O documento discute as influências filosóficas na obra de Machado de Assis, especialmente de Montaigne e Pascal. Analisa como Machado se apropriou de ideias desses filósofos para questionar a natureza humana em seus romances, sem adotar necessariamente suas conclusões sobre a redenção cristã. Destaca também influências formais como a estrutura fragmentada dos Ensaios de Montaigne.
O documento discute as influências filosóficas na obra de Machado de Assis, especialmente de Montaigne e Pascal. Analisa como Machado se apropriou de ideias desses filósofos para questionar a natureza humana em seus romances, sem adotar necessariamente suas conclusões sobre a redenção cristã. Destaca também influências formais como a estrutura fragmentada dos Ensaios de Montaigne.
O documento discute as influências filosóficas na obra de Machado de Assis, especialmente de Montaigne e Pascal. Analisa como Machado se apropriou de ideias desses filósofos para questionar a natureza humana em seus romances, sem adotar necessariamente suas conclusões sobre a redenção cristã. Destaca também influências formais como a estrutura fragmentada dos Ensaios de Montaigne.
O documento discute as influências filosóficas na obra de Machado de Assis, especialmente de Montaigne e Pascal. Analisa como Machado se apropriou de ideias desses filósofos para questionar a natureza humana em seus romances, sem adotar necessariamente suas conclusões sobre a redenção cristã. Destaca também influências formais como a estrutura fragmentada dos Ensaios de Montaigne.
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Resumo: Em De Anchieta a Euclides: breve história da literatura brasileira,
José sintonia com a vocação mais íntima de toda a literatura do Ocidente".
Esse nexo entre ficção e filosofia possibilitou à nossa literatura dar um salto significativo de qualidade, mediante a passagem do entretenimento à problematização da existência. Nossa abordagem leva naturalmente à valorização do rendimento estético, menos como atenuante para as dores da vida do que como aspecto potencializado justamente pela entrega a especulações sobre o que fazemos sobre a terra. Em De Anchieta a Euclides: breve história da literatura brasileira, José sintonia com a vocação mais íntima de toda a literatura do Ocidente" . De fato, na obra do autor de Memórias póstumas de Brás Cubas é marcante a presença de Montaigne, Pascal e Schopenhauer, dentre outros pensadores europeus. Em ensaios sobre a obra machadiana, Afrânio Coutinho e Miguel Reale fazem apontamentos acerca da influência desses filósofos nos textos de nosso prosador. Suas pesquisas se aproximam em vários aspectos, dentre os quais se destaca a preocupação com o rendimento estético dos questionamentos filosóficos machadianos. Teríamos a presença das várias filosofias em sua obra ou uma filosofia própria? Segundo Afrânio Coutinho, o pensamento machadiano remete às idéias de Montaigne e Pascal. Ambos têm a mesma visão sobre a natureza humana, no entanto o segundo acreditava haver no homem um germe de bondade, que o levaria à salvação: a redenção cristã. Ao dar um caráter filosófico à literatura, problematizando a existência, Machado faz "o leitor satisfeito de si dar o desespero" . Sua problematização não implica imitação daquilo que vê. Pelo contrário, cria novas realidades a partir daquela que o circunda, contrapondo-se ao caráter mimético do movimento realista. Embora influenciado por Pascal e Schopenhauer, Machado tem uma comunhão maior com a obra do autor dos Ensaios, pois nessa "aprendera a não esquecer que o homem é um animal, sujeito à natureza e a seus caprichos, e não um soberano invulnerável da criação, arrogantemente senhor do seu destino" . É fácil constatar a influência de Montaigne no texto machadiano, tanto no plano filosófico quanto no plano formal. A estrutura fragmentada dos Ensaios é retomada nas memórias, oferecendo ao leitor a possibilidade de observar o todo pela parte. Ainda pensando na estrutura textual, os Ensaios é uma espécie de auto- retrato, similar ao que ocorre no texto de Brás Cubas. Mediante a auto-observação o defuntoautor reflete sobre o homem como um todo. O narrador machadiano se identifica com Montaigne – na medida em que também é um pensador livre – que a partir de suas experiências faz inferências acerca do gênero humano, seus interesses e caprichos. Machado e Montaigne guardam outras características em comum, como a análise das instituições, opiniões, caracteres e costumes. Ambos, cada qual em sua época, questionam o pragmatismo dogmático e investigam a complexidade do homem. Outro fator que os aproxima é o de não se vincularem a qualquer corrente, sendo céticos e, pelo mergulho na alma humana, humanistas. A visão de Montaigne sobre o homem é outro elemento presente no texto machadiano. Em Quincas Borba, a crítica ao comportamento humano é evidente. Agindo para satisfazer seus interesses, o homem se mostra animal ao extremo. Enquanto isso o cão, solidário e fiel, esbanja afetividade e apreço. Da análise da natureza humana resta o questionamento: o homem é desprezível por sua natureza animal ou por ser humano demasiadamente humano? Pascal é outro pensador que exerce relevante influência sobre Machado. Antropofagicamente, o autor se nutre da filosofia pascalina, refutando aquilo que considera desnecessário. Como Montaigne, Pascal pensa o homem como um ser doente e incurável, contudo vislumbra no cristianismo uma possível saída para seus problemas. Machado não partilha dessa cogitação. Para o autor dos Pensamentos, "a miséria e a dubiedade inerentes à natureza humana tinham um remédio transcendente. Machado corrigiu esse aspecto da filosofia de Pascal com a influência do naturalismo e do ceticismo de Montaigne" . Dentro do cabedal de filósofos estudados, destaca-se Pascal, com o texto de quem Machado entrou em contato por intermédio de um amigo francês. Segundo as idéias pascalinas, por serem contraditórios e enigmáticos, os indivíduos não inspiram confiança, portanto jamais se saberá se seus atos são frutos da bondade e da generosidade ou se apenas são oriundos de seus egoísmo e interesse.