RC04A
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RC04A
EMPREENDEDORISMO:
RELAÇÃO ENTRE MOTIVAÇÃO EMPREENDEDORA,
PERFIL DO EMPREENDEDOR E DESEMPENHO ORGANIZACIONAL
BLUMENAU
2003
IRIO ROQUE DEBASTIANI
EMPREENDEDORISMO:
RELAÇÃO ENTRE MOTIVAÇÃO EMPREENDEDORA,
PERFIL DO EMPREENDEDOR E DESEMPENHO ORGANIZACIONAL
BLUMENAU
2003
EMPREENDEDORISMO: RELAÇÃO ENTRE MOTIVAÇÃO
EMPREENDEDORA, PERFIL DO EMPREENDEDOR E DESEMPENHO
ORGANIZACIONAL
Por
Presidente: ________________________________________________
Prof. Dra. Marianne Hoeltgebaum, Dr. rer. pol. – Orientadora
Membro: ________________________________________________
Prof. Dra. Eloise Helena Livramento Dellagnelo
Membro: ________________________________________________
Prof. Dra. Maria José Carvalho de Souza Domingues
The entrepreneurs form the economic basis of any nation. The main studies on the
topic have been published since the last decade, and there are few scientific publications on
this subject. This dissertation contributes for the search of greater information about the
entrepreneurs, being part of a set of studies carried through the Enterprising Nucleus at FURB
– Blumenau Regional University. The general objective of this study is to identify the profile
of the entrepreneurs with more than three years of activity, acting in the city of Gaspar, their
motivation for founding and maintaining their own business, and to verify the satisfaction of
these entrepreneurs with the performance of their companies. In order to accomplish this
objective, the random probabilistic sample of the research was constituted by 199 operating
companies in the textile industry of Gaspar, with a margin of error of 6%, according to the
information provided by Gaspar City Hall. The data collection was carried out applying a
questionnaire, where it identified the person interviewed, his/her profile (response with
suitable scale of the model developed by Miner (1998)), the motivation to the enterprising
event (response of the model developed by Kuratko; Hornsby; Naffziger (1997)), and the
perception of the measurement of the organizational performance (response of model
developed by Namam; Slevin (1993)). In the Sphinx Lexical the analysis of multiple
correspondences was made, where it was determined the existence of several groupings that
allowed the visualization of interdependence between the items as a study proposal. The
Excel program made possible a better observation of the information and complementary
analyses. Upon analyzing the profile of the people interviewed, it was obtained as the main
results: a) the predominant profile among the searched entrepreneurs is the generating profile
of ideas; b) the most important entrepreneur's motivation are the extrinsic objectives. c) the
entrepreneurs with accomplishing profile and super selling profile are the most satisfied with
the performance of their enterprises; d) through the analysis of Burt’s table (sphinx software
component), it is verified that even predominating the generating profile of ideas, this in
general analysis, it is not most satisfied with the organizational performance, but the item
“believing that the development of new products is essential to place practice the company’s
strategy”, it possesses a strong interdependence with the moderate satisfaction (value 4 in the
Lickert scale) in all items related to the measurement of the organizational performance; e)
high interdependence “strong commitment with the company” it also occurs with the item
related to the accomplishing profile, with the moderate satisfaction with the performance; f) it
was verified high incidence of complex profiles; g) it was verified that the generating profile
of ideas has low interdependence with intrinsic objectives and strong interdependence with
the other motivators; h) the super salesmen have strong interdependence with extrinsic
objectives; i) the producers strong are motivated by the autonomy and independence. j) it was
verified greater interdependence between the entrepreneurs with low education level, with
high or moderate satisfaction of performance, in comparison with the entrepreneurs with
higher education level. The interdependences between the three variable studied, refined
throughout the study suggests the continuity of the studies by other authors in the area of
Business Administration that are interested in the subject.
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 12
1.1 PROBLEMA DA PESQUISA ........................................................................................ 13
1.2 PRESSUPOSTOS ..........................................................................................................15
1.3 PERGUNTAS DE PESQUISA.......................................................................................16
1.4 OBJETIVOS .................................................................................................................. 16
1.4.1 Geral............................................................................................................................16
1.4.2 Específicos .................................................................................................................. 16
1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO.................................................................................... 17
1.6 JUSTIFICATIVA / RELEVÂNCIA ............................................................................... 17
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ..............................................................................20
2.1 EMPREENDEDORISMO ..............................................................................................20
2.1.1 Empreendedologia .................................................................................................... 21
2.2 EMPREENDEDORISMO NO BRASIL.........................................................................23
2.2.1 Empreendedorismo nas regiões do Brasil.....................................................................25
2.3 ATIVIDADE EMPREENDEDORA............................................................................... 27
2.4 O EMPREENDEDOR.................................................................................................... 28
2.4.1 Empreendedor no Brasil ..............................................................................................31
2.4.2 Perfil do empreendedor................................................................................................32
2.5 MOTIVAÇÃO EMPREENDEDORA ............................................................................36
2.6 DESEMPENHO ORGANIZACIONAL .........................................................................42
3 MÉTODO E TÉCNICAS DE PESQUISA ................................................................. 48
3.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA............................................................................... 48
3.2 POPULAÇÃO / AMOSTRA .......................................................................................... 48
3.3 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS............................................................... 50
3.4 PROCEDIMENTOS DE COLETA E ANÁLISE DE DADOS .......................................54
3.5 LIMITES DA PESQUISA..............................................................................................55
3.6 ANÁLISE DOS DADOS ............................................................................................... 56
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ............................................................................... 57
4.1 DADOS DEMOGRÁFICOS .......................................................................................... 57
4.2 ANÁLISE DO PERFIL DO EMPREENDEDOR DE GASPAR .....................................59
4.2.1 Análise do perfil complexo.......................................................................................... 60
4.3 MOTIVAÇÃO EMPREENDEDORA EM GASPAR .....................................................61
4.4 DESEMPENHO ............................................................................................................. 63
4.5 PERFIL DO EMPREENDEDOR E SATISFAÇÃO COM DESEMPENHO...................64
4.5.1 Interdependências entre perfil e desempenho pela análise multifatorial........................ 65
4.6 INTERDEPENDÊNCIA ENTRE MOTIVAÇÃO E DESEMPENHO............................. 68
4.6.1 Análise dos empreendedores com mais de uma motivação (complexo) e sua
interdependência com a satisfação com o desempenho. ........................................................ 69
4.6.2 Interdependência entre motivação e desempenho pela análise de correspondências
múltiplas...............................................................................................................................69
4.8 INTERDEPENDÊNCIA ENTRE MOTIVAÇÃO EMPREENDEDORA E
PERFIL DO EMPREENDEDOR .........................................................................................72
5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES...................................................................76
5.1 CONCLUSÕES..............................................................................................................76
5.2 RECOMENDAÇÕES.....................................................................................................78
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..............................................................................80
APÊNDICES ...................................................................................................................... 84
12
1 INTRODUÇÃO
Algumas pessoas convivem bem com a incerteza, outras necessitam de uma visão bem
clara sobre seu futuro, com salário em dia certo e garantia de aposentadoria. Os seres
humanos escolhem seu estilo de vida, por inúmeras motivações. Os empreendedores
vislumbram independência, alguns buscam riqueza, outros buscam realização.
Os humanos são livres para iniciar negócios por conta própria. As oportunidades
existem, e representam a transformação de uma idéia inovadora ou não, em um produto ou
serviço que faça uma empresa crescer. Cabe a cada indivíduo saber reconhecê-las, e ter
atitude, buscando os recursos e movendo pessoas em direção à sua visão.
O desempenho das pessoas durante a vida pessoal, ou profissional, não está,
necessariamente, ligado à posse de recursos materiais. Porém, pode estar ligado às
experiências adquiridas, e habilidades, ou às motivações, que fazem aflorar essas habilidades
individuais. A capacidade de se divulgar e de envolver pessoas nos projetos, também pode
determinar o sucesso de uma ou mais pessoas no alcance dos seus objetivos.
A necessidade de inventar, de ganhar dinheiro para gastar ou acumular, de sentir-se
seguro e dar segurança aos familiares, de reconhecimento ao mostrar nossas potencialidades,
essas entre outras necessidades, têm origem na educação, e na sociedade, ou características
pessoais do próprio indivíduo.
O empreendedor tornou-se alvo de estudos publicados no país nesta década, assim,
torna-se importante a realização de pesquisas científicas que abordem este importante ator do
desenvolvimento econômico do país.
Neste estudo realizado com a indústria têxtil de Gaspar, buscou-se conhecer as
interdependências entre variáveis de características comportamentais, que traçam o perfil de
um empreendedor, os fatores que motivam a formação de um empreendimento, e a satisfação
dos proprietários com o desempenho das empresas geridas por eles.
Na pesquisa realizada com os proprietários de empresas têxteis de Gaspar, buscou-se
classificar os empreendedores pesquisados em quatro perfis pré-determinados por Miner
(1998), que são: o realizador, o supervendedor, o autêntico gerente e o gerador de idéias.
Propôs-se identificar a origem fundamental da motivação ao evento empreendedor conforme
Kuratko; Hornsby; Naffziger (1997), os quais estabelecem quatro motivações fundamentais,
denominadas por ele como motivações “extrínsecas”, de “autonomia” e “independência”,
“intrínsecas”, e de “segurança familiar”.
13
Moore; Petty (1997). Para que com maior perspectiva de sucesso, os empreendedores possam
estar mais encorajados a empreender, possibilitando impacto positivo no crescimento da
economia e do emprego.
1.2 PRESSUPOSTOS
1.4 OBJETIVOS
1.4.1 Geral
Identificar o perfil do empreendedor com mais de três anos de atividade, que atua na
cidade de Gaspar, sua motivação para fundação e manutenção de um negócio próprio, e
verificar a satisfação dos mesmos com o desempenho da sua empresa.
1.4.2 Específicos
17
Nas últimas duas décadas, poucas informações foram encontradas sobre a relação
entre motivações que levam ao empreendedorismo, sobre os empreendedores e sobre o
desempenho das organizações. Encontraram-se algumas relações entre motivação e
18
desempenho, porém nada foi encontrado, que relacionasse essas variáveis ao perfil do
empreendedor, conforme comprova o problema deste estudo. Considera-se de fundamental
importância para os profissionais da área empresarial e instituições de fomento
organizacional, um maior conhecimento sobre a realidade e variáveis relacionadas ao
fenômeno do empreendedorismo no Brasil.
O aprofundamento dos conhecimentos específicos relacionados às três variáveis, como
propõe o presente estudo, contribui para melhoria do suporte à implementação e
desenvolvimento de novas empresas, por meio de adequados mecanismos e organizações de
apoio, à formação de novos empreendimentos, que, quando planejados e intencionalmente
orientados, podem servir como um eficiente sistema de desenvolvimento econômico, com
base nas competências econômicas localizadas.
É importante lembrar que, ao haver grande concentração de indústrias têxteis,
indústria de fundamental importância econômica para o Vale do Itajaí, há maior facilidade
para a criação e desenvolvimento de novos negócios nesta indústria. Conforme Hoeltgebaum;
Rodrigues (2002), pela sinergia trocada entre as empresas complementares e pela
proximidade geográfica das mesmas, ocorre uma aceleração natural na consolidação de
empresas complementares na região, além de uma integração entre os negócios existentes, em
um processo sistêmico de integração.
Com um maior conhecimento sobre as motivações que levaram os empreendedores da
indústria têxtil da cidade de Gaspar ao sucesso, (neste estudo, aquelas com mais de três anos
de atividade), as instituições de fomento ao desenvolvimento empresarial, poderão
desenvolver novos programas, campanhas e instrumentos para o aumento do número de
empreendimentos na região.
Ao conhecer melhor as características comportamentais predominantes no perfil dos
empreendedores de sucesso da região, as universidades, instituições de fomento e sociedade,
poderão estimular o surgimento de empreendedores melhor compreendidos e capacitados.
Também poderão evitar as armadilhas e problemas do perfil estudado, além de, ao conhecer a
satisfação pelo desempenho organizacional, das empresas que compõe o setor têxtil local,
pode-se tomar medidas corretivas de estímulo ao empreendedor e ao empreendedorismo.
O conhecimento do perfil e motivação dos empreendedores do ramo têxtil da cidade
de Gaspar, relacionado à sua satisfação com a situação atual da empresa, contribuirá para
maior previsibilidade, nas eventuais ações de órgãos de fomento industrial, públicos e
privados. Quaisquer decisões dessas instituições de fomento, com vistas ao desenvolvimento
industrial, podem ser tomadas com maior probabilidade de sucesso dos empreendimentos
19
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Para realização deste estudo, foram consultadas obras dos melhores autores da área da
administração, mundialmente consagrados. Buscaram-se informações relativas as variáveis
constantes no objetivo geral de estudo, onde são encontradas inúmeras publicações a respeito.
Buscaram-se também publicações quantitativas que mostrassem as principais correlações
existentes entre estas variáveis, o que existem em menor número.
2.1 EMPREENDEDORISMO
leva e trás junto recursos, gerenciamento direto, relativa autonomia para dispor e discutir
recursos e correr risco para o sucesso ou fracasso de um empreendimento.
O autor Pinchot (1989), centraliza seu conceito de empreendedorismo na necessidade
realizar, que não é necessariamente estabelecida na infância e pode ser desenvolvida em
qualquer ponto da vida, dados o desejo e a oportunidade. Essa necessidade de auto-realização
vai de encontro com o que diz McClelland (1972). O autor Pinchot (1989) recomenda alguns
comportamentos para estimular o empreendedorismo, entre eles: ir para o trabalho a cada dia
disposto a ser demitido; evitar quaisquer ordens que visem interromper seu sonho; encontrar
pessoas para ajudá-lo; lembrar de que é mais fácil pedir perdão do que pedir permissão; ser
leal às suas metas, mas realista quanto às maneiras de atingi-las.
Ao surgirem oportunidades para o desenvolvimento de negócios lucrativos, algumas
pessoas reconhecem rapidamente essas oportunidades e têm maior capacidade para assumir os
riscos envolvidos na construção de um novo empreendimento. Outras, dão maior valor à
estabilidade e segurança do trabalho assalariado e, encontram muita dificuldade em tomar
atitudes em relação às possibilidades existentes, de constituição de negócios próprios.
Em pesquisa realizada pela GEM, (apud DOLABELA, 1999), foram analisados dez
países, e os maiores níveis de atividade empreendedora estão: o Canadá, Estados Unidos e
Israel, seguidos de Itália e Inglaterra. Os que apresentaram o menor índice entre os dez foram
à Alemanha, Dinamarca, Finlândia, França e Japão. Alemanha apresenta uma das menores
taxas de atividade empreendedora, e por conseqüência, conforme Veiga (1999), também tem a
menor taxa de fechamento de empresas antes de cinco anos de atividade.
Sobre o desenvolvimento do empreendedorismo através da educação, Shapero (1981)
afirma que ao serem respondidas algumas questões, será possível desenvolver e implementar
uma política de educação para o empreendedorismo. Essas questões dizem respeito ao
estímulo ao crescimento do empreendedorismo, implementado pelo governo. E ações
governamentais no sentido de enfatização do empreendedorismo em nível educacional para
criação de mais empreendimentos.
2.1.1 Empreendedologia
Segundo Filion (apud LENZI, 2002), cinco escolas trazem diferentes aspectos da
empreendedologia: a escola econômica, a escola comportamentalista, a escola fisiológica, a
escola positivo funcional e a escola do mapeamento cognitivo.
22
Comportamento Ser isolado. Ser social. Voltado Ser social com Ser social Ser social
organizacional Ação em para necessidade de desempenho de integrado ao racional
do indivíduo: função do poder múltiplos papéis ambiente voltado ao
indivíduo conhecimento
e inovação
Sistema de Salarial e Mistos. Mistos Material Mistos. Salários Incentivos
Incentivos: recompensas Material e social e social e incentivos salariais e
por sociais sociais
atingimento
metas
Relação entre Conflitante: Não há conflito de Conflitos Conflitos Conflitos
objetivos interesse da interesses. Objetivo possíveis e possíveis e possíveis e
org. e objetivos organização da organização acima negociáveis negociáveis negociáveis
individuais: acima de tudo. de tudo.
Resultados Máxima Eficiência e eficácia Máxima Efetividade Eficiência e
almejados: eficiência eficiência eficácia
Conforme GEM (2002), estima-se que no Brasil em 2002, 14,4 milhões de pessoas
estavam envolvidas com alguma atividade empreendedora, ou seja, 1 em cada 7 brasileiros
estava empreendendo, fato este que coloca o país em sétimo lugar na classificação mundial,
com uma Taxa de Atividade Empreendedora (TAE ) de 13,5%. O Brasil participa com 5%
24
dos 286 milhões de empreendedores ativos em 2002 nos 37 países participantes de estudos
sobre empreendedorismo.
A atividade empreendedora é dinâmica, e mostra uma distinção através dos fatores que
levam as pessoas à decisão de empreender. Empreendedores motivados pela identificação de
oportunidades, apresentam uma pequena queda em 2002, em comparação ao número de
indivíduos que alegam estar empreendendo por não encontrarem opção para auferir renda.
Neste ano esses dois tipos de empreendedorismo representam, respectivamente, 42,0% e
55,6% do total. O Brasil destaca-se pelo fato de ser o país com a taxa mais elevada de
empreendedores por necessidade, acima de países como a Índia, China, Argentina e o Chile.
A distinção das condições que intervêm na decisão de estabelecer uma nova empresa permite
vislumbrar a possibilidade de uma ação mais efetiva com melhores resultados ao tratar de
políticas e programas para estes segmentos.
Conforme GEM (2002), há uma concentração de empreendimentos nos setores de
comércio e de serviços, destacando-se neles as atividades de alimentação. Os negócios
voltados para novos mercados têm participação diminuta no conjunto de empreendimentos em
2002, representando apenas 24% do total de empreendedores. A participação da empresa
familiar é significativa no Brasil. Mais de 50% dos empreendimentos em 2002, nascentes ou
em outros estágios no seu ciclo de vida, tinham participação familiar em comparação à média
internacional de mais de um terço. No Brasil esse segmento representa aproximadamente 6,3
milhões de empresas. No tocante à participação da mulher como empreendedora, o Brasil
mantém sua posição de destaque, com uma participação de 42% do total de empreendedores,
acima da média mundial de 39,9%. A crescente participação da mulher em atividades de
natureza empreendedora traz novas demandas para a comunidade com evidentes implicações
para a política pública.
A avaliação dos especialistas consultados, conforme GEM (2002), destaca como
aspectos que desempenham papel estratégico no fortalecimento das condições estruturais que
dão sustentação ao processo de criação e consolidação de novas empresas, a disponibilidade e
a facilidade de acesso ao capital, a formulação de políticas e programas mais adequados e
consistentes com a realidade do empreendedor, a revisão da carga tributária e exigências
legais e processuais, a capacitação para a gestão de novos negócios e o acesso a novas
tecnologias e processos. Seguindo o que acontece também em outros países participantes da
pesquisa, os especialistas consultados no Brasil demonstram igualmente pouca familiaridade
ou convivência com o tipo de empreendimento classificado como sendo de necessidade.
25
Verifica-se que, em média, 14% da força de trabalho desses países está envolvida em
atividades empreendedoras. Ressalta-se que, na sua maioria, são países em desenvolvimento.
O Brasil com uma força de trabalho (pessoas de 18 a 64 anos) de 106 milhões de pessoas
apresenta uma taxa de empreendedores de 13,5%, ou seja, 14 milhões de pessoas envolvidas
na criação ou administração de algum negócio com menos de três anos e meio de vida.
2.4 O EMPREENDEDOR
O conjunto das idéias destes autores, mostra o empreendedor como uma pessoa
criativa, com atitude para reconhecer as oportunidades e que participa ativamente do
desenvolvimento econômico pela concretização dos seus projetos.Outras abordagens sobre o
empreendedor são apresentadas em ordem cronológica:
Tabela 5 -Diferentes abordagens sobre empreendedores
DATA AUTOR CARACTERÍSTICAS
1848 Mill Tolerância ao risco
1917 Weber Origem da autoridade formal
1934 Schumpeter Inovação, iniciativa
1954 Sutton Busca de responsabilidade
1959 Hartman Busca de autoridade formal
1961 McClelland Corredor de risco e necessidade de realização
1963 Davids Ambição, desejo de independência, responsabilidade e
autoconfiança
1964 Pickle Relacionamento humano, habilidade de
comunicação, conhecimento técnico
1971 Palmer Avaliador de riscos
1971 Hornaday e Aboud Necessidade de realização, autonomia, agressão, poder,
reconhecimento, inovação, independência.
1973 Winter Necessidade de poder
31
Conforme GEM (2002), no Brasil, entre a força de trabalho, 16,0% dos homens e
11,3% das mulheres desenvolvem alguma atividade empreendedora, envolvendo,
respectivamente, 8,3 milhões e 6,1 milhões de pessoas.
Em termos de renda familiar, conforme GEM (2002), a classe mais dinâmica na
criação de empreendimentos está na faixa de 6 a 9 salários mínimos, com uma taxa de 17,9%.
Em se tratando de escolaridade, as pessoas que completaram entre 5 e 11 anos de estudo
tendem a estar mais envolvidas em empreendimentos do que as demais classes, com uma taxa
de 16%.
70
60
50
40
(%)
30
20
10
0
Homens Mulheres 15-24 25-34 35-44 45-54 55-64
Anos Anos Anos Anos Anos
É aquele que gosta de poder e não precisa de gerente, assumindo ele mesmo essa
função. É bom vendedor, quer uma empresa grande que precise dos seus talentos na
administração, desenvolve autoconfiança e gerencia suas metas.
Como características do autêntico gerente, evidencia-se o desejo de ser líder,
determinação, desejo de competir; aceita desafios e se esforça para obter vitória em tudo; e o
desejo de obter poder. Como gerente, tende a ser impessoal e deseja destacar-se.
O autêntico gerente, por gostar de ser líder, comumente segue a carreira em uma
grande empresa antes de ser empresário. Costuma ser também um profissional realizador. Não
é severamente afetado pela recessão, porque seus empreendimentos tendem a ser maiores.
Existem armadilhas para o autêntico gerente, como, por exemplo, a falta de
conhecimento de como gerenciar. Programas de treinamento por si só, sem experiência,
costumam ser catastróficos e o melhor é trabalhar como gerente para terceiros antes de
empreender. O autêntico gerente deve gerenciar empresas grandes, ou que tenham estrutura
suficiente para que possa demonstrar suas habilidades de gerenciamento; Não pode desviar-se
do caminho do gerenciamento, deve ficar atento ao ambiente externo e preparado para
mudanças.
d) O gerador de idéias
Inventa produtos, encontra novos nichos de mercado e encontra uma forma de
superar a concorrência. Pode ser levado ao entusiasmo, a assumir riscos não calculados. É
visionário. Quase sempre se envolve em empreendimentos de alta tecnologia. Para ser bem
sucedido a personalidade e o comportamento devem combinar.
É inovador, depara-se com uma idéia e vê a oportunidade de introduzi-la em uma
nova situação. É muito criativo e apresenta sempre idéias originais. Desenvolve idéias para
ganhar vantagem competitiva sobre outras empresas. Concentra-se na realização de uma idéia
e convence outras pessoas a contribuir.
Como características, o gerador de idéias mostra-se com desejos de inovar e obter
sucesso pelos próprios esforços, para ter satisfação pessoal repetidas vezes. Demonstra apego
às idéias e é entusiasta. Preocupa-se com a opinião dos outros, é adaptável e flexível. É
curioso e tem mente aberta. Partilha o poder, quer independência e não gosta de obedecer a
regras. Pode ser irrealista, é pragmático, sonhador, idealista e difícil de controlar. O gerador
de idéias é orientado para o futuro e para o longo prazo e tem a crença que o desenvolvimento
de produtos é crucial para colocar em prática a estratégia da empresa. Tem bom nível de
inteligência e mostra capacidade de aprender, analisar e sintetizar, lidando muito bem com
35
abstrações. As idéias criativas são muitas e o que importa é descobrir qual delas irá vender. O
gerador de idéias é propenso ao risco, porém, preocupa-se em minimizá-lo para não fracassar.
O caminho da geração de idéias implica no conhecimento suficiente para ser um
especialista, liberdade para inovar e implementar idéias e na habilidade ou acesso a ela para
complementar idéias as habilidades próprias do gerador de idéias. Geradores de idéias podem
seguir carreira fora da atividade empresarial, como cientistas, escritores, planejadores de
empresas, etc. Devido ao tempo exigido para aprender, os geradores de idéias costumam ser
mais velhos que outros empresários ao início de seu empreendimento.
Existem alguns problemas que dificultam o gerador de idéias a trilhar o seu caminho.
Suas idéias são reprimidas por pessoas que agem negativamente às novas idéias. O gerador de
idéias nunca se torna um especialista porque aprender leva tempo. Há grande possibilidade de
fracasso quando o gerador de idéias afasta-se do caminho da geração de idéias para dedicar-se
a outras atividades.
e) empreendedor complexo (união dos perfis)
vida e tornar-se-á essencial quando é alcançado o topo da pirâmide. Isso ocorre com apenas
1% da população.
Segundo Farrell (1993), a alta capacitação depende do conhecimento, experiência e
trabalho realizado de forma inteligente. Os empreendedores vêem a capacitação como questão
de sobrevivência, e não como algo para que sejam julgados posteriormente, como uma
avaliação de desempenho. O autor comenta que a dedicação vem do coração, da dedicação
flui orgulho, lealdade e trabalho duro. Os empreendedores são dedicados ao que fazem e isso
chega próximo à obsessão. Farrell (1993) reescreve práticas que garantem motivação para a
dedicação, como amar o que fazemos, compartilhar sucessos e fracassos, e liderar dando
exemplo. O comportamento automotivado depende da maneira como se vive, trabalha,
quando se gosta do que se faz. É bom para os negócios e é ótimo para a alma.
A função desempenhada por uma pessoa, deve vir de encontro à sua natureza. Se um
empresário possuir grande habilidade em vendas e insistir em dedicar-se, por exemplo, à
administração da empresa, é possível que não esteja motivado o suficiente para definir
estratégias competitivas suficientes para o sucesso organizacional. Da mesma forma, um
autêntico gerente poderia ter dificuldades se decidisse cuidar pessoalmente das vendas, pois
sua motivação estaria relacionada à administração. A falta de motivação é um problema
grave, e tem reflexos negativos na organização, esteja no empregado ou nos dirigentes.
Em Meireles e Harb (2002), a motivação elevada pode ser alcançada por todas as
pessoas, o que reprime, muitas vezes, é o ambiente de trabalho em que as pessoas se
encontram. O alto desempenho vem de dentro para fora, e não de fora para dentro. As pessoas
necessitam de tarefas gratificantes e estimulantes, que lhes permitam prosperar e ser
gratificadas pelo esforço. Dizem também que a crise de motivação causa problemas, que
dizem respeito à qualidade, mau atendimento aos clientes, altos índices de absenteísmo entre
outros.
O sucesso nos negócios pode estar diretamente ligada à motivação empreendedora,
principalmente em empresas de pequeno porte.
A motivação para empreender, não é a mesma para cada indivíduo, mesmo porque,
as características de cada empreendedor, também são diferentes. Diferentes na iniciativa
pessoal, capacidade de gerenciamento, desejo por autonomia e disposição para assumir riscos.
Kuratko, Hornsby e Naffziger (1997) dizem que a busca da criação de um novo
empreendimento e a disposição para mantê-lo, está diretamente ligada à motivação
empreendedora. A motivação, com comportamento direcionado aos objetivos e a percepção,
de que o sucesso virá por conseqüência, são fatores importantíssimos nesse processo.
38
modelo de Kuratko; Hornsby e Naffziger (1997), que foi um dos objetos principais da
pesquisa.
Conforme Kuratko, Hornsby e Naffziger (1997), os indivíduos iniciam um
empreendimento por muitos incentivos poderosos. A continuidade do empreendimento
depende da criatividade do empreendedor e/ou de uma equipe empresarial, que necessita de
um clima de entusiasmo e motivação individual. Essa motivação aflora por necessidades:
a) autonomia e independência: manter liberdade pessoal, segurança pessoal, não ter
chefes, controlar o destino profissional;
b) segurança familiar: assegurar o futuro dos membros da família, construir um negócio
para passar adiante (herdeiros);
c) extrínsecas: acumular riqueza pessoal, aumentar ganho, aumentar oportunidade de
ganho;
d) intrínsecas: ganhar reconhecimento público, enfrentar desafios, diversão no trabalho,
crescimento pessoal, provar que pode fazer isso.
pessoal, o poder é exercido pela “lei das selvas”, onde há necessidade de destruir os
adversários. Essa face é apresentada em indivíduos extremamente autoritários e que não se
preocupam com outras pessoas. Na face socializada, a face positiva do poder, o detentor do
poder busca influência interpessoal, através do incentivo às pessoas, estabelecendo metas e
fazendo com que as pessoas sintam-se capazes e fortes.
O modelo de Kuratko; Hornsby e Naffziger (1997), busca identificar a existência de
objetivos que, quando são alcançados, motivam os empreendedores a dar continuidade ao
empreendimento.
Acredita-se, que não é o objetivo alcançado que motiva, e sim novos objetivos,
novos desafios ou as possibilidades que surgem após a posse dos objetos de desejo. O
objetivo alcançado serve apenas para dar energia suficiente para o próximo passo ou para nos
manter em um estado de espírito favorável para continuarmos a concentrar esforços em uma
direção.
Robichaud, McGraw e Roger (2001, p. 189), dizem que alguns modelos enfatizam os
objetivos que os empreendedores buscam para conseguir o negócio próprio. A atenção voltada
para o objetivo de empreender, é baseada no fato, de que a motivação empreendedora
contribuirá para o entendimento de exemplos de comportamento, e seu impacto na
performance organizacional.
Entre os modelos analisados, que tratam da motivação empreendedora, foi escolhido
o modelo de Kuratko; Hornsby e Naffziger (1997), para replicar neste estudo, tendo em vista
julgar-se que facilita a verificação de interdependências com as demais variáveis
componentes da pesquisa, por abordar todas de forma clara a motivação para o evento
empreendedor. O instrumento de motivação divide-se em quatro partes: necessidades
extrínsecas, intrínsecas, de independência e segurança familiar.
empreendedora da Alemanha ser muito baixa, que será demonstrada a seguir, conforme
pesquisa do GEM (2002).
75%
50% 46%
37%
Adizes (1996) comenta que existe uma relação entre o sucesso e o ciclo de vida das
organizações. A teoria faz analogia à criança que é flexível, podendo colocar o próprio pé na
boca, porém os movimentos não têm controle absoluto. No que diz respeito à atividade
empresarial, Adizes comenta que a causa do envelhecimento das organizações, não é o
tamanho ou o tempo. Ser empresa jovem significa poder mudar com facilidade devido ao
baixo nível de controle. Ser empresa velha significa ser previsível, inflexível e ter pouca
propensão à mudança.
As empresas novas têm menos controle e maior flexibilidade e as empresas velhas têm
maior controle e menor flexibilidade para mudança. Esse fenômeno representa um fator
importantíssimo no desempenho organizacional, uma vez que o mercado exige que as
organizações se adaptem rapidamente às mudanças políticas, sociais, moda, etc.
Conforme Adizes (1996), quando a empresa é flexível e controlável, não é jovem ou
velha demais. Está em estágio denominado “plenitude”. O sucesso empresarial não está
associado a simples eliminação dos problemas, mas na concentração em problemas que
estejam relacionados ao estágio atual da organização dentro do seu ciclo de vida. Para ter
sucesso e não envelhecer, a empresa deve estar apta a resolver problemas do estágio seguinte
ao que se encontra. Deve lidar com as causas do envelhecimento para não correr o risco de
44
envelhecer. Filion (1993) pensa de forma semelhante, dizendo que o sucesso está na “visão”
projetada sobre o futuro.
Farrell (1993) tece comentários semelhantes a Adizes (1996), a respeito da maior
necessidade de controle com o crescimento da empresa. As empresas nascem com grande
dose de espírito empreendedor que inspira patrões e empregados e buscar mais clientes para
ganhar mais dinheiro. Ao buscar o rápido crescimento, a empresa fica inchada e necessita de
administração profissional que será mais bem paga que os empregados de produção ou
vendas.
Farrell (1993) afirma também, que a empresa passa a planejar o tempo todo e esquece
de agir. O planejamento e controle tornam-se valores mais importantes que fabricar ou
vender. O espírito empreendedor fica prejudicado pelo excesso de controle e a empresa inicia
o declínio no seu ciclo de vida. A receita para o bom desempenho pode estar relacionada ao
modo estrategista de ser do empreendedor, e não simplesmente ao planejamento estratégico.
Pensar estrategicamente, escolhendo os produtos e o mercado. Os projetos devem ser simples
e focados nos clientes e produto. O monitoramento constante do desempenho em grandes
empresas é vital, e em empresas menor, é igualmente importante. Os controles representam
um item importantíssimo para tomada de decisão e, em geral, são deficitários em pequenas
empresas.
A Fundação para o Prêmio Nacional da Qualidade, (apud Fracasso; Souza, 2002),
definiu desempenho, como sendo um conjunto de resultados obtidos de processos e de
produtos que podem ser avaliados e comparados em relação às metas, aos padrões, aos
resultados históricos e a outros processos e produtos. Mais comumente os resultados
expressam satisfação, insatisfação, eficiência e eficácia, e podem ser apresentados em termos
financeiros ou não. A mensuração dos resultados é feita através de indicadores. Um indicador
FPNQ é uma medição de característica de produto, processo e serviço, utilizada pela
organização para avaliar e melhorar seu desempenho e acompanhar seu progresso. Um
sistema com indicadores criteriosamente selecionados entre os mais importantes (vinculados
aos requisitos dos clientes e requisitos de desempenho da organização), representam uma base
para alinhar as atividades da organização, em direção as suas metas estratégicas.
Eccles (apud FRACASSO; SOUZA, 2002), relata o caso de executivos, que dizem que
a nova realidade competitiva exige novas medidas de desempenho, e complementa, dizendo,
que é necessário mudar radicalmente e deixar de considerar os indicadores financeiros, como
base para medida de desempenho, e tratá-los como mais um indicador de mensuração.
45
ajudou no alcance dos objetivos da pesquisa, tendo em vista que o bom desempenho pode não
estar necessariamente ligado ao crescimento de números, uma vez que neste estudo, são
consideradas como sendo de sucesso, as empresas com mais de três anos de existência, que
estão em plena atividade, gerando empregos e conseqüente crescimento econômico.
48
O retorno dos questionários foi menor que o esperado, onde somente foram
respondidos corretamente, 199 questionários, que compõem a mostra deste estudo. Houve
grande esforço junto aos empreendedores para devolução dos questionários, realizando-se
diversos contatos com cada respondente, para que o questionário fosse preenchido. Assim,
optou-se pelo aumento no erro amostral, de 5% para 6%, conforme se demonstra a seguir,
sendo este ainda considerado estatisticamente, um erro tolerável.
É importante lembrar, que se considerarmos a característica buscada, de empresa
com mais de três anos de atividade, estima-se que o número real da população a ser
pesquisada é de aproximadamente trezentas empresas, o que torna a amostra coletada, acima
do necessário.
Segundo Loesch (2002), a melhor fórmula para cálculo da amostra, com o intuito de
determinar o percentual utilizado para justificar as empresas que serão pesquisadas é:
M = ___N x No___
N + No
Onde:
M = Amostra
N = População
No = 1 .
2
Eo
Eo2 = Erro máximo permitido
(588 / 199) – 1
Eo = 588
Eo = 0,057658 Eo = 6%
questionários não ser compulsório, a amostra pode ser considerada como representativa da
população escolhida. O número de questionários distribuídos foi determinado pela fórmula
acima, após a exclusão das empresas com tempo de atividade menor que três anos de
atividade, trabalho este, que foi realizado durante os meses de fevereiro à maio, junto aos
contadores das empresas, uma vez que as informações coletadas até o momento não trazem
essa informação.
As escalas das respostas variam de “não importante, moderadame nte não importante,
indiferente, moderadamente importante e extremamente importante”.
O modelo foi escolhido para compor este estudo, em função da importância da
motivação empreendedora para a performance organizacional, e tendo em vista que o modelo
serve como um instrumento de comparação entre as três variáveis, que compõe a pesquisa.
Também em função de que é necessário inicialmente identificar a motivação empreendedora
para em um segundo estágio poder compará-la com a percepção do empreendedor sobre
objetivos gerais da sua organização.
O instrumento desenvolvido por Kuratko, Hornsby e Naffziger (1997), é eficiente
para mensuração da motivação empreendedora, e contribui para o melhor entendimento do
que faz com que este concentre seus esforços para abertura e desenvolvimento do negócio
próprio. O instrumento, após verificadas as relações com o sucesso empresarial, fornece
também valiosas informações sobre outros assuntos relacionados ao empreendedorismo,
como, por exemplo, como parte da base de informações para análise de crédito por parte de
instituições financeiras, na formação de credit score, instrumento utilizado para dar maior
previsibilidade da inadimplência dos empréstimos. As análises realizadas poderão servir como
base adicional de informações, para definição de eventuais projetos relacionados à criação e
desenvolvimento de novas atividades através, ações comumente utilizadas com vistas à
criação de empregos, e ao desenvolvimento econômico.
McClelland (1972) e Miner (1998), entre outros, desenvolveram instrumentos para
identificação do perfil do empreendedor, segundo suas características de comportamento. Os
modelos de Mcclelland (1972) e Miner (1998) foram replicados por Lenzi (2002), que
realizou comparação entre os modelos.
Neste estudo foi replicado o modelo de Miner (1998). O instrumento de Miner é
dividido em quatro partes. Cada parte, conforme demonstrado a seguir, identifica um perfil e é
agrupada de forma a identificar o perfil do empreendedor:
a) O realizador: aquele que tenta ser bom em tudo, estabelece metas próprias, tem
iniciativa e energia e acredita que por meio das suas ações, o realizador pode controlar a
própria vida, é generalista e é chamado de “centroavante”; é estimulado pelas perspectivas
futuras; tem a necessidade de realizar; é ativo e competitivo; está preocupado em atingir o
sucesso e não a evitar o fracasso; é o único que é obrigado a empreender, pois não se dará
bem em outra atividade; desejo por feedback (desejam receber feedback das suas realizações),
forte iniciativa (não precisa de estímulo de terceiros). Tem grande comprometimento com a
empresa (quer o sucesso da empresa, quer viver sempre nela), crença de que uma pessoa pode
52
mudar a situação, planeja ações e trabalha arduamente para alcançar as metas, são
individualistas e incentivam o individualismo tendo a crença, que o trabalho deve ser
orientado por metas pessoais e não por objetivos de terceiros.
b) O supervendedor: para o supervendedor, os relacionamentos são muitos
importantes. Passa o máximo do tempo vendendo e precisa de alguém para administrar.
Algumas características diferenciam o supervendedor: é simpático e especialista em satisfazer
as necessidades de clientes; crê que os processos sociais são muito importantes; tem talento
para formar equipes; tem necessidade de manter relacionamentos sólidos e positivos; valoriza
conhecer as pessoas, interagir com elas e obter sua estima; vê o lado bom nas pessoas e
procura sempre ajudar; precisa de elogios e não gosta de dizer não e outras coisas
desagradáveis; é receptivo a sugestões e não impõe controles; crença de que a força de vendas
é crucial para colocar em prática a estratégia da empresa; o vínculo com vendas é estreito e
irresistível para o supervendedor; é orientado para ação e não para o planejamento.
c) O autêntico gerente: é aquele que gosta de poder e não precisa de gerente,
assumindo ele mesmo essa função. É bom vendedor, quer uma empresa grande que precise
dos seus talentos na administração, desenvolve autoconfiança e gerencia suas metas. Como
características do autêntico gerente, evidencia-se o desejo de ser líder, determinação, desejo
de competir; aceita desafios e se esforça para obter vitória em tudo; e o desejo de obter poder.
Como gerente, tende a ser impessoal e deseja destacar-se. O autêntico gerente, por gostar de
ser líder, comumente segue a carreira em uma grande empresa antes de ser empresário.
Costuma ser também um profissional realizador. Não é severamente afetado pela recessão,
porque seus empreendimentos tendem a serem maiores.
d) O gerador de idéias: inventa produtos, encontra novos nichos de mercado e
encontra uma forma de superar a concorrência. Pode ser levado ao entusiasmo, a assumir
riscos não calculados. É visionário. Quase sempre se envolve em empreendimentos de alta
tecnologia. Para ser bem sucedido a personalidade e o comportamento devem combinar. É
inovador, depara-se com uma idéia e vê a oportunidade de introduzi-la em uma nova situação.
É muito criativo e apresenta sempre idéias originais. Desenvolve idéias para ganhar vantagem
competitiva sobre outras empresas. Concentra-se na realização de uma idéia e convence
outras pessoas a contribuir. Como características, o gerador de idéias mostra-se com desejos
de inovar e obter sucesso pelos próprios esforços, para ter satisfação pessoal repetidas vezes.
Demonstra apego às idéias e é entusiasta. Preocupa-se com a opinião dos outros, é adaptável e
flexível. É curioso e tem mente aberta. Partilha o poder, quer independência e não gosta de
obedecer a regras. Pode ser irrealista, é pragmático, sonhador, idealista e difícil de controlar.
53
O gerador de idéias é orientado para o futuro e para o longo prazo e tem a crença que o
desenvolvimento de produtos é crucial para colocar em prática a estratégia da empresa. Tem
bom nível de inteligência e mostra capacidade de aprender, analisar e sintetizar, lidando muito
bem com abstrações. As idéias criativas são muitas e o que importa é descobrir qual delas irá
vender. O gerador de idéias é propenso ao risco, porém, preocupa-se em minimizá-lo para não
fracassar.
Este modelo foi replicado nesta pesquisa, por julgar-se que esse define bem quatro
comportamentos, de fácil observação, e que pôde facilitar nosso objetivo de buscar a relação
com as variáveis motivacionais e de desempenho organizacional.
Ao replicar-se o modelo foram utilizadas cinco escalas, e não três conforme propõe o
modelo original. Utilizaram-se as escalas que representam os pesos de cada questão: muito
elevada, elevada, considerável, pouco elevada e não há.
As perguntas do questionário de Miner (1998) compõem situações, orientadas de
forma a identificar cada um dos quatro perfis comportamentais de empreendedor. Cada
pergunta-situação foi construída para ser respondida segundo uma escala de avaliação
qualitativa numérica, que se fundamenta no raciocínio quantitativo de avaliação de
intangíveis, segundo Lickert (apud MATTAR, 1994).
O perfil de cada empreendedor foi identificado pela pontuação obtida pelo
respondente, obtendo-se as maiores médias entre os quatro perfis.
Para levantamento do desempenho organizacional, replicou-se o modelo de
mensuração construído por Naman e Slevin (1993). O modelo foi escolhido por reduzir o
problema de resistência para obtenção de dados sobre lucratividade e crescimento. O
instrumento também facilita a coleta de dados, uma vez que, devido ao baixo faturamento das
empresas, deduz-se que estas poderiam ter dificuldades em fornecer o histórico da evolução
dos números necessários para análise. As empresas poderiam ter baixo nível de controle e
grande informalidade, dificultando o trabalho, pois os dados poderiam não estar refletindo a
realidade.
O modelo ajudou no alcance dos objetivos da pesquisa, que visa à correlação de
variáveis de perfil, motivação e desempenho. Não se poderia afirmar que o sucesso possa ser
atribuído somente às empresas que têm grande crescimento nos indicadores financeiros, pois
concepção de “sucesso”, por parte do empreendedor pode estar relacionada a fatores de outra
natureza, como a satisfação pessoal ou a segurança familiar, onde a situação atual da empresa
segura e estaria “suficiente” para evitar maiores riscos de perda de capital ou trabalho
54
dizendo que elas são úteis para reunir dados, mas para predizer algo é melhor confiar num
modelo computadorizado.
Assim, utilizando o conceito de Mattar (1994), os questionários foram entregues aos
respondentes, e coletados nos meses de fevereiro a maio de 2003. Juntamente com o
questionário, foi entregue a cada empreendedor, uma carta de apresentação, e um cartão do
pesquisador.
Foram realizados pré-testes com 10 questionários, durante o mês de dezembro de
2002, onde se verificou a viabilidade da sua aplicação. No qual foram avaliadas a clareza e a
precisão dos termos, mesmo porque os modelos originais provêm da língua inglesa. Para
todos os modelos de mensuração, já havia publicações na língua portuguesa. Além da
compreensão, da forma das questões, desmembramento das mesmas, ordem das perguntas,
desmembramento das partes e introdução do questionário.
Na coleta foi informado ao entrevistado ou para a pessoa que entregaria o questionário
ao empreendedor, sobre o prazo de devolução e questionado sobre a ausência de dúvidas.
Foi realizada a análise fatorial, a qual, como em qualquer escolha por uma
determinada análise, pode resultar em redundâncias e equívocos nas interpretações na análise
de dados.
Neste estudo a análise dos dados foi multivariada, com categorização. Utilizou-se o
software “Sphinx” pa ra digitação e apuração dos resultados. Após a digitação dos resultados
no Sphinx, foi realizada a análise de correspondências múltiplas (com mapa fatorial e
interpretações).
Conforme Cattell (apud CLONINGER, 1999), definiu-se a personalidade como aquilo
que permite predizer o comportamento. Utilizam-se equações matemáticas para que se
possam predizer comportamentos, e todo comportamento pode ser predito a partir dessas
equações.
Análise multivariada é explicada por Cloninger (1999), onde diz que a personalidade é
complexa, e que para evitar distorções ou simplificações na análise, é importante fazer uso de
computadores. Dawes (apud CLONINGER, 1999), afirma que os computadores conseguem
combinar simultaneamente vários elementos, cabendo ao ser humano fornecer dados e dizer
ao computador como combiná-los.
Após análise fatorial, foi realizada a interpretação dos dados, onde foram analisadas
dimensões (projeções sobre o plano), observando-se a proximidade das variáveis,
principalmente através de mapas de categorização, onde se analisaram as causas e efeitos do
observado, justificando-se as interpretações.
O Microsoft Excel foi utilizado para realizar cruzamentos e análises simples, através
da criação de tabelas em planilhas eletrônicas, para fins matemáticos.
O “Sphinx”, recurso utilizado nesta pesquisa, é um software de referência para
pesquisa e análise de dados e é utilizado como ferramenta base para as enquetes. Pode ser
utilizado para digitação de questionários, digitação das respostas, tabulação e análise uni e
bivariada de dados. Pode ser utilizado para tratamentos quantitativos e qualitativos. Permite a
apresentação de tabelas estatísticas e a visualização de resultados pré-programados. É
totalmente adaptado para organização e coleta de dados.
57
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
A pesquisa mostra que 70,8% dos empreendedores da industrial têxtil de Gaspar, está
em nível educacional de primeiro e segundo graus, e 28% está em nível universitário ou pós-
graduação.
58
Tabela 9 - Cargo
Cargo Quantidade %
Não resposta 12 6,0%
Diretor 10 5,0%
Sócio-gerente 63 31,7%
Proprietário 96 48,2%
Outros Cargos 18 9,0%
TOTAL 199 100%
A média de idade dos principais proprietários das empresas da amostra é de 39, o dos
respondentes é 38. As médias são muito próximas tendo em vista que quase todos os
questionários foram respondidos pelo principal proprietário. A idade mais alta entre os
respondentes foi de 62 anos, e o mais jovem tem a idade de 21 anos. Os resultados
encontrados são semelhantes aos mostrados em pesquisa demonstrada pelo SEBRAE (2002)
mostra que 46% dos empreendedores encontram-se na faixa etária de 25 a 39 e 30% entre 40
a 49 anos.
10%
28%
20%
8%
34%
Motivação empreendedora
5%
14%
48%
30%
3%
4.4 DESEMPENHO
Totais 3,41
Legenda
X*: Não respostas 1*: Extremamente insatisfeito 2*: Moderadamente não satisfeito
3*: Nem satisfeito nem insatisfeito 4*: Moderadamente satisfeito 5*: Extrem. Satisfeito
64
O nível de satisfação não apresenta grandes diferenças entre os sete itens utilizados
para mediação, constantes no questionário. O fluxo de caixa e o retorno do capital dos
acionistas, por exemplo, apresentam média de 3,46 e 3,49 respectivamente. Tendo em vista a
pouca variação entre as médias de satisfação com o desempenho, conforme demonstrado na
Tabela 20, foi dado maior ênfase na análise da satisfação com o desempenho geral, e não nos
itens de desempenho analisados individualmente. (fluxo de caixa, retorno do investimento,
etc.).
Tabela 17 -Satisfação com desempenho financeiro – Desempenho geral
Desempenho Geral Maior que 70% Entre 50%e70% Menor que 50%
Quantidade 96 73 30
% 48% 37% 15%
Verificou-se que 48% dos empreendedores da indústria têxtil de Gaspar possuem nível
de satisfação com os números da empresa, superior a 70% da pontuação máxima. A análise
deste desempenho é realizada na seqüência deste estudo, considerando as interdependências
com o perfil dos empreendedores e com a motivação empreendedora.
média superior a 70% de satisfação. Este resultado não é surpresa e se explica pelo fato de
que o realizador tem forte preocupação em ser bom em tudo o que faz, tem iniciativa e
energia, tem forte comprometimento com a empresa, planeja e trabalha arduamente para
alcançar suas metas. A realização é tema de inúmeros estudos e base de ensino do
empreendedorismo por renomados programas e organizações em nível internacional,
comentados neste estudo.
O menor número de satisfeitos com o desempenho é representado pelos 12 autênticos
gerentes, que somam 31% dos 39 que possuem o perfil em maior peso, aparecendo
individualmente ou juntamente com outros perfis (complexo). As “armadilhas” comentadas
por Miner (1998) podem ser a explicação para a insatisfação de 69% dos autênticos gerentes
pesquisados. A falta de conhecimento de como gerenciar, ou treinamentos, sem experiência
em gerência podem ser um problema para o autêntico gerente. O empreendedorismo por
necessidade pode ter provocado este fenômeno, porém, maiores estudos são necessários para
buscar os reais problemas demonstrados pelos autênticos gerentes pesquisados.
Outra interdependência foi verificada, obtendo-se resultado similar, onde o realizador
também aparece como sendo o mais satisfeito com o desempenho da empresa. Foram
cruzados os com satisfação acima de 70% com os perfis analisados individualmente (não
complexo). O resultado comprova que 60% dos realizadores estão satisfeitos, 41% dos
supervendedores, 31% dos autênticos gerentes e 45% dos geradores de idéias.
É importante verificar, que um perfil complexo supera a satisfação com o desempenho
de 60%, obtida pelo realizador. Trata-se da união de “vendedor com gerador de idéias” que
obtém 75% de satisfação. 18 dos 24 empreendedores com este perfil estão satisfeitos com o
desempenho.
F1 F5
U5
V5 Y5 S5 R5 P5 F2
X5
T5 P5
I5
R5 C5
U4 V4 T4
O4 C3
O5
Y4 R4 U3 P4 R3 R2
X4 V3 P3 I3
S4 X3
Y3 I4
P3 F4 R4 S3
R2
F3
P2 C4
T3 P4
O3
Legenda
O mapa exibe as posições das 69 categorias. 16.7% da variância é explicada pelos dois eixos representados. As não-respostas
foram ignoradas. Uma categorias não foi considerada (freqüência nula). O R colorido refere-se ao desempenho. O R em preto refere-se ao
perfil.
Variáveis: R qual o seu nível de satisfação, S qual o seu nível de satisfação, T qual o seu nível de satisfação, U qual o seu nível de
satisfação, V qual o seu nível de satisfação, X qual o seu nível de satisfação, Y qual o seu nível de satisfação, realizador, feedback,
planejamento, iniciativa, comprometimento, pessoa e fatos, objetivos de terceiros.
R1 : Extremamente Insatisfeito R2 : Moderadamente Insatisfeito R3 : Nem Satisfeito Nem Insatisfeito R4 : Moderadamente
Satisfeito R5 : Extremamente Satisfeito S1 : Extremamente Insatisfeito S2 : Moderadamente Insatisfeito S3 : Nem Satisfeito Nem
Insatisfeito S4 : Moderadamente Satisfeito S5 : Extremamente Satisfeito T1 : Extremamente Insatisfeito T2 : Moderadamente Insatisfeito
T3 : Nem Satisfeito Nem Insatisfeito T4 : Moderadamente Satisfeito T5 : Extremamente Satisfeito U1 : Extremamente Insatisfeito U2 :
Moderadamente Insatisfeito U3 : Nem Satisfeito Nem Insatisfeito U4 : Moderadamente Satisfeito U5 : Extremamente Satisfeito V1 :
Extremamente Insatisfeito V2 : Moderadamente Insatisfeito V3 : Nem Satisfeito Nem Insatisfeito V4 : Moderadamente Satisfeito V5 :
Extremamente Satisfeito X1 : Extremamente Insatisfeito X2 : Moderadamente Insatisfeito X3 : Nem Satisfeito Nem Insatisfeito X4 :
Moderadamente Satisfeito X5 : Extremamente Satisfeito Y1 : Extremamente Insatisfeito Y2 : Moderadamente Insatisfeito Y3 : Nem
Satisfeito Nem Insatisfeito Y4 : Moderadamente Satisfeito Y5 : Extremamente Satisfeito R1 : Não marcante R2 : moderadamente não
marcante R3 : indiferente R4 : moderadamente marcante R5 : marcante F1 : Não marcante F2 : moderadamente não marcante F3 :
indiferente F4 : moderadamente marcante F5 : marcante P1 : Não marcante P2 : moderadamente não marcante P3 : indiferente P4 :
moderadamente marcante P5 : marcante I1 : Não marcante I2 : moderadamente não marcante I3 : indiferente I4 : moderadamente
marcante I5 : marcante C2 : moderadamente não marcante C3 : indiferente C4 : moderadamente marcante C5 : marcante P1 : Não
marcante P2 : moderadamente não marcante P3 : indiferente P4 : moderadamente marcante P5 : marcante O1 : Não marcante O2 :
moderadamente não marcante O3 : indiferente O4 : moderadamente marcante O5 : marcante.
Verifica-se, conforme demonstrado na tabela acima, que existe forte correlação entre o
nível educacional baixo e a elevada satisfação com o desempenho. Este fenômeno pode ser
explicado pela expectativa dos empreendedores com o desempenho da empresa. Acredita-se
que os empreendedores com elevado nível educacional criam grande expectativa em relação
ao empreendimento, devido ao tempo e esforços dependidos na formação universitária, estes
julgam ter maior capacidade de crescimento da empresa e, por conseqüência, esperam maior
retorno dos recursos investidos. Enquanto que os empreendedores com menor nível
educacional podem ter menores expectativas em relação ao retorno sobre o investimento e
68
Demonstra-se na tabela 26, a análise das marcações que obtiveram maior peso médio
pela escala de Lickert conforme Mattar (1994), em apenas um item ou juntamente com outro
item motivador (complexo somado ao não-complexo), verificou-se ainda que, os
69
empreendedores motivados por fatores intrínsecos continuam com maior tendência a estarem
satisfeitos com o desempenho das suas empresas. A diferença entre o maior e menor
percentual, porém, não é tão significativa quanto a análise anterior, que engloba apenas as
respostas de maior peso em apenas um item motivador, onde os intrínsecos apresentam 67%
de satisfeitos.
4.6.1 Análise dos empreendedores com mais de uma motivação (complexo) e sua
interdependência com a satisfação com o desempenho.
S5
X5
L2
L5 K5
M5 J5
M1 J2
Y4
U4 V4
T4
R2
S4 R4
X4 R3 M3
J3 K4
Y3 S3
K3
M4
X3
L4
U3
J4
L3
T3
V3
Legenda
O mapa exibe as posições das 53 categorias. 20.1% da variância é explicada pelos dois eixos representados. As não-respostas
foram ignoradas. Duas categorias não foram consideradas (freqüência nula).
O segundo mapa fatorial, representado pela figura 29, demonstra, entre outras
relações, a motivação pela autonomia e independência e sua interdependência com a
satisfação com o desempenho organizacional. Verificou-se interdependência entre os
empreendedores que consideram “moderadamente e extremamente impor tante” manter a
liberdade pessoal “B4”, com os “moderadamente satisfeitos” com fluxo de caixa “R4”.
Categoria n° 1
A2
D3
B5
E5 A3 D4 Categoria n° 2
U4 T4 D5
C5 E3
Y4
B4 A1
V4 C3 R2
S4 A4
C4 S2
R4 D1
U3
X2
R3 V2
C2 E4 Y3 U2
T2
X4 A5 X3 B3
B2
V3 E1
T3
E2
S3 Y2
Legenda
O mapa exibe as posições das 60 categorias. 17.5% da variância é explicada pelos dois eixos representados. As não-respostas foram ignoradas.
Autonomia e Realizador 15 8%
22 11%
Extrínsecos e Vendedor
Segurança e G.Idéias 12 6%
Extrínsecos e G.Idéias 18 9%
14 7%
(Aut + Extrínsecos) e G.Idéias
(Seg. + Extrínsecos e G. Idéias) 13 7%
Total de respostas
199 100%
8%
11%
6%
52%
9%
7%
7%
O modelo de mensuração de desempenho criado por Naman; Slevin (1993), pode ser
revisto também no item retorno sobre o capital dos acionistas. Neste item ocorreram 25 não-
respostas, tendo em vista que o proprietário de firma individual julga que o item não diz
respeito à sua empresa por não possuir sócios, o que representa um equívoco.
Os itens de modo geral podem ser revistos, buscando maior adequação à pequena
empresa, buscando-se incluir itens como o valor do capital inicial investido ou percentual de
lucros gastos pelo proprietário, pois são fatores que podem interferir diretamente do sucesso
da empresa.
76
5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
5.1 CONCLUSÕES
5.2 RECOMENDAÇÕES
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SINGER, Paul. O futuro da cooperativa de trabalho. Jornal Valor Econômico. São Paulo,
p.11 col.1-5, 10 jun. 2002..
SPITZER, Dean R. Supermotivação: uma estratégia para dinamizar todos os
níveis da organização. São Paulo: Futura, 1997.
SCHUMPETER, Joseph A, The theory of economic development . Oxford:
Universit Press, 1978.
VEIGA, José Eli da. Mistério do empreendedorismo. O Estado de São Paulo, São
Paulo, 09 out. 1999. Caderno B, p. 2.
84
APÊNDICES
85
Para cada uma das seguintes questões, por favor, indique a resposta que mais
corretamente descreva a sua satisfação com o desempenho da sua empresa (preencha com
um número de acordo com a escala abaixo).
1 2 3 4 5
Necessidade de realizar
Desejo de obter feedback
Desejo de planejar e estabelecer metas
Forte iniciativa pessoal
Forte comprometimento com a empresa
Crença de que uma pessoa pode mudar
significativamente os fatos
Crença de que o trabalho deve ser
orientado por metas pessoais e não por
objetivos de terceiros
Realizador
Somatório das colunas
Capacidade de compreender e
compartilhar sentimento com o outro
Desejo de ajudar os outros
Crença de que os processos sociais são
muito importantes
Necessidade de manter relacionamentos
sólidos e positivos com os outros
Crença de que uma força de vendas é
essencial para colocar em prática a
estratégia da empresa
Supervendedor
Somatório das colunas
Desejo de ser um líder na empresa
Determinação
Atitudes positivas em relação à autoridade
Desejo de competir
Desejo de se destacar entre os demais
Autêntico Gerente
Somatório das colunas
Desejo de inovar
Crença de que o desenvolvimento de
novos produtos é essencial para colocar
em prática a estratégia da empresa
Bom nível de inteligência
Desejo de evitar riscos
Gerador Idéias
Somatório das colunas
Despesa Custo
Combustível R$ 800
Entrega R$ 150
Coleta R$ 100
Telefonemas R$ 200
Xerox R$ 100
Material Escritório R$ 100 Custo Total R$ 1.450,00