Cultura e Diversidade Rosa Lydia Teixeira Correa
Cultura e Diversidade Rosa Lydia Teixeira Correa
Cultura e Diversidade Rosa Lydia Teixeira Correa
ISSN: 1809-8479
[email protected]
Pontifícia Universidade Católica de Minas
Gerais
Brasil
Lidia Kadlubitski(*)
Sérgio Junqueira(**)
RESUMO
A presente pesquisa objetivou refletir sobre cultura e diversidade religiosa no
contexto brasileiro. Para tanto, desenvolveu-se uma abordagem crítica subsidiada
por uma pesquisa documental, que se fundamentou na análise de alguns suportes
legais, considerando a Constituição de 1988; a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional n. 9.394/96; os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Religioso
de 1997; a Conferência Nacional de Educação de 2010, entre outros. Os resultados
apontam que a diversidade religiosa advinda da elaboração cultural, sempre esteve
presente na história da humanidade, como uma forma de questionar o sentido da vida
e da transcendência em relação às questões vitais que preocupam o ser humano. Com
vistas ao reconhecimento da diversidade cultural e religiosa e para garantir a liberdade
de expressão assegurada pelo artigo 5º, inciso VI, da constituição brasileira, o Ensino
Religioso em nosso país foi legalmente aceito como parte dos currículos das escolas
oficiais do ensino fundamental, pelo artigo 33 da LDB 9.394/96. Na escola o Ensino
Religioso, por meio do estudo do fenômeno religioso, desencadeia o respeito para com
o diferente, com o propósito de fomentar o diálogo inter-religioso e a tolerância a toda
e qualquer religião, necessários em busca da Fraternidade Universal.
PALAVRAS-CHAVE: Cultura. Diversidade Religiosa. Educação. Fraternidade
Universal.
ABSTR ACT
This study aimed to reflect on cultural and religious diversity in the Brazilian context.
For this purpose, we developed a critical approach aided by a documentary research, which
was based on analysis of some legal support, considering the 1988 Constitution, the Law
of Directives and Bases of National Education No 9394/96, the National Curriculum for
(*)
Mestre em Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUCPR. Atua no Nú-
cleo de Intercâmbio e Cooperação Internacional da PUCPR. E-mail: [email protected]
(**)
Pós-Doudor em Ciências da religião pela PUC São Paulo. Professor no Centro de Teologia e
Ciências Humanas da PUCPR. E-mail: [email protected]
Religious Education 1997, the National Conference on Education, 2010, among others. The
results show that religious diversity arising from cultural development has always been present
in human history, as a way of questioning the meaning of life and transcendence over the
vital issues of concern to humans. With a view to the recognition of cultural and religious
diversity and to ensure freedom of expression guaranteed by Article 5, paragraph VI, of the
Brazilian constitution, religious education in our country has been legally accepted as part
of the curricula of public schools of basic education, by Article 33 LDB 9394/96. At school,
Religious Education, through the study of religious phenomena, triggers the respect for the
different, with the goal of promoting inter-religious dialogue and tolerance to any religion,
necessary in the search for universal fraternity.
KEYWORDS: Culture. Religious Diversity. Education. Universal fraternity.
INTRODUÇÃO
A palavra cultura possui inúmeras definições, uma delas afirma ser o sa-
ber acumulado e transmitido de uma geração a outra, valores universais, arte,
folclore, entre outros (Seehaber; Junqueira, 2006). Para Treichler e Gross-
berg (1995, p. 14):
A cultura é entendida tanto como uma forma de vida - compreendendo idéias, atitu-
des, linguagens, práticas, instituições e estruturas de poder - quanto toda uma gama
de práticas culturais: formas, textos, cânones, arquitetura, mercadorias produzidas em
massa, e assim por diante.
A cultura adquire formas diversas através do tempo e do espaço. Essa diversidade se ma-
nifesta na originalidade e na pluralidade de identidades que caracterizam os grupos e as
sociedades que compõem a humanidade. Fonte de intercâmbios, de inovação e de criativi-
dade, a diversidade cultural é, para o gênero humano, tão necessária como a diversidade
biológica para a natureza. Nesse sentido, constitui o patrimônio comum da humanidade
e deve ser reconhecida e consolidada em beneficio das gerações presentes e futuras.
DIVERSIDADE RELIGIOSA
Toda pessoa tem o direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito
inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa
religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, isolada ou
coletivamente, em público ou em particular.
meio de diferentes modos de criar, fazer e viver. Significa falar então que a
religiosidade pode ser exteriorizada por meio de diferentes práticas.
No Brasil, a diferença religiosa não pode, nem deve ser justificativa
possível para apoiar qualquer ação de violência ou perseguição, uma vez que
está pautada na idéia ilimitada de liberdade, recebida tanto pelos que descrê-
em, quanto por aqueles que crêem num Ser Superior. Uma vez que o texto
constitucional reconhece a diversidade religiosa e a liberdade de escolha e de
práticas de culto religioso, quando estabelece que “é inviolável a liberdade de
consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos
e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e as suas liturgias”
(Brasil, 1988, art. 5º, VI).
Não obstante, os documentos oficiais do Brasil reiterarem que este país
está fundamentado nos princípios da diversidade religiosa, ainda se verificam
atos desrespeitosos e preconceituosos contra as religiões minoritárias em nossa
sociedade e no mundo todo. E em concordância com a URI (2007) são inú-
meros os casos de vítimas de ódio e intolerância contra aqueles que pensam
diferente, ou fazem suas preces de maneira diferente, ou ainda chamam o Ser
Superior por nome diferente. E ainda dentro desse contexto, a URI (2007, p.
10) afirma que “não haverá paz verdadeira até que todos os grupos e comu-
nidades reconheçam a diversidade de culturas e religiões da família humana,
dentro de um espírito de respeito mútuo e de compreensão”.
E, para isso, Marín (2003. p. 2) ensina que “a educação possibilita a pre-
servação da diversidade cultural, cria um espaço democrático, dando lugar ao
encontro e convivência entre as diferentes culturas”. Dessa forma, nas escolas,
o Ensino Religioso, a partir da perspectiva da diversidade religiosa, contribuirá
para uma escola democrática e mais inclusiva. Uma vez que, de acordo com
Corrêa (2008), a reflexão de culturas historicamente excluídas de direitos, se
manifesta como um imperativo, já que é conseqüência salutar de progressivas
mudanças que expressam ambivalentemente conquistas, mas também recuos,
razão pela qual, faz-se necessário ao universo educativo escolar abrir-se para a
convivência com as diferenças presentes no Brasil.
Com o propósito de fomentar o diálogo inter-religioso, o respeito e a
tolerância a toda e qualquer religião, a LDB 9394 de 1996, ratifica a posição da
Constituição Brasileira de 1988 no que concerne à diversidade religiosa. E pelo
art. 33 o Ensino Religioso, no nosso país, foi legalmente aceito como parte do
currículo das escolas oficiais de ensino fundamental, superando o proselitis-
CONSIDERAÇÕES
REFERÊNCIAS
______. MEC. Lei de Diretrizes e Bases de Educação Nacional – Lei Nº 9394/96. Brasília,
DF, 1996.
______. MEC. Documento Final. Conferência Nacional da Educação. Brasília, DF, 2010.
JUNQUEIRA, Sérgio R. A.; RODRIGUES, Edile Maria Fracaro; RAU, Débora To-
niolo. História Geografia e Ensino Religioso: Uma proposta integrada. Diálogo Educ.,
Curitiba, v. 7, n. 20, p. 143-165, jan./abr. 2007.
_____, MENEGHETTI, Rosa Gitana; SCHOWICZ, Lilian Ana. Ensino Religioso e sua
relação pedagógica. Petropolis: Vozes, 2002.
URI - Iniciativa das Religiões Unidas de Curitiba. Diversidade religiosa e direitos huma-
nos. Curitiba: Gráfica da Assembléia Legislativa do Estado do Paraná. 2007.
Recebido em 22/10/2010
Aprovado em 30/11/2010