Aula - Trincas e Ensaios de Fissuração
Aula - Trincas e Ensaios de Fissuração
Aula - Trincas e Ensaios de Fissuração
Disciplina: SOLDAGEM
Anápolis –GO
Associação Educativa Evangélica
CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA
Disciplina: SOLDAGEM
OBJETIVOS:
• Apresentar alguns ensaios de fissuração aplicados para determinação de
qualidade e controle de processos de soldagem.
Associação Educativa
Evangélica
CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA
Disciplina: SOLDAGEM
REFERÊNCIAS:
Básica:
MODENESI, P. J. ; MARQUES, P. V.; SANTOS, D. B. Introdução à Metalurgia da Soldagem.
Universidade Federal de Minas Gerais - Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais.
Belo Horizonte, 2012. Disponível em https://demet.eng.ufmg.br/wp-
content/uploads/2012/10/metalurgia.pdf, acessado em 03 de Maio de 2023.
Complementar
-Esta forma de fissuração pode ocorrer em associação a todos os processos de soldagem conhecidos e,
também, com processos de fundição.
-A superfície da trinca, quando observada com o microscópio eletrônico de varredura (MEV), apresenta
uma aparência "dendrítica" típica, associada frequentemente com filmes de segregação.
-O problema pode ocorrer na soldagem da maioria das ligas usadas industrialmente. Contudo, algumas
são particularmente sensíveis: aços cromo-níquel com estrutura de solidificação completamente
austenítica, ligas de alumínio com silício (0 - 1,5%Si), cobre (0,5 - 5,0%Cu) ou magnésio (1,0 - 4,0 %Mg),
ligas de cobre contendo bismuto ou chumbo, bronze de alumínio (com cerca 7,5%Al) e ligas de níquel
contendo elementos como Pb, Bi, S, P, Cd, Zr e B.
A chance de formação de trincas aumenta com o nível de restrição da junta. Entende-se, como
nível de restrição, a maior ou menor falta de liberdade que os membros da junta têm para se
mover e acomodar as tensões resultantes da soldagem. O nível de restrição aumenta com a
espessura da junta e com uma maior rigidez da montagem.
A forma da poça de fusão e o seu padrão de solidificação também influenciam a sensibilidade à
fissuração. Condições de solidificação que levem ao crescimento dos grãos colunares para o interior
da poça, favorecem o aparecimento de trincas. Essas condições ocorrem em cordões de elevada
relação penetração/largura, com formato de sino ou de acabamento côncavo. O efeito está ligado,
como ocorre em fundição, à menor facilidade de partes da poça de fusão serem alimentadas com
metal líquido nas etapas finais da solidificação.
Como discutido anteriormente, pode-se associar a formação de uma trinca de solidificação com dois
fatores básicos: incapacidade do material deformar-se e presença de esforços de tração, causando
tensões que eventualmente podem ultrapassar a capacidade de resistência do material.
Uma fragilização pode ocorrer nas etapas finais do processo de solidificação, quando os grãos ainda estão
largamente separados por filmes de material líquido, existindo apenas poucos pontos de contato entre os
grãos(6.4). Nestas condições, o material é incapaz de se deformar apreciavelmente, apresentando,
contudo, alguma resistência mecânica (figura 6.7). A temperatura na qual o material passa a possuir
resistência mecânica, ao final da solidificação, é conhecida como temperatura coerente.
Ocorre principalmente na ZTA, na região de crescimento de grão, mas pode também ocorrer na zona
fundida.
A fissuração pelo hidrogênio é causada quando ocorrem simultaneamente 3
fatores:
(a) Presença de hidrogênio na região da solda,
(b) Formação de microestrutura de elevada dureza, capaz de ser fortemente
fragilizada pelo hidrogênio,
(c) Solicitação de tensões residuais e externas.
Para minimizar a chance de fissuração, deve-se atuar nos fatores acima, por
exemplo, através da seleção de um material menos sensível, da redução
no nível de tensões, da seleção do processo de soldagem e do controle da
velocidade de resfriamento.
Durante a soldagem, o hidrogênio proveniente de moléculas de material
orgânico e umidade que são dissociadas no arco é absorvido pela poça de
fusão, ficando em solução na solda após a solidificação.
O hidrogênio difunde-se rapidamente no aço, atingindo regiões da ZF e,
principalmente, da ZTA cuja microestrutura é fortemente fragilizada pela
sua presença.
Com a ocorrência de tensões de tração (residuais e externas), fissuras podem
ser formadas.
Microestruturas de elevada dureza, particularmente a martensita, são, em geral,
mais sensíveis à fissuração pelo hidrogênio.
Fórmulas de carbono-equivalente, que representam o efeito dos diversos
elementos de liga, na temperabilidade, em termos de seu teor equivalente de
carbono, servem para avaliar a sensibilidade do metal base à fissuração pelo
hidrogênio. Uma fórmula de carbono-equivalente muito usada é:
Um critério simples, baseado nesta fórmula, considera que, se CE < 0,4, o aço é insensível
à fissuração e, se CE > 0,6, o material é fortemente sensível, exigindo técnicas especiais
de soldagem, por exemplo, o uso de processos de baixo nível de hidrogênio e de pré-
aquecimento.
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Decoesão Lamelar
A decoesão lamelar, ou trinca lamelar, é uma forma de fissuração que ocorre no metal base
(e às vezes na ZTA), em planos que são essencialmente paralelos à superfície da chapa.
Estas trincas ocorrem tipicamente em soldas de vários passes em juntas em T feitas em
chapas ou placas laminadas de aço com espessura entre cerca de 12 e 60mm.
Na análise macrografica, a trinca lamelar apresenta uma aparência típica em degraus. Esta
aparência está associada com o seu mecanismo de formação, que está ligado à decoesão ou
fissuração de inclusões alongadas, quando o metal base é submetido a tensões de tração no
sentido da espessura (direção Z).
Os vazios formados crescem e se unem por rasgamento plástico da matriz entre as inclusões
ao longo de planos horizontais e verticais, resultando na sua morfologia característica.
As características das inclusões não metálicas no metal base é a variável de maior
influência na formação da trinca lamelar.
Como resultado do processo de laminação, uma chapa ou placa de aço possui uma
certa quantidade de inclusões alongadas. Inclusões de sulfeto e, em menor grau, as
inclusões de silicato são os tipos mais deformáveis e, portanto, capazes de se
apresentarem numa forma alongada. Estas inclusões prejudicam fortemente a
dutilidade na direção Z, tendo um efeito muito menor nas outras direções.
Assim, a medida mais comum para evitar a formação de trincas lamelares é o uso de
um metal base com boas propriedades na direção Z, em juntas que apresentam
condições favoráveis à sua formação. Isto é conseguido principalmente pela redução do
teor de enxofre no aço e/ou pela adição de certos elementos de liga que tendem a
tornar as inclusões menos deformáveis.
O ensaio de tração de um corpo de prova retirado na direção Z pode ser utilizado para
avaliar a sensibilidade à decoesão de um aço, sendo a redução de área (RA) o
parâmetro mais usado nesta avaliação. Considera-se comumente que, se RA for
superior a 30%, o material não é sensível ao problema; se RA estiver entre 20 e 30%, o
material é pouco sensível e, finalmente, para RA inferior a 20%, o material é
considerado fortemente sensível.
Outras medidas para minimizar a ocorrência de trincas lamelares são baseadas
principalmente em mudanças no projeto da junta ou no procedimento de soldagem.
Exemplos de mudanças no projeto da junta compreendem:
- redução do volume de metal depositado por mudança da geometria da junta.
-redução do nível de tensões na direção z por troca da peça a ser chanfrada ou por
alteração da configuração da junta,
-substituição local da chapa laminada por um material insensível ao problema, por
exemplo, uma peça forjada.
Vários ensaios fornecem resultados apenas qualitativos (do tipo “trinca/não trinca”). Outros ensaios
fornecem resultados quantitativos, contudo, na maioria dos casos, estes resultados não podem ser
usados diretamente para prever se trincas poderão se formar durante a soldagem de uma estrutura real.
Apesar destas limitações, ensaios de fissuração são usados em diferentes aplicações, por exemplo,
incluindo a seleção de materiais para soldagem, o desenvolvimento de um procedimento de soldagem, a
homologação de consumíveis de soldagem e estudos mais acadêmicos dos mecanismos que controlam
uma certa forma de fissuração.
Alguns ensaios são bastante simples, podendo ser realizados em qualquer oficina e com equipamentos ou
ferramentas de baixo custo. Consistem em realizar uma solda em uma junta simples e, depois, rompê- la
de alguma forma e examinar a superfície de fratura para se determinar a presença de escontinuidades de
soldagem, inclusive trincas. Devido à sua simplicidade, os ensaios em juntas simples são comumente
requeridos em normas de fabricação ou em especificações de consumíveis de soldagem.
Outros ensaios utilizam uma junta especial capaz de gerar, na solda, tensões transientes
e residuais que podem levar à formação de trincas. Como estas tensões se originam da
própria montagem, este tipo de ensaio é comumente chamado de ensaio auto-
restringido.
Finalmente, existem ensaios nos quais a solicitação é imposta por um dispositivo externo
que aplica uma
carga ou deformação controlada ao corpo de prova, durante ou após a soldagem. São
conhecidos como testes com restrição externa. A tabela 6.II lista alguns dos ensaios
de fissuração citados na literatura. Uma descrição destes ensaios e de vários outros
pode ser encontrada no livro de Stout e Doty(6.6). A seguir, alguns ensaios selecionados
de cada um dos tipos definidos acima serão discutidos de forma resumida.
Ensaio CTS:
Este ensaio foi concebido para avaliar a sensibilidade de aços à fissuração (pelo hidrogênio) em
condições de resfriamento que são controladas pela espessura das chapas usadas na montagem
do corpo de prova e pelo número de caminhos disponíveis para o escoamento do calor de soldagem.
O corpo de prova consiste de duas chapas, uma quadrada (chapa de topo, de espessura t) e a outra
retangular (chapa de base, de espessura b), unidas por um parafuso de 12,5mm de diâmetro (figura 6.13).
Duas soldas de teste são depositadas em cada corpo de prova. Primeiro deposita-se a solda mostrada à
direita na figura 6.13. Após o corpo de prova se resfriar completamente, a solda à esquerda é depositada.
Esta última apresenta condições mais favoráveis para a difusão do calor de soldagem, apresentando uma
maior velocidade média de resfriamento e, portanto, maior chance de vir a trincar.
Após o corpo de prova permanecer por 72 horas à temperatura ambiente, três amostras metalográficas da
seção transversal de cada solda de teste são retiradas e o comprimento das trincas eventualmente
presentes é medido.
80
15
15
3/8" NF
Ø 6 ± 0,05
Rosca Helicoidal
Passo de 1 mm
40°
0,5 ± 0,05
O ensaio de implante foi modificado por alguns pesquisadores para permitir o seu uso no estudo da fissuração
ao reaquecimento. Para esta aplicação, é ainda necessário, além do sistema de aplicação de carga, de um
sistema para o aquecimento do conjunto (um forno), o qual é usado para simular o tratamento térmico pós
soldagem, e de um sistema de monitoração que é usado para o acompanhamento da evolução da
temperatura e da carga sobre o implante durante o tratamento térmico. Em lugar de se trabalhar com uma
carga constante, é preferível, para este tipo de ensaio, a aplicação de uma deformação constante e a
monitoração do alívio da carga durante o tratamento térmico. A figura 6.17 mostra, de uma forma
esquemática, um dispositivo para o ensaio de implante modificado(6.8). Uma descrição do ensaio de implante
para avaliação da sensibilidade à fissuração pelo hidrogênio de soldas pode ser encontrada, por exemplo, na
norma francesa NF A 89-100.
Ensaio Varestraint:
O ensaio Varestraint foi desenvolvido por Savage e Lundin(6.9) para avaliar quantitativamente a influência
do metal base e de outras variáveis do processo de soldagem na tendência de formação de trincas de
solidificação. Neste ensaio, um nível definido de deformação é aplicado a um corpo de prova durante a sua
soldagem e a quantidade de trincas formadas em torno da poça de fusão naquele instante é,
posteriormente, medida. A deformação é aplicada forçando o corpo de prova a se dobrar, durante a
soldagem, sobre uma matriz de dimensões conhecidas (figura 6.18). A quantidade de deformação na face
da solda é dada por:
► Principais defeitos
Defeitos de juntas soldadas
errada
Defeitos de juntas soldadas
► Porosidade
► Causas: falha ou falta de gás de proteção, eletrodo milhado
► Inclusão de escória
► Falta de penetração
Falta de preenchimento
Porosiade
Falta de penetração
Defeitos de juntas soldadas
► Trincas
► Causas: solidificação muito rápida, contaminação por S e P,
► Trincas
► Fusão incompleta
► Descontinuidades na fusão
Disciplina: SOLDAGEM
RETOMADA DE OBJETIVOS:
• Apresentar alguns ensaios de fissuração aplicados para determinação de
qualidade e controle de processos de soldagem.
Associação Educativa
Evangélica