Artigo Científico - Cássia Simone
Artigo Científico - Cássia Simone
Artigo Científico - Cássia Simone
Abstract: The influence of globalization and the displacement of people around the world in
search of better living conditions happens both legally and illegally. In the context of illegality,
the crime of human trafficking arises, which occurs through enticement, fraud, deception, and
violation of human rights. In most cases, women are the main victims, used as objects for sexual
exploitation. Because of the increase in the number of cases in recent decades, the States have
implemented prevention and repression mechanisms in an attempt to combat this criminal
practice. This article aims to analyze the most relevant aspects of trafficking in women for
sexual exploitation, the challenges and actions to prevent this criminal practice in Brazil and
worldwide.
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Acadêmica do curso de Direito da Instituição de Ensino Superior (IES) da Rede Ânima Educação. E-mail:
[email protected]. Artigo apresentado como requisito parcial para a conclusão do curso de
Graduação em Direito da Instituição de Ensino Superior (IES) da Rede Ânima Educação. 2023. Orientadora:
Islamara da Costa, mestranda em Psicologia Organizacional do Trabalho; pedagoga; psicopedagoga; bacharela em
Direito com especialização em Direito Tributário. Docente do Curso de Direito da Universidade Potiguar.
2
1. INTRODUÇÃO
O presente artigo tem o objetivo de discutir sobre a prática de um crime que está em
expansão em todo o mundo e que é uma grave violação da dignidade da pessoa humana: o
tráfico de mulheres para fins de exploração sexual. O estudo irá abordar os aspectos da
legislação nacional e internacional no enfrentamento e proteção às vítimas desse crime que tem
tomado dimensões alarmantes em todo o mundo; sendo uma modalidade criminosa que utiliza,
além da violência e da coerção para alcançar seus objetivos tenebrosos, a persuasão e a
corrupção. Nesse contexto, serão analisadas a importância e a eficácia das políticas públicas
que visam combater essa prática criminosa, a atuação do Estado na regulamentação das leis e a
criação de outros mecanismos nacionais e internacionais de combate ao crime organizado.
Serão identificados alguns obstáculos enfrentados, bem como as dificuldades existentes em
relação à proteção das vítimas e as consequências desse delito para a sociedade. A pesquisa
também irá apontar o perfil das vítimas mais frequentes que são mulheres e crianças, e a maneira
como acontece o aliciamento. Ainda, enfatizar os motivos que contribuem para a prática desse
ilícito.
A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica com a busca por textos publicados,
por meio de fontes confiáveis e concretas, fazendo o levantamento das informações relevantes
para a organização do estudo, o aprimoramento do conhecimento e a construção do trabalho
acadêmico. Foi aplicado o método dedutivo a partir das informações gerais existentes sobre o
tráfico de pessoas para análise das conclusões.
Desse modo, a pesquisa busca analisar a problemática do tráfico de pessoas, incluindo
o tráfico de mulheres e as ações promovidas pelo Estado com o objetivo de erradicar a
exploração sexual, trazendo reflexões sobre a efetividade das políticas públicas na proteção às
vítimas dessa prática ilícita. As políticas públicas realmente são efetivas para proteger as
vítimas? Além da prevenção, é de suma importância que o Estado garanta o acolhimento, a
proteção, a segurança e a privacidade das vítimas desse grave delito.
2
LADEIA, Ansyse Cynara Teixeira. Tráfico Internacional de mulheres e seu Enfrentamento no Âmbito
Nacional e Internacional. Faculdade Ruy Barbosa, Campus Rio Vermelho, 2016 p. 4. Disponível em:
https://www12.senado.leg.br/institucional/procuradoria/pesquisa/trafico-internacional-de-mulheres-e-seu-
enfrentamento-no-ambito-nacional-e-internacional. Acesso em 16 de jun. 2023.
3
Tráfico de Pessoas e Contrabando de Migrantes. 2023. Disponível em: https://www.unodc.org/lpo-
brazil/pt/trafico-de-pessoas/index.html. Acesso em: 26 de maio 2023.
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de drogas e de armas. Na maioria dos casos, as vítimas são mulheres submetidas à exploração
sexual, destacando-se como principais causas da origem desse tipo de crime, a discriminação
de gênero que as mulheres têm sofrido desde os tempos remotos, a percepção da mulher como
objeto sexual, as violências domésticas nos cenários familiares e os valores que foram
construídos sob a influência do patriarcado. É a dominação masculina versus a submissão
feminina.
Durante muito tempo, a exploração sexual de mulheres que saíam de seus países de
forma ilegal, sendo usadas como objeto sexual no exterior para garantirem dinheiro e melhoria
de vida para seus familiares, parecia uma prática invisível, não sendo considerado um problema
de governo no Brasil.
A demanda pelo tráfico de mulheres está inegavelmente ligada a questões das migrações
internacionais, a indústria do turismo sexual, que faz com que as vítimas sejam presas
potenciais para as redes criminosas. Segundo Menezes (2007 b), sobre o fenômeno das
migrações internacionais, um dos tipos de imigrantes que seriam os alvos do tráfico
internacional de seres humanos: indivíduos deslocados de seus países de origem por força ou
coerção, com vistas à sua exploração no estrangeiro. Cada vez mais lucrativo, os alvos
principais são mulheres e crianças, fazendo reviver, em pleno século XXI, a tragédia da
escravidão. De acordo com estimativas do U.S. Justice Department (Departamento de Justiça
dos Estados Unidos), referentes a 2001, entre 700.000 e 9 2.000.000 mulheres e crianças foram
vítimas de tráfico. (MENEZES, 2007b, p. 208-217).
Segundo levantamento da Secretaria Nacional de Justiça e do Escritório das Nações
Unidas para Drogas e Crimes (UNODC), entre os anos de 2005 e 2011, esse tipo de crime fez
475 vítimas, sendo 337 para exploração sexual e 135 foram submetidas a trabalho escravo
(Revista DIREITO E JUSTIÇA, 2013, p. 17). Em 2018, com o Relatório Global sobre o Tráfico
de Pessoas (UNODC), a maioria das vítimas detectadas globalmente é traficada para fins de
exploração sexual, embora este padrão não seja uniforme em todas as regiões. Essa modalidade
de tráfico prevalece na Europa, nas Américas, na Ásia Oriental e Pacífico. De acordo com
estudos nacionais, as vítimas detectadas nos países da Europa, revelam que a forma mais
frequente de tráfico é para fins de exploração sexual; já na África Subsaariana e Oriente Médio,
ainda prevalece a forma de tráfico para trabalhos forçados.
Em algumas zonas de conflito analisadas, incluindo Oriente Médio, Sudeste Asiático,
África Central e Ocidental, entre outras, em que a situação é desesperadora, surge a
oportunidade para que aconteça a exploração de civis por grupos armados, bem como por
grupos criminosos e traficantes individuais. Em alguns campos de refugiados em que pessoas
5
fogem dos conflitos e perseguições, mulheres e meninas são raptadas, levadas à países vizinhos
e submetidas à casamentos forçados, exploração e escravidão sexual. Durante a guerra na
Ucrânia, muitas mulheres refugiadas tornam-se vítimas da exploração sexual, pelo fato de
estarem em situação de vulnerabilidade. Casos de ofertas online e incentivos, aparentemente
generosos para que as mulheres ucranianas possam fugir de suas dificuldades, se multiplicam
em tempos de guerra.4
Outras formas de tráfico detectadas foram: o tráfico para casamentos forçados e o tráfico
de crianças para adoção ilegal; sendo o primeiro, registrado mais comumente em algumas partes
do Sudeste Asiático e o segundo, nos países da América Central e do Sul.
Um dos fatores que também possibilitou e facilitou o rápido crescimento desse tipo de
crime foi o surgimento das novas tecnologias de comunicação e informação, pelas quais os
criminosos elaboram métodos para a comercialização de seus “produtos”. Além disso, as
condições atuais do mundo, os conflitos armados, as crises econômicas, as desigualdades
sociais, a falta de oportunidades e outros acontecimentos, contribuem para que muitas mulheres
sejam obrigadas a saírem de seus países em busca de melhores condições e assim, garantirem
o seu sustento e de seus familiares. Essas vítimas do tráfico humano são destituídas de sua
liberdade, dignidade e autonomia. Em muitos casos, essas mulheres não conseguem identificar
que estão sendo traficadas e que serão submetidas à exploração sexual de uma forma muito
intensa, escravizadas pelos exploradores e levadas à prostituição para conseguirem sobreviver.
Nesses casos, o crime, geralmente acontece em três fases: a primeira é a conquista da vítima
por meio de ofertas e recursos diversos; na segunda fase, as vítimas são transportadas para o
país de destino e aliciadas; a terceira fase, é quando a pessoa traficada chega ao ambiente de
exploração, sendo mantida, muitas vezes, em cárcere privado por criminosos inescrupulosos,
aliciadores, onde começam a sofrer maus-tratos de várias formas.
O perfil das vítimas do tráfico para fins de exploração sexual é diversificado: mulheres,
crianças e adolescentes. Mulheres jovens, com pouca escolaridade estão entre as principais
vítimas. Nesse tipo de crime, o que facilita a atuação dos traficantes é a situação não apenas
econômica, mas também social. Mulheres vulneráveis que são atraídas com promessas de
4
Como o tráfico de pessoas se aproveita de refugiadas ucranianas. 2022. Disponível em:
https://epocanegocios.globo.com/Mundo/noticia/2022/03/como-o-trafico-de-pessoas-se-aproveita-de-refugiadas-
ucranianas.html. Acesso em 16 de jun. 2023.
6
emprego em outros países e não imaginam a realidade cruel que as espera. Nesse sentido, essas
mulheres que buscam melhores condições de trabalho e de vida são submetidas a situações
degradantes, sendo violentadas e exploradas. Algumas conhecem e envolvem-se em
relacionamentos por meio de redes sociais, sites e são iludidas com promessas de casamento
com estrangeiros que na verdade são criminosos disfarçados, mas ao chegarem no exterior são
submetidas ao trabalho doméstico forçado, a uma relação de servidão ou levadas à prostituição.
Geralmente, os aliciadores não têm cara de traficantes, são pessoas, homens ou mulheres que,
inicialmente, aproximam-se e tentam ganhar a confiança de suas futuras vítimas.
Destaca-se, portanto, as condições desumanas pelas quais, muitas mulheres, vítimas
desse tipo de crime, vivem. É uma realidade cruel com experiências de maus-tratos, violência
doméstica e psicológica; muitas sonham com um futuro melhor, com novas oportunidades, e
por estarem mais vulneráveis, são atraídas facilmente pelos aliciadores com discursos atraentes,
e dessa forma, ganham a confiança de suas vítimas. As consequências do crime de tráfico de
mulheres para fins de exploração sexual são: o uso de drogas, a transmissão de doenças sexuais,
problemas psicológicos, além do preconceito e discriminação. São muitos os dramas pessoais
vivenciados pelas vítimas. Nesse contexto, o perfil psicológico das mulheres, vítimas do tráfico,
é bastante confuso, apresentando, muitas vezes, sentimentos contraditórios. Algumas não
conseguem perceber que a situação em que se encontram se trata de uma grave violação dos
seus direitos e sua dignidade. O uso de drogas e medicamentos é uma realidade constante na
vida das vítimas exploradas sexualmente que, por meio de ameaças e outras formas de
violência, são submetidas a condições exaustivas de prostituição.
Uma mulher pode consentir em migrar para trabalhar como doméstica ou prostituta ou
para trabalhar irregularmente em outro lugar, mas isso não significa que ela tenha consentido
em trabalhar de forma forçada ou em condições similares à escravidão, bem como em ser
explorada, e se isso acontecer fica caracterizado o tráfico de mulheres.5
Refletindo sobre as leis ou tratados relacionados com esse tema, percebe-se que no
aspecto do consentimento da mulher para a prática da atividade sexual, mesmo respeitando sua
liberdade individual e domínio sobre seu corpo, o que se pretende assegurar são os direitos à
dignidade e à proteção de cada mulher; pois o fato criminoso decorre da exploração sexual,
caracterizada por violência, agressões físicas e psicológicas. O que caracteriza esse crime é o
dolo “consistente na vontade livre e consciente de agenciar, aliciar, recrutar, transportar,
5
BRASIL. Tráfico de Mulheres. Política Nacional de Enfrentamento. Brasília. Secretaria de políticas para as
mulheres. 2011 p. 11.
7
transferir, comprar, alojar ou acolher pessoa, mediante grave ameaça, violência, coação, fraude
ou abuso” (CAPEZ 2018, p. 434).
A prática ilícita e desumana do tráfico sexual de mulheres pode ser definida como um
tipo de escravidão moderna, construída com base em situações de exploração, ameaças,
violência, coerção ou engano, abrigando-se nas desigualdades e injustiças da distribuição de
riquezas, apoiadas pelo sistema mundial que tem contribuído para o aumento da vulnerabilidade
de milhões de pessoas em todo o mundo. Outro fator que ampliou cada vez mais esse tipo de
crime, foi a globalização que facilitou a abertura de fronteiras e as rotas de migração, deixando
assim, o espaço aberto para a atuação de organizações criminosas. No que se refere a esse tema,
Damásio de Jesus vai dizer que
o problema do tráfico não é novo. É uma forma moderna de escravidão que persistiu
durante todo o século XX; esse é um problema antigo que o mundo democrático
ocidental pensava extinto. O combate ao tráfico, em sua nova configuração, deve
alinhar-se com a garantia dos direitos fundamentais das mulheres (JESUS, Damásio
de, 2003, p. 15).
Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade [...]. Assim, todo ser humano deve
ser respeitado e seus direitos assegurados (BRASIL, 1988, p. 16).
Com a pandemia de COVID -19 e o fechamento das escolas, o uso da internet tornou-
se mais frequente, principalmente por crianças e adolescentes, permitindo a atuação dos
criminosos e facilitando o aliciamento no mundo digital. De acordo com o Relatório Global do
Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime de 2022, com análise dos casos detectados
entre 2018 e 2021, foi constatado que durante o período supracitado, o número de casos de
tráfico de homens para trabalho forçado teve um aumento significativo, mas houve redução no
número de mulheres traficadas para exploração sexual. Esses dados não indicam uma
diminuição real desse crime, pois as estatísticas refletem somente os casos registrados; isso se
dá devido à dificuldade de detectar as vítimas em meio às restrições de locomoção causadas
pela pandemia.
8
No século XXI, o tráfico de pessoas, que inclui o tráfico de mulheres, tem se espalhado
por todo o mundo e, por ser um problema transnacional, vem sendo discutido exaustivamente.
Com isso, trouxe ao mundo a necessidade de criar instrumentos de proteção às vítimas e
mecanismos para combater esse ilícito. O aumento de casos se dá também pelo fato da
impunidade para esse tipo crime, principalmente em países da África e Oriente Médio.
De acordo com o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (2023), o crime
de tráfico de pessoas é caracterizado por três elementos: o ato, que é a fase do recrutamento,
transporte, transferência e acolhimento; o objetivo que inclui a exploração sexual, escravidão,
trabalhos forçados, remoção de órgãos, dentre outras práticas; os meios, fase em que as vítimas
sofrem ameaças ou uso de força, são coagidas e enganadas pelos aliciadores. Os métodos
utilizados pelas organizações criminosas são diversificados para a realização desse tipo de
crime. Entende-se que, mesmo estando livres para a prática da prostituição, as mulheres
traficadas, muitas vezes, não são conscientes da realidade que irão enfrentar. Com isso, todos
os aparatos legais asseguram, nesse tipo de situação, a dignidade e os direitos humanos de cada
pessoa. Uma das grandes dificuldades enfrentadas pelas autoridades no Brasil, em relação ao
combate do crime de tráfico de mulheres, é o silêncio das vítimas e de seus familiares que, em
muitos casos, são ameaçados; e por medo de sofrerem represálias dos criminosos, que muitas
vezes estão próximos, se recusam a serem testemunhas. Por esse motivo, existe a dificuldade
para a localização e punição dos criminosos. Outro grande problema enfrentado está
relacionado ao direcionamento e prioridade das investigações por parte das equipes policiais,
que não são suficientes para uma atuação eficaz, contribuindo, dessa forma, com a impunidade.
O combate ostensivo para o enfrentamento contra o tráfico de mulheres, depende da
colaboração internacional, o envolvimento dos governos e organismos internacionais, como
assegura Damásio de Jesus6 “a única forma de dar combate razoável a esses crimes é por
intermédio de um esforço global, principalmente por se tratar de um fenômeno mundial e
multifacetado, que envolve interesses econômicos”.
6
JESUS, Damásio de. Tráfico Internacional de Mulheres e Crianças. Brasil, Aspectos Regionais e Nacionais.
São Paulo: Saraiva, 2003. p. 13.
9
7
BRASIL. Política Nacional de Enfretamento ao Tráfico de Pessoas. Brasília. Ministério da Justiça. 2006.p.12.
8
FERNANDES, David Augusto. A Convenção de Palermo e o tráfico de pessoas. 2014. Disponível em:
https://jus.com.br/artigos/31719/a-convencao-de-palermo-e-o-trafico-de-pessoas. Acesso em: 27 de maio 2023.
10
Esse conceito abrangente, é bastante utilizado em todo o mundo pelos principais órgãos
de combate, repressão e estudo ao crime de Tráfico de Pessoas. Vários instrumentos de proteção
como os tratados internacionais, baseados nos direitos universais foram desenvolvidos com o
objetivo de reprimir o tráfico, resgatar e proteger as vítimas.
O Protocolo adicional à Convenção Nacional das Nações Unidas contra o Crime
Organizado Transnacional tem como objetivos: prevenir e combater o tráfico de pessoas,
prestando uma atenção especial às mulheres e às crianças; proteger e ajudar as vítimas desse
tráfico, respeitando plenamente os seus direitos humanos; e promover a cooperação entre os
Estados Partes de forma a atingir esses objetivos. É um instrumento juridicamente vinculante
que tem uma definição consensual sobre o tráfico de pessoas.
11
Art. 278. Induzir mulheres quer, abusando de sua fraqueza ou miséria, quer
constrangendo-as por intimidações ou ameaças, a empregarem-se no tráfico da
prostituição; prestar-lhe, por conta própria ou de outrem, sob sua ou alheia
responsabilidade, assistência, habitação ou auxílios para auferir, directa ou
indirectamente, lucros dessa especulação.
9
Decreto nº 847 de 11 de novembro de 1890.
10
Lei 11.106/2005: Novas modificações ao Código Penal Brasileiro (IV) - Dispositivos revogados. 2006.
Disponível em: https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/2857/Lei-11106-2005-Novas-modificacoes-ao-
Codigo-Penal-Brasileiro-IV-Dispositivos-revogados. Acesso em: 16 de jun. 2023.
12
11
BRASIL. Disque 100 e Ligue 180. Brasília. Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania. 2020. Disponível
em:https://www.gov.br/mdh/pt-br/direitoshumanosparatodos/disque-100-e-ligue-180. Acesso em: 16 de jun.
2023.
13
pública. Seu processo de construção ainda envolveu várias áreas como: educação, assistência
social, justiça, saúde, trabalho, turismo e diferentes ministérios, sendo aprovada em outubro de
2006 e finalizada em 2010.
No âmbito da prevenção, o objetivo é voltado ao combate das reais causas estruturais
do problema, por meio da elaboração de políticas públicas efetivas para diminuir a
vulnerabilidade dos grupos mais atingidos pelo tráfico de pessoas.
O Plano Nacional também deu atenção ao tratamento justo, seguro e adequado às
vítimas, sejam elas brasileiras ou estrangeiras. Não menos importante, as ações de fiscalização,
têm como objetivo, reprimir e responsabilizar os culpados desse crime, por meio de controle,
investigação e através de medidas integradas que são essenciais para a sua execução. Outras
prioridades, no que diz respeito à repressão e responsabilização dos autores desse tipo de crime,
são: o aperfeiçoamento da legislação brasileira, o fortalecimento e a integração de projetos de
cooperação internacional na área de enfrentamento ao crime de tráfico de pessoas.
O Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, no âmbito nacional, é
coordenado pela Presidência da República, Ministério da Justiça, Secretaria de Políticas para
Mulheres da Presidência da República e Secretaria dos Direitos Humanos. No âmbito estadual,
os Núcleos de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas têm a função de articular, estruturar e
consolidar uma rede estadual de referência e atendimento às vítimas, a partir dos serviços e
redes existentes.
Outro instrumento importante foi o Plano Nacional de Políticas para as Mulheres
(PNPM), construído e divulgado de 2013 a 2015, priorizando as ações voltadas para as
mulheres. Desse modo, buscou analisar a problemática do tráfico de pessoas, incluindo o tráfico
de mulheres, com ações mais específicas da Secretaria de Políticas para as Mulheres em
parceria com a sociedade civil e especialistas em tráfico de pessoas na construção coletiva do
seu entendimento sobre as peculiaridades da prática violenta do Tráfico de Mulheres. Os
princípios que orientaram o PNPM foram: igualdade; respeito à diversidade; equidade;
autonomia das mulheres; laicidade do Estado; universalidade das políticas; justiça social;
transparência dos atos públicos; participação e controle social.
A Política Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Mulheres, foi lançada pela
Secretaria Especial de Políticas para Mulheres, voltada especificamente às mulheres, vítimas
do tráfico. “O atendimento às mulheres em situação de tráfico de pessoas necessita de uma
atuação em rede que envolva os serviços locais, regionais e internacionais, para dar conta da
complexidade dos impactos sofridos pelas vítimas durante e depois do processo de exploração”
(SPM 2011, p. 34).
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7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS