Embriologia

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FACULDADE INTEGRADA CETE - FIC

CURSO DE FARMÁCIA

MARIA CLARA RAMOS DE ALMEIDA

EMBRIOLOGIA:
FERTILIZAÇÃO IN VITRO, TRANSFERÊNCIA DE EMBRIÕES E
INJEÇÃO INTRACITOPLASMÁTICA DE ESPERMATOZOIDES

GARANHUNS
2023

FERTILIZAÇÃO IN VITRO
E TRANSFERÊNCIA DE EMBRIÕES

A Fertilização in Vitro (FIV) é um tratamento de reprodução humana assistida


que consiste em realizar a fecundação do óvulo com o espermatozoide em ambiente
laboratorial, formando embriões que serão cultivados, selecionados e transferidos para o
útero. Trata-se de uma importante alternativa para casais com dificuldades para
engravidar, que apresentam alguma condição genética que pode ser passada para o bebê
ou para casais homoafetivos.
A Reprodução Humana Assistida teve início na Inglaterra em 1978, quando
nasceu o primeiro bebê de proveta. A primeira FIV foi realizada pelos doutores Patrick
Steptoe e Robert Edwards na Inglaterra e em 25 de julho de 1978 nasceu a primeira
criança, Louise Brown, concebida pela Fertilização In Vitro. Desde então, milhares de
casais realizaram o sonho da maternidade com a ajuda e o avanço da medicina. O
primeiro bebê de proveta nascido na América Latina foi brasileiro. Aconteceu em 1984,
em São José dos Pinhais, no Paraná.

 Principais indicações da Fertilização in Vitro

O procedimento é indicado nos seguintes casos:

- Ausência, bloqueio total ou parcial das trompas;


- Idade avançada da mulher;
- Distúrbios na ovulação;
- Endometriose;
- Falência ovariana;
- Infertilidade sem causa aparente;
- Baixa contagem de espermatozoides (menos de 5 milhões/ml);
- Problemas de motilidade ou morfologia nos espermatozoides;
- Ausência de gametas no sêmen;
- Para casais homoafetivos que desejam ter filhos biológicos;
- Quando os tratamentos de baixa complexidade não foram efetivos.

 Processo de fertilização in vitro


Primeira etapa: Estimulação ovariana
A estimulação dos ovários é o primeiro procedimento realizado na FIV. O
processo é feito por meio de medicamentos injetáveis que aumentam as doses do
hormônio folículo estimulante (FSH) no organismo da mulher. Dessa forma, é possível
recrutar um número maior e potencializar a capacidade fértil da mulher. Os
medicamentos são administrados por meio de injeções subcutâneas ou por via oral. A
dosagem ideal para cada caso é determinada pelo especialista em reprodução humana,
considerando a idade, peso e número de folículos ovarianos da paciente. O crescimento
dos folículos é acompanhado através de ultrassons seriados. Quando o folículo atinge
um tamanho adequado, é administrado um medicamento à base do hormônio
gonadotrofina coriônica humana (HCG) para amadurecer os óvulos e induzir a
ovulação. Existem diversos protocolos de estímulo ovariano que variam conforme a
causa de infertilidade tratada com a FIV. O especialista em reprodução humana
escolherá aquele que oferecer a melhor taxa de sucesso para o casal em tratamento. O
tempo de duração da estimulação ovariana varia de 9 a 12 dias, em média.

Segunda etapa: Punção ovariana


O objetivo desse procedimento é obter os óvulos existentes dentro dos folículos
dos ovários após a fase de estimulação. É preferencialmente agendado entre 34 e 36
horas após a injeção do hormônio HCG. A captação dos óvulos é realizada com a
paciente em sedação endovenosa sendo que também são administrados remédios para
aliviar a dor. Como dito anteriormente, o procedimento é feito por meio de punção
ovariana com uma agulha guiada por ultrassom transvaginal. O líquido proveniente dos
folículos é coletado em diversos tubos de ensaio que aguardam o conteúdo em banho-
maria. Em seguida, o material é entregue para a equipe de embriologistas para análise. É
possível coletar uma quantidade significativa de óvulos em um período aproximado de
30 minutos. Na sequência, os óvulos são colocados em um líquido nutritivo (chamado
de meio de cultura) e mantidos em estufa até o momento ideal para realizar a
Fertilização in Vitro.

Terceira etapa: fecundação dos óvulos


Consiste em colocar, em laboratório, os óvulos em contato com a amostra de
sêmen processada do parceiro ou de um doador. Existem duas formas de realizar esse
processo:
- FIV convencional: consiste em depositar cada um dos óvulos obtidos na punção em
gotas de sêmen previamente preparado, para simular o processo natural de fecundação
na placa de cultivo.
- ICSI: consiste na introdução de um espermatozoide selecionado em um óvulo maduro
a fim de conseguir sua fertilização.
Os óvulos e os espermatozoides são mantidos em um meio de cultura e, depois da
fecundação, são colocados em incubadoras para que o embrião formado se desenvolva
por alguns dias.

Quarta etapa: Cultura de blastocistos


Após a fertilização do óvulo pelo espermatozoide, o embrião gerado divide-se
rapidamente e aumenta seu número de células. Com essa expansão na quantidade de
células, o embrião fica mais compactado e agrupa cada vez mais células. O atingimento
da fase de blastocisto é fundamental, pois os embriões que estão nesse estágio possuem
maior potencial de implantação no útero e, consequentemente, oferecem maiores taxas
de sucesso. Isso possibilita a seleção natural dos melhores embriões e a transferência de
uma quantidade menor, reduzindo o risco de uma gravidez múltipla.

Quinta etapa: transferência embrionária


A transferência embrionária é uma etapa fundamental para o desenvolvimento
da gestação no útero materno. É nesse momento que pode haver uma maior ou menor
possibilidade de gestação múltipla (possível consequência da transferência de mais de
um embrião), uma vez que podem ser transferidos até três embriões, dependendo da
idade da mulher. O Conselho Federal de Medicina (CFM) determina que o número de
embriões a serem transferidos está limitado à idade da paciente. Quando os óvulos são
doados, considera-se a idade da doadora, não a da receptora. Se os embriões forem de
ótima qualidade, posso transferir apenas um, evitando a gestação múltipla. Essa conduta
depende de uma série de variáveis e do casal. O objetivo do tratamento é uma gestação
única e saudável, minimizando os riscos pertinentes às gestações múltiplas, tanto para
os fetos como para a gestante. É relativamente comum que, ao término do
procedimento, haja embriões excedentes com qualidade para serem congelados. Pela lei,
hoje, o casal não pode descartar esses embriões. Eles devem ser congelados e mantidos
por pelo menos três anos, mas existe a possibilidade da doação.
O procedimento é simples e normalmente ocorre em ambiente ambulatorial. Ou
seja, não é necessária a internação. Inicialmente, a mulher deve ficar em posição
ginecológica, assim como em uma consulta de rotina. Por meio do orifício externo do
colo uterino — o mesmo por onde sai a menstruação — o médico introduz um fino
cateter de plástico flexível. Este primeiro cateter é o cateter guia, e sua função é garantir
que a trajetória dos embriões seja segura até o fundo uterino. É por dentro do cateter
guia que ocorrerá a passagem do segundo cateter, trazendo os embriões. Este segundo,
com calibre ainda menor, é enviado pelo laboratório, contendo um ou mais embriões
suspensos em um meio fluido específico para isso. Ele vem acoplado a uma pequena
seringa, para que esse líquido seja suavemente empurrado para dentro do útero, levando
junto os embriões. A partir desse momento, o embrião deve continuar o seu
desenvolvimento na cavidade uterina e se aderir à parede do útero (endométrio), para
que haja o resultado positivo de gravidez.
Fertilização in vitro (FIV) e procedimento de transferência de embriões.

 Chances de sucesso da FIV


A FIV oferece as maiores taxas de sucesso entre as técnicas de reprodução assistida,
podendo chegar a 40% em um ciclo, dependendo, principalmente, da idade da mulher e
da qualidade do embrião formado. Se houver comprometimento dos gametas e
consequentemente dos embriões, o sucesso pode ficar em torno de 30%. Por essa razão
é importante a individualização do tratamento. Analiso cada caso para propor a conduta
que vai potencializar ao máximo a taxa de sucesso, pois o objetivo maior da FIV é a
gravidez.

 Quais são as possíveis complicações da FIV?


Existem alguns riscos ligados à Fertilização in Vitro que devem ser considerados
pelas pacientes antes de iniciar o tratamento. As complicações mais comuns são:

- Síndrome da Hiperestimulação Ovariana:


A síndrome pode acontecer devido aos altos níveis hormonais produzidos pelos
folículos em crescimento após a coleta de óvulos, quando há grande quantidade de
óvulos coletados, ou em pacientes com maior sensibilidade a elevação dos níveis
hormonais. Entretanto, isso ocorre em apenas 2% dos casos.
Os principais sintomas da condição são:
- Dor abdominal leve;
- Inchaço;
- Náuseas;
- Vômitos.
Os sinais costumam durar uma semana, no entanto, quando a mulher engravida, os
sintomas da síndrome podem se prolongar, pois a gestação mantém os níveis de HCG
elevados. O desenvolvimento de um quadro grave da Síndrome de Hiperestimulação
Ovariana é raro, entretanto, é essencial comunicar o ginecologista tão logo perceba os
sintomas. É importante enfatizar que os riscos de hiperestimulo podem ser minimizados
com protocolos específicos de estímulo ovariano e congelamento de embrião para
transferência em cenário posterior.

- Gestações múltiplas
A Fertilização in Vitro aumenta o risco de gestações múltiplas (gêmeos,
trigêmeos e até mais crianças) por conta da potencialização dos óvulos produzidos
durante o ciclo menstrual. Contudo, o Conselho Federal de Medicina (CFM)
estabeleceu algumas regras para determinar a quantidade limite de embriões que podem
ser transferidos, reduzindo, assim, as chances de uma gravidez múltipla. São elas:
- Dois embriões por tentativa para as pacientes com até 37 anos;
- Três embriões por tentativa para as pacientes com mais de 37 anos;
- Em caso de embriões euploides ao diagnóstico genético, até dois embriões,
independentemente da idade.

Injeção intracitoplasmática de espermatozoides


A injeção intracitoplasmática de espermatozoide (ICSI) é um método de
fecundação avançada que se tornou uma alternativa revolucionária, uma vez que oferece
alta taxa de concepção para homens que inicialmente eram diagnosticados com
infertilidade irreversível ou intratável. Em resumo, a ICSI é definida como um
aprimoramento da fertilização in vitro clássica, porém, é considerada um dos
tratamentos de reprodução assistida.

O procedimento de injeção intracitoplasmática de espermatozoide (ICSI), como


o nome já indica, consiste em injetar o espermatozoide selecionado diretamente em um
óvulo maduro por meio de uma agulha extremamente fina, conduta guiada pelo
embriologista com auxílio de microscópio. Após o período que varia de 17 a 21 horas, a
fertilização é verificada, ou seja, se os embriões estão se desenvolvendo (clivagem) para
que, posteriormente, os melhores sejam transferidos para o útero da mulher ou da
pessoa que vai gestar o bebê. Como a ICSI é um processo feito via laboratório, a
primeira etapa é a estimulação da produção dos gametas na mulher e no homem. A
etapa seguinte é coletá-los e avaliá-los. No caso dos homens, a análise tem o objetivo de
certificar a presença de espermatozoides no sêmen, bem como selecionar os mais
capacitados.
A injeção intracitoplasmática de espermatozoide é uma das soluções para casos
de infertilidade masculina nas quais os outros métodos de tratamento exigem uma
determinada quantidade de espermatozoides

Outras indicações da ICSI são:


- Causas de infertilidade masculina severas, obstrutiva ou não obstrutiva, como a
vasectomia prévia, a oclusão inflamatória, a ausência congênita do ducto deferente e a
insuficiência testicular, que levam a ausência de espermatozoides no ejaculado.
Além da injeção intracitoplasmática de espermatozoide (ICSI) fazem parte das
técnicas de alta complexidade: injeção de espermatozoide morfologicamente
selecionado (IMSI), birrefringência da zona pelúcida, visualização do fuso meiótico,
assisted hatching (eclosão assistida) e diagnóstico genético pré implantacional
(PGD/PGS), que são consideradas tecnologias e procedimentos complementares.

REFERÊNCIAS

ADRIANA DE GOES. Fertilização in vitro (FIV). Disponível em:


https://adrianadegoes.med.br/fertilizacao-in-vitro-fiv/. Acesso em: 28 set. 2023.
CEFERP. Entenda como funciona a transferência do embrião. Disponível em:
https://ceferp.com.br/blog/transferencia-do-embriao/. Acesso em: 28 set. 2023.
CONCEBER. INJEÇÃO INTRA-CITOPLASMÁTICA DE ESPERMATOZÓIDE
(ICSI). Disponível em: https://www.clinicaconceber.com.br/tratamentos/injecao-intra-
citoplasmatica-de-espermatozoide-icsi/#:~:text=O%20procedimento%20de%20inje
%C3%A7%C3%A3o%20intracitoplasm%C3%A1tica,embriologista%20com%20aux
%C3%ADlio%20de%20microsc%C3%B3pio.. Acesso em: 28 set. 2023.
IVI. Fertilização In Vitro (FIV). Disponível em: https://ivi.net.br/tratamentos-
reproducao-assistida/fertilizacao-in-vitro/. Acesso em: 28 set. 2023.
MATER PRIME. Fertilização In Vitro (FIV). Disponível em:
https://materprime.com.br/tratamentos/fertilizacao-in-vitro/. Acesso em: 28 set. 2023.

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