Psicoeduca o Ansiedade Generalizada
Psicoeduca o Ansiedade Generalizada
Psicoeduca o Ansiedade Generalizada
generalizada?
O transtorno de ansiedade generalizada (TAG) é
um transtorno crônico de ansiedade no qual preocupação
e ansiedade excessivas estão presentes na maioria dos
dias e em diversos eventos ou atividades, considerando-se
os últimos seis meses. Estas estão associadas a pelo
menos três dos seguintes sintomas: inquietação ou
sensação de estar com os nervos à flor da pele, fadiga ou
cansaço excessivo, dificuldade em se concentrar ou
sensações de “branco” na mente, irritabilidade, tensão
muscular e alterações do sono (APA, 2013).
Embora seu conteúdo possa variar, as preocupações associadas ao TAG tendem a ser
excessivas, crônicas, amplas e penetrantes, podendo incluir diversos campos, tais como:
relações interpessoais, saúde física, escola, trabalho, finanças, questões mundiais e/ou
questões menores (p. ex.: compromissos diários com a casa ou com os filhos) e até mesmo a
preocupação por estar preocupado.
Um aluno com TAG, por exemplo, ao saber que terá uma prova importante no final do
semestre, provavelmente terá pensamentos de conteúdo ameaçador: “Estou encrencado. Não
conseguirei ir bem e talvez seja melhor desistir desde já”. Nesse caso, o modo de ameaça é
ativado, ainda que na observação direta não haja perigo real. Ele subestima a sua capacidade
de se preparar para a avaliação e se mantém preocupado por todo o período, não conseguindo
agir de forma produtiva. Isto é, o estudante mostra-se hipersensível aos estímulos externos e
cria falsos alarmes, o que pode prejudicá-lo acadêmica e socialmente.
Logo, se você tem o diagnóstico de TAG ou se identificou com o que foi descrito
anteriormente, o que você precisa saber é que, na maioria das vezes, suas preocupações têm
intensidade, duração e frequência desproporcionais à probabilidade real de ocorrer o evento
temido. Ou você pode estar tão acostumado a se preocupar que está colocando o foco de sua
atenção em situações ou imagens emocionalmente negativas, o que pode deixá-lo aflito
mesmo sem que haja um motivo real para tal. Além disso, você também pode estar
subestimando a sua capacidade de lidar com situações problemáticas, sem conseguir dormir
nem expulsar os pensamentos negativos da sua cabeça. De qualquer forma, todas essas
possibilidades geram sofrimento e declínio na qualidade de vida. A boa notícia é que esses
problemas têm tratamento e o índice de eficácia terapêutica é promissor.
É possível que uma pessoa que se preocupa com um pedido de exame pense: “Estar
preocupada me prepara para o pior” ou “a preocupação me motiva a cuidar da minha saúde”
ou até mesmo “a preocupação vai me ajudar a encontrar uma solução para o meu problema”.
Pensamentos com significados positivos sobre manter-se preocupada ajudam a pessoa a
manter um círculo vicioso de pensamentos negativos e sensações de ansiedade e angústia. Isto
é, essas formas de pensar acabam servindo como justificativa para manter-se preocupado, e
são comumente vistas em pessoas com TAG.
Os indivíduos com TAG também costumam ter dificuldade em tolerar incertezas e, com
isso, pensam que devem controlar ao máximo as situações, o que os fazem buscar por
segurança grande parte do tempo. Muitas vezes, por não se sentirem totalmente seguros,
esses indivíduos deixam de agir em situações importantes da vida. Nós sabemos que não
temos como prever ou controlar o que ainda não aconteceu, e a busca incessante e infrutífera
por certezas absolutas relacionadas ao futuro acaba por gerar mais angústia e ansiedade, o
que leva a comportamentos de evitação em situações nas quais o esperado seria agir, mesmo
sem total garantia do resultado.
Agora que você já entendeu que não são as situações que geram ansiedade, e sim
como você interpreta as situações, talvez você possa começar a buscar alternativas mais
realistas para encarar as situações da vida diária. Algumas perguntas que o ajudam são: que
evidências eu tenho que apoiam o meu pensamento? Quais vão contra? O que eu diria a um
amigo que estivesse passando pela mesma situação? O que um amigo sensato me diria? É
possível que depois de responder a essas perguntas você reavalie sua forma de pensar e,
consequentemente, de sentir e se comportar.
Agora que você já entendeu que seus pensamentos servem de mediadores entre as
situações e suas reações e, mais especificamente, que avaliações ansiogênicas provocam
reações igualmente ansiosas, vamos falar sobre a manutenção do transtorno, que se dá, na
maior parte do tempo, pelos ciclos viciosos que os indivíduos com TAG vivenciam.
Na maior parte do tempo, os indivíduos com TAG estão se preocupando com possíveis
consequências negativas e formas de evitar o pior. Por acreditarem que se devem prevenir,
esses indivíduos têm um foco atencional para a ameaça e são capazes de detectar perigo em
situações neutras. Em seguida, começam a pensar nesse perigo de forma catastrófica e
tentam, de todas as maneiras, controlar a situação e evitar o pior. Como isso não é possível,
optam por evitar ou fugir da situação temida. Contudo, o que eles não entendem é que evitar
ou fugir acaba por mantê-los no ciclo vicioso.
Ou seja, a sua forma de pensar a mantém num ciclo vicioso de preocupação que
aumenta com o passar do tempo. Em contrapartida, o fato de o pior não acontecer
efetivamente faz a pessoa crer que se manter preocupada está ajudando e que isso é bom, ou
que se manter preocupada é sinal de cuidado consigo própria. Então você deve estar se
perguntando: “e se o pior realmente acontecer?”, é bem provável que nessa situação a pessoa
pense que não se preocupou e não ficou alerta o suficiente, e isso a fará se preocupar e se
manter ainda mais hipervigilante do que era anteriormente.
(i) registre as situações que você considera de futuro incerto para fazer o
experimento, assim você poderá acompanhar sua evolução. Comece pelas
situações mais simples e seja realista, até porque, quanto mais experiências
bem-sucedidas, maior a motivação de continuar;
(ii) tenha em mente que enfrentar as situações incertas o ajudará a rever seus
pensamentos catastróficos. Você aprenderá a diferença entre resultado
catastrófico, resultado ideal e resultado possível. Esse exercício ajudará você a
se tornar mais confiante em seguir suas escolhas e entender que, em grande
parte das vezes, você executará tarefas mesmo sem que tenha minimizado
todos os riscos. Não desista por isso;
(iii) enfrente as situações, espere ficar ansioso e desconfortável. Ficar um pouco
ansioso quando vai se expor é natural. Lembre-se de que a motivação não
precede à ação, segue-a. Logo, não “espere” pela motivação para começar a
tolerar a incerteza, simplesmente comece encarando a incerteza e a motivação
virá.
Se você tem como hábito focar a atenção sobre potenciais catástrofes, está
sempre pensando no pior e se preocupando com algo, isso prejudica você a manter a
atenção de sua consciência no momento presente. Experimentar a prática, mesmo que
informalmente, de mindfulness (que significa manter a atenção no momento presente,
sem qualquer tipo de julgamento) pode ajudá-lo a aprender a estar totalmente
“presente” na atividade em si, ou seja, o foco de sua atenção sendo aquilo que você
está fazendo agora, e não a preocupação e a ameaça orientada para o futuro.
Mindfulness tem origem em práticas orientais de meditação e é descrita como uma
forma de manter a atenção no momento presente, sem qualquer tipo de julgamento,
com o intuito de aumentar a consciência nas próprias experiências. Para começar a
praticar mindfulness, esteja consciente do que você está fazendo no momento
presente e, toda vez que seus pensamentos se desconectarem, retorne ao seu foco
sem julgamentos ou críticas. A mulher para a qual o médico pediu a mamografia
possivelmente não se engaja totalmente em suas atividades diárias desde que saiu da
consulta médica. Assistir à televisão ou jantar em família pode ter se tornado um
tormento, por ela passar parte do tempo pensando de forma catastrófica sobre o
resultado do exame, sentindo-se triste por acreditar que sua vida poderá mudar para
pior em breve. O trabalho com mindfulness a ajudará a focar no momento presente,
sem se deixar perder em suas preocupações.
É comum pessoas com TAG acreditarem que nunca conseguirão relaxar e ter a
mente livre de preocupações, pois desde que conseguem se lembrar estão com
pensamentos negativos direcionados à saúde, segurança física e/ou financeira,
problemas nos relacionamentos, ou mesmo no fato de não conseguirem parar de
pensar em diversos problemas ao mesmo tempo. Porém, sabemos que as pessoas com
TAG podem se livrar da ansiedade e preocupação disfuncionais, afinal elas são
mantidas pelo hábito, pois sua mente aprendeu a pensar dessa forma, e para superá-
lo, você precisa ensinar a sua mente outras maneiras de pensar. O tratamento do TAG
ajudará você a relaxar a sua mente, examinando as vantagens e desvantagens de se
manter preocupado, e entendendo que pensamentos não sâo verdades absolutas e
questioná-los é fundamental. Talvez você possa escolher um horário para se preocupar
todos os dias e, nesse momento, validar suas emoções, aceitar suas limitações e
praticar a perda de controle, entregando-se a elas. E possível que você fique entediado
e quando esse momento acabar, em seguida, você se permita viver com plenitude o
momento presente, sendo mais leve e feliz. Pode parecer difícil no primeiro momento,
mas não deixe de buscar ajuda psicológica e médica. Profissionais competentes e
experientes podem ajudá-lo na redução dos sintomas relacionados à preocupação
excessiva e à ansiedade excessiva, o que contribuirá para uma melhora significativa na
sua qualidade de vida. Seguindo estes passos, você pode conseguir!