TEXTO APOIO - Tecnologias de Fundicao
TEXTO APOIO - Tecnologias de Fundicao
TEXTO APOIO - Tecnologias de Fundicao
de
Tecnologia de Fundição
Dulce Rodrigues
DEM - FCTUC
2007
Capítulo 1
Introdução
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Figura 1.2 – Moldação Destrutível (Areia Verde). Figura 1.3 – Moldação Permanente (Coquilha).
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a) Processos de fundição com Moldação em Areia:
• Processos de moldação com Aglomerantes Inorgânicos;
- Processo de moldação em Areia Verde;
- Processo de moldação em Areia Seca;
- Processo de moldação com CO2/Silicato;
- Processo de moldação por Cera Perdida;
• Processos de moldação com Aglomerantes Orgânicos;
- Processo de moldação em Carapaça;
- Processo de moldação em Caixa Quente;
- Processo de moldação por Presa a Frio;
- Processo de moldação em Caixa Fria;
• Processos de moldação com areias não aglomeradas;
- Processo de moldação com Moldes em Poliestireno;
- Processo de moldação em Vácuo.
b) Processos de fundição com agregados refractários;
• Processos de moldação com Cerâmica;
• Processos de moldação com Gesso.
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Estes dois grandes grupos de processos de fundição fazem uso de tecnologias
diferentes e são de um modo geral destinados ao vazamento de materiais diferentes:
Materiais Ferrosos no caso das Moldações Destrutíveis e Não Ferrosos no caso das
Moldações Permanentes. Com efeito, as Moldações Permanentes são normalmente
construídas em Ligas de Aço ou Ferro Fundido, sendo menos refractárias do que as
Moldações em Areia, pelo que a sua utilização está limitada ao vazamento de Ligas
Metálicas com temperaturas de fusão bastante inferiores às do metal da Moldação.
Pelos motivos expostos, no sector dos Metais Ferrosos, os processos de fundição
com moldação em Areia predominam. A opção por uma ou outra variante deste processo
faz-se de acordo com o número de peças a ser obtido, a dimensão das peças, a sua
complexidade, a precisão dimensional requerida e o grau de exigência em termos de
acabamento superficial. Já a obtenção de peças em Metais Não-Ferrosos pode ser
realizada quer utilizando Moldações Destrutíveis, quer através de Moldações
Permanentes. Atendendo ao facto das Moldações Permanentes serem fabricadas em
metais refractários e apresentarem enorme complexidade, o projecto e fabricação deste
tipo de Moldações são extremamente dispendiosos, pelo que a sua utilização só se
justifica no caso da produção de séries numerosas de peças de pequena e média
dimensão. No caso de séries reduzidas de peças, e na produção de componentes de
grande dimensão, a utilização de Moldações Destrutíveis continua a ser a solução
preferencial, mesmo para o vazamento de peças em Ligas Não-Ferrosas. Todos estes
aspectos serão melhor entendidos nos capítulos seguintes, nos quais será realizada uma
descrição geral das metodologias básicas da Fundição com Moldação Destrutível e da
Fundição com Moldação Permanente. Nesses capítulos serão também analisadas,
individualmente, as diferentes variantes de cada um destes grupos de processos de
fundição.
Neste texto serão ainda discutidos outros aspectos com influência determinante na
qualidade das peças obtidas por Fundição. Com efeito, a qualidade final do produto
pretendido está directamente relacionada com a capacidade de assegurar o completo
enchimento da Moldação, e ainda, com a capacidade de controlar o próprio processo de
solidificação da peça, assegurando a integridade estrutural e metalúrgica da mesma.
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A entrada do metal líquido na Moldação, assim como o correcto enchimento da
cavidade, são asseguradas pelo Sistema de Enchimento, que é constituído por um
conjunto de canais, vulgarmente denominados por Gitos, no interior dos quais circula o
metal líquido. A distribuição destes canais e a sua forma, condicionam o escoamento do
metal líquido no interior da Moldação, e deste modo, a possibilidade de ocorrência de
erosão (Moldações Destrutíveis) ou desgaste (Moldações Permanentes) da mesma
durante o enchimento. O Sistema de Enchimento condiciona ainda o gradiente de
temperaturas na Moldação, e deste modo, a forma como se dá a solidificação da peça,
influenciando a sanidade da mesma.
A integridade estrutural e metalúrgica da peça está ainda associada à ocorrência de
contracção durante a solidificação das peças. Para evitar que as peças fundidas fiquem
com vazios resultantes da contracção do metal líquido durante a fase de solidificação, são
por vezes incorporadas cavidades suplementares na Moldação, que se enchem de metal
líquido durante o vazamento, com o objectivo de o fazer chegar às últimas zonas a
solidificar na peça. Ao conjunto dessas cavidades chama-se Sistema de Alimentação.
Naturalmente, todo o material que ficar retido nos Sistemas de Enchimento e de
Alimentação (quando necessário) e solidificar agarrado à peça, não sendo parte integrante
da sua geometria, terá que ser removido através de operações de maquinagem posteriores.
Deste modo, os Sistemas de Enchimento e Alimentação da Moldação devem ser
cuidadosamente dimensionados durante a fase de projecto da mesma de modo a diminuir
ao máximo este desperdício de material. Este tema será também abordado com detalhe
em capítulos subsequentes.
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Capítulo 2
1 Introdução
Como foi referido no capítulo anterior, as Moldações Destrutíveis são aquelas que, tal
como a própria designação indica, são destruídas após o vazamento e solidificação do
metal líquido, de modo a permitir a extracção da peça à qual deram origem. Ou seja, cada
Moldação serve apenas para a obtenção de uma única peça. Normalmente, de modo a
permitir definir a cavidade com a forma da peça a obter, as Moldações Destrutíveis são
compostas por duas ou mais Caixas de Moldação (Figura 2.1. b e c) que, depois de
empilhadas, constituem a Moldação (Figura 2.1.d) a partir da qual será obtida a peça
pretendida (Figura 2.1.a). As Caixas de Moldação são geralmente fabricadas em chapa de
Aço ou de Ferro Fundido e destinam-se a facilitar a manipulação das Moldações, em
particular, o seu transporte e o posicionamento relativo das várias partes.
b)
a)
e)
f)
d)
c)
2 O Molde
Em toda a sequência de operações necessárias à obtenção de uma peça por fundição com
Moldações Destrutíveis, o Molde é o primeiro elemento a ser produzido, uma vez que é o
instrumento principal na obtenção da Moldação. Uma vez obtido o Molde, basta
introduzi-lo numa Caixa de Moldação, vazar a Areia de Moldação sobre ele, compacta-la
e aglomera-la. Após a compactação e aglomeração da areia, a forma do Molde fica
impressa na Moldação e este deve ser retirado da cavidade a que deu origem sem a
destruir, isto é, deve permitir que a cavidade por si produzida fique vazia e apta para o
posterior enchimento com o metal fundido. A extracção do Molde pode ser efectuada de
dois modos:
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a) b)
c) d)
Figura 2.2 – a) Enchimento da Caixa de Moldação com a areia. b) Caixa de Moldação após a compactação
da areia e a desmoldação. c) Composição da Moldação e vazamento do metal líquido. d) Peça.
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O projecto e desenho dos Moldes deve ter então em atenção a necessidade, ou
não, de desmoldação, a necessidade de incorporação de Machos na Moldação, e ainda,
atender a problemas de ordem dimensional. Com efeito, de modo a garantir o correcto
dimensionamento das peças, a cavidade da Moldação, e deste modo, o próprio Molde,
deverão ser “sobredimensionados” de forma a permitir compensar a variação de
dimensões decorrente da contracção do metal durante a fase de arrefecimento da peça. A
diferença de dimensões entre o Molde e a peça final pretendida é estabelecida em termos
de percentagem (Mingas) tendo em conta o tipo de metal a vazar, as dimensões do Molde
e o tipo de peça. Valores médios para as Mingas a dar aos Moldes podem ser encontrados
na Tabela 2.1.
Tabela 2.1 – Exemplos de Mingas a dar aos Moldes para algumas ligas.
Liga a Vazar Tipo de Peça Dimensão do Molde Mingas
< 600 mm 1.05 %
sem Macho interior 600-1200 mm 0.85 %
Ferro Fundido > 1200 mm 0.70 %
Cinzento
< 600 mm 1.05 %
com Macho interior 600-900 mm 0.85 %
> 900 mm 0.70 %
< 600 mm 2.10 %
sem Macho interior 600-1800 mm 1.55 %
> 1800 mm 1.30 %
Aço Vazado < 450 mm 2.10 %
com Macho interior 450-1200 mm 1.55 %
1200-1700 mm 1.30 %
> 1700 mm 1.05 %
< 1200 mm 1.30 %
sem Macho interior 1200-1800 mm 1.15 %
> 1800 mm 1.05 %
Ligas de Alumínio
< 600 mm 1.30 %
com Macho interior 600-1200 mm 1.15 – 1.05 %
> 1200 mm 1.05 – 0.52 %
< 1200 mm 1.30 %
sem Macho interior > 1200 mm 1.30 %
Ligas de Magnésio
com Macho interior < 600 mm 1.30 %
> 600 mm 1.05 %
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de modo a fazer chegar metal líquido às últimas zonas a solidificar na peça. A dimensão e
localização dos componentes do Sistema de Alimentação devem ser escolhidas
previamente ao projecto do Molde, de modo a prover a Moldação das cavidades
correspondentes a este sistema. O mesmo se passa relativamente ao Sistema de
Enchimento da peça, que é constituído por um conjunto de canais no interior dos quais
circula o metal líquido até chegar à cavidade da Moldação. As cavidades correspondentes
ao Sistema de Enchimento podem ser moldadas utilizando o Molde, mas em muitas
situações, alguns do seus componentes são escavados na Moldação após a desmoldação e
compactação da areia. Na Figura 2.3 mostra-se um exemplo de um Molde que incorpora
já os elementos necessários à obtenção dos Sistemas de Enchimento e Alimentação
aquando da moldação. Naturalmente, todo o material que ficar retido nestes elementos da
Moldação e solidificar agarrado à peça, não sendo parte integrante da sua geometria, terá
que ser removido através de operações de maquinagem posteriores. Deste modo, os
Sistemas de Enchimento e Alimentação da Moldação devem ser cuidadosamente
dimensionados durante a fase de projecto da mesma, de modo a diminuir ao máximo este
desperdício de material. Este tema será abordado com detalhe em capítulos subsequentes.
Sistema de Sistema de
Enchimento Alimentação
Imprenso
Figura 2.3 – Esquema do Molde de uma
peça cilíndrica tubular
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destinados a ser furados ou dos contornos exteriores destinados a ser maquinados, são
tabelados em função dos metais a vazar e da dimensão das zonas a maquinar. Na tabela
2.2 mostram-se exemplos destas grandezas.
Tabela 2.2 – Exemplos de Sobreespessuras a dar aos Moldes para algumas ligas.
Dimensão da Moldação Sobreespessuras para maquinagem (mm)
Liga a Vazar
[mm] Furos1 Superfícies exteriores
< 300 3.0 2.5
300 – 600 5.0 3.0
Ferro Fundido 600 – 1000 5.5 5.0
Cinzento 1000 – 1500 8.0 6.5
1500 – 2000 9.5 8.0
2000 – 3000 11.0 9.5
< 300 5.0 3.0
300 – 600 6.5 5.0
600 – 1000 8.0 8.0
Aço Vazado
1000 – 1500 9.5 9.5
1500 – 2000 12.5 11.0
2000 – 3000 16.0 12.5
< 300 2.5 1.6
Latões, Bronzes e
300 – 600 4.5 3.0
Alumínio
600 – 1000 5.0 4.0
1
Dimensão a deduzir ao diâmetro nominal do furo para obter o diâmetro do Macho
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2.1 Moldes Permanentes
Um Molde Permanente, tal como a própria designação indica, destina-se a ser utilizado
na obtenção de várias Moldações e deve ter uma geometria tal que facilite a operação de
desmoldação após compactação e a agregação da areia na Moldação. Na Figura 2.4
exemplifica-se uma operação de desmoldação para três geometrias possíveis do Molde.
No primeiro caso (Fig.2.4.a), o Molde apresenta paredes verticais rectas, o que pode
originar destruição da Moldação durante a desmoldação devido ao arrastamento da areia.
De modo a evitar este inconveniente, os Moldes Permanentes são construídos com uma
certa inclinação das paredes, que é introduzida intencionalmente, e se designa
vulgarmente por Saída do Molde (Fig.2.4.b). Na Figura2.4.c dá-se um exemplo de um
Molde com Contra-Saída, em que a operação de desmoldação é de todo impossível. Este
tipo de problema é evitado através de um estudo prévio da orientação da peça na
Moldação.
a) b) c)
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operação de desmoldação ou serem utilizados lubrificantes. Qualquer uma destas medidas
traduz-se num encarecimento do produto final e só devem ser tomadas no caso de ser de
todo impossível introduzir Saídas na geometria do Molde, e deste modo, na geometria da
peça final. Com efeito, a execução de Saídas altera as dimensões das peças pelo que se
deve verificar se essa alteração é compatível com a funcionalidade da peça, ou então, de
que forma se deve introduzir a inclinação das paredes de modo a garantir a
compatibilidade funcional.
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No caso de peças com geometrias complexas pode ser necessária a divisão da
Moldação (e do Molde) em mais do que duas partes, sendo necessário definir vários
Planos de Apartação, ou então, uma Superfície de Apartação não plana. A definição do(s)
Plano(s) de Apartação é também de extrema importância aquando do projecto de peças
destinadas ao vazamento em Moldações Permanentes, uma vez que neste caso a peça é
extraída da Moldação após a abertura desta. No item que se segue são apresentadas
algumas regras a seguir na escolha do(s) Plano(s) ou Superfície(s) de Apartação.
Uma vez seleccionada a orientação preferencial da peça, com base nas premissas
anteriores, deve ser verificada a existência de Contra-Saídas e/ou a necessidade de
introdução de Saídas. No caso de existirem Contra-Saídas, deverão ser estudadas várias
possibilidades, tais como, a reorientação da peça, a utilização de uma Superfície de
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Apartação não plana, a utilização de vários Planos de Apartação, e consequentemente, de
mais do que duas Caixas de Moldação, e finalmente, a utilização de Machos exteriores
para obtenção de algumas formas complicadas. A metodologia de análise seguida na
determinação do Plano de Apartação encontra-se esquematizada na Figura 2.7 e será
explicada no texto com base nesse diagrama onde se representam, a título de exemplo,
algumas peças com características geométricas semelhantes às indicadas no
procedimento.
Tal como referido anteriormente, e se indica no esquema, o processo de
identificação do Plano de Apartação inicia-se averiguando se a peça apresenta algum
plano horizontal com secção máxima. Se a peça possuir esse plano, deve verificar-se se
os planos que lhe são paralelos apresentam secção horizontal progressivamente menor da
secção máxima para a extremidade, ou seja, se a peça apresenta “saídas naturais” (Peças
1 e 2 no esquema). Se isso acontecer, o plano com secção máxima corresponde ao Plano
de Apartação da Moldação.
Verificar se a peça
Sim apresenta secção Não
horizontal máxima
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No caso de peças que não apresentam apenas um plano horizontal com secção
máxima, ou seja, as secções são todas iguais (Peça 3), naturalmente, qualquer plano da
peça pode ser Plano de Apartação. Nesta situação, se a peça for de dimensões reduzidas,
será exequível imprimir a cavidade em apenas uma Caixa de Moldação, pelo que o Plano
de Apartação corresponderá a uma das superfícies externas da peça a partir da qual serão
introduzidas as Saídas (Peça 4). No caso de a peça ser de grandes dimensões, será
aconselhável utilizar duas Caixas de Moldação. O Plano de Apartação deve então ser
localizado num plano intermédio e as Saídas devem ser introduzidas a partir desse plano
(Peça 5).
Se por sua vez a peça apresentar apenas um plano horizontal com secção máxima,
mas simultaneamente, apresentar zonas com secção constante desde a secção máxima até
à superfície (zonas sem saída, Peça 6), devem ser introduzidas saídas nessas zonas de
modo a facilitar a desmoldação (Peça 7). O Plano de Apartação corresponderá novamente
ao plano horizontal com secção máxima da peça. Uma outra hipótese será a peça
apresentar um plano horizontal com secção máxima e zonas com secção variável não
decrescente desde a secção máxima até à superfície (Peças 8 e 9). Neste caso, a definição
do Plano de Apartação a partir do plano horizontal com secção máxima é impossível, pois
a parte da peça com secção variável apresenta Contra-Saídas. De modo a evitar as
Contra-Saídas, a peça deve então ser reorientada (Peças 10 e 11) e repetida toda a análise
anterior. Caso não seja possível definir um Plano de Apartação único para todas as
reorientações possíveis da peça, a alternativa seguinte será estudar a possibilidade de
introduzir Superfícies de Apartação.
A determinação da Superfície de Apartação (Ver esquema da Figura 2.8) deve ser
iniciada determinando se a peça apresenta uma superfície não plana com secção máxima
relativamente a outras superfícies paralelas. Em caso afirmativo, e de acordo com o
procedimento anteriormente descrito, deve verificar-se se essas superfícies paralelas
apresentam secções progressivamente menores da secção máxima para as extremidades.
Se assim for, a superfície máxima corresponderá à Superfície de Apartação da peça. Caso
contrário, a peça apresentará zonas Sem Saída ou com Contra-Saídas. No primeiro caso, e
tal como anteriormente descrito, basta introduzir Saídas a partir da secção máxima
correspondente à Superfície de Apartação. Se a peça apresentar zonas com Contra-Saídas
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a partir da secção máxima não horizontal, devem ser estudadas novas soluções, tal como
a utilização de várias Caixas de Moldação, ou seja, introduzir vários Planos de Apartação.
Para tal basta verificar, pelo mesmo método anteriormente descrito para a determinação
do Plano de Apartação, se é possível encontrar dois ou mais planos paralelos que
permitam a partição do Molde da peça em três; ou mais partes, possíveis de retirar da
Moldação. No esquema da Figura 2.9 dá-se um exemplo de uma peça nessas condições,
conjuntamente com o esquema da Moldação, dos Moldes e dos Machos necessários à sua
obtenção.
Superfícies Não
Sim
Superfícies todas iguais
progressivamente
menores da Não
superfície máxima
para o exterior
Sim
Zonas sem
saída Contra
saídas
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Caixas de Moldação se revelar pouco produtiva ou inadequada ao equipamento de
fundição disponível nas instalações.
Peça
Peça
É possível encontrar
dois ou mais Planos
Sim Não
de apartação
paralelos
Moldes
Molde
Macho
Moldação
Macho
Introduzir alterações no Molde até se
Macho
eliminarem as Contra-Saídas e determinar
Moldação com três o Plano de Apartação do Molde assim
ou mais Caixas de obtido. A cavidade a mais que surgirá na
Moldação Moldação será ocupada por Machos. Moldação
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Coloca-se o Molde
Molde sobre um plano Coloca-se a Caixa de
Moldação sobre o Molde
Enche-se de material
refractário e compacta-se Desmolda-se
Completa-se a Moldação
Coloca-se o Molde
sobre uma Caixa Falsa
Molde Coloca-se a Caixa de
Moldação, enche-se de
areia e compacta-se
Repete-se a operação
com o outro lado do
Molde, obtendo-se a
Retira-se a Caixa Falsa e outra Meia Moldação
Faz-se a composição da
desmolda-se
Moldação
Figura 2.11 – Fases na obtenção da Moldação com Molde inteiro e Caixa Falsa.
20
das Meias-Moldações Inferior e Superior em postos de trabalho diferentes. O principal
inconveniente desta solução reside no perigo de desalinhamento das peças produzidas
(Figura 2.12. e) se não forem tomados cuidados para garantir a centragem exacta das duas
Meias-Moldações (Figura 2.12. d). Para evitar este problema é usual montar cada meio
Molde numa Placa-Molde que conterá guias para o posicionamento das Caixas de
Moldação. As Placas Molde podem ser simples, ou duplas, conforme o equipamento a
que se destinam (Figura 2.13). Na Figura 2.14 mostra-se o exemplo de uma Placa Molde
montada numa máquina de moldação automática. De acordo com as necessidades
produtivas, podem ser montados vários Moldes numa só Placa, e deste modo, obtidas
várias peças simultaneamente numa mesma Moldação. Na Figura 2.15 mostram-se duas
Placas-Molde utilizadas para a obtenção de uma Moldação que permitirá o vazamento
simultâneo de várias peças.
a) b) c)
21
Figura 2.14 – Montagem de uma Placa-Molde numa máquina de moldação automática.
22
movimento adequado de rotação, translação, ou ambos, geram uma cavidade destinada a
servir de Molde para a Meia Moldação Superior (Figura 2.16). Na obtenção da Meia
Moldação Inferior são utilizados elementos designados por Acrescentos, que uma vez
fixos à Cércea permitem obter, através de um procedimento semelhante, a cavidade
correspondente à parte inferior da peça. O uso de Cérceas de Translação baseia-se no
mesmo princípio de funcionamento das Cérceas de Revolução. A diferença fundamental
é que enquanto estas últimas rodam em torno de um eixo, as Cérceas de Translação são
guiadas sobre réguas com o perfil que se pretende moldar.
Cércea
23
Figura 2.17 – Representação esquemática de um Molde Simplificado.
24
a ter em atenção, pois é determinante para a durabilidade total do Molde. Na Tabela 2.1
mostra-se a comparação destas características para as famílias de materiais supracitados.
Tabela 2.4 – Comparação das características de alguns materiais utilizados nos Moldes.
Madeira Alumínio Aço Plástico
Densidade Excelente Boa Má Boa
Maquinabilidade Excelente Boa Regular Boa
Resistência ao desgaste Má Boa Excelente Regular
Resistência à rotura Regular Boa Excelente Boa
Facilidade de reparação Excelente Má Boa Regular
Resistência à corrosão Excelente Excelente Má Excelente
Absorção de humidade Má Excelente Excelente Excelente
25
Analisando a Tabela 2.4, poder-se-á dizer que a Madeira apresenta vantagens na
produção de Moldes grandes, ou destinados a pequenas séries de Moldações, devido à sua
leveza e custo reduzido. Este material apresenta no entanto o inconveniente de ser
altamente higroscópico, sofrendo variações de dimensão importantes em função do
estado higrométrico do ambiente. A resistência ao desgaste da madeira é também bastante
reduzida o que torna este material contra-indicado na produção de grandes séries de
Moldações.
No caso das Ligas Metálicas, que apresentam custos e peso muito superiores ao
da Madeira, a sua utilização é recomendada para a produção de séries grandes de peças
relativamente pequenas e em situações em que a tolerância dimensional ou o acabamento
exigido em bruto de fundição seja muito exigente. As Ligas Metálicas mais utilizadas são
o Aço, o Ferro Fundido, o Latão, as ligas à base de Alumínio e o Bronze.
Na produção de grandes séries de Moldações, e principalmente, no caso de séries
repetitivas no tempo, as Resinas tornam-se a solução mais indicada para a construção do
Molde. Nestas situações, é construído um Contra-Molde, que permite a substituição
rápida do Molde assim que este fica inutilizado.
26
Figura 2.20 – Moldes Destrutíveis em Cera.
27
desta de modo a garantir excelente permeabilidade. Nesta situação, o processo é
vulgarmente designado pelas siglas EPC, correspondentes à designação inglesa
“Evaporative Pattern Casting”. Cada um destes processos será analisado em detalhe no
capítulo seguinte, pelo que não serão aqui acrescentados mais pormenores relativamente
às características e processo de obtenção deste tipo de Moldes. Com efeito, as
características de cada um destes tipos de processos são indissociáveis das características
e do modo de obtenção dos Moldes.
3 Os Machos
Os Machos são os elementos incorporados na cavidade da Moldação com o objectivo de
preencher o espaço correspondente ao volume interior das peças com furos ou cavidades.
Este elemento foi já esquematizado na Figura 2.1. Tal como se representa nessa figura, os
Machos são posicionados dentro da cavidade apoiados nos Imprensos da Moldação,
sendo também eles providos de saliências nas zonas de apoio.
Os Machos são incorporados na Moldação depois da operação de desmoldação,
imediatamente antes da fase de empilhamento das Caixas de Moldação. Uma vez que
estes elementos podem ficar suspensos na cavidade da Moldação, simplesmente apoiados
nas suas extremidades, e são aí colocados manualmente ou utilizando robosts
manipuladores, terão naturalmente que apresentar a resistência suficiente para suportar os
esforços assim aplicados. A resistência não deve no entanto ser excessiva, pois tal como a
própria Moldação, os Machos são destruídos após a solidificação da peça, pelo que
devem ser colapsáveis. Devem ainda ser construídos em materiais refractários, de modo a
suportarem as elevadas temperaturas do vazamento sem deteriorações inconvenientes.
Por todos estes motivos, os Machos, tal como as Moldações Destrutíveis, são também
eles construídos utilizando agregados refractários vulgarmente designados como Areia de
Machos.
As Areias de Machos, distinguem-se das Areias de Moldação, pelo facto de
apresentarem granulometria inferior e serem aglomeradas recorrendo a resinas termo ou
auto endurecíveis. Em situações específicas de obtenção de peças de elevada
responsabilidade em termos precisão dimensional e acabamento superficial, a Areia de
Machos pode também ser utilizada para fabricar a Moldação. Pormenores específicos
28
sobre a composição das areias utilizadas, assim como o tipo de aglomerantes utilizados,
serão apresentados mais à frente neste texto.
A ferramenta a partir da qual são obtidos os Machos, chama-se Caixa de Machos.
A Caixa de Machos deve ser partida no número de elementos necessários para permitir a
saída do Macho sem a sua destruição, deve estar provida dos ocos necessários à definição
dos Imprensos do Macho e o dimensionamento do seu interior deve atender à variação
dimensional da peça durante o arrefecimento, bem como à necessidade de
sobreespessuras para maquinagem e aos riscos de deformação no arrefecimento. Na
Figura 2.21 mostra-se o esquema de uma Caixa de Machos (a) utilizada para a obtenção
do Macho representado em (d).
a) b) c) d)
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• A escolha do processo de moldação, a escolha do equipamento mais adequado
para construir a Moldação, o projecto dos Machos e selecção do processo para a
sua obtenção, projecto do Molde e selecção do material para a sua fabricação,
estudo dos Sistemas de Enchimento e Alimentação da Moldação;
• Execução dos elementos necessários à composição da Moldação (Moldes,
Machos, Caixas de Moldação);
• Fabricação das Moldações;
• Fusão do material seleccionado para a peça após correcto loteamento de matérias-
primas e sucatas;
• Vazamento, solidificação e arrefecimento do metal líquido no interior da
Moldação;
• Destruição da Moldação e separação do material desta da peça.
• Limpeza das peças, geralmente por grenalhagem, separação dos Gitos e
rebarbagem.
30
Capítulo 3
1 Introdução
Todas as tecnologias de enformação por fundição envolvem o vazamento de Ligas
Metálicas em Moldações construídas em materiais refractários, ou pelo menos, fabricadas
em materiais com temperatura de fusão muito superior à temperatura de vazamento das
ligas a que se destinam. No caso do vazamento de Ligas Ferrosas, o recurso a materiais
metálicos com estas características para a construção da Moldação pode assumir custos
incomportáveis, pelo que vulgarmente se recorre à utilização de partículas refractárias de
origem mineral (Areias) e a materiais cerâmicos. Contudo, devido ao baixo preço das
areias naturais, e à abundância com que estas ocorrem na natureza, a generalidade das
Moldações Destrutíveis são feitas neste material, mesmo para o vazamento de Ligas de
Baixo Ponto de Fusão. A sua utilização está no entanto condicionada pelas limitações que
estas apresentam no que respeita ao rigor dimensional e qualidade de acabamento
superficial das peças, assim como à baixa produtividade característica deste processo.
São bastante variadas as tecnologias de fundição que fazem uso de Moldações em Areia.
Com efeito, as diferentes variantes deste processo de fundição com Moldações
Destrutíveis podem distinguir-se quer pela utilização de areias com diferente composição
química e/ou granulometria, quer pela utilização de diferentes técnicas de aglomeração
das areias. No texto que se segue serão descritos os diferentes tipos de areias utilizadas na
construção das Moldações Destrutíveis, as suas características, os diferentes constituintes
da mistura vulgarmente designada por Areia de Moldação, e ainda, algumas das
tecnologias que fazem uso das Moldações em Areia.
32
nomeadamente, a refractariedade, a dilatação térmica, a condutividade térmica, o preço e
a salubridade. De realçar ainda que a composição química da Areia de Base deve ser
seleccionada assegurando a sua inércia química relativamente ao metal a vazar.
Em termos de expansão térmica, por exemplo, as areias apresentam um
comportamento muito diferente de acordo com a composição química. A Figura 3.1
mostra as curvas de dilatação das diferentes Areias de Base em função da temperatura.
Analisando o gráfico é possível constatar que a Areia de Sílica é, sob este aspecto, a mais
problemática pois, independentemente da temperatura, apresenta valores de expansão
térmica superiores aos das restantes areias, e ainda, um comportamento não linear, o que
torna mais difícil prever as dimensões finais das peças. Apesar deste comportamento, de
todas as areias supramencionadas, aquela que é sem dúvida a mais utilizada é a Areia de
Sílica, por ser uma areia muito abundante em depósitos naturais, e por isso, bastante
económica.
1.4
1.2
Expansão Linear (%)
1
0.8
0.6
0.4
0.2
0
0 200 400 600 800 1000 1200
Temperatura (ºC)
Figura 3.1. Representação gráfica das curvas de dilatação das diferentes Areias
de Base em função da temperatura
33
modo geral, os grãos de areia de origem natural são redondos enquanto os grãos das
areias sintéticas, resultantes da trituração mecânica de rochas, apresentam forma
angulosa. A granulometria e a forma dos grãos influenciam de forma determinante a
qualidade da superfície das peças vazadas. De um modo geral, grãos de areia finos e
arredondados conferem melhor acabamento superficial às peças vazadas, pois permitem a
obtenção de superfícies pouco rugosas no interior da cavidade da Moldação. No caso dos
grãos angulosos, a maior irregularidade no encosto entre grãos, bem como, o maior atrito
entre eles, dificulta a compactação da areia, levando à formação de espaços entre os grãos
que são propícios à ocorrência de penetração metálica na interface Metal/Moldação, e
consequentemente, à obtenção de peças com acabamento superficial irregular.
2.1.2 Aglomerantes
Os Aglomerantes são os constituintes da Areia de Moldação que tem por função envolver
os grãos da Areia de Base, aderindo a eles e conferindo coesão à mistura após
compactação, secagem e/ou reacção química. Aquando da selecção de um Aglomerante
há a considerar aspectos do seu comportamento tais como a Adesão, a Coesão, o
Comportamento no Aquecimento, o Tempo de Vida e o Tempo de Espera. Enquanto a
Adesão diz respeito à facilidade com que o Aglomerante envolve os grãos de Areia de
Base, e é conseguida através de uma mistura mais ou menos demorada destes dois
componentes, a Coesão está directamente relacionada com resistência interna do próprio
Aglomerante e com o modo de a obter. Com efeito, de acordo com o tipo de Aglomerante
em uso, a Coesão ou Presa da mistura pode ser obtida por processos mecânicos
(compactação), químicos (formação de um gel, desidratação química, etc) ou térmicos. A
Coesão final da Areia da Moldação irá depender de factores tais como o tipo de
Aglomerante em uso, a sua percentagem na Areia de Moldação, a correcção do processo
mistura, e finalmente, a correcção no procedimento de presa. De notar que o consumo de
Aglomerante está relacionado com a superfície específica dos grãos da Areia de Base
(superfície por unidade de volume), pelo que a utilização de areias com grão fino ou
anguloso implicará um maior consumo relativamente às areias grosseiras e de grão
arredondado.
34
O comportamento do Aglomerante durante o aquecimento condiciona o
comportamento mecânico da Moldação durante o vazamento, a libertação de gases por
acção do calor e a facilidade de abate após solidificação da peça. De uma forma geral, o
abate da Moldação é tanto mais fácil quanto maior for a quantidade de gases libertados
por acção do calor. Finalmente, características como o Tempo de Vida e o Tempo de
Espera, estão directamente relacionadas, respectivamente, com o tempo que a Areia de
Moldação pode ser armazenada antes da moldação sem perda de propriedades e com o
tempo que as Moldações podem ser armazenadas sem perda de propriedades antes do
vazamento.
Os aglomerantes usados em fundição são geralmente classificados em dois
grandes grupos: Aglomerantes Inorgânicos e Aglomerantes Orgânicos. Os principais
tipos de Aglomerantes Inorgânicos actualmente em uso na Industria de Fundição são a
Argila e os Silicatos de Sódio e de Etilo. Os Aglomerantes Orgânicos mais utilizados são
as resinas sintéticas, Termoendurecíveis e Auto-endurecíveis. Cada um destes tipos de
Aglomerantes necessita de procedimentos de presa específicos e apresenta características
diferentes, conferindo propriedades diferentes à Moldação, o que leva a que os processos
de fundição com Moldações em Areia possam ser classificados de acordo com o tipo de
Aglomerante em uso. Na Tabela 3.1 resumem-se os processos de moldação associados a
cada tipo de Aglomerante indicando-se o tipo de componentes que podem ser obtidos.
35
2.1.3 Aditivos
36
uniformidade. Neste sentido, é importante que a Areia de Base esteja seca e apresente um
teor de impurezas extremamente reduzido e granulometria conhecida. Com este
objectivo, todas as areias que chegam à Fundição são armazenadas em silos e antes de
serem incorporadas na mistura são sujeitas a um processo de secagem, moagem (para
desfazer possíveis torrões), separação por tamanho de grão (em crivos com aspiradores
para retirar poeiras), e finalmente, doseadas de acordo com a granulometria de modo a
serem incorporadas em quantidades certas na mistura.
Secagem Trituração
Separação Separação
Dosagem Dosagem
Recuperação
Preparação da
Aditivos Mistura Aglomerantes
Moldação
Construção
Desmoldação
da Moldação
Composição
Vazamento
Arrefecimento
Eliminação de
Abate Poeiras e Torrões
37
A Areia de Moldação é obtida pela adição, em quantidades controladas, dos
Aglomerantes e Aditivos à Areia de Base pré-tratada (Preparação da Mistura),
promovendo-se a sua mistura em moinhos destinados a este fim. Após a mistura, a Areia
de Moldação passa num desintegrador para que os grãos pré-revestidos com Aglomerante
e Aditivos sejam separados, conferindo deste modo uma maior homogeneidade à mistura
e melhores características de moldação. A Areia de Moldação é de seguida transportada
até ao sector de moldação onde é distribuída e compactada sobre os Moldes, no interior
das Caixas de Moldação, e sujeita às operações necessárias para conferir coesão ao
Aglomerante em uso, procedendo-se de seguida à desmoldação e composição das
Moldações por empilhamento das Caixas de Moldação.
Após a composição das Moldações, estas são transportadas até à zona de
Vazamento, onde são cheias com o metal líquido, seguindo-se um período de espera até à
solidificação total ou parcial da peça. Assim que a peça ganha resistência suficiente para
ser extraída da Moldação, esta é destruída (Abate) e a Areia de Moldação é novamente
recolhida e tratada. Com efeito, uma boa parte da Areia de Base utilizada na composição
da Areia de Moldação pode ser reutilizada no circuito de produção. Isto é especialmente
verdade no caso de serem utilizados Aglomerantes Inorgânicos do tipo Argiloso. Para
isso, após a fase de abate da Moldação, a Areia de Moldação é sujeita a uma série de
operações que consistem na destruição da Moldação num desmoldador, trituração dos
torrões resultantes desta operação, separação das partículas metálicas da mistura de areia
(utilizando separadores magnéticos ou por crivagem), separação das partes vitrificadas,
pós, argilas mortas e grãos (por crivagem segundo a granulometria em crivos com
aspirador), e finalmente, dosagem de modo a permitir a sua reutilização controlada em
próximas misturas. A areia nova e a areia reciclada são misturadas nos moinhos
misturadores, onde são também adicionados os Aglomerantes e os Aditivos.
Nas Fundições modernas, a preparação da mistura, seguindo todas as etapas
supramencionadas, é comandada automaticamente através de uma unidade de controlo
central que controla todas as operações, desde a dosagem dos diferentes componentes da
Areia de Moldação, a partir dos depósitos onde são armazenados, até à temperatura e
humidade em cada uma dessas unidades, o seu transporte em tapetes até aos moinhos
onde é preparada a mistura, e esta última, à linha de produção das Moldações. O circuito
38
de recolha e reaproveitamento da areia é também monitorizado pelo mesmo sistema. Na
Figura 3.3 mostra-se o quadro do painel de controlo de uma destas unidades.
39
Durante a fase de Vazamento, a Areia de Moldação deve ainda resistir à erosão e
suportar os esforços dinâmicos e estáticos resultantes do escoamento do metal líquido no
seu interior e do enchimento da cavidade. Nesta fase das operações, a refractariedade da
mistura é também uma característica muito importante, pois esta deve suportar o calor do
metal vazado sem fundir nem perder resistência. A mistura de areia não deve reagir com
o metal líquido, deve apresentar baixa libertação gasosa e boa permeabilidade, e
finalmente, não deve dilatar significativamente por acção do calor pois isso pode
acarretar variações dimensionais danosas. Após o Vazamento, durante o arrefecimento da
peça, a contracção do metal deve ser absorvida sem resistência pela Areia de Moldação,
de modo a não fissurar ou deformar as peças. Do mesmo modo, durante a fase de abate
que se seguirá, a Areia de Moldação deve apresentar boas características de
colapsibilidade, ou seja, após a fase de vazamento, é desejável uma perda de resistência
da Moldação.
Para cumprir todos estes requisitos a Areia de Moldação deve ser elaborada com
vista à optimização e controlo de três propriedades fundamentais: Refractariedade,
Permeabilidade e Resistência. Cada uma destas propriedades será discutida e analisada
no texto que se segue.
2.3.1 Refractariedade
Em linguagem de fundição, a refractariedade pode ser definida como a capacidade que a
Areia de Moldação apresenta de suportar as temperaturas de vazamento, sem fundir ou
amolecer. Esta propriedade é condicionada pelas características refractárias dos
componentes da mistura, e em especial, pelas propriedades refractárias da Areia de Base
que constitui o esqueleto da Moldação. Os factores mais importantes no controlo da
refractariedade da Areia de Moldação são, a composição química e a pureza do
constituinte principal da Areia de Base, o tamanho e a forma do grão, e ainda, o teor e o
tipo de Aglomerantes e Aditivos utilizados.
Na Tabela 3.2 mostram-se as temperaturas de sinterização (correspondente à
temperatura de início de fusão destes materiais) para os principais tipos de Areias de Base
já enunciados. Os valores indicados na tabela correspondem à temperatura de fusão
máxima da areia em condições de elevada pureza. No caso da Areia de Olivina é indicado
40
um intervalo de temperaturas de sinterização, pois sendo esta uma areia sintética, as suas
características variam consoante a composição mineralógica das rochas trituradas para a
sua obtenção. As areias naturais apresentam também temperaturas de sinterização
variáveis de acordo com o grau de pureza. A temperatura de sinterização da Areia de
Sílica, por exemplo, pode variar de acordo com a sua origem, podendo descer a 1200ºC,
para a areia proveniente de alto mar com elevado teor em conchas, até 1050ºC, no caso de
a areia apresentar elevado teor de argila. As impurezas mais comuns nas areias siliciosas
naturais são a Mica, o Óxido de Ferro, Carbonatos de Cálcio, Magnésio, Sódio, Potássio e
por vezes substâncias orgânicas. A utilização de areias com baixo ponto de fusão, sejam
elas de origem natural ou sintética, é permitida para o vazamento de Ligas de Baixo
Ponto de Fusão e de alguns Ferros Fundidos, mas é totalmente inaceitável para o
vazamento de Ligas de Aço, que nunca apresentam temperaturas de vazamento inferiores
a 1500 ºC.
41
específica, condiciona negativamente a refractariedade, quer pela maior facilidade de
aquecimento dos grãos, quer pelo maior consumo de Aglomerante.
2.3.2 Permeabilidade
A permeabilidade da Areia de Moldação pode ser definida como a capacidade que esta
apresenta, após aglomeração e/ou compactação, de se deixar atravessar por gases. Esta é
uma característica importante atendendo a que o correcto enchimento da Moldação pelo
metal líquido exige um escoamento rápido do ar nela contido e dos gases que se formam
no seu interior. Os gases formados podem ter origem, quer na decomposição dos Aditivos
e Aglomerantes, quer na evaporação da humidade contida na areia. Se o ar e os gases
formados não forem expulsos na sua totalidade do interior da Moldação, podem originar
defeitos de fundição, devido ao incorrecto enchimento da cavidade e à possibilidade de
absorção desses gases no seio do metal líquido e consequente formação de porosidades.
Atendendo a que permeabilidade das Areias de Moldação está relacionada com a
existência de poros entre os grãos de areia, através dos quais os gases podem ser
transportados para o exterior da Moldação, esta característica será tanto melhor quanto
maior for o tamanho médio de grão e os espaços entre eles. Areias com grão fino
apresentarão menor permeabilidade devido à menor dimensão dos poros. O mesmo se
passa no caso das areias com elevada dispersão de tamanho de grão, uma vez que os
grãos mais finos ocuparão os espaços vazios entre os grãos mais grossos.
A permeabilidade varia ainda em função da forma dos grãos. Grãos angulosos
podem proporcionar boa permeabilidade devido ao encosto irregular entre os grãos, que
proporciona a formação de espaços vazios entre eles. Contudo, a utilização de areias com
este tipo de grãos implica um maior consumo de Aglomerante, o que tem uma influência
muito negativa sobre a permeabilidade, sendo na prática preferível, do ponto de vista da
permeabilidade, a utilização de areias com grãos arredondados.
2.3.3 Resistência
Tal como foi referido anteriormente, a Areia de Moldação deve apresentar resistência
suficiente para suportar quer o manuseamento desde a execução da Moldação até ao
vazamento, quer os esforços transmitidos à Moldação durante a fase de enchimento. A
42
resistência é conferida à Areia de Moldação através da adição de Aglomerantes e
Aditivos, dependendo assim do tipo de Aglomerantes e Aditivos utilizados, do seu teor na
mistura, da homogeneidade da mistura e da correcção no processo de presa do
Aglomerante. Atendendo a que o componente principal da mistura é a Areia de Base, esta
constitui a estrutura de suporte da Moldação, e deste modo, a granulometria e a forma do
grão apresentam uma influência preponderante sobre a sua resistência. De salientar ainda
uma desejável redução da resistência da Moldação após o início da solidificação do metal
líquido, de modo a esta poder absorver a contracção das peças sem as danificar e facilitar
o abate da Moldação.
De um modo geral a resistência da Areia de Moldação é superior quando são
usadas Areias de Base de grão grosseiro que implicam um menor consumo de
Aglomerante, ou então, areias com tamanho de grão bastante disperso. No último caso, a
obtenção de elevada resistência está associada ao facto de os grãos mais finos ocuparem
os espaços entre os grãos mais grosseiros, aumentando o número de pontos de contacto
entre grãos, e criando deste modo uma maior estrutura de apoio à Moldação. No caso
específico de serem utilizados Aglomerante Inorgânicos do tipo Argiloso, a resistência
aumenta com a diminuição da granulometria da areia.
A resistência da Moldação é ainda condicionada pela forma do grão da Areia de
Base. De um modo geral, os grãos de forma angulosa apresentam uma influência negativa
sobre a resistência pois o maior atrito entre grãos conduz a uma maior dificuldade na
execução das Moldações, nomeadamente na compactação da areia.
43
aglomerantes argilosos são constituídos, em proporções variáveis, por sílica, alumina e
água, apresentando uma estrutura lamelar em que a maior percentagem da água é retida
entre as lamelas. As lamelas caracterizam-se por apresentarem forte coesão interna e
coesão interlamelar moderada, originada pela presença da água, a qual confere à Argila as
características de resistência e moldabilidade necessárias. O tempo de vida da Areia de
Moldação e o tempo de espera das Moldações são por este motivo fortemente
condicionados pelo teor de água na Areia de Moldação. As Moldações obtidas por este
processo serão designadas por Moldações em Areia Verde, no caso de a Moldação ser
consolidada apenas por compactação, ou Moldações em Areia Seca, no caso de a
Moldação ser submetida a secagem após compactação, apresentando um teor de água
reduzido relativamente à mistura inicial e valores de resistência muito superiores.
A Areia de Sílica, sendo uma Areia de Base de origem natural, é obtida a partir de
depósitos naturais, e por isso, apresenta já um certo teor de argila na sua constituição. O
conteúdo de argila na Areia de Sílica deve ser determinado antes de esta ser utilizada para
a mistura, empregando um procedimento experimental simples que será descrito mais à
frente neste capítulo. De acordo com a quantidade de argila presente nas Areias de Sílica
antes da mistura, estas podem ser classificadas como Areia de Sílica Natural, Areia de
Sílica Semi-Sintética ou Areia de Sílica Sintética. No primeiro caso, a areia apresenta
na sua composição o teor de Argila suficiente para a execução das Moldações, bastando
para tal adicionar a quantidade de água e aditivos necessários para conferir à mistura as
características desejadas. As Areias de Sílica Semi-Sintéticas e Sintéticas são aquelas que
apresentam teores médios ou baixos de Argila, respectivamente, pelo que não podem ser
utilizadas na moldação sem a adição de uma quantidade adicional deste componente.
Por não exigirem a incorporação adicional de Argila, as Areias de Sílica Naturais
são as mais económicas, apresentando um excelente envolvimento dos grãos de Areia de
Base pela Argila, pelo que permitem a obtenção rápida de uma mistura de excelente
qualidade e homogeneidade. A elevada percentagem de impurezas e o alto teor de Argila
podem contudo ter uma influência negativa sobre a refractariedade e a permeabilidade da
Moldação.
Quando é necessário proceder à incorporação de Argila na Areia de Base, os tipos
de Argila mais utilizados são a Bentonite Sódica, a Bentonite Cálcica e a Caulinite.
44
Relativamente à Caulinite, as Bentonites apresentam uma maior capacidade de absorção
de água e um poder aglomerante muito superior. Por sua vez, a Bentonite Sódica
apresenta melhores propriedades do que a Cálcica, nomeadamente, sofre menos
degradação durante o vazamento, o que facilita o seu reaproveitamento.
A adição de Pó de Carvão, um Aditivo do tipo carbonáceo, à Areia de Moldação,
tem por objectivo a inibição de reacções químicas entre a mistura de moldação e o metal
vazado, funcionando ainda como amortecedor de dilatação e promotor da colapsibilidade
após o vazamento. Com efeito, os Aditivos Carbonáceos, sendo combustíveis, ardem por
acção do calor gerado no vazamento, criando uma atmosfera redutora que diminui ou
impede as reacções metal/moldação. Os gases resultantes da combustão funcionam ainda
como fluido de transporte de calor, possibilitando a homogeneização da temperatura na
Moldação. Paralelamente, ao arder, o Pó de Carvão deixa espaços vazios na Moldação
que facilitam a acomodação do aumento de volume, resultante da dilatação dos grãos de
Areia de Base. A queima do Aditivo diminui ainda a resistência da mistura, promovendo
a colapsibilidade.
A incorporação na mistura de aditivos cerealíferos, como a Dextrina, é também
bastante usual, sendo que no caso das Moldações em Areia Seca, a aditivação com apenas
1% de Dextrina provoca um forte aumento da resistência em seco da Moldação sem
qualquer prejuízo para a colapsabilidade. Este Aditivo não apresenta qualquer influência
sobre a resistência em verde da mistura, podendo funcionar apenas como estabilizador de
humidade, aumentando o tempo de vida e o tempo de espera das Moldações, antes da
secagem. O facto de aumentar a tendência da mistura a fixar a humidade ambiente pode
contudo diminuir o tempo de espera das Moldações em seco. A resistência em verde das
Moldações pode ser melhorada através da incorporação de Aditivos Celulósicos fibrosos
que promovem uma melhor distribuição dos esforços na Moldação. Os materiais fibrosos
mais utilizados são a Palha, o Linho e o Lúpulo.
45
A fase de preparação da mistura é comum a todos os processos de Moldação em
Areia e apresenta as características e procedimentos já descritos anteriormente. A
Compactação consiste na consolidação forçada da mistura contra o Molde, de modo a
obter-se a forma deste na Moldação e conseguir-se a resistência necessária para suportar
as operações seguintes. Apesar de esta operação ser comum a vários processos de
moldação, reveste-se de especial importância na moldação com Aglomerantes Argilosos,
uma vez que a coesão e resistência final das Moldações é fortemente dependente do teor
de água na mistura e da sua compactação. Finalmente, a fase correspondente à Secagem
faz apenas parte do sistema produtivo das Moldações em Areia Seca. Esta operação, que
consiste em retirar parte da água incorporada aquando da preparação da mistura, pode ser
aplicada à totalidade da Moldação, por aquecimento entre os 200 e os 400ºC em estufa,
ou apenas superficialmente, mediante aquecimento local. Este último procedimento de
secagem destina-se a ser utilizado em Moldações de grandes dimensões. Com efeito, a
secagem total deste tipo de Moldações é possível, mas obriga à subdivisão da Moldação
em partes que são executadas separadamente e montadas depois da operação de secagem,
o que aumenta de forma crítica o tempo de produção. Atendendo aos custos associados à
operação de secagem, quer em termos de equipamento, quer em tempo de produção, esta
operação só se realiza quando é impreterível aumentar a resistência da Moldação.
46
Choque ou Inércia, realiza-se por meio de máquinas cujo prato, e com ele a Caixa de
Moldação, sofre sucessivas quedas livres seguidas de retorno à posição inicial. No fim de
cada queda, o prato da máquina estaca repentinamente, e a Areia de Moldação, pela sua
inércia, tende a continuar a cair, comprimindo a areia subjacente. Como se pode ver na
Figura 3.6, a dureza obtida por estes dois processos mecânicos não é regular em toda a
altura da Moldação.
COMPACTAÇÃO POR
COMPRESSÃO
Saída de ar
comprimido
Entrada de ar
comprimido
COMPACTAÇÃO POR
CHOQUE
47
justifica a necessidade destes dois procedimentos de compactação serem usados em
conjunto. A compactação da Areia de Moldação por Projecção é realizada utilizando
turbinas que disparam a areia a grande velocidade contra o Molde. De acordo com a
Figura 3.6, este procedimento permite a obtenção de Moldações com maior dureza e mais
uniformes. Na tabela 3.3 apresenta-se uma análise comparativa destes procedimentos de
compactação das areias.
Distância (D)
D
1 – Compressão
2 – Choque
3 – Projecção
Finalmente, nos processos de calcação por Sopragem, a areia é arrastada por uma
forte corrente de ar comprimido na direcção do Molde enquanto o ar se escoa por
pequenos orifícios ou estreitas fendas (Figura 3.7) na Placa Molde. A compactação da
Moldação é finalizada utilizando sistemas hidráulicos de compactação, como o
esquematizado na figura 3.5. Por este processo conseguem-se obter Moldações, ou
Machos, de formas bastante complexas. Em produções com elevada cadência, a areia
pode ser compactada em Moldações sem aro metálico externo que, após serem
compactadas hidraulicamente na máquina, são assembladas sequencialmente na linha de
vazamento (Processo Disamatic esquematizado na figura 3.8).
Entrada de ar
comprimido
Escape de ar
comprimido
48
Figura 3.8 – Esquema da sequência de obtenção de Moldações pelo
processo Disamatic e fotografia de uma linha de vazamento.
49
3.1.2 Propriedades técnicas das moldações em areia Verde e Seca
50
utilizada para fazer a mistura é normalmente constante. O que se faz é tentar minimizar a
quantidade de Argila Queimada na mistura de moldação através de uma reutilização
ponderada da Areia de Base. A presença da Argila Queimada na mistura, devido à sua
baixa granulometria e baixo ponto de fusão, implica também a redução da permeabilidade
e refractariedade da moldação.
b) Influência do teor de água na mistura
Para cada tipo de Argila, a resistência em verde aumenta com o teor de Argila e água
incorporados na mistura. O aumento de resistência com o teor de água é contudo
limitado, podendo verificar-se uma inversão no comportamento quando a quantidade de
água se torna excessiva. Com efeito, existe para cada teor de Argila na mistura, uma
quantidade de água óptima para garantir a mobilidade das Lamelas da Argila, e deste
modo, a sua correcta orientação e envolvimento dos grãos de Areia de Base. A adição de
água em excesso, facilita a orientação das Lamelas, mas ao mesmo tempo, faz aumentar
em demasia o espaço entre elas, ou seja, reduz a coesão interna da Argila com
consequências danosas para a resistência da Moldação em Verde.
No caso das Moldações em Areia Seca, o teor inicial de água utilizado para a
preparação da mistura deve ser o máximo possível, sendo apenas limitado pela
necessidade de prover a mistura em verde da resistência necessária à sua execução,
manuseamento e transporte desde a zona de compactação até à estufa. Com efeito, quanto
maior for o teor de água na mistura, melhor será a orientação das Lamelas, e portanto,
melhor será a coesão entre elas após ser retirada a água em excesso por secagem da
Moldação.
A permeabilidade da Moldação é outra característica técnica fortemente
dependente do teor inicial de água na mistura. No caso das Moldações em Areia Verde, a
permeabilidade diminui com a diminuição da granulometria e com o aumento do teor de
água. Com efeito, se o teor de água na mistura não for muito elevado, a sua vaporização
deixará espaços livres na Moldação por onde os restantes gases podem ser evacuados,
beneficiando deste modo a permeabilidade. Contudo, se a quantidade de água de
composição da Areia de Moldação for muito elevada, a sua vaporização criará uma
pressão de vapor demasiado elevada, que se oporá à saída dos gases da Moldação, o que
na prática se traduz numa diminuição da permeabilidade. Nas Moldações em Areia Seca,
51
uma vez que a água é total ou parcialmente retirada da mistura durante a operação de
secagem, a permeabilidade da mistura não é dependente do teor inicial de água.
52
As Moldações em Areia Seca resultam do processo de secagem das Moldações
em Areia Verde, e são caracterizadas por apresentarem valores de resistência muito
superiores. A utilização deste tipo de moldações apresenta, relativamente à moldação em
Areia Verde, as vantagens e desvantagens resumidas na Tabela 3.5.
53
elevada resistência e precisão dimensional, com bom acabamento superficial e pouco
propensas à libertação gasosa, sendo por este motivo amplamente utilizado na obtenção
de Machos.
Na 2SiO 3 + CO 2 → Na 2 CO 3 + SiO 2 ,
54
Base e o Aglomerante são envolvidos até obter uma mistura homogénea, a qual é
despejada para o interior das Caixas de Moldação, ou das Caixas de Machos, consoante a
ferramenta de fundição que se pretende obter. A mistura é então sacudida e ligeiramente
compactada, de modo a garantir a sua distribuição uniforme e a definição precisa das
geometrias que se pretendem reproduzir. Após a mistura estar acomodada para formar a
Moldação ou Macho, procede-se à insuflação do CO2 com vista à consolidação do
Aglomerante. A insuflação é rápida (10 segundos em média) e as Moldações e Machos
assim obtidos podem ser utilizados de imediato. Na figura 3.9 esquematizam-se os
métodos possíveis para a insuflação do CO2.
CO2
CO2
a) b)
CO2
CO2
c) d)
Câmara de vácuo
CO2
e)
55
3.2.2 Propriedades técnicas das Moldações e Machos
De um modo geral, a resistência das Moldações e Machos obtidos por este processo varia
em função do módulo do Silicato e do tempo de insuflação do CO2, sendo de extrema
importância o controlo destas duas variáveis. Com efeito, no caso de ser utilizado um
Silicato com Módulo baixo (M≤2), a resistência aumenta progressiva e ininterruptamente
com o tempo de insuflação do CO2. Contudo, se o Módulo do Silicato for superior a 2, a
resistência aumenta apenas durante o período de insuflação necessário à desidratação do
Silicato e ao aumento da viscosidade do gel de SiO2. A compacidade do gel aumenta de
forma contínua com a desidratação, e a partir de um certo período, dependente do
Módulo do Silicato, deixa de ter volume suficiente para garantir a ligação entre os grãos
de areia, e deste modo, conduz a uma perda de resistência. Este comportamento está
esquematizado na Figura 3.10.
M=2
Resistência
M=2.5
M=3
56
obtidos para os Silicatos de Módulo elevado. A perda de resistência por desidratação
apresenta ainda uma influência perniciosa sobre o tempo de espera das Moldações e
Machos, que não é em geral muito longo. Este inconveniente pode ser superado através
da utilização de Silicatos com módulo baixo, tempos de insuflação reduzidos e
armazenamento em condições controladas, o que permite uma desidratação controlada do
Silicato, e deste modo, o aumento de resistência da areia durante o tempo de espera. Este
armazenamento controlado é designado por envelhecimento. O armazenamento das
Moldações e Machos em condições de elevada humidade relativa é também
desaconselhado devido ao carácter altamente higroscópico da mistura. Do ponto de vista
da resistência, observou-se ainda que a insuflação lenta de CO2 a baixa pressão, é sempre
preferível à insuflação rápida a pressão elevada.
A resistência do Silicato sofre também variações significativas por efeito do calor
durante o vazamento do metal fundido. Com efeito, se o processo de presa não foi
suficientemente longo para permitir a desidratação completa do Silicato, esta ocorrerá
durante o vazamento, provocando um aumento da resistência da areia, que atingirá
valores máximos para temperaturas entre 300 e 400ºC. A partir destas temperaturas, e até
ser atingida a temperatura de 800ºC, para a qual o Silicato entra em fusão, os efeitos da
desidratação continuada fazem-se sentir através da contracção crescente do Silicato, a
qual propicia a perda de resistência da mistura. Este comportamento pode ser considerado
favorável e desfavorável em simultâneo, pois se a perda de resistência permite a
acomodação da expansão da Areia de Base com o calor, o aumento da compacidade do
gel favorece a penetração metálica, prejudicando o acabamento superficial das peças. Se
as temperaturas atingidas na Moldação forem superiores a 800ºC, durante o
arrefecimento, dá-se a vitrificação do Silicato que fundiu durante o vazamento, a qual é
acompanhada por um forte aumento da resistência, aumentando o risco de fissuração e
deformação das peças a quente e influenciando negativamente a colapsibilidade da
mistura. A adição de Aditivos Orgânicos pode melhorar a colapsibilidade e dificultar a
penetração metálica.
De referir ainda que a permeabilidade das areias aglomeradas com Silicato de
Sódio diminui com o aumento do teor em Aglomerante, mas é em qualquer caso superior
à permeabilidade da areia aglomerada com Argila.
57
3.3 Processo de moldação por Cera Perdida
Este é também um processo de moldação em que se faz uso de Aglomerantes Inorgânicos
para promover a ligação das Areias de Base. A denominação de Moldação por Cera
Perdida1 advém do facto de neste processo de Moldação em Areia serem utilizados
Moldes Destrutíveis fabricados em Cera. A sequência de operações necessárias à
obtenção das Moldações por este processo é a seguinte:
1. Execução do Molde em Cera;
2. Construção da Moldação a partir do Molde em Cera;
3. Remoção do Molde do interior da Moldação por destruição do mesmo;
4. Consolidação final da Moldação e vazamento.
De acordo com o procedimento adoptado na operação de construção da Moldação
utilizando o Molde em Cera, podem ser obtidos dois tipos de Moldações através deste
processo, vulgarmente designadas por Moldações em Casca e Moldações em Bloco.
Descrevem-se de seguida as diferentes fases do processo.
1
Em Inglês: Investment Casting Process ou Lost Wax Process.
58
Tabela 3.6 – Tipos de ceras utilizadas em moldação por Cera Perdida.
Ceras vegetais
Ceras naturais à base de Ester
Cera de Abelha
Ceras de Parafina
Ceras naturais à base de Hidrocarbonetos
Ceras Microcristalinas
Ceras de Polietileno
Ceras de Polietileno - Glicol
Ceras sintéticas Ceras Oxidadas
Ceras Emulsionadas
Ceras Cloradas
Injecção de cera
Molde
a)
Árvore de Moldes
b)
O material de que são feitas as Moldações Permanentes para injecção dos Moldes
em Cera, depende do volume de produção pretendido, podendo ser utilizada a Madeira, o
Latão, o Bronze, o Alumínio ou o Aço. Atendendo à reduzida temperatura de
processamento da Cera e ao facto de este material provocar erosão muito reduzida na
Moldação, o Alumínio é o material mais utilizado. A opção pelo Aço só se justifica no
caso de séries de produção extremamente elevadas. De um modo geral, as Moldações são
construídas utilizando operações de maquinagem convencionais. Contudo, no caso de
séries muito reduzidas, podem também ser obtidas por vazamento de ligas de baixo ponto
de fusão sobre um Molde mestre com a mesma forma do Molde em Cera que se pretende
obter. Nos últimos anos, a produção de Moldes em Cera por Prototipagem Rápida (Figura
3.12) tem adquirido também uma importância crescente. Com efeito, através deste
procedimento é possível a maquinagem dos Moldes em Cera com base na sua modelação
em programas de desenho assistido por computador (CAD), que permitem a obtenção de
Moldes com novas geometrias em apenas algumas horas.
59
Figura 3.12 – Exemplo da obtenção de um Molde em Cera por Prototipagem Rápida.
Uma vez que a qualidade superficial das peças a obter está fortemente dependente
do acabamento superficial do Molde em Cera, e este, por sua vez, depende da qualidade
das ferramentas a partir do qual é obtido, estas são construídas com um acabamento final
muito polido e elevado rigor de forma e dimensões. As Ceras utilizadas devem também
atender às seguintes características: temperatura de fusão reduzida, ser quimicamente
inertes relativamente aos materiais a utilizar na construção da Moldação, ter boa fluidez
no estado líquido e rigidez suficiente para permitir o seu manuseamento e a execução das
Moldações sem sofrer deformações ou outro tipo de defeitos. As Ceras utilizadas neste
processo devem ainda apresentar elevada estabilidade dimensional durante a
solidificação, de modo a minorar as diferenças de dimensões entre o Molde e a Moldação
Permanente que lhe dá origem.
As características de resistência das Ceras, que são especialmente importantes no
caso de se pretenderem obter Moldes com secções muito finas, assim como a sua
estabilidade dimensional durante a solidificação, podem ser melhoradas através da sua
aditivação com Polímeros e Resinas (Tabela 3.7). A composição típica de um Molde em
Cera Aditivada será 30-70% de Cera, 20-60% de Polímero e 0-20% de Resina.
60
De modo a assegurar taxas de produção elevadas, através da obtenção de várias
peças, semelhantes ou não, numa só Moldação, é usual montar vários Moldes em Cera
numa Árvore de Moldes, unindo-os uns aos outros através dos Canais de Gitagem
também eles construídos em Cera (Figura 3.11.b e Figura 2.20). Moldes correspondentes
a geometrias de extrema complexidade podem também ser obtidos através da
assemblagem de Moldes mais pequenos, correspondentes à decomposição da geometria
complexa em subelementos mais simples. A soldadura dos diversos componentes, quer
na montagem dos Moldes em Árvore, quer na montagem de Moldes com formas
complexas, é realizada por fusão localizada com uma ferramenta aquecida. As cavidades
internas das peças são reproduzidas através da incorporação de Machos cerâmicos nos
Moldes em Cera.
Uma vez que o Molde em Cera é retirado da Moldação a que dá origem por
destruição do mesmo, e a Moldação se destina a ser destruída para permitir a extracção da
peça a obter, quer o Molde, quer a peça, podem apresentar geometrias bastante
complexas e contra-saídas acentuadas. Com efeito, apenas os Moldes simples a partir dos
quais são compostos os Moldes em Árvore, ou os Moldes com geometrias complexas,
necessitam de ter Plano de Apartação, de modo a permitir a sua extracção da Moldação
Permanente a partir da qual são obtidos.
61
preparada imediatamente antes de ser utilizada. De acordo com o modo como esta
mistura extremamente fluida é distribuída sobre os Moldes em Cera para formar as
Moldações, podem ser distinguidos dois tipos de processos de moldação: Moldação em
Casca ou Moldação em Bloco.
a) d)
b) c)
62
de secagem intermédias, até se formar uma casca com a espessura requerida (Figura
3.13.d). O número de camadas necessárias oscila entre 5 e 7, em função do peso do cacho
e da temperatura de fusão do metal a vazar.
a) c)
b)
Figura 3.14 – Esquema do procedimento de obtenção de uma Moldação em Bloco.
63
a casca refractária interna, ainda não consolidada. De modo a minorar este problema, as
Moldações são aquecidas desde o exterior, de modo a fundir lentamente o Molde em
Cera, a partir da sua superfície. Esta Cera escorre para o exterior da Moldação à medida
que derrete e deixa espaço suficiente para a expansão do núcleo do Molde. A forma como
os Moldes de Cera são montados nas Árvores de Moldes deve também ser estudada de
modo a garantir o fácil escorrimento da Cera fundida do interior da Moldação através do
Sistema de Gitagem.
O aquecimento da Moldação é realizado no interior de Autoclaves, que geram
vapor sobreaquecido a elevada pressão, e que permitem a fusão rápida da Cera no seu
interior. A utilização do Autoclave, ao invés de um forno, permite a recolha da cera sem a
deteriorar ou queimar, permitindo o seu reaproveitamento.
64
Em contrapartida, a permeabilidade da Moldação diminui com a espessura da Moldação e
com a diminuição da granulometria do pó refractário utilizado na construção da camada
interna. A refractariedade das Moldações depende da composição dos pós refractários
utilizados, sendo mínima quando são utilizados pós de Sílica, e máxima, para os pós de
Alumina.
Este processo de fundição permite a obtenção de peças com forma complexa e,
muitas vezes, definitiva, por assegurar um acabamento superficial muito bom e
tolerâncias dimensionais apertadas. Paralelamente, permite uma excelente reprodução de
detalhes e a fabricação de peças de parede fina e/ou dimensão muito reduzida,
impossíveis de obter pelos outros processos tradicionais com Moldações Destrutíveis.
Com uma escolha acertada do tipo de pó refractário a utilizar, podem vazar-se por este
processo todas as ligas de fundição, nomeadamente, as ligas difíceis de maquinar, como é
o caso dos Bronzes de Berílio, Aços Refractários e Superligas.
65
pode exigir um estágio em estufa após desmoldação. Os principais tipos de Resinas
Termoendurecíveis utilizadas em fundição são as Resinas de base Fenólica, Furânica e
Ureia-Formaldeído.
As Resinas Auto-endurecíveis, por sua vez, são aquelas que endurecem de forma
permanente, à temperatura ambiente, por reacção química de polimerização promovida
pela adição de Catalisadores específicos para cada Resina. A escolha do Catalisador
depende de factores tais como a reactividade da Resina, a taxa de cura requerida e o tipo
de liga metálica a vazar. A taxa de cura pode ser acelerada por temperaturas elevadas
(ambiente e/ou da Areia de Moldação) e retardada pela presença de impurezas e/ou
humidade na areia. Os principais tipos de Resinas Auto-endurecíveis utilizadas em
fundição são as Fenólicas, Furânicas, Fenólicas-Uretânicas, Fenólicas Alcalinas e
Poliuretânicas. De acordo com o tipo de Resina podem ser usados diferentes tipos de
catalisadores, tais como, o Ácido Fosfórico, Ácido Sulfónico, Esteres Orgânicos, Aminas
ou SO2.
Na obtenção de Moldações com Aglomerantes Orgânicos, a Areia de Base pode
ser misturada com a Resina na própria fundição, ou então, pode ser adquirida já pré-
revestida com a Resina. A utilização de Resinas à base de Formaldeído (composto
potencialmente carcinogéneo), e a adição de outros constituintes pouco saudáveis na
constituição de algumas Resinas, obriga a cuidados acrescidos na ventilação da área de
fabricação e à utilização de extractores de gases junto aos equipamentos de moldação e
na zona de armazenamento das Moldações e Machos. Os trabalhadores devem ser
observados regularmente por um médico, de modo a prevenir doenças respiratórias.
Aquando da utilização de Resinas Fenol-Formaldeído e Ureia-Formaldeído, deve ser
evitado o seu contacto com a pele e os olhos, pois são extremamente irritantes.
66
introduzida na Caixa de Moldação ou Caixa de Machos, no interior da qual será aquecida
com vista a desencadear o processo de presa. Os processos de moldação que fazem uso
destes procedimentos são o Processo de moldação em Carapaça (Shell Moulding em
inglês) e o Processo de moldação em Caixa Quente. Estes dois processos distinguem-se
pelos métodos utilizados em cada caso para a moldação das areias, sendo o Processo de
Moldação em Carapaça utilizado essencialmente na obtenção de Moldações e o Processo
de Caixa Quente correntemente utilizado na produção de Machos. No texto que se segue
descrevem-se sucintamente ambos os processos.
67
(a) (b)
(c) (d)
(e)
(f)
(g)
Cada Moldação será constituída por duas Carapaças unidas por aperto mecânico,
através de grampos, e/ou coladas, quer com cola aplicada directamente, quer com fita-
cola. No caso de as Carapaças serem unidas por colagem torna-se necessário provê-las
das abas necessárias à definição da superfície de colagem.
Neste processo de moldação usam-se essencialmente Resinas Fenol–Formaldeído
e Ureia–Formaldeido. As Placas-Molde são construídas em Ferro, Cobre, Bronze ou
Latão e colocadas em máquinas de moldar de ciclo automático ou semiautomático.
Durante o ciclo de produção, a Placa-Molde metálica é aquecida a gás ou por resistência
eléctrica, entre 150ºC e 300ºC e é pintada com um produto desmoldante à base de
Silicone. Quando acoplada ao recipiente que contêm a areia, a Placa-Molde deve ser
separada deste por uma junta isolante de modo a impedir a transmissão de calor entre os
dois. Com efeito, durante o processo de produção das Carapaças, o invólucro metálico
que contêm a Areia de Moldação não deve aquecer, de modo a que apenas sejam
68
polimerizadas camadas de areia contíguas à Placa-Molde e a areia sobrante não-
polimerizada seja facilmente reaproveitada.
O rigor dimensional das peças vazadas nas Moldações em Carapaça, assim como
o seu acabamento superficial, dependem da precisão dimensional e rugosidade superficial
do Molde utilizado, o qual deve ser projectado tendo em atenção a sua variação
dimensional durante a fase de pré-aquecimento. Uma vez que o Molde é permanente,
sendo empregue para a produção em série de Carapaças, devem ser utilizados na sua
construção materiais resistentes ao desgaste e aos fenómenos de fadiga associados aos
ciclos térmicos característicos deste processo de produção.
69
pelo que a resistência da Carapaça começa a deteriorar-se com o aumento da temperatura
durante o vazamento. As Carapaças devem então ser construídas com uma espessura tal
que, quando começam a perder resistência, a solidificação superficial das peças seja já em
espessura suficiente para que a pele formada suporte, sem romper, o metal ainda líquido
no seu interior. Ou seja, o bom desempenho das Moldações em Carapaça durante o
vazamento, depende da velocidade de solidificação das peças, e deste modo, do poder
arrefecedor das Carapaças, que depende das seguintes características térmicas:
70
mesmo utilizando reforço em areia ou granalha, conduziria a permeabilidades
inaceitáveis.
71
Após um curto período de cura (10 a 30 segundos), os Machos endurecem
consideravelmente desenvolvendo a resistência necessária à sua remoção da Caixa de
Machos (Figura 3.16.c). O processo de cura da Resina continua após a extracção do
Macho, devido à acção do calor residual e do calor gerado na reacção de polimerização
exotérmica. Em alguns casos, para garantir a homogeneização da cura, os Machos devem
ainda ser submetidos a um estágio em estufa onde a cura se completará.
72
de um Catalisador à mistura, que promove o endurecimento da Resina por cura mais ou
menos lenta à temperatura ambiente. Atendendo ao facto de as reacções de presa se
desenrolarem sem necessidade de adição de calor, os processos de moldação que fazem
uso desta técnica de aglomeração são normalmente designados por Processos com Presa
a Frio e Processos de Caixa Fria. Qualquer um destes processos é utilizado
essencialmente na produção de Machos. No entanto, podem também ser utilizados na
obtenção de Moldações de elevada resistência e precisão, com a vantagem acrescida de as
Moldações assim obtidas não necessitarem de Caixas de Moldação exteriores metálicas
devido à elevada resistência do Aglomerante.
73
Silo Areia de
Base
Misturadores
Câmara de
reacção
Macho
Caixa de Machos
Figura 3.17 – Esquema de um equipamento típico de produção de Machos por Presa a Frio.
Mistura de
Areia e Resina Catalisador
Macho
74
modo a não acelerar a presa. A Areia de Moldação deve ser utilizada pouco tempo depois
da mistura, pois não apresenta tempo de vida longo. Com efeito, independentemente do
procedimento de cura, foi já determinado que o armazenamento da mistura da Areia de
Base com a Resina, antes da moldação, prejudica fortemente a resistência dos Machos.
De um modo geral, a resistência aumenta com a adição de quantidades crescentes
de Resina e Catalisador às Areias de Base. A resistência aumenta também com a
utilização de areias com granulometria grosseira, o que deve ser contudo evitado pois
prejudica fortemente o acabamento superficial das peças. Um aumento acrescido de
resistência dos Machos pode contudo ser conseguido através da incorporação de fibras na
mistura de areia em percentagens de apenas 0.3% em peso.
A quantidade de gases libertados pelos Machos durante o vazamento, e
particularmente, a quantidade de azoto, influencia consideravelmente a qualidade das
peças obtidas. Contudo, a libertação gasosa dos Machos obtidos com Resinas Auto-
endurecíveis é substancialmente inferior à libertação gasosa dos Machos obtidos em
Caixa Quente.
75
Processo de moldação por Cera Perdida, excepto na última fase, uma vez que pelo facto
de serem utilizadas areias não aglomeradas a etapa de consolidação da Moldação não é
necessária.
76
controlada, o Poliestireno é retirado do seu interior e pesado de modo a controlar a sua
densidade. Uma vez alcançada a densidade desejada, o Poliestireno pré-expandido é
então armazenado, por períodos de 6 a 12 horas, de modo a permitir a sua estabilização e
arrefecimento antes da fabricação dos Moldes.
A fabricação dos Moldes é iniciada através da injecção do Poliestireno, pré-
expandido e estabilizado à densidade desejada, em Moldações metálicas pré-aquecidas,
nas quais circula, numa primeira fase, vapor de água sobreaquecido, e depois, água de
refrigeração. A massa de Poliestireno pré-expandido é deste modo aquecida no interior da
Moldação, sofrendo nova expansão, seguida de fusão e arrefecimento acompanhado de
consolidação sob a forma de uma massa sólida. A fase de arrefecimento prolonga-se após
a consolidação da massa de Poliestireno de modo a impedir a continuação do processo de
expansão depois da sua ejecção do Molde Permanente onde esta se encontra fortemente
constrangida. Antes de serem utilizados, os Moldes devem ainda ser envelhecidos, de
modo a libertarem a água e Pentano residual e estabilizarem dimensionalmente. Este
envelhecimento pode ser realizado à temperatura ambiente, por um período de 5 a 7 dias,
ou então, por secagem em estufa, de modo a permitir uma utilização mais rápida dos
Moldes. No caso de peças de grandes dimensões, tais como peças únicas com algumas
toneladas, ou então, protótipos de novos produtos, os Moldes podem ser construídos por
maquinagem de blocos de Poliestireno expandido e estabilizado à densidade desejada.
Uma vez que neste processo de fundição os Moldes são retirados do interior da
Moldação à qual dão origem, pela sua destruição durante o vazamento, o Molde final
pode apresentar geometrias complexas, não precisando de apresentar Planos ou
Superfícies de Apartação bem definidas. Deste modo, para aumentar a produtividade do
processo, tal como no Processo de Cera Perdida, é usual montar vários Moldes
simplificados em Árvores de Moldes (Figura 3.20.a), unindo-os através dos canais do
Sistema de Enchimento fabricados com o mesmo material e segundo o mesmo processo
utilizado na obtenção dos Moldes. O número de Moldes por árvore depende da dimensão
e complexidade individual de cada unidade.
A ligação dos Moldes em Árvore é realizada utilizando colas especialmente
concebidas para este processo e aplicadas utilizando equipamentos automáticos ou
semiautomáticos de modo a garantir o alinhamento preciso das partes a ligar (Figura
77
3.20.b). As colas utilizadas devem apresentar as mesmas características de vaporização
do Molde em Poliestireno e não devem afectar negativamente a precisão dimensional
deste.
Tal como no processo de Cera Perdida, podem também ser produzidas através
deste processo peças com geometria bastante complexa, bastando para tal decompor essa
geometria em formas mais simples, possíveis de ser moldadas pelo processo descrito, e
unindo-as de modo a representar a geometria desejada. Exemplos de aplicações deste tipo
são dados nas Figuras 3.20.a e 3.21. Este procedimento permite ainda a supressão dos
Machos nas Moldações, com todas as vantagens em termos de precisão que daí advêm.
a) b)
Figura 3.21 – Obtenção de um molde complexo através da composição de quatro Moldes simples.
78
As Árvores de Moldes podem ser usadas directamente no processo de moldação,
ou então, ser revestidas com um revestimento refractário poroso. O revestimento funciona
como interface entre a superfície perfeitamente lisa do Molde e a superfície rugosa da
areia, impedindo a penetração metálica e a erosão da areia pelo metal fundido, e
contribuindo deste modo para melhorar o acabamento superficial das peças vazadas. O
revestimento permite ainda aumentar a resistência do Molde durante a fase de moldação.
Como revestimento podem ser usadas pastas cerâmicas de Sílica (mais utilizada),
Zircónio ou Olivina. De acordo com a dimensão da Árvore de Moldes, o revestimento
pode ser aplicado por imersão (Figura 3.22.a), pintura, vaporização (Figura 3.22.b) ou
fazendo escoar o revestimento fluido sobre a sua superfície. As três últimas técnicas são
reservadas ao revestimento de Árvores de Moldes difíceis de imergir na pasta cerâmica
líquida, e ainda, Moldes com secções frágeis e pouco complexas. A técnica da imersão do
Molde na pasta cerâmica é a mais rápida e a que assegura o recobrimento mais uniforme
de todas as secções. Pode ser aplicada sempre que os Moldes apresentem resistência
suficiente para suportar os esforços necessários para vencer a impulsão no seio da massa
líquida. Após a operação de revestimento, os Moldes são novamente secos em estufas (30
a 60 ºC), por períodos de 3 a 5 horas.
a) b)
Figura 3.22 – Revestimento do Molde por Imersão e revestimento por pulverização.
http://www.sfsa.org/tutorials/eng_block/GMBlock_17.htm
79
em torno desta. Este sistema enche a Caixa de Moldação suavemente, de modo a
minimizar o risco de distorção da Árvore de Moldes. Durante o enchimento com a areia,
a Caixa de Moldação é animada de um movimento vibratório que permite compactar a
Areia de Moldação, acomodando-a a todos os contornos internos e externos da Árvore de
Moldes. A Areia de Moldação mais utilizada neste processo é a areia de Sílica.
a) b) c)
d) f)
e)
a)
b)
Figura 3.24 – a) Molde de Poliestireno no interior da Caixa de Moldação. b) Enchimento da Caixa de
Moldação com areia não aglomerada.
80
5.1.3 Remoção do Molde do interior da Moldação e Vazamento
81
distorção da cavidade da Moldação durante o enchimento. A duração da fase de
moldação, vazamento e solidificação é reduzida relativamente ao processo convencional,
conduzindo a um aumento de produtividade do processo e à obtenção de fundidos com
melhores propriedades mecânicas devido ao refinamento do tamanho de grão.
82
aplicação de uma vibração a baixa frequência (Figura 3.26.b). A areia em excesso é então
retirada e é moldado o orifício pelo qual deverá entrar o metal líquido (Bacia de
Vazamento). Uma nova película de plástico é então aplicada na parte superior da
Moldação sendo aplicado vácuo na massa de areia (Figura 3.26.c). O vácuo no interior da
Moldação origina uma pressão que comprime fortemente a areia, compactando-a
rigidamente em contacto com a Placa-Molde. Nesta fase, o vácuo da Placa-Molde é
desligado e esta é facilmente separada da Caixa de Moldação, onde os contornos do
Molde se encontram perfeitamente definidos (Figura 3.26.d e Figura 3.25.c). Esta
sequência de operações é repetida para a Caixa de Moldação inferior. Quando a sua
construção estiver concluída, a Moldação é composta (Figura 3.26.e) e transportada até à
zona de vazamento. Após o enchimento e solidificação da peça, o vácuo da Caixa de
Moldação é desligado, a areia desagrega-se, separando-se da peça, sem a necessidade de
equipamento específico para o abate (Figura 3.26.f).
a) b)
c)
Figura 3.25 – a) Colocação da película plástica sobre a Placa-Molde. b) Aplicação do vácuo. c) Aspecto da
Moldação após desmoldação.
83
a) b)
c) d)
e)
f)
Figura 3.26 – Esquema da sequência de operações na obtenção de uma peça pelo Processo V.
84
superficial excelente e esteticamente apelativo. Estas características resultam do facto de
a areia ser fortemente compactada contra o Molde mas nunca entrar em contacto com ele,
o que elimina problemas habituais de desgaste característicos dos outros processos que
usam Molde Permanente. Atendendo ao elevado nível de compactação da areia,
alcançado pela aplicação de vácuo, é possível obter por este processo peças com
geometrias complicadas, contornos em ângulo vivo e detalhes bem definidos, numa
enorme variedade de dimensões. A variedade de geometrias é apenas limitada pela
necessidade de definir Planos ou Superfície de Apartação em todas as peças.
A incidência de defeitos do tipo porosidades nas peças vazadas nestas Moldações
é muito reduzida pois a eliminação dos Aglomerantes no processo de presa reduz
drasticamente a formação de gases durante o vazamento. O grande inconveniente do
processo reside no elevado custo do sistema de vácuo. Contudo, equipamentos tais como
os moinhos misturadores e os dispositivos de abate, recuperação da areia e limpeza das
peças são muito simplificados, tornando assim o investimento menos oneroso. O processo
é particularmente adaptado para obter peças com superfícies amplas e espessuras
reduzidas.
85
Durante a operação de moldação o Gesso é misturado com água para produzir
uma pasta que é vazada em cima de uma Placa-Molde posicionada no interior de uma
Caixa de Moldação (Figura 3.27.a), a qual pode ser sujeita a vibração de modo a melhor
acomodar o Gesso aos contornos do Molde e libertar eventuais bolhas que se formem na
interface entre eles. Depois de o Gesso adquirir consistência, por secagem em contacto
com o ar, o Molde é retirado com extremo cuidado obtendo-se as Meias-Moldações
(Figura 3.27.b) que são então colocadas no interior de um forno a temperaturas superiores
a 150 ºC (Figura 3.27.c). Esta operação destina-se a remover toda a água embebida na
estrutura do Gesso (livre ou combinada quimicamente) conferindo maior resistência à
Moldação e melhorando a sua permeabilidade, que no entanto, será sempre bastante
reduzida. Após a operação de secagem, a Moldação final é composta por empilhamento
das Meias-Moldações e da sua fixação através de grampos ou outros processos de
mecânicos. Procede-se então ao vazamento do metal líquido (Figura 3.27.d), seguido da
solidificação da peça e abate da Moldação para a sua remoção do interior desta (Figura
3.27.e).
a) b) c)
d) e)
86
As Placas-Molde utilizadas neste processo podem ser construídas em materiais
rígidos ou flexíveis. Conforme a rugosidade pretendida para as superfícies e a precisão
dimensional requerida, os Moldes rígidos podem ser produzidos em Madeira, Plástico
(Figura 3.28.a), Resina (Figura 3.28.b) ou Metal (Figura 3.28.c). Os Moldes flexíveis,
utilizados com vista a facilitar a operação de desmoldação durante a produção de formas
complexas, são normalmente produzidos em Poliuretano flexível. No caso de serem
utilizados Moldes rígidos, a sua superfície deve ser pintada com produtos desmoldantes
(óleo ou cera).
a) b) c)
Figura 3.28 – Moldes utilizados para a obtenção de Moldações em Gesso.
87
permeabilidade do Gesso e ao facto de este não ser reciclável. Este processo tem ainda o
seu campo de aplicação limitado ao vazamento de Ligas Não Ferrosas, com excepção das
Ligas de Magnésio, que tal como as Ligas Ferrosas, não podem ser vazadas neste tipo de
Moldações por reagirem com o Gesso.
De modo a aumentar a permeabilidade das Moldações, foram desenvolvidos dois
procedimentos de tratamento do Gesso que permitem diminuir a sua densidade,
vulgarmente designados por Processo de moldação com Gesso em Espuma e Processo
Antioch. O Gesso em Espuma é produzido pela incorporação de ar na pasta de Gesso,
permitindo deste modo obter Moldações em que 50% do seu volume é preenchido por
bolhas de ar. Este procedimento possibilita não só aumentar consideravelmente a
permeabilidade das Moldações, como também, uma utilização mais económica do Gesso.
Contudo, diminui drasticamente a resistência das Moldações, obrigando à utilização de
Moldes flexíveis sempre que se pretendam obter geometrias complexas.
No Processo Antioch, as Moldações em Gesso são introduzidas no interior de um
Autoclave. O vapor de água sobreaquecido altera a estrutura interna do Gesso, que passa
a granular, e deste modo, permite assegurar uma boa permeabilidade na Moldação. As
Moldações assim obtidas são mais densas e resistentes que as de Gesso em Espuma, mas
menos resistentes que as convencionais, permitindo contudo a utilização sem problemas
de Moldes rígidos.
88
acabamento superficial fino e pequenas fissuras na massa da Moldação, as quais são
suficiente finas para não permitirem a penetração metálica, mas contribuem para
melhorar a permeabilidade da Moldação, permitem acomodar a expansão térmica das
partículas cerâmicas durante o vazamento e facilitam o abate após solidificação da peça.
c) Aquecimento em
forno
b) Queima
a) Modação.
89
de moldação alternativa aos processos anteriores. Este processo alternativo utiliza uma
Moldação Cerâmica compósita, a qual é constituída por duas camadas formadas por
pastas cerâmicas com características distintas e com espessuras diferentes (Figura 3.30.a).
A camada mais fina, designada por Casca Cerâmica, é responsável pela reprodução dos
detalhes do Molde, sendo obtida a partir de pastas cerâmicas com características idênticas
às utilizadas nas Moldações Cerâmicas tradicionais. A outra camada, designada por
Camada de Enchimento, destina-se ao reforço da Casca Cerâmica e é realizada num
material cerâmico de granulometria elevada, que possui um custo muito mais baixo do
que o utilizado na Casca Cerâmica. Com efeito, enquanto a mistura refractária para o
enchimento é confeccionada utilizando areias de Chamote ligadas com Silicato de Sódio
endurecido com CO2, a Casca Cerâmica é realizada pelos processos Shaw ou Unicast.
Para produzir uma Moldação Compósita são necessários quatro Moldes, dois para
a Meia-Moldação superior e dois para Meia-Moldação inferior. Ou seja, em cada Caixa
de Moldação é utilizado um Molde para modelar a Camada de Enchimento (Figura
3.30.b) e outro para moldar a Casca Cerâmica (Figura 3.30.c). Como alternativa podem
ser utilizados apenas dois Moldes, que são cobertos com uma camada de Cera de
espessura equivalente à da Casca Cerâmica a obter, ou então, posicionados a uma cota
superior recorrendo a sobreespessuras na base.
90
6.2.1 Características do Processo
91
Capítulo 4
Moldações Permanentes
1 Introdução
As Moldações Permanentes são Moldações das quais as peças são retiradas por abertura
das mesmas. Estas Moldações são vulgarmente fabricadas em metais refractários (Ferro
Fundido ou Aço), Grafite ou Gesso, podendo ser utilizadas na fabricação de várias peças
antes de necessitarem de reparações ou se tornarem obsoletas.
As Moldações Permanentes metálicas (Figura 4.1) são obtidas sem a necessidade
de Moldes, através da maquinagem de uma cavidade com a forma da peça a obter em
blocos metálicos. Devido à eliminação do Molde do sistema produtivo, na indústria
especializada em fundição com Moldações Permanentes, é usual utilizar-se o termo
Molde como equivalente a Moldação Permanente. Trata-se de uma designação
generalizada e aceite como vocabulário técnico de fundição.
a) b)
Figura 4.1 – Moldações Permanentes metálicas. a) Fabricação de uma moldação por maquinagem.
b) Moldação completa.
O projecto e fabricação das Moldações Permanentes são extremamente morosos e
dispendiosos, pelo que a sua utilização só se justifica no caso da produção de séries
numerosas de peças de pequena e média dimensão. Atendendo ao facto de serem
normalmente fabricadas em Aço ou Ferro Fundido, as Moldações metálicas são utilizadas
basicamente para o vazamento de Ligas Não-Ferrosas de baixo ponto de fusão. Para o
vazamento de Ligas Ferrosas podem também ser utilizadas Moldações Permanentes
metálicas, mas neste caso, devem ser construídas em Aços Especiais para trabalho a
quente e dotadas de sistemas de arrefecimento extremamente eficientes. De modo a tornar
mais económico o processo de vazamento das Ligas Ferrosas em Moldações Permanentes
é usual recorrer à utilização de Moldações em Grafite. As Moldações em Gesso, por sua
vez, usam-se para obter séries limitadas de peças em Ligas Não Ferrosas (excepto ligas
de Magnésio), que não seriam economicamente viáveis no caso de se utilizarem as
onerosas Moldações metálicas. Estas Moldações podem ser utilizadas em contínuo,
necessitando apenas de pequenas reparações entre vazamentos.
Apesar de não serem utilizados Moldes para a construção das Moldações
Permanentes, também estas necessitam de ser divididas em duas ou mais partes através
de Planos ou Superfícies de Apartação, de modo a permitirem a sua abertura para a
extracção da peça após a solidificação. Na Figura 4.2 mostra-se um esquema ilustrativo
do ciclo de operação de uma Moldação Permanente constituída por duas Meias-
Moldações. Tal como se exemplifica na figura, o processo de produção começa pelo
encerramento sob pressão das Meias-Moldações, seguida do Vazamento do Metal líquido
e de um período de espera destinado a permitir a solidificação da peça, até esta apresentar
a resistência necessária ao seu manuseamento. A Moldação é então aberta, a peça é
removida do seu interior, e as Meias Moldações são sujeitas a uma operação de limpeza e
lubrificação de modo a garantir a sua durabilidade e a sanidade das peças. Com efeito, o
lubrificante ajuda a controlar a temperatura da Moldação, e simultaneamente, facilita a
extracção das peças. Depois de limpas e lubrificadas, as Meias-Moldações são novamente
encerradas, procede-se a novo vazamento, repetindo-se todo o processo ciclicamente. A
produção é apenas interrompida quando se tornam necessárias operações de manutenção
do equipamento.
93
Figura 4.2 – Representação esquemática do modo de operação das Moldações Permanentes.
94
Ejectores
Macho
Permanente
metálico Canais de
Respiração
95
destinados a serem utilizados em conjunto com as Moldações Permanentes podem ser
Permanentes (construídos em metal) ou Destrutíveis.
Os Machos Permanentes (Figura 4.3), tal como a própria Moldação, destinam-se a
ser utilizados em vazamentos sucessivos pelo que devem ser extraídos intactos do interior
das peças após a sua solidificação, antes ou depois da abertura da Moldação. Os Machos
Destrutíveis, por sua vez, são utilizados sempre que as peças apresentam cavidades
internas complexas e a extracção do Macho do interior da peça seja demasiado
complicada, ou então, apenas possível através da sua destruição. Quando se torna
necessário utilizar Machos Destrutíveis, a Moldação passa a designar-se como Semi-
Permanente.
Os Machos Destrutíveis podem ser fabricados em areia, utilizando os
procedimentos já explicados aquando da descrição dos Processos de Fundição com
Moldações Destrutíveis, ou em Cerâmica. Estes últimos utilizam-se nas situações em que
se pretende um bom acabamento superficial no interior da cavidade e/ou é necessário
garantir tolerâncias dimensionais mínimas. Devido à sua fragilidade, os Machos
Destrutíveis são normalmente posicionados manualmente no interior da Moldação, a qual
deve estar devidamente equipada com os Imprensos destinados ao seu posicionamento.
Devido à sua complexidade, no texto que se segue, descrevem-se mais
detalhadamente os Machos Permanentes.
96
a) b)
Figura 4.5 – Moldação com dois Machos Fixos Amovíveis e um Macho Distribuidor.
97
movimentos relativos entre eles, de tal modo que no momento da sua separação da peça,
as partes difíceis de extrair são recolhidas, obtendo-se um elemento coeso e facilmente
separável da peça. Estes Machos são designados como Machos Retrácteis (Figura 4.7.a).
Uma outra solução consiste simplesmente em desmontar todos os elementos do Macho a
cada extracção. Neste último caso, os Machos são designados como Machos
Fraccionáveis Amovíveis (Figura 4.7.b). Devido às tarefas de desmontagem, remoção
dos subelementos do Macho do interior da peça e nova montagem a cada vazamento, a
utilização dos Machos Fraccionáveis Amovíveis requer tempos de produção mais longos
e mão-de-obra mais numerosa do que os anteriores. Todas estas operações acarretam
naturalmente riscos de desalinhamento entre as diferentes partes do Macho, e
consequentemente, problemas de variação dimensional das peças obtidas. Relativamente
a estes, os Machos Retrácteis apresentam a vantagem de serem mais simples de
manobrar, e garantirem maior rigor dimensional, e a desvantagem de serem mais caros e
menos robustos.
Além dos Machos utilizados para moldar as cavidades internas das peças, as
Moldações com várias cavidades são normalmente providas de um Macho Distribuidor
posicionado à entrada do Sistema de Enchimento e destinado a facilitar a distribuição do
fluxo de metal pelos canais de enchimento da Moldação (Figura 4.5).
98
fabricação e reparação das Moldações representam uma grande fatia do investimento total
da produção, como também, o tempo despendido na sua manutenção e substituição
acarreta paragens que implicam perdas significativas de produtividade.
De um modo geral, a ruína das Moldações Permanentes pode ser associada a três
mecanismos essenciais, são eles, a fadiga de origem térmica, a erosão e a aderência das
ligas vazadas à Moldação. A fadiga de origem térmica deriva dos ciclos térmicos a que a
superfície da cavidade da Moldação está sujeita, em virtude das diferenças de temperatura
entre ela e a liga vazada. Com efeito, quando o metal líquido entra na Moldação, a
superfície de trabalho é sujeita a uma temperatura de pico máxima que provoca a sua
dilatação, seguida de contracção, aquando do arrefecimento durante a extracção da peça e
limpeza da Moldação. Este mecanismo de dilatação e contracção dá origem ao
aparecimento de pequenas fendas de fadiga na superfície da Moldação, que a fragilizam e
comprometem o acabamento superficial das peças.
A ruína por erosão, por sua vez, é mais frequente nas Moldações Permanentes
destinadas ao vazamento sob pressão e pode ter origem em fenómenos tais como a
cavitação e/ou arrastamento mecânico do material da Moldação pelo metal líquido, e
ainda, no choque de partículas de metal solidificado com as paredes da cavidade.
Finalmente, a aderência das ligas vazadas ao material da Moldação acarreta não
só problemas de acabamento superficial das peças e variações dimensionais, como
também, dificuldades na sua extracção do interior da Moldação. Este problema é
especialmente importante quando se formam compostos intermetálicos entre a liga
vazada e o material da Moldação, os quais funcionam como núcleos preferenciais de
solidificação na interface entre o metal vazado e a Moldação e dão origem a colagens
entre eles.
Com o objectivo de aumentar a vida útil das Moldações Permanentes é vulgar
recorrer-se à lubrificação da cavidade da Moldação, e ainda, à incorporação de sistemas
de arrefecimento, no corpo desta, destinados a permitir minorar os efeitos das trocas
térmicas em ciclos de operação contínuos.
99
3.1 Lubrificação da Moldação
A utilização de Lubrificantes na cavidade da Moldação, que funcionam como interface
entre esta e a peça, permitem prevenir os efeitos nefastos dos fenómenos
supramencionados. Com efeito, os Lubrificantes atenuam o fluxo de calor entre o metal
vazado e a Moldação, o que contribui para minimizar os efeitos dos choques térmicos à
entrada do líquido nas cavidades, previnem a solidificação prematura do metal vazado e
reduzem a incidência dos fenómenos de aderência.
De modo a prolongar ao máximo a vida da Moldação, devem lubrificar-se não só as
suas cavidades, como também, as partes móveis, tais como, os Machos e os Ejectores. Os
Lubrificantes devem ser suficientemente espessos para nivelar a rugosidade da Moldação,
e ainda, preencher pequenas imperfeições superficiais, tais como pequenas fendas de
fadiga. Devem formar uma camada de espessura fina, nas superfícies nervuradas e nas
arestas, e um revestimento espesso em zonas planas e relativamente extensas, de modo a
possibilitar que o ar aí enclausurado se escape para o exterior da Moldação. O
Lubrificante deve ainda formar uma película compacta e aderente, que evite a erosão e a
corrosão da Moldação e a colagem da peça às paredes da cavidade. Consoante o tipo de
Moldação e o procedimento de vazamento a que se destina, os lubrificantes podem ser
aplicados por Pulverização (Figura 4.8) ou por Pincelagem.
100
Bissulfureto de Molibdénio (S2Mo) ou misturas de Parafina, Vaselina e Grafite. Contudo,
no mercado altamente concorrencial da actualidade, a composição química exacta dos
Lubrificantes comerciais é normalmente sigilosa, devendo proceder-se a uma
investigação exaustiva antes da sua aquisição em função da aplicação em vista, ou seja,
do tipo de material a vazar e do ciclo produtivo requerido.
Nos últimos anos, a aplicação de autolubrificantes sólidos, sob a forma de
revestimentos, tem-se afirmado como uma solução interessante na prevenção do desgaste
das Moldações Permanentes, permitindo resolver inúmeros problemas associados à
obtenção de peças de difícil desmoldagem. De referir que a utilização de autolubrificantes
sólidos é uma medida amiga do ambiente, pois permite substituir com sucesso os
lubrificantes líquidos convencionais, indo ao encontro das Directivas Europeias, que
apontam para a redução deste tipo de produtos.
101
metal líquido, sendo atingida após o enchimento total da Moldação, no instante
imediatamente anterior ao início da solidificação da peça. Um período de arrefecimento
inicia-se nesse momento e prolonga-se durante a solidificação da peça, abertura da
Moldação, extracção da peça, sopragem para limpeza da cavidade e fecho da Moldação.
Apesar de a variação da temperatura ser muito pronunciada junto à superfície da
cavidade, estabiliza progressivamente ao longo da espessura da parede da Moldação. Ou
seja, as variações de temperatura em cada ponto da Moldação, são tanto mais ligeiras
quanto mais distantes os pontos estiverem da cavidade da Moldação.
Temperatura [ºC]
102
produtividade dos processos de fundição. O controlo da temperatura nas Moldações
Permanentes metálicas é normalmente conseguido recorrendo à utilização de sistemas de
aquecimento e arrefecimento auxiliares, e também, através da verificação cuidada das
condições de lubrificação.
103
Um sistema de arrefecimento alternativo ao anterior consiste na utilização de
alhetas arrefecedoras. A eficiência destas alhetas pode ser aumentada dirigindo jactos de
ar frio na sua direcção, ou então, utilizando na sua fabricação materiais com maior
capacidade de transmissão de calor do que aqueles de que a Moldação é construída. As
alhetas arrefecedoras podem também ser utilizadas para aumentar a velocidade de
arrefecimento em zonas específicas das peças a vazar, e deste modo, aumentar a
produtividade do processo, a sanidade das peças e melhorar as suas características
mecânicas.
4 Temperaturas de vazamento
Nos processos de Fundição com Moldações Permanentes, e em especial no caso de serem
utilizadas Moldações Permanentes metálicas, a temperatura de vazamento das ligas é de
importância crucial, quer para assegurar a obtenção de peças sãs e com qualidade, quer
para maximizar o período de vida útil das Moldações. Com efeito, se a temperatura de
104
vazamento for excessivamente baixa, a solidificação do metal líquido iniciar-se-á
prematuramente nos canais de enchimento e nas secções mais finas da peça, o que dá
origem a defeitos tais como: faltas de enchimento, porosidades, detalhes mal definidos
nas peças e gotas frias. Temperaturas de vazamento excessivamente elevadas, por sua
vez, podem conduzir à ocorrência de distorções nas Moldações, e logo, à perda de rigor
geométrico e dimensional das peças vazadas e à inutilização da Moldação. Se o metal a
vazar possuir elementos de liga que se tornem voláteis a alta temperatura, a qualidade
final do metal poderá também vir afectada se forem utilizadas temperaturas de vazamento
excessivas.
De um modo geral, as temperaturas de vazamento para cada liga metálica devem
ser definidas em função das características da liga a vazar, da espessura das paredes da
peça e da sua dimensão global, dos sistemas de controlo de temperatura incorporados na
Moldação e das características do sistema de enchimento.
105
extracção das peças da Moldação ainda bastante quentes, acarretando perdas de
produtividade.
106
Modo de operação – as Moldações operadas manualmente apresentam normalmente
um desgaste superior e menos uniforme do que as operadas automaticamente.
Armazenamento das Moldações – condições de armazenamento impróprias aquando
da descontinuação da produção de uma determinada peça, podem conduzir a
fenómenos de deterioração da superfície da Moldação, que diminuem
drasticamente a sua vida em novas utilizações.
Limpeza da Moldação – as práticas mais usuais de limpeza das Moldações
Permanentes são a utilização de abrasivos (projecção com esferas, limpeza com
escovas) e a imersão em solução corrosiva. Qualquer um destes processos pode
conduzir a um desgaste excessivo da Moldação.
Finalidade da peça vazada – quando a função estrutural das peças a obter é mais
importante do que o acabamento superficial, as Moldações podem ser utilizadas
por períodos mais longos.
107
das sobreespessuras nas peças, mas também, à possibilidade de vazar com sucesso peças
finas, à redução das secções dos canais do Sistema de Enchimento e ao menor número de
peças não conformes no final da produção. Efectivamente, devido ao maior rigor
dimensional das Moldações e à possibilidade de efectuar um controlo exacto das
condições de arrefecimento no seu interior, as peças obtidas apresentam elevada
uniformidade e qualidade.
Os inconvenientes associados à utilização da Moldações Permanentes,
relativamente às Moldações Destrutíveis, são o custo elevado das Moldações e do
equipamento acessório (especialmente em Fundição Injectada), as restrições em termos
da temperatura de fusão das Ligas a vazar, e ainda, as limitações em termos de dimensões
e peso das peças a vazar, muito especialmente no caso de procedimentos automatizados,
devido às restrições impostas pelo equipamento de manipulação das Moldações.
Os principais tipos de processos de fundição com Moldações Permanentes são
vulgarmente classificados de acordo com as tecnologias utilizadas para o vazamento e/ou
enchimento da Moldação, da seguinte maneira: Fundição por Gravidade, Fundição sob
Baixa Pressão, Fundição Injectada, Fundição sob Pressão de Centrifugação, e finalmente,
Fundição Continua. No capítulo que segue descreve-se cada um destes processos.
108
Capítulo 5
Processos de Fundição com Moldações
Permanentes
1 Introdução
As Moldações Permanentes são amplamente utilizadas na indústria actual, existindo uma
larga variedade de processos de fundição que fazem uso deste tipo de Moldações. Esses
processos são normalmente classificados de acordo com os métodos utilizados para o
vazamento e/ou enchimento da Moldação, da seguinte maneira:
a) b)
Figura 5.1 – Moldações Permanentes para o processo de Fundição por
Gravidade (http://www.by-cast.com/hassal.htm).
110
Figura 5.2 – Modos de abertura das Moldações.
111
interior da Moldação. A sua utilização permite obter economicamente peças com formas
interiores bastante complexas, difíceis de obter pelos outros processos com Moldação
Permanente, devido às elevadas pressões de vazamento envolvidas que impossibilitam a
utilização deste tipo de Machos e requerem o projecto de complexos sistemas para a
incorporação e movimentação dos Machos Permanentes metálicos, ou então, a fabricação
dispendiosa de Machos cerâmicos.
112
de modo a deixar escorrer o metal líquido para o seu interior e permitir o correcto
enchimento da cavidade. Uma vez solidificada a peça, a Moldação roda novamente para a
posição horizontal de modo a permitir extrair a peça em postos de trabalho equipados
para abrir a Moldação nesta posição.
a) b)
c) d) e)
113
As limitações do Processo de Vazamento por Gravidade estão relacionadas com
as restrições à forma das peças, nomeadamente, no que se refere à necessidade de
definição de Planos de Apartação. Com efeito, a geometria das peças condiciona
directamente o modo de extracção das peças, o número de peças a produzir, a viabilidade
económica do processo e o ponto de fusão das ligas a vazar. Este processo é normalmente
utilizado para médias e grandes séries de produção de peças com dimensões que podem
variar de 0.5 a 50 kg, com espessura razoavelmente uniforme e geometrias não muito
complexas. Devido ao elevado custo da Moldação, a produção de séries inferiores a 1000
peças é economicamente inviável. Do mesmo modo, existe um limite máximo de
produção para cada Moldação, variável com o tipo de metal a vazar e com a
complexidade da Moldação. No caso do vazamento de componentes em Alumínio, esse
limite situa-se em média à volta das 40000 peças.
De modo a tornar o processo mais rentável, podem ser obtidas várias peças
simultaneamente em cada Moldação. Em geral, o número de peças defeituosas aumenta
com o número de cavidades na Moldação. O prejuízo decorrente do elevado número de
peças defeituosas pode contudo ser compensado pela elevada produtividade alcançada.
Tal como no caso das Moldações Destrutíveis, o projecto deste tipo de Moldações deve
ter em atenção as regras de Alimentação e Enchimento referidas nos capítulos destinados
a estes assuntos.
114
sem defeitos resultantes da contracção na solidificação, e consequentemente, com boas
propriedades mecânicas. A pressão no interior da câmara selada é aliviada assim que se
dá a solidificação completa da peça, permitindo que o metal líquido sobrante no Gito de
Enchimento escorra para o interior desta (Figuar 5.5.c). Este processo é facilitado pelo
facto de a peça sofrer solidificação direccional desde o topo da Moldação até à entrada do
Gito de Enchimento, que deste modo contêm o último metal a solidificar. Depois de ser
retirada a pressão, a peça permanece ainda durante um curto período de tempo no interior
da Moldação, de modo solidificar completamente antes de ser extraída. O metal contido
no interior da câmara selada é suficiente para vários vazamentos, sendo esta alimentada
regularmente com metal líquido proveniente do forno (Figura 5.5.d).
a) b)
c)
d)
Figura 5.5 – Esquema de funcionamento do Processo de Fundição sob Baixa Pressão.
115
Este é um processo facilmente automatizável e aplicável com Moldações multi-
cavidade. A abertura da Moldação é operada automaticamente através de um cilindro
hidráulico acoplado à Meia-Moldação superior (Figura 5.6). A Moldação pode ainda ser
instrumentada com mecanismos móveis, também eles accionados por sistemas
hidráulicos, que permitem o posicionamento de Machos Permanentes ou Destrutíveis. O
sistema de abertura da Moldação e de movimentação dos Machos deve ser projectado de
forma a permitir o fácil acesso ao Gito de Enchimento e à câmara selada. De modo a
manter o metal líquido à temperatura de vazamento (50 a 100 ºC acima da temperatura de
fusão da liga a vazar) a câmara selada é aquecida por Resistência ou Indução. Antes do
vazamento, e de modo a facilitar o enchimento, a Moldação é também ela aquecida a
temperaturas entre 250 e 400 ºC, de acordo com o tipo de metal a vazar.
Figura 5.6 – Imagens de uma Moldação para vazamento Sob Baixa Pressão.
a) Moldação fechada. b) Moldação aberta.
116
4 Fundição Injectada
Neste Processo de Fundição o metal líquido é injectado sob pressão para o interior de
Moldações Permanentes metálicas. Devido à elevada pressão de enchimento da
Moldação, este processo permite não só a produção de peças complexas e com paredes
muito finas (mais finas do que em qualquer um dos processos anteriormente descritos),
como também, cadências de produção extremamente elevadas, que atingem um máximo
através da completa automatização do processo. Com efeito, em Fundição Injectada, as
únicas operações que em algumas situações são realizadas de forma manual são: o
accionamento da abertura e fecho da Moldação, o comando do sistema de ejecção da
peça e a sua remoção do interior da Moldação. Em muitas unidades industriais, o
processo está já completamente automatizado, através da utilização de dispositivos que
permitem a temporização dos ciclos de vazamento, abertura da Moldação, ejecção da
peça e fecho da Moldação, e também, de robots manipuladores para a remoção das peças
do interior da Moldação. Apesar de a automatização do processo ser extremamente
dispendiosa, permite economias consideráveis em termos de mão-de-obra, qualidade das
peças e rapidez de produção, o que torna a Fundição Injectada um processo
economicamente atractivo sempre que o objectivo é produzir séries numerosas de peças
de média e pequena dimensão, com boas características mecânicas e excelente
acabamento superficial.
117
Figura 5.7 – Esquema ilustrativo de uma máquina de Fundição Injectada.
118
Meia-Moldação Móvel
Placa fixa
da máquina
Guias
Bico de
a)
Injecção
Placa móvel
da máquina
Placa porta
Ejectores
b)
Abertura da Moldação
c)
Ejecção da Peça
Figura 5.8 – Representação esquemática de uma Moldação Permanente simples destinada à Fundição
Injectada. a) Durante o período de injecção. b) Abertura da Moldação. c) Ejecção da peça.
119
ser conveniente recorrer à utilização de Moldações multi-cavidade, que permitem obter
num só ciclo várias peças, semelhantes ou não (Figura 5.9. b e c). Esta solução é
apropriada para situações em que as peças apresentam geometrias pouco complicadas.
Uma outra forma de compensar o problema do desgaste em Moldações multi-cavidade
consiste em maquinar as diferentes cavidades em blocos diferentes, que são acoplados de
modo a obter a Moldação final (Figura 5.9.d). Com esta solução é possível substituir,
individualmente, os diferentes elementos da Moldação, à medida que estes forem
sofrendo desgaste.
Figura 5.9 – a) Moldação com cavidade simples. b) Moldação com cavidade múltipla. c)
Moldação combinada. d) Moldação composta (blocos inseridos).
120
4.2 Máquinas de Injecção
As máquinas utilizadas na obtenção de peças por Fundição Injectada (Figura 5.7) têm
como funções principais: a abertura e o fecho da Moldação, garantir o rigor no
alinhamento das Meias-Moldações durante o fecho, a pressão necessária para mantê-las
unidas durante a injecção do metal líquido, e finalmente, permitir a fixação e
movimentação dos Machos Móveis e dos Ejectores. Estas máquinas devem ainda estar
equipadas com os dispositivos de injecção e regulação da quantidade de metal líquido a
injectar na Moldação, devendo ser construídas em materiais quimicamente inertes
relativamente ao material a vazar e apresentar temperaturas de fusão muito superiores a
este. Atendendo a este último requisito, o campo de aplicação do processo de Fundição
Injectada incide principalmente no vazamento de Ligas Não-Ferrosas.
De acordo com o procedimento utilizado para a injecção do metal na Moldação,
as máquinas de injecção podem ser divididas em duas categorias:
121
Pistão de
Injecção b)
Pescoço de
Cisne
Dispositivo
de Injecção
Forno de Manutenção c)
a)
Figura 5.10 – Esquema representativo do modo de injecção nas Máquinas de Câmara Quente.
Nas máquinas de pequeno porte, a abertura e fecho das Moldações pode ser
efectuada manualmente. Nas máquinas de grande capacidade, a abertura é efectuada
automaticamente, mediante o accionamento de comandos hidráulicos. A automatização
completa do processo é também possível, utilizando mecanismos temporizados para
efectuar o fecho da Moldação, a injecção, a abertura da Moldação e extracção da peça, e
ainda, a limpeza e lubrificação da cavidade da Moldação entre injecções. A
automatização do processo permite elevadas cadências de produção, que no caso da
produção de peças simples e pequenas, pode atingir cadências de 1000 peças por hora. A
pressão exercida pelo pistão pode variar, de acordo com as máquinas, entre 4 e 35 MPa.
Atendendo ao facto de o Dispositivo de Injecção ser normalmente fabricado em
Aço ou Ferro Fundido e estar permanentemente submerso no metal líquido, este tipo de
máquinas só pode ser utilizado na produção de peças em metais que não reagem nem
apresentam solubilidade com Ferro , tais como, as Ligas de Chumbo, Estanho e Zinco.
122
As Ligas de Magnésio constituem mais um material que pode também ser vazado
por este processo, sendo no entanto necessário recorrer a mecanismos especiais de
protecção contra a oxidação. As Ligas de Alumínio, devido à sua reactividade com o
Ferro, não são injectadas em Máquinas de Câmara Quente.
Nas máquinas de injecção com Câmara Fria, o metal armazenado num forno de
manutenção, independente da máquina, é vazado para a Câmara de Injecção, antes de
cada injecção, através de uma Colher (Figura 5.11.a).
a)
b) c) c)
Figura 5.11 - Esquema representativo do modo de injecção nas Máquinas de Câmara Fria.
123
interior da Moldação (Figura 5.11.b). Tal como no processo de Câmara Quente, a pressão
é mantida até à solidificação da peça (Figura 5.11.c). Após a solidificação, a Moldação é
aberta, e no primeiro instante, o Pistão de Injecção funciona como ejector, ajudando a
separar a peça da Meia-Moldação Fixa (Figura 5.11.d). O Pistão é então recolhido, a peça
é retirada da Moldação, que é então lubrificada e fechada de modo a receber nova
injecção de material. Atendendo a que a Câmara de Injecção e o Pistão só se encontram
em contacto com o metal líquido durante breves instantes, este processo é menos sensível
ao tipo de liga a vazar do que anterior, sendo vulgarmente utilizado na obtenção de peças
em Ligas de Alumínio.
No processo de Câmara Fria, a pressão exercida pelo Pistão sobre o metal fundido
é muito superior à utilizada no processo de Câmara Quente, podendo variar entre 15 e
150 MPa. Apesar de este processo ser mais versátil em termos do tipo de liga a vazar, o
facto de o dispositivo de vazamento do metal líquido na Câmara de Injecção ser
independente desta, torna o processo mais difícil de automatizar do que o anterior e
permite cadências de produção mais reduzidas.
124
f. Tipo de construção da máquina:
- Movimento da Moldação (horizontal, vertical ou obliquo);
- Direcção de Injecção (horizontal, vertical ou obliqua);
125
tornando a sua aplicação apenas viável para grandes séries de produção, superiores a
5000 peças. A cadência de produção varia em função do metal a vazar e das dimensões
das peças a obter, podendo variar entre 1 injecção/segundo até 15 injecções/hora.
O peso máximo das peças a vazar depende do tipo de liga a vazar, sendo
apontados como valores indicativos, 4.5, 18 e 45 kg para peças em Ligas de Magnésio,
Zinco e Alumínio, respectivamente. Durante o seu tempo de vida útil, as Moldações para
Fundição Injectada podem aguentar cerca de 500000 injecções, sendo no entanto a sua
duração condicionada pela temperatura de fusão da liga a vazar. Com feito, enquanto as
Ligas de Alumínio conduzem a uma deterioração significativa e relativamente rápida das
cavidades da Moldação, as Ligas de Zinco permitem uma utilização quase ilimitada das
Moldações devido à sua temperatura de fusão reduzida. De entre todos os materiais
possíveis de vazar em Moldações Permanentes, aquele que sem dúvida conduz a um
desgaste mais rápido das moldações é o Latão, tendo-se observado tempos de vida muito
reduzidos mesmo quando se usam Moldações em Aços especiais para trabalho a quente.
126
Fundição Centrífuga, Fundição Semi-centrífuga e Fundição por Centrifugação. Na Figura
5.12 comparam-se as três variantes do processo que são brevemente descritas no texto
que se segue.
a) b) c)
Figura 5.12 – Esquemas representativos dos Processos de Fundição Centrífuga com
eixo vertical (a), Semi-Centrifuga (b) e por Centrifugação (c).
127
peça que deverá ocorrer de forma direccional desde a sua superfície exterior até à
interior. Uma forma expedita de controlar a solidificação da peça consiste em fazer variar
a velocidade de enchimento da Moldação ao longo do vazamento, ou seja, a primeira
metade de metal a entrar na Moldação deve ser vazado com extrema rapidez (4 a 6 kg/s),
reduzindo-se então para metade o fluxo de metal para o interior da Moldação (2 a 3 kg/s),
até ao seu total enchimento.
a)
b) (c)
Figura 5.13 –Moldação utilizada na obtenção de tubos por Fundição Centrifuga (a) e esquema
exemplificativo do processo de enchimento (b) e do mecanismo de rotação da Moldação (c).
128
Podem ser obtidas por este processo peças em Ferro Fundido, Aço e Ligas Leves
(Alumínio, Cobre e Níquel), e ainda, elementos compósitos constituídos por camadas
sucessivas de diferentes materiais, bastando para tal vaza-los sequencialmente para o
interior da Moldação durante a sua rotação. As dimensões dos componentes dependem
das dimensões da Moldação e da quantidade de metal vazado para o seu interior. Foram
já vazadas com sucesso, através deste processo, peças com diâmetros desde 3 mm até 3
metros, cumprimentos até 15 metros e espessuras a variar desde 2.5 até 125 milímetros.
As peças de dimensão reduzida são normalmente obtidas em Moldações portáteis de
relativamente pequena dimensão.
a) b)
Figura 5.14 – Exemplo de peças obtidas através do Processo de Fundição
por Gravidade (a) e Fundição Semi-Centrífuga (b).
129
Figura 5.15 – Moldação em Areia para Fundição Semi-Centrífuga.
130
Sistema de
Bacia de gitagem Macho
Vazamento
Moldação
em Areia
Peça
6 Fundição Contínua
O objectivo principal da metodologia de vazamento adoptada no Processo de Fundição
Continua consiste na obtenção de perfis ou chapas metálicas, de grande comprimento. O
processo de fundição inicia-se através do vazamento do metal líquido num sistema de
enchimento que, no caso particular deste processo de fundição, se denomina Tanque de
Distribuição. A partir do Tanque de Distribuição, o metal líquido escorre por gravidade
para o interior de uma ou mais Moldações Permanentes longitudinais, com secção
transversal constante. O metal líquido é vazado de forma ininterrupta numa das
extremidades da Moldação, e retirado continuamente, na extremidade oposta, apenas
parcialmente solidificado, a uma velocidade condicionada pela taxa de solidificação do
metal (Figura 5.17).
131
Colher de
Vazamento
Escória Protectora
Tanque de
Distribuição
Escória Protectora
Moldação
Rolos
Chuveiros
de água
132
De acordo com o posicionamento da Moldação, relativamente ao Tanque de
Distribuição, os dispositivos de Fundição Continua podem ser classificados como
Horizontais (Figura 5.18.a), Verticais (Figura 5.18.b) e Verticais com Curvatura (Figura
5.17). Estes últimos foram desenvolvidos com o objectivo de minimizar a altura os
dispositivos de Fundição Contínua verticais.
a)
b)
133
para fora da Moldação, através da extremidade oposta à do enchimento. O comprimento
das Moldações para Fundição Contínua varia em função da dimensão da secção
transversal do perfil a obter e da velocidade de vazamento, situando-se habitualmente
entre 0.5 e 2 m.
Para evitar que a crosta superficial sólida adira à Moldação e facilitar o
arrastamento da massa metálica em solidificação no interior desta, as Moldações para
Fundição Contínua são vulgarmente animadas de movimento oscilatório e são
lubrificadas internamente. Os lubrificantes utilizados são vulgarmente fluxos
escorificantes de baixo ponto de fusão, que além de prevenirem a adesão do perfil à
Moldação, funcionam também como agentes de limpeza do metal líquido, ao reagirem
com as impurezas aí contidas e formarem escórias que flutuam à superfície do banho
líquido. Nestas condições, o bocal de enchimento situado na parte inferior do Tanque de
Distribuição, deve assegurar que o metal entre na Moldação abaixo da camada de escória
(Figura 5.17).
À saída da Moldação, o perfil de metal quente é constituído por uma pele exterior,
sólida e bastante fina, e por uma massa líquida interior, pelo que deve ser cuidadosamente
sustentado de modo a impedir a sua destruição. Isto é conseguido através da utilização de
um sistema de rolos de suporte arrefecidos e de um chuveiro de água (Figura 5.17),
directo e intensivo, que permite acelerar o processo de solidificação do perfil, aumentado
a espessura da crosta solidificada. A velocidade de arrefecimento do perfil depende da
dimensão da secção transversal e do tipo de metal vazado, e ainda, do volume de água no
chuveiro, da sua temperatura e da distribuição e pressão dos chuveiros. Apesar da
aceleração no processo de solidificação, conseguida nesta fase do processo, a
consolidação final do perfil pode ocorrer já fora da zona de chuveiros (Figura 5.19).
www.thepotteries.org/shelton/150/30.htm www.agcarbon.com/specgraph_razlivka_eng.html
134
Toda a cadência do processo, nomeadamente, a velocidade de arrastamento do
perfil e o número de rolos de suporte à saída da Moldação, o seu diâmetro e o
espaçamento entre eles, devem ser estudados de modo a evitar a fissuração do perfil
vazado antes da sua total consolidação. Com efeito, este tipo de defeito provoca o
derramamento do metal ainda líquido contido no interior do perfil, traduzindo-se
vulgarmente em danos para o equipamento que implicam paragens morosas e
dispendiosas.
Uma vez finalizada a solidificação, e já fora da zona de arrefecimento, o perfil é
seccionado de acordo com o comprimento desejado, ou então, é arrastado através de um
trem de rolos para ser conformado em chapas ou perfis longos com secções em I ou U.
Poupanças consideráveis de energia são alcançadas através do carregamento directo das
chapas ou lingotes provenientes da Fundição Contínua, e ainda quentes, nos fornos de
reaquecimento dos dispositivos de conformação plástica, ou seja, as instalações de
Fundição Contínua podem ser simultaneamente linhas fundição e de conformação
plástica a quente. Através deste procedimento de fabrico, a fabricação completa de
chapas laminadas, desde o vazamento do metal no estado líquido até ao final da operação
de laminagem, pode ser alcançada num período de duas horas.
135
Sistemas de rolos motores destinados a puxar os perfis para fora da Moldação e ao
longo do sistema de arrefecimento, e ainda, a endireitá-los no caso de máquinas
verticais com curvatura.
Unidades de corte e/ou conformação plástica a quente dos perfis vazados.
Colher de vazamento
Metal Líquido
Tanque de
Distribuição Moldação
Sistema de
arrefecimento
Sistema de
Rolos Corte
Sustentação
Rolos Motores
136
fabricação de um novo produto são, a finalidade do produto a obter, que determina a sua
qualidade e a sua forma (chapa laminada, perfis com secção transversal quadrada,
rectangular, circular, etc), o volume anual de produção e a capacidade instalada para a
obtenção do metal líquido, a qual por sua vez determina a duração dos períodos de
laboração. Uma vez na posse destes dados, a máquina de fundição pode ser projectada,
ou adaptada, em função do número de Moldações passíveis de serem utilizadas em
simultâneo e da velocidade de vazamento necessária para assegurar a correcta
solidificação dos perfis à saída da Moldação e garantir o escoamento atempado do metal
líquido proveniente dos fornos.
137
Capítulo 6
Fusão de Metais
1 Introdução
Em qualquer Fundição, previamente à operação de vazamento, devem ser produzidas
quantidades mais ou menos elevadas de metal líquido. No caso da Indústria de Extracção,
a obtenção do metal líquido compreende a fusão de minérios e o tratamento do líquido
resultante dessa fusão, com vista a obter o metal ou ligas metálicas com as características
pretendidas. Uma vez tratado, o metal líquido é vazado sob a forma de lingotes, prontos a
serem utilizados em Fundições dedicadas à sua transformação, ou então, é vazado em
linhas de Fundição Contínua onde podem ser obtidas chapas, barras ou perfis prontos a
serem utilizados em outros ramos da indústria. Nas indústrias de Fundição dedicadas à
transformação, os lingotes provenientes da fusão do minério, são fundidos conjuntamente
com sucatas de metal da mesma natureza e rejeitos da própria Fundição, de modo a obter
ligas metálicas com a composição requerida para cada tipo de peças a vazar.
A escolha do dispositivo de fusão mais adequado para cada Fundição depende da
natureza do metal a fundir e do tipo de Processo de Fundição em uso, ou seja, da
quantidade de metal líquido necessária para garantir a continuidade do sistema produtivo.
Estas duas variáveis, por sua vez, condicionam a quantidade de calor que é necessário
gerar por unidade de tempo e que corresponde à soma de três parcelas:
139
2 Classificação dos Fornos de Fundição
O objectivo do Forno de Fundição é o de produzir a quantidade de calor necessário para
fundir o metal e elevar a sua temperatura até à Temperatura de Vazamento. De acordo
com o modo de produção de calor, os Fornos de Fundição podem ser divididos em três
classes:
1. Fornos de Combustível;
2. Fornos Eléctricos;
3. Convertidores.
De acordo com o tipo de construção, estes dois tipos de fornos podem ainda subdividir-se
em várias categorias, ou seja, os Fornos nos quais o metal e o combustível estão em
contacto, podem ser de dois tipos:
1.1 Cubilotes;
1.2 Altos-fornos.
Os Fornos nos quais o metal e o combustível estão separados, podem ser:
2.1 Fornos de Cadinho;
2.2 Fornos Rotativos;
2.3 Fornos de Soleira.
Regra geral, nos fornos em que o combustível e/ou o processo de queima não
entra em contacto com o metal a fundir, consegue-se um controlo mais apertado da
composição química, e simultaneamente, reduzem-se as perdas de metal e a sua
contaminação por agentes estranhos.
140
2.1.1 Cubilotes
O forno de Cubilote é, de entre os dispositivos de fundição em uso na indústria actual, o
mais antigo. Este forno, utilizado exclusivamente na fundição de Ferro Fundido, está
actualmente a cair em desuso devido à sua baixa produtividade e à legislação ambiental
actual que obriga à diminuição das emissões poluentes. Contudo, atendendo à sua
reduzida dimensão e à semelhança com os Altos-Fornos em termos operatórios, o forno
de Cubilote constitui um bom exemplo ilustrativo de toda a problemática associada à
fusão de metais em Fundição, pelo que será referido em primeiro lugar neste texto.
Na sua forma mais simples, os fornos de Cubilote consistem num tubo metálico
vertical revestido interiormente com tijolos refractários (Figura 6.1), de modo a poder
suportar as altas temperaturas necessárias à fusão. A extremidade superior de cilindro,
com secção tronco-cónica, constitui a Chaminé por onde saem os gases de combustão.
Imediatamente abaixo da chaminé, existe uma Porta de Carga, através da qual é
introduzida a Carga do Forno, que neste caso particular é constituída por camadas
alternadas de Lingotes de primeira fusão provenientes dos Altos-Fornos (indústria de
extracção), Sucatas, Ferro - Ligas (destinadas a ajustar a composição química), Agentes
Escorificantes (normalmente, pedra de cal) e Combustível (Carvão ou Coque).
141
O princípio de geração de calor neste forno baseia-se nas reacções de combustão
142
compensar as perdas de elementos e remover as impurezas indesejáveis, são incorporadas
regularmente na carga do forno Ferro-Ligas e Agentes Escorificantes.
2.1.2 Altos-Fornos
Os Altos-Fornos são fornos com um princípio de funcionamento em tudo semelhante ao
do Cubilote, mas de maiores dimensões e destinados à produção de Gusas (lingotes de
ferro para segunda fusão) e Aços a partir de Minério de Ferro.
A carga dos Altos-Fornos é composta por grânulos sinterizados de minério de
ferro, coque e calcário. Tal como nos Cubilotes, os Altos-Fornos são carregados pelo
topo. A carga descendente é aquecida pelos gases de combustão ascendentes,
provenientes da base do forno onde é injectado ar. Além das reacções de combustão
(carbono - oxigénio) existentes no Cubilote, nos Altos-Fornos, há uma zona situada
superiormente (Figura 6.2.a) onde ocorre a redução dos óxidos de ferro constituintes do
minério, segundo a reacção reversível:
Esta é uma reacção incompleta, pelo que, os gases libertados pela chaminé
contêm ainda elevadas quantidades de monóxido de carbono (CO).
b)
a)
143
Normalmente, os Altos-Fornos estão munidos de dispositivos que permitem a
recuperação dos gases ainda quentes da chaminé (Figura 6.2.b) para pré-aquecimento do
ar insuflado nas tubeiras, e ainda, para a produção em instalações anexas de água quente e
energia eléctrica, para o accionamento de motores, etc. Antes do seu reaproveitamento, os
gases de combustão são limpos das partículas em suspensão, em despoeiradores, que
permitem não só uma melhor protecção do meio ambiente, como também, um
reaproveitamento dos resíduos de minério e coque arrastados pelos gases de combustão.
O metal líquido resultante da redução do Minério de Ferro é colectado num
reservatório, situado abaixo da zona de injecção de ar (Figura 6.2.a), onde o ferro líquido
se separa da escória devido à diferença de densidade o que permite a sua extracção do
forno através de saídas independentes. À saída do Alto-Forno, a escória é solidificada
com jactos de água fria de modo a formar um produto granular que pode ser utilizada na
construção de estradas, produção de fertilizantes, etc. O metal líquido, por sua vez, é
tratado e vazado sob a forma de lingotes, no caso da produção de Gusas em Ferro
Fundido, ou então, é transportado para fornos Convertidores, de modo a ser utilizado na
obtenção de Aço através da eliminação do excesso de Carbono, Silício, Manganês,
Fósforo e Enxofre.
144
Figura 6.3 – Forno de Cadinho amovível.
145
Durante a fusão, e de modo a evitar a contaminação do metal líquido, os Cadinhos
devem ser encerrados com uma tampa, ou então, devem ser utilizadas escórias
protectoras que flutuem à superfície do metal líquido, protegendo-o do contacto com a
atmosfera. Estas escórias podem ser também utilizadas para eliminar elementos
indesejáveis da massa líquida.
146
superior do forno, onde se acumulam os produtos de combustão, o banho de fusão deve
ser protegido com uma camada de escória fluida e abundante. Atendendo ao elevado
desgaste do refractário pela acção corrosiva da escória e dos choques com a carga do
forno durante o seu carregamento, a parte superior do forno deve apresentar uma camada
de refractário mais espessa e resistente do que a parte inferior.
Este tipo de fornos tem ampla aplicação, quer na fundição de não-ferrosos, quer
na fundição de ferros fundidos e aços, podendo ser construídos com capacidade até 30
toneladas.
147
movimento de rotação do forno permite ainda melhorar a homogeneização da massa
fundida e prolongar a vida do refractário, aumentado deste modo o rendimento global do
forno.
2. Entre dois eléctrodos de grafite colocados sobre a carga do forno – Arco Indirecto.
a) b) c)
Figura 6.7 – Esquema representativo de um Arco Directo (a) e dois Arcos Indirectos (b e c).
148
Eléctrodos de Grafite
Eléctrodos de Grafite
a)
b)
Figura 6.8 – Forno de Soleira com Arco Indirecto (a) e com Arcos Directos (b).
Os Fornos por Arco Eléctrico podem ser utilizados quer na fusão de Ligas
Ferrosas, quer na fusão de Ligas Não-Ferrosas, sendo os fornos de Arco Directo mais
utilizados para as primeiras e os de Arco Indirecto para as Não-Ferrosas e na preparação
de Aço Inoxidável. Com efeito, nos casos de produção de calor por Arco Directo, a
utilização de eléctrodos de grafite conduz à incorporação de carbono no banho líquido, o
que torna este processo contra-indicado para a produção de aços com muito baixo teor
deste elemento.
Os fornos de Arco Eléctrico são amplamente utilizados na produção de Aços ao
Carbono de elevada qualidade e Aços Ligados, apresentando já, no caso dos fornos de
Potência Ultra Elevada, capacidade de produção suficientemente elevada para alimentar
linhas de Fundição Contínua. Nos Fornos de Arco Eléctrico convencionais, de modo a
obter Aços de elevada qualidade, são utilizados correntemente métodos de Escorificação
Dupla, ou seja, durante a fusão completa da carga do forno, o Carbono, Silício e Fósforo
são reduzidos para níveis aceitáveis através da reacção com um fluxo oxidante. A escória
produzida por este fluxo é retirada do forno sendo então adicionado um segundo fluxo, de
natureza básica, utilizado com o objectivo de eliminar o Enxofre e o Oxigénio em
excesso na massa líquida. Nesta fase são também adicionadas as Ferro Ligas necessárias
ao ajuste da composição do Aço.
149
uma espira, que envolve completamente um cadinho refractário que contem a carga
metálica (Figura 6.9.a). Em funcionamento, a bobina primária é percorrida por uma
corrente alternada que gera correntes induzidas no metal líquido (que constitui a bobina
secundária), produzindo grande elevação de temperatura. As correntes induzidas no metal
líquido são máximas junto à superfície de contacto da carga com as paredes do forno e
induzem agitação do metal, tal como se esquematiza na Figura 6.9.a. Estes fornos,
vulgarmente designados por Fornos de Indução sem Núcleo podem ser Fixos, Amovíveis,
Elevatórios ou Basculantes
Corrente AC
a)
b)
Figura 6.9 – a) Forno de Indução sem Núcleo; b) Forno de Indução com Núcleo.
150
Os Fornos de Indução com Núcleo (Figura 6.9.b), ou Fornos de Indução de Canal,
são fornos de baixa frequência, constituídos por uma câmara de fusão unida a um Canal
que forma um circuito eléctrico secundário fechado. O aquecimento e fusão do metal
dão-se apenas no interior do Canal, que deve permanecer cheio de metal líquido de modo
a fechar o circuito e assegurar a continuidade do processo. O metal quente do Canal
assegura o aquecimento, por convecção e condução, do resto do metal contido no
reservatório. Estes fornos são mais económicos do que os anteriores, apresentando bom
rendimento energético. Contudo, pelo facto de o canal necessitar de uma carga líquida em
permanência, a sua utilização como Fornos de Manutenção é mais aconselhável, ou
então, devem funcionar em conjunto com um forno auxiliar, que após cada descarga,
fornece o metal líquido necessário ao enchimento do canal. Como Fornos de Fusão, a
utilização destes fornos está praticamente restringida à fundição de Ligas Não Ferrosas.
151
principais vantagens a possibilidade de permitirem manter um controlo apertado da
temperatura e manter limpas as instalações de trabalho.
Resistência
(Grafite)
a)
b)
Figura 6.10 – Fornos eléctricos de Resistência Não-Metálica (a) Metálica (b).
2.3 Convertidores
Os Convertidores são fornos de “afinação” ou “conversão” que se destinam à produção
de Aço a partir de gusas provenientes do Alto-Forno em estado líquido, ou de Ferro
Fundido produzido em Cubilotes.
Este tipo de fornos consiste essencialmente num recipiente metálico (Figura 6.11),
revestido interiormente com refractário, no qual o metal líquido proveniente de outros
fornos é vazado com este na posição horizontal (Figura 6.11.a). Seguidamente, o
Convertidor é rodado para a posição vertical (Figura 6.11.b), fazendo-se a insuflação pelo
fundo de uma massa de ar com Oxigénio que atravessa o metal líquido. Com efeito, o
princípio de geração de calor neste forno baseia-se nas reacções
152
a 450 ºC acima da sua temperatura de fusão. De modo a baixar a temperatura do forno é
normalmente adicionada Sucata ao banho de fusão.
153
gusas ricas em Silício, os Convertidores Thomas, permitem uma eliminação eficaz do
Enxofre e do Fósforo em ligas ricas nestes dois elementos.
3 Análise comparativa
Depois de uma apresentação generalista sobre o modo de operação dos principais tipos de
fornos actualmente em uso na indústria de fundição, é agora apresentada uma análise
comparativa da Capacidade de Carga (kg), Temperatura de Trabalho (ºC) e Velocidade
de Fusão (kg/h) passíveis de serem obtidas em cada um dos fornos apresentados. Na
Tabela 6.1 mostram-se valores relativos a cada uma destas grandezas, para os Fornos de
Combustível e Eléctricos passíveis de serem utilizados, quer na fundição de Ligas
Ferrosas, quer na fundição de Ligas Não Ferrosas. De notar que os valores relativos à
capacidade do forno e à velocidade de fusão se referem à fusão de metais Ferrosos. A
capacidade desses mesmos fornos, no caso da fusão de metais Não-Ferrosos, pode ser
obtida multiplicando os valores constantes da tabela pela relação de densidades ρ nf / ρ fe .
154
4 Refractários
Independentemente das fontes de energia utilizadas para obter calor, todos os Fornos de
Fundição são revestidos internamente com materiais refractários, ou então, contêm
Cadinhos refractários, independentes da estrutura do forno, destinados a conter o material
fundido. Os materiais refractários utilizados no revestimento dos fornos, além de
apresentarem custos elevados, exigem intervenções regulares no interior do forno para a
sua manutenção e substituição, as quais obrigam à paragem do forno, com todos os custos
associados. Deste modo, uma escolha acertada do refractário é essencial pois condiciona
a economia do processo de fusão e a composição química e as características
metalúrgicas do material fundido.
De modo a assegurar um bom desempenho e uma durabilidade aceitável, os
refractários devem apresentar três características essenciais:
155
designação indica, não reagem de forma significativa com qualquer um dos
revestimentos, escórias ou fluxos supracitados. De um modo geral, os revestimentos
básicos são mais caros do que os ácidos, pelo que a sua utilização se limita normalmente
aos fornos em que é necessário proceder à afinação de aços com eliminação de Fósforo e
Enxofre.
O revestimento dos fornos pode ser realizado aplicando o refractário por
compactação, ou então, utilizando tijolos confeccionados por especialistas, e por isso,
submetidos a processos de fabrico e secagem rigorosamente controlados e apresentado
dimensões e geometrias variadas. O revestimento do forno deve ser realizado tendo o
cuidado de reduzir tanto quanto possível a espessura das juntas entre os tijolos, uma vez
que a massa utilizada na sua ligação é facilmente atacada, deixando expostas as arestas
dos tijolos e acelerando assim o processo de desgaste do refractário.
156
• Lingotes de primeira fusão, com composição química bem determinada;
• Rejeitos da própria Fundição, que consistem em peças defeituosas, rejeitadas no
circuito de produção por conterem defeitos, e ainda, restos de metal resultantes da
separação do resto da peça da porção de metal solidificado nos canais de
enchimento e alimentadores.
• Sucatas de metais da mesma natureza daquele que se pretende obter, que são
adicionadas em quantidades controladas, atendendo ao desconhecimento da sua
composição química exacta e à possibilidade de contaminação do banho líquido
com impurezas;
• Ligas mãe – Lingotes de ligas muito ricas em elementos que devem ser
incorporados no banho de fusão de modo a obter a composição química final
pretendida.
• Materiais escorificantes, adicionados ao banho de fusão com o objectivo de
reagirem com os elementos indesejáveis aí presentes, originando compostos de
baixo ponto de fusão que formam uma escória insolúvel no banho líquido, e por
isso, facilmente separável deste.
Cada um dos destes constituintes entra na carga do forno, segundo uma quantidade pré-
estabelecida, calculada de acordo com a capacidade do forno, a composição química
desejada para a liga a vazar e as perdas e incorporações de elementos que se prevêem que
ocorram durante o processo de fusão.
157
b) Reacções do metal líquido com o recipiente refractário – Se o metal líquido não
for completamente inerte ao refractário do forno, podem ocorrer contaminações
com elementos tais como, Silício, Alumínio, Oxigénio ou Hidrogénio.
c) Volatilização de elementos de liga – Ocorre sempre que estes apresentam pressões
de vapor elevadas à temperatura do forno.
d) Adição involuntária de elementos estranhos – As sucatas, por exemplo, podem
conter areias, óxidos ou outros produtos de corrosão difíceis de remover e
quantificar. O metal líquido pode ainda reagir com os utensílios utilizados na
agitação do banho, desgasificação e colheita de amostras.
e) Reacções do metal líquido com os produtos de combustão, no caso de fornos de
combustível – os combustíveis sólidos, líquidos ou gasosos conduzem a formação
de produtos de combustão variados, como por exemplo, CO2, CO e H2O. Os
combustíveis sólidos originam também cinzas ricas em Fósforo e Enxofre.
158
densidade e reactividade química. O controlo adequado destas características permite não
só assegurar a limpeza do banho líquido, como também, garantir que a escória forme uma
camada uniforme à superfície do banho de fusão, protegendo-o do contacto com a
atmosfera do forno.
159
Finalmente, a adição de elementos de liga com elevada volatilidade à temperatura
do forno, ou então, de elementos de liga com temperaturas de fusão muito superiores às
do banho de fusão sobreaquecido, deve ser efectuada tão próximo quanto possível do
momento do vazamento.
160