Coletâmea - Emp Cav

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MINISTÉRIO DA DEFESA

EXÉRCITO BRASILEIRO
ESCOLA DE SARGENTOS DAS ARMAS
(ESCOLA SARGENTO MAX WOLF FILHO)

CURSO DE FORMAÇÃO DE SARGENTOS


PERÍODO DE QUALIFICAÇÃO

COLETÂNEA DE MANUAIS
DE
EMPREGO DA CAVALARIA

2017

Observações:
ÍNDICE DE ASSUNTOS

Pag

CAPÍTULO I – EVOLUÇÃO E OPERAÇÕES DA CAVALARIA

1. GENERALIDADES............................................................................................................5

1.1 Evolução histórica da Arma................................................................................................5

1.2 Missões e características..................................................................................................17

1.3 Possibilidades e limitações...............................................................................................19

1.4 Bases de Organização da Cavalaria ...............................................................................20

1.5 Pelotões provisórios .........................................................................................................21

2 OPERAÇÕES BÁSICAS..................................................................................................24

2.1 Operações Ofensivas.......................................................................................................24

2.2 Operações Defensivas......................................................................................................29

2.3 Operação de Pacificação..................................................................................................39

2.4 Operações de Apoio a Órgãos Governamentais..............................................................41

3 AÇÕES COMUNS ÁS OPERAÇÕES TERRESTRES.....................................................47

3.1 Generalidades...................................................................................................................47

3.2 Reconhecimento e Vigilancia............................................................................................47

3.3 Segurança das Operações...............................................................................................49

(Manual de ensino/Emprego da Cavalaria.................................................................................2/124)


CAPÍTULO II – O PEL C MEC

4 - APRESENTAÇÃO DO PELOTÃO DE CAVALARIA MECANIZADO ................................27

4.1 Introdução............................................................................................................................55

4.2 Frações do Pel c Mec..........................................................................................................55

4.3 Vulnerabilidades do Pel C Mec............................................................................................55

4.4 Missões Peculiares do Pel C Mec........................................................................................56

5. MANEABILIDADE DAS FRAÇÕES .....................................................................................57

5.1 Maneabilidade do Grupo de Exploradores...........................................................................57

5.2. Maneabilidade da Seç VBR.................................................................................................61

5.3. O Binômio Seç VBR/GC......................................................................................................65


O
5.4. Maneabilidade do Grupo de Combate.................................................................................71

5.5. Maneabilidade da Peça de Apoio........................................................................................87

6 ORDENS FRAGMENTÁRIAS................................................................................................93

7. AÇÕES COMPLEMENTARES..............................................................................................97

7.1 Blindagen.............................................................................................................................97

7.2 Identificação Positiva de Alvos..........................................................................................101

7.3 Locação Rápida.................................................................................................................103

7.4 Emprego do Caçador.........................................................................................................104

7.5 Identificação e Ações Contra IED......................................................................................109

(Manual de ensino/Emprego da Cavalaria.................................................................................3/124)


CAPÍTULO I

EVOLUÇÃO E OPERAÇÕES DA CAVALARIA

1- GENERALIDADES

1.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA ARMA

a. Origem da palavra Cavalaria

Desde os tempos mais remotos o homem persegue a idéia de combater “em


vantagem de posição”. Isto é, de uma forma que lhe garanta mais facilidade para se
bater com seu oponente.
Esta vantagem de posição era obtida antigamente subindo-se em uma
plataforma empurrada por outros soldados e mais tarde nos carros de guerra,
elefantes, camelos ou cavalos. O idioma sânscrito, raiz de tantos outros, designava a
milênios esta forma de combater em vantagem de posição como AKVA. Esta palavra
designou também, em determinado período histórico, as plataformas do combate em
vantagem de posição e uma lança longa utilizada pelos guerreiros que combatiam
sobre as plataformas, carros de guerra e a cavalo.
As plataformas deram lugar aos carros de guerra puxados por asnos selvagens
e depois por cavalos domesticados. Empregou-se também para combater em
vantagem de posição os elefantes e camelos e, quando o cavalo foi domado, passou
a ser utilizado neste modo especial de combater. Ao final do século I DC, os carros de
guerra praticamente haviam desaparecido dos campos de batalha, sendo superados
pelas unidades de guerreiros montados a cavalo, que passaram a ocupar o seu lugar
como força de choque em quase todos os exércitos, em função de sua maior
capacidade de deslocamento a grandes distâncias e por terrenos variados.
Os romanos e demais povos da antigüidade utilizaram o cavalo inteiro nas suas
forças montadas. Em algum momento da história, a Cavalaria de Roma passou a
empregar o cavalo castrado, por ser mais facilmente conduzido no combate,
mantendo o cavalo inteiro para outras atividades, principalmente para o esporte.
Ao cavalo de combate os romanos chamaram de caballus, corruptela do
original sânscrito AKVA, devido a forma de combater na qual seria empregado. Para
o cavalo inteiro, animal de trabalho doméstico e esporte, mantiveram o nome original
em latim, equus.
A ação caldeadora do tempo, entretanto, acabou distorcendo a função
etimológica inicial daquelas duas palavras. Assim, no combate, para se obter aquela
vantagem de posição, se utilizava preferencialmente o animal macho, mais forte, e
caballus ficou sendo a designação genérica alusiva a todo animal macho, castrado ou
não, e equus a palavra para designar o animal fêmea.
Essa distorção foi herdada por todos os idiomas latinos. Alguns idiomas, como
os saxônicos, mantiveram-se fiéis aos conceitos primitivos. Por isso, não fazem
confusão entre a forma de combater em vantagem de posição (em inglês, por
exemplo, denomina-se cavalry) e o animal nela utilizado (em inglês, horse).
Cavalaria, pois, como é entendido em terminologia militar, designa uma forma
de combate, e essa forma utilizou no passado o cavalo, o elefante, os carros de

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guerra, as plataformas empurradas por soldados e, atualmente, os carros de combate,
as viaturas blindadas, viaturas leves e os helicópteros.
Cavalaria sempre significou uma forma de combater, AKVA. O animal, que por
milênios foi empregado por ela para combater em vantagem de posição, acabou
herdando-lhe o nome, caballus.

b. A evolução da Cavalaria

É provável que o guerreiro montado tenha surgido por volta do século X AC,
como resposta à conveniência de se obter uma posição dominante sobre o adversário,
na luta corpo a corpo. A vantagem da posição garantia nos primórdios dos tempos,
uma maior facilidade para derrotar o oponente.
Essa categoria especial de guerreiros adquiriu ao longo dos séculos, a par da
vantagem da dominância, extraordinária mobilidade e potência de choque. Utilizando
inicialmente plataformas empurradas por guerreiros a pé e mais tarde carros de
guerra, elefantes, camelos, cavalos, engenhos blindados e aéreos, esses guerreiros
especializados vêm se constituindo, por mais de três mil anos, em parte indispensável
dos exércitos.
A história da Cavalaria constitui-se numa longa série de adaptações às
mutáveis condições da guerra. Essa evolução de meios e de formas de emprego
utilizados pela Cavalaria, representa o grande esforço despendido para a manutenção
de sua mobilidade, poder de choque e flexibilidade, permitindo o seu emprego em
uma grande variedade de missões.
Desde os tempos mais remotos, os exércitos organizaram suas forças a cavalo em
unidades leves e pesadas, buscando uma maior flexibilidade para o cumprimento das
missões inerentes à Cavalaria. As unidades leves eram empregadas na busca de
informações sobre o inimigo, na perseguição do inimigo batido ou para cobrir a retirada
do grosso do exército no caso de um insucesso. As unidades pesadas eram colocadas
nas alas da força de infantaria, com a finalidade de atuarem sobre os flancos e
retaguarda do inimigo ou contra a sua Cavalaria. Na GRÉCIA antiga, os cavaleiros
das unidades pesadas eram denominados catafratas e os das unidades leves
sarissóforos. Esta organização da Cavalaria, com unidades leves e pesadas,
atravessou os séculos e perdura até os dias atuais.

Figura 1. Cavaleiro assírio

(Manual de ensino/Emprego da Cavalaria.................................................................................5/124)


Nos séculos IV e III AC, ALEXANDRE empregou largamente as plataformas,
os carros de guerra, elefantes e formações a cavalo como instrumentos de combate
capazes de dar-lhe a vantagem da dominância, da potência de choque e da
velocidade, empregando-os para romper as formações do inimigo, fustigar seus
flancos e retaguarda ou levantar com maior presteza o dispositivo adversário, ainda
que de maneira empírica.
Foi por ocasião das Guerras Púnicas (264-201 AC) que a Cavalaria surgiu
efetivamente como Arma. Nessa campanha, os cavaleiros númidas, a serviço de
Cartago, ofereceram exemplos notórios do emprego judicioso desse tipo especial de
combatente. O mais brilhante destes feitos ocorreu na batalha de Canes (216 AC).
ANÍBAL, a despeito de sua flagrante inferioridade numérica, soube aproveitar as
características de sua Cavalaria, para envolver e aniquilar as forças romanas,
logrando estrondosa vitória.
Ainda nesse período histórico, salientaram-se alguns grandes guerreiros
asiáticos, como GENGIS-KHAN e ÁTILA, por suas expedições na Europa, conduzindo
imensas hordas de cavaleiros, sem contudo sistematizar o emprego dessas forças
montadas. Por volta do ano 200 AC, cavaleiros asiáticos revolucionaram a arte da
guerra introduzindo o estribo no arreamento de seus animais. Este invento permitiu
ao cavaleiro um maior equilíbrio e estabilidade na sela, possibilitando o emprego do
arco com maior precisão, da espada e da lança com maior letalidade.
Na Idade Média a arte militar definhou. Embora a história registre algumas
campanhas de vulto, como as Cruzadas e a Guerra dos Cem Anos, a batalha perdeu
suas características de entrechoque de massas organizadas. As manobras, os
esquemas táticos e o exercício da liderança, não prevaleceram no grande número de
duelos em que se converteu o campo de batalha, nos quais, os requisitos
fundamentais eram a bravura e a destreza. A Cavalaria tornou-se pesada e
couraçada, perdendo velocidade e flexibilidade, características que lhe eram
peculiares. Foi todavia, uma era de absoluta predominância do cavaleiro na guerra.
Com o surgimento das armas de fogo, a Cavalaria teve de evoluir para uma
força mais móvel que a massa dos exércitos e dotada de uma potência relativa e
proporcional à da massa em cujo proveito agia. Essa evolução não se fez sem traumas
e sem exageros, que levaram a Cavalaria a apear e a combater a pé, valorizando
excessivamente a importância do fogo nos campos de batalha da época,
representando o abandono da mobilidade da Arma e do seu espírito ofensivo.
No final do século XV surgiram as primeiras unidades de Cavalaria equipadas
com armas de fogo. No século seguinte a Arma passou a ser organizada basicamente
com três tipos de unidades: de couraceiros (a cavalaria pesada), de hussardos (de
lanceiros, caçadores, carabineiros ou ulanos, a cavalaria ligeira) e de dragões
(cavalaria pesada, apta a combater a pé e a cavalo).
O espírito da Arma seria revivido na Guerra dos Trinta Anos (1618 - 1648). O
General francês Príncipe CONDÉ, diante de uma situação desesperada, na batalha
de Recroi (1643), lançou seus esquadrões sobre as alas e a retaguarda do dispositivo
inimigo, destroçando o escol da infantaria espanhola. Nesta mesma guerra,
GUSTAVO ADOLFO, rei da SUÉCIA, emprega sua Cavalaria em missões de
reconhecimento, ação de choque e na perseguição, obtendo êxitos significativos,
como na Batalha de Breitenfeld (Leipzig).
Estas inovações, entretanto, não foram absorvidas por todos os exércitos da
época, que continuaram a empregar suas Cavalarias com armas de fogo, numa ação
denominada de “caracol”, que consistia em carregar sobre o inimigo, disparar as

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armas de fogo a determinada distância, voltar rapidamente à retaguarda para carregá-
las com vistas a desenvolver novamente a mesma ação.
No século XVIII, a saturação do fogo no campo de batalha tornara cada vez
mais penoso o combate frontal, fazendo, com isso, crescer a importância da manobra
de ala, na busca dos flancos e da retaguarda do inimigo. A Cavalaria do exército de
FREDERICO II “o Grande”, rei da PRÚSSIA, passou a constituir-se em modelo para
muitos exércitos europeus, principalmente após a Guerra dos Sete Anos, onde
liderada pelos generais von SEYDLITZ e von ZIETEN alcançou expressivas vitórias.
Essa nova concepção da guerra, da qual Napoleão foi mestre insuperável, favoreceu
grandemente o emprego da Cavalaria.
Napoleão constituiu grandes massas de Cavalaria e empregou-as em missões
de reconhecimento e segurança, de forma a conhecer as intenções do inimigo e,
assim, prover-se da indispensável liberdade para tomar sua própria decisão. Durante
a batalha fixava o adversário para, a seguir, envolvêlo e desorganizá-lo, obrigando-o
a empregar suas reservas. Ao primeiro sinal de perda da capacidade de reação do
inimigo, dirigia o esforço decisivo para o ponto de ruptura e culminava a batalha com
tenaz perseguição, aproveitando o êxito. Assim foi em Marengo, Austerlitz, Jena,
Wagran, Eylan e em tantos outros combates, onde a Cavalaria francesa dos generais
Príncipe MURAT e Conde LASALLE cobriu-se de glórias.
Coube a NAPOLEÃO definir o emprego clássico da Cavalaria e atribuir-lhe as
missões que caracterizaram, até os dias atuais, a sua atuação:
(a) criar uma rede de segurança em torno do exército;
(b) cobrir a marcha dos exércitos;
(c) desvendar, desde o mais longe possível, os movimentos do inimigo e dificultá-los;
(d) atuar sobre a retaguarda do inimigo, seus comboios e linhas de comunicação;
(e) realizar incursões profundas sobre objetivos bem definidos;
(f) conter a Cavalaria inimiga;
(g) intervir na batalha; e
(h) perseguir e completar a destruição do inimigo batido, impedindo a sua
reorganização.
Passado o período áureo da era napoleônica, nova crise se apresentou com o
surgimento das armas raiadas e do canhão de retrocarga. Essas inovações,
aumentando a rapidez e precisão do tiro, iriam induzir, na Cavalaria, exagerada
preocupação com a segurança.
No início da Guerra Franco – Prussiana (1870 – 1871), a Cavalaria foi
empregada muito próxima da infantaria, ou mesmo a reboque desta, perdendo muito
da sua capacidade ofensiva e da mobilidade que lhe era característica. Essa letargia
vai ser sacudida, no final da campanha, pela Cavalaria alemã em Metz. A força alemã,
desgastada e frente a tropas francesas mais numerosas e vantajosamente dispostas,
encontrava-se em vias de ser derrotada. O comandante alemão decidiu, então,
empregar sua Brigada de Cavalaria, perfeitamente coberta das vistas do inimigo,
realizando um movimento desbordante, para cair de surpresa sobre a infantaria e
artilharia francesas, aniquilando-as com fulminante carga.
Durante o período 1871 – 1914, os exércitos preocuparam-se em explorar as
possibilidades que se abriam com os novos armamentos. Alguns cavalarianos,
embalados pelas glórias do passado, novamente relutavam em admitir a necessidade
de introduzir modificações substanciais no emprego da Arma montada. Assim é que,
imbuída do espírito do século anterior, a Cavalaria chega à 1ª Guerra Mundial, ansiosa
por reeditar suas gloriosas cargas.

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Outro porém era o campo de batalha, dominado pelo matraquear das
metralhadoras e a explosão das granadas. A infantaria, menos vulnerável às armas
de tiro tenso que a Cavalaria, viu-se forçada a enterrar-se nas trincheiras, que se
estendiam dos Voges até o Mar do Norte. Os exércitos oponentes mantinham-se
estáticos, tendo a separá-los uma faixa de terreno constantemente batida por fogos.
Neste cenário, pouco havia para fazer com uma Arma de vocação ofensiva e
manobreira. A maior parte da Cavalaria passou a combater a pé, cavando trincheiras,
lançando granadas e batendo-se à baioneta. As unidades passaram a receber
equipamento mais pesado e incorporaram frações de petrechos e de sapadores.
Ainda durante a 1ª Guerra Mundial surgiu um novo engenho que,
progressivamente, iria revolucionar a arte da guerra – o carro de combate. Este novo
meio de combate viria, mais tarde, devolver à Cavalaria sua mobilidade e potência de
choque. (Fig 2-3)

Figura 2. Carros de combate na 1ª Guerra Mundial

No período entre os dois grandes conflitos mundiais, os cavalarianos de todo o


mundo vacilaram entre preservar a Cavalaria dotada de seu meio tradicional de
transporte, o cavalo, ou adotar a mecanização total de suas unidades. Os grandes
estudiosos da guerra, porém, de pronto vislumbraram nos carros de combate, os
herdeiros e continuadores naturais, da gloriosa Cavalaria hipomóvel. Esta indecisão,
provocada pelo apego às tradições e aos dogmas do passado, ou mesmo por
conservadorismo exagerado e medo do progresso e da evolução, fez com que em
alguns países, os cavalarianos, priorizando os meios às missões tradicionais,
esquecessem a história da Arma e a necessidade de sua contínua evolução. Em
determinados exércitos, em face à intransigência dos cavalarianos em substituírem o
cavalo pelo carro de combate, a Arma de Cavalaria foi extinta, sendo criada uma outra
Arma, dotada de modernos meios blindados, para cumprir, entretanto, as mesmas
antigas e tradicionais missões da Cavalaria.
Durante a 2ª Guerra Mundial, registraram-se, ainda, o emprego de massas de
Cavalaria a cavalo na POLÔNIA e na RÚSSIA. Entretanto, o aperfeiçoamento do carro
de combate e das viaturas blindadas fez com que eles passassem a predominar na
maior parte dos teatros de operações, impondo-se como principal meio de combate
dos exércitos e da Cavalaria. Neste conflito destacaram como grandes condutores de
forças blindadas os generais alemães GUDERIAN, ROMMEL, MANSTEIN e von
THOMA, o norte – americano PATTON, o britânico MONTGOMERY e o russo
ZHUKOV, além de outros tantos que delinearam os fundamentos e a forma de
emprego das modernas formações blindadas. (Fig 2-4)

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Mais uma vez adaptando-se aos novos tempos e à evolução do material e da
doutrina, a Cavalaria substitui o cavalo pelos carros de combate, retornando, assim,
às suas antigas plataformas, agora blindadas e motorizadas, restaurando o seu poder
de choque, aumentando a potência de fogo e a mobilidade no campo de batalha.

Figura 3. Combate de blindados na 2ª Guerra Mundial

O carro de combate assumiu a grande maioria das missões que eram


executadas no passado pela Cavalaria pesada. Estes modernos “couraceiros”
passaram a sintetizar o poder de choque e a capacidade de destruição de forças
inimigas nos exércitos modernos. As unidades equipadas com viaturas blindadas mais
leves, assumiram o papel dos antigos “lanceiros, ulanos e hussardos”, cumprindo
missões de reconhecimento e segurança para seus exércitos. Os atuais fuzileiros
blindados da moderna Cavalaria podem ser comparados aos antigos “dragões”,
combatentes adestrados para o combate a pé ou montado (embarcado).

c. A Cavalaria no Brasil

Em meados do século XVI são lançados os fundamentos das instituições


militares nacionais. O Regimento dado a Tomé de Souza, em 7 de janeiro de 1549,
determinava a criação de uma “milícia colonial”, uma guarda militar da colônia a ser
integrada por todos os colonos, que deveriam manterse convenientemente armados
à própria custa. À esta guarda territorial deveria sobrepor-se uma força militar regular,
inicialmente de infantaria, que funcionaria como elemento aglutinador.
Esta milícia dos primórdios do BRASIL não possuía organização rígida. Em
caso de necessidade ou de ataque às povoações, os milicianos eram reunidos pelos
donatários das capitanias ou pelo Governador Geral para enfrentar os indígenas,
piratas e estrangeiros invasores. A quase totalidade dos colonos combatia a pé, pois
os cavalos eram escassos e muito caros, não sendo possível ainda a organização de
forças permanentes de Cavalaria. Somente alguns senhores de engenhos, fidalgos e
altos funcionários da Coroa podiam dispor de animais para sua locomoção e emprego
em combate.
Os primeiros registros do emprego do cavalo em combate no BRASIL constam
das crônicas sobre as guerras movidas pelos Governadores Gerais contra as nações
indígenas na Bahia e Espírito Santo, no século XVI. Um pequeno contingente de
milicianos a cavalo participou do Combate de Porto Grande, próximo a Pirajá na Bahia,
em 26 de maio de 1555, contribuindo para dispersar os indígenas que haviam atacado
um engenho. Na Guerra do Paraguassú, movida por Mem de Sá entre 1558 e 1559

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contra os Tupiniquins, pela primeira vez na colônia um combate foi decidido mediante
o emprego de uma pequena tropa de Cavalaria. Em 28 de setembro de 1559, uma
força de milicianos a cavalo participa do ataque ao segundo maior reduto tupiniquim,
levando o terror aos indígenas, contribuindo decisivamente para a derrocada dos
defensores, sendo lançada logo a seguir, na perseguição aos fugitivos.
No século XVII, existiram nas capitanias do nordeste diversas Companhias de
Cavalaria de Milícias, distribuídas pelas freguesias e na guarda dos governadores.
Algumas destas companhias vão se destacar na Restauração Pernambucana,
durante a guerra contra os holandeses. Sob o comando do Capitão ANTÔNIO SILVA,
um esquadrão de cavalaria participa da 1ª Batalha de Guararapes, em 19 de abril de
1648, contribuindo para a retomada das posições do terço de Henrique Dias. Em 19
de fevereiro de 1649, na 2ª Batalha de Guararapes, as companhias de cavalaria dos
Capitães ANTÔNIO SILVA e MANOEL DE ARAÚJO MIRANDA, são lançadas contra
o centro do dispositivo holandês, concorrendo para a derrota dos batavos.
Consolidada a posse do nordeste pelos portugueses no século XVII, a estrutura militar
lá existente entra em declínio. No século XVIII desloca-se para o sul o interesse da
política militar no Brasil, tanto do ponto de vista das necessidades internas como no
das relações internacionais. No começo desse século, assume a Capitania de Minas
Gerais uma maior importância para a Coroa, devido às suas lavras auríferas e
garimpos diamantíferos.
O emprego da Cavalaria no BRASIL durante o período colonial restringiu-se,
inicialmente, à limitada atuação das forças milicianas durante os séculos XVI e XVII,
em face da grande dificuldade para a manutenção de unidades a cavalo nos
primórdios de nossa história. Este quadro será alterado no século XVIII com a criação
das unidades de Dragões e da Cavalaria Auxiliar. Em Minas Gerais, os Dragões são
criados como tropa regular e disciplinada, encarregada dos serviços de guarda, dos
registros, patrulhas, destacamentos e para outros serviços diversos e, sobretudo, para
fazer respeitar as leis e a autoridade do governo, devendo marchar em caso de guerra,
para onde este socorro fosse preciso. No Sul, a história das lutas no Prata e da
formação do Rio Grande do Sul vão se confundir com a própria história dos Dragões
e da Cavalaria Auxiliar.
No século XVIII são criados no BRASIL os primeiros corpos de Cavalaria
regular e auxiliar. Surgem, assim, em Minas Gerais, duas Companhias de Cavalaria
criadas em 20 de junho de 1712 e a Companhia de Dragões criada em 1729, que em
1775 vão dar origem ao Regimento de Cavalaria de Vila Rica. No Rio Grande do Sul
são criados o Regimento de Dragões do Rio Grande em 1736 (Fig 2-5) e o Regimento
de Cavalaria Auxiliar e o Esquadrão de Voluntários em 1770. Em São Paulo é
organizado em 1775 o Regimento de Cavalaria de Voluntários Reais, depois Cavalaria
da Legião de São Paulo. No Rio de Janeiro surgem as duas Companhias da Guarda
dos Vice-Reis, criadas a partir de 1765 e transformadas logo depois em Esquadrão
da Guarda dos Vice-Reis. Foram criados, ainda, o Regimento de Cavalaria Auxiliar do
Piauí, a Companhia de Dragões de Cuiabá, a Companhia de Dragões de Goiás e as
Companhias de Cavalaria da Guarda do Governador da Bahia e do General em
Pernambuco.
Em 1808, a Corte Portuguesa instala-se no BRASIL e várias providências são
tomadas para reorganizar e tornar mais eficiente o Exército do Brasil. Foram criadas
no primeiro quartel do século XIX diversas unidades, destacando-se para a Cavalaria
a criação do 1º Regimento de Cavalaria do Exército, Regimento de Dragões de
Montevidéo, Regimento de Dragões da União, Esquadrão de Cavalaria da Cidade de
São Paulo, Esquadrão de Cavalaria do Pará, Companhia de Cavalaria da Legião da

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Bahia, Companhia de Cavalaria da Legião do Mato Grosso e o Corpo de Cavalaria da
Província de Pernambuco.
No período do Brasil Colônia e Brasil Reino, durante a consolidação das
fronteiras no Sul, os Dragões do Rio Grande (depois Rio Pardo), a Legião de Tropas
Ligeiras e a Cavalaria Auxiliar escreveram páginas repletas de heroísmo e sacrifício
nas campanhas realizadas na Bacia do Prata. Estiveram presentes em 1762 – 63 e
1773 – 74, nas campanhas contra as forças invasoras espanholas, no Rio Grande do
Sul; em 1775 – 76, na campanha da Reconquista do Rio Grande do Sul; em 1811 –
1812, na Campanha Pacificadora do Uruguai e em 1816 – 20, na Guerra contra
Artigas. Destacaram-se nestas campanhas ilustres chefes de Cavalaria como o
Brigadeiro RAFAEL PINTO BANDEIRA e o Marechal de Campo JOSÉ DE ABREU,
Barão do Cerro Largo.
Nas lutas pela Independência do Brasil na Bahia, ocorreu uma passagem
pitoresca de nossa história militar, que bem mostra a importância e o peso da
participação da Cavalaria nos combates daquela época. Conta a tradição que, no
combate de Pirajá, onde as forças brasileiras não dispunham de Cavalaria, quando os
portugueses estavam para romper a linha brasileira, um corneteiro recebeu ordem de
tocar retirada, porém, desobedecendo ao seu comandante, decidiu tocar “Cavalaria –
avançar e degolar“, o que teria provocado desordem nas linhas portuguesas e
contribuído, a seguir, para a fuga dos adversários.
Após a Independência, é criado o Exército Brasileiro (EB), passando as forças
existentes por uma grande reorganização em 1824. Das unidades de Cavalaria que
haviam no Brasil Reino (Exército do Brasil), foram aproveitados na 1ª Linha do
Exército: o 1º Regimento de Cavalaria do Exército (Rio de Janeiro), o Regimento de
Cavalaria de Minas Gerais (Ouro Preto), a Cavalaria da Legião de São Paulo e
Esquadrão da Cidade de São Paulo, o Esquadrão de Voluntários da Província do Rio
Grande do Sul (Jaguarão), o Regimento de Dragões do Rio Pardo, o Regimento de
Dragões de Montevidéu e o Regimento de Dragões da União (Paysandú),
transformados, respectivamente, nos 1º, 2º, 3º, 4º, 5º, 6º e 7º Regimentos de
Cavalaria. Esta organização sofreu poucas modificações até o início da Guerra do
Paraguai.

Figura 4. Independência do Brasil (Imperial Guarda de Honra e


1º Regimento de Cavalaria do Exército - Dragões da Independência

Após a Independência desapareceram os Dragões, passando toda a Cavalaria


a ser classificada como Ligeira. Estas unidades eram armadas de sabre, clavina e
pistola. Os corpos estacionados no Rio Grande do Sul foram classificados algumas

(Manual de ensino/Emprego da Cavalaria.................................................................................11/124)


vezes, em meados do século XIX, como Lanceiros, pelofato de usarem a lança, arma
que foi adotada somente naquela província a partir da Regência. Usaram esta arma
também, o Esquadrão de Lanceiros Alemães e os Regimentos de Milícia Guaranis.
Na metade do século XIX ocorreram profundas modificações na estrutura e
organização do EB. Para a Cavalaria, a principal modificação foi a adoção das
Instruções do Marechal BERESFORD, para emprego em campanha e nos exercícios,
que perduraram durante muitas décadas no Brasil. A doutrina de emprego da
Cavalaria, vigente na época, preconizava que o combate deveria ser feito sempre a
cavalo. Procurava-se tirar partido da potência de choque da Arma e empregá-la
ofensivamente. O ataque era a principal finalidade da Cavalaria e, na sua execução,
buscava-se obter velocidade e regularidade nas cargas e nos entreveros.
As mais importantes lutas travadas pelo Império do Brasil foram na região
platina, em conseqüência do valor político e econômico da Bacia do Prata. Assim,
foram realizadas a Guerra da Cisplatina em 1826 –28, a Campanha contra Oribe e
Rosas em 1851 – 52 e a Guerra contra o Uruguai em 1864 – 65. No período entre
1865 e 1870 foi travada a maior e mais cruenta guerra do Exército Brasileiro – a
Guerra da Tríplice Aliança ou Guerra do Paraguai. Nesta campanha salientaram-se a
genialidade e o brilhantismo de lendários chefes da Arma, como o Marechal MANOEL
LUÍS OSÓRIO – Marquês do Herval e Patrono da Cavalaria Brasileira; o Brigadeiro
JOSÉ JOAQUIM DE ANDRADE NEVES – Barão do Triunfo, “o bravo dos bravos do
Exército Brasileiro”; o Marechal do Exército JOSÉ ANTÔNIO CORREIA DA CÂMARA
– Visconde de Pelotas; o Tenente – General MANUEL MARQUES DE SOUZA e tantos
outros bravos que escreveram as mais gloriosas páginas da história da Cavalaria
Brasileira.
Participaram da Guerra do Paraguai três Regimentos de Cavalaria Ligeira (Fig
2-6) e cinco Corpos de Caçadores a Cavalo da 1ª Linha do Exército e cerca de vinte
e cinco Corpos Provisórios de Cavalaria da Guarda Nacional (2ª Linha), em sua
grande maioria da província do Rio Grande do Sul. Estas unidades, no auge da
campanha, estavam organizadas em doze Brigadas de Cavalaria (Bda Cav),
subordinadas a seis Divisões de Cavalaria (DC). Foi organizado também, na fase de
operações denominada de “ Dezembrada”, um Corpo de Cavalaria reunindo às 2ª e
3ª DC, sob o comando do Barão do Triunfo.
Memoráveis páginas da história do Exército Brasileiro foram escritas pela
Cavalaria nesta campanha. A “Cavalaria dos doidos”, como ficou conhecida a
Cavalaria de ANDRADE NEVES, galopou vitoriosamente nas margens do Avai, na
Vila do Pilar, no Estabelecimento, em Lomas Valentinas, no Arroio Hondo, em São
Solano, Campo Grande e tantos outros combates onde esteve presente. Destas
ações, destacam-se, dentre outras, pelas circunstâncias em que foram realizadas e
pelos resultados alcançados:
a) a magistral carga do Barão do Triunfo na retomada do Potreiro Ovelha, em
29 de outubro de 1867, onde dizimou a cavalaria e infantaria inimigas, seguindo-se a
tomada de Taií, cercando os paraguaios no campo fortificado de Humaitá;
b) o reconhecimento em força realizado pelo Brigadeiro JOÃO MANOEL
MENNA BARRETO em 18 de julho de 1868, nas posições do Tebiquari, onde, com
uma força de 1500 cavalarianos, reconheceu Passo Porto, Passo da Estância, Passo
das Ovelhas e Passo da Fortilha, batendo o inimigo e aprisionando numeroso
contingente;
c) a intrépida e ousada ação do então Coronel CÂMARA na batalha do Avaí,
em 11 de dezembro de 1868, manobrando com admirável eficiência a sua 5ª DC,
salvando de um desastre certo três batalhões de infantaria do 3º Corpo de Exército;

(Manual de ensino/Emprego da Cavalaria.................................................................................12/124)


d) a avassaladora carga do Corpo de Cavalaria do Brigadeiro ANDRADE
NEVES na batalha do Avai, em 11 de dezembro de 1868, cortando a retaguarda
inimiga, impedindo a sua fuga e causando-lhe grande número de baixas. Esta carga
foi a mais brilhante e de maior efetivo já realizada em batalhas na América do Sul;
e) a notável atuação da 3ª DC na batalha de Lomas Valentinas, cortando a
retaguarda inimiga e impedindo a sua fuga; e
f) a violenta e decisiva carga da 4ª Bda Cav na batalha de Campo Grande, em
16 de agosto de 1869, contra a retaguarda paraguaia, destroçando o contra-ataque
inimigo e aniquilando o seu último esforço no combate, contribuindo para a vitória
naquele dia. Esta carga constitui-se em fato memorável para a Arma de Cavalaria,
pois foi a última vez que uma força ponderável a cavalo do Exército Brasileiro realizou
uma carga, influenciando decisivamente num combate de grandes proporções, contra
um inimigo externo.

Figura 5. Cavalaria na batalha do Avaí

Já no final do Império, em 1888, a Arma de Cavalaria foi novamente


reorganizada, passando a ser constituída por 10 (dez) regimentos de 4 (quatro)
esquadrões cada um, sendo 2 (dois) de clavineiros e 2 (dois) de lanceiros, todos de
Cavalaria Ligeira.
A grande reforma do exército, operada em 4 de julho de 1908, trouxe um
aumento geral dos corpos, sendo organizadas cinco Brigadas Estratégicas e três
Brigadas de Cavalaria (Bda Cav). A numeração dos corpos foi alterada e o número de
regimentos passou para 17. São criados na Cavalaria os Esquadrões de Trem e os
Pelotões de Estafetas.
Em 1915, os Regimentos de Cavalaria (RC) passaram a ser organizados a 4
(quatro) esquadrões, cada um a 4 (quatro) pelotões de 2 (duas) esquadras.
No período entre 1918 - 19, como conseqüência do término da 1ª Guerra
Mundial, o EB passou por importantes mudanças estruturais. Em 1919 foi contratada
na França uma Missão Militar, cuja principal ação, a partir de 1920, constituiu-se,
principalmente, em dar aos quadros conhecimentos mais exatos sobre a guerra e sua
preparação, influenciando a organização e a doutrina de emprego da força terrestre
até o início da 2ª Guerra Mundial. Na organização de 1919, os RC passaram a ser
Divisionários e Independentes. As cinco Divisões possuíam, cada uma, um Regimento
de Cavalaria Divisionário (RCD). As três brigadas de Cavalaria eram integradas, cada

(Manual de ensino/Emprego da Cavalaria.................................................................................13/124)


uma, por três Regimentos de Cavalaria Independentes (RCI) e a 1ª Circunscrição
Militar (Mato Grosso) por dois RCI.
Em 1921 é realizada nova organização do Exército. A Cavalaria Independente
passa a ser organizada em Divisões de Cavalaria (DC). Cada DC era integrada por
duas Bda Cav (cada uma com um comando e 2 (dois) RCI), 1 (um) Grupo de Artilharia
a Cavalo, 1 (um) Batalhão de Infantaria Montado e 1 (um) Esquadrão de
Transmissões. Todos os regimentos passam a ser estruturados com 4 (quatro)
Esquadrões de Cavalaria e 1 (um) Pelotão de Metralhadoras Leves. A reforma
substancial na Cavalaria consiste no surgimento do grupo de combate (GC) como
elemento básico da organização da Arma. Os pelotões são organizados com um GC
e duas esquadras de exploradores. Neste mesmo ano, foi organizada no Rio de
Janeiro a primeira tropa blindada do EB, a Companhia de Carros de Assalto,
subunidade equipada com carros de combate franceses Renault FT 17.
Em 1928 os RCI passaram a ser organizados a 3 (três) Esquadrões de
Cavalaria (cada SU com 4 (quatro) Pel Cav de 4 (quatro) esquadras, e 1 (um) Pel
Cmdo), 1 (um) Pelotão Extranumerário e 1 Pelotão de Metralhadoras. Em 1932, são
criados nos RCI os Esquadrões Extranumerários e os Esquadrões de Metralhadoras.
Em 1935, os Esquadrões de Cavalaria dos RCI passaram a ser organizados com 3
(três) Pel Cav (2 (dois) GC + 1 (uma) esquadra de exploradores) e 1 (um) Pel
Extranumerário (1 (um) Gp Cmdo e 1 (um) Gp Sv).
Em 1938 foi criado no Rio de Janeiro o Esquadrão de Auto – Metralhadoras,
equipado com carros blindados italianos Fiat Ansaldo CV 33 e com os carros de
combate Renault FT 17, remanescentes da Companhia de Carros de Assalto, extinta
em 1932.
Em 1940/1942 são criados os Regimentos de Cavalaria Transportados das DC,
que em 1943/1944 passaram a denominar-se Regimentos de Cavalaria Motorizados
(RCMtz). Neste mesmo período, os três Regimentos de Auto-Metralhadoras de
Cavalaria, criados em 1938, passaram a ser denominados Regimentos
Motomecanizados, mudando novamente esta denominação, em 1946, para
Regimentos de Cavalaria Mecanizados (RCMec). Em 1943 os Esquadrões
Extranumerários passaram a denominar-se Esquadrões de Comando e Serviços e os
Esquadrões de Cavalaria passam a Esquadrões de Fuzileiros. São criados os
Esquadrões de Morteiros, Metralhadoras e Canhões Anticarro. Em 1944 é criado o
Núcleo da Divisão Motomecanizada, que em 1957 passa a denominar-se a Divisão
Blindada (DB).
Em 1943 foi organizado o 1º Esquadrão de Reconhecimento, integrante da
Força Expedicionária Brasileira (Fig 2-9). Esta subunidade foi a única tropa de
Cavalaria a participar da 2ª Guerra Mundial, destacando-se nos combates de Gaggio
Montano, Marano, Collecchio, Fornovo, Tarano, no Vale do Pó e do Serchio e em
tantos outros travados em solo italiano. Após chegar no TO europeu, o 1º Esqd Rec
foi equipado com as viaturas blindadas M 8 Greyhound e M3 Half Track, com os quais,
fez toda a campanha da Itália.

(Manual de ensino/Emprego da Cavalaria.................................................................................14/124)


Figura 6. 1º Esquadrão de Reconhecimento da 1ª DIE, Italia – 2ª Guerra Mundial

No período entre 1944/1946 são criados os 1º, 2º e 3º Batalhões de Carros de


Combate (BCC) e o Grupo de Reconhecimento Mecanizado, orgânicos da Divisão
Motomecanizada, e diversas outras unidades mecanizadas. Neste mesmo período
chegaram ao Brasil, cerca de 500 viaturas blindadas. São os carros de combate
(VBC,CC) M 4 Sherman, M3 Grant e M3 Stuart (Fig 2-10), as viaturas blindadas de
reconhecimento (VBR) M8 Greyhound e T 17, as viaturas blindadas de transporte de
pessoal (VBTP) M3 White Scout Car e M3/M5 Half Track, as viaturas blindadas posto
de comando (VBE,PC) M – 20 e as viaturas blindadas socorro (VBE, Soc) M 32 e M
74, que passaram a equipar as novas unidades e subunidades blindadas e
mecanizadas da Cavalaria, organizadas no período da 2ª Guerra Mundial.
Em 1946, a Cavalaria Independente passou a constituir no Rio Grande do Sul
um Corpo de Cavalaria, integrado pelas 1ª, 2ª e 3ª DC. Neste mesmo ano os RCI
passaram a denominar-se RC. Em 1949 os Esqd Mrt, Mtr e CAC passaram a
Esquadrões de Petrechos Pesados. É criada, também, a 4ª DC, no Mato Grosso, que
em 1980 é transformada em 4ª Brigada de Cavalaria Mecanizada (Bda C Mec).
No período entre 1951/1954 os R C Mec passam a denominar-se Regimentos
de Reconhecimento Mecanizados (R Rec Mec), assim como os Esquadrões
Independentes passaram a ser designados Esqd Rec Mec. Em 1960 são recebidos
as primeiras VBC,CC M41 e as VBTP M 59, que vão equipar o R Rec Mec da DB.
No final dos anos 60 e início dos anos 70 o EB passou por grandes
modificações estruturais. Foram criadas as Divisões de Exército, as 1ª, 2ª e 3ª DC são
transformadas em Bda C Mec e a Divisão Blindada em Brigada de Cavalaria Blindada.
Os BCC transformam-se em Regimentos de Carros de Combate (RCC). Os RC e R
Rec Mec são transformados em Regimentos de Cavalaria Mecanizados (RCMec) e
Regimentos de Cavalaria Blindados (RCB), integrando as Bda C Mec e DE. Os Esqd
Rec Mec passam a denominar-se Esqd C Mec. Os R C Mtz são transformados em R
C Mec ou RCC.
Entre 1973 e 1988 o EB recebeu uma grande quantidade de viaturas blindadas,
nacionais e estrangeiras, para equipar as unidades e subunidades blindadas e
mecanizadas criadas nas décadas de setenta e oitenta. Cerca de 300 VBC, CC M41
e 70 X1A e X1A2, 600 VBTP M 113, 200 VBTP EE 11 Urutu e 400 VBR EE9 Cascavel
substituíram as viaturas blindadas recebidas no período da 2ª Guerra Mundial.

(Manual de ensino/Emprego da Cavalaria.................................................................................15/124)


No início da década de 80 são desenvolvidos diversos programas de
repotencialização de viaturas blindadas, destinados a estender a vida útil das viaturas
mais antigas. Destacam-se neste período a modernização das VBTP M 3 Scout Car
e M 3 Half Track, das VBR M8, dos CC M 41 e M3 Stuart e das VBTP M 113.
Em 1981 é criado o 1º Esquadrão de Cavalaria Pára-quedista, orgânico da
Brigada de Infantaria Pára-quedista e, em 1982, a primeira tropa de Cavalaria na
Amazônia, o 12º Esqd C Mec.
Na primeira metade da década de 90, Pel C Mec de diversos Esqd C Mec
participaram dos contingentes que integraram o Batalhão Brasileiro na Missão de
Verificação das Nações Unidas em Angola (UNAVEM), realizando missões de
reconhecimento e de segurança, contribuindo para o sucesso alcançado pelo EB
naquela missão de manutenção da paz.
No último trimestre de 1997 foram recebidos as VBC,CC M 60 A3 TTS e, a
partir do início de 1998, as VBC,CC Leopard 1 A1 (Fig 2-11), que substituíram as
VBC,CC M41 A 3 C nos RCC das Bda C Bld e Bda Inf Bld.
Quase no final da década de noventa, a Cavalaria passa pela sua última
reorganização no século XX. Os Esqd C Sv são transformados em Esquadrões de
Comando e Apoio. São criados os Pelotões de Exploradores nos RCC e RCB, os
RCMec passam a contar com Pelotões de Morteiros Pesados e a logística interna de
suas unidades é modificada em função das peculiaridades de emprego das unidades
mecanizadas e blindadas no combate moderno.
Ao longo de quase quinhentos anos de história militar, a Cavalaria no Brasil
evoluiu constantemente, adaptando-se às mudanças na arte da guerra sem perder
suas características de mobilidade, flexibilidade e ação de choque. Suas unidades,
empregando o cavalo, carros blindados e carros de combate, estiveram presentes na
grande maioria das campanhas realizadas pela força terrestre brasileira. Seus
milicianos das Ordenanças, os Dragões, a Cavalaria Auxiliar, os Caçadores a Cavalo,
a Cavalaria Ligeira, Divisionária, Independente, Mecanizada, Pára-quedista e
Blindada conquistaram o reconhecimento do restante do Exército, em árduas jornadas
de sacrifício e glórias no passado e de profissionalismo e eficiência no presente,
construindo assim a imorredoura tradição da Arma Ligeira, da Cavalaria Brasileira.

1.2 MISSÕES E CARACTERÍSTICAS

a. Missões da Cavalaria

São missões básicas da Cavalaria:


a) cavalaria blindada: cerrar sobre o inimigo a fim de destruí-lo ou neutralizá-lo,
utilizando o fogo, a manobra e a ação de choque e, na defensiva,destruir ou
desorganizar o ataque inimigo por meio do fogo e de contra-ataques.
b) cavalaria mecanizada: o reconhecimento, a segurança e a realização de
operações ofensivas e defensivas como elemento de economia de força.
c) cavalaria pára-quedista: o reconhecimento, a segurança e a realização de
operações ofensivas e defensivas como elemento de economia de força, num quadro
de operações aeroterrestres, aerotransportadas ou aeromóveis.
d) cavalaria de guarda: a defesa de pontos sensíveis e de instalações, a
segurança de áreas de retaguarda, o controle de populações e o apoio às operações
de assuntos civis.
No cumprimento das missões básicas da Arma, seus elementos de combate
podem reconhecer, vigiar largas frentes, cobrir ou proteger forças maiores, buscar e

(Manual de ensino/Emprego da Cavalaria.................................................................................16/124)


manter o contato com o inimigo, ligar forças amigas, engajarse no combate ofensivo
e defensivo, realizar incursões na retaguarda inimiga, conduzir infiltração e ataque de
inquietação ou diversionário.
Para desempenhar apropriadamente suas missões, os elementos de Cavalaria
têm necessidade de possuir um grau de mobilidade superior, ou no mínimo igual, ao
das forças amigas ou inimigas presentes no campo de batalha.
Para cumprir suas missões, a Cavalaria utiliza meios blindados, mecanizados,
pára-quedistas, motorizados e hipomóveis, devendo priorizar o combate embarcado.
Suas variadas possibilidades fazem das unidades de Cavalaria importantes
meios de busca de informes, bem como, as tornam aptas às ações altamente móveis,
principalmente as de natureza ofensiva.
A disponibilidade de meios aeromóveis, ou de apoio aéreo, amplia as
possibilidades ofensivas e defensivas, de reconhecimento e de segurança da
Cavalaria.

b. Característica da Cavalaria

São definidas pela conjugação harmônica das características de seus


elementos blindados e mecanizados: mobilidade, potência de fogo, ação de choque,
proteção blindada e sistema de comunicações amplo e flexível. As suas peças de
manobra são organizadas de forma a realçar o movimento e o emprego adequado da
potência dos meios de que dispõe, assegurando excelentes condições para o
combate continuado contra qualquer tipo de força terrestre. Essas características são:
a) mobilidade - é a característica primordial da Cavalaria, a que lhe permite a
realização de manobras rápidas e flexíveis em terreno diversificados, bem como a
obtenção, no mais alto grau, dos efeitos da surpresa. Entende-se por mobilidade a
faculdade de poder:
(1) deslocar-se com rapidez;
(2) engajar-se ou desengajar-se com facilidade;
(3) intervir sobre pontos afastados da frente de combate, ou seja, possuir
grande raio de ação; e
(4) transpor, de dia ou à noite e sob quaisquer condições meteorológicas,
terrenos variados, isto é, possuir grande fluidez.
b) potência de fogo - é proporcionada pela variedade e pelo calibre dos seus
armamentos leve e pesado e pela capacidade de estocagem de munição nas próprias
viaturas das peças de manobra, conjugadas com o apoio de fogo da Artilharia.
c) proteção blindada - é proporcionada pelas viaturas blindadas, o que capacita
a Cavalaria a realizar o combate embarcado, com razoável grau de segurança às
guarnições, contra fogos de armas leves e fragmentos de granadas de morteiro e de
artilharia.
d) ação de choque - resulta da utilização das viaturas blindadas, as quais,
reunindo massa e velocidade e complementadas pelo fogo, causam impacto e,
normalmente, surpresa ao inimigo.
e) sistema de comunicações amplo e flexível - é função dos variados
equipamentos de comunicações utilizados, o que proporciona aos comandos de
Cavalaria ligações rápidas entre seus diversos escalões, assegurando-lhes, pelo
controle e pela coordenação eficazes, a possibilidade de explorar, convenientemente,
as demais características da arma e uma conseqüente presteza na transmissão e no
cumprimento das ordens.

(Manual de ensino/Emprego da Cavalaria.................................................................................17/124)


1.3 POSSIBILIDADES E LIMITAÇÕES

a. Possibilidades

Em decorrência da combinação das características da Arma, resultam as


propriedades gerais da Cavalaria: flexibilidade, capacidade de manobra, capacidade
de combate, capacidade de durar na ação, capacidade de informar-se e de cobrir-se
e aptidão dos seus quadros. Essas propriedades da Cavalaria indicam-na para o
emprego onde houver amplos espaços.
1) Flexibilidade - é o produto, particularmente, da mobilidade, do sistema de
comunicações, da estrutura organizacional das unidades da Arma e da formação de
seus quadros, que permite mudar rapidamente a organização para o combate, o
dispositivo e a direção de atuação, bem como, engajar-se e desengajar-se com
relativa facilidade, amoldando-se às circunstâncias do momento.
2) Capacidade de manobra - é fruto da rapidez, da flexibilidade e da fluidez, o
que faculta mudar de direção ou de dispositivo sem perda de tempo e combinar, nas
melhores condições, o fogo e o movimento e, consequentemente, explorar ao máximo
os efeitos da surpresa. Faculta também passar, com facilidade, da atitude ofensiva
para a defensiva, ou vice-versa; e, ainda, romper, subitamente, o combate para opor
ao inimigo nova resistência em outra posição.
3) Capacidade de combate - é proporcionada pela potência de fogo e proteção
blindada, possibilitando o cumprimento das diferentes missões da Arma, a despeito
das reações do inimigo, bem como, seu emprego em ações rápidas e decisivas no
decurso da batalha.
4) Capacidade de durar na ação - decorre da autonomia proporcionada por
seus elementos de combate e de apoio. Permite a intervenção em locais distantes da
frente de combate, assegurando à Cavalaria a capacidade de atuar em largas frentes
e grandes profundidades.
5) Capacidade de informar-se e de cobrir-se - assegura-lhe a possibilidade de
realizar operações autônomas e é resultante de sua organização, potência de fogo e
mobilidade.
6) A aptidão de seus quadros para as missões mais diversas e o gosto pela
iniciativa. Consequência de sua formação, onde são enfatizados o planejamento
centralizado e a execução descentralizada das ações, a liderança, a camaradagem, a
capacidade de gerenciamento de um grande número de informações, a sincronização
das ações no tempo, no espaço e na finalidade, a capacidade de decisão, a execução
de missões dadas pela finalidade, o amplo emprego de ordens fragmentárias, a
capacidade de adaptação e flexibilidade para alterar rapidamente atitudes e a
organização das forças de acordo com a evolução da situação no campo de batalha
e com as modificações das missões recebidas.

b. Limitações

As principais limitações da Cavalaria são:


1. quanto ao inimigo:
(a) vulnerabilidade aos ataques aéreos;
(b) sensibilidade ao largo emprego de minas, de armas AC e aos
obstáculos artificiais;

(Manual de ensino/Emprego da Cavalaria.................................................................................18/124)


2. quanto ao terreno e condições meteorológicas:
(1) mobilidade restrita nos terrenos montanhosos, arenosos,
pedregosos, cobertos e pantanosos;
(2) necessidade de rede viária para apoiá-la;
3. quanto aos meios:
(1) o ruído e a poeira decorrentes dos deslocamentos não lhe permite
operar com o sigilo muitas vezes desejado;
(2) a capacidade de transposição de cursos de água dos carros de
combate é limitada;
(3) necessidade de volumoso apoio logístico, particularmente,
manutenção e suprimentos das classes III, V e IX;
(4) limitada mobilidade estratégica, devido ao elevado desgaste nos
trens de rolamento dos blindados;
(5) necessidade de transporte rodoviário ou ferroviário para
deslocamentos administrativos a grandes distâncias.

1.4 BASES DE ORGANIZAÇÃO DA CAVALARIA

a. Generalidades

A multiplicidade e a diversidade das missões concernentes à Cavalaria impõem


que ela se organize em unidades e grandes unidades dotadas de meios que a tornem
capaz de atuar em terrenos variados, em proveito de forças terrestres de qualquer
natureza ou mobilidade, e que cumpram, com eficiência, as missões para as quais
são organizadas, instruídas e equipadas. Por outro lado, as características e a
diversidade do seu material, que condicionam suas possibilidades operacionais,
admitem a consideração básica da existência de tropas de cavalaria pesadas
(blindada) e de outras mais leves (mecanizada, pára-quedista e de guarda). A
cavalaria mecanizada deve ser considerada como uma força blindada leve.
Na constituição das peças de manobra da Cavalaria, integram-se elementos de
natureza diversa, organizados de forma a realçar o movimento e o emprego adequado
dos meios de que dispõe, assegurando excelentes condições para o combate
continuado contra qualquer tipo de força. Esses elementos devem possuir um grau de
mobilidade superior ao das demais forças terrestres presentes no campo de batalha.
O emprego de frações da aviação do exército em apoio às ações de
reconhecimento e segurança da Cavalaria, permitem que essas operações sejam
executadas com maior profundidade, eficácia e rapidez.

b. Organização da Cavalaria

A Cavalaria está organizada em tropas de cavalaria blindada, cavalaria


mecanizada, cavalaria pára-quedista e cavalaria de guarda.
A cavalaria blindada, constituída pela Brigada de Cavalaria Blindada (Bda C
Bld), Regimentos de Carros de Combate (RCC) e Regimentos de Cavalaria Blindados
(RCB), executa operações de natureza eminentemente ofensiva, que exijam
mobilidade e grande potência de choque e que sejam caracterizadas pela
predominância do combate embarcado. Constitui-se em importante elemento de
decisão do combate, sendo particularmente apta para as ações ofensivas altamente
móveis e com grande profundidade e para as ações dinâmicas da defesa.

(Manual de ensino/Emprego da Cavalaria.................................................................................19/124)


A cavalaria mecanizada, constituída pelas Brigadas de Cavalaria Mecanizadas
(Bda C Mec), Regimentos de Cavalaria Mecanizados (RCMec) e Esquadrões de
Cavalaria Mecanizados (Esqd C Mec) é particularmente apta a executar missões de
reconhecimento e segurança, em frentes largas e a grandes profundidades. A
cavalaria mecanizada constitui-se em elemento altamente móvel e potente, capaz de
conduzir ou participar de operações ofensivas ou defensivas.
A cavalaria pára-quedista, constituída pelo esquadrão de cavalaria pára-
quedista (Esqd C Pqdt), participa das Operações de Assalto Aeroterrestre,
Aerotransportadas ou Aeromóveis. Prioritariamente realiza operações de
reconhecimento, de segurança em proveito da Brigada de Infantaria Pára-quedista.
A cavalaria de guarda, constituída pelos Regimentos de Cavalaria de Guarda
(RCG), é organizada para, primordialmente, ser empregada nas Operações de Defesa
Interna, nas Ações de Defesa Territorial, no Cerimonial Militar e nas Atividades de
Representação da Força Terrestre. Em determinadas situações poderá participar de
Operações de Defesa Externa, integrando um Exército de Campanha ou FTTOT,
sendo empregada na área de retaguarda da Zona de Combate ou na Zona de
Administração, na defesa de instalações e de pontos sensíveis, na segurança de
áreas de retaguarda (SEGAR), no controle de populações e em apoio às operações
de assuntos civis.
São também tropas de Cavalaria os esquadrões de comando das brigadas de
cavalaria mecanizadas e brigada de cavalaria blindada, constituindo- se em elementos
de apoio ao combate (comando e controle) dessas GU.

1.5 PELOTÕES PROVISÓRIOS

a. Generalidades

Quando a situação indicar a conveniência da SU ser apoiada como um todo,


de uma única posição, o Cmt Esqd deverá reunir as peças de apoio dos Pel sob seu
controle direto.
A figura apresenta as constituições mais comumentes adotadas, combinando
os elementos que integram a SU. Estas formações provisórias devem ser objeto de
NGA do Esqd.

(Manual de ensino/Emprego da Cavalaria.................................................................................20/124)


Para comandar os pelotões surgidos na nova estrutura de pelotões provisórios
o Cmt deve empregar os oficiais combatentes da SU e as praças habilitadas para tal
(Sgtte, Encarregado do Material).
1) Nas operações defensivas, os pelotões provisórios de fuzileiros têm as
seguintes possibilidades:
a) Manter o terreno;
b) Repelir o assalto inimigo pelo fogo e combate aproximado;
c) Contra-atacar;
d) Manobrar, com restrições, em qualquer tipo de terreno e sob
quaisquer condições climáticas;
e) Integrar outras forças.
2) As possibilidades dos pelotões provisórios de VBR:
a) Contra-atacar;
b) Destruir os blindados inimigos pelo fogo;
c) Apoiar os elementos de fuzileiros pelo fogo, manobra e ação de
choque;
d) Integrar outras forças.
3) As possibilidades dos Pel C Mec, na defensiva, são:
a) Executar o reconhecimento e prover segurança;
b) Ser empregado nos PAC;
c) Manter o terreno com restrições pelo reduzido número de fuzileiros
d) Contra-atacar ;
e) Destruir VBR Ini pelo fogo;
f) Integrar outras forças.
4) As possibilidades dos pelotões provisórios de Grupos de Exploradores, na
defensiva, são:
a) Ser empregados nos PAC;

(Manual de ensino/Emprego da Cavalaria.................................................................................21/124)


b) Apoiar os elementos de fuzileiros pelo fogo;
c) Vigiar áreas passivas;
d) Atuar como Pel Mtr;
e) Com restrições ocupar núcleos de defesa em VA de Inf Mtz.

(Manual de ensino/Emprego da Cavalaria.................................................................................22/124)


2- OPERAÇÕES BÁSICAS

2.1 OPERAÇÕES OFENSIVAS


As Operações Ofensivas (Op Ofs) são operações terrestres agressivas nas
quais predominam o movimento, a manobra e a iniciativa, com a finalidade de cerrar
sobre o inimigo, concentrar um poder de combate superior, no local e momento
decisivo, e aplica-lo para destruir suas forças por meio do fogo, do movimento e da
ação de choque e, obtido sucesso, passar ao aproveitamento do êxito ou à
perseguição.
Em que pese o caráter decisivo das Operações Ofensivas diante de um
oponente que se concentra para engajar-se em combate, as dimensões humana e
informacional do ambiente operacional e os conflitos contemporâneos demonstram a
tendência de os confrontos serem caracterizados prevalentemente por combates em
terrenos humanizados – ou seja, não apenas em cidades, mas em áreas com a
ostensiva presença de civis. Admite-se, também, que, mesmo nos conflitos de alta
intensidade, haja uma razoável gama de relevantes atores atuando em um espaço
que vai além do campo de batalha.
A ofensiva é o modo decisivo de empregar a força militar no campo de batalha
para impor a nossa vontade sobre o inimigo que se concentra para o combate de alta
intensidade, representando o melhor caminho para obter-se a vitória. As operações
ofensivas visam ao cumprimento de uma ou mais das seguintes finalidades:
a) destruir forças inimigas;
b) conquistar áreas ou pontos importantes do terreno que permitam obter vantagens
para futuras operações;
c) obter informações sobre o inimigo, particularmente sobre a situação e poder de
combate, e adquirir ou comprovar dados referentes ao terreno e às condições
meteorológicas;
d) confundir e distrair a atenção do inimigo sobre o esforço principal, desviando-o para
outras áreas;
e) antecipar-se ao inimigo para obter a iniciativa, aproveitando qualquer oportunidade
que se apresente, por fugaz que seja, negando-lhe qualquer tipo de vantagem;
f) fixar o inimigo, restringindo-lhe a liberdade de movimentos e manobra mediante
diferentes esforços e apoios de fogo com o objetivo de permitir concentrar o máximo
poder de combate sobre ele no ponto selecionado;
g) privar o inimigo de recursos essenciais com os quais sustente suas ações,
realizando atividades e operações em profundidade que lhe neguem a liberdade de
ação e interrompam a coerência e o ritmo de suas operações; e
h) desorganizar o inimigo mediante ataques sobre aqueles meios ou funções de que
sejam essenciais para gerar e empregar coerentemente seu poder de combate.
O comandante visualiza operações ofensivas em termos de tempo e espaço.
O seu Exame de Situação indica a melhor combinação dos fatores que oferecem
maiores possibilidades de sucesso. Esse exame inclui, também, uma avaliação dos
elementos pertinentes ao poder de combate. As principais características das
Operações Ofensivas estão relacionadas aos seguintes fundamentos:

(Manual de ensino/Emprego da Cavalaria.................................................................................23/124)


a) manutenção do contato;
b) esclarecimento da situação;
c) exploração das vulnerabilidades do inimigo;
d) controle dos acidentes capitais do terreno;
e) iniciativa;
f) neutralização da capacidade de reação do inimigo;
g) fogo e movimento;
h) impulsão;
i) concentração do poder de combate;
j) aproveitamento do êxito; e
k) segurança.
As operações ofensivas táticas, normalmente, expõem o atacante, exigindo
superioridade de poder de combate no local selecionado para a ação. Esse fato, e a
necessidade de contar com forças disponíveis para aproveitar o êxito, implicam aceitar
riscos em outras partes não selecionadas da frente. O comandante deve obter
superioridade relativa de combate esmagadora em seu ataque principal, a fim de
destruir o inimigo no momento e local escolhido.
Na frente selecionada, o comandante deve evitar a parte mais forte do
dispositivo inimigo, atraí-lo para fora de suas posições defensivas, isolá-lo de suas
linhas de suprimento e forçá-lo a lutar numa direção não planejada e em terreno não
preparado para a defesa. Agindo dessa maneira, o inimigo ficará exposto e o princípio
da surpresa será favorável ao atacante. Sempre que for possível, deve-se procurar
atuar sobre o flanco e a retaguarda do inimigo. Somente em situações excepcionais
devem ser realizadas manobras frontais.
O poder de combate da força que realiza uma operação ofensiva não será
aplicado somente sobre as forças inimigas em contato, mas também em toda a
profundidade de seu desdobramento, exercendo assim uma ameaça permanente e
substancial diante daquela que o inimigo deva responder, forçando-o desta forma a
reagir em vez de tomar a iniciativa.
Em algumas situações, não será imprescindível uma superioridade total de
meios, mas uma concentração correta das capacidades de combate que
proporcionem vantagem no local adequado e no momento oportuno para que os
resultados de sua aplicação sejam decisivos em relação à finalidade a que se
pretende.
Alcançar a Superioridade de Informações, principalmente mediante o uso de
meios com alta tecnologia agregada, permitirá conhecer e dominar o que acontece no
campo de batalha, condição básica para obter-se a desejada vantagem, ao mesmo
tempo em que se aumenta a proteção das nossas forças.
Normalmente, as partes importantes do terreno são designadas como
objetivos; todavia, forças oponentes podem ser escolhidas como tal. A destruição da
capacidade de combate de um adversário é custosa e pode inclusive chegar a ser
contraproducente, pois o interesse é derrotá-lo, não sendo o inimigo um fim em si
mesmo. O êxito será obtido no momento em que se consiga neutralizar a sua vontade
de resistência com as menores perdas amigas possíveis.
O combate em áreas urbanizadas vem adquirindo cada vez maior importância
nas operações ofensivas, pelas condicionantes impostas pelas áreas construídas e
pelas dificuldades de emprego eficaz de meios com alta tecnologia agregada,
especialmente os meios de inteligência, vigilância e reconhecimento, o que faz prever
uma crescente utilização dessas áreas, em especial por parte de um adversário mais
fraco.

(Manual de ensino/Emprego da Cavalaria.................................................................................24/124)


Nas operações ofensivas, os resultados mais decisivos são alcançados por
forças potentes e altamente móveis. Os confrontos tendem a ser continuados,
podendo prolongar-se por grande período de tempo, mantendo o inimigo sob pressão
contínua e apresentando-lhe poucas opções. Por esse motivo, o comandante deve
planejar sua operação como de longa duração, com reduzidos espaços de tempo para
descanso.
As ações ofensivas são parte importante das operações defensivas. Uma força
que adota uma atitude defensiva pode atacar para desorganizar uma ação ofensiva
iminente do inimigo (contra-ataque de desorganização), ganhando tempo e obtendo
informações; se esse contra-ataque revelar fraquezas no dispositivo inimigo, essas
devem ser imediatamente exploradas, dando início a uma operação ofensiva. Tais
ações inspiram audácia, fortalece o espírito de corpo e motiva o combatente.

2.1.1 TIPOS DE OPERAÇÕES OFENSIVAS

As Operações Ofensivas, em que pese o seu caráter decisivo diante de um


inimigo que se concentra para o combate de alta intensidade, normalmente estarão
combinadas com outras atitudes e tarefas das Operações no Amplo Espectro,
considerando o ambiente operacional e as características dos conflitos
contemporâneos, nos quais os combates são prevalentemente em áreas
humanizadas.
Os tipos de operações ofensivas, caracterizados pelas finalidades específicas
que buscam, são: a Marcha para o Combate, o Reconhecimento em Força, o Ataque,
o Aproveitamento do Êxito e a Perseguição, apresentados a seguir.

a. Marcha para o Combate

A Marcha para o Combate é uma marcha tática na direção do inimigo, com a


finalidade de obter ou restabelecer o contato com o mesmo e/ou assegurar vantagens
que facilitem operações futuras. O melhor aproveitamento do dispositivo no momento
do contato é obtido pela apropriada organização da força para o combate e pela
manobra dos seus componentes. Esse tipo de operação ofensiva é executado
agressivamente para se apossar do objetivo antes que o inimigo possa reagir.

b. Reconhecimento em Força

O Reconhecimento em Força é uma operação de objetivo limitado, executada


por uma força ponderável, com a finalidade de revelar e testar o dispositivo e o valor
do inimigo ou obter outras informações.

c. Ataque

A finalidade do ataque é derrotar, destruir ou neutralizar o inimigo. A diferença


entre os tipos de ataque reside no tempo disponível ao comandante e seu estado-
maior (EM), para o planejamento, a coordenação e a preparação antes da sua
execução.
Divide-se em Ataque de Oportunidade e Ataque Coordenado.
1) O ataque de oportunidade pode ser executado na sequência de um combate de
encontro ou de uma defesa exitosa. Caracteriza-se por trocar tempo de planejamento
por rapidez de ação.

(Manual de ensino/Emprego da Cavalaria.................................................................................25/124)


2) O ataque coordenado caracteriza-se pelo emprego coordenado da manobra e
potência de fogo para cerrar sobre as forças inimigas para destruí-las ou neutralizá-
las. É empregado contra posições defensivas inimigas, necessitando de apoio aéreo.

d. Aproveitamento do Êxito

O Aproveitamento do Êxito é a operação que se segue a um ataque exitoso e


que, normalmente, tem início quando a força inimiga se encontra em dificuldades para
manter suas posições. Caracteriza-se por um avanço contínuo e rápido das nossas
forças, com a finalidade de ampliar ao máximo as vantagens obtidas no ataque e
anular a capacidade do inimigo de reorganizar-se ou realizar um movimento
retrógrado ordenado. Das operações ofensivas, é a que obtém os resultados mais
decisivos, pois permite a destruição do inimigo e de seus recursos com o mínimo de
perdas para o atacante.

e. Perseguição

A Perseguição é a operação destinada a cercar e destruir uma força inimiga


que está em processo de desengajamento do combate ou tenta fugir. Ocorre,
normalmente, logo em seguida ao aproveitamento do êxito e difere deste pela não
previsibilidade de tempo e lugar e por sua finalidade principal, que é a de completar a
destruição da força inimiga. Portanto não se planeja nem se conta previamente com
forças especificamente designadas para a sua execução. Embora um objetivo no
terreno possa ser designado, a força inimiga é o objetivo principal.

2.1.2 FORMAS DE MANOBRA DAS OPERAÇÕES OFENSIVAS

Nas operações ofensivas, as forças atacantes buscam obter uma vantagem


sobre o inimigo, cerrar sobre ele e destruí-lo. Selecionar a forma de manobra mais
adequada é uma arte e não isenta os comandantes terrestres de riscos, pois têm de
utilizar parâmetros opostos, tais como: velocidade frente ao tempo; largura versus
profundidade; concentração frente à dispersão; dentre outros. Trata-se, basicamente,
de iludir o inimigo quanto aos seus pontos fortes e concentrar o poder de combate
sobre suas vulnerabilidades.
O comandante pode empregar cinco formas de manobra tática nas operações
ofensivas, a seguir discriminadas: o desbordamento, o envolvimento, a penetração, a
infiltração e o ataque frontal.

(Manual de ensino/Emprego da Cavalaria.................................................................................26/124)


a. Desbordamento

O Desbordamento é uma manobra ofensiva dirigida para a conquista de um


objetivo à retaguarda do inimigo ou sobre seu flanco, evitando sua principal posição
defensiva, cortando seus itinerários de fuga e sujeitando-o ao risco da destruição na
própria posição.

b. Envolvimento

No envolvimento, a força atacante contorna, por terra e/ou pelo ar, a principal
força inimiga, para conquistar objetivos profundos em sua retaguarda, forçando-a a
abandonar sua posição ou a deslocar forças ponderáveis para fazer face à ameaça
envolvente. O inimigo é, então, destruído em local e em ocasião de escolha do
atacante.
O Envolvimento difere do desbordamento por não ser dirigido para destruir o
inimigo em sua posição defensiva. A força envolvente fica normalmente fora da
distância de apoio de qualquer outra força terrestre atacante, devendo ter mobilidade
e poder de combate suficientes para executar operações independentes.

c. Penetração

A Penetração é a forma de manobra que busca romper a posição defensiva


inimiga, atravessar e desorganizar seu sistema defensivo, para atingir objetivos em
profundidade. A finalidade é romper o dispositivo do adversário, dividindo-o e
derrotando-o por partes. Uma penetração, para ser bem sucedida, exige a
concentração de forças superiores no local selecionado para romper a defesa do
adversário. É indicada quando os flancos do inimigo são inacessíveis, quando ele está
em larga frente, quando o terreno e a observação são favoráveis e quando se dispõe
de forte apoio de fogo.

d. Infiltração

As operações terrestres desencadeadas nos ambientes operacionais


contemporâneos se caracterizam por serem realizadas, normalmente, em campos de
batalha não lineares, pela ênfase na destruição da força inimiga em detrimento da

(Manual de ensino/Emprego da Cavalaria.................................................................................27/124)


conquista do terreno, por serem executadas em profundidade, com velocidade e de
forma continuada, priorizando as manobras envolventes e desbordantes contra os
flancos ou retaguarda do inimigo, possibilitando o surgimento de oportunidades para
o emprego de unidades leves e versáteis.
A Infiltração é uma forma de manobra ofensiva tática na qual se procura
desdobrar uma força à retaguarda de uma posição inimiga, por meio de um
deslocamento dissimulado, com a finalidade de cumprir uma missão que contribua
diretamente para o sucesso da manobra do escalão que enquadra a força que se
infiltra.

e. Ataque Frontal

O Ataque Frontal é uma forma de manobra tática ofensiva que consiste em um


ataque incidindo ao longo de toda a frente, com a mesma intensidade, sem que isto
implique o emprego de todos os elementos em linha. Aplica-se um poder de combate
esmagador sobre um inimigo consideravelmente mais fraco ou desorganizado, para
destruí-lo ou capturá-lo, ou para fixá-lo numa ação secundária.

2.1.3 OUTRAS TÁTICAS E TÉCNICAS NA OFENSIVA

Durante a execução de operações ofensivas e nas fases de transição entre as


mesmas, é comum a realização de outras ações valendo-se de táticas e técnicas
ofensivas que não caracterizam, necessariamente, formas de manobra ou tipos de
operações ofensivas. Essas ações ofensivas podem ocorrer em um ou mais tipos de
operações ofensivas e podem representar parte importante em seu desenvolvimento.

a. Combate de Encontro

O Combate de Encontro, cuja possibilidade deve ser sempre prevista, é a ação


que ocorre quando uma força em deslocamento, ainda não completamente
desdobrada para o enfrentamento, engaja-se com uma força inimiga, em movimento
ou parada, sobre a qual dispõe de poucas informações.

b. Incursão

A Incursão é uma ação ofensiva que se caracteriza pela rápida penetração em


área controlada pelo inimigo contra objetivos específicos importantes, a fim de obter
dados, confundir ou inquietar o oponente, neutralizar ou destruir centros de comando
e controle, instalações logísticas, desorganizando-o e inflingindo-lhe perdas na sua
capacidade operativa, finalizando com uma exfiltração aeromóvel ou terrestre,
previamente planejada, após a ação no objetivo. A recuperação de pessoal e/ou
captura de prisioneiros poderão, também, ser realizadas.

2.2 OPERAÇÕES DEFESNIVAS

As Operações Defensivas (Op Def) são operações terrestres realizadas,


normalmente, sob condições adversas, como inferioridade de meios ou limitada

(Manual de ensino/Emprego da Cavalaria.................................................................................28/124)


liberdade de ação, em se procura utilizar integralmente o terreno e as capacidades
disponíveis para impedir, resistir ou destruir um ataque inimigo, inflingindo-lhe o
máximo de desgaste e desorganização, buscando criar condições favoráveis para a
retomada da ofensiva.
As Operações Defensivas devem ser encaradas como transitórias. A defesa é
uma postura temporária adotada por uma força e serve como um recurso para criar
as condições adequadas para passar à ofensiva com vistas à obtenção dos resultados
decisivos desejados. As operações defensivas se apoiam sobre os seguintes
fundamentos:
a) apropriada utilização do terreno;
b) segurança;
c) apoio mútuo;
d) defesa em todas as direções;
e) defesa em profundidade;
f) flexibilidade;
g) máximo emprego de ações ofensivas;
h) dispersão;
i) utilização do tempo disponível; e
j) integração e coordenação das medidas de defesa.
As Operações Defensivas empregam todos os meios disponíveis para buscar uma
vulnerabilidade inimiga e mantém suficiente flexibilidade, em seu planejamento, para
explorá-la, tendo por finalidades principais:
a) ganhar tempo, criando condições mais favoráveis a operações futuras;
b) impedir o acesso do inimigo a determinada área ou infraestrutura;
c) destruir forças inimigas ou canalizá-las para uma área onde possam ser
neutralizadas;
d) reduzir a capacidade de combate do inimigo;
e) economizar meios em benefício de operações ofensivas em outras áreas;
g) produzir conhecimento necessário ao processo decisório
h) proteger a população, ativos e infraestruturas críticas;
i) obrigar uma força inimiga a concentrar-se de forma que seja mais vulnerável às
nossas forças; e
j) distrair a atenção do atacante, enquanto se preparam operações em outras áreas.
As Operações Defensivas podem ser impostas, momentaneamente, pela
impossibilidade de se realizar ações ofensivas contra um inimigo em presença.
Entretanto, o comandante pode deliberadamente empreender operações defensivas,
em combinação com a dissimulação, por exemplo, para destruir o inimigo.
O defensor esforça-se para diminuir as vantagens pertinentes ao atacante,
escolhendo uma área de engajamento, forçando o inimigo a reagir de conformidade
com o plano defensivo e explorando suas vulnerabilidades e insucessos. Deve utilizar
todas as vantagens que possua ou que possa criar, assumindo riscos calculados,
economizando forças para utilizá-las decisivamente e sem hesitação no momento e
no local oportunos.
A mudança deliberada da defensiva para a ofensiva, ou vice-versa, pode
ocorrer rapidamente e com frequência considerável. Uma operação defensiva é
normalmente constituída por um conjunto de ações e engajamentos de maior ou
menor vulto. Os elementos de uma força podem estar defendendo, retardando,
atacando, realizando fintas ou executando fogos, como parte do esforço da defesa.
A preparação psicológica da tropa e a ação de comando vigorosa são
essenciais para sustentar o moral elevado, conservar as melhores condições de

(Manual de ensino/Emprego da Cavalaria.................................................................................29/124)


emprego e manter uma atitude agressiva nas operações defensivas. O espírito
ofensivo deve constituir a base para o êxito da defesa, por meio da previsão e
execução de ações dinâmicas.
O incremento da capacidade dos meios de inteligência, reconhecimento,
vigilância e de aquisição de alvos, aliado ao rápido processamento e difusão de
informações, bem como a disponibilidade de sistemas de armas e munições de
precisão, têm obrigado a um aumento da mobilidade das forças encarregadas da
defesa e de dispersão de meios, proporcionando a sobrevivência das forças terrestres
que adotam uma postura defensiva com uma maior relevância.
O defensor defrontar-se-á, geralmente, com um atacante que dispõe de
iniciativa na seleção do momento, forma e local, no qual vai concentrar sua
capacidade de combate. Deverá, portanto, aproveitar as vantagens que lhe
proporcionem o plano de dissimulação adotado pelo escalão superior, suas próprias
forças de segurança, sua ocultação, o posicionamento adiantado de suas armas, suas
vias de transportes mais curtas e o fato de ele encontrar-se em um terreno
selecionado, conhecido e organizado para a defesa.
A defesa é escalonada em três áreas:
a) área de segurança;
b) área de defesa avançada; e
c) área de reserva.
Os conflitos contemporâneos têm demonstrado que o ambiente urbano tende
a ser o cenário de confronto provável entre uma força reconhecidamente superior e
um oponente fraco. Essa tendência se justifica considerando: a generalização de
conflitos assimétricos; a incidência dos recentes combates em áreas humanizadas; a
concepção de áreas de responsabilidades e zonas de ação não lineares; a
repercussão social em função das baixas de pessoal e danos colaterais; as vantagens
táticas oferecidas pelas edificações ao defensor; e as dificuldades, em todas as
funções de combate, que se apresentam para o atacante, nos enfrentamentos
contemporâneos. Ainda que os fundamentos das operações defensivas sejam os
mesmos em relação a um ambiente rural (regiões de campos), as diferenças se
encontram nas TTP.
Em largas frentes, a adoção de um dispositivo de expectativa pode constituir-
se em um fator decisivo de compatibilização entre os meios disponíveis e a área a
defender.

2.2.1 TIPOS DE OPERAÇÕES DEFENSIVAS

As Operações Defensivas, em seu sentido mais amplo, abrangem todas as


ações que oferecem certo grau de resistência a uma força atacante. Normalmente,
ambos os tipos combinam-se entre si, e dentro de cada um deles alternam-se
elementos estáticos e dinâmicos, que proporcionarão a constante e flexível atividade
que caracteriza a defensiva. São dois os tipos de operações defensivas: defesa em
posição; e movimento retrógrado.

a. Defesa em Posição

Na Defesa em Posição, uma força procura contrapor-se à força inimiga


atacante numa área organizada em largura e profundidade e ocupada, total ou
parcialmente, por todos os meios disponíveis, com a finalidade de:

(Manual de ensino/Emprego da Cavalaria.................................................................................30/124)


a) dificultar ou deter a progressão do atacante, em profundidade, impedindo o seu
acesso a uma determinada área;
b) aproveitar todas as oportunidades que se lhe apresentem para desorganizar,
desgastar ou destruir as forças inimigas;
c) assegurar condições favoráveis para o desencadeamento de uma ação ofensiva.

b. Movimento Retrógrado

É qualquer movimento tático organizado de uma força terrestre, para a


retaguarda ou para longe do inimigo, seja forçado por este, seja executado
voluntariamente, como parte de um esquema geral de manobra, quando uma
vantagem marcante possa ser obtida. Em qualquer caso, deve ser aprovado pelo
comandante do escalão imediatamente superior e é planejado com a antecedência
devida. O movimento retrógrado é caracterizado pelo planejamento centralizado e
pela execução descentralizada. Devido ao seu efeito sobre o moral da tropa, exige
liderança efetiva e elevada dose de iniciativa, em todos os escalões.
O Movimento Retrógrado visa a preservar a integridade de uma força, a fim de
que, em uma ocasião futura, a ofensiva seja retomada. Pode ter uma ou mais das
seguintes finalidades:
a) inquietar, exaurir e retardar o inimigo, inflingindo-lhe o máximo de baixas;
b) conduzir o inimigo a uma situação desfavorável;
c) permitir o emprego da força ou de uma parte da mesma em outro local;
d) evitar o combate sob condições desfavoráveis;
e) ganhar tempo, sem se engajar decisivamente em combate;
f) desengajar-se ou romper o contato;
g) adaptar-se ao movimento de outras tropas amigas; e
h) encurtar as vias de transporte.

2.2.2 FORMAS DE MANOBRA DAS OPERAÇÕES DEFENSIVAS

Nas operações defensivas, o comandante pode empregar cinco formas de


manobra tática defensiva: defesa de área e defesa móvel (na defesa em posição),
retraimento, ação retardadora e retirada (no movimento retrógrado).

a. Defesa de Área

A Defesa de Área tem por escopo a manutenção ou o controle de uma


determinada região específica, por um determinado período de tempo. Quando for
imperativa a manutenção de determinada faixa do terreno, o comandante toma por

(Manual de ensino/Emprego da Cavalaria.................................................................................31/124)


base, principalmente, a capacidade dos fogos e das forças empregadas na Área de
Defesa Avançada (ADA), para engajar e repelir o atacante.
Adota-se uma Defesa de Área, normalmente, quando as forças terrestres
disponíveis não reúnem as características ou estrutura adequada para a adoção de
outras formas de manobra defensiva ou estão em áreas de terreno que não se
prestam para a realização da defesa móvel ou o movimento retrógrado.
As capacidades do atacante relacionadas aos sistemas de inteligência,
vigilância, reconhecimento e aquisição de alvos conjugadas com armas de longo
alcance e acurada precisão, bem como a possibilidade de obter e difundir
informações, em tempo real, e concentrar um significativo poder de combate em um
curto espaço de tempo – mediante a combinação de manobras de superfície com o
envolvimento ou desbordamento verticais (aeromóvel ou aeroterrestre) – dificultam,
significativamente, a ocupação do terreno a defender, bem como o estabelecimento
linear de posições.

b. Defesa Móvel

A Defesa Móvel emprega uma combinação de ações ofensivas, defensivas e


retardadoras. Nessa forma de manobra tática defensiva, o comandante emprega um
menor poder de combate à frente, na área ADA, e vale-se da manobra, dos fogos e
da organização do terreno para recuperar a iniciativa. A defesa móvel visa à destruição
das forças inimigas e, para isso, apoia-se no emprego de forças ofensivas dotadas de
elevada mobilidade e poder de choque.
Normalmente, para atingir as finalidades de uma defesa móvel, parte dos meios
opera como na Defesa de Área e outra, como força de fixação, com a missão de
retardar o inimigo, atraindo-o para uma situação que favoreça o desencadeamento de
um contra-ataque de destruição. As forças da ADA realizam o combate defensivo,
retardam o inimigo ou executam operações ofensivas limitadas, sempre que for
necessário tornar o atacante vulnerável ao contra-ataque, a ser desencadeado com a
finalidade de destruí-lo.
A Defesa Móvel e a Defesa de Área situam-se nos extremos de uma ampla
escala de variações nas formas de manobra tática defensiva atinentes à defesa em
posição. Frequentemente, nenhuma dessas formas, isoladamente, é adequada para
determinada situação ou missão. Em tais casos, deve ser encontrada uma variante
que incorpore partes aplicáveis de cada uma delas. Essa variante, por conservar a
intenção de destruir o inimigo, é ainda considerada defesa móvel.
No âmbito de uma força maior, as operações dos vários elementos
subordinados englobam tanto operações defensivas estáticas, quanto ações
retardadoras, sendo que certos elementos podem receber, ainda, missões
fundamentalmente ofensivas. Quando as circunstâncias determinarem que parte da
força conduza uma defesa móvel, enquanto os elementos vizinhos realizam uma
defesa de área, as forças da ADA das unidades que realizam a defesa móvel não
podem expor os flancos dos elementos vizinhos.

c. Retraimento

O Retraimento é um movimento retrógrado, por meio do qual o grosso de uma


força engajada rompe o contato com o inimigo, de acordo com a decisão do escalão
superior. Parte das forças permanece em contato, para evitar que o inimigo persiga o

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grosso das forças amigas para inflingir-lhe danos, pelo fogo e por uma manobra
adequada.
O retraimento pode ser diurno ou noturno e ser executado sob pressão do
inimigo ou sem pressão do inimigo. O retraimento, conduzido durante a noite ou sob
condições de reduzida visibilidade, é preferível ao retraimento executado durante o
dia. O retraimento sem pressão do inimigo é mais favorável do que o realizado sob
pressão.
Um retraimento sem pressão do inimigo, normalmente, exige uma
contrainteligência eficaz e depende, primordialmente, do controle, da segurança e da
dissimulação. O controle e a segurança são proporcionados pela preparação completa
e minuciosa de planos pormenorizados, que devem incluir previsões para a
eventualidade de detecção e de interferência por parte do inimigo. Já a dissimulação
é proporcionada pela simulação de tráfego rádio, de fogos, dentre outras atividades.
Poderá, ainda, ser prevista a interferência do inimigo, por meio do emprego de tropas
aeroterrestres, aeromóveis ou infiltradas.
Um retraimento sob pressão do inimigo, pelo fato de estar sujeito à observação
das forças inimigas, normalmente depende, para ser exitoso, da mobilidade, dos
meios de guerra eletrônica, do apoio de fogo, do controle, do emprego de forças de
cobertura e da superioridade aérea local. O alto grau de coordenação e o judicioso
emprego de obstáculos são essenciais em tais circunstâncias. Todos os fogos
disponíveis devem ser empregados contra os elementos avançados do inimigo que
estejam engajados com as forças de retardamento. As forças mais avançadas
deslocam-se para a retaguarda pelo emprego das técnicas de ação retardadora.

d. Ação Retardadora

A Ação Retardadora é um movimento retrógrado no qual uma força terrestre,


sob pressão, troca espaço por tempo, procurando infligir ao inimigo o máximo de
retardamento e o maior desgaste possível, sem se engajar decisivamente no combate.
Na execução de uma ação retardadora, o mínimo de espaço é trocado pelo máximo
de tempo.
Uma ação retardadora é conduzida, normalmente, em mais de uma posição. O
retardamento, normalmente, é conseguido tanto nas posições como entre elas. A
força de retardamento mantém o contato permanente com o inimigo e o retarda
continuamente. Pode-se empregar a técnica do retardamento em posições sucessivas
ou do retardamento em posições alternadas, ou, ainda, utilizar uma adequada
combinação de ambas.

e. Retirada

A Retirada é um movimento retrógrado realizado sem contato com o inimigo e


segundo um plano bem definido, com a finalidade de evitar um combate decisivo, em
face da situação existente. Pode ser executada em seguida a um retraimento ou
quando não houver contato físico com o inimigo. A força em retirada pode ser
submetida a ataques de forças irregulares, a incursões aeromóveis e/ou
aeroterrestres, a fogos de longo alcance e a operações de informação do inimigo.
A segurança é consideração importante na execução dessa forma de manobra
defensiva. Deve ser dada ênfase aos movimentos noturnos, devendo os diurnos
serem realizados apenas pela infiltração de pequenos grupos. No início da retirada,
elementos da força podem separar-se e deslocar-se em grupos dispersos para zonas

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de reunião preestabelecidas. A força em retirada combate apenas quando isso for
exigido pela missão. As medidas de segurança das comunicações e eletrônica,
especialmente o silêncio rádio, devem ser empregadas ao máximo.

2.2.3 OUTRAS TÁTICAS E TÉCNICAS DEFENSIVAS

As operações defensivas não se limitam aos tipos e formas de manobra


clássicas. Valendo-se de táticas e técnicas diversas, outras ações podem ser
executadas visando à condução do combate continuado e não linear, com ênfase nas
manobras que apliquem a mobilidade e o poder de choque, tais como as Ações
Dinâmicas da Defesa, Dispositivo de Expectativa, Defesa Avançada, Defesa Elástica,
Defesa em Contraencosta, Defesa em Posição de Combate, Defesa em Ponto Forte,
Defesa Circular, Defesa Contrareconhecimento, Defesa Contra Tropa Aeroterrestre e
Assalto Aeromóvel, Defesa Linear e Defesa Não Linear.

a. Ações Dinâmicas da Defesa

As forças defensivas devem se manter alertas para aproveitar todas as


oportunidades de retomar a iniciativa e destruir o inimigo pela ação ofensiva.
Patrulhamentos agressivos, incursões, e principalmente contra-ataques, apoiados por
fogos e pela guerra eletrônica são, normalmente, a melhor maneira de manter o
espírito ofensivo na defensiva.
A condução de uma defensiva requer a combinação de ações estáticas e
dinâmicas. Ao invés de esperar passivamente em sua posição, o defensor busca
manobrar para colocar o inimigo em desvantagem, atacando-o em todas as
oportunidades por meio de fogos, da guerra eletrônica e meios conjuntos,
principalmente pelo apoio aéreo aproximado, se disponível. A combinação dessas
atitudes dificulta a iniciativa do inimigo.
O defensor deve dificultar a preparação do ataque do inimigo. Ações para
prejudicar a concentração do seu poder de combate nas posições de ataque, destruir
suas forças de reconhecimento, isolar unidades, desorganizar seus sistemas e
formações em profundidade são realizadas no decorrer da preparação inimiga para
inibir a sua iniciativa e a sincronização dos seus sistemas. Os contra-ataques,
empregados antes que o inimigo consolide qualquer ganho inicial e possa explorar o
êxito do propósito de sua ação ofensiva, classificam-se em: para restabelecimento da
posição, de desaferramento, de desorganização e de destruição.

b. Dispositivo de Expectativa

O Dispositivo de Expectativa implica em preservar, inicialmente, na área de


reserva, o grosso do poder de combate da força, a fim de empregá-lo no momento e
local decisivos e com adequado poder relativo de combate, tão logo seja possível
detectar a orientação da maioria dos meios do inimigo. Isso é particularmente útil
quando não houver informações suficientes sobre a faixa por onde o inimigo
empregará a maioria de seus meios. O dispositivo de expectativa permite que os
meios necessários sejam orientados, em curto prazo, na direção para a qual o inimigo
tenha dirigido seu esforço. Essa técnica é particularmente útil quando se opera em
largas frentes e onde há muitos espaços vazios.
Uma Força de Segurança exerce o papel fundamental de emitir o alerta
antecipado quanto aos eixos de aproximação selecionados pelo inimigo e orientados

(Manual de ensino/Emprego da Cavalaria.................................................................................34/124)


para o dispositivo defensivo. O dispositivo de expectativa, em sua situação final, evolui
para uma defesa de área ou uma defesa móvel.

c. Defesa Avançada

A Defesa Avançada é a técnica que concentra a maioria do poder de combate


e uma Força ao longo do Limite Anterior da Área de Defesa Avançada (LAADA). A
força conduzindo uma defesa avançada combate para manter as alturas que,
normalmente apoiadas em um obstáculo natural, buscam limitar o terreno sobre o qual
o inimigo possa influenciar ou controlar. Entretanto, caso isso ocorra, contra-ataques
são realizados para destruir ou rechaçar a penetração. Esta técnica normalmente não
oferece tempo e espaço para a reposição de forças.
Um comandante pode optar por uma defesa avançada quando as melhores
posições defensivas localizadas ao longo do LAADA, são apoiadas por obstáculos
naturais de vulto e existem áreas naturais que favorecem o engajamento à frente
dessas posições. Esta técnica também é empregada quando o escalão superior
determina a manutenção de determinado terreno por razões políticas (uma linha de
fronteira, por exemplo), militares, econômicas ou outras.

d. Defesa Elástica

A Defesa Elástica é a técnica de defesa que admite a penetração do inimigo


em uma região selecionada para emboscá-lo e 35taca-lo pelo fogo em todo seu
dispositivo. A posição é ocupada por tropas desdobradas em profundidade para
permitir o ataque em toda a extensão da formação inimiga. Pode ser empregada, por
exemplo, quando o terreno dificultar a defesa junto ao LAADA e permitir, em boas
condições, o bloqueio do inimigo em profundidade.
Essa técnica visa limitar a possibilidade de o inimigo explorar um
desbordamento de uma posição defensiva ou uma penetração por meio de sucessivas
posições instaladas em profundidade, e mutuamente apoiadas, que absorvem
sucessivamente o momento do seu ataque. O cerne dessa técnica está em
enfraquecer as forças inimigas à frente da ADA para depois destruí-las enquanto
progridem no interior da zona de ação.

e. Defesa em Contraencosta

A Defesa em Contraencosta utiliza a crista topográfica de uma elevação


dominante, localizada à frente do movimento em que se instala a posição defensiva
(P Def), para proteger o defensor da observação terrestre e do fogo direto inimigo.
Essa técnica, particularmente, tira o máximo proveito da surpresa, obriga o atacante
a empregar parceladamente seus meios, reduz o efeito de suas armas de longo
alcance e permite o máximo proveito das armas de curto alcance das unidades em
posição de defesa.
Uma força que adota este dispositivo deve lançar postos de observação na
crista topográfica do movimento à frente de suas posições para permitir a observação
de longo alcance e a condução de fogos indiretos. A área de engajamento, localizada
na encosta descendente à frente da Posição Defensiva, configura-se na surpresa
tática reservada ao inimigo.

(Manual de ensino/Emprego da Cavalaria.................................................................................35/124)


f. Defesa em Posição de Combate

Uma Posição de Combate é uma porção do terreno designada pelo escalão


superior cuja localização e direção geral orientam-se pelo provável eixo de
aproximação do inimigo. A designação dessa posição significa que o comandante
subordinado deve dispor a maioria de suas forças no interior do seu limite e não a sua
totalidade. Ela pode ser instalada em uma crista topográfica, em uma encosta,
contraencosta ou na combinação desses espaços.
Um comandante planeja uma Posição de Combate quando existe a
necessidade de se exercer um elevado grau de controle sobre a manobra do escalão
subordinado. A posição de combate também reduz o uso de instruções detalhadas
para o movimento de uma força, pois é designada, normalmente, apenas por um
símbolo identificado em uma Ordem Fragmentária.

g. Defesa em Ponto Forte

Um ponto forte é uma Posição de Combate altamente fortificada e apoiada em


um acidente natural do terreno para deter, dividir ou desviar a direção de forças
inimigas de valor ponderável, ou impedir o seu acesso a determinada área ou
infraestrutura. Normalmente, os pontos fortes estabelecidos ao longo de vias de
acesso trazem vantagem marcante para o oponente, devendo apoiar-se em terreno
restritivo ao movimento ou em tropas amigas em seus flancos. Um comandante
também estabelece um ponto forte quando prevê que uma força que mantém uma
posição chave no terreno pode ficar isolada em virtude da ação inimiga.
Pela própria natureza da missão, os pontos fortes são localizados em terrenos
favoráveis ao defensor, como florestas densas, terreno montanhoso, áreas urbanas,
passivas, ou isoladas que não podem ser facilmente desbordadas. O ponto forte é,
essencialmente, uma posição defensiva de difícil conquista. O inimigo não pode
ultrapassá-lo sem sofrer acentuado desgaste, pois o obriga a realizar vários ataques
para conquistá-lo, se esta for sua decisão. Normalmente, em um ponto forte adota-se
o dispositivo de defesa circular.

h. Defesa Circular ou Defesa em Perímetro

Um dispositivo de Defesa Circular ou em Perímetro é orientado em todas as


direções (360º). Sua finalidade é impedir o acesso do inimigo à área defendida. Esse
dispositivo é adotado para defender posições isoladas no interior das linhas inimigas,
como, por exemplo, numa cabeça de ponte aérea (aeroterrestre ou aeromóvel),
pontes, pistas de pouso, zonas de reunião, zonas de pouso de helicópteros, ou
quando uma unidade é cercada pelo inimigo.
A tropa nessa situação normalmente não dispõe de apoio mútuo com outra
tropa amiga, defende em 360º com a maioria dos meios na periferia, enquanto a
reserva fica no centro para atender qualquer direção, executa um patrulhamento
agressivo em torno do perímetro e observa uma rigorosa coordenação dos fogos para
evitar o fratricídio ou causar baixas civis. Quanto maior o diâmetro do dispositivo
adotado na defesa circular maior será a profundidade para a localização da reserva e
frações logísticas de uma força.

(Manual de ensino/Emprego da Cavalaria.................................................................................36/124)


i. Defesa Contrareconhecimento

As medidas adotadas por um comando para prevenir a observação da força,


área ou posição defensiva são chamadas de Defesa Contrareconhecimento. São as
ações táticas que abrangem todas as tarefas destinadas a impedir os esforços de
reconhecimento e vigilância do inimigo. O Contrareconhecimento é um componente
de uma operação de segurança.
Um fator importante que contribui para aumentar a vulnerabilidade da área de
retaguarda é a natureza estática das atividades em seu interior. Um inimigo pode
estudar os aspectos operacionais das unidades instaladas nessa área para levantar
as condições de segurança estabelecidas. Além disso, unidades em instalações fixas
possuem perímetros de segurança que usualmente oferecem limitada profundidade.
As tarefas de Contrareconhecimento agregam profundidade fora dos limites da
retaguarda, garantindo a continuidade das atividades logísticas com mínima
interferência.

j. Defesa Linear

Esta técnica de defesa posiciona os principais meios de combate de uma força


na encosta de um movimento para aproveitar as vantagens defensivas oferecidas por
um obstáculo natural em linha. Uma força pode conduzir uma defesa de área ou uma
defesa móvel apoiada em uma linha obstáculo. A defesa de área emprega
preferencialmente esta técnica, pois proporciona menor risco ao não permitir o inimigo
cruzar o obstáculo natural. Os obstáculos favorecem a uma defesa avançada.
Normalmente, um Comando encontra dificuldades para defender toda a
extensão de uma linha obstáculo com os meios distribuídos em toda a frente. Em
algumas áreas, haverá a necessidade de economia de forças. Na defesa de área, o
comandante deve prever em seu planejamento posições em profundidade caso o
inimigo obtenha algum sucesso em determinado ponto de travessia da linha
obstáculo. As principais preocupações quando se defende uma posição linear recaem
nas dificuldades de conquistar a iniciativa e identificar as vulnerabilidades do
dispositivo inimigo.

k. Defesa Não Linear

A Defesa Não Linear é a mais dinâmica e descentralizada defesa conduzida


por uma força no escalão subunidade. É frequentemente empregada quando opera
contra um inimigo que possui poder de fogo e mobilidade superiores. Este tipo de
defesa é quase que exclusivamente orientada contra o inimigo e não para a
manutenção do terreno. O sucesso dessa técnica depende da surpresa, ação ofensiva
e a iniciativa das pequenas frações. As ações são fluidas e poucas atividades estáticas
são desenvolvidas.
A técnica requer o uso intenso de emboscadas, incursões e contra-ataques,
porém deve-se evitar o engajamento decisivo. Antes que a força defensiva esteja apta
a reagir contra a força que a instiga, a mesma deve retrair e buscar uma nova
vulnerabilidade para inquietar novamente o adversário.

(Manual de ensino/Emprego da Cavalaria.................................................................................37/124)


2.3. OPERAÇÕES DE PACIFICAÇÃO

Devido à complexidade dos ambientes operacionais contemporâneos,


marcados pela evidência de novas demandas legais e morais que recaem sobre os
comandantes de todos os níveis do TO/A Op, os ganhos auferidos apenas pelas
Operações Ofensivas e Defensivas não bastam para assegurar o êxito nas operações
terrestres. Desse modo, há necessidade de valer-se de outros mecanismos
associados a essas operações clássicas. As Operações de Pacificação, no contexto
das Operações no Amplo Espectro, têm sido uma alternativa que tem trazido
resultados concretos.
As Operações de Pacificação (Op Pac) compreendem o emprego do Poder
Militar na defesa dos interesses nacionais, em locais restritos e determinados, por
meio de uma combinação de atitudes coercitivas limitadas para restaurar ou manter a
ordem pública ou a paz social, ameaçadas por grave e iminente instabilidade
institucional ou atingidas por calamidades de grandes proporções, provocadas pela
natureza ou não, e de ações construtivas, para apoiar esforços de estabilização, de
reconstrução, de restauração e/ou de consolidação da paz.
Tais operações favorecem a reconciliação entre adversários locais ou regionais
e ajudam a restabelecer instituições políticas, jurídicas, sociais e econômicas. Em
casos de Operações de Paz em uma nação estrangeira, sob a égide de organismos
internacionais, ou em situações de emergência nacional, como agressão efetiva por
forças estrangeiras, grave ameaça à ordem constitucional democrática ou calamidade
pública, apoia a transição para uma governança legítima.
Para o êxito nas Operações de Pacificação, as Forças do Exército devem
conquistar e manter a iniciativa nas ações que incidem sobre as causas da
instabilidade, evitando posturas reativas à ação do oponente.
Por sua importância no contexto dos conflitos contemporâneos, a condução de
Operações de Pacificação constitui uma capacidade a ser gerada pela Força em toda
a sua plenitude, à luz dos seguintes fatores: doutrina, organização, adestramento,
material, educação, pessoal e infraestruturas – DOAMEPI.
As Operações de Pacificação englobam várias ações, missões e atividades
militares, em coordenação com outros vetores civis e militares. Em algumas situações,
assemelham-se às tarefas de Apoio a Órgãos Governamentais, contudo, distinguem-
se destas quanto ao contexto em que são conduzidas – em território nacional no
estabelecimento de Estado de Exceção ou no exterior, sob a capitulação específica
de mandatos de organismos internacionais.

a. No território nacional

As Op Pac desencadeadas no Território Nacional caracterizam-se pela atuação


de elementos da F Ter, em determinadas e restritas áreas, respaldadas por diplomas
de Estado de Exceção, com suspensão temporária de direitos e garantias
constitucionais, ferramenta necessária à tomada de decisões para a proteção do
Estado.
A fim de preservar ou prontamente restabelecer, a ordem pública ou a paz
social, ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional, as Op Pac ocorrem,
normalmente, em um quadro caracterizado pela ruptura da lei e da ordem, em
operações contra forças irregulares (nacionais e/ou estrangeiras), em calamidades de
grandes proporções na natureza, dentre outras.

(Manual de ensino/Emprego da Cavalaria.................................................................................38/124)


Tais operações são desencadeadas no contexto de um Estado de Exceção
caracterizado por um período em que parcelas da ordem jurídica – sobretudo aquelas
reservadas à proteção das garantias fundamentais – são suspensas por medidas
advindas do Estado, para o atendimento de necessidades urgentes e específicas. É
uma situação temporária de restrição de direitos e concentração de poderes que,
durante sua vigência, permite presteza no processo decisório e nas medidas
essenciais a serem tomadas, em situações emergenciais.

b. No exterior

As Op Pac, desencadeadas no exterior, caracterizam-se pela atuação de


elementos da F Ter em áreas previamente definidas fundamentadas por diplomas de
organismos de segurança internacionais, dos quais o Brasil é signatário, os quais
respaldam o emprego das Forças Armadas, em ações julgadas necessárias para
manter ou restabelecer a paz e a segurança internacionais. Tais ações poderão
compreender demonstrações, bloqueios e outras operações, por parte das forças
aéreas, navais ou terrestres.
Normalmente, as Op Pac conduzidas no exterior são realizadas no contexto de
Operações de Paz (Op Paz) e são empregadas quando a Organização das Nações
Unidas (ONU), por intermédio do Conselho de Segurança, certifica-se de que facções
antagônicas de um país ou região atingem um determinado estágio de agressão que
possa colocar em risco a paz e a segurança. Nessas Operações, podem ser
conduzidas as quatro operações básicas: ofensiva, defensiva, de pacificação e de
apoio a órgãos governamentais.
As Op Pac conduzidas em Op Paz no contexto da ONU têm sido
tradicionalmente associadas ao Capítulo VI da Carta das Nações Unidas. Pode-se
também decidir pela invocação do Capítulo VII da Carta para autorizar a implantação
de Op Paz das Nações Unidas em um ambiente devastado por conflitos, onde o
Estado é incapaz de manter a segurança e a ordem pública e de criar as condições
para o restabelecer as bases para uma paz sustentável. A Carta das Nações Unidas
preconiza, ainda, nesses capítulos, que as partes em litígio, cujos antagonismos
podem colocar em risco a paz e a segurança, devem tentar encontrar uma solução,
em primeiro lugar e acima de tudo, por meio de negociação, investigação, mediação,
conciliação, arbitragem, decisão judicial, recursos a organismos, acordos regionais ou
outros meios pacíficos.
No contexto das Op Pac, destacam-se, como fatores para o sucesso da missão,
a legitimidade e a credibilidade. A legitimidade internacional é alcançada por um
mandato de um Organismo de Segurança Internacional que define a adequabilidade
de uma norma e atesta a sua fundamentação nos princípios da legalidade, justiça e
razão. A credibilidade se obtém em função da eficácia e capacidade de gerenciamento
e atendimento das expectativas. Para alcançá-los, devem ser implantadas
previamente as normas dos diplomas legais que amparam a operação, e haver
empenho para manter um ambiente confiável e adequado para alcançar a paz
permanente e duradoura.
Cabe ressaltar que nas Op Pac, sob a égide da ONU ou em outro contexto, não
há definição formal do inimigo. No entanto, a necessidade de produção do
conhecimento sobre o terreno físico e humano é presente. Ao desenvolverem suas
atividades operativas, os elementos da F Ter devem atuar com imparcialidade e se
valer da força de forma gradual e proporcional de acordo com os diplomas legais que
amparam a operação.

(Manual de ensino/Emprego da Cavalaria.................................................................................39/124)


Nessas operações, a tropa poderá realizar as seguintes tarefas operativas:
conduzir operações tipo polícia, evacuar áreas, participar da desmobilização,
desarmamento e reintegração de ex-combatentes das facções litigantes, contribuir
para a assistência humanitária, auxiliar no monitoramento do cumprimento dos direitos
humanos, executar atividades de desminagem, respaldar a ação diplomática pela
presença, atuar no espectro eletromagnético, realizar escolta de comboios e
autoridades, realizar a destruição de material bélico capturado, dirigir negociações
locais entre as facções envolvidas, dentre outras.
As Op Pac conduzidas no contexto da ONU se desenvolvem em um ambiente
multinacional, com peculiaridades geográficas, culturais, logísticas e operativas
próprias. As tarefas são normalmente realizadas no ambiente interagências e exigem,
na composição dos elementos da F Ter, estruturas flexíveis, adaptáveis e modulares,
de acordo com os diplomas legais e protocolos específicos para cada missão.

2.4 OPERAÇÕES DE APOIO ÓRGÃOS GOVERNAMENTAIS

As Operações de Apoio a Órgãos Governamentais compreendem o apoio


prestado por elementos da F Ter, por meio da interação com outras agências, definido
em diploma legal, com a finalidade de conciliar interesses e coordenar esforços para
a consecução de objetivos ou propósitos convergentes com eficiência, eficácia,
efetividade e menores custos e que atendam ao bem comum, evitando a duplicidade
de ações, dispersão de recursos e a divergência de soluções. No território nacional,
esse apoio é regulado por diretrizes baixadas em ato do Presidente da República.
Essas operações de apoio podem ser efetivadas no País e/ou no exterior e
contribuem para a garantia da Soberania Nacional, dos poderes constitucionais, da lei
e da ordem – depois de esgotados os instrumentos destinados à preservação da
ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio –, salvaguardando os
interesses nacionais e cooperando para o desenvolvimento nacional e o bem estar
social. A integração interagências é condição “sine qua non” nesse tipo de operação
e, em algumas ocasiões, são semelhantes às Op Pac, diferindo, contudo, por serem
desencadeadas em situações e áreas onde, por destinação legal, os órgãos
governamentais permanecem no seu exercício funcional, porém de forma insuficiente,
ou quando os meios são inexistentes ou indisponíveis ao desempenho regular de sua
missão constitucional.
Normalmente, o apoio é proporcionado em atividades relacionadas à proteção
de estruturas estratégicas e da sociedade, à cooperação com o desenvolvimento
nacional e o bem estar social e ao apoio ao desenvolvimento econômico e de
infraestrutura, exemplificadas nas situações, dentre outras, abaixo relacionadas:

2.4.1 PROTEÇÃO INTEGRADA

A Proteção Integrada abrange todas as medidas necessárias para proteger a


sociedade. A garantia dos poderes constitucionais, a garantia da lei e da ordem, a
proteção de estruturas estratégicas, a prevenção e o combate ao terrorismo e a
participação da Força Terrestre em ações na faixa de fronteira são englobadas pelas
ações de Proteção Integrada. Elas são essencialmente interagências.

(Manual de ensino/Emprego da Cavalaria.................................................................................40/124)


a. Garantia dos Poderes Constitucionais

Os elementos da F Ter, como segmento constitutivo das Forças Armadas


brasileiras, sob a autoridade do Presidente da República (PR), destinam-se, além da
defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais.
A diretriz presidencial que formaliza as condições desse emprego deve detalhar
a ativação, a finalidade e as orientações consideradas indispensáveis à sua execução,
inclusive quanto à participação de outros órgãos não integrantes da estrutura do
Exército.

b. Garantia da Lei e da Ordem

O emprego dos elementos da F Ter na garantia da lei e da ordem se dará por


iniciativa de quaisquer dos poderes constitucionais e deverá ser episódico, em área
previamente definida, e ter a menor duração possível, objetivando a preservação da
ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, por terem sido
esgotados os instrumentos dos órgãos governamentais previstos no Art 144 da CF88,
o qual atribui o a órgãos federais e estaduais o exercício da Segurança Pública, dever
do Estado, para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e
do patrimônio. Ocorrerá de acordo com as diretrizes baixadas em ato do PR.
A diretriz presidencial que autoriza e formaliza esse emprego será transmitida
diretamente ao Ministro de Estado da Defesa e estabelecerá a missão, as
condicionantes do emprego, os órgãos envolvidos e outras informações necessárias.
Compete ao MD tomar as providências necessárias à ativação e à implementação do
emprego das FA, bem como controlar e coordenar suas ações, inclusive com respeito
aos componentes dos demais órgãos não integrantes da sua estrutura.

c. Proteção de Estruturas Estratégicas

A proteção das Estruturas Estratégicas (Etta Estrt) visa a garantir o


funcionamento contínuo de sistemas, bens, serviços e instalações essenciais. De
maneira geral, podem ser classificadas como Etta Estrt aquelas, cuja violação ou
interdição, destruição ou interrupção de funcionamento, acarretaria sério impacto
social, econômico, político ou ambiental – afetando, portanto, a segurança do Estado
e da sociedade.
As Etta Estrt relacionadas à produção e distribuição de energia (inclusive a
nuclear), aos transportes de passageiros e carga, às comunicações e ativos de
informação, ao tratamento e à distribuição de água, ao sistema financeiro, ao
funcionamento das estruturas do Governo e à atividade produtiva, estão entre as que
podem necessitar de proteção com o emprego do vetor militar terrestre.
As ações envolvem responsabilidade compartilhada entre vetores estatais e
não estatais. Apesar da existência de muitas Etta Estrt controladas pelo poder público,
há Etta Estrt gerenciadas pela iniciativa privada, o que impõe a necessidade de
coordenação com essas organizações civis. Portanto, as Etta Estrt requerem para a
sua proteção a coordenação entre os governos federal, estaduais e municipais,
juntamente com o setor privado e a sociedade, em todo o País.
A proteção de Etta Estrt envolve programas educacionais, planos de segurança
orgânica, planos de contingência, plano de controle de danos e programas de
treinamento continuado, acompanhados por auditorias e visitas técnicas. O ambiente

(Manual de ensino/Emprego da Cavalaria.................................................................................41/124)


cibernético merece destaque, em virtude da crescente dependência das Etta Estrt da
Tecnologia da Informação para a gestão e a operação de suas funcionalidades.
No Poder Executivo, a Câmara de Relações Exteriores e Defesa Nacional
(CREDEN) e o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República
(GSIPR) são os responsáveis por formular políticas e diretrizes para a proteção das
Etta Estrt. São, também, os responsáveis por promover a articulação e acompanhar a
implementação dos programas e ações estabelecidos.

d. Ações na Faixa de Fronteira

As ações desencadeadas na faixa de fronteira visam a ampliar a capacidade


do Estado em prover controle e segurança nessa porção de seu território, atuando no
apoio aos órgãos governamentais a que, por destinação legal, cabe realizar a
prevenção e repressão a ilícitos.
Os elementos da F Ter, quando empregados, normalmente em caráter
episódico e em área definida por diplomas legais, atuarão em ambiente interagências.
Essas ações são normalmente caracterizadas pela complexidade na execução, o que
enfatiza a necessidade de buscar a unidade de esforços com os demais agentes do
Estado envolvidos, particularmente os Órgãos de Segurança Pública, de controle
aduaneiro e de preservação ambiental.
O Plano Estratégico de Fronteiras do Governo Federal é o instrumento legal
que determina a forma como essa unidade de esforços deve ser atingida entre os
órgãos federais, estaduais e municipais. Os Gabinetes de Gestão Integrada de
Fronteiras são os coordenadores das ações.

e. Prevenção e Combate ao Terrorismo

O terrorismo pode ser considerado como um conjunto de atitudes e atos


extremos de violência perpetrados por um indivíduo ou grupo de pessoas, de modo a
incutir medo, terror, e assim obter efeitos psicológicos, com o objetivo de influenciar
governos e populações, visando a atingir objetivos políticos, ideológicos ou religiosos.
Essas entidades (os grupos terroristas) podem contar com o apoio de governos e de
facções ideológicas e/ou religiosas.
Uma política de prevenção e combate ao terrorismo efetiva deve integrar
medidas em todos os campos do Poder Nacional. A efetividade dessa integração é
conseguida pela estreita colaboração interagências.
A prevenção e o combate às ações terroristas devem ser conduzidos por forças
militares e policiais especializadas, com ampla colaboração do setor de segurança
pública e de órgãos de inteligência nacionais e internacionais. Isto exigirá efetiva
integração entre as forças militares e as outras agências especializadas para obter
resultados satisfatórios.
Existe um consenso global de que as ações de prevenção e combate ao terrorismo
são desenvolvidas, em ambiente interagências, em três níveis – estratégico,
operacional e tático – nas vertentes de Inteligência6, Antiterrorismo, Contraterrorismo
e Administração de Consequências.

2.4.2 AÇÕES SOB A ÉGIDE DE ORGANISMOS INTERNACIONAIS

O emprego de elementos da F Ter em ações sob a égide de organismos


internacionais pode ser dividido, genericamente, em:

(Manual de ensino/Emprego da Cavalaria.................................................................................42/124)


a) arranjos internacionais de defesa coletiva;
b) operações de paz; e
c) ações de caráter humanitário.
Os elementos da F Ter podem integrar arranjos internacionais de defesa
coletiva para a condução de operações militares terrestres, de acordo com os
interesses nacionais. Esses arranjos consistem na formação de coalizões de forças
multinacionais para o restabelecimento da ordem jurídica internacional.
A participação de elementos da F Ter em tais arranjos pode resultar de alianças
do Estado brasileiro com outros países ou decorrer de compromissos com organismos
internacionais dos quais o país seja signatário ou faça parte.
Os elementos da F Ter podem participar de operações de paz, em
conformidade com o prescrito na Carta das Nações Unidas, respeitados os princípios
da não intervenção e da autodeterminação dos povos.
O emprego de forças do Exército em Op Paz engloba ações de três naturezas:
a) Militar - observação de armistícios e de cessar fogo; supervisão de retirada das
forças antagônicas; monitoramento de zonas desmilitarizadas; aquartelamento e
desmobilização; prevenção de ingerência de terceiros; desminagem; proteção da
infraestrutura econômica de países; entre outros;
b) Política - garantia da lei e da ordem; assistência ao restabelecimento de instituições;
apoio à administração transitória de países sob a intervenção da ONU; organização,
coordenação e monitoramento de eleições; entre outros; e
c) De assistência à população civil – ajuda humanitária e outras formas de
cooperação.
As forças do Exército podem participar de ações de caráter humanitário, por
solicitação de Estados-Membros da ONU ou de qualquer outro organismo
internacional (regional ou mundial) do qual o Brasil seja partícipe, para uma urgente
prestação de socorro a nacionais de países atingidos pelos efeitos de desastres
(naturais ou 6 Apoio de Inteligência – cabe ao Sistema de Inteligência proceder à
“Análise da Ameaça Terrorista”, estudo permanentemente atualizado que consiste
num processo de exame e avaliação contínua de todas as informações disponíveis,
concernentes a potenciais atividades de grupos ou indivíduos que possam afetar os
interesses nacionais. provocados pelo homem) ou decorrentes de conflito armado/
guerra, tudo com o objetivo de proteger, amparar e oferecer bem-estar às populações
vitimadas, respeitado o princípio da “não intervenção”.

2.4.3 EMPREGO EM APOIO À POLÍTICA EXTERNA EM TEMPO DE PAZ OU CRISE

Essa forma de emprego constitui-se no uso controlado do Poder Militar


Terrestre, restrito ao nível aquém da violência. Tem vasta aplicação, desde a mostra
da bandeira em viaturas, aeronaves e/ou embarcações militares no estrangeiro, até a
participação em exercícios militares que ensejam a oportunidade de demonstrações
da capacidade militar.
A concentração de forças terrestres, a realização de exercícios de
adestramento para a geração de capacidades, o movimento de forças militares
enquanto se desenvolvem as ações diplomáticas para a solução de um conflito e a
mobilização de meios de combate são exemplos de algumas das possibilidades de
emprego do Poder Militar Terrestre sem que se chegue à ameaça da violência ou a
própria, o que caracterizaria o conflito armado/ guerra. A ação do poder militar deve
ser coadjuvada por ações de caráter político, diplomático, econômico e psicossocial.

(Manual de ensino/Emprego da Cavalaria.................................................................................43/124)


2.4.4ATRIBUIÇÕES SUBSIDIÁRIAS

As Atribuições Subsidiárias das FA, estabelecidas por instrumentos legais,


compõem-se de atribuições gerais e particulares e, normalmente, são relacionadas à
cooperação com o desenvolvimento nacional e o bem-estar social e ao apoio ao
desenvolvimento econômico e de infraestrutura.
As atribuições gerais dizem respeito à cooperação para o desenvolvimento
nacional e a Defesa Civil. Integram essas atribuições: a participação em campanhas
institucionais de utilidade pública ou de interesse social; o atendimento às solicitações,
de diversas naturezas, de órgãos governamentais; e a participação em planos e
programas públicos. Adicionalmente, a participação das forças do Exército representa
um tradicional instrumento, que se vale da confiabilidade que goza a instituição militar
de caráter nacional, da capilaridade do Exército, com organizações militares
distribuídas em todo território nacional, da mobilidade dos elementos da F Ter, da
experiência, do treinamento, da capacidade logística e, sobretudo, da identificação do
Exército com a população brasileira. Tais atribuições promovem uma saudável
integração com a sociedade.
As atribuições particulares constituem a contribuição das FA em ações
governamentais em assuntos de natureza não militar, vinculadas com sua atividade
finalística, levadas a efeito por razões de economia, inexistência de capacidades
constituídas no País e pela natureza estratégica das atribuições em apreço. Algumas
dessas atribuições são realizadas em atendimento a compromissos internacionais
assumidos pelo Brasil.
A decisão de emprego de elementos da F Ter em atribuições subsidiárias no
âmbito do Exército cabe ao Comandante da Força, por determinação do Presidente
da República por meio do Ministro da Defesa.

2.4.5 OUTRAS FORMAS DE APOIO DESIGNADO OU FUNÇÕES ATRIBUÍDAS


POR LEI

Há ainda a possibilidade de elementos da F Ter atuarem isoladamente ou em


cooperação com vetores civis, sem que os integrantes do Exército exerçam
necessariamente o protagonismo das ações:
a) salvaguarda de pessoas, dos bens, dos recursos brasileiros ou sob a jurisdição
brasileira, fora do território nacional como, por exemplo, as operações de evacuação
de não combatentes;
b) Ajuda Humanitária – apoio para a assistência a desastres (naturais ou provocados
pelo homem);
c) assistência a outros Estados – auxílio a países em situações não classificadas como
humanitárias;
d) segurança de grandes eventos e de Chefes de Estado – em virtude da visibilidade
e exposição da imagem do país no âmbito nacional e internacional , tais eventos
requerem operações de segurança complexas, envolvendo vetores civis e, muitas
vezes, militares.
e) administração de consequências de acidentes químicos, biológicos, radiológicos,
nucleares e explosivos (QBRNE);
f) garantia de votação e apuração eleitoral;
g) operações de resgate e recuperação de pessoal, despojos ou de equipamentos
sensíveis;

(Manual de ensino/Emprego da Cavalaria.................................................................................44/124)


h) patrulha fluvial – implementação e fiscalização do cumprimento de leis e
regulamentos, em águas interiores jurisdicionais brasileiras, respeitados os tratados,
convenções e atos internacionais ratificados pelo Brasil; e
i) Fiscalização de Produtos Controlados – cumprimento da legislação vigente e
verificação do cumprimento de acordos sobre controle de armas.
A autorização para participação em tais ações será fruto de análise caso a caso,
devido à diversidade de sua natureza, podendo implicar deliberações em várias
esferas de decisão, desde o Comando da Força à Presidência da República, de
acordo com cada diploma legal.

(Manual de ensino/Emprego da Cavalaria.................................................................................45/124)


3. AÇÕES COMUNS ÀS OPERAÇÕES TERRESTRES

3.1 GENERALIDADES

No contexto das operações terrestres, observa-se um rol de ações comuns a


todas operações. Relacionam-se às funções de combate, às atividades e tarefas a
serem conduzidas pelos elementos da força terrestre e apresentam um grau de
intensidade variável de acordo com a operação militar planejada e conduzida. Essas
ações são:
a) Reconhecimento e Vigilância;
b) Segurança das Operações;
c) Seleção, Análise e Aquisição de Alvos;
d) Coordenação e Controle do Espaço Aéreo;
e) Coordenação do Apoio de Fogo;
f) Substituição de Unidades de Combate;
g) Cooperação Civil-Militar e Assuntos Civis; e
h) Recuperação de Pessoal.

3.2 RECONHECIMENTO E VIGILÂNCIA

As ações de Reconhecimento e Vigilância, comuns a todas as operações,


normalmente, são realizadas, por meio do emprego de meios (pessoal e material)
militares para coletar/buscar e/ou verificar dados/informações e/ou conhecimentos
que servirão de matéria prima para a etapa da produção de Inteligência nas operações
terrestres. São abrangidas pelas capacidades da Inteligência, de Reconhecimento, de
Vigilância e de Aquisição de Alvos (IRVA). As Ações de Rec e Seg são integradas e
sincronizadas com outras fontes e pertencem ao Sistema de Inteligência Militar.
Essenciais ao processo decisório, apoiam os esforços realizados por outros vetores
e/ou fontes de Inteligência (humanas, de sinais, de imagens e cibernéticas).
No ambiente operacional contemporâneo, os dados são coletados por
observadores desdobrados no terreno e por uma variedade de sensores. O
Reconhecimento, a Vigilância e a Aquisição de Alvos são os métodos para a obtenção
desses dados. Os dados são, então, transmitidos para as equipes de Inteligência para
processamento, análise, produção e difusão de conhecimentos. Simultaneamente,
são transmitidos aos comandantes e a seus estados-maiores para julgamento e
formulação dos planos operacionais/táticos.
As ações de reconhecimento e vigilância são conduzidas por elementos da F
Ter (convencionais ou não) sobre alvos predefinidos ou de oportunidade, em proveito
do escalão enquadrante e, normalmente, visam à obtenção e/ou confirmação de
informações sobre:
a) as capacidades, intenções e/ou atividades de um oponente identificável ou
potencial;
b) sistemas de comando e controle, de defesa aeroespacial, estruturas
estratégicas, instalações militares ou outros alvos de interesse;
c) os aspectos fisiográficos e as condições meteorológicas de um TO/A Op ou
de determinada área de interesse;
d) a aquisição de alvos e avaliação de danos;
e) a avaliação de ambientes químicos, biológicos radiológicos e nucleares
(QBRN) residuais ou de riscos ambientais; e

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f) a situação em uma determinada área de interesse, antes da intervenção de
forças terrestres.

3.2.1 RECONHECIMENTO

As Ações de Reconhecimento são conduzidas, por meio do emprego de meios


terrestres, aéreos ou aquáticos, com o propósito de obter dados/informações
relacionadas ao oponente, ao terreno (físico e humano), às condições meteorológicas,
dentre outros aspectos relacionados ao provável TO/A Op. Normalmente, são
executadas, de acordo com os fundamentos, a seguir discriminados:
a) orientar-se segundo os objetivos de informação;
b) participar com rapidez e precisão todos os dados/ informações obtidas;
c) evitar o engajamento decisivo;
d) manter o contato com o oponente; e
e) esclarecer a situação.
Há três tipos de reconhecimento: de eixo, de zona e de área. O Exame de
Situação e a análise dos fatores da decisão, aliados à definição dos
dados/informações de onde devem ser buscados/coletados e o tempo disponível para
obtê-los, do valor da força de reconhecimento necessária, permitem identificar qual o
tipo mais adequado a cada situação.
A maioria dos elementos da F Ter tem possibilidade de realizar ações de
reconhecimento, no entanto, as unidades de cavalaria mecanizada são
especificamente organizadas, equipadas e instruídas para cumprirem tais missões.

3.2.2 VIGILÂNCIA

As Ações de Vigilância são realizadas com a finalidade de detectar, registrar e


informar com os meios disponíveis o ocorrido em determinado setor de observação –
mesmo sob condições meteorológicas e de luminosidade adversas. Constituem uma
das principais formas para a identificação e localização de alvos e monitoramento de
atividades do oponente.
As Ações de Vigilância compreendem todas as técnicas utilizadas para realizar
um contínuo e sistemático monitoramento do campo de batalha, em particular de
áreas críticas, estradas, pontes, zonas de lançamento, locais de aterragem, dentre
outros. Os principais fatores que influenciam a sua execução são: as condições de
visibilidade, o terreno, as cobertas naturais e artificiais, a defesa antiaérea do inimigo
e as características e especificidades dos meios de vigilância.
As ações de vigilância proporcionam segurança a determinada região ou força
militar pelo estabelecimento de uma série de postos de observação e são
complementadas por ações adequadas que procuram detectar a presença de
oponente que entre no raio de ação dos meios disponíveis do vetor que a executa.
As ações de vigilância fazem parte da segurança de qualquer unidade e,
normalmente, são conduzidas no amplo espectro das operações. As unidades de
cavalaria mecanizada são, por concepção, as mais aptas para a realização dessas
ações e as conduzem, como parte das missões de reconhecimento e de segurança,
pela manutenção de uma contínua e sistemática observação sobre uma extensa área,
a fim de coletar e transmitir dados/informações sobre o oponente e a área de
operações.
As operações terrestres exigem, normalmente, diferenciadas ações de
vigilância, as quais se apresentam, normalmente, sob as seguintes formas:

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a) visual – realizada por unidades terrestres e/ou aéreas, particularmente, no
cumprimento de missões de reconhecimento. Utiliza equipamentos optrônicos, de
visão noturna infravermelha, com amplificadores de luz residual ou termais, dentre
outros;
b) eletrônica – realizada com o emprego de meios especiais: radares;
radiogoniômetros; equipamentos de radioescuta; sensores; câmeras; dentre outros; e
c) vídeofotográfica – consiste, essencialmente, no emprego de equipamentos
vídeofotográficos especiais, montados em plataformas, como, por exemplo,
aeronaves remotamente pilotadas ou de pequeno porte, com capacidade de
transmissão de imagens em tempo real.

3.3 SEGURANÇA DAS OPERAÇÕES

A Segurança das Operações terrestres compreende o conjunto de medidas


adotadas por elementos da F Ter, visando a se prevenir e proteger-se contra ações
ofensivas, de inquietação, a surpresa e a observação por parte do oponente.
A finalidade precípua da segurança das operações é proteger forças,
infraestruturas, atividades e, dentro do possível, a população local, negando ao
oponente posições vantajosas e consolidando êxitos. A segurança permite também
conservar a iniciativa das ações, preservar o sigilo das operações e obter a liberdade
de ação.
As operações de segurança são executadas com base nos seguintes
fundamentos:
a) proporcionar alerta preciso e oportuno ao comando enquadrante;
b) garantir espaço para a manobra à tropa para qual opera;
c) orientar a execução da missão em função da força em proveito da qual opera;
d) executar contínuo e agressivo reconhecimento; e
e) manter o contato com o inimigo.
A Segurança das Operações (Seg Op) é obtida, dentre outros, pelos seguintes
aspectos:
a) correta análise do nível de influência da ameaça;
b) adoção de dispositivo adequado ao contexto das operações;
c) detecção antecipada de uma ameaça, por meio de informações precisas e
oportunas;
d) tempo e espaço suficientes para a manobra;
e) movimento apropriado das forças;
f) emprego de forças de segurança; e
g) adoção de medidas ativas e passivas contra a observação e ataques de
qualquer natureza do oponente.
A força que proporciona segurança deve ser suficientemente forte e apropriada
para fornecer o tempo necessário para que a força para a qual opera venha a obter,
manter e explorar a iniciativa para conquistar e conservar uma posição de vantagem
em relação ao oponente. É o meio pelo qual se nega a iniciativa para o oponente.
Os graus de segurança proporcionados a uma força são os seguintes:
a) cobertura – é a ação que proporciona segurança a determinada região ou
força, com elementos distanciados ou destacados, orientados na direção do inimigo e
que procuram interceptá-lo, engajá-lo, desorganizá-lo ou iludi-lo, antes que o mesmo
possa atuar sobre a região ou força coberta;

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b) proteção – é a ação que proporciona segurança a determinada região ou
força, pela atuação de elementos no flanco, frente ou retaguarda imediatos, com a
finalidade de impedir a observação terrestre, o fogo direto e o ataque de surpresa do
inimigo sobre a região ou força protegida; e
c) vigilância – é a ação que proporciona segurança a determinada região ou
força, pelo estabelecimento de uma série de postos de observação, complementados
por adequadas ações que procuram detectar a presença do inimigo logo que ele entre
no raio de ação ou campo dos instrumentos óticos ou sensores eletrônicos do
elemento que a executa.
As missões de segurança são realizadas, basicamente, por forças de
cobertura, de proteção e de vigilância. Incluem-se, também, em tais missões, tanto as
que estabelecem a ligação entre duas outras forças de maior valor visando,
principalmente, a preencher áreas não ocupadas, quanto àquelas que realizam a
segurança da área de retaguarda.

3.3.1 SEGURANÇA DA ÁREA DE RETAGUARDA

A finalidade da Segurança da Área de Retaguarda (SEGAR) é evitar ou minorar


a interferência do oponente contra as nossas forças envolvidas nas atividades e
tarefas das funções de combate – particularmente o movimento e manobra, o
comando e controle e a logística (19) – além de controlar os efeitos de uma ameaça
relacionada a catástrofes provocadas pela a natureza no TO/A Op.
19 Na área de retaguarda de cada escalão considerado é realizada a maior
parte das atividades de comando e controle e de apoio logístico. Nessa área,
normalmente, desdobram-se as reservas, as unidades de apoio ao combate e
as instalações de comando da força considerada. As infraestruturas da área de
retaguarda, que anteriormente estavam protegidas pela distância da frente de
combate, podem estar, agora, dentro do alcance das armas do oponente. Tal
fato, aliado às frentes extensas, aos espaços não ocupados conceitos de ações
em profundidade, de não linearidade e não contiguidade, aumenta a
vulnerabilidade das forças e instalações localizadas na área de retaguarda e
exige uma maior ênfase à segurança da mesma.
Em função das largas frentes com espaços não ocupados, dos diversos tipos
de ameaças, das ações em profundidade, da não linearidade e da não contiguidade
do campo de batalha aumentam sobremaneira a vulnerabilidade dos meios e
instalações desdobrados na área de retaguarda, o que exigem uma especial atenção
ao planejamento da segurança dessa área. A DEFAR compreende dois tipos de ação:
a Defesa de Área de Retaguarda (DEFAR) e o Controle de Danos (CD).

a. Responsabilidades de SEGAR

A segurança e o controle geral de uma área de responsabilidade (A Rspnl)


devem ser planejados e executados por seu respectivo comando. Numa operação
conjunta, cabe ao Comandante Operacional realizar a organização territorial do TO/A
Op, definindo os limites entre a ZC e a ZA e as A Rspnl/ Z Aç de cada F Cte. Na ZA,
tal encargo poderá ser atribuído ao Cmt C Log ou a uma das Regiões Militares (RM)
da F Ter.
Os comandantes são responsáveis pela DEFAR e pelo CD de suas próprias
forças e infraestruturas. A responsabilidade total pela SEGAR, em uma área
específica, cabe ao comando designado. Caberá ao comandante da FTC desdobrada,
em coordenação com as demais F Cte, designar o seu Controlador de SEGAR, que

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será o responsável pelo planejamento e execução das atividades de DEFAR e CD na
respectiva área de retaguarda.
É de responsabilidade do Controlador de SEGAR assegurar a integração dos
Planos de DEFAR e de CD no contexto geral de segurança da área de retaguarda.
Apesar de serem dois planejamentos distintos, ambos realizados pelo Controlador de
SEGAR de cada comando considerado, os planos complementam-se nas
providências a serem tomadas, uma vez que a finalidade básica de ambos é a
preservação das forças militares, das infraestruturas, das atividades logísticas e de
comando e controle e, ainda, das vias de transporte (20) na área de retaguarda.
Um sistema eficaz de SEGAR deve estabelecer:
a) um comando único, responsável pelas atividades na mesma área geográfica,
com o necessário EM e meios de C², que não devem ser temporários, improvisados e
nem estabelecidos somente após a concretização das ameaças;
b) a definição de responsabilidade territorial; e
c) a existência de uma força de reação, que pode ser integrada por:
- elementos de combate designados, especificamente, para esse fim;
- elementos de apoio ao combate ou de apoio logístico desdobrados na
área de retaguarda; e
- forças auxiliares (Polícia Militar e Corpo de Bombeiros Militar)
localizadas na A Rspnl da FTC.
20 As vias de transporte incluem todos os itinerários (terrestres, aquáticos e/ou
aéreos) localizados perto de pontos-chave de entrada no TO/A Op e que ligam
uma base às forças militares em operações, ao longo dos quais os suprimentos
e os reforços se movimentam. São as linhas vitais de comunicação e quanto
mais longas, mais vulneráveis se tornam às ações de interdição. A destruição
ou a interrupção das referidas vias prejudicam o cumprimento da missão das
forças terrestres e, portanto, constituem um dos principais fatores de êxito que
devem ser considerados no planejamento, preparação e condução das ações
de SEGAR.

b. Defesa da Área de Retaguarda

A DEFAR é um conjunto de medidas e de ações executadas pelos elementos


da F Ter que possuem responsabilidades territoriais, visando a assegurar a
normalidade no desempenho de atividades e tarefas dos elementos de combate, de
apoio ao combate e de apoio logístico, localizados nas respectivas áreas de
retaguarda.
Uma DEFAR bem-sucedida depende, fundamentalmente, da capacidade de
nossas forças reagirem, com rapidez, de forma sincronizada e com suficiente poder
relativo de combate. A efetiva autoridade de comando, a pormenorizada definição de
responsabilidade e o estabelecimento de um eficiente e seguro sistema de comando
e controle, também, contribuem para a efetividade da DEFAR.
Os planos para a DEFAR devem ser preparados, levando-se em consideração
ameaças concretas (identificáveis) ou potenciais. Para tal, informações precisas,
confiáveis e oportunas a respeito da possibilidade do desencadeamento de operações
ofensivas (aeroterrestres, aeromóveis e/ou infiltração de tropas), pelo oponente ou a
atuação de forças irregulares na área de retaguarda devem ser continuamente
buscadas/coletadas.
As ações supramencionadas apresentam uma permanente ameaça às forças
encarregadas da SEGAR e, se efetivadas, podem comprometer, significativamente, o
poder de combate de nossas forças e provocar um efeito desmoralizante

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extremamente indesejável. Planos específicos são necessários à defesa de áreas e
infraestruturas críticas.
A localização e a fixação do oponente, normalmente, são os principais desafios
na DEFAR, tornando-se vital o controle de áreas favoráveis às ações inimigas, até
que seja revelada a sua localização e seja possível a execução de operações de sua
neutralização ou destruição. Providências especiais devem ser adotadas, dentre
outras, destacam-se:
a) reconhecimentos terrestres, aéreos e de vias aquáticas na área de
retaguarda;
b) patrulhamento agressivo em vias de transporte, áreas e instalações;
c) apoio mútuo entre forças vizinhas encarregadas da DEFAR;
d) operações tipo polícia;
e) defesa de áreas e infraestruturas críticas;
f) escoltas armadas; e
e) cooperação civil-militar.
A composição das forças designadas para a DEFAR deve considerar a
natureza das forças oponentes e dispor de capacidade suficiente para se contrapor
às ameaças inimigas levantadas. Podem ser integradas por tropas mecanizadas,
motorizadas, leves e, ainda, forças (auxiliares, irregulares e paramilitares) amigas
disponíveis.
As forças envolvidas na DEFAR são empregadas para cooperar na vigilância,
proteção e defesa de áreas e/ou infraestruturas e na segurança de vias de transporte.
Os elementos de apoio ao combate e de apoio logístico devem ter seu emprego
prioritário na segurança de suas próprias áreas e instalações.
A natureza da ameaça pode exigir a disponibilidade de uma força de reação
altamente móvel na área de retaguarda que deve ser disposta em regiões favoráveis,
de onde seus elementos possam deslocar-se rapidamente para regiões de provável
emprego do inimigo. Uma vez identificada e localizada a ameaça, os elementos da
força de DEFAR, não engajados frente ao oponente, são reunidos rapidamente, para
a ação decisiva de neutralização ou destruição do oponente.

c. Controle de Danos

O controle de danos (CD) constitui-se no conjunto de medidas preventivas e


corretivas, que visam minimizar os efeitos de ações realizadas pelo oponente, na
nossa área de retaguarda, contra áreas, vias de transporte e infraestruturas. Essas
medidas têm a finalidade de assegurar a continuidade ou a normalização do
movimento e manobra, do comando e controle e do fluxo logístico.
As medidas que são executadas antes, durante e após a ocorrência de ações
inimigas na área de retaguarda aplicam-se, também, no caso de graves desastres ou
de catástrofes da natureza e incluem o restabelecimento do controle, os primeiros
socorros e a evacuação de feridos, o isolamento de áreas perigosas, o combate a
incêndio, o salvamento, dentre outras.

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3.3.2 SEGURANÇA CONTRA AÇÕES AGRESSIVAS E DE SURPRESA

a. Ações Contra Blindados

A defesa anticarro é planejada para cobrir as prováveis vias de acesso para os


blindados, inclusive aquelas áreas do terreno aparentemente desfavoráveis ao seu
emprego.
É essencial detectar, o mais cedo possível, a presença de forças blindadas ou
mecanizadas inimigas. Deve-se tirar o máximo proveito dos obstáculos naturais, das
crateras e dos campos de minas anticarro, para facilitar a destruição dos meios do
adversário ou para canalizá-los para os campos de tiro das armas anticarro. Todos os
tipos de armas anticarro são utilizados nas ações contra blindados, incluindo mísseis,
armas individuais e coletivas, minas, carros de combate, artilharia e meios de apoio
de fogo aéreo disponíveis. A defesa anticarro é estabelecida em profundidade, ao
longo de toda a provável região de atuação do inimigo na área de retaguarda.

b. Ações contra Forças Aeroterrestres e Aeromóveis

As ações contra um envolvimento aeroterrestre ou um assalto aeromóvel


iniciam-se com o levantamento das capacidades do inimigo e um detalhado estudo de
inteligência do Campo de Batalha para identificar possíveis zonas de lançamento (ZL),
zonas de desembarque (Z Dbq), locais de aterragem (LocAter), zonas de pouso de
helicópteros (ZPH) e campos de pouso. O Plano de Fogos deve incluir concentrações
nessas áreas e o Plano de Barreiras deve prever o lançamento de obstáculos para
interditar tais locais e bloquear as vias de acesso orientadas para o interior da posição
defensiva.
Identificado o risco do emprego de tais meios por parte do inimigo, cabe ao
comandante estabelecer um sistema de vigilância sobre tais áreas de modo a alertar
antecipadamente, caso o inimigo tente inserir uma tropa no dispositivo defensivo. A
rapidez na contenção e no contra-ataque sobre o inimigo que conseguiu realizar um
envolvimento vertical ou um assalto aeromóvel é vital para impedir a sua
reorganização.
A defesa contra forças aeroterrestres e aeromóveis inimigas inclui sistemas de
armas de defesa aérea, medidas de identificação e alarme, tropas em condições de
defender prováveis ZL e Z Dbq e uma reserva com mobilidade tática. Todo esforço é
feito para isolar e evitar os reforços às forças oponentes. Caso as forças locais não
sejam suficientes para derrotar a ameaça adversária, devem constituir a base para o
contra-ataque de reservas móveis mais fortes. Forças blindadas e mecanizadas são
extremamente eficientes contra F Aet e Amv Ini, particularmente no momento do
desembarque.

c. Ações contra Forças de Infiltração

A defesa contra forças de infiltração (forças convencionais e/ou de operações


especiais) torna-se imprescindível à medida que as características de não linearidade
e não contiguidade das A Rspnl/ Z Aç, aliadas ao aumento da dispersão de meios no
campo de batalha, estão presentes nas operações desencadeadas no amplo espectro
dos conflitos. As forças inimigas podem infiltrar-se e reunirem-se em áreas de
retaguarda para atacar. Tais forças podem constituir um alvo compensador cuja
destruição ou a neutralização, o mais cedo possível, torna-se essencial.

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A execução de patrulhas de combate, a adoção de medidas de contra
inteligência, a distribuição de obstáculos antipessoal e dispositivos de alarme, a
vigilância aérea e por meio de equipamentos eletrônicos terrestres, contribuem para
o monitoramento de áreas prováveis de infiltração de forças inimigas. Todo esforço é
feito para identificar as prováveis zonas de reunião na área de retaguarda de nossas
forças, onde deve ser dada prioridade para a destruição ou neutralização do oponente,
antes mesmo que possa organizar-se e desencadear sua ação.

d. Ações contra Forças Irregulares

As forças e infraestruturas localizadas na área de retaguarda são


extremamente vulneráveis às ações de forças irregulares inimigas, tendo em vista
constituírem-se Centros de Gravidade táticos ou alvos críticos de alto valor agregado.
Uma proteção local eficaz é essencial na defesa contra tais ações.
Os aspectos políticos, econômicos e psicossociais do TO/A Op devem ser
meticulosamente considerados no planejamento das ações contra forças irregulares.
Especial atenção deve ser dada às medidas para impedir o apoio externo a essas
forças, em coordenação com o planejamento geral da DEFAR.
A efetividade das ações das forças irregulares depende, em grande parte, do
apoio da população nativa da área e de dados/informações atualizados sobre as
nossas operações, exigindo especial atenção à segurança das comunicações. Em
contrapartida, a localização de possíveis áreas adequadas para o estabelecimento de
bases de guerrilha e a identificação de líderes das forças irregulares e de seus
colaboradores, aliada à neutralização de fontes de suprimento e meios de
comunicações do oponente, constituem fatores de êxito para alcançar o efeito final
desejado (EFD).

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4 - APRESENTAÇÃO DO PELOTÃO DE CAVALARIA MECANIZADO

4.1. INTRODUÇÃO

O Pelotão de Cavalaria Mecanizado destaca-se dos demais pelotões do EB,


particularmente, pela sua versatilidade e agilidade. Dotado de nove viaturas sobre
rodas, atinge com rapidez pontos afastados do teatro de operações terrestres,
reconhecendo e levando a ação de choque para os pontos em que o comando achar
mais conveniente.
O Cmt de um Pel C Mec é como o Cmt de uma pequena brigada. Atua como
artilharia, quando utiliza o Mrt 81 mm, como infantaria, ao combater desembarcado
com o GC, e como legítima cavalaria, ao atirar com seus canhões de 90 mm e ao
reconhecer e informar com o seu Grupo de Exploradores.
Dispondo seus meios com parcimônia, astúcia e audácia, reconhece eixos
profundos, protege o flanco do escalão superior e conquista objetivos no terreno,
sobrepujando o inimigo através de uma habilidosa manobra ou pela potência de suas
bocas de fogo.

4.2. FRAÇÕES DO PEL C MEC


O Pelotão de Cavalaria Mecanizado é dividido em 5 frações, conforme abaixo:
a. Grupo de Comando
b. Grupo de Exploradores (GExp)
c. Seção de Viaturas Blindadas Sobre Rodas (Seç VBR)
d. Grupo de Combate (GC)
e. Peça de Apoio

4.3. VULNERABILIDADES DO PEL C MEC

a. Inimigo
1) Ataque aéreo
- Particularmente vulnerável aos ataques aéreos pela dificuldade em camuflar
suas Vtr. É fundamental, em combate, a adoção de medidas passivas de defesa
contra aeronave.
2) Minas e armas anti-carro (AC).
Campos minados retardam a progressão do Pel, particularmente quando uma
Vtr é destruída, interditando o eixo. As armas AC constituem uma ameaça para todas
as frações pelo alto poder de penetração apresentado pelo armamento moderno.

b. Terreno
Terrenos arenosos, montanhosos, pedregosos, cobertos, lamacentos e
pantanosos dificultam ou até mesmo impedem o deslocamento de Vtr, obrigando o
Pel a desbordar por uma via de acesso de melhor trafegabilidade.

c. Condições meteorológicas adversas


As chuvas diminuem ou impedem a trafegabilidade através campo e nos eixos sem 3

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revestimento.
A névoa diminui a visibilidade, dificultando a orientação e a execução do tiro à
longa distância.

d. Meios
1) Ruído e poeira
O ruído, particularmente dos blindados e à noite, pode ser ouvido a longa
distância. Nas estradas de terra, a poeira é a grande vulnerabilidade, possibilitando a
fácil identificação do Pel.
2) Limitada capacidade de transposição de curso d’água
Somente a VBTP tem ilimitada capacidade de transposição de curso d’água,
obedecidas as prescrições relativas à velocidade da correnteza e inclinação das
margens.
3) Manutenção permanente das Vtr
As tropas mecanizadas necessitam de equipes altamente especializadas na
manutenção de 1º e 2º escalão de Vtr a diesel e a gasolina.
4) Alta necessidade de Sup classe III e V
Pelas longas distâncias percorridas pela tropa mecanizada, é grande a
necessidade de Sup Cl III (combustíveis, óleos e lubrificantes), o que acarreta grande
necessidade de coordenação entre o Pel, os trens da subunidade e os trens do
regimento, visando reabastecer as Vtr sem que haja interrupção na operação que está
sendo realizada.
A característica predominantemente ofensiva das operações levadas a efeito
pelo Pel C Mec tem por conseqüência um grande consumo de Sup Cl V (armamento
e munição), havendo uma igual necessidade de coordenação para o seu
ressuprimento.

4.4. MISSÕES PECULIARES DO PEL C MEC

O Pel C Mec é organizado, equipado e instruído para cumprir basicamente as


seguintes missões:
a. Operações de Reconhecimento;
b. Operações de Segurança;
c. Operações Defensivas e Ofensivas, particularmente durante a execução de
ações de Rec e Seg,
d. Movimentos Retrógrados e na aplicação do princípio de economia de meios;
e. Ações contra forças irregulares;
f. Segurança de Área de Retaguarda (SEGAR);
g. Operações tipo Patrulha;
h. Operações de garantia da Lei e da Ordem (GLO).

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5 – MANEABILIDADE DAS FRAÇÕES

5.1. MANEABILIDADE DO GRUPO DE EXPLORADORES

5.1.1 INTRODUÇÃO

O GExp são os ouvidos e olhos do Pel. Dotado de 4 Vtr 1 Ton, é dividido em


duas patrulhas. Cada Patr possui duas Vtr, sendo todas equipadas com uma estação
rádio veiculares e dotadas de uma Mtr MAG. Constitui-se de 12 elementos, assim
distribuídos:

- 1ª Vtr da 1ª Patr: - 2ª Vtr da 1ª Patr:


3º Sgt Cmt GExp Sd Explorador
1ª Patrulha Sd Atirador Sd Atirador
Sd Motorista Sd Motorista

- 1ª Vtr da 2ª Patr: - 2ª Vtr da 2ª Patr:


Cb Auxiliar (Cmt da 2ª Patr) Sd Explorador
2ª Patrulha Sd Atirador Sd Atirador
Sd Motorista Sd Motorista

Tabela 1

O GExp está apto a executar ações de Rec a pé ou embarcado, prover


segurança nos flancos, realizar golpes de sonda, atuar como seção de metralhadoras
em base de fogos, realizarem o ataque a pé como GC e desempenhar diversas
funções especiais, como mensageiro, elemento de ligação e controle de trânsito.

5.1.2 MISSÕES DO GExp

a. No Reconhecimento

(1) No Reconhecimento de Eixo

Na missão de Rec de eixo, o GExp lidera o movimento quando:


- Muito pouca ou nenhuma ação inimiga é encontrada.
- O sigilo é importante.
- Os campos de tiro são reduzidos (terreno acidentado).
- O terreno é favorável à emboscada contra VBR.
- Os obstáculos naturais são predominantes.
- É aconselhável explorar a capacidade dos exploradores de se movimentar
rápida e silenciosamente.

Os elementos da testa progridem por lanços, de compartimento em


compartimento do terreno, ocupando postos de observação, sendo cobertos pelos que
imediatamente lhes seguem ou pelos que estão agindo nos flancos. As Vtr de uma
Patr do GExp realizam lanços sucessivos, enquanto o GExp, como um todo, pode
realizar lanços alternados.

(Manual de ensino/Emprego da Cavalaria.................................................................................56/124)


Os pontos chaves do terreno localizados nos flancos são, normalmente,
reconhecidos pelo GExp. A profundidade dos movimentos laterais é dada pelo Cmt
Pel e, em princípio, não deve ser maior que a distância de apoio do Mrt e das VBR.
Essa distância depende também da situação do inimigo, tempo disponível e
velocidade de progressão.
Ao GExp deve ser proporcionado tempo suficiente para efetuar golpes de
sonda que se façam necessários e reconhecer todos os acidentes do terreno que
influam no eixo.

(2) No Reconhecimento de Zona

No Rec Zona, o grosso do Pel avança pelo melhor eixo, progredindo em coluna,
enquanto o grupo de exploradores reconhece outros eixos, caminhos carroçáveis,
trilhas e dobras do terreno, dentro da zona de ação atribuída.
No Rec de zona, quando o terreno permitir, o GExp progride pelos flancos da
mesma.

(3) No Reconhecimento de Área

No Rec de área, o Pel se desloca pelo eixo mais favorável até a área a ser
reconhecida. Ao chegar à área designada, executa o Rec da mesma maneira que num
Rec de zona, ou por meio do deslocamento do GExp diretamente para um ou mais
postos de observação previamente selecionados, dos quais toda a área possa ser
observada. Esses PO podem ser reforçados por Patr a pé ou embarcadas.

b. Nas Operações de Segurança

(1) Na Vigilância

Normalmente, os exploradores estabelecem postos de observação no setor do


Pel e realizam patrulhas.

(2) Na Proteção

a) Vanguarda
Opera de maneira semelhante ao reconhecimento de eixo.

b) Flancoguarda e Retaguarda
Protegem o flanco da posição de bloqueio ou retardamento, estabelecendo PO
e realizando patrulhas.

(3) Na Cobertura

Integrando forças de cobertura, o GExp executa as mesmas missões realizadas


na proteção.

(Manual de ensino/Emprego da Cavalaria.................................................................................57/124)


c. Nas Operações Ofensivas

(1) No Ataque Embarcado

O GExp acompanha o escalão de ataque, dando cobertura ao flanco ou


auxiliando o movimento, pela seleção de itinerários abrigados e/ou cobertos.

(2) No Ataque desembarcado

Quando o ataque for feito a pé, o GExp integra o escalão de ataque atuando
como GC.

(3) Como Base de Fogos

As quatro peças de Mtr MAG formam duas Seções de Metralhadoras, a fim de


apoiar pelo fogo o escalão de ataque.

d. Nas Operações Defensivas

O GExp, normalmente, atua em missões de segurança, podendo ser


empregado como duas Seções de Metralhadoras ou fracionado por peça de Mtr.
Quando em missões de Seg, instala PO à frente e/ou nos flancos da posição
defensiva. À noite, esses PO transformam-se em postos de escuta, descendo para
posições sobre as prováveis vias de acesso do Ini.
Por vezes, uma guarnição de viatura rádio/arma é suficiente para dar o alarme
da aproximação do Ini, permitindo ao restante do GExp ser empregado para fortalecer
ou aprofundar a posição defensiva.

e. Nos Movimentos Retrógrados

Na Posição Inicial de Retardamento (PIR), o GExp, por meio de suas Patr


dispostas em PO localizados tão longe quanto a situação tática e o terreno permitam,
fornece a Seg dos flancos da PIR. As Patr são localizadas de modo a impedir qualquer
tentativa de desbordamento da posição. Durante o seu retraimento, informam a
direção do movimento do Ini.
Cabe ao GExp, também, a condução dos fogos de Mrt.

5.1.3 MECANISMOS DE DESLOCAMENTO

GExp, sendo a fração que na maior parte das vezes desloca-se à testa do Pel
e por não possuir blindagem, está freqüentemente sujeito ao fogo direto do inimigo.
Impõe-se a necessidade de um máximo aproveitamento do terreno, particularmente
na ocupação de postos de observação, cobertas e abrigos. Seus integrantes devem
estudar minuciosamente, a partir de um PO, todo o compartimento à frente, buscando
indícios sobre o Ini, para que evitem ser surpreendidos durante o seu deslocamento.
Caso isto ocorra, cobertas e abrigos já devem estar previamente selecionados,
visando a proteção do fogo Ini
GExp deslocar-se-á em movimento contínuo nas situações em que não houver
possibilidade de atuação do inimigo. A partir do momento em que o inimigo tiver
possibilidade de atuar sobre o pelotão, mesmo de forma remota, os movimentos se

(Manual de ensino/Emprego da Cavalaria.................................................................................58/124)


darão por lanços, de forma que, enquanto uma Patr progride, a outra observa o terreno
e a protege pelo fogo.

a. Lanço Sucessivo

(1) Iniciaremos o estudo considerando que o Cmt da 1a Patr posicionou-se em


um PO ao longo do eixo e vai começar suas ações.
(2) Comandante posiciona a sua Mtr e observa o terreno à frente. Não tendo
observado indícios de atuação inimiga, chama a 2ª Patr, a qual posiciona-se em um
local próximo à 1ª Patr, instala sua Mtr e troca as informações necessárias. Quando a
2ª Patr estiver em condições de observar e apoiar pelo fogo, a 1ª Patr prossegue para
o Rec do próximo compartimento do terreno. Ao atingir o próximo PO o processo é
reiniciado.
(3) Lanço sucessivo é mais lento e mais seguro que o lanço alternado.

b. Lanço Alternado

(1) Iniciaremos o estudo nas mesmas condições anteriores.


(2) Comandante posiciona a sua Mtr e observa o compartimento do terreno à
frente da sua posição. Não tendo observado indícios do inimigo, chama a 2ª Patr, a
qual inicia seu movimento, passa pela posição da 1a, parando o tempo mínimo
necessário para uma rápida troca de informações, e prossegue para o Rec do próximo
compartimento do terreno, protegida pela 1a Patr. Ao atingir o próximo PO, ocupa
posição no terreno, observa e sinaliza para que a 1a Patr avance, reiniciando-se o
processo.
(4) Lanço alternado é mais rápido e menos seguro que o lanço sucessivo.
(5) Lanço dentro da patrulha
(6) As duas Vtr de uma Patr, quando se deslocando isoladamente do restante
do GExp, executam normalmente o lanço sucessivo. Neste caso, cada Vtr atua como
se fosse uma Patr, na forma descrita acima.

5.1.4 FORMAÇÕES DE COMBATE E DESLOCAMENTO SOB VISTAS E FOGOS


DO INIMIGO

a. Participando do escalão de ataque

(1) Ataque embarcado


- O GExp proporciona proteção ao Esc Atq, progredindo pelos flancos, por
caminhos desenfiados, ou utilizando a técnica do fogo e movimento. Pode ainda ser
empregado para selecionar vias de acesso para as Vtr blindadas. Se o terreno
permitir, uma Patr progredirá por cada flanco e ocupará PO durante a consolidação
do objetivo.

(2) Ataque a Pé
- Neste caso, o GExp atua como GC, adotando suas mesmas formações e
técnicas de progressão. O Cmt do GExp acumula a função de Cmt do GC e também
da 1ª Esq e o Cb Aux do GExp comanda a 2ª Esq.

(Manual de ensino/Emprego da Cavalaria.................................................................................59/124)


(3) Participando da Base de Fogos
- O GExp constitui uma Seção de Mtr, normalmente apoiando o ataque
embarcado. O Cmt do GExp acumula a função de chefe de seção e chefe de uma das
peças. O Cb Aux do GExp chefia a outra peça.

5.1.5 EMPREGO DO ARMAMENTO COLETIVO

As Mtr MAG são empregadas, basicamente, contra os seguintes alvos:


- Tropas.
- Vtr não blindadas ou levemente blindadas.
- Helicópteros.
- Posições sumariamente organizadas.

5.2. MANEABILIDADE DA SEÇ VBR

5.2.1 INTRODUÇÃO

A Seção de Viaturas Blindadas de Reconhecimento (Seç VBR) é o elemento


de choque do Pel. Por suas características, como a mobilidade, proteção blindada e
a alta potência de fogo, fruto de seus dois canhões de 90 mm e quatro Mtr MAG,
constitui o núcleo do Pel, particularmente nas operações ofensivas e defensivas. É
constituída por duas VBR e 6 elementos, assim distribuídos:

- 1ª VBR: 2º Sgt Adj Pel


. Cb Atirador
. Cb Motorista

- 2ª VBR: 3º Sgt Chefe de Vtr


. Cb Atirador
. Cb Motorista

A Seç VBR está apta a executar ações de defesa, segurança, Rec embarcado,
atuar com seus canhões em base de fogos e principalmente, realizar a assalto,
formando o combinado Seç VBR/GC, onde utiliza na plenitude sua ação de choque, a
fim de cerrar rapidamente sobre o inimigo e destruí-lo pelo fogo e movimento.

5.2.2 MISSÕES DA SEÇÃO VBR

a. NO RECONHECIMENTO DE EIXO

1) Na missão de Rec de eixo, a Seç VBR lidera o movimento quando:


- O contato com o inimigo é iminente.
- Armas automáticas de pequeno calibre interferem no movimento do Pel.
2) As VBR são também utilizadas pelo Cmt Pel, apoiadas pelo GC, para abrir
prosseguimento sobre o eixo, quando o inimigo estiver bloqueando o mesmo.

b. NO RECONHECIMENTO DE ZONA

1) A Seç VBR progride junto ao grosso do Pel, pelo melhor eixo, na parte central
da zona de ação, em condições de apoiar as ações de reconhecimento do GExp.

(Manual de ensino/Emprego da Cavalaria.................................................................................60/124)


2) É utilizada também para abrir prosseguimento na zona de ação do Pel, nas
mesmas condições do reconhecimento de eixo.

c. NO RECONHECIMENTO DE ÁREA

São adotadas as mesmas técnicas do Rec de zona.

d. NAS OPERAÇÕES DE SEGURANÇA

(1) Vigilância
A Seç VBR ocupa uma posição central, juntamente com a peça de apoio, em
condições de apoiar a atuação de algum elemento do Pel. Poderá também ocupar
PO, normalmente localizados em uma posição central e direcionados para a melhor
via de acesso para blindados inimigos.

(2) Proteção
a) Vanguarda
- Empregada de forma semelhante às operações de reconhecimento.
b) Flancoguarda
- Enquadrada no Pel testa, atua de forma semelhante às Op de Rec.
- Durante a ocupação de posições de bloqueio, constitui o núcleo do Pel,
posicionando-se frente à melhor via de acesso para blindados inimigos e orientando,
desta forma, o posicionamento das outras frações.
c) Retaguarda
- Empregada como nas operações de movimento retrógrado.

e. NAS OPERAÇÕES OFENSIVAS

(1) Integrando o Escalão de Ataque


- Realiza o ataque embarcado, formando o combinado Seç VBR/GC. Pode
constituir, também, um pelotão provisório, quando o Cmt Esqd reúne todas as VBR
sob um comando único. Neste caso, normalmente, também é constituído um Pel de
Fzo provisório, reunindo-se os três GC do Esqd.

(2) Integrando a Base de Fogos


- Quando o ataque for feito a pé, as VBR são empregadas como base de fogos,
em apoio ao GExp e ao GC.

f. NAS OPERAÇÕES DEFENSIVAS

- Integram os PAC ou PAG, juntamente com o restante do Pel.


- As VBR ocupam posições de onde possam bater as principais vias de acesso
para blindados inimigos.
- Devem ser previstos itinerários desenfiados, que possibilitem o retraimento e
evitem o engajamento com o inimigo.
- Na ocupação das posições, estas devem ser camufladas da observação
terrestre e aérea e os campos de tiro devem ser limpos.
- Deve ser feita amarração de tiro de todas as armas, através de roteiros de
tiro.

(Manual de ensino/Emprego da Cavalaria.................................................................................61/124)


- Há necessidade de estocagem de munição suplementar, junto às posições,
em face do consumo elevado nas operações defensivas.

g. NOS MOVIMENTOS RETRÓGRADOS

(1) Ação Retardadora


- As VBR são empregadas como núcleo das posições, bloqueando as vias de
acesso do inimigo à posição de retardamento. Essas posições são situadas,
normalmente, nas partes mais elevadas do terreno e devem permitir à VBR atirar no
limite do alcance de suas armas, a fim de obrigar o inimigo a desdobrar-se o mais
longe possível. As medidas adotadas em uma posição de bloqueio, dentro da
disponibilidade do tempo, devem se assemelhar àquelas adotadas nas operações
defensivas.

(2) Retraimento sob pressão


- Ocupa posições de retardamento, em condições de atirar o mais longe
possível sobre as prováveis vias de acesso do inimigo e acolher os elementos em
contato que retraem.
- Atuam em conjunto com os fuzileiros blindados, sendo os últimos elementos
a retrairem da posição.
- Retraem com o canhão voltado para a retaguarda, a fim de permitir um
retardamento contínuo ao longo dos eixos.

(3) Retraimento sem pressão do inimigo


- Como integrante do destacamento de contato, participam da simulação da
integridade da frente (fisionomia da frente), realizando os tiros previstos no plano de
fogos, mantendo o funcionamento dos meios de comunicação rádio e a simulação do
tráfico de mensagens. Retraem por itinerários previamente estabelecidos e passam a
constituir a força de retaguarda do grosso.

5.2.3 POSIÇÕES DE TIRO E OBSERVAÇÃO

a. Entrada em posição

Ao comando de “Em posição face a tal direção, com desenfiamento de couraça


(torre, trem de rolamento) ”, as duas VBR farão frente para aquela direção e, mantendo
uma distância mínima de 50m, escolherão abrigos que mantenham as viaturas
paralelas face à direção determinada. A comunicação visual e o apoio mútuo deverão
ser mantidos.

b. Graus de desenfiamento

1) Desenfiamento de trem de rolamento


O trem de rolamento deverá estar protegido contra os tiros diretos do inimigo.
É o menor grau de desenfiamento admissível. Empregado quando não existirem
cobertas para outros tipos de desenfiamento ou quando a seção estiver executando
fogos contra tropa a pé.

(Manual de ensino/Emprego da Cavalaria.................................................................................62/124)


2) Desenfiamento de couraça
À exceção da torre, toda a Vtr deverá estar protegida contra os tiros diretos do
Ini. O canhão da VBR deve ter condições de abrir fogo. É empregado para executar o
tiro.

3) Desenfiamento de Torre
Neste tipo de desenfiamento, toda a VBR deverá estar protegida contra os tiros
diretos do inimigo. O chefe da Vtr deverá ter condições de observar o terreno à frente,
embora a VBR não esteja exposta à observação inimiga. É empregado para a
observação do terreno e escolha de alvos. A Mtr da torre deve ter condições de
executar o tiro.

c. Posições de tiro

1) Posição Principal
O Cmt da VBR seleciona uma posição da qual a sua Vtr tenha as melhores
condições de cumprir missão, tanto do ponto de vista do desenfiamento, quanto dos
campos de tiro. Esta posição é chamada posição principal de tiro.

2) Posição de Muda
Posições de muda devem ser reconhecidas, para que sejam ocupadas quando,
por questões de segurança, a posição principal não puder mais ser utilizada ou para
ludibriar o inimigo, atirando alternadamente em uma ou outra posição. As posições de
muda devem ter condições de bater os mesmos alvos batidos pela posição principal.

3) Posição Suplementar
Considerando a possibilidade de o inimigo atacar por outras vias de acesso que
não a principal, o Cmt da VBR deve prever também posições suplementares, a fim de
poder engajar alvos que não seriam possíveis de serem batidos da posição principal.
Normalmente, as posições suplementares cobrem os flancos da posição do Pel.

5.2.4 PROGRESSÃO POR LANÇOS E APOIO MÚTUO

a. Lanços

As VBR progridem por lanços de forma semelhante ao GExp, sendo que cada
VBR comporta-se como se fosse uma Patr. Não há, para a Seç VBR, a imposição feita
para o GExp quando uma Patr se desloca isoladamente. Os deslocamentos da Seç
VBR podem ser tanto sucessivos quanto alternados.

b. Apoio mútuo

Para que as VBR apoiem-se mutuamente pelo fogo durante um ataque, será
dado o seguinte comando pelo Cmt da seção:
- “Fogo e movimento até tal ponto!
- Lanços de tantos metros!
- 1ª (2ª) VBR à frente!”
A VBR designada abandona o seu abrigo e progride o mais rapidamente
possível até um novo local (posição com desenfiamento), a uma distância aproximada
à indicada no comando. A segunda VBR, mediante comando de tiro de seu Cmt, abre

(Manual de ensino/Emprego da Cavalaria.................................................................................63/124)


fogo contra as posições inimigas até o final do movimento da primeira Vtr, quando
então se reinicia o processo. As VBR devem abrir fogo tão logo alcancem o novo
abrigo.

5.2.5 EMPREGO DO ARMAMENTO COLETIVO

a. Metralhadora da Torre (antiaérea)

- Aeronaves.
- Vtr não blindadas ou levemente blindadas.
- Armas anti-carro ou automáticas.

b. Metralhadora Coaxial

- Contra Vtr não blindadas ou levemente blindadas, armas automáticas e tropas


a pequena distância.
- Para ajustagem do tiro do canhão.
- Para localizar alvos com munição traçante.

c. Canhão 90 mm

- Outras VBR.
- Carros de combate.
- VBTP.
- Fortificações
- Armas anti-carro.
- Armas automáticas fora do alcance das Mtr.

5.3 O BINÔMIO SEÇ VBR/GC

5.3.1 INTRODUÇÃO

A viatura blindada de reconhecimento é uma das mais poderosas armas


terrestres. Dotada de potência de fogo, mobilidade e proteção blindada, as quais,
reunidas, constituem a “ação de choque”, tem capacidade de cerrar rapidamente
sobre o inimigo e destruí-lo pelo fogo e movimento.

Em que pese estas notáveis características, a VBR possui vulnerabilidades,


quais sejam:

a. Obstáculos Naturais

- Cursos d'água: a VBR necessita de meios de transposição. Somente os Fzo


Bld são anfíbios.

- Taludes: a VBR não sobe taludes a partir de uma determinada inclinação e os


Fzo podem

(Manual de ensino/Emprego da Cavalaria.................................................................................64/124)


(1) Galgá-lo.

- Terreno pedregoso: as pedras dificultam ou impedem o deslocamento. A VBR


apoia os Fzo

(2) Pelo fogo.

- Bosques: a VBR tem reduzida visibilidade em bosques, necessitando de apoio


cerrado dos Fzo.

- Pântanos: a VBR não ultrapassa pântanos, podendo apenas apoiar os Fzo


pelo fogo.

b. Obstáculos Artificiais

- Campo de minas: os Fzo, o GExp ou elementos de Engenharia levantam o


campo de minas AC. A VBR apoia pelo fogo.

- Fossos: a VBR não ultrapassa fossos a partir de uma determinada largura,


apoiando os Fzo pelo fogo.

- Áreas edificadas: a VBR é altamente vulnerável em localidades, necessitando


do apoio cerrado dos Fzo.

- Abatises: A VBR é retardada por abatises. A brecha deve ser aberta pelo
GExp ou GC, com emprego de explosivos, se possível, para poupar a munição dos
canhões.

- Helicópteros e aviões a baixa altura

- Armas anti-carro: é tarefa dos Fzo auxiliar as VBR na identificação e


neutralização dessas ameaças.

Por outro lado, os Fzo são vulneráveis a:

1) Armadilhas.

2) Obstáculos de arame farpado: as VBR rompem pelo movimento ou pelo fogo


os obstáculos.

3) Campo de minas AP: os Fzo podem empregam sua VBTP para ultrapassar
o campo.

4) Metralhadoras: a VBR protege os fuzileiros e destrói as Mtr pelo fogo.

Tendo em vista eliminar estas vulnerabilidades, é empregado o combinado


VBR/GC, no qual as tarefas básicas são assim definidas:

1) VBR: engaja e destrói o Ini a distância.

2) GC: protege a VBR de modo a não permitir o ataque aproximado e neutraliza


os obstáculos.

(Manual de ensino/Emprego da Cavalaria.................................................................................65/124)


Tal combinação de meios permite a existência de um único elemento de
manobra, com capacidade de destruir o Ini, cerrar sobre sua posição e executar a
limpeza, garantindo a posse do terreno.

O Pel C Mec possui, orgânico, o combinado VBR/GC. A progressão do Pel


normalmente é liderada pelo Grupo de Exploradores, mas haverão casos em que tal
missão caberá ao combinado Seç VBR/GC.

5.3.2 PROGRESSÃO DA SEÇÃO VBR

a. No ataque, a Seç VBR progride à frente dos fuzileiros.

b. No Rec, as Vtr da seção deslocam-se por lanços sucessivos ou alternados,


de forma semelhante às Patr do GExp, guardando uma distância entre si que lhes
permita apoio mútuo e proporcione segurança.

c. Os comandantes de VBR manterão constante observação sobre o terreno e


sobre a ação do GExp, para poder prestar-lhe o apoio necessário. Sempre que
possível, manterão a escotilha aberta e o interfone em funcionamento.

d. O Cmt Seç VBR deverá atribuir setores de vigilância para cada VBR durante
o movimento. O canhão deverá estar apontado para o centro do setor durante o
deslocamento. O comandante e o atirador receberão um setor para observação aérea.

e. Ao término de cada lanço, o motorista deverá procurar uma posição com


desenfiamento para a VBR, que permita ao atirador abrir fogo sobre as posições
dominantes à frente. Sempre que a seção cessar seu movimento, deverá haver apoio
dos elementos do GC para a defesa aproximada dos carros.

5.3.3 PROGRESSÃO DO GRUPO DE COMBATE

a. A viatura blindada do GC progredirá à retaguarda das VBR, mantendo uma


distância entre 50 e 100 metros nos terrenos cobertos e com contato visual nos
descobertos. Operando a metralhadora pesada estará o próprio Cmt do GC ou o At
Mtr .50.

b. Poderão ser abertas as escotilhas na parte superior da blindagem para que


os elementos do GC auxiliem na observação. O Cmt do GC deverá estar sempre
atento às ações da Seç VBR e à direção geral do inimigo, para que possa orientar o
desembarque do GC quando determinado.

c. O GC poderá ser empregado no reconhecimento, exercendo as mesmas


funções do GExp, substituindo-o ou atuando em seu auxílio.

5.3.4 PRINCÍPIOS BÁSICOS DO EMPREGO DO COMBINADO SEÇ VBR/GC

A fim de auxiliar o avanço das VBR através do eixo de progressão, serão as


seguintes as tarefas dos Fzo Bld no combinado Seç VBR/GC:

1) Abrir ou remover campo de minas AC.

(Manual de ensino/Emprego da Cavalaria.................................................................................66/124)


2) Cooperar na neutralização ou destruição das armas AC.

3) Designar alvos para as VBR.

4) Proteger as VBR contra armas AC a curta distância.

5) Liderar o ataque a pé, quando necessário.

6) Realizar a limpeza e auxiliar na consolidação do objetivo.

Por sua vez, as VBR terão por missão:

1) Proporcionar potência de fogo, necessária para capacitar o combinado Seç


VBR/GC a progredir face ao inimigo.

2) Neutralizar ou destruir as armas inimigas pelo fogo e movimento.

3) Abrir passagem para os Fzo através dos obstáculos de arame.

4) Neutralizar instalações fortificadas com fogo direto.

5) Apoiar pelo fogo direto os Fzo, quando estes liderarem o ataque.

6) Liderar o ataque, sempre que possível.

Tendo em vista que as VBR lideram a formação, o comandante do combinado,


que normalmente será o próprio Cmt do Pel, deve considerar a distância desejada
entre as VBR e o GC antes de partir para o ataque. Esta distância é baseada na
consideração de alguns fatores:

a. Interferência Inimiga

Se a missão exige rapidez, movimento cerradamente controlado e se uma


interferência ponderável do inimigo não é previsível, os Fzo poderão seguir as VBR
mais próximo do que quando fogos AC eficazes estiveram sendo dirigidos à VBR.

b. Alcance das armas AC do inimigo.

Se o inimigo estiver equipado somente com armas AC de curto alcance, tais como
granadas de bocal e lança rojões, os Fzo poderão seguir as VBR mais próximos do
que quando o inimigo possui armas AC de grande calibre, longo alcance e de trajetória
tensa.

c. Tipo de terreno.

Se o terreno for movimentado ou coberto, fornecendo numerosas posições


desenfiadas, os Fzo poderão seguir as VBR mais próximos do que em terreno plano
ou descoberto.

(Manual de ensino/Emprego da Cavalaria.................................................................................67/124)


d. Interposição do inimigo.

A distância entre as VBR e o GC no combinado não deverá ser grande o suficiente


para permitir que o inimigo interponha uma força considerável entre seus elementos,
o que poderá conduzir a uma derrota por partes, tanto das VBR como do GC.

A VBTP é concebida para proporcionar mobilidade tática aos Fzo, com um grau de
proteção contra fragmentos de artilharia e fogos de armas automáticas. Sua perda
reduz rapidamente a mobilidade dos Fzo. O comandante não deve expô-la
desnecessariamente aos efeitos dos fogos AC inimigos.

O GC não deve apear antes do tempo julgado oportuno. No ataque, o GC desembarca


numa posição taticamente viável e o mais à frente possível, de preferência em posição
desenfiada.

O assalto normalmente é conduzido a pé. Em algumas situações, pela natureza do


terreno ou da resistência inimiga, poderá se tornar desnecessário apear o GC até que
o objetivo seja conquistado. A decisão quanto ao quando e onde apear o GC é do
comandante do combinado, função desempenhada normalmente pelo Cmt Pel, o qual
assume a VBR do seu adjunto, que por sua vez comandará a base de fogos.

5.3.5 MÉTODOS DE ATAQUE PARA O COMBINADO

Há dois métodos gerais para o emprego das VBR e Fzo Bld juntos no ataque:

- VBR e o GC atacando por um único eixo.

- VBR e o GC atacando por dois eixos convergentes.


Durante um ataque, o Pel C Mec adota, principalmente, o primeiro método. O
ataque por dois eixos convergentes ocorre, normalmente, somente a partir do escalão
subunidade.
Independente do método usado, as seguintes considerações se aplicam:

- As VBR devem ser empregadas de modo que a máxima utilização seja feita de sua
mobilidade tática, potência de fogo protegida por blindagem e velocidade.

- A velocidade de progressão do ataque deve ser a máxima permitida pelo terreno e


pela situação do inimigo.

- O GC deverá permanecer embarcado o maior tempo possível, de modo que:

A força atacante possa deslocar-se para a frente, na velocidade das VBR
e VBTP, para cerrar sobre o inimigo e destruí-lo.

A mobilidade tática de ambos seja mantida.

As baixas sejam minimizadas em regiões batidas por fogos de artilharia e


armas automáticas.

Granadas de artilharia possam ser utilizadas em apoio à força atacante.

(Manual de ensino/Emprego da Cavalaria.................................................................................68/124)


Não haja desgaste prematuro do GC e suas energias sejam conservadas
para a ocasião em que necessitem serem empregados desembarcados.

- O GC normalmente desembarca quando se torna necessário:

Evitar sua destruição por fogo AC inimigo.

Abrir ou remover obstáculos que impeçam o movimento das VBR.

Cooperar na neutralização ou destruição das Armas AC que impeçam a


progressão das VBR e da VBTP.

Participar de ataques em regiões matosas ou terreno acidentado.

Liderar um ataque através de cursos de água que não puderem ser


atravessados pelas viaturas.

Realizar reconhecimentos especiais, em auxílio ao GExp.

Auxiliar a progressão das VBR sob certas condições de visibilidade restrita e


campos de tiro reduzidos (escuridão, fumaça, névoa, mata densa, terreno
acidentado).

Realizar a limpeza do objetivo e auxiliar na consolidação.

5.3.6 O ATAQUE DO COMBINADO POR UM ÚNICO EIXO

a. Generalidades

No ataque por um único eixo, toda a força atacante utiliza a mesma via de
acesso para o objetivo.
O GC poderá operar tanto embarcado como a pé, usando formações variadas em sua
progressão.

b. Vantagens

Este método facilita a coordenação e o controle, uma vez que toda a força
atacante se desloca numa única direção e sobre o mesmo eixo. O apoio mútuo é mais
cerrado entre os elementos da força atacante.

d. Condições favoráveis

As condições que favorecem este método são:

- Ataque em terreno aberto, desprovido de vegetação capaz de ocultar o movimento


das viaturas Bld. Neste caso, as VBR proporcionarão proteção à VBTP.

- Somente uma via de acesso disponível.

- O objetivo não pode ser flanqueado facilmente.

- Quando se deseja um maior controle de operação - ataque de Pel C Mec.

(Manual de ensino/Emprego da Cavalaria.................................................................................69/124)


5.3.7 VBR COM GC A PÉ

- Quando as VBR e o GC a pé progridem juntos, estes poderão se colocar entre as


VBR ou imediatamente à sua retaguarda. Durante a progressão, a posição relativa
das VBR e GC é ajustada de acordo com o terreno e a resistência inimiga. Durante o
assalto, os Fzo deslocar-se-ão normalmente à retaguarda imediata das VBR, de modo
a permitir cerrado apoio mútuo, além de possibilitar o máximo emprego da potência
de fogo das VBR.

- Após o desembarque, a VBTP deve seguir logo atrás dos fuzileiros, para estar
prontamente disponível quando necessário para prosseguir no ataque embarcado ou
para auxiliar na consolidação do objetivo. Poderá progredir por lanços ou seguir a
força atacante em movimento continuo.

5.3.8 AS VBR SOMENTE APÓIAM PELO FOGO

Durante o ataque a pé, o GC ataca para conquistar o objetivo, normalmente em


conjunto com o GExp, e as VBR os apóiam pelo fogo. As condições que tornam
necessária a utilização deste método são:

- A existência de obstáculo que impeça o movimento das VBR no ataque. Neste caso,
o objetivo deve ser conquistado antes da remoção do obstáculo.

- O terreno é impraticável para a progressão das VBR.

- Armas AC precisas interferem no movimento do Pel.

Este é o método menos desejável dos três e deverá ser empregado somente
quando necessário. Embora a ação de choque das VBR não seja aproveitada, seu
apoio de fogo auxilia o GC. Tão logo os obstáculos sejam rompidos ou uma via de
acesso adequado seja liberada, as VBR deslocam-se rapidamente para juntar-se aos
Fzo Bld no objetivo.

5.4 MANEABILIDADE DO GRUPO DE COMBATE

5.4.1 INTRODUÇÃO

Este título destina-se a preparar os integrantes do GC a se comportarem, no


âmbito de sua fração, com acerto e presteza no atendimento aos comandos
recebidos, além de proporcionar aos comandantes a oportunidade de se
exercitarem, para adquirir rapidez e flexibilidade de raciocínio.

5.4.2 ORGANIZAÇÃO

O grupo de combate, orgânico do Pel C Mec, é constituído por onze homens,


comandados por um 3º Sgt e dividido em um grupo de comando e duas esquadras.
As atribuições dos componentes do GC, entre outras, são as seguintes:
- Sgt Cmt GC: responsável pelo emprego, controle, conduta de tiro e manobra do
seu grupo e viatura.
- Cb Motorista: responsável pela condução e manutenção da viatura. Quando o
GC desembarca, opera o rádio e provê a segurança da Vtr.

(Manual de ensino/Emprego da Cavalaria.................................................................................70/124)


- Cabos Auxiliares: comandam a 1ª e a 2ª esquadra, auxiliando o Cmt GC.
Conduzem, além do seu material, dois carregadores para os FAP.
- Soldados Fuzileiros e Atiradores: são instruídos e exercitados para o
combate individual e coletivo e devem estar em condições de realizar o rodízio de
funções. O Sd Fz/ROp também tem a função de granadeiro. Os atiradores operam
os FAP. Existem os Sd Fz que conduzem o Lç Roj AT-4 (um por esquadra).
- Sd At (Mtr .50): tem a missão de operar a Mtr .50 3º

Composição Armamento

3º Sgt Cmt FAL/ Pist

Gp Cmdo Cb Mot Pst

Sd At (Mtr .50) Pst

Cb Aux (Cmt Esq) FAL

1ª Esq Sd At FAP

E1 FAL

E2 FAL/AT-4

Cb Aux (Cmt Esq) FAL

2ª Esq A2 FAP

E3 FAL

E4 FAL/AT-4
Tabela 2

5.4.3 ENUNCIAR FUNÇÕES

A enunciação de funções é o processo pelo qual o Cmt GC verifica se todos os


homens estão presentes e sabem a função que vão exercer. É cabível em todas as
situações, particularmente nas seguintes:
a. Antes de um exercício.
b. Após movimento que disperse muito o GC.
c. Após um exercício ou uma ação de combate.
d. Após efetuado um rodízio.

Ao comando de “GRUPO, ATENÇÃO! ENUNCIAR FUNÇÕES!”, cada


integrante, na seqüência mostrada na figura anterior, em voz alta, a partir do Cmt GC,
dirá sua graduação e função. Para isso, um a um, tomarão a posição de sentido e
levantarão energicamente o braço esquerdo, com o punho cerrado, à medida que se
identificarem.

(Manual de ensino/Emprego da Cavalaria.................................................................................71/124)


5.4.4 FORMAÇÕES

a. Generalidades
A formação a ser adotada e as distâncias e intervalos entre os homens e
esquadras são função da situação e do terreno. No entanto, pode-se considerar como
normais as distâncias e intervalos de 10 passos entre os homens e de 20 a 50 m entre
as esquadras.
Nas formações escalonadas em profundidade, a primeira esquadra será a base à
frente; nas escalonadas em largura, será a base à esquerda.
O adequado aproveitamento do terreno é mais importante do que a posição exata que
cada homem deve ocupar no dispositivo. O Cmt GC, além de incutir em seus homens
a importância desta prioridade, deve ele também observá-la, colocando-se onde
melhor possa controlar sua fração.

b. Formatura do Grupo de Combate


Os homens entrarão em forma em coluna por um, conforme a figura abaixo, à
direita.

(Manual de ensino/Emprego da Cavalaria.................................................................................72/124)


c. Em Coluna

1) É a formação adotada pelo grupo para o movimento em terreno que restrinja o


emprego de uma formação mais dispersa (trilha, passagens estreitas) ou em
condições de pouca visibilidade (escuridão, nevoeiro).
2) Facilita o controle e proporciona rapidez de movimento, mas oferece pouca
dispersão.

3) A distância entre os homens é da ordem de 10 passos, e entre as esquadras de 20


m (figura anterior, à esquerda).

d. Por Esquadras Sucessivas

É a formação mais comumente adotada pelo GC; qualquer outra formação será
usada por imposição da situação ou do terreno, e logo que cessem tais imposições, o
grupo retornará à formação por esquadras sucessivas. Adequada aos
reconhecimentos, à aproximação e sempre que haja necessidade de uma esquadra
apoiar a outra durante o deslocamento.
Proporciona boa dispersão, bom controle, bom volume de fogos à frente e nos
flancos, grande flexibilidade e apoio mútuo entre as esquadras.
Cada esquadra deverá adotar a sua formação básica, em cunha, só a
modificando temporariamente e por imposição da situação e do terreno.
O Cmt Esq é o vértice da cunha, o que lhe permite servir de base para a sua
esquadra e comandá-la pelo exemplo.
A distância entre os homens é da ordem de 10 passos e entre as esquadras de
20 a 50m

(Manual de ensino/Emprego da Cavalaria.................................................................................73/124)


e. Por Esquadras Justapostas

É a formação adotada pelo grupo para a progressão quando a localização do


inimigo for conhecida e se deseja bom volume de fogos à frente.
Proporciona bom grau de controle, segurança em todas as direções, boa dispersão
e bom volume de fogos à frente.
Cada esquadra deverá adotar a sua formação básica, em cunha, só a modificando
temporariamente e por imposição da situação e do terreno.
A distância entre os homens é da ordem de 10 passos e entre as esquadras de 20
a 50 m.
Quando as restrições impostas pelo terreno ou pela visibilidade não forem tão
grandes que exijam a adoção da formação em coluna, o GC poderá adotar uma formação
por esquadras justapostas modificada, que é a coluna por dois. Normalmente esta
formação será adotada quando o movimento estiver sendo realizado em uma trilha larga
ou estrada. Propicia grande facilidade de controle e rapidez de movimento, porém com
potência de fogo limitada à frente.

Figura 8 – Esquadras Justapostas

(Manual de ensino/Emprego da Cavalaria.................................................................................74/124)


f. Em Linha

É a formação adotada pelo grupo para a transposição de cristas, estradas ou


locais de passagem obrigatória sujeitos ao fogo e à observação inimiga; é a mais
adequada para o assalto.
Proporciona a máxima potência de fogo à frente e é de difícil controle.
Os intervalos entre os homens são de 10 passos.

Figura 9 – Em Linha

5.4.5 MUDANÇA DE FRENTE E FORMAÇÃO

3. Generalidades

1) Se o comando para a mudança de frente e formação for emitido com o


grupo se deslocando, o mesmo continuará seu deslocamento após a execução do
comando; se o grupo estiver parado, após a execução continuará nesta situação.
2) Os comandantes de esquadra não repetem o comando emitido pelo
comandante do GC, mas poderão, em alguns casos, emitir comandos para adotar
formações adequadas ou dispositivos impostos pelo comandante do grupo.
3) Ao realizar mudanças de frente e/ou formação, o Cmt GC deverá mudar a
base, se oportuno, para evitar deslocamentos desnecessários ou cruzamento de
esquadras.

b. Comandos

3) Seqüência

1) Advertência -GRUPO ATENÇÃO


2)Comando propriamente - BASE (Esq base)
dito - FRENTE (ou Dire)
- FORMAÇÃO
- DISTÂNCIAS E
INTERVALOS
3)Execução - MARCHE!
Tabela 3

Só deverão fazer parte do comando os itens indispensáveis ou que serão


modificados.

(Manual de ensino/Emprego da Cavalaria.................................................................................75/124)


5.4.6 DESLOCAMENTOS

a. O GC poderá deslocar-se em passo normal e correndo, respectivamente, aos


comandos de “GRUPO, ATENÇÃO! MARCHE!” E “GRUPO, ATENÇÃO! MARCHE -
MARCHE!”.
b. Eventualmente, o GC desloca-se ao comando de “GRUPO, ATENÇÃO! COMIGO!”.
Neste caso, a velocidade será regulada pelo Cmt GC.
c. O GC poderá ainda deslocar-se rastejando ou engatinhando, aos comandos de
“GRUPO, ATENÇÃO! DE RASTOS!”, ou “GRUPO, ATENÇÃO! ENGATINHAR!”.

5.4.7 ALTOS

A fim de deter o movimento do GC, seu Cmt comandará “GRUPO, ATENÇÃO! ALTO!”
OU “GRUPO, ATENÇÃO! DEITAR!”. Será feito alto ou se deitará rapidamente,
aproveitando o terreno e cobrindo-se face às direções de onde possa partir qualquer
ameaça.
OBSERVAÇÃO E CONTROLE
Estas atividades serão desenvolvidas seja com o grupo em movimento, seja parado,
tanto longe como perto do inimigo.
a. Em movimento longe do inimigo - nesta situação, o GC se deslocará, normalmente,
em coluna e a observação será atribuída apenas ao Cmt do GC e aos exploradores
que se deslocarem à frente; contudo, os demais homens procurarão ampliar a
observação geral do grupo, particularmente quanto à presença de aviação, carro de
combate e agente QBN.
b. Em movimento perto do inimigo - cada homem receberá um setor de observação
de modo a cobrir todas as direções. Não deverá, no entanto, ser abandonada a
observação contra a aviação e a presença de agentes QBN. O Cmt do GC não terá
um setor fixo de observação, ficando livre para fazê-la em qualquer direção e para
controlar seus homens. Aos Cmt de esquadra compete, além do setor que lhes for
atribuído, manter ligação pela vista com o Cmt do GC.
c. Mecanismo da observação em movimento - para observar, os homens deverão ter
o cuidado de manter a direção de progressão, não sendo necessário efetuar paradas.
De acordo com o terreno, percorrerão uma determinada distância observando os
setores respectivos, voltando-se para a frente primitiva nos intervalos entre as
observações.
d. Observação durante os altos - será feita nos mesmo moldes da observação em
movimento perto do inimigo. O controle continuará a cargo do Cmt do GC, que poderá
exercê-lo pela vista ou através da enunciação de funções.

5.4.8 TÉCNICAS DE PROGRESSÃO

a. Progressão contínua - o grupo de combate se deslocará em progressão contínua


quando a velocidade for o fator mais importante, o que ocorre, normalmente, antes do
contato com o inimigo.

(Manual de ensino/Emprego da Cavalaria.................................................................................76/124)


b. Progressão protegida - Quando o contato com o inimigo ainda não foi estabelecido,
mas é sentida a necessidade de maior segurança, sem prejuízo da velocidade, o
comandante do GC adota uma formação mais dispersa que permita às esquadras
estarem suficientemente afastadas para que uma não seja atingida pelo fogo dirigido
contra a outra e suficientemente próximas para que uma possa apoiar a outra se
necessário. A formação mais comumente adotada é por esquadras sucessivas, cerca
de 50 metros entre esquadras, e o Cmt do GC próximo à da retaguarda.
c. Progressão por lanços - uma vez sob as vistas e\ou fogos do inimigos, o GC passará
a progredir por lanços e seu comandante determinará as formações adequadas ao
terreno e à situação. Enquanto uma esquadra fica em posição de apoio, pronta para
atirar, a outra executa um lanço até cerca de 100 a 150 metros à frente, ocupando
outra posição de apoio, pronta para proteger o lanço da esquadra que antes a apoiou.
Esta distância varia de acordo com o terreno e a situação. O Cmt do GC ,
normalmente, junta-se à esquadra de apoio, trocando de posição de uma esquadra
para outra, quando a que dá o lanço passa pela de apoio.

5.4.9 MOVIMENTO SOB AS VISTAS E FOGOS DO INIMIGO

a. Generalidades
1) Ao pressentir a possibilidade de ação do inimigo, o GC adotará a formação que lhe
permite, além de melhor observação, fugir às vistas do inimigo e progredir em
segurança, pronto para intervir rapidamente; nesta ocasião, o Cmt GC dará o
comando de: “GRUPO, ATENÇÃO! PREPARAR PARA O COMBATE!”.
2) A esse comando, todos os homens carregarão e travarão suas armas que devem
ser conduzidas de maneira a permitir a sua rápida utilização.
3) Uma vez sob as vistas e fogos do Ini, o GC passará a progressão por lanços e seu
Cmt determinará as formações adequadas à situação e ao terreno.
4) Os lanços podem ser executados por todo o grupo, por esquadras ou homem a
homem e em qualquer destes processos, em marche-marche, passo normal,
engatinhando ou rastejando.
5) Os lanços cessam ao comando de alto ou deitar, ou ao atingir uma linha ou ponto
determinado; os homens devem, ao término do lanço, ocultar-se ou abrigar-se
automaticamente, aproveitando ao máximo o terreno.
6) Estando o GC parado sob as vistas e fogos do inimigo, antes que qualquer de seus
elementos possa se deslocar, deverá receber o comando: “GRUPO, ATENÇÃO!
PREPARAR PARA PARTIR!

b. Comandos para a progressão


1) Todo o grupo - o Cmt do GC emitirá o seguinte comando para que o
grupo execute um lanço:
- GRUPO, ATENÇÃO! PREPARAR PARA PARTIR!
- ATÉ TAL PONTO (OU LINHA)!
- TODO O GRUPO!
- MARCHE-MARCHE!
A este comando, todos os componentes do grupo executam o
lanço ao mesmo tempo.

(Manual de ensino/Emprego da Cavalaria.................................................................................77/124)


2) Esquadra por esquadra - para que o GC execute um lanço por
esquadra, seu Cmt emitirá o seguinte comando:
- GRUPO, ATENÇÃO!
- POR ESQUADRAS!
- 1ª Esq ATÉ PONTO (OU LINHA)!
- 2ª Esq ATÉ TAL PONTO (OU LINHA)!
- MARCHE-MARCHE!
As esquadras, na ordem mencionada pelo Cmt, deslocar-se-ão
ao seguinte comando dos respectivos Cmt:
- 1ª (ou 2a ) ESQUADRA, ATENÇÃO! PREPARAR PARA PARTIR!
- ATÉ TAL PONTO (OU LINHA)!

- TODA ESQUADRA!
- COMIGO!
A esquadra seguirá seu comandante na execução do lanço.

3) Homem a homem sucessivamente - para que o GC execute um lanço


homem a homem sucessivamente, seu comandante dará o seguinte comando:
- GRUPO, ATENÇÃO!
- BASE TAL ESQUADRA!
- ATÉ TAL LINHA!
- HOMEM A HOMEM!
- MARCHE-MARCHE!
Os Cmt de esquadra, na ordem prescrita pelo Cmt do GC, emitirão
o seguinte comando:
- ESQUADRA, ATENÇÃO! PREPARAR PARA PARTIR!
- ATÉ TAL LINHA!
- HOMEM A HOMEM!
- AO MEU COMANDO (OU POR INICIATIVA! MARCHE-MARCHE!)
No caso de ser usada a expressão “Ao meu comando” o homem
iniciará seu lanço à voz de execução “FULANO, MARCHE-MARCHE!”;
o Cmt da Esq será o último homem a executar o lanço.
No caso de “POR INICIATIVA”, os homens iniciarão
sucessivamente seu deslocamentos, de acordo com as respectivas
colocações na esquadra, da esquerda para a direita, ou como for
convencionado, à voz de execução. O Cmt do GC, após emitir o seu
comando, normalmente, será o primeiro homem do grupo a progredir.
4) Homem a homem simultaneamente - para que o GC execute um lanço
simultaneamente, o seu Cmt dará o seguinte comando:
- GRUPO ATENÇÃO! PREPARAR PARA PARTIR!
- SIMULTANEAMENTE!
- ATÉ TAL LINHA!

(Manual de ensino/Emprego da Cavalaria.................................................................................78/124)


- HOMEM A HOMEM!
- AO MEU COMANDO!
Quando o Cmt do GC comandar “TAIS HOMEM, MARCHE-
MARCHE!”, os elementos indicados iniciarão seus lanços.

c. Manobras elementares
1) Em combate, as frações freqüentemente enfrentam situações imprevistas. Para
reagir rápida e corretamente ante uma situação desta natureza, sem ter que emitir
ordens demasiadamente longas, o Cmt GC emprega manobras elementares, que são
a seguir mostradas.
2) A manobra a ser empregada em cada caso é função da decisão do Cmt GC e se
baseia no seu rápido estudo da situação.
3) Basicamente, existem três tipos de manobras, que podem ser executadas a partir
de qualquer uma das formações do GC:
a) Manobra de frente
b) Manobra pela esquerda
c) Manobra pela direita
d. Erros a evitar na execução dos lanços
1. Preparação do lanço perceptível pelo inimigo.
2. Partida não simultânea dos homens de uma fração que deve executar o lanço num
só bloco.
3. Partida de uma fração antes do movimento oportuno, estando a precedente ainda
no curso do lanço.
4. Excesso de deslocamento no âmbito de uma fração.
5. Homens muito próximos uns dos outros.
6. Aproveitamento incorreto do terreno, deixando de ocupar cobertas ou abrigos
disponíveis.

5.4.10 ENTRADA EM POSIÇÃO

a. Mediante ordem - o GC poderá receber ordem para entrar em posição,


qualquer que seja a situação em que se encontre. A ordem para a entrada em posição
conterá, normalmente, o seguinte:
- Advertência (GRUPO, ATENÇÃO!).
- Locais das esquadras e, se possível dos FAP.
- Direção geral dos fogos.
- Execução (EM POSIÇÃO)

Após o comando, as esquadras ocuparão os locais determinados, os atiradores


colocarão os FAP nas posições designadas, apontando-os imediatamente para a
direção geral indicada e o Cmt do GC colocar- se-á onde melhor possa controlar seu
grupo.

(Manual de ensino/Emprego da Cavalaria.................................................................................79/124)


b. Por interferência do Ini - estando o GC em movimento, ao receber fogos,
seu Cmt ou qualquer homem que tenha percebido ou localizado a direção dos tiros
informará - “FOGO DE TAL PONTO!”; os componentes do grupo abrigar-se-ão
independentemente de ordem, o Cmt do GC decidirá o local onde seu grupo entrará
em posição e emitirá o comando previsto no subparágrafo anterior. Cada homem
executará tantos lanços individuais quantos forem necessários para atingir o local que
lhe for determinado. Após ocupar a posição, o grupo estará em condições de executar
seus fogos.

5.4.11 DISTRIBUIÇÃO DOS FOGOS

a. Generalidades - durante o combate, é necessário que o GC atue como


equipe, no controle e na distribuição dos fogos de seus componentes; desta forma, o
grupo obterá um melhor aproveitamento dos fogos e reduzirá consideravelmente o
desperdício de munição.
b. Características dos alvos em combate - a maioria dos alvos em combate
é constituída por homens ou material, parcial ou totalmente cobertos e abrigados.
Esses alvos são localizados pelo brilho, clarão, ruído, fumaça ou movimento e,
geralmente, são vistos por curto período de tempo. A distância dos alvos em combate
raramente excede a 350 metros, no entanto, o GC poderá disparar contra os que
estiverem situados dentro do
alcance de utilização de suas armas.
c. Distribuição dos fogos contra um objetivo em largura.
1) O Cmt do GC designa o centro e os flancos do objetivo do GC, a menos que sejam
facilmente identificáveis.
2) Cada esquadra cobre a metade do objetivo do GC, a menos que o terreno ou outros
fatores exijam que uma delas cubra parte maior.
3) Os esclarecedores, inicialmente, disparam contra a quarta parte do objetivo que
corresponde à sua posição no GC; cruzam seus fogos no objetivo e os executam dos
flancos para o centro.
4) Os atiradores dirigem seus fogos para os setores correspondentes à suas
esquadras; cruzam seus fogos no objetivo e os executam do centro para os flancos e
destes para o centro. Disparam rajada de dois ou três tiros de cada vez. Quando o
objetivo estiver a mais de 400 metros de distância, os atiradores adotam a mesma
técnica, usando o tiro de repetição.
5) Os comandantes de esquadra distribuem seus fogos em largura, dentro do setor
da sua esquadra, onde julgarem mais conveniente. O Cmt da 1ª esquadra torna-se
responsável pelo setor atribuído ao granadeiro, sempre que este estiver atuando com
granadas de bocal.
6) O granadeiro, quando atuando como tal, lança granadas de bocal contra alvos
adequados dentro do setor do grupo, mediante ordem do Cmt do GC.

d. Distribuição dos fogos contra um objetivo em profundidade.


1) Normalmente, os objetivos em profundidade são constituídos de pessoal Ini em
deslocamento, o qual, logo que recebe fogo, se dispersa, apresentando-se com
outra conformação; quando isto acontece, o GC distribuirá seus fogos de acordo
com o novo formato apresentado pelo objetivo.

(Manual de ensino/Emprego da Cavalaria.................................................................................80/124)


2) O Cmt do GC designa a frente, o centro e a retaguarda do objetivo, a menos que
sejam facilmente identificáveis.
3) A esquadra da esquerda atira na metade anterior do objetivo e a da direita na
posterior, a menos que o terreno ou outros fatores exijam uma divisão diferente.
4) Os esclarecedores, disparam em profundidade na quarta parte do objetivo que
corresponde à sua posição no GC; disparam da extremidade para o centro.

5) Os atiradores disparam rajadas curtas contra o centro do objetivo.


6) Os comandantes de esquadra distribuem seus fogos em profundidade, dentro do
setor da sua esquadra, onde julgarem mais conveniente. O Cmt da 1ª esquadra
torna-se responsável pelo setor atribuído ao granadeiro, sempre que este estiver
atuando com granadas de bocal.
7) O Fzo/rdop, quando atuando como granadeiro, normalmente, lança granadas de
bocal no centro do objetivo, mediante ordem do Cmt do GC.

e. Fogo de assalto
1) O assalto só será realizado se conseguir superioridade local de fogos sobre o Ini.
Enquanto este se mantiver forte, a abordagem de sua posição deverá ser feita
mediante fogo e movimento.
2) Para realizar o assalto, o grupo de combate deverá adotar a formação em linha e
o deslocamento dos homens deverá ser feito em passo vivo.

Figura 10 - O GC no assalto

(Manual de ensino/Emprego da Cavalaria.................................................................................81/124)


3) Durante o assalto, os componentes do grupo de combate executam seus fogos tão
rapidamente quanto possível. No entanto, não devem atirar a esmo; antes de cada
disparo, o homem deve apontar a arma usando a técnica de tiro de ação reflexa, com
a arma no ombro ou, em alguns casos, na cintura.

Posição de tiro para o FAL no assalto.

Posição de tiro para o FAP no assalto.

4) O registro de segurança dos FAL deverá estar em “R”; apenas os FAP realizam o
tiro automático.
5) Para fins de adestramento, ensina-se aos homens armados de FAL a disparar um
tiro cada vez que o pé esquerdo tocar o solo (para os atiradores, uma rajada de 2 a 3
tiros). Durante o combate pode não ser praticável disparar com esta freqüência, mas
deve-se fazê-lo tão freqüentemente quanto possível.
6) Os comandantes de esquadra e esclarecedores atiram contra as posições inimigas
localizadas nas partes do objetivo que correspondem às suas posições na formação.
7) Os atiradores atiram contra as posições inimigas localizadas nos setores de suas
esquadras, dando prioridade às armas automáticas do inimigo.

f. Mecanismo para a execução dos fogos


Comando - Uma vez em posição, o grupo de combate desencadeará seus
fogos mediante um comando que contém os elementos seguintes:
1) Advertência
2) Direção
3) Distância (alça)
4) Natureza do alvo

(Manual de ensino/Emprego da Cavalaria.................................................................................82/124)


5) Condições de execução
6) Execução

a. Advertência - serve para fazer com que os homens fiquem alerta para
receber instruções. O Cmt GC pode alertar todo o grupo ou parte dele.
b. Direção - o Cmt GC indica a direção geral do alvo; em alguns casos poderá
indicar a localização exata. Além disso, define as extremidades e o centro dos
objetivos em largura ou em profundidade.
c. Distância - dada em metros; o Cmt GC deve enunciá-la por algarismos.
d. Natureza do alvo - descrição sumária do alvo; tipo de alvo. Sendo bastante
nítido, não precisa ser descrito.
e. Condições de execução - incluem os dados necessários para assegurar o
lançamento de fogo eficaz sobre todo o alvo. Constam da designação dos membros
do grupo que vão atirar e o consumo de munição. Se os homens que vão atirar forem
os mesmos colocados em alerta, o Cmt grupo não precisa dizer quem atira.
f. Execução - comando para que os homens iniciem o disparo.
g. Exemplos de comandos de tiro

1) - GRUPO, ATENÇÃO!
- UMA HORA!
- DOIS - CINCO - ZERO
- TROPA EM LINHA!
- CINCO TIROS!
- AO MEU COMANDO! (faz a seguir uma pequena pausa)
- FOGO!

2) - GRUPO, ATENÇÃO!
- FRENTE, REFERÊNCIA CASA BRANCA, DIREITA DOIS DEDOS!
- TRÊS - ZERO - ZERO!
- ARMA AUTOMÁTICA!
- ATIRADORES, UM CARREGADOR! (só os atiradores atiram)
- FOGO!

h. Os comandos de tiro, em princípio, devem conter todos os elementos. No


entanto, eles não precisam ser formais, dependendo do grau de adestramento do GC
e da imaginação de seu comandante, qualquer processo utilizado é válido, desde que
cumpra a finalidade. Um comando informal pode ser: “OBSERVEM O MEU
TRAÇANTE! - TODO GRUPO! - CINCO TIROS!”

(Manual de ensino/Emprego da Cavalaria.................................................................................83/124)


i. Interrupção do fogo
1) Ao comando de “GRUPO, ATENÇÃO! SUSPENDER FOGO!”, os homens deixarão
de atirar, substituirão os carregadores que estiverem incompletos e manter-se-ão
prontos para reiniciar o fogo nas mesmas condições anteriores.
2) Ao comando de “GRUPO, ATENÇÃO! CESSAR FOGO!”, os homens deixarão de
atirar, colocarão o registro de segurança de suas armas em “S” e, quando for o caso,
colocarão a alça em branco.

OBSERVAÇÃO - os componentes do GC utilizam a alça de combate para bater alvos


até 350 metros. Para alcances maiores, será necessário registrar a alça
correspondente à distância do alvo no aparelho de pontaria da arma.

5.4.12 EMBARQUE NA VBTP

a. Embarque com a viatura parada - utilizado quando a viatura estiver longe


do inimigo ou em uma posição coberta e abrigada. Poderão ser utilizadas as portas
laterais e a porta traseira, segundo a doutrina prevista na “Escola da Guarnição do Pel
C Mec”.
b. Embarque com a viatura em movimento - utilizado quando o terreno
permitir e a situação exigir. Deverá ser mantida a distância de 20 passos entre os
homens. As portas já deverão estar abertas e os últimos a embarcar serão os
responsáveis por fechá-las. O grupo pode utilizar três processos para embarcar:
1) POR ESQUADRAS SIMULTÂNEAS - caso haja mais de uma porta
disponível para o embarque, este deverá ser feito simultaneamente pelas duas
esquadras.
2) POR ESQUADRAS INTERCALADAS - utilizado quando as duas esquadras
devam embarcar pela mesma porta, em um mesmo local. Os homens adotam o
dispositivo em coluna por dois, e embarcam intercalando um de cada esquadra, no
momento em que a viatura passar pela formação.
3) POR ESQUADRAS SUCESSIVAS - utilizado quando o local de embarque
de uma esquadra não for o mesmo do da outra. O Cmt grupo, em princípio, deverá
estar com a esquadra que embarcará primeiro, que será a que estiver mais próximo
da viatura.

c. Comandos para o embarque


- GRUPO, ATENÇÃO!
- PREPARAR PARA EMBARCAR!
- POR ESQUADRAS SIMULTÂNEAS (SUCESSIVAS, INTERCALADAS)!
- EMBARCAR!

5.4.13 DISTRIBUIÇÃO NA VIATURA

a. Com as escotilhas abertas - sempre que a situação e a segurança


permitirem, a viatura deverá se deslocar com as escotilhas abertas, a fim de facilitar a

(Manual de ensino/Emprego da Cavalaria.................................................................................84/124)


observação e permitir maior potência de fogo ao grupo. Deverá haver um homem em
cada escotilha, encarregado da segurança aérea e terrestre.

Figura 11 – Setores de Tiro

b. Com as escotilhas fechadas - as escotilhas deverão estar fechadas,


particularmente, durante os ataques embarcados. O GC se distribuirá no interior da
viatura conforme a doutrina da “Escola da Guarnição do Pel C Mec” ou conforme a
situação exigir, de acordo com determinações do Cmt GC.

5.4.14 DESEMBARQUE

a. Prescrições gerais
1) Em situações de combate, o Cmt do GC será o primeiro a desembarcar.
2) Antes do comando para o desembarque, o Cmt grupo deverá orientar o GC quanto
à formação que será adotada e a ação a ser realizada em seguida ao desembarque.
Se nada for determinado, os homens adotarão a formação de esquadras sucessivas.
3) Para o desembarque, sempre que possível, a viatura deverá voltar a frente para
onde está o inimigo, a fim de facilitar a orientação do grupo. Para isto, o processo mais
usado é o do relógio, sendo a linha 6-12 horas o comprimento da viatura,
considerando-se 12 horas a frente da mesma.
4) O desembarque poderá ser feito por esquadras simultâneas, sucessivas ou
intercaladas.

b. Desembarque com a viatura parada


- Utilizado quando a viatura estiver longe do inimigo ou em uma posição coberta e
abrigada.

(Manual de ensino/Emprego da Cavalaria.................................................................................85/124)


c. Desembarque com a viatura em movimento
- Utilizado quando não houver uma posição de desembarque coberta ou abrigada, a
situação exija e o terreno permita.

d. Exemplo de comando para o desembarque


- GRUPO, ATENÇÃO! PREPARAR PARA DESEMBARCAR!
- ONZE HORAS!
- ARMA ANTI - CARRO!
- POR ESQUADRAS SIMULTÂNEAS (sucessivas, intercaladas)!
- DESEMBARCAR!

5.5 MANEABILIDADE DA PEÇA DE APOIO

5.5.1 INTRODUÇÃO

A Peça de Apoio constitui uma fundamental fração do Pel C Mec. Dotada de


um Mrt 81 mm, possui um dos maiores calibres desse pelotão. O Cmt de Pel C Mec
deve saber empregar muito bem tal fração, considerando sua potência de fogo e sua
capacidade de executar fogos indiretos sobre o inimigo.
A Peça de Apoio é assim constituída:
1) 3º Sgt Cmt Pç Ap
2) Cabo Atirador
3) Soldado Auxiliar do Atirador
4) Soldado Municiador

5) Soldado Municiador/motorista

Obs.: os integrantes da Pç Ap deslocam-se em uma Vtr 3/4 Ton, até que seja
disponível Vtr Bld. Em algumas unidades, é utilizado o URUTU. Quando se tratar de
um blindado, o motorista é um “cabo”.

5.5.2 ATRIBUIÇÕES DOS COMPONENTES DA PÇ AP

a. Cmt Pç Ap:
1) Supervisiona, coordena e controla o emprego da peça em combate, os
deslocamentos para os locais determinados, a preparação das posições de tiro e sua
camuflagem, a disciplina e execução do tiro.
2) Dirige a instalação da peça.
3) Fiscaliza o trabalho da Guarnição da Peça, em especial o do atirador.
4) Emite os comandos de tiro para a sua peça.
5) Inspeciona a munição na posição da peça.
6) Inspeciona a manutenção da peça.
7) Redistribui as funções decorrentes das baixas em combate.
(Manual de ensino/Emprego da Cavalaria.................................................................................86/124)
b. Atirador:
1) Opera o aparelho de pontaria, registra os dados de tiro, nivela e aponta o morteiro.
2) Repete para o chefe da peça os dados de tiro fornecidos por ocasião do comando
emitido.
3) Por ocasião do tiro, observa e certifica-se de que a munição abandonou o tubo.
Caso a munição não saia do tubo ou saia com alteração informa ao Ch Pç.

c. 2º Municiador /motorista
1) Durante o aprestamento auxilia o Sgt Adj no recebimento, inspeção e distribuição
da munição e do explosivo.
2) É responsável por dirigir, manutenir e camuflar a Vtr.
3) Auxilia o Adj Pel no remuniciamento, fazendo o transporte da munição.

d. Auxiliar do atirador
1) Auxilia o atirador em seu trabalho de apontar o morteiro.
2) Anota os dados de tiro fornecidos por ocasião do comando emitido e repete-os para
o Ch Pç.
3) Realiza a limpeza do tubo a cada cinco tiros e/ou nos intervalos entre diferentes
missões de tiro.
4) Auxilia eventualmente o municiador em seu trabalho.
5) Introduz a granada no tubo por ocasião do comando de “fogo”.

e. O 1º municiador
1) Crava baliza, por ocasião da entrada em posição.
2) Repete os comandos de tiro referentes à munição.

3) É o encarregado do preparo da munição.

5.5.3 COLOCAÇÃO DO MORTEIRO EM POSIÇÃO

a. Ao colocar o morteiro em posição, o comandante da peça de apoio deverá levar em


consideração os aspectos técnicos e táticos.
b. Os aspectos técnicos dizem respeito à possibilidade do tiro, ou seja:
1) O solo deve ser firme;
2) A elevação à frente deve permitir o tiro sem que haja encristamento;
3) A cobertura vegetal porventura existente na área pode ser empregada para
camuflagem, desde que permita o tiro a partir do alcance mínimo previsto;
4) Possibilidade de ocupar, com rapidez, uma posição suplementar, e
5) A distância morteiro-alvo deve ser menor que o alcance útil da arma.

(Manual de ensino/Emprego da Cavalaria.................................................................................87/124)


c. Já os aspectos táticos dizem respeito, particularmente, à segurança da guarnição
da peça de apoio. Para isso, deverá ser observado o seguinte:
1) Existência de uma massa cobridora que proteja a guarnição contra tiros
diretos inimigos;
2) Existência de caminhos desenfiados que possibilitem uma rápida entrada e
saída de posição;
3) Possibilidade de ocupar, com rapidez, uma ou mais posições de muda, e
4) Realizando movimentos retrógrados, possuir itinerários de retraimento
desenfiados.

d. Trabalho dos componentes da pç ap durante entrada em pos:


1) Cmt Pç Ap: transporta a bolsa de acessórios e supervisiona, coordena e
controla os trabalhos.
2) Atirador: conduz o reparo do bipé, preparando-o no local.
3) Auxiliar do atirador conduz a placa-base até o local e prepara o local da
mesma.
4) O 1º municiador conduz o tubo até a posição e quando a placa base estiver
em seu local exato, encaixa o munhão do tubo no alvéolo da placa-base, girando 90
graus para fixar o tubo. A partir deste instante o tubo passa a ser segurado pelo
Auxiliar do Atirador. Feito isto, o 1º municiador monta a haste de limpeza e as balizas;
coloca a 1ª logo à frente do Mrt e vai à frente com a baliza de pontaria.

5.5.4 LEVANTAMENTO DE ALVOS

a. Durante a fase de planejamento, o Cmt da peça de apoio deverá levantar, na carta,


os prováveis alvos ao longo do eixo de reconhecimento. Para isso, levará em conta a
existência de:
1) Pontos críticos ao longo do eixo, como pontes, localidades, desfiladeiros e
bosques;
2) Pontos dominantes, os quais, de posse do inimigo, dificultariam a progressão
do pelotão; e
3) Eixos secundários favoráveis a realização de golpes de sonda pelas
patrulhas do GExp, e conseqüentemente os pontos críticos e dominantes ao longo
desses eixos.

b. Nesses locais será feita a locação dos alvos, utilizando-se um código numérico ou
alfanumérico estabelecido na nga do pelotão.
c. É provável que, durante o cumprimento da missão, surjam alvos não previstos
inicialmente pelo comandante da peça de apoio. Nesse caso, a NGA do pelotão
deverá prever uma forma padronizada de transmitir a localização do alvo via rádio.
Uma maneira que pode ser utilizada de forma eficiente é a seguinte:
1) Marca-se com letras a parte superior do mosaico de cartas e uma de suas
laterais, não necessariamente ordenadas.

No exemplo abaixo, o ponto “H” está localizado na quadrícula “AO” (alfa-oscar).

(Manual de ensino/Emprego da Cavalaria.................................................................................88/124)


2) Constrói-se uma pequena tela código, utilizando-se material plástico incolor
e resistente, como acetato ou chapas de raio X. Nesse plástico é desenhado um
quadrado medindo 4 cm de lado, o qual é dividido em 100 partes iguais, numeradas
da esquerda para a direita, e de baixo para cima, de zero a nove.

Ao ser utilizada a tela código, verifica-se que o ponto “H” localiza-se nas
coordenadas “alfa-oscar-meia- quatro” (AO64). Este processo permite a locação de
pontos com erros de, no máximo, 50 m.

5.5.5 REALIZAÇÃO DO TIRO SIMULADO


a. Durante o exercício no terreno, deverão ser simuladas a realização e correção do
tiro. Para isso, é informado ao comandante da Pç Ap a localização e a natureza do
alvo. Após o pedido de fogo, será informado o local do impacto ao comandante da
fração encarregada de observar o tiro (normalmente o GExp), visando as correções
subseqüentes.
b. Em seguida há a correção do tiro por parte da Pç Ap.

3. Ligações
O Cmt Pel C Mec e o seu Cmt Pç Ap devem se manter, de alguma forma, em constante
ligação. Dentro do teatro de operações podem acontecer imponderáveis diversos,
quando então o tiro da Pç Ap será fundamental. O Cmt Pç Ap também deve ter ligação
direta com o GExp, o qual normalmente vai corrigir o tiro do morteiro.

5.6 DESLOCAMENTO DO PELOTÃO

a. Tipos de progressão do pelotão

(1) Conforme a possibilidade do Ini, o tipo de terreno, a premência do tempo e


a missão desenvolvida pelo Pel, variará o tipo de progressão do mesmo.

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(2) São os seguintes os tipos de movimentos:
a) Movimentos contínuo do Pel;
b) Movimento por lanços de Pel.

b. Movimentos contínuos do pelotão

O movimento contínuo do Pel empregado quando o contato com o Ini ainda não
foi obtido e quando há premência de tempo. Possui as seguintes características:
- O Pel não desdobrará seus meios, a não ser que haja interferência do Ini ou cesse
o motivo do deslocamento do Pel:
- O responsável pela manutenção da velocidade de Rec perante o Cmt será o Cmt do
GExp.
- Todas as Vtr deslocar-se-ão por lanços, cuja extensão variará com o terreno,
mantendo contato visual com as Vtr próximas e em condições de sempre apoiar pelo
fogo a Vtr que precede.
- O GExp liderará a progressão, movimentando-se por lanços sucessivos ou
alternados, conforme a situação.
- A peça de apoio não entrará em posição ao término de cada lanço, a menos que o
Pel faça alto.

c. Movimento por lanços do pelotão

- O movimento por lanços do Pel é empregado quando o contato com o Ini é iminente
ou já foi realizado ou quando a segurança é fator preponderante. Possui as seguintes
características:
1) O Pel entrará em posição ao término de cada lanço, em posições
anteriormente escolhidas na carta.
2) A peça de apoio será instalada durante a deslocamento do Pel de uma
posição para outra.
3) O GE ou grupamento composto pela seção VBR e GC poderão liderar a
progressão.
4) Todas as Vtr deslocar-se-ão por lanços, exceto a da peça de apoio, que entre
as posições de tiro deslocar-se-á o mais rápido possível.
5) O responsável pela manutenção da velocidade do Rec será o Cmt do Pel,
que determinará quando avançar para nova posição.
6) A extensão do lanço do Pel não deverá exceder ao alcance de apoio da peça
de apoio.
A progressão do Pel durante a realização dos lanços será idêntica à executada
no progresso anterior, com a diferença de que o elemento de manobra (Sec VBR e
GC) poderá liderar a progressão. Ao término do lanço os exploradores apearão e
entrarão em posição nos flancos, a uma distância que não prejudique a retomada do
movimento normalmente (no máximo 400m). A seção de carros instalar-se-á a
cavaleiro do eixo, em condições de bater a direção de marcha. O GC desembarca e
protege os carros.
A duração do alto dependerá da situação. Em principio não deverá exceder o
tempo para que a peça de apoio cerre e se instale na nova posição.
A peça de apoio será instalada no terreno para apoiar a progressão entre as
posições escolhidas. As concentrações serão fornecidas pelo Cmt de Pel ao Cmt da
peça ao término de cada lanço, quando a peça se deslocar para a posição da qual
apoiará o lanço seguinte, Pos esta normalmente próxima à ocupada pelo restante do

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Pel. Para receber qualquer pedido de tiro e a ordem de deslocar-se, o Ch da Pç
determinará à Vtr da peça que se desloque para o local que proporcione a melhor
recepção rádio. Se a posição ideal ficar distante, sinais visuais serão convencionados
para determinar a concentração a ser batida. Na escolha do local de melhor recepção
deverá ser levada de conta a mobilidade através campo da Vtr Bld.

(Manual de ensino/Emprego da Cavalaria.................................................................................91/124)


6 - ORDENS FRAGMENTÁRIAS

a. Conceito
Ordens fragmentárias são intervenções de comando que alteram o
planejamento inicial, conferindo nova orientação ao desenrolar das ações. Elas foram
desenvolvidas como uma ferramenta do Cmt para acompanhar o ritmo do combate
blindado, que se caracteriza por constantes alterações na situação tática. As O Frag,
ressalte-se bem, não substituem, de forma alguma, o planejamento do Cmt SU mas
sim, constituem-se em valiosíssimo instrumento para que este possa agir face às
manobras inimigas.

b. Vantagens:
1) Aceleram o ritmo das operações militares; e
2) Aceleram a flexibilidade para o comando.

c. Desvantagens:
1) Vulnerável às ações de guerra eletrônica;
2) Possibilidade de não compreensão pelos escalões subordinados; e
3) Necessidade de adestramento do comandante e da tropa.

d. Metodologia
1) Ao emitir uma ordem fragmentária, deve-se um tempo de retardo entre o
alerta e a situação. Assim que as frações escutarem o alerta de ordem fragmentária,
deverão desdobrar no terreno, apanhar material de anotação e acompanhar a decisão
de seu comandante.
Na emissão da ordem fragmentária, segue-se a mesma seqüência da ordem
de operações, sendo que os parágrafos 4° e 5° serão omitidos. Os parágrafos 1°, 2°
e 3° são imprescindíveis, porém não há necessidade de repetição de comandos
anteriores. Dados importantes quanto à situação inimiga (tipo de viaturas, quantidade,
localização e atitude) não devem ser omitidos.
A fim de facilitar a transmissão da ordem pelo meio rádio, deve-se maximizar o
emprego de normas gerais de ação, bem como adotar sistemas de tela código para
transmissão de posições.

IMPORTANTE: não há uma padronização rígida para este tipo de ordem, o mais
importante é o entendimento mútuo. Deve-se ter o cuidado para não esquecer
nenhum elemento da subunidade ou pelotão (no caso do Esqd, é comum o Cmt
esquecer da Seç Cmdo e do OA),
A emissão de boas ordens fragmentárias é uma habilidade difícil. Como tal,
deve ser objeto de treinamento constante por parte dos Cmt SU. Como metodologia
de instrução, a manobra mais simples de aprendizado é o caixão de areia. Nele, o
Cmt SU deve reunir seus Cmt de fração, criar situações e emitir ordens. Em um
primeiro estágio, em claro e sem preocupação com a concisão (palavras e expressões
repetidas ou inúteis). O importante é não esquecer nenhuma fração e certificar-se de
que todos entenderam o que fazer. Nesta primeira fase, as NGA devem ser
padronizadas
Num segundo momento, o Cmt deve preocupar-se em torná-la mais concisa,
eliminando palavras redundantes ou desnecessárias, além de adequar-se ao tempo

(Manual de ensino/Emprego da Cavalaria.................................................................................92/124)


de 3 a 5 segundos em que o botão transmissor deverá permanecer apertado. Para
tanto, a ordem deve ser fracionada ("brife" um sinal qualquer para que os
subordinados reconheçam o término da transmissão a fim de evitar interrupções).
Num terceiro estágio, separar todos os comandantes de fração de forma que
ninguém tenha contato visual e treinar os mesmos procedimentos anteriormente
citados utilizando rádios portáteis. Um outro militar deverá criar situações para os Pel
transmitirem para o Cmt SU, de forma que estes possam tomar decisões e retransmiti-
las, sendo que os Pel deverão também emitir suas ordens fragmentárias. Dessa forma
fecha-se o ciclo de reação às evoluções da situação tática. Nesta fase, a ênfase deve
ser dada ao entendimento das ordens e à precisão da transmissão dos informes. Em
um primeiro momento não há a necessidade de pressionar o tempo, mas, com o
adestramento, este fator deverá ser inserido até atingir um padrão que varie de 3 a 5
minutos (apenas referência, na verdade, quanto mais rápido melhor, sem perder o
parâmetro do exeqüível) para decisão e transmissão da ordem. Somente após o
domínio do ciclo supracitado, deve-se introduzir o sistema de mensagens pré-
estabelecidas.
Em uma quarta fase, operar no terreno e observar como os Cmt de Pel/Seç
Cmdo se desenvolvem. Importante: cobrar dos subordinados o sinal de entendido ou
não. Somente a partir daí iniciar a utilização de códigos de mensagens
preestabelecidas. Um teste eficaz para as habilidades será quando alguém criar uma
situação tática e, no máximo, três minutos, o Comandante consegue tomar uma
decisão e transmitir sua ordem.

Orientação através do ponto de referência


a) Finalidade: designação rápida de um ponto.
b) Facilitar a transmissão pelo rádio.

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7– AÇÕES COMPLEMENTARES

7.1 BLINDAGENS

7.1.1 INTRODUÇÃO

Desde o aparecimento das primeiras proteções blindadas, muito esforço tem


sido feito no sentido de se melhorar o poder de penetração das munições e, em
contrapartida, tem-se melhorado sensivelmente a capacidade de proteção das
blindagens.
Ao longo de todo esse tempo, o aço vem sendo largamente utilizado como
material de blindagem, tendo-se acumulado uma grande experiência sobre a sua
utilização. Considera-se hoje que estão praticamente esgotadas as possibilidades de
melhora em seu desempenho pela simples mudança de composição química ou pela
variação dos tratamentos térmicos.
As alternativas ainda não esgotadas consistem, principalmente, na utilização de aços
com baixo nível de impurezas e rigoroso controle de inclusões, capazes de satisfazer
às mais severas especificações de qualidade, que incluem ensaios balísticos, ensaios
de dureza e tenacidade, provas de estilhaçamento e outros testes, tudo no sentido de
se assegurar a máxima confiabilidade a este importante componente do carro de
combate.
Como componente mais pesado e mais característico a blindagem deve
proporcionar proteção à tripulação, ao material transportado e às partes sensíveis,
garantindo sua sobrevivência após o primeiro ataque.
A eficiência de um blindado é avaliada em função de sua mobilidade, de seu
poder de fogo e da proteção oferecida por sua blindagem. Entretanto, a
interdependência destes fatores faz com que sejam levadas em conta também
considerações de ordem tática, resultando soluções ora numa ora noutra direção.
Sob o ponto de vista do material, assume uma importância muito grande o
estudo dos fenômenos ligados ao impacto balístico, cujo conhecimento permite
otimizar a utilização das blindagens, assegurando máxima proteção com um mínimo
peso, o que pode favorecer a mobilidade.

7.1.2 TIPOS DE BLINDAGENS UTILIZADAS

a. Blindagem Homogênea de Aço Laminado


As blindagens sob a forma de chapas laminadas de aço têm sido o tipo mais
utilizado na proteção de carros de combate e geralmente são montadas compondo a
estrutura do carro. Requisitos de alta dureza e elevada tenacidade, associados a
razoáveis condições de soldabilidade, determinam o uso de chapas de aços com
cerca de 0,3% de carbono e teores não elevados de níquel, cromo, manganês e
molibdênio.
Modernamente tem-se buscado grande controle do nível de impurezas e
inclusões no material, elevando assim a tenacidade, o que proporciona melhor
proteção contra o choque, seja no impacto de projetis de grosso calibre, seja por efeito
de projetis de alto explosivo. Processos modernos de elaboração, como o "eletro-
slag", são capazes de produzir aços extremamente limpos, embora a um custo mais
elevado que os processos convencionais de refino.
Ainda no processo de laminação, é possível, também, com o objetivo de se
melhorar o comportamento balístico da chapa, desenvolver-se uma textura

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cristalográfica no material, o que pode resultar em uma maior rigidez na direção da
espessura. Desta forma, obtém-se um ganho na resistência à penetração de até 20%,
atuando-se apenas no processamento termomecânico do aço, sem modificar,
portanto, sua composição química.
A configuração mais comum da blindagem de aço laminado é a de uma única
chapa que normalmente trabalha como parte da estrutura do carro. Entretanto podem-
se utilizar também blindagens constituídas de chapas paralelas e espaçadas. A chapa
frontal, normalmente mais dura e fina, atua no sentido de quebrar ou desviar o projétil,
aumentado a obliqüidade do ataque e diminuindo drasticamente sua capacidade de
penetração. Para o caso de cargas ocas, esta chapa frontal ou de cobertura, por vezes
chamada de saia quando cobre a lagarta, atua no sentido de provocar a explosão
prematuramente, permitindo a liberação de parte da energia antes que o jato da carga
oca atinja a blindagem principal.

b. Blindagem Homogênea de Aço Fundido


Com a mesma composição química das chapas laminadas, a blindagem
homogênea de aço fundido é utilizada quando se desejam estruturas com superfícies
curvas e diferentes espessuras como, por exemplo, na torre de um carro de combate.
Sob o ponto de vista metalúrgico existe uma certa dificuldade em se obterem
boas propriedades balísticas nas peças fundidas, dado o porte dessas peças e a
influência da espessura da parede na velocidade de resfriamento, o que nem sempre
resulta uma microestrutura adequada ao emprego. Por outro lado, sabe-se que os
materiais fundidos nãogozam dos benefícios do refino de grão e da eliminação de
porosidades proporcionados pela laminação.

c. Blindagem de Aço com Endurecimento Superficial


As blindagens de aço com endurecimento superficial são obtidas através de um
tratamento termo-químico na superfície, por exemplo, a cementação em que, através
da difusão de um elemento endurecedor, obtém-se uma superfície de elevada dureza
capaz de quebrar o projétil, e um núcleo macio e tenaz, capaz de absorver a energia
do impacto.
Uma desvantagem deste tipo de blindagem é a limitada resistência ao impacto
da face mais dura e a facilidade com que são nucleares e propagadas trincas a partir
desta região. Adicionalmente há grande dificuldade na operação de soldagem, devido
ao elevado teor superficial de carbono.
Este tipo de blindagem tem sido usada em escudos de proteção de armas
móveis, metralhadoras e canhões leves sobre rodas, e em algumas partes de veículos
blindados para transporte de tropa.

d. Blindagem de Alumínio e Ligas Leves


A tentativa de se produzirem blindagens que oferecessem o mesmo nível de
proteção que as chapas de aço (7,85g/cm3) com um peso menor fez com que as
pesquisas fossem conduzidas na direção do titânio (4,4g/cm3), do alumínio (2,7g/cm3)
e do magnésio (1,78g/cm3).
A comparação de desempenho de diferentes blindagens é feita em função da
proteção que a blindagem pode oferecer contra determinada munição, medida em
termos de peso por unidade de área. Normalmente, compara-se com o peso por
unidade de área que uma blindagem de aço teria para dar o mesmo nível de proteção.
Estas comparações mostram que, na faixa de peso adequada à proteção individual,
as ligas leves podem ser usadas com vantagens sobre os aços. Também em

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aeronaves é viável a utilização de blindagem de ligas leves, mesmo a despeito do alto
custo de algumas composições, como Ti6Al 4V.
As ligas de alumínio são as mais utilizadas em estruturas blindadas e, embora
necessitem de uma espessura três vezes maior que uma chapa de aço, oferecem a
necessária rigidez à estrutura de um carro, o que não seria obtido com uma chapa
muito fina. Assim é que alguns veículos leves como o M 113 utilizam o alumínio como
material de estrutura e de blindagem.

e. Blindagem Composta
A blindagem contra projetis de alta velocidade precisa ser dura para quebrar o
projetil e resistir à penetração, e precisa ser tenaz para absorver a energia transmitida
no impacto. A solicitação do material do alvo, na região do choque, varia de
compressão para tração, como conseqüência do carregamento verificado por efeito
da propagação das ondas de choque. Como não existe nenhum material que
apresente uma combinação ótima de todas estas propriedades, utiliza-se um conjunto
de materiais que tenham as características requeridas. Os materiais cerâmicos
apresentam elevada rigidez, dureza e abrasividade em relação ao projétil que os ataca
e, por isto, têm sido utilizados em blindagens compostas, combinados com materiais
conjugados constituídos de uma matriz de resina reforçada com fibra que pode ser de
vidro, nylon, kevlar, boro ou carbono.
As primeiras blindagens deste tipo utilizaram alumina em placas, passando-se
posteriormente a se usar carboneto de silício, nitreto de silício, óxido de berílio e
carboneto de boro. Os melhores resultados foram obtidos com carboneto de boro
numconjugado de fibra de vidro e resina, fabricado pela Norton Company of
Worcester, quase 20% mais leves que os compostos semelhantes.
Dentro do grupo de blindagem composta poderíamos incluir a chamada
blindagem Chobham, capaz de oferecer proteção contra carga oca. Este tipo de
blindagem é consideravelmente mais eficaz que as outras existentes e é facilmente
adaptada em qualquer parte do carro, dentro da tendência atual de utilização de
blindagens adicionais. Os detalhes de sua fabricação permanecem em segredo,
embora estejam sendo utilizadas nos carros ingleses Vickers Valiant, nos carros
alemães Leopard-2, nos carros franceses AMX-42, nos carros americanos Abraham
M-1, nos carros israelenses Merkava e, talvez, nos carros russos. O Grupo de Estudo
de Blindagem do Centro Tecnológico do Exército tem alcançado alguns resultados
positivos neste campo, sendo capaz de produzir já uma blindagem eficiente contra
cargas ocas.

f. Blindagem Reativa
Um elemento de blindagem reativa consiste numa composição em que se
intercala uma camada de explosivo entre duas placas metálicas. Quando o jato
metálico produzido pela carga oca colide com o elemento reativo, ele inicia a explosão
resultando numa interação de ondas de choque, causando assim uma perturbação no
jato metálico. Estudos conduzidos pelo Centro de Balística Rafael, em Haifa,
demonstraram que as blindagens reativas são altamente efetivas na redução da
vulnerabilidade de carros de combate em reação à Carga oca.

7.1.2 FENÔMENOS LIGADOS AO IMPACTO BALÍSTICO

Muita pesquisa tem sido feita em torno do comportamento dos metais sob o
efeito de explosões e sob impacto balístico, pesquisa esta sempre estimulada e

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dirigida para a solução de problemas práticos. Já por volta de 1830, militares franceses
provocavam a fragmentação controlada de tubos de canhões, para estabelecer
condições ótimas de carregamento e levantar propriedades das partes componentes
dos canhões. Pouco antes da I Guerra Mundial, o engenheiro britânico Hopkinson
conduziu observações detalhadas do fenômeno de estilhaçamento dos metais. Em
1930 reconheceu-se a possibilidade de utilização de alto-explosivos na construção de
mísseis. Este trabalho conduziu ao desenvolvimento da munição que utilizava a carga
explosiva moldada com um revestimento metálico, denominada carga oca,
efetivamente utilizada na II Grande Guerra e, mais tarde, em aplicações civis como na
prospecção de petróleo e mesmo na iniciação de explosões atômicas.
O desenvolvimento verificado na guiagem automática dos mísseis enfatizou a
necessidade de se estabelecerem condições igualmente controladas no processo de
fragmentação da carga militar conduzida pelo engenho, tornando, desde então, este,
um campo de grande interesse por parte de muitos engenheiros e pesquisadores.
Desta forma um desenvolvimento muito grande a nível de engenharia foi verificado,
sendo entretanto acompanhado por um limitado desenvolvimento em termos de
pesquisa básica. Mais recentemente, entretanto, esta pesquisa tem-se expandido
grandemente, num esforço de se aumentar a compreensão docomportamento dos
metais sob altas taxas de carregamento.
As propriedades dos materiais disponíveis nos manuais e catálogos são
levantadas normalmente sob condições estáticas ou quase estáticas. Estas mesmas
propriedades não são verificadas sob condiçõesdinâmicas de carregamento. A
resposta dos metais sob estas condições é dependente da taxa de carregamento.
Entre as duas condições extremas, o carregamento estático e a propagação de ondas
de choque através do metal por efeito de um carregamento dinâmico,existe toda uma
gama de diferentes respostas. Taxas de carregamento acima de 102 s -1 são
consideradas altas taxas de deformação e um grande número de fenômenos são
então observados, como a fratura dinâmica, as bandas de cisalhamento adiabático, o
endurecimento por ondas de choque e outros.
Alguns destes aspectos foram tratados na Conferência lnternacional sobre os
Efeitos Metalúrgicos das Altas Taxas de Deformação e reunidos, em um volume, por
Meyers e Murr. Da mesma forma Zukas e Col fornecem um estudo abrangente sobre
o assunto, abordando o tema da Dinâmica do Impacto.
Nos EUA vários centros conduzem estudos nesta área, como o Laboratório
Nacional de Los Alamos e o Centro de Pesquisa de Tecnologia de Explosivos do
Instituto de Minas e Tecnologia de Novo México, onde atualmente trabalha o Prof. M.
A. Meyers, mineiro de Monlevade e ex-professor do IME.
No Brasil, o Centro Tecnológico do Exército, através de seus Institutos, tem-se
ocupado destes estudos como consequência da crescente importância da indústria
bélica brasileira e da penetração dos blindados brasileiros no mercado internacional
de armas.

7.1.3 CONCLUSÕES

A história do desenvolvimento das blindagens tem sido acompanhada de


correspondentes avanços no poder de penetração das munições.
Atualmente as blindagens precisam fazer face a munições extremamentes
eficientes como as do grupo alto-explosivos, a HEP (High-explosive plastic), a HESH
(High-explosive squash head), a HEPD (High-explosive point detonating), ou mesmo
as do grupo perfurante que utilizam penetradores de alta energia cinética, onde se

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inclui a munição flecha. Da mesma forma, precisam proteger os blindados da munição
de carga oca que utiliza o efeito Munroe.
A busca incessante de materiais e processos de fabricação que conduzam a
soluções do problema tem feito com que técnicos e cientistas se dediquem ao estudo
dos fenômenos associados às altas taxas de carregamento, observadas nas
explosões e no impacto balístico.
As blindagens de aço ainda são as mais utilizadas e versáteis. Contudo,
observa-se atualmente um crescimento na importância das blindagens compostas,
resultado do esforço de pesquisa que vem sendo feito no sentido de se diminuir o
peso próprio das estruturas blindadas e de se fazer face à crescente eficiência das
munições anticarro.

Tabela 4

7.2 IDENTIFICAÇÃO POSITIVA DE ALVOS

Existem vários métodos para detecção de alvos, como por exemplo o olho nu.
Porém, durante combates noturnos e longas distancias, o olho humano não é
suficiente. O desenvolvimento da tecnologia possibilitou utilizar outras formas de
detecção, sendo integradas à armas. Em contrapartida, também possibilitou a
diminuição das assinaturas.

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a. Assinatura térmica

Em 1800, William Herschel colocou um termômetro de mercúrio no espectro


obtido por um prisma de cristal com a finalidade de medir o calor emitido por cada cor.
Descobriu que o calor era mais forte ao lado do vermelho do espectro, observando
que ali não havia luz.
Esta foi a primeira experiência que demonstrou que o calor pode ser captado
em forma de imagem, como acontece com a luz visível.
Os infravermelhos estão associados ao calor porque os corpos na temperatura
ambiente emitem radiação térmica no campo dos infravermelhos. Essa experiência
tornou possível o estudo da assinatura térmica. Todo corpo emite energia
infravermelha.
Radiação infravermelha é uma parte da radiação eletromagnética cujo
comprimento de onda é maior que o da luz visível, porém menor que o das
microondas, consequentemente, tem menor frequência que a da luz visível e maior
que a das microondas. O vermelho é a cor de comprimento de onda mais larga da luz
visível, compreendida entre 700 nanometros e um milímetro.
Sua minimização dificulta a guiagem das armas e detecção de instrumentos.

b. Assinatura radar

A seção reta radar (RCS) é a medida de habilidade de um alvo refletir os sinais


do radar na direção do receptor. A definição conceitual de RCS incluiu o fato de que
somente parte da energia irradiada ilumina o alvo e uma pequena parte retorna ao
receptor.
Os radares funcionam emitindo ondas eletromagnéticas na velocidade da luz
num feixe cônico, através de antenas direcionais. Quando estas ondas atingem um
alvo reflexivo, parte do feixe é bloqueado e dispersado (“scattered”) em várias
direções. Parte da energia emitida retorna à antena transmissora.

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A maior parte dos radares funciona emitindo energia eletromagnética na forma
de pulsos, milhares de vezes por segundo. No intervalo entre a emissão de um pulso
e outro, a antena do radar se torna um receptor. A figura abaixo esclarece como
funciona este tipo de leitura.

Calculando-se o tempo entre a emissão do pulso e o seu retorno, é possível


saber a distância do alvo

7.3. LOCAÇÃO RÁPIDA

a. Tela-código

É empregada com qualquer carta, quadriculada ou não, desde que tenha


margens perpendiculares. Consiste de um quadriculado com cem quadrados iguais,
dispostos segundo dez fileiras e dez colunas. É construído com uma folha
transparente.
Para empregar a tela é necessário conhecer suas dimensões e os pontos de
referência. Essas informações são encontradas nas I E Com. O vértice do ângulo
inferior esquerdo é colocado sobre o ponto de referência e a tela disposta
paralelamente às linhas do quadriculado da carta ou, sobre carta sem quadriculado,
paralelamente às margens.
Cada designação consiste em 5 elementos
Exemplo: X(45-68). Significa:
X - Ponto de referência (na carta)
4 - Abcissa (parte inteira)
5 - Abcissa (parte decimal)
6 - Ordenada (parte inteira)
8 - Ordenada ( parte decimal) 10

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A figura 6-15 dá ideia do emprego da tela-código, de acordo com o exemplo citado. A
egurança do sistema baseia-se na variação das dimensões da tela, bem como na utilização
de pontos de referência diferentes.

7.4 EMPREGO DO CAÇADOR

a. Princípios básicos

(1) O caçador só atira em alvos selecionados - O valor do caçador não pode


ser medido somente pelo número de baixas que ele causa ao inimigo, mas
principalmente, pelo valor do pessoal eliminado, ou material neutralizado/ destruído,
e pelo efeito psicológico causado por sua ação.
(2) O caçador deve furtar-se da observação inimiga - O inimigo colocará em
alta prioridade a eliminação do caçador, mas isto só ocorrerá se sua posição for
descoberta. Sua posição de tiro deverá estar perfeitamente camuflada e, após sua
ocupação, os movimentos deverão ser reduzidos ao mínimo indispensável. A única
evidência da presença do caçador será o estampido do tiro de seu fuzil.
(3) A melhor defesa contra um caçador é outro caçador - Devido ao seu
equipamento, o caçador tem possibilidade de engajar o inimigo além do alcance de
utilização dos fuzis de dotação da tropa. Como, normalmente, estará em posição difícil
de ser detectada, não será um bom alvo para as armas coletivas (metralhadoras e
morteiros) e nem será compensador batê-lo com a artilharia. O caçador treinado
especificamente para este tipo de combate, será o elemento mais adequado para
combater o seu inimigo similar.
(4) O caçador deve ser protegido pela tropa amiga - O inimigo fará grande
esforço para eliminar um caçador eficiente. Através de patrulhas e rastreadores

(Manual de ensino/Emprego da Cavalaria.................................................................................103/124)


procurará localizá-lo. Por isso, ele deverá, sempre que possível, operar enquadrado
em sua fração, o que lhe proporcionará maior segurança.
(5) O caçador deve possuir fuzil e munições especiais - Os fuzis dos caçadores
da unidade devem ser selecionados entre os melhores disponíveis e serão utilizados
sempre pelo mesmo homem. Cada caçador cuidará de sua própria arma, realizando,
ele próprio, a manutenção de 1º e 2º escalão. Sempre que possível, a munição
destinada aos caçadores será mantida em um lote separado.
(6) O controle sobre suas ações - O caçador deverá obter a máxima eficiência
com um mínimo de tiros disparados. Isto será obtido se ele estiver adequadamente
informado e orientado sobre a situação tática vivida no momento e tiver recebido
ordens claras a respeito de sua missão. Os comandantes que tiverem caçadores sob
seu comando deverão mantê-los sob judicioso controle, evitando que os mesmos
tomem iniciativas erradas que venham a comprometer o êxito da operação.
(7) O caçador é o maior conhecedor de suas próprias possibilidades de
emprego e limitações - A possibilidade de emprego do caçador é função direta de sua
capacidade e de seu equipamento. De nada adiantará dar a este elemento uma
missão que ele não possa cumprir, por limitações pessoais ou do material.
(8) O caçador trabalha em dupla - A missão dos caçadores sugere o emprego
em duplas. Um homem permanece observando, enquanto o outro fica em condições
de atirar. A observação constante de um setor cansa a visão e a mente, por isto é
necessário que a dupla de caçadores faça um revezamento a cada vinte ou trinta
minutos. O homem que está observando indicará o alvo para o companheiro atirar.
(9) O caçador desloca-se para ocupar sua posição o mais cedo possível -
Quando a tropa for iniciar sua ação, o caçador já deverá ter ocupado e preparado sua
posição de tiro. A camuflagem deverá estar totalmente pronta e os principais alvos
levantados e registrados. O caçador deverá deslocar-se para sua posição de 24 a 48
horas antes do início das operações.

b. Formas de emprego

O comando da Unidade toma as decisões relativas ao emprego tático da turma.


Pode empregar toda a turma ou parte dela no apoio à Unidade ou em proveito da ação
de uma determinada subunidade. Pode, também, colocar alguma equipe em reforço
à uma subunidade, para o cumprimento de determinada missão. Cada situação exige
uma forma de emprego.
(1) Ação de conjunto - Quando a turma estiver em ação de conjunto, executa
missões em apoio às subunidades cujas ações estejam diretamente controladas pelo
comando da Unidade. Empregando a turma desta maneira, o comandante terá mais
flexibilidade e melhor coordenação dos fogos. O controle tático das equipes ficará a
cargo do S/3 da Unidade, assessorado pelo S/2 e pelo comandante da turma.
(2) Apoio direto - Quando uma equipe estiver em apoio direto, o comandante
da turma fica com o controle de suas ações no apoio a determinada subunidade. Ele
é o responsável pelo suprimento, escolha e ocupação das posições de tiro, pelos
reconhecimentos e deslocamentos para o cumprimento da missão. O comandante da
turma estabelece, ainda, uma ligação com o comandante apoiado para que melhor
possa assessorá-lo.
(3) Reforço - Quando uma equipe estiver posta em reforço a uma determinada
subunidade, seu controle passará a ser exercido pelo comandante daquela
subunidade. O reforço é justificado quando a turma, agindo em ação de conjunto ou
em apoio direto não puder proporcionar um apoio eficaz a uma determinada

(Manual de ensino/Emprego da Cavalaria.................................................................................104/124)


companhia. As ocasiões apropriadas para o reforço surgem quando a subunidade
apoiada está operando em terreno que torne extremamente difícil para o comando da
Unidade controlar e coordenar as ações da equipe de caçadores. O comandante
reforçado passa a ser o responsável pelo emprego tático e pelos suprimentos da
equipe, exceto o equipamento específico do caçador.

c. Medidas contra-caçadores

As medidas contra-caçadores a serem tomadas pela tropa amiga podem ser


enquadradas em duas categorias:
- medidas passivas; e
- medidas ativas.

c.1 Medidas passivas

São aquelas executadas pela tropa amiga para reduzir a eficácia das ações
dos caçadores inimigos. Sabendo-se que existem caçadores inimigos que poderão
atuar contra a tropa amiga, deve-se adotar as seguintes medidas passivas:
1) evitar a reunião de grupos de pessoas fora de locais cobertos e abrigados,
tanto de dia quanto à noite;
2) estocar suprimentos em locais cobertos e abrigados;
3) evitar o uso de insígnias, uniformes vistosos e diferenciados, armamentos e
a outros itens que destaquem o indivíduo do restante do grupo;
4) evitar prestar continência e outros sinais de respeito em locais abertos;
5) evitar procedimentos autoritários;
6) usar capacetes e coletes à prova de balas;
7) sempre que possível, locomover-se em veículos blindados;
8) destruir ou ocupar, quando possível, as edificações que possibilitem aos
caçadores inimigos instalar boas posições finais de tiro
9) cortar ou queimar a vegetação que possa dar cobertura aos caçadores
inimigos;
10) usar, intensivamente, sacos de areia e outros meios que possam proteger
o pessoal e o material;
11) usar equipamentos e barreiras que dificultem a aproximação dos caçadores
inimigos;
12) utilizar radares de vigilância terrestre nos possíveis itinerários de infiltração
dos caçadores;
13) patrulhar ou ocupar P Vig nos acidentes capitais que facilitem a ação dos
caçadores inimigos; e
14) proteger os equipamentos sensíveis que possam ser danificados por fogos
realizados por caçadores inimigos dotados de fuzis calibre .50.

c.2 Medidas ativas

Medidas ativas são as ações executadas pela tropa amiga com o objetivo de
eliminar os caçadores inimigos.

(Manual de ensino/Emprego da Cavalaria.................................................................................105/124)


d. Armamento empregado

No combate contra os caçadores inimigos a tropa deverá estar em condições


de empregar todas as armas disponíveis.
Entretanto, no combate urbano, que se torna cada vez mais comum nos
conflitos atuais, haverá situações nas quais os caçadores inimigos poderão estar
atuando a partir de locais como museus, escolas ou hospitais, onde estejam
homiziados civis não evacuados ou existam bens que devam ser preservados. Por
este motivo, a tropa amiga não poderá usar determinadas armas sob pena de causar
baixas civis indesejáveis e/ou danificar instalações e materiais de difícil ou impossível
reposição.
Por este motivo, poderá ser necessário estabelecer “regras de engajamento”
onde estará definido o armamento a ser utilizado na reação contra os caçadores
inimigos.
Contudo, não havendo estas regras, as armas empregadas na ordem de
prioridade serão as seguintes:
- metralhadoras e foguetes dos helicópteros;
- canhões e metralhadoras dos blindados;
- armas coletivas de tiro indireto;
- metralhadoras pesadas;
- armas anti-carro;
- foguetes de saturação de área e incendiários; e
- armamento do caçador (alternativa preferida quando houver regras de
engajamento).
Tais armas serão empregadas de acordo com a situação e as possibilidades.
Se, por exemplo, houver risco excessivo para os helicópteros, não serão usadas suas
metralhadoras e foguetes; se houver forte ameaça de tropas blindadas inimigas, não
serão gastas Mu AC para eliminar caçadores.

e. Medidas ativas permanentes

Uma tropa, em movimento ou estacionada, deverá empregar,


permanentemente, patrulhas, reforçadas por rastreadores e cães farejadores, se
houver, a fim de levantar indícios que possibilitem a neutralização dos caçadores
inimigos.
Na área de retaguarda, patrulhas de combate constituídas por frações
pertencentes às unidades operacionais responsáveis pela SEGAR, reforçadas por
rastreadores e caçadores, deverão permanecer igualmente alertas para localizar e
eliminar os caçadores inimigos que, infiltrados, estejam atuando contra as forças
amigas.

f. Medidas ativas imediatas

Tropas em movimento ou estacionadas deverão utilizar as seguintes


técnicas de reação imediata ao serem batidas pelo fogo de caçadores inimigos:
- desencadeamento de fogos maciços;
- reconhecimento pelo fogo;
- cegar e passar;
- reação pelo fogo e movimento;
- saturação ou bombardeio da área provável; e

(Manual de ensino/Emprego da Cavalaria.................................................................................106/124)


- emprego dos caçadores amigos.

g. Desencadeamento de fogos maciços (“minuto maluco”)

Se a posição do caçador inimigo é totalmente desconhecida e não foi possível


identificar, sequer, o quadrante de onde partiu o tiro, a tropa atacada deverá
desencadear uma reação pelo fogo, executando, com suas frações, uma quantidade
de disparos pré-determinada, em todas as direções e durante um a três minutos,
contra todas as possíveis posições do caçador inimigo.
Esta ação, se desencadeada com presteza e de forma ordenada, dificultará ao
caçador inimigo a execução de novos tiros, uma vez que o mesmo ficará na incerteza
de ter sido localizado. Deverá ser executado o tiro de fração, conduzido pelos
comandantes de GC ou de esquadras.
Esta reação imediata é difícil de ser praticada e deve ser muito bem treinada,
sendo difícil improvisá-la com sucesso.
O emprego desta técnica poderá causar grande consumo de munição, que
deverá ser rigorosamente controlada pelos comandantes de fração.

h. EEI que devem ser procurados pela tropa amiga

Para possibilitar ao comando da Unidade a emissão de um Plano Contra


caçadores eficiente, faz-se necessário obter-se informes e informações sobre os
caçadores inimigos.
Pequenas observações somadas umas às outras acabarão criando um quadro
claro sobre a existência, armamento e equipamento, capacidade, tática e costumes
dos caçadores inimigos. A identificação de pequenos indícios da presença de
caçadores inimigos é vital para o sucesso deste trabalho.
Portanto, a tropa amiga deve estar atenta para os seguintes aspectos, que são
os elementos essenciais de informações (EEI) para o planejamento:
1) Existência de soldados inimigos com camuflagem especial (roupa “ghillie”);
2) Soldados inimigos transportando armas em bolsas (drag bags);
3) Soldados inimigos portando fuzis com lunetas;
4) Soldados inimigos utilizando fuzis de repetição;
5) Presença de pequenas patrulhas inimigas com 2 a 4 homens;
6) Reflexos e brilhos observados em locais favoráveis à instalação de uma
Posição final de tiro (pft) de caçador;
7) Disparo de um único tiro contra alvo escolhido;
8) Indício de pft já utilizada;
9) Data, hora e local da atuação de caçadores inimigos;
10) Estojos vazios de munição especial, esquecidos no terreno;
11) Pegadas de dois homens, usando ou não calçados militares, em área de
atuação de caçadores inimigos;
12) Fiapos da roupa de camuflagem do caçador (roupa “ghillie”);
13) Sinais de bivaque de 1 ou 2 homens;
14) Fezes, cheiro de urina, odor de fumo e outros;
15) Pequenos galhos cortados abrindo túneis de tiro;
16) Restos de ração, tocos de cigarro, palitos de fósforo e pedaços de papel
largados no terreno;
17) Material de emprego militar perdido;
18) Picadas e pinicadas recentemente abertas em áreas matosas conduzindo

(Manual de ensino/Emprego da Cavalaria.................................................................................107/124)


A uma instalação ou a uma zona de reunião da tropa amiga;
19) Delimitação das áreas de atuação dos caçadores inimigos;
20) Itinerários de acesso e retraimento para a provável área de atuação dos
Caçadores inimigos;
21) Alvos preferidos pelos caçadores inimigos; e
22) Sistemas de armas e equipamentos utilizados pelos caçadores inimigos. E.

i. Fontes de informes

Os informes e informações, que possibilitarão a elaboração e o


aperfeiçoamento de um bom Plano Contra-caçadores, serão obtidos nas seguintes
fontes:
1) Relatórios e informações do S/2 da Unidade;
2) Relatórios das patrulhas de reconhecimento e de combate que tenham
estado em áreas de atuação dos caçadores inimigos;
3) Estudos de cartas e fotografias aéreas tiradas de aeronaves ou satélites;
4) Reconhecimentos aéreos ou terrestres feitos pelos caçadores da Unidade;
5) Relatórios dos observadores avançados de Artilharia e Morteiros;
6) Relatórios dos operadores dos radares de vigilância;
7) Relatos de integrantes de patrulhas recém chegadas;
8) Relatos de caçadores pertencentes às Unidades vizinhas; e
9) Relatos da população amiga.

7.5 IDENTIFICAÇÃO E AÇÕES CONTRA IED

7.5.1 INTRODUÇÃO

Um dispositivo explosivo improvisado (improvised explosive device-IED) é um


artefato explosivo de construção “caseira”, muito utilizado por forças não
convencionais. Pode ser construído a partir de explosivos militares, tais como
granadas de artilharia.
Na segunda Guerra do Iraque (2003), os IEDs foram amplamente utilizados
contra as Forças da Coalizão liderada pelos EUA, sendo responsáveis por mais de
60% das baixas durante o conflito. No Afeganistão, as baixas causadas chegam a
mais de 65%.
O poder de destruição, bem como seu efeito no moral das tropas, fazem com
que os exércitos modernos sejam adestrados na identificação e neutralização dos
IED.

(Manual de ensino/Emprego da Cavalaria.................................................................................108/124)


7.5.2 IDENTIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS

a. Visão Geral

Figura 14: em destaque, uma granada de artilharia.


Geralmente o adversário utiliza munições militares para fazer a maioria dos IEDs.

Qualquer um que tenha acesso a granadas de artilharia ou morteiro pode


montar um IED.
Os IEDs podem ser móveis, como um carro-bomba, ou estáticos, tais como um
projétil de artilharia enterrado ao longo de uma estrada ou a cavaleiro desta.
Uma variedade de métodos pode ser utilizado para acionar os IEDs. Saber
quais os tipos que são usados em sua área de operações é crucial para sua
identificação e neutralização. O “fabricante” de IED utilizará todos os meios
disponíveis, utilizando uma técnica preferida. Dentre os métodos de acionamento,
poderá utilizar rádios ou arame de tração; poderá colocar um dispositivo com um
sistema de acionamento anti-manipulação (por pressão, descompressão, etc.), entre
outros. Um IED secundário, oculto,
pode ser usado em conjunto com o IED
principal encontrado. Os IED estão
geralmente escondidos.
Um IED básico é constituído de:
- Carga principal.
- Iniciador.
- Fonte de energia.
- Interruptor.
- Recipiente.

Figura 15: componentes de um IED.

(Manual de ensino/Emprego da Cavalaria.................................................................................109/124)


7.5.3 CATEGORIAS DE IED

Podemos separar os IED em 5 categorias:


- IED Rádio Controlado (Radio Controlled IED - RCIED)
- IED com Comando Fio (Command Wire IED - CWIED)
- IED acionado por ação da vítima (Victim Operated IED - VOIED)
- Veículo IED (Vehicle Born IED - VBIED)
- Projétil explosivo (Explosively Formed Projectile - PFE)

a. IED Rádio Controlado

Os IEDs Rádio Controlados (RCIED) foram amplamente utilizados pelos


insurgentes na 2a Guerra do Golfo. Há uma variedade de dispositivos que podem
remotamente acionar os IEDs. Qualquer fonte que transmita um sinal de rádio pode
ser adaptado para funcionar como um acionador (gatilho).

Figura 16:exemplo Rádio Comtrolado


Com o tempo, o inimigo aperfeiçoou o design do dispositivo e técnicas de
construção. Os RCIEDs possuem dimensões reduzidas e podem ser instalados mais
rápido do que o IED com Comando Fio. Dispositivos acionados por rádio permitem ao
inimigo acioná-lo fora do alcance do sistema de armas amigo.
Exemplos de acionadores:
- alarmes de carro modificados.
- abridores de portas de garagem, abridores de portas de carros.
- carro ou avião de brinquedo rádio controlados.
- campainhas sem fio.
- telefones sem fio, celulares, rádios.

Figura 17: exemplos de acionadores.

(Manual de ensino/Emprego da Cavalaria.................................................................................110/124)


b. IED com Comando Fio

Os IED com Comando Fio (CWIED) demandam mais tempo para seu
lançamento. O fio (cabo de detonação, fio de comando) que liga o dispositivo ao
acionador geralmente está oculto, podendo ser de qualquer cor ou tamanho,
chegando a ter mais de 1000 metros. O local de acionamento é fixo, o que facilita a
determinação das possíveis posições de acionamento por parte da tropa (estudo do
terreno). Geralmente utilizam um ponto de referência para o acionamento sobre alvos
móveis (no caso da figura 5, o poste).

Figura 18: exemplos de CWIED.

Fio de comando do IED enterrado na estrada. Fios levando para a direita, para
o ponto de acionamento.

Figura 19: exemplo de local para lançamento de um CWIED.

(Manual de ensino/Emprego da Cavalaria.................................................................................111/124)


A Figura 6 ilustra a perspectiva do inimigo em relação ao campo de batalha. O
canal de irrigação prova como um obstáculo no acostamento, paralelo à estrada de
terra, esconde da tropa de reconhecimento o posicionamento do artefato. Após o
acionamento, a tropa dificilmente identificaria a posição de acionamento, antes do
inimigo evadir-se.

c. IED acionado por ação da vítima

Neste dispositivo, o inimigo adicionou armadilhas, acionadores de pressão,


infravermelho passivo e cordéis de tropeço a alguns IEDs, tornando o dispositivo
acionado por ação da vítima (VOIED). Estes dispositivos foram criados como resposta
às ações das tropas, onde os dispositivos eram localizados e desarmados. Nos
últimos conflitos foram amplamente utilizados em estradas menos utilizadas pelas
Forças da Coalizão.

Fio Mangueira Placa enterrada


Figura 20: exemplo de acionadores de VOIED.

Figura 21: local de uma VOIED. Felizmente, as duas vacas acionaram o dispositivo

d. Veículo IED

Ataques suicidas utilizando Veículos IED (VBIED), também conhecidos por


carro-bomba, estão em ascensão em diversos teatros de operações no mundo e,
atualmente, representam uma das formas mais mortais de ataque inimigo contra
tropas convencionais.
Os VBIEDs empregam enormes quantidades de explosivos contra um alvo fixo
ou móvel, com resultados catastróficos.

(Manual de ensino/Emprego da Cavalaria.................................................................................112/124)


Figura 22: tráfego civil torna difícil a identificação de VBIEDs. Os veículos civis geralmente
estarão muito perto das patrulhas.

e. Projétil Explosivo

Os ataques por Projétil Explosivo (PFE) têm uma alta taxa de danos. A ameaça
EFP é extremamente difícil de combater, sendo o tipo de ataque com a maior eficácia
global na atualidade.
A energia explosiva é liberada diretamente para fora da superfície da carga
explosiva, podendo ser direcionada. Quando detonado, o PFE libera uma onda de
choque a uma velocidade muito alta, capaz de penetrar diversos tipos de proteção e
blindagem.

Figura 23: efeito de carga dirigida de um PFE

(Manual de ensino/Emprego da Cavalaria.................................................................................113/124)


Figura 24: danos causado por um PFE na blindagem de um HMMWV.

f. Características da fabricação e instalação de PFEs:


- núcleo único ou múltiplo (EFP).
- vários núcleos cobertos com espuma.
- "2 x 3 EFP" é comum para várias matrizes.
- instalação similar às minas claymores (mina de ação horizontal).
- comum a utilização de acionamento por sensor infravermelho (PIR).

Figura 25: exemplos da montagem de PFE 2 x 3 EFP.

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Figura 26: esboço de um ataque iniciado por PIR..

Figura 27: EFP, foto de maio de 2006.

7.5.4 OCULTAÇÃO DOS IED

As tropas de reconhecimento podem encontrar diversos métodos que são


usados para disfarçar e/ou ocultar IEDs e componentes IED. Os mais comuns são:
- rochas, entulho ou lixo no acostamento de estradas.
- crateras, buracos.
- veículos parados.
- contenções de concreto (escondida dentro).

(Manual de ensino/Emprego da Cavalaria.................................................................................115/124)


- blocos de concreto.
- parapeitos.
- bolsas.
- interior de carcaças de animais.
- Restos humanos (corpos).
Os IEDs são frequentemente enterrados na estrada, ao lado da estrada, ou em
crateras de explosão antigos. O S2 da unidade pode ajudar a determinar a ameaça
mais comum na área de operações.

Figura 28: bolsas e tubos de borracha ou PVC.

Figura 29: placas de concreto.

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Figura 30: escondido no meio fio (contenções).

7.5.5 EXPLORANDO IEDS

Os fundamentos para reconhecer uma provável área com IED são:


- saber quais são as ameaças IED em sua área de operações (S2).
- conhecer o terreno.
- observar que geralmente estão localizados próximos à torres de celular, usado
para a transmissão do sinal e observação e perto de centros religiosos, utilizados para
observação.
- pensar e observar ao longo de sua viatura; pensar no processo de decisão do
inimigo, tempos, lugares e alvos.

7.5.6 REGRAS DE AVALIAÇÃO DE UM IED

Para uma avaliação eficaz, toma-se por base as quatro regras “TFLD”:
- Tamanho.
- Forma.
- Localização.
- Detalhes.

a. Tamanho

É grande o suficiente para colocar uma granada? Lembre-se que parte do


objeto pode estar oculto.
Lembre-se, objetos grandes, afastados de uma estrada geram danos maiores.

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b. Forma

- A forma do lixo, rocha, caixa ou lata é importante.


- É um pneu abaulado ou desfigurado?
- É uma caixa modificada de alguma forma?
- É um saco de lixo desfigurado?
- Se o lixo está na estrada, você deve retirar de qualquer maneira (fateixa, tiro
de Mtr, etc.).
- A contenção ou objeto é diferente de qualquer outro objeto próximo a ele?
- A forma é diferente do restante em largura e comprimento?
- É um cone de trânsito deformado de alguma forma?
Se ele atende quanto ao tamanho e forma, determinar a localização.

c. Localização

A localização é muito importante:


- O quanto afastado da estrada (objetivo) está em relação ao seu tamanho?
• os IEDs pequenos devem estar próximos ao alvo.
• um IED médio, secundário, pode estar instalado para cobrir o efeito
desejado.
• os IEDs maiores podem estar mais afastados ainda da estrada.
- É um buraco de explosão antigo?
- Está coberto por arame farpado ou lixo?

Figura 31: IED escondido em uma carcaça de veículo.

Se você respondeu sim a qualquer um destes e se cumpre com os critérios de


tamanho e forma, provavelmente é um IED.
Usando a técnica TFLD, a tropa pode efetivamente deslocar-se a 8-16 Km/h
em uma área de operações com moderada probabilidade de se encontrar um IEDs.
A sorte desempenha um pequeno papel na limpeza do eixo:
- determinar a área e o possível efeito da carga dirigida.
- localizar o gatilho, verificar como ele está instalado no IED e se pode ser
acionado utilizando fogo (de Mtr por exemplo).

(Manual de ensino/Emprego da Cavalaria.................................................................................118/124)


A sorte não desempenha nenhum papel quanto:
- ao profissionalismo. - ao foco.
- fazer o seu trabalho. - prestar atenção aos detalhes.
- estar alerta. - trabalho em equipe.
- comunicações. - orgulho para salvar vidas.

d. Locais

Os IEDs somente podem ser lançados em locais onde a ocultação permita.


Uma solução é a limpeza da área de operações (em especial no ambiente urbano):
- limpeza das vias de acesso.
- enchimento de buracos e crateras.
- remoção de entulho das vias de acesso (com implementos de engenharia).
- remover arbustos, montes de terra e lixo.
Para tanto, as tropas devem determinar as áreas propícias ao lançamento de
IED pelo adversário e alterá-la a seu favor. Você não tem que ser um engenheiro para
encontrar um IED.

antes depois
Figura 32: limpeza da área

7.5.7 PRINCÍPIOS DO COMBATE CONTRA IED

- Mentalidade ofensiva.
- Desenvolver e manter a consciência situacional.
- Evitar padrões definidos.
- Segurança 360º.
- Manter distância de segurança (standoff).
- Manter a dispersão.
- Usar a proteção blindada.
- Conhecer as capacidades próprias.

a. Mentalidade ofensiva

Se a tropa sofre um ataque ou identifica um IED, está em contato com o inimigo.


Todo comandante deve estar preparado para compreender rapidamente a situação, a
fim de ganhar tempo e manter o contato com o inimigo, manobrando com oportunidade
para finalmente eliminar ou capturar seus adversários. Para tanto, é importante obter
e manter a profundidade e frente do dispositivo, por meio de tropas dispostas
paralelamente e apoio aéreo aproximado.

(Manual de ensino/Emprego da Cavalaria.................................................................................119/124)


b. Desenvolver e manter a consciência situacional.

A natureza clandestina e fugaz de táticas insurgentes, junto com o desafio de


conduzir operações militares em terreno urbano exige que as forças terrestres
mantenham um contínuo estado de consciência situacional. A consciência situacional
é a chave para ver, entender e agir sobre os indicadores de um ataque, negando a
vantagem do fator surpresa por parte do inimigo.
Elementos para criar a consciência situacional:
- reconhecimento desembarcado.
- manter as comunicações (comando e controle).
- estudo do inimigo.
- observação 360º.
- estar em condições de reagir.

c. Evitar padrões definidos.

O inimigo estuda nossa matriz doutrinaria e, principalmente, observa nossas


rotinas. Evitar ações recorrentes, pelos mesmos locais, itinerários e horários ajudam
a evitar a eficácia dos ataques.

d. Segurança 360º

Atividade inimiga que se mistura entre a população local é difícil de ser


detectada e podem ameaçar a unidade de qualquer direção. Portanto, vigilância 360º
deve ser mantida com o grau de segurança que a situação exija, se a tropa está
embarcada ou desembarcada.

e. Manter distância de segurança (standoff)

Sempre que possível, manter uma distância segura dos locais mais propensos
a esconder um IED, por exemplo, acostamento de estradas, veículos parados ao
longo de um eixo, etc.

f. Manter a dispersão

A fim de reduzir o risco, as patrulhas devem manter distância suficiente entre as


viaturas ou o pessoal, conforme a situação permita. Na medida do possível, a tropa
desembarcada deve permanecer no raio de ação da viatura (sistema de armas). Os
comandantes devem trabalhar contra a tendência de cerrar as distâncias durante os
altos.

g. Usar a proteção blindada

A proteção blindada salva vidas, mas não estão vinculadas à ela. Aproveite as
oportunidades para desembarcar quando a situação permitir. Os atiradores das
viaturas devem permanecer na torre, tanto quanto possível.

(Manual de ensino/Emprego da Cavalaria.................................................................................120/124)


h. Conhecer as capacidades próprias

Os comandantes, assim como a tropa como um todo, devem conhecer suas


capacidades e limitações, sejam pelos sistemas de armas ou das capacidades
pessoais de cada um.

7.5.8 AÇÕES IMEDIATAS

Seguindo o padrão DESI (desdobrar e informar, esclarecer a situação,


selecionar uma linha de ação e informar), as ações imediatas durante o contato
basicamente se resume em atirar, mover-se e comunicar-se, quando o contato se dá
após o acionamento de um IED:

a) CONFIRMAR
- tentar confirmar (observação) de uma distância segura.
- usar a proteção blindada quando disponível.
- com o número mínimo de pessoal.
- observe os indicadores:

b) LIMPAR
- evacuar uma distância segura em função dos fatores MITeMeTe-C.
- distância mínima de segurança de 300 metros (as distâncias variam, não definir
padrões).
- procurar IEDs secundárias (de 5 a 25m da principal).
- ao responder um IED, considere limpar uma área de 500m (MITeMeTe-C).

c) INFORMAR
- Informar a tropa.
- Informar ao escalão superior.
- Solicitar evacuação (SFC).

d) ISOLAR
- Estabelecer uma área de isolamento em torno do local IED com base nos fatores
MITeMeTe-C.
- Concentrar-se para fora (buscar o homem com o gatilho).
- Verifique pessoas deixando a área para:

e) CONTROLAR
- Só permitir pessoal autorizado dentro da área de isolamento.
- Desviar o tráfego civil (SFC).
- Estabelecer uma área para primeiros socorros (SFC).

(Manual de ensino/Emprego da Cavalaria.................................................................................121/124)


7.5.9 COMBATE CONTRA VBIED

Podemos combater os Veículos IED:


- com emprego de segurança em 360 graus, com regras de engajamento mais
agressivas.
- lançando obstáculos entre o objetivo a ser protegido e o tráfego civil.
- considerar que qualquer veículo pode potencialmente ser um VBIED.
- mantendo uma distância de 200 metros entre a área livre e a protegida.
Os VBIEDs podem ser detectados com base nas características do veículo e
do motorista, ações de motorista, assim como sinais da área. Vejamos os indicadores
potenciais de VBIEDs:
a) Característica do veículo:
- uma antena adicional (IED Rádio Controlado).
- vidros escurecidos ou cobertos.
- pintura recente de veículo, que abranja alterações na estrutura.
- furos grosseiramente cobertos, feitos na lataria do veículo.
- marcas de solda nova.
- não possui placas de identificação.
- acompanhado por segurança (escolta de outro veículo incomum).
- pneus novos em um veículo antigo.
b) Características do motorista/ações:
- presença de um motorista solitário, masculino.
- ignorando as ordens para parar.
- tentativa de contornar um posto de segurança.
- tentativa de realizar manobras próximo a tropas.
- aparência incomum.

(Manual de ensino/Emprego da Cavalaria.................................................................................122/124)


REFERÊNCIAS

- C 2-1 Emprego da Cavalaria;


- C 2-36 Esquadrão de Cavalaria Mecanizada;
- C 2-36-1 O Pelotão de Cavalaria Mecanizada;
- C 17-20 Forças Tarefas Blindadas;
- IP 21-2 O Caçador;
-Nota de aula. NA – Técnicas, Táticas e Procedimentos, do Centro de Instrução
de Blindados, 2015;

-Nota de Aula. NA – Emprego de Pelotões Provisórios, do Centro de Instrução


de Bindados, 2015.

(Manual de ensino/Emprego da Cavalaria.................................................................................123/124)

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