Aula 3

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ANATOMIA HUMANA

AULA 3

Prof. Willian Barbosa Sales


CONVERSA INICIAL

Abordaremos, nesta aula, a composição anatômica do sistema


circulatório, sistema linfático e sistema respiratório. Cada um desses sistemas
possui sua peculiaridade, com órgãos envolvidos e interligados para garantia do
funcionamento e equilíbrio corporal.
Quando falamos de sistema circulatório, devemos ter em mente um dos
seus principais órgãos, o coração, que funciona para transportar o sangue, rico
em oxigênio e nutrientes, a todas as células do corpo, bem como para promover
a retirada de componentes tóxicos do organismo, através da circulação. Por sua
vez, o sistema linfático trabalha em homeostasia com o sistema circulatório, pois
o que não é carreado através da corrente sanguínea é levado via ductos
linfáticos, sendo filtrado e redirecionado à circulação. O sistema respiratório está
totalmente atrelado ao sistema circulatório, um depende do outro para que ocorra
a hematose, ou seja, a troca gasosa. O sistema respiratório fornece oxigênio e
o sistema circulatório transporta esse oxigênio a todas as células do corpo e
conduz o dióxido de carbono até os alvéolos, para sua eliminação através dos
pulmões. O sistema circulatório, juntamente com o sistema respiratório, dá
origem ao aparelho cardiorrespiratório, fundamental para a manutenção da vida,
conforme nos mostra a Figura 1.

Figura 1 – Aparelho cardiorrespiratório

Crédito: Nerthuz/Shutterstock.

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TEMA 1 – SISTEMA CIRCULATÓRIO (PARTE I)

Quando estudamos o sistema circulatório, é de fundamental importância


a compreensão de sua função básica, que é a de levar material nutritivo e
oxigênio a todas as células do nosso corpo, através do sangue. Esse sistema é
formado pelas veias e artérias que fazem a condução do sangue e pelo coração,
que é considerado como uma bomba contrátil propulsora, promovendo a
circulação do sangue por todo o sistema.
O coração é o principal órgão do sistema e possui três camadas de tecido
importantes: o endocárdio, que forra suas câmaras internas; o miocárdio,
camada média e com maior força de contração; e, externamente, uma camada
serosa, o epicárdio. Revestindo todo o coração externamente ainda existe um
saco fibroso-seroso, conhecido como pericárdio. Entre ele e o coração há um
líquido de espessura capilar que permite o deslizamento do coração, durante as
contrações.
O coração humano possui a forma de um cone truncado e apresenta uma
base, um ápice e faces: esternocostal, diafragmática e pulmonar. O coração está
localizado na cavidade torácica, em um espaço denominado mediastino.
Internamente, o coração é dividido em quatro câmaras, dois átrios e dois
ventrículos. A passagem do sangue ocorre de forma unidirecional, dos átrios
para os ventrículos. Do lado direito do coração existe a valva tricúspide, entre o
átrio e o ventrículo, para evitar o refluxo do sangue durante a contração do
ventrículo para o átrio. Já no seu lado esquerdo acha-se a valva mitral ou
bicúspide, entre o átrio e o ventrículo.
Na base do coração encontram-se os chamados grandes vasos da base,
através dos quais o sangue entra e sai do coração. E são esses grandes vasos
que permitem a interligação entre coração e pulmão. São eles, no átrio direito:
veia cava superior, veia cava inferior; no ventrículo direito: artéria
troncopulmonar; no átrio esquerdo: veias pulmonares; e, no ventrículo esquerdo:
artéria aorta. Na saída dos ventrículos existem valvas em formato de bolso para
garantir que o fluxo sanguíneo seja unidirecional e não retorne sangue para
dentro do ventrículo: a valva troncopulmonar, no ventrículo direito, e a valva
aórtica no ventrículo esquerdo (Figura 2).

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Figura 2 – Morfologia interna do coração

Crédito: Blamb/Shutterstock.

O sistema circulatório possui dois tipos principais de circulação do


sangue. A circulação pulmonar, também conhecida como pequena circulação,
tem início no ventrículo direito, onde o sangue é carregado para os pulmões,
sofre a hematose – ou seja, a troca gasosa – e retorna ao átrio esquerdo. Já a
circulação sistêmica ou grande circulação começa no ventrículo esquerdo, de
onde o sangue é carregado, rico em oxigênio, para todas as partes do corpo e
depois retorna ao átrio direito do coração.
O coração só consegue carrear o sangue por todo o corpo graças à
sístole, que é a contração, e a diástole, que é o relaxamento de sua musculatura,
mediante ação de um sistema de condução cuja informação é emanada do
nosso sistema nervoso central e chega ao coração através de nervos
específicos, se comunicando com o nó sinoatrial no átrio direito, que por sua vez
encaminha o impulso elétrico para o nó atrioventricular. Na sequência, ocorre a

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sua propagação através dos feixes, pelos ventrículos, promovendo a contração
de átrios e ventrículos de forma ordenada (Figura 3).

Figura 3 – Sistema de condução do coração

Crédito: Ghost design/Shutterstock.

TEMA 2 – SISTEMA CIRCULATÓRIO (PARTE II)

As artérias presentes no corpo humano transportam sangue rico em


oxigênio e sob alta pressão e podem ser classificadas em quatro diferentes tipos,
tomando como base seu tamanho e espessura. Nos livros, elas sempre estão
representadas na cor vermelha, em uma alusão à cor do sangue que carregam.
O sistema circulatório possui artérias de grandes calibres ou elásticas, como a
artéria aorta, artérias de médio calibre, artérias de pequeno calibre e
ramificações menores que são as arteríolas. As arteríolas se conectam com os
capilares sanguíneos, que consistem em um endotélio onde ocorre a troca
gasosa e de metabólitos entre o sangue e o tecido. Sua espessura é tão fina que
permite a passagem de uma hemácia de cada vez. À medida que as artérias se
distanciam do coração em direção às extremidades do corpo, seu calibre diminui.
As veias presentes em nosso corpo fazem sequência aos capilares
sanguíneos, após a troca gasosa e de metabólitos, e carreiam o sangue para o
coração. Esse sangue é rico em dióxido de carbono e, dessa forma, as veias,
nos livros, são representadas na cor azul. À medida que as veias vão se
aproximando do coração, seu calibre vai aumentando. As veias também são

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classificadas: em vênulas ou veias pequenas, veias médias e veias grandes,
como a veia cava. As veias presentes nos membros inferiores possuem dentro
do seu vaso as válvulas, que são formadas por pregas membranosas da camada
interna da veia, em formato de bolso, cuja principal função é garantir que o fluxo
sanguíneo seja contínuo em direção ao coração. Como o retorno venoso ocorre
sob baixa pressão, em membros inferiores, para dar conta da gravidade utilizam-
válvulas como auxílio (Figura 4).

Figura 4 – Veias e artérias

Crédito: Studio BKK/Shutterstock.

TEMA 3 – SISTEMA LINFÁTICO

O sistema linfático é composto por vasos, nos quais circulam a linfa, ou


seja, o líquido que fica por entre as células, responsável por carrear partículas
grandes que não conseguiram ser transportadas pelos capilares sanguíneos. Na
grande maioria dos livros de anatomia, o sistema linfático é representado pela
coloração verde. Ele é composto pelos vasos linfáticos, linfonodos, linfa e órgãos
linfáticos, conforme a Figura 5.

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Figura 5 – Sistema linfático

Crédito: VectorMine/Shutterstock.

Ao contrário do sistema circulatório, o sistema linfático não possui uma


bomba propulsora como o coração, para carreamento da linfa. Para que a linfa
seja transportada até os grandes troncos venosos, ela é deslocada pela
contração dos músculos durante a movimentação, pulsação das artérias e
através das válvulas. A linfa é um líquido levemente amarelado, muito
semelhante ao plasma, e contém células de defesa, os linfócitos. A linfa
transportada passa pelos linfonodos, que possuem a função de filtrar a linfa,

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retirando-lhe partículas tóxicas, bactérias, antes de ela desembocar no sistema
venoso.
O sistema linfático age diretamente no sistema imunológico, protegendo
o corpo contra infecções por meio da ativação de mecanismos bastante precisos
de defesa, os glóbulos brancos. Os principais órgãos do sistema linfático são as
tonsilas (um tecido linfático da cavidade oral), o timo, o baço e a medula óssea.

TEMA 4 – SISTEMA RESPIRATÓRIO (PARTE I)

Ao pensar no sistema respiratório, devemos ter em mente que ele é


responsável por uma das principais funções para a manutenção da vida, a
respiração. Seus órgãos são adaptados para captação do oxigênio e eliminação
do dióxido de carbono. O sistema respiratório é composto pela porção de
condução, ou seja, com órgãos adaptados para realizarem a condução do ar,
nariz, faringe e laringe; e pela porção de respiração, com órgãos responsáveis
pela troca gasosa, os pulmões e a árvore brônquica como um todo, conforme a
Figura 6.

Figura 6 – Sistema respiratório

Crédito: Alila Medical Media/Shutterstock.

Na porção de condução, dentro do nariz existem as conchas nasais,


revestidas por tecido mucoso, cuja principal função, além da condução do ar, é
aquecer, umidificar e purificar o ar inspirado. A faringe é associada aos sistemas
respiratório e digestório, pois, quando inspiramos o ar, ela o direciona para a
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traqueia; quando nos alimentamos, durante o processo da deglutição, ela obstrui
a entrada da traqueia, conduzindo o alimento para o esôfago. A laringe, além de
promover o direcionamento do ar, é o nosso órgão da fala, ou seja, o órgão da
fonação.

TEMA 5 – SISTEMA RESPIRATÓRIO (PARTE II)

Composta por diversos anéis cartilaginosos incompletos, em forma da


letra C, e diversos ligamentos anulares interpostos aos anéis, temos a traqueia.
Esses anéis impedem que ela colabe, ou seja, se feche e com isso impeça a
chegada de ar até os pulmões. A traqueia se divide em dois brônquios principais
(direito e esquerdo). Na sequência, cada brônquio se divide em brônquios
lobares, indo para os lobos dos pulmões. Dentro de cada lobo, os brônquios se
dividem em brônquios segmentares, bronquíolos e, por fim, terminam nos
alvéolos, unidades funcionais dos pulmões onde a hematose (troca gasosa)
ocorre. A sequência de divisões dos brônquios dá origem ao que conhecemos
como árvore brônquica, conforme a Figura 7.

Figura 7 – Árvore brônquica e pulmões

Crédito: VectorMine/Shutterstock.

Envolvendo toda a estrutura da árvore brônquica, existem os pulmões,


órgãos principais do processo de respiração. Cada pulmão está revestido por um
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saco seroso fechado, que protege a pleura. Anatomicamente, os pulmões
possuem uma forma cônica, apresentando ápice, base e faces. A base descansa
sobre o principal músculo relacionado à respiração, o músculo diafragma. Este
músculo separa o tórax do abdome.
O pulmão direito é dividido em lobos: superior, médio e inferior. Já o
pulmão esquerdo é também dividido em lobos: superior e inferior. Essa diferença
ocorre pela posição anatômica do coração, cujo ápice está inclinado para o lado
esquerdo. Na face medial de cada pulmão, existe uma região chamada de hilo
pulmonar, através do qual os brônquios, vasos e nervos entram e saem dos
pulmões.

NA PRÁTICA

Um homem de 75 anos, hipertenso sem tratamento contínuo, é


encaminhado ao ambulatório de cardiologia de uma unidade básica de saúde,
onde relata história progressiva de dispneia (falta de ar), mesmo ao realizar
pouco esforço. Ele conta que acorda várias vezes com falta de ar, durante a
noite. A radiografia de seu tórax apresenta importante cardiomegalia
(crescimento do coração em proporções anormais) e congestão pulmonar
(acúmulo de líquido nos pulmões, diminuindo a eficácia da troca gasosa). Com
base na história clínica do paciente e no abordado ao longo da aula, qual a
relação entre sistema circulatório e sistema respiratório, nesse caso?
(A sugestão de resposta encontra-se ao final deste documento).

FINALIZANDO

Nesta aula, foi abordado o conteúdo de três grandes sistemas. O sistema


circulatório, composto por veias, artérias, capilares e cujo principal órgão, o
coração, funciona como uma bomba contrátil propulsora que, durante sua
contração e relaxamento, ou seja, sístole e diástole, impulsiona o sangue, rico
em nutrientes, para todo o corpo.
O sistema linfático transporta a linfa, ou seja, o líquido intercelular ou
intersticial, rico em substâncias que não passaram pelos capilares sanguíneos,
mas que podem conter microrganismos, toxinas e substâncias estranhas que
serão filtradas pelos linfonodos, antes de serem devolvidas à corrente
sanguínea. Ou seja, o sistema linfático possui uma relação muito importante com

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o sistema imunológico, via órgãos linfáticos como timo, tonsilas, baço e medula
óssea.
E, por fim, o sistema respiratório promove a hematose, ou seja, a troca
gasosa, através do mecanismo de respiração, pelo qual inspiramos oxigênio e
expiramos dióxido de carbono. Essa troca só é possível através das conexões
bastante precisas existentes entre o sistema circulatório e o sistema respiratório.

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REFERÊNCIAS

DIMON, T. Anatomia do corpo em movimento: ossos, músculos e


articulações. 2. ed. Barueri: Manole, 2010.

DUGANI, S. et al. Anatomia clínica: integrada com exame físico e técnicas de


imagem. Tradução: Maria de Fátima Azevedo. 1. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2017.

LAROSA, P. R. R. Anatomia humana: texto e atlas. 1. ed. Rio de Janeiro:


Guanabara Koogan, 2018.

MOORE, K. L.; DALLEY, A. F.; AGUR, A. M. R. Anatomia orientada para a


clínica. Tradução: Cláudia Lúcia Caetano de Araújo. 7. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2018.

PEZZI, L. A. P. et al. Anatomia clínica baseada em problemas. 2. ed. Rio de


Janeiro: Guanabara Koogan, 2017.

TORTORA, G. J.; NIELSEN, M. T. Princípios de anatomia humana. Tradução:


Alexandre Werneck e Cláudia Lúcia Caetano de Araújo. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2017.

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RESPOSTAS

Gabarito “Na Prática”

Ambos os sistemas estão interligados. O sistema circulatório está


conectado ao sistema respiratório, através dos grandes vasos da base (artérias
pulmonares e veias pulmonares), para realizar a hematose a nível pulmonar. O
sistema respiratório fornece oxigênio e o sistema circulatório transporta esse
oxigênio a todas as células do corpo e conduz o dióxido de carbono até os
alvéolos, para sua eliminação através dos pulmões. Se o coração crescer de
forma anormal, irá perder força de contração; consequentemente, isso irá
influenciar na circulação, o que acarretará sobrecarga nos pulmões, dificultando
a hematose e promovendo todos os sinais apresentados pelo paciente.

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