Unidade II
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Unidade II
Módulo
Concepções de Literatura e
II Ensino
Unidade
2
Literatura e práticas educativas: proposições
metodológicas
Autor
APRESENTANDO A UNIDADE
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
TEXTO 1
http://pibidufrpe.ning.com/profile/
Recife (FIR), além de colaborar na UFPE, FAINTVISA,
FACHO e FAFIRE. Tem publicações sobre ensino
de Língua Portuguesa e de Literatura, abordando:
letramento, leitura literária e novas tecnologias, PCN,
literatura pernambucana, entre outros. É autora do
IvandaMartins
livro Literatura em sala de aula: da teoria literária à
prática escolar.
Figura 01
essa atitude deve incidir de modo dinâmico a partir do texto literário para que o aluno possa
estabelecer relações interativas com o objetivo a fim de que o estudo se torne significativo.
Reconhecendo o texto literário como sendo “plural”, faz-se necessário, segundo a autora,
que seja proporcionado ao aluno momentos de interação que possibilitem a percepção das
relações existentes entre a “Literatura e as outras áreas do conhecimento” de modo que
“Leitura, Literatura e Interdisciplinaridade” possam estar articuladas, desenvolvendo uma
compreensão mais crítica a partir do texto literário. Para que isso aconteça, é necessário ao
aluno obter noções prévias sobre intertextualidade, interdisplinaridade, transversalidade e
intersemiose com a finalidade de que haja a construção de uma compreensão crítica dos
textos literários que lhes forem oportunizados.
Como exemplificação de sua proposta de ensino, a autora sugere o texto “Poema
tirado de uma notícia de jornal”, do poeta Manuel Bandeira, demonstrando exemplos sobre
as noções apresentadas. A autora propõe uma reflexão sobre a “Escolarização da Leitura
Literária” ao chamar a atenção para o fato de que “é necessário que o aluno compreenda
a literatura como fenômeno cultural, histórico e social, instrumento político capaz de
revelar as contradições e conflitos da realidade” (MARTINS, 2006, p. 90). Evitando, assim,
transformar o texto literário em discurso estático, o que o limitaria tão somente a simples
pretexto para questões de análise gramatical, por exemplo.
No tocante à “Literatura e escola: relação marcada por mitos”, a autora chama
atenção para a existência de alguns mitos – Literatura é muito difícil; é preciso ler obras
literárias para escrever bem; e, a linguagem literária é marcada pela especificidade – os
quais são capazes de disseminar ideias preconceituosas, o que só contribui para a formação
de leitores acríticos.
Em “Ensino da Literatura e novas tecnologias: qual o papel da escola?” notamos uma
preocupação da autora em vista da postura que o leitor precisaria ter – e não demonstra
ter – em relação ao que se lê através das novas tecnologias: e-books, blogs, chats etc. O
indivíduo passa a “navegar” e, como tal, o dilema da leitura literária se repete. Quando ele
(o aluno, indivíduo agora navegador) parece perdido em meio a tantos recursos tecnológicos
que propagam, cada vez mais rápido, informações na mídia eletrônica, provocando, dessa
maneira, a Escola a desenvolver estratégias ainda mais diversificadas com vistas a preparar
melhor o “leitor-navegador”. A respeito dessas questões referentes ao conflito entre o
mundo da internet e a leitura de Literatura, Ivanda comenta:
Esse mesmo aluno ainda não estava conseguindo sequer perceber o que está nas
entrelinhas – o não dito –, portanto, seria necessário desenvolver uma leitura mais crítica
para o que está ocorrendo na sociedade, de modo que os alunos encontrem o prazer de ler.
Enquanto isso não acontecer, continuarão lendo os resumos das obras clássicas disponíveis
na web, recortando e copiando textos da internet, o que só diminui sua capacidade
imaginativa, limitando seu potencial de coprodução textual enquanto leitores críticos.
Em seguida, a autora apresenta uma breve reflexão sobre a “Literatura em sala de
aula: sugestões metodológicas” com o intuito de enfatizar nos níveis de intertextualidade –
homoautoral; heteroautoral; endoliterária; e exoliterária – em decorrência das frequentes
e rápidas mudanças contextuais que são possíveis de trabalhar na escola. Para melhor
compreensão desses níveis de intertextualidade, Ivanda apresenta o seguinte quadro:
para que o docente possa realizar uma atividade interativa na sala de aula com vistas a
aprendizagem significativa e plural que o texto literário é capaz de proporcionar.
TEXTO 2
A fim de nos ajudar nessas reflexões, recorremos ao professor José Hélder Pinheiro
Alves. Ele é professor de Literatura Brasileira, Teoria da Literatura e Literatura Infanto-
Juvenil na Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), na Paraíba. Mestre e doutor
em Letras pela Universidade de São Paulo. É autor de vários livros, além de capítulos de
livros publicados.
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importância sua leitura integral. Ao lê-lo, você verá
http://contaumahistoria.com.br/wp-
que o professor Hélder tece comentários pertinentes
acerca do livro didático de Literatura, procedendo
a uma investigação, digamos, de caráter histórico,
desde algumas publicações dos anos de 1960 até
publicações dos anos de 1990.
Primeiramente, transcreveremos um trecho
da “introdução” o qual se constitui em depoimento
pessoal do autor sobre sua experiência com o livro
didático de Literatura. Vejamos o que fala o professor: Figura 03
[...]devo confessar que eles foram meu socorro quando iniciei o magistério.
Os esquemas a colocar nos quadros, as datas, alguns poemas, que até
decorei como o tempo, me foram ofertados pelos livros didáticos. Mas
com o tempo, vamos percebendo que um livro difere pouco de outro.
Que muitos textos se repetem e o que foi descoberta passa a ser limitação.
[...] a experiência de trazer para a sala de aula antologias de poemas, de
contos e crônicas e discuti-las, encená-las suscita um tipo de vibração, de
alegria bem mais significativa do que ficar listando características de estilos
de época. [...] passei a perceber que os livros didáticos, que foram úteis
para um jovem que não tinha condições de comprar livros, poderiam ser
bem mais completos se privilegiassem mais a leitura dos textos (poemas,
crônicas, contos, fragmentos de romances e peças teatrais, para ficar só
com alguns gêneros do domínio literário). (PINHEIRO, 2006, p. 103).
• não se interessa apenas em indicar os limites do livro didático. Ela sugere saídas sempre
ciente dos limites de qualquer proposta;
Diversidade de livros
1. Destaca-se a diversidade de autores e de reedições.
2. Boa quantidade de livros no mercado.
3. O modo de apresentar a literatura e de conceber o seu ensino não tem sofrido
grandes alterações.
4. Dois modelos de livros didáticos: os livros de coleções voltadas para os três anos
do ensino médio e os de volume único.
5. Quase sempre são de língua e literatura; em muitos deles, a literatura é a menor
parte.
6. Em geral, estas obras são muito parecidas, sobretudo nos problemas:
1. A quantidade de textos literários é sempre muito pequena.
2. Além da quantidade, há a questão do fragmentarismo.
3. Os autores omitem muitas referências bibliográficas.
4. Outro problema é o modo como são trabalhadas as figuras de linguagem.
5. Os livros didáticos são, em sua totalidade, escritos no eixo Rio-São Paulo, os
autores não priorizam autores contemporâneos de outras regiões do país.
6. No fim da década de 1960, publica-se Literatura brasileira em curso, de Dirce
Riedel, Carlos Lemoas, Ivo Barbieri, Therezinha Castro.
Se o manual é de
Diálogo das artes: proximidade
literatura, espera-se que a
temática ou de estilo entre um
predominância seja de textos
poema e um quadro e uma escultura.
literários.
História da literatura
1. Estuda-se mais história da literatura e não as obras em particular.
2. Tendem a apresentar as obras como exemplo de determinados estilos de época.
3. O problema não é do autor do livro: eles têm espaço delimitado e não podem ir
além do que imposto.
4. Não privilegiar um método que força a memorização e não a experiência real de
leitura dos textos.
• Não seria mais produtivo estudar Gregório de Matos, por exemplo, lendo uma
diversidade maior de poemas de uma antologia que traz sempre mais poemas que
qualquer livro didático?
1. Os professores precisariam estar mais bem preparados intelectual e
metodologicamente, fundamentando-se em trabalhos de crítica literária á
disposição em livros, artigos, teses e dissertações.
2. A escola é o lugar de leitura e discussão.
3. As condições sociais da absoluta maioria dos professores, a própria formação a
que tiveram na universidade torna quase impossível a hipótese de deixar de lado o livro
didático.
4. Hoje, os meses de janeiro ou junho são tomados por reuniões, planejamentos e
outras atividades que nem sempre fazem avançar a prática educativa.
Sugestões de trabalho
Partindo de sua experiência de sala de aula, o autor faz duas sugestões bem pontuais.
Segundo ele, o trabalho com a literatura deve sempre estar ligado à nossa vida, nossos
desejos, nossos mais diversos sentimentos. Assim, aponta as seguintes sugestões:
1. É bom que o(a) professor(a) conheça um pouco a realidade social e cultural de seus
alunos.
2. Qualquer que seja o LD adotado pelo profissional de ensino, sugere que ele não
fique preso apenas aos textos do livro.
Nesta linha de raciocínio, o professor José Hélder Pinheiro finaliza:
TEXTO 3
http://www.crisdias.com/s/43018/gramatica-
mais detalhado sobre as formas literárias: o poema, o
literatura-e-producao-de-textos-curso-
texto teatral, a crônica e o conto. Essas formas literárias
são estudadas como sendo gêneros textuais, ou gêneros
do discurso, o que compreendemos ser uma forma
reducionista de estudo dos gêneros literários.
completo-2-grau.html
No capítulo 31, que trata do gênero crônica, os
autores lembram que o gênero é híbrido: oscila entre a
literatura e o jornalismo.
2. Gramática, literatura & produção de textos para o
ensino médio, de Ernani Terra & José de Nicola:
Figura 06
Esta obra é dividida em três partes: Produção de textos, Gramática e Literatura. Na
parte Literatura, no capítulo 1, “A arte literária”, inicia-se com duas gravuras: Esboço para A
Negra e A Negra, ambas de Tarsila do Amaral, e um fragmento do poema Pai João, de Jorge
de Lima, com exercício. Apresentam um estudo sobre literatura – “A arte literária” – o qual
traz fragmentos dos críticos José Veríssimo, Jonathan Culler e do poeta norte-americano
Ezra Pound. Os autores finalizam esse trecho, sintetizando o que fora exposto: exposicoes/exposicao_permanente_obras/
exposicoes/exposicao_permanente_obras/
exposicao_permanente_obras_tarsila.asp
http://www.mac.usp.br/mac/templates/
exposicao_permanente_obras_tarsila.asp
http://www.mac.usp.br/mac/templates/
Figura 07 Figura 08
Dessa forma, apenas como ponto de partida do nosso trabalho com literatura,
podemos estabelecer que:
• em toda obra literária percebe-se uma ideologia, uma postura do artista diante da
realidade e das aspirações humanas. (ERNANAI & NICOLA, 2002, p. 234).
Após essa introdução ao estudo de literatura, os autores iniciam o estudo sobre os
gêneros literários, propriamente ditos. Reportam-se à divisão clássica feita por Aristóteles:
lírico, dramático e épico. Optam por acrescentar às três formas aristotélicas, o gênero
narrativo, que compreende as narrativas em prosa. Como se pode ver na síntese a seguir:
• Gênero lírico: ode e hino; elegia; idílio e écloga; epitalâmico; sátira; soneto;
• Gênero épico: aqui, os autores fazem menção à epopeia e apresentam sua divisão:
proposição ou exórdio; invocação; dedicatória; narração; epílogo. (ERNANAI &
NICOLA, 2002, p. 235-6).
No segundo capítulo desta obra, “A linguagem literária”, além de discutirem acerca da
conotação, da denotação e das figuras de linguagem, os autores finalizam o capítulo com
fragmentos do texto Retórica e poesia, de Jonathan Culler, cujo tema central trata de uma
abordagem sobre a divisão aristotélica entre retórica e poesia, a teoria literária e a metáfora.
No capítulo 3, “Periodização das literaturas portuguesas e brasileiras”, os autores
estabelecem uma rápida diferença entre arte literária e história da literatura.
Em seguida, surge um capítulo com a exposição da periodização literária portuguesa,
subdividindo-a em: Era medieval; Era clássica e Era romântica ou moderna; e a periodização
literária brasileira, subdividida em: Era colonial (de 1500 a 1808); Período de transição (de
1808 a 1836) e Era nacional (de 1836 até nossos dias).
Nos capítulos destinados ao estudo de literatura, há uma abordagem historiográfica,
com ênfase das escolas literárias, dos momentos históricos de cada período em estudo,
com dados sobre a vida dos autores. O texto literário é apresentado em fragmentos, sem
nenhuma referência ao texto enquanto objeto estético da palavra escrita.
Recomendo que, para finalizar esse estudo, a leitura do capítulo integral de minha
tese, bem como a consulta às obras analisadas, ressaltando as edições que utilizei.
ATIVIDADES
LEITURAS OBRIGATÓRIAS
1. MARTINS, Ivanda. “A literatura no ensino médio: quais os desafios do professor?”.
In: Português no ensino médio de formação do professor. São Paulo: Parábola, 2006. (p.
83-102).
2. OLIVEIRA, Florêncio Caldas de. O ensino de literatura na perespectiva dos gêneros
literários: uma proposta de trabalho. 2010. 245p. Tese (Doutorado em Letras) – Programa
de Pós-Graduação em Letras, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa. 2010.
3. PINHEIRO, José Hélder. “Reflexões sobre o livro didático de literatura”. In: Português
no ensino médio de formação do professor. São Paulo: Parábola, 2006. (p. 103-116).
LEITURAS COMPLEMENTARES
1. BRANDÃO, Roberto de Oliveira. “Os manuais de retórica brasileiros do século
XIX”. In: O Ateneu: retórica e paixão. São Paulo: Brasiliense, 1988. (p. 43-58).
2. GEORGES, Snyders. Alunos felizes: reflexão sobre a alegria na escola a partir de
textos literários. Trad. Cátia Aida Pereira da Silva. Rio de janeiro: Paz e Terra, 1993.
3. LAJOLO, Marisa. “Literatura e história da literatura: senhoras muito intrigantes”.
In: História da literatura: ensaios. Campinas, SP: Editora da UNICAMP, 1994. (p. 19-36).
REFERÊNCIAS
ZILBERMAN, Regina. (org.). Leitura em crise na escola: as alternativas do professor.
11.ed. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1993. (Novas Perspectivas, 1).
MACHADO, Irene A. Literatura e redação. São Paulo: Scipione, 1994. (Série Didática –
Classe Magistério).
ROCCO, Maria Thereza Fraga. Literatura, ensino: uma problemática. São Paulo: Ática,
1981. (Ensaios, 77).
LISTA DE FIGURAS
Figura 01 - http://pibidufrpe.ning.com/profile/IvandaMartins
Figura 02 - http://www.letramento.iel.unicamp.br/portal/wp-content/uploads/2009/07/
livro_clecio.jpg
Figuras 03 -http://contaumahistoria.com.br/wp-content/uploads/2012/04/0000001277.jpg
Figura 05 - http://lista.mercadolivre.com.br/portugus-linguagens-vol-1-william
Figura 06 - http://www.crisdias.com/s/43018/gramatica-literatura-e-producao-de-textos-
curso-completo-2-grau.html
Figura 07 - http://www.mac.usp.br/mac/templates/exposicoes/exposicao_permanente_
obras/exposicao_permanente_obras_tarsila.asp
Figura 08 - http://www.mac.usp.br/mac/templates/exposicoes/exposicao_permanente_
obras/exposicao_permanente_obras_tarsila.asp