Modelos Psicológicos Explicativos Do Crime
Modelos Psicológicos Explicativos Do Crime
Modelos Psicológicos Explicativos Do Crime
ISBN 978-85-9502-464-9
CDU 159.9:343.1
Introdução
Neste capítulo, você vai estudar os modelos psicológicos explicativos
do crime a partir da distinção entre o modelo psicanalítico e o modelo
psicopatológico. Você vai conhecer possíveis relações entre a criminologia
e as psicopatologias. Adicionalmente, vai ver características de doenças
que servem como instrumentos de análise dos indivíduos em situações
de conflito com o ordenamento penal.
Como você vai ver, a psicopatologia, de forma geral, se inclina à ado-
ção de uma perspectiva clínica, contemplando a conduta delitiva como
expressão de um transtorno patológico da personalidade. A psicologia,
por sua vez, estuda o comportamento humano, a conduta. Para a psi-
cologia, interessa o comportamento delitivo tanto como qualquer outro
comportamento humano. A psicanálise, por sua vez, concebe o crime
como um comportamento funcional simbólico, expressão de conflitos
psíquicos profundos.
Id
O id foi “[...] concebido por Freud como um conjunto de conteúdos de natureza
pulsional” (LIMA, 2010, p. 280). Ele perfaz o polo psicobiológico da perso-
nalidade, em que ocorrem os processos primitivos do pensamento humano
e as características atribuídas ao sistema inconsciente de cada um. O id é
regido pelo princípio do prazer e apresenta essência orgânica/hereditária,
estando muito ligado ao impulso sexual. O id se apresenta como instintos
que impulsionam o organismo, mantendo relação com todos os impulsos não
civilizados, do tipo animal. O id, assim, poderia ser compreendido como
a voz que ecoa dentro da cabeça dos homens e mulheres; é a expressão do
querer humano.
Ego
O termo ego é latino (“eu”) e essa instância atuará de acordo com o princípio da
realidade, estabelecendo um equilíbrio entre as reivindicações/manifestações
do id e as exigências impressas pelo superego com relação ao mundo externo.
O ego está na zona consciente da mente. Enquanto o id e o superego são as
vozes antagônicas que as pessoas ouvem em sua mente, o ego é o responsável
pela tomada de decisões consciente.
Superego
O superego é a força que atuará contra o id, representando os pensamentos
morais e éticos tidos como civilizados. É originado do complexo de Édipo, a
partir da internalização das proibições, dos limites e da autoridade. O superego
será o indicativo das normas e valores sociais a serem respeitados, que foram
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Criminologia e psicopatologias
As psicopatologias são um campo fértil para a criminologia. Na medicina
legal, há a psicopatologia criminal ou psicopatologia forense, estudada pela
psiquiatria criminal e pela psicologia criminal.
A psicologia criminal tem por objeto de estudo a personalidade “normal”
e todos os fatores que a influenciam, de ordem biológica, mesológica (meio
ambiente) ou social. Já a psiquiatria criminal tem como objeto os transtornos
anormais da personalidade, isto é, as doenças mentais, retardos mentais (oli-
gofrenias), demências, esquizofrenias e outros transtornos, de índole psicótica
ou não (PENTEADO FILHO, 2012).
A psicopatologia (psiquiatria) estuda o fator psíquico patológico no indi-
víduo psiquicamente enfermo, analisando a conduta delitiva e traçando um
paralelo com os transtornos patológicos da personalidade. Na criminologia,
a psiquiatria é a ciência que traz o conceito de enfermidade ou transtorno
mental, bem como as suas maneiras de manifestação. Cabe a essa ciência
trazer para a criminologia os conceitos de psicopatia, neurose e esquizofrenia
e adequá-los às manifestações delitivas.
Na criminologia, existem as teorias psiquiátricas da criminalidade, que,
a partir do século XIX, traçaram uma distinção entre os delinquentes e os
enfermos mentais, porém até essa época os enfermos mentais eram tratados
como qualquer enfermo. O delinquente era tratado, primitivamente, como ser
endemoninhado, anormal e maldito. O positivismo criminológico substituiu a
teoria da “loucura mental” pela da “personalidade criminal”, sendo que esta
estabelece a existência de um conjunto de características ou de uma estrutura
psicológica delitiva (PENTEADO FILHO, 2012).
A teoria da personalidade criminal possui dois postulados:
Oligofrenias
Oligofrenia é uma palavra de origem grega. Oligos significa “pouco” e phren
sgnifica “espírito”. Assim, oligofrenia remete aos níveis de fraqueza mental. A
debilidade mental foi batizada de oligofrenia leve, a imbecilidade, de oligofrenia
moderada, e a idiotia, de oligofrenia grave (SANCHES; BERLINCK, 2010).
No que tange à “[...] relevância criminológica do retardamento mental, [...]
o déficit congênito ou precoce do desenvolvimento da inteligência depende
de sua maior ou menor gravidade” (MOLINA; GOMES, 2008, p. 254). É
importante considerar, ainda, que o retardamento mental em grau profundo
pode diminuir a capacidade real de delinquir.
Transtornos orgânicos
Na Classificação Internacional de Doenças (CID–10), a expressão transtornos
mentais orgânicos é usada para delimitar diferentes transtornos mentais
unificados por uma etiologia comum — doença ou lesão cerebral que gera
disfunção (PENTEADO FILHO, 2012). As disfunções podem ser primárias
ou secundárias. Nas disfunções primárias, as doenças, as lesões e os compro-
metimentos afetam o cérebro de maneira direta e seletiva. Já nas disfunções
secundárias, as doenças e os transtornos sistêmicos acometem o cérebro apenas
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Esquizofrenia
A esquizofrenia pode ser compreendida como um transtorno psiquiátrico
complexo, comum, caracterizado por uma alteração cerebral que perturba/
dificulta o correto julgamento sobre a realidade. Esse funcionamento confundirá
ainda a produção de pensamentos simbólicos e abstratos e a elaboração de
respostas complexas de cunho emocional (observe a Figura 2).
Muitas regiões do cérebro e sistemas operam anormalmente na esquizo-
frenia, incluindo estas (SCHIZOPHRENIA.COM, 2010, documento on-line):
chamam a atenção e, “[...] ainda que não representem índices atraentes, atemo-
rizam porque são atrozes, cruéis” (MOLINA, GOMES, 2008, p. 260).
Esquizofreniforme
Esquizoafetivo
Transtornos de humor
Desde os primórdios do período grego clássico são feitas descrições de quadros
de transtornos de humor e tentativas de conceituar tais comportamentos sob
a perspectiva médica ou filosófica (CAMPOS; CAMPOS; SANCHES, 2010).
Observe, a seguir, a descrição de transtornos de humor.
Depressivo maior
Distímico
Bipolar I
Bipolar II
Ciclotímico
Leitura recomendada
FREUD, S. Neurose e psicose: obras psicológicas completas de Sigmund Freud. Rio de
Janeiro: Imago, 1996.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
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