os cabe- Marcas que indicam que a válvula não girou. Deficiência do balancim.
Fig.17.21
183
TUCHOS
184
18 — Tuchos
Balancim
Mola
Válvula
Vareta de válvulas
Tucho
Came
Virabrequim
Fig.18.1.1
185
Em motores que têm o eixo comando no cabeçote,
MOTORES COM EIXO COMANDO NO CABEÇOTE
o objetivo do tucho é o de manter o balancim pres-
sionado contra o came do eixo comando durante a
Eixo comando
abertura e fechamento das válvulas de admissão e
escapamento (Fig. 18.1.2).
MOTORES COM EIXO COMANDO NO CABEÇOTE Nesta condição, temos dois tipos de tuchos:
POSICIONADO EM CIMA DO TUCHO
l tucho mecânico – apóia-se no próprio came, na
região da base e na ponta da válvula, na região
interna. O ressalto do came atua diretamente so-
bre o tucho, forçando-o contra a válvula até que
a pressão da mola é vencida e a válvula abre. O
fechamento da válvula ocorre quando o ressalto
passa pelo tucho.
186
18.2 — Nomenclatura dos tuchos
Com o objetivo de se obter uma padronização no rentes tipos de tuchos, nas seguintes figuras: Tucho
uso das denominações utilizadas para a identifica- Prato (Fig. 18.2.1), Tucho Cilíndrico (Fig. 18.2.2) e
ção das partes que compõem o tucho, foram de- Tucho Hidráulico (Fig. 18.2.3).
finidos os principais termos identificados nos dife-
Fig.18.2.1
Fig.18.2.2
187
NOMENCLATURA TUCHO HIDRÁULICO
Pistão
Reservatório
Esfera
Furo Canaleta
188
e, conseqüentemente, o tucho ter o dimensio- cia superficial da base (região de trabalho).
nal alterado. A instabilidade dimensional não é l Nitrocarburação: é similar ao processo de azu-
desejada neste tipo de peça. lação especial, com diferença apenas no gás uti-
l Revenimento: consiste em elevar a tempera- lizado durante o processo. O objetivo também é
tura e depois resfriar ao ar. O objetivo é tirar as aumentar a resistência superficial da base.
tensões da têmpera e/ou sub-zero, obtendo a
martensita revenida. Todos os tuchos passam Obs.: os tratamentos superficiais são aplicados em
pela têmpera e revenimento. tuchos não temperados.
l Tratamento supercial: este tratamento é apli-
cado ao tucho no final das operações de retífica l Fosfatização: consiste na aplicação de ca-
(quase acabado), faltando apenas acabamento mada protetora na superfície do tucho, com
no diâmetro, ovalização e retífica fina. espessura de 5 microns. A fosfatização é utili-
zada em peças comuns, peças temperadas já
São três as opções de tratamentos superficiais. acabadas e, principalmente, em tuchos tem-
perados. O objetivo da fosfatização é evitar o
l Azulação: trata-se da aplicação de camada oxi- engripamento entre duas peças novas, o tucho
dada artificialmente, de espessura aproximada e o eixo comando.
de 2 microns. Esta camada tem o objetivo de
evitar o engripamento e desgaste do tucho, no Obs.: tanto a nitretação quanto a fosfatização têm
início do funcionamento do motor, quando as ga- a função de suportar o início de trabalho do motor
lerias de lubrificação ainda não estão com óleo. (amaciamento), sem que o tucho sofra desgaste
A cor azulada é dada pelo vapor de água. normal. Entretanto, a nitretação confere uma re-
l Azulação especial (nitretação + azulação): sistência maior do que a fosfatização, pois a ca-
trata-se da aplicação de duas camadas. A primei- mada nitretada possui uma microdureza da ordem
ra camada é nitretada saturada dentro da peça, de 500 Vickers, enquanto a fosfatização confere
com espessura de 4 a 12 microns. A segunda ca- uma lubricidade maior, devido aos cristais de fos-
mada tem espessura de 2 microns e é oxidada fato de manganês.
por deposição. O objetivo é aumentar a resistên-
1 – Eixo comando
2 – Tucho mecânico
3 – Vareta de válvulas
4 – Balancim
5 4 5 – Eixo balancim
6 – Válvula
3
6
2
Fig.18.4.1
1
189
ESQUEMA DE ACIONAMENTO DE TUCHO MECÂNICO
1 – Eixo comando
1 2 – Tucho mecânico
3 – Válvula
3
Fig.18.4.2
1 – Eixo comando
1 2 – Balancim
3 – Tucho
4 – Válvula
4 Fig.18.4.3
1 – Eixo comando
1 2 – Tucho hidraúlico
3 – Válvula
Fig.18.4.4
190
19 — Falhas prematuras em tuchos
Fig.19.2
Desgaste da base
Aspecto
l A base do tucho apresenta desgaste excessivo.
Causas
l O desgaste da base ocorre quando o filme
Fig.19.3
de óleo lubrificante existente entre o tucho e
o ressalto do came é ineficiente ou inexisten- Desgaste excessivo da base
te (Fig. 19.2).
l O desgaste também pode ocorrer devido à Desgaste na região da base
regulagem incorreta da folga de válvulas (vál-
vula presa). Aspecto
l Em alguns tuchos, o óleo lubrificante chega l A base do tucho apresenta pontos em que o
até a mosca e ao corpo, por galerias de lubri- material foi retirado.
ficação existentes no bloco e/ou pelas varetas
de válvulas. Folga excessiva do alojamento e Causas
varetas de válvulas com a ponta danificada e/ l A retirada de material da base do tucho tem o
ou empenadas dificultarão a chegada do óleo nome de Pitting. Este dano ocorre na base dos
lubrificante até a mosca e o corpo do tucho. tuchos devido à regulagem incorreta da folga
Óleo lubrificante com viscosidade alterada devi- das válvulas (válvula presa) (Fig. 19.4).
do à deterioração dos aditivos que o compõem
também comprometerá o filme e danificará a l Outra possibilidade é a de que tenha ocorrido
base (Fig. 19.3). aplicação incorreta do tucho. Podemos conside-
191
rar também como fator que contribui para esta Deformação de ressalto do came
deficiência o reaproveitamento das molas de
válvulas. As molas, com o acionamento durante Aspecto
o funcionamento do motor, perdem a capacida- l Os tuchos apresentam desgaste e esmagamen-
de de retornar a válvula em tempo suficiente de to na região da base.
efetuar o isolamento da câmara com a sede do
cabeçote, chegando a “flutuar”. Este repique é Causas
transmitido para o balancim/vareta (quando exis- l O reaproveitamento inadequado de comando ou
tir) e posteriormente para o tucho. Desta forma, mesmo de balancim causa deformações e des-
além das condições desfavoráveis de funciona- gaste nos tuchos em função da má distribuição
mento já citadas no item "Desgaste da base" , das forças atuantes na base/ressalto (Fig. 19.6
teremos esta que também comprometerá o filme a 19.9).
de óleo a ponto de provocar o contato entre as
superfícies e, conseqüentemente, o Pitting na Correções
face do tucho (Fig. 19.5). l Verificar o desgaste dos ressaltos do came e
balancim.
Correção
l Manter as regulagens e inspeções recomenda-
das para cada motor. Efetuar teste recomenda-
do nas molas de válvulas.
Fig.19.6
Fig.19.4
Fig.19.7
192
Quebra de tucho
Aspecto
l Os tuchos apresentam a parte superior do corpo
quebrada. Também pode ocorrer quebra parcial/
total da base.
Causas
l A utilização de varetas de válvulas empenadas ou
Fig.19.8
até mesmo com as pontas desgastadas. Quando
Detalhe do ressalto do acionamento do tucho, os pontos de apoio
entre a mosca e o balancim são alterados (não
mais a 180º) a vareta passa a apoiar-se na re-
gião interna do tucho, gerando esforços na pa-
rede (Figs. 19.10 a 19.14). A quebra da base
está relacionada, associadas ou não, com as
causas dos itens “Desgaste do prato”, “Pitting
na região do prato” e “Deformação de ressalto
do came”.
Correções
l Verificar desgaste das pontas das varetas, as-
sim como o seu empenamento, substituindo-as
quando necessário.
Fig.19.10
Fig.19.9.1
Fig.19.11
193
Fig.19.12
Fig.19.13
194
195
ENGRENAGEM
SINTERIZADA
196
20 — Engrenagem sinterizada
l engrenagem (movida) do eixo comando de vál- l engrenagens para acionamento de eixos inter-
vulas; mediários;
l engrenagem (motora) do eixo virabrequim. l engrenagens para acionamento de bomba inje-
tora (motores diesel).
Em alguns casos, porém, outras engrenagens, com
197
Fabricação Essa peça compactada já possui o formato e as
O processo de fabricação de peças sinterizadas dimensões finais, quando removida do molde.
possui três etapas básicas.
l Numa terceira etapa, a de sinterização, o “com-
l Primeiramente, o pó do metal ou liga é mistura- pactado à verde” é aquecido à alta temperatura
do com outros metais e lubrificantes até produ- em ambiente de atmosfera controlada, porém
zir uma mistura homogênea. sempre abaixo do ponto de fusão do metal. Este
processo desenvolve a ligação metalúrgica das
l Na etapa seguinte, uma quantidade dessa mis- partículas, garantindo as propriedades físicas e
tura de pó é introduzida em um molde e compri- mecânicas da peça (Fig. 20.2.2).
mida, à temperatura ambiente, a pressões entre
150 a 800 N/mm2, dependendo da densidade Dependendo do projeto, a peça pode ainda ser
final desejada para a peça. reprensada, ou passar por processo de impreg-
nação ou tratamento térmico para melhorar as
Essa operação conforma o pó em uma peça propriedades mecânicas e/ou reduzir a sua po-
normalmente chamada de “compactado à ver- rosidade.
de” (Fig. 20.2.1).
Fig. 20.2.1
198
Fig. 20.2.2
199
NOÇÕES GERAIS SOBRE OUTROS
TIPOS DE MOTORES
200
21 — Noções gerais sobre
outros tipos de motores
A carcaça externa do motor Wankel tem a sua su- Um sistema planetário de engrenagens faz com que
perfície interna com a forma ovalada. Dentro dessa o rotor fique ligado a um eixo motor equivalente ao
carcaça está instalado um rotor com formato prati- virabrequim de um motor de pistão (Fig. 21.1.1).
MOTOR WANKEL
Fig. 21.1.1
201
Observamos que as faces externas do rotor pos- nesse tipo de motor, cada volta completa do rotor
suem uma concavidade. Existem, entre a parte in- corresponde ao ciclo de 4 tempos convencional de
terna da carcaça e os três lados do rotor, três es- pistão. Como ele possui três “câmaras” entre os la-
paços vazios úteis, que podemos denominar de dos do rotor de formato praticamente triangular e
câmaras. De acordo com o giro do rotor, o volume a superfície interna da carcaça, ocorrem três tem-
de cada uma delas aumenta ou diminui tendo-se pos de explosão em cada volta do rotor — isto é,
em vista o formato ovalado da superfície interna uma explosão em cada giro do eixo motor, uma vez
da cabeça. que este dá três voltas enquanto o rotor dá uma
completa, devido ao sistema de engrenagens. Na
A carcaça do motor tipo Wankel possui duas ve- Figura 21.1.2 apresentamos mais detalhes do fun-
las de ignição, dois condutos, sendo um de ad- cionamento do motor Wankel.
missão e o outro de escape, que são descobertos
(ou abertos) sucessivamente pelo rotor durante o O maior problema enfrentado pelos construtores
seu movimento de rotação. Conseqüentemente, dos motores Wankel é projetar um sistema eficiente
MOTOR WANKEL
Admissão (1o tempo — Ciclo Otto) Compressão (2o tempo — Ciclo Otto)
Explosão (3o tempo — Ciclo Otto) Escape (4o tempo — Ciclo Otto)
Fig. 21.1.2
202
de vedação para gases nos três vértices e nos lados nesa e consiste em fabricar os vértices do triângulo
do rotor. O sistema que tem apresentado melhores com acabamento em fibra de carbono.
resultados foi desenvolvido por uma indústria japo-
Fig. 21.2.1
l sistema de combustão duotérmico;
l bloco e cabeçote com revestimento cerâmico;
l pistões com cabeça cerâmica; Os motores adiabáticos têm mostrado um aumen-
l eliminação do sistema de arrefecimento conven- to no seu rendimento, dos atuais 30% nos motores
cional. diesel para 40% a 44%, pois as perdas de calor
de cerca de 30% pelos sistemas de arrefecimento
Com a eliminação do sistema de arrefecimento convencionais atuais reduzem-se a 15% aproxi-
convencional (radiador), parte do calor passa a ser madamente, dissipados principalmente pelo óleo
dissipado através do óleo lubrificante. lubrificante (Fig. 21.2.1)
203
Usando uma simples ilustração de um balão de bor- entrada é colocada na extremidade do recipiente
racha inflado tendo seu bocal fechado, estabelece- (Fig. 21.3.2D) e um compressor força o ar (flecha
mos a condição na qual uma pressão está sendo azul) para dentro dele (Fig. 21.3.2E). Nem todo o
exercida igualmente em todas as direções no interior ar que entra na câmara de combustão é necessá-
do mesmo. Abrindo o bocal, o ar que está no interior rio à combustão.
do balão sendo comprimido pelas paredes elásticas
deste, passa a sair pelo bocal com alguma veloci-
dade. A velocidade do ar através do bocal produz a
ação que por sua vez dá origem a uma reação igual A
e oposta que impulsiona o balão (Fig. 21.3.1).
Fig. 21.3.1
204
Todavia, todo o ar é aquecido e expande-se ra- ses produzidos pelo reator contra o ar ambien-
pidamente. Ele sai como gás em alta velocidade te. O fenômeno da reação direta é regido pelo
pelo bocal e é dirigido sobre a turbina, que por princípio geral das quantidades de movimento,
sua vez é ligada através de um eixo ao compres- cuja soma é constante, mas nula, achando-se o
sor (Fig. 21.3.2F). sistema em repouso, o que significa que os ga-
ses e o recipiente do qual são expelidos devem
Até aqui, o aquecimento do ar no recipiente afastar-se reciprocamente, em direções opos-
era feito por meios externos. Transforma-se o tas. Por isso, felizmente, conseguem os foguetes
recipiente em uma câmara de combustão, in- deslocar-se mesmo no vácuo. Assim não fosse,
troduzindo combustível, misturando-o com o jamais poderíamos sequer sonhar com viagens
ar e inflamando-o. interplanetárias.
Ao passar pela turbina, aproximadamente 2/3 Reação indireta equivale a recuo, o mesmo que
da energia são utilizados. Todavia, o restante se produz no disparo de um canhão ou de uma
possui ainda um elevado potencial de trabalho. pistola, maior no primeiro só porque nele a mas-
Por isso, um segundo rotor de turbina é coloca- sa da bala é proporcionalmente maior. Sentemo-
do logo após o primeiro, o qual é acionado por nos numa cadeira de rodas com uma porção
este potencial da mesma forma que o primeiro de tijolos no colo. Se nos pusermos a atirá-los
(Fig. 21.3.2G). para frente, começaremos a nos deslocar para
trás, por reação direta, independente do fato de
Esta turbina, ligada a um eixo mecanicamente estarem ou não os tijolos batendo contra qual-
independente do compressor e da 1ª turbina, quer parede.
aciona um conjunto de redução, ao qual podem
ser ligados uma hélice (avião), transmissão e rotor Aplicação da turbina a gás
(helicóptero), volante e embreagem (automóvel). A aplicação da turbina a gás está limitada a
No início do estudo da 3ª Lei do Movimento é di- aeronaves e, em caráter experimental, em al-
fícil, para alguns, aplicá-la em motores à reação, guns carros e trens. As desvantagens das tur-
por não encontrarem o ponto de referência entre binas a gás são:
a força atuante e o atual movimento do motor.
Este motivo criou a idéia de que motores à rea- l os rotores giram a elevadas rotações por mi-
ção se deslocam quando os gases de exaustão nuto, provocando ruídos;
atingem uma barreira, o ar por exemplo. l necessidade de substituir conjuntos completos
em caso de falhas, o que onera a revisão.
Não é porém este o caso. A força de reação
é estritamente um fenômeno dentro do motor As vantagens das turbinas são:
criado por conversão de energia, isto é: pressão
transformada em energia de velocidade. l bom momento de torque;
l pouca sensibilidade à qualidade do combus-
Esta condição é fácil de se entender, se analisar- tível, desde que microfiltrado;
mos um motor espacial (foguete), que produz em- l baixo consumo de óleo lubrificante;
puxo (reação) no espaço, onde não existe ar. l funcionamento sem vibrações;
l eliminação quase total do monóxido de car-
Em se tratando de propulsão a jato, é preciso bono dos gases;
não imaginá-la resultante do impacto dos ga- l manutenção simples.
205
TURBINA A GÁS
Fig. 21.3.3
Fig. 21.3.3
206
21.4 — Motor de cilindrada variável
Motor de cilindrada variável está sendo desenvolvi- das perdas por inércia e atrito. Conforme mostrado
do experimentalmente, com o objetivo de se obter na Figura 21.4.1, o curso do pistão pode ser altera-
uma redução de consumo de combustível, princi- do por intermédio de um braço de regulagem que
palmente em tráfego urbano. Isso é obtido através altera o ponto morto inferior.
da alteração do curso do pistão, devido à redução
Fig. 21.4.1
207
ALGUMAS UNIDADES DO SISTEMA INTERNACIONAL
Obs.: (*) Estas unidades não são do S.I. mas são legais no Brasil.
208
TABELA DE CONVERSÃO
Polegada
Frações 0” 1” 2” 3” 4” 5” 6” 7” 8” 9” 10” 11”
Milímetro
0 0 0 25,400 0 50,800 0 76,200 0 101,600 0 127,000 0 152,400 0 177,800 0 203,200 0 228,600 0 254,000 0 279,400 0
1/64 .015 625 0,396 9 25,796 9 51,196 9 76,596 9 101,996 9 127,396 9 152,796 9 178,196 9 203,596 9 228,996 9 254,396 9 279,796 9
1/32 .031 25 0,793 8 26,193 8 51,593 8 76,993 8 102,393 8 127,793 8 153,193 8 178,593 8 203,993 8 229,393 8 254,793 8 280,193 8
3/64 .046 875 1,190 6 26,590 6 51,990 6 77,390 6 102,790 6 128,190 6 153,590 6 178,990 6 204,390 6 229,790 6 255,190 6 280,590 6
1/16 .062 5 1,587 5 26,987 5 52,387 5 77,787 5 103,187 5 128,587 5 153,987 5 179,387 5 204,787 5 230,187 5 255,587 5 280,987 5
5/64 .078 125 1,984 4 27,384 4 52,784 4 78,184 4 103,584 4 128,984 4 154,384 4 179,784 4 205,184 4 230,584 4 255,984 4 281,384 4
3/32 .093 75 2,381 2 27,781 2 53,181 2 78,581 2 103,981 2 129,381 2 154,781 2 180,181 2 205,581 2 230,981 2 256,381 2 281,781 2
7/64 .109 375 2,778 1 28,178 1 53,578 1 78,978 1 104,378 1 129,778 1 155,178 1 180,578 1 205,978 1 231,378 1 256,778 1 282,178 1
1/8 .125 3,175 0 28,575 0 53,975 0 79,375 0 104,775 0 130,175 0 155,575 0 180,975 0 206,375 0 231,775 0 257,175 0 282,575 0
9/64 .140 625 3,571 9 28,971 9 54,371 9 79,771 9 105,171 9 130,571 9 155,971 9 181,371 9 206,771 9 232,171 9 257,571 9 282,971 9
5/32 .156 25 3,968 8 29,368 8 54,768 8 80,168 8 105,568 8 130,968 8 156,368 8 181,768 8 207,168 8 232,568 8 257,968 8 283,368 8
11/64 .171 875 4,365 6 29,765 6 55,165 6 80,565 6 105,965 6 131,365 6 156,765 6 182,165 6 207,565 6 232,965 6 258,365 6 283,765 6
3/16 .187 5 4,762 5 30,162 5 55,562 5 80,962 5 106,362 5 131,762 5 157,162 5 182,562 5 207,962 5 233,362 5 258,762 5 284,162 5
13/64 .203 125 5,159 4 30,559 4 55,959 4 81,359 4 106,759 4 132,159 4 157,559 4 182,959 4 208,359 4 233,759 4 259,159 4 284,559 4
7/32 .218 75 5,556 2 30,956 2 56,356 2 81,756 2 107,156 2 132,556 2 157,956 2 183,356 2 208,756 2 234,156 2 259,556 2 284,956 2
15/64 .234 375 5,953 1 31,353 1 56,753 1 82,153 1 107,553 1 132,953 1 158,353 1 183,753 1 209,153 1 234,553 1 259,953 1 285,353 1
1/4 .25 6,350 0 31,750 0 57,150 0 82,550 0 107,950 0 133,350 0 158,750 0 184,150 0 209,550 0 234,950 0 260,350 0 285,750 0
17/64 .265 625 6,746 9 32,146 9 57,546 9 82,946 9 108,346 9 133,746 9 159,146 9 184,546 9 209,946 9 235,346 9 260,746 9 286,146 9
9/32 .281 25 7,143 8 32,543 8 57,943 8 83,343 8 108,743 8 134,143 8 159,543 8 184,943 8 210,343 8 235,743 8 261,143 8 286,543 8
19/64 .296 875 7,540 6 32,940 6 58,340 6 83,740 6 109,140 6 134,540 6 159,940 6 185,340 6 210,740 6 236,140 6 261,540 6 286,940 6
5/16 .312 5 7,937 5 33,337 5 58,737 5 84,137 5 109,537 5 134,937 5 160,337 5 185,737 5 211,137 5 236,537 5 261,937 5 287,337 5
21/64 .328 125 8,334 4 33,734 4 59,134 4 84,534 4 109,934 4 135,334 4 160,734 4 186,134 4 211,534 4 236,934 4 262,334 4 287,734 4
11/32 .343 75 8,731 2 34,131 2 59,531 2 84,931 2 110,331 2 135,731 2 161,131 2 186,531 2 211,931 2 237,331 2 262,731 2 288,131 2
23/64 .359 375 9,128 1 34,528 1 59,928 1 85,328 1 110,728 1 136,128 1 161,528 1 186,928 1 212,328 1 237,728 1 263,128 1 288,528
3/8 .375 9,525 0 34,925 0 60,325 0 85,725 0 111,125 0 136,525 0 161,925 0 187,325 0 212,725 0 238,125 0 263,525 0 288,925 0
25/64 .390 625 9,921 9 35,321 9 60,721 9 86,121 9 111,521 9 136,921 9 162,321 9 187,721 9 213,121 9 238,521 9 263,921 9 289,321 9
13/32 .406 25 10,318 8 35,718 8 61,118 8 86,518 8 111,918 8 137,318 8 162,718 8 188,118 8 213,518 8 238,918 8 264,318 8 289,718 8
27/64 .421 875 10,715 6 36,115 6 61,515 6 86,915 6 112,315 6 137,715 6 163,115 6 188,515 6 213,915 6 239,315 6 264,715 6 290,115 6
7/16 .437 5 11,125 5 36,512 5 61,912 5 87,312 5 112,712 5 138,112 5 163,512 5 188,912 5 214,312 5 239,712 5 265,112 5 290,512 5
29/64 .453 125 11,509 4 36,909 4 62,309 4 87,709 4 113,109 4 138,509 4 163,909 4 189,309 4 214,709 4 240,109 4 265,509 4 290,909 4
15/32 .468 75 11,906 2 37,306 2 62,706 2 88,106 2 113,506 2 138,906 2 164,306 2 189,706 2 215,106 2 240,506 2 265,906 2 291,306 2
31/64 .484 375 12,303 1 37,703 1 63,103 1 88,503 1 113,903 1 139,303 1 164,703 1 190,103 1 215,503 1 240,903 1 266,303 1 291,703 1
1/2 .5 12,700 0 38,100 0 63,500 0 88,900 0 114,300 0 139,700 0 165,100 0 190,500 0 215,900 0 241,300 0 266,700 0 292,100 0
33/64 .515 625 13,096 9 38,496 9 63,896 9 89,296 9 114,696 9 140,096 9 165,496 9 190,896 9 216,296 9 241,696 9 267,096 9 292,496 9
17/32 .531 25 13,493 8 38,893 8 64,293 8 89,693 8 115,093 8 140,493 8 165,893 8 191,293 8 216,693 8 242,093 8 267,493 8 292,893 8
35/64 .546 875 13,890 6 39,290 6 64,690 6 90,090 6 115,490 6 140,890 6 166,290 6 191,690 6 217,090 6 242,490 6 267,890 6 293,290 6
9/16 .562 5 14,287 5 39,687 5 65,087 5 90,487 5 115,887 5 141,287 5 166,687 5 192,087 5 217,487 5 242,887 5 268,287 5 293,687 5
37/64 .578 125 14,684 4 40,084 4 65,484 4 90,884 4 116,284 4 141,684 4 167,084 4 192,484 4 217,884 4 243,284 4 268,684 4 294,084 4
19/32 .593 75 15,081 2 40,481 2 65,881 2 91,281 2 116,681 2 142,081 2 167,181 2 192,881 2 218,281 2 243,681 2 269,081 2 294,481 2
39/64 .609 375 15,478 1 40,878 1 66,278 1 91,678 1 117,078 1 142,478 1 167,878 1 193,278 1 218,678 1 244,078 1 269,478 1 294,878 1
5/8 .625 15,875 0 41,275 0 66,675 0 92,075 0 117,475 0 142,875 0 168,275 0 193,675 0 219,075 0 244,475 0 269,875 0 295,275 0
41/64 .640 625 16,271 9 41,671 9 67,071 9 92,471 9 117,871 9 143,271 9 168,671 9 194,071 9 219,471 9 244,871 9 270,271 9 295,671 9
21/32 .656 25 16,668 8 42,068 8 67,468 8 92,868 8 118,268 8 143,668 8 169,068 8 194,468 8 219,868 8 245,268 8 270,668 8 296,068 8
43/64 .671 875 17,065 6 42,465 6 67,865 6 93,265 6 118,665 6 144,065 6 169,465 6 194,865 6 220,265 6 245,665 6 271,065 6 296,465 6
11/16 .687 5 17,462 5 42,862 5 68,262 5 93,662 5 119,062 5 144,462 5 169,862 5 195,262 5 220,662 5 246,062 5 271,462 5 296,862 5
45/64 .703 125 17,859 4 43,259 4 68,659 4 94,059 4 119,459 4 144,859 4 170,259 4 195,659 4 221,059 4 246,459 4 271,859 4 297,259 4
23/32 .718 75 18,256 2 43,656 2 69,056 2 94,456 2 119,856 2 145,256 2 170,656 2 196,056 2 221,456 2 246,856 2 272,256 2 297,656 2
47/64 .734 375 18,653 1 44,053 1 69,453 1 94,853 1 120,253 1 145,653 1 171,053 1 196,453 1 221,853 1 247,253 1 272,653 1 298,053 1
3/4 .75 19,050 0 44,450 0 69,850 0 95,250 0 120,650 0 146,050 0 171,450 0 196,850 0 222,250 0 247,650 0 273,050 0 298,450 0
49/64 .765 625 19,446 9 44,846 9 70,246 9 95,646 9 121,046 9 146,446 9 171,846 9 197,246 9 222,646 9 248,046 9 273,446 9 298,846 9
25/32 .781 25 19,843 8 45,243 8 70,643 8 96,043 8 121,443 8 146,843 8 172,243 8 197,643 6 223,043 8 248,443 8 273,843 8 299,243 8
51/64 .796 875 20,240 6 45,640 6 71,040 6 96,440 6 121,840 6 147,240 6 172,640 6 198,040 6 223,440 6 248,840 6 274,240 6 299,640 6
13/16 .812 5 20,637 5 46,037 5 71,437 5 96,837 5 122,237 5 147,637 5 173,037 5 198,437 5 223,837 5 249,237 5 274,637 5 300 037 5
53/64 .828 125 21,034 4 46,434 4 71,834 4 97,234 4 112,634 4 148,034 4 173,434 4 198,834 4 224,234 4 249,634 4 275,034 4 300,434 4
27/32 .843 75 21,431 2 46,831 2 72,231 2 97,631 2 123,031 2 148,431 2 173,831 2 199,231 2 224,631 2 250,031 2 275,431 2 300,831 2
55/64 .859 375 21,828 1 47,228 1 72,628 1 98,028 1 123,428 1 148,828 1 174,228 1 199,628 1 225,028 1 250,428 1 275,828 1 301,228 1
7/8 .875 22,225 0 47,625 0 73,025 0 98,425 0 123,825 0 149,225 0 174,625 0 220,025 0 225,425 0 250,825 0 276,225 0 301,625 0
57/64 .890 625 22,621 9 48,021 9 73,421 9 98,821 9 124,221 9 149,621 9 175,021 9 200,421 9 225,821 9 251,221 9 276,621 9 302,021 9
29/32 .906 25 23,018 8 48,418 8 73,818 8 99,218 8 124,618 8 150,018 8 175,418 8 200,818 8 226,218 8 251,618 8 277,018 8 302,418 8
59/64 .921 875 23,415 6 48,815 6 74,215 6 99,615 6 125,015 6 150,415 6 175,815 6 201,215 6 226,615 6 252,015 6 277,415 6 302,815 6
15/16 .937 5 23,812 5 49,212 5 74,612 5 100,012 5 125,412 5 150,812 5 176,212 5 201,612 5 227,012 5 252,412 5 277,812 5 303,212 5
61/64 .953 125 24,209 4 49,609 4 75,009 4 100,409 4 125,809 4 151,209 4 176,609 4 202,009 4 227,409 4 252,809 4 278,209 4 303,609 4
31/32 .968 75 24,606 2 50,006 2 75,406 2 100,806 2 126,206 2 151,606 2 177,006 2 202,406 2 227,806 2 253,206 2 278,606 2 304,006 2
63/64 .984 375 25,003 1 50,403 1 75,803 1 101,203 1 126,603 1 152,003 1 177,403 1 202,803 1 228,203 1 253,603 1 279,003 1 304,403 1
209
PREFIXOS DECIMAIS DO SI
TABELA DE CONVERSÃO
milímetro-polegada polegada-milímetro
Exemplos:
Converter 73,832 mm em polegadas Converter 2.5743” em milímetros
70.0 — 2.7559 2.0000 — 50.80 milímetros
3.0 — 0.11811 .5000 — 12.70
0.8 — 0.03150 .0700 — 1.778
0.03 — 0.00118 .0040 — 0.1016
0.002 — 0.000079 .0003 — 0.00762
73.832 — 2.906769 2.5743 — 65.38722
210
FATORES DE CONVERSÃO DE UNIDADES
211