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MUNICÍPIO DE SANTO ANTÔNIO DE PÁDUA

PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO - PMSB


Volume 6 - Diagnóstico e Prognóstico de
Drenagem e Manejo de Águas Pluviais Urbanas

PREFEITURA MUNICIPAL DE SANTO ANTÔNIO DE PÁDUA – RJ

Praça Visconde Figueira, nº 57 – Centro | CEP: 28470-000


Fone: (22) 3851-0005
www.santoantoniodepadua.rj.gov.br

PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO

DIAGNÓSTICO E PROGNÓSTICO DOS SISTEMAS DE DRENAGEM


URBANA E MANEJO DE ÁGUAS PLUVIAIS

VOLUME 6

2019

II

www.evoluaambiental.com.br
PREFEITURA MUNICIPAL DE SANTO ANTÔNIO DE PÁDUA – RJ
Praça Visconde Figueira, n. º 57 - Centro
CEP: 28470-000 | CNPJ: 29.114.139/0001-48
Fone: (22) – 3851-0005
Sítio: www.santoantoniodepadua.rj.gov.br

Prefeitura Municipal de Santo Antônio de Pádua - RJ.


Plano Municipal de Saneamento Básico/Volume 6: Diagnóstico e
Prognóstico de Drenagem e Manejo de Águas Pluviais Urbanas. – 2019
69f.: il.color. 30 cm

Esta obra é um dos produtos referentes ao Plano Municipal de


Saneamento Básico do município de Santo Antônio de Pádua-RJ.

1. Diagnóstico. 2. Prognóstico. 3.Drenagem Urbana. 4. Águas Pluviais.


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Volume 6 - Diagnóstico e Prognóstico de
Drenagem e Manejo de Águas Pluviais Urbanas

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Praça Visconde Figueira, n. º 57 - Centro
CEP: 28470-000 | CNPJ: 29.114.139/0001-48
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● GESTÃO 2017 – 2020 ●

JOSIAS QUINTAL DE OLIVEIRA


Prefeito Municipal

CARLOS ROBERTO PEREIRA ALVES


Vice-Prefeito

ARCÊNIO JUBIM DA SILVA JÚNIOR


Secretário Municipal de Meio Ambiente

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Drenagem e Manejo de Águas Pluviais Urbanas

COMISSÃO TÉCNICA

LÚCIO FLÁVIO DE SOUSA


Presidente
Chefe de Divisão e Fiscalização Ambiental

PLÍNIO AUGUSTO TOSTES PADILHA MOREIRA


Vice-Presidente
Assessoria Direta do Gabinete

LUCAS RANGEL PEREIRA


1º Diretor
Servidor da Secretaria de Obras e Infraestrutura Urbana e Rural

KARINA PEREIRA BARROS SANTOS


2ª Diretora
Assessora de Infraestrutura da Secretaria de Obras

MARIANNA CAMPOS DIAS KORT KAMP


3ª Diretora
Agente Administrativo da Secretaria de Saúde

CLAUDIOMAR GUIMARÃES RODRIGUES


4ª Diretora
Fiscal de Tributos da Secretaria da Fazenda

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EMPRESA RESPONSÁVEL

EVOLUA AMBIENTAL ENGENHARIA E CONSULTORIA


CNPJ 16.697.255/0001-95 | CREA-SC 149326-4
Endereço: R. Samuel Heusi, nº 178, Sala n.º 1201
CEP 88301-320, Itajaí - SC.
Fone: (47) 2125-1014 | [email protected]

EQUIPE TÉCNICA

Nayla Motta Campos Libos Marcelo Gonçalves


Eng.ª Sanitarista e Ambiental Geógrafo
CREA/SC 090377-1 CREA/PR 95232/D

Claudia Barboza Camillo Deise Beatriz Farias


Arquiteta e Urbanista Gestora de Finanças
CAU A121584-1 Assistente Social
CRA/PR 200469, CRESS/SC 8217

Marilda Motta Campos


Pedagoga

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Volume 6 - Diagnóstico e Prognóstico de
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ÍNDICE GERAL

Volume 1
Plano de Mobilização Social

Volume 2
Diagnóstico Socioeconômico e Ambiental

Volume 3
Diagnóstico e Prognóstico do Sistema de Abastecimento de Água

Volume 4
Diagnóstico e Prognóstico do Sistema de Esgotamento Sanitário

Volume 5
Diagnóstico e Prognóstico do Sistema de Limpeza Urbana e Manejo de Resíduos
Sólidos

Volume 6
Diagnóstico e Prognóstico do Sistema de Drenagem e Manejo de Águas Pluviais
Urbanas

Volume 7
Programas, Projetos e Ações

Volume 8
Minutas do Projeto de Lei de Concessão dos Serviços de Abastecimento de Água e
Esgotamento Sanitário, do Edital de Licitação e do Contrato de Concessão

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SUMÁRIO

1 APRESENTAÇÃO ........................................................................................................... 10
2 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 11
3 DIAGNÓSTICO ................................................................................................................ 13
3.1.1 Plano Municipal de Saneamento Básico ................................................................................... 14
3.1.2 Plano Diretor Municipal ............................................................................................................. 15
3.2 CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS E ÍNDICES FÍSICOS DAS BACIAS ........................... 17
3.2.1 Bacias Hidrográficas .................................................................................................................. 17
3.2.2 Índices Morfométricos ............................................................................................................... 20
3.3 ESTUDOS HIDROLÓGICOS ...................................................................................................... 26
3.3.1 Período de Retorno ................................................................................................................... 27
3.3.2 Chuvas Intensas ........................................................................................................................ 28
3.3.3 Escoamento Superficial ............................................................................................................. 31
3.3.4 Vazões de Pico – Qp ................................................................................................................. 33
3.3.5 Vazões de Projeto ..................................................................................................................... 36
3.4 MICRO E MACRODRENAGEM .................................................................................................. 38
3.4.1 Vias Urbanas, Guias e Sarjetas ................................................................................................ 40
3.4.2 Bocas Coletoras ........................................................................................................................ 42
3.4.3 Galerias Pluviais ........................................................................................................................ 45
3.4.4 Pontes e Travessias .................................................................................................................. 48
3.4.5 Rios Canalizados ou Retificados ............................................................................................... 50
3.5 ÁREAS DE RISCO ...................................................................................................................... 51
3.5.1 UHE Barra do Braúna ................................................................................................................ 51
3.5.2 Áreas Sujeitas à Alagamento .................................................................................................... 53
3.6 PERCEPÇÃO DA SOCIEDADE .................................................................................................. 54
3.6.1 Síntese dos questionários aplicados ......................................................................................... 55
4 PROGNÓSTICO ............................................................................................................... 59
4.1.1 Nos lotes .................................................................................................................................... 60
4.1.2 Nos loteamentos ........................................................................................................................ 61
5 REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 68

LISTA DE FIGURAS

Figura 3.1 - Gráfico de curvas intensidade-duração-frequência (IDF)........................................ 31


Figura 3.2 - Vazões de pico. ....................................................................................................... 37
Figura 3.3 – Croqui esquemático de um sistema de microdrenagem urbana ............................ 39
Figura 3.4 – Elementos da composição do sistema inicial de microdrenagem urbana .............. 40
Figura 3.5 – Exemplo de via urbana pavimentada...................................................................... 41

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Figura 3.6 – Exemplo de via urbana pavimentada com paralelepípedos. .................................. 42


Figura 3.7 – Boca de lobo guia ................................................................................................... 42
Figura 3.8 – Boca de lobo com grelha ........................................................................................ 42
Figura 3.9 – Boca de lobo combinada ........................................................................................ 42
Figura 3.10 – Boca de lobo com grelha. ..................................................................................... 44
Figura 3.11 – Boca de lobo com grelha. ..................................................................................... 44
Figura 3.12 – Ponte sobre Córrego do Braço Forte, na área urbana. ........................................ 48
Figura 3.13 – Ponte sobre Córrego do Braço Forte, na área urbana. ........................................ 49
Figura 3.14 – Ponte sobre córrego. ............................................................................................ 49
Figura 3.15 - Ponte sobre o Rio Pomba. ..................................................................................... 50
Figura 3.16 – Trecho de rio retificado do Córrego Braço do Forte. ............................................ 51
Figura 3.17 - Pergunta 1 do questionário no eixo de drenagem e manejo de águas pluviais. ... 56
Figura 3.18 - Pergunta 2 do questionário no eixo de drenagem e manejo de águas pluviais. ... 57
Figura 3.19 - Pergunta 5 do questionário no eixo de drenagem e manejo de águas pluviais. ... 58
Figura 3.20 - Pergunta 7 do questionário no eixo de drenagem e manejo de águas pluviais. ... 58
Figura 4.1 – Modelo de reservatório de detenção e retenção no lote com sistema de reaproveitamento
da água da chuva ........................................................................................................................ 61
Figura 4.2 – Exemplo de pavimentos permeáveis e porosos ..................................................... 63
Figura 4.3 – Exemplo de reservatórios de detenção em loteamentos........................................ 64
Figura 4.4 – Exemplo de poço de infiltração ............................................................................... 64
Figura 4.5 – Exemplo de valas de infiltração .............................................................................. 65

LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1 – Comprimento do Canal Principal - Lcp. ................................................................. 20


Tabela 3.2 – Altura do Canal Principal - Hcp. ............................................................................. 21
Tabela 3.3 – Gradiente do Canal Principal - Gcp. ...................................................................... 21
Tabela 3.4 – Extensão do Percurso Superficial - Eps. ............................................................... 22
Tabela 3.5 – Comprimento da bacia - Lb. ................................................................................... 23
Tabela 3.6 – Coeficiente de compacidade - Kc. ......................................................................... 24
Tabela 3.7 – Densidade de Drenagem - Dd. .............................................................................. 25
Tabela 3.8 – Altura da bacia - Hb................................................................................................ 25
Tabela 3.9 – Coeficiente de compacidade - Kc. ......................................................................... 26
Tabela 3.10 – Períodos de retorno em função do uso do solo ................................................... 28
Tabela 3.11 – Previsão de máximas intensidades de chuva. ..................................................... 31
Tabela 3.12 – Vazão de pico para as sub-bacias, para TR de 2 a 100 anos. ............................ 36
Tabela 3.13 - Questionário referente ao eixo de drenagem e manejo de águas pluviais. ......... 55

VIII
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LISTA DE MAPAS

Mapa 3.1 - Bacias hidrográficas. ................................................................................................. 19


Mapa 3.2 - Cadastro de drenagem pluvial. ................................................................................. 47

IX
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Volume 6 - Diagnóstico e Prognóstico de
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1 AP RES ENTAÇÃO

O presente relatório é parte integrante da revisão do Plano Municipal de


Saneamento Básico, no âmbito do contrato nº 027/2018 firmado entre o Município de
Santo Antônio de Pádua e a empresa Evolua Ambiental Engenharia e Consultoria
LTDA, no dia 21 de setembro de 2018, tendo a ordem de serviço com autorização
para início das atividades assinada em 09 de outubro de 2018.
O presente documento, Volume 6 – Diagnóstico e Prognóstico de Drenagem e
Manejo de Águas Pluviais Urbanas, são apresentadas as bacias hidrográficas, os
estudos hidrológicos, as características dos sistemas de micro e macrodrenagem
existentes no município e a percepção da sociedade acerca do eixo em análise.
Este documento foi elaborado com base no termo de referência que disserta
sobre as atividades a serem desenvolvidas e com base na legislação vigente, em
especial às Leis 11.445/07 e 12.305/10.

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2 INTRODUÇÃO

Saneamento básico é definido pelo conjunto de serviços, infraestruturas e


instalações operacionais de abastecimento de água potável; esgotamento sanitário;
limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos; e drenagem e manejo de águas pluviais
urbanas.
A Lei Federal n° 11.445 de 05 de janeiro de 2007 estabelece as diretrizes
nacionais para o saneamento básico e para a política federal de saneamento básico
e disserta sobre a elaboração dos Planos Municipais de Saneamento Básico – PMSB,
definindo seu conteúdo mínimo e sua exigibilidade.
Este plano, que está em processo de revisão, é ferramenta de planejamento
para a melhoria das condições sanitárias e ambientais do município e, por
consequência, da qualidade de vida da população. É o instrumento de
desenvolvimento do município no setor de saneamento no horizonte de planejamento,
fixado em 20 anos.
No desenvolvimento do PMSB, recomenda-se o envolvimento de técnicos de
diferentes formações, incluindo gestores municipais das áreas de saneamento, saúde,
agricultura, obras, educação ambiental, planejamento, além de representantes da
sociedade civil e a população, que tem participação garantida em todo processo de
elaboração do PMSB. Este processo será garantido pela realização das audiências
públicas e disponibilização dos documentos técnicos para consulta pública.
Partindo do diagnóstico, o PMSB apontará as deficiências nos setores de
saneamento; definirá os objetivos e metas; conduzirá ao planejamento dos
programas, projetos e ações necessárias para a universalização dos serviços de
saneamento no horizonte de planejamento; as ações de emergências e contingencias
e os mecanismos e procedimentos para avaliação da eficiência e eficácia das ações
programadas, nos termos do Art. 19 da Lei 11.445/07. As ações serão organizadas
em metas emergenciais, de curto, médio e longo prazo e para cumprimento pelo poder
executivo, que terá o plano de saneamento como um guia para gestão no que tange
à saneamento básico.
Os dados que serão apresentados neste diagnóstico são provenientes de
informações fornecidas pelo município; provenientes do Plano Municipal de
Saneamento Básico vigente e aprovado pela Lei municipal 3.541/2013, objeto de

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Volume 6 - Diagnóstico e Prognóstico de
Drenagem e Manejo de Águas Pluviais Urbanas

revisão por este estudo, por levantamento de campo e estudos hidrológicos e físicos,
com auxílio de ferramentas de geoprocessamento.
Considera-se como conteúdo mínimo para a elaboração do PMSB, as diretrizes
da Lei nº 11.445 de 2007, seus Decretos 7.217 de 2010, Decreto 1.282 de 2014,
Decreto 9254 de 2017; Medida Provisória 844 de 2018 e; Leis 12.862 de 2013.
Específico para o eixo de resíduos sólidos, soma-se o conteúdo da Lei 12.305/2010 e
seus Decretos 7.404 de 2010 e 9.177 de 2017.

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3 DIAGNÓS TICO

A falta de planejamento e controle do uso do solo, as ocupações de áreas de


risco e os sistemas de drenagem ineficientes são consequências do crescimento
urbano desordenado das cidades brasileiras, que tem provocado impactos na
população e no ambiente.
Estes impactos vêm deteriorando a qualidade de vida da população, devido ao
aumento da frequência e do nível das inundações, prejudicando a qualidade da água,
e aumento da presença de materiais sólidos no escoamento pluvial. Pode-se dizer
que existem duas condutas que tendem a agravar ainda mais a situação (PMPA,
2005):
• Os projetos de drenagem urbana têm como objetivo escoar a água
precipitada o mais rapidamente possível para jusante, este critério
aumenta em várias ordens de magnitude a vazão máxima, a frequência
e o nível de inundação de jusante.
• As áreas ribeirinhas, que o rio utiliza durante os períodos chuvosos como
zona de passagem da inundação, têm sido ocupadas pela população
com construções, reduzindo a capacidade de escoamento. A ocupação
destas áreas de risco resulta em prejuízos evidentes quando o rio inunda
seu leito maior
A drenagem urbana tradicional é composta por dois sistemas distintos que
devem ser planejados e projetados sob critérios diferenciados: o sistema inicial de
drenagem, ou microdrenagem, composto pelos pavimentos das ruas, guias e sarjetas,
bocas de lobo, rede de galerias de águas pluviais e, também, canais de pequenas
dimensões, dimensionado para o escoamento de vazões de 2 a 10 anos de período
de retorno; e o sistema de macrodrenagem, constituído, em geral, por canais (abertos
ou de contorno fechado) de maiores dimensões, projetados para vazões de 25 a 100
anos de período de retorno (PMSP, 1999).
Além desses, dois sistemas tradicionais vem sendo difundido o uso de medidas
chamadas sustentáveis que buscam o controle do escoamento na fonte, através da
infiltração ou detenção no próprio lote ou loteamento do escoamento gerado pelas
superfícies impermeabilizadas, mantendo, assim, as condições naturais pré-

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existentes de vazão para um determinado risco definido (ABRH, 1995; Tucci, 1995;
Porto & Barros, 1995).
Neste Plano, o componente Drenagem e Manejo de Águas Pluviais Urbanas,
em suas fases de diagnóstico e prognóstico, pretende analisar o sistema de
macrodrenagem e microdrenagem, sua manutenção, planejamento e fiscalização em
diversos níveis, inclusive a correlação com o sistema de esgotamento sanitário,
identificação dos fundos de vale e microbacias, analisando sua capacidade e
contribuição para o sistema de microdrenagem.

3.1.1 Plano Municipal de Saneamento Básico

O Plano Municipal de Saneamento Básico do município aprovado em 2013, traz


em seu eixo de Drenagem e Manejo de Águas pluviais Urbanas, que: “dentre os
principais problemas encontrados no sistema de drenagem urbana de Santo Antônio
de Pádua tem-se a deficiência em relação às áreas planas, ou mais baixas, onde se
concentram o maior volume de água das chuvas, somado à inexistência de
manutenção e limpeza das redes pluviais urbanas.” O relatório não traz informações
especificas acerca destes problemas, porém, este estudo irá analisar as condições
morfológicas e hidrológicas das bacias a fim de constatar as principais dificuldades do
município no que se refere à drenagem das águas pluviais.
A Lei 3.541/13 que aprova o PMSB, disserta sobre o eixo em estudo, que:
Art. 23. Os serviços de saneamento básico de que trata esta Lei terão a
sustentabilidade econômico-financeira assegurada, sempre que possível, mediante
remuneração pela cobrança dos serviços de manejo de águas pluviais urbanas: na
forma de taxa, em conformidade com o regime de prestação do serviço ou de suas
atividades.
Art. 27. A cobrança pela prestação do serviço público de drenagem e manejo
de águas pluviais urbanas deve levar em conta, em cada lote, os percentuais de
impermeabilização e a existência de dispositivos de amortecimento ou de retenção de
água de chuva, podendo considerar também;
I - o nível de renda da população da área atendida;
II - as características dos lotes urbanos, áreas edificadas e sua utilização.

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O Art. 36, cria o Fundo Municipal de Saneamento Básico - FMSB, vinculado à


Secretaria Municipal de Meio Ambiente e o Art. 37. Afirma que os recursos do FMS
serão provenientes de:
I - repasses de valores do Orçamento Geral do Município;
II - percentuais da arrecadação relativa a tarifas e taxas decorrente da
prestação dos serviços de captação, tratamento e distribuição de água, de coleta e
tratamento de esgotos, resíduos sólidos e serviços de drenagem urbana ou imposição
de multas.

3.1.2 Plano Diretor Municipal

O Plano Diretor, Lei 3.922/18, traz regulamentações sobre os sistemas de


drenagem de águas pluviais, sobre os usos do solo, proteção de mananciais, entre
outros, conforme seguem:
Artigo 16, é objetivo de proteção dos bens naturais do município o controle da
ocupação urbana próximo às margens do Rio Pomba, Rio Pirapetinga, Rio Paraíba
do Sul córregos e ribeirões que cruzam o município, como meio para se estabelecer
uma nova relação da cidade com o principal recurso hídrico da região;
Artigo 20. São diretrizes para a promoção do saneamento ambiental em Santo
Antônio de Pádua:
I. proteger os cursos d’água e as águas subterrâneas;
II. promover a desocupação de áreas sujeitas a inundação, devendo ser
identificadas as unidades residenciais em situação de risco, particularmente as
situadas na Zona de Proteção dos Rios Pomba, Pirapetinga, Paraíba do Sul e na Zona
de Ocupação Urbana Restrita;
III. garantir, através da gestão ambiental, a recuperação e preservação:
a. dos mananciais;
b. dos remanescentes florestais;
c. das matas ciliares;
d. das áreas de preservação permanente;
e. das unidades de conservação;

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Artigo 33, ressalta que são prioridades referentes ao Sistema de Mobilidade e


Acessibilidade adotar, preferencialmente, soluções de pavimentação que favoreçam
a permeabilidade do solo e contribuam para a drenagem de águas pluviais.
Artigo 43, que disserta sobre a Macrozona de Preservação e Valorização do
Ambiente Natural engloba a área denominada Corredor Ecológico do Rio Pomba,
definida pelas faixas marginais do Rio Pomba, com 30 (trinta) metros de largura para
cada lado, nos trechos situados fora da Macrozona de Desenvolvimento Urbano
Sustentável, que deverá ser monitorada de modo a evitar processos predatórios de
ocupação ou utilização;
A seção 1 da Lei do Plano Diretor estabelece a Zona de Proteção do Rio Pomba
e, o Art. 61, traz que: considerando a situação urbana fática, caracterizada pela
ocupação, ao longo do tempo, de terrenos situados junto ao Rio Pomba, admitir-se-á
novas construções na ZPROPOMBA somente na área de urbanização consolidada,
indicada no Mapa 5 do Anexo II desta Lei, segundo os critérios gerais definidos nesta
Lei, observada a Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo. E, o § 1º., traz que
as novas construções na ZPROPOMBA deverão respeitar obrigatoriamente faixa non
aedificandi de 15 (quinze) metros em relação à margem do Rio Pomba, além de outras
exigências da legislação urbanística e ambiental vigente.
No Artigo 161, §3°, estabelece que todo imóvel deverá manter 20% de área
permeável em relação ao valor da área total do terreno e,
Por fim, o Artigo 166, §2º, disserta que nos novos loteamentos deverão constar
as seguintes benfeitorias de responsabilidade do loteador: rede de abastecimento de
água potável, rede de coleta de esgoto sanitário, Estação de Tratamento de Esgoto –
ETE sanitário, rede coletora de águas pluviais, pavimentação (paralelepípedo ou
asfalto, meio fio, calçamento, redes de drenagem), iluminação pública, áreas verdes
e áreas públicas.
Conclui-se que o fato do município possuir legislações que dispõe sobre a
drenagem e o manejo de águas pluviais urbanas já é um avanço e um indicio de
preocupação no planejamento do sistema, ajudando as futuras ações para o setor,
inclusive com melhorias ou complementações na própria legislação.

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3.2 CARACTERÍS TICAS MORFOLÓGICAS E ÍNDICES FÍS ICOS DAS BACIAS

As características morfológicas e os índices físicos de uma bacia são


essenciais para o correto entendimento do ciclo hidrológico e para o eficiente
planejamento dos sistemas de drenagem de um município. Tanto os projetos
convencionais de drenagem quanto as soluções de manejo sustentável têm como
base de cálculos e entendimentos tais características.
Para se elaborar um projeto de manejo sustentável das águas urbanas é
preciso entender o funcionamento da bacia hidrográfica inserida ou incidente na área
de atuação, é preciso entender o ciclo hidrológico através da observação das
precipitações, do comportamento do escoamento superficial e dos processos de
infiltração da água no solo.
Geralmente, as soluções convencionais para drenagem urbana levam em
consideração apenas a área direta de influência do sistema e seus dispositivos, sem
observar possíveis transformações que poderão ocorrer na bacia hidrográfica como
um todo. Por exemplo, ao projetar o sistema de drenagem de um loteamento,
geralmente se utiliza apenas as características atuais de ocupação do entorno do
loteamento e não as projeções futuras em toda a bacia de contribuição, fazendo com
que, muitas vezes, os dispositivos sejam subdimensionados de acordo com
ocupações futuras. Além disso, nem sempre são simulados os efeitos de se conduzir
determinada vazão para um corpo receptor, não sendo levado em consideração que
toda a água precipitada em uma bacia poderá, em poucos minutos, atingir tal rio,
aumentando consideravelmente seu volume e transbordando o leito natural.

3.2.1 Bacias Hidrográficas

Várias são as definições de bacia hidrográfica, mas todas convergem para um


mesmo ponto. Bacia hidrografia, segundo Tucci (1993), “[...] é a área total de
superfície do terreno de captação natural da água precipitada, na qual um aquífero ou
um sistema fluvial recolhe sua água”. A bacia de drenagem (NETTO, 2003, p. 97) ou
bacia hidrográfica pode ser definida como uma área da superfície terrestre que drena
água, sedimentos e materiais para uma saída comum. Sua estrutura lembra uma
“espinha de peixe” (SEIFFERT, 2009) em que vários afluentes convergem para um rio
principal.

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Genericamente, de acordo com Botelho (1999), “[...] entende-se como bacia


hidrográfica ou bacia de drenagem a área da superfície terrestre drenada por um rio
principal e seus tributários, sendo limitada pelos seus divisores de água”.
Basicamente, esta linha de separação divide a precipitação que cai na
superfície, alimentando diversos sistemas fluviais e bacias hidrográficas distintas. O
divisor de águas é delimitado seguindo os pontos mais altos (cotas de altitude) e
atravessa o curso d’água apenas no ponto de saída (GONÇALVES & SPINELI, 2014).
Para definição dos índices morfométricos e posteriores cálculos dos índices
hidrológicos, o município foi subdividido em bacias hidrográficas, levando em
consideração as condições de relevo e hidrografia. Foram delimitadas 14 bacias em
Santo Antônio de Pádua, sendo que destas, 7 são bacias contribuintes direta do Rio
Pomba no perímetro urbano do município.

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Mapa 3.1 - Bacias hidrográficas.

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3.2.2 Índices Morfométricos

As bacias hidrográficas possuem características físicas importantes para


compreendermos o funcionamento do sistema hidrológico, possuindo
correspondência com o ciclo hidrológico. Essas características são de extrema
importância para conhecer a variação dos elementos do sistema hidrológico e de
drenagem urbana e sua distribuição dentro do espaço, auxiliando no entendimento
de alguns processos dinâmicos da natureza (GONÇALVES & SPINELI, 2014).
Para a determinação de tais parâmetros morfométricos da rede de drenagem
de uma bacia, comumente segue-se a metodologia proposta por Horton (1945),
aplicada segundo as condições ambientais e físicas do Brasil descritas por
Christofoletti (1980). Para tanto, as características morfométricas das bacias são
obtidos por meio de análises dos aspectos lineares, areais e hipsométricos.

3.2.2.1 Análise Linear


Comprimento do canal principal (km) - Lcp: É a distância que se estende
ao longo do canal principal, desde sua nascente até a foz.
Tabela 3.1 – Comprimento do Canal Principal - Lcp.
Sub-bacia Comprimento dos canais (km)

Córrego Estrada Nova 24,4


Ribeirão Bom Jardim 56,3
Rio Pirapetinga 71,3
Ribeirão Braço Forte 64,4
Ribeirão do Suíço 39,4
Córrego sem nome 12,8
Rio Paraíba do Sul 35,3
Ribeirão dos Ourives 125,0
Ribeirão das Motas 35,9
Córrego do Retiro 31,8
Ribeirão do Bonito 26,1
Córrego do Ipê 13,0
Valão dos Leites 23,2
Córrego Cabiunas 37,9

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Altura do canal principal (m) — Hcp: para encontrar a altura do canal


principal, subtrai-se a cota altimétrica encontrada na nascente pela cota encontrada
na foz.
Tabela 3.2 – Altura do Canal Principal - Hcp.
Sub-bacia Cota da Nascente (m) Cota da Foz (m) Hcp (m)
Córrego Estrada Nova 206 97 109
Ribeirão Bom Jardim 210 101 109
Rio Pirapetinga 213 144 69
Ribeirão Braço Forte 238 87 151
Ribeirão do Suíço 519 86 433
Córrego sem nome 429 72 357
Rio Paraíba do Sul 578 75 503
Ribeirão dos Ourives 194 73 121
Ribeirão das Motas 251 87 164
Córrego do Retiro 185 107 78
Ribeirão do Bonito 127 88 39
Córrego do Ipê 358 96 262
Valão dos Leites 481 70 411
Córrego Cabiunas 421 90 331

Gradiente do Canal Principal (m/km) — Gcp: é a relação entre a altura do


canal e o comprimento do respectivo canal, indicando a declividade do curso
d’água. É obtido pela fórmula:
𝐺𝐺𝐺𝐺𝐺𝐺 = 𝐻𝐻𝐻𝐻𝐻𝐻 / 𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿
Onde:
Gcp = Gradiente do canal principal (m/km);
Hcp = Altura do canal principal (m);
Lcp = Comprimento do canal principal (km).

Este gradiente também pode ser expresso em porcentagem (%):


𝐺𝐺𝐺𝐺𝐺𝐺 = 𝐻𝐻𝐻𝐻𝐻𝐻 / 𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿 𝑋𝑋 100

Tabela 3.3 – Gradiente do Canal Principal - Gcp.


Sub-bacia Lcp (km) Hcp (m) Gcp (m/km) Gcp (%)
Córrego Estrada Nova 24,4 109 4,46 446%
Ribeirão Bom Jardim 56,3 109 1,94 194%

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Sub-bacia Lcp (km) Hcp (m) Gcp (m/km) Gcp (%)


Rio Pirapetinga 71,3 69 0,97 97%
Ribeirão Braço Forte 64,4 151 2,34 234%
Ribeirão do Suíço 39,4 433 11,00 1100%
Córrego sem nome 12,8 357 27,92 2792%
Rio Paraíba do Sul 35,3 503 14,26 1426%
Ribeirão dos Ourives 125,0 121 0,97 97%
Ribeirão das Motas 35,9 164 4,57 457%
Córrego do Retiro 31,8 78 2,45 245%
Ribeirão do Bonito 26,1 39 1,49 149%
Córrego do Ipê 13,0 262 20,17 2017%
Valão dos Leites 23,2 411 17,68 1768%
Córrego Cabiunas 37,9 331 8,74 874%

Extensão do percurso superficial (km/km²) — Eps: representa a distância


média percorrida pelas águas entre o interflúvio e o canal permanente. É obtido
pela fórmula:
𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸 = 1 / 2 𝐷𝐷𝐷𝐷
Onde:
Eps = Extensão do percurso superficial (km/km²);
1 = constante;
2 = constante;
Dd = Valor da densidade de drenagem (km/km²).
Tabela 3.4 – Extensão do Percurso Superficial - Eps.
Sub-bacia Eps (km/km²)
Córrego Estrada Nova 0,52
Ribeirão Bom Jardim 0,46
Rio Pirapetinga 0,46
Ribeirão Braço Forte 0,60
Ribeirão do Suíço 0,52
Córrego sem nome 0,57
Rio Paraíba do Sul 0,41
Ribeirão dos Ourives 0,54
Ribeirão das Motas 0,41
Córrego do Retiro 0,48
Ribeirão do Bonito 0,59
Córrego do Ipê 0,48
Valão dos Leites 0,48

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Sub-bacia Eps (km/km²)


Córrego Cabiunas 0,46

3.2.2.2 Análise Areal

Comprimento da bacia (km) - Lb: é calculado através da medição de uma


linha reta traçada ao longo do rio principal desde sua foz até o ponto divisor da
bacia.
Tabela 3.5 – Comprimento da bacia - Lb.
Sub-bacia Lb (km)
Córrego Estrada Nova 4,6
Ribeirão Bom Jardim 19,2
Rio Pirapetinga 8,9
Ribeirão Braço Forte 12,1
Ribeirão do Suíço 15,6
Córrego sem nome 4,6
Rio Paraíba do Sul 6,9
Ribeirão dos Ourives 21,5
Ribeirão das Motas 9,4
Córrego do Retiro 7,6
Ribeirão do Bonito 9,2
Córrego do Ipê 5,7
Valão dos Leites 8,1
Córrego Cabiunas 8,4

Coeficiente de compacidade da bacia – Kc: é a relação entre o perímetro


da bacia e a raiz da área da bacia. Este coeficiente determina a distribuição do
deflúvio ao longo dos cursos d’água, e é em parte responsável pelas características
das enchentes, ou seja, quanto mais próximo do índice de referência que designa
uma bacia de forma circular, mais sujeita a enchentes será a bacia. É obtido pela
fórmula:
𝐾𝐾𝐾𝐾 = 0,28 𝑋𝑋 𝑃𝑃 / √𝐴𝐴,
Onde:
Kc = Coeficiente de compacidade;
P = Perímetro da bacia (km);
A = Área da bacia (km²).

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Tabela 3.6 – Coeficiente de compacidade - Kc.


Coeficiente de
Sub-bacia Perímetro (km) Área (km²) compacidade Forma
(kc)
Córrego Estrada Nova 23,8 23,3 1,38 Circular
Ribeirão Bom Jardim 50,3 61,8 1,79 Alongada
Rio Pirapetinga 55,0 78,3 1,74 Alongada
Ribeirão Braço Forte 41,2 54,0 1,57 Alongada
Ribeirão do Suíço 39,9 37,6 1,82 Alongada
Córrego sem nome 16,9 11,1 1,42 Alongada
Rio Paraíba do Sul 36,0 43,1 1,53 Alongada
Ribeirão dos Ourives 58,4 116,7 1,51 Alongada
Ribeirão das Motas 41,9 44,2 1,76 Alongada
Córrego do Retiro 27,8 32,9 1,36 Circular
Ribeirão do Bonito 24,5 22,3 1,45 Alongada
Córrego do Ipê 18,8 13,5 1,43 Alongada
Valão dos Leites 31,7 24,1 1,81 Alongada
Córrego Cabiunas 37,2 41,5 1,62 Alongada

Índice de referência — 1,0 = forma circular. Índice de referência — 1,8 =


forma alongada. Pelos índices de referência, 1,0 indica que a forma da bacia é
circular e 1,8 indica que a forma da bacia é alongada. Quanto mais próximo de 1,0
for o valor deste coeficiente, mais acentuada será a tendência para maiores
enchentes. Isto porque em bacias circulares o escoamento será mais rápido, pois
a bacia descarregará seu deflúvio direto com maior rapidez produzindo picos de
enchente de maiores magnitudes. Já nas bacias alongadas o escoamento será
mais lento e a capacidade de armazenamento maior.
Densidade de drenagem (km/km²) — Dd: é a relação entre o comprimento
dos canais e a área da bacia. É obtido pela fórmula:
𝐷𝐷𝐷𝐷 = 𝐿𝐿𝐿𝐿/𝐴𝐴
Em que:
Dd = Densidade de drenagem;
Lt = Comprimento dos canais (km);
A = Área da bacia (km²).

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Tabela 3.7 – Densidade de Drenagem - Dd.


Densidade de
Comprimento dos
Sub-bacia Área (km²) drenagem (dd) -
canais (km)
km/km²
Córrego Estrada Nova 24,4 23,3 1,0
Ribeirão Bom Jardim 56,3 61,8 0,9
Rio Pirapetinga 71,3 78,3 0,9
Ribeirão Braço Forte 64,4 54,0 1,2
Ribeirão do Suíço 39,4 37,6 1,0
Córrego sem nome 12,8 11,1 1,1
Rio Paraíba do Sul 35,3 43,1 0,8
Ribeirão dos Ourives 125,0 116,7 1,1
Ribeirão das Motas 35,9 44,2 0,8
Córrego do Retiro 31,8 32,9 1,0
Ribeirão do Bonito 26,1 22,3 1,2
Córrego do Ipê 13,0 13,5 1,0
Valão dos Leites 23,2 24,1 1,0
Córrego Cabiunas 37,9 41,5 0,9

O índice varia de 0,5 km/km², para bacias com pouca capacidade de


drenagem, até 3,5 km/km² ou mais, para bacias excepcionalmente bem drenadas.

3.2.2.3 Análise Hipsométrica

Altura da bacia (m) — Hb: é a diferença altimétrica entre o ponto mais


elevado da bacia e o ponto mais baixo (foz).
Tabela 3.8 – Altura da bacia - Hb.
Cota mais elevada
Sub-bacia Cota da foz (m) Hb (m)
(m)
Córrego Estrada Nova 260 97 163
Ribeirão Bom Jardim 390 101 289
Rio Pirapetinga 330 144 186
Ribeirão Braço Forte 257 87 170
Ribeirão do Suíço 543 86 457
Córrego sem nome 446 72 374
Rio Paraíba do Sul 585 75 510
Ribeirão dos Ourives 345 73 272
Ribeirão das Motas 462 87 375
Córrego do Retiro 222 107 115
Ribeirão do Bonito 229 88 141
Córrego do Ipê 370 96 274

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Cota mais elevada


Sub-bacia Cota da foz (m) Hb (m)
(m)
Valão dos Leites 550 70 480
Córrego Cabiunas 447 90 357

Relação de relevo (m/km) — Rr: é a relação entre a altura da bacia e a


maior extensão da referida bacia medida paralelamente ao rio principal. Esta
relação indica a energia dos rios nas encostas, quanto maior a energia maior o
aprofundamento do leito e quanto menor a energia maior a acumulação de
materiais no fundo. É obtido pela fórmula:
𝑅𝑅𝑅𝑅 = 𝐻𝐻𝐻𝐻 / 𝐿𝐿𝐿𝐿
Em que:
Rr = Relação de relevo (m/km);
Hb = Altura da bacia (m);
Lb = Comprimento da bacia (km).
Este gradiente também pode ser expresso em porcentagem (%):
𝑅𝑅𝑅𝑅 = 𝐻𝐻𝐻𝐻 / 𝐿𝐿𝐿𝐿 ∗ 100
Tabela 3.9 – Coeficiente de compacidade - Kc.
Sub-bacia Hb (m) Lb (km) Rr (m/km) Rr (%)
Córrego Estrada Nova 163 4,6 35 3543%
Ribeirão Bom Jardim 289 19,2 15 1505%
Rio Pirapetinga 186 8,9 21 2090%
Ribeirão Braço Forte 170 12,1 14 1405%
Ribeirão do Suíço 457 15,6 29 2929%
Córrego sem nome 374 4,6 81 8130%
Rio Paraíba do Sul 510 6,9 74 7391%
Ribeirão dos Ourives 272 21,5 13 1265%
Ribeirão das Motas 375 9,4 40 3989%
Córrego do Retiro 115 7,6 15 1513%
Ribeirão do Bonito 141 9,2 15 1533%
Córrego do Ipê 274 5,7 48 4807%
Valão dos Leites 480 8,1 59 5926%
Córrego Cabiunas 357 8,4 43 4250%

3.3 ES TUDOS HIDROLÓGICOS

Os estudos hidrológicos apresentam as características principais da bacia


em estudo, a fim de possibilitar o cálculo das vazões de pico, ou vazões de projeto.

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Para tanto, é preciso levantar os índices físicos das bacias e os dados sobre as
precipitações, aplicá-los e adaptá-los às bacias em um dado período de retorno a
fim de chegar aos resultados de vazões para fundamentar os estudos e projetos
futuros.

3.3.1 Período de Retorno

Para se decidir o grau de proteção conferido à população com a construção


das obras de drenagem, deve-se conhecer a probabilidade P de o valor de uma
determinada vazão ser igualado ou superado em um ano qualquer. A vazão de
projeto é imposta de tal forma que sua probabilidade P não exceda um determinado
valor pré-estabelecido.
A probabilidade ou o período de retorno é calculado com base na série
histórica observada no local. Para o cálculo da probabilidade, as séries devem ser
representativas e estacionárias no tempo. Quando a série é representativa, os
dados existentes permitem calcular corretamente a probabilidade. A série é
estacionária quando as alterações na bacia hidrográfica não produzem mudanças
significativas no comportamento da mesma e, em consequência, nas estatísticas
das vazões do rio.
Os prejuízos decorrentes de inundações de sarjetas e cruzamentos em
áreas residenciais podem até ser desprezíveis se o acúmulo de água for por
pequenos períodos. Já em uma zona comercial, esse mesmo tipo de ocorrência
pode causar transtornos mensuráveis. Em alguns casos, a disposição e
possibilidade da população beneficiária em financiar as obras por meio de tributos
é que acaba definindo o projeto.
Assim, a sociedade, através de seus representantes, é que deve decidir o
risco aceitável pela comunidade e o quanto ela está disposta a pagar pela proteção
conferida pelas obras, sendo a escolha do período de retorno um critério definido
em esferas políticas.
O risco adotado para um projeto define a dimensão dos investimentos
envolvidos e a segurança quanto a enchentes. A análise adequada envolve um
estudo de avaliação econômica e social dos impactos das enchentes para a
definição dos riscos.

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No entanto, esta prática pode ser inviável devido o custo do próprio estudo
para pequenas áreas. Por isso os períodos de retorno usualmente adotados para
projetos de drenagem são os apresentados a seguir, sugeridos por DAEE/CETESB
(1980) e SUDERHSA (2002).
Apesar dos dados bibliográficos para tempos de retorno de acordo com os
diferentes usos do solo, para diminuição dos riscos de inundações e enchentes,
deve ser regulamentada a utilização mínima de 10 anos de período de retorno para
projetos de microdrenagem e 50 anos para os projetos de macrodrenagem, ou 100
anos caso existam riscos de perdas de vidas humanas no projeto em questão.
Tabela 3.10 – Períodos de retorno em função do uso do solo
Tipo de Obra Uso do Solo Período de Retorno
Residencial 2a5
Comercial 5
Microdrenagem Prédios Públicos 5
Aeroportos 10
Vias arteriais 5 a 10
Áreas de uso misto 50 a 100
Macrodrenagem
Áreas específicas 100

Os índices apresentados devem ser considerados e sua escolha justificada,


em todas obras de drenagem de águas pluviais do município.

3.3.2 Chuvas Intensas

A precipitação, ou a chuva, ocorre a partir de complexos fenômenos de


aglutinação e respectivo crescimento das pequenas gotículas em nuvens com a
presença significativa de umidade e núcleos de condensação, formando grandes
quantidades de gotas com tamanho e peso suficientes. Quando o nível de
condensação é crítico e as partículas de água não conseguem mais se manter
suspensas no ar, graças à força da gravidade, retornam à superfície na forma
líquida (chuvas) ou sólida (neve e granizo) (SCHIAVETTI; CAMARGO, 2005).
A chuva faz a transferência de água da atmosfera para a superfície terrestre,
constituindo o “input” (entrada) da água nos sistemas naturais. É ela que alimenta
os outros componentes do ciclo hidrológico (RAMOS, 2005).

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A precipitação atua como controlador do ciclo hidrológico, sendo


determinante na regulação das condições ecológicas, climáticas e geográficas de
uma região, uma vez que a quantidade de precipitação, seus regimes sazonais ou
diários e as intensidades da chuva são fatores que afetam diretamente a natureza
e a magnitude do trabalho de formação e transformação do relevo, se tornando
fatores fundamentais no planejamento de áreas urbanas e rurais (NETTO, 2003).
A precipitação é o principal dado hidrológico de entrada utilizado no cálculo
das vazões de projeto das obras de drenagem pluvial. A expressão precipitação de
projeto identifica a precipitação que é definida com o objetivo de gerar um
hidrograma ou vazão de projeto para determinada obra hidráulica.
Ela é um evento crítico de chuva construído artificialmente com base em
características estatísticas da chuva natural e com base em parâmetros de resposta
da bacia hidrográfica. Estas características estatísticas e parâmetros são levados
em conta com a definição de dois elementos básicos:
• período de retorno T da precipitação de projeto (anos)
• duração crítica D crítica do evento (min)
As precipitações de projeto podem ser constantes ou variadas ao longo de
sua duração. A precipitação de projeto constante é normalmente aplicada a projetos
de microdrenagem (áreas menores que 2 km²) definida para aplicação do Método
Racional. A precipitação de projeto variada no tempo (hietograma de projeto, onde
as lâminas de precipitação variam de Dt para Dt ao longo da duração D) é adequada
para projetos de redes pluviais de macrodrenagem (áreas superiores a 2 km²), a
partir da aplicação de um Hidrograma Unitário.
Em termos práticos, para uma precipitação de projeto constante considera-
se a duração igual ao tempo de concentração da bacia. Para um hietograma de
projeto a duração deve ser maior que o tempo de concentração, pois este deveria
ser o tempo de duração apenas de sua parcela efetiva.
As precipitações de projeto são normalmente determinadas a partir de
relações intensidade-duração-frequência (curvas IDF) das precipitações sobre a
bacia contribuinte. Expressas sob forma de tabelas ou equações, as curvas IDF
fornecem a intensidade da precipitação para qualquer duração e período de

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retorno. Pode-se obter uma lâmina ou altura de precipitação, multiplicando-se a


intensidade dada pela IDF pela sua correspondente duração.
Para estabelecer os valores das chuvas intensas para o município de Santo
Antônio de Pádua utilizou-se o estudo de chuvas intensas no estado do Rio de
Janeiro, elaborado a partir de dados de 44 estações pluviográficas distribuídas ao
longo de todo o território estadual, incluindo uma estação localizada no município.
Este estudo teve a finalidade de determinar curvas IDF regionais, válidas para
regiões homogêneas previamente estabelecidas (CPRM, 2001; apud Fundação
COPPETEC, 2014).
Conforme o estudo, as equações IDF para cada região homogênea tem a
seguinte expressão:
𝑖𝑖 𝑇𝑇,𝑑𝑑,𝑗𝑗 = 𝐼𝐼 𝑑𝑑 . 𝜇𝜇 𝑇𝑇,𝑑𝑑
Onde:
𝑖𝑖 𝑇𝑇,𝑑𝑑,𝐽𝐽 : estimativa de intensidade da chuva (mm/h) para a duração d (min), no local J, e
período de retorno T (anos);

𝐼𝐼𝑑𝑑 : index-flood de cada estação, estimado através do modelo de regressão de 𝐼𝐼𝑑𝑑 com a
duração “d” e a precipitação média anual;

𝜇𝜇𝑇𝑇,𝑑𝑑 : representa os quantis adimensionais de frequência, válidos para cada região

homogênea, associados a “d” e “T”;

Os resultados obtidos foram calculados por meio das equações a seguir:


𝑖𝑖 𝑇𝑇,𝑑𝑑,𝐽𝐽 = 44,880 𝑥𝑥 𝑑𝑑−0,385 𝑥𝑥 𝑟𝑟𝐽𝐽0,244 . 𝜇𝜇 𝑇𝑇,𝑑𝑑 𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝 𝑇𝑇 ≤ 100 𝑒𝑒 5 min < 𝑑𝑑 < 1ℎ

𝑖𝑖 𝑇𝑇,𝑑𝑑,𝑗𝑗 = 81,423 𝑥𝑥 𝑑𝑑−0,771 𝑥𝑥 𝑃𝑃𝑗𝑗0,371 . 𝜇𝜇 𝑇𝑇,𝑑𝑑 𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝 𝑇𝑇 ≤ 100 𝑒𝑒 1h < 𝑑𝑑 < 24ℎ
Portanto, aplicando as fórmulas acima, associando aos quantis
adimensionais de frequência regional anuais válidos para a região homogênea em
que Santo Antônio de Pádua se situa; à média de chuvas anuais conforme isoietas
apresentadas no Projeto Atlas Pluviométrico do Brasil (CPRM, 2000), são
apresentadas na Tabela 3.11 as previsões de intensidade de chuva em mm/h para
os períodos de retorno de 2 a 100 anos.

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Tabela 3.11 – Previsão de máximas intensidades de chuva.

Duração Duração Período de retorno (anos)


(min) (horas)
2 5 10 20 50 75 100
5 0.083 116,2 148,3 170,1 194,8 235,2 256,7 273,7
10 0.167 87,4 114,8 133,2 154,0 187,8 205,8 220,0
15 0.25 74,5 97,7 113,9 132,7 163,8 180,8 194,2
30 0.50 56,5 75,9 88,9 103,5 127,1 139,6 149,5
45 0.75 48,3 65,1 76,3 88,9 109,2 120,0 128,4
60 1 43,1 58,0 68,2 79,8 98,8 108,9 116,9
120 2 22,8 30,7 36,6 43,5 55,5 62,1 67,4
180 3 16,7 22,4 26,7 31,8 40,6 45,5 49,4
240 4 13,3 18,1 21,5 25,6 32,5 36,3 39,3
480 8 7,9 10,6 12,6 14,8 18,6 20,7 22,3
840 14 5,1 6,9 8,2 9,6 12,0 13,3 14,3
1440 24 3,4 4,6 5,5 6,4 8,0 8,8 9,4

E, na Figura 3.1, as curvas IDF para cada período de retorno apresentado


na Tabela acima.

Curvas IDF
300,0

200,0
Intensidade (mm/h)

100,0

0,0
5 10 15 30 45 60 120 180 240 480 840 1440

Tempo (min)
2 5 10 20 50 75 100

Figura 3.1 - Gráfico de curvas intensidade-duração-frequência (IDF).

3.3.3 Escoamento Superficial

O escoamento superficial é o fator mais importante do ciclo hidrológico em


termos de drenagens. Trata-se da ocorrência e transporte de água na superfície
terrestre, ou seja, da precipitação que atinge o solo, parte infiltra, parte permanece

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retida nas depressões do terreno e a parcela restante escoa superficialmente. Está


associado à maioria dos estudos hidrológicos e proteção aos fenômenos
catastróficos provocados pelo seu deslocamento. O escoamento superficial
abrange tanto o excesso de precipitação que ocorre logo após uma chuva que se
desloca livremente pela superfície do terreno, como o escoamento de um rio, que
pode ser alimentado tanto pelo excesso de precipitação como pelas águas
subterrâneas.
Diversos fatores influenciam o escoamento superficial, dentre os quais
podem-se destacar os de natureza climática e fisiográfica. Dentre os fatores de
natureza climática, destacam-se a intensidade, a duração da chuva e a precipitação
antecedente, ou seja, a condição de umidificação da bacia. Como fatores de
natureza fisiográfica, pode-se apontar a área da bacia de contribuição; a
conformação topográfica da bacia (declividades, depressões acumuladoras e
retentoras de água, forma da bacia), condições da superfície do solo e constituição
geológica do sub-solo (existência de vegetação, florestas, capacidade de
infiltração, permeabilidade do solo, natureza e disposição das camadas geológicas)
e as obras de controle e utilização da água à montante (irrigação ou drenagem do
terreno, canalização ou retificação de cursos d’água, construção de barragens).
Diversos são os métodos de avaliação do escoamento superficial,
dependendo da hipótese sustentada sobre a chuva que lhe dá origem: constante
no tempo e no espaço, constante no espaço e variável no tempo, ou, ainda, variável
no tempo e no espaço. Geralmente, em bacias pequenas pode-se assumir chuva
constante no espaço e no tempo. Bacias de tamanho médio são aquelas em que
se pode sustentar a hipótese de chuva constante no espaço, mas variável no
tempo. No caso de bacias grandes, deve-se modelar o escoamento superficial
admitindo a variabilidade espaço-temporal da chuva, incluindo o amortecimento.
O coeficiente de escoamento superficial ou coeficiente de deflúvio, ou ainda,
coeficiente de “runoff”, é definido como a razão entre o volume de água escoado
superficialmente e o volume de água precipitado. Dentro de uma bacia pode-se ter
áreas diversas apresentando, cada uma, um coeficiente de deflúvio diferente. Este
coeficiente pode ser relativo a uma chuva isolada ou relativo a um intervalo de
tempo onde várias chuvas ocorreram.

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𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉 𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒 𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠


𝐶𝐶 =
𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉 𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡 𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝
Conhecendo-se o coeficiente de escoamento superficial para uma
determinada chuva intensa de certa duração, pode-se determinar o escoamento
superficial de outras precipitações de intensidades diferentes, desde que a duração
seja a mesma. Este procedimento é muito usado para se prever a vazão de uma
enchente provocada por uma chuva intensa.
Podem ser adotados valores para coeficiente superficial. Estes valores
dependem muito do julgamento pessoal do engenheiro projetista. Em geral, as
superfícies são heterogêneas, não sendo conveniente adotar um único valor de C
tirado de tabelas para toda a área de drenagem. O mais conveniente é adotar uma
média ponderada para toda a área da bacia de drenagem, considerando-se os
valores de C correspondentes às parcelas das áreas que compõe a bacia
hidrográfica.

3.3.4 Vazões de Pico – Qp

Geralmente os estudos de precipitação são aplicados à quantificação do


escoamento superficial, e diversos são os métodos de avaliação.
A metodologia de cálculos hidrológicos para determinação das vazões de
pico ou de projeto será definida em função das áreas das bacias hidrográficas,
conforme indicadas a seguir:

• Método Racional - Áreas < 2,0 Km²;

• Método do Ven Te Chow ou U.S. Soil Conservation Service - Áreas >


2,0 Km².

Neste estudo de bacias para o município de Santo Antônio de Pádua, o


método adotado para estudo hidrológico das microbacias é o método de Ven Te
Chow, devido às grandes áreas das bacias. Entretanto, para projetos de
microdrenagem, recomenda-se a adoção do método racional para estimativa da
vazão de projeto, uma vez que as bacias de microdrenagem serão delimitadas em
pequenas áreas.

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MÉTODO RACIONAL

Desenvolvido em 1889, o Método Racional oferece estimativas satisfatórias


de descargas de pico em bacias urbanas com áreas pequenas, até 2 Km². O
método resume-se, fundamentalmente, no emprego da chamada “fórmula
racional”:
𝐶𝐶. 𝑖𝑖. 𝐴𝐴
𝑄𝑄 =
3,6
Onde: Q = vazão de projeto (m3/s);
i = intensidade máxima da chuva sobre toda a área drenada (mm/h);
C = coeficiente de escoamento superficial (adimensional);
A = área de drenagem (Km2).
O Método Racional deve ser restrito a áreas de drenagem pequenas,
baseado nas seguintes hipóteses:

• A intensidade da precipitação é constante enquanto durar a chuva;

• A impermeabilidade das superfícies permanece constante durante a


chuva;

• O tempo de duração da chuva que origina a vazão máxima é igual ao


tempo de concentração da bacia hidrográfica.

O Método Racional mostra-se efetivo no projeto de redes de galerias de


águas pluviais, pois as bacias hidrográficas são divididas em micro áreas de
drenagem, nas quais são determinadas as contribuições pluviais pela equação do
método, com menor risco de incertezas.
O coeficiente de escoamento superficial C é adotado pelo engenheiro
projetista. Existem, na literatura, tabelas com valores de coeficiente de escoamento
superficial, algumas em função do tipo de ocupação da área, outras em função das
características das coberturas da bacia estudada. O valor de C deve ser adotado
para o final do horizonte de projeto, levando-se em consideração o efeito da
urbanização crescente e a legislação local referente ao zoneamento, uso e
ocupação do solo.

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A intensidade da chuva de projeto é função do tempo da sua duração que,


por hipótese no Método Racional, deve ser igual ao tempo de concentração da
bacia hidrográfica.

MÉTODO VEN TE CHOW

O método de Ven Te Chow foi apresentado em 1962 em um trabalho que


tinha como objetivo a determinação da vazão de projeto de pequenas bacias
hidrográficas rurais dos Estados Unidos da América (EUA), para projetos de obras
de travessia de menor porte de rodovias, como bueiros, pequenas pontes e outras
obras hidráulicas.
Embora o método se refira a estudos e exemplo de cálculo adotando dados
hidrológicos de bacias hidrográficas dos EUA, os conceitos são aplicáveis para
outras regiões, desde que seja possível obter dados adequados para análise e
desenvolvimento dos estudos semelhantes aos adotados por Chow.
O método Ven Te Chow utiliza a teoria do hidrograma unitário considerando
observações conceituadas e práticas decorrentes da aplicação dessa teoria, como
as que se seguem:

• Para um mesmo período de retorno, à medida que a duração da


chuva aumenta, sua intensidade média diminui. Por outro lado, à
medida que a duração da chuva aumenta, a taxa de infiltração diminui,
ou seja, uma parcela maior da chuva se transforma em escoamento
superficial direto. Não se pode então afirmar “a priori” qual duração da
chuva irá fornecer a vazão de pico de uma dada bacia;

• Uma chuva efetiva de intensidade constante, que perdure


indefinidamente, irá acarretar uma vazão de equilíbrio igual ao valor
dessa intensidade multiplicada pela área da bacia, após transcorrido
o tempo necessário para que toda a bacia esteja contribuindo para o
escoamento.

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• A intensidade da chuva, regra geral, não permanece constante


durante a ocorrência da tormenta, podendo variar de forma qualquer,
acarretando uma vazão de pico diferente daquela associada à chuva
de intensidade uniforme.

3.3.5 Vazões de Projeto

A partir dos estudos e métodos hidrológicos apresentados anteriormente é


possível obter as vazões de projeto nas microbacias do município.
A vazão de projeto, objetivo final deste estudo, é referente à máxima vazão,
ou vazão de pico. Para obtenção das vazões para cada bacia nos específicos
períodos de retorno, foram utilizados os índices de chuvas intensas obtidas a partir
das equações IDF apresentada anteriormente na Tabela 3.11.
Para obtenção do coeficiente de deflúvio ou coeficiente de escoamento
superficial, foi caracterizado o uso do solo de cada bacia hidrográfica e classificado
em vegetação densa, vegetação rasteira (inclui cultivo) e solo exposto (inclui
urbanização e mineração). Dessa forma, fez-se possível obter as percentagens de
área ocupada por cada classe de uso do solo e obter-se a média ponderada do
coeficiente de escoamento superficial ou coeficiente de deflúvio.
A Tabela 3.12 traz o coeficiente de deflúvio e vazão de pico das microbacias
do município para os períodos de retorno de 2 a 100 anos.
Tabela 3.12 – Vazão de pico para as sub-bacias, para TR de 2 a 100 anos.
Vazão de Pico - Qp (m³/s)
Coef. TR = TR = TR = TR = TR =
Bacia
Deflúvio TR = 2 TR = 5 10 20 50 75 100
anos anos
anos anos anos anos anos
Córrego Estrada Nova 78 15,8 28,1 37,6 50,3 73,9 87,4 98,5
Ribeirão Bom Jardim 77 45,3 45,3 59,9 77,6 108,6 126,8 141,6
Rio Pirapetinga 79 48,7 48,7 63,4 80,9 111,9 129,0 142,7
Ribeirão Braço Forte 79 41,0 41,0 53,9 69,4 96,4 112,2 125,0
Ribeirão do Suiço 79 45,8 45,8 61,2 81,6 119,5 141,2 158,9
Córrego sem nome 76 20,9 20,9 29,8 41,0 61,8 74,7 85,3
Rio Paraíba do Sul 78 53,9 53,9 74,7 101,0 148,7 176,2 198,6
Ribeirão dos Ourives 78 55,8 55,8 73,1 93,4 127,6 146,1 160,9
Ribeirão das Motas 79 48,8 48,8 65,0 84,7 120,9 142,7 160,5
Córrego do Retiro 77 32,4 32,4 43,7 57,5 81,9 96,9 109,3
Ribeirão do Bonito 78 20,8 20,8 28,0 36,8 52,3 61,1 68,6

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Vazão de Pico - Qp (m³/s)


Coef. TR = TR = TR = TR = TR =
Bacia
Deflúvio TR = 2 TR = 5
10 20 50 75 100
anos anos
anos anos anos anos anos
Córrego do Ipê 79 28,0 28,0 38,8 52,2 77,3 92,4 104,9
Valão dos Leites 78 36,9 36,9 51,1 69,2 102,6 122,6 139,1
Córrego Cabiunas 78 26,9 48,0 64,3 85,0 124,9 147,9 166,6

A Figura 3.2 a seguir traz o gráfico de vazão de pico de cada microbacia e


para todos os períodos de retorno.

Vazões de Pico - Qp (m³/s)

Córrego Cabiunas

Valão dos Leites

Córrego do Ipê

Ribeirão do Bonito

Córrego do Retiro

Ribeirão das Motas

Ribeirão dos Ourives

Rio Paraíba do Sul

Córrego sem nome

Ribeirão do Suiço

Ribeirão Braço Forte

Rio Pirapetinga

Ribeirão Bom Jardim

Córrego Estrada Nova

0,0 20,0 40,0 60,0 80,0 100,0 120,0 140,0 160,0 180,0 200,0

TR = 100 anos TR = 75 anos TR = 50 anos TR = 20 anos TR = 10 anos TR = 5 anos TR = 2 anos

Figura 3.2 - Vazões de pico.

A elaboração dos estudos hidrológicos e hidráulicos exigem prévio


levantamento de medidas de controle que possam retardar ou reservar volumes
consideráveis das vazões de projeto.

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3.4 MICRO E MACRODRENAGEM

O sistema de drenagem é composto de uma série de unidades e dispositivos


hidráulicos com terminologia própria e cujos elementos mais frequentes são assim
conceituados (Fernandes, 2002):
• Greide - é uma linha do perfil correspondente ao eixo longitudinal da
superfície livre da via pública;
• Guia - também conhecida como meio-fio, é a faixa longitudinal de separação
do passeio com o leito viário, constituindo-se geralmente de concreto
argamassado, ou concreto extrusado e sua face superior no mesmo nível da
calçada;
• Sarjeta - é o canal longitudinal, em geral triangular, situado entre a guia e a
pista de rolamento, destinado a coletar e conduzir as águas de escoamento
superficial até os pontos de coleta;
• Sarjetões - canal de seção triangular situado nos pontos baixos ou nos
encontros dos leitos viários das vias públicas destinados a conectar sarjetas
ou encaminhar efluentes destas para os pontos de coleta;
• Bocas coletoras - também denominadas de bocas de lobo, são estruturas
hidráulicas para captação das águas superficiais transportadas pelas
sarjetas e sarjetões; em geral situam-se sob o passeio ou sob a sarjeta;
• Galerias - são condutos destinados ao transporte das águas captadas nas
bocas coletoras e ligações privadas até os pontos de lançamento ou nos
emissários, com diâmetro mínimo de 0,40 m;
• Condutos de ligação - também denominados de tubulações de ligação, são
destinados ao transporte da água coletada nas bocas coletoras até as caixas
de ligação ou poço de visita;
• Poços de visita e ou de queda - são câmaras visitáveis situadas em pontos
previamente determinados, destinadas a permitir a inspeção e limpeza dos
condutos subterrâneos;
• Trecho de galeria - é a parte da galeria situada entre dois poços de visita
consecutivos;

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• Caixas de ligação - também denominadas de caixas mortas, são caixas de


alvenaria subterrâneas não visitáveis, com finalidade de reunir condutos de
ligação ou estes à galeria;
• Emissários - sistema de condução das águas pluviais das galerias até o
ponto de lançamento;
• Dissipadores - são estruturas ou sistemas com a finalidade de reduzir ou
controlar a energia no escoamento das águas pluviais, como forma de
controlar seus efeitos e o processo erosivo que provocam;
• Bacias de drenagem - é a área abrangente de determinado sistema de
drenagem.

Figura 3.3 – Croqui esquemático de um sistema de microdrenagem urbana

Em Santo Antônio de Pádua, a maioria a maioria das ruas possui galerias


pluviais e/ou bocas-de-lobo para captação das águas. As áreas não compreendidas
por galerias pluviais, as águas das chuvas são esgotadas de maneira superficial
através das vias, sendo que geralmente se acumulam e causam problemas de
alagamento.
Em alguns locais a drenagem é feita por valas ou valetas laterais às vias,
expondo a população ao risco da água parada além de se tornarem locais
potenciais para ocorrência de acidentes.
Os elementos da drenagem urbana de Santo Antônio de Pádua foram
mapeados e georreferenciados com base nos produtos cartográficos e cadastros
existentes no município, além de levantamentos in loco. Todos os dispositivos

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mapeados foram inseridos em um Sistema de Informações Geográficas, gerando


feições do tipo linha, ponto e polígono, dependendo da situação e localização do
dispositivo.
O cadastro faz parte de um banco de dados gerencial do tipo SGDB que
pode ser atualizado via tabela de atributos ou por meio de desenho das feições,
sendo possível a inserção de novos elementos e a modificação de elementos e
atributos já existente no sistema. Este banco de dados fornece informações
quantitativas e qualitativas podendo ser gerado saídas por meio de tabelas,
gráficos, textos e mapas. As informações podem ser obtidas por bacia hidrográfica
ou bairro, dependendo do dispositivo mapeado.

3.4.1 Vias Urbanas, Guias e Sarjetas

Levando em consideração os componentes do sistema de microdrenagem


urbana, pode-se considerar as vias públicas e, consequentemente greide, guias e
sarjetas, uma das partes mais significativas no escoamento superficial das águas
pluviais, uma vez que a maioria das águas que precipitam nos lotes vão para estas
vias e escoam para as bocas-de-lobo, onde são captadas e conduzidas para as
galerias pluviais e destinadas aos corpos receptores, como rios, córregos ou
canais.

Figura 3.4 – Elementos da composição do sistema inicial de microdrenagem urbana

Em levantamentos de campo observou-se que as vias locais pavimentadas


em Santo Antônio de Pádua, especialmente as vias coletores e vias com maior
trafego, além das rodovias, são pavimentadas com asfalto, a maioria em Concreto

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Betuminoso Usinado Quente (CBQU). As vias locais mais antigas e com menor
fluxo de veículos são pavimentadas com paralelepípedos, ou com o leito carroçável
em má conservação.
A maioria das vias possuem sarjetas e meio fios, porém, muitas estão
inadequadas ou mal projetadas, não fornecendo o canal necessário ao escoamento
lateral das águas pluviais, sendo que em muitas ruas as águas escoam pelo centro
da rua, provocando erosão no pavimento.

Figura 3.5 – Exemplo de via urbana pavimentada.

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Figura 3.6 – Exemplo de via urbana pavimentada com paralelepípedos.

3.4.2 Bocas Coletoras

As bocas-de-lobo podem ser classificadas em três grupos principais: bocas


ou ralos de guias; ralos de sarjetas (grelhas); ralos combinados (DAEE/CETESB,
1980). A água, ao se acumular sobre a boca-de-lobo com entrada pela guia, gera
uma lâmina d'água mais fina que a altura da abertura no meio-fio, fazendo com que
a abertura se comporte como um vertedouro de seção retangular.

Figura 3.7 – Boca de lobo Figura 3.8 – Boca de lobo Figura 3.9 – Boca de lobo
guia com grelha combinada

O PMSB de 2013 apresenta um mapeamento (sem fonte identificada) de 243


bocas-de-lobo na área urbana do município e 3 fora do perímetro urbano, na Rua

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Domingos da Silva Gamacho. Em visitas de campo, foi identificado que o dispositivo


principal usado em Pádua é o do tipo grelha.
É sabido que há diversos problemas com relação à eficiência das bocas-de-
lobo, que estão relacionadas à problemas de localização, subdimensionamento, má
conservação e assoreamento. Tais deficiências acarretam problemas de segurança
com a potencialização de eventos de alagamento, até problemas de acidentes com
pedestres ou veículos, no caso de ausência de grelhas protetoras.
Foi visualizado também o acumulo de áreas e sedimentos nas sarjetas
(Figura 3.6), e estes são carreados para as bocas-de-lobo em eventos de chuvas.
O assoreamento de bocas-de-lobo foi um problema visível em todas as regiões do
município, independentemente do tipo de pavimento.
Foi possível verificar o assoreamento de bocas-de-lobo em áreas mapeadas
como sendo de grande risco de alagamento, fato agravado pela ineficiência do
dispositivo de captação, ou seja, é possível dizer que o assoreamento destes
dispositivos seja um dos fatores para os eventos.
Além do assoreamento por sedimentos, é comum a obstrução de bocas-de-
lobo, seja por materiais descartados nas vias, resíduos carreados pelas chuvas, ou
ainda existe a possibilidade de os munícipes fecharem as bocas-de-lobo em função
do mau cheiro, tendo em vista a ligação de esgoto nas galerias de águas pluviais.
A fim de aumentar a eficiência do sistema existente, sugere-se que para as
áreas onde existem problemas de alagamento, mesmo com a presença de bocas-
de-lobo, que estas sejam substituídas por dispositivos do tipo combinado,
aumentando a capacidade de recolhimento. Sugere-se que sejam sempre
utilizadas grelhas de ferro fundido, que possuem maior durabilidade quando
comparado às grelhas de concreto. Além disso, é imprescindível a realização de
manejo periódico, com limpeza e desassoreamento dos dispositivos de captação,
dos dutos de ligação e das galerias pluviais.

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Figura 3.10 – Boca de lobo com grelha.

Figura 3.11 – Boca de lobo com grelha.

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3.4.3 Galerias Pluviais

Atualmente, das águas resultantes do escoamento superficial, fica a cargo


do sistema de microdrenagem existente em parte de área urbana e do sistema de
macrodrenagem natural promoverem seu afastamento à jusante do ponto de coleta.
Conforme mapeamento existente no PMSB de 2013, no município de Santo
Antonio de Pádua existem 68.400 metros lineares de galerias pluviais, mas este
cadastro não traz a informação do diâmetro da tubulação ou existência de poços
de visita para acessar as galerias (Mapa 3.2). Observou-se que a maioria das
galerias são construídas nos terços das vias ou sob as calçadas, sem poços de
visita ou dispositivos para avaliação e limpeza, sendo as bocas-de-lobo os únicos
meios de acesso às galerias.
As galerias pluviais devem ser projetadas para funcionamento a seção plena
com a vazão de projeto, dimensionamento adequado para esta vazão e para a
declividade do dispositivo, porém, é sabido pelos técnicos do município que as
galerias existentes são subdimensionadas.
Em Santo Antônio de Pádua, as galerias de águas pluviais atuam como
sistema unitário, devido à utilização das galerias pluviais também para coleta de
esgoto.
O sistema de esgotamento unitário se caracteriza por coletar esgoto
doméstico, industrial, águas de infiltração e águas pluviais veiculam por um único
sistema (TSUTYIA, 1999).
Conforme apresentado no relatório referente ao esgotamento sanitário,
atualmente o esgoto é destinado a fossas sépticas, fossas rudimentares,
lançamento a céu aberto, lançamento direto nos rios e córregos e, tendo como
principal solução adotada na área urbana do município, o lançamento na rede de
drenagem pluvial.
A princípio, uma vez que corretamente dimensionado e executado, este tipo
de sistema é eficiente para o que se propõe: o afastamento de todas águas
residuais geradas. Porém, em Santo Antônio de Pádua, a adoção deste sistema
acentua dois problemas principais, que são a contaminação dos corpos hídricos
devida à ausência de tratamento destes efluentes e; a ineficiência das redes e

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galerias devido ao subdimensionamento, que se acentua com a alta contribuição


diária de esgoto somadas à vazão das chuvas, quando ocorrem.

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Mapa 3.2 - Cadastro de drenagem pluvial.

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3.4.4 Pontes e Travessias

Devido à extensa malha hídrica no município de Santo Antonio de Pádua,


são numerosas as pontes e travessias existentes. Assim como os leitos dos rios,
canais e córregos, estes locais devem ser periodicamente inspecionados e passar
por limpeza e desassoreamento dos condutos com objetivo de aumentar o
escoamento, diminuindo o risco de inundações. A Figura 3.12 até a Figura 3.15
trazem imagens de algumas pontes existentes no município.

Figura 3.12 – Ponte sobre Córrego do Braço Forte, na área urbana.

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Figura 3.13 – Ponte sobre Córrego do Braço Forte, na área urbana.

Figura 3.14 – Ponte sobre córrego.

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Figura 3.15 - Ponte sobre o Rio Pomba.

3.4.5 Rios Canalizados ou Retificados

A drenagem natural do município é composta por rios com leitos naturais,


porém, a maioria dos rios da área urbana passaram por processos de retificação
ou canalização, fato que aumenta a velocidade de escoamento das águas nas
bacias, aumentando o pico de cheia dos rios.
A retificação ou canalização se deu por necessidades urbanísticas com
objetivo de aumentar as áreas construídas em detrimento das áreas ocupadas
pelas margens e pelas várzeas, assim, os rios passaram a ter um percurso retilíneo.
A rede de drenagem urbana de Santo Antonio de Pádua é composta por rios
e canais que, na área urbana, escoam as águas até o Rio Pomba.
Além dos problemas já citados da retificação, que aumenta a velocidade do
escoamento aumentando os picos de cheia a jusante, especialmente no exutório
da bacia, a retificação também contribui para eventos de inundação, uma vez que
as áreas de vazante dos rios acabam sendo ocupadas por construções.
Além da retificação, foram observados trechos canalizados, especialmente
nas áreas com urbanização densa, nas áreas centrais da cidade. Tal processo de

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canalização aumenta os riscos de inundações em casos onde existe o


subdimensionamento dos canais, mesmo porque, para o processo de canalização
é levado em consideração apenas a seção plena do canal e não sua área de
inundação.
Isso foi observado na parte canalizada do Rio Braço do Forte, que corta a
área central de Santo Antônio de Pádua, próximo ao bairro Cidade Nova, em que
algumas partes do rio foram canalizadas levando em consideração apenas a seção
plena e desconsiderando áreas de inundação, isso faz com que esta área possua
risco de inundação.

Figura 3.16 – Trecho de rio retificado do Córrego Braço do Forte.

3.5 ÁREAS DE RIS CO

3.5.1 UHE Barra do Braúna

Santo Antônio de Pádua está na área de alagamento da barragem da Usina


Hidroelétrica Barra do Braúna, que possui concessão outorgada à empresa Barra
do Braúna Energética S.A. (empresa do Grupo Brookfield) para o aproveitamento
de energia hidráulica. A casa de força está localizada no município de Recreio,

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estado de Minas Gerais, distante cerca de 40 km de Santo Antônio de Pádua. A


UHE está em operação desde 07/01/2010 e tem potência instalada de 39,00 MW.
O reservatório a montante, formado pelo barramento do Rio Pomba,
apresenta alagamento máximo de 10.050,00 km² (nível máximo maximorum), com
capacidade total de 88,71 hm³ e área drenada de 7.180 km².
No Plano de Ação de Emergência da UHE, foram identificadas 5 edificações
e as instalações da UHE Barra do Braúna no vale a jusante (distância percorrida
em 30 minutos pela onda de ruptura da barragem – ZAS), que poderão ser afetadas
pela onda de cheia que deriva de uma eventual ruptura da barragem. Na cidade de
Santo Antônio de Pádua não foram identificadas Zonas de Auto Salvamento (ZAS).
Ao longo do trecho estudado foram identificadas onze Zonas de Impacto
Direto (ZIDs) na cidade de Santo Antônio de Pádua. A seguir, tem-se a identificação
e localização das ZIDs que possivelmente serão atingidas pela onda de ruptura.
Distância
Tempo de da
Número de
Identificação Coordenadas das ZIDs chegada da
Edificações Barragem
onda
(Km)
Santo Antônio de Pádua – RJ
ZID 11 187 783872,23 W 7620342,16 S 2 h 25 min 19,30

ZID 12 2 784402,56 W 7619040,06 S 4 h 30 min 22,38

ZID 13 161 785026,75 W 7622.006,68 S 3 h 14 min 22,55

ZID 14 54 785556,99 W 7620288,46 S 2 h 52 min 20,31

ZID 15 4 787516,84 W 7619476,33 S 3 h 12 min 23,56

ZID 16 55 789859,26 W 7619342,10 S 3 h 21 min 26,14

ZID 17 6263 792047,31 W 7615502,94 S 3 h 21 min 27,31

ZID 18 76 795490,47 W 7615724,43 S 4 h 51 min 35,75

ZID 19 49 796481,12 W 7613268,87 S 5 h 00 min 38,74

ZID 20 167 795601,25 W 7611242,97 S 5 h 43 min 41,61

ZID 21 82 798958,05 W 7609668,08 S 6 h 30 min 45,04

Total de
7.100
Edificações
Fonte: Plano de Ação de Emergência da UHE Barra do Braúna (2017).

O PAE traz mais informações e define os procedimentos de emergência. É


de extrema importância que o município tenha ciência dos procedimentos previsto
no Plano de Ação de Emergência da UHE Barra do Braúna e possua condições
para execução das ações em caso de necessidade.

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3.5.2 Áreas Sujeitas à Alagamento

Em comparação aos outros melhoramentos urbanos, os sistemas de


drenagem têm uma particularidade: o escoamento das águas das tormentas
sempre ocorrerá independente de existir ou não sistema de drenagem adequado.
A qualidade desses sistemas é que determinará se os benefícios ou prejuízos à
população serão maiores ou menores.
Segundo Pompêo (2001), o sistema urbano de drenagem requer estudos
muito particulares, porque geralmente as bacias urbanas possuem tamanho
reduzido, as superfícies são pavimentadas ou de alguma forma parcialmente
impermeabilizadas, e o escoamento se faz por estruturas hidráulicas artificiais
(bocas de lobo, galerias e canais revestidos). Estas características causam grandes
impactos sobre o ciclo hidrológico superficial.
A impermeabilização das superfícies reduz as taxas de infiltração, as
superfícies mais regulares e as próprias obras de drenagem facilitam o
escoamento. As principais consequências são a redução dos tempos de
concentração, a elevação dos picos de descarga e dos volumes de escoamento
superficial, além de aumento da velocidade de escoamento da água. A urbanização
tem potencial para aumentar tanto o volume quanto as vazões do escoamento
superficial direto.
O crescimento urbano desordenado das cidades tem provocado impactos
significativos na população e no meio ambiente. Problemas como ocupação em
áreas de alagamento são desencadeados principalmente pela forma como as
cidades se desenvolvem: falta de planejamento e controle do uso do solo, ocupação
de áreas de risco e sistemas de drenagem inadequados.
A falta de manutenção e limpeza das sarjetas e bocas de lobo no município
são fatores que minimizam a eficiência do sistema de drenagem pluvial existente.
Em muitos casos tem-se o acúmulo de sedimentos e resíduos nas bocas de lobo,
diminuindo assim sua capacidade admissível de recolhimento das águas pluviais
transportadas pelas sarjetas e podendo ocasionar obstrução das tubulações e
galerias.
Também apresentam necessidade de uma maior manutenção os canais de
drenagem e as canalizações de rios existentes no município, especialmente na

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Drenagem e Manejo de Águas Pluviais Urbanas

área urbana. Os mesmos encontram-se assoreados e com excesso de vegetação


em seus cursos em diversos pontos. Tal situação reduz a capacidade de transporte
dos mesmos e pode ocasionar inundações em pontos críticos da cidade.
As ocupações irregulares em margens de cursos d’água e planícies de
inundação também podem causar transtornos relacionados a inundações. Segundo
o Manual de Drenagem Urbana de Porto Alegre (Prefeitura Municipal de Porto
Alegre), os rios geralmente possuem dois leitos: o leito menor, onde a água escoa
na maior parte do tempo; e o leito maior, que é inundado em média a cada 2 anos.
O impacto devido à inundação ocorre quando a população ocupa o leito maior do
rio, ficando sujeita a enchentes.

3.6 P ERCEP ÇÃO DA S OCIEDADE

No dia 26 de fevereiro de 2019 ocorreu a Audiência Pública de Apresentação


do Diagnóstico e Prognóstico dos Serviços de Saneamento Básico, realizada no
Instituto Federal Fluminense, Campus Santo Antônio de Pádua. Dentre os
participantes, estavam representantes da Prefeitura Municipal de Santo Antônio de
Pádua e o corpo técnico da empresa Evolua Ambiental Engenharia e Consultoria,
assim como moradores de diferentes bairros do município, colaboradores da coleta
seletiva, vereadores, membros da Defesa Civil, Secretaria de Obras, Secretaria de
Meio Ambiente, Secretaria de Segurança Pública, Conselho Municipal de
Educação e da Vigilância Sanitária, entre outros.
Como parte da metodologia de apresentação do Diagnóstico e Prognóstico
dos Serviços de Saneamento Básico, foram entregues aos 90 participantes a se
identificarem, disporem de sua localidade e mostrarem sugestões, ideias e
propostas relacionadas a melhorias para o saneamento, assim como responder a
um questionário abrangendo os eixos do saneamento básico: abastecimento de
água, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos e
sistema de drenagem e manejo de águas pluviais.
Os itens abaixo descrevem as respostas obtidas, considerando que 73,3%
do total de pessoas presentes na audiência responderam ao questionário.

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3.6.1 Síntese dos questionários aplicados

O Município de Santo Antônio de Pádua conta com sistema de drenagem e


manejo de águas pluviais. Entretanto, é comum na região, a ocorrência de
alagamentos e enchentes. Dessa forma, a partir da percepção das pessoas, pode-
se analisar a permeabilidade das vias públicas; se os corpos hídricos próximos,
neste caso o Rio Pomba, possui vegetação ripária, importante função ambiental
para evitar o assoreamento, a erosão e a qualidade da água; e relaciona
deficiências com o setor de esgotamento sanitário e limpeza urbana e manejo de
resíduos sólidos.
No que tange o sistema de drenagem do município, foram elaboradas nove
perguntas. A Tabela 3.13 aponta os índices apresentados nos questionários sobre
saneamento básico para o eixo de sistema de drenagem e manejo de águas
pluviais, que será descrito no item Síntese dos questionários .
Tabela 3.13 - Questionário referente ao eixo de drenagem e manejo de águas pluviais.
DRENAGEM E MANEJO DE ÁGUAS PLUVIAIS URBANAS
1 - Existem pontos de alagamento próximos à sua casa? Número de respostas
Sim 57,9% 57
Não 29,8%
Não sei 12,3%
2 - Sua rua tem galerias e bocas-de-lobo para levar a água da chuva ou as águas
Número de respostas
escoam superficialmente pela rua?
Tem galerias e bocas-de-lobo 57,1% 56
Escoam superficialmente 35,7%
Não sei 7,1%
3 - A sua casa conta com área verde? Número de respostas
Sim 46,4% 56
Não 46,4%
Não sei 7,1%
4 - As vias públicas possuem área verde? Número de respostas
Sim 65,5% 55
Não 32,7%
Não sei 1,8%
5 - Se tiver bocas-de-lobo em sua rua, como é a conservação delas? Número de respostas

Estão funcionando normalmente 51,2% 41

Possuem problemas, como


48,8%
acúmulo de lixo
6 - Se você mora próximo a algum rio que corta a cidade, você vê nas margens
Número de respostas
dele alguma vegetação para protegê-lo?

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Sim 60% 50
Não 40%
7 - Existem lançamentos de lixo nas margens deste rio? Número de respostas
Sim 73,1% 52
Não 15,4%
Não sei 11,5%
8 - A água de chuva em sua casa é lançada na: Número de respostas
Sarjeta 17,3% 52
Redes de Esgoto 28,8%
Galerias de Águas Pluviais 25%
Não sei 28,8%
9 - Alguém na sua família apresentou alguma doença ou algum tipo de problema
que possa estar relacionado com a água, com o lixo, com o esgoto ou com as Número de respostas
chuvas?

Sim 30,4% 56
Não 69,6%

De início, para verificar se há deficiência no sistema de drenagem urbana,


terá ocorrência de alagamentos. Visto que 58% dos moradores noticiaram pontos
de cheias próximo de suas casas e 30% responderam que não observaram
alagamentos próximos de suas residências, como apresenta a Figura 3.17, mais
da metade das pessoas identificaram danos no sistema.

EXISTEM PONTOS DE ALAGAMENTO


PRÓXIMOS À SUA CASA?

Não sei

Não
Sim

Figura 3.17 - Pergunta 1 do questionário no eixo de drenagem e manejo de águas pluviais.

A Figura 3.18 exibe que a mesma quantidade de pessoas da porcentagem


anterior, declarou que em seus bairros há a presença de galerias e bocas de lobo,

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não sendo esta então, a deficiência mais agravante. Por volta de 36% discorreram
que as águas escorrem superficialmente pelas vias quando há maior pluviosidade.

SUA RUA TEM GALERIAS E BOCAS DE LOBO


PARA LEVAR A ÁGUA DA CHUVA OU AS ÁGUAS
QUE ESCOAM SUPERFICIALMENTE PELA RUA?

Não sei

Escoam Tem galerias


superficialmente e bocas-de-
lobo

Figura 3.18 - Pergunta 2 do questionário no eixo de drenagem e manejo de águas pluviais.

Nos registros de sugestões e ideias aos participantes, eles alegaram que em


certos locais não havia bocas de lobo e quando haviam, não eram suficientes para
suportar a vazão.
Na mesma linha, a Figura 3.19 indica que as bocas de lobo e galerias
possuem resíduos acumulados, dificultando o funcionamento dos dispositivos da
infraestrutura urbana, havendo afirmação de 49% dos participantes. Os outros 51%,
alegaram que as bocas de lobo estão funcionando regularmente.

SE TIVER BOCAS DE LOBO EM SUA RUA,


COMO É A CONSERVAÇÃO DELAS?

Possuem Estão
problemas, como funcionando
acúmulo de lixo normalmente

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Figura 3.19 - Pergunta 5 do questionário no eixo de drenagem e manejo de águas pluviais.

Isso têm uma relação diretamente com os serviços de esgotamento sanitário


e limpeza urbana e manejo dos resíduos sólidos, pois, se ocorre um serviço
eficiente de varrição e limpeza das vias, juntamente com a população que colabora
despejando seus resíduos em áreas apropriadas para a coleta, não há problemas
com o acúmulo de resíduo nas bocas de lobo e galerias. Assim como, a relação do
despejo do esgotamento sanitário junto com o sistema de drenagem, podendo
ocasionar diferença na vazão de escoamento e problemas na saúde pública, por
exemplo.
Outro problema encontrado está apresentado na Figura 3.20, onde 40% dos
habitantes apontaram que o corpo hídrico próximo, não possui mata ciliar e 73% já
observaram lançamentos de resíduos nas margens deste rio. Somente 15% alegou
que não há despejos de resíduos no rio.

EXISTEM LANÇAMENTOS DE LIXO NAS


MARGENS DO RIO?

Não sei

Não

Sim

Figura 3.20 - Pergunta 7 do questionário no eixo de drenagem e manejo de águas pluviais.

Ou seja, além do hábito da sociedade despejar seus resíduos, o rio não


possui vegetação em suas margens.

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4 P ROGNÓS TICO

O Manual de Drenagem Urbana e Manejo das Águas Pluviais da cidade de


São Paulo (SMDU, 2012) é um dos documentos mais completos que versa sobre
o tema e seus mais atuais dispositivos, legislações, diretrizes e medidas. Por isso,
para a seleção das proposições e especialmente para a elaboração de diretrizes
para o controle do escoamento na fonte, utilizou-se este documento como base.
No planejamento dos sistemas públicos de drenagem, os efeitos das
medidas de controle do escoamento superficial sobre a redução dos picos de vazão
e dos volumes de escoamento, geralmente não são considerados. Por serem
intervenções que dependem de diversas condicionantes técnicas e de ações de
controle e fiscalização, nem sempre simples de aplicar, é muito difícil prever se, em
uma determinada bacia, serão ou não implantadas de acordo com os critérios de
dimensionamento adotados. Por isso são consideradas como medidas
complementares, importantes para aumentar a segurança do sistema.
Por exemplo, uma galeria dimensionada para um risco hidrológico de 10
anos de período de retorno, poderá ter sua segurança aumentada para 12 ou 15
anos, caso sejam implantadas medidas de controle do escoamento superficial na
bacia drenada por esta galeria. Além de reduzir os riscos de inundação, sem a
necessidade de ampliar a capacidade da galeria.
O princípio de funcionamento das medidas de controle do escoamento
superficial baseia-se na retenção temporária e na infiltração do excesso de
escoamento provocado por ações antrópicas, promovendo a restauração parcial do
ciclo hidrológico natural.
O papel das medidas de controle do escoamento superficial é o de
proporcionar soluções para a retenção, infiltração e abatimento do escoamento
superficial. Diferentemente da visão dos sistemas tradicionais de drenagem, que é
a de acelerar o escoamento e se desfazer rapidamente dos volumes de água, as
medidas de controle do escoamento superficial visam retardar e reduzir o
escoamento com a ajuda dos dispositivos de controle.
Ao planejar a drenagem, é necessário considerar a integração entre os
dispositivos tradicionais de drenagem para o controle do escoamento superficial
com medidas de controle na fonte e não estruturais. Esse tipo de medida ainda é

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utilizado com menor frequência em comparação com as medidas tradicionais,


sendo assim, menos conhecidas por projetistas.
As medidas de controle na fonte contêm dispositivos que atuam na redução
dos volumes escoados, introduzem alternativas que se integram harmoniosamente
com a paisagem e também tratam da poluição difusa, melhorando a qualidade da
água que escoa para os canais.
Fundamentalmente, no município de Santo Antônio de Pádua, as diretrizes
para controle do escoamento na fonte serão divididas em função dos dispositivos
propostos pelas medidas de controle na fonte, classificados em função de sua
atuação na infiltração e no armazenamento, ou na combinação desses processos.

4.1.1 Nos lotes

Para o controle do escoamento nos lotes, de acordo com o tamanho dos


mesmos, recomenda-se a utilização de pequenos reservatórios de detenção ou
retenção e faixas gramadas.
Os dispositivos de infiltração e percolação em Santo Antônio de Pádua
deverão seguir parâmetros de localização de acordo com a capacidade de
absorção do solo e, especialmente, as condições do nível freático, a fim de verificar
a capacidade do terreno para a disposição das águas drenadas.
Nos locais em que a distância entre a superfície do terreno e o nível freático
for pequena (menor que 2 metros), dificultando esse tipo de intervenção, deverá
ser adotada a construção de reservatórios de detenção para reutilização da água
captada.

4.1.1.1 Reservatórios de retenção e detenção nos lotes

Os reservatórios podem ser do tipo bacia de percolação, construído por


escavação de uma valeta, posteriormente preenchida com brita ou cascalho, e com
superfície reaterrada, assim, a brita reserva a água temporariamente enquanto a
água é percolada para o subsolo.
Existe também a possibilidade do uso de cisternas que captam as águas dos
telhados através de sistema de calhas. Nakamura (1988) apresenta um bom
exemplo de controle de entrada que aproveita as águas pluviais coletadas para

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utilização em descarga de sanitários. Além disso, estas águas poderiam ser


utilizadas para lavagem de calçadas ou irrigação de jardins.

Figura 4.1 – Modelo de reservatório de detenção e retenção no lote com sistema de


reaproveitamento da água da chuva
Fonte: Adaptado de Nakamura (1998)

4.1.1.2 Faixas gramadas

Além dos reservatórios, deve ser incentivado a criação de faixas gramadas


nos lotes, disciplinando o percentual de área do lote que deve ser reservado para
este dispositivo, de acordo com as combinações com demais dispositivos que
possam ser instalados nos lotes.

4.1.2 Nos loteamentos

Já nos loteamentos, as possibilidades de controle do escoamento das águas


pluviais na fonte são maiores, uma vez que a área de intervenção é maior, sendo
consideradas mais adequadas medidas tais como pavimentos porosos, faixas
gramadas, medidas de infiltração com poços, valas e trincheiras, além de bacias
de detenção e retenção.
As estruturas em loteamentos podem ser aplicadas em ruas,
estacionamentos, parques e praças.

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4.1.2.1 Pavimentos permeáveis e porosos

A adoção de pavimentos permeáveis e porosos contribui para o controle dos


deflúvios superficiais no próprio sistema viário. Essas medidas atuam sobre
diferentes níveis, como segue:
• Pavimentos dotados de revestimentos superficiais permeáveis,
possibilitando a redução da velocidade do escoamento superficial, a
retenção temporária de pequenos volumes na própria superfície do
pavimento e a infiltração de parte das águas pluviais;
• Pavimentos dotados de estrutura porosa, nos quais é efetuada a
detenção temporária das águas pluviais, provocando o
amortecimento de vazões e a alteração no desenvolvimento temporal
dos hidrogramas;
• Pavimentos dotados de estrutura porosa e de dispositivos de
facilitação da infiltração, em que ocorre tanto a detenção temporária
das águas pluviais como também a infiltração de parte delas. Obtêm-
se assim o amortecimento de vazões, a alteração temporal dos
hidrogramas e a redução dos volumes escoados.
Observou-se em algumas ruas de Santo Antônio de Pádua, a existência de
pavimentos semipermeáveis, feitas em paralelepípedo, porém, recobertos com
lama asfáltica. Esse fato deve deixar de ser praticada e os pavimentos
semipermeáveis devem ser conservados.
É importante destacar que a simples adoção de pavimentos permeáveis ou
semipermeáveis, por si só, não representa um ganho significativo para os sistemas
de drenagem. Uma melhoria significativa no controle do escoamento superficial é
obtida com a combinação de pavimentos permeáveis ou semipermeáveis e uma
estrutura de pavimento poroso, que permitirá a reservação temporária das águas
pluviais com possibilidades de infiltração.
Como foi destacado anteriormente, a profundidade do nível freático pode ser
um problema, devendo ser realizado um estudo específico no local para adoção
efetiva destes dispositivos.

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Figura 4.2 – Exemplo de pavimentos permeáveis e porosos


Fonte: SMDU (2012)

4.1.2.2 Reservatórios de detenção e retenção

Os reservatórios de detenção são estruturas de acumulação temporária e/ou


de infiltração de águas pluviais. O armazenamento se dá em tempo relativamente
curto. Em sua operação, os órgãos de descarga de fundo permanecem em
operação durante todo o evento. A vantagem de utilização desse dispositivo seco
é que pode ser utilizado para outras finalidades como áreas verdes, quadras
esportivas e praças públicas.
Os reservatórios de detenção podem ter um caráter multifuncional
agregando áreas verdes e de lazer e compondo projetos urbanísticos com
valorização da presença de água em espaço urbano.
Porém, algumas medidas devem ser tomadas pois estes dispositivos podem
trazer inconvenientes. Por exemplo, carências de ações de saneamento a montante
como a coleta de lixo, coleta e tratamento de esgoto, fazem com que bacias de
detenção sejam submetidas a cargas elevadas de poluentes.

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Figura 4.3 – Exemplo de reservatórios de detenção em loteamentos


Fonte: SMDU (2012)

4.1.2.3 Poços de infiltração

Os poços de infiltração são dispositivos pontuais com pequena ocupação de


área superficial, concebidos para evacuar as águas pluviais diretamente no
subsolo, por infiltração. Estes são reservatórios verticais escavados no solo com
material poroso que promove a infiltração pontual no terreno reduzindo o
escoamento em áreas impermeabilizadas.
A infiltração das águas pelos poços contribui para a alimentação da
vegetação circundante e do lençol subterrâneo, sendo esta técnica utilizada em
alguns países exclusivamente para fins de recarga de aquíferos.

Figura 4.4 – Exemplo de poço de infiltração


Fonte: SMDU (2012)

4.1.2.4 Valas e valetas

Valas, valetas e planos de infiltração são técnicas constituídas por simples


depressões escavadas no solo, cujo objetivo é recolher as águas pluviais e efetuar
seu armazenamento temporário, além de favorecer a infiltração.

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As valas e valetas de infiltração, como as trincheiras de infiltração e


detenção, podem ser implantadas paralelas às ruas, estradas, estacionamentos e
conjuntos habitacionais, entre outros. Estes dispositivos concentram o fluxo das
áreas adjacentes e favorecem a infiltração ao longo do seu comprimento. Além de
funcionar como um reservatório de detenção, à medida que o volume escoa para o
valo é superior à capacidade de infiltração. Esses dispositivos também
proporcionam a redução da quantidade de poluição transportada a jusante.

Figura 4.5 – Exemplo de valas de infiltração


Fonte: SMDU (2012).

Mais detalhamentos das ações serão apresentados no relatório referente


aos programas, projetos e ações que compõe a revisão do Plano Municipal de
Saneamento de Santo Antônio de Pádua.

4.2 EVENTOS DE EMERGÊNCIAS E CONTINGÊNCIAS

Diversos são os casos de eventos de emergências e contingencias possíveis


no sistema de drenagem urbana e manejo das águas pluviais, resultado de
ocorrências esporádicas e indesejadas. Independente de qual for o caso
identificado, é essencial que a primeira ação a ser feita seja:
1. Comunicar a população e solicitar a todos que evitem sair de casa em
casos de inundações e alagamentos. Para isso, deve-se utilizar de
todas as formas de comunicação, incluindo rádio, televisão, sites e
redes sociais. Esta ação ajudará a diminuição dos danos à saúde
pública.

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Dentre as possíveis eventualidades de emergência levantadas no


diagnóstico e prognóstico, as consequências dos eventos será a destruição de
moradias e casos de saúde pública. Estes, podem ser associados à diversos
fatores, desde fatores técnicos, antrópicos e os naturais, que inclui também as
catástrofes naturais, como as inundações, que ocorrem com frequência na região
do noroeste fluminense.
As possíveis deficiências no serviço de manejo de águas pluviais poderão
ser em decorrência de entupimentos das bocas-de-lobo pela má disposição de
resíduos sólidos urbanos, nas vias públicas sem cobertura e pavimentação
adequada, ausência da implementação de taxas referentes do serviço, inexistência
de dispositivos de retenção e detenção do escoamento, problemas sanitários em
casos de alagamentos e não ter saída quando ocorrer estas situações. Por
precaução, deve-se prever possíveis eventos para haver planejamento e que
tenham ação rápida e eficaz.
Podem ocorrer problemas na fonte, no sistema, na manutenção do sistema,
no manancial, ambos relacionados à fatores dos mais variados que terão como
consequência a interrupção do serviço de drenagem urbana e manejo de águas
pluviais.
Há a possiblidade de haver casos de interrupção prolongada dos serviços,
sendo essencial que a empresa em concessão possua monitoramento e
atualização dos cadastrados dos dispositivos de drenagem urbana.
Independente dos casos, as ações específicas a seguir descritas devem ser
executadas, mas é importante que o prestador de serviço elabore previamente os
planos de emergências, prevendo possíveis eventos futuros e minimizando a
possibilidade de ocorrência.
Uma vez identificada a emergência, a ação número 1 apresentada no início
do item 4.2 deve ser executada até o aviso de normalização da operação.

COLAPSO NO FUNCIONAMENTO DO SISTEMA DE DRENAGEM E MANEJO DAS ÁGUAS


PLUVIAIS URBANAS

Em caso de complicações entre a prestadora de serviços e o Município, pode


ocorrer um colapso no funcionamento do sistema de drenagem e manejo das águas

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pluviais urbanas, podendo iniciar uma greve e estes funcionários, não realizarão os
serviços.

PARALIZAÇÃO DOS SERVIÇOS DE LIMPEZA

Diretamente relacionado ao item anterior, o colapso desta prestação de


serviços faria com que os serviços se comprometessem e iria ocorrer diversas
reclamações de danos na rede de drenagem dos moradores, obstrução de vias
públicas, as bocas-de-lobo poderiam estar entupidas e comprometer a passagem
da água pluvial, podendo ocasionar acúmulo de água na superfície das vias.

PERÍODO DE MAIOR PLUVIOSIDADE

Como já mencionado, é comum ocorrer alagamentos e inundações na região


em épocas com muitas chuvas. A deficiência está diretamente ligada, além do
próprio sistema de drenagem, com a ausência de comunicação para evacuação
destas pessoas que moram em locais de risco para alagamentos e inundações.

FATORES EXTERNOS

Muito comum na região, a ocorrência de fatores climáticos externos, como


os alagamentos e inundações em grande parte do Município, bem como
deslizamentos de terra, atingindo moradores próximos das encostas de morros,
causando um enorme prejuízo econômico-social.
A ausência de um sistema para atendimento destas emergências e
contingências, resulta em danos na saúde pública.

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MUNICÍPIO DE SANTO ANTÔNIO DE PÁDUA
PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO - PMSB
Volume 6 - Diagnóstico e Prognóstico de
Drenagem e Manejo de Águas Pluviais Urbanas

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