Analise Sismica Sap 2000 Pag 64

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Universidade de Departamento de Engenharia Civil

Aveiro
2018

José Luis Lopes Alves ESTÁGIO: ANÁLISE SÍSMICA NO


DIMENSIONAMENTO DE ESTRUTURAS DE
EDIFÍCIOS
Universidade de Departamento de Engenharia Civil
Aveiro
2018

José Luis Lopes Alves ESTÁGIO: ANÁLISE SÍSMICA NO


DIMENSIONAMENTO DE ESTRUTURAS DE
EDIFÍCIOS

Relatório de estágio apresentado à Universidade de Aveiro para


cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de
Mestre em Engenharia Civil, realizada sob a orientação científica
do Professor Engenheiro José Alberto Marques Lapa, Professor
Auxiliar Convidado do Departamento de Engenharia Civil da
Universidade de Aveiro.
Dedico este trabalho à minha família.
o júri

presidente Prof. Doutora Maria Fernanda da Silva Rodrigues


Professora Auxiliar na Universidade de Aveiro

Doutor António José Pereira de Figueiredo


Investigador

Prof. José Alberto Marques Lapa


Professor Auxiliar Convidado da Universidade de Aveiro
Deixo uma mensagem, em gesto de agradecimento, a todas as
pessoas que me apoiaram e que de alguma forma, contribuíram
para a conclusão deste documento.

À minha família, pais, irmão, avós e tio, um muito obrigado pela


agradecimentos
oportunidade concedida, pelo apoio, dedicação, afeto, coragem e
força transmitidos

Ao meu orientador, professor José Alberto Marques Lapa, por


todo o apoio, orientação científica e conhecimentos transmitidos
ao longo deste percurso, bem como a oportunidade da realização
do estágio.

Aos Colaboradores da Ferreira Lapa, pelo companheirismo, pelo


ambiente de trabalho, pelo apoio constante, pelos conhecimentos
transmitidos, e acima de tudo pela amizade que criada.

A todos os meus amigos da Universidade de Aveiro, e da


Universitat Politècnica de Catalunya que marcaram o meu
percurso académico, obrigado pelo companheirismo, pelo apoio
permanente e dedicação para a concretização desta etapa.
Directamente à Eliana, Patrícia Ferreira, Diogo Antunes, Fábio
Simões, Francisco Felício e Pedro Moreira.

Ao Renato Rodrigues por todo o apoio, motivação e compreensão


demonstrados ao longo deste percurso. Bem como o
companheirismo.
palavras-chave Análise Sísmica, Eurocódigo, Estruturas, Esforços de
dimensionamento, Modelação, Elementos estruturais

resumo O presente trabalho diz respeito a um estágio curricular, realizado


no sentido de cumprir os requisitos necessários à obtenção do
grau de mestre em Engenharia Civil pela Universidade de Aveiro.
Estágio este efetuado no gabinete de projetos da empresa
Ferreira Lapa, Lda.

Sendo o sismo uma ação importante na conceção de estruturas


de edifícios, este trabalho pretende analisar diferentes tipos de
estruturas, nomeadamente um edifício industrial destinado a
serviços, e um edifício habitacional para habitação e comércio.
E também se intenciona determinar a ação sísmica à qual são
solicitadas.

O conteúdo de aprendizagem inclui o conhecimento da legislação


aplicável a esta análise estrutural, aprendizagem de software de
cálculo automático, o SAP2000.
keywords Seismic Analysis, Eurocode, Structures, Efforts of design,
Modeling, Structural elements

abstract
The present work concerns a curricular internship, accomplished
in the sense of fulfilling the requisites necessary to obtain the
degree of master’s in civil engineering by the University of Aveiro.
Internship done in the project office of the company Ferreira Lapa
Lda.

As the earthquake is an important action in the design of building


structures, this work intends to analyze different types of
structures, namely an industrial building for services, and a
residential building for housing and commerce. And it is also
intended to determine the seismic action to which they are
requested.

The learning content includes knowledge of the legislation


applicable to this structural analysis, learning automatic
calculation software, the SAP2000.
Índices

Índice
Índice ................................................................................................................................. i
Índice de figuras .............................................................................................................. iv
Índice de tabelas ............................................................................................................... v
Índice de gráficos............................................................................................................. vi
1. Introdução.................................................................................................................. 3
1.1. Motivação .......................................................................................................... 3
1.2. Objetivos e metodologia .................................................................................... 3
1.3. Calendarização ................................................................................................... 4
1.4. Descrição da empresa ........................................................................................ 5
2. Considerações iniciais ............................................................................................... 9
2.1. A ação sísmica e a abordagem ao Eurocódigo 8 ............................................... 9
2.2. Requisitos de desempenho e critérios de conformidade .................................... 9
2.3. Condições e tipos do terreno .............................................................................. 9
2.4. Ação sísmica .................................................................................................... 11
2.5. Tipos de análise sísmica de estruturas de edifícios .......................................... 12
3. Objetivos da Dinâmica de Estruturas ...................................................................... 17
3.1. Conceção estrutural .......................................................................................... 17
4. Métodos de análise sísmica ..................................................................................... 21
4.1. Métodos expeditos de pré-dimensionamento de estruturas sujeitas a sismos.. 21
4.1.1. Lajes ......................................................................................................... 21

4.1.2. Vigas ......................................................................................................... 22

4.1.3. Pilares ....................................................................................................... 23

4.1.4. Fundações ................................................................................................. 24

4.2. Métodos expeditos de análise sísmica ............................................................. 24


4.2.1. Método de Rayleigh ................................................................................. 24

4.2.2. Método simplificado de análise estática ................................................... 25

4.3. Métodos de análise sísmica .............................................................................. 26


4.3.1. Método das forças laterais ........................................................................ 26

4.3.2. Método do espectro de resposta modal..................................................... 27

4.3.3. Análise dinâmica não linear ..................................................................... 28

i
Índices

4.3.4. Análise estática não linear ........................................................................ 28

5. Casos de estudo ....................................................................................................... 33


5.1. Edifício industrial ............................................................................................ 33
5.1.1. Materiais ................................................................................................... 34

5.1.2. Solicitações ............................................................................................... 34

5.1.3. Modelação ................................................................................................ 34

5.1.3.1. Aproximações para elaboração do modelo ....................................... 34

5.1.3.2. Modelação dos elementos estruturais ................................................ 35

5.2. Edifício para habitação e comércio .................................................................. 37


5.2.1. Materiais ................................................................................................... 39

5.2.2. Solicitações ............................................................................................... 39

5.2.3. Modelação ................................................................................................ 39

5.2.3.1. Aproximação para efeitos da construção do modelo ........................ 39

5.2.3.2. Modelação dos elementos estruturais ................................................ 40

5.3. Combinações de ações ..................................................................................... 42


6. Análise segundo o EC8 ........................................................................................... 47
6.1. Plataforma logística ......................................................................................... 47
6.1.1. Definição da ação sísmica ........................................................................ 47

6.1.1.1. Definição do coeficiente do solo ....................................................... 48

6.1.1.2. Definição do coeficiente de comportamento, q ................................. 49

6.1.2. Definição do espectro de dimensionamento ............................................. 51

6.1.3. Análise modal segundo recorrendo ao SAP2000 ..................................... 54

6.1.3.1. Modos de Vibração ........................................................................... 54

6.1.3.2. Combinação das respostas modais .................................................... 55

6.1.3.3. Efeitos de torção acidental ................................................................ 55

6.1.4. Efeitos de 2ª ordem ................................................................................... 58

6.1.5. Limitação de danos ................................................................................... 59

6.1.6. Combinação dos efeitos das componentes da ação sísmica ..................... 60

ii
Índices

6.2. Edifício para habitação e comércio .................................................................. 62


6.2.1. Definição da acção sísmica....................................................................... 62

6.2.1.1. Definição coeficiente do solo ............................................................ 63

6.2.1.2. Definição do coeficiente de comportamento, q ................................. 63

6.2.2. Definição do espectro de dimensionamento ............................................. 65

6.2.3. Análise modal segundo recorrendo ao SAP2000 ..................................... 68

6.2.3.1. Modos de Vibração ........................................................................... 68

6.2.3.2. Combinação das respostas modais .................................................... 69

6.2.3.3. Forças de corte .................................................................................. 69

6.2.4. Efeitos de torsão ....................................................................................... 71

6.2.5. Efeitos de 2ª ordem ................................................................................... 71

6.2.6. Limitação de danos ................................................................................... 72

6.2.7. Combinação dos efeitos das componentes da ação sísmica ..................... 73

7. Considerações finais ................................................................................................ 77


7.1. Conclusões ....................................................................................................... 77
7.2. Desenvolvimentos futuros ............................................................................... 79
Referências bibliográficas .............................................................................................. 83
Anexos ............................................................................................................................ 81

iii
Índices

Índice de figuras
Figura 1 – Localização da Empresa (Google Earth ®) .................................................... 5
Figura 2 – Ação sísmica tipo 1 ....................................................................................... 11
Figura 3 – Ação sísmica tipo 2 ....................................................................................... 11
Figura 4 – Localização edifício (Google Earth ®) ......................................................... 33
Figura 5 – Terreno de implementação ............................................................................ 33
Figura 6 – Planta de cobertura e corte ............................................................................ 34
Figura 7 – Modelo geral em AutoCAD .......................................................................... 35
Figura 8 – Modelo geral elaborado em SAP2000 .......................................................... 36
Figura 9 – Localização do edifício (Google Earth ®) .................................................... 37
Figura 10 – Alçado orientado a este ............................................................................... 37
Figura 11 – Alçado orientado a sul ................................................................................. 37
Figura 12 – Identificação dos corpos do edifício ........................................................... 38
Figura 13 – Perspetiva final do projeto .......................................................................... 38
Figura 14 – Modelo criado em AutoCAD ...................................................................... 40
Figura 15 – Modelo em SAP2000 .................................................................................. 41
Figura 16 – Lista de pilares SAP2000 (1) ...................................................................... 42
Figura 17 – Lista de pilares SAP2000 (2) ...................................................................... 42
Figura 18 – Lista de pilares SAP2000 (3) ...................................................................... 42
Figura 19 – Lista de pilares SAP2000 (4) ...................................................................... 42
Figura 20 – Lista de lajes SAP2000 ............................................................................... 42
Figura 21 - Modo de vibração 1 ..................................................................................... 55
Figura 22 - Modo de vibração 6 ..................................................................................... 55
Figura 23 - Modo de vibração 3 ..................................................................................... 69
Figura 24 - Modo de vibração 7 ..................................................................................... 69

iv
Índices

Índice de tabelas
Tabela 1 – Horário no 1º semestre.................................................................................... 4
Tabela 2 – Horário no 2º semestre.................................................................................... 4
Tabela 3 – Calendário adotado ......................................................................................... 4
Tabela 4-Tipos de terreno [EC8] .................................................................................... 10
Tabela 5-Acelerações em Portugal continental .............................................................. 12
Tabela 6 – Aceleração ag, coeficiente de solo máximo Smáx, e limites de período TB,
TC e TD ............................................................................................................................ 48
Tabela 7 - Valores do coeficiente de solo, S .................................................................. 49
Tabela 8 – Elementos necessários para a definição dos espectros de dimensionamento
para os dois tipos de sismo ............................................................................................. 52
Tabela 9 – Períodos, modos de vibração, massas modais e seus somatórios ................. 54
Tabela 10 – Massa, período, aceleração e participação da massa .................................. 57
Tabela 11 – Forças de inércia calculadas ....................................................................... 57
Tabela 12 – Peso total da estrutura, Ptot, Deslocamento relativo dr, força de inércia, Vtot,
e altura da estrutura, h..................................................................................................... 59
Tabela 13 – Deslocamento relativo máximo dr,máx, coeficiente de redução u, altura entre
pisos h ............................................................................................................................. 60
Tabela 14 – Aceleração ag, coeficiente de solo máximo Smáx, e limites de período TB, TC
e TD ................................................................................................................................. 63
Tabela 15 – Valores do coeficiente de solo, S ................................................................ 63
Tabela 16 – Elementos necessários para a definição dos espectros de dimensionamento
para os dois tipos de sismo ............................................................................................. 65
Tabela 17 – Períodos, modos de vibração, massas modais e seus somatórios ............... 68
Tabela 18 – Massa, período, aceleração e participação da massa .................................. 70
Tabela 19 – Força basal calculada .................................................................................. 70
Tabela 20 - Peso total da estrutura Ptot, deslocamento máxiomo dr,máx, coeficiente de
redução u, altura entre pisos h ........................................................................................ 71
Tabela 21 – Deslocamento relativo máximo dr,máx, coeficiente de redução u, altura entre
pisos h ............................................................................................................................. 72

v
Índices

Índice de gráficos
Gráfico 1 – Espectro de dimensionamento sismo 1.4 .................................................... 52
Gráfico 2 – Espectro de dimensionamento sismo 2.3 .................................................... 53
Gráfico 3 – Espectro de dimensionamento sismo 1.6 .................................................... 66
Gráfico 4 – Espectro de dimensionamento sismo 2,5 .................................................... 67

vi
Capítulo 1
Introdução
Estágio: análise sísmica no dimensionamento de estruturas de edifícios

1. Introdução
O presente relatório faz parte do desenvolvimento da unidade curricular de
Dissertação/Projeto/Estágio do plano curricular do Mestrado Integrado em Engenharia
Civil (MIEC), do Departamento de Engenharia Civil da Universidade de Aveiro.
O referido relatório assenta na unidade curricular de Estágio que se realizou ao longo do
presente ano letivo de 2017/2018 na empresa Ferreira Lapa, Lda. O estágio teve como
tema a “Análise sísmica no dimensionamento de estruturas de edifícios”.

1.1. Motivação
A melhor maneira de colocar em prática os conhecimentos teóricos e as competências
adquiridas ao longo do curso de Engenharia Civil é a realização de um estágio numa
empresa da respetiva área.
A opção pela realização de estágio à escolha de dissertação não se deve só à razão
acima referida, mas também ao facto de a experiência profissional ser um dos fatores
mais importantes valorizado pelas entidades empregadoras, dado o panorama atual. O
estágio confere assim uma vantagem futura aquando da inclusão no mercado de
trabalho.

1.2. Objetivos e metodologia


A realização do estágio curricular na empresa Ferreira Lapa, Lda. Tem como principais
objetivos adquirir experiência prática e valorizar o conhecimento em Engenharia Civil,
nomeadamente no âmbito de dimensionamento de estruturas de edifícios.
Caracterizando um pouco mais estes objetivos, as expectativas para a realização deste
estágio são:
 Analisar as plantas do projeto de arquitetura;
 Estruturação;
 Modelação;
 Avaliação de ações permanentes e varáveis;
 Análise sísmica;
 Preparação de dados para programa;
 Análise de esforços;

José Luis Alves 3


Estágio: análise sísmica no dimensionamento de estruturas de edifícios

 Verificações regulamentares (deformação, fendilhação, deslocamentos,


limites…);
 Critérios de economia

1.3. Calendarização
De forma a cumprir os objetivos apresentados no presente relatório, que se realizou a
longo de dois semestres curriculares, foi cumprido o seguinte horário semanal:

Tabela 1 – Horário no 1º semestre


Horário Segunda Terça Quarta Quinta Sexta
9h00-13h00
14h00-18h00

Tabela 2 – Horário no 2º semestre


Horário Segunda Terça Quarta Quinta Sexta
9h00-13h00
14h00-18h00

As atividades realizadas no decorrer do estágio foram as seguintes:


A – Estudo mais aprofundado dos Eurocódigos 0, 1, 2, 7 e 8
B – Estudo de dinâmica de estruturas
C – Metodologias de análise sísmica de estruturas de edifícios
D – Análise sísmica recorrendo ao software SAP2000
F – Aplicação a um caso real de dimensionamento de estrutura de betão armado
G – Redação do relatório final
As atividades foram realizadas de acordo com o seguinte calendário:

Tabela 3 – Calendário adotado


Tarefa Outubro Novembro Dezembro Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro
A
B
C
D
E
F
G

4 José Luis Alves


Estágio: análise sísmica no dimensionamento de estruturas de edifícios

1.4. Descrição da empresa


A empresa Ferreira Lapa, Lda com sede em Aveiro, é uma empresa multifacetada,
abarcando vários tipos de atividades em sistema de cooperativa com vários profissionais
apresentando atualmente soluções nos domínios da Engenharia Civil, Formação,
Energias Renováveis, Gestão de Empreendimentos, Comunicação Design,
Webdevelopment, Arqueologia, Turismo e Traduções Técnicas.

Figura 1 – Localização da Empresa (Google Earth ®)


Dada a vasta experiência do Diretor Geral e dos colaboradores permanentes,
rapidamente a empresa mostrou ser capaz de aceitar e concluir com êxito qualquer
desafio nas suas variadas áreas de atuação, tendo conquistado a confiança de empresas
muito respeitadas e conceituadas a nível nacional e internacional, podendo contar com
elas para fazer parte da sua lista de parceiros. Além deste reconhecimentos e confiança,
a empresa recebeu sempre o melhor feedback de todos os serviços prestados, garantindo
assim o cumprimento da sua missão mais valiosa que é servir da melhor forma o cliente.
A internacionalização da empresa para Inglaterra e Polónia, foi sem dúvida uma
alavanca de confiança e permitiu um leque de conhecimentos, experiência, contactos e
suporte financeiro que permitiu a expansão da empresa para outros setores de atividade
empresarial, diversificando a sua oferta noutros domínios do conhecimento e da
tecnologia.
Este rápido concretizar da sua vocação inicial de se expandir para mercados e domínios
variados e menos comuns, permitiu outra vertente da empresa, que é a da inovação.
Para isso foi concretizada rapidamente e ideia inicial de apresentar soluções em
múltiplas áreas num modelo sólido cooperativo, sem encargos desnecessários e com
forte apoio das entidades nacionais e comunitárias, com base não só nos quadros da
própria empresa como de múltiplos colaboradores cooperativos externos com sólidos
conhecimentos em diversas áreas, decidindo apostar em áreas como energias
José Luis Alves 5
Estágio: análise sísmica no dimensionamento de estruturas de edifícios

renováveis, em especial a geotermia e a biotermia, na gestão de empreendimentos


turísticos, no sector da comunicação global com webdesign e wbdevelopment e ainda na
arqueologia, tendo conseguido também parceiros que se integram no nível de exigência
e de qualidade que a empresa entende prioritária, abrindo assim as portas a outras
oportunidades, a outros desafios e a outros países.

6 José Luis Alves


Capítulo 2
Considerações iniciais
Estágio: análise sísmica no dimensionamento de estruturas de edifícios

2. Considerações iniciais
2.1. A ação sísmica e a abordagem ao Eurocódigo 8
A aplicação do Eurocódigo 8 ao projeto de estruturas sujeitas à ação sísmica tem como
finalidade assegurar três objetivos: salvaguardar as vidas humanas; limitar os danos
provocados no edifício; garantir a operacionalidade de estruturas importantes para a
proteção civil.

2.2. Requisitos de desempenho e critérios de conformidade


Neste contexto é necessário que as estruturas sejam projetadas para a não ocorrência de
colapso local ou global para um nível de ação sísmica de determinada probabilidade de
ocorrência, designada por ação sísmica de cálculo, bem com seja controlado o nível de
danos provocados na mesma para uma ação sísmica de menor intensidade com maior
probabilidade de ocorrência que a ação sísmica de cálculo. Os danos provocados não
devem corresponder a custos desproporcionalmente elevados quando comparados com
os da própria estrutura. O cumprimento destes dois requisitos traduz-se regularmente na
verificação de dois estados limites: estados limites últimos e estados limites de danos
[EC8].

2.3. Condições e tipos do terreno


Para se classificar o terreno de acordo com o seu tipo é necessária a realização de
estudos de caracterização geotécnica. O local no qual será implementada a obra bem
como a natureza do terreno não devem apresentar riscos de rotura do terreno, de
instabilização de taludes e de afastamentos permanentes provocados por liquefação ou
aumento da compacidade do solo no caso de ocorrência de um sismo. Devem ser
realizados estudos de caracterização geotécnica para determinar a ação sísmica, de
acordo com a classe de importância da estrutura e das condições particulares do projeto.

José Luis Alves 9


Estágio: análise sísmica no dimensionamento de estruturas de edifícios

Tabela 4-Tipos de terreno [EC8]


Tipo de
Descrição do perfil estratigráfico Parâmetros
terreno
NSPT
cu
νs,30 (m/s) (pancadas/30
(kPa)
cm)
Rocha ou outra formação geológica do tipo
A rochoso, que inclua, no máximo, 5 m de >800 - -
material mais fraco à superfície
Depósitos de areia muito compactada, de
seixo (cascalho) ou de argila muito rija, com
uma espessura de, pelo menos, várias dezenas
B 360-800 >50 >250
de metros, caracterizados por um aumento
gradual das propriedades mecânicas com a
profundidade
Depósitos profundos de areia compacta ou
medianamente compacta, de seixo (cascalho)
C 180-360 15-50 70-250
ou de argila rija com uma espessura entre
várias dezenas e muitas centenas de metros
Depósito de solos não coesivos de
compacidade baixa mádia (com ou sem
D alguns estratos de solos coesivos moles), ou <180 <15 <70
de solos predominantemente coesivos de
consistência mole a dura
Perfil de solo com um estrato aluvionar
superficial com valores de νs do tipo C ou D e
E uma espessura entre cerca de 5 m e 20 m,
situado sobre um estrato mais rígido com
νs>800 m/s
Depósitos constituídos ou contendo um
estrato com pelo menos 10 m de espessura de
<100
S1 argilas ou siltes moles com um elevado índice - 10-20
(indicativo)
de plasticidade (PI>40) e um elevado teor em
água
Depósitos de solos com potencial de
liquefação, de argilas sensíveis ou qualquer
S2
outro perfil de terreno não incluído nos tipos
A - E ou S1

Os terrenos do tipo A, B, C, D e E, descritos por perfis estratigráficos e pelos


parâmetros indicados na Tabela 1, podem ser utilizados para ter em conta a influência
das condições locais do terreno na ação sísmica. Poderá também ser tida em conta a
influência da geologia profunda na ação sísmica.
Se disponível o terreno deve ser classificado de acordo com o valor de velocidade média
das ondas de corte, νs,30, em contrário utiliza-se o valor de NSPT.
A velocidade média das ondas de corte νs,30, deve ser calculada de acordo com a
seguinte expressão:
νs,30=

10 José Luis Alves


Estágio: análise sísmica no dimensionamento de estruturas de edifícios

2.4. Ação sísmica


No EC8 são definidos dois tipos de ação sísmica para o território nacional. A ação
sísmica tipo 1 apresenta um cenário de geração interplacas continentais caracterizando-
se por baixas frequências, elevada magnitude e longa duração. A ação sísmica tipo 2
apresenta um cenário de geração intraplacas continentais caracterizando-se pela elevada
frequência, magnitude moderada e curta duração.

Figura 2 – Ação sísmica tipo 1 Figura 3 – Ação sísmica tipo 2

As figuras 2 e 3 apresentam o zonamento sísmico do território de Portugal Continental


para os dois tipos de ação de acordo com o EC8.

José Luis Alves 11


Estágio: análise sísmica no dimensionamento de estruturas de edifícios

Tabela 5-Acelerações em Portugal continental


Ação sísmica tipo 1 Acão sísmica Tipo 2
Zona Sísmica agR (m/s2) Zona Sísmica agR (m/s2)
1,1 2,5 2,1 2,5
1,2 2,0 2,2 2,0
1,3 1,5 2,3 1,7
1,4 1,0 2,4 1,1
1,5 0,6 2,5 0,8
1,6 0,4 - -

Na tabela 5 estão indicados os valores de referência da aceleração máxima (agR)


correspondestes aos tipos de ação sísmica. No dimensionamento da estrutura a ação a
considerar é a ação sísmica de cálculo (ag) obtida pelo produto da aceleração de
referência pelo coeficiente de importância γ1, como se pode verificar na seguinte
expressão:

2.5. Tipos de análise sísmica de estruturas de edifícios


A verificação ou garantia da segurança de uma estrutura envolve a determinação dos
efeitos das diferentes ações sobre a estrutura, e a verificação ou garantia que a estrutura
tem capacidade para lhes resistir, se forem forças de inércia ou esforços internos que
possam afetar a integridade da estrutura, ou se são aceitáveis, caso sejam grandezas
cinemáticas como deslocamentos ou acelerações. Como a perceção dos esforços
internos é útil para entender a metodologia de verificação de segurança e as
metodologias de dimensionamento.
A determinação dos efeitos da ação dos sismos sobre as estruturas pode ser feita por via
experimental ou por via analítica. Sendo que a primeira faz uso de modelos reduzidos
ou à escala natural das próprias estruturas, aplicando forças ou deslocamentos em
alguns pontos e determinando os seus efeitos. A segunda via baseia-se na análise, por
cálculo manual ou em computador, de modelos matemáticos que, mediante
determinadas hipóteses, simulam o comportamento real da estrutura.

12 José Luis Alves


Estágio: análise sísmica no dimensionamento de estruturas de edifícios

A via experimental usa-se raramente, essencialmente em casos bastante complexos, cuja


modelação analítica se baseia em hipóteses que necessitem de ser validadas ou
calibradas (Lopes, 2009).

José Luis Alves 13


Capítulo 3
Objetivos da dinâmica de estruturas
Estágio: análise sísmica no dimensionamento de estruturas de edifícios

3. Objetivos da Dinâmica de Estruturas


A análise dinâmica de uma estrutura pode ser efetuada segundo as seguintes fases:
 Quantificação do tipo de ação dinâmica à qual a estrutura é sujeita
 Definição de um modelo estrutural
 Definição de um modelo de cálculo que represente o comportamento da
estrutura, em termos de deslocamentos e esforços
 Estudo dinâmico comportamental do modelo em análise
Ao longo deste trabalho será dedicada especial atenção á análise do comportamento
dinâmico de estruturas quando sujeitas à ação sísmica, poie é o tipo de ação dinâmica,
falada com mais frequência, no dimensionamento de estruturas.
Os objetivos propostos para este trabalho prendem-se com o aumento do conhecimento
de forma a entender o comportamento dinâmico das estruturas, determinação de
esforços devidos a ações de caracter dinâmico e conhecimento de sistemas estruturais
eficientes e económicos.

3.1. Conceção estrutural


Para que a resistência sísmica de um determinado edifício seja atingida, em qualquer
direção horizontal, é necessário ter em conta alguns conceitos básicos no que à forma e
tipo do edifício dizem respeito. A simplicidade estrutural é o principal critério que leva
a um bom funcionamento da estrutura quando sujeita à ação sísmica. O principal
objetivo deste critério é garantir que o edifício é concebido com formas simples e
regulares tento em planta como em altura, nem que para isso se tenha de dividir a
estrutura. É fulcral a conceção (Guedes, 2011).
O efeito do comportamento assimétrico de estruturas, normalmente associadas a
esforços de torção, o que é inconveniente do ponto de vista da resposta à ação sísmica.
Pois deve-se ao facto de os pilares mais afastados do centro de rotação sofrerem
esforços e/ou deslocamentos mais elevados, levando a uma maior dificuldade no seu
dimensionamento e numa adequada pormenorização. É possível evitar este efeito,
fazendo coincidir, ao nível dos pisos, o centro de massa com o centro de rigidez,
dotando as estruturas com rigidez tanto quanto possível distribuída simetricamente em
duas direções ortogonais (Amaral, 2014).

José Luis Alves 17


Estágio: análise sísmica no dimensionamento de estruturas de edifícios

A redundância estrutural é outro critério bastante importante e tem como principal


objetivo garantir que há possibilidade de haver encaminhamento de esforços para outros
elementos caso haja a plastificação de um outro elemento, garantindo assim que após a
primeira plastificação o edifício não sofre grandes danos estruturais. (Lopes, 2008).

18 José Luis Alves


Capítulo 4
Métodos de análise sísmica
Estágio: análise sísmica no dimensionamento de estruturas de edifícios

4. Métodos de análise sísmica


4.1. Métodos expeditos de pré-dimensionamento de estruturas sujeitas a
sismos
Após definição da solução estrutural, torna-se necessário proceder ao pré-
dimensionamento dos elementos estruturais com o objetivo de determinar as dimensões
que, a priori, satisfazem as condições exigidas. O pré-dimensionamento deve,
naturalmente, seguir uma ordem, uma vez que em função das dimensões dos elementos,
os pesos próprios destes variam. Uma vez que as cargas seguem o caminho tipo “laje
→viga →pilar/paredes →sapata”

4.1.1. Lajes
Nos edifícios, os pavimentos têm um papel muito importante no comportamento
sísmico global da estrutura. Atuam como diafragmas horizontais que recebem e
transmitem as forças de inércia aos sistemas estruturais verticais e garantem a
solidariedade desses sistemas na resistência à ação sísmica horizontal. Estes deverão ser
dotados de adequadas rigidez e resistência no plano e deverão possuir ligações eficazes
ao sistema resistente às ações laterais, garantindo a integração deste sistema como um
todo.
O pré-dimensionamento de uma laje consiste em determinar o peso próprio e a
espessura necessária, para que a mesma apresente capacidade resistente e deformações
admissíveis perante as ações permanentes e variáveis a que esteja submetida. A
espessura das lajes, depende entre outras, das condições de apoio, das condições de
utilização e das cargas a que as mesmas estão sujeitas. Por questões práticas, estéticas e
até de ordem económica, é comum manter a mesma espessura de laje num mesmo piso,
e como tal efetua-se o cálculo para a laje mais desfavorável (geralmente com maior vão
e/ou submetida às maiores cargas atuantes) adotando-se assim essa espessura para todas
as outras.
A espessura deste elemento estrutural definida pode ser determinada consoante o seu
tipo.

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Para lajes vigadas unilaterais e bilaterais utiliza-se, respetivamente:

No caso de lajes fungiformes maciça e aligeirada, respetivamente:

4.1.2. Vigas
Num pré-dimensionamento de vigas expedito é comum utilizar a seguinte expressão:

Para o pré-dimensionamento das vigas verificaram-se duas situações, para o esforço à


deformação e para o esforço à flexão. Após efetuar os cálculos deve verificar-se qual a
condição mais desfavorável, que requer vigas de maior secção. Como forma de
homogeneizar a envolvente exterior, procura-se que as vigas possuam a mesma altura.
Na verificação da deformação, recorre-se a um processo análogo ao dimensionamento
das lajes.
Inicialmente determinam-se os vãos maiores de cada viga da e as condições de apoio,
através dos quais se obtêm os valores de (L/d)ref, que se encontram no Eurocódigo 2,
relativos à deformação (“casos em que o cálculo da flecha pode ser desprezado”).
Relativamente ao pré-dimensionamento das vigas à flexão, procura-se, em primeira
instância, determinar as áreas de influência das vigas.
Posto isto, transforma-se a carga distribuída atuante na respetiva laje, numa carga linear
recorrendo à seguinte expressão:

O valor de K depende do número de tramos de cada viga.


Possuindo todos os parâmetros acima referidos, calcula-se o momento através da
seguinte expressão:

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Por fim, calcula-se o valor de dmim através da expressão:

Ao dmim, soma-se o recobrimento e obtém-se o valor de hmin, que corresponde à altura


mínima da viga.

4.1.3. Pilares
O pré-dimensionamento dos pilares tem um papel de elevada importância na fase inicial
de um projeto estrutural, uma vez que estes são os elementos que mais interferem nos
ambientes arquitetónicos.
Para o pré-dimensionamento dos pilares, determinaram-se as áreas de influência. De
seguida, obteve-se o valor do esforço axial no pilar através da área de influência e das
ações verticais recorrendo à seguinte expressão:
Ned=β Ai Psd
Sendo que β depende da localização do pilar relativamente ao edifício, podendo assumir
os seguintes valores:
β = 1.5 →Se for pilar de canto
β = 1.4 →Se for pilar de bordo
β = 1.15 →Se for pilar de interior
Ao esforço axial adiciona-se, ainda, metade do peso próprio das vigas que o pilar
suporta.
Posteriormente, sabendo o valor de N, calcula-se a área de betão necessária através da
seguinte expressão:

Com Ac determinado, obtém-se então as dimensões necessárias de cada pilar.

José Luis Alves 23


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4.1.4. Fundações
A analise das condições de fundação de um edifício requer a realização de Estudo
Geológico-Geotécnico especifico (caso não exista para inicio dos estudos, pode ser
necessário desenvolver o Plano de Prospeção). O estudo deve também procurar reunir
toda a informação geológica da zona, em particular:
 existência de aterros (a consulta de levantamentos topográficos antigos e sua
comparação com os atuais pode dar informações importantes);
 nível freático;
 visita ao local, observando taludes e construções vizinhas (das quais se deve
procurar obter informações sobre o tipo de fundações e observar se existem
sinais de assentamentos estruturais).
A opção principal, consoante as condições geotécnicas, e a da execução de:
 fundações superficiais (Sapata isolada, Sapata continua, Ensoleiramento)
 fundações profundas.

4.2. Métodos expeditos de análise sísmica


4.2.1. Método de Rayleigh
O método de Rayleigh, é um método aproximado de determinação de frequências. A
sua aplicabilidade embora não restrita, estende-se na prática apenas à determinação da
frequência fundamental (frequência própria mais baixa).
Para aplicação do método torna-se necessário arbitrar qual a configuração deformada da
estrutura durante a vibração. Quanto melhor a configuração idealizada corresponder à
configuração de vibração, melhor será a aproximação da frequência obtida, a qual é no
entanto sempre superior à frequência real.
O método de Rayleigh fundamenta-se no princípio da conservação de energia dum
sistema a oscilar em regime livre, desprezando consequentemente a contribuição das
forças de amortecimento. A determinação da frequência corresponde assim à igualdade
entre as energias cinética, e potencial máximas para a configuração de vibração adotada.
No método simplificado de Rayleigh admite-se que uma aproximação do modo
fundamental é a deformada que se obtém solicitando a estrutura pelo seu peso, mas
aplicado com a direção horizontal.

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É ainda corrente diferenciar a aplicação do método de acordo com a maior ou menor


distribuição das características de inércia e flexibilidade do sistema distinguindo-se
neste âmbito as formulações do método para sistemas contínuos e sistemas discretos.

4.2.2. Método simplificado de análise estática


As estruturas em que pode usar-se o método simplificado da análise estática devem
obedecer às seguintes quatro condições.
 A distribuição da massa e da rigidez em planta deve ser proporcionada;
A distância entre o centro de rigidez e da massa deve ser inferior a 0.15 a e a 0.15 b.
Define-se o centro de rigidez de um piso como o ponto em que a aplicação de uma força
horizontal origina deslocamentos tais que não se verifique rotação. A determinação
simplificada do centro de rigidez pode ser feita considerando dois sistemas de forças
proporcionais à inércia dos elementos verticais e determinando a linha de ação das
correspondentes resultantes. O ponto de intersecção destas duas linhas de ação define o
centro de rigidez
 A distribuição vertical da massa e da rigidez não deve apresentar grandes
variações.
 A malha deve ser ortogonal e pouco deformável.
De um modo geral esta condição é verificada desde que a frequência fundamental seja
maior que 0.5Hz ou 8/nHz em que n é o número de andares. Observa-se ainda que neste
caso, e desde que se verifique a segunda condição, devem obter-se deslocamentos
relativos entre dois pisos inferiores a 1.5% da distância entre os referidos nós o que,
dispensa a consideração da instabilidade de conjunto da estrutura.
 Os pisos devem ser indeformáveis no seu plano.
Se estas condições se verificaram pode ser plicado o método estático. Neste método
simplificado a ação do sismo é quantificada através do coeficiente sísmico.

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4.3. Métodos de análise sísmica


A escolha de um método de análise estrutural é um passo importante no
dimensionamento de estruturas, visto que cada método pede uma modelação de
estrutura diferente. O EC8 permite a utilização de diversos métodos de análise conforme
a complexidade, regularidade e importância da estrutura em estudo (Gomes, 2009).

4.3.1. Método das forças laterais


O método das forças laterais baseia-se numa análise estática linear da estrutura. Trata-se
de um método simples, mas a sua utilização é restringida a estruturas cuja resposta seja
maioritariamente condicionada pelo primeiro modo de vibração, condição que o EC8
(2010) garante ser cumprida se o período de vibração do primeiro modo de vibração da
estrutura for menor que 2,0 s ou que 4‧ Tc e se o critério de regularidade em altura for
cumprido (Gomes, 2009).
Este método consiste na determinação das forças de corte na bse (corte basal) devido à
ação sísmica, sendo essas forças equilibradas por forças ao nível dos pisos, de
intensidade crescente em altura, que representam as forças de inércia desenvolvidas pelo
sismo. Seguinte passo consiste na determinação dos esforços em cada elemento
recorrendo aos diversos métodos existentes para o efeito.
O EC8 propõe uma metodologia que passa pela determinação do corte basal Fb, devida
à ação sísmica, representada na seguinte expressão:

Fb=Sd(T1)‧ m‧ λ

Em que:
 Fb é força de corte sísmica na base;
 Sd(T1) é o valor da ordenada do espectro de cálculo para o período T1;
 T1 é o período de vibração fundamental na direção considerada;
 m massa total do edifício, acima da fundação ou acima do nível superior de uma
cave rígida;
 λ fator de correção que, traduz o facto de nos edifícios com pelo menos três
pisos e com graus de liberdade de translação em cada direção horizontal, a
massa modal efetiva ser em média 15 % inferior à massa total do edifício.

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Na determinação do período de vibração fundamental T1 do edifício, podem ser


utilizadas as expressões baseadas nos métodos da dinâmica das estruturas, como é
exemplo o método de Rayleigh). O EC8 apresenta uma forma de calcular este período
com uma expressão relacionada com a altura e tipo do edifício.

4.3.2. Método do espectro de resposta modal


O método de análise dinâmica linear por espectros de resposta, é possível de executar
através dos seguintes passos:
 Determinação de frequências e modos de vibração, onde é descrito o cálculo das
características da dinâmica de estruturas;
 Análise dinâmica, onde é feito o cálculo dos efeitos dos sismos
A análise dinâmica da estrutura recai sobre um modelo que simula não só a estrutura
como também as suas massas. Estas massas distribuem-se ao longo do volume dos
elementos que constituem os edifícios, estruturais e não estruturais, e das sobrecargas de
utilização presentes na estrutura aquando do sismo. Em edifícios, uma significativa
parte das massas situa-se ao nível dos pisos, que facilmente se entende devido à
presença das lajes, os respetivos revestimentos, e onde as sobrecargas atuam. É prática
corrente concentrar a totalidade da massa dos edifícios ao nível dos pisos, distribuindo a
massa das paredes e dos pilares entre pisos, pelos pisos adjacentes.
O número de graus de liberdade de um sistema é definido a partir do número mínimo de
deslocamentos e rotações independentes das suas massas. Visto que os pisos dos
edifícios de betão armado se podem considerar indeformáveis no seu plano, num pórtico
plano com a massa de cada piso distribuída ao longo das vigas.
Nas análises dinâmicas por espectros de resposta, os valores máximos de resposta dos
diferentes parâmetros, (como é exemplo, deslocamentos máximos ou momento fletor
máximo) são determinados aproximadamente a partir da combinação das respostas
máximas obtidas para cada modo de vibração específico. Cada modo comporta-se como
um sistema de um grau de liberdade e a resposta máxima ao longo do tempo da atuação
do sismo deste modo de vibração específico corresponde ao valor espectral associado à
frequência de vibração do modo. Na ótica do projetista da estrutura o que interessa são
os valores máximos de qualquer grandeza (esforços internos, deslocamentos), tendo em
conta o comportamento dinâmico global da estrutura.

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Em sistemas com mais de um grau de liberdade estes máximos são influenciados por
diversos modos de vibração. Dado que cada grandeza varia temporalmente, eleva-se a
questão de como calcular o valor máximo dessa grandeza, combinando os valores
máximos que assume em cada modo, pois, geralmente não ocorrem em simultâneo.
Quando os valores das frequências de vibração correspondentes aos diferentes modos
estão próximos, este método não apresenta bons resultados, então utiliza-se o método de
combinação denominado “Combinação Quadrática Completa” (Lopes, 2008).

4.3.3. Análise dinâmica não linear


Como indica o subtítulo, esta análise entra no campo das análises com comportamento
não-linear geométrico e material, utilizando a metodologia de análise dinâmica, previsto
no EC8 (2010), como descrito no ponto 3.6.5. Neste tipo de análises deve-se criar um
modelo onde a ação sísmica seja corretamente simulada e os resultados cuidadosamente
interpretados para garantir que a modelação executada não seja alvo de grandes erros.
Por isso, é aconselhável quando se executar estas análises recorrer a dois programas
distintos, para assim detetar melhor a existência de erros de modelação. O modelo
elaborado, além de se definir as resistências dos elementos, também deve ter em conta o
respetivo comportamento pós-elástico. A utilização de análises desse tipo em estruturas
como as pontes permite obter as regiões mais frágeis da estrutura, assim como o
desempenho geral. Logo, através desse método, para além de se obter um conhecimento
da ductilidade, também se consegue determinar as deficiências que a estrutura tem,
quando submetida à ação sísmica. No entanto, trata-se de um método de enorme
complexidade, contendo algoritmos complexos, portanto trata-se de um método moroso
(Mayur & Reddy, 2006) e exigindo capacidades de software e hardware de modo a
obterem-se resultados em condições de comportamentos além dos linear elástico, pelo
que normalmente apenas em estruturas muito importantes tal análise é utilizada.

4.3.4. Análise estática não linear


No EC8 (2010) também permite a utilização de análises pushover para a modelação de
uma estrutura sujeita a ação sísmica. Essa análise encontra-se no campo das análises
estáticas não-lineares das estruturas sujeitas a forças verticais (no sentido da força
gravítica) constantes e submetidas a carregamento horizontal incrementado
monotonicamente. Esses carregamentos horizontais são acrescidos até atingir um
28 José Luis Alves
Estágio: análise sísmica no dimensionamento de estruturas de edifícios

deslocamento pretendido. A análise pushover leva em consideração o comportamento


não linear da estrutura, faz a relação entre a resposta global da estrutura com uma
estrutura equivalente de um grau de liberdade, traça sequencialmente a cedência e
colapso dos elementos e, finalmente, permite uma avaliação adequada do desempenho
sísmico para diferentes estados limites.
Os objetivos principais dessa análise são os seguintes (Bento, 2003):
 estimar a sequência e o modelo final de formação de rótulas plásticas;
 estimar a redistribuição das forças que sucedem à formação de rótulas plásticas;
 a avaliação da curva força-deslocamento da estrutura e das exigências em termos
de deformação das rótulas plásticas até atingir o deslocamento objetivo.

José Luis Alves 29


Capítulo 5
Casos de estudo
Estágio: análise sísmica no dimensionamento de estruturas de edifícios

5. Casos de estudo
Para aplicação dos métodos de análise a casos reais de dimensionamento de estruturas
de betão armado, foram considerados dois edifícios com finalidades completamente
distintas. Um deles trata-se de um edifício industrial para plataforma logística, e o outro
destina-se a habitação e comércio.

5.1. Edifício industrial


Trata-se dum edifício industrial para plataforma logística com fundações em estacas a
realizar em Vila Franca de Xira, próximo do rio Tejo.

Figura 5 – Terreno de implementação

Figura 4 – Localização edifício (Google


Earth ®)

O piso é elevado em aproximadamente 1,20 a realizar-se em lajes alveolares.


O estrato resistente encontra-se a cerca de 25 metros da superfície pelo que serão
realizadas estacas cravadas a funcionar por ponta, com maciços de encabeçamento
ligados por vigas de rigidez nas duas direções de desenvolvimento da plataforma que
servirão igualmente para apoios da laje.
A supra-estrutura será constituída por pilares de betão com a estrutura principal de
cobertura composta por vigas pré-fabricadas de betão formando pórticos resistentes ou
então por cobertura metálica tridimensional.

José Luis Alves 33


Estágio: análise sísmica no dimensionamento de estruturas de edifícios

Figura 6 – Planta de cobertura e corte

5.1.1. Materiais
No caso dos elementos pré-fabricados, estes são constituídos por betão de classe C25/30
(E = 31GPa; fcd = 16,7MPa) e aços de armaduras ordinárias A500NR (E = 200GPa; fyd=
435MPa).
Em relação às vigas de fundação, estas são constituídas por betão de classe C25/30 e por
aços de classe A500NR.

5.1.2. Solicitações
O edifício está sujeito às seguintes cargas:
 peso próprio – (peso volúmico do betão) 25 kN/m3
 sobrecarga –50 kN/m2
 carga da cobertura (aplicada nas asnas) – 10 kN/m

5.1.3. Modelação
Para simular o comportamento da estrutura quando esta se encontra sujeita a ações
verticais e horizontais, foi elaborado um modelo de elementos finitos com auxílio do
programa de cálculo SAP2000 v.20.

5.1.3.1. Aproximações para elaboração do modelo


A elaboração do modelo foi efetuada recorrendo a algumas aproximações. A
necessidade destas deve-se a impossibilidade do programa, ou a dificuldades em efetuar
o modelo, com rigor, o comportamento real da estrutura, ou quando, apesar de serem
possíveis, poderão sobrecarregar o programa, e por isso foram simplificadas.

34 José Luis Alves


Estágio: análise sísmica no dimensionamento de estruturas de edifícios

 Apesar da cobertura ser inclinada, devido à secção variável das asnas (viga I),
optou-se por modelar a cobertura como sendo horizontal;
 A fendilhação das peças de betão poderá ser considerada, de acordo com o artigo
4.3.1.(7) do EC8, através de uma redução de 50% das propriedades de rigidez
elástica de flexão e de esforço transverso das peças de betão não fendilhadas.

5.1.3.2. Modelação dos elementos estruturais


Antes de iniciar a modelação no programa SAP2000, foi criado um modelo em
AutoCAD 2019, com os eixos de todos os elementos estruturais. Este processo facilitou
a modelação da estrutura no programa de cálculo, pois é possível importar estes
“frames”, e depois atribuir-lhes as dimensões corretas.

Figura 7 – Modelo geral em AutoCAD

José Luis Alves 35


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O modelo final da estrutura concebido no programa de cálculo automático é o


apresentado na figura seguinte:

Figura 8 – Modelo geral elaborado em SAP2000

Na conceção do modelo estrutural foram definidos todos os elementos estruturais,


nomeadamente: pilares, vigas, asnas, vigas de fundação e lajes de pavimento.

 Pilares (P)
Estes elementos foram concebidos com recurso à ferramenta “frame” do programa
SAP2000, como se trata de um tipo de construção regular os pilares têm todos as
dimensões em planta de 0,70x0,70 m2.
 Vigas (V1)
As vigas de contorno têm dimensões 0,50x0,50 m2 .
 Asnas (VI)
Estes elementos estruturais foram modelados com uma secção em I com 1,00 m de
altura.
 Vigas de fundação (V2)
Vigas de fundação têm dimensões de 0,50x0,50 m2.
 Lajes de pavimento
Este elemento estrutural foi modelado com recurso a lajes maciças de 0,30 m de
espessura.

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5.2. Edifício para habitação e comércio


Trata-se dum edifício pouco regular com 16 níveis localizado em Santo Tirso, em que
se pretende reabilitar alguns elementos estruturais existentes.

Figura 9 – Localização do edifício (Google Earth ®)

Para a realização deste estudo foram efetuadas visitas técnicas ao edifício, para
avaliação do seu funcionamento estrutural, da geometria e vãos, do estado de
conservação estrutural, dos danos existentes e vícios construtivos, assim como para a
marcação de alguns pontos estratégicos de ensaios, essenciais para a avaliação da
capacidade resistente dos elementos de betão armado.

Figura 10 – Alçado orientado a este Figura 11 – Alçado orientado a sul

Para uma melhor leitura do presente relatório e para uma identificação dos elementos
em análise mais simplificada, fez-se uma divisão do edifício em dois Corpos de acordo
com a Figura 12, seguindo-se a nomenclatura para identificação dos mesmos de: Corpo
A e Corpo B.

José Luis Alves 37


Estágio: análise sísmica no dimensionamento de estruturas de edifícios

Figura 12 – Identificação dos corpos do edifício

Trata-se de um edificio destinado a habitação e a comércio. Dada a divisão do edifício


em dois Corpos (A e B), o Corpo A é constituído por dois pisos semienterrados
(subcave e cave), rés-do-chão e 6 andares elevados, enquanto que o Corpo B é formado
por dois pisos semienterrados (subcave e cave), rés-do-chão e 3 andares elevados.
O trabalho para o qual a empresa foi solicitada inclui os seguintes pontos:
 Análise de elementos estruturais com deformações elevadas;
 Avaliação da capacidade resistentes dos elementos resistentes pilares e
fundações.

Figura 13 – Perspetiva final do projeto

38 José Luis Alves


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5.2.1. Materiais
Trata de uma estrutura em betão armado, os elementos deste edifício são em betão da
classe C30/37 (E = 33GPa; fcd = 20MPa) e o aço de armaduras ordinárias A500NR (E =
200GPa; fyd= 435MPa).

5.2.2. Solicitações

 Peso próprio
 Sobrecarga distribuída no interior das habitações 1.5 kN/m2. Foi utilizado este
valor em detrimento do valor típico de 2.0 kN/m2 dado que a arquitetura é
composta por uma compartimentação interior bem definida assim como os
equipamentos e outros instrumentos a ocupar o interior das habitações. Além
disso as paredes interiores serão maioritariamente em pladur;
 Sobrecarga distribuída na cobertura 0.4 kN/m2;
 Sobrecarga distribuída nos pisos e zonas de estacionamento de 5.0 kN/m2;
 Sobrecarga distribuída nas zonas comerciais de 4.0 kN/m2.

5.2.3. Modelação
Em semelhança ao edifício industrial também foi elaborado um modelo, de elementos
finitos com auxílio do programa de cálculo SAP2000 v.20.

5.2.3.1. Aproximação para efeitos da construção do modelo


Tal como na modelação da plataforma, a elaboração do modelo será efetuada
recorrendo a algumas aproximações. A necessidade destas deve-se ao facto de esta ser
uma estrutura com alguma complexidade, pois não é do tipo regular. De forma a
diminuir erros na introdução dos elementos estruturais, tentou-se que estes estivessem
dispostos da forma mais alinhada possível.
O edifício é composto por três corpos, com juntas entre si, isto significa que o
comportamento dos três corpos será independente entre si. Como o objetivo desta
dissertação é a análise ao comportamento do edifício, apenas foi modelado o corpo A.

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5.2.3.2. Modelação dos elementos estruturais


À semelhança do edifício descrito anteriormente, também foi criado uma modelo em
AutoCAD para esta estrutura. Foram criadas várias Layers de forma a facilitar a sua
exportação para o SAP2000, pois a cada layer corresponde uma dimensão diferente,
nomeadamente os pisos, tal como se pode observar na imagem seguinte:

Figura 14 – Modelo criado em AutoCAD

Após a importação de todos os frames, o modelo final do edifício, no programa


SAP2000 encontra-se na figura 15.

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Figura 15 – Modelo em SAP2000

Na conceção do modelo estrutural foram definidos vários elementos estruturais,


nomeadamente: pilares, vigas e lajes e núcleos de caixas de elevador. As vigas e os
pilares foram modelados utilizando o comando “frame properties” do programa
SAP2000, as dimensões consideradas encontram-se nas seguintes figuras.

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Figura – 16 Lista de pilares SAP2000 (1) Figura 17 – Lista de pilares SAP2000 (2)

Figura – 18 Lista de pilares SAP2000 (3) Figura 19 – Lista de pilares SAP2000 (4)

As lajes foram definidas com recurso ao comando “area sections”, tal como ilustrado na
figura 20.

Figura 20 – Lista de lajes SAP2000

5.3. Combinações de ações

42 José Luis Alves


Estágio: análise sísmica no dimensionamento de estruturas de edifícios

Tendo em conta que, com este trabalho, é pretendido analisar, corretamente, um edifício
industrial e um edifício de habitação e comércio às ações sísmicas, a combinação de
ações mais importante neste caso será a combinação sísmica. Assim, de acordo com o
artigo 6.4.3.4 do EC0, a forma geral de combinação de ações para a situação de
dimensionamento sísmico será:

onde:
Gk,j – valor característico “k” da ação permanente “j”;
P – valor de pré-esforço ou pré-tensão;
AEd – valor das ações sísmicas;
Ψ2,i – coeficiente de combinação para o valor quase permanente das ações variáveis “i”;
Qk,i – valor característico “k” da ação variável “i”.
O valor do coeficiente está disponível na tabela A1.1 do EC0 e corresponde a zero para
o caso de coberturas.
Para determinar os esforços devidos apenas à ação sísmica, AEd , as massas deverão
obedecer à combinação de ações gravíticas disposta no artigo 3.2.4.2(P) do EC8:

O valor quase-permanente das ações variáveis gravíticas, Qk,i , deverá ser calculado de
acordo com o artigo 4.2.4 do EC8, ou seja:

Este coeficiente tem em conta a possibilidade das cargas variáveis não estarem
presentes em todo o edifício ao mesmo tempo e também poderá cobrir o efeito de uma
reduzida participação das massas nos movimentos da estrutura, devida à ligação não
rígida entre elas.

José Luis Alves 43


Estágio: análise sísmica no dimensionamento de estruturas de edifícios

Tendo em conta que o edifício do primeiro caso de estudo é da classe D (edifício


comercial – tabela 6.1 do EC1), o valor de a ter em conta no cálculo do valor quase-
permanente das ações variáveis será igual a 1,0, por consulta do quadro 4.2 do EC8. No
entanto, uma vez que , também o coeficiente será igual a 0,6.
O edificio do segundo caso de estudo é da classe A ( edificio de actividades domésticas
e residênciais), o valor de a considerar no cálculo do valor quase-permanente das
ações variáveis será igual a 0,5.
O valor de , o coeficiente terá o valor de 0,045.

44 José Luis Alves


Capítulo 6
Análise segundo o Eurocódigo 8
Estágio: análise sísmica no dimensionamento de estruturas de edifícios

6. Análise segundo o EC8


Neste capítulo a será definida a ação sísmica para os diferentes casos de estudo e serão
apresentados os aspetos a considerar na análise modal da estrutura segundo o EC8 e
com recurso ao programa SAP2000.

6.1. Plataforma logística


6.1.1. Definição da ação sísmica
Para definir a ação sísmica a que o edifício estará sujeito é necessário definir alguns
aspetos primeiro. É necessário definir a localização do edifício, o tipo de terreno de
fundação, a classe de ductilidade pretendida para o edifício, a classe de importância,
entre outros.
Considerou-se que o edifício se encontra na zona de Lisboa e, assim, é possível definir o
zonamento sísmico a que o edifício pertence. De acordo com o anexo NA.I do AN da
NP EN1998-1, a zona de Lisboa está sujeita aos sismos de tipo 1.4 e 2.3, com valores de
referência da aceleração máxima à superfície de um terreno do tipo A, a gR, de,
respetivamente, 1,0m/s2 e 1,7m/s2.
Tendo em conta que o edifício é do tipo comercial/industrial, a classe de importância
considerada foi a de referência (classe de importância II), ou seja, o coeficiente de
importância, γI, terá o valor unitário. No entanto, por um lado, há que ter em conta que o
edifício, do tipo comercial, terá uma afluência grande de pessoas, pelo que poderá ter
que ser considerada uma classe de importância superior. Por outro lado, não será
essencial que este tipo de edifícios resista de forma excepcional ao sismo, como no caso
de escolas ou hospitais, pelo que a classe de importância poderia ser considerada
inferior. Concluindo, a definição da classe de importância deste tipo de estruturas é
pouco clara.
De acordo com estes últimos valores, é possível determinar o valor de cálculo da
aceleração à superfície para um terreno do tipo A, :

José Luis Alves 47


Estágio: análise sísmica no dimensionamento de estruturas de edifícios

Quanto à classificação do tipo de terreno, uma vez que este trabalho é efectuado num
âmbito académico, foi considerado um terreno com características do tipo C: “Depósitos
profundos de areia compacta ou medianamente compacta, de seixo (cascalho) ou de
argila rija com uma espessura entre várias dezenas e muitas centenas de metros”.
Assim, é possível identificar alguns valores essenciais à definição do espectro de
dimensionamento. Consultando os Quadros NA-3.2 e NA-3.3 do AN da NP EN1998-1,
é possível definir os valores de Smáx – coeficiente de solo máximo, TB – limite inferior do
período no patamar de aceleração espectral constante, Tc – limite superior do período no
patamar de aceleração espectral constante e TD – valor que define no espectro o início
do ramo de deslocamento constante. Na Tabela 5 apresentam-se os valores dos
elementos supracitados.

Tabela 6 – Aceleração ag, coeficiente de solo máximo Smáx, e limites de período


T B, TC e TD
Sismo ag (m/s2) Smáx Tb (s) Tc (s) Td (s)
1,4 1 1,8 0,1 0,6 2,0
2,3 1,7 1,8 0,1 0,25 2,0

Para concluir a definição do espectro de dimensionamento de acelerações horizontais é,


também, necessário definir: o coeficiente correspondente ao limite inferior do espectro
de cálculo horizontal, β, cujo valor considerado será o recomendado: β = 0,2; o valor do
coeficiente de solo, S, e o coeficiente de comportamento, q.

6.1.1.1. Definição do coeficiente do solo


Para o cálculo do valor do coeficiente de solo, S, é necessário ter conhecimento dos
valores de referência da aceleração máxima à superfície, ag, e do valor máximo do
coeficiente de solo, Smáx. De acordo com o artigo f) NA-3.2.2.2(2)P do AN do EC8, e
tendo em conta os valores disponíveis na Tabela 6 conclui-se que, tanto no caso do
sismo de tipo 1 como no de tipo 2, os valores de ag estão compreendidos entre 1m/s2 e
4m/s2, pelo que a expressão de cálculo do coeficiente de solo, S, será a seguinte:

48 José Luis Alves


Estágio: análise sísmica no dimensionamento de estruturas de edifícios

Substituindo-se os termos da equação pelos valores da Tabela 5, os valores do


coeficiente de solo, S, obtidos para os dois tipos de sismo, estão disponíveis na Tabela
6.

Tabela 7 - Valores do coeficiente de solo, S


Sismo S
1,4 1,55
2,3 2,07

6.1.1.2. Definição do coeficiente de comportamento, q


O coeficiente de comportamento tem como objetivo reduzir as forças obtidas de uma
análise linear, ou seja, é uma aproximação do rácio entre as forças sísmicas a que a
estrutura estaria sujeita se a sua resposta fosse completamente elástica, com 5% de
amortecimento viscoso, e as mesmas forças que poderão ser consideradas no projeto,
com base num modelo de análise elástica convencional, que continuem a assegurar uma
resposta satisfatória da estrutura. Desta forma, é possível ter em conta uma resposta não
linear da estrutura.
O coeficiente de comportamento é tido em conta quando se pretende reduzir o espectro
de resposta elástico, resultando, assim, no espectro de cálculo, ou dimensionamento. A
definição do coeficiente de comportamento está dependente dos materiais utilizados, do
sistema estrutural, do procedimento de projeto e da classe de ductilidade da estrutura.
O valor do coeficiente de comportamento é obtido através da expressão 5.1 do EC8:

onde:
q0 – valor básico do coeficiente de comportamento;
kw – fator que reflete o modo de rotura predominante nos sistemas estruturais de parede.
Na determinação do valor básico do coeficiente de comportamento, q0, é necessário
definir a regularidade em altura e planta da estrutura, assim como o sistema estrutural
do edifício.

José Luis Alves 49


Estágio: análise sísmica no dimensionamento de estruturas de edifícios

 Regularidade em Altura

Os critérios a que um edifício considerado como regular em altura deverá obedecer


encontram-se definidos nos pontos (2), (3), (4) e (5) do artigo 4.2.3.3 do EC8.
O ponto (2) indica que um edifício regular em altura deverá possuir todos os elementos
resistentes a ações laterais, como os pilares neste caso, contínuos desde a fundação até
ao topo. Este aspeto é verificado, uma vez que o edifício possui apenas o piso da
cobertura e os pilares são contínuos, como descritos anteriormente.
O ponto (3) preconiza que a rigidez lateral e a massa de cada piso deverão permanecer
constantes ou apresentar uma redução gradual, sem alterações bruscas, desde a base até
ao topo do edifício. Uma vez que o edifício apenas possui um piso, e os pilares possuem
uma secção constante desde a fundação até à cobertura, estes aspectos são verificados.
No caso do ponto (4), uma vez que apenas existe um piso, não haverá, concerteza,
variações desproporcionais de resistência real do piso e resistência exigida pelo cálculo
entre pisos adjacentes. Assim, e uma vez mais, estes aspectos encontram-se verificados.
O ponto (5), uma vez que é aplicado para construções que apresentem recuos em altura,
não se aplica a este caso, pelo que será ignorado.
Concluindo, uma vez que todos os pontos do artigo 4.2.3.3 do EC8 se encontram
verificados, é possível concluir que o edifício em causa é regular em altura.

 Regularidade em Planta

Consultando o Quadro 4.1 do EC8, é possível concluir que a regularidade em planta


apenas irá definir o tipo de modelo a utilizar: modelo plano ou modelo espacial. Tendo
em conta que se irá utilizar um programa de cálculo automático que utiliza um modelo
espacial, torna-se dispensável a verificação de regularidade em planta para este efeito.

Com a regularidade em planta, em altura e o sistema estrutural definidos, a


determinação do coeficiente de comportamento é agora possível.
O coeficiente de comportamento base, q0, será o retirado do quadro 5.1 do EC8. Uma
vez que a estrutura será dimensionada para a DCM, o valor do coeficiente de
comportamento base a considerar será igual a 1,5.

50 José Luis Alves


Estágio: análise sísmica no dimensionamento de estruturas de edifícios

Quanto ao valor do factor kw, este é obtido a partir das expressões 5.2 do EC8. Uma vez
que não existem paredes estruturais na estrutura, o valor deste coeficiente será igual à
unidade.
Concluindo, o coeficiente de comportamento, q, a ter em conta será o resultado do
produto de q0 com kw, cujo resultado é 1,5.
Contudo, uma vez que se trata de uma estrutura pré-fabricada, é necessário ter em conta
os aspetos referidos no artigo 5.11 do EC8. Desta forma, o coeficiente de
comportamento a utilizar será calculado de acordo com a expressão 5.53:

onde:
q – valor do coeficiente de comportamento obtido a partir da expressão 5.1 do EC8;
kP – fator de redução, função da capacidade de dissipação de energia da estrutura pré-
fabricada.

O valor de kP é obtido do artigo NA.2.3.o) NA-5.11.1.4 do AN do EC8, o qual poderá


ser considerado igual à unidade, tendo o especial cuidado em obedecer ao disposto nos
artigos 5.11.2.1.1, 5.11.2.1.2 ou 5.11.2.1.3 do EC8, ou seja, obedecendo às disposições
construtivas das ligações entre os vários elementos da estrutura.
O tipo de ligações utilizado nesta estrutura será o apresentado no artigo 5.11.2.1.2 do
EC8: “Ligações sobredimensionadas”, pelo que as ligações entre elementos deverão
obedecer às disposições deste artigo para que seja autorizada a utilização do coeficiente
kP = 1,0.

6.1.2. Definição do espectro de dimensionamento


Com base no coeficiente de comportamento, é agora possível determinar o espectro de
dimensionamento para a análise elástica, de acordo com as expressões 3.13 a 3.16 do
artigo 3.2.2.5 do EC8 (equações 1, 2, 3 e 4 deste documento).
Na Tabela 8 apresentam-se todos os elementos necessários à definição dos espectros de
dimensionamento para os dois tipos de sismo: 1.4 e 2.3.

José Luis Alves 51


Estágio: análise sísmica no dimensionamento de estruturas de edifícios

Tabela 8 – Elementos necessários para a definição dos espectros de


dimensionamento para os dois tipos de sismo
ag
Sismo Smáx Tb (s) Tc (s) Td (s) q βag
(m/s2)
1,4 1 1,8 0,1 0,6 2,0 1,5 0,2
2,3 1,7 1,8 0,1 0,25 2,0 1,5 0,2

Sismo tipo 1,4:

3,500

3,000

2,500
Sd (T) (m/2)

2,000 Sismo 1 - Horizontal

1,500

1,000

0,500

0,000
0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 3,50 4,00

T [S]

Gráfico 1 – Espectro de dimensionamento sismo 1.4

52 José Luis Alves


Estágio: análise sísmica no dimensionamento de estruturas de edifícios

Sismo tipo 2,3:

6,00

5,00 Sismo 2 - Horizontal

4,00
Sd (T) [m/s2]

3,00

2,00

1,00

0,00
0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 3,50 4,00
T[s]

Gráfico 2 – Espectro de dimensionamento sismo 2.3

José Luis Alves 53


Estágio: análise sísmica no dimensionamento de estruturas de edifícios

6.1.3. Análise modal segundo recorrendo ao SAP2000


Uma vez que o programa utilizado permite simular o comportamento da estrutura
através de uma análise modal.

6.1.3.1. Modos de Vibração


De acordo com o artigo 4.3.3.3.1.(3) do EC8, dever-se-á considerar todos os modos em
que o somatório de massas modais efetivas seja, no mínimo, igual a 90% da massa total
da estrutura, e todos os modos com massas modais efetivas superiores a 5% da massa
total.
Desta forma, garante-se que todos os modos de vibração que contribuem,
significativamente, para a resposta global da estrutura, são considerados.

Tabela 9 – Períodos, modos de vibração, massas modais e seus somatórios


Periodo Massa Massa Massa Somatório Somatório Somatório
Modo
(seg) Modal X Modal Y Modal Z X Y Z

1 2,2480 0,0000 0,0822 0,0000 0,0000 0,0822 0,0000


2 1,8623 0,0828 0,0000 0,0000 0,0828 0,0822 0,0000
3 1,2520 0,0000 0,0000 0,0000 0,0828 0,0822 0,0000
4 1,2519 0,0000 0,0000 0,0000 0,0828 0,0822 0,0000
5 1,2284 0,0000 0,0000 0,0000 0,0828 0,0822 0,0000
6 1,2284 0,0000 0,0000 0,0000 0,0828 0,0822 0,0000
7 1,1930 0,0000 0,0000 0,0000 0,0828 0,0822 0,0000
8 1,1924 0,0000 0,0000 0,0000 0,0828 0,0822 0,0000
9 1,1537 0,0000 0,0000 0,0000 0,0828 0,0822 0,0000
10 1,1537 0,0000 0,0000 0,0000 0,0828 0,0822 0,0000
11 1,1213 0,0000 0,0000 0,0000 0,0828 0,0822 0,0000
12 1,1100 0,0000 0,0002 0,0000 0,0828 0,0824 0,0000

54 José Luis Alves


Estágio: análise sísmica no dimensionamento de estruturas de edifícios

Figura 21 – Modo de vibração 1


Figura 22 – Modo de vibração 6

6.1.3.2. Combinação das respostas modais


A combinação de modos de vibração deverá ser efetuada de acordo com a Combinação
Quadrática Simples (SRSS) se, considerando que o disposto no artigo
4.3.3.3.2.(1) do EC8 for verificado para todos os modos de vibração:

Caso contrário dever-se-á considerar a CQC.


Da Tabela 7 é possível verificar que, para os modos de vibração relevantes, a condição
4.3.3.3.2.(1) e (2) do EC8 não é verificada, pelo que a combinação dos vários modos de
vibração a utilizar deverá ser a CQC.

6.1.3.3. Efeitos de torção acidental


Uma vez que existe sempre uma incerteza associada à localização das massas e à
variação espacial do movimento sísmico, é necessário impor ao centro de massa da
cobertura uma excentricidade acidental em relação à sua posição nominal, para cada
direção.
O EC8 apresenta a expressão 4.3 para o cálculo dessas excentricidades:

onde:
eai – excentricidade acidental da massa do piso i em relação à sua localização nominal,
aplicada na mesma direção em todos os pisos;
Li – dimensão do piso na direção perpendicular à direção da ação sísmica.

José Luis Alves 55


Estágio: análise sísmica no dimensionamento de estruturas de edifícios

Uma vez que se optou por uma análise espacial, modal, por espectros de resposta, este
efeito de torção acidental pode ser considerado, segundo o artigo 4.3.3.3.3.(1) do EC8,
através de um momento torsor, Mai , de eixo vertical, aplicado à cobertura:

onde:
Mai – momento torsor de eixo vertical aplicado na cobertura;
eai – excentricidade acidental da massa do piso i, de acordo com a expressão 4.3 do EC8;
Fi – força horizontal atuando no piso i, determinada através do artigo 4.3.3.2.3 do EC8,
para todas as direções relevantes:

si, sj – deslocamentos das massas mi e mj no modo de vibração fundamental;


mi, mj – massas dos pisos, calculados de acordo com o artigo 3.2.4.(2)P do EC8;
Fb – força de corte basal.
A força de corte basal poderá ser obtida através da expressão 4.5 do EC8:

Sd(T1) – ordenada do espectro de cálculo para o período T1, para cada direção
horizontal;
T1 – Período de vibração fundamental do edifício para o movimento lateral na direção
considerada;
m – massa total do edifício, acima da fundação, calculada de acordo com o artigo
3.2.4.(2)P do EC8;
– fator de correção, cujo valor é igual a =0,85 se T1 ≤ 2Tc e o edifício tiver mais de
dois pisos, ou =1,0 nos outros casos. Este fator corresponde à percentagem de massa
que contribui para o modo de vibração em questão.

56 José Luis Alves


Estágio: análise sísmica no dimensionamento de estruturas de edifícios

 Força de corte sísmica, Fb e força horizontal atuante na cobertura, Fi


Uma vez que a estrutura só possui um piso (a cobertura), a força de corte sísmica,
Fb, é igual à força horizontal atuante na cobertura, Fi.
O valor da massa considerada corresponde ao total da cobertura mais a massa de meia
altura do pilar, uma vez que a metade inferior do pilar não participa no grau de
liberdade correspondente à translação da cobertura. Assim, calculou-se o peso
correspondente a estes elementos (cobertura mais meia altura do pilar) e dividiu-se pela
aceleração da gravidade (aproximadamente igual a 9,81m/s2).
Na definição desta massa utilizaram-se os pesos mostrados na Tabela 16.
A Tabela 10 apresenta os valores necessários ao cálculo da força horizontal atuante na
cobertura.
Tabela 10 – Massa, período, aceleração e participação da massa
Massa
Sismo Período Sd λ
(Ton)
1,4x 5600 1,862 1,134 1,00
1,4y 5600 2,248 1,369 1,00

Com base nestes valores, é possível calcular o valor da força de corte sísmica, Fb,
correspondente, também, à força horizontal a que a cobertura se encontra sujeita,
Fi. A Tabela 10 apresenta os resultados finais.

Tabela 11 – Forças de inércia calculadas

Sismo Fi (kN)

1,4x 6352,94
1,4y 7669,47

 Excentricidades
A expressão 4.3 do EC8 subdivide-se em 2 expressões independentes; uma para
cada direção horizontal:

José Luis Alves 57


Estágio: análise sísmica no dimensionamento de estruturas de edifícios

Tendo em conta que Lx = 180m e Ly = 90m, as respetivas excentricidades serão:

Uma vez que o sismo do tipo 1 é o condicionante, e utilizando-se o valor das forças de
corte basal obtido com o auxílio do programa de cálculo automático SAP2000, o valor
do momento torsor a considerar obtém-se de acordo com a expressão seguinte.

Deste modo, o momento torsor a considerar será:

6.1.4. Efeitos de 2ª ordem


O EC8 estipula, no artigo 4.4.2.2.(2) que, os efeitos de 2ª ordem não precisam de ser
considerados se a expressão 4.28 do EC8 for satisfeita:

em que:
θ – coeficiente de sensibilidade ao deslocamento relativo entre pisos;
Ptot – carga gravítica total devida a todos os pisos acima do piso considerado, incluindo
este, na situação de projeto sísmica;
dr – valor de cálculo do deslocamento relativo entre pisos, avaliado como a diferença
entre os deslocamentos laterais médios, ds, no topo e na base do piso considerado e
calculado de acordo com o artigo 4.3.4;
Vtot – força de corte sísmica total no piso considerado;
h – altura entre pisos.

58 José Luis Alves


Estágio: análise sísmica no dimensionamento de estruturas de edifícios

Se o valor do coeficiente de sensibilidade ao deslocamento relativo entre pisos, θ,


estiver compreendido entre 0,1 e 0,2, os efeitos de segunda ordem poderão ser
avaliados, aproximadamente, através da aplicação de um fator majorativo aos esforços
de primeira ordem. O fator a considerar é igual ao cociente 1/(1- θ).

Tabela 12 – Peso total da estrutura, Ptot, Deslocamento relativo dr, força de inércia,
Vtot, e altura da estrutura, h.
Vtot
Sismo Ptot (kN) dr (m) h (m)
(kN)
1,4x 62531,36 0,0672 6352,94 13
1,4y 62531,36 0,0668 7669,47 13

Coeficiente de sensibilidade aos deslocamentos:

6.1.5. Limitação de danos


O artigo 4.4.3 do EC8 estipula um limite para os deslocamentos relativos entre pisos,
devido à existência de elementos não-estruturais no edifício.
Neste tipo de estruturas, é incomum existirem elementos não estruturais frágeis, como
por exemplo, alvenarias. No entanto, far-se-á a análise com o valor limite para
estruturas com elementos não estruturais frágeis por se tratar do limite mais restritivo.
Se esta condição for verificada, a verificação de condições mais permissivas (expressões
4.32 e 4.33 do EC8) será dispensável.
Assim, o limite mínimo de deslocamento relativo é o correspondente à expressão 4.31
do EC8:

onde:
dr – valor de cálculo do deslocamento entre pisos
υ – coeficiente de redução que tem em conta o mais baixo período de retorno da acção
sísmica associada ao requisito de limitação de danos;
h – altura entre pisos.
José Luis Alves 59
Estágio: análise sísmica no dimensionamento de estruturas de edifícios

O valor de υ é obtido do Quadro NA.III do AN do EC8 e corresponde a 0,4, para a


acção sísmica crítica, ou seja, de tipo 1.
Os valores necessários à verificação da limitação de danos são encontram-se na tabela
13.

Tabela 13 – Deslocamento relativo máximo dr,máx, coeficiente de redução u, altura


entre pisos h
unidade valor
dr,máx 0,0672
υ 0,4
h 13

Assim, a expressão 4.31 do EC8 tomará a seguinte forma:

Uma vez que esta expressão é a mais conservativa, pode concluir-se que a condição de
limitação de danos se encontra verificada.

6.1.6. Combinação dos efeitos das componentes da ação sísmica


De acordo com o disposto no artigo 4.3.3.5.2.(4) do EC8 e, por conseguinte, com o
disposto no artigo 4.3.3.5.1.(2) b), pode calcular-se o valor máximo da ação sísmica
combinando as ações nas várias direções consideradas. Para isso, aplicou-se a raiz
quadrada do somatório dos quadrados dos esforços devidos a cada componente de cada
direção SRSS:

onde:
EEdx – representa os esforços devidos à aplicação da acção sísmica segundo o eixo
horizontal x escolhido para a estrutura;
EEdy – representa os esforços devidos à aplicação da mesma acção sísmica segundo o
eixo horizontal ortogonal y da estrutura;

60 José Luis Alves


Estágio: análise sísmica no dimensionamento de estruturas de edifícios

EEdz – representa os esforços devidos à aplicação da componente vertical da acção


sísmica de cálculo.
Esta condição é imposta na definição da acção sísmica no programa de cálculo
automático SAP2000.

José Luis Alves 61


Estágio: análise sísmica no dimensionamento de estruturas de edifícios

6.2. Edifício para habitação e comércio


6.2.1. Definição da ação sísmica
Considerou-se que o edifício se encontra na zona de Santo Tirso e, assim, é possível
definir o zonamento sísmico a que o edifício pertence. De acordo com o anexo NA.I do
AN da NP EN1998-1, esta zona está sujeita aos sismos de tipo 1.6 e 2.5, com valores de
referência da aceleração máxima à superfície de um terreno do tipo A, a gR, de,
respetivamente, 0,35m/s2 e 0,8m/s2.
Tendo em conta que o edifício é do tipo comercial/habitacional, a classe de importância
considerada foi a de referência (classe de importância II), ou seja, o coeficiente de
importância, γI, terá o valor 1,00. No entanto, por um lado, há que ter em conta que o
edifício, do tipo comercial, terá uma afluência grande de pessoas, pelo que poderá ter
que ser considerada uma classe de importância superior. Por outro lado, não será
essencial que este tipo de edifícios resista de forma excecional ao sismo, como no caso
de escolas ou hospitais, pelo que a classe de importância poderia ser considerada
inferior. Concluindo, a definição da classe de importância deste tipo de estruturas é
pouco clara.
De acordo com estes últimos valores, é possível determinar o valor de cálculo da
aceleração à superfície para um terreno do tipo A,:

Quanto à classificação do tipo de terreno, uma vez que este trabalho é efetuado num
âmbito académico, foi considerado um terreno com características do tipo A: “Rocha ou
outra formação geológica de tipo rochoso, que inclua, no máximo, 5 m de material mais
fraco à superfície”.
Assim, é possível identificar alguns valores essenciais à definição do espectro de
dimensionamento. Consultando os Quadros NA-3.2 e NA-3.3 do AN da NP EN1998-1,
é possível definir os valores de Smáx – coeficiente de solo máximo, TB – limite inferior do
período no patamar de aceleração espectral constante, Tc – limite superior do período no
patamar de aceleração espectral constante e TD – valor que define no espectro o início
do ramo de deslocamento constante. Na Tabela 14 apresentam-se os valores dos
elementos supracitados.

62 José Luis Alves


Estágio: análise sísmica no dimensionamento de estruturas de edifícios

Tabela 14 – Aceleração ag, coeficiente de solo máximo Smáx, e limites de período TB,
TC e TD
Sismo ag (m/s2) Smáx Tb (s) Tc (s) Td (s)
1,6 0,35 1,0 0,1 0,6 2,0
2,5 0,8 1,0 0,1 0,25 2,0

Para concluir a definição do espectro de dimensionamento de acelerações horizontais é,


também, necessário definir: o coeficiente correspondente ao limite inferior do espectro
de cálculo horizontal, β, cujo valor considerado será o recomendado: β = 0,2; o valor do
coeficiente de solo, S, e o coeficiente de comportamento, q.

6.2.1.1. Definição coeficiente do solo


Para o cálculo do valor do coeficiente de solo, S, é necessário ter conhecimento dos
valores de referência da aceleração máxima à superfície, ag, e do valor máximo do
coeficiente de solo, Smáx. De acordo com o artigo f) NA-3.2.2.2(2)P do AN do EC8, e
tendo em conta os valores disponíveis na Tabela 6 conclui-se que, tanto no caso do
sismo de tipo 1 como no de tipo 2, os valores de ag são inferiores a 1m/s2, pelo que a
expressão de cálculo do coeficiente de solo, S, será a seguinte:

Substituindo-se os termos da equação pelos valores da Tabela 13, os valores do


coeficiente de solo, S, obtidos para os dois tipos de sismo, estão disponíveis na
Tabela14.
Tabela 15 – Valores do coeficiente de solo, S
Sismo S
1,6 1,00
2,5 2,00

6.2.1.2. Definição do coeficiente de comportamento, q


O coeficiente de comportamento é tido em conta quando se pretende reduzir o espectro
de resposta elástico, resultando, assim, no espectro de cálculo, ou dimensionamento. A
definição do coeficiente de comportamento está dependente dos materiais utilizados, do
sistema estrutural, do procedimento de projeto e da classe de ductilidade da estrutura.

José Luis Alves 63


Estágio: análise sísmica no dimensionamento de estruturas de edifícios

O valor do coeficiente de comportamento é obtido através da expressão 5.1 do EC8.

 Regularidade em Altura

Os critérios a que um edifício considerado como regular em altura deverá obedecer


encontram-se definidos nos pontos (2), (3), (4) e (5) do artigo 4.2.3.3 do EC8.
O ponto (2) indica que um edifício regular em altura deverá possuir todos os elementos
resistentes a ações laterais.
O ponto (3) preconiza que a rigidez lateral e a massa de cada piso deverão permanecer
constantes ou apresentar uma redução gradual, sem alterações bruscas, desde a base até
ao topo do edifício.
No caso do ponto (4), não haverá, variações desproporcionais de resistência real do piso
e resistência exigida pelo cálculo entre pisos adjacentes. Assim, e uma vez mais, estes
aspetos encontram-se verificados.
O ponto (5), que é aplicado para construções que apresentem recuos em altura, onde
neste edifício dos pisos superiores apresentam dimensões em planta menores que nos
pisos inferiores.
Concluindo, uma vez que todos os pontos do artigo 4.2.3.3 do EC8 se encontram
verificados, é possível concluir que o edifício em causa é regular em altura.

 Regularidade em Planta

Consultando o Quadro 4.1 do EC8, é possível concluir que a regularidade em planta


apenas irá definir o tipo de modelo a utilizar: modelo plano ou modelo espacial. Tendo
em conta que se irá utilizar um programa de cálculo automático que utiliza um modelo
espacial, torna-se dispensável a verificação de regularidade em planta para este efeito.
Com a regularidade em planta, em altura e o sistema estrutural definidos, a
determinação do coeficiente de comportamento é agora possível.
O coeficiente de comportamento base, q0, será o retirado do quadro 5.1 do EC8. Uma
vez que a estrutura será dimensionada para a DCM, o valor do coeficiente de
comportamento base a considerar será igual a 4,5.

64 José Luis Alves


Estágio: análise sísmica no dimensionamento de estruturas de edifícios

Quanto ao valor do fator kw, este é obtido a partir das expressões 5.2 do EC8. Uma vez
que existem paredes estruturais na estrutura, o valor deste coeficiente será igual a:
12,5

= 0,8

Concluindo, o coeficiente de comportamento, q, a ter em conta será o resultado do


produto de q0 com kw, cujo resultado é 3,6.

6.2.2. Definição do espectro de dimensionamento


Com base no coeficiente de comportamento, é agora possível determinar o espectro de
dimensionamento para a análise elástica, de acordo com as expressões 3.13 a 3.16 do
artigo 3.2.2.5 do EC8 (equações 1, 2, 3 e 4 deste documento).
Na Tabela 15 apresentam-se todos os elementos necessários à definição dos espectros
de dimensionamento para os dois tipos de sismo: 1.6 e 2.5.

Tabela 16 – Elementos necessários para a definição dos espectros de


dimensionamento para os dois tipos de sismo
ag
Sismo Smáx Tb (s) Tc (s) Td (s) q βag
(m/s2)
1,6 0,35 1 0,1 0,6 2 3,6 0,2
2,5 0,8 1 0,1 0,25 2 3,6 0,2

José Luis Alves 65


Estágio: análise sísmica no dimensionamento de estruturas de edifícios

Sismo tipo 1,6:

0,700

0,600

0,500
Sd (T) (m/2)

0,400 Sismo 1 - Horizontal

0,300

0,200

0,100

0,000
0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 3,50 4,00

T [S]

Gráfico 3 – Espectro de dimensionamento sismo 1.6

66 José Luis Alves


Estágio: análise sísmica no dimensionamento de estruturas de edifícios

Sismo tipo 2,5:

1,40

1,20 Sismo 2 - Horizontal

1,00
Sd (T) [m/s2]

0,80

0,60

0,40

0,20

0,00
0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 3,50 4,00
T[s]

Gráfico 4 – Espectro de dimensionamento sismo 2,5

José Luis Alves 67


Estágio: análise sísmica no dimensionamento de estruturas de edifícios

6.2.3. Análise modal segundo recorrendo ao SAP2000


Uma vez que o programa utilizado permite simular o comportamento da estrutura
através de uma análise modal.

6.2.3.1. Modos de Vibração


Procedeu-se a uma análise modal da estrutura, considerando metade da rigidez elástica,
tendo-se obtido as características dinâmicas dos três principais modos de vibração para
a caracterização do comportamento da estrutura às ações horizontais. Apresentam-se na
Tabela 16, as características dinâmicas da estrutura do edifício modelado segundo o
modelo.

Tabela 17 – Períodos, modos de vibração, massas modais e seus somatórios


Periodo Massa Massa Massa Somatório Somatório Somatório
Modo
(seg) Modal X Modal Y Modal Z X Y Z
1 0,8745 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000
2 0,7870 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000
3 0,7084 0,0000 0,0160 0,0000 0,0000 0,0160 0,0000
4 0,6375 0,0000 0,0032 0,0000 0,0000 0,0192 0,0000
5 0,5737 0,0000 0,0084 0,0000 0,0000 0,0276 0,0000
6 0,5164 0,0000 0,0004 0,0000 0,0000 0,0280 0,0000
7 0,4647 0,0330 0,0000 0,0000 0,0330 0,0280 0,0000
8 0,4182 0,0000 0,0220 0,0000 0,0330 0,0500 0,0000
9 0,3049 0,0007 0,0260 0,0000 0,0337 0,0760 0,0000
10 0,2744 0,0260 0,0007 0,0000 0,0597 0,0767 0,0000
11 0,2470 0,0025 0,0000 0,0000 0,0623 0,0767 0,0000
12 0,2223 0,0044 0,0000 0,0000 0,0666 0,0767 0,0000

68 José Luis Alves


Estágio: análise sísmica no dimensionamento de estruturas de edifícios

Figura 23 – Modo de vibração 3 Figura 24 – Modo de vibração 7

6.2.3.2. Combinação das respostas modais


A combinação de modos de vibração deverá ser efetuada de acordo com a Combinação
Quadrática Simples (SRSS) se, considerando que o disposto no artigo 4.3.3.3.2.(1) do
EC8 for verificado para todos os modos de vibração:

Caso contrário dever-se-á considerar a CQC.


Da Tabela 19 é possível verificar que, para os modos de vibração relevantes, a condição
4.3.3.3.2.(1) e (2) do EC8 não é verificada, pelo que a combinação dos vários modos de
vibração a utilizar deverá ser a CQC.

6.2.3.3. Forças de corte


Ainda na aferição do modelo de cálculo, passa-se para a verificação das forças de corte
basal que correspondem às resultantes forças laterais que vão atuar na base da estrutura
em resposta aos deslocamentos que a ação sísmica impõe. Estas forças dependem, para
além do sismo e das componentes que o caracterizam nos espectros de resposta
referidos nos subcapítulos anteriores, das massas acima do solo, ou seja, das forças
gravíticas que vibram e também da frequência fundamental do edifício.

José Luis Alves 69


Estágio: análise sísmica no dimensionamento de estruturas de edifícios

Como parte do edifício se encontra enterrado e sem influência na ação sísmica, apenas
se considera para as forças de corte basal as forças gravíticas acima do piso da cota de
soleira e apenas estas entram para o cálculo.
Estas forças gravíticas são constituídas pelo peso próprio da estrutura, restantes cargas
permanentes e apenas uma percentagem das sobrecargas, pois considera-se que estará a
atuar na estrutura na ocorrência de um sismo só uma pequena parcela das sobrecargas.
Verifica-se que a ação sísmica condicionante do EC 8 corresponde à ação sísmica tipo 1
(sismo afastado) para as duas direções e que apesar da diferença dos espectros de
resposta correspondente à mesma ação sísmica entre o RSA e o EC 8, não são muito
relevantes pois o coeficiente de comportamento adotado no EC 8 é superior.
Neste caso o método adotado foi o método das forças laterais indicado no EC8 no ponto
4.3.3.2. neste trabalho quis-se mostrar a forma de calcular a força de corte de uma forma
segura e expedita. Para isso foi utilizada mais uma vez a expressão (4.5) do EC8:

Tabela 18 – Massa, período, aceleração e participação da massa


Massa
Sismo Período Sd λ
(Ton)
1,6x 5356 0,465 0,717 0,85
1,6y 5356 0,708 0,471 0,85

O que resulta em:


Tabela 19 – Força basal calculada
Sismo (kN)
1,6x 3232,35
1,6y 1786,05

Logo,

70 José Luis Alves


Estágio: análise sísmica no dimensionamento de estruturas de edifícios

6.2.4. Efeitos de torsão


Se a rigidez lateral e a massa estiverem simetricamente distribuídas no plano, os efeitos
acidentais de torsão podem ser considerados multiplicando os esforços considerados em
cada elemento resistente, resultante da aplicação de 4.3.3.2.3(4.10) do EC8, por um
coeficiente δ, obtido em 4.3.3.2.4(4.12):

Onde:
X – distância do elemento considerado ao centro de gravidade do edifício em planta,
medida perpendicularmente à direção da ação sísmica considerada.
distância entre dois elementos de contraventamento mais afastados, medida
perpendicularmente à direção da ação sísmica considerada.

6.2.5. Efeitos de 2ª ordem


O EC8 estipula, no artigo 4.4.2.2.(2) que, os efeitos de 2ª ordem não precisam de ser
considerados se a expressão 4.28 do EC8 for satisfeita:

Com descrito anteriormente, se o valor do coeficiente de sensibilidade ao deslocamento


relativo entre pisos, θ, estiver compreendido entre 0,1 e 0,2, os efeitos de segunda
ordem poderão ser avaliados, aproximadamente, através da aplicação de um fator
majorativo aos esforços de primeira ordem. O fator a considerar é igual ao cociente
1/(1- θ).

Tabela 20 - Peso total da estrutura Ptot, deslocamento máxiomo dr,máx, coeficiente


de redução u, altura entre pisos h

Sismo Ptot (kN) dr (m) Vtot (kN) h (m)

1,4y 70933 0,037 9079,75 3,0


1,4x 70933 0,034 11985,80 3,0

José Luis Alves 71


Estágio: análise sísmica no dimensionamento de estruturas de edifícios

Coeficiente de sensibilidade aos deslocamentos:

6.2.6. Limitação de danos


O artigo 4.4.3 do EC8 estipula um limite para os deslocamentos relativos entre pisos,
devido à existência de elementos não-estruturais no edifício.
Neste tipo de estruturas, é comum existirem elementos não estruturais frágeis, como por
exemplo, alvenarias. Desta forma, far-se-á a análise com o valor limite para estruturas
com elementos não estruturais frágeis por se tratar do limite mais restritivo. Se esta
condição for verificada, a verificação de condições mais permissivas (expressões 4.32 e
4.33 do EC8) será dispensável.
Assim, o limite mínimo de deslocamento relativo é o correspondente à expressão 4.31
do EC8:

Mais uma vez, o valor de υ é obtido do Quadro NA.III do AN do EC8 e corresponde a


0,4, para a ação sísmica crítica, ou seja, de tipo 1.
Os valores necessários à verificação da limitação de danos são os seguintes:

Tabela 21 – Deslocamento relativo máximo dr,máx, coeficiente de redução u, altura


entre pisos h
unidade valor
dr,máx 0,037
υ 0,4
h 3,0

Assim, a expressão 4.31 do EC8 tomará a seguinte forma:

72 José Luis Alves


Estágio: análise sísmica no dimensionamento de estruturas de edifícios

6.2.7. Combinação dos efeitos das componentes da ação sísmica


Na análise sísmica consideraram-se os dois tipos de espectro definidos pelo Anexo
Nacional para o EC 8, e através das forças de corte basal, chegou-se à conclusão que o
sismo condicionante é o afastado para as duas direções horizontais. A EN 1998-1
admite a não necessidade de se considerar a ação do sismo na vertical para estruturas
em que a sensibilidade segundo esta mesma direção é desprezável (norma 4.3.3.5.2 da
EN 1998-1).
O EC 8 preconiza que a combinação das componentes horizontais da ação sísmica pode
ser considerada calculando a raiz quadrada do somatório dos quadrados dos esforços
devidos a cada componente horizontal:

onde:
EEdx – representa os esforços devidos à aplicação da ação sísmica segundo o eixo
horizontal x escolhido para a estrutura;
EEdy – representa os esforços devidos à aplicação da mesma ação sísmica segundo o eixo
horizontal ortogonal y da estrutura;
EEdz – representa os esforços devidos à aplicação da componente vertical da acção
sísmica de cálculo.
Como alternativa e opção adotada no presente trabalho, a EN 1998-1 prevê que os
esforços devidos à combinação das componentes horizontais da ação sísmica possam
ser calculados considerando a ação sísmica a atuar a cem por cento numa direção e
trinta por cento na outra e vice-versa, dimensionando-se para a combinação mais
desfavorável:

José Luis Alves 73


Estágio: análise sísmica no dimensionamento de estruturas de edifícios

Em que:
“+” – significa “a combinar”;
EEdx – representa os esforços devidos à aplicação da ação sísmica segundo o eixo
horizontal x escolhido para a estrutura;
EEdy – representa os esforços devidos à aplicação da ação sísmica segundo o eixo
horizontal y escolhido para a estrutura;

e têm em consideração a contribuição de todas as respostas modais


importantes calculadas através da raiz quadrada do somatório dos quadrados dos
esforços devidos a cada modo de vibração relevante, quando (eq. 4.15 da EN
1998-1). Caso não se verifique esta condição, deve adotar-se um método mais rigoroso
para a combinação dos máximos modais, como por exemplo a “Combinação Quadrática
Completa”.

74 José Luis Alves


Capítulo 7
Conclusões
Estágio: análise sísmica no dimensionamento de estruturas de edifícios

7. Considerações finais
7.1. Conclusões
Em Portugal ocorrem sismos praticamente todos os dias. Felizmente são de baixa
magnitude e a maioria não são sentidos. Aquando da ocorrência de um sismo, as
acelerações do terreno são transmitidas à estrutura, gerando acelerações (e
consequentemente forças-chamadas forças de inercia), nas três direções. Em regiões
sísmicas estas forças poderão ser extremamente gravosas. De facto, em estruturas de
betão armado (que são estruturas relativamente pesadas e, portanto, mais penalizadas
pelos sismos), a ação sísmica é em geral a ação condicionante dos elementos verticais
(pilares e paredes).
Devido a estes factos considera-se de extrema importância ter este tipo de ação em
conta, bem como a sua análise e o dimensionamento de estruturas capazes de lhe
oferecerem resposta.
A realização deste relatório permitiu abordar os aspetos fundamentais de conceitos
necessários para a realização de um estágio na empresa Ferreira Lapa, Lda, tais como os
aspetos a ter em consideração no dimensionamento de estruturas de edifícios, e os
diferentes métodos a considerar na análise das mesmas.
Para que fosse possível a realização deste projeto foi necessário recorrer a ferramentas
de software de cálculo e dimensionamento de estruturas, tais como o “Autodesk
AutoCAD”, ao “CSI SAP2000”, bem como a folhas de cálculo EXCEL.

Na primeira parte do trabalho referiram-se aspectos gerais associados à acção sísmica


tais como, o espectro de resposta definido no EC 8.
A aplicação ao caso prático traduziu-se por analisar as características do comportamento
estrutural e dos seus elementos, de um edifício industrial destinado a armazenamento de
materiais. O edifício apresenta uma estrutura de betão armado. Descreveu-se o edifício e
sua localização, identificaram-se os materiais usados e as acções consideradas para a
combinação sísmica. Foram efectuadas várias etapas na verificação ao do modelo, desde
frequência e modos de vibração, forças de corte basal e distribuição dos esforços de
corte pelos elementos estruturais.
Uma das conclusões a retirar deste estudo prende-se com o facto de haver relativamente
pouca informação relacionada com o dimensionamento e análise de estruturas pré-

José Luis Alves 77


Estágio: análise sísmica no dimensionamento de estruturas de edifícios

fabricadas, a ações sísmicas. É possível verificar a indefinição de alguns aspetos do


dimensionamento de estruturas pré-fabricadas, nomeadamente, coeficiente de
comportamento, dimensionamento de ligações, entre outros.

O segundo caso prático foi um edifício destinado a habitação e comércio. Este edifício
também apresenta uma estrutura em betão armado, e com lajes maciças. A descrição,
localização e materiais considerados também foram descritos para este caso de estudo.
Quanto mais alto o edifício for mais longo tende a ser o seu período natural. No entanto,
a altura do edifício está também relacionada com outra importante característica
estrutural: a flexibilidade do edifício. Edifícios altos tendem a ser mais flexíveis do que
edifícios pequenos. A flexibilidade afeta a forma como o edifício reage ao sismo. Há
que encontrar o equilíbrio perfeito de modo a projetar um edifício com o grau de
flexibilidade/rigidez adequado ao meio onde este se encontra.

Pretendeu-se com estas verificações mostrar a importância de uma pré-avaliação a fim


de se evitarem erros grosseiros na verificação da segurança, que podem resultar em
graves perdas. E desta forma estimar os esforços provocados pela ação sísmica na
estrutura em estudo.
O comportamento do edifício depende principalmente da sua forma, tamanho,
geometria e da maneira com a energia do sismo é distribuída pelo edifício. Durante o
planeamento do edifício, os arquitetos e os engenheiros civis trabalham de modo a que
se obtenha uma boa configuração do edifício e que não haja falhas. As estruturas não
devem ser muito altas, muito longas nem largas no plano.

Após tal informação podemos concluir então que, apesar de ser cada vez mais frequente
a ocorrência de um sismo, e por mais que sejam avassaladores e imprevisíveis ao ponto
de deixarem países desertos devido às suas elevadas magnitudes, existem edifícios que
não caem e saem ilesos à catástrofe. E a resposta a tal acontecimento está nas novas
conceções adotadas na engenharia civil, em que implementam novas tecnologias, das
quais: o uso de novos materiais resistentes e flexíveis; uma arquitetura minuciosa, em
que os edifícios têm de ser desenhados detalhe a detalhe; e o uso de contrapesos
inerciais, como a esfera de Taipei.

78 José Luis Alves


Estágio: análise sísmica no dimensionamento de estruturas de edifícios

7.2. Desenvolvimentos futuros


Para desenvolvimentos futuros propõe-se que se realizem os seguintes trabalhos:
 Dimensionamento dos vários elementos estruturais descritos ao longo deste
trabalho, tais como:
o Lajes
o Vigas
o Pilares
o Fundações
 Determinação de soluções de isolamento sísmico
 Utilizar tipos de análise plástica

José Luis Alves 79


Referências Bibliográficas
Estágio: análise sísmica no dimensionamento de estruturas de edifícios

Referências bibliográficas

Eurocódigo 0, 2009, “Bases para projecto de estruturas”, Norma Europeia EN1990,


Instituto Português da Qualidade

Eurocódigo 1, 2009, “Ações em estruturas Parte 1-1: Ações gerais”, Norma Europeia
EN1991-1-1, Instituto Português da Qualidade

Eurocódigo 2, 2010, “Projeto de estruturas de betão – Parte 1-1: Regras gerais e regras
para edifícios”, Norma Europeia EN1992-1-1, Instituto Português da Qualidade

Eurocódigo 8, 2010, “Projeto de estruturas para resistência aos sismos – Parte 1: Regras
gerais, ações sísmicas e regras para edifícios”, Norma Europeia EN1998-1, Instituto
Português da Qualidade

LOPES, M. et al (2008). Sismos e Edifícios. Edições Orion, Amadora

GOMES, J.M.M.A. 2009. Dimensionamento Sísmico de Edifícios Hospitalares


Segundo o Eurocódigo 8. Dissertação para a obtenção do grau de Mestre em Engenharia
Civil. Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.

MAYUR, P., & Reddy, S. (2006). Seismic Retrofitting: an emergency technology in


bridge construction and repair. Advances in Bridge Engineering, March 24 - 25 IIT
Roorkee

GUEDES, A.M.S. 2011. Dimensionamento e Comportamento Sísmico de Sistema


Metálicos Duais. Dissertação para a obtenção do grau de Mestre em Engenharia Civil.
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

AMARAL, D. C. 2014. Dimensionamento de um edifício em betão armado sujeito à


ação sísmica. Dissertação para a obtenção do grau de Mestre em Engenharia Civil.
Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Viseu

José Luis Alves 83


Estágio: análise sísmica no dimensionamento de estruturas de edifícios

BENTO, R. (2003). Novos Métodos para Dimensionamento Sísmico de Estruturas.


Ciclo de Palestras em Engenharia Civil. Instituto Superior Técnico.

Websites Consultados:

Acedido em 11/2017: http://ferreiralapa.com/

Acedido em 11/2017: http://www.autodesk.pt/

Acedido em 11/2017: https://www.google.com/intl/pt-PT/earth/

Softwares Utilizados:

[AutoCad: 2018]: http://www.autodesk.pt/

[Microsoft Office: 2016]: https://www.microsoft.com

[CSI SAP2000] : http://www.csiportugal.com/

84 José Luis Alves


Anexos
Estágio: análise sísmica no dimensionamento de estruturas de edifícios

Períodos e Massas modais da plataforma (SAP2000)

TABLE: Modal Participating Mass Ratios


OutputCase StepType StepNum Period UX UY UZ SumUX SumUY SumUZ RX RY RZ SumRX SumRY SumRZ
Text Text Unitless Sec Unitless Unitless Unitless Unitless Unitless Unitless Unitless Unitless Unitless Unitless Unitless Unitless
MODAL Mode 1 2,2480 0,0000 0,0822 0,0000 0,0000 0,0822 0,0000 0,0131 0,0000 0,0000 0,0131 0,0000 0,0000
MODAL Mode 2 1,8623 0,0828 0,0000 0,0000 0,0828 0,0822 0,0000 0,0000 0,0041 0,0000 0,0131 0,0041 0,0000
MODAL Mode 3 1,2520 0,0000 0,0000 0,0000 0,0828 0,0822 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0131 0,0041 0,0000
MODAL Mode 4 1,2519 0,0000 0,0000 0,0000 0,0828 0,0822 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0131 0,0041 0,0000
MODAL Mode 5 1,2284 0,0000 0,0000 0,0000 0,0828 0,0822 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0131 0,0041 0,0001
MODAL Mode 6 1,2284 0,0000 0,0000 0,0000 0,0828 0,0822 0,0000 0,0000 0,0000 0,0002 0,0131 0,0041 0,0003
MODAL Mode 7 1,1930 0,0000 0,0000 0,0000 0,0828 0,0822 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0131 0,0041 0,0003
MODAL Mode 8 1,1924 0,0000 0,0000 0,0000 0,0828 0,0822 0,0000 0,0000 0,0000 0,0001 0,0131 0,0041 0,0004
MODAL Mode 9 1,1537 0,0000 0,0000 0,0000 0,0828 0,0822 0,0000 0,0000 0,0000 0,0006 0,0131 0,0041 0,0010
MODAL Mode 10 1,1537 0,0000 0,0000 0,0000 0,0828 0,0822 0,0000 0,0000 0,0000 0,0012 0,0131 0,0041 0,0021
MODAL Mode 11 1,1213 0,0000 0,0000 0,0000 0,0828 0,0822 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0131 0,0041 0,0021
MODAL Mode 12 1,1100 0,0000 0,0002 0,0000 0,0828 0,0824 0,0000 0,0000 0,0000 0,0005 0,0131 0,0041 0,0027

José Luis Alves 87


Estágio: análise sísmica no dimensionamento de estruturas de edifícios

Períodos e Massas modais do edifício para habitação e comércio (SAP2000)

TABLE: Modal Participating Mass Ratios


OutputCase StepType StepNum Period UX UY UZ SumUX SumUY SumUZ RX RY RZ SumRX SumRY SumRZ
Text Text Unitless Sec Unitless Unitless Unitless Unitless Unitless Unitless Unitless Unitless Unitless Unitless Unitless Unitless
MODAL Mode 1 0,8745 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0156 0,0000 0,0000 0,0156 0,0000 0,0000
MODAL Mode 2 0,7870 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0025 0,0000 0,0156 0,0025 0,0000
MODAL Mode 3 0,7084 0,0000 0,0160 0,0000 0,0000 0,0160 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0156 0,0025 0,0000
MODAL Mode 4 0,6375 0,0000 0,0032 0,0000 0,0000 0,0192 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0156 0,0025 0,0000
MODAL Mode 5 0,5737 0,0000 0,0084 0,0000 0,0000 0,0276 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0156 0,0025 0,0001
MODAL Mode 6 0,5164 0,0000 0,0004 0,0000 0,0000 0,0280 0,0000 0,0000 0,0000 0,0001 0,0156 0,0025 0,0002
MODAL Mode 7 0,4647 0,0330 0,0000 0,0000 0,0330 0,0280 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0156 0,0025 0,0002
MODAL Mode 8 0,4182 0,0000 0,0220 0,0000 0,0330 0,0500 0,0000 0,0000 0,0000 0,0001 0,0156 0,0025 0,0003
MODAL Mode 9 0,3049 0,0007 0,0260 0,0000 0,0337 0,0760 0,0000 0,0000 0,0000 0,0007 0,0156 0,0025 0,0010
MODAL Mode 10 0,2744 0,0260 0,0007 0,0000 0,0597 0,0767 0,0000 0,0000 0,0000 0,0012 0,0156 0,0025 0,0021
MODAL Mode 11 0,2470 0,0025 0,0000 0,0000 0,0623 0,0767 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0156 0,0025 0,0021
MODAL Mode 12 0,2223 0,0044 0,0000 0,0000 0,0666 0,0767 0,0000 0,0000 0,0000 0,0005 0,0156 0,0025 0,0026

88 José Luis Alves


Estágio: análise sísmica no dimensionamento de estruturas de edifícios

Lista de secções de pilares, vigas, lajes e respectivos pesos do edifício para


habitação e comércio (SAP2000)
TABLE: Material List 2 - By Section Property
Section ObjectType NumPieces TotalLength TotalWeight
Text Text Unitless m KN
W18X35 Frame 7 21 10,741
P(0.6x0.3) Frame 12 30 134,96
P(0.3x0.5) Frame 53 155 581,078
P(0.3x0.6) Frame 22 62 278,918
P(0.35x0.6) Frame 1 1 5,248
P(0.4x0.5) Frame 1 1 4,999
P(0.35x0.7) Frame 8 20 122,464
P(0.35x0.8) Frame 4 10 69,979
P(0.4x0.4) Frame 44 122 487,856
P(0.3x0.3) Frame 287 839 1887,193
P(0.3x0.65) Frame 1 1 4,874
P(0.3x0.4) Frame 73 207 620,817
P(0.4x0.3) Frame 41 119 356,895
P(0.35x0.4) Frame 8 20 69,979
Caixa elevador Frame 15 43 1549,155
P(0.5x0.3) Frame 20 56 209,938
P(1.3x0.3) Frame 4 10 97,471
P(0.3x0.75) Frame 2 2 11,247
P(0.3x0.7) Frame 6 12 62,981
P(0.35x0.35) Frame 10 28 85,725
P(0.45x0.5) Frame 10 28 157,453
P(0.2x0.5) Frame 9 27 67,48
P(0.2x0.7) Frame 12 36 125,963
P(0.45x0.3) Frame 6 18 60,732
P(0.3x0.2) Frame 5 15 22,493
P(0.2x0.3) Frame 12 36 53,984
Nucleo Frame 13 37 1464,767
P(0.2x0.6) Frame 3 9 17,995
Viga (0.3x0.5) Frame 573 3760,3917 14097,307
P(0.2x0.2) Frame 3 9 8,997
P(0.5x0.4) Frame 3 9 44,987
P(0.7x0.5) Frame 1 1 8,747
Laje Area 48150,064
70933,487

José Luis Alves 89

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