Gêneros Textuais & Ensino

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Angela Paiva Dionisio, Anna Rachel Machado e Maria Auxiliadora Bezerra

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sob quaisquer meios, sem autorizaçáo expressa dos editores.

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Angela Paiva Dionisio Leonor Lopes !ávero


Carlos Eduardo Falcão Uchôa Luiz Carlos Travaglia
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Sindicato Nacional dos Editorcs de Liwos, RI

M277c GêneÍos textuais e ensino / organizadoies Angela Paiva Dionisio, Anna Rachel Pa
5.ed Machado, Maria Auxiliadorâ BezeÍa. - 5.ed. - Rio de Jâneiro: LuceÍna, 2007. sul
232p. | 23cm

Inclui bibliografia 1.
ISBN 978-85-86930-18-8

1. LinSuagem e línguas - Estudo e ensino. 2. Análise do discurso. 3. PÍofessores )


de línguas - Formação. 4. Prática de ensino. I. Dionisio, Angela Paiva. II. Machado,
Anna Rachel. IIL BezeÍra, Maria Auxiliadora.

07 -3t32. CDD 407 3.


cDU 800.7

4.

Produção Gráfrccti Editora Lucerna


Cdpa: Rossana Heruiques 5.

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Su mário

. Bastos

Apresentação
Angela B. Kleiman

0s Autores 13

Rachel Parte I
oo7.
Suportes Teóricos e Práticas de Ensino

1J Gêneros textuais: definiçâo e funcionalidade 79


' Luiz Antônio MaÍcaschi

fessores
2rlnsino de língua portuguesa e contextos teórico-metodológicos 37
lchado,
Maria Auxiliadoru Bezera

)D 407 3. Gêneros discursivos e ensino de língua inglesa 47


,800.7 Abuêndia Padilha Pinto

4. Gêneros ioÍnalísticos no lebamento escolar inicial 58


Lusinête Vasconcelos de Souza

5. Elaboração de material didático para o ensino de francês 73


Eliane Gouvêa Lousad.a

à) O chat eútcaAoÍral: o professo! diânte desse gênero emergente 87


' LíLia Santos Abreu-Tardelli

7. O gênero quarta-capa no ensino de inglês 95


Vera Lúcia Lopes Cistóvão

8)As letras e a leüa: o gênero canção na mídia litelária to7


Nelson Banos da Costa
A
Parte ll
Gêneros textuais na midia escrita e ensino

1. Verbetes: um gênero além do dicionário 725


Angela Paíva Dionisio

2. Revisitando o conceito de resumos 138


Awu Rachel Machailo

3. "Frase": caracterização do gênero e aplicação pedagógica 151


Cleide Emília Faye Pefuosa

- 4. O funcionamento dialógico em notícias e artigos de opinião t66


'- Dóris de Amila Cameíro ila Cunha
5. EntÍevista: uma conversa controlada 180
orE
ludith C h ambli s s Hoffnagel
sig
'6. Um gênero quadro a quadro: a históÍia em quadrinhos 194 dar
MáÍcía Rodrt{ues ile Souza Mendonça e,
ex
i 7. Por que caÍtas do leitor na sala de aula? zffi ob
Marta Auxiliadora Bezena
qu
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Bibliografia 217 co:
Páginas da Web citadas 228 res
Revistas consultadas 228 na
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Um gener0 q uad ro aq uad ro:
a história em quad rinh OS

Márcia Rodrigues de Souza Mendonça

A alegada "cdse de leitura" entre iovens e crianças já vem sendo questio-


nada há algum tempo. AfiÍmações do tipo "O jovem não lê" não encontram
respaldo empírico, quando se trata de determinados obietos de leitura. E fato
incontestável que iovens leitores (e nem tão iovens assim) deleitam-se com
as tramas narativas de personagens dive$os, heróis ou anti-heróis, montadas
através do recurso da quadrinização. Entrevistas realizadas com alunos do
Ensino Fundamental de escolas públicas e privadas demonstram que sua prefe-
rência em termos de matedais de leitura recai sobre as histórias em quadrinhos
(HQs). Pode-se até dizer que esse gênero não rivaliza com as tÍadicionais narra-
tivas literádas entre esse público leitor; na maioria das vezes, as HQs ganham
de longe a preferência de cdanças e adolescentes.
Neste capítulo, propomo-nos a caracterizar, pÍeliminarmente, o gênero
Hq comentar sua inseÍção na mídia escrita e sugedr algumas atividades pe-
dagógicas com o flco mateÍial oferecido pelos quadrinhos, Bênero tão popu-
lar entre o público infanto-juvenil e até mesmo o adulto.

1. Ouando tudo começou?


Numa posição mais radical, há quem diga que as HQs - a chamada "arte
seqüencial" (Eisner, 1999) - tiveÍam início nas pinturas rupestres. De fato, a
uülização de desenhos para a comunicação é um Íecurso que atravessou milê-
nios, usado por ciülizações diversas, associado ou não à linguagem verbal.
Ianonne e Ianonne (1994) admitem que, embora se possa encontrar rudi-
mentos das HQs na arte pré-histórica, os precursores desse gênero, tal como
o conhecemos hoie,surgiram apenas na Europa, em meados do século XIX,
com as histórias de Busch e de Topffer. Os autoÍes salientam que, no fim do
século XIX, com o Menino Amarelo (Yellow Kid), desenhado poÍ Richard
Outcault e publicado semanalmente no jornal New York World, nascia o pri-
meiro herói dos quadrinhos. Esse personagem trouxe uma importante ino-
Um gênero quadro a quadro: a história em quadrinhos _ -----__l 1e5

vação paÍa a êpoca: o texto não ünha mais no rodapé do desenho, mas
sim, junto aos personagens (por exemplo, escdto na única amarela do
gaÍoto), o que lhes conferiu mais vitalidade. Logo depois, foram incorpora_
dos os balÕes, até hoie, o locas da linguagem verbal nas Hes.
No século XX, consolidaram-se os jornais, o veículo ideal para a expansão
do alcance das HQs e da sua diveÍsificação. Desde então, os quadrinhos têm-
se desenvolüdo bastante, passando a circular em publicaÇões exclusivamente
a eles dedicadas, os gibis, e também no meio ürtual, com temáticas e estilos
os mais diversos-

2. Narrando quadro a quadr0: o gênero He


A experiência dos leitores com gêneros divetsos pemite_lhes o reconheci-
mento e a distinção das formas de textualizâção utilizadas nos casos conhecidos.
EntÍetanto, a categorização teórica dos gêneros não é tarefa fá ctl, dstido à ,, üver_
sidade de oitnios que poilem ser legitimamentc utilimdos,, (Bronkcart, 1999:73).
VisualmeÍrte, as histórias em quadrinhos são facilmente identificáveis,
dada a peculiaridade dos quadros, dos desenhos e dos balões. Entretanto, as
HQs revelam-se um gênero tão complexo quanto os outÍos no que tange ao
seu funcionamento discursivo. poÍ isso, categoÍizá-las exige um grande
esforço
de sistematização, tendo em vista a multiplicidade de enfoques possíveis. por
essa razão, procuÍíüemos apenas caracterizar as Hes, sem a pretensão de
esta-
belecer uma üpologia.
Uma possível definição de He é apresentada por Ctun e (ZOOO:23-24)!en-
dinhos são utw narrativa gráfico-visual, impulsionada por sucessivos cortes, cor-
tes estes que agenciam imagens rabiscafuls, desenhailas e/ou pintadas.Tal
defrÍllçío
é oriunda de uma peÍspectiva semiótica e, portanto, deixa de salientar ques_
tões pertinentes ao modelo teórico dos gêneros textuais, perspectiva poÍ nós
adotada. PoÍ isso, apresentaremos primeiro algumas focalizações possíveis
na perspectiva dos gêneros, para eüdenciar a dificuldade de categorização
das HQs, e, em seguida, esboçaremos uma possível caracterizaçao, sempre
fazendo uso d€ múlüplos critérios.
Quanto ao tipo textual, as Hes são do tipo naÍrativo, dada a predomi_
nância dessa espécie de seqüência na maioiia dos casos. Entretanto, como
sâlienta Fix (apuil Mar schi, ZON:27), a heterogeneidade tipológica, pro_
pÍiedade de todos os gêneros, também constitui as Hes; estas podem apre-
sentar, além das seqüências narativas, seqüências característicâs de outros
tipos textuais, como a argumentativa e a iniuntiva. O exemplo a seguir
contém seqüências expositivas (1" e 2. quadrinhos) e seqüências naÍrativas
(3'quadrinho).
Márcia Rodrigues de Souza Mendonça

Exemplo 01. TIRA EM QUADRINHOS

Fonte: Jornal do CommeÍcio, 30/01/2002 (Redfe/PE)

para nanaÍ' os
Quanto aôs mecanismos e recursos tecnológicos usados
quaüinhos têÍn relação com o cinema e com os desenhos animados: en-
quanto, nos dois últimos, todos os quadÍos são apresentados em movimento
que
na tela, nas HQs, há uma s$Ção dos quadros a serem seqüenciados, o
modo pÍeen-
demanda um trabalho cogru--üvo maioÍ poÍ parte do leitor, de a

cher as Iacunas e reconstÍuir o fluxo narraüvo.


Na relação fala e escÍita, tomando o contínuo de gêneÍos textuais
pÍoposto
por Marcuschi (2000), as HQs realizam'se no meio escdto, mas buscam repro-
duzir a fala (geralmente a conversa informal) nos balÕes, com a presença
constante de interieiçÕes, Íeduções vocabulares, etc' Sua concepção é de base
traba-
escÍita, pois os châmados "guiões" - narraüvas verbais que oÍientam o
tho do desenhista - prece<Íêà a quadrinização, assemelhando'se aos roteiros
de cinema. Por essa razão, Eisner (op. cit) chega a pregar a supremacia da
níraüva verbal sobre o desenho na criação dos quadrinhos'
Uma possibilidade de agrupamento dos gênetos é a de domínio discursivo
discursiva, como o l)ls-
çMarcusihi, 2000), que indica hutâncias ile formação
cüÍso iornalístico, no qual talvez possamos enquadrar as HQs, numa aná-
lise que leve em conta apenas o meio de circulação do SêneÍo' Detelminadas
HQs, poÍém, podem set enquadradas no Discurso llterário, o
que demons'

tra a iomplexidade da categorização . As Staphic novels, cada vez mais respei'


tadas pelicrítica, são exemplos de liteÍatuÍa em quadrinhos' Em 2001, adap-
tol-si a graphic nov€l inglesa "Ftom Hell" ("Do Infemo) de autoria de Allan
pou-
MooÍe e Eddie Campbelt, paÍa o cinema, numa transposição de gêneros
co comum, Pois Patiu de uma HQ.
Na relação entre as semioses envolvidas - verbal e não'verbal - os
quadrinhos revelam-se um matedal dquíssimo, pois, na co-construção de
senüdo que caracteriza o processo de leitura (Koch e Travaglia, 1993; Kleiman'
1989 e 1992), texto e deseahqs desempenham papel centÍal' Desvendal
como
Um gênero quadro a quadro: a história em quadrinhos _
, t'z

funciona tal parceda é uma das atividades lingliístico-cognitivas realizadas


continuamente pelos leitores de HQs.
Podemos, poÍtanto, situaÍ as HQs numa verdadeira ,,constelação,, de gê-
neros não-verbais ou icônico-verbais assemelhados. Entre os que também
circulam na mídia escrita, citamos, de acoÍdo com a ordem de surgimento, a
cadcatura, a charge, o cartum, as própdas HQs e as tiras.
Distinguir esse gênercs é dificil, mesmo para os profusionais da iárea. O caftmista
Femando Morctti (2001) tenta estabelec$ tais diferenças: em geral, a carlcatuÍa -
deformação das características marcantcs de uma pessoa, animal, coisa, fato -
pode ser usada como ilustração de uma matéria (fato), mas quando esse ,,fato,,
pode ser contado inteiramente numa forma gráfica, é chamado de charge. O
cartum surgiu depois da charge, e é uma forma de expressar idéias e opiniõ€s, seía
uma crÍtica poÍtica, esporiiva, rcligiosa, social, atavés de uma imagem ou uma
seqüência de imagens, denÍo de quadrinhos ou não; podendo ter balões ou legen-
das. A charye "envelhece", como a noúcia, enquanto o cartum é mais atemporal.
O cartum e a HQ diferenciam-se: ambos compÕem-se de um ou mais
quadrinhos com uma seqüência narativa. Essa seqüência é opcional para o
cartum e obrigatória paÍa a Hq a qual conta com personagens fixos, o que
podemos ver com os exemplos 3 e 4.

Exemplo 02. CHARGE

Ioote: CLÉruSToN, IÁILSON, MtcUEL, RONALDo e SAMUCA. Hü mot do frm do séctlo: o dno
2000 no tÍaça de 5 caftunistds pemafibucenos. Recife, ACAPE: 2000, p. 53.
Márcia Rodrigues de Souza Mendonça
1e8 f
Exemplo 03. CARTUM

Fonte oúginal QUINO. Déienme inventar. 7. ed. Buenos Aires, Ediciones de lâ Flor, 1988'
Rettado ãe: FAúCo EVróuxA, tingrogorNovd: 5! série, São Paulot 7999, p' 244'
^nca'
As llras um subtipo de HQ; mais ortas (até 4 quadrinho$ e, portanto,
são
de caráter sintético, podem ser seqüenciais ("capítulos" de narativas maiores)
ou feúadas (um epiúdio por dia). Quanto às temáücas, algumas üras também
sathizam aspectos econômicos e poÍücos do país, embora não seiam tão "data-
das" como a charge. Diüdimos as tiÍas fechadas em dois subüpos: a) ttas-piada,
em que o humor é obtido por meio das estratégias disctusivas utilizadas nas
piadas de um modo geral, como a possibilidade de dupla interpretação, sendo
selecionada pelo autor a menos provável; b) tiÍas.episódio, nas quais o humor é
baseado especificamente no desenvolvimento da temática nÚna determinada
situação, de modo a rcalçaÍ as caÍacteísticas das peÍsonagens (Mendonça, 2001),
como podemos ver no exemplo L e 5.
Um gênero quadro a quadro: a hislória em Or.Or,nno. -----_______l .,nn

EXEMPIO 04. HISTÓRIA EM QUADRINHOS

ÍuRtvtA
OA
E90urra

Fonte orlginal NANNI. /oÍ,ral do Meninínho, Rio de Janeiro, Record, 1991, p. 46.
Retirado de: FARACO EMOURA, Lingurrgern Nova: 5a *de, São Paulo: Ática, 1999, p. 196.

Podemos, então, caracteÍizar proüsoriamente a HQ como um gênero


icônico ou icônico-verbal narativo cuia progressão tempoÍal se organiza
Márcia Rodrrgues de Souza Mendonça
200 I

quadro a quadro. Como elementos típicos, a HQ apÍesenta os desenhos, os


quadros e os balões e/ou legendas, onde é inserido o texto verbal.
Além da heterogeneidade tipológica, encontramos também, no universo das
HQs, a inteÍtextualidade tipológica (Fix, op. cit;), que consiste em utilizar a
foma de um gênero para preencher a função dc outro. As aplicações das HQs
a pÍopósitos didáticos, como campanhas educativas, são exemplos disso. Assim,
os textos das campanlas educativas têm uma função comunicativa didática,
mas a forma utilizada é a de uma HQ. Do mesmo modo, alguns anúncios publi-
citários comerciais podem usaÍ HQs para atingir seus ob,etivos. Segundo
Marcuschi (ZO0Ot3O):"em pntlcípio, isto nõo deve tÍazer dííiculd.ade alguma para a
fiúerprctabílidade, iá que o predomínio da funÇão supera a forma na detetm nção do
gênero, o que eviÍlencia a plasücidade e dínamicfulade dos gêneros". Poderíamos falar,
nesses casos, em intertextualidade inteÍgêneros (FIX, op. cit.), aqueles que apa-
recem estaÍ situados na "fronteira entre doís um maís gênero,§" (Mendonça, 2002).

3. Mídia escrita: onde surgiram e se desenvolveram as HQs


As HQs surgiÍam na pe odicidade dos jornais. Com o tempo, foram ga-
nhando autonomia, dado o sucesso de público alcançado, e passaram a figurar
em publicações especializadas, os gibis. Atualmente, permanecem nos jornais
e encontram-se em outros veículos midiáticos, tais como gibis e revistas desti-
nadas aos mais diversos leitoÍes, além de boletins informativos de empresas
públicas e privadas. Publicações voltadas para o lazer educativo de crianças,
como Recreío, Picolá e revistas para colodr também trazem tirinhas de humor.
Os gibis reúnem HQs, pdvilegiando as nanativas longas em detdmento
das tiras. A maioria dos gibis infantis bÍasileiros são dedicados a um
personagem (gibi comum) - Tío Patínhas, Pateta, Pato Donald, Cascão,
Cebolinha, Bolinha, Luluzinha etc. Há também aqueles dedicados a um gÍupo
de personagens (almanaques), do mesmo autor/desenhista - Almanaque
Disney, Turma da Mônica, Almanaque do Cascõo. Revistas de quadrinhos adul-
tos também são publicadas à semelhança dos gibis infantis, agrupando-se as
natativas por peÍsonagens ou por criador. As coletâneas de HQs, em forma
de livro, como as de Mafalda e Calvir,, também constituem suportes cada vez
mais comuns para a circulação desse gênero. Denotam a autonomia, cada
vez maior, das HQs em relação ao domínio discursivo iornalístico, ou seja, a
autonomia em relação aos suportes midiáticos.
Fora dos gibis, o subtipo tira em quadrinhos predomina, nos jornais c
reüstas, totalizando, a cada edição, cerca de 3 a 6 tiras de quadÍinistas diferen-
tes, embora possamos encontrar históÍias mais longas eventualmente. A
preferência pelas tilas fechadas paÍece ocorÍer por dois fatores pÍincipais: a
Um gênero quadro a quadro: a história em quadrinhos
. zot

economia de espaço e o acesso à naÍrativa completa numa mesma edição, já


-
que o leitor atual de periódicos dificilmente seIia seduzido a acompanhar, a
cada número, um capítulo da história. O recurso do folhetim - naÍativa
publicada, capítulo a capítulo, em periódicos - foi bastante eficaz no Brasil
na pdmcira mctade do século XIX, pois, na época, o jomal é que possibilitava,
até certo ponto, a democratização do acesso à produção literária brasileira,
popularizando-a. Proliferaram, então, os romances de amor do Romantismo
brasileiÍo, sendo José de Alencar o autor brasileiro mais conhecido dessas nar-
rativas. Atualmente, o folhetim eletrônico ocupou esse espaço, e muitos
"teleleitores" são seduzidos pelas "cenas do próximo capítulo" das telenovelas.
Gêneros afins aos quadÍnhos, como a charge e o catum, também são
bastante comuns nos periódicos de circulação diária, semanal ou mensal.
Um aspecto que meÍece atenção é como se distribuem as HQs nas seções dos
diversos periódicos que as publicam. Sabe-se que a distribuição do material textual
nas seções de jomais - os "cademos" - e de reüstas busca atender ao público-alvo
de cada seção. Nos joÍnais, o caderno destinado ao lazer é, úa de regra, o local de
publicação das tirinhas, fato ,ustificável pelo caráteÍ humodstico que tem assumi-
do esse gênero. Saliente-se que iá foram comuns, há algumas décadas, as tiras diá-
fas não-humoísücas, com narraüvas aventuíescas mais longas, publicadas capí-
tuto a capítulo, como as do -Fd,itdsma, do Príncipe ydlerlÍe, entÍe ouÍas.
Nas revlstas semanais e mensais, essa localização varia bastante de acordo
com a publicação. Um exemplo de distribuição aleatória ê o da rcvista AtÍevida,
destinada às adolescentes. No n" 90, encontÍam-se três tiras: uma na seçào
Vou te contat, carta da diretora às lcitoras, que abre a Ícvista (p.10); outÍa na
seçáo É quente, de variedades, com matérias curtas diversas sobre artistas,
cupons promocionais e ranking de músicas (p. 31); e a última na scção Te.sre
(p. 100), com testes de atitude sobre assuntos diversos. Já o n" 88 só apresenta
uma tira, na seção É quente, defi:LonsÍÍando que a localização e a quantidade
das HQs nessa revista vadam a cada edição.
Enquanto a Iocalização paÍece ser aleatória nas Íevistas, a seleção das
temáticas e personagens é influenciada pelos leitôres prováveis. Tiras veicu-
ladas nas publicaçÕes que atendem a segmentos diferentes, como crianças
(Recreio, Picolé eÍc.), garotas (Capicho, Atretída, Toda Teen etc) e mulheres
(Maríe Claíre, Cláudia etc.), por exemplo, têm personagens e temáticas rela-
cionadas aos interesses de cada públicoJeitor: no pdmeiro caso, Lrianças e
animais como personagens; no segr,lndo caso, personagens adolescentes,como
Carol, de Bruno DÍummond, adolescente com atitudes típicas dessa fase; no
último, personagens adultas, como Radical Chic, de Miguel Paiva, mulhcr
urbana, vivendo os conflitos própÍios da modernidade.
Márcia Rodrigues de Souza Mendonça
202 I

Já nos iornais, as tiras apresentam personagens bem diversificados, pois


é preciso buscaÍ a empatia de um público leitoÍ bastante heterogêneo. As-
sim, num mesmo veículo, pode-se ter uma galeria vasta de personagens:
Hagar, o horrível, guerreiro viking rude, esúpido e glutão que vive em guerra
com a mulher, Helga (cÍ. exemplo l); Níquel Náusea, rcÍo de esgoto que
encarna dramas humanos diversos; Mõe, mãe superprotetora que controla
a vida dos Íilhos; Calvin, garoto inconformado com as regras do mundo
"adulto": (cf. exemplo 5) etc.
Enfim, na mídia escÍita, a regra é a diversidade de temas e formatos para
as HQs. O sucesso de público é que determina a permanência ou a exclusão
da HQ nesses veículos.

4. H0s na escola: negligenciadas, apesar de relevantes


Apesar de já seÍem aceitas como objeto de leituÍa fora das salas de aula, as
HQs ainda não foram de fato incorporadas ao elenco de textos com que a
escola tÍabalha. Tâmpouco alcançaram a devida atenção das pesquisas acadê-
micas. PaÍa Eisner (1999: 5-6), os motivos para isso tedam relação com o uso e
a temática das HQS. De fato, o entÍetenimento como meta principal e o hu-
moÍ cômo "tom" de boa parte das HQs podem ter levado a tal estado de
coisas. Além disso, o papel de semioses distintas (verbal e não-verbal) para a
construção de sentido termina por tomar as HQs acessíveis náo só aos adul-
tos com baixo grau de letramento, mas também às crianças em fase de aquisi-
çâo de escrita, que podem apoiar-se nos desenhos para produzir sentido.
Os fatores acima contribuem não só para conquistar a preferência dos
leitores, como também para incrementar a fluência da leitura. Essa reLativa
facilidade pode seÍ confundida com baixa qualidade textual, levando à falsa
premissa de que "ler quadrinhos é muito fácil". Encontramos tal crença, por
exemplo, até em manuais destinados a orientar professores no uso pedagógico
de textos de circulação social, inclusive as HQs. Diante dessa suposiçào, a
escola se omitiÍia de explorar as potencialidades pedagógicas das HQs ou as
subestimaria como obieto de leitura, aprofundando a discrepância entÍe o
que a escola oÍerece e o que os alunos buscam.
Na verdade, determinadas HQs demandam estratégias de leitura sofistica-
das, além de um alto grau de conhecimento préüo, sendo quase que destinâdas
apenas aos "iniciados" nos enredos de seus personagens. Em outÍos casos, ao
contrário, as HQs podem ter uma função didática, sendo utilizadas para dar
instruções ou para persuadiÍ, em campanhas educativas.
Com o avanço das pesquisas lingüísticas e educacionais, os preconceitos
contÍa essa espécie de texto foram diminuindo. No universo dos livros
Um gênero quadro a quadro: a história em guadrinhos
, ,0,

didáticos de português (LDPs), por exemplo, até os anos 70, raramente haüa
HQs; na década de 90, por outro lado, praticamente todos os LDPS apresen-
tam esse gênero entÍe os textos selecionados. Ainda assim, as seções destina-
das às HQs permanecem sendo as menos "importantes", do tipo "Diürta-
se", "Só para ler" ou "Texto suplementaÍ", sendo raÍíssimos os casos de uma
HQfigurar como texto central de unidade didática em um LDP. As temáticas
humorísticas e aventurescas e o uso para entretenimento, mencionados por
Eisner (op. cit.), parecem ser, novamente, as razões para tal situação. Neves
(2000) também demonstra que a exploração dos quadrinhos em LDPS é po-
bre, limitando-se, na maiofla das vezes, à utilização desse gênero como pre-
texto para exercícios de metalinguagem , do npo Classífique o pronome usado
no ? quadinho.
Os PCN (Brasil, 1998) incorporaram o consenso sobre a necessidade de
exposiçãô à diversidade de gêneros de circulação social como um dos pdnci
pios básicos do ensino de língua matema. O documento salienta, baseando-
se em teorias sociointeracionistas, que a representatividade dos gêneros nas
práticas comunicativas diáflas é um dos cdtéÍios essenciais para a escolha
dos mateÍiais de leituÍa. A despeito das orientaçÕes dos PCN e da estima dos
leitores pelas HQs, estas ainda são preteridas pela escola.
Na tentaüva de demonstrar como é possível realizar um trabalho mais consis-
tente com as HQs, que ultmpasse o mero momento da moüvação lúdica, faremos
algumas sugestões metodológicas de uso desse gênero na aula de lingua matema.
Pode-se explorar as HQs como se faz com qualquer gênero, atentando-se
para leculsos diversos do seu funcionamento. Nas atividades de leitura, a
exploração de aspectos vários da produção de sentido é a base das atividades.
Por exemplo, a quebra de expectativas nas tiÍas-episódio e nas tiÍas-piada é
usada para produzir humor. Segundo Possenti (1998: 46):

"QudlqueÍ que seja o tópico (...), o que fttz cofi que uma pidí1o seia ufia lridda não é
seu tefid, sua collclusaio sobÍe o tema, fi.ts uma certa mdneire de apÍesentar tal tefia ou
uma tese sobre tal tena".

No exemplo 5, pode-se apresentar aos alunos até o segundo quadrinho e,


então, explorar, em termos de levantamento de expectativas, o que poderia
vir nos dois últimos quadrinhos. PaÍa levantar essas expectativas, o leitor
ativa conhecimentos sobre o tópico e mesmo sobre os personagens, as quais
poderâo levar a respostas distintas. Sem saber que Cialün não é uma "criança-
padrão" e que tem juízos precoces e nada convencionais sobre o mundo e as
pessoas, será difícil aproximar-se da situação descfita nos 3'e 4" quadros.
Márcia Rodrigues de Souza Mendonça
204 I

Depois de divertir-se com a definição de Calün para aula de ginástica, a


exploração tcxtual pode continuar: sobre as razões paÍa tal afirmação, se foi
inespeÍada e/ou engraçada e por que motivo, por que se pensou em outÍâs
altemativas etc. É desejável também atentar para o uso do registro formal
poÍ um garoto de apenas 4 anos, a fim de produzir o efeito de humor.
Enfim, descobrir as estratégias discursivas usadas nas tiras humorísticas ou,
em outras palalras, descobrir como se faz graça pode ser, de fato, assunto
muito sério para o ensino de português.
Exemplo 05. TIRA EM QUADRINHOS

Fonte: Jornal do Commercio, 03/05/2000, CadeÍno C, p. 4. (Recife/PE)

A análise mais específica do gênero - sua constituição, foÍmas de


circulação, subtipos - também pode ser obieto de tÍabalho pedagógico na
escola. No ensino fundamental, estudar elementos icônicos como a forma e
o contorno dos balÕes (para a fala, o medo, o sonho, o pesadelo, o pensa-
mento etc.), o tamanho e o tipo das letras (paÍa sentimentos como a raiva,
o grito, o amor, a indiferença ctc.), os sinais usados no lugar das letras (para
os palavrÕes, para línguas estrangeiras ou extraterestres), a disposlção do
texto (sem parágrafos ou travessões) por exemplo, e a relação disso tudo
com a produção de sentido e com as peculiaridades do gênero constitui,
sem dúvida, material Íico para o entendimento dos múltiplos usos da lin-
guagem nas HQs.
Nas atividades de produção, é sempre possível pedir que eles criem HQs.
Como em qualquer atividade de produção textual, conforme Geraldi (1997),
é preciso que se tenha: a) o que dizer; b) para que dizer; c) para quem dizer e
d) como dizer. Esses aspectos não podem ser negligenciados, sob pena de se
produzirem redações do tipo escolar, cuia única função seria o atendimento
à tarefa proposta pelo professor.
Um gênero quadro a quadro: a história em Quadrinhos
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Em geÍal, alguns alunos sentem dificuldades com os desenhos, o que
pode geÍar resistência à taÍefa. O receio de não conseguiÍ produzir uma boa
HQ deve-se ao fato de que a qualidade de uma HQ reside, em grande paÍte,
na possibilidade de narrar, de foÍma envolvente, através da associação
adequada entre desenho e texto verbal. Ainda assim, é comum que os alu-
nos sintam grande prazer em criar HQs, um gênero que lhes é caro.
Em relação à transposição de gêneros, da HQ icônica ou icônico-verbal
paÍa o conto ou para crônica, aspectos da Íelação fala/escrita e das semioses
envolüdas podem ser trabalhados. Por exemplo, paÍa contar a história dos
quadrinhos na forma puÍamente verbal, há que se selecionar, dentre o que
estava descÍito pelos desenhos, o que deverá vir explícito por meio de palavras.
As reaçÕes dos personagens, eüdenciadas não só na sua fal4 mas na postura,
nos gestos, na expÍessão facial, serão descritas, seia por verbos de elocução,
como disse, exclamou, bmava, seja por parágrafos inteiros. Muitâs vezes, o
que o professor detecta como "pobreza" nas naÍÍativas infantis se deve à
ilabilidade da criança de lidar com o que precisa ser explicitado e descrito
numa narrativa, para que ela adquira força expressiva. A habilidade de dosar
contextualização, implicitude e explicitude das informaçÕes em um texto
pode ser desenvolüda com as HQp.
A uülização das HQs, por outro lado, não pÍecisa restringir-se às aulas de
Língua Portuguesa. AplicaçÕes Íelevantes desse gênero podem ser feitas
também no ensino de outas disciplinas, ou mesmo no trabalho com textos
de não-ficção, relativos a outras áleas de conhecimento.
Em contextos extÍa-escolares, as HQs já são utilizadas como recurso didá-
üco, ou seia, como um facilitador da aprendizagem. Isso se deve, numa pÍi-
meira análise, ao papel dos desenhos: a) "concretizar" seqüências de açÕes a
serem executadas pelo leitor (no caso de instruçÕes); b) exercer um forte apelo
visual (no caso de campanhas publicitárias) e c) atingir largas parcelas
populacionais, com difeÍentes graus de letramento.
Eisner (1999: 136-143) insere o que denomina cplicaçõo das HQs no uni-
verso dos "visuais de instÍução", ou seia, da aplicação ílos quddinhos ao
ensíno de algo específico (p. 137). Quanto aos diyersos usos que as HQs po-
dem ter, o autor lista quatro possibilidades: a) entretenimento, b) instru-
çÕes tócnicas, c) condicionamento de atitudes e d) story boatds (usadas para
fazer a ponte entÍe o roteiro do filme e a fotografia final, na publicidade e
no cinema).
Márcia Rodrigues de Souza Mendonça
206 I

A aplicação do tipo c) é bastante freqüente em vários países, iÍlclusive no


Brasill. Basta lembrar as grandes campanhas na mídia escrita de combate a
doenças de esclarecimento sobte medidas preventivas, como no caso da den-
e
gue. A persuasão é obüda com o auxílio do recurso da quadrinização. Ern outros
países, iá é comum a aplicação das HQs para o ensino de matérias consideradas
complexas, como a Filosofia, dada a capacidade de abstÍação que esta exige.
Há também a quadrinização de clássicos da LiteratuÍa, destinada a conquistâÍ
o público infanto-juvenil, alternativa que dwe ser usada com cdtédo, como
qualquer adaptação literária, sob pena de desfigurar a obra original.
A transposição de gêneros - do texto exposiüvo ou didático paÍa a Hes -
é uma estratégia que pode teÍ grande impacto na aprendizagem de disciplinas
como Matemática, História, Geo$afia e Biologia, por exempio. Tópicos di-
versos podem ser apresentados iá na forma de HQs como também podem ser
quadrinizados pelos alunos.
Paru Íazer a quaddnização de textos expositivos, os alunos necessitarão:
a) compreender o texto verbal; b) selecionar os aspectos que seÍão obieto da
HQ, de modo que os desenhos e os textos reconstruam as relações de sentido
do texto expositivo ou argumentativo original; c) decidir se haverá
personagens ou não e, em caso positivo, criá-los, adequando suas falas à ex-
posição do assunto; d) associaÍ com propriedade, texto e imagem, de modo
que selam complementaÍes, e não, redundântes; e) selecionar uma seqüência
de apresentação do assunto, que sela didática, ou seja, que sirva ao ensinG
aprendizagem etc.
Para o sucesso de tal aüvidade (como em qualquer atividade de produção
texfual), é necessário mâis do que o simples comando ?/Transforme esse texto
numa HQ", ou seja, é preciso deixar claros os objetivos da tarefa (tomar mais
compreensível determinado assunto), orientar cada etapa, rever as decisões
tomadas e avaliar o resultado final, em termos das metas deseiadas, o que
tem Íelação direta com a função do gênero produzido. Por essa razão, para
adaptar o exercício às séries escolares, a complexidade do assunto e do textô
de base deve ser usada como cÍitêÍio.
Uma vadação inteÍessante da aüvidade pode ser a produção de HQs para
públicos distintos, ou seja, consideÍando-se as expectativas e necessidades

' No início da década de 80, uma campanha pelo aumento na âÍecadação de ICMS (Imposto
sobrc Circulação de Mercadorias e de Serviços) teve o álbulrl de figurinhas dos pe6onagens
Pemo e Buco coÍÍro se,u carro-chefe. lánçada pelo Govemo do Êstado, essa publicação contava
a históda pernambucana através de uma HQ. A campanha foi um sucesso, pois allou a
paixão inÍântil pelos áIbuns e pelas HQs à cooveniência dos pais, que só precisavam iuntar as
notas Íiscais de qualquer compia ou seÍviço pata adquidÍ os álbuns e as figudnhas.
Um gênero quadro a quadro: a história em quadrinhos _
l zol

de grupos de interlocutores diferentes, como crianças, adolescentes, adul-


tos, pessoas mais ou menos letradas etc. Esse aspecto ida int€ffedÍ na sele-
ção e cdação dos peÍsonagens, na forma de apresentação do assunto, quan-
tidade de quadros representando unidades proposicionais etc.
Os desenhos associados à seqüência na[ativa funcionam como recursos
didáücos poderosos, tomando tanto mais acessíveis quanto mais ,,palatáveis,,
tópicos complexos, com os quais os professores têm dificuldade na prática
docente.
A ousada obÍa em quadrinhos Palesúina: uma nação ocupadq, de autotia de
Joe Sacco (2000), é um ótimo exemplo de como a HQse presta à abordagem
de temas complexos, mesmo que pouco ortodoxos para o gênero. José Arbex,
no prefácio, classifica a obra como "reportagem em quadinhos,', eüdenciando
o princípio da intertextualidade tipológica e a prevalência da função
sociocomunicativa (reportagem) sobre a forma de textualização (quadrinhos)
na classificação feita. Posição semelhante é encontrada na resenha sobre esse
livro, publicada no iornal Estadão - Leia essa HQe entendn a cise do Oie te
Médio qre ahrma que Sacco inaugura o " jornalismo em quadrinhos,,, salien-
tando a mescla de gêneros. O título da resenha ressalta a grande qualidade do
texto: a facilidade de compreensão de uma temática em si complexa, normal-
mente tratada no gênero reportagem. Esses exemplos revelam que, parado-
xalmente, parece ser fora da escola que os quadrinhos são usados, com eficácia,
para propósitos didáticos diversos.
Cremos que falta à escola ainda a coragem de incorporar as Hes ao con-
iunto dosvádos objetos de leitura com que já trabalha, considerando-as como
gêneros tão "sérios" (embora nem sempre sisudos) e consistentes para o fazer
pedagógico quanto os demais, já pÍesentes no cotidiano das salas de aula.
Além disso, reconhecer e utilizar o recurso da quaddnização como fe[amenta
pedagógica parece impor-se como necessidade, numa época em que a imagem
ea palavra, cada vez mais, associam-se para a produção de sentido nos diversos
contextos comunicativos.

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