Manual SIV 8h
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FICHA TÉCNICA
TÍTULO
Manual de Suporte Imediato de Vida
DESIGN e PAGINAÇÃO
INEM – Instituto Nacional de Emergência Médica
GMC – Gabinete de Marketing e Comunicação
AUTORES
INEM – Instituto Nacional de Emergência Médica
DFEM – Departamento de Formação em Emergência Médica
António Táboas; Clifton Gala; Fábio Vaz; Hélder Ribeiro; Joana Feu; João Lourenço; João Porto; João
Póvoa; Mónica Alves; Nuno Marques; Nuno Pedro; Paula Neto; Pedro Vasconcelos; Rui Marcelino;
Sara Rosado; Sílvia Monteiro
© copyright
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ÍNDICE
ÍNDICE ............................................................................................................................................. 3
I. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 6
1. Curso Suporte Imediato de Vida (SIV) .................................................................................. 6
II. A CADEIA DE SOBREVIVÊNCIA INTRA-HOSPITALAR ............................................................. 8
1. Reconhecer e Prevenir ......................................................................................................... 9
2. Ativar Equipa Emergência .................................................................................................... 9
3. Reanimar - Suporte Básico de Vida (SBV) precoce .............................................................. 9
4. Desfibrilhar - Desfibrilhação precoce ................................................................................... 9
5. Estabilizar - Suporte Avançado de Vida (SAV) precoce e cuidados pós-reanimação ........ 10
III. COMPETÊNCIAS NÃO TÉCNICAS ......................................................................................... 12
1. Introdução .......................................................................................................................... 12
2. Liderança ............................................................................................................................ 12
3. Trabalho de equipa ............................................................................................................ 13
4. Gestão de tarefas ............................................................................................................... 16
IV. CAUSAS E PREVENÇÃO DE PCR .......................................................................................... 18
1. Causas de PCR .................................................................................................................... 18
2. Identificação dos doentes em risco de PCR ....................................................................... 21
3. Equipa Emergência Médica Intra-Hospitalar - EEMI .......................................................... 22
4. Prevenção da PCR............................................................................................................... 23
5. Abordagem ao doente crítico - xABCDE............................................................................. 25
V. ABORDAGEM DA VIA AÉREA .............................................................................................. 28
1. Introdução .......................................................................................................................... 28
2. Causas de obstrução da via aérea ...................................................................................... 28
3. Reconhecimento da obstrução da via aérea...................................................................... 29
4. Permeabilização da via aérea usando técnicas básicas ..................................................... 29
5. Adjuvantes para técnicas básicas da via aérea .................................................................. 31
6. Técnicas de abordagem avançada da via aérea ................................................................. 33
7. Aspiração ............................................................................................................................ 35
VI. VENTILAÇÃO E OXIGENAÇÃO ............................................................................................. 37
1. Insuflador manual .............................................................................................................. 37
2. Ventilação e Oxigénio......................................................................................................... 38
VII. MONITORIZAÇÃO CARDÍACA E RITMOS............................................................................. 40
1. Monitorização cardíaca ...................................................................................................... 40
2. Conceitos básicos de eletrofisiologia ................................................................................. 42
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3. Ritmos de paragem cardíaca .............................................................................................. 42
4. Ritmos em PCR – 1ªAnálise ................................................................................................ 44
VIII. DESFIBRILHAÇÃO ELÉTRICA ................................................................................................ 46
1. Pré-desfibrilhação .............................................................................................................. 46
2. Mecanismo da desfibrilhação elétrica ............................................................................... 47
3. Desfibrilhadores ................................................................................................................. 49
IX. ALGORITMO DE SUPORTE AVANÇADO DE VIDA30 ............................................................. 51
1. Algoritmo de Suporte Avançado de Vida ........................................................................... 52
2. Ritmos desfibrilháveis (fibrilhação ventricular e taquicardia ventricular sem pulso) ....... 53
3. Desfibrilhação..................................................................................................................... 53
4. Compressões torácicas, permeabilização da via aérea e ventilação ................................. 54
5. Acessos vasculares ............................................................................................................. 55
6. Fármacos ............................................................................................................................ 55
7. PCR presenciada em doente monitorizado (intra-hospitalar) ........................................... 56
8. Ritmos não desfibrilháveis (AEsp e assistolia) ................................................................... 57
9. Causas potencialmente reversíveis .................................................................................... 58
10. Deteção de sinais de vida ................................................................................................... 60
11. A decisão de parar a RCP e a verificação do óbito ............................................................. 61
X. REANIMAÇÃO INTRA-HOSPITALAR .................................................................................... 63
1. PCR no contexto intra-hospitalar ....................................................................................... 63
2. Equipa de reanimação ........................................................................................................ 68
I. SIGLAS................................................................................................................................. 70
II. BIBLIOGRAFIA ..................................................................................................................... 71
ÍNDICE DE FIGURAS
Fig. 1 - Cadeia de Sobrevivência Intra-Hospitalar (adaptado de AHA, 2020)33 ..................................... 8
Fig. 2 - Escala de NEWS adaptada de Royal College of Physicians (2012)36 ........................................ 21
Fig. 3 - Permeabilização da VA: Extensão da cabeça e elevação do mento ........................................ 30
Fig. 4 - Permeabilização da VA: Protusão da mandíbula ..................................................................... 31
Fig. 5 - Tubo Nasofaríngeo: medição e colocação ............................................................................... 32
Fig. 6 - Tubo Orofaríngeo: medição e colocação ................................................................................. 32
Fig. 7 - Máscara Laríngea ..................................................................................................................... 33
Fig. 8 - Máscara Laríngea ProSeal ........................................................................................................ 33
Fig. 9 - Máscara Laríngea Supreme ...................................................................................................... 33
Fig. 10 - Tubo Laríngeo ......................................................................................................................... 33
Fig. 11 - I-Gel ........................................................................................................................................ 33
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Fig. 12 - Tubo endotraqueal ................................................................................................................. 34
Fig. 13 - Ventilação com insuflador manual - 2 reanimadores ............................................................ 37
Fig. 14 - Insuflador manual .................................................................................................................. 37
Fig. 15 - ECG Derivações de membros ................................................................................................. 41
Fig. 16 - Colocação de elétrodos adesivos multifunções ..................................................................... 41
Fig. 17 - Traçado de Assistolia .............................................................................................................. 42
Fig. 18 - Fibrilhação Ventricular ........................................................................................................... 43
Fig. 19 - Atividade Elétrica sem pulso (AEsp) ....................................................................................... 43
Fig. 20 - Taquicardia Ventricular .......................................................................................................... 43
Fig. 21 - Ritmos em PCR (1ª análise) .................................................................................................... 44
Fig. 22 - Algoritmo de Suporte Avançado de Vida30 ............................................................................ 52
Fig. 23 – Capnograma de vítima com RCE ........................................................................................... 60
Fig. 24 - Algoritmo de Reanimação Intra-Hospitalar30......................................................................... 67
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1 - Características de um Bom elemento de equipa ................................................................ 13
Tabela 2 - Características de um Bom líder de equipa ........................................................................ 13
Tabela 3 - Metodologia ISBAR14 ........................................................................................................... 15
Tabela 4 - Causas de obstrução da via aérea17 .................................................................................... 19
Tabela 5 - Causas de paragem cardíaca primária ................................................................................ 20
Tabela 6 - Critérios de ativação da EEMI22........................................................................................... 22
Tabela 7 - Abordagem xABCDE, adaptada de Peran et al (2020)34 e RC UK (2021)35.......................... 26
Tabela 8 - Obstrução da via aérea por corpo estranho (ligeira VS grave) ........................................... 29
Tabela 9 - Adrenalina ........................................................................................................................... 55
Tabela 10 - Amiodarona....................................................................................................................... 56
Tabela 11 - Causas potencialmente reversíveis ................................................................................... 58
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Suporte Imediato de Vida
I. INTRODUÇÃO
A paragem cardiorrespiratória intra-hospitalar (PCR-IH), ocorre em cerca de 1,5 pacientes por cada
1000 hospitalizados.1,2 Existem duas estratégias principais para prevenir PCR-IH e a necessidade de
iniciar RCP. Primeiro em função das decisões baseadas no doente para determinar se a Reanimação
Cardiopulmonar (RCP) é apropriada e em segundo lugar, em identificar e tratar situações de
deterioração multiorgânica precocemente para evitar o momento de Paragem Cardiorrespiratória
(PCR).
A percentagem de doentes que sobrevive ao primeiro ano, pós- PCR-IH, é de cerca de 25%.1
A prevenção da PCR-IH exige formação dos profissionais, monitorização dos doentes, circuitos
próprios para doentes críticos, um sistema de alarme para pedir ajuda e capacidade para responder
com recursos eficazes.3
O curso SIV centra-se na abordagem sistematizada, seguindo uma sequência de avaliação e atuação
por prioridades, que é conhecida por todos:
X: hemorragia exsanguinante;
A: via área;
B: ventilação;
C: circulação;
D: disfunção neurológica;
E: exposição.
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Introdução
Os formandos serão preparados para reconhecer e iniciar RCP em ambiente institucional, salientando
a importância das compressões torácicas de elevada qualidade, com uma pausa curta para a
realização de ventilações eficazes e desfibrilhar precocemente e em segurança. Desta forma,
conseguirão prestar cuidados a doentes em PCR até à chegada de uma equipa de reanimação,
podendo os mesmos colaborar com essa equipa, sob liderança de um Team Leader (TL) com
formação em SAV.
Este curso está estruturado em palestras teóricas, workshops para treino de competências
específicas e sessões práticas com simulação de casos clínicos.
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Suporte Imediato de Vida
Objetivos
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Cadeia de Sobrevivência
O SBV tem como função ganhar tempo até à O acesso à desfibrilhação por elementos não
chegada do desfibrilhador e da equipa de SAV. médicos, nomeadamente auxiliares ação
médica, enfermeiros e outros profissionais de
Em situações de PCR testemunhada, o início
saúde, bem como os programas de DAE de
imediato de SBV aumenta até quatro vezes
acesso público, devidamente treinados e
mais a probabilidade de sobrevivência.5
integrados em organizações qualificadas, têm
O profissional de saúde deve iniciar permitido a desfibrilhação eficaz e segura cada
compressões torácicas e ventilações até à vez mais precoce.
chegada de ajuda diferenciada.
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Cadeia de Sobrevivência
PONTOS A RETER
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Suporte Imediato de Vida
Objetivos
1. Introdução
A sobrevida do doente em paragem Tradicionalmente, as competências técnicas
cardiorrespiratória é de cerca de 10%9, sendo eram as mais valorizadas e avaliadas nos
de extrema importância que a atuação das cursos formais, sendo atualmente
equipas de SAV seja baseada na correta reconhecidas, como igualmente importantes,
execução de procedimentos técnicos como a as competências não técnicas, quer em
desfibrilhação em segurança, o contextos de cursos de SAV, quer em situações
reconhecimento de ritmos, a abordagem da reais de RCP.
via aérea ou as compressões torácicas eficazes, Existem diversos instrumentos utilizados pelas
designadas como competências técnicas. Estas equipas de SAV para o desenvolvimento e
competências são fundamentais para a demonstração das competências não técnicas.
recuperação das vítimas em PCR. Uma das ferramentas recomendadas é a
De igual modo, nos últimos anos tem sido metodologia TEAM® (Team Emergency
identificado um conjunto de capacidades, Assessment Measure)10 e que inclui aspetos
designadas como competências não técnicas, relacionados com a liderança, trabalho de
que se têm revelado de grande importância no equipa e perspetiva global.
contexto da RCP.
No curso SIV, o formando lidera a equipa até à
O desempenho adequado de uma equipa de chegada de outro elemento mais diferenciado
SAV deve assim, no âmbito das competências ou da equipa de SAV, por isso deve
não técnicas, ser demonstrado por capacidade compreender os papeis a desempenhar entre
de liderança, trabalho de equipa, gestão todos os envolvidos.
adequada de tarefas, e comunicação
interpessoal.
Além das competências não técnicas, os 2. Liderança
designados fatores humanos, como sejam a A liderança é uma característica de difícil
capacidade de decisão, avaliação dos cenários definição. Neste contexto, um bom líder é
e a melhoria contínua nas atividades clínicas, aquele que demonstra o controlo da situação,
devem ser fatores a ter em conta no tem uma perspetiva global do cenário e delega
desempenho das equipas de SAV. funções nos restantes elementos da equipa.
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Competências Não Técnicas
Numa equipa de SAV, o líder deve: Tabela 2 - Características de um Bom líder de equipa
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Suporte Imediato de Vida
3.5. Reavaliação
Deste modo, é fundamental uma boa
A aplicação dos algoritmos de atuação em
coordenação da equipa para realizar as tarefas
contexto de paragem cardiorrespiratória, por
de forma rápida, definindo sempre, em cada
si só, obriga a uma constante reavaliação do
momento, o que é prioritário para a
doente bem como a realização de pontos de
recuperação do doente.
situação. Contudo, deve ficar clara a
necessidade de recolha de informação, bem
3.2. Compostura e controlo como ter presente a necessidade de indicações
sobre quando devem ser terminadas as
A forma de atuação da equipa pode ser
manobras de reanimação.
condicionada por diversos fatores. Assim, é
importante que cada elemento da equipa
aceite e cumpra as indicações dadas pelo líder 3.6. Antecipação de ações
e tenha abertura para aceitar a crítica. Torna-
se igualmente importante que o líder Num contexto como o de uma paragem
mantenha a calma e não induza stress nos cardiorrespiratória e atuação de equipas de
restantes elementos, sob pena de poder SAV, é importante recordar que existe um
perder a coesão da equipa. conjunto de eventos prováveis e ações que
devem ser antecipadas, como sejam a
preparação de fármacos (ex. adrenalina,
3.3. Atitude positiva amiodarona), a abordagem da via aérea ou a
seleção da energia adequada em caso de ser
A equipa de SAV deve demonstrar uma atitude indicado desfibrilhar.
positiva, com determinação, correta gestão de
conflitos, realizando debriefing das situações e
promovendo a crítica construtiva. Deverá 3.7. Comunicação
ainda existir um bom suporte entre os
Inclui-se neste aspeto a comunicação verbal e
diferentes elementos.
não-verbal. A linguagem utilizada pelo líder e
pela equipa deve ser clara e objetiva. A equipa
deve fornecer ao líder informação sobre o
3.4. Capacidade de adaptação
doente, de forma clara, e, sempre que recebe
O doente em paragem cardiorrespiratória é indicações, deve mostrar que compreendeu as
um doente altamente instável, mesmo quando mesmas, confirmando-as – comunicação em
recupera sinais de circulação. As equipas SAV alça fechada.11 Se possível, um dos elementos
devem demonstrar capacidade de adaptação a da equipa deverá fazer o registo escrito das
diferentes cenários e papéis (ex. compressões, ações e decisões tomadas.
ventilações, desfibrilhação), bem como estar
aptas para reagir rapidamente a uma mudança 3.8. Comunicação em transição de
de ritmo. cuidados
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Suporte Imediato de Vida
4. Gestão de tarefas
Perante uma PCR, é fundamental que a equipa
multidisciplinar perceba que existe um
conjunto de tarefas que devem ser realizadas
e que, dependendo do contexto (ex. equipa
hospitalar versus equipa Cuidados Saúde
Primários), bem como do número de
elementos que compõem a equipa, poderão
ser realizadas em simultâneo ou de forma
sequencial, pelo que devem ser priorizadas as
ações.
A equipa deve seguir as recomendações/
consensos cientificamente validados e práticas
aprovadas
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Competências Não Técnicas
PONTOS A RETER
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Suporte Imediato de Vida
Objetivos
Tabela 4 - Causas de obstrução da via aérea17 intempestiva de secreções da via aérea nestes
doentes.
Causas de obstrução da via aérea:
B - Falência Respiratória
• Sangue
• Aspiração de conteúdo gástrico
• Corpos estranhos (dentes, alimentos...) A falência respiratória pode ser classificada
• Traumatismos da face ou pescoço como aguda ou crónica, contínua ou
• Secreções brônquicas intermitente, sendo suficientemente grave,
• Depressão do estado de consciência nalguns casos, para provocar apneia e PCR
• Epiglotite
subsequente.
• Edema da laringe
• Espasmo laríngeo Nos doentes com reserva respiratória
• Broncospasmo diminuída, pequenas alterações são
suficientes para precipitar complicações
A depressão do estado de consciência pode graves, incluindo situações de PCR.
comprometer a proteção da via aérea, com o A PCR surge habitualmente da conjugação de
consequente risco de aspiração ou obstrução. vários fatores, por exemplo: o caso de um
Exemplos desta situação são: doente com Doença Pulmonar Obstrutiva
• Vítimas de traumatismo crânio- Crónica (DPOC) e insuficiência respiratória
encefálico (TCE) e Escala de Coma de crónica, com uma infeção respiratória aguda
Glasgow (GCS) <8; ou com uma situação associada a fraqueza
• Outras lesões estruturais muscular, ou ainda a associação com um
intracranianas; síndrome restritivo como o que resulta de uma
fratura de costela com dor subsequente.
• Depressão do estado de consciência
secundária a hipercápnia, alterações Em qualquer destas situações, pode verificar-
metabólicas, ingestão de álcool ou opióides se uma descompensação e evolução para
(...) falência respiratória.
Em algumas circunstâncias, poderá haver Por uma questão de sistematização, podemos
indicação para proteção da via aérea com agrupar as causas de falência respiratória em
valores de GCS mais elevados, desde que se três níveis:
verifique uma deterioração rapidamente
progressiva do estado de consciência, não
sendo assim necessário esperar por um GCS de a) Centro respiratório
8.
Deve ter-se em atenção que a estimulação da Uma alteração grave do Sistema Nervoso
via aérea pode conduzir a espasmo laríngeo, Central (SNC) pode significar uma depressão
sobretudo em doentes com depressão do ou uma abolição dos movimentos
estado de consciência, mas que mantêm respiratórios. As causas são semelhantes às
intactos os reflexos protetores da via aérea. descritas para a obstrução da via aérea de
Exemplos desta situação são a tentativa causa central.
forçada de colocação de um tubo orofaríngeo
em doentes estuporosos ou a aspiração
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Suporte Imediato de Vida
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Causas e Prevenção de PCR
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Causas e Prevenção de PCR
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Causas e Prevenção de PCR
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Causas e Prevenção de PCR
PONTOS A RETER
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Objetivos
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Abordagem da Via Aérea
Tosse Eficaz? Consegue tossir/Pode haver estridor Não tosse/ Não ventila /Inconsciente
* sinais habituais de OVA: ocorre durante alimentação e a vítima pode apontar para o pescoço
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Suporte Imediato de Vida
Existem três manobras que podem ser usadas 4.1. Extensão da cabeça e elevação do mento
para permeabilizar a via aérea obstruída por
estruturas da via aérea superior, num doente Na vítima inconsciente há disfunção dos
inconsciente: músculos da língua, faringe, pescoço e laringe,
• Extensão da cabeça; o que pode causar incapacidade em manter a
• Elevação do mento; permeabilidade da via aérea quando a cabeça
• Protusão da mandíbula. está numa posição neutra ou em flexão. Assim,
podemos ter vítimas inconscientes com
obstrução da via aérea causada pelo palato
mole e epiglote e outras estruturas da via
aérea superior mesmo quando se encontram
em decúbito lateral ou ventral.
Geralmente, este tipo de obstrução resolve-se
com a extensão da cabeça e elevação do
mento.
mantida para cima e para frente de modo Os tubos orofaríngeos e nasofaríngeos evitam
a levantar o maxilar inferior; o deslocamento do palato mole e da língua
• Usando os polegares, abrir ligeiramente a para trás num doente inconsciente, mas a
boca através da deslocação do mento para extensão da cabeça ou a protusão da
baixo. mandíbula podem também ser necessários.
A posição da cabeça e do pescoço deve ser
Estes métodos simples têm sucesso na maioria mantida com o objetivo de conseguir o
dos casos em que a obstrução da via aérea alinhamento da via aérea.
resulta de um relaxamento dos tecidos moles.
Depois de cada manobra, deve avaliar-se o
sucesso usando a metodologia VOS. Em caso 5.1. Tubos Nasofaríngeos
de insucesso é necessário procurar outras
São feitos de plástico maleável com uma
causas de obstrução da via aérea.
extremidade em bisel. São muitas vezes mais
bem tolerados do que os tubos orofaríngeos
Um corpo estranho sólido visível na boca deve em doentes que não estão profundamente
ser removido usando os dedos, uma pinça ou inconscientes e podem ser muito úteis em
por aspiração. doentes com mandíbulas fechadas, vulgo
trismus ou com reflexo laríngeo patente.
No entanto, não devem ser utilizados em
doentes com suspeita de fratura da base do
crânio.
Os tubos têm tamanhos em milímetros, de
acordo com o seu diâmetro interno e com o
comprimento. O comprimento aumenta com o
diâmetro. Os tamanhos utilizados nos adultos
Fig. 4 - Permeabilização da VA: Protusão da vão de 6 a 7 milímetros.
mandíbula A inserção pode causar danos na mucosa nasal
Próteses dentárias deslocadas ou partidas resultando em hemorragia. Se o tubo é
devem ser removidas, mas aquelas que demasiado longo, pode estimular o reflexo
estiverem bem-adaptadas não devem ser laríngeo ou glossofaríngeo e provocar
retiradas, já que podem ajudar a manter os laringospasmo ou vómito.
contornos da face, facilitando uma boa O comprimento adequado do tubo é aquele
selagem para a ventilação boca-a-boca ou com que correspondente à distância entre a asa do
máscara facial. nariz e o ângulo da mandíbula da vítima.
Pode ser fixado com adesivo; alguns modelos
5. Adjuvantes para técnicas básicas da têm um alfinete de segurança ou um limitador
via aérea de borracha que evitam que o tubo possa
Acessórios simples são muitas vezes úteis, e progredir distalmente.
por vezes essenciais para manter a
permeabilidade da via aérea, particularmente
quando a reanimação é prolongada.
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Suporte Imediato de Vida
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Abordagem da Via Aérea
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Abordagem da Via Aérea
É importante salientar que a entubação Quando a vítima já tem uma via orofaríngea
traqueal requer aptidões e treino que são mais colocada e é necessário efetuar a aspiração,
demorados de obter do que qualquer outra para além da aspiração da cavidade oral, pode
técnica avançada de controlo da via aérea, ser necessário também aspirar o seu interior
pelo que não deve ser usada por de forma a manter a permeabilidade da via
inexperientes, cujas tentativas repetidas aérea. Nestas situações, deve utilizar-se uma
podem ser traumáticas e podem comprometer sonda de calibre apropriado, habitualmente de
a oxigenação. menor calibre que a utilizada para aspiração da
cavidade oral, de forma a permitir a sua
Esta técnica: manipulação no interior do tubo.
• Possui uma curva de aprendizagem
É necessário ter em atenção que a sonda não
lenta e um elevado nível de especialização
deve ser introduzida profundamente, mas
e prática para a sua manutenção;
apenas o necessário para aspirar as secreções
• Permite isolar a via aérea por ou outros fluídos presentes na hipofaringe, de
insuflação do cuff, reduzindo o risco de forma a manter a permeabilidade da via aérea.
aspiração; Introduzir a sonda profundamente terá como
• Permite a aspiração endotraqueal, se consequência a estimulação das zonas da
necessário; faringe que condicionam o reflexo de vómito
• Permite ventilar eficazmente, sem ou mesmo a indução de um espasmo laríngeo
fugas, mesmo quando a pressão nas vias com o consequente agravamento da
aéreas elevada. obstrução da via aérea.
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Suporte Imediato de Vida
PONTOS A RETER
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Ventilação e Oxigenação
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Suporte Imediato de Vida
O insuflador manual deve ser utilizado quando Para evitar um volume de ventilação elevado
se encontram presentes dois reanimadores, recomenda-se a administração de O2
com treino na sua utilização. Um deles adapta suplementar a pelo menos 10 L/min, ou seja,
a máscara à face da vítima com ambas as mãos com concentrações de O2 de pelo menos 40%.
(tal como descrito em relação à máscara facial O volume de ar que se pretende insuflar,
em posição cefálica) e o outro comprime suficiente para ventilar eficazmente a vítima e
lentamente o balão para efetuar a insuflação diminuir a probabilidade de ocorrência de
de ar. regurgitação do conteúdo gástrico. Tal como
referido anteriormente, o volume de ar deve
Deve estar garantida a permeabilidade da via ser apenas o necessário para causar uma
aérea, sendo útil a colocação de um tubo expansão torácica tal como numa respiração
orofaríngeo, mas é fundamental a normal.
manutenção do correto posicionamento da
cabeça em extensão e elevação do mento. Logo que a SATO2 puder ser corretamente
No caso de a vítima se encontrar em PCR, um medida, por oximetria de pulso (SpO2) ou
reanimador adapta a máscara e mantém o gasimetria arterial, titular FiO2 para atingir
posicionamento da cabeça, enquanto o outro SpO2 entre 92-96%31.
efetua alternadamente as compressões e as
insuflações.
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Ventilação e Oxigenação
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Monitorização Cardíaca e Ritmos
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Monitorização Cardíaca e Ritmos
1.2. Elétrodos autocolantes versus pás A corrente, por sua vez, é influenciada pela
manuais impedância transtorácica, pela posição dos
Os elétrodos autocolantes/ multifunções, na elétrodos e pela energia do choque.
prática, têm vantagens na monitorização e
desfibrilhação de rotina, quando comparados 2.1. Impedância transtorácica
com as pás dos desfibrilhadores clássicos.
A magnitude da corrente que atravessa o
São seguros, eficazes e preferíveis, em
miocárdio depende da voltagem aplicada e da
detrimento das pás manuais dos
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resistência oferecida à passagem do choque
desfibrilhadores.
pelos vários tecidos (parede torácica, pulmões
e miocárdio).
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Suporte Imediato de Vida
PONTOS A RETER
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Algoritmo de Suporte Avançado de Vida
Objetivos
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Suporte Imediato de Vida
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Algoritmo de Suporte Avançado de Vida
Uma vez confirmada a PCR, deve ser feito o Assim, deve continuar-se com compressões
pedido de ajuda, incluindo o desfibrilhador, torácicas e insuflações durante 2 minutos.
devendo ser iniciadas de imediato Depois de 2 minutos de manobras, faz-se uma
compressões torácicas (eficazes e de breve pausa para avaliar o ritmo no monitor.
qualidade) e insuflações numa relação de 30:2. Se ainda mantém FV/ TVsp, deve fazer-se o 2º
Logo que o desfibrilhador esteja acessível, choque com uma energia de 150 a 360 Joules
devem manter-se as compressões torácicas (desfibrilhador bifásico). Deve incrementar a
enquanto se aplicam os elétrodos energia do choque
multifunções no tórax do doente. Continuar com SBV imediatamente após o 2º
De seguida, deve ser identificado o ritmo da choque.
paragem e, caso seja FV ou TVsp, um dos Após os 2 minutos de SBV, verificar ritmo no
reanimadores deve acionar a carga do monitor (breve pausa) e, se ainda mantém FV/
desfibrilhador enquanto outro reanimador TVsp, realizar o 3º choque com a energia
mantém as compressões torácicas. máxima e continuar de imediato o SBV.
Administre choque com interrupção mínima Assim que iniciar as compressões (durante os
de compressões torácicas, minimizando a 2 min de SBV), caso tenha sido conseguido um
pausa: acesso venoso, administrar 1 mg de
Adrenalina e 300 mg de Amiodarona (após 3
• Pré-choque;
choques independentemente de serem
• Pós-choque.
consecutivos, ou não), por via EV ou IO.
Isso é alcançado com compressões torácicas Aconselha-se a elevação do membro e
contínuas durante a carga do desfibrilhador, administração de um bólus de soro fisiológico
fornecendo desfibrilhação com uma (SF) para ajudar a rápida colocação em
interrupção nas compressões torácicas, circulação do fármaco.
inferiores a 5 seg. e, em seguida, e com retoma
imediata das compressões torácicas.
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Suporte Imediato de Vida
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Algoritmo de Suporte Avançado de Vida
Adrenalina
5. Acessos vasculares
O acesso venoso, se ainda não existe, deve ser Administre adrenalina 1 mg IV (IO) o mais rápido
possível em vítimas em ritmo não desfibrilhável
estabelecido.
Administre adrenalina 1 mg IV (IO) após o 3º choque
Se for necessário estabelecer um acesso em ritmos desfibrilhável
vascular, a colocação de um acesso venoso
Repita adrenalina 1 mg IV (IO) a cada 3-5 min a cada
periférico será a primeira opção. (2 ciclos)
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Suporte Imediato de Vida
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Suporte Imediato de Vida
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PONTOS A RETER
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Reanimação Intra-hospitalar
X. REANIMAÇÃO INTRA-HOSPITALAR
Objetivos
A PCR intra-hospitalar (PCR IH) tem uma hospitalar, o SBV já foi iniciado quando a
incidência de 1,5/ 1000 doentes equipa de reanimação chega.
hospitalizados. Existem duas estratégias A equipa de reanimação depende do seu Team
principais para prevenir PCR IH e a necessidade Leader para funcionar corretamente. A pessoa
de iniciar RCP: com mais experiência e com formação em SAV
• Decisões baseadas no doente para é que deve assumir o papel de TL.
determinar se RCP é apropriada; Em meio intra-hospitalar, é frequente haver
• Identificar e tratar situações de vários profissionais com essa formação,
deterioração multiorgânica devendo ser pré-definido qual vai assumir essa
precocemente para evitar PCR. função.
O primeiro elo da cadeia de sobrevivência é o
reconhecimento precoce do doente em risco e 1. PCR no contexto intra-hospitalar
a prevenção da PCR.
A prevenção da PCR IH exige formação dos Reconhecimento e Prevenção
profissionais, monitorização dos doentes, um
sistema de alarme para pedir ajuda e A PCR em ambiente hospitalar sem
capacidade para responder com recursos monitorização geralmente não ocorre como
eficazes. acidente súbito e imprevisto, nem é
A seguir ao diagnóstico de PCR deve iniciar-se habitualmente causada por doença cardíaca
o SBV o mais rapidamente possível devendo primária. Estes doentes têm geralmente
ser continuado ininterruptamente durante deterioração fisiológica lenta e progressiva,
todo o período de tentativa de reanimação. O com hipóxia e hipotensão que não é detetada
SBV só deve ser interrompido para administrar pelos profissionais ou é reconhecida, mas
o choque, reiniciando-se de imediato por um insuficientemente tratada. Muitos destes
período de dois minutos até à nova análise de doentes têm PCR não monitorizadas, o ritmo
ritmo. cardíaco subjacente é, geralmente, não
desfibrilhável, e a sobrevida à data da alta
Se o SBV não for iniciado com brevidade, a
hospitalar é baixa.
probabilidade de sucesso diminui
drasticamente. Habitualmente, no meio
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Reanimação Intra-hospitalar
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PONTOS A RETER
• O reconhecimento e a prevenção devem ser o pilar primordial para diminuir as PCR não
previsíveis;
• Todo o pessoal clínico deve ter formação e treino em reconhecimento, monitorização
e abordagem do doente em estado crítico;
• Nas PCR em ambiente intra-hospitalar, a divisão entre SBV e SAV é arbitrária, na prática
a reanimação é um continuum;
• O Team Leader tem um papel fundamental no decorrer das manobras de reanimação;
• A formação e o treino contínuo dos profissionais devem manifestamente estar sempre
presente nas equipas de emergência.
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XI. SIGLAS
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Bibliografia
XII. BIBLIOGRAFIA
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