Boletim Fisiologia 2022 VF WEB
Boletim Fisiologia 2022 VF WEB
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Fisiologia aplicada ao
manejo do algodoeiro
Fisiologia aplicada ao
manejo do algodoeiro
Instituto Mato-Grossense do Algodão (IMAmt)
Rua Eng Edgard Prado Arze, 1777
Ed. Cloves Vettorato 2 andar Quadra 03
Centro Político Administrativo, Cuiabá - MT
CEP 78049-015
Fone: (65) 3624-1840
Fisiologia aplicada ao
manejo do algodoeiro
Editores técnicos
Fábio R. Echer (Unoeste- Presidente Prudente/SP)
Ciro A. Rosolem (FCA-Unesp- Botucatu/SP)
Editor
Instituto Mato-Grossense do Algodão (IMAmt)
Colaboração
DIRETORIA DO IMAmt
Gestão 2020-2023
Presidente
Paulo Sérgio Aguiar
Vice-presidente
Sérgio Azevedo Introvini
1º Secretário
Alexandre De Marco
2º Secretário
Antônio Trento Scheffer
1º Tesoureiro
André Guilherme Sucolotti
2º Tesoureiro
Gustavo Pinheiro Berto
Regional Centro
José Ney Lazarini
Regional Noroeste
Cleto Webler
Regional Norte
Amilton José de Oliveira
Regional Sul
Celso Griesang
Diretor executivo
Álvaro Lorenço Ortolan Salles
Capítulo 1
John Snider, Gurpreet Virk, Ved Parkash, e Navneet Kaur
Departamento de Ciências da Cultura e do Solo
Universidade da Geórgia, Tifton, GA /USA
Contato: [email protected], [email protected], [email protected],
[email protected]
Capítulo 2
Juan Antonio Pierro Raphael e Fábio Rafael Echer
Unoeste, Presidente Prudente/SP
Contato: [email protected], [email protected]
Capítulo 3
Daniel Rodela Rodrigues1, Fábio Rafael Echer1 e Ciro Antonio Rosolem2
1
Unoeste, Presidente Prudente/SP
2
FCA-UNESP, Botucatu/SP
Contato: [email protected], [email protected], [email protected]
Capítulo 4
Parte 1
Cássio Antônio Tormena1 e Guilherme Anghinoni2
1
Universidade Estadual de Maringá, Maringá/PR
2
Instituto Goiano de Agricultura, Montividiu/GO
Contato: [email protected], [email protected]
Parte 2
Alexandre Cunha de Barcellos Ferreira
Embrapa Algodão - Núcleo Cerrado, Goiânia/GO
Contato: [email protected]
Parte 3
Irish Lorraine B. Pabuayon e Glen L. Ritchie
Texas Tech University, Lubbock, TX/USA
Contato: [email protected], [email protected]
Capítulo 5
Carlos Felipe dos Santos Cordeiro1, Fábio Rafael Echer2, Ana Luiza Dias Coelho Borin3
e Ciro Antonio Rosolem1
1
FCA-Unesp, Botucatu/SP
2
Unoeste, Presidente Prudente/SP
3
Embrapa Algodão- Núcleo cerrado, Goiânia/GO
Contato: [email protected], [email protected], [email protected], ciro.
[email protected]
Capítulo 6
Parte 1
Leonardo Vesco Galdi e Fábio Rafael Echer
Unoeste, Presidente Prudente/SP
Contato: [email protected]; [email protected]
10
Parte 2
Evaldo Takizawa
CERES Consultoria, Primavera do Leste/MT
Contato: [email protected]
Capítulo 7
Fábio Rafael Echer1 e Ciro Antonio Rosolem2
1
Unoeste, Presidente Prudente/SP
2
FCA-Unesp, Botucatu/SP
Contato: [email protected], [email protected]
Capítulo 8
Murilo Maeda1 e Tyson Raper2
1
Texas A&M AgriLife Extension, Lubbock, Texas/USA
2
University of Tennessee, Jackson, TN/USA
Contato: [email protected], [email protected]
Capítulo 9
Parte 1
Fábio Rafael Echer e Ester Serra
Unoeste, Presidente Prudente/SP
Contato: [email protected], [email protected]
Parte2
Fábio Rafael Echer1, Thiago Matias2 e Rogério Ferreira2
1
Unoeste, Presidente Prudente/SP
2
BASF - Brasil
Contato: [email protected], [email protected], [email protected]
Participação
11
SUMÁRIO
1.1 Resumo
1.1 Summary
Fisiologia
Physiology
20
the optimum (Reddy et al., 1999). Global climate change resulting
in higher temperatures is posing a substantial threat to crop pro-
ductivity, and will likely increase the intensity, frequency and du-
ration of heat wave events in the future (Meehl and Tebaldi, 2004).
The impacts of heat stress on cotton production are ultimately the
result of perturbations in the underlying physiological processes
driving yield, and numerous studies have reported on the significant
negative effect of high temperatures on cotton growth, leaf area de-
velopment, boll retention, fiber quality, and yield (Reddy et al.,
1992; Pettigrew, 2008; Oosterhuis, 2002).
Different crop growth stages exhibit developmental differences
in sensitivity to high temperature stress. Regarding heat stress ef-
fects on vegetative development, it has been documented that high
temperatures can produce poor seed germination, reduced shoot
and root development, increase oxidative stress, increase rates of
transpiration and water loss, and reduce photosynthetic efficiency
(Hu et al., 2018; Majeed et al., 2021; Snider et al., 2009, 2010,
2015; Virk et al., 2021). The recommended tissue temperature
range for photosynthesis in cotton is between 23.5 and 32ºC, which is
ideal for metabolic activities and growth (Burke et al., 1988). Leaf
temperatures greater than 35°C have been consistently shown to
result in lower photosynthetic rates, increased respiration rates
and higher photorespiration (Salvucci and Crafts- Brandner,
2004). Since total carbon accumulation by the canopy is a func-
tion of energy captured by green leaves and the efficiency with
which the energy is converted into photosynthate, the reductions
in leaf area and photosynthetic efficiency sometimes observed
under high temperature act to limit whole canopy performance.
Numerous studies suggested that higher temperatures affect pho-
tosynthesis specifically either by limiting rubisco activity through
deactivation of rubisco activase (Feller et al., 1998; Crafts-Brand-
ner and Salvucci, 2000; Salvucci and Crafts-Brandner, 2004) or
by decreasing the efficiency of photosynthetic electron transport
via disruptions in the thylakoid membrane (Schrader et al., 2004;
Wise et al., 2004). High temperature also decreases affinity of ru-
bisco for carbon dioxide and influences the carbon dioxide to oxy-
gen ratio inside the leaf (Salvucci and Crafts-Brandner, 2004), in-
creasing photorespiration. A study by Perry et al., (1983) reported
an increase in photorespiration from 15% at 22°C to 50% at 40°C.
21
e Crafts-Brandner, 2004) ou diminuindo a eficiência do transpor-
te fotossintético de elétrons por meio de disrupções na membra-
na dos tilacoides (Schrader et al., 2004; Wise et al., 2004). A alta
temperatura também diminui a afinidade da RuBisCO pelo dióxido
de carbono e influencia a relação dióxido de carbono e oxigênio
dentro da folha (Salvucci e Crafts-Brandner, 2004), aumentan-
do a fotorrespiração. Um estudo de Perry et al. (1983) relatou
um aumento na fotorrespiração de 15% a 22°C para 50% a 40°C.
Além dos efeitos acima mencionados do estresse de alta tem-
peratura na fotossíntese e na fotorrespiração, os aumentos na
temperatura das folhas resultam em aumentos exponenciais nas
taxas respiratórias noturnas (Cowling e Sage, 1998; Bednarz e
Van Iersel, 2001).
Como já mencionado, a alta temperatura causa maior preocupa-
ção durante a fase reprodutiva de crescimento, quando comparada
com o desenvolvimento vegetativo. Diversos autores (Oosterhuis,
2002; Oosterhuis e Snider, 2011; Reddy et al., 1992; Snider e Oos-
terhuis, 2011; Snider et al., 2009; Snider et al., 2011) relatam ex-
tensivamente o efeito negativo de temperaturas mais altas sobre os
processos reprodutivos. Parte da razão pela qual o algodão é mais
sensível a altas temperaturas durante o desenvolvimento reproduti-
vo que durante o desenvolvimento vegetativo é porque a reprodução
sexual requer que muitos processos complexos ocorram de forma
altamente combinada para a produção bem-sucedida de sementes.
Temperaturas extremas (> 35°C) durante o desenvolvimento ini-
cial dos botões florais limitarão a produção de pólen viável, e altas
temperaturas no dia da antese podem limitar a germinação do pó-
len, o crescimento do tubo polínico e a eficiência da fertilização,
seja com efeitos diretos no próprio pólen ou nos tecidos do pistilo.
A temperatura ideal para a germinação do pólen e o crescimento
do tubo polínico no algodão varia de 32°C a 37°C e 28°C a 32°C,
respectivamente (Burke, 2004; Abdelgadir et al., 2012). Avaliações
in vitro dos efeitos da alta temperatura na reprodução sexual em
algodão mostraram que as condições de alta temperatura (máxima
de 38°C) são conhecidas por afetar a porcentagem de óvulos dispo-
níveis penetrados por um tubo polínico (Snider et al., 2009; Snider e
Oosterhuis, 2012). Com os efeitos acima mencionados, condições de
estresse por altas temperaturas também afetam o fornecimento de
carboidratos aos tecidos reprodutivos em desenvolvimento (Snider
22
In addition to the aforementioned affects of high temperature
stress on photosynthesis and photorespiration, increases in leaf
temperature result in exponential increases in dark respiration
rates (Cowling and Sage, 1998; Bednarz and Van Iersel, 2001).
As mentioned previously, high temperature is a more pressing
concern during the reproductive phase of growth when compared
with vegetative development. Studies by numerous authors (Ooster-
huis, 2002; Oosterhuis and Snider, 2011; Reddy et al., 1992; Snider
and Oosterhuis, 2011; Snider et al., 2009; 2011), have reported ex-
tensively on the negative effect of higher temperatures on repro-
ductive processes. Part of the reason that cotton is more sensitive to
high temperature during reproductive development than vegetative
development is because sexual reproduction requires that a large
number of complicated processes must occur in a highly concerted
fashion for successful seed production. High temperature extremes
(> 35°C) during early floral bud development will limit production of
viable pollen, and high temperatures on the day of anthesis can limit
pollen germination, pollen tube growth, and fertilization efficiency,
either through direct effects on the pollen itself or on the tissues of
the pistil. The ideal temperature for pollen germination and pollen
tube growth in cotton ranges from 32 to 37 °C and 28 to 32°C, re-
spectively (Burke et al., 2004; Abdelgadir et al., 2012). In vitro as-
sessments of the effects of high temperature on sexual reproduction
in cotton have shown that high temperature conditions (38°C maxi-
mum temperature) are known to affect the percentage of available
ovules penetrated by a pollen tube (Snider et al., 2009, Snider
and Oosterhuis, 2012). Along with the above-mentioned effects,
high temperature stress conditions also affect carbohydrate sup-
ply to developing reproductive tissues (Snider et al., 2009; Jain
et al., 2007). For example, Snider et al. (2009) reported 20.3%
reduction in soluble carbohydrate content of pistils on the day of
flowering when plants were exposed to 38/20°C day/night tem-
perature conditions when compared with an optimal temperature
regime of 30/20°C. Because fertilization of the ovules is a require-
ment for reproductive growth and high temperature negatively
impacts many processes necessary for successful fertilization, all
of the aforementioned responses can have negative effects on cot-
ton yield components, thereby reducing productivity.
23
et al., 2009; Jain et al., 2007). Por exemplo, Snider et al. (2009) re-
lataram uma redução de 20,3% no teor de carboidratos solúveis dos
pistilos no dia da floração, ocasião em que as plantas foram expostas
a condições de temperatura dia/noite de 38/20°C, quando compa-
rado a um regime de temperatura ótima de 30/20°C. Como a fertili-
zação dos óvulos é um requisito para o crescimento reprodutivo e a
alta temperatura afeta negativamente muitos processos necessários
para o sucesso da fertilização, todas as respostas acima mencionadas
podem ter efeitos negativos nos componentes de produtividade do
algodão, reduzindo assim a produtividade.
Produtividade
24
Yield
25
mostrou que plântulas de algodão expostas a temperaturas diurnas
de 30°C, 35°C e 40°C apresentaram reduções sucessivas na produ-
tividade para cada aumento na temperatura de crescimento, por
conta de reduções na retenção de capulhos. Para as maçãs reti-
das, o estresse térmico (> 40°C) também demonstrou acelerar
o desenvolvimento, encurtando assim o período de maturação
dos capulhos e resultando no menor tamanho destes em compa-
ração àqueles desenvolvidos em condições ideais (Karademir et
al., 2018). Da mesma forma, temperaturas noturnas mais altas
limitam a disponibilidade de carboidratos para o desenvolvi-
mento dos frutos, aumentando a respiração, levando a capulhos
de tamanho menor, menor número de sementes por capulho e
menos fibras por semente, reduzindo assim o rendimento do al-
godão (Oosterhuis e Snider, 2011; Gipson e Joham, 1968; Soliz
et al., 2008).
Qualidade da fibra
Cotton is mainly grown for its fiber, and fiber length, strength,
maturity, and micronaire are the parameters used to defined cotton
fiber quality. Bradow and Davidonis (2000) defined ideal cotton fi-
ber as being “white as snow, strong as steel, long as wool, and fine
as silk.” Long fibers are easier to process and with higher efficien-
cy. Fiber strength is a measure of force required to break the fibers,
thus stronger fibers are less likely to break during processing. Mi-
cronaire can be considered an indicator of fiber coarseness, and
values between 3.5 to 5 are desirable for spinning. Fiber develop-
ment in cotton can be treated as four unique but somewhat over-
lapping phases: 1) initiation, 2) elongation, 3) thickening, and
4) maturation (Chen et al., 2017). All the stages of cotton fiber
development are sensitive to heat stress; however, the fiber elon-
gation phase is considered the most sensitive stage to heat stress
(Gipson and Joham, 1969). The reason that high temperature, es-
pecially during the elongation phase, has been shown to decrease
final fiber length is because high temperature accelerates the initial
rate of fiber elongation, but it shortens the timeframe over which
elongation occurs. The optimal temperature for maximizing fiber
length is between 18 and 22°C (Lokhande and Reddy, 2014a). A
study by Gipson and Joham (1968) reported shorter length fibers
at temperatures higher than 21 °C and below 15°C. This is an in-
teresting observation considering that these temperatures would
be considered suboptimal for growth and yield in cotton. Hanson
et al. (1956) also reported a negative correlation between fiber
length and temperature. The same report also showed the effect
of high temperatures on fiber micronaire, where temperatures that
decreased fiber length also increased micronaire. Similarly, a posi-
tive correlation was observed between strength and temperature.
Other researchers have also documented significant, positive rela-
tionships between fiber strength and temperature (Hanson et al.,
1956; Hesketh and Low, 1968). Lokhande and Reddy (2014a) re-
ported that fiber length, fiber strength, micronaire, and fiber uni-
formity were affected by changes in temperature (18.1, 21.5, 25.5
and 29.5 °C). Fiber length increased with temperature up to 22 °C
and then decreased. Fiber uniformity and micronaire increased
with temperature up to 26 °C and then decreased. Fiber strength
27
e Reddy, 2014a). Gipson e Joham (1968) registraram fibras de com-
primento mais curto em temperaturas superiores a 21°C e inferio-
res a 15°C, o que é uma observação interessante, considerando que
essas temperaturas seriam consideradas subótimas para o cres-
cimento e para a produtividade do algodão; Hanson et al. (1956)
também informam uma correlação negativa entre o comprimento
da fibra e a temperatura. Os mesmos autores mostraram ainda o
efeito das altas temperaturas sobre o micronaire da fibra, em que
temperaturas que diminuíam o comprimento da fibra também au-
mentavam o micronaire. Similarmente, uma correlação positiva
foi observada entre resistência e temperatura. Outros pesquisado-
res também documentaram relações significativas e positivas entre
resistência da fibra e temperatura (Hesketh e Low, 1968). Lokhan-
de e Reddy (2014a) trouxeram que o comprimento da fibra, sua
resistência, o micronaire e a uniformidade da fibra foram afetados
por mudanças na temperatura (18,1°C, 21,5°C, 25,5°C e 29,5°C).
O comprimento da fibra aumentou com a temperatura até 22°C e
depois diminuiu. A uniformidade da fibra e o micronaire aumenta-
ram com a temperatura até 26°C e depois diminuíram; a resistên-
cia mostrou uma relação linear positiva com a temperatura. Uma
possível explicação para as observações de resistência das fibras é
que a limitação do rendimento a altas temperaturas também induz
a abscisão das maçãs, produzindo um excesso de carboidratos dis-
poníveis para a fase de espessamento das fibras.
Fisiologia
28
showed a positive linear relationship with temperature. A possi-
ble explanation for fiber strength observations is that yield-limit-
ing high temperature also induces boll abscission, producing an
excess of carbohydrate available for the fiber thickening phase.
Physiology
Yield
34
in yield (Basal et al., 2009; Wang et al., 2016); however, there are
reports also in which average boll weight was unaffected by drought
(Pettigrew, 2004; Lokhande and Reddy, 2014b). Recent work by
Sharma et al. (2015) reported that reductions in boll mass represent a
small, yet consistent limitation to lint yield, whereas reductions in boll
number are still the dominant driver of yield loss. Wang et al. (2016)
reported that average boll decreased due to a decrease in both the
number of seeds per boll and seed index (weight of 100 seeds) (Wang
et al., 2016). Wang et al. (2016) also reported that lint content per boll
either increased or was unaffected by the drought stress in cotton.
This suggests that average boll weight was more affected by changes in
seed weight per boll than changes in lint weight per boll under drought
stress. Lint percentage is another component which affects lint yield
and it has been documented that lint percentage either increases or is
unaffected by drought stress conditions (Pettigrew, 2004; Basal et al.,
2009; Lokhande and Reddy, 2014b; Wang et al., 2016). Recent work
conducted by Hu et al. (2018) sought to define the relative contribution
of individual yield components to yield loss in cotton under drought.
The authors considered yield either the product of [boll density x boll
mass x lint percent] or [boll density x seed number per boll x lint mass
per seed]. It was found that the number of seed per boll and boll mass
decreased with increasing drought severity, contributing slightly to
yield loss. However, lint weight per seed and lint percent responded
positively to drought stress, contributing positively to yield under
drought and offsetting the negative effects on seed number and boll
mass. Thus, nearly all drought-induced yield loss observed in their
study could be explained entirely by reductions in boll density (boll
number per unit land area).
Fiber Quality
Qualidade da fibra
38
55% of all cotton fields in the state (Anderson et al., 2012). High air
temperatures can lead to high vapor pressure deficit (VPD), increasing
the water demand by the plant (Broughton et al., 2017). This leads
to more rapid onset of drought through accelerated soil drying and
evapotranspiration (Osanai et al., 2017). Similarly, plants can be
exposed to co-occurring heat stress in response to soil drying because
stomatal closure under drought limits transpiration and increases
canopy temperature (Chastain et al., 2016a, 2016b; Carmo-Silva et
al., 2012). Thus, under field conditions, these two stresses commonly
occur in association with each other (Gao et al., 2021). According to
Dabbert and Gore (2014), high temperature and water deficit are two
primary barriers to acheiving high yield potential.
Physiology
39
substancialmente mais prejudiciais do que seus efeitos individuais
(Gao et al., 2021). Em 2011, o Texas teve épocas de crescimento
mais quentes e secas de que se tem registro, e foi estimado que a
combinação desses dois estresses resultou em uma perda de 2,2 bi-
lhões de dólares nos Estados Unidos e no abandono de algo por volta
de 55% de todos os campos de algodão no Estado (Anderson et al.,
2012). As altas temperaturas do ar podem levar a um alto déficit de
pressão de vapor (DPV), aumentando a demanda de água da planta
(Broughton et al., 2017), o que leva a um início mais rápido da seca
induzida por evapotranspiração (Osanai et al., 2017). Da mesma for-
ma, as plantas podem ser expostas ao estresse térmico em resposta
ao secamento do solo porque o fechamento dos estômatos sob seca
limita a transpiração e aumenta a temperatura do dossel (Chastain et
al., 2016a; 2016b; Carmo-Silva et al., 2012). Assim, sob condições de
campo, esses dois estresses ocorrem geralmente em conjunto (Gao et
al., 2021). De acordo com Dabbert e Gore (2014), a alta temperatura
e o déficit hídrico são duas barreiras primárias que impedem o alto
potencial produtivo.
Fisiologia
41
induzida pela seca não é tipicamente observada, exceto sob seca ex-
trema. Assim, o trabalho conduzido por Carmo-Silva et al. (2012)
mostra que a exposição ao estresse térmico relacionado à seca pode
limitar diretamente a atividade metabólica, alterando a função das
enzimas-chave envolvidas na fotossíntese. Loka et al. (2020) re-
centemente conduziram um experimento em ambiente controlado
no qual a atividade fotossintética e o metabolismo de carbono em
folhas-chave do algodão foram avaliados em resposta a seca, alta
temperatura ou combinação desses dois estresses. No estudo, as
reduções fotossintéticas e as mudanças no metabolismo dos car-
boidratos foram comparadas entre plantas expostas à seca e à alta
temperatura, sugerindo que a primeira foi o principal fator limita-
dor da atividade fisiológica das principais folhas-fonte.
Produtividade e qualidade
42
alongamento para resultar em fibras mais curtas. Quando esses
dois fatores ocorrem associados, os efeitos do déficit de água são
exacerbados pela alta temperatura (Gao et al., 2021). Como ob-
servado acima, dependendo do tempo de estresse das plantas ex-
postas à seca ou a altas temperaturas, podem ser produzidas fibras
mais resistentes, o que se deve ao fato de temperaturas mais altas
e estresse de seca reduzirem o número de capulhos e o número de
sementes e produzirem fibras mais curtas. Assim, há mais assimi-
lados disponíveis para a fase de espessamento das fibras (Gao et al.,
2021; Pettigrew, 2008).
43
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53
54
CAPÍTULO 2
Clima e fenologia do
algodoeiro em diferentes
regiões produtoras do Brasil
Raphael J.A.P. e Echer F.R.
Unoeste, Presidente Prudente/SP
2.1 Introdução
Ao longo dos útlimos anos, a produção brasileira de algodão con-
solidou-se como a quarta maior do mundo (9,6% do total). Na safra
2020/2021, foram produzidos aproximadamente 2,3 milhões de to-
neladas de fibra de algodão em uma área de 1,6 milhão de hectares,
sendo quase a totalidade em regiões do Cerrado, onde predominam
climas tropicais, com chuvas concentradas durante o verão e inverno
seco (CONAB, 2021). Porém, a cultura tem importância em um núme-
ro grande de ambientes, incluindo uma faixa de latitude que se esten-
de desde 24oS, no Sul paulista, até áreas próximas à linha do Equador,
como, por exemplo, o Sul dos Estados do Piauí e do Maranhão. O gran-
de número de ambientes e a plasticidade da cultura oriunda de seu há-
bito de crescimento indeterminado, associados à introdução contínua
de novas cultivares, têm possibilitado uma diversidade de estratégias
de manejo envolvendo o algodoeiro. Em algumas regiões, como no Es-
tado de Mato Grosso, é possível empregar o algodoeiro como segunda
safra, cultivado após a soja. Em outras, como no Oeste baiano, devido
essencialmente às condições climáticas regionais, o algodoeiro é uma
cultura de safra, fato que modifica todo o planejamento e as operações
de campo dos respectivos sistemas de produção.
55
Visando-se a atingir o retorno esperado, é importante que a
cultura tenha a sua disposição as condições ambientais neces-
sárias e o manejo adequado durante o ciclo, para que a plan-
ta atinja ou se aproxime o máximo possível de seu potencial
produtivo para a realidade econômica considerada. Nesse con-
texto, as estratégias de manejo levarão em conta as respostas
das plantas às condições vigentes, destacando-se primordial-
mente as condições meteorológicas locais, decisivas em ajustes
de manejo, entre os quais as variedades utilizadas, a popula-
ção de plantas e a época de semeadura. A influência de fatores
ambientais sobre o desempenho do algodoeiro, como tempe-
ratura, disponibilidade de água e radiação solar, tem sido fre-
quentemente avaliada, o que tem contribuído para estabelecer
referenciais de monitoramento e predições fitotécnicas. No
presente capítulo, serão apresentadas, para diferentes regiões
cotonicultoras do Brasil, características ambientais locais, as-
sim como algumas simulações de estádios-chave do ciclo para
diferentes datas de semeadura. As simulações desses estádios
serão realizadas a partir de dados de temperatura para aplica-
ção do conceito de soma térmica requerida em graus-dia e a
disponibilidade local de chuvas, considerando-se as limitações
impostas às lavouras conforme o ciclo da cultura avança para
seu encerramento em épocas mais secas do ano.
58
avaliação simplificada de energia que houve à disposição de uma
planta, em cada dia. É conceituado como o acúmulo diário da ener-
gia que se situa acima da condição mínima e abaixo da máxima exi-
gida para a planta. Seguindo o princípio, as temperaturas máxima
(Tmax) e mínima (Tmin) representam, respectivamente, a maior e
a menor energia do ar atmosférico encontrada ao longo do dia. Ao
valor de energia mínima que permite o funcionamento metabólico
da planta em um dia é atribuído o termo temperatura mínima basal
(Tb), de modo que somente estados energéticos acima desse limite
são propícios a seu crescimento e desenvolvimento. Finalmente, o
nível energético máximo acima do qual ocorre a paralisação das ati-
vidades metabólicas da planta é chamado de temperatura máxima
basal (TB). A quantidade de energia que realmente pode interagir
com a planta e estimular seus processos metabólicos situa-se en-
tre as temperaturas mínima e máxima basais. Assume-se que entre
temperaturas basais há uma relação linear entre o crescimento ou
desenvolvimento da planta e o acúmulo de graus-dia, e que o nú-
mero de graus-dia acumulados entre os estádios de crescimento é
constante para diferentes anos, locais e climas (Supak, 1984).
Embora o algodoeiro possa ter seu metabolismo comprometido
sob temperaturas muito altas, são escassas as indicações de uma
temperatura máxima basal. Alguns autores aplicam o máximo ba-
sal de 37,8oC (Supak, 1984; Sharma et al., 2021). O mais comum,
porém, é a ausência do uso de uma temperatura máxima basal
na determinação do valor de graus-dia, empregando-se somente
a temperatura mínima basal. Na literatura, o valor mais comum
de temperatura basal mínima é o de 15,56oC ou 60oF, proveniente
de vários estudos desenvolvidos nos Estados Unidos (Oosterhuis
e Bourland, 2008). O termo “DD60s” é amplamente utilizado na
literatura agronômica norte-americana para Tb = 60oF na refe-
rência do valor acumulado de graus-dia. Na Austrália, o valor de
12oC é utilizado há muitos anos para Tb (Constable e Shaw, 1988),
mas a introdução da cultura em novas áreas de clima mais quente
e de maior ocorrência de temperaturas extremas e a liberação de
novas cultivares levaram os pesquisadores a conduzir estudos de
reavaliação, nos quais foi proposta uma nova temperatura mínima
basal de 15oC ou 15,6oC e uma temperatura máxima basal de 32oC,
o que passou a ser referido como “sistema 15-32” (Bange e Milroy,
2002; Williams e Bange, 2021). No Brasil, há registros da utilização
59
da temperatura mínima basal de 12,7oC (Wrege et al., 2000), 15oC
(Lamas e Ferreira, 2015; Rosolem, 2001; 2014) e 15,56oC (Bender
et al., 2020) e da máxima basal de 37 oC (Wrege et al., 2000), sendo
esta última, no entanto, geralmente não considerada.
Em um dia, a quantidade de unidades térmicas acumuladas ou
graus-dia (GD) para a cultura do algodoeiro geralmente é determi-
nada pelas equações a seguir:
GD = Tmed – Tb (1)
Sapezal NASA/POWER*
Parecis
Campo Novo do
NASA/POWER
Parecis
Formosa do Rio
NASA/POWER
Preto
Oeste baiano
Correntina NASA/POWER
Ocidental do
Caseara NASA/POWER
Tocantins
Continua
62
Continuação
* https://power.larc.nasa.gov/data-access-viewer/
** https://www.agritempo.gov.br/ (somente dados de temperatura)
*** Acesso em setembro de 2021.
Figura 1. Municípios
brasileiros produtores
de algodão
selecionados
para avaliação e
simulação fenológica
do algodoeiro com
a média histórica
de 2010 a 2021 e
respectivas altitudes
aproximadas.
63
Déficit de pressão de vapor (DPV)
64
Na região do MATOPIBA (Figura 3), que compreende os Estados
de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, o DPV é mais alto no início da
safra, diminui a partir do início da estação chuvosa e volta a aumentar
em meados de abril, exceto na região de Caseara (TO), onde aumen-
ta somente após meados de junho. Em Uruçuí e Tasso Fragoso, esse
aumento é intenso até o final da safra, enquanto que na Bahia (São
Desidério, Formosa do Rio Preto, Correntina e Cocos) há uma esta-
bilização entre meados de maio até meados de agosto, o que está as-
sociado com as menores temperaturas nesses locais. Obviamente que
variações ocorrerão em cada ano agrícola, o que não inviabiliza a análi-
se histórica, uma vez que o conhecimento do comportamento do DPV
pode ajudar a entender os períodos críticos de desenvolvimento da
planta para evitar sua exposição à falta de água muito precocemente.
65
mais baixo é resultado das temperaturas reduzidas a partir de maio,
fato que pode prejudicar a abertura das maçãs.
66
Quadro 1. Critérios para simulação fenológica do algodeiro por meio do acúmulo de graus-dia
(GD), com GD = [(Tmax+Tmin)/2 -15]
i. Nó da 1ª flor = 6º nó
ii. Taxa de abertura de flores = 5/3 nós
iii. Nós totais da planta no estádio de 1ª flor (F1) = 16
iv. Taxa de formação de novos nós = 1 nó
v. Diferença desejada (número de nós acima da flor branca; NAFB) = 5
vi. Número do nó da flor = 6 + n(5/3); n = intervalo de nós a ser acrescido
vii. Número de nós totais na haste principal = 16 + n
viii. NAFB = 5 ; Fazendo vii = vi+5 temos
16 + n = 6 + n(5/3) +5 → 5 = n(5/3) – n → 5 = (5n – 3n)/3 →
15 = 2n → n = 7,5 nós
Portanto, são necessários 7,5 nós.
Para o nó da flor:
6+5/3x7,5 = 18,5
Para o nó da haste:
16+1x7,5 = 23,5
Como 23,5 – 18,5 = 5,0, estimou-se o nó 18,5 (18º ou 19º nó) como o do
corte fisiológico. Para a simulação, foi adotado o 19º nó como o do corte
fisiológico e 24 nós totais na planta. Como o florescimento tem início no 6º nó,
o estádio fenológico será 19 – 5 = 14, ou seja, estádio F14.
Continua
67
Continuação
g) Da 1ª flor ao ponto de corte (cut-out) para planta com restrição
hídrica: Considerou-se estrutura reprodutiva sujeita à restrição hídrica aquela
que, dentro de 50 dias após a antese, recebeu menos de 40 mm de chuva. Se
a quantidade de chuva foi menor que 40 mm, julgou-se que o fruto não teria
água o suficiente para completar sua maturação (corte fisiológico por restrição
hídrica). Por exemplo, se a flor do estádio F10 recebeu menos de 40 mm de
chuva nos primeiros 50 dias, então esta (F10) não foi convertida em fruto viável.
Repetiu-se o critério para cada flor anterior até encontrar a última flor viável da
planta (a qual recebeu precipitação maior ou igual a 40 mm). Assim, a condição
sem restrição hídrica (item “f”) é a referência inicial para a planta, mas se as
chuvas fossem insuficientes, seria adotada como última flor viável a anterior que
atendesse esse requisito.
h) Da 1ª flor ao ponto de corte (cut-out) para planta com restrição térmica
por baixa temperatura no fim do ciclo: Ocorre em regiões de maior altitude
e de clima mais ameno no período de inverno, quando o acúmulo de graus-dia
é reduzido a valores muito baixos. Atribuiu-se esse tipo de restrição somente
ao município que apresentou as menores médias de temperatura no inverno e
caracterização climática subtropical (Itapeva-SP). Considerou-se nesse critério que
a data da antese da última flor viável não deve ser seguida por dias com menos
de 2 GD. Se a soma térmica de qualquer dia for inferior a 2 GD, infere-se que o
período frio contém temperaturas impeditivas para o desenvolvimento da maçã
(corte fisiológico por restrição térmica). Nesse caso, foi adotado como ponto de
corte a flor imediatamente anterior cuja maçã não encontre, durante seu período de
maturação, qualquer dia com soma térmica < 2 GD;
i) Maturidade do último fruto viável: Atingida aos 490 GD (Itapeva-SP e Patos de
Minas-MG) e 620 GD (demais municípios) a partir da abertura da última flor viável;
j) Colheita: Normalmente, a colheita ocorre entre 7 e 14 dias após a aplicação
de desfolhantes e promotores de abertura de frutos. Foi adotado nas
simulações 90 GD após a maturidade do último fruto viável como o ponto de
colheita, exceto os municípios de temperaturas mais baixas (Patos de Minas-
MG e Itapeva-SP), para os quais se atribuiu o período fixo de 14 dias após a
maturidade do último fruto viável.
Tabela 2. Número de graus-dia (Temperatura base mínima = 15o C) acumulados para o ciclo
do algodoeiro em diferentes regiões brasileiras.
69
Figura 5. Projeção do desenvolvimento fenológico do algodoeiro para diferentes datas de semeadura
em municípios brasileiros produtores de MT valores diários de temperatura máxima (Tmax),
temperatura mínima (Tmin), graus-dia e mensais de precipitação acumulada até a última data de
colheita. Os dados utilizados para o cálculo são referentes à média histórica de 2010 a 2021.
70
Os dois municípios representando o Médio-Norte (Lucas do Rio
Verde e Sinop) possuem baixa altitude (menos de 400 m), o que
favorece a ocorrência de altas médias de temperatura, resultando
em maior acúmulo diário de graus-dia, indicando, assim, um ciclo
mais rápido do que na região do Parecis, com colheitas estimadas
entre junho e julho (Figura 5). Entre os dois locais dessa região,
destaca-se a diferença quanto ao regime pluviométrico, notando-se
maiores volumes em Sinop. Verifica-se, nas duas localidades, que
a retenção de maçãs por planta é maior entre a data inicial (15 de
dezembro) e a primeira quinzena de janeiro, de acordo com o ponto
de corte fisiológico estimado, ao passo que o limite para semeadu-
ra ocorreria durante a segunda quinzena de fevereiro (Tabela 3),
considerando que a limitação hídrica inviabilizaria a frutificação de
flores abertas a partir do início de maio.
Tabela 3. Estimativa do número da flor branca de primeira posição (n) no ponto de corte
(cut-out) em diferentes regiões algodoeiras e datas de semeadura. Simulações para plantas
atingindo corte fisiológico no estádio de 14ª flor (F14), quando sem restrição hídrica ou
térmica, e utilização de médias meteorológicas diárias entre 2010 e 2021.
Data da
15/ 25/ 05/ 15/ 25/ 05/ 15/ 25/ 05/ 15/ 25/ 05/ 15/ 25/
semeadura
10 10 11 11 11 12 12 12 01 01 01 02 02 02
SAP - - - - - - 14 14 14 14 12* 9* 6* 3*
CNP - - - - - - 14 14 14 14 11* 7* 4* 1*
CV - - - - - 14 14 14 14 14 12* 9* 6* 3*
AGÇ - - - - - 14 14 14 14 14 12* 8* 6* 3*
SNP - - - - - - 14 14 14 14 12* 8* 5* 2*
RDN - - - - - 14 14 14 14 14 14 14 12* 9*
FRP - - - - 14 14 14 14 12* 9* 6* 2* - -
COR - - - - 14 14 14 14 12* 9* 6* 2* - -
Continua
71
Continuação
Data da
15/ 25/ 05/ 15/ 25/ 05/ 15/ 25/ 05/ 15/ 25/ 05/ 15/ 25/
semeadura
10 10 11 11 11 12 12 12 01 01 01 02 02 02
COC - - - - 14 14 14 14 11* 8* 5* 1* - -
CHS - - - - - 14 14 14 14 14 14 10* 7* 4*
CHC - - - - - 14 14 14 14 14 14 12* 9* 5*
TFG - - - - - 14 14 14 14 14 14 11* 7* 4*
URÇ - - - - - 14 14 14 14 14 14 14 10* 6*
CAS - - - - 14 14 14 14 14 14 12* 9* 6* 3*
UMA - - - - 14 14 14 14 14 14 11* 7* 3* -
MAR - 14 14 14 14 14 14 14 14 14 14 - - -
CAR - - - - - 14 14 14 14 14 14 - - -
SAP: Sapezal (MT); CNP: Campo Novo do Parecis (MT); CV: Campo Verde (MT); LRV: Lucas
do Rio Verde (MT); AGÇ: Alto Garças (MT); SNP: Sinop (MT); RDN: Rondonópolis (MT);
CAN: Canarana (MT); SDS: São Desidério (BA); FRP: Formosa do Rio Preto (BA); COR:
Correntina (BA); COC: Cocos (BA); CHS: Chapadão do Sul (MS); CHC: Chapadão do Céu
(GO); TFG: Tasso Fragoso (MA); URÇ: Uruçuí (PI); CAS: Caseara (TO); UNA: Unaí (MG);
PTM: Patos de Minas (MG); ITP: Itapeva (SP); MAR: Martinópolis (SP); CAR: Cardoso (SP).
* Corte fisiológico antecipado por restrição hídrica (fim da época chuvosa). ** Corte fisiológico
antecipado por restrição térmica (baixa temperatura para o desenvolvimento dos frutos).
72
quentes do verão, principalmente durante a noite, demandando,
assim, menor consumo de energia pelas plantas para sua própria
manutenção metabólica, favorecendo a retenção de maior número
de frutos, bem como uma melhor redistribuição de fotoassimilados
durante a frutificação. Para Rondonópolis, foi observada distribui-
ção razoável de chuvas, o que resultou na projeção de um intervalo
amplo entre a primeira e a última colheita (Figura 6). As tempe-
raturas altas, associadas à menor altitude, bem como a ocorrência
mais frequente de chuvas, com maior umidade relativa do ar, são
condições que reforçam a necessidade com os cuidados fitossani-
tários, como, por exemplo, no manejo do dossel para evitar per-
das altas por abortamento de maçãs do baixeiro e, também, com as
possíveis estratégias de alongamento do ciclo.
No município de Canarana, situado na região do Vale do Ara-
guaia, com baixa altitude, nota-se uma amplitude térmica diária
relativamente pequena ao longo do ciclo (Figura 6), o que resulta
em um acúmulo relativamente rápido de graus-dia, favorecendo
o encerramento mais precoce do ciclo. Além de ser o município
do Estado onde se registraram os maiores valores de DPV (Figu-
ra 2), é também o que indicou o ponto de corte (cut-out) mais
antecipado, devido à restrição hídrica por redução nas chuvas,
estimado na data de 22 de abril.
73
Figura 6. Projeção do desenvolvimento fenológico do algodoeiro para diferentes datas de semeadura
em municípios brasileiros produtores de MT e BA e valores diários de temperatura máxima (Tmax),
temperatura mínima (Tmin), graus-dia e mensais de precipitação acumulada até a última data de
colheita. Os dados utilizados para o cálculo são referentes à média histórica de 2010 a 2021.
74
Os municípios que representam o sul dos Estados do Mara-
nhão (Tasso Fragoso) e Piauí (Uruçuí) situam-se abaixo de 400
m de altitude, registrando altas temperaturas (Figura 7), em que
o acúmulo rápido de graus-dia leva a projeções para um encer-
ramento relativamente rápido do ciclo (entre maio e julho). Em
consequência das altas temperaturas máximas (próximas a 35oC),
o estudo e a inclusão de temperaturas-base máximas que limitem
o acúmulo graus-dia podem contribuir para estimar mais precisa-
mente as fases do ciclo nessa região, tendo-se em vista a ocorrên-
cia de colheitas em julho e agosto. Ressalta-se, porém, que flores
abertas a partir da segunda quinzena de abril apresentam maior
tendência a não se converterem em frutos viáveis devido ao corte
de chuvas. O município de Caseara é, entre os avaliados, o que
tem menor altitude (200 m) e está situado na margem oriental do
Rio Araguaia, em uma zona de transição Cerrado-Amazônia. Ca-
racteriza-se por altas temperaturas, baixa amplitude térmica e, ao
contrário dos dois anteriores, alto volume de chuvas, que perma-
necem até abril, possibilitando menores riscos por limitações hí-
dricas a flores abertas tardiamente. Estimou-se como última data
de corte antes da restrição hídrica, em que são medidos menos de
40 mm por 50 dias seguidos, o dia 10 de maio. Porém, a partir da
segunda quinzena do mês, as condições tornam-se semelhantes
às dos demais municípios de baixa altitude da região.
76
geralmente permanecem abaixo de 30oC, e as mínimas podem
cair para valores próximos a 15oC (temperatura mínima basal
do algodoeiro) a partir de maio e junho. A partir da segunda
quinzena de abril, há maior chance de perdas de maçãs jovens
em consequência da restrição hídrica nas áreas de sequeiro, com
maiores limitações na região de Unaí. Para a região de Patos de
Minas, devido às temperaturas mais baixas, utilizou-se uma escala
de graus-dia modificada mais representativa de climas amenos
(Tabela 2), uma vez que as projeções com a escala original resultava
em alongamento do ciclo para além de 230 dias. Para ambos os
locais (Unaí e Patos de Minas), as simulações de semeaduras mais
tardias indicaram colheitas entre julho e agosto (Figuras 7 e 8).
77
2.3.5 Ciclo do algodoeiro em São Paulo
No Estado de São Paulo, diferentemente dos outros Estados, as
datas de semeadura do algodoeiro herbáceo iniciam-se no mês de
outubro, e os três municípios selecionados representam áreas de
cotonicultura bem distintas entre si.
Na região do Alto Paranapanema, ao sul, onde se concentram
atualmente por volta de 45% da produção de algodão do Esta-
do, destacam-se os municípios de Itaí e Itapeva (IBGE, 2021).
As temperaturas mais amenas e a distribuição mais regular das
chuvas são características de regiões subtropicais, conforme
pode ser observado para Itapeva (Figura 8), situada em uma al-
titude de 720 m. A partir da segunda quinzena de maio, passa
a ser frequente o acúmulo muito baixo de graus-dia, o menor
entre todos os municípios avaliados. A ocorrência de períodos
prolongados com acúmulo diário inferior a 2 graus-dia foi con-
siderada, para fins de avaliação, um evento de restrição térmica.
Ao contrário dos outros municípios submetidos à simulação, em
Itapeva o ponto de corte fisiológico está mais sujeito à antecipa-
ção ambiental por conta da baixa temperatura, e não da restrição
hídrica, para semeaduras tardias (Tabela 3). Lavouras semeadas
a partir da segunda quinzena de novembro passam a ser mais
suscetíveis a esse risco. Para Itapeva, também foi utilizada uma
escala com intervalos menores para o acúmulo de graus-dia, vi-
sando-se a evitar que as projeções de ciclo atingissem valores
acima de 230 dias em função das baixas temperaturas (baixo
acúmulo diário de graus-dia).
Os outros dois municípios, situados no Oeste (Martinópolis)
e Noroeste (Cardoso) do Estado, apresentam temperaturas
mais elevadas e redução no volume de chuvas a partir de
abril (Figura 8). Na região do Oeste paulista, o vazio sanitário
encerra-se atualmente em 10 de outubro, o que possibilita
datas de semeadura antecipadas, ao passo que no Noroeste, o
término é em 30 de novembro. As chuvas em Martinópolis são
mais regulares a partir de abril em comparação a Cardoso, e o
acúmulo de graus-dia, em geral, um pouco inferior. Assim, no
Oeste, é projetada uma janela mais ampla de semeadura (a partir
de outubro) e de colheita (a partir de abril). Porém, essa região é
também caracterizada pela ocorrência ampla de solos arenosos,
78
fator agravante para restrição hídrica nos períodos mais secos
do ano. Em Cardoso, as semeaduras são iniciadas em dezembro,
e as projeções de colheita entre maio e agosto. A redução de
temperaturas não é muito severa nessas regiões, mas a queda
de temperaturas a partir de maio e junho tem efeitos negativos
sobre o peso de capulho e a qualidade de fibra.
79
chuvoso. Além disso, principalmente em regiões de maior al-
titude, os frutos em formação são submetidos a temperaturas
baixas que podem limitar sua formação adequada. Assim, as
últimas flores viáveis para a formação de frutos que contribui-
rão na colheita tendem a representar um estádio fenológico
que é anterior se comparadas ao de uma planta semeada em
épocas iniciais. Há menor margem de manobra quanto a ajus-
tes de manejo, tendo-se em vista o ciclo mais curto, o que au-
menta os riscos de perdas definitivas em condições adversas.
Esse conjunto de fatores favorece o emprego de cultivares mais
precoces e a adoção de espaçamentos reduzidos.
Porém, mesmo com o aumento dos riscos, a viabilidade da
semeadura a partir dos meses de janeiro e fevereiro é o que
possibilita o emprego do algodão de sequeiro de segunda safra
após a colheita de soja. Essa condição ocorre, por exemplo, em
áreas do Estado de Mato Grosso, decorrente da maior duração
do período chuvoso, permitindo que o estádio F14 seja poster-
gado, sem limitação hídrica para os frutos, até meados de maio.
Comparada a esse cenário, outras regiões do Cerrado, como
Oeste baiano, apresentam um encerramento antecipado do
período chuvoso, de modo que a estimativa de F14 com frutos
viáveis não ultrapassou, de acordo com a simulação, o dia 21 de
abril. Essa menor duração da estação chuvosa, associada à pre-
sença de solos de textura arenosa, resulta em ambiente inóspi-
to para semeaduras tardias de algodão em segunda safra caso
não se disponha de irrigação. Assim, é importante, em cada
tomada de decisão, considerar as vantagens e as desvantagens
de modificar a data de semeadura em cada local, incluindo os
possíveis riscos e benefícios.
81
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83
84
CAPÍTULO 3
Sistema radicular do
algodoeiro
Rodrigues D.R.1, Echer F.R1 e Rosolem C.A.2
1
Unoeste, Presidente Prudente/SP
2
FCA-UNESP, Botucatu/SP
3.1 Introdução
As raízes desempenham funções fundamentais para as plantas,
como ancoragem, absorção de água e nutrientes, síntese de hor-
mônios, aminoácidos e de ácidos orgânicos (Chloupek et al., 2010;
Středa et al., 2012), necessários para sua sobrevivência. O sistema
radicular do algodoeiro é do tipo pivotante, com uma raiz principal
que, ao desenvolver-se, emite raízes secundárias e terciárias (Fi-
gura 1). As raízes desenvolvem-se rapidamente e, se não sofrerem
interferência (física ou química), podem chegar a três metros de
profundidade (Oosterhuis, 1990).
Seu crescimento profundo permite-lhe buscar água e nutrientes
através do perfil do solo (Zhi et al., 2017), e a taxa de absorção de nu-
trientes e água depende do comprimento radicular da cultura e da taxa
de crescimento radicular (Barber, 1984; Nakhforoosh et al., 2014).
Inicialmente, o desenvolvimento radicular no algodoeiro
é maior quando comparado ao crescimento da parte aérea;
na fase inicial do desenvolvimento, o crescimento radicular
diário pode variar de 1,2 cm a 5,0 cm. Estresses abióticos,
como, por exemplo, sombreamento (Echer et al., 2019), seca,
compactação do solo, presença de alumínio tóxico, pobreza
em Ca etc., podem prejudicar o desenvolvimento das raízes.
Além disso, estresses bióticos, como ataque de nematoides,
frequentemente limitam o desenvolvimento radicular (Gal-
bieri et al., 2018).
85
Figura 1. Desenvolvimento radicular do algodoeiro, indicando a raiz pivotante e as raízes laterais.
86
A morfologia e a fisiologia das raízes estão diretamente rela-
cionadas ao crescimento e ao desenvolvimento da parte aérea da
planta (Niu et al., 2018); quando esta atinge 35 cm de altura, a raiz
estará com 90 cm de profundidade (Figura 2).
3.2 Água
Sem água não há crescimento radicular; a seca reduz a expan-
são celular e, portanto, o crescimento radicular. Em tal condição, o
alongamento da raiz aumenta, porém o diâmetro é reduzido, assim
como a ramificação radicular. Como o solo seca primeiro nas ca-
madas superficiais, conforme essas vão secando, as raízes crescem
em profundidade, se não houver impedimento físico ou químico, e
isso é fundamental para manter a resiliência da planta em condições
de deficiência hídrica, sobretudo em solos de menor capacidade de
retenção de água. As raízes têm formas e funções variadas; as finas
(com diâmetro < 2,0 mm) são as raízes funcionais e estão envolvi-
das na absorção de água e nutrientes, correspondendo à maior parte
do sistema radicular (Nadelhoffer e Raich, 1992). A umidade do solo
tem grande influência na distribuição das raízes finas e pode modi-
ficar sua dinâmica de crescimento (Zhou e Shangguan, 2007). Além
das raízes finas, os pelos radiculares correspondem a parcela signi-
ficativa da parte ativa do sistema radicular (Bates e Lynch, 1996). O
comprimento e a densidade de pelos radiculares são particularmente
importantes para a absorção de água e minerais (Haling et al., 2014).
Em algodão, a imposição de seca faz com que aumentem a
proporção e a densidade de raízes muito finas, chegando a re-
presentar mais de 90% do comprimento total de raízes (Xiao et
al., 2020); as raízes mais finas, porém, têm vida útil menor (Eis-
senstat e Yanai, 1997). Assim, a renovação do sistema radicular,
embora permitindo a sobrevivência da planta em condições ad-
versas de umidade, consome carboidrato, resultando em prejuízo
no crescimento da parte aérea, de modo que plantas estressadas
mostram menor relação copa/raiz (Xiao et al., 2020).
88
estimular seu crescimento. Ao encontrarem uma camada de maior
resistência, as raízes do algodoeiro tendem a buscar novos caminhos
ou a emitir raízes secundárias. A física do solo pode ser influenciada
por trânsito de máquinas, sistema de semeadura (direta ou conven-
cional), uso de plantas de cobertura, rotação de cultura, entre outros.
O uso contínuo de maquinário pesado, principalmente em solos ar-
gilosos, aumenta a chance de compactação, dificultando o desenvol-
vimento radicular (Stefanoski et al., 2013). Devido à compactação, o
volume de solo explorado pela raiz é limitado (Valadão et al., 2015),
o que reduz a absorção de nutrientes, principalmente os que depen-
dem de difusão, como fósforo, potássio e zinco (Malavolta, 2006).
Foi postulado que pode haver diferenças entre as cultivares de al-
godoeiro quanto à sensibilidade à compactação do solo. Assim, en-
quanto um genótipo pode ter seu crescimento radicular impedido
com uma resistência à penetração de 0,59 MPa, outro pode ser pre-
judicado apenas com uma resistência de 2,45 MPa (Kasperbauer e
Busscher, 1991; Rosolem et al., 1998). Entretanto, o crescimento radi-
cular é reduzido à metade com resistência do solo à penetração da or-
dem de 0,92 MPa a 1,06 MPa (Falkosky Filho et al., 2013). Avaliando
diferentes culturas – milho, arroz, ervilha e algodão – em condições
de estresse físico do solo, concluiu-se que o algodão apresentou maior
desenvolvimento radicular (Iijima et al., 2007). Estudos recentes
mostram, porém, que há um limite crítico para o desenvolvimen-
to radicular do algodoeiro, sendo 0,15 m3.m-3, 0,36 m3.m-3 e 1,80
MPa para a macroporosidade, microporosidade e resistência do
solo à penetração, respectivamente (Valadão Júnior et al., 2020),
embora esses níveis dependam da cultivar, como já discutido.
Normalmente, a presença de camadas compactadas em subsuperfí-
cie não afeta muito o comprimento radicular total. O que ocorre é uma
concentração exagerada de raízes na camada mais superficial, não com-
pactada, ficando o subsolo sem exploração (Silva e Rosolem, 2003).
Outro problema muito comum é a compactação de fundo de sul-
co, ou espelhamento da parede do sulco, que pode ocorrer com o
uso de semeadoras com discos (Figura 3). Como se vê na figura, o
solo não está compactado, e nem se trata de um pé de grade, mas há
uma alteração no crescimento radicular. Embora não seja um pro-
blema sério se as condições de clima forem favoráveis, caso ocorra
um veranico quando as plantas forem jovens, poderá haver algum
prejuízo no crescimento. O uso de botinha previne o problema.
89
Figura 3. Sistema
radicular mostrando
o resultado da
compactação no
fundo do sulco de
semeadura.
90
do solo por meio do manejo radicular de plantas de cobertura.
A porosidade, a densidade e a resistência do solo podem prejudi-
car ou beneficiar o desenvolvimento radicular, de acordo com a si-
tuação encontrada. Estudos mostram que a resistência à penetração
em sistemas sem plantas de cobertura pode ser 22% (0-15 cm) e 10%
(15-30 cm) maior em comparação a sistemas com plantas de cober-
tura (Nouri et al., 2019). Nessas situações, a escarificação pode ser
uma medida paliativa, que deve vir acompanhada pela semeadura de
uma planta de cobertura que ocupe os espaços deixados no solo. Já
no longo prazo, o uso de espécies de crescimento radicular vigoroso
e profundo formará bioporos contínuos e beneficiará a cultura su-
cessora. Estudo realizado em solo compactado utilizando diferentes
métodos de escarificação mostrou que, nos dois primeiros anos, o
crescimento radicular do algodoeiro foi maior em sistemas escari-
ficados, porém, no terceiro ano, não houve diferença entre sistemas
com ou sem escarificação (Singh et al., 2019).
91
Outros nutrientes podem influenciar de forma indireta o cresci-
mento radicular, dada sua concentração em determinadas regiões
do solo, como é o caso do nitrogênio e do fósforo. Com deficiência
de fósforo no solo, o comprimento das raízes finas da superfície e o
comprimento médio da raiz do algodoeiro influenciam fortemente a
absorção do elemento (Chen et al., 2019). Quando o teor de P no solo
é baixo, o transporte do nutriente até a raiz é o principal limitante
para a absorção e, assim, embora haja um ajuste da planta com o
aumento de raízes finas, o aumento do crescimento radicular devi-
do à adubação fosfatada não compensa a baixa difusão do nutriente
(Rosolem et al., 1999).
Solos com presença de nematoides ou sujeitos a estresse hídrico
por seca e que utilizam adubação em superfície estão sujeitos a maio-
res complicações. Por outro lado, o uso de plantas de cobertura pode
ser uma forma eficiente de movimentar o P no perfil do solo quando a
adubação foi realizada superficialmente.
A maior parte das lavouras de algodão no Brasil está em áreas de
alta e média fertilidade, com solos corrigidos (Santos et al., 2020),
logo, o déficit de cálcio e de fósforo não é comum. Porém, em áreas
novas ou sem histórico de cultivo de algodão, a fertilidade e os teores
de cálcio podem ser limitantes ao crescimento radicular do algodoeiro.
É importante ainda lembrar que o fertilizante não deve ser co-
locado logo abaixo das sementes, mas ao lado, uma vez que pode
haver prejuízo considerável no crescimento inicial das raízes e,
consequentemente, das plantas, em função da salinidade ao redor
do local onde o fertilizante foi colocado (Souza et al., 2007).
Atenção especial deve ser dada ao algodoeiro quando for cultivado
após Urochloa ruziziensis. As raízes dessa gramínea permanecem no
solo por um bom tempo depois do manejo, o que pode causar prejuízo
ao crescimento do algodoeiro cultivado na sequência, uma vez que foi
verificado menor crescimento radicular da cultura (Echer et al., 2012),
além de prejuízo na nutrição nitrogenada da planta (Figura 4). Os au-
tores atribuíram o efeito a uma possível competição pelo N do solo,
prejudicando o crescimento inicial do algodoeiro.
92
a redução de 12°C – de 30°C para 18°C – diminuiu a condutância
hídrica nas raízes do algodoeiro (Bolger et al., 1992).
93
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98
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Manejo e conservação da
água no sistema solo-planta
Figura 1. Aspecto visual do sistema radicular de plantas de algodão crescidas sob diferentes condi-
ções físicas: a) e b) em solos compactados com resistência elevada à penetração; c) e d) em solos
sem limitações mecânicas aparentes às raízes. A Figura 1a refere-se ao cultivo do algodão em área
irrigada, mostrando plantas com raízes em formato de “L” crescendo lateralmente no solo mais friável
acima da camada compactada com impedimento mecânico elevado.
104
ser atendida a demanda transpiratória das plantas. Além disso, o al-
godoeiro é considerado sensível à deficiência de oxigênio no solo mo-
tivada por excesso de chuva e/ou pela perda da macroporosidade por
conta da compactação do solo. Os impactos da anoxia dependem de
sua duração, do estádio de desenvolvimento da cultura, bem como de
outros fatores ambientais. A elongação da raiz principal do algodoeiro
é diminuída sob níveis reduzidos de oxigênio, o que resulta em me-
nor crescimento do sistema radicular, influenciando o uso eficiente
da água no perfil do solo. A anoxia temporária promove alterações
em todo o metabolismo do algodoeiro, especialmente na respiração
celular oxidativa, comprometendo o crescimento, o desenvolvimento
e a produtividade das plantas. Na Figura 2, mostra-se a ocorrência de
excesso de água na superfície do solo na fase inicial do crescimento
do algodoeiro na região dos Cerrados, sendo indicativo de perda da
macroporosidade, bem como de sua conectividade e continuidade,
devido à compactação do solo.
Figura 2. Ocorrência de acúmulo de água em solos da região dos Cerrados, com o algodoeiro
na fase inicial de desenvolvimento (a, b) e aspecto visual da superfície do solo e da cultura após o
alagamento das áreas (c, d). As fotografias foram gentilmente cedidas pelo Eng. Agronômo Carlos
Henrique Lorini (fotos a, b) e pelo Prof. Dr. Fábio Echer (fotos c, d).
105
Tais processos, aeração reduzida e resistência elevada do solo à
penetração, ocorrem simultaneamente em solos compactados. To-
davia, os estudos têm focado na resistência do solo à penetração,
dada a facilidade de medida e seus impactos visuais sobre o cresci-
mento e sobre a morfologia das raízes do algodoeiro. Em áreas irriga-
das, o tráfego de máquinas ocorre mais frequentemente com o solo
mais úmido em comparação a áreas de sequeiro, e o que se verifica
é a ocorrência mais severa de danos às raízes (Figura 1a). Associada
ao tráfego sob condições impróprias de umidade em áreas irrigadas,
as menores ocorrência e intensidade de ciclos de secagem e umede-
cimento retardam a recuperação da estrutura, a exemplo dos resul-
tados de Anghinoni et al. (2017) e Moreira et al. (2020). É provável
que, em áreas irrigadas, a compactação do solo exija número maior
de irrigações para manter a produtividade do algodão, aumentando
o custo de produção. O uso de culturas de cobertura com sistema
radicular abundante propicia a formação de canais e a deposição de
matéria orgânica e amplia os efeitos da secagem e do umedecimento
na recuperação do funcionamento físico e estrutural dos solos em
áreas irrigadas. Estudo recente na região dos Cerrados mostra que
a degradação do solo, além de reduzir a produtividade das culturas,
aumenta o custo de produção (Silva et al., 2021).
O estudo pioneiro de Jamali et al. (2021), na Austrália, de-
monstra que a degradação da estrutura pela compactação do solo
reduziu o acesso da água retida em camadas de solo abaixo de
30 cm de profundidade, induzindo a estresses que provocaram
perdas de até 27% na produtividade do algodoeiro. O uso menor
de água induziu ao fechamento estomatal, aumentando o tempo
em que a cultura do algodão permaneceu com temperatura do
dossel (Td) acima da temperatura ótima (To). Nesse estudo, os
autores obtiveram uma forte correlação entre o tempo em que a
cultura permaneceu com Td>To com a redução do uso da água
pelas plantas do algodoeiro das camadas de solo entre 30-50 cm;
eles indicam que reduções no acesso à água dessas camadas, devi-
do ao impedimento mecânico à penetração radicular, têm efeitos
muito significativos no estresse e na produtividade das plantas de
algodão. Os resultados do estudo indicam que boas práticas de
manejo com vista à qualidade física, química e biológica do perfil
do solo, que possibilitem o acesso à água disponível e temporal-
mente mais abundante em camadas subsuperficiais do perfil do
106
solo, são fundamentais para a eficiência agronômica e econômica
da cultura do algodoeiro.
O acesso à água retida em camadas subsuperficiais do solo de-
manda a infiltração da água da chuva ou de irrigação para que efe-
tivamente recarregue o perfil do solo. O tema tem sido pouco estu-
dado, mas é fundamental para ganhos de produtividade em todas as
culturas envolvidas nos sistemas de produção do algodoeiro. Jamali
et al. (2021) também demonstraram que a compactação do solo re-
duziu, em média, 16% a recarga do perfil do solo com água da chuva
e irrigação e que as maiores reduções na recarga (86%) ocorreram
nas camadas entre 30-50 cm de profundidade, precisamente a ca-
mada determinante para a ocorrência de estresses e perdas de pro-
dutividade do algodão. Os resultados de Jamali et al. (2021) trazem
à tona a discussão de quão importante são os sistemas de preparo e
manejo cultural para manter as condições físicas do solo favoráveis
à infiltração para reabastecer o reservatório de água no perfil e pro-
ver o crescimento das raízes do algodoeiro até esse reservatório. Por
exemplo, em Patrignani et al. (2019), verificou-se que a porcentagem
da precipitação alocada no perfil aumentou de 48% para 85% com
o uso de sistemas diversificados de cultivo. Na região dos Cerrados,
Silva et al. (2021) indicam que o monocultivo da soja em sistema
de plantio direto resultou em perdas de água equivalente a 10% da
chuva total anual, enquanto que a intensificação ecológica dos siste-
mas de produção com rotação diversificada de culturas aumentou a
conservação de água e a produtividade da soja. Assim, quando pos-
sível, a redução nas operações de preparo e a introdução de culturas
de cobertura que levem à melhoria da estrutura e da continuidade e
estabilidade dos macroporos no perfil do solo são fundamentais para
desempenhar as funções acima relacionadas. Condições superficiais
do solo que permitam a infiltração de água e recarga do perfil pode-
rão estar atreladas diretamente ao uso de água pelas culturas nos
diferentes sistemas de produção de algodão.
Os resultados obtidos por Anghinoni (2016) e Anghinoni et al.
(2019), em estudo conduzido na estação experimental da Funda-
ção MT em Itiquira - MT, retratam o impacto de sistemas de pre-
paro e manejo cultural (aqui denominados sistemas de produção)
para a cultura do algodão em atributos físicos e na disponibilida-
de hídrica do solo avaliada pelo IHO (o teor de água disponível no
solo com limitações mínimas associadas com o potencial da água
107
no solo – água disponível), aeração e resistência do solo à penetra-
ção. Foram avaliados os efeitos conjuntos de sistemas de preparo
convencional e plantio direto sob diferentes sistemas de produção
compostos pelas sequências de culturas descritas na Tabela 1. O es-
tudo foi realizado no sétimo ano de condução do experimento, ou
seja, o sistema trianual de sequência de culturas foi repetido duas
vezes completas, e o terceiro ciclo estava sendo iniciado. Mais de-
talhes dos sistemas de produção estudados podem ser obtidos em
Anghinoni (2016).
Sistemas de
Ano 1 Ano 2 Ano 3
produção
SP1 Pousio / Algodão Pousio / Algodão Pousio / Algodão
SP2 Milheto / Algodão Milheto / Algodão Milheto / Algodão
Soja / Milho
SP3 Milheto / Algodão Milheto / Algodão
safrinha
Crotalária / Soja / Milho
SP4 Milheto / Algodão
Algodão safrinha + Braq.
Milho verão +
SP5 Milheto / Algodão Soja / Crotalária
Braquiária
109
nutrientes nas camadas superficiais. A concentração de raízes
promove o consumo rápido de água das camadas superficiais,
com aumento imediato da resistência do solo à penetração, re-
duzindo a habilidade de crescimento das raízes em camadas
mais profundas do perfil do solo, o que resulta em um círculo
vicioso (Colombi et al., 2018). Nesse sentido, plantas subme-
tidas a estresses por oxigenação reduzida sob condições mais
úmidas (Figura 2), ou por resistência excessiva sob secamento,
tendem a concentrar as raízes nas camadas mais superficiais,
como pode ser visto na Figura 1a, 1b.
O manejo da macroporosidade deveria ser feito com o uso
de plantas de cobertura de crescimento rápido e com alta pro-
dução de biomassa, sendo uma alternativa prática e eficiente
para promover condições estruturais que proporcionem um
ambiente físico menos restritivo para o crescimento de plan-
tas (Imhoff et al., 2010; Calonego et al., 2017; Blanco-Canqui
e Ruis, 2018; Landl et al., 2019). Dentre estas, destaca-se, por
exemplo, a braquiária Urochloa ruziziensis, que tem sido cul-
tivada solteira ou em consórcio (Borghi et al., 2012; Mateus et al.,
2020), em sistema de rotação ou sucessão de culturas. Os resulta-
dos de Favilla et al. (2020) mostram que o cultivo de U. ruziziensis
na entrelinha da cultura do milho reduziu em 18% a densidade
do solo e aumentou significativamente a macroporosidade do
solo. A melhoria na macroporosidade do solo resultou em au-
mento de seis vezes na aeração, em 24 vezes no fluxo de água,
em cinco vezes na continuidade dos poros, além de reduzir em
40% a porosidade bloqueada no solo (aquela que não é efetiva
nas trocas gasosas entre o solo e a atmosfera). Esses efeitos
devem-se ao volume elevado de raízes e ao crescimento orien-
tado no sentido vertical (Figura 4), levando à formação de uma
rede contínua de poros no perfil do solo. O efeito positivo das
raízes da braquiária na funcionalidade física do solo sugere a
criação de um ambiente que facilita o acesso à água ao mesmo
tempo em que mantém a oxigenação do solo na zona radicular,
refletindo positivamente no desenvolvimento e na produtividade
das lavouras incluídas no sistema de produção do algodão.
110
Figura 4. Imagens obtidas por tomografia computadorizada de raios-X do sistema radicular de
Urochloa brizantha cv. Marandu e de Urochloa ruziziensis. Fonte: Galdos et al. (2020).
111
Figura 5. Valores médios de resistência do solo à penetração (MPa) medidos no potencial de água
de -10 kPa nos diferentes sistemas de produção e de preparo do solo (PC – preparo convencional do
solo e PD – plantio direto), no Estado de Mato Grosso, Estação Experimental Cachoeira, Itiquira - MT.
Fonte: Anghinoni (2016).
Figura 6. Teores de água do solo (m3.m-3) estimados pelo IHO nos diferentes sistemas de preparo e
sistemas de produção cultural para a produção de algodão. Fonte: Anghinoni et al. (2019).
113
de 0,10-0,20 m, houve efeito sistemático do preparo do solo e do
manejo de culturas na disponibilidade de água do solo (Figura 6).
Por outro lado, sob PD, independentemente do manejo cultural, os
valores do IHO foram sistematicamente maiores do que sob PC,
indicando um maior reservatório de água nessa camada para as
culturas. Vale a pena ressaltar que, em SP5, o IHO foi 140% maior
em PD comparado ao PC.
Para a camada de 0,20-0,40 m, a disponibilidade de água medida
pelo IHO foi cerca de 100% maior no solo sob PD para todos os siste-
mas de manejo de culturas em comparação com o PC (Figura 6). No
PD, os tratamentos envolvendo braquiária (SP4 e SP5) aumenta-
ram o IHO em 40-50% em comparação com os outros tratamentos;
efeito similar da braquiária também foi verificado sob PC. Esses re-
sultados mostram o efeito positivo do sistema de plantio direto e da
inclusão da braquiária no sistema de produção para a melhoria na
disponibilidade de água na camada de 0,20-0,40 cm. Isso também
demonstra que um eventual acesso facilitado a essa camada pode
acarretar em reduções dos riscos de estresse hídrico a que a cultura
está sujeita.
O estudo da permeabilidade do solo ao ar nos tratamentos des-
critos na Tabela 1 permitiu o cálculo de índice de continuidade de
poros apresentado na Tabela 2. Valores maiores de K1 indicam
continuidade maior dos poros, de forma que valores maiores são
indicativos de melhor funcionalidade do sistema poroso para o flu-
xo de água, ar e para a acessibilidade de água e nutrientes nas dife-
rentes camadas de solo.
Continua
114
Continuação
115
dentre outras, podem influenciar positivamente a disponibilidade de
água e a acessibilidade a ela e aos nutrientes. Todavia, ficou evidente a
necessidade de aliar a diversidade de culturas, a produção e a biomas-
sa radicular com a redução do preparo do solo.
Uma expressão rotineiramente utilizada na agricultura brasi-
leira – ou até mundial – é que “é necessário construir um perfil
de solo fértil e profundo”. Apesar de tal afirmação ter um caráter
qualitativo, faz-se necessário entender que as influências do mane-
jo na qualidade do solo em profundidade resultam da atuação de
sistemas de preparo e da atividade das raízes. Por isso, o caminho
para atingir esse objetivo passa pela redução de preparo e diversifi-
cação de culturas – ou a adoção do sistema de plantio direto com a
flexibilidade que é necessária na agricultura em substituição à ado-
ção de preparo de solo incisivo e recorrente, como normalmente se
emprega em sistemas de produção de algodão.
Após toda essa abordagem, pode surgir a seguinte pergunta:
quais aspectos poderíamos utilizar, então, para a identificação e
para o diagnóstico da qualidade física do solo em grandes áreas de
produção? Afinal de contas, elucidar dúvidas e facilitar as tomadas
de decisão a campo é o grande objetivo de toda a pesquisa agrícola.
É fato que o impacto da resistência do solo à penetração é menor
para o crescimento de plantas sob sistemas diversificados em com-
paração àqueles com baixa diversidade de culturas (Anghinoni,
2016; Anghinoni, 2021). É fato, também, que sistemas de produção
com revolvimento constante quebram a continuidade dos canais
no perfil do solo. Assim, o monitoramento da qualidade do solo por
meio da penetrometria, por exemplo, retrata bem sistemas de pro-
dução com baixa diversidade de culturas e/ou com revolvimento
intermitente, enquanto análises que focam na qualidade estrutural,
tal como as análises visuais da qualidade do solo, são mais adequa-
das para entender a qualidade física em ambientes com diversida-
de cultural e ausência de revolvimento. Nesse contexto, o monito-
ramento da qualidade física do solo por meio da penetrometria é
mais eficiente para retratar a qualidade física do solo em áreas que
recebem cultivo de algodão anualmente e preparo do solo inter-
mitente. Por outro lado, sistemas de produção mais diversificados
e com preparo reduzido do solo exigem um monitoramento mais
voltado para aspectos estruturais que controlam a qualidade física
nesses sistemas.
116
Parte 2 - Boas práticas de manejo para a melhoria da
qualidade do solo
Ferreira A.C.B
Embrapa Algodão - Núcleo Cerrado, Goiânia/GO
117
convencional (PC) do solo. Apesar de trabalhos técnico-científicos
demonstrarem ser possível cultivar os solos de forma mais susten-
tável, ainda é comum o PC por meio de equipamentos mecânicos,
como arados e grades, e preparo mínimo com subsoladores e escari-
ficadores, que impõem mobilização mecânica e reduções de cobertu-
ra do solo. Consequentemente, há maior predisposição aos processos
de erosão eólica e hídrica, resultando em perdas de solo (Figura 7), de
sementes e de fertilizantes, no assoreamento e na contaminação de
rios, lagos e outras fontes de água. Crostas superficiais, que dificul-
tam a infiltração de água e a emergência das plântulas (Figura 8), são
uma das consequências do preparo convencional do solo de forma
contínua ao longo do tempo.
Figura 7.
Erosão laminar
de um solo
argiloso
preparado
de forma
convencional.
Foto: Alexandre
Cunha de
Barcellos
Ferreira.
Figura 8.
Emergência
de plantas de
algodão em
solo arenoso
com selamento
superficial e
formação de
crosta. Foto:
José Geraldo
di Stéfano.
118
A sustentabilidade produtiva está totalmente associada às boas
práticas de manejo e uso do solo, de modo que estas ofereçam con-
dições favoráveis à produção das culturas e garantam a manuten-
ção ou a melhoria do solo para os cultivos futuros. Portanto, o ma-
nejo adequado do solo é premissa básica da conservação do solo
e da água, elementos-chave dos sistemas agrícolas e naturais. Pri-
meiramente, para que o solo seja manejado corretamente, é preciso
conhecer suas características, suas limitações e sua aptidão agríco-
la, para somente depois planejar seu uso, sustentado em práticas
conservacionistas, como, por exemplo, terraços e semeadura em
nível; cobertura do solo por meio da palhada das culturas comer-
ciais e plantas de cobertura; rotação de culturas e semeadura direta
na palha, ou seja, com revolvimento mínimo do solo (apenas na
linha de semeadura). Estas três últimas práticas são os princípios
básicos do sistema plantio direto (SPD), tecnologia conservacionis-
ta de produção agrícola cuja adoção aumentou no Brasil durante a
última década, inclusive no Cerrado. O SPD é uma das tecnologias
de cultivo mais promissoras da agricultura brasileira, que, além de
possibilitar produtividades elevadas, aumenta a matéria orgânica e
a qualidade do solo e reduz os custos de produção em comparação
ao preparo convencional.
119
grandes áreas de cultivo. Eles são fonte de C e de energia para os
micro-organismos decompositores, e, por meio dos processos de
transformação dos diferentes compartimentos da MOS, é possível
melhorar, ao longo do tempo, a CTC do solo, sua fertilidade e estru-
tura e, por consequência, a infiltração e a retenção de água.
Aumentar a MOS não é um processo simples e rápido; an-
tes de tudo, é indispensável eliminar ou reduzir sua perda por
processos que aceleram sua oxidação, favorecida pelas opera-
ções de revolvimento do solo. Além disso, é muito importante
eliminar ou diminuir as perdas por erosão hídrica, pois é jus-
tamente nas camadas superficiais do solo que são encontrados
os maiores teores de MOS e de nutrientes. Concomitantemente,
é necessário aumentar o aporte de resíduos orgânicos ao longo
do tempo, prática que é mais facilmente alcançada nas grandes
áreas por meio de aportes elevados dos resíduos vegetais pro-
venientes das culturas comerciais e das plantas de cobertura ou
adubos verdes. A magnitude da diferença entre os incrementos
e as perdas de C no solo indica se o ambiente produtivo caminha
no sentido da sustentabilidade ou da degradação (Pillon et al.,
2004). De acordo com esses autores, do C adicionado ao solo,
apenas cerca de 20% fica acumulado nele, mas é óbvio que isso
depende do manejo e das condições do ambiente; a maior parte
é perdida para a atmosfera na forma de CO2. Altas temperaturas,
associadas às precipitações elevadas, comuns entre novembro e
março no bioma Cerrado, favorecem a decomposição rápida dos
resíduos orgânicos (Conant et al., 2011).
O SPD tende a aumentar o C do solo e, consequentemente, a
MOS, mas a intensidade do incremento depende da produção de
biomassa das culturas (Raphael et al., 2016) que regula o aporte
de carbono, das condições ambientais (Ogle et al., 2012; Piccoli
et al., 2016) e da textura do solo (Piccoli et al., 2016). Pesquisas
com sistemas de produção de grãos e algodão no Cerrado têm
indicado melhorias relevantes no acúmulo de C no solo culti-
vado em SPD. Ferreira et al. (2020a) verificaram que o algodão
cultivado em SPD, rotacionado com soja safra, Urochloa (syn.
Brachiaria) ruziziensis em segunda safra e com o milho safra
consorciado com U. ruziziensis, incrementou em 20% o estoque
de C de um solo argiloso (50% de argila) até 0,40 m de profundi-
dade. Isso significa que a taxa de aumento foi quase cinco vezes
120
maior do que a proposta pela iniciativa “4 por 1000”, uma ação
voluntária dos países para acumular C nos solos mundiais à taxa
de 0,4% ao ano (Minasny et al., 2017). A iniciativa “4 por 1000”
parte do princípio de que o solo e a agricultura fazem parte da
solução para o sequestro do C, sendo vista também como uma
forma de melhoria da resiliência do solo às mudanças climáti-
cas (Minasny et al., 2018). No mesmo trabalho, Ferreira et al.
(2020a) observaram que apenas a rotação de culturas, integran-
do soja, milho e algodão em solos sob PC, não foi suficiente para
aumentar o estoque de C no solo.
Em um solo arenoso (15% de argila), Bogiani et al. (2020) veri-
ficaram que sob PC e monocultivo de algodão, de milho e de soja,
a produtividade média de MS da parte aérea foi de 3,1, 4,2 e 3,3
Mg.ha-1, respectivamente, demonstrando baixo aporte de fitomas-
sa residual ao solo. Os autores também observaram aportes médios
anuais maiores do que 8 Mg.ha-1 de MS no SPD com soja, milho e al-
godão, integrando plantas de cobertura (U. ruziziensis e Crotalaria
spectabilis), que resultaram no aumento do C na camada de 0,40 m
de profundidade. O C acumulado no solo cultivado com algodão em
SPD foi 33% superior na média dos dois sistemas de rotação com o
algodoeiro, em relação ao algodão sob monocultivo e PC do solo.
A cobertura morta, resultante apenas dos restos culturais do cul-
tivo anterior e de plantas daninhas, via de regra, não é suficiente
para a proteção do solo e para a condução adequada do SPD. Exis-
tem equívocos na execução do SPD, pois, embora em várias regiões
do Brasil a semeadura da soja, do milho e do algodão seja realiza-
da sem o revolvimento do solo, não há quantidade suficiente de pa-
lha para cobri-lo plenamente, o que, na essência, não é um SPD. É
o que ocorre com frequência em Mato Grosso, onde predominam,
continuamente, o cultivo de soja na safra e o algodão ou o milho em
segunda safra. Na Bahia e em outras regiões do Cerrado de Minas
Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, Maranhão, Piauí e Tocantins, o
problema de pouca palha e cobertura do solo também ocorre, mas de
forma mais intensa. Quando o sucesso da segunda safra é bastante
arriscado, o agricultor cultiva apenas a soja, o algodão ou o milho
solteiro durante a safra e frequentemente deixa as áreas em pousio
durante a entressafra. Após a colheita dessas culturas, a área perma-
nece descoberta e exposta às intempéries climáticas.
121
4.2.2 Plantas de cobertura para a melhoria do SPD e da
qualidade do solo
Produção e persistência de palhada
123
Resiliência produtiva em sistemas diversificados de produção
124
Figura 9. Produtividade (kg.ha-1) de algodão em caroço em dois sistemas de manejo de um solo
arenoso do Cerrado da Bahia. PCMA - preparo convencional e monocultivo de algodão; e PDSMA -
sistema plantio direto com rotação [soja (safra) + C. spectabilis (safrinha)/milho (safra) + U. ruziziensis
(safrinha)/algodão (safra)].
125
40,1°C, a do solo a 0,05 m de profundidade era 51°C no sistema soja
safra/milho segunda safra. De modo geral, os sistemas com mais
palhada, especialmente de U. ruziziensis, ou o sistema composto de
plantas de cobertura vivas de U. ruziziensis, solteira ou consorciada
com C. spectabilis, resultaram em temperaturas do solo pelo menos
5°C abaixo da observada no sistema soja safra/milho segunda safra.
Figura 10. Temperatura (°C) de um solo argiloso (46% e 39% de argila e areia, respectivamente),
submetido a seis anos com diferentes sistemas de produção de grãos e algodão. Santo Antônio de
Goiás (dados não publicados). SojaP (soja precoce); ruzi (Urochloa ruziziensis); Alg (algodão); spect
(Crotalaria spectabilis).
127
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135
Parte 3 - Água na planta: o excesso é tão prejudicial
quanto o déficit
Pabuayon I.L.B. e Ritchie G.L.
Texas Tech University, Lubbock, TX/USA
136
Part 3 - Water in the Plant: Too Much is as Harmful as
Too Little
Pabuayon I.L.B. e Ritchie G.L.
Texas Tech University, Lubbock, TX/USA
137
como as taxas respiratórias estão intimamente relacionadas ao con-
teúdo celular de água, e as plantas de algodão são sensíveis a peque-
nas alterações no conteúdo de água e nas concentrações de soluto.
Como resultado, o crescimento bem-sucedido do algodão depende
do equilíbrio entre a disponibilidade de água e a demanda da cultura,
de forma que o estresse seja minimizado e o crescimento vegetativo
desenfreado, prevenido.
138
cotton plants are sensitive to slight changes in water content and
solute concentrations in the plant. As a result, successful growth
of cotton depends on balancing water availability to crop demands
in a way that minimizes stress while preventing unrestrained
vegetative growth.
139
reduzida e baixa produtividade (Figura 2). À medida que a estação
avança a partir do primeiro estágio em que os capulhos se abrem, o
uso de água cai significativamente, e qualquer água adicional, seja
na forma de irrigação ou de chuva, além do período que o algodão
necessita, pode levar ao desperdício de recursos e de tempo. A pre-
cipitação excessiva coincidindo com a abertura e maturidade dos
capulhos também pode contribuir para a deterioração da qualida-
de da fibra devido a uma maior suscetibilidade a pragas, principal-
mente bactérias e fungos, que se alimentam dos componentes de
açúcar da fibra, levando à descoloração da fibra do algodão.
Por outro lado, vários estudos trazem que um déficit grave de água
antes do início da floração pode reduzir o número de ramos frutíferos
e promover a queda dos botões florais (Constable e Hearn, 1981; Loka
e Oosterhuis, 2012; Mauney, 1986; McMichael e Hesketh, 1982). O
estresse hídrico durante a floração diminui drasticamente a produti-
vidade e a qualidade das fibras (Loka e Oosterhuis, 2012; Schaefer et
al., 2018; Snowden et al., 2013; Snowden et al., 2014). As plantas de
algodão são menos sensíveis ao estresse hídrico durante a fase de de-
senvolvimento dos capulhos, desde que o equilíbrio entre a produção
de assimilados e as exigências dos capulhos seja mantido após a flo-
ração (Loka et al., 2011).
140
the form of irrigation or rain, beyond the period that the cotton
needs can lead to wasteful resource and time use. Excessive
rainfall coinciding with boll opening and maturity can also con-
tribute to the deterioration of fiber quality due to lint soaking
which increases the susceptibility of cotton to pests, such as bac-
teria and fungi, that feed on the sugar components of the fiber
leading to the discoloration of the lint.
A number of reports state that severe water deficit before the
onset of flowering can reduce the number of fruiting branches
and promote square abscission (Constable and Hearn, 1981;
Loka and Oosterhuis, 2012; Mauney, 1986; McMichael and Hes-
keth, 1982). Water-deficit stress during flowering dramatically
decreases crop yield and fiber quality (Loka and Oosterhuis,
2012; Schaefer et al., 2018; Snowden et al., 2013; Snowden et
al., 2014). Cotton plants are less sensitive to water-deficit stress
during the boll development stage as long as the balance be-
tween assimilate production and boll demands are maintained
after flowering (Loka et al., 2011).
141
Figura 2. A aplicação excessiva de água no algodão pode resultar em crescimento
vegetativo desenfreado. Foto gentilmente cedida por Glen Ritchie.
144
duced interception of radiation at the canopy level. If severe wa-
ter deficit conditions persist in conjunction with other stresses
such as extremely high temperatures, stomatal closure can lead
to increased leaf temperature above the optimal level and cellular
damage as a result of overproduction of reactive oxygen species,
which consequently leads to reduced photosynthetic capacity and
carbohydrate production.
A mismatch between the timing of excessive rainfall occur-
rences (or over-irrigation) and phenological stages can impact
cotton growth habit due to water-logged soils, limited accumula-
tion of heat units, shading effects, and susceptibility to pests and
diseases. Waterlogging restricts the gas exchange mechanism
between the soil and the atmosphere and depletes the free oxy-
gen molecules in the soil required for cellular respiration and en-
ergy metabolism (Bange et al., 2004; Christianson et al., 2010).
Early in the season, waterlogging in cotton fields results in leaf
yellowing (Figure 3), reduced shoot growth, and reduced nutrient
uptake due to restricted root growth (Hirabayashi et al., 2013).
Waterlogging after the onset of flowering increases the flowering
rate (Bruce and Römkens, 1965) but it can be counterproductive
as this promotes delay in maturity and consequently, reduces
seedcotton yield (Bange et al., 2004; De Bruyn, 1982; Hodgson
and Chan, 1982). A summary of the effects of water-deficit and
excessive water on cotton growth and development at both plant
and canopy levels are presented in Figure 4.
Figure 3. Waterlogged-soil conditions in the early part the season lead to leaf yellowing and
stunted growth in cotton. Photos courtesy Irish Pabuayon.
145
Figura 4. Resumo dos efeitos do excesso e da falta de água no crescimento e no desenvol-
vimento do algodão.
148
Zhao and Oosterhuis, 2000), reduced partitioning of assimilates
to fruiting structures (Lv et al., 2013; Pabuayon et al., 2021),
less retention of squares and bolls in the lower main-stem nodes
(Guinn, 1982), reduced number and weight of bolls (Zhao and
Oosterhuis, 2000), and consequently reduced yield (Echer and
Rosolem, 2015).
Cotton growth and development is primarily driven by tem-
perature, expressed as heat units. The accumulated heat units
are based on the minimum and maximum daily air temperatures.
Depending on the season, location, and variety, certain heat unit
accumulation values are required for the onset of various cotton
growth stages (Ritchie et al., 2007). In regions with humid tropi-
cal climate, frequent rainfall occurrences are commonly associated
with limited heat units. If a cotton plant does not receive suffi-
cient heats units during the growing season, it will not be able to
perform the developmental events needed to reach maturity. In
general, limited heat unit accumulation results in excessive vege-
tative growth, delayed boll development, reduced boll retention,
and reduced agronomic yield potential.
Figura 5. Distribuição dos capulhos de algodão de uma cultivar de média maturação (Stoneville
5458) cultivada em região subtropical com diferentes ambientes de crescimento. “Precoce” refere-se
a um ambiente que encoraja a floração e retenção precoces, “Média” refere-se a um ambiente que
favorece o desenvolvimento dos frutos nos nós médios e “Tardia” refere-se a um ambiente que
favorece o crescimento vegetativo no início da estação.
150
portion of the plant (Figure 5). These contrasting and distinct boll
distributions may be associated with the differences in rain occur-
rence in these locations, along with other associated environmental
factors. To wit, heavy rains which occurred early in the season in
the “Early” environment may have promoted early flowering and
retention, resulting in fewer bolls developing after node 9. Rain
may have also induced pollen rupture in newly opened blooms lo-
cated on the top portion of the plant. Meanwhile, more frequent
heavy rains during mid-season followed by warmer temperatures
in “Late” environment may have supported photosynthetic re-
covery, which helped the plant produce enough carbohydrate
supply for the developing fruit. However, if cooler temperatures
succeeded the heavy mid-season rains, fruit development may
not have been possible.
Figure 5. Cotton boll distribution of a medium-maturing cultivar (Stoneville 5458) grown in subtropical
region with different growing environments. “Early” refers to an environment that encourages early
flowering and retention, “Middle” refers to an environment that favors fruit development at the middle
nodes, and “Late” refers to an environment that favors early-season vegetative growth.
151
Compensações de alocação de recursos em função da
disponibilidade de água
152
Resource allocation trade-offs depending on water availability
Several studies over the past years have investigated how soil
moisture availability affects cotton growth and boll distribution
(Dumka et al., 2004; Gerik et al., 1996; W. Pettigrew, 2004;
Ritchie et al., 2009; Schaefer et al., 2018; Snowden et al., 2013;
Whitaker et al., 2008). Variations in environmental conditions
and resource availability can trigger changes in the resource al-
location patterns in cotton that can lead to trade-offs between
vegetative and reproductive growth and between aboveground
and belowground biomass production (Pabuayon et al. 2020).
For instance, cotton tends to allocate more resources favoring
deeper root growth under water-limited conditions (Pabuayon et
al., 2019). Water-deficit conditions can also result to plants with
smaller leaves, shorter height, fewer nodes, and lower boll reten-
tion (Pabuayon et al., 2021). On the other hand, cotton invests
more resources favoring extensive shoot growth under exces-
sive moisture conditions especially early in the season
(Figure 4). Unrestrained shoot growth may cause lower 1st posi-
tion fruiting rate at the lower portion of the plant leading to lower
yield. These trade-offs in resource allocation are important con-
siderations for efficient management.
153
vegetativas e reprodutivas do algodão. A alta disponibilidade de
água pode promover crescimento vegetativo excessivo, reduzindo a
alocação de fotoassimilados para os capulhos (Bauer et al., 2009),
consequentemente retardando a maturidade das fibras. Além dis-
so, a umidade excessiva também pode promover maior produção
de capulhos no topo da planta, levando à qualidade inferior das fi-
bras, já que esses são tipicamente menos maduros que os capulhos
na porção inferior da planta. Pabuayon et al. (2021) relataram que
o algodão submetido a alta quantidade de irrigação produziu fibras
com valores de comprimento e taxa de maturidade fora da faixa de
qualidade superior.
O déficit de umidade grave e prolongado em estádios críticos
de crescimento e desenvolvimento do algodão também resultará
na redução do espessamento da parede celular secundária e maior
conteúdo de fibras imaturas e pouco resistentes (Grimes e Yama-
da, 1982; Lokhande e Reddy, 2014). O déficit grave de umidade no
solo também inibe o processo fisiológico de expansão celular, le-
vando à redução do comprimento das fibras e da distribuição do
comprimento (por número) das fibras dentro da planta (Hearn,
1995; Mert, 2005). O baixo acúmulo de unidades de calor durante
a safra reduz a taxa de síntese de celulose e a deposição da parede
celular secundária, resultando em fibras imaturas (Haigler, 1991).
A redução da intensidade da luz relacionada ao sombreamento na
floração resultou em maiores comprimentos de fibras (Bradow e
Davidonis, 2010; Eaton e Ergle, 1954; Pettigrew, 1995).
154
to inferior fiber quality traits as these bolls are typically less ma-
ture than the bolls at the lower portion of the plant. Pabuayon et al.
(2021) reported that cotton under high irrigation treatments pro-
duced fibers with length and maturity ratio values that were out-
side the superior quality range.
Severe and prolonged moisture deficit at critical stages of cotton
growth and development will also result to reduced secondary cell
wall thickening and higher content of immature and weak fibers
(Grimes and Yamada, 1982; Lokhande and Reddy, 2014). Severe
soil moisture deficit also inhibits the physiological process of cell
expansion leading to reduced fiber length and the fiber length (by
number) distribution within the plant (Hearn, 1995; Mert, 2005).
Low heat unit accumulation during the season reduces the rate
of cellulose synthesis and secondary cell wall deposition, resulting
in immature fibers (Haigler, 1991). Reduced light intensity due
to shading at the flowering stage resulted in longer fiber lengths
(Bradow and Davidonis, 2010; Eaton and Ergle, 1954; W. T. Pet-
tigrew, 1995).
155
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159
160
CAPÍTULO 5
161
trientes e sua exportação fornecem parâmetros para o cálculo do ba-
lanço de nutrientes ao final de um cultivo, permitindo inferir sobre o
quanto retornará ao solo pelos restos culturais e ainda sobre a neces-
sidade de reposição de nutrientes no sistema produtivo.
Conforme Rosolem et al. (2012), as variedades modernas de
algodão mostram-se mais exigentes e sensíveis à deficiência de
nutrientes. Novas cultivares têm apresentado maior potencial pro-
dutivo, caracterizando-se pelo aumento da porcentagem de fibra
em detrimento da matéria seca do caroço. Diante desse fato, e in-
fluenciados pela escassez de informação sobre a demanda nutricio-
nal para esses novos ideótipos de plantas, os agricultores têm usa-
do doses mais altas de fertilizantes, com aplicações até fases mais
adiantadas do desenvolvimento reprodutivo, o que pode alongar o
ciclo e nem sempre se reflete em incremento de produtividade.
Nitrogênio
162
em caroço foi de 87 kg, com baixa aplicação de nitrogênio (70 kg.ha-1),
produtividade média de 4.960 kg.ha-1. Com aplicação de 140 kg.ha-1
de N, a média de exigência foi de 90 kg por tonelada de algodão em
caroço, com produtividade média de 5.332 kg.ha-1. Quando se apli-
cou dose exagerada de nitrogênio (210 kg.ha-1), a quantidade média
extraída foi 90 kg.ha-1, com produtividade média de 5.574 kg.ha-1
(Borin, A. L. D. C e De la Torre, H., dados não publicados). Nesses
experimentos, a extração média foi de aproximadamente 59 kg de
N por tonelada produzida, variando de 57 kg, com a menor dose de
N, a 62 kg, com a maior dose. Quando se faz a relação com a quan-
tidade aplicada, com 70 kg.ha-1 de N foram produzidos 70 kg de
algodão por kg de N; com 140 kg.ha-1, a relação caiu para 38 e, com
210 kg.ha-1, foram produzidos apenas 26 kg de algodão para cada
kg de N aplicado. Isso mostra um dos problemas da aplicação de
doses muito altas, pois, além de resultar em crescimento excessivo
da planta, a eficiência da adubação cai significativamente.
Expressando a exigência de N com base na produtividade de fi-
bra, Rochester (2007) apresentou valores obtidos por diversos au-
tores que oscilaram de 5,3 kg a 18,8 kg de N para 100 kg de fibra,
envolvendo diferentes genótipos de algodão. As cultivares TMG
44B2RF, FM 975 WS e FM 983 GLT utilizadas nos estudos realiza-
dos no Cerrado goiano (dados não publicados) extraíram de 15,5 kg
a 28,1 kg de N para cada 100 kg de fibra, enquanto a FM 966 LL, em
estudo de Rosolem et al. (2012), demandou uma proporção de 12,6
kg de N para produzir essa quantidade de fibra.
Assim, nota-se que as quantidades exigidas pelo algodoeiro va-
riam bastante, mesmo quando se usa o parâmetro em relação à pro-
dução. Isso ocorre porque, dependendo das condições ambientais,
uma planta grande e uma planta pequena de algodão podem ter
produtividades semelhantes. Dessa forma, deve-se ter muita aten-
ção ao usar o parâmetro exigência, ao definir-se as doses a serem
aplicadas. Mais interessante seria usar as quantidades exportadas
por tonelada produzida, que variam bem menos.
Fósforo
163
No estudo conduzido por Rosolem et al. (2012) utilizando a
cultivar FM 966 LL em espaçamento de 75 cm entre linhas, em
um solo com alto nível de fertilidade encontrou-se máximo acú-
mulo de P na planta aos 160 DAE, com extração de 45 kg.ha-1, ou
9,1 kg de P por tonelada de algodão em caroço. De acordo com o
modelo de resposta obtido em estudo realizado em condições de
campo na região do Cerrado, no Estado de Goiás, com a cultivar
FM 975WS semeada em safra única, o acúmulo máximo de P foi
estimado em 35 kg.ha-1 e ocorreu aos 159 DAE, correspondendo
a uma extração de aproximadamente 7,4 kg de P por tonelada
colhida de algodão em caroço.
Em ensaios de campo realizados no Cerrado goiano com as
cultivares TMG 44B2RF, FM 975WS e FM 983GLT semeadas em
safra única, a quantidade média de fósforo extraída por tonelada
de algodão em caroço foi aproximadamente 8,7 kg, na condição de
baixa aplicação de fósforo (70 kg.ha-1 de P2O5), com produtividade
de 4.960 kg.ha-1. No ensaio com aplicação de 140 kg.ha-1 de P2O5, a
extração média foi de aproximadamente 7,7 kg por tonelada de al-
godão em caroço, para uma produtividade média de 5.332 kg.ha-1. E
para o ensaio com dose exagerada de fósforo (210 kg.ha-1 de P2O5),
a extração média foi de aproximadamente 7,6 kg por tonelada de
algodão em caroço, para as produtividades médias de 5.574 kg.ha-1
(Borin, A. L. D. C e De la Torre, H., dados não publicados).
A cultivar FM 975WS extraiu o equivalente a 1,7 kg de P para
cada 100 kg de fibra no ensaio de campo no Cerrado goiano, en-
quanto que, para a FM 966LL, estudada por Rosolem et al. (2012),
a proporção foi de 2,6 kg de P por 100 kg de fibra. Rochester (2007)
reportou valores obtidos por diferentes autores, oscilando entre 0,9
kg e 2,7 kg de P a cada 100 kg de fibra produzida por genótipos de
algodão. Mullins e Burmester (1990) observaram a exigência de 2,5
kg de P para 100 kg de fibra, na média de quatro cultivares.
Como pode ser observado, embora existam diferenças impor-
tantes nos trabalhos conduzidos no exterior e no Brasil, para nos-
sas condições, as exigências em P não são tão variáveis como as
observadas para o N.
Potássio
164
variáveis, de 36 kg a 73 kg por tonelada colhida (Borin et al.,
2015), mas os níveis de absorção pelo algodoeiro expressam uma
tendência de aumento ao longo do tempo. Basset et al. (1970) in-
formam extração de 127 kg.ha-1; mais recentemente, Rochester
(2007) registrou valores oscilando de 88 kg.ha-1 a 264 kg.ha-1, com
média de 167 kg.ha-1. É provável que essa tendência de maior re-
querimento de K se deva ao potencial produtivo crescente das cul-
tivares disponibilizadas ao longo do tempo. No Brasil, Rosolem et
al. (2012) quantificaram extração de 294 kg.ha-1 de K, ou 59 kg por
tonelada de algodão em caroço, com acúmulo máximo atingido aos
124 DAE, na cultivar FM 966LL. De acordo com o modelo de respos-
ta obtido em estudo realizado em condições de campo na região do
Cerrado, no Estado de Goiás com a cultivar FM 975WS semeada em
safra única, o acúmulo máximo de K na parte aérea foi de 226 kg.ha-1,
aos 162 DAE, correspondendo a 48 kg de K por tonelada de algodão
em caroço produzida.
Em ensaios de campo realizados no Cerrado goiano com as cul-
tivares TMG 44B2RF, FM 975WS e FM 983GLT semeadas em sa-
fra única, a quantidade média de potássio extraída por tonelada de
algodão em caroço foi de 20 kg, com baixa aplicação de potássio
(90 kg.ha-1 de K2O), para produtividade média de 4.960 kg.ha-1.
Com aplicação de 180 kg.ha-1 de K2O, a extração média foi de 19 kg
por tonelada de algodão em caroço, para produtividade média de
5.332 kg.ha-1. Quando foi aplicada dose alta de potássio (270 kg.ha-1
de K2O), a exigência média foi de 22 kg por tonelada de algodão em
caroço, com produtividade média de 5.574 kg.ha-1 (Borin, A. L. D. C
e De la Torre, H., dados não publicados).
Lavouras de alta produtividade na Bahia extraem cerca de 80 kg
de K por tonelada de algodão em caroço produzido e cerca de 30%
é exportado (Vieira et al., 2018).
De acordo com Borin et al. (2015), Rosolem et al. (2012) e Roches-
ter (2007), menos de 50% do total absorvido da maioria dos nutrien-
tes seria exportado na colheita do caroço e da fibra. Em solos com alta
fertilidade, o conhecimento da exportação no algodão em caroço per-
mite ajustar o manejo da adubação, buscando-se aplicar quantidades
de nutrientes próximas das que são retiradas nas colheitas (Rochester,
2007), prática conhecida como adubação de restituição.
Em ensaios de campo realizados no Cerrado goiano com as
cultivares TMG 44B2RF, FM 975WS e FM 983GLT, do total de
165
nutrientes extraídos, a exportação média foi de 24 kg.t-1, 3 kg.t-1 e
6 kg.t-1, para N, P e K, respectivamente.
Sabe-se que a absorção de nutrientes é variável em função de cul-
tivares, do nível de produtividade, da fertilidade do solo, da aduba-
ção, da época de cultivo e do adensamento da lavoura (Rosolem et
al., 2012; Borin et al., 2015). E provavelmente há influência também
de características da planta e do ambiente que ainda não foram de-
vidamente investigadas. De modo geral, os resultados aqui apresen-
tados confirmam que cultivares mais modernas mantêm os padrões
de capacidade elevada de absorção de N, P e K, embora uma boa
proporção seja devolvida ao solo pela manutenção dos restos cultu-
rais após a colheita do algodão em caroço. Como há dependência da
disponibilidade dos nutrientes no solo e de umidade para a absorção
adequada, novos estudos seriam desejáveis para fundamentar o co-
nhecimento sobre a absorção tardia e até mesmo a conveniência de
eventual suplementação via adubação foliar sob determinadas cir-
cunstâncias nos ambientes de produção de lavouras comerciais.
166
ambientais (Raphael et al., 2019). Foi demonstrado que o N aplicado
tardiamente no algodoeiro vai, em boa parte, para a parte vegetativa
da planta, havendo estímulo ao crescimento (Rosolem e Mikkelsen,
1989), o que a torna mais tardia, embora possa melhorar a carga de
ponteiro, dependendo do clima. Ocorre que a maior concentração de
capulhos na parte superior da planta, independentemente do moti-
vo que a tenha causado, pode resultar em menor qualidade de fibra,
principalmente micronaire (Echer et al., 2020a), isso porque, no mo-
mento da formação da fibra na parte superior da planta, normalmen-
te a radiação, a temperatura e a disponibilidade hídrica são menores,
o que afeta negativamente a taxa fotossintética da planta, a síntese e
o transporte de carboidratos, além da deposição de celulose na fibra.
Dessa forma, o manejo adequado da adubação nitrogenada visando
aumentar a retenção de capulhos na parte inferior e média da planta
é importante para melhorar a produtividade, a qualidade da fibra e a
precocidade do algodoeiro.
167
resultar em certa compensação da perda, se houver água suficiente
no solo e a temperatura for alta o suficiente para garantir um bom
desenvolvimento dos frutos.
O manejo da adubação nitrogenada em condições de estresses
abióticos ganha relevância por que esse nutriente é um dos mais
dinâmicos no sistema, principalmente quando as lavouras estão ex-
postas a alagamento ou a encharcamento, seca e alta temperatura, o
que tem ocorrido com frequência em lavouras de algodão no Brasil.
Em condições de alagamento, a absorção de N pelas raízes é dificul-
tada, principalmente, pela menor atividade radicular do algodoeiro,
em função da menor oxigenação do solo (Khan et al., 2017).
O manejo do nitrogênio é fundamental para melhorar a eficiência
no uso da água pelo algodoeiro em lavouras em solos arenosos e em
sequeiro. Altas doses de N aumentam o índice de área foliar e a trans-
piração do dossel devido ao maior número de estômatos por metro
quadrado, o que acelera o secamento do solo (Figura 2). À medida
que ocorre o secamento do solo, há redução do potencial hídrico fo-
liar e aumento da temperatura do dossel, intensificando os estresses
hídrico e térmico (Coast et al., 2020). Especialmente em ambientes
de sequeiro e com solos arenosos que têm baixa capacidade de re-
tenção de água, é importante evitar altos índices de área foliar, tanto
pelo ajuste da dose de N quanto pela densidade de plantas.
168
Também se deve destacar a relação entre os nutrientes no
manejo da adubação nitrogenada, principalmente em relação ao
potássio. Atualmente, no Cerrado brasileiro, têm sido utilizadas
altas doses de fertilizantes, principalmente os nitrogenados, o que
leva à maior demanda por potássio, pois, normalmente, as maiores
produtividades do algodoeiro ocorrem com relação K2O:N de 1:1
(Ali et al., 2019). Sob menor relação K2O:N, o metabolismo do N é
prejudicado, ou seja, há menor eficiência na conversão de amônio
em aminoácidos e proteínas, fato que aumenta o consumo de fer-
tilizantes e o custo de produção. Como estratégia para melhorar a
eficiência da adubação nitrogenada e potássica, pode-se citar fontes
de eficiência aprimorada e melhor crescimento radicular do algo-
doeiro (ver capítulo 3 neste boletim).
Fósforo
169
Apesar da exigência relativamente baixa em fósforo, a dose apli-
cada é em torno de 120 kg.ha-1 de P2O5, mesmo em áreas de fertilida-
de construída. Isso ocorre pela alta fixação de P nos solos tropicais,
principalmente com Fe e Al. A partir do momento que os sítios de
ligação de P são saturados, o teor de P disponível no solo aumenta,
melhorando substancialmente a eficiência de uso do fertilizante
aplicado. Dessa forma, a partir do momento que o teor de P no
solo estiver em nível adequado, a aplicação do fertilizante deve
ser feita visando apenas a reposição do exportado, uma vez que o
excesso aplicado será gradativamente indisponibilizado no solo.
Objetivando a diminuição do custo de produção e mais eficiência
da adubação, nesses casos, as doses de P devem ser menores.
Potássio
170
O manejo de adubação potássica em lavouras de algodão no
Brasil varia em função do ambiente de produção. Normalmen-
te, a aplicação dos fertilizantes é parcelada em duas ou três ve-
zes (uma no sulco da semeadura e outras duas em cobertura),
lembrando que se deve evitar doses maiores que 50 kg.ha-1 de
K2O no sulco de semeadura. Outra opção é realizar a aplicação
em pré-semeadura a lanço (dose total), sendo mais frequente
esse manejo em solos de textura média e argilosa. Porém, um
estudo recente realizado no Oeste de São Paulo em solo are-
noso e ambiente de menor potencial produtivo mostrou que
a aplicação de 100% da dose em pré-semeadura na planta de
cobertura resultou em produtividade similar ao tratamento
parcelado (Figura 3).
Cálcio
171
transpiração do dossel, pode haver carências momentâneas de Ca,
que logo são revertidas com o funcionamento pleno do aparato
fotossintético. Adicionalmente, em função da baixa mobilidade
do Ca no floema, não é recomendada a aplicação via folha.
A deficiência de cálcio em lavouras de algodão no Brasil é
pouco comum, visto que a maior parte das áreas recebe apli-
cação de calcário com certa frequência e, em alguns casos, a
gessagem. Para situações em que não seja possível atingir o
nível crítico de Ca, há recomendações no sentido de se ocupar
cerca de 50% da CTC com Ca. Entretanto, apesar de ser muito
discutida a relação entre os cátions (Ca, Mg e K) no solo e sa-
turação na CTC, o fato é que, do ponto de vista científico, há
poucas evidências de que as relações entre Ca, Mg e K sejam
relevantes (Pauletti, 2020); dessa forma, recomenda-se atin-
gir o nível crítico de Ca no solo. É evidente que há uma alta
relação entre a disponibilidade de Ca no solo e o crescimento
radicular, uma vez que o comprimento radicular do algodoei-
ro aumenta até com 22 mmolc dm -3 de Ca no solo (Pivetta et
al., 2019). Assim, é importante que todo o perfil do solo es-
teja corrigido com teor adequado de Ca, o que pode ser feito
com incorporação de calcário em profundidade no início da
implantação do sistema, associado ao uso de gesso agrícola.
Magnésio
Enxofre
173
Figura 4. Plantas de algodão com deficiência de S. Original: C. A. Rosolem.
Boro
175
baixa capacidade dos solos arenosos em armazenar boro na matéria
orgânica. Por outro lado, em solos argilosos, tem-se observado que,
mesmo com a utilização de maiores doses de boro com fontes solúveis,
não há sintomas de toxidade do algodoeiro, mas o uso de altas doses
de B nesses solos pode intensificar a lixiviação. A recomendação oficial
de boro para o Cerrado em solo com baixo teor de B é de 2 kg.ha-1 do
elemento (Sousa e Lobato, 2004), mas deve-se levar em consideração
a textura do solo e a fonte utilizada para definição da dose adequada.
Cobre
Ferro
176
a formação de clorofila e o crescimento da parte aérea e das raí-
zes. Entre os micronutrientes, é o absorvido em maior quantidade
pelo algodoeiro (até 1.600 g.ha-1 em lavouras de alta produtivida-
de), sendo o acúmulo máximo por volta dos 100 DAE (Vieira et al.,
2018). Apesar de estudos no exterior reportarem que o Fe tem limi-
tado a produtividade do algodoeiro em ambientes de solos de baixa
fertilidade (Kidron e Zilberman 2019), no Brasil não é esperada a
ocorrência de deficiência de Fe, uma vez que os solos brasileiros
normalmente têm altos teores de Fe. Deficiências pontuais podem
ocorrer em condições de pH próximo de 7,0 ou em solos encharca-
dos; nessas condições, a aplicação foliar pode ser uma opção para
fornecer esse micronutriente.
Manganês
177
Molibdênio
Zinco
178
disponibilidade de Zn em solos tropicais é baixa; no Brasil, são
raros os estudos sobre adubação com Zn no algodoeiro de alta
produtividade. No entanto, em solos com baixo teor de Zn, a re-
comendação é de 6,0 kg.ha-1 via solo; em condições de teor médio,
aplicar 1,5 kg.ha-1 (Sousa e Lobato, 2004) e, em condições de teor
adequado, deve-se aplicar Zn com objetivo de repor o que for ex-
portado, e a dose dependerá da produtividade média do talhão. As
principais fontes utilizadas via solo são óxido e sulfato de zinco.
179
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adaptability, alleviation strategies, and mechanisms. The Crop Journal, v.
9(2), p. 257-270. 2021.
184
Quem nutre o futuro da cotonicultura
está com a gente.
A ICL, é uma empresa multinacional que une
conhecimento técnico à capacidade de inovação,
para que nossos clientes cresçam e tenham
acesso à soluções diferenciadas e disruptivas em
fisiologia e nutrição de plantas, e assim aumentar a
produtividade, qualidade e rentabilidade do setor
algodoeiro, e assim, melhorar a qualidade de vida das
pessoas.
Efeito da população de
plantas na produtividade e
qualidade da fibra do algodão
6.1.1 Introdução
A densidade de plantas determina a intensidade da competi-
ção entre as plantas e a eficiência em explorar os recursos dispo-
níveis, sendo que, à medida que a população de plantas aumen-
ta, aumenta também a competição entre elas por luz, espaço de
crescimento, água e nutrientes.
A adequação da densidade de plantas é uma operação-chave
187
para maximizar os rendimentos e o retorno econômico do cotonicul-
tor, assim como a interação existente entre população e cultivares;
tanto a alta densidade de plantas quanto a baixa podem ter conse-
quências negativas para a produtividade do algodão. A definição da
densidade adequada deverá considerar o ambiente de produção (dis-
ponibilidade de água e temperatura adequada), o genótipo, a intera-
ção entre ambiente e genótipo e o manejo adotado.
A variação da densidade pode ocorrer em razão da modificação
do espaçamento de cultivo ou do aumento do estande (plantas.m-1;
população), ou pela combinação dos dois. Tanto o espaçamento
quanto a população modificarão o microclima da cultura, sobretudo
a transmissão de luz no dossel, o consumo de água e a penetração de
fungicidas e inseticidas, o que pode favorecer o abortamento ou limi-
tar o ganho de peso das estruturas frutíferas, tanto pela ação do clima
como pelo ataque de pragas e doenças (mancha-alvo e ramulária).
6.1.2 Luz
A luz é um dos fatores que controlam o acúmulo de matéria seca no
algodoeiro e que pode ser medida a partir da quantidade de radiação
solar interceptada pelas plantas durante um determinado período. No
algodoeiro, assim como nas demais plantas C3, a RuBisCO tem uma
alta afinidade com CO2 e O2, e, sob condições de baixa intensidade lu-
minosa, a fotorrespiração é aumentada. Portanto, a relação etileno/
açúcar aumenta, causando abscisão das estruturas reprodutivas, o que
leva à perda de produção de algodão e qualidade da fibra.
O espaçamento entre linhas mais estreito pode melhorar a captu-
ra de luz no início do cultivo do algodão, o que, entretanto, não ne-
cessariamente resultará em aumento de produtividade ou qualidade,
pois o autossombreamento pode dificultar a incidência de radiação
em folhas mais baixas à medida que o dossel se fecha, diminuindo a
fotossíntese e a captação de fotoassimilados (Figura 1) (Echer e Ro-
solem, 2015a).
Sabe-se que, independentemente do espaçamento entre linhas, o
início da floração é o estádio mais sensível para gerar perdas indu-
zidas pelo sombreamento. Tais perdas se devem a uma combinação
de declínio da disponibilidade de água, temperatura e radiação no
final do ciclo, impedindo a compensação total da produtividade após
o abortamento de estruturas reprodutivas durante o sombreamento.
188
Quando se tem maior janela de cultivo para o algodoeiro, um espa-
çamento maior entre linhas resulta em maior rendimento de fibras.
Por outro lado, quando o algodão é semeado no final da janela e o
abastecimento de água é limitado, espaçamentos mais estreitos ten-
dem a ter maiores produtividades (Echer e Rosolem, 2015b).
189
acordo com o ambiente de produção, e seu posicionamento são es-
tratégias que podem aumentar o potencial produtivo.
Para que atenda às demandas do algodoeiro, as cultivares de ci-
clo longo são posicionadas na abertura do plantio, aumentam o po-
tencial produtivo da cultura, pois terão mais tempo sob condições
ótimas de luz, temperatura e, possivelmente, precipitação. Por outro
lado, cultivares de ciclo precoce podem ser posicionadas em condi-
ções de fechamento de plantio, pois, em razão do tempo limitado sob
condições ambientais adequadas, e por apresentarem frutificação
precoce, tais cultivares terão melhor desempenho do que as de ciclo
tardio em épocas tardias de semeadura. As cultivares de ciclo mé-
dio poderão ser utilizadas em épocas intermediárias de semeadura
e apresentam como vantagem um bom pegamento de estruturas em
posições frutíferas precoces e a possibilidade de pegamento de estru-
turas no ponteiro quando o clima assim o permitir.
190
que pode reduzir a pressão de doenças e o apodrecimento de maçãs
do baixeiro (Figura 2).
De maneira geral, em áreas com alto índice pluviométrico no iní-
cio da safra, o desempenho do algodoeiro em espaçamentos mais
largos (0,90 m a 1,00 m) é melhor, ao passo que, em semeaduras in-
termediárias, os espaçamentos de 0,75 m a 0,80 m apresentam bons
resultados. Há de se considerar as limitações operacionais de semea-
deiras e colhedoras ou o tempo necessário para ajuste nos equipa-
mentos como um fator decisivo à escolha do espaçamento de cultivo.
191
de plantas (Khan et al., 2020; Li et al., 2020) e pode obter altas
produtividades com baixas densidades. No entanto, altas densida-
des são utilizadas para modular o ciclo de cultivo em uma janela
climática adequada e é comum a utilização de densidade de plantas
superiores a 100 mil plantas.ha-1 (Echer e Rosolem, 2015b).
Além disso, Adams et al. (2019) (Figura 3) relataram que o nú-
mero de 35 mil plantas.ha-1 foi identificado como a densidade po-
pulacional mínima na qual a produção pode ser otimizada. Essa
taxa é mais baixa do que se recomenda em relação à densidade po-
pulacional comum para algodão, de cerca de 70 mil a 80 mil plan-
tas.ha-1 e substancialmente mais baixa que as densidades mais altas
plantadas por muitos produtores (>120 mil plantas.ha-1) ou mais
em condições de cultivo desafiadoras. Adams et al. (2019) mostra-
ram também que a produção diminui vertiginosamente abaixo de
35 mil plantas.ha-1, expondo o risco enorme de os produtores de
algodão aproximarem-se dessa densidade baixa, especialmente se
houver expectativa de perda significativa de sementes ou plantas.
No entanto, a semeadura com número de sementes excessivo pode
estar ocorrendo em muitos casos, resultando em perdas econômi-
cas aos produtores.
Há de se considerar que, nas principais regiões brasileiras de
cultivo, a instalação da lavoura ocorre em época chuvosa e, portan-
to, há forte presença de fungos de solo que comprometem o estabe-
lecimento inicial. Para tais condições, os produtores costumam au-
mentar um pouco a taxa de semeadura, pois as perdas no estande
tendem a comprometer a população final de plantas. Mesmo assim,
considerando o limite inferior observado no trabalho de Adams et
al. (2019), que foi de 35 mil plantas.ha-1, haveria uma margem de
segurança de semeadura em épocas ideais dentro de cada ambiente
a ser trabalhada (entre 50 mil e 80 mil plantas.ha-1). Em semeadu-
ras fora das janelas adequadas, normalmente se adensa um pouco
(aumento de duas a três plantas por metro) ou reduz-se o espaça-
mento, porém, para semeaduras muito fora da janela, nem mesmo
o aumento da densidade compensará a perda da produção, uma
vez que o crescimento das plantas será limitado pelas imposições
do ambiente (falta de água e baixas temperaturas no final do ciclo).
192
Figura 3. (A) Resposta da produtividade em fibra de relatórios da literatura sobre testes de
densidade populacional em algodão; (B) os mesmos dados de resposta de produtividade,
normalizados para contabilizar as diferenças de produtividade entre os conjuntos de dados;
(C) análise dos dados normalizados, usando função de modelo definida por partes, para
identificar um ponto de intercessão (Xo) nos dados, ou a densidade populacional mínima na
qual se espera que a produtividade seja otimizada. (Adams et al., 2019).
193
Figura 4. Produtividade de fibra do algodoeiro em função de cultivares, densidade de
plantas e doses de nitrogênio em três ambientes de produção (Presidente Bernardes, Para-
napanema e Montividiu). Médias seguidas por letras iguais não se diferenciam pelo teste-t
(LSD) (p<0,05). Letras minúsculas comparam as doses de N na cultivar precoce (E) e letras
maiúsculas na cultivar de ciclo médio (M)**= Significativo a 1%. *= Significativo a 5%. NS=
Não significativo. Barras verticais representam erro padrão da média (Galdi et al., 2022).
194
Quando se trata, no entanto, de altas doses de N combinadas com
densidade de plantas mais elevada, aumentam o índice de área foliar,
assim como o tamanho do dossel (Coast et al., 2020), o que pode au-
mentar também o consumo de água (Coast et al., 2020) e o risco de
produção em ambientes de instabilidade climática, podendo favorecer
o abortamento de estruturas reprodutivas do baixeiro pelo menor ín-
dice de radiação dentro do dossel, que, por consequência, causa perda
da produtividade (Khan et al., 2020), alonga o ciclo (Raphael et al.,
2019) e reduz a qualidade de fibra (Echer et al., 2020).
195
capulhos e à redução do peso de capulho (Figura 5). Além disso, a qua-
lidade de fibra foi afetada negativamente pelo aumento da densidade,
principalmente em Montividiu (Tabela 1), ambiente de produção com
alta fertilidade do solo, favorecendo o crescimento vegetativo da plan-
ta e o autossombreamento, mas que possui uma queda significativa na
radiação, na temperatura e na precipitação no final do ciclo da cultura,
como grande parte da região do Cerrado, o que limita a produção e o
transporte de carboidratos na fase de formação e enchimento das ma-
çãs, o que limitou o ganho de peso e a qualidade.
Figura 5. Número e peso médio de capulho do algodoeiro em função das cultivares, densida-
de de plantas e doses de nitrogênio em três ambientes de produção (Presidente Bernardes,
Paranapanema e Montividiu). Médias seguidas por letras iguais não se diferenciam pelo teste-t
(LSD) (p<0,05). Letras minúsculas comparam as doses de N na cultivar precoce (E) e letras
maiúsculas na cultivar de ciclo médio (M)**= Significativo a 1%. *= Significativo a 5%. NS= Não
significativo. Barras verticais representam erro padrão da média (Galdi et al., 2022).
196
Tabela 1. Rendimento de fibra, micronaire, comprimento, resistência, maturidade de fibra e índice de fibras curtas, em função das cultivares, densidade de
plantas e doses de nitrogênio em três ambientes de produção (Presidente Bernardes, Paranapanema e Montividiu). Médias seguidas por letras iguais não
se diferenciam pelo teste-t (LSD) (p<0,05). **= Significativo a 1%. *= Significativo a 5%. NS= Não significativo (Galdi et al., 2022). Precoce: FM 906 GLT.
Intermediária: FM 954GLT
7,6 42 Aa 40 Ab 40 Aa 40 Aa 42 Aa 42 Aa 44 Aa 45 Aa 41 Bb 42 Aab 42 Aa
8,6 42 Aa 42 Aa 40 Aa 41 Aa 43 Aa 43 Aa 44 Aa 45 Aa 41 Bb 42 Aa 42 Aa
9,8 41 Aa 41 Aa 41 Aa 42 Aa 43 Aa 42 Aa 45 Aa 44 Aa 41 Bb 42 Aab 42 Aa
2 ns ns
y1= -1,60+11,50x-0,75x 40,4 39,22+0,43x 40,38+0,53x 41,0
2 2 2
(R =0,97*) (R =0,59*) (R =0,92**)
197
Continuação
198
Densidade Presidente Bernardes Presidente Bernardes Paranapanema Paranapanema Montividiu
(pl.m-2) (Precoce) (Intermediária) (Precoce) (Intermediária) (Intermediária)
Micronaire (µg.pol-1)
6,6 4,5 Aa 4,7 Aa 4,5 Aa 4,6 Aa 4,6 Aa 4,7 Aa 4,6 Aa 4,5 Aa 3,8 aA 3,6 bA 3,7 bA
7,6 4,7 Aa 4,8 Aa 4,4 Bb 5,0 Aa 4,8 Aa 4,7 Aa 4,6 Aa 4,5 Aa 3,8 aA 3,8 aA 3,4 bB
8,6 5,0 Aa 4,8 Aa 5,0 Aa 4,9 Aa 4,5 Aa 4,6 Aa 4,5 Aa 4,4 Aa 3,7 aA 3,5 bAB 3,4 cB
9,8 4,8 Aa 4,4 Ba 4,7 Aa 5,1 Aa 4,5 Aa 4,6 Aa 4,4 Aa 4,4 Aa 3,3 bA 3,4 aA 3,4 aA
ns ns ns
y1= 4,8 4,7 4,6 5,00-0,05x 4,87-0,15x
2
(R =0,91*) (R2=0,78**)
7,6 29,2 Aa 29,4 Aa 29,8 Aa 30,9 Aa 28,5 b 29,7 Aa 31,2 Aa 30,8 Ba 30,6 Aa 30,2 Aa 29,4 Bb
8,6 29,7 Aa 29,5 Aa 30,7 Aa 30,1 Aa 29,1 Aa 29,9 Aa 31,5 Aa 31,1 Aa 30,3 Aa 29,1 Ab 30,6 Aa
9,8 28,9 Aa 29,7 Aa 30,8 Aa 30,3 Aa 29,9 Aa 29,2 Aa 31,3 Aa 31,3 Aa 28,7 Bb 29,0 Bb 31,7 Aa
ns ns ns ns 2
y1= 29,3 30,5 29,3 31,2 35,55-0,71x (R =0,83*)
ns ns ns ns
y2= 29,4 30,4 29,5 31,0 31,92-0,33x (R2=0,86**)
Continua
Continuação
Densidade Presidente Bernardes Presidente Bernardes Paranapanema Paranapanema Montividiu
(pl.m-2) (Precoce) (Intermediária) (Precoce) (Intermediária) (Intermediária)
Resistência (gF.tex-1)
6,6 32,5 Aa 31,5 Ba 32,8 Ba 34,6 Aa 31,1 Ba 32,4 Aa 34,1 Aa 34,9 Aa 30,1 Aa 28,4 Bb 29,4 Ba
7,6 30,9 Ba 32,3 Aa 33,7 Aa 33,2 Aa 29,1 Bb 31,9 Aa 33,0 Aa 32,9 Ba 31,0 Aa 28,9 Bb 28,0 Bb
8,6 32,3 Aa 31,8 Ba 33,8 Aa 32,4 Aa 30,4 Ba 31,9 Aa 31,4 Aa 31,7 Aa 28,5 Bb 30,9 Aa 28,2 Bb
9,8 32,0 Aa 31,2 Aa 33,8 Aa 34,2 Aa 31,4 Aa 31,7 Aa 31,0 Aa 30,9 Aa 28,8 Aa 28,1 Aa 28,2 Ab
ns ns ns
y1= 31,9 33,5 30,5 40,5-1,07x 34,40-0,63x
(R2=0,95**) (R2=0,51**)
ns 2 ns
y2= 31,7 78,46-12,01x+0,78x 32,0 42,51-1,31x -17,92+12,72-0x,84x2
Maturidade
6,6 89,0 Aa 89,7 Aa 89,2 Aa 89,7 Aa 87,5 Aa 88,2 Aa 87,7 Aa 88,0 Aa 84,6 Aa 84,0 Aa 84,0 Aa
7,6 89,5 a 89,2 Aa 89,2 Aa 89,0 Aa 87,7 Aa 88,0 Aa 87,7 Aa 87,2 Aa 84,3 Aa 84,3 Aa 83,0 Bb
8,6 89,0 Aa 89,0 Aa 89,0 Aa 89,0 Aa 87,2 Aa 87,7 Aa 87,7 Aa 87,2 Aa 84,0 Aa 83,6 Ba 83,6 Ba
9,8 89,2 Aa 89,5 Aa 89,0 Aa 89,0 Aa 87,5 Aa 87,7 Aa 87,5 Aa 87,5 Aa 83,6 Aa 83,6 Aa 82,6 Bb
Continua
199
Continuação
200
Densidade Presidente Bernardes Presidente Bernardes Paranapanema Paranapanema Montividiu
(pl.m-2) (Precoce) (Intermediária) (Precoce) (Intermediária) (Intermediária)
Índice de fibras curtas (%)
6,6 6,82 Aa 4,70 Bb 6,27 Aa 7,67 Aa 7,62 Aa 6,40 Aa 5,57 Aa 6,62 Aa 6,43 Ba 7,23 Aa 7,10 Aa
7,6 8,47 Aa 6,62 Bb 5,70 Ba 6,70 Aa 6,20 Aa 7,05 Aa 6,35 Aa 6,20 Aa 6,00 Bb 7,93 Aa 7,43 Aab
8,6 6,37 Aa 6,75 Aa 6,45 Aa 6,65 Aa 6,45 Aa 4,72 Bb 6,45 Aa 6,62 Aa 6,93 Ba 7,20 Ba 8,13 Aa
9,8 7,97 Aa 7,32 Aa 7,37 Aa 6,62 Ba 4,65 Bb 6,97 Aa 5,65 Aa 5,95 Aa 8,66 Aa 6,96 Bab 6,26 Ba
y1= 100 kg.ha-1 de N, y2= 140 kg.ha-1 de N (Presidente Bernardes e Paranapanema), y1, 2 e 3= 80, 120 e 16
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Acesso em: 11 dez. 2021.
202
Parte 2 - O algodoeiro no Cerrado: população de plantas,
espaçamento e épocas de semeadura, uma visão prática
Takizawa E.
CERES Consultoria, Primavera do Leste/MT
203
do potencial produtivo, e não se deixar encantar pelo rendimento
potencial, que ofusca as imposições dispendiosas de minhas esco-
lhas. Dessa forma, é importante compreender que a população de
plantas do algodoeiro é apenas um elemento de uma série de fa-
tores inter-relacionados e que suas interações podem resultar em
um comportamento pretendido ou fugir de nossos anseios. Nessa
ocasião, compete-nos reagir rapidamente, colocando em prática
outros recursos agronômicos.
A compreensão clara das etapas a serem consideradas antes da
decisão final sobre população, espaçamento e época de semeadura
do algodoeiro envolve o conhecimento de quesitos que serão trata-
dos nos próximos tópicos. Para situações específicas, como a capa-
citação do produtor e de seus colaboradores, por exemplo, os temas
abordados neste capítulo podem ser elementos complementares
importantes na decisão final.
204
Uma maneira bem simples de tratar as características do solo
como referência para determinar população, espaçamento e época
de semeadura do algodoeiro é analisar a fertilidade química, física e
biológica do solo, lembrando que o algodoeiro é uma planta exigen-
te em micorrizas para uma absorção eficiente de fósforo e diversos
micronutrientes. Essa necessidade de associação com outros agentes
vivos torna difícil representar a qualidade do solo de forma simples.
Outro item ligado ao solo é a capacidade de água disponível do
solo (CAD). A água pode ser encarada como principal elemento ne-
cessário pelas plantas, pelo menos em volume, quando comparado
aos elementos minerais, e o principal fornecedor do hidrogênio e
do oxigênio, elementos que formam a maior parte dos componen-
tes da planta. Apoiados nessas informações básicas, podemos criar
como exemplo um modelo de análise simples (Figura 1), que con-
siste na interação de algumas características do solo e sua relação
com população, espaçamento e época de semeadura do algodoeiro.
205
6.2.3 Características climáticas
As características climáticas são elementos balizadores impor-
tantes para determinar população, espaçamento e época de semea-
dura do algodoeiro e, como parte da natureza, é um fator que o ho-
mem não determina. Cabe-nos, então, escolher a melhor época de
semeadura, beneficiando-se ou agindo para reduzir seus impactos
negativos e, quando associado ao solo, forma as condições edafocli-
máticas, cujo conhecimento é base para determinar não só popula-
ção, espaçamento e época de semeadura do algodoeiro, mas toda a
viabilidade do cultivo do algodoeiro.
Para fins práticos, as características climáticas – como a expecta-
tiva das chuvas, temperatura, luminosidade e todos os elementos cli-
máticos – devem ser combinadas com as exigências da fisiologia do
algodoeiro em busca dos melhores resultados, e, neste aspecto, como
a energia incidente responsável pela fotossíntese não pode ser alte-
rada pelo homem, resta-nos entender o funcionamento da natureza
e dele usufruir da melhor forma possível, e como um dos recursos
temos população, espaçamento e época de semeadura do algodoeiro.
Como a inter-relação solo e clima é um vínculo impossível de ser
dissociado, será como inserir mais uma perspectiva na Figura 1, em
que as características do clima influenciarão positiva ou negativa-
mente em população, espaçamento e época de semeadura. Muitas
das características climáticas governarão a capacidade do solo e das
plantas em absorver os nutrientes e transformá-los nos órgãos das
plantas e, posteriormente, nos produtos da colheita.
A preferência de um modelo de cultivo do algodoeiro implica em
ganhos e perdas, e regular o balanço dessa equação talvez seja uma
das grandes atribuições dos profissionais responsáveis pela condu-
ção do algodoeiro. Fica muito claro que cada decisão em direção a
um interesse resulta em um efeito oposto. População, espaçamento e
época de semeadura do algodoeiro, em suma, têm a finalidade de ob-
ter a melhor interceptação dos raios solares e o melhor uso da água.
O comando das características climáticas não está a cargo do
agricultor; dessa forma, compreender os ciclos naturais dos even-
tos climáticos e preparar-se para as intempéries normais a cada sa-
fra faz parte das estratégias da decisão de população, espaçamento
e época de semeadura do algodoeiro como medida de cautela para
efeitos danosos ou para alcançar ganhos beneficiando-se do clima.
206
6.2.4 Objetivos do sistema de cultivo do algodoeiro
Antes de prosseguir, cabe fazer uma ressalva sobre os obje-
tivos do sistema de cultivo do algodoeiro, de grande relevância
para o entendimento dos amparos agronômicos para determi-
nar as diretrizes de manejo do algodoeiro. Salientamos que,
como produto da colheita do algodão, podemos ter: a semente,
o caroço e a fibra (Figura 2). A opção prioritária da colheita do
algodão orientará o planejamento de população, espaçamento
e época de semeadura das plantas.
207
Figura 3. Frutos na primeira, segunda, terceira e quarta posições no ramo com quatro e cin-
co carpelos e diversas quantidades de sementes (à esq.) e número de frutos em diferentes
internódios na planta (à dir.) sugerem diferenças na qualidade da fibra e da semente.
Figura 4. Cobertura do solo e culturas antecessoras e sua relação com população, espaça-
mento e época de semeadura.
208
A cobertura do solo e as culturas antecessoras exercem função
importante como hospedeiras de pragas e doenças que acome-
tem o algodoeiro, bem como os herbicidas pré-emergentes não
seletivos ao algodoeiro aí podem agir, assim como organismos
benéficos podem estar presentes, favorecendo a preservação da
população de plantas. O monitoramento e o entendimento do re-
sultado desse balanço entre o “bem e o mal” podem determinar
a escolha da população e da época de semeadura do algodoeiro.
O intervalo de tempo transcorrido entre a semeadura do algo-
dão e a dessecação da cobertura vegetal ou da cultura antecesso-
ra faz parte do grupo de informações relevantes para determinar
população e época de semeadura do algodoeiro e, unido aos de-
mais critérios, fará parte dos pontos examinados.
Quando se pretende hierarquizar os critérios para decisão de
população, espaçamento e época de semeadura do algodoeiro,
pode ser frustrante chegar à conclusão que a importância desses
elementos é mutável a cada momento, citando, como exemplo, a
cobertura do solo em uma palhada de braquiária com mais de 10
toneladas de matéria seca por hectare com 60 dias da desseca-
ção, podemos optar por uma determinada população de plantas
diante da dificuldade de estabelecimento. Porém, se essa mesma
palhada estiver com mais de 120 dias e submetida a um rolo-fa-
ca, podemos optar por uma nova população de plantas.
209
dessa partilha da biomassa é atingir a melhor proporção entre
partes não colhidas (folhas, raízes, galhos, caule etc.) e partes da
colheita (semente e fibras).
210
como a porcentagem de germinação e o vigor da semente retra-
tam a taxa de sucesso no estabelecimento do algodoeiro, mesmo
quando na emergência inicial sejam os mesmos, comparados en-
tre sementes com características de qualidade distintas. No campo,
observamos que as melhores sementes possuem variações meno-
res em seu desenvolvimento e mantêm densidades de plantas mais
uniformes, originando plantas melhores e mais produtivas, mesmo
em populações menores.
211
distribuição com presença de falhas ao longo da linha de semeadura.
O evento da semeadura é o marco zero do ciclo da cultura, e a se-
mente, com suas características, desempenha função decisiva para
garantia da população do algodoeiro.
213
eficiente na conversão de fotoassimilados e na divisão harmônica
entre os órgãos vegetativos e reprodutivos. Em vários casos prá-
ticos, populações de plantas adequadas resultaram em melhores
produtividades em um menor ciclo.
215
Os itens abordados anteriormente são um exemplo
simples das dimensões consideradas antes da decisão final de
população, espaçamento e época de semeadura, e a escolha
dessas questões básicas impactarão diretamente na forma de
condução do algodoeiro.
Neste capítulo, não me preocupei em transmitir receitas prontas
para uso imediato pelos agricultores, mas elementos a serem pon-
derados antes da decisão final de população, espaçamento e época
de semeadura do algodoeiro e, a partir das escolhas, predizer os
possíveis cenários com seus ganhos e perdas.
Diante de tantos critérios relevantes analisados antecedendo a
escolha de população, espaçamento e época de semeadura do al-
godoeiro, é importante salientar que na agricultura não existe uma
ordem prioritária fixa e única. Apesar disso, há padrões que podem
alternar-se em resposta às circunstâncias, vinculados a tudo o que
foi explanado. Ademais, há fatores emocionais ou intuitivos sem
nenhum amparo agronômico que, em várias situações práticas, for-
mam o elemento decisivo para determinar população, espaçamen-
to e época de semeadura do algodoeiro.
216
217
218
CAPÍTULO 7
Reguladores de crescimento:
da fisiologia à aplicação
Echer F. R.1 e Rosolem C. A.2
1
Unoeste, Presidente Prudente/SP
2
FCA-Unesp, Botucatu/SP
219
bem mais lento, assim como o regulador terá menor efeito no cres-
cimento (Figura 1). Dessa forma, quando as temperaturas médias
se aproximam de 20oC ou abaixo, não há sentido em se aplicar re-
gulador. Por outro lado, em altas temperaturas, as doses requeridas
para controlar o crescimento serão mais altas.
Temp
39/29°C
Temp
32/22°C
Temp
25/15°C
220
A aplicação do regulador na quinta folha resultou, após 24 h, em
maior translocação para o caule abaixo da folha aplicada e, após 48
h, foi encontrado no caule acima da folha tratada. A concentração
na sétima folha só foi aumentada 96 h após a aplicação. Uma quan-
tidade muito pequena de regulador foi detectada na raiz (Figura 2).
Assim, a eficiência do controle do crescimento depende da boa co-
bertura da pulverização, o que, aliado à condição ambiental, irá ga-
rantir maior ou menor efeito residual do CM.
222
As doses de regulador de crescimento utilizadas atualmente
são muito superiores às utilizadas no passado, e as razões para
isso são apontadas abaixo:
223
carga produtiva, especialmente entre F1 e Fn (florescimento pleno),
entre 50 e 85-90 DAE.
A redução da altura da planta ocorre com a diminuição do com-
primento dos entrenós, e este é sensível às condições ambientais,
sobretudo temperatura, luz, disponibilidade hídrica e nutricional,
além das características genéticas da cultivar. Os entrenós são con-
siderados longos acima de 7 cm e indicam condições favoráveis ao
crescimento vegetativo. Entrenós com comprimento entre 4 cm e 5
cm são considerados ideais por resultarem em arquitetura de plan-
ta que proporciona melhor circulação de ar, umidade e transmissão
de luz. Abaixo de 4 cm, os entrenós são curtos demais, e indicam
algum estresse durante seu desenvolvimento, como dose muito alta
de regulador, efeito de herbicida, seca, baixas temperaturas etc. Em
geral, 5 cm é o comprimento ideal dos internódios e, dependendo do
número de nós almejado para a lavoura, é necessário reduzir o com-
primento médio dos entrenós, caso contrário a planta ficará muito
alta. A Figura 4 mostra um padrão de crescimento considerado ideal,
tomando-se como base a relação altura de plantas x número de nós.
Nota-se que, quando uma planta avaliada está à esquerda da reta, o
crescimento é excessivo. Por outro lado, se a avaliação estiver à dire-
ta da reta, o controle do crescimento está muito rigoroso.
224
O momento de aplicação do regulador deve ser definido com
base em critérios técnicos. Como exemplo de critérios emprega-
dos mencionam-se: razão entre altura de plantas e número de nós
da haste principal (Figura 4) e o comprimento médio dos últimos
cinco nós do ponteiro.
A avaliação do comprimento dos cinco nós do ponteiro é um dos
métodos mais eficientes para monitorar a taxa de alongamento dos
entrenós, pois a síntese de giberelina se dá no ápice caulinar, por-
tanto, a região de maior influência do hormônio será no ponteiro da
planta. A medição é realizada contando-se o primeiro nó do ápice da
planta (considera-se como primeiro nó aquele que tenha distância
de no mínimo 1,2 cm até o segundo) até o quinto nó. Essa medida é
dividida por 5 para se obter a média dos entrenós. Ex.: distância do
primeiro ao quinto nó: 16 cm dividido por 5 = 3,2 cm. Utilizam-se
como critério de interpretação os seguintes valores:
225
Tabela 1. Sugestão de doses de regulador de crescimento em diferentes condições de
crescimento#. Altura é dada em centímetros.
Taxa de
Ciclo da Umidade
Equação Temperatura crescimento
cultivar do solo
diário (cm)
Dose = 34,16 –
Tardio >30ºC Boa 1,00
1,438A + 0,0224A2
#
O resultado da equação é expresso em g. i.a. ha-1 de cloreto de mepiquate ou clormequate.
Para transformar em produto comercial, basta dividir o resultado pela concentração do i.a. no
produto. Ex.: para uma cultivar de ciclo tardio e com altura de 70 cm, a dose recomendada de
i.a. é de 29,36 g.ha-1. Se o produtor optar por usar o regulador à base de cloreto de mepiquate
que tenha concentração de 25%, a dose será de 117,4 ml.ha-1 (29,36/0,25).
226
para os primeiros nós produtivos. Assim, se contado o número
total de estruturas frutíferas das plantas, normalmente há uma
pequena diminuição. Entretanto, há uma compensação pelo
maior peso médio do capulho e a produtividade não é modifica-
da. Evidentemente, doses excessivas, ou aplicações fora da me-
lhor época, resultarão em menos estruturas produtivas, e, sem a
devida compensação, haverá prejuízo na produtividade.
Dessa forma, quando as aplicações são efetuadas na época e com
a dose correta, não se espera efeito na produtividade, mas se espera
evitar queda na produtividade em função de outras práticas, tais
como altas doses de fertilizantes, especialmente N, que resultam
em plantas com crescimento muito vigoroso.
Propriedades da fibra como comprimento, maturidade, micro-
naire são componentes de rendimento; a fibra de algodão está em
sua maior parte sob controle genético. No entanto, sua qualidade
também depende do ambiente e do gerenciamento da planta. As-
sim, seria possível ainda um efeito dos reguladores sobre a qualida-
de da fibra, embora indireto, proporcionando melhores condições
para o desenvolvimento da fibra de qualidade. Por exemplo, em
função do melhor pegamento de frutos do baixeiro, se não ocor-
rerem problemas, serão adiantadas a maturação e a colheita, re-
sultando assim em melhoria da qualidade da fibra, que terá ficado
menos tempo exposta ao ambiente e amadurecido em melhores
condições de água e temperatura.
O manejo de lavouras para altos rendimentos é totalmente com-
patível com alta qualidade de fibra, mas o ambiente nem sempre
é previsível ou gerenciável. Portanto, a maioria dos fatores de ge-
renciamento que otimizam a produtividade também resultará em
melhor qualidade da fibra. O cultivo de algodão antes ou depois
da melhor época recomendada resultará na maior parte da fase de
desenvolvimento das fibras sob temperaturas mínimas mais baixas
que as adequadas (20°C) e disponibilidade limitada de água, o que
poderá comprometer o ganho de peso e sua qualidade. O excesso
de nitrogênio pode resultar em menor qualidade da fibra e “algo-
dão pegajoso” ao retardar a maturidade da planta. Entretanto, o
manejo de regulador não é suficiente para evitar esses problemas.
Logo, práticas como o uso de altas doses de N e de regulador podem
resultar em prejuízo na qualidade da fibra.
227
7.4 Manejo de reguladores em lavouras sob estresse
A finalidade da utilização dos reguladores de crescimento é
reduzir a altura da planta e o tamanho do dossel para melhorar
a interceptação de luz nos terços inferiores e médio da planta.
Qualquer estresse ambiental que afete o crescimento poderá ser
potencializado se a lavoura for tratada com regulador, e a magni-
tude do efeito dependerá da dose utilizada. Por exemplo, em cul-
tivares com injúrias de herbicidas pós-emergentes não seletivos,
ou mesmo seletivos que impliquem em inibição do crescimento
inicial, a aplicação de regulador deve ser postergada, uma vez que
o crescimento da planta está limitado por outro fator.
Em lavouras instaladas em solos arenosos ou em ambientes com
baixa disponibilidade hídrica, o manejo de regulador deve ser feito
com mais precaução, pois mesmo que haja uma chuva significativa,
a retenção da umidade é baixa nesses solos, e, caso não haja nova
precipitação, a planta pode entrar em estresse em poucos dias. Nesse
caso, a estratégia menos arriscada é utilizar várias aplicações com
doses mais baixas, assim, à medida que a planta for crescendo, vai
sendo regulada. É importante deixar claro que não há propriamente
uma interação do regulador com a seca; se a planta estiver em estres-
se por falta de água, produzirá pouca giberelina. Como o regulador é
um inibidor de giberelina, não haverá giberelina a ser inibida.
O excesso de chuvas em algumas regiões de MT, principalmente
nos meses de fevereiro a abril, tem exposto as plantas ao encharca-
mento do solo, que causa anoxia ou hipoxia (baixo teor ou ausência de
O2 na solução do solo). Cabe ressaltar que o algodoeiro é uma planta
originária de regiões desérticas ou semidesérticas e, que ao longo do
processo evolutivo, não desenvolveu habilidade para conviver com o
excesso de água no solo. Ao contrário, sua habilidade maior é tolerar a
falta dela. Assim, em lavouras encharcadas, a absorção de nitrogênio
será reduzida, prejudicando a síntese de clorofila e a taxa fotossinté-
tica, o que afetará o crescimento e a expansão foliar. Desse modo, em
lavouras encharcadas, recomenda-se que, após a drenagem da água
(três a oito dias, dependendo da textura do solo), proceda-se com a
adubação nitrogenada e avalie-se o crescimento, para que, então, se
houver necessidade, a planta seja regulada.
Outra situação é a baixa disponibilidade de radiação nos primeiros
meses de vida da cultura (fevereiro a abril). Nesse caso, o manejo de
228
regulador permitirá melhor penetração da pouca radiação disponível
nos terços inferior e médio da planta, evitando o crescimento exces-
sivo em altura e em área foliar, o que significa economia de energia,
podendo garantir a fixação de estruturas reprodutivas, mesmo em
condições de baixa disponibilidade de radiação.
229
7.6 Crescimento radicular
O crescimento radicular do algodoeiro é intenso nos primeiros
60 dias de emergência da planta (ver capítulo 1 deste boletim), e a
taxa de crescimento da raiz tende a reduzir-se com o aumento da
carga frutífera. Nesse cenário, a aplicação de doses elevadas de re-
gulador de crescimento na fase inicial pode inibir o crescimento da
raiz por conta da menor área foliar e da produção de carboidratos, e
as cultivares podem tolerar doses mais altas de forma diferenciada
(Figura 5) (Cordeiro et al., 2021).
7.8 Capação
A capação, ou terminação do crescimento, é uma prática ado-
tada na maior parte das lavouras de algodão do Brasil, com a
finalidade de evitar a emissão de novos nós. O crescimento pode
ser cessado de maneira natural quando há alta quantidade de
drenos na planta ou ser induzido com a aplicação de doses mais
elevadas de reguladores.
Trabalhos conduzidos em áreas comerciais não mostram dife-
rença em relação aos ingredientes ativos cloreto de mepiquate ou
cloreto de clormequate. As doses a serem utilizadas irão variar de
231
acordo com a carga frutífera retida, o vigor da cultivar, a disponi-
bilidade de água e nitrogênio no solo e a temperatura do ambiente.
Assim, as doses utilizadas têm variado de zero até 250 g i.a. ha-1.
Quanto à época de capação não há um consenso e depende muito
do manejo empregado durante a cultura. Lavouras que são con-
duzidas para a precocidade (alta fixação dos frutos no baixeiro e
no terço médio; doses de N e densidade de plantas adequadas)
poderão ser “capadas” mais cedo (90-100 DAE); ao passo que la-
vouras mais tardias, que concentrem a produção no terço médio e
no ponteiro, aos 120-130 DAE.
232
Instruções de uso
233
Figura 7. Amostra de telas do aplicativo regula e código QR para acesso à página de download”.
234
Referências
WANG, L.; MU, C.; DU, M.; CHEN, Y.; TIAN, X.; ZHANG, M.; LI, Z. The effect of
mepiquat chloride on elongation of cotton (Gossypium hirsutum L.) internode
is associated with low concentration of gibberellic acid. Plant Sci., v. 225,
p. 15–23, 2014. Disponível em: <https://doi.org/https://doi.org/10.1016/j.
plantsci.2014.05.005>. Acesso em: 13 dez. 2021.
ZHI, X.; HAN, Y.; MAO, S.; WANG, G.; FENG, L. et al. Light spatial
distribution in the canopy and crop development in cotton. PLoS
ONE, v. 9(11): e113409, 2014. Disponível em: <doi:10.1371/journal.
pone.0113409>. Acesso em: 13 dez. 2021.
235
236
CAPÍTULO 8
8.1 Introdução
Uma rápida olhada nas imagens de satélite na maioria das re-
giões produtoras durante a safra demonstrará a variabilidade que
até mesmo a refletância no espectro visual pode detectar. A Figura 1
é uma imagem de satélite de um pequeno campo próximo a Hunts-
ville, Alabama, EUA. Embora extremo, é um exemplo excelente da
variabilidade espacial que os produtores podem enfrentar em um
determinado campo. Se for adotada uma estratégia de gerencia-
mento uniforme, ocorrerão aplicações excedentes e insuficientes
de insumos; serão necessários fertilizantes (N, P, K e S), calcário,
reguladores de crescimento de plantas, inseticidas e desfolhantes
em quantidades variáveis para maximizar a eficiência da produção.
A variabilidade presente dentro do campo na produção de algodão
é frequentemente significante; textura do solo, profundidade, pH,
CTC, disponibilidade de nitrogênio (N), disponibilidade de potás-
sio (K) variam com frequência dentro de um determinado campo,
e essa variabilidade, às vezes, pode ser extrema. Tal situação, com
o número de atividades de manejo associadas ao algodão, torna-o
uma cultura excelente para explorar oportunidades de uso de sen-
soriamento; mesmo a tentativa mais básica e primitiva de integrar
sensores como meio de quantificar a variabilidade e ajustar o uso
de insumos tem o potencial de melhorar drasticamente o sistema.
237
Figura 1. Ás vezes, a variabilidade dentro das diversas regiões produtoras de algodão dos
Estados Unidos pode ser muito diferente. Esta imagem de satélite é de uma lavoura de
algodão no norte de Alabama. (Imagem: cortesia Google Maps).
238
que os valores de refletância sejam usados para calcular um índice
normalizado. Alguns sensores passivos incorporam um sensor que
mede a radiação solar como meio de normalizar as medições de re-
fletância. As medições de sensores passivos sem esses sensores que
medem a radiação solar devem ser coletadas por volta do meio-dia
solar em dias claros para limitar a influência do ângulo do sol e das
condições atmosféricas nas leituras; caso contrário, estas devem
ser consideradas relativas, e não absolutas; se as medições fossem
repetidas em outro dia, diferenças relativas semelhantes provavel-
mente seriam notadas, mas comparações absolutas de leituras de
um dia para o outro não seriam apropriadas.
239
A região de borda do vermelho do espectro eletromagnético foi
identificada como de interesse potencial na detecção do status N do
algodão, uma vez que parece ser menos sensível à biomassa e mais
sensível ao status de N (Raper e Varco, 2015). Ballester et al. (2017)
fizeram observações semelhantes; as relações mais fortes entre os ín-
dices testados e o status de N do algodão no início da floração foram
observadas pelo índice de clorofila do dossel simplificado, que é cal-
culado a partir da refletância nas regiões vermelha, borda do verme-
lho e infravermelho próximo. Bronson et al. (2020) avaliaram a sen-
sibilidade de doze índices vegetativos diferentes e relataram que um
índice contendo a borda do vermelho e outro incluindo a refletância
âmbar foram capazes de detectar uma deficiência de N entre sete e
23 dias antes de outros índices testados. A região da borda do verme-
lho agora é habitualmente incluída em sensores passivos e em alguns
sensores ativos; a MicaSense (AgEagle Aerial Systems, Inc.; Wichita,
Kansas, EUA) oferece comercialmente várias câmeras que medem a
refletância na região da borda do vermelho e várias outras empresas
que fornecem câmeras para sistemas aéreos não tripulados (VANTs)
também oferecem opções de borda do vermelho. O Crop Circle ACS
435 (Holland Scientific, Inc.; Lincoln, NE) e o Topcon CropSpec (Top-
con Positioning Systems, Inc.; Livermore, CA) são sensores ativos que
medem a refletância na região da borda do vermelho.
Mesmo quando um índice de borda do vermelho é usado para
determinar o status de N da cultura, outros parâmetros ambien-
tais podem influenciar a refletância e impedir uma medição preci-
sa. Para combater a influência de outros parâmetros, a calibração
em campo é frequentemente necessária; os métodos de calibra-
ção normalmente dependem de uma rampa de calibração (Raun
et al., 2008) ou de uma área bem fertilizada que possa ser usa-
da como referência (Bronson et al., 2005). Calibrar o sensor no
campo usando uma referência bem fertilizada tem o potencial de
remover a influência de outros parâmetros que podem ser especí-
ficos de um determinado campo; diferenças nos genótipos, no for-
mato e na espessura da folha, estresse hídrico e outros estresses
ambientais podem impactar a refletância e distorcer as relações
entre a refletância e o status de N gerados em outro ambiente.
Samborski et al. (2009) fizeram uma revisão das estratégias
disponíveis para o uso desses sensores com o intuito de direcio-
nar recomendações de N com vários tópicos muito interessantes;
240
os interessados em adotar a tecnologia devem consultar esse ma-
nuscrito. Os obstáculos atuais para a adoção permanecem quase
inalterados em comparação àqueles elaborados por Samborski et
al. (2009); os maiores empecilhos, no entanto, são: 1) necessida-
de de mais desenvolvimento de metodologias que sejam extrema-
mente sensíveis ao status de N; 2) necessidade de modelos de ca-
libração que sejam fáceis de usar e, ao mesmo tempo, confiáveis; e
3) comprovação financeira dos benefícios em adotar a tecnologia.
Outros usos
241
plantas. Infelizmente, a irrigação em muitas das regiões produ-
toras de algodão é gerenciada ‘por tato’, sem o uso de quaisquer
sensores ou modelos de uso de água, dados o trabalho necessário
para instalar e ler instrumentos, a dificuldade de interpretação
dos resultados e a falta de confiança nas leituras (Thomson et al.,
2002). Mesmo quando se usam dados meteorológicos extrapo-
lados, esses erros geralmente se acumulam até que a diferença
entre o estado real de umidade do solo e o estado estimado seja
muito grande. Conforme a umidade real e a estimada do solo se
desviam, um nível aceitável de água disponível para a planta pode
não ser mantido, com possibilidade da diminuição na eficiência
do sistema ou de produtividade.
242
Tradicionalmente, a implantação de uma estratégia baseada
em sensores infravermelho consistiria em um ou vários sensores
apontando para o dossel das plantas de algodão; a necessidade de
seu posicionamento acima do dossel pode criar problemas logísti-
cos com a operação geral da fazenda. Recentemente, Colaizzi et al.
(2017) avaliaram a implantação de termômetros infravermelho em
um pivô central e concluíram que a tecnologia seria útil para man-
ter ou aumentar a eficiência no uso da água. A implantação dessa
estratégia em um pivô central eliminaria muitas preocupações as-
sociadas à implantação tradicional, mas, com base nas descobertas
de Colaizzi et al. (2017), devem ser concluídas pesquisas adicionais
que abordem as incertezas na variabilidade espacial e nos erros de
medição antes que a adoção generalizada seja possível.
243
na instalação e na manutenção de uma boa área de contato com o
solo impedirá que o equipamento forneça informações valiosas so-
bre a disponibilidade de água no solo. Além disso, se o solo atingir
teores de água muito baixos, o contato do sensor com o solo pode
ser perturbado, causando erros de leitura (Berrada et al., 2001); por
razões semelhantes, esses sensores não devem ser implantados em
solos encolhidos/dilatados (argilosos) (Muñoz-Carpena, 2004). É
possível que atingir a capacidade de campo após um período de seca
prolongado possa restaurar o contato do sensor com o solo e, assim,
retornar o valor das leituras do sensor, mas uma reumidificação par-
cial provavelmente não (McCann et al., 1992; Shock et al., 1998).
Felizmente, períodos prolongados de seca não são comuns em
sistemas irrigados. Implantações bem-sucedidas foram feitas nas
regiões Centro-sul e Sudeste dos EUA. Vellidis et al. (2008) tes-
taram implantações na Geórgia, EUA, e indicaram que tensiôme-
tros podem ser usados para conduzir a irrigação de taxa variável
ao longo da safra. Fisher e Kebede (2010) implantaram tensiôme-
tros na Região Centro-sul em combinação com dispositivos para
aferir a temperatura do dossel e do ar. O Watermark Model 200SS
(Irrometer Company, Inc., Riverside, CA) é um dos tensiômetros
mais baratos e populares usados nos EUA; outro sensor de poten-
cial de água do solo relativamente barato atualmente disponível é
o TEROS 21 (Meter Group, Inc., Pullman, WA).
Em contraste com os sensores de matriz granular que medem
a resistência entre dois eletrodos em um meio conhecido, mui-
tos sensores volumétricos de água de baixo custo são baseados
em capacitância e dependem de permissividade dielétrica. Esses
sensores medem o tempo de carga associado ao meio adjacente
ao sensor; o conteúdo volumétrico de água e o tempo de carga
são altamente correlacionados. Infelizmente, muitos sensores
baratos são de baixa frequência e podem ser sensíveis a mu-
danças na textura do solo, condutividade elétrica e temperatura
(Bogena et al., 2007; Kizito et al., 2008). O custo de produção de
sensores de frequência mais altos (100 MHz) limita a implanta-
ção em grande escala; várias unidades vendidas agora têm uma
frequência mais alta do que os primeiros modelos introduzidos,
mas ainda são baixas o suficiente para serem relativamente ba-
ratos. Os sensores de umidade do solo ECH2O-5TM e EC-5 (Me-
ter Group, Inc., Pullman, WA) são sensores comumente usados
244
que foram fabricados anteriormente pela Decagon Devices, Inc.
(Pullman, WA) e operam a 70 MHz.
Os obstáculos atuais para a adoção de sensores de umidade do
solo são semelhantes aos da tecnologia de sensoriamento remoto;
a complexidade percebida do sistema, o investimento necessário
(mais uma vez, tempo) e o retorno limitado percebido sobre esse
investimento ainda impedem a adoção generalizada.
245
Referências
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BARNES, E. M. Which active optical sensor vegetation index is best
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VELLIDIS, G.; TUCKER, M.; PERRY, C.; KVIEN, C.; BEDNARZ, C. A Real-
-time wireless smart sensor array for scheduling irrigation. Computers and
Electronics in Agriculture, v. 61, p. 44-50, 2008.
248
POR QUE ALGODÃO
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É DIFERENTE?
Porque ele possui
uma combinação de
reguladores vegetais,
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hormonal ao longo
do ciclo.
Facilidade de aplicação:
pode ser usado em
várias fases do ciclo,
dependendo da cultura.
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demonstrativos e
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de pesquisa.
Tranquilidade de uso:
segurança na aplicação
e ao meio ambiente.
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reguladores vegetais.
é diferente.
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249
250
CAPÍTULO 9
Cavitação no algodoeiro
251
Grosso do Sul e Tocantins, normalmente associado com um pe-
ríodo de déficit hídrico, altas temperaturas ou a combinação dos
dois fatores.
Estudos sobre ocorrência de cavitação em plantas de algodão cul-
tivado em diferentes ambientes agrícolas são escassos. Esta primeira
revisão sobre o assunto abordará aspectos básicos da fisiologia, cuja
finalidade será a compreensão da sequência dos eventos fisiológicos
que causam o embolismo em resposta às condições ambientais.
252
dois tipos de células de transporte: traqueídes e elementos de vaso;
os primeiros estão presentes na maioria das plantas, incluindo o
algodoeiro. A maturação dos traqueídes envolve a produção de pa-
redes celulares secundárias e a subsequente morte da célula, com
perda do citoplasma e das organelas, permanecendo somente as
paredes ocas, por onde a água flui, entre as pontoações existentes
entre as paredes laterais (Figura 1).
Na planta, as moléculas de água são unidas pelas pontes de hi-
drogênio, ou força de coesão. Além disso, a adesão é a propriedade
de atração da água a uma fase sólida, como a parede de uma célu-
la, por exemplo, assim, a movimentação vertical da água depende
dessas duas propriedades. Estudos têm indicado que a água em ca-
pilares pode resistir a tensões inferiores a -30 MPa. Quando uma
ponte de hidrogênio se rompe, o espaço é preenchido por bolhas de
ar, que estão dissolvidas na água, o que reduz a resistência à tensão
da coluna de água, podendo haver rompimento, caracterizando o
processo de cavitação.
Figura 1. Traqueíde cavitada e esquema mostrando a formação das bolhas sob altas
temperaturas ou seca e o mecanismo de autorreparação que ocorre no período noturno ou
sob temperaturas mais baixas.
253
9.1.2 Formação de embolia vegetal
A cavitação ou embolismo é a formação de bolhas de ar na coluna
de água. Para entender a formação dessas bolhas é preciso entender a
dinâmica da água no sistema solo-planta-atmosfera.
A movimentação da água no sistema solo-planta-atmosfera ocor-
re devido à diferença de pressão; no solo, a pressão é baixa (-0,01 a
-0,06 MPa), aumentando à medida que se aproxima da raiz (-0,15 a
-0,02 MPa), no xilema (-0,7 a -1,0 MPa), nas folhas (-1,0 a -1,5 MPa)
e na atmosfera (-100 MPa) (Figura 2). Assim, se o ambiente estiver
muito seco (alta temperatura e baixa umidade relativa), há um alto
déficit de pressão de vapor, o que aumenta a perda de água das plan-
tas através da transpiração. Dessa forma, a perda rápida de água
da folha para a atmosfera pode levar à formação de bolhas de ar
devido ao rompimento da coluna de água, resultado da alta tensão
exercida pela atmosfera.
254
O estresse causado pela seca cria embolia por gás no sistema de
transporte hídrico vegetal, o que reduz a capacidade das plantas de
fornecer água para folhas e sua superfície, impactando nas trocas
gasosas que estão diretamente relacionadas à atividade fotossinté-
tica e podem, em última instância, resultar em dessecação e mor-
talidade. Como todos os organismos vivos, a água é fundamental
para as plantas, porque elas usam a perda de água por transpiração
como mecanismo de dissipação de calor e resfriamento das folhas.
Além disso, a água é essencial para manter o turgor celular vegetal
e garantir o crescimento das plantas.
Portanto, precipitação pluviométrica e a temperatura do am-
biente estão diretamente interligadas em relação ao sistema de
condutividade hídrica da planta. Altas temperaturas ocorrendo du-
rante períodos de deficiência hídrica no solo podem levar a planta
à instabilidade hidráulica dentro dos conduítes do xilema, que são
responsáveis pelo transporte de água por toda a planta.
A alta temperatura também é responsável pela transpiração rá-
pida do conteúdo de água presente no solo, o que desencadeia um
desbalanço na estrutura vegetal capaz de resultar em estresse oxi-
dativo celular. Este último fenômeno se dá pela formação de espé-
cies reativas de oxigênio, capazes de degradar paredes celulares e
causar morte vegetal.
Com o avanço e a intensidade do período de deficiência hídri-
ca, as moléculas de água presentes nos vasos do xilema ficam ten-
sionadas, isso significa que tanto as moléculas de vapor de água
presentes na atmosfera quanto as aderidas ao solo estão causando
forças opostas, resultando em tensão positiva. Uma vez que a força
de conexão entre as moléculas de água seja inferior a essa tensão, a
conexão das moléculas é “quebrada” e, automaticamente, o espaço
antes preenchido por água é ocupado por gases, resultando em um
vaso embolizado.
Gitz et al. (2015) relataram a ocorrência de cavitação em plantas
de algodão durante período de escassez de água; eles identificaram,
com o uso de aparelhos sonoros, a presença de estalos pelo rompi-
mento da coluna de água dentro do xilema. Foi possível identificar
o surgimento assim que os parâmetros de trocas gasosas – fotos-
síntese, condutância estomática, concentração intercelular de CO2
e transpiração – foram diminuindo pela baixa disponibilidade de
água no solo (Figura 3).
255
Figura 3. Resposta dos parâmetros fisiológicos de uma planta de algodão ao estresse da
seca gradualmente imposta ao longo de vários dias. Adaptado de Gitz et al. (2015).
256
Figura 4. Potencial hídrico limite para a indução da perda de 50% da condutividade do xile-
ma em caules de algodão submetido à temperatura (32/24ºC) e CO2 ambientes (420 ppm) e
a temperatura (36/28ºC) e CO2 (640 ppm) elevados. Adaptado de Li et al. (2020).
257
Figura 5. Estrutura reprodutiva desidratada (cavitada) em lavoura comercial de algodão.
Fotos: Fábio Echer e Tiago Costa.
258
Parte 2 - Cavitação x abortamento no algodoeiro
Echer F. R.1, Matias T.2 e Ferreira R.2
1
Unoeste, Presidente Prudente/SP
2
BASF
259
Figura 7. Sensibilidade da posição frutífera à abscisão por aborto ou cavitação no algodoeiro.
260
Figura 8. Mapeamento da planta indicando o porcentual de abscisão por abortamento ou
cavitação em cada nó e posição frutífera.
261
Referências
GITZ III, D. C.; BAKER, J. T.; LASCANO, R. J.. Relating xylem cavi-
tation to gas exchange in cotton. American Journal of Plant Scien-
ces, v. 6, n. 11, July 2015. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.4236/
ajps.2015.611174>. Acesso em: 29 dez. 2021.
LEVIN, K.; WASKOW, D.; GERHOLDT, R. 5 Big findings from the IPCC’s
2021 Climate Report. World Resources Institute, August 9, 2021. Dis-
ponível em: <https://www.wri.org/insights/ipcc-climate-report>. Aces-
so em: 29 dez. 2021.
LI, X.; HE, X.; SMITH, R.; CHOAT, B.; TISSUE, D. Temperature alters the
response of hydraulic architecture to CO 2 in cotton plants (Gossypium
hirsutum). Environ. Exp. Bot., v. 172, 104004, 2020. Disponível em:
<https://doi.org/10.1016/j.envexpbot.2020.104004>. Acesso em: 29
dez. 2021.
262
263
264
Fisiologia aplicada ao manejo da
cultura: o desafio deste Boletim de
P&D foi de usar os conhecimentos
atuais sobre a fisiologia do
algodoeiro para direcionar
melhor o manejo a campo. São
abordados aspectos ligados a raiz,
as interações da raiz com o solo
em termo de alimentação hídrica
e mineral, bem como aspectos
ligados ao estresse hídrico. Por ser
essencial a expressão do potencial
produtivo e da qualidade da fibra,
população de plantas e manejo dos
reguladores de crescimento foram
tratados detalhadamente. Notamos
que é a primeira vez no Brasil
que o fenómeno de “cavitação”
é explicado com tanta clareza.
Finalmente, temos aqui um boletim
muito importante para manejar cada
vez melhor o algodão brasileiro.