Constetação Com Reconvenção. 1
Constetação Com Reconvenção. 1
Constetação Com Reconvenção. 1
Balsas-MA
2023
Ao Douto Juízo da 17° Vara de Família da Comarca de Fortaleza, Estado do Ceará
Processo n°...
em face de CARLOS, devidamente qualificado nos autos desta ação de divórcio por
ele ajuizada, pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos.
I. TEMPESTIVIDADE
Cumpre destacar que a Ré sofreu violência financeira por parte do Autor e, com
isso, conseguiu uma medida protetiva de urgência contra ele. Não obstante a violência
sofrida, o Autor decidiu separar-se da Ré, alegando que o matrimônio se tornara
“insuportável”, resultando na presente demanda processual. Por fim, tendo em vista a
existência de filho menor, não há a possibilidade de realizar a separação de forma
extrajudicial.
Assim, não deve ser aceita a mera declaração de hipossuficiência, devendo ser
exigida prova da impossibilidade de pagamento das custas processuais. Portanto,
tendo em vista que o Autor não comprovou a miserabilidade com as devidas provas,
o indeferimento do pedido é medida lógica a ser seguida.
IV. DO DIREITO
Quanto ao imóvel residencial localizado na cidade de Balsas, este não deve ser
comunicado, tendo em vista que foi adquirido através de herança recebida pela Ré,
em razão do falecimento de seu pai. Tal alegação merece guarida, tendo em vista que
disciplinada no artigo 1.659 do diploma legal supracitado, vejamos:
Ainda, quanto à alegação do autor de que teria direito a 100% do imóvel e das
quotas empresariais, compradas por ele, esta não deve ser atendida, tendo em vista
que, mesmo que os bens tenham sido comprados com o dinheiro do autor, tal fato não
é fundamento apto a retirar o direito da autora sobre os bens, isso porque o Código
Civil preceitua que apenas os bens previstos no artigo 1.659 da referida Lei serão
excluídos da comunicabilidade.
Por sua vez, a alegação do autor de que referidos bens seriam seus por direito,
já que comprados com o seu dinheiro, demonstra, mais uma vez, a violência financeira
pela qual a ré era submetida, já que, por dedicar-se à família, não obtinha proventos
próprios como o esposo, abdicando de sua vida pessoal. Assim, como a justificativa
alegada pelo autor não encontra respaldo na Lei, os bens aquiridos na constância do
casamento, ainda que pagos exclusivamente pelo autor, devem respeitar a divisão
igualitária, conforme preceitua o regime da comunhão parcial de bens do artigo 1.658
do Código Civil.
Por fim, mais uma vez, o autor cita sua ótima condição financeira para requerer
violações ao direito da ré, aduzindo que, por ostentar situação econômica proveitosa,
deve ter a guarda da filha do casal, que, atualmente, reside com a mãe.
Todavia, a situação fática requer um maior cuidado para que a criança não seja
excluída do convívio dos pais e não tenha mudanças bruscas em sua rotina, assim, a
melhor saída para que os interesses conflituosos dos genitores não afetem a vida da
criança é a guarda compartilhada, conforme o que disciplina o artigo 1583, §3°, do
Código Civil, mantendo a responsabilidade sobre a menor para ambos os pais, mas
permanecendo esta a residir com a sua mãe, ora ré, já que a condição financeira
elevada de um dos pais não é fator determinante para a concessão da guarda
provisória.
4. DA RECONVENÇÃO
4.2. PRELIMINARMENTE
4.2.1. DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA
Requer-se a concessão dos benefícios da justiça gratuita, uma vez que a Ré
Reconvinte, não possui condições suficientes para arcar com as despesas
processuais sem prejuízo de seu próprio sustento e de sua família.
Destaca-se, que dada a violência patrimonial suportada pela Ré reconvinte na
constância da união conjugal, era privada de inserir-se no mercado de trabalho,
tornando-se dependente financeira do Autor reconvindo, conforme faz prova Carteira
de Trabalho e Previdência Social anexada aos autos.
Assim, com fundamento no art. 5°, LXXIV, da Constituição Federal e artigos 98,
caput e 99, §6º do Código de Processo Civil, pugna-se pela concessão da gratuidade
de justiça.
4.3 – DO MÉRITO
4.3.1. DOS ALIMENTOS DEVIDOS
Em continuidade aos anseios da Ré reconvinte, ela busca, através do poder
judiciário, a assistência alimentícia de seu ex-cônjuge.
A obrigação de prover sustento, sob a perspectiva jurídica, abrange não apenas
a questão financeira, mas também considera o status social que o cônjuge mantinha
antes da dissolução da união estável. Além disso, é essencial levar em conta a relação
entre a necessidade da parte que busca os alimentos e a capacidade financeira da
parte que deverá fornecê-los, um equilíbrio que sempre deve ser mantido no centro
das discussões relacionadas à pensão alimentícia.
Neste prisma, afirma o doutrinador Beviláqua apud Cahali (2006. P. 16) que: A
palavra alimentos tem, em direito, uma acepção técnica, de mais larga extensão do
que na linguagem comum pois compreende tudo o que é necessário à vida: “sustento,
habitação, roupa e tratamento de moléstias”
Nesse contexto, a legislação brasileira estabelece, especificamente no início
do artigo 1.694 do Código Civil, que os cônjuges têm o direito de solicitar assistência
financeira um ao outro quando dela necessitarem para manter o mesmo padrão social
que tinham durante o casamento.
Assim, se, após o término da união conjugal, um dos cônjuges não puder mais
se sustentar adequadamente ou se sofrer um impacto que afete sua posição social, é
possível solicitar pensão alimentícia. Esse pedido pode ser feito tanto pelo homem
quanto pela mulher, em conformidade com o princípio de igualdade de direitos e
obrigações entre os gêneros, conforme estabelecido no artigo 5º, inciso I, da
Constituição Federal.
No mesmo sentido, os alimentos, tanto como dever, como de direito, também
são preconizados pelo CC, nos termos seguintes:
Art. 1.695. São devidos os alimentos quando quem os pretende não tem
bens suficientes, nem pode prover, pelo seu trabalho, à própria mantença, e
aquele, de quem se reclamam, pode fornecê-los, sem desfalque do
necessário ao seu sustento.
Nesse sentido, vejamos o entendimento deste Colendo Tribunal de Justiça do
Distrito Federal e Territórios:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE DIVÓRCIO C/C ALIMENTOS
TUTELA DE URGÊNCIA. PENSIONAMENTO DEVIDO À VAROA.
CAPACIDADE CONTRIBUTIVA DO ALIMENTANTE. DILAÇÃO
PROBATÓRIA. ALIMENTOS PROVISIONAIS. RAZOABILIDADE.
É cediço que o dever de mútua assistência, que se prolonga mesmo após o
desfazimento da sociedade conjugal, conforme ditames da Constituição
Federal e do Código Civil de 2002, justifica-se quando o ex-cônjuge não tem
condições de subsistir por seu próprio esforço. Com efeito, os alimentos são
devidos aos ex-cônjuges quando há dependência econômica habitual e
comprovada e, ainda, esteja patente a impossibilidade de exercício de
atividade laboral, seja em razão de idade, enfermidade, inaptidão ou casos
nos quais uma das partes não possa, por circunstâncias alheias à sua
vontade, ingressar no mercado de trabalho para prover sua própria
subsistência. Se a adequada análise dessas circunstâncias demanda dilação
probatória, afigura-se recomendável, ante a natureza e destinação da verba
em questão, que seja assegurado o seu pagamento em sede de provimento
antecipatório, até que a questão seja examinada em sede de cognição plena.
A obrigação de prestar alimentos tem como objetivo, no mínimo, assegurar uma
parcela de dignidade. Nesse contexto, o artigo 4º da Lei 5.478/68 estabelece que
quando um pedido é apresentado, o juiz determinará imediatamente o pagamento de
alimentos provisórios pelo devedor, a menos que o credor declare explicitamente que
não precisa deles.
Destaca-se que, conforme bem detalhado nos fatos acima, a Ré reconvinte já
havia obtido Medida Protetiva de Urgência em face de seu marido em razão da
violência financeira que vinha sofrendo, por ser totalmente dependente
economicamente do seu cônjuge, que não a deixava exercer qualquer tipo de
atividade remunerada. Assegura-se, que a medida da prestação alimentícia é
imprescindível, visto que o momento atual é de recomeço, não podendo arcar com
sua própria subsistência.
Nesse entendimento, o Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão (TJMA), é
assente quanto ao momento e a necessidade da tal assistência pecuniária, vejamos:
ALIMENTOS FIXADOS PARA EX-CÔNJUGE. EXONERAÇÃO.
1. A obrigação de prestar alimentos à ex-cônjuge é excepcional,
ostentando caráter assistencial e transitório, servindo como mecanismo
de adaptação à nova realidade que se impõe e suficiente ao
soerguimento da alimentanda, com sua reinserção no mercado de
trabalho. 2.Tendo a alimentanda recebida alimentos por tempo mais que
suficiente ao seu desenvolvimento pessoal, deve ser extinta a obrigação do
alimentante, pois não se pode albergar, sob o manto da Justiça, a inércia
laboral de um sujeito em detrimento da sobrecarga de outro. 3. Apelo
conhecido e improvido. Unanimidade. (apelação cível nº 53738-
56.2014.8.10.0001)
Destaca-se, os alimentos transitórios têm como finalidade assegurar a
subsistência da parte economicamente menos favorecida em virtude de ter dedicado
ao lar ou mesmo um estilo de vida como inerente à manutenção de um status social.
Ressalta-se, que a obrigação de prestar alimentos entre ex-cônjuges, decorre
do Princípio Constitucional da Solidariedade e do dever de mútua assistência, quais
são fixados equitativamente, além do binômio necessidade-possibilidade, ainda deve
ser estabelecido o trinômio necessidade-possibilidade-proporcionalidade, ou seja, a
capacidade para o trabalho e a possibilidade de reinserção no mercado de trabalho,
vejamos abaixo os artigos 1.694 e 1.695 do Código Civil:
Outra não tem sido a orientação da Corte de Superposição em casos análogos:
"Essa é a plena absorção do conceito de excepcionalidade dos alimentos
devidos entre ex-cônjuges, que repudia a anacrônica tese de que o
alimentado possa quedar-se inerte - quando tenha capacidade laboral - e
deixar ao alimentante a perene obrigação de sustentá-lo. Decorrido esse
tempo razoável, fenece para o alimentado o direito de continuar recebendo
alimentos, pois lhe foi assegurada as condições materiais e o tempo
necessário para o seu desenvolvimento pessoal, não se podendo albergar,
sob o manto da Justiça, a inércia laboral de uns, em detrimento da sobrecarga
de outros" (REsp 1.205.408/RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi).
Diante o exposto, requer desde já o DEFERIMENTO, do pedido de PENSÃO
ALIMENTÍCIA nos valores de R$ XXXXXX, prestados por tempo determinado de
XXXXX.
4.3.2. DA GUARDA COMPARTILHADA
3) Seguindo tal dinâmica, nas festas de final de ano, a menor nos anos
pares, desfrutará do Natal junto ao Autor Reconvindo e o Ano Novo com a Ré
Reconvinte, invertendo-se essa ordem nos anos ímpares ou conforme as
necessidades devidamente fundamentadas dos genitores;
V. DOS PEDIDOS
E) O cálculo dos haveres das quotas empresariais em favor da ré, com o seu
consequente pagamento.
Nestes termos,
Pede-se deferimento.
_________________________________
Advogado – OAB/XX
XX.XXX