ARCADISMO 2021 - Editado
ARCADISMO 2021 - Editado
ARCADISMO 2021 - Editado
O Século das Luzes propaga a ciência, o saber e o progresso e surge a crença de que o bem -
estar coletivo só pode advir da razão.
Os criadores do Iluminismo (ou Ilustração) já não aceitam o "direito divino dos reis",
tampouco a fé cega nos mandatários da Igreja. Qualquer poder ou privilégio precisa ser
submetido a uma análise racional. E agora é a razão (e não mais a crença religiosa) que
aparece como sinônimo de verdade.
Por oposição ao século anterior, procura-se, no século XVIII, simplificar a arte. E esta
simplificação se dará na pintura, na música, na literatura e na arquitetura pelo domínio da
razão, pela imitação dos clássicos, pela aproximação com a natureza e pela valorização das
atividades galantes dos freqüentadores dos salões da nobreza européia.
Objetivo
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são as paisagens do campo e paisagens bucólicas, o que contrastava bastante com o cenário
da época, que era justamente de avanço da indústria.
Na poesia árcade, as situações são artificiais, não é o próprio poeta que fala de si e de
seus reais sentimentos. Nos poemas, quase sempre um pastor confessa o seu amor a uma
pastora e a convida para aproveitarem a vida junto à natureza. Tem-se, porém, a impressão de
que se trata sempre de um mesmo homem, de uma mesma mulher e de um mesmo tipo de
amor. Não há variações emocionais de um poema para o outro nem de poeta para poeta. Isso
ocorre devido ao convencionalismo amoroso, que impede a livre expressão dos sentimentos.
Ou seja, o que mais importava ao poeta árcade era seguir a convenção, fazer poemas de amor
como os poetas clássicos e não expressar os sentimentos. O distanciamento amoroso entre os
amantes que se verificava na poesia clássica se mantém, e a mulher continua sendo vista
como um ser superior, inalcançável e imaterial.
O Arcadismo combate:
• A literatura que surge para combater a arte barroca e sua mentalidade religiosa e
contraditória é o Neoclassicismo, que objetiva restaurar o equilíbrio por meio da
razão.
• A Arcádia era dominada pelo deus Pan e habitada por pastores que, vivendo de
modo simples e espontâneo, se divertiam cantando, fazendo disputas poéticas e
celebrando o amor e o prazer.
Os italianos, procurando imitar a lenda grega, criaram a Arcádia em 1690 - uma academia
literária que reunia os escritores com a finalidade de combater o Barroco e difundir os ideais
neoclássicos.
• Para serem coerentes com certos princípios, como simplicidade e igualdade, os cultos
literatos árcades usavam roupas e pseudônimos de pastores gregos e reuniam-se em
parques e jardins para gozar a vida natural.
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Esses ideais de vida simples e natural vêm ao encontro dos anseios de um novo público
consumidor em formação, a burguesia, que historicamente lutava pelo poder e denunciava a
vida luxuosa da nobreza nas cortes.
CARACTERÍSTICAS
• A linguagem árcade é a expressão das ideias e dos sentimentos do artista do século
XVIII. Seus temas e sua construção procuram adequar-se à nova realidade social
vivida pela classe que a produzia e a consumia: a burguesia.
• Influenciados pelo poeta latino Horácio, os árcades defendiam o bucolismo como ideal
de vida, isto é, uma vida simples e natural, junto ao campo, distante dos centros
urbanos. Tal princípio era reforçado pelo pensamento do filósofo francês Jean
Jacques Rousseau, segundo o qual a civilização corrompe os costumes do homem,
que nasce naturalmente bom.
• Outro traço presente advindo da poesia horaciana é a idealização de uma vida pobre e
feliz no campo, em oposição à vida luxuosa e triste na cidade . Ao contrário do Barroco,
que é urbano, há no Arcadismo um retorno à ordem natural. Como na literatura
clássica, a natureza adquire um sentido de simplicidade, harmonia e verdade. Cultua-
se o "homem natural", isto é, o homem que "imita" a natureza em sua ordenaç ão, em
sua serenidade, em seu equilíbrio, e condena-se toda ousadia, extravagância,
exacerbação das emoções.
Ideias iluministas:
Convencionalismo amoroso:
• Na poesia árcade, as situações são artificiais; não é o próprio poeta quem fala de si e
de seus reais sentimentos. No plano amoroso, por exemplo, quase sempre é um
pastor que confessa o seu amor por uma pastora e a convida para aproveitar a vida
junto à natureza. Porém, ao se lerem vários poemas, de poetas árcades diferentes,
tem-se a impressão de que se trata sempre de um mesmo homem, de uma mesma
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mulher e de um mesmo tipo de amor. Não há variações emocionais. Isso ocorre
devido ao convencionalismo amoroso, que impede a livre expressão dos
sentimentos, levando o poeta a racionalizá-los. Ou seja, o que mais importava ao
poeta árcade era seguir a convenção, fazer poemas de amor como faziam os
poetas clássicos, e não expressar os sentimentos. Além disso, mantém-se o
distanciamento amoroso entre os amantes, que já se verificava na poesia clássica. A
mulher é vista como um ser superior, inalcançável e imaterial.
Carpe diem:
Locus amoenus:
• A vida simples, bucólica, pastoril, busca do locus amoenus (lugar ameno) era só um
estado de espírito, uma vez que todos os poetas árcades moravam na cidade. São
comuns metamorfoses: transformações de seres humanos em entes naturais.
QUANT O À FORMA
VERSOS BRANCOS – Ao contrário do Barroco, o poeta árcade pode usar o verso branco (sem rima),
numa atitude que simboliza liberdade na criação. No Brasil, Basílio da Gama foi o mais ousado: compôs
o livro O Uraguai (poema épico) sem fazer uso da rima.
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• Manutenção do verso decassílabo (verso de dez sílabas), do soneto e de outras formas
clássicas.
No Brasil, Basílio da Gama foi o mais ousado: compôs o livro O Uraguai (poema épico) sem
fazer uso da rima
ARCADISMO NO BRASIL
A descoberta do ouro na região de Minas Gerais, em fins do século XVII, significa o início de
grandes mudanças na sociedade colonial brasileira. A corrida em busca do metal precioso
desloca para serras, até então desertas, uma multidão de aventureiros paulistas, baianos e, em
seguida, portugueses.
O ouro parece ser suficiente para todos. Enriquece os mineiros, os comerciantes, os tropeiros
e, acima de tudo, o reino português.
Parte considerável deste ouro vai parar na Inglaterra, financiando a Revolução Industrial, na
medida em que o domínio comercial dos ingleses sobre a economia portuguesa era absoluto.
Contudo, a partir da segunda metade do século XVIII, a produção aurífera começa a cair e as
minas dão sinais de esgotamento.
CONTEXTO CULTURAL
• A riqueza gerada pelo ouro amplia espetacularmente a vida urbana em Minas Gerais.
Não são apenas aventureiros à cata de pedras preciosas. As novas cidades estimulam
serviços e ofícios: uma multidão de carpinteiros, pedreiros, arquitetos, comerciantes,
ourives, tecelões, advogados e prostitutas encontram trabalho nestas ruas quase
sempre tortuosas e íngremes.
• Logo Vila Rica alcança trinta mil habitantes e Portugal apresta-se a montar uma
poderosa rede burocrática, capaz de controlar toda a vida social e impedir o
contrabando do ouro e a sonegação dos impostos. A necessidade de organização
administrativa e a obsessão portuguesa pela aparelhagem estatal levam à nomeação
de milhares de funcionários civis e militares.
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O PERÍODO DE POMBAL
Neste momento histórico, D. José assume o reino e nomeia como primeiro-ministro o Marquês
de Pombal, que permanecerá no poder de 1750 a 1777. Típico representante do despotismo
esclarecido, Pombal inicia uma série de reformas para salvar Portugal da decadência em que
mergulhara desde meados do século XVI. O violento terremoto que destrói Lisboa, em 1755,
amplia as necessidades financeiras do tesouro luso e os impostos são brutalmente
aumentados.
O reformismo de Pombal enfrenta resistências, e ele decide expulsar os jesuítas dos territórios
portugueses, no ano de 1758. Também a parcela da nobreza que se opunha a seus projetos é
aprisionada e silenciada. Um grande esforço industrial sacode a pasmaceira da Corte.
Monopólios comerciais privados e empreendimentos fabris comandam a tentativa de mudança
do modelo econômico. O ouro do Brasil funciona como lastro destas reformas.
Na medida em que crescia a influência dos jesuítas na ordem social da colônia, bem como seu
poder econômico nos aldeamentos, os jesuítas foram ficando cada vez mais autônomos em
relação ao Estado e à própria Igreja Católica.
Por esse motivo, a Coroa portuguesa passou a ver neles uma ameaça ao seu poderio. Os
conflitos foram crescendo em intensidade. Os jesuítas encontravam-se dessa forma isolados.
Assim, no ano de 1759, centenas de jesuítas foram expulsos do Brasil, pelo secretário de
estado português: o Marques de Pombal. O que acabou desestruturando por completo a ordem
dos jesuítas no Brasil, gerando grandes prejuízos para os aldeamentos indígenas, para a
educação e o ensino na colônia.
Fonte: https://www.enemvirtual.com.br/jesuitas/
A INCONFIDÊNCIA MINEIRA
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O crescente endividamento dos proprietários de minas com a Coroa aumenta o desconforto e a
repulsa pelo fisco insaciável. Na consciência de muitos ecoa o sucesso da Independência
Americana, de 1776. E também a força subversiva das idéias iluministas - expressas em livros
que circulam clandestinamente por Vila Rica e outras cidades. Tudo isso termina por estimular
membros das elites e alguns representantes populares ao levante de 1789.
A tomada de consciência política do "grupo mineiro" foi sem precedentes na história do Brasil.
Impulsionados pelo exemplo da independência norte-americana e da Revolução Francesa,
todos os elementos componentes do grupo participaram da Conjuração Mineira, que acabou
em 1789.
Manuel Inácio da Silva Alvarenga e outros intelectuais, foi desfeito de forma violenta, com a
prisão, desterro ou morte de alguns poetas, à época da repressão política em torno do episódio
da Inconfidência.
Apenas a traição de Joaquim Silvério impedirá que a Inconfidência Mineira chegue a bom
termo. Porém, o martírio de Tiradentes e a participação de poetas árcades (ainda que tênue e
por vezes equivocada), no esforço revolucionário, transformam a sedição no episódio de maior
grandeza do passado colonial brasileiro.
Nos saraus - muito comuns na época - pessoas ilustradas vão ouvir recitais de poemas e
pequenas peças musicais, emitirão opiniões, trocarão impressões e acabarão constituindo o
núcleo de um público regular e permanente, interessado em arte, sobretudo, na arte literária.
Pela primeira vez, no país, temos uma noção de escola artística, entendida como a articulação
de um grupo numeroso de letrados em torno de valores estéticos e ideológicos.
Não se trata mais de fugir da indiferença do meio e preservar uma mesquinha vida cultural. A
sociedade urbana começa a estimular e aplaudir os seus artistas: músicos, pintores, escultores,
arquitetos e poetas. É claro que estes últimos, por pertencerem ao grupo dominante, recebem
as maiores honrarias e distinções.
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Devemos assinalar também a existência de ótimas bibliotecas particulares na época. Possuir
livros (mesmo que os "subversivos") torna-se indicação de nobreza espiritual e de interesse
pelo destino da humanidade. No interessante estudo O diabo na livraria do cônego, Eduardo
Frieiro registra que os principais inconfidentes mantinham boa quantidade de volumes em suas
casas, embora o dono da maior biblioteca privada fosse o padre Luís Vieira da Silva.
Influenciado por idéias iluministas, este bom cônego guardava oitocentos livros em sua
residência, entre dicionários, textos sobre oratória, teoria estética, vida religiosa, etc., e, como
não podia deixar de ser, algumas "obras perniciosas", produzidas por adeptos do Século das
Luzes.
Sublinhe-se, por fim, que desde o início da colonização até meados do século XVIII, criadores e
receptores de obras literárias tinham surgido e desaparecido em ondas dispersas e
descontínuas. Explosões de talentos isolados, como Vieira ou Gregório de Matos, aglutinavam
em torno de si um número expressivo de ouvintes, possivelmente alguns imitadores, mas não
chegavam a estruturar um verdadeiro movimento artístico, com permanência, ressonância,
durabilidade. Eram manifestações soltas, fragmentárias, condenadas ao esquecimento das
gerações posteriores. Só a partir do Arcadismo se consolidaria o que Antonio Candido chama
de "sistema literário".
O SISTEMA LITERÁRIO
Entende-se por sistema literário um conjunto de fatores que garante à arte da escrita certa
regularidade, certa permanência e certa capacidade de ultrapassar o desaparecimento dos
artistas, gerando algo como uma tradição cultural.
a) autores;
b) obras: produzidas dentro de um mesmo código lingüístico e perspectivas mais ou menos
comuns;
c) público leitor permanente.
Este último constitui o componente essencial do referido sistema. Porque é óbvio que, sem
leitores permanentes, nenhuma literatura pode se desenvolver. Através deles se estabelece
uma rede de transmissão de idéias, gostos, debates, estímulos, rejeições, experiências e
valores estéticos. São eles que criam uma linha de continuidade entre o passado, o presente e
o futuro da vida literária de um país.
A Importância do Arcadismo.
Durante a vigência do Arcadismo, estabeleceu-se este sistema - embora tímido - e que não
mais seria destruído. A partir de então, de forma contínua, autores produziriam obras que
seriam consumidas por gerações de leitores. Ou seja, quando o crescimento urbano estrutura o
sistema literário, cria também as condições mínimas para o surgimento de uma literatura
autônoma.
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Claro que o Arcadismo não é o grito de autonomia da literatura brasileira, pois a dependência
econômica e política gera também a dependência cultural. Os autores árcades seguem
completamente os modelos poéticos em voga nos países imperiais. Neste aspecto, pouco
contribuíram para a efetivação de uma arte diferenciada das européias.
Devemos entender, contudo, que a criação de uma literatura não é trabalho de apenas uma
geração e sim de várias. E a construção de um incipiente sistema literário durante o Arcadismo,
representa o primeiro e decisivo passo no processo de fundação da literatura brasileira.
Com os olhos voltados para a terra natal, esses poetas árcades iniciaram o período de
transformação da literatura brasileira, que se vai efetivar, realmente, no século XIX, com os
românticos.
AUTORES E OBRAS
POESIA LÍRICA
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Pseudônimo - Glauceste Satúrnio
Depois de formado, mora um tempo em Lisboa, onde convive com as primeiras manifestações
árcades.
Em 1768, lança o livro Obras e funda a Arcádia Ultramarina, marcos iniciais do Arcadismo no
Brasil.
Após delatar seus colegas, é encontrado morto na cela, um caso de suicídio até hoje nebuloso.
Estilo:
O poeta admite a contradição que existe entre o ideal poético e a realidade de sua obra. Com
efeito, se os poemas estão cheios de pastores - comprovando o projeto de literatura árcade - o
seu gosto pela antítese e a preferência pelo soneto indicam a herança de uma tradição que
remonta ao Camões lírico e à poesia portuguesa do século XVII.
• A rapidez com que todos os sentimentos passam são os motivos principais de sua
expressão.
Contudo, para o homem barroco do século XVII, havia a perspectiva da divindade. Para o
poeta de transição, existe apenas o sofrimento.
Obras:
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O crítico Antônio Candido mostra que esta preferência por imagens e cenários onde
predominam a pedra, a rocha e os penhascos, indica a maior das contradições de Cláudio
Manuel da Costa.
Educado em Portugal, lá encontra a sua pátria intelectual, lá dialoga com a cultura do Ocidente,
lá forja suas concepções artísticas. No entanto, o seu inconsciente está preso a sua pátria
afetiva, a pátria das primeiras emoções, da infância e da adolescência. Sua memória gira em
torno deste mundo feito das rochas e das pedras de Minas Gerais. Por isso, a todo momento
elas afloram em seus poemas europeizados, como símbolos das raízes brasileiras, que ele não
quer (ou não consegue) eliminar.
Além do gênero lírico, Cláudio Manuel da Costa tenta a epopéia num poemeto chamado Vila
Rica, onde canta a fundação da cidade e procura mostrá-la já incorporada aos padrões
civilizatórios europeus. Apesar da influência visível de O Uraguai, de Basílio da Gama, o
resultado é de uma mediocridade irremediável.
Pseudônimo – Dirceu
Por algum tempo exerceu a profissão de advogado em terras portuguesas, mas em 1782 foi
nomeado Ouvidor de Vila Rica, capital de Minas Gerais.
Ocupou altos cargos jurídicos e em 1787 tratou casamento com Maria Joaquina Dorotéia de
Seixas, a futura Marília.
Ele tinha mais de quarenta anos e ela era pouco mais do que uma adolescente.
Ficou preso três anos numa prisão no Rio de Janeiro (23/05/1789) e depois foi condenado a
dez anos de degredo em Moçambique (1792).
Lá se casou com a filha de um rico traficante de escravos e voltou a ocupar postos importantes
na burocracia portuguesa.
Obras:
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Uma das obras líricas mais estimadas e lidas no país, Marília de Dirceu permite duas
abordagens igualmente válidas.
As vinte e três liras iniciais de Marília de Dirceu são autobiográficas dentro dos limites que as
regras árcades impõem à confissão pessoal, isto é, o EU não deve expor nada além do
permitido pelas convenções da época. Assim um pastor (que é o poeta) celebra, em tom
moderadamente apaixonado, as graças da pastora Marília, que conquistou o seu coração.
Na verdade, o pastor Dirceu é um pacato funcionário público que sonha com a tranqüilidade do
matrimônio, alheio a qualquer sobressalto, certo de que a domesticidade gratificará Marília. Por
isso, ele trata de ressaltar a estabilidade de sua situação econômica.
Há em Tomás Antônio, o gosto típico do século XVIII pela existência moderada e amena. Hoje,
chamaríamos esta perspectiva de pequeno-burguesa. Contudo, o ideal de equilíbrio,
compostura e honradez, em seu tempo, é progressista.
Ao imaginar o convívio entre ambos, ele esquece a condição pastoril e afirma orgulhosamente
sua verdadeira profissão, ao mesmo tempo que garante à futura esposa o privilégio de não
viver a realidade cotidiana brasileira do século XVIII: Desvios Sensuais
O PRÉ-ROMÂNTICO
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A tristeza da prisão domina a segunda e a terceira partes do poema. Há uma tendência maior à
confissão. Por outro lado, as convenções arcádicas diminuem e o equilíbrio neoclássico é
várias vezes rompido pelo tom de desabafo que percorre o texto.
Nem sempre a amargura confere vigor poético aos versos, que continuam controlados nas
imagens, nos ritmos e na pintura das emoções. Mas, aqui e ali, surgem flagrantes de grande
beleza lírica, centrados nos sentimentos de injustiça, de medo do futuro e de medo da morte e,
acima de tudo, na lembrança dolorosa de Marília. Estas passagens induziram alguns críticos a
considerá-las manifestações de pré-romantismo.
A Linguagem Singela.
Apesar de seus inúmeros defeitos, Marília de Dirceu possui um encanto que mantém cativo os
seus leitores:
• Usa também uma espécie de rima quebrada, combinado o segundo e o quarto versos,
enquanto os outros são brancos.
• Vale-se, por vezes, do refrão e foge de todo e qualquer ornamento retórico de origem
barroca.
CARTAS CHILENAS
Sob o pseudônimo de Critilo, Tomás Antônio Gonzaga ironiza nas Cartas chilenas a
prepotência e os desmandos do governador Luís da Cunha Meneses, apelidado no texto de
Fanfarrão Minésio.
Ainda há algumas dúvidas a respeito da autoria desta obra satírica, mas todos os indícios
apontam para o autor de Marília de Dirceu. O que já se tornou consenso é o caráter pessoal
dos ataques, não havendo nenhuma insinuação nativista ou desejo de sublevação
revolucionária nos mesmos.
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Vida: Nasceu em Vila Rica, filho de um músico mulato. Fez Humanidades no Rio e estudou em
Coimbra. Ardoroso defensor de Pombal, escreveu um poema heróico-cômico, O desertor, para
exaltar as reformas do primeiro-ministro.
Mudou-se de Vila Rica para o Rio de Janeiro, onde animou uma importante sociedade literária.
Suspeito de conspiração, foi detido, em 1794, permanecendo preso por três anos até receber o
indulto real. Dois anos após, publicou Glaura.
Obra:
• Glaura (1799)
Identificado com a filosofia da Ilustração, a exemplo de outros árcades, Manuel Inácio da Silva
Alvarenga, em Glaura, também cultiva uma lírica de inspiração galante.
Trata-se de um poema composto por rondós (composição poética com estribilho constante) e
madrigais (composição poética galante e musical),onde o poeta (Alcindo Palmireno) louva a
pastora Glaura, que a princípio parece se esquivar desse canto amoroso.
O sofrimento de Alcindo acabará sendo recompensado pela retribuição do afeto, porém Glaura
morrerá em seguida, deixando o pastor imerso em depressão.
POESIA ÉPICA
Vida: Basílio da Gama nasceu em Minas Gerais e, órfão, foi para o Rio de Janeiro estudar em
colégio de jesuítas.
Estava para professar na Companhia quando ela foi dissolvida por ordem de Pombal.
Abandonou-a e, após um tempo em Roma, foi para Portugal, a fim de freqüentar a
Universidade de Coimbra.
Este se tornaria seu protetor, especialmente depois da publicação de O Uraguai, em 1769, que
colocava o autor dentro dos padrões ideológicos do Iluminismo.
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Obra:
• O Uraguai.
O esforço neoclássico do século XVIII leva alguns autores a sonhar com a possibilidade de um
retorno ao sentido épico do mundo antigo. No entanto, numa era onde as concepções
burguesas, o racionalismo e a Ilustração triunfam, o heroísmo guerreiro ou aventureiro parecem
irremediavelmente fora de moda. A epopéia ressurge, é verdade, mas quase como farsa.
A ESTRUTURA DO POEMA
A pobreza temática impele Basílio da Gama a substituir o modelo camoniano de dez cantos por
um poema épico de apenas cinco cantos, constituídos por versos brancos, ou seja, versos sem
rimas.
O enredo situa-se todo em torno dos eventos expedicionários e de um caso de amor e morte
no reduto missioneiro:
• No terceiro canto, por motivos que o autor não aponta, Cacambo é preso e
envenenado pelo jesuíta Balda.
• No quarto canto, tudo se esclarece: Balda queria casar o índio Baldeta, seu protegido
e, provavelmente, seu filho, com Lindóia, esposa de Cacambo, mas ela prefere se
deixar picar por uma serpente e morre.
O curioso é que, fracassando como epopéia, o poema narrativo de Basílio da Gama tem
passagens de excelente força dramática e lírica. De longe a cena mais conhecida de O Uraguai
é a da morte da jovem Lindóia, que se suicida para fugir a um casamento indesejado. Quer
dizer, o momento supremo do texto é lírico e não épico:
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Além disso, a apologia das façanhas de Gomes Freire de Andrade e seus soldados, que
invadem e conquistam as reduções missioneiras para o cumprimento do tratado de Madri, de
1750, é a parte mais fraca do poema. Percebe-se aí a louvação implícita ao Marquês de
Pombal, responsável pela ação destruidora e símbolo da ordenação racional européia. (O livro,
aliás, é dedicado ao irmão do primeiro-ministro). Só que o efeito deste expansionismo do
Império é o apocalipse dos Sete Povos das Missões como já se vê nos versos iniciais do
primeiro canto.
A contradição que envolve Basílio da Gama por glorificar tanto o conquistador quanto o índio
missioneiro é equacionada pela crítica feroz a um terceiro elemento: o jesuíta. Já no poema, o
único jesuíta que aparece, padre Balda, é ambicioso e pérfido. Não satisfeito, o autor se vale
de notas explicativas em profusão, nas quais acusa os padres como responsáveis pelo conflito.
O INDIANISMO
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Vida: Nascido em Mariana, estudou no Colégio dos Jesuítas na Rio de Janeiro até os dez
anos, partindo depois para a Europa, onde se tornaria padre agostiniano.
Trabalhou em Roma como bibliotecário até a queda de seu grande inimigo, retornando então
ao país luso.
Ao Brasil não voltaria mais, e sua epopéia é uma forma de demonstrar que ainda tinha
lembranças de sua terra natal.
Obra:
• Caramuru (1781)
O poema épico Caramuru é publicado doze anos depois de O Uraguai, contudo não existe
uma continuidade entre ambos. Nem formal, nem ideológica. Ao contrário de Basílio da Gama,
admirador de Pombal, Santa Rita Durão lembra o período pombalino como uma época de
horrores. Assim, a visão anti-jesuítica de seu antecessor cede lugar a uma narrativa de
inspiração religiosa.
Também ao inverso de Basílio da Gama, que procurou inovar usando versos brancos e
dividindo o poema em apenas cinco cantos, o bom frei segue rigidamente o modelo camoniano
de Os Lusíadas.
Realiza seu poema em dez cantos, com estrofes de oito versos decassílabos e rimados.
Sua pretensão, tão maiúscula quanto a sua falta de criatividade, é compor uma obra-síntese
sobre a colonização do Brasil.
Como o tema era pobre em demasia, Santa Rita Durão enche os dez cantos do Caramuru com
"guerras, visões da história do Brasil dos séculos XVI a XVIII, viagens, festas na Corte, etc." O
resultado dessa mistura é uma obra prolixa, onde os episódios se atropelam sem unidade,
dissolvendo qualquer possibilidade de significado épico.
Mesmo não sendo padre, Diogo Álvares está interessado em conduzir o índio ao caminho do
cristianismo.
Este é o seu principal objetivo. Inexiste em Santa Rita Durão aquela fascinante ambigüidade
com que Basílio da Gama trata o relacionamento entre brancos e nativos.
Trata-se de uma epopéia anacrônica, escrita por alguém que, vivendo longe do Brasil desde a
infância, armazena toda a bibliografia existente a respeito de sua terra.
Ele quer conferir ao Caramuru uma atmosfera fidedigna e objetiva, o que infelizmente não
consegue.
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E mesmo que os seus índios sejam retratados de forma um pouco mais realista que os de
Basílio da Gama, há ainda na sua visão um pesado tributo aos preconceitos da época.
Mais fontes
http://www.portalsaofrancisco.com.br/literatura/genero-literario
http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/cadernos/caderno-
3/elementos-chave-do-movimento-da-estetica-arcade-1.1104973
http://conhecendoarcadismo.blogspot.com.br/2011/11/principais-
representantes.html
http://educacao.globo.com/literatura/assunto/movimentos-
literarios/arcadismo.html
http://www.soliteratura.com.br/arcadismo/
https://www.todamateria.com.br/arcadismo-no-brasil/
https://www.resumoescolar.com.br/literatura/arcadismo-contexto-
historico-e-caracteristicas/
http://educacao.globo.com/literatura/assunto/movimentos-
literarios/arcadismo.html
https://curcep.files.wordpress.com/2015/04/2-arcadismo-2015.pdf
https://www.resumoescolar.com.br/literatura/arcadismo-contexto-
historico-e-caracteristicas/
http://www.nilc.icmc.usp.br/nilc/literatura/arcadismo1.htm
http://www.acrobatadasletras.com.br/2014/08/arcadismo-resumo.html
http://linguaemmovimento.blogspot.com.br/2012/08/arcadismo.html
http://www.portalsaofrancisco.com.br/periodos-literarios/arcadismo
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