89 - Análise Das Condições de Acessibilidade No Ambiente Urbano Da Área Central de Blumenau

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89 – Análise das Condições de Acessibilidade no Ambiente Urbano da Área Central de

Blumenau

SOUZA, Luiz Alberto de (1); THOMÉ, Anderson Viera (2);


(1)Professor do Departamento de Arquitetura e Urbanismo
Doutor em Planejamento Urbano e Regional
[email protected]
(2)Acadêmico do Curso de Arquitetura e Urbanismo
[email protected]

Resumo
A presente pesquisa tem como objetivo apresentar as condições de acessibilidade universal nos espaços de
uso público da área central de Blumenau. A proposta metodológica adotada utilizou como parâmetro a norma
ABNT 9050/2004, a pesquisa bibliográfica e trabalhos de campo visando identificar e mapear por amostragem,
a qualidade dos espaços edificados e das vias públicas selecionadas. O direito à acessibilidade universal tem
como objetivo propiciar o acesso de todas as pessoas que apresentam alguma deficiência física ou se
apresentam com sua mobilidade reduzida, de forma autônoma aos espaços de uso coletivo sejam eles
edificados ou não. A pesquisa classificou por amostragem a existência de barreiras arquitetônicas e obstáculos
nas vias, nos espaços públicos, no mobiliário urbano e, em edifícios de uso público. Como resultado da
tabulação desses dados e através do registro fotográfico efetuado, verifica-se o cumprimento apenas parcial da
legislação relativa à acessibilidade nas edificações e nos espaços de uso público. Devemos ressaltar também a
existência de algumas exceções significativas. A pesquisa pretende subsidiar a implantação de disciplina
acadêmica no Curso de Graduação de Arquitetura e Urbanismo da FURB para tratar dessa questão nas
edificações e espaços de uso público, através da norma ABNT 9050/2004 e legislação correlata visando
proporcionar a acessibilidade universal a todas as pessoas de maneira autônoma e segura.
Palavras-chave: Acessibilidade Universal; Barreiras Arquitetônicas; Ambiente Urbano.

Abstract
This research aims to present the conditions of universal accessibility in public spaces of the central area of the
city of Blumenau. The proposed methodology used as its parameter the ABNT 9050/2004 standard,
bibliographical research and field work to identify and map by sampling the quality of selected built spaces and
public streets. The right to universal accessibility aims to provide access for all people who have physical
disability or suffer with reduced mobility, in an autonomous manner with regards to areas of collective use,
whether built or not. The research classified by means of samplings the existence of architectural barriers and
obstacles on roads, in public spaces, in street furniture, and buildings for public use. As a result of the tabulation
of this data and by photographic survey, we came to the conclusion that there is only partial compliance with the
legislation on accessibility in buildings and spaces for public use. We should also emphasize that there are some
significant exceptions. The research seeks to subsidize the introduction of an academic discipline in the
Undergraduate Course of Architecture and Urbanism at FURB, in order to address this issue in buildings and
spaces for public use, based on the ABNT 9050/2004 standard and related legislation, aimed at providing
universal accessibility to all people in an autonomous and safe manner.
Key words: Universal Accessibility; Architectural Barriers, Urban Environment.

Introdução
O debate atual sobre as condições de acessibilidade universal nas cidades brasileiras está vinculado
diretamente a uma questão maior: o direito à cidade (SAULE JR., 1999). Desde a promulgação da Constituição
Federal de 1988, o direito às cidades sustentáveis está relacionado em todas as suas dimensões (SACHS,
1993) e passou a ser, não apenas uma mera exigência legal, mas e principalmente, uma questão de garantia
do direito à cidadania. Para contribuir em minorar as barreiras arquitetônicas existentes no meio urbano e nas
edificações, o país adotou um conjunto de normas e legislação específica, que deveriam ser cumpridas em
todos os níveis. A presente pesquisa analisou a problemática das limitações de acessibilidade encontradas no
meio urbano e nos edifícios de uso público localizados na área central do município de Blumenau. Segundo
estimativas oficiais, no Brasil aproximadamente treze milhões de pessoas, ou seja, 10% da população brasileira
(IBGE, 2000) é portadora de algum tipo de deficiência, sendo que, estima-se que apenas 3% desta população
está sendo de atendida de alguma forma por políticas e espaços adequado. Entretanto, um direito fundamental
– o da livre locomoção, o direito constitucional de ir e vir, na busca de um trabalho ou de lazer, é dificultado no
dia a dia e muitas vezes negado. Podemos dizer que sociedade brasileira tem sido até certo ponto omissa
neste aspecto e o poder público ineficiente para atender essa parcela da sociedade. Essa mesma sociedade
que produz cada vez mais e em maior escala, todos os dias, novos portadores de algum tipo de deficiência,
muitas adquiridas pela crescente violência urbana, outras advindas de acidentes de trabalho e do trânsito. A
existência recorrente de barreiras arquitetônicas (LANCHOTI, 1995; 2004), bem como de barreiras sócio-
econômicas em nossas cidades, contribuem por segregar estes indivíduos, impondo-lhes restrições ao
exercício de uma cidadania plena e de uma vida mais digna e participativa. Com tantos impedimentos o
portador de deficiência ou de necessidades especiais, chega muitas vezes, de ser excluído do convívio social
face às limitações impostas ao seu livre deslocamento. Esse fato acabando gerando desconhecimento e
desinformação, e na maioria das vezes leva ao um tipo de preconceito social muito próximo da marginalidade.
Em diversos campos disciplinares inicia-se ainda singelamente, um processo de tomada de consciência em
relação a essa questão. No exercício da arquitetura e do urbanismo, o objetivo precípuo é criar condições de
habitabilidade adequadas no ambiente construído. Somente agora, as instituições acadêmicas começam a dar
alguns importantes passos na direção de dotar nossas cidades de ambientes que possibilitem a acessibilidade
universal. Nesse sentido, a cidade e seus espaços edificados devem ser pensados de forma funcional,
democrática e para todos. A cidade inclusiva deve então, não ignorar todo um segmento da sociedade
brasileira, onde além dos portadores de necessidades especiais, se incluem os idosos, grávidas e crianças, que
permanentemente correm riscos pelo simples fato de transitarem por nossas ruas e edificações.
Fundamentação Teórica
A urbanização dos espaços públicos, bem como dos edifícios de uso público, devem ser projetados e
executados de forma a torná-los acessíveis para todos, independentemente de sua condição física. Dessa
forma, as pessoas portadoras de algum tipo de deficiência ou ainda com mobilidade reduzida, devem possuir
acesso universal também ao mobiliário urbano, que devem ser adaptados as normas técnicas existentes.
Qualquer projeto, bem como o traçado dos elementos de urbanos de uso público compreendido na área central
de Blumenau foram analisados pelos parâmetros estabelecidos pela norma técnica da ABNT 9050. Em um dos
primeiros textos abordando essa questão (SORENSEN apud BAGATINI, 1987), considera deficientes aqueles
que "sofrem alguma limitação de movimento". Em nosso estudo, consideraremos como população - alvo, os
portadores de incapacidades permanentes ou temporária, relativo ao estado de sua visão, audição, situações
pós-cirúrgicas, pós- acidentados, estado de gestação, idosos, etc. Segundo Cardoso (1996, p. 97),

"[...] mais do que normas e exigências jurídicas, é preciso que se altere a prática
social, através do exercício ao usuário do ambiente construído. Este tipo de
conscientização é imprescindível para que antes de atender a interesses puramente
políticos e econômicos, os profissionais se voltem ã preocupação em atender ao
objeto do seu trabalho que é o usuário e suas necessidades de conforto,
habitabilidade, acessibilidade e funcionalidade”.

A responsabilidade de engenheiros civis, arquitetos e planejadores urbanos é muito importante neste sentido. E
esta responsabilidade nasce a partir da formação acadêmica que por sua vez, não deve permitir a reprodução
de conceitos e parâmetros que venham de fora para dentro. A Constituição Brasileira de 1988 em seus artigos
182 e 183 trata da Política Urbana a ser executada pelo município. Torna obrigatória a elaboração de Plano
Diretor para àqueles que possuam mais de 20 mil habitantes. Já o Estatuto da Cidade (Lei Federal nº
10.257/2001) ampliou essa exigência e também estabeleceu diretrizes para o cumprimento da função social da
propriedade e da cidade. Esta colocação se faz pertinente, pois, qualquer ação no meio urbano, no sentido de
inserir um projeto de remoção de barreiras arquitetônicas, deve ser garantida primeiramente pela Lei Orgânica
do Município, depois pelo Plano Diretor, pela Lei de Zoneamento e pelo Código de Obras Municipal.
Atualmente, o Município de Blumenau, possui em seu Plano Diretor, um capítulo das Normas para Eliminação
de Barreiras Arquitetônicas para pessoas portadoras de Deficiência, que está embasado nas normas
específicas da ABNT e da Coordenadoria Nacional para Integração de Pessoas Portadoras de Deficiência -
CORDE. O plano diretor estabelece que, "todos os edifícios que permitam acesso ao público, como também os
equipamentos urbanos, devem dotar as entradas, circulações, elevadores, sanitários, telefones públicos,
bebedouros etc., para atender pessoa deficiente”. O direito de “ir e vir” é assegurado a todos, bem como
oportunidades de lazer, educação, saúde e trabalho. Este último é fundamental para qualquer ser humano,
independente de ser ou não portador de deficiência, como outra pessoa, pode ser produtiva, desde que esteja
no lugar certo. A NBR 9050 foi editada pela primeira vez em 1994, e trouxe parâmetros e dimensões para as
condições de acessibilidade nos meios arquitetônico e urbano às pessoas com limitações físicas em diversos
municípios brasileiros. Os padrões antropométricos adotados para projetos de edificações, design de
mobiliários, passeios públicos e circulação em geral, não se adaptam totalmente às necessidades dos usuários
como um todo, uma vez que neste conjunto estamos incluindo portadores de deficiência permanente ou
transitória, crianças, idosos, gestantes, etc.. A normatização tem por objetivo fixar padrões e dimensionamentos
que ofereçam condições de segurança a todos os usuários, para que tenham acessibilidade autônoma em
espaços construídos e ambientes urbanos de qualquer natureza.

“A abrangência desta norma inclui as edificações: de uso público, mesmo que de


propriedade privada, como por exemplo, as destinadas à educação, saúde, cultura,
esporte, lazer, serviços, comércio, indústria, hospedagem, trabalho, reunião, etc. de
uso multifamiliar, nas áreas comuns de circulação.”

Segundo Cardoso1 (1996), durante muito tempo, a norma técnica foi considerada apenas uma recomendação,
não tendo, portanto força de lei, o que dificultou a sua aceitação. No entanto, através da atuação de
profissionais da CORDE, Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, órgão
do Governo Federal, se insistiu no regime obrigatório de preparo e na observância das Normas Técnicas,
trazendo dessa forma à ela o aparato legal para torná-la instrumento de uso obrigatório. O modelo para
Elaboração de Códigos de Obras e Edificações editado pelo IBAM em 1997, já trazia em seu capítulo sobre
Disposições Preliminares, Art.2º, uma classificação baseada na ABNT NBR 9050 editada em 19942, que
normatizava a acessibilidade de pessoas portadoras de deficiência às edificações, espaço, mobiliário e
equipamentos urbanos.

Análise da Legislação de Acessibilidade


Como parâmetro para os trabalhos de campo, foi utilizado a Norma ABNT 9050/2004, que estabelece os
parâmetros para projetos e obras em função da acessibilidade universal. Trata-se de norma bastante aceita nos
meios acadêmicos e que tem sido alvo de aperfeiçoamento ao longo dos últimos dez anos. O conteúdo da
norma é bastante extenso e pode ser conferido na íntegra, através de sua disponibilidade na rede mundial de
computadores. A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)3 é o Fórum Nacional de Normalização. As
Normas Brasileiras, cujo conteúdo é de responsabilidade dos Comitês Brasileiros (ABNT/CB), dos Organismos
de Normalização Setorial (ABNT/ONS) e das Comissões de Estudo Especiais Temporárias (ABNT/CEET), são
elaboradas por Comissões de Estudo (CE), formadas por representantes dos setores envolvidos, delas fazendo
parte: produtores, consumidores e neutros (universidades, laboratórios e outros). A ABNT NBR 9050 foi
elaborada no Comitê Brasileiro de Acessibilidade (ABNT/CB–40) e pela Comissão de Edificações e Meio (CE–
40:001.01). O Projeto circulou em Consulta Pública conforme Edital nº 09 de 30.09.2003, com o número Projeto
NBR 9050. Esta Norma substituiu a ABNT NBR 9050 de 1994. A norma ABNT 9050 possui 97 páginas e está
disponível para baixar em diversos sites da rede. Ela foi utilizada para nortear os trabalhos de aferição das
edificações, do mobiliário e dos equipamentos de uso público, verificando se estes estavam ou não adequados

1
CARDOSO, Maria Alice de C.Couto. Barreiras Arquitetônicas no Ambiente Construído. São Carlos. 1996.
2
ABNT, ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, NBR 9050. Acessibilidade de Pessoas Portadoras de
Deficiência à Edificações, Espaço Mobiliário e Equipamentos Urbanos. Rio de Janeiro. 1994.
à acessibilidade universal. A legislação federal, em especial a Lei nº. 10.048 de 08 de novembro de 2000 e, a
Lei nº 10.098 de 19 de dezembro de 2000, regulamentadas pelo Decreto-Lei nº. 5296 de 02 de dezembro de
2004, bem como a norma ABNT NBR 9050/2004. Essas normas passaram a estabelecer regras gerais e
critérios básicos para a promoção de acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência física ou com
mobilidade reduzida, mediante a supressão de barreiras e de obstáculos nas vias e espaços públicos, tanto no
mobiliário urbano, como na construção e reforma de edifícios, além dos meios de transporte e comunicação. Já
no âmbito da legislação de competência municipal, tomamos como referência as leis municipais aprovadas em
Blumenau e que regulamentam a matéria da garantir à acessibilidade universal. São elas: Lei Complementar nº.
286/00 – Institui uso obrigatório de equipamentos nos prédios e edificações no município (cadeira de rodas); Lei
Complementar nº. 550/05 – Dispõe sobre a constituição de passeios públicos ou calçadas no município e
Blumenau e dá outras providências; Lei Municipal nº. 141/96 e seus artigos além do Plano Diretor de 2006.
Dessa forma, como exposto acima, podemos afirmar que o Brasil, possui uma quantidade razoável de leis e
normas elaboradas a nível municipal, estadual e federal referente a essa matéria. Porém, o que se constata é
que a sua aplicação e principalmente seu cumprimento, ou mesmo o descumprimento dessas leis pelos
profissionais envolvidos, ainda representa um obstáculo a ser superado. No âmbito acadêmico não é muito
diferente. No meio urbano, a responsabilidade principalmente na atuação profissional dos engenheiros civis,
arquitetos e planejadores urbanos deve ser repensada, desde a prática do ensino nos bancos escolares desses
cursos de graduação.

Análise dos Espaços de Uso Público da Área Central


A pesquisa teve como objetivo principal mapear as condições de acessibilidade no meio urbano da área central
do município de Blumenau, tendo como parâmentro avaliativo, o cumprimento das exigências contidas na
norma brasileira ABNT NBR 9050/2004. A escolha do recorte espacial recaiu sobre a área central de Blumenau,
o espaço mais privilegiado para essa amostragem, uma vez que ela se caracteriza pelo uso freqüente de toda a
população, independente das suas condições físicas. A prática do desenho universal ganha força no mundo
globalizado, sendo defendida em todos os cantos do mundo:

“Desenho Universal significa o desenho de produtos e ambientes para serem


utilizados por todas as pessoas, no limite do possível, sem a necessidade de
adaptação ou desenho especializado” (WRIGHT apud LIMA, 2007).

É um modo de concepção de projeto de espaços e produtos aptos a utilização pelo maior número de usuários
possíveis, incluindo crianças, idosos e pessoas com necessidades especiais permanentes ou temporárias.

“[...] não é uma tecnologia direcionada apenas aos que dele necessitam; é para todas
as pessoas. A idéia do desenho universal é evitar a necessidade de ambientes e
produtos especiais para pessoas com deficiência, no sentido de assegurar que todos

3
ABNT – para maiores informações consultar: www.anbt.org.br.
possam utilizar todos os componentes do ambiente e todos os produtos” (SASSAKI
apud LIMA, 2007).

As ruas escolhidas para a pesquisa de campo foram: Rua XV de Novembro e Av. Beira Rio, por terem sido
reurbanizadas e adaptadas recentementes; Rua Presidente Getúlio Vargas e Curt Hering por se tratarem de
vias de grande circulação de pedestres e ainda não terem sido alvo de intervenção urbanística. Os edifícios de
uso público escolhidos após analise de campo foram: Prefeitura Municipal;- Fórum da Justiça Estadual;
Delegacia Regional de Polícia; Fórum da Justiça do Trabalho (Trabalhista); Sede da Previdência Social (INSS);
Teatro Carlos Gomes; Agência do Banco do Brasil (Rua XV); Justiça Federal; Caixa Econômica Federal; Igreja
Matriz São Paulo; Agência dos Correios. Os edifícios de uso comercial escolhidos após pesquisa de campo
foram: Edifício Brasília; Beira Rio Shopping; Praça dos Camelôs; Agência do Banco Itaú (Rua XV); Centro
Comercial Bremen Zenter; Agência do CIEE; Sede do SESC; Livraria Alemã; Shopping Neumarkt; Drogaria
Catarinense (Rua XV); Shopping H (antigo Hering); SESI Farmácia.

Planilha utilizada para análise dos espaços de uso público

A pesquisa de campo procurou analisar as condições dos espaços selecionados por amostragem, a partir dos
critérios descritos na tabela abaixo. Foram utilizadas três categorias de enquadramento: (1) atende a norma; (2)
atende parcialmente; (3) não atende. Foram analisadas 23 edificações na área central de Blumenau, conforme
planilha abaixo e sete aspectos da edificação. Abaixo, apresentamos apenas um exemplo de espaço construído
analisado, entre os 23 no total, e a tabela com os itens investigados segundo a Norma ABNT 9050/2004.

1. CAMELODROMO
ASPECTOS ATENDE A NORMA ATENDE NAO ATENDE
ANALISADOS PARCIALMENTE
01. Pisos táteis X
02. Acessos X
03. Portas X
04. Escadas X
05. Rampas X
06. Elevadores X
07. Banheiros X
Análise e Interpretação dos Resultados
Figura 2 – Espaços analisados na área central de Blumenau

Legenda

ED. PUBLICOS

ED. COMERCIAIS

RUAS JÁ URBANIZADAS

RUAS AINDA NÃO


URBANIZADAS

Fonte: Prefeitura de Blumenau, SEPLAN. Mapa aerofotogramétrico. Escala 1:2000


Registro Fotográfico de Rampas e Escadas

Foto 1. Elevador para cadeirante Foto 2. Escada sem corrimão

Foto 3. Escada adaptada corretamente as normas. Foto 4. Escada fora dos padrões

Foto 5. Rampa adequada com corrimão. Foto 6. Rampa sem o guarda-corpo.

Com base nos resultados aferidos, vimos que diversos pontos analisados apresentam grande carência de infra-
estrutura com relação à norma ABNT NBR 9050. Ausência de corrimão nas escadas, portas e corredores
estreitos, locais sem acesso com rampa ou elevador adaptado, banheiros adaptados e inexistência de pisos
táteis.
Classificação das edificações:
Assim com base nessas análises foram selecionados os mais qualificados: como o Banco do Brasil, Itaú,
Teatro Carlos Gomes, Shopping Neumarkt, Previdência Social, Bremen Center, Shopping Hering,
Camelódromo, Prefeitura Municipal, Ed. Brasília, Shopping Beira Rio.
Os que tiveram maior reprovação foram: Delegacia Regional, CIEE, SESC, Correios, Livraria Alemã, Igreja
São Paulo, Justiça Federal, Fórum, Fórum Trabalhista, SESI farmácia e Drogaria Catarinense e Caixa.

Análise da Situação dos Passeios Públicos

LOGRADOUROS ITENS ANALISADOS


PÚBLICOS CALÇADAS MAL DIMENSIONADAS OBSTACULOS NO
DANIFICADAS PASSEIO
AV. BEIRA RIO X
RUA XV DE X X
NOVEMBRO
CURT HERING X X X
GETULIO VARGAS X X X

Foto 7. Arborização inadequada obstruindo o passeio Foto 8. Calçadas estreitas e com barreiras físicas
na Rua Getúlio Vargas na Rua Curt Hering

Foto 9. Piso das calçadas danificadas Foto 10. Obstáculos existentes na calçada
Foto 11. Av. Beira Rio – Trecho reurbanizado Foto 12. Rua XV de Novembro – trecho reurbanizado

Após as análises, observamos nas ruas já urbanizadas, poucas deficiências. È o caso da Rua XV e da Beira
Rio. Nas ruas ainda não urbanizadas, essas sofrem de grande falta de infra-estrutura adequada em relação à
acessibilidade. Ainda, na Avenida Beira Rio, um de seus poucos problemas é em relação aos pisos táteis que
se encontram fora das dimensões exigidas pela norma ABNT 9050. Na Rua XV de Novembro os pisos táteis
inexistem e, em alguns pontos, as barreiras arquitetônicas, representadas pelo mobiliário urbano dificultam a
livre circulação e representa um risco para os deficientes visuais que podem sofrer algum tipo de acidente
nesses locais. Na Curt Hering e na Getúlio Vargas os problemas são mais visíveis, como podemos verificar nas
fotos. Essas duas ruas estão nos planos da Prefeitura Municipal em promover a sua urbanização, podendo
dessa forma, corrigir os principais pontos como: calçadas danificadas e mal dimensionadas; existência de
barreiras físicas de mobiliário urbano e arborização inadequada.

Considerações Finais
Os resultados obtidos através dessa pesquisa demonstraram que o cumprimento das normas referente a
garantir a acessibilidade universal aos espaços de uso público, conforme prevê a norma ABNT NBR 9050/2004,
ainda não estão sendo cumpridas em sua plenitude. Algumas edificações da área central de Blumenau já estão
adaptadas e se encontram de acordo com as normas vigentes. Entretanto, nota-se que essa questão ainda
encontra resistências em diversos níveis seja por uma questão cultural ou mesmo, de natureza econômica para
que haja uma correta e boa acessibilidade aos espaços de uso público. Muitos alegam que elas são
impraticáveis nas edificações já existentes em face das dificuldades em se adaptar a edificação às exigências
da ABNT 9050. Pensamos que cabe ao poder público e também a sociedade civil, tomar ações para que o meio
urbano seja mais inclusivo e possa romper todos esses entraves físicos e sociais, numa ação igualitária,
oferecendo oportunidade e mobilidade universal a todos os cidadãos. Com os resultados obtidos nota-se que
ainda existe um descaso em fiscalizar a aplicação das leis e das normas específicas, em particular, a ABNT
NBR 9050 no ambiente urbano. Acreditamos que o cuidado com o meio urbano de nossas cidades, procurando
mantê-lo adequado e adaptado para o uso universal da população, independente de suas condições físicas é
uma questão de cidadania plena e de inclusão social. Qualquer pessoa seja ela portadora ou não de deficiência
temporária ou permanente para que tenham autonomia e independência para deslocarem-se sem restrições
nos espaços de uso público, esses devem ser perfeitamente adequados, para que todos possam ter a
segurança de praticar a caminhabilidade e a mobilidade. Esse incentivo pode ainda gerar à utilização de meios
de transporte menos poluentes, que não danifiquem o meio ambiente e que contribuam para melhorar a
economia e o meio ambiente como um todo. A temática da acessibilidade universal é, a nosso ver, não uma
mera questão de se prover o meio urbano de rampas, calçadas e mobiliário urbano adequado à boa norma
técnica ou à legislação. Trata-se de uma questão maior, de tornar a cidade mais democrática e mais inclusiva.
Nesse aspecto, cabe aos futuros profissionais do espaço urbano, sejam eles arquitetos, urbanistas,
engenheiros, designers, pensar e projetar o ambiente construído para que esse possa atender as necessidades
de todo população, independente de suas condições físicas ou mentais. Também julgamos necessário um
maior aprofundamento dessa pesquisa, tanto em termos teóricos como nas pesquisas de campo. A
amostragem utilizada foi suficiente para que se tenha uma breve visão desse “problema” no âmbito do
município, mas requer uma maior aprofundamento para que se possa avançar nesse debate e nas suas
possíveis soluções.

Referências Bibliográficas
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Edificações, Espaço Mobiliário e Equipamentos Urbanos. Rio de Janeiro: Associação Brasileira de Normas
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