Fichamento Maquiavel - O Príncipe

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Universidade de Brasília

Instituto de Ciência Política


Teoria Política Moderna – Turma B - 1º/2019
Profª Marilde Loiola de Menezes
Discente: Sara de Sousa Alves
Matrícula: 180109171

Fichamento 1: MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe. São Paulo: Martin Claret, 2007.

Nicolau Maquiavel viveu no período do Renascimento, seus escritos são marco


do início do Estado Moderno e da separação de Estado e igreja. A ideia central de O
Príncipe, é explanar o que um governante deve fazer para não apenas conquistar o poder
como também para se manter nele. Desse modo, eventualmente seria necessário ao
príncipe realizar ações que são moralmente questionáveis. Sobretudo, para manutenção
da ordem, o governante não deve se limitar às ações divinas.

Nos primeiros capítulos da obra, Maquiavel define os tipos de Estados como


Principados ou Repúblicas, podendo ser os principados hereditários ou novos. Para ele,
manter o poder em um principado novo é mais difícil em comparação de um principado
hereditário onde basta não romper com os costumes tradicionais. No caso de um Estado
anexado a outro (Estados Mistos), para manter-se no poder é necessário estratégias e boa
sorte pois os Estados podem divergir em língua, costumes e leis. Além disso, para
instaurar mais força sobre uma colônia conquistada e impedir que Estados estrangeiros
exerçam poder sobre ela é importante que o príncipe se instale nela. Maquiavel também
destaca ser natural o desejo da conquista, e aquele que deseja conquistar e tem os meios
para isso, deve fazê-lo ainda que para isso destrua outrem (MAQUIAVEL, 2007, pp. 32-
44).

Maquiavel introduz a ideia do valor (virtù) de um príncipe. Esse valor diz respeito
a como são as ações do príncipe diante da sorte do acaso. Segundo o autor, a conquista
pelo valor é difícil devido as mudanças necessárias para se manter no poder, em
contrapartida há a facilidade de se manter no poder através do valor. Sobretudo, a sorte
(fortuna) pode ajudar o príncipe na falta de boas oportunidades. Além disso, Maquiavel
ressalta que é importante ao príncipe dominar as armas e a lei, além de ser necessária a
ambição. Sobretudo, o príncipe deve usar de quaisquer meios para se manter no poder. O
autor ressalta algumas estratégias para manter um novo domínio, a saber:

“fazer amizades, conquistar pela força e pela fraude, fazer-se amado e temido
pelo povo, seguido e reverenciado pelos soldados, destruir os que podem e
querem ofendê-lo, renovar antigas leis, ser grato e severo, magnânimo e liberal,
suprir uma infiel milícia e substituí-la por outra nova, manter amizades dos reis
e dos príncipes de modo a que tenha satisfação em agradá-lo, e medo de injuriá-
lo” (MAQUIAVEL, 2007, p. 64).

Além disso, Maquiavel alega ser mais fácil satisfazer as massas do que a nobreza
diante de uma conduta justa sem causar prejuízos. A nobreza quer oprimir e as massas
querem apenas não ser oprimidos. Dessa forma, a causa das massas é mais honesta. O
príncipe pode evitar a oposição dos poderosos, contudo, a hostilidade do povo não pode
ser evitada pois são muitos. Sobretudo, a pior coisa para um governante é perder o apoio
do povo e ficar sujeito a hostilidade, além disso, o apoio dos poderosos é importante para
evitar o ataque. Diante disso, deve-se agir de modo a agradar tanto o povo como os
poderosos (MAQUIAVEL, 2007, pp. 65-82).

Outro ponto necessário para manter um governo é estabelecer bases fortes, não ter
exércitos mistos e ser capaz de treinar seu próprio exército com suas próprias armas a fim
de estabelecer uma força própria. O objetivo disso tudo é a guerra, da qual deve-se estar
sempre preparado e dela não fugir. O príncipe precisa aprender a ser mau e usar-se disso
quando necessários uma vez que nenhum homem é completamente virtuoso segundo a
moral cristã. O autor instrui o governante a usar de suas qualidades e de seus vícios de
acordo com a circunstância. Sobretudo, o bem geral como finalidade está acima de
qualquer ação, seja boa ou má (MAQUIAVEL, 2007, pp. 83-99).

Para Maquiavel ao Príncipe é melhor ser amado e temido pelo povo, no caso da
necessidade de escolha entre ser amado ou temido, segundo o autor:

“os homens têm menos escrúpulos em ofender quem se faz amar do que quem
se faz temer, pois o amor é mantido por vínculos de gratidão que se rompem
quando deixam de ser necessários, já que os homens são egoístas, mas o temor
é mantido pelo medo do castigo, que nunca falha” (MAQUIAVEL, 2007, p.
105).

Desse modo, o príncipe deve conquistar o temor dos súditos de maneira a evitar
o ódio, mesmo que não conquiste o amor. Então poderá despreocupar-se com possíveis
revoltas. Segundo Maquiavel, o governante deve desenvolver seu lado leão a fim de
aterrorizar os homens, o seu lado raposa a fim de ser astuto. (MAQUIAVEL, 2007, pp.
100-124).

A obra de Maquiavel tornou-se de atual relevância para o estudo da política


moderna. Como um manual para governantes e políticos, o autor instrui de forma não
teocêntrica como conquistar e manter um poder. Para isso, as atitudes do príncipe devem
ser direcionadas pela virtù, que é a reação de adaptação do governante diante de um futuro
incerto, chamado de fortuna. O pensamento maquiavélico se resume a fazer do que for
necessário para se manter no poder, sejam estes atos considerados bons ou maus.

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