Aula 2 Evolucao Do Direito Financeiro

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EVOLUÇÃO E SISTEMA DO DIREITO FINANCEIRO

O orçamento surge não só com o objetivo de organizar as receitas e


despesas de um Estado, mas como forma de controlo de arrecadação e
gasto. No primeiro momento, essa função estava concentrada na figura
do monarca, e, após, passa a ser dividida com o Parlamento. Isso
ocorre tendo em vista que o orçamento é, precisamente, uma lei
orçamentária: deveria ser aprovada pelo Parlamento.

Existia uma visão clássica sobre o orçamento, centrada nos aspectos


formais de preparação, aprovação, execução e modificação da lei
orçamentária, isto é, no ciclo orçamentário. A principal preocupação do
Direito Financeiro era a relação entre o Executivo e o Legislativo; na
época, como o Parlamento poderia controlar os gastos do Monarca.

No século XX, com as democracias modernas e com o Estado Social,


ocorre a constitucionalização das finanças públicas, em especial através
do surgimento da segunda dimensão dos Direitos Fundamentais, que
são os direitos econômicos e sociais. Nesse momento, o Estado passa
a ter uma postura ativa na concretização desses direitos, impactando
diretamente e substancialmente o Direito Financeiro. Assim, além dos
procedimentos de elaboração e aprovação da lei orçamentária, iniciasse
a intervenção no mérito da decisão orçamentária.

A previsão de gastos mínimos obrigatórios e receitas vinculadas para


determinadas áreas sociais, como é o caso da saúde e educação, são
exemplos dessa nova preocupação advinda da constitucionalização do
Direito Financeiro.

Não é apenas a identificação, de forma isolada, de normas na


Constituição que envolvem aspectos orçamentários. Na verdade, com a
constitucionalização, o Direito Financeiro passa a relacionar-se com

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normas que antes não eram associadas a parte de suas regras, tal
como os direitos fundamentais, a dignidade da pessoa humana, a
legalidade, a autonomia dos entes, separação de Poderes, dentre
outros.

A ideia estipulada é a de que atividade financeira, colocada dentro de


uma ordem constitucional, significa obter recursos e realizar gastos
visando a dar efetividade à Constituição. Em razão desse conjunto de
normas que passa a relacionar-se dentro e com o Direito Financeiro, é
que se permite falar em um sistema, um conjunto de normas dotadas de
unidade, coerência e completude.

Essa é a visão moderna, dotada de substância, de um sistema


constitucional financeiro com fonte na Constituição Financeira, a qual,
segundo Heleno Taveira Torres é a “parcela material de normas
jurídicas integrantes do texto constitucional, composta pelos princípios
fundamentais, competência e os valores que regem a atividade
financeira do Estado”.

Direito Financeiro:

Conceito: ramo do direito público que estuda as finanças do Estado em


sua estreita relação com sua actividade financeira. É, portanto, o
conjunto de regras e princípios que estuda a actividade financeira do
Estado, composta pela receita, despesa, orçamento e crédito público.

O Direito Financeiro sendo um ramo do Direito Público que disciplina a


actividade financeira do estado. Abrange, dessa forma, a receita pública
(obtenção de recursos), o crédito público (criação de recursos), o
orçamento público (gestão de recursos) e a despesa pública (dispêndio
de recursos).

AULA 3 e 4: FONTES DE DIREITO FINANCEIRO 2


 Ciência exegética, que habilita, mediante critérios puramente
jurídicos, os juristas a compreender e bem aplicarem as normas
jurídicas, substancialmente financeiras, postas em vigor.
 “Podemos conceituar a atividade financeira do Estado como
sendo a actuação estatal voltada para obter, gerir e aplicar os
recursos financeiros necessários à consecução das finalidades do
Estado que, em última análise, se resumem na realização do bem
comum”.
 Nas diversas conceituações do Direito Financeiro, sempre
observamos o seguinte núcleo: normas jurídicas de direito
positivo que regulam a atividade financeira do Estado.

Obs.: Direito Tributário:

 Objeto: tributo o Direito responsável pela criação do tributo.


Para ser criado o tributo não depende de autorização
orçamentária.
 Apesar do tributo ser a principal fonte de receita do Estado.
 Para ser criado o tributo não depende de autorização
orçamentária.

Actividade financeira do Estado:

Estado: deve atender às necessidades públicas da sociedade (cultura,


saúde, segurança, educação...).

Necessidades públicas: tudo aquilo que incumbe ao Estado prestar


(poder/dever), em decorrência de uma decisão política (orçamento),
inserida em norma jurídica.

Meios para manutenção do Estado: atividade financeira do Estado.

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Actividade financeira do Estado: é a procura de meios para satisfazer
às necessidades públicas que se dá por intermédio de quatro
fenômenos, quais sejam: receitas públicas, despesas públicas,
orçamento público e crédito público.

Atividade Financeira: o Obter recursos: receitas públicas

Criar o crédito púbico: endividamento publico

Gerir e planejar a aplicação dos recursos: Orçamento publico

Despender recursos: despesa pública.

Autonomia do Direito Financeiro

O Direito financeiro possui um sistema próprio de princípios e normas


que justifica seu estudo apartado do direito tributário, tendo em vista que
o direito financeiro estuda a actividade financeira do estado (a qual se
inclui as receitas tributárias, mas não somente elas).

Fontes do Direito Financeiro

Por fontes entende-se o local de onde se extrai a forma que o direito


financeiro irá se comportar. Assim, temos as fontes materiais
(expressão dos factos financeiros) e as fontes formais (como os factos
se exteriorizam), e que se dividem em: instrumentos primários e
secundários.

Fontes diretas: produzidas por pessoas na mesma época dos


acontecimentos registrados. Fontes indiretas: produzidas com base nos
relatos e vestígios da época, portanto, as fontes indiretas constroem-se
por meio das fontes diretas.

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Os Tipo de fonte de direito se destacam: primária, secundária e
terciária.

A fonte de origem geralmente é chamada de Fonte Primária, que é o


primeiro grau da informação. Por sua vez a fonte secundária é o
resultado da discussão e o resultado das fontes originais. Por fim
encontrasse as fontes terciarias, que são a junção entre o material
inédito com o material já discutido.

Existem 3 fontes do direito

Que são consideradas fontes escritas do direito, as Leis publicadas, a


jurisprudência e a doutrina, delas segregadas com a sua amplitude e ou
especificidade.
As fontes primárias são aquelas que emanam do poder constituinte ou,
também, da função típica do Poder Legislativo (legislar). Normalmente,
a principal fonte primária é a Constituição Federal, mas como afirmado,
é a principal, não sendo a única.
A função das fontes formais secundárias do Direito Financeiro?

As fontes formais secundárias ou indiretas são os usos e costumes,


além nas normas de direito civil, principalmente as que tratam das
obrigações e negócios jurídicos. Além da apresentação das fontes,
foram apresentadas as características do Direito Empresarial.

Fontes Formais:

As fontes formais podem ser: Estatais – São as leis e as


jurisprudências, fontes elaboradas pelo poder público; Não estatais –
São os costumes, doutrinas e negócios jurídicos e se descriminam em:

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1.1 Instrumentos Primários: a lei e os estatutos normativos que têm
força de lei.

a) Constituição da República (as diretrizes gerais sobre direito


financeiro).

b) Leis Complementares (as leis complementares em direito financeiro


que chamam mais atenção são: Lei de Responsabilidade Fiscal, que
trata de normas gerais em direito financeiro.

Lei Complementar, como as que possuem como objetivo o


planeamento, equilíbrio e transparência das contas públicas, para
cumprimento das metas e resultados entre receita e despesa, limites e
condições para a renúncia de receita e geração de despesas.

A LRF alcança: Administração Direta, Fundações e Autarquias,


Empresas Estatais Dependentes, Poder Legislativo, Poder Judiciário,
Ministério Público e Poder Executivo.

Lei complementar disporá sobre:

I - finanças públicas;

II - dívida pública externa e interna, incluída a das autarquias,


fundações e demais entidades controladas pelo Poder Público;

III - concessão de garantias pelas entidades públicas;

IV - emissão e resgate de títulos da dívida pública;

V - fiscalização das instituições financeiras;

V - fiscalização financeira da administração pública direta e indireta;

c) Leis Ordinárias: são bem utilizadas em direito financeiro, veiculadas


por leis orçamentárias, os principais exemplos são a Lei de Diretrizes
Orçamentárias (LDO), a Lei Orçamentária Anual (LOA) e o Plano
AULA 3 e 4: FONTES DE DIREITO FINANCEIRO 6
Plurianual (PPA). É importante relembrar que não há uma hierarquia
entre lei ordinária e lei complementar, segundo o entendimento
majoritário, somente competências distintas.);

d)Leis Delegadas: não pode haver lei delegada em matéria


orçamentária, assim, as leis delegadas não são fontes relevantes do
direito financeiro;

1.2 Instrumentos Secundários: demais diplomas regradores da


conduta humana, não apresentam a força vinculante.

a. Decretos – decretos são baixados pelo Poder executivo para dar fiel
execução às leis. Assim, aplicam-se decretos para fiel execução das leis
em matéria de direito financeiro, não podendo esse inovar ou criarem
questões que a norma não estabeleceu.

b. Resoluções – entende-se por resoluções as deliberações tomadas


pelo Congresso Nacional, ou por uma de suas casas, apartadas das
elaborações das leis. O presidente da república não precisa sancioná-
las, podendo sua promulgação ser feita pela mesa legislativa que a
produzir.

c. Actos Normativos – são atos que complementam a lei ou decreto,


produzido por autoridades administrativas, com o objetivo de tornar
aqueles aplicáveis ao caso concreto.

d. Decisões Administrativas – decisões administrativas que podem


orientar situações concretas. Ex.: Decisões do Tribunal de Contas
(Administrativo)

AULA 3 e 4: FONTES DE DIREITO FINANCEIRO 7


e. Decisões Judiciais – com o fenômeno já judicialização das políticas
públicas, há nas sentenças judiciais grande fonte para o direito
financeiro.

2. Fontes Materiais:

Actividade pré-normativa que auxilia o direito financeiro com dados da


economia, dos indicadores sociais, entre outros, que vinculam o direito
financeiro à realidade economia moçambicana.

Fontes materiais: são os documentos ou objetos físicos produzidos por


mãos humanas. Sendo assim, documentos escritos, pinturas, fotos,
vídeos, roupas, construções, objetos, entre outros, são considerados
pelos historiadores como fontes imateriais.

Premissas do Direito Financeiro

Limitação de Recursos: o orçamento prevê receitas e fixa despesas,


tendo isso em mente, há a necessidade de limitação de recursos
financeiros para que as demandas sociais existentes possam ser, de
alguma forma, atendidas. Por isso, os recursos serão sempre limitados
para que os direitos sociais sejam resguardados.

Escolhas Trágicas: levando em consideração a limitação dos recursos


financeiros, o Poder Executivo e Legislativo necessita realizar escolhas

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trágicas, de modo que precisam adiar ou descartar alguns direitos em
detrimento de outros.

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