Modelos Farmacocineticos
Modelos Farmacocineticos
Modelos Farmacocineticos
1. Introdução
A farmacocinética estuda o processo de metabolismo dos medicamentos
no corpo. Os modelos farmacocinéticos se utilizam das equações diferenciais
para predizer a concentração plasmática da droga em diferentes instantes (Me-
negotto, 2011). Os parâmetros farmacocinéticos (meia-vida, volume de distri-
buição, constante de eliminação, entre outros) são as medidas mais importantes
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3 [email protected]
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não estão saturados e podem se adaptar às necessidades do corpo, para reduzir
o acúmulo do medicamento (Benet e Zia-Amirhosseini, 1995).
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140
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100
C(t)
80
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40
20
0
0 5 10 15 20 25
t
n
X
Cdm = (C0 e−jkT )e−k(t−nT ) , para nT ≤ t < (n + 1)T.
j=0
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14000
12000
10000
8000
C(t)
6000
4000
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0
0 20 40 60 80 100 120
t
Um processo fuzzy é uma função fuzzy que associa cada número real
com um número fuzzy, isto é, F : R −→ RF . Dizemos que um processo fuzzy
é linearmente correlacionado (Simões, 2017) quando, para h suficientemente
pequeno, temos
[F (t + h)]α = q(h)[F (t)]α + r(h). (3.4)
Isto significa que o valor futuro F (t + h) está linearmente correlacionado com
o valor presente F (t), para cada h suficientemente pequeno.
Seja F : [a, b] → RF um processo fuzzy linearmente correlacionado para
todo t0 , t0 + h ∈ [a, b]. De acordo com Barros e Santo Pedro (2017), F é dita
′
ser L-diferenciável em t0 se existe um número fuzzy FL (t0 ) tal que o limite
F (t0 + h) −L F (t0 )
lim
h→0 h
′ ′
existe e é igual a FL (t0 ), na métrica d∞ . Ademais, FL (t0 ) é chamada de
derivada fuzzy linearmente correlacionada de F em t0 . No extremo de [a, b],
consideramos a derivada de apenas um lado.
Modelo farmacocinético de compartimento único via ... 43
′ ′
i.
[(fα− ) (t0 ), (fα+ ) (t0 )] se q(h) ≥ 1
′ ′ ′
[FL (t0 )]α = ii. [(fα+ ) (t0 ), (fα− ) (t0 )] se 0 < q(h) < 1 .
′
iii. {(fα ) (t0 )} se q(h) ≤ 0
A variação individual em reposta a uma dose é, na grande maioria das ve-
zes, maior que a variabilidade da concentração plasmática em relação à aquela
dose (Rang et al., 2015). assim, visando uma forma para descrever essa va-
riabilidade na concentração, vamos considerar que a concentração plasmática
do Ertapeném é um processo fuzzy linearmente interativo (ver equação (3.4)).
Dessa forma, obtemos o seguinte problema de valor inicial fuzzy:
′
C (t) = −kC(t) C(0) = C0 ∈ RF , (3.5)
( ′ ′
[(c+ − + −
α ) (t), (cα )(t) ] = [−kcα (t), −kcα (t)]
− + , (3.6)
[C(0)]α = [c0α , c0α ]
100
C(t)
80
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t
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t
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t
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C(t)
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0
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t
4 Conclusão
A variação inter e intraindividual é substancial e pode ser causada por va-
riações farmacocinéticas, isto é, diferentes concentrações do fármaco nos locais
de ação ou variações farmacodinâmicas, isto é, diferentes respostas à mesma
concentração de um fármaco (Rang et al., 2015). Quando essa variabilidade
não é levada a sério, ela pode resultar em perda de eficácia e efeitos adversos
inesperados (Rang et al., 2015). Neste trabalho apresentamos um modelo de
cinética de eliminação de primeira ordem fuzzy. No texto argumentamos que
muitos fatores podem influenciar a concentração plásmatica em um indivı́duo,
assim, levando em conta essa natureza incerta (ou imprecisa), um modelo de
equações diferenciais fuzzy interativo foi proposto. Em particular, estudamos
o antibiótico do tipo carbapenéns, chamado Ertapeném. O interessante desta
nova abordagem é que modelamos um cenário de incertezas e sua evolução no
tempo através do parâmetro q(h) = e−kh , para cada h. Ademais, obtemos um
resultado satisfatório sem precisar tornar nosso modelo muito complexo.
Agradecimentos
Os autores gostariam de agradecer as agências de fomento CAPES pro-
cesso no. 88882.305833/2018-01, CNPq processo no. 306546/2017-5 e Fapesp
processo no. 2016/26040-7.
Referências
Barros, L. C., Bassanezi, R. C., e Lodwick, W. A. (2016). First Course in
Fuzzy Logic, Fuzzy Dynamical Systems, and Biomathematics. Springer.
Carlsson, C., Fullér, R., et al. (2004). Additions of completely correlated fuzzy
numbers. In 2004 IEEE International Conference on Fuzzy Systems (IEEE
Cat. No. 04CH37542), volume 1, páginas 535–539. IEEE.
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Rang, R., Ritter, J. M., Flower, R. J., e Henderson, G. (2015). Rang & Dale
Farmacologia. Elsevier Brasil.
Tängdén, T., Adler, M., Cars, O., Sandegren, L., e Löwdin, E. (2013). Frequent
emergence of porin-deficient subpopulations with reduced carbapenem sus-
ceptibility in esbl-producing escherichia coli during exposure to ertapenem in
an in vitro pharmacokinetic model. Journal of Antimicrobial Chemotherapy,
68(6):1319–1326.