Disserta o de Mestrado Jovino Gentilini Junior C Pia
Disserta o de Mestrado Jovino Gentilini Junior C Pia
Disserta o de Mestrado Jovino Gentilini Junior C Pia
FACULDADE DE MEDICINA
BELO HORIZONTE – MG
Agosto 2016
BELO HORIZONTE – MG
Setembro 2016
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
FACULDADE DE MEDICINA
DIRETOR: Prof. Dr. Tarcizo Afonso Nunes
CHEFE DO DEPARTAMENTO DE CIRURGIA: Prof. Dr. Renato Santiago Gomez
CENTRO DE PÓS-GRADUAÇÃO
COORDENADOR: Prof. Dr. Luiz Armando de Marco
Orientadora
Examinador 1
Examinador 2
Suplente
The healing of tissues is mediated by a large and varied sequence of events, intra
and extracellular, in which platelets play an important role. Platelet Rich Plasma
(PRP) is defined as a volume fraction of autologous blood plasma with concentration
above 1000,000 platelets / microl. The PRP has been used in various fields of medi-
cal and dental activity, with beneficial effects already described in dental implants,
boné grafts and skin ulcerations.Platelets are essential in healing of tissues, with
Growth Factors (CF) released by them playing an important role in this process. The
PRP and growth factors have been widely described in the literature for aesthetic and
restorative purposes, but there are few studies with level of evidence, to justify their
benefits. Similarly, in plastic surgery, although widely used, research is also
insufficient, considering the adopted model here. We've selected 48 patients who
underwent abdominoplasty and mammoplasty, aged between 22 and 68 years
(average 35 years), for an experimental, randomized, prospective and paired work, in
which each patient served as his own control. During the procedure, the PRP was
applied intradermally, on the edges of a segment previously marked scar, for,
comparison with the opposite scar segment without the application of PRP. It was
assigned a score to the best scar with values ranging from zero to three
corresponding respectively to: indifferent, mildly, moderately and markedly better.The
scars were evaluated by two plastic surgeons (named here as Evaluator 1 and
Evaluator 2), using photographs taken four days, one month, three months and 12
months post-operatively.There was agreement among raters in around 70% as the
best scar being the one with PRP application in the fourth day after the operation with
this same trend repeated at three months. Both assessments were statistically very
close to agreement beyond chance, with moderate Kappa index (statistically
significant above 0,40). There was no agreement between the two raters in the one
month postoperative evaluation. However, the two evaluators again present
agreement at 12 months, with poor kappa index (below 0,20), not going beyond
chance. As for the scores, there was the continuing trend of the first four days, with
assessments moderately and markedly better for scars with PRP for both evaluators,
but not statistically significant, with p equal to 0,82 for evaluator 1 and p equal to
0,070 for evaluator 2. One month after surgery, the evaluator 1 considered 6 scars
(37,6%) moderately better and 7 scars markedly better (43,7) with a total of 16 PRP
scars.The evaluator 2 saw no scar markedly better without PRP. Both assessments
were considered without significance due to the small number of cases evaluated. At
three months, it was maintained this trend and the scars treated with PRP were
considered better. At 12 months, the evaluator 1 ranked around 40% of scars with
PRP as markedly better and 17,7% of the scars without PRP as markedly
better.Therefore, intradermal use of PRP was presented as promising, beneficially
contributing in an evident way in the evolution of the healing process, with best
results at 4 days and 90 days after surgery. There was no side effect observed in any
of the scarring phases studied.
% Percentual
α Alfa
β Beta
cm Centímetro
COEP Comitê de Ética em Pesquisa
CFF Conselho Federal de Farmácia
CFM Conselho Federal de Medicina
CNS Conselho Nacional de Saúde
EGF Fator de Crescimento Epidérmico
FCP Fatores de Crescimento Plaquetários
FGF Fator de Crescimento de Fibroblastos.
g Força da gravidade
GF Fator de Crescimento
KDA Quilodalton (molecular weight)
µl Microlitro
ml Mililitro
ng Nanograma
OMS Organização Mundial de Saúde
PDGF Fator de Crescimento derivado das Plaquetas
PN Plasma Normal
PRF Plasma Rico em Fibrina
PRP Plasma Rico em Plaquetas
r Raio
rpm Rotações por minuto
TCLE Termo de consentimento livre e esclarecido
TF Fator Tecidual
TGFα Fator de Crescimento de Transformação α
TGFβ Fator de Crescimento de Transformação β
UFMG Universidade Federal de Minas Gerais
VEGF Fator de Crescimento do Endotelio Vascular
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO....................................................................................................17
2. OBJETIVOS........................................................................................................22
Objetivos Gerais.................................................................................................22
Objetivo Específico ............................................................................................22
3. REFERENCIAL TEÓRICO..................................................................................23
3.1. Coagulação e Hemostasia ........................................................................... 23
3.2. Fases da Cicatrização ................................................................................... 25
3.1.1. Fase Inflamatória .................................................................................... 25
3.1.2. Fase ProIiferativa .................................................................................... 26
3.1.3. Fase de Maturação ................................................................................. 28
3.2. Fatores de Crescimento ............................................................................... 29
3.2.1. Principais Fatores de Crescimento....................................................... 31
4. MATERIAL e MÉTODO ......................................................................................34
4.1. Aspectos éticos e Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)
34
4.2. Delineamento ................................................................................................ 34
4.3. Critérios de Seleção ..................................................................................... 34
Critérios de Inclusão ........................................................................................ 34
Critérios de Exclusão ....................................................................................... 34
4.4. Coleta do Sangue e Preparo do Plasma Rico em Plaquetas .................... 35
4.5. Protocolo Cirúrgico ...................................................................................... 37
4.5.1. Descrição de Abdominoplastia e Aplicação do PRP .......................... 38
4.5.2. Descrição de Mamoplastia e Aplicação do PRP ................................. 40
4.5.3. Acompanhamento Pós-Operatório ....................................................... 41
4.5.4. Avaliação das Cicatrizes ........................................................................ 42
4.6. Análise Estatística ........................................................................................ 42
4.6.1. Concordância entre Lado de Aplicação de PRP e Avaliadores .......... 43
4.6.2. Concordância entre Avaliador 1 e Avaliador 2 .................................... 44
4.6.3. Escores dos avaliadores: comparação entre cicatrizes com PRP e
sem PRP ............................................................................................................ 44
5. RESULTADO.......................................................................................................46
6. DISCUSSÂO........................................................................................................57
7. CONCLUSÂO......................................................................................................65
8. REFERÊNCIAS...................................................................................................66
9. ANEXOS..............................................................................................................70
Anexo I ............................................................................................................... 70
Anexo II .............................................................................................................. 71
17
1. INTRODUÇÃO
Marx et al.1,2 em 1988 publicaram o artigo que foi a principal base teórica para a
utilização do PRP, no qual descreveram sua biologia e bioquímica. A partir dessa
publicação, o PRP passou a ser considerado uma nova possibilidade terapêutica,
especialmente na regeneração óssea. Foi demonstrada a sua atuação no reparo
ósseo, assim como a participação dos fatores plaquetários neste processo. Em 1999,
Anitua8,29 demonstrou a possibilidade de se obter o PRP, pela centrifugação de
sangue, em laboratório. No Brasil, os trabalhos de Rossi et al.9 e Lemos et al.3
contribuíram para o emprego do PRP, na Odontologia. Na Cirurgia Plástica Estética,
Man10 em 2001, Rumalla et al.11 em 2001, Bhanot et al.12 em 2002, Chajchir13 em
2005, entre outros descreveram novas aplicações do PRP em áreas cruentas.
Ressalta-se a importância dos trabalhos publicados por Marx1,2 em 2004, dando
impulso às pesquisas de engenharia de tecidos e sobre a liberação dos fatores de
crescimento plaquetários, presentes nos alfa-grânulos (Figura 1). Seus estudos
estabeleceram a relação direta dos fatores de crescimento e a formação de tecidos
novos, neoangiogênese, atividade mitogênica e quimiotáxica.
Absolutas Relativas
Alterações funcionais das plaquetas Injeção de corticoide no local
Instabilidade hemodinâmica Uso sistêmico de corticoides
Septicemia Febre ou enfermidades recentes
Infecção no local da aplicação Neoplasias malignas
Não aceitação do paciente Nível de hemoglobina < 10 g/dl
(TCLE não assinado) Contagem de plaquetas < 105µl
2. OBJETIVOS
Objetivos Gerais
Através de um estudo randomizado e controlado, verificar a segurança da aplicação
intradérmica de PRP em feridas cirúrgicas de abdominoplastias e mamoplastias.
Observar se haverá ocorrência de efeitos colaterais locais e sistêmicos.
Objetivo Específico
Verificar os efeitos da aplicação intradérmica do Plasma Rico em Plaquetas autólogo,
nas cicatrizes cirúrgicas de cirurgias estéticas de abdome e de mama. Avaliar sua
eficácia em promover uma cicatrização de melhor qualidade, aos quatro dias, um
mês, três meses, e 12 meses, de pós-operatório.
23
3. REFERENCIAL TEÓRICO
.
Figura 6 - Fases da cicatrização e Fatores de Crescimento.
Todas estas substâncias têm sua importância nas diversas fases do processo
cicatricial. Dentre estes, destacam-se os fatores de crescimento, que são
membros de um grande grupo de polipepeptídeos secretados por várias
moléculas reguladoras do nosso organismo. Também ocupam papel importante
na reparação de danos teciduais, os fibroblastos, osteoblastos, células
epidérmicas, o fígado e rins. Além de atuarem na reparação tecidual, exercem
papel de mediadores na maturação celular, através de moléculas sinalizadoras na
superfície da membrana, os chamados receptores tirosina quinase (Figura 8) e
(Figura 9).
Estes receptores estão relacionados a diversos processos fundamentais, como a
proliferação, diferenciação mobilidade e sobrevivência ou morte celular. Na
espécie humana há receptores para os fatores de crescimento: epidérmico, EGFR
30
PDGF (Fator de crescimento derivado das plaquetas) EGF (Fator de crescimento epidérmico),
VEGF (Fator de crescimento endotelial vascular) FGF (Fator de crescimento fibroblástico),
TGFβ1,β2,β3, α (Fator de crescimento transformador β1,β2,β3, α), KGF (Fator de crescimento dos
queratinócitos).
4. MATERIAL e MÉTODO
4.2. Delineamento
Este é um trabalho experimental, controlado, randomizado e prospectivo,
emparelhado em que cada paciente serviu como seu próprio controle, na
aplicação ou não do PRP em feridas cirúrgicas após abdominoplastias ou
mamoplastias realizadas isoladamente ou associadas.
Critérios de Inclusão
Pacientes clinicamente hígidos, com exames pré-operatórios dentro dos
parâmetros normais, submetidos a cirurgias estéticas de mama (mamoplastias
redutoras) e abdome (abdominoplastias), isoladamente e/ou associadas.
Assinaram o TCLE (Termo de Consentimento Livre e Esclarecido) todos os
participantes da pesquisa.
Critérios de Exclusão
Pacientes portadores de diabetes mellitus, doenças do colágeno, distúrbios de
coagulação. Pacientes com obesidade mórbida, tabagistas, melanodérmicos.
35
O plasma foi coletado até o limite da zona de névoa e transferido para um tubo
seco. Realizou-se uma uma segunda centrifugação a 800g (2600 rpm) por 10
minutos. Em seguida de cada tubo foi retirado e descartado 50% do plasma
sobrenadante, correspondente ao Plasma Pobre em Plaquetas. O plasma
restante e o sedimento ( pellet ) depositado no fundo do tubo constituiu o Plasma
Rico em Plaquetas (Figura 13).
A B
C D
a
Figura 12 - Preparo de Plasma Rico em Plaquetas, coleta e 1 centrifugação
do sangue.
A- Coleta do sangue.
B- Sangue total na seringa.
C- Centrífuga modelo 80 2B.
a
D- Tubos com sangue após 1 centrifugação.
Fonte: Elaborada pelo autor.
37
A B
C D
a
Figura 13 - Preparo do Plasma Rico em Plaquetas, após 2 centrifugação.
Coleta do plasma até a zona inferior da névoa (“pellet”). PRP para aplicação na
ferida cirúrgica.
a
A- Detalhe do sangue após 1 centrifugação.
B- Retirada de todo o plasma até o limite inferior da zona de névoa.
a
C- Plasma total após 2 centrifugação (com “pellet” depositado no fundo do
tubo).
D- Plasma Rico em Plaquetas.
Fonte: Elaborada pelo autor.
4.5. Protocolo Cirúrgico
Todas as operações foram realizadas no bloco cirúrgico da clínica STK Núcleo de
Cirurgia Plástica, num período médio de 12 meses. Os procedimentos cirúrgicos
foram sistematizados, com todos os pacientes submetidos à mesma técnica
cirúrgica. Todos os pacientes submeteram-se à mesma técnica cirúrgica. Os fios
de sutura, curativos e cuidados pós-operatórios seguiram o mesmo padrão.
38
Além disso, quando o avaliador elegeu uma das cicatrizes como melhor, atribuiu-
lhe um escore que foi definido da seguinte forma: escore zero (indiferente), um
(levemente melhor), dois (moderadamente melhor) e três (acentuadamente
melhor).
5. RESULTADOS
Foram avaliadas 129 fotografias por cada um dos cirurgiões plásticos. Com pós-
operatório de quatro dias foram 48 fotografias; com um mês, 31; com três meses, 21;
29 fotografias com 12 meses. Foram estabelecidos escores variando de zero a três,
correspondendo a indiferente, levemente, moderadamente, e acentuadamente
melhor respectivamente. Clinicamente, aos quatro dias de pós-operatório, a
cooptação das margens da ferida, sangramentos, equimoses, hematomas,
deiscências, foram significativamente inferiores no segmento cicatricial com PRP
comparados ao segmento sem PRP. Em um mês de pós-operatório, os fenômenos
inflamatórios, se fizeram menos presentes, com alterações macroscópicas, pouco
evidentes, entre ambos os segmentos. Em torno de três meses, observou-se uma
cicatriz mais aparente em ambos os segmentos com e sem PRP. As cicatrizes se
apresentaram mais largas e hiperemiadas. Estas alterações ficaram mais evidentes
no segmento sem PRP. Aos 12 meses, ambos os segmentos cicatriciais se
apresentaram mais homogêneos, sem diferenças macroscópicas significativas.
Observou-se uma tendência à melhor cicatriz, no segmento com PRP. Essa
diferença, no entanto, não foi acentuadamente evidente aos 12 meses. Portanto, no
presente estudo, observou-se de forma mais evidente, macroscopicamente,
diferenças entre os segmentos cicatriciais com PRP e sem PRP, principalmente aos
quatro dias e três meses. Aos quatro dias o segmento da ferida com PRP,
geralmente se apresentou com melhor cooptação, menor sangramento, em relação
ao segmento sem PRP. Esta diferença, foi perceptível até mesmo por muitos
pacientes, que espontaneamente, consideraram a melhor cicatriz, como aquela com
PRP. Esta aparência diferenciada e mais favorável, se evidenciou também, de forma
mais acentuada com três meses de pós-operatório. Observou-se menor hiperemia,
alargamento e hipertrofia, nessa fase, no segmento de cicatriz com PRP. A
observação direta das cicatrizes, em suas diferentes fases, seria a forma ideal para
avalia-las. No entanto, as fotografias se apresentam como uma forma aceitável de
avaliação nessa pesquisa. O abandono espontâneo do protocolo e o não
comparecimento às datas pré-estabelecidas para as fotografias, foram as principais
causas de diminuição do número de cicatrizes avaliadas. Não houve exclusão de
participantes decorrentes de intercorrências clínicas. Os resultados estatísticos
47
obtidos corroboraram os achados clínicos observados, aos quatro dias e tês meses
de pós-operatório. Aos 12 meses, houve uma tendência à homogeneização,
corroborada estatisticamente, com nivelamento entre os segmentos analisados, sem
diferenças macroscópicas significativas. Não foram observadas cicatrizes defeituosas
como queloides e/ou hipertrofias nos segmentos com PRP, assim como no segmento
oposto sem PRP. A pesquisa realizada, não nos forneceu elementos suficientes para
se afirmar quanto à possível ação do PRP na formação ou não de cicatrizes
patológicas.
Fotografias de cicatrizes cirúrgicas, de abdominoplastias, de pacientes diferentes,
com os segmentos direito e esquerdo (D e E), SEM e Com PRP respectivamente.
Fotografias com quatro dias, um , três e 12 meses, (Figura 21).
1 2
C
3 D
4
! B
1A 2
1 2
C D
3 4
Fotografias de cicatrizes de mesma paciente, de mama direita (D) sem PRP (1) e
mama esquerda (E) com PRP (2) com três meses de pós-operatório. Cicatrizes de
mesma paciente de mama direita (D) sem PRP (3) e mama esquerda (E) com PRP
(4) com 12 meses de pós-operatório, (Figura 23).
1 2
,
3 4
33 4
Figura 23 - Cicatrizes de mama de mesmo paciente com três meses de
pós- operatório: mama direita (D) SEM PRP (1) e cicatriz de mama
esquerda (E) COM PRP (2). Cicatrizes de mesma paciente com 12 meses
de pós-operatório: de mama direita (D) SEM PRP (3) e cicatriz de mama
esquerda(E) COM PRP (4). Fonte: Elaborada pelo autor.
Concordância
Tempo da observação Kappa (valor de p)
Percentual
4 dias
1 mês
3 meses
12 meses
Não se obteve significância estatística nos achados aos quatro dias. Contudo,
observa-se que o avaliador 1 nomeou maior porcentagem de cicatrizes com PRP
como moderada ou acentuadamente melhor (23,5%+44,1%=67,6%)
53
Notas: *excluídas as situações nas quais o avaliador não tinha opinião sobre qual a melhor cicatriz
das duas apresentadas (Indiferente).
Notas: excluídas as situações nas quais o avaliador não tinha opinião sobre qual a melhor
cicatriz das duas apresentadas (Indiferente).
Notas: *excluídas as situações nas quais o avaliador não tinha opinião sobre qual a melhor
cicatriz das duas apresentadas (Indiferente).
Notas: *excluídas as situações nas quais o avaliador não tinha opinião sobre qual a melhor
cicatriz das duas apresentadas (Indiferente).
57
6. DISCUSSÂO
Nofal et al.36 em 2014, publicaram trabalhos sobre o uso tópico do PRP em úlceras
de membros inferiores, com resultados positivos. Shan et al.37 Em 2013 e Saad et
al.38 em 2011 mostraram resultados satisfatórios com a aplicação do PRP em úlceras
de membros inferiores, em pacientes diabéticos, portadores de vasculopatia
periférica grave. Sclafani AP et al.39 em 2005, em uma revisão bibliográfica, em
60
As diferenças mais evidentes em favor da cicatriz na qual foi aplicado o PRP autólogo
aconteceram, na avaliação com 4 dias de pós-operatório. Essa observação foi
corroborada principalmente pelos resultados do avaliador 1, que escolheu como
melhor cicatriz aquela na qual houve aplicação do PRP em 70% das vezes. O fato do
avaliador 2 ter tido opinião coincidente em apenas 53,4% das vezes pode ser
explicado pelo maior número de cicatrizes nomeadas por ele como iguais
(indiferente). Ambos apresentaram P≤0,05 e Índice Kappa moderado. Os resultados
mostraram que a intensidade na gradação da qualidade das cicatrizes não foi
predominantemente acentuada, porém os avaliadores foram capazes de discernir as
diferenças entre as mesmas. Vale salientar que, a diferença nas cicatrizes foi
observada pelos próprios pacientes que, muitas vezes manifestaram sua opinião
sobre o lado com melhor resultado estético, coincidindo com o lado em que o PRP foi
aplicado.
Também aos 3 meses, a concordância entre avaliador 1 e o lado no qual o PRP foi
aplicado foi próxima a 70% (66,7%) e o Kappa (0,34), considerado razoável e
estatisticamente, muito próximo da concordância além do acaso (p=0,05). Quando se
comparou os avaliadores, os índices Kappa foram classificados como razoáveis e as
concordâncias, estatisticamente além do acaso, para todos os meses, exceto para o
primeiro mês.
Aos 12 meses, as concordâncias não foram além do acaso. Não se pode afirmar
também, que nesse tempo cirúrgico, houveram diferenças significativas entre ambos
os segmentos cicatriciais estudados e se ocorreram por ação direta do PRP.
63
Nessa fase da cicatrização houve um equilíbrio na qualidade das cicatrizes, pois não
foram observadas diferenças significativas entre os segmentos com e sem PRP, por
ambos avaliadores. A ausência de complicações, como processo inflamatório
acentuado, infecção, sangramento, má cooptação da ferida, foi importante para
demonstrar que a aplicação do PRP foi segura e isenta de efeitos colaterais. Se tais
efeitos tivessem ocorrido, certamente teria comprometido o resultado estético
cicatricial final.
Para graduar a intensidade das diferenças entre as cicatrizes com e sem aplicação
de PRP, optou-se pela atribuição de escores na avaliação da melhor cicatriz.
Demonstrou-se que, apesar de uma proporção de cicatrizes com a aplicação de PRP
ter sido apontada como melhor em relação às que não receberam PRP, a gradação
na intensidade dessa diferença observada não foi estatisticamente significativa nos
dois grupos de cicatrizes.
Aos 4 dias de avaliação, observou-se que o avaliador 1 nomeou maior porcentagem
de cicatrizes com PRP como moderada ou acentuadamente melhor (23,5% e 44,1%
respectivamente), totalizando 67,6%. Quanto às cicatrizes sem PRP encontrou-se
14,3% e 50,0%, respectivamente, totalizando 64,3% para o avaliador 1. A mesma
tendência foi encontrada para o avaliador 2 nessas cicatrizes, cujos percentuais
foram 50,0% e 10,0% respectivamente. Ou seja, as cicatrizes com PRP, foram em
maior medida avaliadas como moderada ou acentuadamente melhor aos 4 dias,
comparadas àquelas sem PRP.
moderadamente melhor, sendo este percentual diferente de zero entre cicatrizes com
PRP (18,2%).
7. CONCLUSÂO
A melhor eficácia com a aplicação do PRP foi observada aos quatro dias de
avaliação, quando as melhores cicatrizes foram aquelas que tiveram a aplicação do
PRP. Apesar de o PRP ter se mostrado mais eficaz na fase inicial de cicatrização, a
sua ação foi indiferente nos períodos tardios da cicatrização. Aos doze meses de
avaliação, houve uma homogeneização na qualidade das cicatrizes, não sendo
possível observar-se diferenças macroscópicas significativas entre os lados com e
sem aplicação de PRP.
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41. Alsousou J, Ali A, Willet K, Harrison P, The role of platelet –rich plasma in tissue
regeneration. Platelets.2013;24: 173-82.
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9. ANEXOS
Anexo I
Anexo II
Eu, ________________________________________________________________,
RG______________, aceito participar dessa pesquisa, durante procedimento
cirúrgico que irei submeter-me nesta clínica (STK Núcleo de cirurgia Plástica) e
autorizo os procedimentos abaixo explicitados, estando plenamente consciente e
informada em relação aos mesmos. Estou ciente, de que se trata de um trabalho
científico, que visa estabelecer os efeitos da aplicação do Plasma Rico em Plaquetas
(PCR) autólogo, responsável, pela liberação dos chamados Fatores de Crescimento
(FC) na cicatriz cirúrgica e que fazem parte de um conjunto de substâncias que
atuam normalmente em todo processo cicatricial, e que são responsáveis, juntamente
com outros fatores intervenientes pela boa evolução e qualidade da mesma. Estou
ciente de que os Fatores de Crescimento existem normalmente no meu organismo,
sendo liberados toda vez que se produz um ferimento. Estou sendo informada que o
Plasma Rico em Plaquetas, por se apresentar em concentração mais elevada, após
manipulação mecânica laboratorial, ao ser aplicado na ferida cirúrgica, proporciona
uma maior concentração de Fatores de Crescimento que segundo trabalhos já
publicados e acompanhamento realizados, demonstraram não oferecer nenhuma
espécie de malefício, ou interferência negativa na qualidade cicatricial. Estou ciente,
de que não terei gastos extras acrescidos às despesas normais contratadas por este
procedimento. Os dados coletados, ou seja, observação da cicatriz ao longo do
acompanhamento pós-cirúrgico, normal, serão mantidos em sigilo, aos quais terei
amplo acesso. Estou ciente, de que uma pequena fração de sangue será coletada,
através de punção de veia periférica, (em torno de 40ml), que irá ser processada por
centrifugação, e aplicada em uma pequena área (em torno de 5cm) da ferida
cirúrgica, ainda na sala de cirurgia. Essa área será comparada posteriormente com o
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_______________________________________________________________
(assinatura)