Livro Audiência Digital Esmape

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Eduardo Perez Oliveira - Luiz Carlos Vieira de Figueiredo

1
Eduardo Perez Oliveira - Luiz Carlos Vieira de Figueiredo

RECIFE
2022

3
Copyright 2022 by Eduardo Perez Oliveira e Luiz Carlos Vieira de Figueirêdo

Coordenação Técnica e editorial: Joseane Ramos Duarte Soares


Revisão: autores
Projeto gráfico e diagramação: David Jansen de Oliveira

Os conceitos e afirmações emitidas neste livro não expressam, necessariamente,


a opinião da mesa diretora da Escola Judicial de Pernambuco – Esmape. Qualquer
parte desta publicação poderá ser reproduzida, desde que citada a fonte.
__________________________________________________________________

O42a Oliveira, Eduardo Perez de; Figueirêdo, Luiz Carlos Vieira. Audiência
digital / Eduardo Perez de Oliveira; Luiz Carlos Vieira de Figueirêdo.
- Recife: Esmape, 2022.

192 p. : formato digital


Inclui bibliografia
ISBN 978-65-994744-2-2

1. AUDIÊNCIA DIGITAL. 2. AUDIÊNCIA VIRTUAL. I. Oliveira, Eduardo


Perez de. II. Figueirêdo, Luiz Carlos Vieira. III. Escola Judicial de
Pernambuco – Esmape. III. Título
CDU : 341.4639
____________________________________________________________________
Ficha catalográfica: Biblioteca Jarbas Maranhão/Esmape

Produzido no Brasil
Made in Brazil
Mesa diretora do Tribunal de Justiça de Pernambuco
Luiz Carlos de Barros Figueirêdo
Presidente

Ricardo de Oliveira Paes Barreto


Corregedor Geral

Antenor Cardoso Soares Júnior


1º Vice-presidente

Antônio de Melo e Lima


2º Vice-presidente

Francisco Eduardo Gonçalves Sertório Canto


Ouvidor

Escola Judicial de Pernambuco (Esmape)


Desembargador Francisco José dos Anjos Bandeira de Mello
Diretor-Geral

Desembargador Jorge Américo Pereira de Lira


Vice-Diretor Geral

Juiz Silvio Romero Beltrão


Supervisor

Izabella Pimentel de Medeiros


Secretária Executiva

Assessoria de Comunicação do TJPE (Ascom)


Saulo José de Araujo Moreira
Assessor de Comunicação

Francisco Danilo Soares dos Santos Shimada


Assessor Adjunto de Comunicação

Mariana Ferreira Pellizzi


Chefe do Núcleo de Publicidade

Fernando Gonçalves de Albuquerque Silva


Chefe do Núcleo de Design e Produção Gráficas
Desembargadores do Tribunal
de Justiça de Pernambuco

Jones Figueirêdo Alves Eudes dos Prazeres França


Bartolomeu Bueno de Freitas Morais Carlos Frederico Gonçalves de Moraes
Fernando Eduardo de Miranda Ferreira Fábio Eugênio Dantas de Oliveira Lima
Frederico Ricardo de Almeida Neves Márcio Fernando de Aguiar Silva
Leopoldo de Arruda Raposo Humberto Costa Vasconcelos Júnior
Marco Antônio Cabral Maggi Waldemir Tavares de Albuquerque Filho
Adalberto de Oliveira Melo José Viana Ulisses Filho
Fernando Cerqueira Norberto dos Santos Sílvio Neves Baptista Filho
Luiz Carlos de Barros Figueirêdo Demócrito Ramos Reinaldo Filho
Alberto Nogueira Virgínio Évio Marques da Silva
Antônio Fernando Araújo Martins Honório Gomes do Rego Filho
Ricardo de Oliveira Paes Barreto Ruy Trezena Patu Júnior
Cândido José da Fonte Saraiva de Moraes Isaías Andrade Lins Neto
Antônio de Melo e Lima Paulo Romero de Sá Araújo
Francisco José dos Anjos Bandeira de Mello Gabriel de Oliveira Cavalcanti Filho
Antenor Cardoso Soares Júnior
José Carlos Patriota Malta
Alexandre Guedes Alcoforado Assunção
Eurico de Barros Correia Filho
Mauro Alencar de Barros
Fausto de Castro Campos
Francisco Manoel Tenório dos Santos
Cláudio Jean Nogueira Virgínio
Antônio Carlos Alves da Silva
Francisco Eduardo Gonçalves Sertório Canto
José Ivo de Paula Guimarães
Josué Antônio Fonseca de Sena
Agenor Ferreira de Lima Filho
Itabira de Brito Filho
Alfredo Sérgio Magalhães Jambo
Jorge Américo Pereira de Lira
Erik de Sousa Dantas Simões
Stênio José de Sousa Neiva Coêlho
André Oliveira da Silva Guimarães
Itamar Pereira da Silva Júnior
Evandro Sérgio Netto de Magalhães Melo
Daisy Maria de Andrade Costa Pereira
Audiência Digital

OS AUTORES

Eduardo Perez Oliveira

Juiz de Direito do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás. Mestre em


Filosofia pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Especialista em Processo
Constitucional pela UFG e em Filosofia pela Universidade Municipal de São Caetano
do Sul (USCS). Autor de livros, artigos jurídicos e palestrante. Coordenador do
Comitê Estadual de Goiás do Fórum Nacional de Saúde de Goiás. Coordenador
do Programa Pai Presente Total em Goiânia, da Corregedoria Geral da Justiça do
Tribunal de Justiça do Estado de Goiás. Co-coordenador de instalação do Programa
de Postos Avançados do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás. Coordenador e juiz
componente do 2° Núcleo de Justiça 4.0 do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás,
com competência em saúde pública e suplementar.

[email protected] @eduardoperez80

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Eduardo Perez Oliveira - Luiz Carlos Vieira de Figueiredo

OS AUTORES

Luiz Carlos Vieira de Figueirêdo

Juiz de Direito do Tribunal de Justiça do Estado de Pernambuco. Mestre pela


Universidade Católica de Pernambuco. Especialista pela Universidade Maurício de
Nassau. Coordenador do Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania
(CEJUSC) de Abreu e Lima – PE. Coordenador do Curso de Aperfeiçoamento de
Magistrados da Escola Judicial de Pernambuco (ESMAPE). Facilitador da Escola
Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados (ENFAM). Juiz titular da
Vara Criminal de Abreu e Lima - PE. Atuação cumulativa na Central de Flagrantes
da Capital e na Central de Agilização Processual. Professor de Direito Processual
Penal. Autor de livros, artigos jurídicos e palestrante.

[email protected] @luiz_carlos_vf

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Audiência Digital

AGRADECIMENTOS

“O sapo não pula por boniteza,


mas porém por precisão”.

É esse ditado que Guimarães Rosa apresenta em seu conto “A Hora e a Vez
de Augusto Matraga”.
Foi por precisão que magistrados e servidores brasileiros de todos os graus
de jurisdição deram seus pulos para que o Judiciário não parasse. Agradeço a eles,
portanto.
Agradeço ao amigo Luiz Carlos o convite para ombrear essa obra,
estendendo-o à Presidência do Egrégio Tribunal de Justiça de Pernambuco e à
Escola Judicial de Pernambuco (ESMAPE).
É preciso lembrar do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, que por sua
Presidência e sua Corregedoria de tudo fizeram para lidar com essa pandemia.
Cito o desembargador aposentado Walter Carlos Lemes, que enfrentou-a na
metade de seu mandato como presidente, e os Desembargadores Carlos Alberto
França e Nicomedes Domingos Borges, respectivamente Presidente e Corregedor
Geral, cujas atuações em suas respectivas competências vêm sendo marcadas
pela coragem e dinamismo em inovar, não porque está na moda, mas porque isso
significa maior acesso a quem mais precisa.
Estendo o cumprimento à Corte Especial e demais desembargadores e
juízes que amparam essa iniciativa, especialmente a todos os juízes auxiliares
da Presidência e da Corregedoria, fazendo-o nas pessoas de Sirlei Martins da
Costa, Reinaldo de Oliveira Dutra, Altair Guerra da Costa e Gustavo Assis Garcia,
com quem tenho o prazer de trabalhar em alguns programas e projetos. E, claro,
agradeço à minha esposa, Adriane, que cede nossas parcas horas de intimidade
para que eu possa escrever. É por precisão que esse livro foi escrito, por isso carece
de boniteza. Mas ser juiz é isso: dar seus pulos quando é necessário, anonimamente,
tendo como plateia apenas a sua consciência.

Eduardo Perez Oliveira


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Eduardo Perez Oliveira - Luiz Carlos Vieira de Figueiredo

AGRADECIMENTOS

Dirijo os primeiros agradecimentos à inteligência suprema, causa primária


de todas as coisas e aos meus mentores dos planos físico e espiritual.
Ao meu pai, Desembargador Luiz Carlos de Figueirêdo, que sugeriu a
elaboração da obra. À minha mãe, sempre presente.
Ao Desembargador Bandeira e ao Juiz Sílvio Romero, Diretor Geral e
Supervisor da Escola Judicial de Pernambuco – ESMAPE, respectivamente.
Ao Ministro Og Fernandes, por todas as oportunidades.
Aos colegas magistrados e servidores, em especial aos que atuam no
CEJUSC e na Vara Criminal de Abreu e Lima/PE.
Aos colegas Faustino e Fernanda.
À Izabella, Raquel, Rosalie, Marize, Bruno, Gleber e Joseane, que sempre
acreditam nas minhas ideias mirabolantes.
À Patrícia, minha esposa e companheira de todas as horas. Seu apoio foi
fundamental.
À Matheus e Arthur por simplesmente existirem.

Luiz Carlos Vieira de Figueirêdo

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Audiência Digital

SUMÁRIO

DO FÍSICO AO VIRTUAL:
O ACESSO À JUSTIÇA “A UM CLIQUE”
19
AS VANTAGENS DA AUDIÊNCIA VIRTUAL 33
IMPACTOS ECONÔMICOS, SOCIAIS E AMBIENTAIS 45
49
A GARANTIA DA HIGIDEZ, QUALIDADE E TRANQUILIDADE DA
REALIZAÇÃO DA AUDIÊNCIA, O DEPOIMENTO DAS VÍTIMAS,
TESTEMUNHAS E NO INTERROGATÓRIO DO ACUSADO

A AUDIÊNCIA VIRTUAL E SUA


COMPATIBILIDADE COM O SISTEMA LEGAL 55
A AUDIÊNCIA VIRTUAL À LUZ DA JURISPRUDÊNCIA 63
JUSTIÇA EM TRANSIÇÃO: DOS DESAFIOS E DAS
SOLUÇÕES PARA EFETIVAÇÃO DE DIREITOS
NO TOCANTE ÀS AUDIÊNCIAS VIRTUAIS
77
A INTEGRIDADE DA PROVA ORAL
NAS AUDIÊNCIAS VIRTUAIS
87
DO PROTOCOLO DE AUDIÊNCIA
POR VIDEOCONFERÊNCIA
97
103
ANEXOS

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Eduardo Perez Oliveira - Luiz Carlos Vieira de Figueiredo

PREFÁCIO

“A gente ri, a gente chora


[...]
Depois, faz acordar cantando
Pra fazer e acontecer”
Geraldo Azevedo, Quando Fevereiro Chegar.

Costumo dizer que, na vida, muita coisa “dá pra rir e dá pra chorar”.
Nesse tempo, que – quero crer – podemos chamar de “pós-pandemia”,
muito já refletimos sobre as contrariedades do isolamento social forçado, em
contraposição à necessidade de manutenção do movimento da vida.
Ao menos, tudo isso nos permitiu o mergulho na busca de soluções para os
problemas, e não só dos novos, mas, também, dos nossos velhos problemas.
Não raro, aliás, notamos que certas soluções estavam há muito bem
desenhadas na nossa frente. Mas pode nos ter faltado, quem sabe, um pouco de
coragem ou ousadia.
Neste atento “Audiência Digital”, Eduardo Perez Oliveira e Luiz Carlos Vieira
de Figueiredo, magistrados com larga experiência na prática forense, que bem
aproveitaram os acontecimentos para enxergar o novo e o além, fazem um estudo
bem fundamentado sobre as possibilidades de realização das audiências virtuais,
confirmando a certeza de que não se pode caminhar para trás e fomentando a
criatividade e a inovação como a melhor resposta.
O trabalho ora apresentado é feito com densas demonstrações de que
qualquer alegação de falta de segurança jurídica, insuficiência de previsão
normativa ou ausência de vantagens não passará de sintoma do desconhecimento
ou falta de prática no assunto.

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Audiência Digital

Assim, para nos mostrar que a audiência digital, mais do que possível, é
necessária, os autores iniciam suas reflexões demonstrando, no Capítulo 1, o
quanto a prática do ato processual virtual dá cumprimento ao postulado da
ampliação do acesso à justiça, colacionando, em seguida, no Capítulo 2 e de modo
muito didático, muitas das vantagens das audiências virtuais.
Dando continuidade à demonstração dos benefícios promovidos
pela virtualização das oitivas, acrescem os autores, no Capítulo 3, salutares
considerações sobre os benéficos impactos econômicos, sociais e ambientais da
audiência digital, para, no Capítulo 4, registrarem uma densa e tranquilizante
demonstração de que a higidez e a qualidade dos depoimentos colhidos não ficam
comprometidas pelo formato digital.
Por fim, enquanto no Capítulo 5 os magistrados-autores traçam marcadas
linhas acerca da compatibilidade da audiência virtual com o suporte normativo
brasileiro em vigor, expressando a segurança jurídica patente na audiência virtual,
no Capítulo 6 são trazidos e comentados precedentes jurisprudenciais a respeito
do assunto, inclusive do Superior Tribunal de Justiça, a indicar que a vida real,
reverberada nos Tribunais, tem sabido não rejeitar o progresso.
De fato, outra conclusão não parece possível.
Se a audiência virtual dá guarida à almejada eficiência e se mostra
compatível com as atuais necessidades e possibilidades, sociais e normativas,
negá-la seria defender o passado, fechando os olhos para o futuro.
Por outro lado, afirmar o cabimento e a necessidade da audiência virtual,
como bem se vê neste relevante volume, é medida que merece ampla propagação
e apoio, porque, de outro modo, não seremos agentes reais das transformações
que afirmamos querer testemunhar e usufruir, na construção de um Judiciário mais
moderno, efetivo e, porque não dizer, capaz de promover a verdadeira justiça.
A pandemia de COVID-19, por tantas perdas e sofrimentos, é dessas coisas
que, como não poderia deixar de ser, “deu pra chorar”. Contudo, por nos ter
ensinando que podemos muito mais, e às vezes só com um pouco de coragem,
como com a “Audiência Digital”, é preciso reconhecer: a pandemia é coisa que , se
não faz sorrir, trouxe novas utilidades.
Faça, cada um, a sua opção.

Og Fernandes
Ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ)

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Eduardo Perez Oliveira - Luiz Carlos Vieira de Figueiredo

INTRODUÇÃO

O livro tem por objetivos demonstrar a relevância das audiências pelo


sistema virtual para a entrega da prestação jurisdicional e contextualizar de que
forma a virtualização do Judiciário se tornou um mecanismo de acessibilidade,
em especial para as pessoas com menos condições financeiras e/ou residentes em
locais periféricos ou distantes.
Visando um caráter mais prático do que teórico, o desiderato é expor a
realidade do jurisdicionado e aquilo que ele espera da prestação jurisdicional para
além das elucubrações unicamente teóricas. Realçamos o escopo legal para essa
prática, entendendo que a lei, regula a vida em sociedade pautando-se por direitos
auto evidentes e naturais, e que o devido processo é a forma de viabilizar esses
direitos dentro do sistema, mas jamais um fim em si mesmo.
Apresentaremos fatos e os cotejaremos com as normas e práticas forenses
em vigor, inclusive aquelas que, embora vítimas do opróbrio daqueles que
resistem às mudanças, tornaram-se essenciais para que o Judiciário continuasse a
existir durante a pandemia de COVID19 e que, entendemos e explicamos a razão,
deveriam se tornar praxe, e não solução temporária.
Como esclarecimento, para fins deste trabalho, trataremos como audiência
virtual tanto aquela por videoconferência, assim definida como a comunicação a
distância realizada em ambientes de unidades judiciárias e em estabelecimentos
prisionais, quanto a telepresencial, consistente em audiências e sessões
realizadas a partir de ambiente físico externo às unidades judiciárias, nos termos
da Resolução do Conselho Nacional de Justiça n.º 354/2020, observando que a
legislação processual cível e penal referência de forma textual apenas a audiência
por videoconferência, admitindo, porém, qualquer outro meio de transmissão em
tempo real de som e imagem.
As ferramentas tecnológicas já são realidade no Judiciário do agora. Para
o futuro, é necessário que os ganhos dos últimos anos sejam maximizados. O
Judiciário 4.0, o Juízo 100% digital e as audiências por videoconferência são partes
da solução dos problemas de morosidade da justiça e acesso ao Judiciário.
Bem-vindos ao futuro.

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CAPÍTULO I
DO FÍSICO AO VIRTUAL:
O ACESSO À JUSTIÇA
“A UM CLIQUE”
Eduardo Perez Oliveira - Luiz Carlos Vieira de Figueiredo

DO FÍSICO AO VIRTUAL:
O ACESSO À JUSTIÇA “A UM CLIQUE”

Falar de amplo acesso ao Judiciário é lidar com um tabu que muitos ainda
sustentam, mesmo que apenas com argumento de autoridade, que é o da justiça como
um lugar que deve ser procurado, e não um serviço a ser acessado e disponibilizado
para a população, confundindo a inamovibilidade do magistrado com a do poder que
ele representa, este sim com o dever de se tornar acessível ao jurisdicionado.
Todos sabemos, e não é preciso citar qualquer autor a respeito, que só se
pode falar em cidadania onde há estado, recordando que a ideia de cidadão surge
na Grécia Antiga, em Atenas, quando Clístenes, liderando uma revolta popular,
derruba o tirano Hípias, em 527 A.C. Nasce a participação direta do cidadão no
rumo da pólis, da cidade.
Democracia, portanto, é participação, ou, como se cunhou recentemente o
ditado, “não existe nós sem nós”, ou seja, não se pode falar por alguém sem que
esse alguém seja convidado a ser parte do debate.
O Judiciário como local só faz sentido quando inserido em um mundo
onde distâncias físicas precisam ser percorridas e não existe outra forma de se
comunicar se não pelo deslocamento de pessoas.
A humanidade viveu por muito tempo em grupos isolados, isolamento
rompido com o estabelecimento de rotas inicialmente terrestres, como no início
da Rota da Seda 1, ou, ainda, pelas estradas romanas, algumas existentes até hoje,
e pela navegação, com grandes feitos praticados pelos vikings, que chegaram às

1 As Rotas da Seda eram uma série de rotas interconectadas através do sul da Ásia e eram usadas no
comércio da seda entre o Oriente e a Europa. Os meios de transporte que rodeavam tais rotas eram as
caravanas e embarcações oceânicas que faziam a ligação do Oriente e da Europa. No início, a rota ligava
a cidade de Chang’an na China até Antioquia na Ásia menor, porém sua influência foi aumentando che-
gando até a Coreia e o Japão, formando assim a maior rede comercial do Mundo Antigo. Essas rotas não
foram importantes somente para o crescimento e desenvolvimento de regiões e de grandes civilizações
como o Egito Antigo, a Mesopotâmia, a China, a Pérsia a Índia e Roma, elas foram importantes também
para fundamentar o início do mundo moderno. AUGUSTO, Pedro. Rota da Seda. Disponível em https://
www.infoescola.com/historia/rota-da-seda. Acesso em: 22 abr 2022.

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Audiência Digital

Américas antes de Colombo, e pelos Fenícios, mas que atingiram seu apogeu com
a era das grandes navegações europeias.
As distâncias diminuíram com a evolução da tecnologia: do cruzamento
de raças de cavalos e o uso de pombos-correio até melhores naus, a humanidade
buscou formas de encurtar o tempo de deslocamento de um lugar ao outro.
Ainda assim, a comunicação dependia desse meio físico. Telégrafo e,
posteriormente, o telefone vieram para revolucionar a forma de se comunicar: não
era mais preciso esperar que a carta saísse do ponto A até o ponto B.
O século XX viu surgir um avanço exponencial na tecnologia, para o bem e
para o mal (a bomba atômica e a internet, por exemplo), de forma que o século XXI
já começou extremamente acelerado.
Se alguém nascido em 1950 fosse congelado nos anos 70 e descongelado
hoje, se assustaria em ver como tudo mudou, e muito. E mesmo quem não
se congelou talvez tenha dificuldade em quebrar tabus antigos, tal qual o da
localização física da justiça, como dissemos logo na abertura.
O britânico Richard Suuskind 2, em seu artigo The Future of Courts, nos anos
90 lançou a seguinte questão: o Judiciário é um serviço ou um lugar? Ou seja, em
uma sociedade amplamente conectada é possível considerar que a justiça ocorra
apenas com a presença física em um determinado local?
O que o autor propõe em seu artigo não é acelerar a velocidade da manivela
do mimeógrafo, porque isso significaria apenas fazer mais rápido o que sempre foi
feito, mas uma verdadeira mudança de paradigma, uma forma diferente de pensar a
prestação jurisdicional diante das vantagens que a tecnologia apresenta.
No Brasil, uma das primeiras sementes deste novo paradigma foi plantada
em 27 de agosto de 1996, em Campinas, Estado de São Paulo. O então juiz
Edison Aparecido Brandão (atual desembargador do TJSP), realizou o primeiro
interrogatório por videoconferência no país. Brandão registrou que enfrentou
enorme resistência da comunidade jurídica, de sorte que “reações corporativas,
a maioria delas oriunda da mais pura e simples desinformação, impediram a
implementação rápida e na devida escala de tal sistema, com enormes perdas
para o país e para a sociedade em geral” 3.
Embora possamos mencionar relevantes evoluções quanto à virtualização
do Judiciário, foi com a pandemia de COVID19 , quando as pessoas foram isoladas

2 SUUSKIND, Richard. The Future of Courts. Disponível em https://thepractice.law.harvard.edu/article/


the-future-of-courts/ Acesso em: 22 abr. 2022.
3 BRANDÃO, Edison Aparecido. Videoconferência garante cidadania à população e aos réus. Consul-
tor Jurídico. Disponível em https://www.conjur.com.br/2004-out-06/videoconferencia_garante_cidada-
nia_populacao_aos_reus Acesso em: 26 abr. 2022.

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Eduardo Perez Oliveira - Luiz Carlos Vieira de Figueiredo

em suas residências, os prédios públicos, inclusive os do Judiciário, foram fechados,


que foi preciso buscar uma solução imediata para que serviços essenciais, e a
jurisdição é um deles, não fossem interrompidos.
E a resposta foi virtualizar.
De tudo que houve de negativo dessa pandemia, podemos extrair como
positivo esse legado que de outra forma demoraria décadas para ocorrer diante da
resistência de muitos quanto à tecnologia, resistência essa que se mostrou mero
tabu e injustificada, considerando que a jurisdição continuou a ser prestada. Aliás,
não só continuou, foi prestada de forma melhor e mais eficaz.
Consultada pelo instituto de pesquisa Datafolha no primeiro semestre de
2021, 68% da advocacia brasileira considerou ótima a realização de audiências
remotas, 22% regular e apenas 10% considerou ruim. Salta aos olhos o fato de
que 82% dos profissionais da advocacia é favorável à expansão desse modelo
pelo Judiciário mesmo após a pandemia, demonstrando que advogados antigos e
modernos se adaptaram bem à nova tecnologia 4.
Conforme os dados do relatório Justiça em Números feito pelo Conselho
Nacional de Justiça, a produtividade da Magistratura brasileira foi relevante, pois
diminuiu o acervo de processos em 2,1 milhões, julgando um total de 27,9 milhões
de casos frente a uma entrada de 25,8 milhões 5.
Uma objeção padronizada sempre que se fala no avanço da virtualização
do serviço do Judiciário é a de que “internet é coisa de rico” e que os mais pobres
ficarão à margem da justiça. A defesa do pobre no Brasil já está institucionalizada,
e tão institucionalizada que se multiplica a pobreza em vez de saná-la, a fim de que
mais pobres possam ser “protegidos”, com isso às pessoas em situação de baixa
renda se sonega a cidadania, substituindo-a por uma (falsa) caridade. Há uma
verdade, contudo, no que tange à questão de acesso à internet pelas pessoas mais
pobres.
Vejamos alguns números.
Conforme a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD Contínua
TIC (Tecnologia da Informação e Comunicação) 2018, a internet chega a 79,1% dos
domicílios no país 6.

4 Disponível em https://www1.folha.uol.com.br/poder/2021/05/datafolha-pesquisa-mostra-alcance-e-opi-
niao-da-advocacia-sobre-uso-de-tecnologia-na-profissao.shtml Acesso em: 26 abr. 2022.
5 https://www.cnj.jus.br/justica-em-numeros-2021-judiciario-manteve-servicos-com-inovacao-durante-a-
-pandemia/ Acesso em 22 abr 2022.
6 Disponível em https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noti-
cias/releases/27515-pnad-continua-tic-2018-internet-chega-a-79-1-dos-domicilios-do-pais Acesso em: 22
abr. 2002.

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Audiência Digital

O equipamento mais utilizado é o celular (99,2%). O segundo é o computador


pessoal, espantando, porém, representar menos da metade do uso do celular (48,1%).
Outros trechos da pesquisa que chamam a atenção:

- o rendimento médio per capita dos que utilizavam tablet para


navegar na internet era o dobro do recebido por aqueles que
acessavam a rede pelo celular e 37,7% superior ao dos que usavam
computador;
- o percentual de pessoas que tinham celular próprio subiu de 78,2%
para 79,3%, chegando a 82,9% nas áreas urbanas e a 57,3% nas
rurais;
- o percentual de pessoas que fizeram chamadas de voz via Internet
subiu de 83,8% em 2017 para 88,1% em 2018;
- o crescimento mais acelerado da utilização da Internet nos
domicílios rurais, em todas as regiões - de 41,0% em 2017 para
49,2% em 2018 – ajudou a reduzir a diferença em relação à área
urbana, onde a utilização da internet subiu de 80,2% para 83,8%;
- nos domicílios com uso de Internet no tablet e televisão o
rendimento médio per capita era, em geral, bem mais elevado: R$
3.538 e R$ 3.111, respectivamente. Já nos domicílios que usavam o
celular para acessar a internet, o valor era quase a metade (R$ 1.765);
- em 2018, o percentual de pessoas que utilizaram a Internet foi de
12,1%, no nível sem instrução, de 55,5% no fundamental incompleto
e atingiu 98,3% no superior incompleto. (Grifamos)

A partir desses dados podemos concluir algumas coisas. Uma delas é de


que mais de 20% dos municípios no Brasil não possuem acesso à internet, e que
em mais de 99% dos casos o uso se dá pelo celular, sendo que na área rural apenas
57,9% possuem equipamento próprio.
Ainda sobre a área rural, mais de 50% dos domicílios não possuíam internet
quando da pesquisa.
Por fim, vê-se que pessoas sem instrução formal têm também ingressado
na realidade virtual, o que caracteriza um uso muito mais recreativo e básico das
redes, como por exemplo utilização de mensageiros, como o whatsapp, e redes
sociais, como Facebook e Instagram, sem que se valham do acesso à internet para
fins educacionais ou uso complexo.
É importante notar que muitas vezes o acesso à internet não vem seguido
do acesso a itens básicos de dignidade, como higiene adequada, saneamento,
saúde e segurança, de forma que uma ferramenta muito útil limita-se a um uso

22
Eduardo Perez Oliveira - Luiz Carlos Vieira de Figueiredo

para diversão.
Também a CETIC.BR possui estudo lançado em 26 de maio de 2020,
referente ao ano de 2019, no qual aponta que 20 milhões de domicílios não
possuem internet (28%) e atinge 50% das classes D/E 7.
Um a cada quatro brasileiros não usaria internet, o que geraria um número
de 47 milhões de pessoas (26%). Confirma, ainda, que o celular seria o dispositivo
mais usado (99%), e que 58% somente acessaria a internet por ele. Na área rural,
contudo, esse número saltaria para 79% e entre as classes D/E passaria para 85%,
significando que o celular seria a única via de acesso à rede.
Do total de usuários, apenas 33% utilizaria a internet para trabalhar, sendo
66% da classe A e 18% das classes D/E. Porém, 92% já a utilizaria para mandar
mensagens por whatsapp ou chat do Facebook.
Mais excludente é a questão da educação: apenas 40% teria utilizado a
internet para estudar por conta própria, 60% da classe A e 27% das classes D/E.
A juíza federal Cristiane Conde Chmatalik foi uma das palestrantes do “II
Seminário sobre Direitos Humanos – Nos tempos da pandemia”, promovido pelo
Centro Cultural Justiça Federal (CCJF), nos dias 26, 27 e 28 de agosto de 2020,
falando sobre “A dificuldade de acesso aos excluídos digitais durante a pandemia” 8.
A magistrada destacou o fato do Brasil estar na 75a colocação no IDH
segundo o PNUD, um paradoxo que aponta que existem 220 milhões de celulares
para uma população de 207 milhões de pessoas, mas apenas 63% da população
com esgoto tratado.
Ainda, que esse acesso ao celular não significa acesso irrestrito à internet
em razão do pacote de dados mínimos que essas pessoas podem pagar.
Segundo ela, há defensores, como a Organização das Nações Unidas e a
União Europeia, com a Carta dos Direitos Fundamentais Digitais, de que a internet
passe a ser Direito Humano Básico do século XXI:

Sem esse acesso, os indivíduos acabam ficando fora desses direitos,


que vêm sendo garantidos cada vez mais pela internet. Como então
democratizar o acesso à internet nesse momento tão necessário? Não
estamos vendo políticas governamentais nesse sentido. A exclusão

7 Disponível em https://cetic.br/media/analises/tic_domicilios_2019_coletiva_imprensa.pdf Acesso em: 22


abr. 2022.
8 Disponível em https://www.jfes.jus.br/noticias/diretora-do-foro-da-jfes-falou-sobre-acesso-dos-exclui-
dos-digitais-na-pandemia-durante-ii-seminario-de-direitos-humanos-do-ccjf/ Acesso em: 22 abr. 2022.

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Audiência Digital

digital não é só a exclusão de acesso a equipamentos eletrônicos,


como também de educação para o uso desses equipamentos.
Menciona a matéria, ainda, que como forma de diminuir essa desigualdade
estaria sendo garantido o acesso à justiça como o uso do chatbot para Whatsapp
do 1º Atendimento – quanto no Conselho Nacional de Justiça – no sistema macro,
com a recém editada resolução sobre inteligência artificial (Resolução nº 332, de
21 de agosto de 2020).
Regina Maria Vasconcelos Dubugras 9, magistrada do trabalho aposentada
e doutora pela Faculdade de Direito da USP, ao tratar da importância da resolução
de disputas online leciona:
É fato que a exclusão digital ainda é uma realidade no Brasil e a falta de
acesso à internet pode ser um obstáculo para que parte da população possa
participar da resolução de disputas online. Contudo, diante da pandemia da
covid-19, das normas de isolamento e das medidas de segurança decorrentes,
haverá necessidade de se agilizar o foco das políticas públicas nesta área. Uma
das estratégias será promover a ampliação do acesso gratuito descentralizado
em locais de fácil acesso à população como fóruns judiciais, pontos de ônibus,
parques, lotéricas, terminais rodoviários etc., mas já em modelos adaptados
para isolamento acústico e pessoal e com os cuidados necessários para evitar a
transmissão de vírus e bactérias, nestes pontos de acesso.
De tudo o que foi dito, extrai-se de forma conclusiva que nem todo brasileiro
possui internet, e os que possuem não necessariamente sabem utilizá-la ou têm
condições de pagar pacotes de dados que viabilizem um uso extensivo.
Esse acesso meramente recreativo, sem que se entenda o uso adequado
das ferramentas, podemos chamar de “analfabetismo funcional digital” (AFD).
A falta de acesso e o AFD se mostram marcantes de forma incisiva entre
a população de baixa renda, logo, aquela também com menor escolaridade
e oportunidades. E, dentre essas, ainda podemos destacar que mais sofre a
população rural.
Portanto, sim, as estatísticas mostram que pessoas de baixa renda,
especialmente no meio rural, possuem limitado ou nenhum acesso à internet. Isso
é um fato. Mas é possível extrair disso a conclusão de que a virtualização do serviço
judicial oferece menor acessibilidade?

9 DUBUGRAS, Regina Maria Vasconcelos. RDO - Resolução de disputas online - Inclusão digital e
conexão das partes como forma de acesso à justiça. Disponível em https://www.migalhas.com.br/
depeso/327794/rdo---resolucao-de-disputas-online---inclusao-digital-e-conexao-das-partes-como-forma-
-de-acesso-a-justica Acesso em: 22 abr. 2022.

24
Eduardo Perez Oliveira - Luiz Carlos Vieira de Figueiredo

É muito comum na sociedade que o julgamento preceda, ou seja


concomitante, a uma parcela dos fatos, o que o torna maculado. Para bem julgar é
preciso ter em mão todos os fatos. A limitação de acesso à internet pelas pessoas
de baixa renda é apenas um deles.
Outro fato de extrema relevância a ser considerado é o de que, com ou sem
internet, as pessoas em situação de vulnerabilidade sempre estiveram sem acesso
ao Judiciário. Além da falta de cultura e de disponibilização de serviços jurídicos,
falando estritamente da existência física dos fóruns, estes nunca foram de fato
acessíveis.
Quem mora nas grandes capitais ou centros urbanos não conhece o que
é o Brasil real. Ainda, é possível criar mais um filtro: quem mora em regiões bem
localizadas desses locais também não conhece a realidade da periferia. Como
costumamos manifestar em palestras, Distrito Federal não é todo o Brasil, São
Paulo não é todo o Brasil, Rio de Janeiro não é todo o Brasil.
Começando pelo interior, as comarcas abrangem muitas vezes mais de
um município, englobando inclusive vilas. Em Goiás, para citar exemplos, temos
distritos que distam 70 km ou mais da sede da comarca, em um interior com
linhas irregulares de ônibus ou até mesmo sem linha nenhuma, nos quais a pessoa
para se locomover depende ou de transporte próprio ou de carona, sem olvidar
estradas de terra ou sem manutenção. No sertão pernambucano não é diferente,
as condições precaríssimas da malha ferroviária maximizam o problema.
Os fóruns, locais físicos onde se localizam os magistrados e servidores e nos
quais são realizadas as audiências, via de regra são estabelecidos na maior cidade
da região, logo, a com melhores condições, o que força quem precisa ter acesso
a informações ou participar de audiências a se deslocar de onde estiver até lá,
não raras vezes com bastante sacrifício quando se trata de pessoa sem condições
financeiras.
Nas grandes cidades a realidade é parecida. Os fóruns são localizados em
determinadas áreas, forçando as pessoas com menores condições a gastar horas
no transporte coletivo, deslocando-se de onde se encontram até lá para buscar
informações ou participar de um ato processual como parte ou testemunha.
Pessoas com melhores condições econômicas, logo, com maior
independência profissional e financeira, podem muito mais facilmente se deslocar
ao fórum, contratar advogados melhores, ajustar seu horário de trabalho sem
qualquer prejuízo. Para elas, o deslocamento e a espera são uma inconveniência.
Já para uma pessoa de baixa renda, a ida ao fórum significa um dia a
menos de trabalho, com risco de perda da colocação ou da renda do dia, se for
profissional autônomo. Também significa deixar os filhos pequenos em casa, ou

25
Audiência Digital

levá-los consigo, despesas com transporte coletivo, longas esperas, e fome ou


despesa com alimentação fora de casa. No interior significa depender de carona,
da bondade do vizinho ou amigo, ou, pior, de algum favor político, deixar a criação
com fome, a horta sem cuidado. Para essas pessoas, a ida ao fórum pode significar
um prejuízo irreparável quanto à própria subsistência, é muito mais do que um
inconveniente.
Isso na Justiça Estadual, que é muito mais capilarizada. Nas Justiças Federal
e Trabalhista, que abrangem regiões maiores, a deficiência é muito maior em
termos de local físico de acesso.
Dizer, portanto, que a Justiça é um lugar significa forçar a população
a se deslocar até ele para ter acesso a informações e participar de atos em
busca de seus direitos. Para quem tem melhores condições, como vimos, é um
inconveniente. Já para quem está em situação de vulnerabilidade econômica o
prejuízo é imensurável, o que as afasta ainda mais do Judiciário.
Agora, conhecendo os fatos é possível fazer um julgamento adequado. E
estes são eles:
1. Pessoas de baixa renda, em especial na zona rural, possuem pouco ou
nenhum acesso à internet.
2. Os fóruns das comarcas não estão situados em local de fácil acesso às
pessoas de baixa renda.
3. A necessidade de deslocamento aos fóruns em busca de informações ou
para participar de audiências implica prejuízos pessoais e profissionais severos às
pessoas de baixa renda.
Diante de tal quadro abrem-se duas possibilidades:
1. Abortar a digitalização até que todos estejam incluídos digitalmente;
ou
2. Tornar o Judiciário um vetor de inclusão e democratização com a
acessibilidade dos seus serviços à população excluída.

Abortar a digitalização parece uma tarefa que vai na contramão do


progresso e da evolução social. Seria como tentar barrar a roda, o fogo, a própria
internet. Logo, é não só impossível como atrasado fazê-lo.
É de se considerar que a maior parte da população possui acesso à internet
e aos serviços digitais.
Entre os advogados, que são os que fazem a ponte via de regra entre
Judiciário e jurisdicionado, podemos considerar que todos estão adaptados ao
26
Eduardo Perez Oliveira - Luiz Carlos Vieira de Figueiredo

processo digital.
O que deve ser evitado a todo custo é perpetuar a marginalização daqueles
que não possuem acesso aos meios tecnológicos, competindo ao Judiciário, naquilo
que lhe cabe, democratizar o acesso aos seus serviços incluindo digitalmente os
jurisdicionados.
Acerca do tema veja o que foi dito pelos magistrados Luciana Yuki
Sorrentino e Raimundo Silvino da Costa Neto 10:

A dinâmica social não admite instituições públicas engessadas e


encasteladas.
E com o Poder Judiciário não é diferente. A percepção de
obsolescência por parte do jurisdicionado e o seu descrédito são
resultados de anos de isolamento, de expectativas frustradas e do
aprofundamento da distância que separa a própria instituição da
sociedade.
A mudança paradigmática que se presencia no Poder Judiciário nos
últimos anos vem em boa hora. Nesse contexto, a internet há de ser
encarada como uma poderosa ferramenta para a democratização
dos serviços jurisdicionais. O acesso à Justiça, portanto, deve ser
expandido e aperfeiçoado, utilizando-se das plataformas virtuais
disponíveis para ampliar seus horizontes, alcançando cada vez mais
pessoas.
De fato, as recentes experiências demonstram que a estruturação
dos mecanismos tecnológicos na prestação jurisdicional tem se
mostrado bastante promissora, propulsionada especialmente em
razão da pandemia de COVID-19, a qual exigiu rápidas inovações e
reformulações no modo de atender os jurisdicionados, sem que se
deixe de atentar para as necessidades e interesses dos envolvidos
no conflito, ou seja, sem descurar do lado humano presente em cada
demanda posta.
O presente artigo renova, assim, as esperanças em um Judiciário que
caminhe, mesmo que digitalmente, lado a lado dos seus usuários e
que se preocupe em ser algo mais do que uma linha de produção de
decisões e sentenças.
Que os bons ventos da mudança soprem a favor de um futuro
onde a sociedade reconheça o Poder Judiciário como parte de
si, melhorando substancialmente a impressão hoje revelada nas

10 COSTA NETO, Raimundo Silvino da; SORRENTINO, Luciana Yuki. O Acesso digital à Justiça - A
imagem do Judiciário Brasileiro e a prestação jurisdicional nos novos tempos. Disponível em
https://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/campanhas-e-produtos/artigos-discursos-e-entrevistas/
artigos/2020/o-acesso-2013-digital-2013-a-justica-a-imagem-do-judiciario-brasileiro-e-a-prestacao-juris-
dicional-nos-novos-tempos Acesso em 22 abr. 2022.

27
Audiência Digital

pesquisas de imagem da instituição. Ainda que remotamente,


a Justiça deve chegar a todos, indistintamente. Mas para isso é
preciso implementar algumas práticas, tais como: (i) campanhas
por meio das mídias sociais para o esclarecimento de direitos e do
real funcionamento do Judiciário; (ii) a democratização do acesso
por meio de políticas públicas, com a formulação de convênios
e redução do hiato digital hoje existente; e (iii) a simplificação da
linguagem, desburocratizando todo o sistema.
Essa é a mesma tônica do artigo apresentado pelos magistrados Valter
Shuenquener de Araújo, que dentre outras atividades é Secretário-geral do CNJ,
Anderson de Paiva Gabriel, que dentre outras funções exerce a de juiz auxiliar
da Presidência do CNJ na gestão do ministro Luiz Fux, e Fábio Ribeiro Porto, que
dentre suas atividades exerce a de juiz auxiliar da Presidência do Tribunal de Justiça
do Rio de Janeiro e de juiz auxiliar da Presidência do CNJ, “‘Juízo 100% digital’ e
transformação tecnológica da Justiça no século XXI” 11.
Sobre o período da pandemia, asseveram:

Nesse passo, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) fomentou o


trabalho remoto de magistrados, servidores e colaboradores,
buscando soluções de forma colaborativa com os demais
órgãos do sistema de justiça para realização de todos os atos
processuais, inclusive disponibilizando a todos os juízos e tribunais
uma plataforma para realização de atos virtuais por meio de
videoconferência, nos termos da Portaria CNJ nº 61, de 31 de março
de 2020.
Registre-se que as modernas plataformas de videoconferência
permitem não só a realização de audiências, mas, também, a
interação entre magistrados e demais atores do Sistema de
Justiça, possibilitando, por exemplo, que advogados que
despachem determinado processo com o juiz responsável
valendo-se apenas de um celular e um link, sem ter de se deslocar
até o Fórum. (grifamos)

Realçam a produtividade excepcional do Poder Judiciário durante a


pandemia e a mudança de paradigma que se dará com a criação do Juízo 100%
Digital (Resolução CNJ n. 345/2020).

11 ARAÚJO, Valter Shuenquener; GABRIEL, Anderson de Paiva. Juízo 100% digital’ e transformação
tecnológica da Justiça no século XXI . Disponível em https://www.jota.info/opiniao-e-analise/colunas/
juiz-hermes/juizo-100-digital-e-transformacao-tecnologica-da-justica-no-seculo-xxi-01112020 Acesso em:
22 abr. 2022.

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Eduardo Perez Oliveira - Luiz Carlos Vieira de Figueiredo

Mencionam:

Como salienta Richard Susskind na vanguardista obra “Online


Courts and the future of Justice”:Existem mais pessoas no mundo
hoje com acesso à internet do que com efetivo acesso à justiça. De
acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OCDE), apenas 46 por cento dos seres humanos vivem
sob a proteção da lei, enquanto mais de 50 por cento das pessoas
são usuários ativos da Internet de alguma forma. Anualmente, diz-
se que um bilhão de pessoas necessitam de “cuidados básicos de
justiça”, mas em muitos países, pelo menos 30 por cento das pessoas
com problemas legais sequer chegam a agir[1].– Tradução livre.

Sobre o Juízo 100% Digital, que será o futuro, são enfáticos:

Não será diferente nos serviços públicos, e esse é o potencial


transformador do “Juízo 100% Digital”, que promoverá maior
eficiência do Poder Judiciário, com efetiva aproximação com o
cidadão e redução de despesas. Essa é uma inarredável tendência
contemporânea.
(…)
O “Juízo 100% digital” poderá promover outra revolução, com
novo dimensionamento e reestruturação das serventias judiciais.
Com efeito, já é possível se repensar o conceito de “Comarca”
e “Seção Judiciária”, bem como a vinculação direta do juízo a
uma serventia, uma vez que o processo eletrônico dispensa a
concentração da força de trabalho, de forma física e presencial,
em um único local. Nesse sentido, a competência territorial do
magistrado não precisará estar restrita a um único município ou
microrregião.
O contemporâneo desafio pandêmico vivenciado pelo Poder
Judiciário ao redor do mundo robusteceu ainda mais a ideia de
uma Justiça que não está atrelada a uma sede física. Tornou-se
possível, portanto, imaginar um cartório 100% digital como forma
de agilizar o processamento dos feitos e racionalizar a mão-de-obra.
(grifamos)

E continuam:

Sem prejuízo, no “Juízo 100% Digital” as partes poderão requerer

29
Audiência Digital

ao juízo a participação na audiência por videoconferência em sala


disponibilizada pelo Poder Judiciário. No ponto, ressalte-se a
Resolução CNJ nº 341, de 07 de outubro de 2020, que determinou aos
tribunais brasileiros a disponibilização de salas para depoimentos
em audiências por sistema de videoconferência.
Trata-se de possibilidade posta à disposição daqueles que
eventualmente tenham dificuldades de acessar a internet por
um celular ou computador, sem que se exija o deslocamento até o
Fórum em que ocorrerá a audiência. (grifamos)

O processo digital, e, logo mais, o 100% digital é uma realidade já em vários


tribunais, como no Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, que no Decreto Judiciário n.
2.895, de 26 de novembro de 2021, modificou o Decreto Judiciário n. 837/2021 e estendeu
o Juízo 100% digital a todas as unidades de natureza cível e criminal de primeiro e segundo
graus de jurisdição, inclusive o tribunal do júri, em conformidade com a Resolução CNJ n.
345/2020.
Em Pernambuco, o Juízo 100% digital foi implementado pela Portaria Conjunta nº
23, de 27 de novembro de 2020, publicado no DJe de 30 de novembro de 2020.
A oportunidade histórica que temos enquanto membros do Poder Judiciário é,
vislumbrando o futuro, atuar no presente para incluir os que estão à margem, lembrando
que o Judiciário histórica e essencialmente é o socorro do mais fraco, o amparo do mais
pobre, a última trincheira dos que se veem oprimidos pela força, seja ela física, política ou
econômica.
E são esses, os mais desvalidos, que mais precisam de inclusão e que mais se
beneficiarão com um Judiciário que seja antes um serviço do que exclusivamente um local.
Não é preciso esforço imaginativo para entender o quanto um Judiciário que seja
serviço é mais inclusivo do que um que seja exclusivamente um local.
Queremos crer que a única objeção quanto à digitalização seria para a realização
de atos que devem contar com a participação do juiz e, eventualmente, das partes e
advogados, como as audiências, inspeções, inspeções em unidades prisionais, abrigos,
fiscalização do extrajudicial e atividades correlatas.
Quanto às inspeções, devem ocorrer com a participação do magistrado e,
conquanto regulares, são esporádicas. O tema mais sensível é o da audiência, que demanda
o deslocamento das partes, advogados e testemunhas ao fórum.
A ferramenta tecnológica da audiência virtual recebeu relevantes contornos durante
a crise sanitária do COVID-19 e os ganhos dela advindos não podem ser descartados com o
arrefecimento da pandemia. Pelo contrário, os resultados exponencialmente positivos revelam
que esse recurso deve ser ampliado para uma prestação jurisdicional mais célere e eficaz.

30
CAPÍTULO II
AS VANTAGENS DA
AUDIÊNCIA VIRTUAL
Eduardo Perez Oliveira - Luiz Carlos Vieira de Figueiredo

AS VANTAGENS DA AUDIÊNCIA VIRTUAL

A realização das audiências virtuais apresenta uma série de benefícios que


suplantam seus desafios e é prudente que analisemos algumas das vantagens
desse sistema.

a) Segurança e transparência do ato

As vantagens da audiência por videoconferência são evidentes. Todo o ato é


gravado, do início, quando ingressam as partes, ao fim, evitando questionamentos
colaterais que ocorriam muito no passado e alegadas negativas de eventos que
não constaram em ata. Traz, assim, grande segurança e transparência, não só em
primeiro grau, mas quando na fase recursal, permitindo aos desembargadores
reviverem a prova oral como feita em seu momento, e não por interposta pessoa,
e aquilatar o teor do que foi dito e como foi dito, já que a impressão de como se
depõe conta muito.
Há também um fator de ordem comportamental: o registro audiovisual
da audiência serve de “freio” para posturas mais incisivas ou até mesmo
histriônicas dos autores do processo. É verdadeiro ‘termostato” para impedir que
a “temperatura” da sala de audiência se eleve e prejudique o bom andamento dos
trabalhos. Afinal de contas, tudo estará gravado e disponibilizado para posterior
análise e sindicabilidade.
No Código de Processo Penal, temos a previsão do artigo 405 nos seguintes
termos:
Art. 405. Do ocorrido em audiência será lavrado termo em livro próprio,
assinado pelo juiz e pelas partes, contendo breve resumo dos fatos relevantes nela
ocorridos.

33
Audiência Digital

§ 1o Sempre que possível, o registro dos depoimentos do investigado,


indiciado, ofendido e testemunhas será feito pelos meios ou recursos de gravação
magnética, estenotipia, digital ou técnica similar, inclusive audiovisual, destinada
a obter maior fidelidade das informações
§ 2o No caso de registro por meio audiovisual, será encaminhado às partes
cópia do registro original, sem necessidade de transcrição.

Comentando o referido dispositivo, Eugênio Pacelli e Douglas Fischer


registram que a norma tem por escopo garantir que a instrução fique bem
documentada de modo a garantir tanto no juízo de origem, bem como na esfera
recursal a fidelidade da coleta de provas 12.
Entretanto, é preciso reconhecer que há um risco inerente na utilização de
toda e qualquer ferramenta tecnológica.
O programa “Fantástico” de Rede Globo de Televisão, exibido no último dia
25/04/2022, trouxe uma matéria sobre a desarticulação de duas grandes quadrilhas
do tráfico internacional de drogas, ligados ao cartel mexicano de Sinaloa 13.
A reportagem revelou que um dos artifícios utilizados pelas facções
criminosas era a utilização de bloqueadores de sinal para prejudicar a realização
das audiências por videoconferência. Com isso, o objetivo era buscar o adiamento
dos atos e o reconhecimento do constrangimento ilegal decorrente do excesso de
prazo da instrução processual. Trata-se de um estratagema criminoso que merece
especial atenção das autoridades no sentido de apresentar não só a prisão e sanção
dos envolvidos, como também meios de evitar sua repetição.
Ora, o risco de interferência externa existe, é inegável. Cabe aos Poderes
Judiciário e Executivo estabelecerem protocolos de segurança para evitar estas
práticas nefastas. Da mesma forma, existem riscos de interferência em audiências
presenciais, talvez em maior grau, como veremos adiante.

b) Melhoria de acesso à justiça

O acesso à justiça, ou acesso à ordem de justa causa, ou inafastabilidade


da jurisdição, ou inafastabilidade do controle jurisdicional é princípio de dignidade

12 PACELLI. Eugênio. Comentários ao Código de Processo Penal e sua jurisprudência. 14. ed. rev.
atual. e ampl. São Paulo: JusPodivum 2002 p. 1176.
13 Disponível em https://g1.globo.com/fantastico/noticia/2022/04/24/policia-desarticula-duas-grandes-
-quadrilhas-do-trafico-internacional-de-drogas-apos-megaoperacao.ghtml. Acesso em: 26 abr. 2022.

34
Eduardo Perez Oliveira - Luiz Carlos Vieira de Figueiredo

constitucional, insculpido no inciso XXXV do art. 5º da Magna Carta: “A lei não


excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”.
Cassio Scarpinella Bueno 14 destaca que:

Como o exercício do direito de ação consagrado neste dispositivo


impõe a manifestação do Estado-juiz e como esta atuação tem que
ser adequada (devida) para outorgar a tutela jurisdicional tal qual
requerida, não há como admitir que a lei possa pretender minimizar
o processo e as técnicas processuais adotadas ou adotáveis por
ele para exercício escorreito da função jurisdicional, sob pena de,
indiretamente, minimizar a amplitude do inciso XXXV do art. 5º da
CF e, por isso mesmo, ser irremediavelmente inconstitucional.

Com a videoconferência, partes, advogados e testemunhas podem


participar do ato de qualquer lugar em que estejam, não só no país, mas no mundo.
Isso é especialmente relevante para partes e testemunhas de menor
condição econômica que não precisam se deslocar até o prédio do Judiciário e
esperar por vezes horas até a realização do ato, perdendo todo um dia.
Citamos como exemplo o Programa Pai, instituído pelo Conselho Nacional
de Justiça (Provimentos 12 de 06/08/2010 e 16, de 17/02/2012), e cuja execução pela
Corregedoria Geral da Justiça do Estado de Goiás levou à realização de audiências
de reconhecimento de paternidade por videoconferência e telepresença desde
antes da pandemia. Com o advento da pandemia, foi implantado o Programa Pai
Presente Total, via Provimento CGJTJGO nº 54/2021, que além de reconhecimento
extrajudicial de paternidade passou a colaborar com as ações de investigação de
paternidade em andamento, diminuindo o acervo das unidades de família.
Graças à realização de audiências virtuais foi possível efetivar o
reconhecimento de paternidade envolvendo pessoas presas em diversas unidades
prisionais do país; pessoas que se encontram em outras cidades que não na
capital ou mesmo em outros estados e até em outros países. Citando como
exemplo o ano de 2021, foram feitos cerca de 2 mil atendimentos e mais de 200
reconhecimentos espontâneos de paternidade por videoconferência, inclusive
com pais que moram fora do Brasil 15. Na véspera do Dia dos Pais, em 2021, foi
possível realizar 38 reconhecimentos de paternidade em um único dia, de forma

14 BUENO, Cassio Scarpinella. Manual de direito processual civil.5. ed. São Paulo : Saraiva Educação,
2019. p. 69-70.
15 Disponível em: https://www.tjgo.jus.br/index.php/corregedoria-menusuperior/noticias-corregedoria/
23580-atendimentos-do-pai-presente-continuam-sendo-realizados-de-forma-continua-em-2022. Acesso
em: 23 abr. 2022.

35
Audiência Digital

segura, com certificação documental e de identidade, e com a presença de todos


os interessados 16.
Esse programa é um exemplo clássico, porque acorrem a ele em sua grande
maioria pessoas em situação de vulnerabilidade financeira, as que mais dependem
desse apoio, e a necessidade de deslocamento até o prédio do Tribunal de Justiça,
localizado em zona nobre da capital, sempre foi um problema, sem contar o fato
de que muitas vezes os pais que reconheceram seus filhos se encontravam em
locais distantes, ou a trabalho, e não tinham condições de comparecer à audiência.
Prova inconteste disso foi o reconhecimento de paternidade feito via Pai
Presente, de forma virtual, pelo operador de carga e descarga Ronniel Andres Calvo
Copland, de 27 anos, juntamente à sua esposa, Freily Desirree Becker Marquez, 25,
ambos venezuelanos. Veja-se trecho da notícia 17:

O drama do casal começou ainda na Venezuela, quando Ronniel e a


esposa, em busca de melhores oportunidades e para fugir do regime
ditatorial imposto pelo atual governo do País, veio para o Brasil,
mais precisamente para o Estado de Roraima, passando a residir na
capital Boa Vista. Contudo, Freily engravidou do terceiro filho e eles
passaram muitas necessidades pela falta de trabalho. Como os pais,
irmãos e um primo da sua mulher já moravam em Goiânia há cerca
de 10 meses, o operador de carga decidiu tentar a sorte na capital
goiana e deixou a mulher grávida em Roraima. Contudo, ela teve um
parto prematuro e o reconhecimento de paternidade do pequeno
Cristhopher acabou sendo adiado para depois. Então, somente há 3
meses, idade do bebê, Friely conseguiu finalmente desembarcar em
Goiânia e tomou conhecimento do Pai Presente.
“Estou muito feliz porque, finalmente, assim como meus outros
filhos, consegui registrar meu bebê e incluir o nome dele no convênio
de saúde, sem qualquer custo, com muita rapidez por essa equipe
maravilhosa do Pai Presente. Passamos muita fome na Venezuela
e até em Roraima. Somos pessoas humildes, só queremos dar uma
vida melhor para os nossos filhos. Aqui, em Goiânia, meu marido
está trabalhando. Conseguimos o registro do nosso outro filho e
vamos ficar juntos. Acho que isso é o que realmente importa na vida,
nossa família reunida”, comove-se.

16 Disponível em: https://www.rotajuridica.com.br/pai-presente-total-concretiza-38-reconhecimentos-


-de-paternidade-virtual-em-apenas-um-dia/. Acesso em: 23 abr. 2022.
17 Disponível em: https://www.tjgo.jus.br/index.php/corregedoria-menusuperior/noticias-corregedoria/
21298-mesmo-com-a-pandemia-da-covid-19-pai-venezuelano-reconhece-filho-on-line-pelo-pai-presen-
te-nesta-quinta-feira-25. Acesso em 23 abr.2022.

36
Eduardo Perez Oliveira - Luiz Carlos Vieira de Figueiredo

A realização das audiências pela via virtual é um caminho de cidadania


e inclusão disponibilizado pelo Poder Judiciário, que de outra forma, ou seja,
mantendo a justiça exclusivamente como local, manteria essas pessoas à
margem. A mesma notícia do casal de venezuelanos conta também o drama de
duas irmãs que foram reconhecidas pelo pai após 30 anos, graças ao Pai Presente
e a facilitação de acesso ao Judiciário18.
Mas não só as pessoas de baixa renda são beneficiadas. O sistema virtual
de audiência está além das distâncias físicas. As partes, advogados, vítimas,
testemunhas, terceiros interessados, estagiários podem acessar as salas virtuais
de audiência de qualquer lugar do planeta.
Veja-se o caso da audiência realizada no Juizado Criminal de Garanhuns/
PE, presidida pela juíza Karla Peixoto Dantas, na qual uma das partes estava no
continente europeu 19:

Tecnologia e inovação nas práticas jurisdicionais. Estas são duas


conquistas que se fortaleceram durante os desafios da pandemia
e vieram para somar e ficar permanentemente no trabalho do
Judiciário. Imbuído nesse espírito, mais uma vez o Juizado Criminal
de Garanhuns (Jecrim) inova suas práticas ao promover a transação
penal por videoconferência com o autor do fato em Paris, na Europa.
A audiência remota conduzida pela juíza Karla Peixoto Dantas,
aconteceu através da plataforma Cisco Webex, no dia 9 de
novembro. Participaram também o assessor de magistrado Rodrigo
Eloi Gomes, em Garanhuns; o defensor público Aguinaldo de Barros
e Silva Júnior, em Recife, e a promotora de justiça Mariana Cândido
Albuquerque, em exercício cumulativo em Saloá, mas disponível
pelo aplicativo WhatsApp.
O processo estava aguardando cumprimento de diligências há
mais de 200 dias. Ao realizar inspeção nos processos críticos (cuja
data da última movimentação é superior a 100 dias), o Jecrim
identificou que o autor do fato havia disponibilizado o WhatsApp.
Em poucos minutos, foi mantido contato com o mesmo e, diante de
sua anuência, agendaram a audiência virtual para três dias depois,

18 Disponível em: https://www.tjgo.jus.br/index.php/corregedoria-menusuperior/noticias-corregedoria/


23580-atendimentos-do-pai-presente-continuam-sendo-realizados-de-forma-continua-em-2022. Acesso
em: 23 de abr. 2022.
19 Disponível em http://www.tjpe.jus.br/pt/noticias/-/asset_publisher/KJLrKuw-
940SO/content/jecrim-de-garanhuns-promove-transacao-penal-por-videoconferen-
cia-com-parte-na-europa?inheritRedirect=false&redirect=http%3A%2F%2Fwww.tjpe.jus.
br%2Fpt%2Fnoticias%3Fp_p_id%3D101_INSTANCE_KJLrKuw940SO%26p_p_lifecycle%3D0%26p_p_
state%3Dnormal%26p_p_mode%3Dview%26p_p_col_id%3Dcolumn-2%26p_p_col_count%-
3D1%26p_r_p_564233524_tag%3Dtecnologia Acesso em 23 abr 2022.

37
Audiência Digital

sendo o processo devidamente sentenciado.


A magistrada destaca que as audiências e sessões por
videoconferência foram adotadas, em caráter emergencial, durante
a pandemia. “Esse novo formato tinha como principal objetivo não
paralisar a prestação jurisdicional frente às medidas de isolamento
social. Ocorre que, a transformação ocorrida, foi tão exitosa que, no
meu pensar, é um caminho sem volta para o Judiciário”, comenta
Karla Peixoto Dantas.
Apesar dos avanços, existem algumas dificuldades neste novo
procedimento, principalmente quando se trata daqueles cidadãos
denominados excluídos digitais. Para esse público, o Jecrim de
Garanhuns disponibilizou uma sala específica com ventilação,
estrutura e os equipamentos necessários – computador, câmera e
internet - para realizar a audiência, além de promover os devidos
cuidados sanitários, como a limpeza da sala após a saída de cada
parte.
Após conseguir esgotar todos os processos que podiam ser
solucionados exclusivamente de forma virtual, a unidade tem
realizado, no momento, cerca de 30% dos contatos para as
audiências via aplicativo Whatsapp e o restante por oficial de
justiça. Inclusive, a orientação da juíza é para que durante a
intimação seja explicada a necessidade da parte informar um
telefone nos autos, mesmo que seja de um parente ou vizinho, a fim
de facilitar a comunicação. Além disso, os processos físicos estão
sendo digitalizados diretamente na secretaria. “Todos da equipe
do juizado bem como os demais envolvidos – Ministério Público e
Defensoria Pública – estão empenhados nesta nova proposta de
trabalho. De fato, esse formato de audiência virtual tem diminuído
significativamente o tempo de tramitação processual, além de
contar com a adesão positiva das partes que desejam a transação
penal”, conclui a magistrada.

Outra experiência interessante aconteceu em sessão do Tribunal do Júri feita


na vara criminal de Abreu de Lima (TJPE) com apoio o sistema de videoconferência
20
, notícia que também é interessante transcrever na íntegra:

O Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) segue utilizando a


tecnologia em prol da prestação jurisdicional no Estado. Nesta
quarta-feira (26/1), o Juízo da Vara Criminal na Comarca de Abreu
e Lima realizou, com apoio do recurso de videoconferência, uma

20 Disponível em https://www.tjpe.jus.br/-/vara-criminal-de-abreu-e-lima-realiza-juri-popular-com-apoio-
-de-videoconferencia-e-ouvida-de-reu-preso-em-unidade-prisional-da-paraiba Acesso em: 26 abr. 2022.

38
Eduardo Perez Oliveira - Luiz Carlos Vieira de Figueiredo

sessão do Tribunal do Júri Popular de ação penal com réu que se


encontrava preso em outra unidade da Federação. No julgamento,
o Poder Judiciário efetuou a ouvida do acusado, custodiado na
Penitenciária Desembargador Flóscolo da Nóbrega, em João
Pessoa, capital da Paraíba.
O júri foi efetuado através do aplicativo Webex Cisco, e presidido
pelo titular da Vara Criminal de Abreu e Lima, juiz Luiz Carlos Vieira
de Figueirêdo. Sobre a sessão, o magistrado do TJPE destaca
a importância da tecnologia utilizada a serviço da prestação
jurisdicional, que, neste caso, viabilizou o julgamento de um réu
preso em outra unidade da Federação, acusado em um processo no
qual havia dificuldades para o eu recambiamento, e que já havia tido
um júri adiado devido ao agravamento da crise sanitária da Covid-19.
“O júri só foi possível à luz da tecnologia. Os servidores da Vara
Criminal de Abreu e Lima entraram em contato com a unidade
prisional da Paraíba, e geraram um link para que esse julgamento
fosse realizado. Todos os direitos e garantias do acusado, e todas as
prerrogativas das partes, foram preservados. Houve interrogatório
do preso, os jurados tiveram amplo acesso às provas processuais,
o acusado acompanhou o julgamento integralmente pelo sistema
de videoconferência, e o defensor público teve a oportunidade de
entrevista reservada com o acusado, e ao final da sessão, em tempo
real, houve a leitura da sentença”, pontua o juiz Luiz Carlos Vieira de
Figueirêdo.
No local do julgamento, no Fórum da Comarca de Abreu e Lima,
além do magistrado que presidiu o júri e dois servidores do
Poder Judiciário pernambucano, estiveram presentes apenas os
representantes do Ministério Público de Pernambuco (MPPE),
da Defensoria Pública e os jurados que compuseram o Conselho
de Sentença. Tendo em conta o atual agravamento da pandemia
da Covid-19, todos os presentes seguiram os devidos protocolos
sanitários, mantendo distanciamento, e usando máscaras e álcool
em gel no local.
“Eu gostaria de ressaltar, na condição de juiz presidente da referida
sessão de júri popular, que o procedimento não teria sido ordenado
por mim caso fosse percebido o menor risco de que este julgamento
pudesse trazer algum prejuízo ao acusado ou para quaisquer das
partes processuais. Mas, muito pelo contrário, a tecnologia viabilizou
um julgamento equilibrado, justo, e que respeitou a soberania dos
direitos”, finaliza o magistrado.

39
Audiência Digital

c) Celeridade processual e economia ao erário

Reza o artigo 5º, inciso LXXVII, de Constituição da República que “a todos,


no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo
e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação”.
O Código de Processo Civil enuncia que “as partes têm o direito de obter
em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a atividade satisfativa”
(artigo 4º do CPC).
A realização de audiências virtuais permite uma maior facilidade de
atendimento pelo magistrado e de comparecimento do Ministério Público, da
Defensoria Pública, das partes, advogados e testemunhas.
Juízes, promotores e defensores que respondem por mais de uma unidade
podem ajustar sua agenda para participar de audiências em todas elas ao longo do
dia, o que seria impossível caso se exigisse a presença física no ambiente em razão
do deslocamento.
Dá-se o mesmo quanto aos advogados, que poderão participar de uma
audiência virtual e outra no mesmo dia em comarcas diferentes e distantes, até
mesmo em outro estado.
Com isso há a realização mais célere dos atos processuais e menos
audiências são frustradas, resultando na entrega da prestação jurisdicional em
prazo razoável, cumprindo este direito fundamental, com o mínimo de gasto que
o erário teria com as horas do magistrado, servidores, promotor e defensor e pelo
tramitar do processo, além de eventuais despesas com ajuda de custo e diária.
Em outros termos, é possível que mais unidades judiciais estejam cobertas
pelo mesmo magistrado e outros profissionais, sem que isso signifique aumento
de despesa para o contribuinte.

d) A desnecessidade de expedição de cartas precatórias e rogatórias


para inquirição de vítimas, testemunhas e interrogatório de acusados

É de saber comezinho o atraso decorrente da expedição, cumprimento


e devolução de cartas precatórias para a produção de prova oral. Há casos em
que uma carta precatória para uma simples oitiva de uma testemunha demora
cerca de um ano, atrasando o desfecho da instrução processual e, muitas vezes,
repercutindo da transmudação de uma prisão legal em ilegal decorrente do
constrangimento ilegal por excesso de prazo.

40
Eduardo Perez Oliveira - Luiz Carlos Vieira de Figueiredo

Isso, no âmbito criminal, gera o aumento da população carcerária, o


desrespeito à razoável duração do processo, à necessidade da soltura por excesso
de prazo de réus que deveriam estar encarcerados e um impacto negativo na
imagem do Judiciário e na segurança da população.
No âmbito cível esta demora também significa um desgaste quanto à
confiança no Judiciário, a demora irrazoável do processo e o acúmulo de ações,
com prejuízo ao tramitar de todo o acervo.
Isso é injustificável diante da existência de uma tecnologia que permite a
coleta da prova nos mais distantes rincões do país com segurança.
O aspecto mais relevante, contudo, é a garantia de que o juiz da causa será
o responsável por colher a prova oral em sua integralidade, e não outro magistrado
a presidir o ato deprecado.
No Tribunal de Justiça de Goiás isso já é realidade desde a expedição do
Provimento Conjunto n. 10/22, que determinou o uso da agenda eletrônica em
substituição à carta precatória para a realização de depoimentos pessoais, oitivas
de testemunhas e vítimas residentes fora da comarca e, quando for o caso,
interrogatórios de réus presos na forma do art. 185 do Código de Processo Penal
por sistema de videoconferência, na Justiça de Primeira Instância do Estado de
Goiás.
Ou seja, o Tribunal de Justiça de Goiás aboliu o uso da carta precatória para
colheita de prova oral e interrogatório, inclusive quando o pedido vier de outro
estado da federação, convertendo-se a precatória em solicitação de uso de sala
passiva, com encaminhamento do respectivo link, intimação da testemunha,
perito, vítima ou réu, e disponibilização do espaço para oitiva por videoconferência
(art. 1o, §3°), o que só não ocorrerá em situação excepcional devidamente
fundamentada na necessidade resultante da natureza do ato, que não recomende
a inquirição por videoconferência, ou na impossibilidade técnica ou material de
realização da coleta virtual da prova oral (art. 1°, §1°).
A norma foi ampla com relação ao tipo de plataforma que poderá ser
utilizada, podendo ser Cisco Webex, Zoom, Hangouts, WhatsApp ou outra similar,
a critério do magistrado (art. 3°).
De caráter bastante pragmático e conhecendo a necessidade de adaptações,
a norma estabelece que para a realização da videoconferência será utilizada sala
própria que será mantida nos fóruns das Comarcas do Estado de Goiás, dotada de
recursos e equipamentos necessários à sua realização, a chamada “sala passiva”
(art. 4°), mas que enquanto não existir tal estrutura poderá ser aproveitada a
estrutura já existente das salas de audiência, salas de depoimento especial e
plenário do tribunal do júri para a oitiva por videoconferência (art. 4°, §2°).

41
Audiência Digital

Nada obsta, ainda, que sejam usadas as salas dos postos avançados, que
são unidades físicas, descentralizadas, integrantes da Comarca sede, instalados
em regime de parceria com os municípios ou cartórios extrajudiciais (art. 1° da
Resolução OETJGO n. 143/2021), que serão tratados mais adiante.
Com uma norma simples e prática, o Tribunal de Justiça de Goiás apresentou
uma solução célere e econômica para a questão da colheita de prova oral que antes
dependiam da expedição de carta precatória, com os benefícios já apontados.
A exemplo de Goiás, em Pernambuco as cartas precatórias para inquirição
de testemunhas, oitiva de vítimas e interrogatórios de acusados não são mais
utilizadas. Vale ainda registrar que todas as unidades prisionais do estado contam
com salas próprias para interrogatórios de réus presos por videoconferência.
A título ilustrativo, é oportuno mencionar que o Tribunal de Justiça de São
Paulo disponibilizou um estudo intitulado Audiências e Sessões de Julgamento
por Videoconferência, realizado pelo Centro de Apoio ao Direito Público – Cadip.
Trata-se de uma
compilação de informações esparsas de interesse sobre o tema,
com um panorama dos atos normativos dos diversos Tribunais e da
incipiente jurisprudência, links para acesso a artigos online e notícias
publicadas na imprensa, visando auxiliar os integrantes da Seção de
Direito Público e os operadores do Direito em geral 21.

Por fim, é preciso destacar a existência do Sistema Nacional de


Videoconferência, desenvolvido pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), com
o objetivo de proporcionar maior facilidade, agilidade e eficiência na rotina de
trabalho dos magistrados brasileiros. O acesso à plataforma é feito pelo site https://
vc.cnj.jus.br/ . Acesso através de Login e senha cadastradas no CNJ corporativo.

21 Disponível em https://www.tjsp.jus.br/Download/SecaoDireitoPublico/Pdf/Cadip/InfEspCadipVideo-
conferencia.pdf Acesso em: 23 de abr 2022.

42
CAPÍTULO III
IMPACTOS ECONÔMICOS,
SOCIAIS E AMBIENTAIS
Eduardo Perez Oliveira - Luiz Carlos Vieira de Figueiredo

IMPACTOS ECONÔMICOS, SOCIAIS E AMBIENTAIS

Já antes da pandemia o mundo se encaminhava para uma possível


recessão, que veio a se confirmar após a COVID19. A inflação já é uma realidade
em diversos países e houve um aumento significativo nos preços de todos os itens,
de alimentos a supérfluos. Os combustíveis não ficaram de fora e chegou a quase
dobrar o valor do litro do álcool, da gasolina e do diesel.
Ora, a realização de atos com a presença física das partes no fórum significa
maior despesa pessoal com deslocamento.
Não se pode descartar as dificuldades do advogado, da parte que tem que
cruzar os pontos de uma região metropolitana tomada pelo trânsito “travado”, do
custo do transporte público para as partes e testemunhas.
Isso não seria problema se fosse a única forma de realizar a audiência, mas
sabidamente não é, e isso contraria o princípio da eficiência, porque impõe um
meio mais gravoso para a realização de um ato que admite uma prática menos
onerosa para os envolvidos.
A isso se soma a perda do tempo produtivo de deslocamento dos envolvidos
no ato, que poderiam produzir nesse ínterim, e mais o tempo de espera até o início
da audiência, que se fosse virtual bastaria ingressar na sala online sem prejuízo de
outras tarefas enquanto aguardasse sua vez.
No caso dos processos criminais, nos quais há constante oitiva de policiais
militares, muitas audiências são adiadas porque os policiais arrolados pela
acusação estavam em missão.
No paradigma da audiência virtual, não raras vezes os policiais são ouvidos
dentro das viaturas, em campo, viabilizando o encerramento das instruções
processuais e o julgamento do processo no ato da audiência, providência que está
em harmonia com os ritos ordinário, sumário e sumaríssimo no âmbito criminal.
Há aí ainda benefício direto para a sociedade, pois o agente de segurança

45
Audiência Digital

somente suspenderá seu serviço enquanto presta o depoimento, retornando


imediatamente para sua atividade.
O mesmo se pode dizer quanto a outras testemunhas que são servidores
públicos e cuja hora de serviço, paga pelo contribuinte, é desperdiçada em
deslocamentos e salas de espera em fórum, quando poderiam reverter para a
sociedade.
Não podemos nos olvidar dos empregados da iniciativa privada,
especialmente os que possuem profissões mais humildes, e daqueles que fazem
os serviços domésticos e cuidam de seus filhos, que poderão permanecer com eles
enquanto prestam depoimento.
Há, portanto, um relevante aspecto econômico tanto público quanto
privado, e social.
Além disso, há uma diminuição da pegada de carbono ou pegada ecológica,
porque essas pessoas não terão que se deslocar até o local físico do fórum, com
menor queima de combustíveis, gasto de pneu e asfalto e desgaste das máquinas.
O Conselho Nacional de Justiça instituiu o “Programa do Judiciário pelo
Meio Ambiente”. O Ministro Luiz Fux elegeu a proteção do meio ambiente como
um dos cinco eixos de sua gestão 22.
No excelente artigo “Planos de logística sustentável no Poder Judiciário:
uma análise do impacto ambiental da implementação do trabalho home office nos
tribunais brasileiros”, publicado na Revista Eletrônica do CNJ 23, Francieli Puntel
Raminelli e Carla Veintemilla Arantes destacaram a necessidade de o Poder Judiciário
adotar práticas sustentáveis, fomentando uma consciência ambiental coletiva.
Nesta senda, as autoras destacam que a adoção de ferramentas tecnológicas
ocorre uma sensível redução de itens como papel, impressão, copos descartáveis,
energia elétrica e combustível.
O estudo, por exemplo, comparou os gastos com resmas de papel nos anos
de 2019 e 2020. Em 2019, o consumo foi de 2,2 milhões de resmas. Em 2020, foram
987 mil. Neste mesmo período, as autoras destacaram as reduções em 50% no
número de impressões e 60% no uso de copos descartáveis. Neste particular, os
gastos com esse item caíram de R$ 2,7 milhões em 2019, contra mais de R$ 1,2
milhão em 2020.

22 Disponível em https://www.cnj.jus.br/wp-content/uploads/2022/04/programa-meio-ambiente-
-19-04-2022-converted.pdf Acesso em: 26 abr. 2022.
23 RAMINELLI, Franciele Puntel; ARANTES, Carla Veintemilla. Planos de logística sustentável no Poder
Judiciário uma análise do impacto ambiental da implementação do trabalho home office nos
tribunais brasileiros. Disponível em https://www.cnj.jus.br/ojs/index.php/revista-cnj/issue/view/7 Acesso
em: 26 abr. 2022.

46
CAPÍTULO IV
A GARANTIA DA
HIGIDEZ, QUALIDADE
E TRANQUILIDADE
DAREALIZAÇÃO DA
AUDIÊNCIA, O DEPOIMENTO
DAS VÍTIMAS, TESTEMUNHAS
E NO INTERROGATÓRIO DO
ACUSADO
Eduardo Perez Oliveira - Luiz Carlos Vieira de Figueiredo

A GARANTIA DA HIGIDEZ, QUALIDADE E TRANQUILIDADE


DA REALIZAÇÃO DA AUDIÊNCIA, O DEPOIMENTO DAS VÍTIMAS,
TESTEMUNHAS E NO INTERROGATÓRIO DO ACUSADO

No âmbito criminal, a audiência virtual, seja por videoconferência ou


telepresencial, maximiza a proteção dos direitos das testemunhas e das vítimas
prevista no artigo 217, caput, do Código Penal:

Art. 217. Se o juiz verificar que a presença do réu poderá causar


humilhação, temor, ou sério constrangimento à testemunha ou ao
ofendido, de modo que prejudique a verdade do depoimento, fará
a inquirição por videoconferência e, somente na impossibilidade
dessa forma, determinará a retirada do réu, prosseguindo na
inquirição, com a presença do seu defensor.

Sobre a referida norma, ensina Renato Brasileiro 24:

Não se nega que o acusado tenha o direito fundamental de


presenciar e participar da colheita da prova oral contra ele produzida
em audiência pública (direito ao confronto). Porém, não se trata de
um direito de natureza absoluta. Dentre os direitos fundamentais
que podem colidir com o direito ao confronto, legitimando sua
restrição, encontram-se os direitos da testemunha de acusação à
vida, à segurança, à intimidade e à liberdade de declarar, os quais
se revestem de inequívoco interesse público, e cuja proteção é
indiscutível dever do Estado. Portanto, no caso de efetiva prática
de atos intimidatórios, subentende-se que houve uma renúncia
tácita ao direito ao confronto pelo acusado, pela adoção de
comportamento incompatível com ele.

24 LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de processo penal. 8. ed. rev. ampl. e atual. Salvador: JusPodivm,
2020. p. 777.

49
Audiência Digital

Também na seara cível acontece de os ânimos exaltados resultarem em


incidentes no fórum ou intimidação ou constrangimento a partes, testemunhas e
até a advogados.
A realização de audiências virtuais faz cessar esse risco de contato entre
as partes, entre acusado e vítimas e testemunhas, ou de parentes da vítima e
acusados, também porque não poucas vezes o réu é vítima de intimidação.
Há ainda o risco concreto de que, cientes de que testemunhas, partes ou
acusado estarão no fórum em determinado dia e horário, para lá se dirijam pessoas
com intento criminoso e acabem por praticar um homicídio 25.
A audiência também é um momento arriscado para o magistrado, o
promotor, o advogado e todos que nela estão, porque são várias as notícias
de pessoas que ingressaram armadas ou que praticaram agressão durante a
audiência, o que é impossível de acontecer na audiência virtual.
No que toca especificamente às audiências criminais, além dos riscos já
citados quando da realização de audiência, há ainda a possibilidade de resgate de
réus presos durante o deslocamento ou no próprio fórum.
Caso bastante conhecido foi o da tentativa de resgate de presos e de
homicídio do juiz de Direito Alexandre Abrahão, no Fórum de Bangu, no Rio de
Janeiro, quando em 2013 criminosos fortemente armados foram detidos pela
Polícia Militar, não sem antes matar uma criança de oito anos e um policial militar.
A tentativa de resgate de preso aconteceu durante a audiência 26.
Não é preciso ser especialista em segurança para ter acesso a esses
fatos notórios. Qualquer pesquisa no Google já retornará diversas ocorrências
envolvendo tentativa de resgate em audiência ou durante o deslocamento, como
a ocorrida no Fórum de São José dos Pinhais 27, com troca de tiros no corredor do
fórum, ou esta mais recente, de 11 de abril de 2022, há pouco mais de uma semana
da redação deste texto, que ocorreu em Santos 28. Os criminosos colocaram fogo
em um carro em meio a uma movimentada avenida e trocaram tiros com os
policiais militares que estavam levando um preso para realizar uma audiência de
custódia no fórum.

25 Disponível em https://g1.globo.com/goias/noticia/2013/07/testemunha-pode-ter-sido-morta-na-saida-
-de-forum-por-engano-diz-policia.html Acesso em: 26 abr. 2022.
26 Disponível em https://veja.abril.com.br/brasil/juiz-alvo-de-bandidos-que-invadiram-o-forum-de-ban-
gu-e-transferido/ Acesso em: 26 abr. 2022.
27 Disponível em https://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/tentativa-de-resgate-de-preso-
-em-forum-termina-com-um-morto-bkx647kvhemqkx5itsv2q3ccu/ Acesso em: 26 abr. 2022.
28 Disponível em https://www.band.uol.com.br/noticias/brasil-urgente/ultimas/tentativa-de-resgate-de-
-presos-termina-em-tiroteio-e-carro-em-chamas-em-santos-16505148 Acesso em: 26 abr. 2022.

50
Eduardo Perez Oliveira - Luiz Carlos Vieira de Figueiredo

A realização das audiências por videoconferência, dentro do sistema


prisional, quando se tratar de réu preso impede totalmente esse tipo de tentativa
de resgate de criminosos, garante a segurança da sociedade, dos agentes da
escolta e do próprio acusado.
Há ainda a questão da despesa que cada um desses deslocamentos implica,
e sequer estamos falando daqueles que demandam a utilização de aeronaves.
Além dos riscos reais envolvendo a condução do preso, a escolta, a viatura e o
combustível utilizado estão fazendo um serviço que poderia ser feito de outro
modo de forma menos gravosa para o erário e para a sociedade, sem prejuízo aos
direitos fundamentais do réu.
Novamente menciona-se aqui a lesão ao princípio da eficiência, pois a
audiência por videoconferência realiza o mesmo ato com menos ônus e não há
justificativa plausível para que não seja feita dessa forma, uma vez que o réu
continua tendo direito a entrevista particular com seu defensor antes da audiência,
bem como a visitas de seu advogado.
Somente um tabu irracional, como todo tabu, impede observar como a
não utilização dessa ferramenta tem prejudicado sobremaneira a administração
da justiça e colocado em risco os agentes de segurança pública, a sociedade,
magistrados, servidores, promotores, advogados e pessoas que transitam pelo
fórum.

51
CAPÍTULO V
A AUDIÊNCIA VIRTUAL E
SUA COMPATIBILIDADE
COM O SISTEMA LEGAL
Eduardo Perez Oliveira - Luiz Carlos Vieira de Figueiredo

A AUDIÊNCIA VIRTUAL E SUA COMPATIBILIDADE


COM O SISTEMA LEGAL

O Código de Processo Civil, em seu o art. 236, §3°, é claro: admite-se a prática
de atos processuais por meio de videoconferência ou outro recurso tecnológico de
transmissão de sons e imagens em tempo real.
Em outros dispositivos do aludido diploma encontramos mais referências:
Art. 385. (…)
§ 3º O depoimento pessoal da parte que residir em comarca, seção
ou subseção judiciária diversa daquela onde tramita o processo
poderá ser colhido por meio de videoconferência ou outro recurso
tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo real, o
que poderá ocorrer, inclusive, durante a realização da audiência de
instrução e julgamento.
Art. 453. (…)
§ 1º A oitiva de testemunha que residir em comarca, seção ou
subseção judiciária diversa daquela onde tramita o processo
poderá ser realizada por meio de videoconferência ou outro recurso
tecnológico de transmissão e recepção de sons e imagens em
tempo real, o que poderá ocorrer, inclusive, durante a audiência de
instrução e julgamento.
Art. 461. (…)
§ 2º A acareação pode ser realizada por videoconferência ou por
outro recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em
tempo real.
Art. 937. (…)
§ 4º É permitido ao advogado com domicílio profissional em cidade
diversa daquela onde está sediado o tribunal realizar sustentação
oral por meio de videoconferência ou outro recurso tecnológico de
transmissão de sons e imagens em tempo real, desde que o requeira
até o dia anterior ao da sessão.

55
Audiência Digital

Na seara dos juizados especiais, a Lei n. 9.099/1995 foi alterada pela Lei n.
13.994/2020, com significativas inovações no sistema ao permitir, em seu artigo
22, a realização da audiência de conciliação de forma não presencial, “mediante
o emprego dos recursos tecnológicos disponíveis de transmissão de sons e
imagens em tempo real”.
Na esfera penal, o Código de Processo Penal prevê em seu artigo 185
a possibilidade de interrogatório do réu por videoconferência, mas apenas de
forma excepcional. Nesse caso poderá o magistrado determinar de ofício ou a
requerimento das partes a realização do ato, decidindo de forma fundamentada,
desde que para atender a uma das seguintes finalidades:
I - prevenir risco à segurança pública, quando exista fundada suspeita de
que o preso integre organização criminosa ou de que, por outra razão, possa fugir
durante o deslocamento;
II - viabilizar a participação do réu no referido ato processual, quando haja
relevante dificuldade para seu comparecimento em juízo, por enfermidade ou
outra circunstância pessoal;
III - impedir a influência do réu no ânimo de testemunha ou da vítima,
desde que não seja possível colher o depoimento destas por videoconferência, nos
termos do art. 217 deste Código;
IV - responder à gravíssima questão de ordem pública.
Durante a fase mais aguda da crise sanitária do COVID-19, os
interrogatórios só puderam ser realizados pelo sistema da videoconferência.
Afinal de contas, estávamos vivendo uma gravíssima questão de ordem pública.
Com o arrefecimento da pandemia, finda a situação de excepcionalidade, já se
cogita ao retorno da ineficiente, injustificável e perigosa oitiva de acusado preso
mediante escolta mesmo que as unidades prisionais sejam dotadas de sistema de
videoconferência
Por isso, urge a necessidade de alteração legislativa para deixar de tratar
o interrogatório por videoconferência como exceção e adotá-lo como regra por
todos os motivos já expostos, o que já vem sendo admitido pela jurisprudência
diante do confronto da imposição legal com a realidade. De toda sorte, enquanto
não promovida a alteração da norma, não enxergamos qualquer nulidade na
continuidade da utilização da ferramenta tecnológico, pois, não há nulidade sem
prejuízo (art. 563 do CPP).
Quanto às testemunhas, contudo, o Código de Processo Penal em seu
artigo 222 autoriza a substituição de inquirição por carta precatória pela realização
“por meio de videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de
sons e imagens em tempo real, permitida a presença do defensor e podendo ser

56
Eduardo Perez Oliveira - Luiz Carlos Vieira de Figueiredo

realizada, inclusive, durante a realização da audiência de instrução e julgamento”.


Desse arcabouço normativo básico concluímos que tanto na esfera cível
quanto na criminal é possível a realização de audiência virtual, notadamente,
quanto à última, se aplicado o artigo 3° do Código de Processo Penal que autoriza a
interpretação extensiva e analógica, bem como o suplemento dos princípios gerais
do direito, e nos referimos em especial às regras do Código de Processo Civil.
É curioso observar que, no caso do Código de Processo Civil, o depoimento
pessoal (art. 385, §1°) e a oitiva de testemunha (art. 453, §1°) por videoconferência
ou outro meio equivalente são permitidos quando a residência de quem será
ouvido for em comarca, seção ou subseção judiciária diversa daquela de onde
tramita o processo. O mesmo se extrai do artigo 222 do Código de Processo Penal
quando se trata de testemunha, já que se dá em substituição à precatória.
A ideia é de que aquele que reside na comarca, seção ou subseção judiciária
na qual tramita o processo deve comparecer ao fórum fisicamente para a realização
do ato, porque a regra era a de que toda audiência deveria ser mediante a presença
física dos envolvidos. A legislação em comento antecede a pandemia e também
os avanços tecnológicos razoavelmente recentes. Em 2009, quando o acervo de
processos era majoritariamente físico, por exemplo, embora possível, dificilmente
poderíamos pensar em audiências por videoconferência como regra no Brasil.
Em pouco mais de dez anos o cenário é outro: diversos tribunais já contam
com todo o seu acervo de processo digitalizado e não lidam mais com processos
físicos. Existem diversas plataformas para a realização de audiências virtuais, a
banda de internet aumentou (e muito), a segurança, a qualidade do áudio e vídeo
dos aparelhos e a capacidade de armazenagem são muito superiores do que há
poucos anos.
Resta perguntar se essa limitação da norma se sustenta, ou seja, se ela é
uma necessidade para o exercício dos direitos fundamentais e regular andamento
do processo ou se é um resquício de formalismo passado que foi incapaz de
projetar um futuro adequado, engessando desnecessariamente o rito.
A pandemia nos mostrou que a regra de que as audiências só poderiam se
realizar mediante a presença física dos envolvidos já não mais subsiste, porque
dezenas de milhares de audiências foram feitas com a presença virtual do
magistrado, dos advogados, das partes, testemunhas e promotores de justiça sem
prejuízo.
Mas mesmo ainda antes da pandemia a regra poderia ser questionada. Há
casos em que uma cidade pertencente a outra comarca é mais próxima da sede
do foro de onde tramita o processo que um distrito da própria comarca. Pela
letra da lei, essa testemunha residente em local diverso poderia ser ouvida por

57
Audiência Digital

videoconferência, mas uma que mora na mesma comarca, ainda que em local
mais distante e de difícil acesso, teria que comparecer pessoalmente.
Claro que o objetivo da lei é o de evitar a burocrática tramitação da carta
precatória, como já observamos. Mas seria só isso? Se sim, o escopo da lei
processual seria exclusivamente burocrático, incapaz de vislumbrar o cenário
geral, detendo-se apenas no caso específico e sem observar a função social da
norma.
Em termos objetivos e um pouco grosseiros, o processo é meio para o
fim, que é a entrega da jurisdição. Esse “meio” possuem regras que tutelam a
forma de se estar em juízo e garantias para ambas as partes, como, por exemplo,
o contraditório e a ampla defesa e, em alguns casos, dispositivos que buscam
equilibrar a força das partes, como a inversão do ônus da prova ou a teoria da carga
dinâmica da prova.
A adesão à letra da lei pura e simples (o juiz “boca da lei”), para além de
uma obediência asinina ao positivismo, que encontra seu igual na desobediência
asinina do ativismo, prejudica a finalidade real do processo, que é a entrega da
prestação jurisdicional em prazo razoável.
O processo, seja ele civil ou penal, não é constituído de fórmulas religiosas
dogmáticas que devem ser seguidas por tabu ou fetichismo, mas desenvolvem-
se como uma sucessão de atos racionais que culminam com a aludia entrega da
prestação jurisdicional. A defesa de um dispositivo com o argumento de “porque
está escrito” torna o direito dogmático, e não racional.
Isso não significa que ao magistrado ou a qualquer operador do direito está
aberta a porta para a criação do seu próprio rito processual ou para constantes
questionamentos sobre as normas com a intenção de reinventar a roda, fazendo a
estultice passar por sagacidade.
Entre a obediência absoluta à lei e à desobediência despótica do ativismo
existe o meio termo da hermenêutica, da interpretação, como a mediania proposta
por Aristóteles entre dois extremos.
É o que propõe a muitas vezes esquecida Lei de Introdução às Normas do
Direito Brasileiro (LINDB, Lei n. 4.657/1942), ao dizer, por exemplo, em seu artigo
5°, que “na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e
às exigências do bem comum”. Não se trata de um convite ao ativismo, e sim a
uma interpretação voltada ao próprio objetivo da norma e ao desiderato final da
lei considerada abstratamente.
Como a intenção deste texto é apenas expor a relevância das audiências
por videoconferência e mostrar a existência de suporte legal, por evidente não
irá ampliar-se para abranger os diversos métodos interpretativos do direito,

58
Eduardo Perez Oliveira - Luiz Carlos Vieira de Figueiredo

limitando-se a provocar o leitor para que reflita sobre o assunto, inclusive sobre
sua própria prática forense.
Diante disso, faz sentido questionar se apenas poderia ser ouvido de modo
virtual aquele que reside em local diverso de onde tramita o processo. Ora, como
vimos, o objetivo da lei foi o de evitar a burocracia e a lentidão processual oriunda
de uma carta precatória, e ao mesmo tempo garantir que teria acesso à prova o
juiz condutor do feito, e não magistrado diverso.
Tal qual dito em linhas volvidas, é preciso considerar que na época da
edição da norma não existiam os recursos que hoje estão disponíveis, e esses
recursos viabilizam com segurança e acuidade a realização do ato, que poderá ser
armazenado na íntegra e impedir, como era comum no passado, discussões sobre
o que foi dito pela testemunha e intercorrências ao longo da audiência.
Não é a realidade que deve dobrar-se à lei, mas a lei quem deve dobrar-se à
realidade, até porque sua função é regular a vida em sociedade garantindo direitos
e impondo deveres. Se tais direitos e deveres se apresentarem apartados do real
ou de forma a causar efeitos nocivos, evidente que a realidade vingar-se-á da lei.
Se o desiderato da norma é garantir a eficiência do processo e a apuração
dos fatos e sua subsunção ao direito material e processual posto em tempo razoável
e de modo seguro, não se pode criar obstáculos para a realização de audiência
virtual determinando que ocorra apenas quando o depoente não for residente
na comarca, que, como vimos, pode abranger um número grande de municípios,
distritos e comunidades. Trata-se de discriminação injustificável a ferir a isonomia
e a própria finalidade da lei por nenhum motivo que não o fetichismo legal.
Havendo condições técnicas para a realização da audiência por
videoconferência ou de modo telepresencial, seja em equipamento próprio de
quem será ouvido, seja em sala passiva disponibilizada pelo Judiciário em locais
próximos a onde mora o depoente, inclusive na região abrangida pela comarca,
deve ela ser realizada.
Assim, parece superada a limitação prevista nos artigos 385, §3°, 453, §1°
do Código de Processo Civil e do artigo 222, §3° do Código de Processo Penal de
que somente seria ouvida por videoconferência o depoente que residir fora da
área de jurisdição de onde tramita o processo. O mesmo vale quanto ao art. 937,
§4° do Código de Processo Civil para o advogado que pretenda fazer sustentação
oral junto ao tribunal por videoconferência, não se exigindo que tenha domicílio
profissional em cidade diversa onde sediada a corte.

59
CAPÍTULO VI
A AUDIÊNCIA VIRTUAL À
LUZ DA JURISPRUDÊNCIA
Eduardo Perez Oliveira - Luiz Carlos Vieira de Figueiredo

A AUDIÊNCIA VIRTUAL À LUZ DA JURISPRUDÊNCIA

É conveniente lembrar que somente há de se falar em nulidade quando


comprovado o prejuízo à parte, em razão do princípio do pas de nullité sans grief:
É esta a dicção do artigo 563 do Código de Processo Penal: Art. 563. Nenhum ato
será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para a acusação ou para
a defesa.
É com esse fundamento que já desde antes do período pandêmico o
Superior Tribunal de Justiça vinha permitindo a realização de interrogatório por
videoconferência, por exemplo.
Em um caso no qual a defesa alegou a ausência de fundamentação idônea
para a realização de interrogatório por videoconferência, entendeu-se como
válida a justificativa do magistrado condutor do feito no sentido de evitar a
demora na prestação jurisdicional, considerando inclusive problemas com escolta.
Segundo a fundamentação do juiz de origem, o deslocamento do acusado coloca
em risco a sociedade e é dispendioso ao mobilizar vários servidores e viaturas.
Para a 5a Turma do Superior Tribunal de Justiça, aplica-se o princípio pas de nullité
sans grief, conforme art. 563 do Código de Processo Penal, não se declarando a
nulidade de ato do qual não resulte demonstrado prejuízo à parte 29. Uma vez
tendo o interrogatório sido realizado por videoconferência, com a participação de
defensor público no ato e nos demais subsequentes, não se configurou qualquer
espécie de prejuízo.
O Superior Tribunal de Justiça já se manifestou também no sentido de que
a dificuldade enfrentada pelo Poder Executivo com a escolta de pessoas presas
até o local de interrogatório é motivo suficiente para a realização de audiência por
videoconferência 30, e em outra oportunidade que a realização da audiência por

29 AgRg no RHC 110.019/AL, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado
em 21/05/2019, DJe 03/06/2019.
30 RHC 83.006/AL, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, Quinta Turma, julgado em 18/5/2017, DJe de 26/5/2017.

63
Audiência Digital

videoconferência por si só não constitui nulidade 31.


Considerando que a escolta é um problema real enfrentado por todas as
unidades prisionais do país, cuja despesa poderia ser direcionada a outros setores
deficitários da segurança pública, inclusive para os próprios presídios, além dos
riscos que sabidamente existem, parece adequado dizer que o interrogatório
por videoconferência se apresenta mais como regra do que como exceção para
a realidade brasileira, a menos que se opte por ignorar os fatos em prol de uma
indefensável e inexistente garantia de interrogatório presencial que em nada
modifica a natureza do ato e nem incrementa ou efetiva o direito do acusado que
já não seria efetivado pelo ato virtual.
Pelo mesmo princípio de ausência de nulidade sem prejuízo, há julgado
do Superior Tribunal de Justiça de que é indiferente o fato do defensor não se
localizar na unidade prisional junto ao acusado quando do interrogatório por
videoconferência, sendo suficiente a garantia de entrevista reservada com a
defesa e a participação do defensor no ato 32. É relevante apontar que nesse caso
o juiz de origem fundamentou a realização da audiência por videoconferência na
efetividade do processo penal, logo, fora das hipóteses expressas do art. 185 do
CPP, o que foi validado pela Corte que, ademais, consignou que a lei não exige a
concordância do réu para isso e que “custa a crer que, em pleno Século XXI, alguém
ainda possa achar que o processo deve obedecer mais ou menos às mesmas regras
que informavam as augustas Ordenações do Reino”.
Esse cansaço quanto à tentativa de criar nulidades processuais por questões
que claramente não violam direitos tem se refletido em decisões que vão do
primeiro grau de jurisdição aos tribunais superiores, como se vê no caso do AgRg
na PET na APn 940/DF, de relatoria do Excelentíssimo Ministro Og Fernandes 33.
Do voto do relator extrai-se que a defesa, dentre outras alegações de
nulidade, dizia que os magistrados designados não deteriam competência
jurisdicional no local do cumprimento do ato e que teriam sido designados em
despacho publicado poucas horas antes da audiência.
Esclarece o ministro que em razão da pandemia mundial determinara a
realização das audiências por videoconferência, “situação em que os participantes
conectam-se ao ato processual das mais diversas localidades, alguns chegando a se
conectar até mesmo do interior de seus veículos”, para ouvir mais de 200 testemunhas
arroladas pela defesa, residentes em 28 municípios distintos e até na Guiné-Bissau.

31 HC 365.096/SP, Rel. Ministro.FELIX FISCHER, Quinta Turma, julgado em 15/12/2016, DJe dec10/2/2017.
32 HC 518.097/SP, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 01/10/2019, DJe
07/10/2019.
33 AgRg na PET na APn 940/DF, Rel. Ministro OG FERNANDES, CORTE ESPECIAL, julgado em 01/09/2021,
DJe 09/09/2021.

64
Eduardo Perez Oliveira - Luiz Carlos Vieira de Figueiredo

Transcreve-se trecho da decisão que é bastante instrutiva:

Apesar disso, esta inovação tecnológica – não existente à


época em que as normas acimas foram editadas – possibilitou
que participassem, da mesma assentada, pessoas residentes em
diversos locais, sem que houvesse necessidade de expedição de
cartas rogatórias ou cartas de ordem.
Seguindo a lógica apresentada pelo recorrente, no entanto, seria
necessário designar audiências autônomas, com magistrados
diferentes, para cada comarca em que houvesse uma testemunha
residente, mesmo que todos os atos fossem realizados
telepresencialmente do prédio do STJ em Brasília, o que representa
clara afronta aos princípios constitucionais da razoável duração
do processo (art. 5º, LXXVIII) e da economicidade (art. 70).
Além desses benefícios, as audiências por videoconferência
permitiram que as testemunhas fossem ouvidas das suas próprias
residências, sem necessidade de deslocamento aos fóruns locais,
medida salutar em época de pandemia. (grifamos)

A insurgência da agravante no caso versava sobre violação a dispositivo que


regulamenta carta de ordem (art. 9º, § 1º, da Lei n. 8.038/1990
e 225 do RISTJ), o que claramente não era o caso, porque substituída pela
videoconferência.
E no tocante à alegação de que a publicação da nomeação dos juízes
instrutores havia sido feita 24 h antes do ato, impedindo a defesa de arguir a
suspeição, impedimento ou incompatibilidade dos magistrados, o ministro relator
adotou o princípio do pas de nullité sans grief ao dizer que, passados vários meses
da audiência, “não consta dos autos alegação de nenhum motivo que aponte para
a suspeição ou o impedimento dos juízes”.
A decisão é didática ao demonstrar que o Judiciário deve reconhecer
o avanço da tecnologia, pois expressamente diz que a audiência virtual com
inovações tecnológicas que não existiam na época em que as leis foram editadas
permitiram a realização dos atos sem a necessidade de expedição de carta
precatória ou de ordem, tema ao qual já nos referimos.
Veja-se que a insistência da defesa na utilização do sistema anterior,
burocrático e que não poucas vezes resultou em prescrição, foi rechaçada por
ausência absoluta de fundamento e por representar clara afronta ao princípio
constitucional da razoável duração do processo.
A duração razoável do processo é direito de todos os envolvidos na

65
Audiência Digital

demanda, mas não só. É também um direito coletivo de todos aqueles que possuem
demanda em andamento e precisam que o tempo da máquina do Judiciário seja
bem utilizado, e difuso da sociedade, para quem interessa a resolução rápida
dos conflitos, especialmente quando se trata da apuração de crimes, de atos de
improbidade e de ações coletivas lato sensu.
Assim, não é direito potestativo de uma ou mesmo de todas as partes agir
de forma a postergar injustificadamente a prestação jurisdicional, insistindo na
prática de atos inúteis ou que ferem a eficiência por existir via mais célere para
tingir o mesmo resultado sem a violação de direitos. Isto é, ainda que as partes,
em ação que trate de direitos disponíveis, concordem com a prática de atos inúteis
ou protelatórios, é dever do magistrado indeferir tal pretensão, uma vez que o
direito processual é de ordem pública e o bom andamento do Judiciário, que se
mede processo a processo, é de interesse difuso e tal conduta viola o direito da
coletividade.
O que se extrai de tudo quanto apresentado é que as audiências virtuais
representam relevante evolução no que tange ao acesso ao Judiciário, à segurança
dos atos judiciais e à razoável duração do processo.
Nessa linha o Conselho Nacional de Justiça tem editado diversas normativas
com o intuito de viabilizar e regularizar a virtualização do Judiciário não apenas
durante o período pandêmico, mas de forma permanente.
Dentre essas normas é oportuno citar a Resolução n. 341, de 7 de outubro
de 2021, que determina aos tribunais brasileiros a disponibilização de salas para
depoimentos em audiências por sistema de videoconferência, a fim de evitar o
contágio pela Covid-19; a Resolução n. 345, de 9 de outubro de 2020, que dispõe
sobre o Juízo 100% Digital e dá outras providências; a Resolução n. 354, de 19 de
novembro de 2020, que dispõe sobre o cumprimento digital de ato processual e de
ordem judicial e dá outras providências; a Resolução n. 372, de 12 de fevereiro de
2021, que criou a plataforma de videoconferência denominada Balcão Virtual; e a
Resolução n. 385, de 6 de abril de 2021, que dispõe sobre a criação dos Núcleos de
Justiça 4.0 entre outras providências.
O escopo deste trabalho não é examinar em extensão todas as possibilidades
da virtualização do Judiciário, focando na possibilidade da realização das audiências
virtuais, motivo pelo qual das normas citadas nos limitaremos àquelas que afetam
nosso objeto de análise.
Delas, evidentemente, nos interessa de imediato as Resoluções n. 345/2020,
que trata do Juízo 100% Digital, e n. 354/2020, que versa sobre o cumprimento
digital de atos processuais.
Quanto ao Juízo 100% Digital, as audiências e sessões ocorrerão

66
Eduardo Perez Oliveira - Luiz Carlos Vieira de Figueiredo

exclusivamente por videoconferência (art. 5°), cabendo ao tribunal fornecer a


infraestrutura de informática e telecomunicação necessárias ao funcionamento
das unidades jurisdicionais aderentes, regulamentando o uso do equipamento
(art. 4°).
Impende notar que a escolha do Juízo 100% Digital é facultativa, exercida
pela parte autora no momento do ajuizamento da ação, podendo a parte ré opor-
se até o momento da contestação (art. 3°, caput), admitida a retratação uma única
vez após a contestação e até a prolação da sentença (art. 3°, §1°).
A Resolução n. 354/2020 regulamenta a realização de audiências e sessões
por videoconferência e telepresenciais, fazendo uma distinção entre ambas:
videoconferência seria a comunicação a distância realizada em ambientes de
unidades judiciárias e telepresenciais seriam as audiências e sessões realizadas
a partir de ambiente físico externo às unidades judiciárias (art. 2°, caput, I e II),
entendendo que no primeiro caso a participação ocorrerá ou em unidade judiciária
diversa da sede do juízo que preside a audiência ou sessão, na forma da Resolução
CNJ n. 341/2020 ou em estabelecimento prisional (art. 2°, parágrafo único, I e II).
Segundo essa resolução, as audiências telepresenciais podem ser realizadas
a pedido das partes, se conveniente e viável, ou de ofício pelo juiz sempre que se
tratar de urgência; substituição ou designação de magistrado com sede funcional
diversa; mutirão ou projeto específico; conciliação ou mediação; indisponibilidade
temporária do foro, calamidade pública ou força maior (art. 3°), somente se
admitindo a oposição à audiência telepresencial de forma fundamentada e a
critério do magistrado condutor do feito (art. 3°, parágrafo único).
A aludida norma ainda regulamenta que “o ofendido, a testemunha e o
perito residentes fora da sede do juízo serão inquiridos e prestarão esclarecimentos
por videoconferência, na sede do foro de seu domicílio ou no estabelecimento
prisional ao qual estiverem recolhidos” (art.4°, caput), evitando-se a expedição
de carta precatória, salvo no caso de impossibilidade técnica ou dificuldade de
comunicação (art. 4°, §2°).
Quanto ao réu preso fora da sede da comarca ou em local distante da
subseção judiciária, estabelece como regra que será ouvido por videoconferência
a partir do estabelecimento prisional onde estiver, podendo a defesa pleitear a
participação por videoconferência do réu preso na sede da comarca ou réu solto
(art. 6°).
O art. 7° estatui uma série de previsões de como deve dar-se a participação
nesse tipo de audiência, destacando que são equiparadas às presenciais para odos
os fins legais, observando-se o dever de publicidade e exigindo que as partes e
demais participantes sigam a mesma liturgia dos atos processuais presenciais,
inclusive quanto às vestimentas.

67
Audiência Digital

Algumas observações devem ser feitas quanto a essas duas resoluções.


Quanto ao Juízo 100% Digital, trata-se de extraordinário avanço do
Judiciário no sentido de ser encarado como um serviço, e não um local, pendente,
contudo, da conscientização das demais carreiras jurídicas e da população para
que entendam a importância desse avanço como um todo.
A ausência da opção pelo Juízo 100% Digital, no entanto, não obsta a
realização das audiências virtuais, aqui englobando tanto as por videoconferência
stricto sensu quanto as telepresenciais.
A Resolução n. 354/2020 parece determinar a oitiva por videoconferência
como regra quando o ofendido, a testemunha eu perito residirem fora da sede
do juízo onde serão inquiridos, inclusive dispondo que somente se admite carta
precatória no caso de impossibilidade técnica ou dificuldade de comunicação
(art. 4°, caput e §2°), e opcional para o depoimento pessoal ou o interrogatório,
podendo optar por depor na sede do foro de seu domicílio por videoconferência
(art. 4°, §1°).
A previsão do art. 4°, §1° somente se aplica ao réu solto, conforme art.6°,
parágrafo único, considerando que o caput do art. 6° prevê que o réu preso fora da
sede do foro onde deve depor participará necessariamente por videoconferência a
partir do estabelecimento prisional onde se encontre.
Uma observação que deve ser feita é de que a lei, notadamente o Código
de Processo Civil e o Código de Processo Penal, refere-se apenas à audiência por
videoconferência, nada mencionando sobre a diferenciação feita pelo Conselho
Nacional de Justiça entre esta e a telepresencial.
Por exemplo, o art. 263, §3° do CPC fala em realização dos atos “por meio de
videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens
em tempo real”, da mesma forma o art. 385, §3° e o art. 453, §1°, todos do mesmo
diploma.
O art. 222, §3° do CPP, ao versar sobre a colheita da prova oral testemunhal,
fala igualmente de videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão
de sons e imagens em tempo real, e o art. 185, §2° do mesmo diploma ao versar
sobre o interrogatório utiliza as mesmas expressões.
O tratamento legal dado a ambas as hipóteses é equivalente, ou seja, o
ato poderá ser realizado por videoconferência ou outro recurso tecnológico de
transmissão de sons e imagens em tempo real.
A divisão entre videoconferência e telepresencial aparece apenas na
Resolução n. 354/2020 do CNJ, e não antes disso, constituindo louvável e essencial
iniciativa do Conselho Nacional de Justiça em fazer essa distinção que permite

68
Eduardo Perez Oliveira - Luiz Carlos Vieira de Figueiredo

melhor trabalhar com a virtualização do Judiciário, não podendo, contudo, criar


distinção onde a lei não fez.
As normas processuais não estabeleceram uma gradação entre
videoconferência e outro recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens
em tempo real, ou telepresencial, admitindo ambos os métodos, desde que
resguardada a segurança do ato, e para isso muito colabora o art. 7° da resolução
em comento.
Também incide a aludida resolução no mesmo problema já apontado
quanto ao Código de Processo Civil e Código de Processo Penal, que é o de admitir
a audiência virtual apenas quando quem dela for participar residir em foro diverso
daquele onde tramita o processo.
Essa restrição cria grande desigualdade e limitação de acesso ao Judiciário,
como já declinado, além de retardar injustificadamente a entrega da prestação
jurisdicional em tempo razoável no processo em específico e nos demais processos
onde o advogado, o promotor, defensor e outros atuem, sem contar os demais
elementos já declinados ao longo dessa obra.
Como dissemos alhures, o Brasil é muito maior do que o Distrito Federal
ou capitais como Rio de Janeiro ou São Paulo. Há foros com competência ampla,
sobre diversas cidades, distritos e comunidades, alguns deles de difícil acesso,
inclusive por barco. A pobreza ainda é a regra no país e o Judiciário deve abrir suas
portas justamente àqueles que mais têm o seu direito violado, que são os que se
encontram em situação de vulnerabilidade, mas que, paradoxalmente, são os que
menos conhecem seus direitos e, mesmo os conhecendo, não conseguem acesso
à justiça.
Contar com a presença do Judiciário à distância de um toque, na palma da
mão, seja para buscar informações, seja para participar de uma audiência, é algo
plenamente possível, desde que resguardada a segurança do ato, e as milhares de
audiências realizadas em 2020 e 2021 são prova inconteste disso.
O que se deve ter em mente é a necessidade de ampliar essa acessibilidade
e os espaços de presença do Judiciário com menor ônus, como ocorre com os
Postos Avançados no Tribunal de Justiça de Goiás, o que será visto mais adiante.
Diante de tudo quanto vimos expondo até então, nos parece que a audiência
virtual, em qualquer de suas duas modalidades, possui embasamento legal e é
uma realidade inexorável da prática forense que não poderá ser obstada pelo tabu
da justiça enquanto lugar.
No tocante à concretização da norma, especificamente falando quanto ao
aspecto processual civil, embora a audiência conciliatória não presencial tenha
sido prevista apenas no artigo 22 da Lei n. 9.099/1995 para os juizados especiais

69
Audiência Digital

cíveis, não há óbice em sua realização no rito comum ou especial, inclusive


na modalidade telepresencial, o que encontra respaldo textual no art. 3°, IV da
Resolução CNJ n. 354/2020.
Essa prática já vinha sendo levada a cabo pelo Tribunal de Justiça de
Pernambuco por seus Centros Judiciários de Solução de Conflitos e Cidadania
(Cejuscs), vinculados ao Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Solução
de Conflitos (Nupemec/TJPE), por intermédio do aplicativo whatsapp, tomando-
se algumas medidas de segurança, como a necessidade de envio de foto do
documento identificador pelas partes 34.
No que toca à audiência de instrução cível, nada obsta que seja feita por
videoconferência ou telepresencial, conforme dispositivos já apresentados, no
todo ou em parte, podendo parcela dos participantes estar fisicamente presente
no foro do local onde tramita o processo, e outra parte por videoconferência, em
outros locais disponibilizados pelo Judiciário, e/ou por via telepresencial, de suas
casas, trabalho ou em trânsito. É possível fazer qualquer dessas combinações,
notadamente se houver anuência das partes.
Ainda que não haja concordância total das partes, é interessante citar
dois precedentes do Conselho Nacional de Justiça a respeito. O primeiro deles é
o Pedido de Providências n. 0004576-65.2020.2.00.0000, formulado pela Ordem
dos Advogados do Brasil – Secção de São Paulo, contra o Tribunal Regional do
Trabalho da 2a Região. No aludido procedimento, segundo a OAB, basta a mera
alegação do advogado que representa a parte de que não é possível participação
em audiência telepresencial ou videoconferência para sua não realização.
Assim votou a respeito a nobre relatora, Conselheira Maria Cristiana Simões
Amorim Ziouva, em 26/06/2020, para afastar as razões da OAB:

Como afirmado anteriormente, é certo que a adaptação de todos


os juristas a esta nova realidade do processo virtualizado se deu
de forma abrupta em virtude da pandemia que atravessamos. No
entanto, há também de ser ponderado o fato de que isso não pode
ser utilizado como subterfúgio para a protelação indeterminada do
trâmite de processos judiciais. Ou seja, não se pode estabelecer
que uma parte possa, sem justificativa plausível, adiar

34 http://www.tjpe.jus.br/noticias/-/asset_publisher/KJLrKuw940SO/content/tjpe-publica-instrucao-
-que-permite-conciliacao-por-meio-do-whatsapp-nos-cejuscs-do-estado?inheritRedirect=false&re-
direct=http%3A%2F%2Fwww.tjpe.jus.br%2Fnoticias%3Fp_p_id%3D101_INSTANCE_KJLrKuw-
940SO%26p_p_lifecycle%3D0%26p_p_state%3Dnormal%26p_p_mode%3Dview%26p_p_col_id%-
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cur%3D3%26_101_INSTANCE_KJLrKuw940SO_andOperator%3Dtrue

70
Eduardo Perez Oliveira - Luiz Carlos Vieira de Figueiredo

indefinidamente o andamento dos atos processuais tendo como


fundamento simples pedido nos autos.
Deste modo, a aquiescência do juízo se faz necessária para que se
evite abuso de direito por parte de uma das partes em detrimento
de seu adversário processual, sendo certo que, na verificação de
justificativa razoável para o adiamento, o magistrado deve deferir.
(grifamos).

Também no Pedido de Providências n. 0003406-58.2020.2.00.0000,


de relatoria do nobre conselheiro Emmanoel Pereira, julgado em 10/06/2020,
igualmente versando sobre audiência virtual, restou decidido que “a suspensão da
audiência (ou do julgamento do feito), em si, depende da avaliação do magistrado
responsável pela condução do processo”, evitando-se prejuízo à parte contrária.
Passado o período de pandemia, subsiste a possibilidade da audiência
de instrução pela via virtual, com as observações já feitas quanto às necessárias
adaptações, recordando que a própria Resolução n. 354/2020 do CNJ fundou-se
em seus considerandos nos “vetores constitucionais da efetividade jurisdicional,
da duração razoável do processo e da eficiência administrativa (CF, artigos 5º,
XXXV e LXXVIII, e 37, caput)”, não podendo, portanto, contrariá-los.
Quanto às audiências criminais aplica-se idêntica lógica.
Em sede de juizado especial criminal temos o mesmo embasamento legal
inclusive para as audiências preliminares. Há, nesse sentido, positiva experiência da
vara criminal da comarca de Abreu de Lima, do Tribunal de Justiça de Pernambuco,
em parceria com o Centro Judiciário de Solução de Conflitos de Câmaras de
Conciliação e Mediação (Cejusc).
A esse respeito, veja-se trecho de notícia divulgando a prática e explicando
do procedimento 35:

De acordo com o juiz da Vara Criminal, Luiz Carlos Vieira, a parceria


inova porque usa esse recurso tecnológico no âmbito da Justiça
penal, já que as audiências por whatsapp estão sendo realizadas em
ações cíveis ou de Infância e Juventude na Justiça estadual. O uso
do aplicativo em audiências nos Cejusc é regulamentada no Tribunal
de Justiça de Pernambuco (TJPE) pela Instrução Normativa n º 5,

35 https://www.tjpe.jus.br/comunicacao/ultimas-noticias/-/asset_publisher/9qNekcUNbSjL/content/
justica-criminal-de-abreu-e-lima-realiza-audiencias-por-whatsapp-?inheritRedirect=false&redirect=ht-
tps%3A%2F%2Fwww.tjpe.jus.br%2Fcomunicacao%2Fultimas-noticias%3Fp_p_id%3D101_INSTANCE_
9qNekcUNbSjL%26p_p_lifecycle%3D0%26p_p_state%3Dnormal%26p_p_mode%3Dview%26p_p_col_
id%3Dcolumn-2%26p_p_col_count%3D1%26p_r_p_564233524_tag%3Dabreu%2Be%2Blima

71
Audiência Digital

publicada no dia 31 de março no Diário de Justiça eletrônico (DJe).


(...)
A chefe da secretaria que coordena a parceria com a Vara Criminal
no Cejusc, Cristiana Wanderley Coutinho, explica como ela procede
remotamente para a realização da audiência. “Recebemos os
processos da Vara Criminal, e fazemos contato com as partes
por telefone. Em caso de contato positivo com ambas as partes,
designamos a audiência, instituindo um grupo no whatsapp onde
estão os litigantes, a mediadora, função exercida por mim, e o
defensor público lotado na vara criminal.”
Cristiana destaca a celeridade processual com a efetivação da
audiência pelo aplicativo de mensagens, como também a redução
significativa de custos com pessoal e insumos para a Justiça,
principalmente para o jurisdicionado. “Fizemos uma audiência com
um senhor da Paraíba, que aceitou a proposta de transação penal
por whatsapp, resolvendo sua pendência sem ter que se deslocar
para Pernambuco.”
Além da eliminação de gastos com transportes e alimentação para
as partes, a audiência ocorre sempre no dia do seu agendamento,
pois combina-se o dia e hora junto aos litigantes e de forma prévia.
Cristiana conta que o cidadão paraibano ficou muito feliz e registrou
seu elogio no grupo. “Que atitude a de vocês! Resolvi esse problema
sem sair de casa!”, explanou.

Já quanto às demais audiências, inclusive para o interrogatório, podem ser


realizadas por videoconferência ou telepresencial. Esse último método tem sido
muito eficaz para a oitiva de policiais militares envolvidos no flagrante do crime, por
exemplo. Tais agentes de segurança participam da audiência de onde estiverem,
inclusive por aplicativo instalado no celular, sem necessidade de deslocamento,
de forma que há uma mínima interrupção de seu trabalho e atendendo melhor ao
interesse coletivo, como já explicado em linhas volvidas.
Saliente-se que se mostra irrazoável a regra imposta tanto pelo CPP
quanto pela Resolução n. 354/2020 de que somente se fará o interrogatório por
videoconferência de réu preso quando em estabelecimento prisional fora da
jurisdição de onde tramita o processo.
Tal qual já tivemos oportunidade de argumentar, há um grande risco durante
as escoltas que levam os presos para participarem de audiências nos fóruns: risco
para os agentes de segurança, para o juiz, servidores, advogado, defensor público,
promotor de justiça, pessoas que estejam no fórum, outros presos, o próprio preso
e para qualquer pessoa que esteja no caminho, como bem demonstrou o episódio
narrado do Fórum de Bangu, no qual uma das vítimas foi uma criança de 8 anos

72
Eduardo Perez Oliveira - Luiz Carlos Vieira de Figueiredo

de idade que, como conta o juiz alvo dos criminosos em palestras, teve a cabeça
esfacelada por armas de alto poder destrutivo e sua avó, em choque, buscava
colocar de volta a massa encefálica.
Além disso, os presos ficam longas horas esperando em local nem sempre
adequado, e há uma grande despesa para o erário com as escoltas, sem contar
o déficit que esses agentes de segurança representam na segurança pública ao
realizar uma atividade que, pelo princípio da eficiência, poderia ser substituída por
videoconferência.
Não existe argumento racional que justifique a necessidade de condução
do preso do estabelecimento prisional ao fórum e depois de volta àquele,
considerando que o advogado ou defensor pode a qualquer tempo falar com o
preso onde ele está detido, além de ter resguardado o direito de entrevista prévia
sigilosa por telefone ou outro meio de contato.
Em decisão proferida no dia 02/05/2022, o Ministro do Supremo
Tribunal Federal Edson Fachin, na medida cautelar no Habeas Corpus 214.916,
monocraticamente, reconheceu o direito do acusado foragido de participar da
audiência virtual de instrução e julgamento. Vale registrar que essa decisão vai de
encontro ao que já havia sido decidido pelo Superior Tribunal de Justiça, no sentido
de que é incabível a realização de interrogatório virtual de réu foragido (STJ - HC
640770).
Desse modo, reputamos que a videoconferência deve ser a regra sempre
que for necessária a participação de réu ou testemunha detida em estabelecimento
prisional, independentemente de tal estabelecimento estar ou não localizado
na jurisdição onde o processo tramite, somente se admitindo exceção mediante
justificativa fundamentada e comprovada e após análise do magistrado.

73
CAPÍTULO VII
JUSTIÇA EM TRANSIÇÃO:
DOS DESAFIOS E DAS
SOLUÇÕES PARA
EFETIVAÇÃO DE DIREITOS
NO TOCANTE ÀS AUDIÊNCIAS
VIRTUAIS
Eduardo Perez Oliveira - Luiz Carlos Vieira de Figueiredo

JUSTIÇA EM TRANSIÇÃO: DOS DESAFIOS E DAS


SOLUÇÕES PARA EFETIVAÇÃO DE DIREITOS
NO TOCANTE ÀS AUDIÊNCIAS VIRTUAIS

Considerando tudo quanto apresentado, é preciso refletir se o Brasil tem


estrutura para a realização de audiências por videoconferência em sentido lato.
A experiência do período de pandemia de Covid19 parece dizer que sim, mas
algumas observações devem ser feitas.
Inicialmente, como ambos os autores são magistrados de carreira em
atuação junto ao primeiro grau, tiveram contato direto e em segunda mão,
junto a outros julgadores, com eventos ocorridos durante as audiências por
videoconferência no período pandêmico.
Temos ciência de que esse contato direto não constitui método científico,
nem nos propomos a fazer um trabalho por amostragem. A experiência havida
com essas audiências serve não para fundamentar, mas para ilustrar algumas
conclusões que serão apresentadas logo adiante.
Com o advento da pandemia, à exceção do interrogatório de réu preso,
as demais audiências foram realizadas quase que exclusivamente na modalidade
telepresencial: ou do equipamento das partes e dos advogados ou a partir dos
escritórios dos advogados.
Na prática, algumas situações ficaram aquém do mínimo de dignidade
necessária a quem procura o Judiciário. Foram diversas situações nas quais as
partes compareceram à audiência virtual utilizando o Wi-Fi de estabelecimentos
comerciais, inclusive a partir da calçada, porque não tinham pacote de dados de
internet suficiente para o fluxo de dados necessário.
Por ausência de equipamento e/ou condições técnicas em virtude da
condição econômica e/ou local de moradia das partes, audiências deixaram de ser
realizadas, com evidente prejuízo não às metas do Conselho Nacional de Justiça, e
sim aos conflitos reais de pessoas reais que ficaram com sua demanda em suspenso
por dois anos em virtude da pandemia e de falta de alternativas viáveis.

77
Audiência Digital

É cômodo dizer que hoje todos possuem celular e sabem usar whatsapp,
mas vimos que não é verdade, e esse clichê oriundo de uma indução de quem
vive em uma bolha encontra seu igual no clichê que apontamos no início, de que
internet é “coisa de rico”. Ambos ignoram a realidade a partir de sua ideologia e
conceito de mundo e, por se considerarem tão certos, não buscam soluções para
os problemas de pessoas que existem e dependem disso.
Por sorte o Judiciário conta com magistrados e servidores devotados à
entrega da jurisdição e sempre à procura de meios para melhor implementar esse
serviço.
A realidade do povo brasileiro apresenta desafios de acesso ao Judiciário que são
permanentes e outros que são eventuais. Dentre os permanentes podemos apontar os
contínuos e os sazonais. São exemplos de desafios contínuos (assim chamados apenas
porque perenes, não porque a realidade não possa ser mudada), o acesso à informação
e à carta de serviços do Judiciário, que depende inclusive de escolarização e cidadania
e foge da alçada desse poder; cidades, vilas, distritos e comunidades de difícil acesso
em razão da distância, precariedade de estradas, uso de outros meios de acesso, como
fluvial; ausência de transporte coletivo regular, ou apenas ausência, entre onde a parte
ou testemunha mora e o local onde se localiza o fórum; partes ou testemunhas que
se encontram em locais distantes, o que dependeria de carta precatória, ou que por
motivo de trabalho ou pessoal transitem entre o local da jurisdição e local distante,
como é o caso de caminhoneiros, trabalhadores da aviação civil, militares e outros;
condição econômica das partes e testemunhas, que dificulta o acesso ao local onde
devem depor. São exemplos de desafios sazonais, porque, embora esperados,
acontecem apenas em determinada época do ano, como o período chuvoso que
inviabiliza o trânsito em certas regiões do país.
Dentre os eventuais podemos considerar os casos fortuitos ou de força
maior, como por exemplo calamidades públicas, tais quais o rompimento da
barragem de Brumadinho-MG, ou as chuvas torrenciais no Rio de Janeiro, Bahia
e Goiás que alagaram regiões inteiras, causaram deslizamentos e mortes; e
situações de emergência, nas quais não é possível que a parte consiga ir até o
fórum fisicamente.
Para os desafios eventuais é plenamente aplicável os dispositivos já
mencionados que admitem o uso de qualquer recurso tecnológico de transmissão
de sons e imagens em tempo real, o que também já está previsto no art. 3°, I e V
da Resolução n. 354/2020 do CNJ, que admite as audiências telepresenciais. Essa
mesma previsão é aplicável para os desafios fixos sazonais.
Mas, como já apontado em alhures, a mencionada resolução não consegue
resolver os problemas dos desafios fixos permanentes. Relembramos as hipóteses
da norma:

78
Eduardo Perez Oliveira - Luiz Carlos Vieira de Figueiredo

Art. 3º As audiências telepresenciais serão determinadas pelo juízo, a


requerimento das partes, se conveniente e viável, ou, de ofício, nos casos de:
I – urgência;
II – substituição ou designação de magistrado com sede funcional diversa;
III – mutirão ou projeto específico;
IV – conciliação ou mediação; e
V – indisponibilidade temporária do foro, calamidade pública ou força
maior.

Nos demais casos, segundo a resolução, as audiências devem ocorrer por


videoconferência, isto é, a partir de uma unidade do Judiciário, e apenas se aquele
que vai participar do ato não residir na região do juízo, porque, se residir, deverá
se deslocar ao fórum.
Essa previsão deixa de fora as diversas hipóteses que levantamos, como
locais de difícil acesso ou não servidos por transporte público; pessoas sem
condições econômicas ou com risco de perder o emprego ou o rendimento do dia
por terem que gastar o dia inteiro para se locomover até o fórum; policiais militares
em serviço e as diversas outras situações já elencadas.
Ora, por mais de uma vez realizamos audiências telepresenciais com
profissionais que, embora residentes na comarca, estavam a trabalho em outra
cidade ou outro estado, ou mesmo acompanhando um parente para tratamento.
E mesmo pessoas que estavam na região, mas não podiam sair de seus trabalhos
ou que não tinham com quem deixar seus filhos pequenos sozinhos.
Para que se tenha uma ideia da dificuldade da realização de certas
audiências nos interiores, a determinação de condução coercitiva muitas vezes
tinha por objetivo viabilizar uma “carona” para que uma testemunha pudesse
comparecer à audiência, tamanha sua miséria.
Diante desse quadro, deveria o Judiciário adiar a audiência, forçar o
comparecimento presencial dessas pessoas ou expedir carta precatória, sabendo
que existem meios mais eficientes para a realização do ato? A pergunta soa
retórica diante do quanto vimos argumentando.
Além dos desafios permanentes e eventuais, existe outra situação que
deve ser conjugada em busca de uma resposta para o problema, qual seja, pessoas
sem acesso adequado à internet, pelo pacote de dados ou banda, pela falta de
equipamentos adequados ou pelo desconhecimento técnico. Embora essa falta de
acesso ocorra o mais das vezes com pessoas de baixa renda, também pode ocorrer

79
Audiência Digital

com aqueles financeiramente estáveis que se encontrem em regiões com sinal


inadequado ou que simplesmente não saibam instalar e utilizar adequadamente
os aplicativos necessários para participação.
É fato notório que muitas audiências telepresenciais atrasam porque
os envolvidos não conseguem conectar, ou, depois de conectados, enfrentam
problemas para ligar o áudio e/ou o vídeo. Alguns sequer conseguem instalar o
aplicativo.
No Programa Pai Presente de Goiânia situações assim são ordinárias e,
dado tratar-se exclusivamente de reconhecimento espontâneo de paternidade,
algumas soluções são aplicadas no momento, como, por exemplo, um dos
servidores conectado diretamente do fórum utilizar o aparelho de celular para fazer
uma chamada via WhatsApp de som e vídeo à parte que por qualquer motivo não
consegue ingressar na sala, transmitindo pela tela do computador institucional.
Desse modo, embora na plataforma oficial, o interessado participa da audiência
via intervenção de um terceiro que segura o aparelho em frente à câmera.
Trata-se de uma solução que se adequa a um programa no qual a vontade
de todos os envolvidos conflui para um mesmo interesse, o reconhecimento da
paternidade. Essa adaptação dificilmente poderia ser aceita em um processo
judicial, salvo, talvez, diante de uma excepcionalidade devidamente justificada e
com a anuência de todos, como se negócio processual fosse.
Outro fator que deve ser levado em consideração também é a higidez do
depoimento. Na audiência por videoconferência deverá sempre estar presente
ao menos um servidor responsável pela verificação da regularidade do ato, pela
identificação e garantia da incomunicabilidade entre as testemunhas, quando for
o caso, dentre outras medidas necessárias para realização válida do ato (art. 1°,
§2° da Resolução CNJ n. 341/2020).
Tal cuidado não se dá quando o depoimento é feito por audiência
telepresencial, já que o depoente pode estar em qualquer lugar, como por exemplo
de sua casa, trabalho, em trânsito ou do escritório do advogado. Ao mesmo tempo
em que esse tipo de depoimento permite uma maior comodidade e dignidade,
também abre espaço para mácula ou alegação de mácula de diversas formas (v.g.,
quebra de incomunicabilidade ou orientação durante o depoimento).
São três tipos de desafios com os quais o Judiciário deve lidar para a
realização das audiências virtuais à luz dos princípios da eficiência, razoável
duração do processo e economicidade:
- no tocante ao comparecimento físico à unidade dos que devem depor,
inclusive para realização de videoconferência quando residentes em jurisdição
diversa de onde tramita o processo;

80
Eduardo Perez Oliveira - Luiz Carlos Vieira de Figueiredo

- no tocante ao comparecimento físico à unidade ou ao uso da via


telepresencial dos que devem depor e que não possuem condições técnicas ou
equipamentos adequados;
- quanto à higidez dos atos realizados pela via telepresencial.

Assim, há situações nas quais a pessoa não consegue comparecer


fisicamente, mas tem o conhecimento e os meios necessários para ingressar
na audiência virtual com equipamento próprio ou através de terceiros, como
o advogado da causa. E há situações nas quais a pessoa não tem condições
de comparecer fisicamente, nem os meios necessários para fazê-lo por via
telepresencial.
Primeiramente, um ponto que deve ficar claro é o de que a audiência
telepresencial não deve ser considerada apenas do ponto de vista da possibilidade
ou não de comparecimento ao local em que se deve depor. Deve-se aquilatar a
realização do ato à luz dos mencionados princípios da eficiência, razoável duração
do processo e economicidade, ou seja, deve-se buscar a entrega da prestação
jurisdicional em tempo razoável e com menor dispêndio ao erário e também às
partes e demais atuantes no processo.
É importante mencionar que a economia não deve se referir unicamente
ao erário, ou à despesa do Judiciário. Evidente que esse é o foco primário, mas,
sendo possível atingir o mesmo objetivo de forma menos onerosa do ponto de
vista econômico, social e até ambiental, esse deve ser o caminho escolhido.
Portanto, quando se trata do desafio das audiências virtuais, falar em
possibilidade de comparecimento físico ou virtual é sopesar todos esses elementos,
e não apenas se é viável no mundo material que um corpo se locomova de um
lugar a outro sem obstáculos intransponíveis.
Tivemos já oportunidade de expor nosso entendimento de que nem o
Código de Processo Civil, nem o Código de Processo Penal, estabelecem hierarquia
entre os tipos de audiência virtual possíveis, dizendo apenas que os atos podem
ser realizados por meio de videoconferência ou outro recurso tecnológico de
transmissão de sons e imagens em tempo real.
Cabe ao julgador decidir sobre a melhor forma de realizar o ato, após ouvir
as partes e o Ministério Público, caso intervenha. Nem mesmo quando houver
concordância entre os envolvidos para a realização de audiência telepresencial
deve o juiz acatar. Sendo o condutor do feito e a pessoa a quem a produção de
provas se destina, atuando ainda como garantidor de direitos, tem ele melhores
condições de determinar o formato da audiência.

81
Audiência Digital

Isso não significa, contudo, que o magistrado tenha um poder soberano


de impor a realização do ato quando impossível por qualquer motivo, nem de
postergar sua feitura injustificadamente quando existirem meios à disposição que
permitem seu acontecimento. Pelo contrário, o magistrado tem o poder-dever de
conduzir a demanda para sua conclusão, respeitada a Constituição e as leis, tendo
em vista que a teleologia do processo deve ser, sempre que possível, sua solução
meritória em prazo razoável.
Parece de fácil solução, portanto, as situações nas quais é possível a
realização de audiência de forma telepresencial no todo ou em parte, desde que
existam condições técnicas para tanto por quem será ouvido:
- quando o juiz assim determinar e não houver oposição justificada das
partes;
- quando contar com a anuência ou pedido expresso das partes e assim
determinar o juiz;
- quando houver o pedido de uma das partes e a outra parte, ouvida, não se
manifestar, e assim determinar o juiz;
- quando houver o pedido de uma das partes e não for acolhida a oposição
da outra, que, inclusive, deve ser fundamentada.
Mesmo quando a audiência telepresencial estiver sendo realizada poderá
o magistrado, de ofício ou mediante provocação da outra parte, interrompê-la
e determinar que se a faça via videoconferência ou presencial, se notar que as
condições não transmitem a segurança necessária ou existirem indícios de que
a testemunha está sendo orientada. Veremos no próximo capítulo a questão da
integridade da prova oral em audiência virtual.
Há situações, porém, nas quais aqueles que devem participar da audiência não
possuem condições de se deslocar até o local onde ela será realizada, nem condições
técnicas. Ou então quando, embora havendo condições técnicas para a realização do
ato pela via telepresencial, não existir segurança quanto à higidez da prova.
Se o desafio for permanente e sazonal, ou eventual, talvez seja possível
aguardar a melhora das condições, sempre com prejuízo à razoável duração do
processo. Mas há casos em que ele é fixo, que ou a pessoa não pode comparecer
ou os obstáculos são severos.
Para esse tipo de desafio alguns tribunais estão apresentando soluções,
como o caso do Tribunal de Justiça de Roraima, que recentemente montou um
posto avançado na área indígena Waimiri-Atroari, na fronteira entre os estados de
Roraima e Amazonas, com o objetivo de, junto aos demais participantes, viabilizar
a expedição de identificação civil, bem como permitir o primeiro atendimento

82
Eduardo Perez Oliveira - Luiz Carlos Vieira de Figueiredo

judicial 36.
Há ainda a experiência em franco crescimento do Tribunal de Justiça de
Goiás quanto à instalação de postos avançados, regulamentados pela Resolução
n. 143, de 10 de março de 2021, do Órgão Especial.
Alguns dos “considerandos” que constam nesta Resolução e que nortearam
sua edição são a Política Nacional de Atenção Prioritária ao Primeiro Grau de
Jurisdição; o avanço tecnológico que possibilita o acesso, a qualquer tempo e
lugar, a todos os sistemas informatizados, notadamente a partir da implantação do
processo judicial eletrônico; o fato de que a pandemia demonstrou que a atividade
jurisdicional pode ser prestada à distância com a mesma eficiência, qualidade
e efetividade e que a promoção da justiça passa pela facilitação do acesso aos
órgãos do Poder Judiciário.
Com isso em mente foram criados os Postos Avançados, alcunhados de
PAVANs, com a intenção de facilitar o acesso à justiça mediante a realização de
atos processuais, por videoconferência, tais como audiências e atendimentos
eletrônicos ou presenciais (art. 1°), e que consistem em unidades físicas,
descentralizadas, integrantes da Comarca sede (art. 1°, §1°). A norma prevê
ainda que, na hipótese de agregação ou desinstalação de Comarcas, os Postos
Avançados serão instalados preferencialmente no prédio onde funcionará o fórum
(art. 1°, §5°).
Nos PAVANs também podem ser realizadas sessões do Centro Judiciário de
Solução de Conflitos e Cidadania (Cejusc), de forma eletrônica ou presencial (art.
4°), para a oitiva especializada de depoimento especial prevista na Lei n. 13.431/17
(art. 8°), facultando-se a participação do Ministério Público, da Defensoria Pública
e de outros órgãos que tenham interesse na utilização do espaço para a entrega
dos seus serviços à população, de forma eletrônica ou presencial (art. 6°).
Os PAVANs podem ser instalados em qualquer município, vila ou
comunidade que não seja sede de comarca, e mesmo em comarcas maiores, como
na capital, nas quais há locais distantes que dificultam o acesso da população ao
Judiciário.
Tamanha a importância desse novo instrumento para o acesso à justiça que,
pouco mais de um ano depois, foi incluído no Código de Organização Judiciária do
Estado de Goiás, Lei Estadual n. 21.268, de 5 de abril de 2022, prevendo-os como
unidades judiciária de primeiro grau (art. 6°, §1°, III) e determinando sua instalação
em todas as comarcas desinstaladas e municípios e distritos que não forem sede
de comarca (art. 9°).

36 Disponível em: https://npi.tjrr.jus.br/index.php/noticias/39-parceria-comunidade-waimiri-atroari-agora-


-conta-com-posto-avancado-de-atendimento. Acesso em: 24 abr.2022.

83
Audiência Digital

A seguir-se literalmente o que preveem o Código de Processo Civil, o Código


de Processo Penal e a Resolução CNJ n. 354/2020, os postos avançados somente
poderiam ser utilizados para a oitiva de pessoas quando o processo tramitasse em
outra jurisdição, já que haveria expressa determinação legal nesse sentido.
Pudemos demonstrar, todavia, como essa limitação fere a isonomia e o
acesso ao Judiciário, criando óbices irrazoáveis para o uso de instrumentos seguros
capazes de garantir que o Judiciário estará presente e à disposição mesmos nos
rincões mais remotos, “à distância de um clique”. Não existe argumento razoável,
fora o fetichismo legal e o tabu contra a tecnologia, para impedir a realização de
audiências por videoconferência em ambiente do próprio Judiciário, ainda que na
mesma região da jurisdição.
A instalação de Postos Avançados permite que, dentre outros serviços, as
audiências sejam realizadas por videoconferência dentro de uma mesma comarca,
mas sem que a pessoa tenha que se deslocar até a sede, resultando em um maior
e melhor acesso ao Judiciário por aqueles que mais precisam.
Essa é uma solução de simples implementação e que resolve o desafio em
atender as pessoas que não possuem conhecimentos técnicos e/ou equipamentos
para participar de forma telepresencial, e possuem alguma dificuldade em
comparecer à sede da comarca. Também soluciona o problema atinente à higidez
do ato, quando pender dúvida ou houver indícios de que a testemunha está sendo
instruída.
Portanto, a criação de espaços físicos descentralizados se apresenta como
uma solução segura, barata e efetiva de ampliação de acesso ao Judiciário, levando
cidadania a quem mais precisa.

84
CAPÍTULO VIII
A INTEGRIDADE DA PROVA
ORAL NAS AUDIÊNCIAS
VIRTUAIS
Eduardo Perez Oliveira - Luiz Carlos Vieira de Figueiredo

A INTEGRIDADE DA PROVA ORAL NAS


AUDIÊNCIAS VIRTUAIS

Uma das críticas usuais feitas quanto às audiências virtuais, notadamente


aquelas da modalidade telepresencial, é a possibilidade de mácula do testemunho
daquele que irá depor, o que varia da violação à incomunicabilidade até a instrução
em tempo real da testemunha por alguém que esteja fora do vídeo. Para esses
críticos, a audiência telepresencial não poderia ocorrer por ausência de higidez da
prova.
A incomunicabilidade está prevista no Código de Processo Civil em seu art.
456, que determina que serão ouvidas primeiro as testemunhas do autor e depois
as do réu, providenciando o juiz para que uma não ouça o depoimento das outras.
Já no Código de Processo Penal previsão idêntica se encontra no art. 210, que
determina que as testemunhas serão inquiridas uma por vez, de modo que uma
não saiba, nem ouça, o depoimento da outra, asseverando seu parágrafo único
que antes e durante a audiência devem existir espaços reservados para garantir a
incomunicabilidade das testemunhas.
Como é de conhecimento notório, a prova testemunhal é a mais frágil
dentre as provas, tanto que chegou a receber desairosa alcunha na praxe forense,
tamanha a facilidade de manipulá-la ou de vir prenhe de vieses de quem depõe.
É o que diz Sérgio Pinto Martins ao asseverar que “a prova testemunhal é a pior
prova que existe, sendo considerada a prostituta das provas, justamente por ser a
mais insegura” 37.
Essa sensação é tão entranhada no cotidiano de quem lida com audiências
que há quem não se furte a utilizá-lo em decisões, pois

não obstante constituir uma das formas de prova mais antigas, sendo,
muitas vezes, o único meio de provar os fatos, rememore-se antigo
adágio popular, tendo este tipo de prova como a ‘prostituta das provas’,
eis que muito sujeita a imprecisões, seja pela natural falibilidade
humana ou mesmo pela conduta dolosa da testemunha distorcendo a
verdade dos fatos a fim de favorecer uma das partes” 38.

37 MARTINS, 2016. p. 471


38 (TRT da 4ª Região, 10a. Turma, 0000289-26.2010.5.04.0751 RO, em 01/09/2011, Desembargadora Deni-

87
Audiência Digital

Críticas quanto à insegurança e fragilidade da prova testemunhal são


ordinárias na doutrina jurídica, que sequer chega a abordar de fato o problema dos
vieses cognitivos que abalam a objetividade do depoimento. Mas, como sabemos,
a boa-fé se presume, logo, não se pode reputar de forma genérica que todo
testemunho seja falso ou que toda pessoa que vá testemunhar está em conluio
com a parte, ou que o advogado seja o tipo de mau profissional que roteiriza o
depoimento da testemunha orientando-a a mentir.
Como elucida Nicola Malatesta, em sua obra A Lógica das Provas em
Matéria Criminal:

A presunção, portanto, de que os homens em geral percebem e


narram a verdade, presunção que serve de base a tôda a vida social,
é também base lógica da credibilidade genérica de tôda a prova
pessoal, e do têstemunho em particular. Esta credibilidade genérica,
portanto, que se funda na presunção da veracidade humana, é
em concreto aumentada, reduzida ou destruída pelas condições
particulares, inerentes ao sujeito individual do têstemunho, ou ao
seu conteúdo individual, ou à sua forma individual, como veremos
dentro em pouco 39

Mas, polêmicas à parte, a prova oral é um tipo de prova válida, e o Brasil


adota, quanto à decisão do magistrado, o sistema do livre convencimento
motivado, cabendo ao julgador sopesar todos os elementos dos autos para proferir
sua decisão. Não há, portanto, o sistema de prova tarifada, ou prova legal, no qual
a lei estabelece o valor de cada prova, e não o juiz. Como leciona Marco Antônio
de Barros:

Noutro vértice, pelo sistema da prova legal, também chamado


de ‘certeza legal’, substitui-se a certeza moral do juiz pela lei,
obrigando o julgador a avaliar as provas obedecendo a uma escala
de valores hierarquizados pela própria lei. O juiz era obrigado a
apreciar as provas segundo o valor tarifado em lei, como acontecia,
por exemplo, com a aplicação do brocardo latino, unus testis, nullus
testis, inviabilizando a condenação do réu com base num único
testemunho,ou, como sucedia em sentido oposto, respeitar o valor
máximo atribuído à confissão do acusado, tida como prova plena

se Pacheco - Relatora. Participaram do julgamento: Desembargadora Denise Pacheco, Desembargador


Fernando Luiz de Moura Cassal, Desembargador Emílio Papaléo Zin)
39 MALATESTA, Nicola. A Lógica das Provas. 1927. p. 337/338.

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Eduardo Perez Oliveira - Luiz Carlos Vieira de Figueiredo

de sua culpabilidade. Era a lei que previamente estabelecia quais as


provas que serviriam de fonte para o convencimento do juiz 40.

No modelo de prova tarifada era a lei que fixava como seria a valoração,
inclusive criando uma hierarquia formal dentro da própria prova. Por exemplo,
o testemunho de um nobre teria mais valor do que o de vários camponeses. A
legislação brasileira, em alguns casos, estabelece como algo pode ser provado,
mas trata-se de uma exceção à regra da valoração da prova.
Como não vamos ampliar nosso objeto para tratar da prova oral como um
todo, este capítulo tem apenas a finalidade de demonstrar que tal modalidade
de prova é frágil em qualquer ambiente, seja ele presencial ou virtual, por
videoconferência ou por telepresença, cada um trazendo seus riscos e cuidados
próprios.
A testemunha, ou o depoente ou acusado, no caso de depoimento pessoal
ou interrogatório, falarão ao julgador e às partes na audiência de instrução. Antes
disso, tiveram todo o tempo para dialogar entre si e para receberem instruções. É
fato notório que existem casos nos quais a testemunha foi orientada a mentir para
reforçar a versão do autor ou do réu 41. Tais situações não constituem a regra do
processo civil e penal, pois assim fosse teríamos de há muito abolido a prova oral, ou
as unidades criminais estariam entupidas de processos por falso testemunho.
Além da mentira, que é um ato intencional e consciente de falsear a
realidade com o desiderato de induzir o julgador a erro em favor de determinada
tese na demanda, existem os vieses cognitivos e as subjetividades, que são
inconscientes. Aquele que depõe acredita que é fiel aos fatos, mas, na verdade,
está repassando aquilo que acredita que viu.
Também Malatesta a respeito da credibilidade da prova oral:

O homem, geralmente falando, percebe e narra a verdade: eis o


fundamento da credibilidade abstracta da prova têstemunhal. Mas
esta presunção de veracidade pode ser destruída ou enfraquecida
por condições particulares, que se achem, em concreto, inerentes ao
sujeito, à forma ou ao conteúdo de um testemunho particular (…) 42
Para que o homem, como pretende a presunção geral da veracidade
humana, narre a verdade que percebeu, é necessário que não se
tenha enganado percebendo, e que não queira enganar referindo.

40 BARROS, 2002, p. 129.


41 Advogado é condenado por orientar testemunha a mentira. Disponível em: https://www.migalhas.com.
br/quentes/220332/advogado-e-condenado-por-orientar-testemunha-a-mentir. Acesso em 25/04/2022.
42 MALATESTA, 1927, p. 355.

89
Audiência Digital

Eis aqui as duas condições que devem ser inerentes ao sujeito do


testemunho, sem as quais êle não pode inspirar fé alguma. Para que
a têstemunha tenha direito a ser acreditada, é necessário portanto:
1.° que não se engane; 2.° que não queira enganar 43.
Recomendamos a leitura em especial desse capítulo da obra de Malatesta,
que demonstra a imensa complexidade incidente sobre a prova oral e que não se
reduz ao ambiente no qual aquele que vai depor se encontra
Inclusive, o autor nos lembra de um dos motivos da importância desse tipo
de prova:

Além disso o juiz do debate, confiando na redacção escrita dos


testemunhos, priva-se daquela grande luz que surge do proceder
pessoal da têstemunha, e que ilumina a maior ou menor credibilidade
das suas afirmações. Há sinais de veracidade ou de mentira na
fisionomia, no som da voz, na serenidade ou no embaraço de quem
depõe: é uma acumulação preciosa de provas indirectas, que se
perde quando se julga sôbre o escrito.
Finalmente, o facto de ser oral o testemunho nos debates públicos
garante a sua legitimidade, afastando a suspeita de que êle possa
derivar de sugestões violentas, fraudulentas, ou culposas, e serve
para formar justamente o convencimento social, que, quando se
conforma com o convencimento do magistrado que julga, constitue
a sua fôrça, o prestígio e a eficácia moralizadora 44.

A prova oral, portanto, é passível de mácula ou distorção, em qualquer


modalidade que ocorra. No aspecto da mácula consistente na condução de
depoimento ou na quebra da incomunicabilidade, é preciso ter em mente que a
boa-fé deve ser presumida. Considerar que a oitiva de alguém por audiência virtual
por si só é nula pela mera possibilidade de vício é não só presumir a má-fé das
testemunhas e partes, como duvidar da idoneidade profissional da Advocacia,
Ministério Público e Defensoria Pública, como se tais pessoas dependessem da
presença física em audiência diante do juiz para agir corretamente.
Ora, como é de conhecimento as testemunhas e partes podem ser
instruídas a qualquer tempo antes da audiência, e mesmo durante, com os meios
tecnológicos à disposição, podem acompanhar por seus aparelhos de celular todo
o depoimento de outros sem que ninguém note.
O processo judicial é um embate de teses, e não uma luta contínua contra

43 MALATESTA, 1927, p. 358-359


44 MALATESTA, 1927. p.342.

90
Eduardo Perez Oliveira - Luiz Carlos Vieira de Figueiredo

fraudes que presumidamente vão ser praticadas por profissionais do direito e


partes com a intenção de ludibriar o juiz. Até prova ou indício em sentido contrário
o depoimento deve ser considerado lídimo, seja feito mediante presença física ou
virtual.
É inocência ou extrema adstrição ao formalismo acreditar que apenas
porque fisicamente diante do julgador a testemunha, depoente ou acusado irá
furtar-se ao intento criminoso previamente estipulado. Ainda, pode constituir
mera tentativa de criar nulidade processual a insistência de que a audiência seja
presencial, como demonstra a jurisprudência já mencionada do Superior Tribunal
de Justiça.
Tudo quanto exposto neste trabalho busca demonstrar a viabilidade legal e
técnica para a realização de audiências não presenciais fisicamente, em qualquer
de suas modalidades, observada a segurança necessária. Trata-se de alternativa
ao julgador e às partes para a efetivação dos princípios da razoável duração do
processo e da eficiência, e para que o acesso ao Judiciário seja inclusivo, e não
apenas uma justiça elitizada.
Por costume, e sabemos que costumes são difíceis de mudar, temos como
ideal a audiência presencial, e realmente ela se mostra mais prática sob alguns
pontos, quando há acesso facilitado para todos os participantes e quando os
interesses principais e colaterais são albergados. Contudo, sendo possível a
realização do ato por uma via menos onerosa e mais célere, resta evidente que a
sua escolha é a mais racional.
Há instrutivo julgado a respeito do tema originado no Superior Tribunal de
Justiça. No RHC 150203/SP restou afastada a alegação de violação ao princípio da
legalidade quanto à realização de audiência por videoconferência com base no
Decreto n. 5.015/2004, que introduziu no Brasil a Convenção das Nações Unidas
contra o Crime Organizado Transnacional, e pelo Código de Processo Penal,
admitindo, ainda, a interpretação extensiva das normas diante da pandemia para
permitir a continuidade da atividade jurisdicional 45.
Ressalte-se esse trecho da ementa:
4. O ideal é que o julgador colha a prova em contato direto com
as testemunhas e com o réu, mas a instrução presencial não é
condição ou requisito imprescindível para o exercício da ampla
defesa. Os riscos à identificação fidedigna das testemunhas e
de quebra da incomunicabilidade também nas dependências do
Poder Judiciário e não é possível, por nenhum meio, assegurar
a absoluta autenticidade do depoimento, justamente a mais

45 RHC 150.203/SP, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 14/09/2021, DJe
21/09/2021.

91
Audiência Digital

insegura das provas. O que existe é a expectativa de que a


testemunha atue com boa-fé, atenta ao compromisso de dizer
a verdade.
5. Também na forma virtual, as relações entre as partes, os depoentes
e o juiz ocorrem em tempo real e os advogados podem assistir seus
clientes, inclusive reunidos no próprio escritório profissional. Nesse
contexto, não se verifica em que medida a audiência de instrução
realizada por meio tecnológico é óbice às garantias fundamentais
do processo. Nulidade do ato judicial não verificada.
6. Recurso ordinário não provido. (grifamos)

Do voto do relator, ministro Rogério Schietti Cruz é oportuno para este


trabalho o seguinte trecho:

O dinamismo de audiências virtuais não é algo estranho ao meio


jurídico. A modalidade virtual é adotada há tempos e, ao menos
no âmbito desta Corte, durante a realização das sessões, permitiu
o amplo e democrático acesso à justiça. Advogados de todas as
regiões, inclusive dos rincões do Brasil, tiveram a oportunidade
de realizar sustentações orais e de participar mais ativamente
do dia- a-dia da Corte. Os julgamentos, transmitidos pelo canal no
YouTube, em tempo real, puderam e podem ser acompanhados não
somente pelos atores do processo, mas por estudantes e demais
interessados. Vê-se, nesse contexto, a importância do uso da
evolução tecnológica na área jurídica, o que veio para somar, e
não suprimir garantias fundamentais do processo. (grifamos)

E ainda:

Não existe um salvo-conduto para a prática de delitos sem


possibilidade de persecução penal nem se pode, simplesmente,
paralisar indefinidamente o andamento de processos penais
enquanto se espera o advento da prescrição e a extinção de
punibilidade do réu. É preciso vencer a resistência, cooperar e se
adequar à utilização dos recursos tecnológicos, que vieram para
ficar. (grifamos)

No caso, os advogados de defesa alegavam a nulidade do ato pelo risco na


identificação das testemunhas e a ausência de garantia da incomunicabilidade ou
a consulta a documentos.

92
Eduardo Perez Oliveira - Luiz Carlos Vieira de Figueiredo

Ponderou o excelentíssimo relator que “a presença física não é uma


regra absoluta (por exemplo, é possível a deprecação da oitiva, se necessário),
nem garantia de autenticidade da prova oral ou condição imprescindível para o
exercício da ampla defesa e do contraditório”.
E mais, que todos os riscos apontados pela defesa existem igualmente na
modalidade presencial:
Mesmo no prédio do fórum, não é possível ao juiz assegurar a
absoluta autenticidade de depoimento. O relato pessoal está
sujeito a avaliação muito subjetiva da realidade, a falsas memórias
e suas falhas, a erro na percepção sensorial dos acontecimentos,
a influências emocionais, a intenção deliberada de distorcer a
realidade etc.

Destaca que a prova oral é o meio mais inseguro de prova pela


impossibilidade de garantir a autenticidade das palavras da testemunha. Seguindo
entendimento similar ao de Nicola Malatesta que expusemos em linhas volvidas,
o relator destaca que “o que existe é crença e a expectativa de que a pessoa a ser
inquirida atue com boa-fé, atenta ao compromisso de dizer a verdade o que, em
última análise, depende somente dela e não do juiz ou da forma da audiência”.
Após dizer o óbvio, que no cotidiano forense as pessoas permanecem
todas no mesmo espaço e próximos à sala de audiência, lista várias hipóteses
que demonstram que física ou virtual, não falta espaço para conluio no sentido
de enganar o julgador. Por exemplo, dentro ou fora das dependências públicas
os envolvidos podem conversas; quando se identificam, nada garante de forma
absoluta que não se atribuam falsa identidade; mesmo na modalidade presencial,
não se pode assegurar que quem irá depor não tenha consultado documentos
previamente ou que tenha sido orientado. E arremata o pensamento:

O julgador não é onipresente. A utilização de smartphones, tablets


e computadores durante audiências, por sua vez, é uma realidade
e permite que instruções e mensagens de texto sejam trocadas
em tempo real pelos atores do processo. Quando há expedição de
carta precatória ou prorrogação da audiência, para continuidade em
outra data, por sua vez, é possível que uma testemunha saiba, de
antemão, o que outra disse.
Em decisão recente, portanto, a Sexta Turma do Superior Tribunal de
Justiça refutou todos os argumentos habituais utilizados para criticar as audiências
virtuais, fundando-se para isso na mais clara e evidente realidade de quem vive o
cotidiano forense.

93
Audiência Digital

Considerando os argumentos apresentados, desde que se faça as


adaptações necessárias ao ambiente e desenvolva-se um protocolo adequado,
a integridade da prova oral é garantida pela via virtual da mesma forma que na
presença física. E, caso o julgador entenda necessário, sempre poderá determinar
a realização de outro modo conforme cada caso.

94
CAPÍTULO IX
DO PROTOCOLO DE
AUDIÊNCIA POR
VIDEOCONFERÊNCIA
Eduardo Perez Oliveira - Luiz Carlos Vieira de Figueiredo

DO PROTOCOLO DE AUDIÊNCIA POR


VIDEOCONFERÊNCIA

Por fim, pretendemos contribuir para a prática forense com algumas


observações sobre a realização das audiências virtuais de forma a evitar alguns
contratempos.
As audiências virtuais podem se dar em várias formas de configuração:
misto presencial e videoconferência ou telepresencial; misto presencial,
videoconferência e telepresencial; somente videoconferência ou somente
telepresencial.
Se nenhuma das partes ingressar na sala com equipamento próprio, ou seja,
participar de alguma unidade do Judiciário, não há necessidade de se preocupar
com a colheita dos dados de contato. É preciso, porém, agendar previamente o
uso da sala quando designada a audiência. O Tribunal de Justiça de Goiás possui,
por exemplo, um sistema de agendamento eletrônico.
Por outro lado, se alguma das partes for participar de forma remota
ingressando em plataforma disponibilizada pelo Judiciário via link, é preciso que
forneça previamente os contatos dentro dos autos (telefone e e-mail), das próprias
partes e do advogado, competindo a este informar suas testemunhas, conforme
art. 455 do CPC, salvo as exceções do seu §4°. Da mesma forma, é preciso ter os
contatos dos representantes do Ministério Público, da Defensoria, da Unidade
Prisional e quaisquer outros que forem participar do ato.
Quanto à documentação, à exceção de réu preso quando da realização
do interrogatório, qualquer outra pessoa que participará como depoente deverá
encaminhar nos autos cópia de documento de identificação com foto e, sugere-se
quando se tratar de testemunha, juntamente uma foto recente (selfie), para que
não restem dúvidas quanto à identidade.
Como é importante que todos tenham acesso adequado ao teor da decisão,
se possível a intimação para a audiência deverá ser feita também pelos canais
fornecidos pelas partes, normalmente WhatsApp.

97
Audiência Digital

Também cabe ao magistrado atentar-se de bem divulgar a plataforma que


será utilizada, como descarregar o aplicativo nos aparelhos que serão utilizados
pelas partes, fornecer o link para ingresso na sala e disponibilizar um canal de
comunicação imediato para que os interessados possam contatar o Judiciário caso
encontrem dificuldades antes ou durante o ato. É relevante lembrar que, diante
da regra da publicidade, deve-se habilitar sala de espera e liberar somente os que
irão participar da audiência ou que tenham interesse em assisti-la, como acontece
com estagiários, evitando tumulto na sala com a entrada de pessoas de audiências
subsequentes, caso utilizado o mesmo link.
Outro ponto importante é nomear adequadamente todos os que estão
presentes na sala de audiência virtual, na hipótese dos que nela ingressaram não
tenham feito. Sugere-se colocar o cargo ou posição processual antes do nome
para fácil identificação.
Caso o julgador entenda necessário, ou a pedido justificado das partes,
poderá ser feita uma audiência de teste antes do evento em si para certificar que
todos estão familiarizados com o equipamento.
Como enunciado no art. 7°, VI da Resolução CNJ n. 354/2020, a audiência
virtual segue a mesma liturgia da audiência presencial, guardando-se o decoro
necessário, inclusive no tocante à vestimenta.
Para facilitar o conhecimento dos sistemas, seria relevante que o Judiciário
elaborasse vídeos e guias informativos, contando com a divulgação dos demais
interessados, como OAB e Ministério Público.
O Tribunal de Justiça do Ceará elaborou interessante protocolo para a
realização de audiências por videoconferência que merece ser consultado e dos
quais extraímos algumas sugestões 46.
Dentre as dicas mais importantes estão o controle da audiência pelo
magistrado e o estabelecimento de parâmetros de conduta:

i) é importante colher o compromisso de todos quanto à não


espetacularização do ato processual, prevenindo sua transmissão
ao vivo, em espécies de live-audiências, sem autorização judicial, a
fim de preservar a imagem e a intimidade de todos;
(...)
iii) deve ser sugerido o uso de fones de ouvido como forma de
propiciar melhor qualidade do áudio;
iv) o juiz deve solicitar que os participantes estejam em local

46 Disponível em: https://www.tjce.jus.br/wp-content/uploads/2020/05/protocolo-de-audiencias-por-vi-


deoconferencia.pdf. Acesso em: 26 abr.2022.

98
Eduardo Perez Oliveira - Luiz Carlos Vieira de Figueiredo

silencioso e iluminado;
(…)
vi) deve ser permitido o fechamento do vídeo e do áudio sempre
que a parte deseje consultar seu advogado, a fim de fazê-lo
reservadamente;
vii) o juiz deve advertir quanto ao compromisso ético de se preservar a
lisura da prova testemunhal, inclusive quanto à incomunicabilidade;
(…)
x) o juiz deve colher o compromisso de todos quanto à observância
dessas regras de etiqueta, assumindo uma postura mais formativa
do que punitiva, ressalvados eventuais casos de abuso do direito;
xi) sugere-se ainda que se verifiquem os aparelhos celulares ou
notebooks quanto à carga suficiente, de modo a não se interromper
o ato por falta ou ausência de bateria nessas estações;

Ainda, quando da oitiva da testemunha ou depoente deve o magistrado


advertir sobre a incomunicabilidade e orientá-la a que esteja isolada quando
depuser, que não mantenha contato com quaisquer outras pessoas durante o
depoimento e não utilize qualquer aparelho eletrônico, inclusive com a advertência
de anulação do ato e responsabilização legal cível e criminal, em caso de quebra da
incomunicabilidade.
Caso o julgador entenda necessário, pode determinar que a testemunha
faça um giro de 360o com a câmera e passeie pelo ambiente para demonstrar que
nenhuma outra pessoa está no local.
Lembra, ainda, que as partes não podem ser oneradas se não tiverem
condições de acesso adequado aos espaços virtuais, tema já abordado nesta obra,
mas que deve ser sancionada a má-fé processual quando, tendo condições de
participação e acesso, decide não o fazer mediante falso motivo para prejudicar o
andamento do processo, por exemplo.
Essas dicas práticas do TJCE servem para melhor conduzir o ato e evitar que
se perca a noção da liturgia, que é muito mais notável presencialmente.
A função deste breve capítulo foi a de chamar a atenção para o fato de
que essa nova plataforma exige um esforço maior de aclimatação de todos os
envolvidos, porque é muito fácil esquecer que se trata de um ato formal e solene
e também distrair-se daquilo que está sendo discutido, com prejuízo à própria
imagem e à função que executa na audiência.

99
Audiência Digital

REFERÊNCIAS

AUGUSTO, Pedro. Rota da Seda. Disponível em https://www.infoescola.com/


historia/rota-da-seda. Acesso em: 22 abr.2022.
ARAÚJO, Valter Shuenquener; GABRIEL, Anderson de Paiva. Juízo 100% digital
e transformação tecnológica da Justiça no século XXI. Disponível em https://
www.jota.info/opiniao-e-analise/colunas/juiz-hermes/juizo-100-digital-e-
transformacao-tecnologica-da-justica-no-seculo-xxi-01112020 . Acesso em: 22
abr. 2022.
BARROS, Marcos Antônio de. A busca da verdade no Processo Penal. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2002.
BRANDÃO, Edison Aparecido. Videoconferência garante cidadania à população
e aos réus. Consultor Jurídico. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2004-
out-06/videoconferencia_garante_cidadania_populacao_aos_reus. Acesso em:
26 abr. 2022.
BUENO, Cassio Scarpinella. Manual de direito processual civil. 5. ed. São Paulo:
Saraiva Educação, 2019.
COSTA NETO, Raimundo Silvino da; SORRENTINO, Luciana Yuki. O Acesso
digital à Justiça - A imagem do Judiciário Brasileiro e a prestação jurisdicional
nos novos tempos. Disponível em https://www.tjdft.jus.br/institucional/
imprensa/campanhas-e-produtos/artigos-discursos-e-entrevistas/artigos/2020/o-
acesso-2013-digital-2013-a-justica-a-imagem-do-judiciario-brasileiro-e-a-
prestacao-jurisdicional-nos-novos-tempos. Acesso em: 22 abr. 2022.
DUBUGRAS, Regina Maria Vasconcelos. RDO - Resolução de disputas online
- Inclusão digital e conexão das partes como forma de acesso à justiça.
Disponível em: https://www.migalhas.com.br/depeso/327794/rdo---resolucao-de-
disputas-online---inclusao-digital-e-conexao-das-partes-como-forma-de-acesso-
a-justica Acesso em: 22 abr. 2022.
LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de processo penal. 8. ed. rev. ampl. e atual.
Salvador: JusPodivm, 2020. p. 777.
MALATESTA, Nicola Framarino dei. A Lógica das provas em matéria criminal.
Tradução de J. Alves de Sá. 2. ed. Lisboa: Livraria Clássica Editora, 1927.
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito Processual do Trabalho. 38. ed. São Paulo:
Saraiva, 2016.

100
Eduardo Perez Oliveira - Luiz Carlos Vieira de Figueiredo

PACELLI. Eugênio. Comentários ao Código de Processo Penal e sua


jurisprudência. 14. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: JusPodivum, 2002.
RAMINELLI, Franciele Puntel; ARANTES, Carla Veintemilla. Planos de logística
sustentável no Poder Judiciário uma análise do impacto ambiental da
implementação do trabalho home office nos tribunais brasileiros. Disponível
em https://www.cnj.jus.br/ojs/index.php/revista-cnj/issue/view/7. Acesso em: 26
abr. 2022.
SUUSKIND, Richard. The Future of Courts.Disponível em https://thepractice.law.
harvard.edu/article/the-future-of-courts. Acesso em: 22 abr. 2022.

101
ANEXOS
Nº Processo PROAD: 202011000247495

PODER JUDICIÁRIO
Tribunal de Justiça do Estado de Goiás
Gabinete da Presidência

DECRETO JUDICIÁRIO Nº 837/2021.

Dispõe sobre a ampliação do “Juízo 100% Digital”


no âmbito do Poder Judiciário do Estado de Goiás.

O DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE


JUSTIÇA DO ESTADO DE GOIÁS, no uso de suas atribuições legais e
regimentais, tendo em vista o que consta nos autos do PROAD nº
202011000247495;

CONSIDERANDO as diretrizes contidas na Resolução CNJ nº


345, de 09 de outubro de 2020, com modificações trazidas pela Resolução 378,
de 09 de março de 2021, que autoriza a adoção, pelos tribunais, de medidas
necessárias à implantação do “Juízo 100% Digital”;

CONSIDERANDO a necessidade de se utilizar os avanços


tecnológicos para concretizar a garantia do acesso à justiça e a celeridade
processual;

CONSIDERANDO o decidido no procedimento administrativo


acima identificado, mais especificamente no evento n. 47;

DECRETA:

Assinado digitalmente por: CARLOS ALBERTO FRANÇA, PRESIDENTE, em 22/03/2021 às 14:52.


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Nº 0
Nº Processo PROAD: 202011000247495

Art. 1º Fica implementado o “Juízo 100% Digital” em todas os


Juizados Cíveis e de Fazendas Pública, assim como nas ações de competência
das Varas Cíveis e de Fazenda Pública no âmbito do Poder Judiciário do Estado
de Goiás.

Parágrafo único. O “Juízo 100% Digital” compreende a prática


de todos os atos processuais exclusivamente por meio eletrônico e remoto por
intermédio da rede mundial de computadores.

Art. 2º A escolha pelo “Juízo 100% Digital” é facultativa e será


exercida pela parte demandante no momento da distribuição da ação, podendo a
parte demandada opor-se a essa opção até o momento da contestação.

Parágrafo único. Enquanto não proferida a sentença, as partes


poderão retratar-se, por uma única vez, da opção pelo “Juízo 100% Digital”,
mediante petição nos autos, prosseguindo-se o processo, a partir de então, com
observância do procedimento das demandas não inseridas no “Juízo 100%
Digital”, no mesmo juízo natural do feito e preservados todos os atos processuais
já praticados.

Art. 3º Diretoria de Tecnologia da Informação do Tribunal de


Justiça desenvolverá, no prazo de 15 (quinze) dias, a partir da publicação deste
decreto, ferramenta que possibilite ao demandante optar pelo “Juízo 100%
Digital” no momento da distribuição da ação, bem como a exclusão daquela
opção, pela serventia, se necessário for.

Art. 4º No ato do ajuizamento da ação, com a opção pelo “Juízo


100% Digital”, a parte e seu advogado deverão fornecer endereço eletrônico e
número de telefone com aplicativo de mensagem instantânea, sendo admitida a
citação, notificação e intimação por qualquer meio eletrônico, nos termos dos
arts. 193 e 246, V, do Código de Processo Civil, o que deverá ser certificado nos
autos.

§ 1º As informações previstas no caput deste dispositivo são


obrigatórias no ato do cadastramento da ação no PROJUDI.

§ 2º As comunicações direcionadas às Procuradorias-Gerais do

Assinado digitalmente por: CARLOS ALBERTO FRANÇA, PRESIDENTE, em 22/03/2021 às 14:52.


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Nº Processo PROAD: 202011000247495

Estado e dos Municípios, ao Ministério Público, Defensoria Pública e às


empresas cadastradas serão realizadas pelo PROJUDI, nos termos do § 1º e 2º
do art. 9º da Lei nº 11.419/2006.

Art. 5º As audiências e sessões no “Juízo 100% Digital”


ocorrerão exclusivamente por videoconferência.

Parágrafo único. Caso o magistrado verifique que a natureza e


complexidade do processo inviabilize a realização de atos virtuais ou, por
qualquer motivo, não seja possível a observância do procedimento do "Juízo
100% Digital", poderá determinar, em decisão fundamentada, a realização do ato
de forma presencial.

Art. 6º As audiências telepresenciais têm valor jurídico


equivalente às presenciais, assegurando-se a publicidade dos atos praticados e
todas as prerrogativas processuais de advogados e partes.

§ 1º Os depoimentos serão realizados como previstos nos


artigos 385 e 453 do Código de Processo Civil, por meio de videoconferência,
devendo os depoentes apresentar documento com foto, possibilitando a
identificação, o que também deverá ser anexado pela pela parte no momento da
indicação da testemunha, para fins de conferência.

§ 2º Para garantir a publicidade, as audiências telepresenciais


poderão ser acompanhadas por pessoas não relacionadas às demandas,
ressalvados os processos que tramitam em segredo de justiça, mediante
solicitação de cadastro prévio como “espectador”, por e-mail acompanhado de
cópia de documento de identidade, para a Secretaria respectiva.

§ 3º Na hipótese prevista no parágrafo anterior, não será


permitida nenhuma interação com os participantes, sendo assegurado ao
"espectador" o acompanhamento da audiência, devendo, ainda, manter sua
câmera ligada para verificação de sua identidade e presença, podendo ser
determinada sua exclusão.

§ 4º A critério do magistrado, poderão ser repetidos os atos


processuais dos quais as partes, as testemunhas ou os advogados ficarem
impedidos de participar em virtude de obstáculos de natureza técnica, desde que
devidamente justificados.

Assinado digitalmente por: CARLOS ALBERTO FRANÇA, PRESIDENTE, em 22/03/2021 às 14:52.


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§ 5º As partes, testemunhas e outros colaboradores da Justiça,


quando prestarem depoimento por meio de videoconferência, serão ouvidos
preferencialmente de forma remota, podendo o magistrado, de ofício ou
mediante requerimento, analisar a necessidade da oitiva por videoconferência
em qualquer das sedes físicas do Poder Judiciário.

§ 6º As unidades judiciárias criarão e designarão uma sala de


videoconferência por processo, cadastrando os participantes com seus
respectivos e-mails, a fim de que ocorra o envio automático de convite pelo
e-mail informado.

§ 7º O encaminhamento do “e-mail convite” para a audiência é


válido como intimação, devendo dele constar data e horário de sua realização,
número da reunião (código de acesso), senha da reunião, endereço virtual com o
caminho para acessar a videoconferência pela rede mundial de computadores
(link) e outros meios para contato (telefone, aplicativo ou sistema de vídeo).

Art. 7º As partes, advogados, defensores públicos, testemunhas,


peritos ou o Ministério Público poderão, com antecedência mínima de 5 (cinco)
dias úteis, apresentar justificativa que demonstre a impossibilidade de sua
presença na audiência telepresencial, o que será apreciado e decidido pelo
magistrado competente.

Parágrafo único. Ocorrendo dificuldade ou indisponibilidade


tecnológica, impedindo que o Ministério Público, advogado, parte, testemunha ou
qualquer outro que deve participar da audiência não consiga realizar ou
completar a sua intervenção, deverá o magistrado decidir sobre o adiamento,
retomada e validade dos atos processuais até então produzidos.

Art. 8º Os magistrados nas unidades judiciais que adotem o


“Juízo 100% Digital” podem intimar as partes para que se manifestem, no prazo
a ser fixado, se concordam em converter o processo na modalidade “Juízo 100%
Digital”, importando o silêncio, após duas intimações, em aceitação tácita.

§ 1º Havendo aceitação expressa, as partes deverão informar


endereço de e-mail e número de telefone com aplicativo de mensagem
instantânea, destinados às comunicações processuais.

§ 2º Havendo recusa expressa das partes à adoção do “Juízo

Assinado digitalmente por: CARLOS ALBERTO FRANÇA, PRESIDENTE, em 22/03/2021 às 14:52.


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Nº Processo PROAD: 202011000247495

100% Digital”, o magistrado poderá propor às partes a realização de atos


processuais isolados de forma digital, importando o silêncio, após duas
intimações, em aceitação tácita.

Art. 9º A adoção do “Juízo 100% Digital” não implica


desinstalação da estrutura física da unidade judiciária ou alteração em relação à
atuação e número de servidores que ali desempenham suas atribuições.

Art. 10. O “Juízo 100% Digital” será avaliado após 1 (um) ano de
sua implementação, podendo o Tribunal de Justiça optar pela manutenção, pela
descontinuidade ou por sua ampliação.

Parágrafo único. Para a análise da ampliação do projeto “Juízo


100% Digital” serão verificadas as estatísticas do novo modelo.

Art. 11. Os casos processuais omissos serão resolvidos pelo


magistrado competente para a condução do feito.

Art. 12. Fica revogado o Decreto Judiciário nº 2.125, 26 de


novembro de 2020.

Art. 13. Este Decreto Judiciário entra em vigor 15 (quinze) dias


após sua publicação.

Goiânia, datado e assinado digitalmente.

Desembargador CARLOS ALBERTO FRANÇA


Presidente

Assinado digitalmente por: CARLOS ALBERTO FRANÇA, PRESIDENTE, em 22/03/2021 às 14:52.


Para validar este documento informe o código 393639837981 no endereço https://proad-v2.tjgo.jus.br/proad/publico/validacaoDocumento
ASSINATURA(S) ELETRÔNICA(S)
Tribunal de Justiça do Estado de Goiás
Para validar este documento informe o código 393639837981 no endereço https://proad-v2.tjgo.jus.br/proad/publico/validacaoDocumento

Nº Processo PROAD: 202011000247495

CARLOS ALBERTO FRANÇA


PRESIDENTE
PRESIDENCIA
Assinatura CONFIRMADA em 22/03/2021 às 14:52
Nº Processo PROAD: 202011000247495

Gabinete da Presidência

DECRETO JUDICIÁRIO Nº 2.125/ 2020.

Dispõe sobre a implementação do “Juízo 100%


Digital” no âmbito do Poder Judiciário do Estado de
Goiás.

O DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA


DO ESTADO DE GOIÁS, no uso de suas atribuições legais,

CONSIDERANDO as diretrizes contidas na Resolução CNJ nº 345,


de 09 de outubro de 2020, que autoriza os Tribunais a implementarem o “Juízo 100%
Digital”;
CONSIDERANDO as mudanças trazidas pela transformação digital
nas relações e nos processos de trabalho;
CONSIDERANDO o restou decidido no PROAD nº 202011000247495
e apensos;

DECRETA:

Art. 1º Fica instituído no âmbito do Poder Judiciário do Estado de


Goiás o “Juízo 100% Digital”, nos termos da Resolução CNJ nº 345, de 09 de outubro de
2020.
Parágrafo único. O “Juízo 100% Digital” compreende a prática de
todos os atos processuais exclusivamente por meio eletrônico e remoto por intermédio da
rede mundial de computadores.

Art. 2º O “Juízo 100% Digital” será adotado como projeto piloto nas
seguintes Unidades Judiciais:
I – Juizados Especiais Cíveis da Comarca de Goiânia;
II – Juizados Especiais de Fazenda Pública da Comarca de Goiânia.

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Gabinete da Presidência

Art. 3º A escolha pelo “Juízo 100% Digital” é facultativa e será


exercida pela parte demandante no rosto da petição inicial, podendo a parte demandada
opor-se a essa opção até o momento da contestação.
§1º A Diretoria de Informática desenvolverá, no prazo de 60
(sessenta) dias, ferramenta para que a opção possa ser feita no momento da distribuição,
bem como para que todos os processos do “Juízo 100% Digital” sejam facilmente
identificados no Sistema.
§2º Após a contestação e até a prolação de sentença, as partes
poderão retratar-se, por uma única vez, da escolha pelo “Juízo 100% Digital”, mediante
petição protocolada nos autos, seguindo o processo, a partir de então, o procedimento
das demandas não inseridas no “Juízo 100% Digital”, no mesmo juízo natural do feito.

Art. 4º No ato do ajuizamento do feito, a parte e seu representante


deverão fornecer endereço eletrônico e linha telefônica móvel celular, sendo admitida a
citação, notificação e intimação por qualquer meio eletrônico, nos termos dos arts. 193 e
246, V, do Código de Processo Civil, devendo ser certificadas nos autos pela secretaria.
§1º As comunicações direcionadas às Procuradorias dos Municípios,
do Estado ou empresas cadastradas, além do Ministério Público e Defensoria Pública,
serão realizados pelo PROJUDI.
§ 2º Excepcionalmente, em situação de urgência, quando
impossibilitada a realização pelo PROJUDI, devidamente justificada, as pessoas
mencionadas no §1º receberão as comunicações via endereço eletrônico previamente
cadastrado.

Art. 5º As audiências e sessões no “Juízo 100% Digital” ocorrerão


exclusivamente por videoconferência.
Parágrafo único. Caso o magistrado verifique que a natureza e
complexidade do processo dificulte a realização de atos virtuais, ou por qualquer modo
analise a inviabilidade do ato, poderá determinar, em decisão fundamentada, a realização
do ato de forma presencial.

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Gabinete da Presidência

Art. 6º As audiências telepresenciais têm valor jurídico equivalente às


presenciais, asseguradas a publicidade dos atos praticados e todas as prerrogativas
processuais de advogados e partes.
§1º Os depoimentos serão realizados como previstos nos artigos 385
e 453 do Código de Processo Civil, por meio de videoconferência, devendo os depoentes
apresentar documento com foto, que possibilite sua identificação, o qual deverá ter sido
juntado aos autos pela parte que indicou a testemunha para fins de conferência.
§2º Para garantir a publicidade, as audiências telepresenciais poderão
ser acompanhadas por pessoas não relacionadas às demandas, ressalvados os casos de
segredo de justiça, mediante solicitação de cadastro prévio como “espectador”, solicitado
por e-mail acompanhado de cópia de documento de identidade, para a Secretaria
respectiva, o que não lhe permitirá qualquer interação com os participantes, mas lhe
resguardará o acompanhamento do evento, devendo, ainda, manter sua câmera ligada
para verificação de sua identidade e presença, podendo ser determinada sua exclusão.
§3º A critério do magistrado, poderão ser repetidos os atos
processuais dos quais as partes, as testemunhas, Advogados, Defensores Públicos,
Procuradores e Ministério Público ficarem impedidos de participar em virtude de
obstáculos de natureza técnica, desde que devidamente justificados.
§4º Partes, testemunhas e outros colaboradores da Justiça, quando
prestarem depoimento por meio de videoconferência, serão ouvidas preferencialmente
todas de forma remota, podendo o magistrado, de ofício ou mediante provocação,
analisar a necessidade da oitiva por videoconferência em qualquer das sedes físicas do
Poder Judiciário.
§5º As unidades judiciárias criarão e designarão uma sala de
videoconferência por processo, cadastrando os participantes com seus respectivos
e-mails, a fim de que ocorra o envio automático de convite pelo mesmo por
e-mail informado.
§6º O encaminhamento do “e-mail convite” para a audiência vale
como intimação, devendo dele constar: data e horário de sua realização, número da
reunião (código de acesso), senha da reunião, endereço virtual com o caminho para
acessar a videoconferência pela rede mundial de computadores (link) e outros meios para
contato (telefone, aplicativo ou sistema de vídeo).

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Gabinete da Presidência

Art. 7º As partes, Advogados, Defensores Públicos, Procuradores do


Estado, testemunhas, peritos ou o Ministério Público poderão, com antecedência mínima
de cinco dias úteis, apresentar justificativa que demonstre a impossibilidade de sua
presença na audiência telepresencial, o que será avaliado e decidido pelo livre
convencimento motivado do magistrado competente.
§1º Ausente a justificativa ou decidindo o magistrado pela rejeição
daquela apresentada, as partes ou testemunhas que não comparecerem à audiência
telepresencial poderão suportar, a critério do magistrado, os efeitos legais do não
comparecimento ao referido ato processual.
§2º Na hipótese em que, por dificuldade ou indisponibilidade
tecnológica dos recursos utilizados, o Ministério Público, Advogado, Defensor Público,
Procurador do Estado, parte, testemunha ou qualquer outro que deva participar da
audiência, não conseguir realizar ou completar a sua intervenção, deverá o magistrado
decidir sobre o adiamento, retomada e validade dos atos processuais até então
produzidos.
Art. 8º O “Juízo 100% Digital” deverá prestar atendimento remoto por
meio de telefone, e-mail ou videochamadas por meio de aplicativo.
§1º O Advogado, Defensor Público, Procurador do Estado ou o
Ministério Público deverão demonstrar interesse de serem atendidos virtualmente pelo
magistrado mediante envio de e-mail para a unidade jurisdicional, conforme formulário
disponibilizado no sítio do Tribunal, contendo informações como o número do processo a
que se pretende o atendimento, o nome completo e número de inscrição profissional.
§2º A resposta sobre o atendimento deverá ocorrer no prazo de até
48 (quarenta e oito) horas, observando-se a ordem de solicitação e as preferências legais,
ressalvadas as situações de urgência.
§3° O magistrado poderá notificar os participantes do ato sobre a
possibilidade de gravação do seu atendimento e ainda convidar o representante da parte
contrária para participar do ato, sempre que verificar a necessidade.

Art. 9º Os magistrados titulares nas unidades judiciais que adotem o


“Juízo 100% Digital” poderão indagar às partes se concordam que as ações já ajuizadas
tramitem pela regra do “Juízo 100% Digital”.

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Gabinete da Presidência

Art. 10. A adoção do “Juízo 100% Digital” não implica desinstalação


da estrutura física ou alteração de servidores nessas unidades judiciárias.
Art. 11. O projeto piloto será avaliado após 1 (um) ano de sua
implementação, podendo este Tribunal optar pela manutenção, pela descontinuidade ou
por sua ampliação.
Parágrafo único. Para a análise da ampliação do projeto “Juízo
100% Digital” serão verificadas as estatísticas do novo modelo.

Art. 12. Os casos processuais omissos serão resolvidos pelo


magistrado competente para a condução do feito.

Art. 13. Este decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Goiânia, 26 de novembro de 2020, 132º da República.

WALTER CARLOS LEMES


Presidente
//Ass05AdM/

Assinado digitalmente por: WALTER CARLOS LEMES, PRESIDENTE, em 27/11/2020 às 13:11.


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ASSINATURA(S) ELETRÔNICA(S)
Tribunal de Justiça do Estado de Goiás
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Nº Processo PROAD: 202011000247495

WALTER CARLOS LEMES


PRESIDENTE
PRESIDENCIA
Assinatura CONFIRMADA em 27/11/2020 às 13:11
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RESOLUÇÃO No 345, DE 9 DE OUTUBRO DE 2020.

Dispõe sobre o “Juízo 100% Digital” e


dá outras providências.

O PRESIDENTE DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA, no


uso de suas atribuições legais e regimentais,

CONSIDERANDO que cabe ao Poder Judiciário implementar


mecanismos que concretizem o princípio constitucional de amplo acesso à Justiça (art.
5o, XXXV, da Constituição Federal);

CONSIDERANDO as diretrizes da Lei no 11.419/2006, que dispõe


sobre a informatização do processo judicial e dá outras providências;

CONSIDERANDO que o art. 18 da Lei no 11.419/2006 autoriza os


órgãos do Poder Judiciário a regulamentarem a informatização do processo judicial;

CONSIDERANDO que a tramitação de processos em meio eletrônico


promove o aumento da celeridade e da eficiência da prestação jurisdicional;

CONSIDERANDO a necessidade de racionalização da utilização de


recursos orçamentários pelos órgãos do Poder Judiciário;

CONSIDERANDO que o Conselho Nacional de Justiça detém


atribuição para regulamentar a prática de atos processuais por meio eletrônico, nos
termos do art. 196 do Código de Processo Civil;

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Número do documento: 20100915464883200000003743087
CONSIDERANDO as diretrizes contidas na Resolução CNJ n o
185/2013, que instituiu o Processo Judicial Eletrônico (PJe) como sistema
informatizado de processo judicial no Poder Judiciário;

CONSIDERANDO as atribuições do Conselho Nacional de Justiça,


previstas no art. 103-B, § 4o, da Constituição Federal, especialmente no que concerne ao
controle da atuação administrativa e financeira e à coordenação do planejamento
estratégico do Poder Judiciário, inclusive na área de tecnologia da informação;

CONSIDERANDO as mudanças introduzidas nas relações e nos


processos de trabalho em virtude do fenômeno da transformação digital;

CONSIDERANDO a decisão plenária tomada no julgamento do Ato


Normativo no 0007913-62.2020.2.00.0000, na 319ª Sessão Ordinária, realizada em 6 de
outubro de 2020;

RESOLVE:

Art. 1o Autorizar a adoção, pelos tribunais, das medidas necessárias à


implementação do “Juízo 100% Digital” no Poder Judiciário.
Parágrafo único. No âmbito do “Juízo 100% Digital”, todos os atos
processuais serão exclusivamente praticados por meio eletrônico e remoto por
intermédio da rede mundial de computadores.
Art. 2o As unidades jurisdicionais de que tratam este ato normativo não
terão a sua competência alterada em razão da adoção do “Juízo 100% Digital”.
Parágrafo único. No ato do ajuizamento do feito, a parte e seu advogado
deverão fornecer endereço eletrônico e linha telefônica móvel celular, sendo admitida a
citação, a notificação e a intimação por qualquer meio eletrônico, nos termos dos arts.
193 e 246, V, do Código de Processo Civil.

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Art. 3o A escolha pelo “Juízo 100% Digital” é facultativa e será exercida
pela parte demandante no momento da distribuição da ação, podendo a parte demandada
opor-se a essa opção até o momento da contestação.
§ 1o Após a contestação e até a prolação da sentença, as partes poderão
retratar-se, por uma única vez, da escolha pelo “Juízo 100% Digital”.
§ 2o Em hipótese alguma, a retração poderá ensejar a mudança do juízo
natural do feito, devendo o “Juízo 100% Digital” abranger todas as unidades
jurisdicionais de uma mesma competência territorial e material.
Art. 4o Os tribunais fornecerão a infraestrutura de informática e
telecomunicação necessárias ao funcionamento das unidades jurisdicionais incluídas no
“Juízo 100% Digital” e regulamentarão os critérios de utilização desses equipamentos e
instalações.
Parágrafo único. O “Juízo 100% Digital” deverá prestar atendimento
remoto durante o horário de expediente forense por telefone, por e-mail, por
videochamadas, por aplicativos digitais ou por outros meios de comunicação que
venham a ser definidos pelo tribunal.
Art. 5o As audiências e sessões no “Juízo 100% Digital” ocorrerão
exclusivamente por videoconferência.
Parágrafo único. As partes poderão requerer ao juízo a participação na
audiência por videoconferência em sala disponibilizada pelo Poder Judiciário.
Art. 6o O atendimento exclusivo de advogados pelos magistrados e
servidores lotados no “Juízo 100% Digital” ocorrerá durante o horário fixado para o
atendimento ao público de forma eletrônica, nos termos do parágrafo único do artigo 4 o,
observando-se a ordem de solicitação, os casos urgentes e as preferências legais.
§ 1o A demonstração de interesse do advogado de ser atendido pelo
magistrado será devidamente registrada, com dia e hora, por meio eletrônico indicado
pelo tribunal.
§ 2o A resposta sobre o atendimento deverá ocorrer no prazo de até 48
horas, ressalvadas as situações de urgência.

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Art. 7o Os tribunais deverão acompanhar os resultados do “Juízo 100%
Digital” mediante indicadores de produtividade e celeridade informados pelo Conselho
Nacional de Justiça.
Art. 8o Os tribunais que implementarem o “Juízo 100% Digital” deverão,
no prazo de trinta dias, comunicar ao Conselho Nacional de Justiça, enviando o
detalhamento da implantação.
Parágrafo único. O “Juízo 100% Digital” será avaliado após um ano de
sua implementação, podendo o tribunal optar pela manutenção, pela descontinuidade ou
por sua ampliação, comunicando a sua deliberação ao Conselho Nacional de Justiça.
Art. 9o Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

Ministro LUIZ FUX

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ESTADO DE GOIÁS

LEI Nº 21.268, DE 5 DE ABRIL DE 2022

Dispõe sobre o Código de Organização Judiciária


do Estado de Goiás e dá outras providências.

A ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE GOIÁS, nos termos do art. 10 da


Constituição Estadual, decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

LIVRO I

DA ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA

TÍTULO I
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 1º Este Código estabelece a divisão e a organização judiciária do Estado de


Goiás, compreendendo a constituição, estrutura, atribuições e competências do Tribunal de
Justiça, Magistrados e os Serviços Auxiliares, observando os princípios constitucionais que o
regem.
Parágrafo único. A estrutura organizacional das unidades judiciárias do Poder
Judiciário do Estado de Goiás será objeto de resolução editada pelo Órgão Especial.

Art. 2º Ao Poder Judiciário do Estado de Goiás é assegurada autonomia


administrativa e financeira.

Art. 3º Os órgãos do Poder Judiciário do Estado de Goiás têm o dever de apreciar


qualquer lesão ou ameaça a direito, observadas as normas constitucionais e legais.
§ 1º Para garantir o efetivo cumprimento das decisões e atos, os magistrados
poderão requisitar das demais autoridades o auxílio da força pública ou outros meios
necessários àquele fim.
§ 2º As requisições deverão ser prontamente atendidas, sem que assista às
autoridades requisitadas a prerrogativa de apreciar a legitimidade e a justiça da decisão.

Art. 4º O Tribunal de Justiça, a Turma de Uniformização do Sistema de Juizados


Especiais e as Turmas Recursais dos Juizados Especiais, com sede na Capital, exercem a sua
jurisdição em todo o Estado de Goiás.

Art. 5º Os Juízes exercerão a sua jurisdição nos limites territoriais definidos por
esta Lei.

TÍTULO II
DA DIVISÃO JUDICIÁRIA

CAPÍTULO I
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 6º Para o efeito de administração do Poder Judiciário, o território do Estado


de Goiás divide-se em Comarcas, Distritos Judiciários e Unidades Judiciárias de Primeiro e
Segundo Grau.
§ 1º Entende-se como:
I – Comarcas: circunscrições territoriais que abrangem um ou mais de um
Município e seus respectivos distritos municipais;
II – Distritos Judiciários: divisões administrativas que podem constituir dimensão
territorial igual ou inferior à extensão de um Município;
III – Unidades Judiciárias de Primeiro Grau: Varas, Juizados, Turmas Recursais,
Centros Judiciários de Solução de Conflitos e Cidadania (CEJUSC’s) e Postos Avançados, quando
houver, compostos por seus gabinetes e secretarias;
IV – Unidades Judiciárias de Segundo Grau: gabinetes de Desembargadores e
secretarias de órgãos fracionários (Câmaras, Seções especializadas, Conselho Superior da
Magistratura, Órgão Especial, Tribunal Pleno) excluídas a Presidência, a Vice– Presidência e a
Corregedoria– Geral da Justiça.
§ 2º O Tribunal de Justiça pode criar ou alterar regiões ou macrorregiões
administrativas e judiciárias, integradas por diferentes Comarcas.
CAPÍTULO II

DA CRIAÇÃO, REESTRUTURAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DAS COMARCAS

Seção I
Da criação e reestruturação de Comarcas e/ou Unidades Judiciárias

Art. 7º A criação de novas Comarcas deverá observar cumulativamente, além da


disponibilidade orçamentária:
I – a população mínima de 10.000 (dez) mil habitantes;

II – o número de eleitores não inferior a 60% (sessenta por cento) de sua


população;
III – o número de casos novos distribuídos no último triênio igual ou superior a
50% (cinquenta) por cento da média das Comarcas de entrância inicial;

IV – a receita tributária;
V – a extensão territorial.
§ 1º Para os fins do disposto neste artigo, os dados sobre a população e o número
de eleitores serão, respectivamente, obtidos pelas fontes do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) e Tribunal Regional Eleitoral de Goiás (TRE-GO).
§ 2º Atendidos os requisitos estabelecidos neste artigo, o Presidente do Tribunal
de Justiça, após deliberação do Órgão Especial, providenciará o envio de Projeto de Lei à
Assembleia Legislativa, no qual deverá constar, também, a proposta de criação dos cargos
necessários para prover o Juízo e os respectivos serviços extrajudiciais.

Art. 8º A instalação da Comarca e/ou Unidade Judiciária será feita por Decreto
Judiciário e a solenidade de instalação presidida pelo Presidente do Tribunal de Justiça ou por
Magistrado por ele designado.
Parágrafo único. Dar-se-á conhecimento às autoridades locais, ao Procurador-
Geral de Justiça do Estado de Goiás, ao Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil –
Seccional Goiás e ao Defensor Público-Geral do Estado de Goiás.

Seção II
Da criação de Postos Avançados

Art. 9º Os Postos Avançados serão instalados em todas as Comarcas desinstaladas


e em todos os Municípios e Distritos que não forem sede de Comarcas, desde que possível a
parceria entre o Tribunal de Justiça e o respectivo Município ou o titular do Cartório
Extrajudicial, na forma disciplinada em Resolução aprovada pelo Órgão Especial.

Seção III

Dos Centros Judiciários de Solução de Conflitos e Cidadania

Art. 10. A instalação de Centros Judiciários de Solução de Conflitos e Cidadania


será feita por Decreto Judiciário, em observância às regras previstas em Resolução própria do
Conselho Nacional de Justiça.

Seção IV

Da Classificação e Elevação de Comarcas

Art. 11. As Comarcas são classificadas em entrância inicial, intermediária e final,


sendo especificadas em resolução editada pelo Órgão Especial.

Art. 12. A elevação de Comarcas da entrância inicial para a intermediária deve


observar, além da disponibilidade orçamentária, os seguintes requisitos:
I – a população mínima de 30.000 (trinta mil) habitantes;
II – o número não inferior de 10.000 (dez mil) eleitores;
III – o número de casos novos distribuídos no último triênio superior a 50%
(cinquenta por cento) da média das Comarcas de entrância intermediária.

Art. 13. Elevada a Comarca à categoria de entrância intermediária, o Tribunal de


Justiça deverá adequar o foro extrajudicial, observada a seguinte estrutura mínima:
I – 1 (um) Registro de Imóveis e Registro de Pessoas Jurídicas, Títulos e
Documentos;
II – 1 (um) Tabelionato de Notas, de Protesto de Títulos, Tabelionato e Oficialato
de Registro de Contratos Marítimos;
III – 1 (um) Registro Civil das Pessoas Naturais, Interdições e Tutelas e Tabelionato
de Notas.
Parágrafo único. A Comarca alçada à categoria de entrância intermediária terá o
foro extrajudicial previsto no caput, reservando-se temporariamente ao titular, até que ocorra a
vacância, o serviço da antiga estrutura.
Art. 14. Na hipótese de vacância dos serviços de Registro de Imóveis, Registro de
Títulos e Documentos, Civil das Pessoas Jurídicas, Civil das Pessoas Naturais e de Interdições e
Tutelas de Comarca elevada à entrância intermediária, serão instalados:
I – o Serviço de Registro de Imóveis e Registro de Pessoas Jurídicas, Títulos e
Documentos; e
II – o Serviço de Registro Civil das Pessoas Naturais e de Interdições e Tutelas e
Tabelionato de Notas.
Parágrafo único. A vacância do Tabelionato de Notas, de Protestos de Títulos,
Tabelionato e Oficialato de Registros de Contratos Marítimos não ensejará a alteração de sua
atual estrutura.

CAPÍTULO III
DOS DISTRITOS JUDICIÁRIOS

Art. 15. Os distritos judiciários serão relacionados em resolução editada pelo


Órgão Especial.
§ 1º A estrutura do foro extrajudicial dos distritos judiciários será disposta na
legislação estadual respectiva.

§ 2º Para a organização dos serviços extrajudiciais, os distritos judiciários são


classificados como sede ou não sede de Município.

LIVRO II
DOS ÓRGÃOS DO PODER JUDICIÁRIO

TÍTULO I
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 16. São Órgãos do Poder Judiciário do Estado de Goiás:


I – o Tribunal de Justiça;
II – os Juízes de Direito e Juízes Substitutos;

III – os Juizados Especiais, as Turmas Recursais e a Turma de Uniformização;


IV – a Justiça de Paz;
V – os Tribunais do Júri.
Parágrafo único. As atribuições, funcionamento e competências dos órgãos do
Poder Judiciário não previstas neste Código são disciplinadas pelo Regimento Interno do Tribunal
de Justiça e na legislação respectiva.

TÍTULO II
DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Art. 17. São Órgãos do Tribunal de Justiça:

I – Presidência;
II – Vice– Presidência;
III – Corregedoria– Geral da Justiça;
IV – Ouvidoria do Poder Judiciário;
V – Conselho Superior da Magistratura;

VI – Tribunal Pleno;
VII – Órgão Especial;

VIII – Seções Cíveis e Criminais;


IX – Câmaras Cíveis e Criminais;
X – Comissões Permanentes;
XI – Escola Judicial do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás – EJUG.
Parágrafo único. A criação, a composição, o funcionamento e as atribuições das
Comissões Permanentes são disciplinadas pelo Regimento Interno do Tribunal de Justiça.

CAPÍTULO I

DA COMPOSIÇÃO, FUNCIONAMENTO E COMPETÊNCIA

Art. 18. O Tribunal de Justiça, com sede na Capital, exercerá a sua jurisdição em
todo o território do Estado de Goiás e a sua composição será definida em lei.

Art. 19. O preenchimento do cargo de Desembargador dar-se-á mediante acesso


do Juiz de Direito, observados os critérios de antiguidade e merecimento, alternadamente, a
serem apurados na entrância final.
§ 1º No caso de antiguidade, o Tribunal de Justiça somente poderá recusar o Juiz
mais antigo pelo voto fundamentado de dois terços de seus membros, conforme procedimento
próprio e assegurada ampla defesa, repetindo-se a votação até fixar-se a indicação.
§ 2º Tratando-se de vaga a ser provida pelo critério de merecimento, a promoção
recairá no Juiz que for incluído na lista tríplice organizada pelo Tribunal de Justiça e com o maior
número de votos, observado o disposto no art. 93, II, "a" e "b", da Constituição Federal.

Art. 20. Um quinto dos lugares do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás será
composto de membros do Ministério Público com mais de 10 (dez) anos de carreira e de
advogados de notório saber jurídico e de reputação ilibada, com mais de 10 (dez) anos de efetiva
atividade profissional, indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de representação das respectivas
classes.
§ 1º Recebidas as indicações referidas no caput, o Tribunal de Justiça do Estado de
Goiás formará lista tríplice, enviando-a ao Governador do Estado que, nos 20 (vinte) dias
subsequentes, nomeará um dos integrantes para o cargo.
§ 2º Quando for ímpar o número de vagas destinadas ao quinto constitucional,
uma delas será, alternada e sucessivamente, preenchida por advogado e por membro do
Ministério Público, de tal forma que, também sucessiva e alternadamente, os representantes de
uma das classes superem os da outra em uma unidade.

Art. 21. Se o cargo vago de Desembargador destinar-se à classe dos Magistrados


de carreira, o Presidente do Tribunal de Justiça, após a publicação de edital e providências
necessárias, convocará o Órgão Especial para a sessão de escolha dos candidatos ao
preenchimento do respectivo cargo; se destinar-se ao quinto constitucional, o Presidente do
Tribunal de Justiça oficiará a entidade classista a quem couber a indicação.

CAPÍTULO II

DA ELEIÇÃO

Art. 22. O Presidente, o Vice-Presidente e o Corregedor-Geral da Justiça são


eleitos em votação secreta pela maioria absoluta dos membros do Tribunal Pleno, para mandato
de 2 (dois) anos, observando-se o disposto na legislação federal.

§ 1º Poderão concorrer aos cargos enumerados no caput quaisquer dos


integrantes do Tribunal Pleno, independentemente da ordem de antiguidade, considerando-se
eleito o que obtiver a maioria dos votos.

§ 2º Computados os votos, se nenhum Desembargador alcançar a maioria, será


realizado novo escrutínio, concorrendo apenas os 2 (dois) Desembargadores mais votados para
cada cargo de direção, elegendo-se aquele que obtiver a maioria.
§ 3º Persistindo o empate, considerar-se-á eleito o Desembargador mais antigo na
carreira e, seguidamente, ainda em caso de empate, o mais idoso.
§ 4º O Presidente, o Vice-Presidente, o Corregedor-Geral da Justiça e o Ouvidor
comporão o Órgão Especial, independentemente da ordem de antiguidade e mesmo que não o
integrem originariamente, acrescendo-se ao número de membros, durante o exercício dos
respectivos mandatos.

Art. 23. A designação do Ouvidor do Poder Judiciário, do Diretor da EJUG e a


eleição dos membros do Conselho Superior da Magistratura e da Diretoria da Revista Goiana de
Jurisprudência observará a legislação vigente e o disposto no Regimento Interno do Tribunal de
Justiça.

CAPÍTULO III
DA VACÂNCIA

Art. 24. Ocorrendo a vacância de cargo eletivo antes de iniciado o último semestre
do mandato, haverá eleição do sucessor, no prazo de 10 (dez) dias, para o tempo restante,
empossando-se o eleito na mesma data.
Parágrafo único. Se a vacância ocorrer no decurso do último semestre, assumirá o
cargo, até o término do mandato, o substituto, se houver, ou o Desembargador seguinte na
ordem de antiguidade relativamente ao anterior ocupante, com posse na mesma data.

CAPÍTULO IV
DOS ÓRGÃOS DE DIREÇÃO

Art. 25. São órgãos de direção do Tribunal de Justiça:

I – Presidência;
II – Vice– Presidência;
III – Corregedoria– Geral da Justiça.

Seção I
Da Presidência

Art. 26. As atribuições do Presidente do Tribunal são as constantes desta Lei, da


Lei Orgânica da Magistratura Nacional e do Regimento Interno do Tribunal de Justiça.
Art. 27. São 4 (quatro) as funções de Juiz Auxiliar da Presidência do Tribunal de
Justiça, exercidas por 3 (três) Juízes de Direito titulares da Comarca de Goiânia e 1 (um) titular de
Comarca de Entrância Inicial ou Intermediária.
§ 1º Cabe ao Presidente do Tribunal de Justiça a escolha dos Juízes Auxiliares da
Presidência e dos Diretores de Foros.
§ 2º O tempo de exercício nas funções referidas no caput deste artigo, bem como
suas atribuições e responsabilidades, serão disciplinadas por ato do Presidente do Tribunal de
Justiça do Estado de Goiás.
§ 3º Os Juízes Auxiliares da Presidência do Tribunal de Justiça e o Diretor do Foro
de Goiânia permanecerão afastados da atividade jurisdicional, retornando às unidades
judiciárias de que são titulares ao findar o período de exercício.

Seção II
Da Vice-Presidência

Art. 28. Compete ao Vice-Presidente auxiliar o Presidente do Tribunal no exercício


de suas atribuições administrativas, substituindo-o nas ausências, férias, licenças, suspeições e
impedimentos.
Parágrafo único. O Vice-Presidente deverá, ainda, integrar o Órgão Especial e o
Conselho Superior da Magistratura.

Art. 29. As demais atribuições e competências do Vice-Presidente do Tribunal de


Justiça são definidas no Regimento Interno do Tribunal de Justiça.

Seção III

Da Corregedoria-Geral da Justiça

Art. 30. A Corregedoria-Geral da Justiça, órgão de orientação, controle e


fiscalização disciplinar dos serviços judiciários de primeira instância, notariais e de registro, com
jurisdição em todo o Estado, será dirigida por um Desembargador, denominado Corregedor-
Geral da Justiça.

Art. 31. A Corregedoria-Geral elaborará o seu regimento interno prevendo sua


estrutura, as atribuições do Corregedor-Geral, dos Juízes Auxiliares, servidores e de seus órgãos
de atuação, submetendo-o à aprovação do Órgão Especial.
Art. 32. As atribuições do Corregedor-Geral da Justiça são reguladas nos
Regimentos Internos do Tribunal de Justiça e da Corregedoria-Geral da Justiça.

Art. 33. São 3 (três) as funções de Juiz Auxiliar da Corregedoria-Geral da Justiça a


serem providas por Juízes de Direito de entrância final.

§ 1º Os Juízes de Direito que exercerem as funções de 1º, 2º e 3º Juiz Auxiliar da


Corregedoria-Geral da Justiça serão escolhidos pelo Órgão Especial em lista tríplice formada pelo
Corregedor-Geral da Justiça.
§ 2º Os Juízes de Direito Auxiliares da Corregedoria-Geral da Justiça
permanecerão afastados da atividade jurisdicional, retornando às unidades judiciárias de que
são titulares ao findar o período de exercício.

CAPÍTULO V

DO CONSELHO SUPERIOR DA MAGISTRATURA, DA OUVIDORIA E DA ESCOLA JUDICIAL

Art. 34. A composição, o funcionamento, as atribuições e as competências do


Conselho Superior da Magistratura, da Ouvidoria do Poder Judiciário e da Escola Judicial
observarão o previsto na legislação vigente, no Regimento Interno do Tribunal de Justiça, em
atos normativos expedidos pelo Conselho Nacional de Justiça e pelo Órgão Especial do Tribunal.

CAPÍTULO VI

DOS ÓRGÃOS JURISDICIONAIS DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Art. 35. São Órgãos Jurisdicionais do Tribunal de Justiça:


I – Tribunal Pleno;
II – Órgão Especial;
III – Seções Cíveis e Seções Criminais;
IV – Câmaras Cíveis e Câmaras Criminais.
Parágrafo único. A composição, competências e funcionamento dos Órgãos
Jurisdicionais da segunda instância são definidos no Regimento Interno do Tribunal de Justiça.

TÍTULO III
DOS JUÍZES DE DIREITO E JUÍZES SUBSTITUTOS
CAPÍTULO I

DO INGRESSO NA MAGISTRATURA

Art. 36. A jurisdição na primeira instância será exercida por Juízes de Direito e
Juízes Substitutos.
Parágrafo único. Os Juízes suspeitos, impedidos, afastados e em usufruto de
licenças e férias serão substituídos nos termos do que dispuser ato normativo editado pelo
Tribunal de Justiça.

Art. 37. O ingresso na carreira, cujo cargo inicial será o de Juiz Substituto, far-se-á
mediante concurso público de provas e títulos, de acordo com os arts. 93, inciso I, e 96, inciso I,
“c”, da Constituição Federal.

Art. 38. O concurso público para ingresso na magistratura será realizado mediante
dotação orçamentária, existência de vagas e observará as normas previstas na legislação vigente
e em atos normativos do Conselho Nacional de Justiça e do Tribunal de Justiça.

CAPÍTULO II
DO COMPROMISSO, POSSE E EXERCÍCIO

Art. 39. A posse dar-se-á mediante o compromisso solene de honrar o cargo e


desempenhar suas funções com retidão.
§ 1º No ato da posse, o magistrado deverá apresentar a declaração de seus bens e
prestar o compromisso legal.

§ 2º O termo de posse será assinado pela autoridade que presidir o ato e pelo
empossado ou seu procurador.

Art. 40. A posse no cargo de Juiz Substituto dar-se-á no prazo de 30 (trinta) dias,
contados da publicação do ato de nomeação no Diário da Justiça Eletrônico.

Art. 41. O Juiz Substituto deverá entrar em exercício dentro de 30 (trinta) dias,
contados da data da posse.

Art. 42. Havendo justo motivo, o Presidente do Tribunal de Justiça poderá,


mediante requerimento do interessado, prorrogar os prazos previstos nos artigos 40 e 41 desta
Lei, por igual período.

Art. 43. A posse e o respectivo exercício asseguram ao nomeado todos os direitos


inerentes ao cargo.
CAPÍTULO III

DO VITALICIAMENTO

Art. 44. O processo de vitaliciamento dos Juízes Substitutos será instaurado pelo
Órgão Especial, cujo procedimento observará as normas editadas pelo Tribunal de Justiça, pelo
Conselho Nacional da Justiça e pela Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de
Magistrados.

CAPÍTULO IV
DO ACESSO, PROMOÇÃO, REMOÇÃO E PERMUTA

Art. 45. O acesso, a promoção, a remoção e a permuta dar-se-ão nos termos das
Constituições Federal e Estadual, da Lei Orgânica da Magistratura Nacional, dos atos normativos
do Conselho Nacional de Justiça e daqueles editados pelo Tribunal de Justiça sobre a matéria.

Art. 46. A antiguidade, para efeito de promoção, remoção e acesso, é entendida


como o tempo de efetivo exercício na respectiva entrância, servindo como critérios de
desempate:
I – pelo tempo de carreira na magistratura goiana;
II – pela colocação na lista de antiguidade na entrância imediatamente anterior;

III – pelo tempo de carreira na magistratura de outras unidades da federação;


IV – pela idade, prevalecendo o mais idoso.

Parágrafo único. Quando se tratar de primeira promoção, são critérios de


desempate a data da posse e a classificação final no concurso público para ingresso na
magistratura goiana, respectivamente.

Art. 47. O Tribunal de Justiça manterá organizada em seu site a lista de


antiguidade dos Juízes de Direito e dos Juízes Substitutos, republicando-a sempre que houver
alteração.
Parágrafo único. Os juízes que se julgarem prejudicados poderão apresentar
reclamação a qualquer tempo, sendo apreciada pelo Tribunal de Justiça, na forma do Regimento
Interno do Tribunal de Justiça.

CAPÍTULO V
DA APOSENTADORIA
Art. 48. A aposentadoria dos magistrados observará as disposições da
Constituição Federal, da Constituição Estadual e da Lei Orgânica da Magistratura Nacional.

CAPÍTULO VI

DAS GARANTIAS E PRERROGATIVAS

Art. 49. Os magistrados gozam das prerrogativas e garantias de vitaliciedade,


inamovibilidade e irredutibilidade de subsídio, nos termos da Constituição Federal e da Lei
Orgânica da Magistratura Nacional.

CAPÍTULO VII

DO SUBSÍDIO

Art. 50. O subsídio mensal dos Desembargadores do Tribunal de Justiça


corresponde a 90,25% (noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento) do subsídio
mensal dos Ministros do Supremo Tribunal Federal.

Art. 51. Os subsídios dos Juízes de Direito do Poder Judiciário do Estado de Goiás
são escalonados em ordem decrescente, com a diferença de 5% (cinco por cento) entre as
entrâncias.

Parágrafo único. O subsídio do cargo de Juiz Substituto será 5% (cinco por cento)
menor que o do Juiz de Direito de entrância inicial.

CAPÍTULO VIII
DOS DIREITOS

Art. 52. Os direitos da Magistratura do Poder Judiciário do Estado de Goiás são


aqueles disciplinados por legislação própria.

Art. 53. As licenças e os afastamentos legais de juízes e servidores estão previstos


e regulamentados por atos normativos próprios.

CAPÍTULO IX
DAS COMPETÊNCIAS DOS JUÍZOS
Seção I

Das Disposições Gerais

Art. 54. Aos magistrados do Poder Judiciário incumbe:


I – processar e julgar os feitos de sua competência;
II – cumprir as cartas precatórias no âmbito de suas competências;

III – promover a gestão da unidade judiciária e a fiscalização permanente de seus


serviços, observando as rotinas administrativas estabelecidas pelo Tribunal de Justiça, zelando
por sua eficiência e pelo cumprimento das determinações das autoridades judiciárias
superiores;
IV – realizar as correições de sua competência, nos termos das instruções e
determinações expedidas pela Corregedoria– Geral da Justiça;

V – indicar servidor para ocupar a função de gestor da escrivania do Juízo no qual


esteja em exercício, nos termos da legislação de regência;
VI – exercer funções de auxílio à Administração superior do Poder Judiciário do
Estado de Goiás;

VII – alimentar os sistemas do Conselho Nacional de Justiça.

Art. 55. Ao Juiz de Direito ou Substituto compete, no exercício da Diretoria do


Foro:
I – supervisionar os serviços de administração e a ordem interna do edifício e
demais dependências do fórum local, sem prejuízo da competência dos demais juízes;

II – exercer permanente fiscalização dos serviços do Foro Judicial e Extrajudicial;


III – apurar as faltas e aplicar as penas disciplinares da sua competência aos
servidores, juízes de paz, juízes leigos, notários e registradores que lhe sejam subordinados, ou
remeter os autos ao órgão competente para aplicação da penalidade após a apuração,
comunicando a Corregedoria– Geral da Justiça;
IV – exercer as demais atividades administrativas que lhe forem atribuídas por
atos da Administração Judiciária Superior.

Art. 56. Nos casos de férias, licenças, afastamentos, vacâncias, impedimentos,


suspeições e faltas ocasionais, a substituição far-se-á conforme a tabela de substituição
automática e eventual organizada pela Presidência.
§ 1º Na impossibilidade de se observar a tabela de substituição automática e
eventual, deverão ser designados como substitutos juízes lotados preferencialmente na comarca
mais próxima.
§ 2º O magistrado ocupante das funções de juiz auxiliar da Presidência, da
Corregedoria ou de Direção do Foro da Comarca de Goiânia, bem como de magistrado
licenciado para exercer a presidência de entidade de classe, poderá indicar o seu substituto,
ficando a critério do Presidente do Tribunal de Justiça acolher ou não a indicação.

Seção II
Dos Juízos Cíveis

Art. 57. Os Juízos das Varas Cíveis Comuns e Especializadas têm competência
genérica e plena na matéria de sua denominação, ressalvada a privativa de outros juízos,
competindo-lhes:
I – processar e julgar as ações para extinção de condomínio de bem móvel ou
imóvel e liquidação de empresas resultante de partilhas realizadas nas Varas de Família e
Sucessões;
II – cumprir cartas precatórias pertinentes à jurisdição cível.

Seção III

Dos Juízos de Família

Art. 58. Os Juízos das Varas de Família Comuns e Especializadas têm competência
genérica e plena na matéria de sua denominação, ressalvada a privativa de outros juízes,
competindo-lhes processar e julgar:
I – ações de nulidade e anulação de casamento;

II – ação declaratória de união estável;


III – ações de separação, divórcio e as demais relativas ao estado civil, ao regime
de bens, bem como as fundadas em direitos e deveres dos cônjuges e companheiros com
relação aos filhos;

IV – ações de investigação de parentalidade, cumuladas ou não com as de petição


de herança;

V – ação negatória de paternidade e maternidade;


VI – ação declaratória de parentalidade socioafetiva;
VII – pedido de nomeação de curador, interdição, tomada de decisão apoiada e
quaisquer outros relativos ao estado e capacidade das pessoas, bem como as ações de
prestações de contas do curador;
VIII – ações de alimentos fundadas em relação de direito das famílias e suas
execuções;
IX – ações de guarda e tutela, nas situações que não sejam de competência do
juizado da infância e juventude;
X – partilhas em razão de divórcio e união estável;
XI – pedidos de adoção de pessoa maior de 18 (dezoito) anos;
XII – ações de indenização por dano moral decorrente de relações familiares;

XIII – os pedidos de internação compulsória, se fundados em suprimento da


vontade da pessoa;
XIV – autorização judicial para viagem internacional, quando a pretensão é fixar
residência em país estrangeiro;

XV – ações revisionais de alimentos;


XVI – pedidos de alvarás para permuta, venda ou doação de bens de pessoas
incapazes;

XVII – cartas precatórias pertinentes à matéria de sua competência.

Seção IV

Dos Juizados da Infância e Juventude

Art. 59. Compete aos Juizados e Varas da Infância e Juventude, além de cumprir
cartas precatórias pertinentes à matéria de sua competência:
I – em matéria infracional:

a) conhecer de representações promovidas pelo órgão do Ministério Público para


apuração de ato infracional, aplicando as medidas socioeducativas previstas nos incisos I a VI do
artigo 112 do Estatuto da Criança e do Adolescente;
b) conceder a remissão, como forma de suspensão ou extinção do processo;

c) executar as medidas socioeducativas impostas em sentença, bem como


acompanhar e avaliar, constantemente, o seu resultado;

d) alimentar e manter atualizados os Cadastros Nacionais de Adolescente e de


Bens Apreendidos em poder do adolescente autor de ato infracional;

e) inspecionar os estabelecimentos e os órgãos encarregados do cumprimento


das medidas socioeducativas zelando pelo aprimoramento do sistema de execução dessas
medidas;
f) exercer as demais atribuições conferidas pelo Estatuto da Criança e do
Adolescente em matéria infracional;
II – em matéria não infracional:
a) conhecer das demandas cíveis envolvendo Crianças e Adolescentes nas
situações elencadas no art. 98 do Estatuto da Criança e do Adolescente, ou seja, nos casos em
que os direitos de crianças e adolescentes forem ameaçados ou violados por ação ou omissão da
sociedade ou do Estado, por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável, bem como em
razão de sua conduta;
b) conhecer de ações de suspensão, destituição e extinção do poder familiar;
c) conhecer dos procedimentos de acolhimento institucional e familiar e os seus
incidentes, inclusive expedir guia de acolhimento e desligamento;
d) alimentar e manter atualizados os cadastros de entidades de acolhimento
institucional e familiar, como também de criança ou adolescente acolhido;
e) conhecer dos pedidos de adoção de crianças e adolescentes e seus incidentes,
bem como do procedimento de entrega voluntária/espontânea para adoção;
f) alimentar e manter atualizado o Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento do
Conselho Nacional de Justiça, tanto de pretendentes à adoção quanto de crianças e de
adolescentes aptos à adoção e acolhidos;
g) conhecer dos procedimentos de acolhimento institucional e familiar e os seus
incidentes, inclusive expedir guia de acolhimento e desligamento;
h) conhecer de ações decorrentes de irregularidades em entidades de
atendimento a crianças e adolescentes, aplicando as medidas cabíveis;
i) conhecer de ações civis fundadas em interesses individuais, difusos ou coletivos
afetos à criança e ao adolescente;
j) aplicar penalidades administrativas nos casos de infrações contra norma de
proteção à criança ou adolescente;
k) conhecer dos pedidos de autorização de viagem nacional e/ou internacional,
quando necessária a judicialização;
l) inspecionar as instituições de acolhimento institucional de crianças e
adolescentes e o programa de acolhimento familiar, zelando pelo aprimoramento da rede de
proteção infantojuvenil;
m) disciplinar, através de portaria, ou autorizar, mediante alvará, a entrada e
permanência de criança ou adolescente, desacompanhado dos pais ou responsável, em estádio,
ginásio e campo desportivo, bailes ou promoções dançantes, boate ou congêneres, casa que
explore comercialmente diversões eletrônicas, estúdios cinematográficos, de teatro, rádio e
televisão, bem como a participação de criança e adolescente em espetáculos públicos e seus
ensaios e certames de beleza;
n) exercer as demais atribuições conferidas pelo Estatuto da Criança e do
Adolescente em matéria cível e administrativa envolvendo interesses de criança e adolescente.

Seção V
Dos Juízos de Sucessões

Art. 60. Os Juízos das Varas de Sucessões Comuns e Especializadas têm


competência genérica e plena na matéria de sua denominação, ressalvada a privativa de outros
juízos, competindo-lhes, além de cumprir cartas precatórias relativas à sua competência,
processar e julgar:
I – ações de inventário e partilha, arrolamentos sumário e comum, sobrepartilhas,
e os incidentes de remoção de inventariante e habilitação de crédito;

II – ações de nulidade e anulação de inventários e partilhas judiciais ou


extrajudiciais;
III – procedimentos de abertura, registro e cumprimento de testamentos públicos,
particulares e cerrados;

IV – ações de nulidade e anulação de testamentos públicos, particulares e


cerrados;
V – alvarás judiciais para venda e disposição de bens e valores do espólio;

VI – alvarás judiciais para levantamentos dos valores previstos na Lei federal nº


6.858/1980;

VII – ações declaratórias de ausência, de herança jacente e vacante;


VIII – ações de deserdação, declaratória de indignidade e de sonegados;
IX – ações de prestação de contas do inventariante;
X – petições de herança autônomas ou com pedido de anulação da partilha.

Seção VI
Dos Juízos das Fazendas Públicas, de Registros Públicos e de Execução Fiscal

Art. 61. Compete aos Juízos das Fazendas Públicas, além do cumprimento de
cartas precatórias de sua competência:
I – processar e julgar as causas em que o Estado de Goiás, suas autarquias,
empresas públicas e fundações por ele mantidas forem autores, réus, assistentes, intervenientes
ou oponentes e as que lhes forem conexas ou acessórias;
II – processar e julgar as causas em que o Município, suas autarquias, empresas
públicas e fundações por ele mantidas forem autores, réus, assistentes, intervenientes ou
oponentes e as que lhes forem conexas ou acessórias;
III – processar e julgar mandados de segurança quando a autoridade coatora for
estadual ou municipal, inclusive os administradores e representantes de autarquias, empresas
públicas, fundações e pessoas naturais ou jurídicas com função delegada do poder público
estadual ou municipal, nas hipóteses em que o ato atacado decorrer da delegação recebida,
excetuadas as hipóteses de competência originária do Tribunal de Justiça;
IV – processar e julgar habeas data, quando o órgão ou entidade depositária da
informação for estadual ou municipal, excetuadas as hipóteses de competência originária do
Tribunal de Justiça;

V – processar e julgar mandado de injunção, quando a responsabilidade pela


regulamentação do direito for de órgão ou entidade da administração direta ou indireta estadual
ou municipal, excetuadas as hipóteses de competência originária do Tribunal de Justiça;
VI – processar e julgar as ações populares quando o ato lesivo atingir o patrimônio
do Estado de Goiás ou do Município; de autarquia, empresa pública ou fundações estadual ou
municipal; de instituições por eles criadas e de qualquer pessoa jurídica ou entidade
subvencionada pelos cofres públicos estaduais ou municipais; de sociedade mútua de seguros
em que o Estado ou o Município represente segurados ausentes e de serviço social autônomo;
VII – processar e julgar as ações civis por improbidade administrativa em que
figurem como réus agentes políticos e públicos de órgãos ou entidades da administração direta e
indireta estadual ou municipal;
VIII – exercer a jurisdição voluntária nos feitos em que o Município ou o Estado,
bem como suas autarquias, empresas públicas e fundações por eles mantidas forem
interessados;
IX – processar e julgar as ações relativas a Registros Públicos, nas comarcas em
que não houver vara especializada;
X – nas comarcas onde não instalado o Juizado Especial da Fazenda Pública,
processar e julgar as causas previstas na Lei federal nº 12.153/2009, imprimindo– lhes o rito
sumaríssimo, sendo as respectivas decisões sujeitas à revisão pelas Turmas Recursais do Sistema
de Juizados Especiais.

Art. 62. Compete aos Juízos de Registros Públicos:


I – processar e julgar os feitos, contenciosos e administrativos, relativos aos atos
notariais e de registros públicos;
II – determinar o cumprimento de ordens judiciais de retificação, restauração ou
suprimento de Registro Civil oriundas de jurisdição diversa;
III – processar e julgar os mandados de segurança impetrados contra atos de
notários e oficiais de registros;
IV – determinar a lavratura de registros tardios de nascimentos e de óbitos.

Art. 63. Compete aos Juízos das Varas de Execução Fiscal processar e julgar as
execuções fiscais e os incidentes que lhe são correlatos.

Seção VII
Dos Juízos Criminais

Art. 64. Compete ao Juízo da Vara Criminal, ressalvada a competência dos juízos
especializados, onde houver:
I – processar e julgar os feitos criminais da competência do juiz singular;
II – praticar atos anteriores à instauração do processo de competência dos juízes
de primeira instância, de acordo com as leis processuais penais;
III – expedir a guia de execução ou recolhimento provisória de condenados ao
juízo da execução penal competente;
IV – cumprir cartas precatórias na sua área de competência.

Seção VIII
Dos Juízos da Execução Penal

Art. 65. Compete ao Juízo da Execução Penal:


I – aplicar aos casos julgados lei posterior que de qualquer modo favoreça o
condenado;
II – declarar extinta a punibilidade;
III – decidir sobre:
a) soma ou unificação de penas;
b) progressão ou regressão nos regimes;
c) detração e remição da pena;

d) suspensão condicional da pena;


e) livramento condicional;
f) incidentes da execução;
IV – autorizar saídas temporárias;

V – determinar:
a) a forma de cumprimento da pena restritiva de direitos e fiscalizar sua execução;
b) a conversão da pena restritiva de direitos e de multa em privativa de liberdade;
c) a conversão da pena privativa de liberdade em restritiva de direitos;
d) a aplicação da medida de segurança, bem como a substituição da pena por
medida de segurança;

e) a revogação da medida de segurança;


f) a desinternação e o restabelecimento da situação anterior;

g) o cumprimento de pena ou medida de segurança em outra comarca;


h) a remoção do condenado na hipótese prevista na Lei de Execução Penal;

VI – zelar pelo correto cumprimento da pena e da medida de segurança;


VII – inspecionar, mensalmente, os estabelecimentos penais, tomando
providências para o adequado funcionamento e promovendo, quando for o caso, a apuração de
responsabilidade;
VIII – interditar, no todo ou em parte, estabelecimento penal que estiver
funcionando em condições inadequadas ou com infringência aos dispositivos da Lei de Execução
Penal;
IX – instalar o Conselho da Comunidade;
X – emitir anualmente atestado de pena a cumprir;
XI – executar as multas criminais;
XII – executar o acordo de não persecução penal, inclusive decidir sobre a
respectiva extinção da punibilidade pelo integral cumprimento do acordo com posterior
comunicação ao juízo de conhecimento competente;
XIII – processar e julgar os habeas corpus e mandados de segurança contra atos
das autoridades administrativas incumbidas da execução das penas privativas de liberdade e
medidas de segurança detentivas, de sua competência, ressalvada a competência prevista em
texto constitucional;
XIV – cumprir cartas precatórias da sua competência.
Seção IX

Da Justiça Militar

Art. 66. A Justiça Militar do Estado de Goiás em primeira instância, com jurisdição
em todo o Estado e com sede na Capital, é composta por um Juiz de Direito de entrância final e
pelo Conselho de Justiça Militar.

Art. 67. Em segunda instância, as funções afetas à Justiça Militar serão exercidas
pelo Tribunal de Justiça.

Art. 68. Na composição do Conselho de Justiça Militar, observar-se-á, no que


couber, o disposto na legislação da Justiça Militar do Estado e da União.

Art. 69. Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares do


Estado de Goiás, nos crimes militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos
disciplinares militares, ressalvada a competência do júri quando a vítima for civil, cabendo ao
Tribunal de Justiça decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das
praças.

Parágrafo único. Compete aos Juízes de Direito do Juízo Militar processar e julgar,
singularmente, os crimes militares cometidos contra civis e as ações judiciais contra atos
disciplinares militares, cabendo ao Conselho de Justiça, sob a presidência do Juiz de Direito,
processar e julgar os demais crimes militares.

TÍTULO IV
DOS JUIZADOS ESPECIAIS, TURMAS RECURSAIS E TURMA DE UNIFORMIZAÇÃO

CAPÍTULO I
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 70. O Sistema dos Juizados Especiais é formado pelos Juizados Especiais
Cíveis, Juizados Especiais Criminais, Juizados Especiais da Fazenda Pública, pelas Turmas
Recursais e pela Turma de Uniformização.

Art. 71. Para fins de aprimoramento, gestão, padronização e unificação do


sistema, fica instituída a Coordenação-Geral do Sistema de Juizados Especiais, atuando como
Coordenador um Desembargador indicado pelo Presidente do Tribunal de Justiça.
CAPÍTULO II

JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS, CRIMINAIS E DA FAZENDA PÚBLICA

Art. 72. Os Juizados Especiais Cíveis e Criminais são órgãos jurisdicionais


competentes para conciliar, processar, julgar e executar, respectivamente, as causas cíveis de
menor complexidade e as infrações de menor potencial ofensivo, nos termos da Lei federal nº
9.099/1995.
Parágrafo único. Os Juizados Especiais da Fazenda Pública são órgãos jurisdicionais
que têm competência para conciliar, processar, julgar e executar as causas cíveis de interesse do
Estado de Goiás e dos Municípios até o valor de até 60 (sessenta) salários-mínimos, nos termos
da Lei federal nº 12.153/2009.

CAPÍTULO III

DAS TURMAS RECURSAIS

Art. 73. O Poder Judiciário do Estado de Goiás contará, no mínimo, com 4 (quatro)
Turmas Recursais de Juizados Especiais, com sede na Capital e com competência para julgar:

I – recursos em face das decisões judiciais proferidas pelos Juizados Especiais


Cíveis, Criminais e das Fazendas Públicas do Estado de Goiás;
II – mandados de segurança, habeas corpus e outros meios autônomos de
impugnação das decisões proferidas pelos juizados referidos no inciso anterior, ressalvada a
competência de outros órgãos jurisdicionais;

III – conflitos de competências entre juízes integrantes do Sistema dos Juizados


Especiais do Estado de Goiás;
IV – a arguição de impedimento e de suspeição de juízes e de representantes do
Ministério Público que atuem nas Turmas Recursais, sendo, neste último caso, julgada por Turma
diversa, nos termos do Regimento Interno respectivo;
V – mandado de segurança contra atos da própria Turma Recursal, sendo julgada
por Turma diversa, nos termos do Regimento Interno respectivo;
VI – de quaisquer outras ações ou recursos a que a lei lhes atribuir competência.
Parágrafo único. As Turmas Recursais vinculam-se administrativamente à Diretoria
do Foro da Comarca de Goiânia.

CAPÍTULO IV
DA TURMA DE UNIFORMIZAÇÃO

Art. 74. A Turma de Uniformização compõe-se dos membros das Turmas Recursais
e será presidida pelo Desembargador Coordenador do Sistema dos Juizados Especiais.

Art. 75. Compete à Turma de Uniformização processar e julgar:

I – pedido de uniformização de interpretação de lei;


II – incidente de Resolução de Demandas Repetitivas e de assunção de
competência, provenientes dos Juizados Especiais;

III – conflito de competência entre relatores da mesma Turma Recursal e entre


Turmas Recursais distintas;
IV – os embargos de declaração opostos contra os seus acórdãos;
V – o agravo interno da decisão do relator;
VI – revisão criminal;
VII – de quaisquer outras questões a que a lei lhes atribuir competência.

TÍTULO V

DA JUSTIÇA DE PAZ

Art. 76. A Justiça de Paz é composta de cidadãos escolhidos na forma da lei, tendo
competência para celebrar casamentos, verificar, de ofício ou em face de impugnação
apresentada, o processo de habilitação e exercer atribuições conciliatórias, sem caráter
jurisdicional, além de outras previstas na legislação.

TÍTULO VI
DOS TRIBUNAIS DO JÚRI

Art. 77. Compete ao juízo do Tribunal do Júri processar e julgar as ações penais
envolvendo os crimes dolosos contra a vida.

Art. 78. A preparação dos processos, a organização da lista de jurados, sorteio,


convocação, composição do Conselho de Sentença e todos os atos processuais pertinentes à
instrução em plenário observar-se-ão a legislação processual federal.

LIVRO III
DOS SERVIÇOS AUXILIARES DA JUSTIÇA

Art. 79. Os serviços notariais e de registros públicos serão exercidos, em todo o


Estado, por delegação do Poder Público, nos termos da lei, das normas emanadas do Conselho
Nacional de Justiça, do Tribunal de Justiça e da Corregedoria-Geral da Justiça.
Parágrafo único. A delegação é concedida pelo Tribunal de Justiça, mediante ato
do Presidente, observada a ordem de classificação no concurso público, após a escolha das
Serventias pelos candidatos aprovados.

Art. 80. Nas hipóteses de vacância ou extinção de delegação a notário ou


registrador, até que ocorra o preenchimento da vaga por concurso público, a designação de
responsável pela serventia vaga, observará as normas estabelecidas pelo Conselho Nacional de
Justiça e pela Corregedoria-Geral da Justiça do Estado de Goiás.
Parágrafo único. Declarada a vacância do serviço extrajudicial, a Corregedoria-
Geral da Justiça nomeará o respondente até o posterior provimento por delegatário aprovado
em concurso público de provas e títulos.

Art. 81. O concurso de provas e títulos para ingresso e remoção no serviço de


notas e de registros será realizado em observância da legislação vigente e normatização
expedida pelo Conselho Nacional de Justiça e pelo Tribunal de Justiça.

Art. 82. O concurso será realizado para provimento e remoção das Serventias
Extrajudiciais que se encontrarem vagas no momento da publicação do Edital.

Art. 83. O procedimento administrativo no qual é apurada denúncia e


irregularidade praticada por Notário ou Registrador será presidido pelo magistrado Diretor do
Foro a que estiver subordinado, podendo a Corregedoria-Geral da Justiça, excepcionalmente e
mediante fundamentação, avocá-lo.
Parágrafo único. Concluído o processo administrativo, se o magistrado Diretor do
Foro ou o Corregedor-Geral da Justiça entender cabível a pena de perda da delegação, remeterá
o processo ao Conselho Superior da Magistratura, para julgamento.

Art. 84. A estrutura do foro extrajudicial do Estado de Goiás é regulamentada na


legislação estadual respectiva.

LIVRO IV
DOS SERVIDORES DA JUSTIÇA
Art. 85. Os direitos, deveres e vantagens dos servidores de carreira do Poder
Judiciário do Estado de Goiás serão disciplinados em Estatuto próprio e em leis específicas.

Art. 86. Os cargos em comissão e funções por encargo de confiança previstos na


estrutura organizacional do Poder Judiciário do Estado de Goiás deverão destinar-se
exclusivamente às atribuições de direção, chefia e assessoramento.
Parágrafo único. Para os fins do disposto no caput, consideram-se:
I – direção: conjunto de atribuições que, desempenhadas nas posições
hierárquicas mais elevadas de órgão ou entidade, dizem respeito ao cumprimento de atividades
de dirigir, coordenar, controlar equipes, processos e projetos;
II – chefia: conjunto de atribuições que, desempenhadas na posição hierárquica
mais elevada de unidade integrante da estrutura básica ou complementar, dizem respeito ao
cumprimento de atividades de dirigir, coordenar, controlar equipes, processos e projetos;
III – assessoramento: conjunto de atribuições concernentes à aptidão para
auxiliar, em razão de determinado conhecimento ou qualificação, a execução de atividades
administrativas e jurídicas.

Art. 87. Para a criação de cargos efetivos, em comissão e funções por encargo de
confiança, o Tribunal de Justiça do Estado de Goiás deverá apresentar estudos técnicos
fundamentados e a previsão dos impactos orçamentários e financeiros das despesas a serem
criadas.
Parágrafo único. A proposta de lei de criação de cargos em comissão e funções
por encargo de confiança deverá pautar-se nos seguintes critérios objetivos:

I – proporcionalidade com o número de cargos efetivos;


II – descrição clara das atribuições do cargo ou função.

Art. 88. Os cargos em comissão e funções por encargo de confiança deverão ser
exercidos por servidores com formação de nível superior, compatível com as atribuições dos
respectivos cargos.

Art. 89. O percentual mínimo de cargos em comissão destinado a servidores


efetivos integrantes do quadro de pessoal do Poder Judiciário observará a legislação vigente.

LIVRO COMPLEMENTAR
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 90. Compete exclusivamente ao Tribunal de Justiça do Estado de Goiás a


iniciativa de lei que disponha sobre a organização judiciária estadual, a criação de comarcas e de
unidades judiciárias, sendo vedadas emendas que acarretem aumento de despesas e que não
tenham pertinência temática com a proposição legislativa originária.

Art. 91. Não haverá expediente nos órgãos do Poder Judiciário:

I – aos sábados, domingos, feriados nacionais, estaduais e municipais das


respectivas sedes das Comarcas;
II – nos dias declarados como ponto facultativo pelo Chefe do Poder Judiciário;
III – segunda e terça– feira de Carnaval e quarta– feira de cinzas, até o meio– dia;
IV – quarta, quinta e sexta– feira da Semana Santa;
V – no dia 26 de julho, consagrado à fundação da cidade de Goiás;
VI – no dia 24 de outubro, comemorativo ao lançamento da pedra fundamental
de Goiânia;
VII – no dia 28 de outubro, dia do servidor público;

VIII – no dia 08 de dezembro, dia da Justiça;


IX – no período compreendido entre 20 de dezembro e 06 de janeiro, inclusive.

Art. 92. As unidades plantonistas do Poder Judiciário do Estado de Goiás poderão


funcionar em regime de horário diferenciado do expediente forense normal, conforme
regulamentação própria.

Art. 93. No prazo de 180 (cento e oitenta) dias contados da sua publicação, o
Órgão Especial regulamentará as alterações decorrentes deste Código, que se fizerem
necessárias.

Art. 94. Fica revogada a Lei nº 9.129, de 22 de dezembro de 1981.

Art. 95. Este Código entra em vigor na data de sua publicação.

Goiânia, 5 de abril de 2022; 134º da República.

RONALDO CAIADO
Governador do Estado

Este texto não substitui o publicado no Suplemento do D.O de 05/04/2022


Nº Processo PROAD: 202202000320489

PODER JUDICIÁRIO
Tribunal de Justiça do Estado de Goiás
Gabinete da Presidência

PROVIMENTO CONJUNTO Nº 10.

Disciplina o uso da agenda eletrônica como


instrumento cooperação de natureza
administrativa, em substituição à Carta
Precatória, para a realização de depoimentos
pessoais, oitivas de testemunhas e vítimas
residentes fora da comarca e, quando for o
caso, interrogatórios de réus presos na forma
do art. 185 do Código de Processo Penal por
sistema de videoconferência, na Justiça de
Primeira Instância do Estado de Goiás.

O DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE


JUSTIÇA DO ESTADO DE GOIÁS e oCORREGEDOR-GERAL DA JUSTIÇA
DO ESTADO DE GOIÁS, no exercício de suas atribuições legais e regimentais,
tendo em vista o que restou decidido no PROAD nº 202202000320489,

CONSIDERANDO que a cooperação de natureza administrativa


tem por escopo tornar mais eficiente a administração da justiça e, como
consequência, buscar a eficiência da prestação da tutela jurisdicional;

CONSIDERANDO o princípio constitucional da eficiência na


administração pública (art. 37 da Constituição Federal), aplicável à administração
judiciária, e a importância do processo de desburocratização do serviço público
nacional, instituído pela Lei n.º 13.726/2018;

CONSIDERANDO que o inciso LXXVIII do art. 5º da Constituição


da República Federativa do Brasil de 1988 determina que a todos são
assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a
celeridade de sua tramitação, no âmbito judicial e administrativo;

Assinado digitalmente por: CARLOS ALBERTO FRANÇA, PRESIDENTE; e outros, em 24/03/2022 às 18:07.
Para validar este documento informe o código 508839789826 no endereço https://proad-v2.tjgo.jus.br/proad/publico/validacaoDocumento
Nº 0
Nº Processo PROAD: 202202000320489

CONSIDERANDO os arts. 6º e 8º da Lei Federal n.º 13.105, de


16 de março de 2015 – Código de Processo Civil –, que consagram os princípios
da cooperação e da eficiência no processo civil, bem como os arts. 67 a 69, que
preveem os mecanismos de cooperação entre órgãos do Poder Judiciário para a
realização de atividades administrativas e para o exercício das funções
jurisdicionais;

CONSIDERANDO que foram estabelecidas as diretrizes e


procedimentos sobre a cooperação judiciária nacional entre os órgãos do Poder
Judiciário e outras instituições e entidades pela Resolução CNJ nº 345, de 09 de
outubro de 2020;

CONSIDERANDO o disposto no caput do art. 4º da Resolução


CNJ nº 354/2020, que estabelece, como regra, que o ofendido, a testemunha e o
perito residentes fora da sede do juízo serão inquiridos e prestarão
esclarecimentos por videoconferência, na sede do foro de seu domicílio ou no
estabelecimento prisional ao qual estiverem recolhidos;

CONSIDERANDO que o § 2º do art. 4º da Resolução CNJ nº


354/2020 dispõe que: “Salvo impossibilidade técnica ou dificuldade de
comunicação, deve-se evitar a expedição de carta precatória inquiritória”;

CONSIDERANDO a publicação do Decreto Judiciário n°


837/2021 que institui, no âmbito do Poder Judiciário do Estado de Goiás, o Juízo
100% Digital, e que se encontra implantado em todas as unidades judiciárias
deste Tribunal;

RESOLVEM:

Art. 1º Os depoimentos pessoais, as oitivas de testemunhas, da


vítima e/ou ofendido e peritos residentes fora da Comarca e, quando for o caso,
os interrogatórios de réus presos na forma do art. 185 do Código de Processo
Penal, no âmbito do Estado de Goiás, relativos a processos de quaisquer
competências, que tramitam em meio eletrônico nas unidades judiciárias da
Justiça de Primeira Instância do Estado de Goiás, serão realizados por sistema
de videoconferência, de acordo com o disposto neste Provimento.

§ 1º Em 30 (trinta) dias, contados da publicação deste


Provimento, fica vedada a expedição de carta precatória, entre juízos do Estado
de Goiás, para inquirição de testemunhas, de oitiva de vítima e/ou ofendido, de
peritos ou de interrogatório de réus presos ou residentes em localidade distinta
do juízo processante, salvo situação excepcional devidamente fundamentada na

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necessidade resultante da natureza do ato, que não recomende a inquirição por


videoconferência, ou na impossibilidade técnica ou material de realização da
coleta virtual da prova oral.

§ 2º O juízo deprecado devolverá a carta precatória sem o seu


cumprimento, caso a solicitação de cooperação jurisdicional tenha sido enviada
por juízo do Estado de Goiás e sem a observância da necessidade de
fundamentação da imprescindibilidade de expedição do ato.

§ 3º As precatórias mencionadas no § 1º deste Provimento,


quando enviadas por juízo de outro Estado, deverão ser convertidas em
solicitação de utilização de sala passiva, com encaminhamento do respectivo
link, intimação da testemunha, perito, vítima ou réu, e disponibilização do espaço
para oitiva por videoconferência.

§ 4º O procedimento previsto no parágrafo anterior tramitará na


Diretoria do Foro, que poderá designar, por portaria, servidor para praticar os
atos necessários no sentido de assegurar os meios necessários à cooperação
administrativa.

Art. 2º Fica instituído, no âmbito as unidades judiciárias da


Justiça de Primeira Instância do Estado de Goiás, o uso da agenda eletrônica
como meio de cooperação de natureza administrativa para os agendamentos de
audiências e/ou sessões por videoconferência.

Art. 3º O ato processual a que se refere o art. 1º deste


Provimento será realizado por meio das plataformas digitais Cisco Webex, Zoom,
Hangouts, WhatsApp ou outra similar, a critério do magistrado.

Parágrafo único. Preferencialmente, a parte será intimada para


o ato por meio eletrônico, nos termos do Provimento Conjunto nº 9/2021, editado
pelo Tribunal de Justiça do Estado de Goiás.

Art. 4º Para a realização da videoconferência será utilizada sala


própria que será mantida nos fóruns das Comarcas do Estado de Goiás, dotada
de recursos e equipamentos necessários à sua realização, chamada “sala
passiva”.

§ 1º A Diretoria do Foro de cada comarca, de acordo com as


peculiaridades e limitações locais, implementará a preparação e o funcionamento
das salas passivas, preferencialmente no andar térreo do fórum, no prazo de 30
(trinta) dias contados da publicação deste Provimento, bem como estabelecerá a
quantidade e a escala de servidores para viabilizar a colheita do depoimento.

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§ 2º Enquanto não instalada a sala passiva a que se refere o


caput deste artigo, poderá ser aproveitada a estrutura já existente das salas de
audiência, salas de depoimento especial e plenário do tribunal do júri para a
oitiva por videoconferência.

Art. 5º Caberá à Diretoria do Foro de cada comarca o controle


de uso da sala passiva, com a manutenção de agenda eletrônica para marcação
de data e horário para realização da videoconferência pelo juízo solicitante de
outra Comarca do Estado de Goiás.

§ 1º Deverá ser designado um servidor para acompanhamento


presencial de toda a videoconferência na sede do juízo solicitado, que será
responsável por atender as determinações do juízo solicitante, pela operação do
sistema, pela identificação da pessoa a ser ouvida, velando pela garantia da
incomunicabilidade entre as testemunhas, quando for o caso, e pela regularidade
do ato, podendo haver auxílio por outros colaboradores do juízo solicitado.

§ 2º A designação do servidor a que se refere o § 1º deste artigo


será realizada pelo Juiz de Direito e Diretor do Foro, na hipótese de existência de
sala passiva no fórum, e pelo Juiz de Direito da unidade judiciária, caso seja
utilizada a sala de audiência ou o plenário do tribunal do júri da referida unidade.

Art. 6º Agendada a videoconferência, o juízo solicitante deverá:

I - instalar o aplicativo de plataforma digital no computador que


será utilizado para realização do ato processual, com a execução dos testes
necessários para viabilidade do ato;

II - intimar as partes, os advogados e os demais interessados da


realização do ato processual por videoconferência;

III - providenciar, na forma da lei processual, a intimação da


pessoa a ser ouvida, por meio idôneo de comunicação, para comparecimento no
Fórum da Comarca de sua residência;

IV - enviar aos participantes remotos e ao juízo solicitado o


link/convite para acesso ao ambiente virtual;

V - desmarcar a reserva da sala de videoconferência junto ao


sistema de agendamento eletrônico, no caso de frustração de intimação da
pessoa a ser ouvida, de redesignação ou de cancelamento da audiência, para
evitar prejuízos com a não utilização do espaço.

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Parágrafo único. A solicitação de utilização de sala passiva será


feita por meio da ferramenta eletrônica disponível, e conterá, no mínimo, os
dados constantes do Anexo deste provimento-conjunto.

Art. 7º Na data de realização do ato processual por


videoconferência, o juiz solicitante irá presidi-lo, com a colheita dos depoimentos
e oitivas, mediante gravação audiovisual.

§ 1º O servidor designado no juízo solicitado para


acompanhamento presencial da videoconferência na sala disponibilizada no
espaço forense, nos termos do § 1º do art. 5º, será responsável pelas seguintes
providências, além de outras eventualmente determinadas pelos juízos:

I - ajustar os equipamentos e realizar os testes necessários no


computador que será utilizado no juízo solicitado para realização dos
depoimentos por videoconferência;

II - acessar o link de convite da reunião da plataforma digital a


ser utilizada, encaminhado pelo juízo solicitante, para participação no ato
processual;

III - identificar-se ao juízo solicitante, com apresentação de


crachá funcional, para registro;

IV - identificar e qualificar a pessoa que será ouvida, com a


exibição do documento oficial de identificação original, com foto, para a câmera,
a fim de ser registrado na gravação e, a critério do juiz solicitante, providenciar a
digitalização do documento de identificação e o envio do arquivo;

V - identificar toda pessoa que estiver ou adentrar no recinto


durante o depoimento, como advogado eventualmente presente, com a exibição
do documento oficial de identificação original, com foto, para a câmera, a fim de
ser registrado na gravação, cabendo ao juiz solicitante deferir a permanência ou
não no ambiente;

VI - garantir, nas oitivas de múltiplas testemunhas, seja


observado o disposto no art. 456 do Código de Processo Civil;

VII - providenciar, caso solicitada pela pessoa ouvida, a


declaração de presença ao ato processual.

§ 2º O juiz solicitante, após a providência determinada no inciso


IV do § 1º deste artigo, seguirá com a colheita do depoimento diretamente,

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fazendo-se as orientações de praxe, asseguradas a publicidade dos atos


praticados, resguardado eventual segredo de justiça, e as prerrogativas
processuais de advogados, membros do Ministério Público, defensores públicos,
partes e testemunhas.

§ 3º É vedado o registro de imagens do depoente quando for


necessária a preservação da sua identidade, nos termos da Lei nº 9.807, de 13
de julho de 1999, cabendo ao juiz avaliar a conveniência do registro apenas de
áudio do depoimento.

§ 4º Ao fazer o encerramento do ato processual, o juiz solicitante


registrará a utilização da videoconferência e a realização da gravação
audiovisual, com indicação do processo judicial digital onde seu conteúdo será
armazenado.

Art. 8º As cartas de ordem serão distribuídas de acordo com as


regras de competência para a matéria, assim como os atos de cooperação
jurisdicional quando não for possível a prática do ato pelo juízo interessado.

Art. 9º O disposto neste provimento não obsta que o magistrado


opte pela inquirição por videoconferência sem a utilização da sala passiva, por
meio de equipamento da própria vítima ou testemunha, observadas as cautelas
alusivas ao ato probatório.

Art. 10 Este Provimento entrará em vigor na data de sua


publicação.

Goiânia, datado e assinado digitalmente.

Desembargador CARLOS ALBERTO FRANÇA


Presidente

Desembargador NICOMEDES BORGES


Corregedor-Geral da Justiça

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Nº Processo PROAD: 202202000320489

ANEXO

Campo Assunto: Processo 0000000.00.0000.0.00.0000 - Objeto da Solicitação –


Nome
Corpo do Texto
Solicitação de Sala Passiva para a Comarca de _:
Processo:_
Objeto: _
Identificação de quem será ouvido:_
Data e horário da Audiência: _
Link da Audiência:_

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PRESIDENTE
PRESIDENCIA
Nº Processo PROAD: 202105000275428

ESTADO DE GOIÁS
PODER JUDICIÁRIO
Resolução nº 181, de 9 de fevereiro de 2022 – Proad n° 202105000275428

RESOLUÇÃO Nº 181, DE 9 DE FEVEREIRO DE 2022

Altera a Resolução TJGO n° 156, de 23 de


junho de 2021.

O TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE GOIÁS, por seu


Órgão Especial, no uso de suas atribuições legais e regimentais,

CONSIDERANDO a criação do 1º Núcleo da Justiça 4.0


permanente, conforme a Resolução TJGO n° 178, de 10 de dezembro de 2021.

CONSIDERANDO a necessidade de ampliação da competência do


2º Núcleo de Justiça 4.0, a fim de atender a maior número de processos que envolvam
direito à saúde;

CONSIDERANDO o que restou decidido no PROAD


202105000275428,

RESOLVE:

Art. 1° Alterar a Resolução TJGO n° 156, de 23 de junho de 2021,


que passa a vigorar com as seguintes redações:
“Art. 1º ………………………………………………..
§ 1º O 1º Núcleo de Justiça 4.0 tem competência especializada para o
processamento e julgamento de execuções propostas pelo Estado de
Goiás em desfavor do mesmo devedor, considerando o CNPJ base da
pessoa jurídica, ou integrantes de grupo econômico, ainda que pendente
de reconhecimento por decisão judicial, cujo valor total, individual ou
conjuntamente, seja igual ou superior a R$ 15.000.000,00 (quinze milhões
de reais), ressalvados os casos em que o executado encontra-se em
falência ou recuperação judicial.
I - quaisquer incidentes e ações decorrentes das execuções previstas no
§ 1º também serão de competência do 1º Núcleo de Justiça 4.0;
II - as ações e incidentes que se enquadrem nas características descritas
no §1º deste artigo, propostas antes da instalação do 1º Núcleo de Justiça

Assinado digitalmente por: CARLOS ALBERTO FRANÇA, PRESIDENTE, em 09/02/2022 às 20:19.


Nº Processo PROAD: 202105000275428

ESTADO DE GOIÁS
PODER JUDICIÁRIO
Resolução nº 181, de 9 de fevereiro de 2022 – Proad n° 202105000275428

4.0, poderão ser a ele remetidas, independentemente da fase processual,


se houver manifestação de vontade de ambas as partes.
§ 2º O 2º Núcleo de Justiça 4.0 tem competência especializada para o
processamento e julgamento de ações que envolvam direito à saúde em
que figurem no polo passivo os municípios e os planos de saúde
privados, mesmo as tratadas na Lei 12.153, de 22 de dezembro de 2009
e na Lei 9.099, de 26 de setembro de 1995.” (NR)

Art. 2º Os feitos em tramitação e os arquivados no 1° Núcleo de


Justiça 4.0 (provisório) devem ser redistribuídos equitativamente aos Juízos do 1°
Núcleo da Justiça 4.0 permanente especializado em matéria de Juizado Especial de
Fazenda Pública.

Art. 3° Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

SALA DAS SESSÕES DO ÓRGÃO ESPECIAL DO TRIBUNAL DE


JUSTIÇA DO ESTADO DE GOIÁS, em Goiânia, aos 9 dias do mês fevereiro de do ano
de dois mil e vinte e dois.

Desembargador CARLOS ALBERTO FRANÇA


Presidente

Estiveram presentes à sessão os Excelentíssimos Senhores Desembargadores Beatriz Figueiredo Franco, Leobino Valente Chaves,
Gilberto Marques Filho, João Waldeck Feliz de Sousa, Nelma Branco Ferreira Perilo, Walter Carlos Lemes, Carlos Escher, Kisleu Dias
Maciel Filho, Zacarias Neves Coelho, Luiz Eduardo de Sousa, José Paganucci Jr., Gerson Santana Cintra, Carmecy Rosa Maria
Alves de Oliveira, Nicomedes Domingos Borges, Sandra Regina Teodoro Reis, Guilherme Gutemberg Isac Pinto, José Carlos de
Oliveira, Jairo Ferreira Júnior, Marcus da Costa Ferreira, Anderson Máximo de Holanda.

Assinado digitalmente por: CARLOS ALBERTO FRANÇA, PRESIDENTE, em 09/02/2022 às 20:19.


RESOLUÇÃO No 385 DE 6 DE ABRIL DE 2021.

Dispõe sobre a criação dos “Núcleos de


Justiça 4.0” e dá outras providências.

O PRESIDENTE DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA


(CNJ), no uso de suas atribuições legais e regimentais,

CONSIDERANDO que cabe ao Poder Judiciário implementar


mecanismos que concretizem o princípio constitucional de amplo acesso à Justiça (art.
5o, XXXV, da Constituição Federal);

CONSIDERANDO a publicação da Lei no 14.129/2021, dispondo sobre


o Governo Digital e o aumento da eficiência pública, especialmente por meio da
desburocratização, da inovação e da transformação digital, inclusive instituindo como
alguns de seus princípios, a modernização, o fortalecimento e a simplificação da relação
do poder público com a sociedade, mediante serviços digitais, acessíveis inclusive por
dispositivos móveis, bem como a possibilidade aos cidadãos, às pessoas jurídicas e aos
outros entes públicos de demandar e de acessar serviços públicos por meio digital, sem
necessidade de solicitação presencial;

CONSIDERANDO as diretrizes da Lei no 11.419/2006, que dispõe


sobre a informatização do processo judicial e dá outras providências;

CONSIDERANDO que o art. 18 da Lei no 11.419/2006 autoriza os


órgãos do Poder Judiciário a regulamentarem a informatização do processo judicial;

Assinado eletronicamente por: LUIZ FUX - 06/04/2021 18:06:29 Num. 4314479 - Pág. 1
https://www.cnj.jus.br:443/pjecnj/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21040618062929300000003902574
Número do documento: 21040618062929300000003902574
CONSIDERANDO que a tramitação de processos em meio eletrônico
promove o aumento da celeridade e da eficiência da prestação jurisdicional;

CONSIDERANDO a necessidade de racionalização da utilização de


recursos orçamentários pelos órgãos do Poder Judiciário;

CONSIDERANDO que o CNJ detém atribuição para regulamentar a


prática de atos processuais por meio eletrônico, nos termos do art. 196 do Código de
Processo Civil;

CONSIDERANDO a Resolução CNJ no 345/2020, que dispõe sobre o


“Juízo 100% Digital” e dá outras providências;

CONSIDERANDO a Resolução CNJ no 372/2021, que dispõe sobre o


“Balcão Digital” e dá outras providências;

CONSIDERANDO o deliberado pelo Plenário do CNJ no procedimento


Ato no 0001113-81.2021.2.00.0000, na 328ª Sessão Ordinária, realizada em 6 de abril
de 2021;

RESOLVE:

Art. 1o Os tribunais poderão instituir “Núcleos de Justiça 4.0”


especializados em razão de uma mesma matéria e com competência sobre toda a área
territorial situada dentro dos limites da jurisdição do tribunal.

§ 1o Os “Núcleos de Justiça 4.0” também poderão abranger apenas uma


ou mais regiões administrativas do tribunal.

§ 2o Ressalvadas as disposições em contrário previstas neste ato


normativo, nos “Núcleos de Justiça 4.0” tramitarão apenas processos em conformidade

Assinado eletronicamente por: LUIZ FUX - 06/04/2021 18:06:29 Num. 4314479 - Pág. 2
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Número do documento: 21040618062929300000003902574
com o “Juízo 100% Digital”, disciplinado na Resolução CNJ nº 345/2020, notadamente
o que previsto no seu art. 6º, no sentido de que o interesse do advogado de ser atendido
pelo magistrado será devidamente registrado, com dia e hora, por meio eletrônico
indicado pelo tribunal e de que a resposta sobre o atendimento deverá, ressalvadas as
situações de urgência, ocorrer no prazo de até 48 horas.

§ 3o Cada “Núcleo de Justiça 4.0” deverá contar com um juiz, que o


coordenará, e com, no mínimo, dois outros juízes.

Art. 2o A escolha do “Núcleo de Justiça 4.0” pela parte autora é


facultativa e deverá ser exercida no momento da distribuição da ação.

§ 1o O processo atribuído a um “Núcleo de Justiça 4.0” será distribuído


livremente entre os magistrados para ele designados.

§ 2o É irretratável a escolha da parte autora pela tramitação de seu


processo no “Núcleo de Justiça 4.0”.

§ 3o O demandado poderá se opor à tramitação do processo no “Núcleo


de Justiça 4.0” até a apresentação da primeira manifestação feita pelo advogado ou
defensor público.

§ 4o Havendo oposição da parte ré, o processo será remetido ao juízo


físico competente indicado pelo autor, submetendo-se o feito à nova distribuição.

§ 5o A oposição do demandado à tramitação do feito pelo “Núcleo de


Justiça 4.0” poderá ser feita na forma prevista no art. 340 do CPC.

§ 6o A não oposição do demandado, na forma dos parágrafos anteriores,


aperfeiçoará o negócio jurídico processual, nos termos do art. 190 do CPC/15, fixando a
competência no “Núcleo de Justiça 4.0”.

Assinado eletronicamente por: LUIZ FUX - 06/04/2021 18:06:29 Num. 4314479 - Pág. 3
https://www.cnj.jus.br:443/pjecnj/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21040618062929300000003902574
Número do documento: 21040618062929300000003902574
Art. 3o Ato do Tribunal definirá a estrutura de funcionamento dos
“Núcleos de Justiça 4.0”, de acordo com seu volume processual, bem como
providenciará a designação de servidores para atuarem na unidade, o que poderá ocorrer
cumulativamente às atividades desenvolvidas na sua lotação de origem ou com
exclusividade no núcleo, observado, neste caso, o disposto na Resolução CNJ nº
227/2016, do Conselho Nacional de Justiça.

Art. 4o A designação de magistrados para os “Núcleos de Justiça 4.0”


dependerá dos seguintes requisitos cumulativos:

I – publicação de edital pelo tribunal com a indicação dos “Núcleos de


Justiça 4.0” disponíveis, com prazo de inscrição mínimo de cinco dias, e

II – requerimento do magistrado interessado com indicação da ordem de


prioridade da designação específica pretendida.

§ 1o A designação do magistrado para atuar nos “Núcleos de Justiça 4.0”


obedecerá os critérios de antiguidade e merecimento dos inscritos.

§2º Terão prioridade para designação em “Núcleos de Justiça 4.0” os


magistrados que atendam cumulativamente aos requisitos insculpidos no art. 5º, incisos
I e II, da Resolução CNJ nº 227/2016, do Conselho Nacional de Justiça.

§3º A designação de magistrados para atuar em “Núcleos de Justiça 4.0”


poderá ser exclusiva ou cumulativa à atuação na unidade de lotação original.

§4º O exercício cumulativo poderá ser convertido em exclusivo quando,


a critério do tribunal, a distribuição média de processos ao Núcleo justificar.

§ 5o O magistrado designado de forma cumulativa poderá ser posto em


regime de trabalho remoto parcial, dimensionado de forma a não prejudicar a realização

Assinado eletronicamente por: LUIZ FUX - 06/04/2021 18:06:29 Num. 4314479 - Pág. 4
https://www.cnj.jus.br:443/pjecnj/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21040618062929300000003902574
Número do documento: 21040618062929300000003902574
de audiências, a prestação da jurisdição e nem a administração da unidade de lotação
original.

Art. 5o Ato do Tribunal poderá dispor sobre o prazo de designação de


magistrado para atuar no “Núcleo de Justiça 4.0”, observado o limite mínimo de 1 (um)
ano e máximo de 2 (dois) anos, permitindo-se reconduções desde que atendido o
disposto no art. 4º.

Parágrafo único. Na hipótese de o tribunal viabilizar a transformação de


unidades jurisdicionais físicas em unidades jurisdicionais virtuais no âmbito do Núcleo
de Justiça 4.0, poderá substituir o sistema de designação por tempo certo previsto
no caput pelo de lotação permanente.

Art. 6o Os tribunais deverão avaliar periodicamente, em prazo não


superior a 1 (um) ano, a quantidade de processos distribuídos para cada juiz do “Núcleo
de Justiça 4.0” e a de processos distribuídos para cada unidade jurisdicional física, bem
como o volume de trabalho dos servidores, a fim de aferir a necessidade de
transformação de unidades físicas em núcleos, readequação da sua estrutura de
funcionamento ou de alteração da abrangência de área de atuação.

§ 1o Os tribunais deverão adotar medidas para manter uma correlação


adequada entre o número de processos distribuídos para cada juiz do Núcleo de Justiça
4.0 e o número de processos distribuídos para cada juiz da mesma matéria e
competência em uma unidade jurisdicional física.

§ 2o Dentre as medidas possíveis para o cumprimento da regra prevista


no parágrafo anterior, o Tribunal poderá aumentar o número de magistrados designados
para o Núcleo de Justiça 4.0 ou providenciar a transformação de unidades jurisdicionais
físicas em núcleos.

Art. 7º O §1º do art. 9º da Resolução CNJ n. 184/2013 passa a vigorar


com a seguinte redação:

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Número do documento: 21040618062929300000003902574
“§ 1º Para os fins do caput, o tribunal pode transferir a jurisdição da
unidade judiciária ou Comarca para outra, ou convertê-la em Núcleo de Justiça 4.0, de
modo a propiciar aumento da movimentação processual para patamar superior”.

Art. 8o Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

Ministro LUIZ FUX

Assinado eletronicamente por: LUIZ FUX - 06/04/2021 18:06:29 Num. 4314479 - Pág. 6
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Poder Judiciário
Conselho Nacional de Justiça

RESOLUÇÃO No 341, DE 7 DE OUTUBRO DE 2020.

Determina aos tribunais brasileiros a


disponibilização de salas para
depoimentos em audiências por sistema
de videoconferência, a fim de evitar o
contágio pela Covid-19.

O PRESIDENTE DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA, no


uso de suas atribuições legais e regimentais;

CONSIDERANDO que cabe ao Conselho Nacional de Justiça a


fiscalização e a normatização do Poder Judiciário e dos atos praticados por seus órgãos
(artigo 103-B, § 4 o, I, da C
F);

CONSIDERANDO que a Organização Mundial da Saúde (OMS)


declarou, em 30 de janeiro de 2020, que o surto da doença causada pelo novo
Coronavírus (Covid-19) constitui Emergência de Saúde Pública de Importância
Internacional, posteriormente caracterizada como pandemia, em 11 de março de 2020;

CONSIDERANDO a Lei no 13.979/2020, que dispõe sobre medidas


para enfrentamento da situação de emergência em saúde pública de importância
internacional decorrente do novo Coronavírus, bem como a Declaração de Emergência
em Saúde Pública de Importância Nacional – ESPIN, veiculada pela Portaria GM/MS n o
188/2020;

CONSIDERANDO os princípios da celeridade e efetividade processual,


previstos no art. 5o, inciso LXXVIII, da Constituição da República Federativa do Brasil;
Poder Judiciário
Conselho Nacional de Justiça

CONSIDERANDO a natureza essencial da atividade jurisdicional e a


necessidade de se assegurarem condições para sua continuidade, compatibilizando-a
com a preservação da saúde de magistrados, agentes públicos, advogados e usuários em
geral;

CONSIDERANDO a necessidade de se uniformizar, nacionalmente, o


funcionamento do Poder Judiciário em face desse quadro excepcional e emergencial;

CONSIDERANDO a existência de recursos tecnológicos suficientes a


viabilizar a realização de atos processuais, reuniões, audiências e demais atividades por
meio eletrônico;

CONSIDERANDO que a Resolução CNJ no 314/2020 estabelece que


audiências por meio de videoconferência devem considerar as dificuldades de intimação
de partes e testemunhas, realizando-se esses atos somente quando for possível a
participação, vedada a atribuição de responsabilidade aos advogados e procuradores em
providenciarem o comparecimento de partes e testemunhas a qualquer localidade fora
de prédios oficiais do Poder Judiciário para participação em atos virtuais (art. 6o, § 3o).

CONSIDERANDO a decisão plenária tomada no julgamento do Ato


Normativo no 0008090-26.2020.2.00.0000, na 319ª Sessão Ordinária, realizada em 6 de
outubro de 2020;

RESOLVE:

Art. 1o Os tribunais deverão disponibilizar salas para a realização de atos


processuais, especialmente depoimentos de partes, testemunhas e outros colaboradores
da justiça por sistema de videoconferência em todos os fóruns, garantindo a adequação
Poder Judiciário
Conselho Nacional de Justiça

dos meios tecnológicos aptos a dar efetividade ao disposto no art. 7o do Código de


Processo Civil.
§ 1o Enquanto se fizerem necessárias medidas sanitárias para evitar o
contágio pela Covid-19, a unidade judiciária deverá zelar pela observância das
orientações dos órgãos de saúde, especialmente o distanciamento mínimo de 1,5m (um
metro e cinquenta centímetros) entre os presentes e a desinfecção de equipamentos após
a utilização.
§ 2o Deverão ser designados servidores para acompanhar a
videoconferência na sede da unidade judiciária, que serão responsáveis pela verificação
da regularidade do ato, pela identificação e garantia da incomunicabilidade entre as
testemunhas, quando for o caso, dentre outras medidas necessárias para realização
válida do ato.
§ 3o As salas para colheita da prova oral por meio de videoconferência
deverão, preferencialmente, estar localizadas nos andares térreos, de modo a facilitar a
acessibilidade e a evitar o fluxo de pessoas nos elevadores e demais andares dos fóruns.
Art. 2o A secretaria do juízo ou do tribunal deverá especificar nas
intimações o endereço físico e a localização da sala prevista no art. 1 o para aqueles que
forem prestar depoimentos.
Parágrafo único. Os magistrados, advogados, representantes do
Ministério Público e da Defensoria Pública, bem como as partes e demais participantes
da audiência que não forem prestar depoimentos, poderão participar da audiência por
meio do link disponibilizado para o ato por meio de videoconferência.
Art. 3o Os tribunais deverão observar as disposições previstas neste ato
normativo nas audiências que vierem a ser designadas, ressalvadas as situações
excepcionais que justifiquem a necessidade de dilação do prazo para adequação das
instalações físicas.
Parágrafo único. Os pedidos de dilação de prazo previstos no caput
deverão ser encaminhados de forma fundamentada a esse Conselho Nacional para
análise e deliberação em procedimento específico.
Poder Judiciário
Conselho Nacional de Justiça

Art. 4o Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

Ministro LUIZ FUX


RESOLUÇÃO No 372, DE 12 DE FEVEREIRO DE 2021.

Regulamenta a criação de plataforma de


videoconferência denominada “Balcão
Virtual.”

O PRESIDENTE DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA


(CNJ), no uso de suas atribuições legais e regimentais;

CONSIDERANDO que cabe ao Poder Judiciário implementar


mecanismos que concretizem o princípio constitucional de amplo acesso à Justiça (art.
5o, XXXV, da Constituição Federal);

CONSIDERANDO as diretrizes da Lei no 11.419/2006, que dispõe


sobre a informatização do processo judicial e dá outras providências;

CONSIDERANDO que o art. 18 da Lei no 11.419/2006 autoriza os


órgãos do Poder Judiciário a regulamentarem a informatização do processo judicial;

CONSIDERANDO que a tramitação de processos em meio eletrônico


promove o aumento da celeridade e da eficiência da prestação jurisdicional;

CONSIDERANDO que o CNJ detém atribuição para regulamentar a


prática de atos processuais por meio eletrônico, nos termos do que dispõe o art. 196 do
Código de Processo Civil;

Assinado eletronicamente por: LUIZ FUX - 17/02/2021 20:45:29 Num. 4256920 - Pág. 1
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CONSIDERANDO que os tribunais devem manter soluções de
videoconferência para atender ao disposto nas Resoluções CNJ no 341/2020 e no
354/2020;

CONSIDERANDO as atribuições do CNJ previstas no art. 103-B, § 4o,


da Constituição da República, especialmente no que concerne ao controle da atuação
administrativa e financeira e à coordenação do planejamento estratégico do Poder
Judiciário, inclusive na área de tecnologia da informação;

CONSIDERANDO as mudanças introduzidas nas relações e nos


processos de trabalho em virtude do fenômeno da transformação digital;

CONSIDERANDO que os artigos 4o e 6o da Resolução CNJ no 345/2020


preveem que os tribunais regulamentarão o atendimento eletrônico durante o horário
fixado para atendimento ao público pelos servidores e magistrados lotados no “Juízo
100% Digital”;

CONSIDERANDO os termos das Resoluções CNJ nos 313/2020,


314/2020, 318/2020 e 322/2020, que mantêm, preferencialmente, o atendimento virtual,
adotando-se o atendimento presencial apenas quando estritamente necessário;

CONSIDERANDO a necessidade de manutenção de um canal


permanente de comunicação entre os jurisdicionados e as secretarias e serventias
judiciais durante o horário de atendimento ao público;

CONSIDERANDO que a tecnologia permite simular em ambiente


virtual o atendimento presencial prestado nas unidades jurisdicionais;

Assinado eletronicamente por: LUIZ FUX - 17/02/2021 20:45:29 Num. 4256920 - Pág. 2
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Número do documento: 21021720452898800000003850337
CONSIDERANDO a exitosa experiência do Tribunal Regional do
Trabalho da 14ª Região;

CONSIDERANDO a necessidade de redução dos custos indiretos


decorrentes do ajuizamento da demanda (custos de transação), o que poderá se dar por
meio da diminuição do deslocamento físico das partes e dos advogados para as
dependências do fórum;

CONSIDERANDO o deliberado pelo Plenário do CNJ no procedimento


Ato no 0000092-70.2021.2.00.0000, na 324ª Sessão Ordinária, realizada em 9 de
fevereiro de 2021;

RESOLVE:

Art. 1o Os tribunais, à exceção do Supremo Tribunal Federal, deverão


disponibilizar, em seu sítio eletrônico, ferramenta de videoconferência que permita
imediato contato com o setor de atendimento de cada unidade judiciária, popularmente
denominado como balcão, durante o horário de atendimento ao público.
Parágrafo único. Essa plataforma de videoconferência será doravante
denominada “Balcão Virtual”.
Art. 2o O tribunal poderá utilizar qualquer ferramenta tecnológica que se
mostre adequada para o atendimento virtual, ainda que diversa da solução empregada
para a realização das audiências, sessões de julgamento ou, ainda, para a prática dos
demais atos judiciais.
§ 1o O tribunal poderá, em unidades judiciárias localizadas em regiões do
interior onde a deficiência de infraestrutura tecnológica for notória e inviabilizar o
atendimento por videoconferência, prever o uso de ferramenta de comunicação
assíncrona para o atendimento por meio do Balcão Virtual, hipótese em que a resposta
ao solicitante deverá ocorrer em prazo razoável.

Assinado eletronicamente por: LUIZ FUX - 17/02/2021 20:45:29 Num. 4256920 - Pág. 3
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Número do documento: 21021720452898800000003850337
§ 2o O CNJ, por meio do Departamento de Tecnologia da Informação e
Comunicação, poderá indicar, mediante requerimento dos tribunais interessados,
solução de uso público e gratuito disponível, bem como manual de instalação e de
utilização.
Art. 3o O Balcão Virtual deverá funcionar durante todo o horário de
atendimento ao público, de forma similar à do balcão de atendimento presencial.
Art. 4o O servidor designado para atuar no Balcão Virtual prestará o
primeiro atendimento aos advogados e às partes, podendo convocar outros servidores da
unidade ou realizar agendamento, pelos meios eletrônicos disponíveis, para
complementação do atendimento solicitado.
Parágrafo único. O Balcão Virtual não substitui o sistema de
peticionamento dos sistemas de processo eletrônico adotados pelos tribunais, sendo
vedado o seu uso para o protocolo de petições, assim como não é aplicável aos
gabinetes dos magistrados.
Art. 5o O link de acesso ao Balcão Virtual da unidade deverá ser
publicado no sítio eletrônico dos tribunais, preferencialmente junto aos telefones e
endereços eletrônicos de cada unidade judiciária, com a expressa menção de que o
atendimento por aquela via se dará apenas durante o horário de atendimento ao público
estipulado por cada tribunal.
Art. 6o Os Balcões Virtuais deverão ser regulamentados e instalados no
prazo de trinta dias a contar da entrada em vigor desta Resolução, com a devida
disponibilização dos links de acesso no sítio do tribunal e comunicação ao Conselho
Nacional de Justiça.
Art. 7o Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

Ministro LUIZ FUX

Assinado eletronicamente por: LUIZ FUX - 17/02/2021 20:45:29 Num. 4256920 - Pág. 4
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Número do documento: 21021720452898800000003850337
Nº Processo PROAD: 202012000252565

JUNTADA Nº 0

ESTADO DE GOIÁS
PODER JUDICIÁRIO
ÓRGÃO ESPECIAL
Resolução nº 143, de 10 de março de 2021 – Proad n° 202012000252565

RESOLUÇÃO Nº 143, DE 10 DE MARÇO DE 2021.

Regulamenta a criação de Postos Avançados


no âmbito do Poder Judiciário do Estado de
Goiás e a disponibilização de profissionais
multidisciplinares pelos municípios.

O TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE GOIÁS, por seu Órgão


Especial, no uso de suas atribuições legais,

CONSIDERANDO as premissas estabelecidas pelo Conselho Nacional


de Justiça na Resolução n. 194, de 26 de maio de 2014, no tocante à Política Nacional de
Atenção Prioritária ao Primeiro Grau de Jurisdição, que tem por objetivo desenvolver, em
caráter permanente, iniciativas voltadas ao aperfeiçoamento da qualidade, da celeridade, da
eficiência, da eficácia e da efetividade dos serviços judiciários da primeira instância;

CONSIDERANDO que o avanço tecnológico possibilita o acesso, a


qualquer tempo e lugar, a todos os sistemas informatizados, notadamente a partir da
implantação do processo judicial eletrônico;

CONSIDERANDO que a nova realidade vivenciada a partir da pandemia


do novo Coronavírus demonstrou que a atividade jurisdicional pode ser prestada à distância
com a mesma eficiência, qualidade e efetividade;

CONSIDERANDO que a promoção da justiça passa pela facilitação do


acesso aos órgãos do Poder Judiciário, tema esse a ser ampliado por meio do Comitê de
Acesso à Justiça, criado como uma das Políticas de Direitos Humanos deste Tribunal de
Justiça;

CONSIDERANDO a constante necessidade de aperfeiçoamento e


modernização do Poder Judiciário;

Assinado digitalmente por: CARLOS ALBERTO FRANÇA, PRESIDENTE, em 11/03/2021 às 19:10.


Para validar este documento informe o código 390695299375 no endereço https://proad-v2.tjgo.jus.br/proad/publico/validacaoDocumento
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ÓRGÃO ESPECIAL
Resolução nº 143, de 10 de março de 2021 – Proad n° 202012000252565
CONSIDERANDO a autonomia do Poder Judiciário em disciplinar matéria
que diz respeito exclusivamente à estrutura administrativa interna do Tribunal de Justiça do
Estado de Goiás;

RESOLVE:

Art. 1° Fica regulamentada a criação de Postos Avançados no âmbito do


Poder Judiciário do Estado de Goiás, cujo objetivo é ampliar e facilitar o acesso à justiça,
mediante a realização de atos processuais, por videoconferência, tais como audiências e
atendimentos eletrônicos ou presenciais.
§ 1º Os Postos Avançados consistem em unidades físicas,
descentralizadas, integrantes da Comarca sede, instalados em regime de parceria com os
municípios ou cartórios extrajudiciais.
§ 2º As unidades constituem-se em estruturas físicas e tecnológicas
compatíveis com o exercício pleno da atividade jurisdicional, disponibilizadas, em parceria, pelo
próprio município ou por cartórios extrajudiciais para a realização de atos processuais, devendo
conter dispositivo com câmera de vídeo, conectado à rede de internet e com plataforma de
videoconferência instalada, a ser operacionalizado por colaborador indicado pela Administração
Municipal ou Cartório Extrajudicial, com a anuência do juiz diretor do foro.
§ 3° A capacitação do colaborador referido no parágrafo anterior será
realizada pelo Tribunal de Justiça.
§ 4° O Tribunal de Justiça disponibilizará meios para realização de
estatísticas relativas a todos atos praticados nos Postos Avançados.
§ 5° Na hipótese de agregação ou desinstalação de Comarcas, os Postos
Avançados serão instalados preferencialmente no prédio onde funcionará o fórum.
§ 6° Caberá ao juiz diretor do foro publicar Portaria regulamentando os
trabalhos nos Postos Avançados.

Art. 2º A implementação dos Postos Avançados será instrumentalizada


por meio de Termo de Adesão pelo município interessado e o juiz diretor do foro da comarca.
§ 1º A implementação dos Postos Avançados não importará em ônus
financeiro ao Tribunal de Justiça.

Assinado digitalmente por: CARLOS ALBERTO FRANÇA, PRESIDENTE, em 11/03/2021 às 19:10.


Para validar este documento informe o código 390695299375 no endereço https://proad-v2.tjgo.jus.br/proad/publico/validacaoDocumento
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§ 2º No prazo de 5 (cinco) dias da assinatura do Termo de Adesão, o juiz
diretor do foro deverá oficiar a Presidência do Tribunal, com cópia do ato, comunicando a
instrumentalização da parceria.

Art. 3º Implementado o Posto Avançado, caberá à direção do foro


comunicar à(s) respectiva(s) unidade(s) judiciária(s) as informações relativas ao endereço dos
Postos Avançados e à pessoa indicada para operacionalização dos equipamentos.
§ 1º Incumbirá ao encarregado de escrivania da unidade judiciária
responsável pelo ato processual manter contato com o colaborador indicado, a fim de ajustar
data e horário dos atos, bem como o envio do link de acesso às salas virtuais.
§ 2º Caberá ao encarregado de escrivania da unidade judiciária
responsável pelo ato processual a indicação, nas comunicações, do horário, data e endereço
do Posto Avançado onde se realizará o ato.
§ 3º Enquanto não implementada a agenda eletrônica, eventual
coincidência entre datas e horários dos atos designados pelas unidades judiciárias deverá ser
dirimida entre os juízos, mediante ajuste, e, não sendo possível, caberá à direção do foro,
definir a prioridade da utilização do Posto Avançado pelas unidades, em sistema de rodízio.

Art. 4º Nos Postos Avançados poderão ocorrer sessões do Centro


Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania (Cejusc), de forma eletrônica ou presencial.

Art. 5° A Presidência do Tribunal designará um ou mais juízes gestores


para acompanhamento do projeto.

Art. 6º Fica facultada a participação do Ministério Público, da Defensoria


Pública e de outros órgãos no Termo de Adesão, a fim de viabilizar o atendimento, de forma
eletrônica ou presencial, nos Postos Avançados.

Art. 7º Os juízes zelarão para que os atos virtuais realizados, no âmbito


dos Postos Avançados, atendam às normas processuais vigentes.

Assinado digitalmente por: CARLOS ALBERTO FRANÇA, PRESIDENTE, em 11/03/2021 às 19:10.


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Art. 8° Os Postos Avançados serão considerados como ambiente seguro
para oitiva de partes, testemunhas e outros colaboradores da justiça, servindo inclusive para a
oitiva especializada de depoimento especial, prevista na Lei 13.431/17.

Art. 9º Poderão ser destinados recursos advindos de procedimentos


judiciais para implementação dos Postos Avançados, desde que instalados em prédios da
Administração Municipal, mediante decisão judicial, após ouvido o Ministério Público.
Parágrafo único. Os diretores de foro interessados poderão requerer
diretamente à Diretoria-Geral deste Tribunal de Justiça equipamentos de informática e demais
mobiliários usados, visando equipar o Posto Avançado em ambiente cedido pelo Poder
Municipal ou pelo Cartório Extrajudicial.

Art. 10. Fica autorizada a disponibilização, por parte dos municípios, de


Assistentes Sociais, Psicólogos, Pedagogo e outros profissionais necessários, sem prejuízo
das suas atividades, para a realização de perícias, estudos, depoimento especial, e outros atos
em processos que tratem de interesses de crianças e adolescentes, em especial na área da
infância e juventude, nos atos decorrentes do termo.
§ 1º Os profissionais mencionados no caput poderão ser capacitados
pela Divisão Interprofissional da Corregedoria-Geral da Justiça.
§ 2º Caberá ao juiz diretor do foro publicar portaria regulamentando os
trabalhos nos Postos Avançados.

Art. 11. Os Termos de Adesão seguirão os modelos constantes dos


Anexos deste Ato.

Art. 12. Casos omissos serão disciplinados pela diretoria do foro e


comunicados à Presidência do Tribunal.

Art. 13. Esta Resolução entra em vigor após 15 (quinze) dias da data de
sua publicação.

Assinado digitalmente por: CARLOS ALBERTO FRANÇA, PRESIDENTE, em 11/03/2021 às 19:10.


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ESTADO DE GOIÁS
PODER JUDICIÁRIO
ÓRGÃO ESPECIAL
Resolução nº 143, de 10 de março de 2021 – Proad n° 202012000252565

SALA DE SESSÕES DO ÓRGÃO ESPECIAL DO TRIBUNAL DE


JUSTIÇA DO ESTADO DE GOIÁS, em Goiânia, aos 10 dias do mês de março do ano de dois
mil e vinte e um.

Desembargador CARLOS ALBERTO FRANÇA


Presidente

Estiveram presentes à sessão os Excelentíssimos Senhores Desembargadores Beatriz Figueiredo


Franco, Leobino Valente Chaves, Gilberto Marques Filho, João Waldeck Felix de Sousa, Nelma Branco
Ferreira Perilo, Carlos Escher, Zacarias Neves Coelho, Luiz Eduardo de Sousa, José Paganucci Júnior,
Gerson Santana Cintra, Carmecy Rosa Maria Alves de Oliveira, Nicomedes Domingos Borges, Itamar de
Lima, Guilherme Gutemberg Isac Pinto, Jairo Ferreira Júnior, José Carlos de Oliveira, Marcus da Costa
Ferreira e Jeová Sardinha de Moraes (Subst. do Des. Kisleu Dias Maciel Filho).

Assinado digitalmente por: CARLOS ALBERTO FRANÇA, PRESIDENTE, em 11/03/2021 às 19:10.


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ESTADO DE GOIÁS
PODER JUDICIÁRIO
ÓRGÃO ESPECIAL
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ANEXO I - RESOLUÇÃO Nº 143, DE 10 DE MARÇO DE 2021

TERMO DE ADESÃO QUE ENTRE SI CELEBRAM O TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO


ESTADO DE GOIÁS, POR INTERMÉDIO DA CORREGEDORIA-GERAL DA
JUSTIÇA E DO JUIZ DIRETOR DO FORO DA COMARCA DE _______ E O
MUNICÍPIO DE ________, VISANDO À INSTALAÇÃO DE POSTO AVANÇADO
DO PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DE GOIÁS.

Pelo presente instrumento, o TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE GOIÁS, inscrito no CNPJ


sob o n° 02.050.330/0001-17, neste ato representado pelo JUIZ DIRETOR DO FORO DA COMARCA DE _______,
(Nome do Magistrado), inscrito no CPF sob o n° ______, com sede da comarca localizada na ______ e o
MUNICÍPIO DE ______, pessoa jurídica de direito público, inscrito no CNPJ sob o n°______, com sede na ______,
por seu titular, Prefeito ______, inscrito no CPF sob o n° ______, resolvem celebrar o presente termo de adesão,
mediante as cláusulas e condições a seguir:

CLÁUSULA PRIMEIRA – DO OBJETO

1.1. O presente instrumento tem por objeto a instalação de Posto Avançado do Poder Judiciário do
Estado de Goiás, no Município de ______, conforme previsto na Resolução nº 143/2021, do TJGO, para uso do
Poder Judiciário Estadual, com vistas à realização de atos processuais, por videoconferência, no âmbito do
respectivo município, tais como audiências e atendimento eletrônicos, inclusive relacionadas ao Centro Judiciário de
Solução de Conflitos e Cidadania (CEJUSC).

1.2.O Posto Avançado do Tribunal de Justiça funcionará no (local e endereço).

1.3. No local onde se encontra instalado o Posto Avançado do Tribunal de Justiça, é facultado o
funcionamento do Ministério Público, da Defensoria Pública e de outros órgãos, através de parceria a ser firmada
entre estes e o Juiz Diretor do Foro, que fará parte integrante do presente instrumento.

1.4.O Juiz Diretor do Foro comunicará ao Município parceiro a extensão do termo de adesão ao
Ministério Público, à Defensoria Pública e a outros órgãos.

CLÁUSULA SEGUNDA – DAS OBRIGAÇÕES

2.1. DO JUIZ DIRETOR DO FORO

Assinado digitalmente por: CARLOS ALBERTO FRANÇA, PRESIDENTE, em 11/03/2021 às 19:10.


Para validar este documento informe o código 390695299375 no endereço https://proad-v2.tjgo.jus.br/proad/publico/validacaoDocumento
Nº Processo PROAD: 202012000252565

ESTADO DE GOIÁS
PODER JUDICIÁRIO
ÓRGÃO ESPECIAL
Resolução nº 143, de 10 de março de 2021 – Proad n° 202012000252565
2.1.1. Instalar o Posto Avançado do Poder Judiciário, para fins de realização de atos processuais,
por videoconferência, no âmbito do município parceiro, tais como audiências e atendimento eletrônicos.

2.2. DO MUNICÍPIO

2.2.1. Disponibilizar estrutura física compatível com o exercício pleno da atividade jurisdicional,
para a realização de atos processuais, devidamente adaptada e mobiliada para recepcionar partes, testemunhas e
advogados, dotada de dispositivo eletrônico com câmera de vídeo, conectado à rede de internet e com plataforma
de videoconferência instalada.

2.2.2. Zelar pelo efetivo funcionamento e manutenção dos equipamentos eletrônicos, pela limpeza
e boa conservação do Posto Avançado do Tribunal de Justiça.

2.2.3. Indicar servidor ou estagiário da Administração Pública local, com anuência do Juiz Diretor
do Foro, para funcionar como colaborador, ficando responsável por manusear o equipamento eletrônico, para fins da
prática do ato processual, e permitir o acesso de partes, testemunhas e advogados ao local.

CLÁUSULA TERCEIRA – DAS DESPESAS

3.1. As despesas referentes à implantação e ao funcionamento do Posto Avançado do Tribunal de


Justiça serão suportadas pelo Município.

CLÁUSULA QUARTA – DA FISCALIZAÇÃO

4.1. O regular funcionamento do Posto Avançado do Tribunal de Justiça será fiscalizado pelo Juiz
Diretor do Foro da Comarca.

CLÁUSULA QUINTA – DA ALTERAÇÃO

5.1. O presente instrumento poderá ser alterado, havendo interesse das partes, através de Termos
Aditivos, respeitada a legislação aplicável.

CLÁUSULA SEXTA – DA EXECUÇÃO

6.1. O presente instrumento deverá ser executado fielmente pelas partes, de acordo com as
cláusulas pactuadas.

CLÁUSULA SÉTIMA – DA VIGÊNCIA

7.1. O prazo de vigência deste instrumento será indeterminada.

Assinado digitalmente por: CARLOS ALBERTO FRANÇA, PRESIDENTE, em 11/03/2021 às 19:10.


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Nº Processo PROAD: 202012000252565

ESTADO DE GOIÁS
PODER JUDICIÁRIO
ÓRGÃO ESPECIAL
Resolução nº 143, de 10 de março de 2021 – Proad n° 202012000252565
CLÁUSULA OITAVA– DA PUBLICAÇÃO

8.1. Compete ao Juiz Diretor do Foro, no prazo de 5 (cinco) dias da assinatura do termo de
adesão, oficiar a Presidência do Tribunal de Justiça, com cópia do ato, comunicando a instrumentalização da
parceria.

CLÁUSULA NONA– DA RESCISÃO

9.1. Constitui motivo para a rescisão unilateral da presente pareceria, independentemente do


instrumento de sua formalização, o inadimplemento injustificado de quaisquer das cláusulas pactuadas.

9.2. A rescisão consensual ocorrerá quando as partes resolverem pôr fim à relação de parceria,
devido à falta de interesse, através de decisão aceita por ambos, e sua materialização deverá ser formalizada por
meio de termo de rescisão.

CLÁUSULA DÉCIMA – DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

10.1. As reclamações, notificações e petições sobre o presente termo de parceira serão feitas por
escrito e remetidos aos endereços constantes do preâmbulo deste instrumento.

10.2. Os casos omissos e as dúvidas que se originarem durante a execução desta parceria serão
dirimidos pelas partes, mediante aditivos, caso seja necessário.

CLÁUSULA DÉCIMA PRIMEIRA – DO FORO

11.1. Fica eleito o Foro da Comarca de (localidade), para dirimir dúvidas ou litígios decorrentes da
interpretação ou execução deste instrumento.

E, para a firmeza e validade do que ficou pactuado, foi lavrado o presente instrumento, em 02
(duas) vias, de igual teor e forma, que lido e achado conforme, é assinado pelas partes e por 02 (duas)
testemunhas.

Cidade, ____/____/____.

JUIZ DIRETOR DO FORO

PREFEITO

Testemunhas:
1. _____________________________________________ CPF Nº.
2. _____________________________________________ CPF Nº.

Assinado digitalmente por: CARLOS ALBERTO FRANÇA, PRESIDENTE, em 11/03/2021 às 19:10.


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ESTADO DE GOIÁS
PODER JUDICIÁRIO
ÓRGÃO ESPECIAL
Resolução nº 143, de 10 de março de 2021 – Proad n° 202012000252565

ANEXO II - RESOLUÇÃO Nº 143, DE 10 DE MARÇO DE 2021

TERMO DE ADESÃO QUE ENTRE SI CELEBRAM O TRIBUNAL DE


JUSTIÇA DO ESTADO DE GOIÁS, POR INTERMÉDIO DA
CORREGEDORIA-GERAL DA JUSTIÇA E DO JUIZ DIRETOR DO FORO
DA COMARCA DE _______ E O CARTÓRIO EXTRAJUDICIAL DA
COMARCA DE ________, VISANDO À INSTALAÇÃO DE POSTO
AVANÇADO DO PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DE GOIÁS.

Pelo presente instrumento, o TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE GOIÁS, inscrito no CNPJ


sob o n° 02.050.330/0001-17, neste ato representado pelo JUIZ DIRETOR DO FORO DA COMARCA DE _______,
(Nome do Magistrado), inscrito no CPF sob o n° ______, com sede da comarca localizada na ______ e o
CARTÓRIO EXTRAJUDICIAL DA COMARCA DE ______, com sede na ______, por seu titular, ______(Nome do
Titular), inscrito no CPF sob o n° ______, resolvem celebrar o presente termo de adesão, mediante as cláusulas e
condições a seguir:

CLÁUSULA PRIMEIRA – DO OBJETO

1.1. O presente instrumento tem por objeto a instalação de Posto Avançado do Poder Judiciário do
Estado de Goiás, no Município de ______, conforme previsto na Resolução nº 143/2021, do TJGO, para uso do
Poder Judiciário Estadual, com vistas à realização de atos processuais, por videoconferência, no âmbito do
respectivo município, tais como audiências e atendimento eletrônicos, inclusive relacionadas ao Centro Judiciário de
Solução de Conflitos e Cidadania (CEJUSC).

1.2.O Posto Avançado do Tribunal de Justiça funcionará no (local e endereço).

1.3. No local onde se encontra instalado o Posto Avançado do Tribunal de Justiça, é facultado o
funcionamento do Ministério Público, da Defensoria Pública e de outros órgãos, através de parceria a ser firmada
entre estes e o Juiz Diretor do Foro, que fará parte integrante do presente instrumento.

1.4.O Juiz Diretor do Foro comunicará ao Cartório Extrajudicial parceiro a extensão do termo de
adesão ao Ministério Público, à Defensoria Pública e a outros órgãos.

CLÁUSULA SEGUNDA – DAS OBRIGAÇÕES

2.1. DO JUIZ DIRETOR DO FORO

2.1.1. Instalar o Posto Avançado do Poder Judiciário, para fins de realização de atos processuais,
por videoconferência, no âmbito do município parceiro, tais como audiências e atendimento eletrônicos.

Assinado digitalmente por: CARLOS ALBERTO FRANÇA, PRESIDENTE, em 11/03/2021 às 19:10.


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2.2. DO CARTÓRIO EXTRAJUDICIAL

2.2.1. Disponibilizar estrutura física compatível com o exercício pleno da atividade jurisdicional,
para a realização de atos processuais, devidamente adaptada e mobiliada para recepcionar partes, testemunhas e
advogados, dotada de dispositivo eletrônico com câmera de vídeo, conectado à rede de internet e com plataforma
de videoconferência instalada.

2.2.2. Zelar pelo efetivo funcionamento e manutenção dos equipamentos eletrônicos, pela limpeza
e boa conservação do Posto Avançado do Tribunal de Justiça.

2.2.3. Indicar servidor ou estagiário do Cartório Extrajudicial local, com anuência do Juiz Diretor do
Foro, para funcionar como colaborador, ficando responsável por manusear o equipamento eletrônico, para fins da
prática do ato processual, e permitir o acesso de partes, testemunhas e advogados ao local.

CLÁUSULA TERCEIRA – DAS DESPESAS

3.1. As despesas referentes à implantação e ao funcionamento do Posto Avançado do Tribunal de


Justiça serão suportadas pelo Cartório Extrajudicial.

CLÁUSULA QUARTA – DA FISCALIZAÇÃO

4.1. O regular funcionamento do Posto Avançado do Tribunal de Justiça será fiscalizado pelo Juiz
Diretor do Foro da Comarca.

CLÁUSULA QUINTA – DA ALTERAÇÃO

5.1. O presente instrumento poderá ser alterado, havendo interesse das partes, através de Termos
Aditivos, respeitada a legislação aplicável.

CLÁUSULA SEXTA – DA EXECUÇÃO

6.1. O presente instrumento deverá ser executado fielmente pelas partes, de acordo com as
cláusulas pactuadas.

CLÁUSULA SÉTIMA – DA VIGÊNCIA

7.1. O prazo de vigência deste instrumento será indeterminada.

CLÁUSULA OITAVA– DA PUBLICAÇÃO

Assinado digitalmente por: CARLOS ALBERTO FRANÇA, PRESIDENTE, em 11/03/2021 às 19:10.


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PODER JUDICIÁRIO
ÓRGÃO ESPECIAL
Resolução nº 143, de 10 de março de 2021 – Proad n° 202012000252565
8.1. Compete ao Juiz Diretor do Foro, no prazo de 5 (cinco) dias da assinatura do termo de
adesão, oficiar a Presidência do Tribunal de Justiça, com cópia do ato, comunicando a instrumentalização da
parceria.

CLÁUSULA NONA– DA RESCISÃO

9.1. Constitui motivo para a rescisão unilateral da presente pareceria, independentemente do


instrumento de sua formalização, o inadimplemento injustificado de quaisquer das cláusulas pactuadas.

9.2. A rescisão consensual ocorrerá quando as partes resolverem pôr fim à relação de parceria,
devido à falta de interesse, através de decisão aceita por ambos, e sua materialização deverá ser formalizada por
meio de termo de rescisão.

CLÁUSULA DÉCIMA – DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

10.1. As reclamações, notificações e petições sobre o presente termo de parceira serão feitas por
escrito e remetidos aos endereços constantes do preâmbulo deste instrumento.

10.2. Os casos omissos e as dúvidas que se originarem durante a execução desta parceria serão
dirimidos pelas partes, mediante aditivos, caso seja necessário.

CLÁUSULA DÉCIMA PRIMEIRA – DO FORO

11.1. Fica eleito o Foro da Comarca de (localidade), para dirimir dúvidas ou litígios decorrentes da
interpretação ou execução deste instrumento.

E, para a firmeza e validade do que ficou pactuado, foi lavrado o presente instrumento, em 02
(duas) vias, de igual teor e forma, que lido e achado conforme, é assinado pelas partes e por 02 (duas)
testemunhas.

Cidade, ____/____/____.

JUIZ DIRETOR DO FORO

TITULAR DO CARTÓRIO EXTRAJUDICIAL

Testemunhas:
1. _____________________________________________ CPF Nº.
2. _____________________________________________ CPF Nº.

Assinado digitalmente por: CARLOS ALBERTO FRANÇA, PRESIDENTE, em 11/03/2021 às 19:10.


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Resolução nº 143, de 10 de março de 2021 – Proad n° 202012000252565

ANEXO III - RESOLUÇÃO Nº 143, DE 10 DE MARÇO DE 2021

TERMO DE ADESÃO QUE ENTRE SI CELEBRAM O TRIBUNAL DE


JUSTIÇA DO ESTADO DE GOIÁS, POR INTERMÉDIO DA
CORREGEDORIA-GERAL DA JUSTIÇA E DO JUIZ DIRETOR DO FORO
DA COMARCA DE _______ E O MUNICÍPIO DE ________, VISANDO À
DISPONIBILIZAÇÃO DE ASSISTENTES SOCIAIS, PSICÓLOGOS,
PEDADOGO E OUTROS PROFISSIONAIS NECESSÁRIOS PARA
ATUAÇÃO EM PROCEDIMENTOS QUE TRATEM DE INTERESSES DE
CRIANÇAS E ADOLESCENTES.

Pelo presente instrumento, o TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE


GOIÁS, inscrito no CNPJ sob o n° 02.050.330/0001-17, neste ato representado pelo JUIZ DIRETOR DO FORO DA
COMARCA DE _______, (Nome do Magistrado), inscrito no CPF sob o n° ______, com sede da comarca localizada
na ______ e o MUNICÍPIO DE ______, pessoa jurídica de direito público, inscrito no CNPJ sob o n°______, com
sede na ______, por seu titular, Prefeito ______, inscrito no CPF sob o n° ______, resolvem celebrar o presente
termo de adesão, mediante as cláusulas e condições a seguir:

CLÁUSULA PRIMEIRA – DO OBJETO.

1.1. O presente instrumento tem por objeto a disponibilização de Assistentes Sociais, Psicólogos,
Pedagogo e outros profissionais necessários para a realização de perícias, estudos, depoimento especial, e outros
atos em processos que tratem de interesses de crianças e adolescentes, em especial na área da infância e
juventude, no âmbito do Posto Avançado do Poder Judiciário no Município de ______, conforme previsto na
Resolução nº 143/2021, do TJGO, com vistas à atuação em procedimentos que tratem de interesses de crianças e
adolescentes.

CLÁUSULA SEGUNDA – DAS OBRIGAÇÕES

2.1. DO JUIZ DIRETOR DO FORO

2.1.1. Solicitar ao Chefe do Poder Executivo Municipal autorização para que os profissionais
multidisciplinares que atuam junto ao Município possam ser capacitados pelo Tribunal de Justiça para realizarem
estudos de casos, relatórios e demais atos necessários nos processos que tratam de interesses de crianças e
adolescentes, em especial na área da infância e juventude.

2.1.2. Solicitar à Corregedoria-Geral da Justiça que promova a capacitação dos profissionais


multidisciplinares por meio da Divisão Interprofissional Forense.

Assinado digitalmente por: CARLOS ALBERTO FRANÇA, PRESIDENTE, em 11/03/2021 às 19:10.


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Resolução nº 143, de 10 de março de 2021 – Proad n° 202012000252565

2.2. DO MUNICÍPIO

2.2.1. Disponibilizar os profissionais necessários para a realização de perícias, estudos,


depoimento especial, e outros atos em processos que tratem de interesses de crianças e adolescentes, em especial
na área da infância e juventude, nos atos decorrentes do termo.

CLÁUSULA TERCEIRA – DAS DESPESAS

3.1. As despesas referentes à cessão dos psicólogos e assistentes serão suportadas pelo
Município.

CLÁUSULA QUARTA – DA FISCALIZAÇÃO

4.1. O regular funcionamento da cessão será fiscalizado pelo Juiz Diretor do Foro da Comarca.

CLÁUSULA QUINTA – DA ALTERAÇÃO

5.1. O presente instrumento poderá ser alterado, havendo interesse das partes, através de Termos
Aditivos, respeitada a legislação aplicável.

CLÁUSULA SEXTA – DA EXECUÇÃO

6.1. O presente instrumento deverá ser executado fielmente pelas partes, de acordo com as
cláusulas pactuadas.

CLÁUSULA SÉTIMA – DA VIGÊNCIA

7.1. O prazo de vigência deste instrumento será indeterminada.

CLÁUSULA OITAVA– DA PUBLICAÇÃO

8.1. Compete ao Juiz Diretor do Foro, no prazo de 5 (cinco) dias da assinatura do termo de
adesão, oficiar a Presidência do Tribunal de Justiça, com cópia do ato, comunicando a instrumentalização da
parceria.

CLÁUSULA NONA– DA RESCISÃO

9.1. Constitui motivo para a rescisão unilateral da presente pareceria, independentemente do


instrumento de sua formalização, o inadimplemento injustificado de quaisquer das cláusulas pactuadas.

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9.2. A rescisão consensual ocorrerá quando as partes resolverem pôr fim à relação de parceria,
devido à falta de interesse, através de decisão aceita por ambos, e sua materialização deverá ser formalizada por
meio de termo de rescisão.

CLÁUSULA DÉCIMA – DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

10.1. As reclamações, notificações e petições sobre o presente termo de parceira serão feitas por
escrito e remetidos aos endereços constantes do preâmbulo deste instrumento.

10.2. Os casos omissos e as dúvidas que se originarem durante a execução desta parceria serão
dirimidos pelas partes, mediante aditivos, caso seja necessário.

CLÁUSULA DÉCIMA PRIMEIRA – DO FORO

11.1. Fica eleito o Foro da Comarca de (localidade), para dirimir dúvidas ou litígios decorrentes da
interpretação ou execução deste instrumento.

E, para a firmeza e validade do que ficou pactuado, foi lavrado o presente instrumento, em 02
(duas) vias, de igual teor e forma, que lido e achado conforme, é assinado pelas partes e por 02 (duas)
testemunhas.

Cidade, ____/____/____.

JUIZ DIRETOR DO FORO

PREFEITO

Testemunhas:
1. _____________________________________________ CPF Nº.
2. _____________________________________________ CPF Nº.

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ASSINATURA(S) ELETRÔNICA(S)
Tribunal de Justiça do Estado de Goiás
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CARLOS ALBERTO FRANÇA


PRESIDENTE
PRESIDENCIA
Assinatura CONFIRMADA em 11/03/2021 às 19:10

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