Cap 1 Literatura Infantil
Cap 1 Literatura Infantil
Cap 1 Literatura Infantil
Literatura Infantil
1
Introdução
O capítulo introdutório do livro de Literatura Infantil busca
apresentar a visão da literatura destinada às crianças e a
sua importância como formadora de um leitor infantil criativo,
participativo e encantado por livros. Por muito tempo destinava-
se apenas à transmissão de normas e valores do mundo adulto,
totalmente distanciada do deleite e da fruição. Essa postura
atribuiu aos textos literários uma função exclusivamente educativa,
afastando-se das bases da Literatura Infantil que a fundamenta
como fenômeno de linguagem e arte.
Objetivos
Ao final dos estudos deste capítulo, esperamos que você seja
capaz de:
• Explicar a relação entre a sociedade e o desenvolvimento da
criança;
• Reconhecer os primeiros gêneros textuais destinados às
crianças;
• Discorrer sobre a Literatura Infantil e, especificamente, sobre
a brasileira;
• Refletir sobre a importância da Literatura Infantil para o
desenvolvimento da criança.
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Esquema
1.1 Panorama geral da Literatura Infantil
1.1.1 As fábulas: origem, história e características
1.1.2 A origem dos contos de fadas
1.2 A Literatura Infantil no Brasil
1.3 O que é Literatura Infantil?
1.4 A importância da literatura para o desenvolvimento da criança
1.5 Conclusão
SAIBA MAIS
Você já ouviu falar de preceptor? Sabe quem é e o que fez esse profissional?
A figura do preceptor teve bastante importância nos séculos mencionados
nesse item, porque foi ele o responsável pelo ensino e formação de crianças
e adolescentes. Os preceptores eram mestres que geralmente habitavam
na mesma residência que seus aprendizes, participando da vida doméstica
e sendo responsáveis pela instrução geral do aluno a ele confiado. Pode-se
afirmar que o preceptor é o precursor do professor. (BITTAR & FERREIRA
JÚNIOR, 2002 apud BELLOCCHIO, 2019).
Esse gênero possui uma peculiaridade que o distingue dos demais textos
que é a presença do animal, colocando-o em uma situação tipicamente
humana e quase sempre exemplar como o leão representa a força, o
poder; a raposa é o símbolo da astúcia; o lobo, por sua vez retrata a
dominação, o poder etc.
Como foi uma das primeiras espécies narrativas a surgir, logo foi
reinventada no Ocidente pelo grego Esopo (sec. VI a.C.) e aperfeiçoada
séculos mais tarde pelo escravo romano Fedro (séc. I a. C). No séc. XVI,
ela foi descoberta e recriada por Leonardo da Vinci, mas sem grande
repercussão. (COELHO, 2012).
EXEMPLIFICANDO!
A CIGARRA E A FORMIGA
A cigarra, sem pensar em guardar,
a cantar passou o verão.
Eis que chega o inverno e, então,
sem provisão na despensa,
como saída, ela pensa
em recorrer a uma amiga:
sua vizinha, a formiga,
pedindo a ela, emprestado,
algum grão, qualquer bocado,
até o bom tempo voltar.
─ “Antes de agosto chegar,
pode estar certa a Senhora:
pago com juros, sem mora.”
Obsequiosa, certamente,
a formiga não seria.
─“Que fizeste até outro dia?”
perguntou à imprevidente.
─ “Eu cantava, sim, Senhora,
noite e dia, sem tristeza.”
─ “Tu cantavas? Que beleza!
Muito bem: pois dança, agora...”
UNIUBE 9
É possível inferir, inclusive, que a cantora ao levar uma vida de festa, não
conseguiu obter alimentos para nutrir-se e, assim, encontrava-se “sem
provisão na despensa”. Tal situação de pobreza é apresentada como
resultado de uma atitude impensada. Nessa condição precária submete-
se a um empréstimo de qualquer alimento a ser pago em curto prazo e
com juros, sem qualquer exigência quanto à qualidade e/ou quantidade
do produto. A narração apresenta, assim, uma moral, ou seja, quem só
diverte deve padecer e ainda suportar a zombaria de quem trabalha.
aos filhos dos nobres. Perrault evidencia suas intenções: “seus contos
pretendem conter uma moralidade louvável e instrutiva, mostrando
que a virtude é sempre recompensada, e o vício é sempre punido,
estabelecendo uma relação direta entre a obediência e a possibilidade
de uma boa vida” (TATAR, 2004).
EXEMPLIFICANDO!
O Gato de Botas
Um moleiro não deixou para os três filhos nada além de seu moinho, de seu
burro e de seu gato.
Imediatamente fez-se a partilha dos bens, sem ser preciso chamar o
advogado e o tabelião, que logo teriam devorado todo o pobre patrimônio.
O mais velho ficou com o moinho e o segundo com o burro, restando ao
mais novo apenas o gato.
Este último, incapaz de se consolar com a modesta parte que lhe coubera,
dizia:
– Os meus irmãos, trabalhando juntos, poderão ganhar a vida honestamente;
mas eu, depois que tiver comido o meu gato e fizer com o pelo dele um
rolinho para esquentar as mãos, irei morrer de fome [...].
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MORAL
PESQUISANDO NA WEB
PONTO-CHAVE
A Bela Adormecida;
Branca de Neve e os Sete Anões;
Chapeuzinho Vermelho;
A Gata Borralheira;
O Ganso de Ouro;
Os Sete Corvos;
Os Músicos de Bremem;
A Guardadora de Gansos;
Joãozinho e Maria;
O Pequeno Polegar;
14 UNIUBE
As Três Fiandeiras;
O Príncipe Sapo e dezenas de outros. (COELHO, 2012)
EXPLICANDO MELHOR
PESQUISANDO NA WEB
Ainda que a Literatura Infantil tenha alçado novos rumos, nota-se nos
livros marcas infantis de domínio quase absoluto de exemplaridade,
carregadas de moralidade, de aspectos religiosos e atribuição exclusiva
à mulher quanto ao funcionamento ideal da família. E, com isso, todos
os preconceitos do adulto estavam presentes nas contos “morais e
educativos”, dessa época.
Era uma vez uma barata chamada Dona Baratinha. Dona Baratinha era
uma barata muito limpinha, que gostava de tudo bem ajeitadinho, por
UNIUBE 19
SAIBA MAIS
SAIBA MAIS
A frase Era uma vez... é ancestral e ainda nos dias de hoje tem a função
de despertar o desejo de conhecer uma boa história, não é mesmo?
Ao ouvi-la nossos sentidos imediatamente se aguçam, ficamos mais
curiosos, alegres, emocionados, completamente envolvidos pelo
novo, seduzidos pelas palavras, e, assim, rapidamente embarcamos
no mundo imaginário da Literatura Infantil. Essa literatura, como arte
verdadeiramente genuína, é, sem dúvida, uma porta aberta para a
construção da consciência-de-mundo dos pequenos leitores. É no ato
de ler e ouvir histórias que eles compreendem o seu contexto e como
ele se organiza.
IMPORTANTE!
Em contrapartida, nos dias de hoje, livros, que rompem com essa estrutura
socialmente construída e aceita por décadas, têm se popularizado no
mercado literário. Sob esse viés, convido-lhe a conhecer a história de uma
menina negra chamada Lelê, personagem principal do livro “O cabelo de
Lelê” da autora Valéria Belém com ilustrações de Adriana Mendonça, 2007.
Vale a pena conhecer a obra na íntegra, disponível no youtube.
Assim, ela
Fuça aqui
Fuça lá
Mexe e remexe até encontrar
O tal livro muito sabido que
Tudo aquilo pode explicar.
(Belém, 2012, p.13)
EXEMPLIFICANDO!
PESQUISANDO NA WEB
Convidamos você para apreciar essa bela história contada pelo grupo TIC
TIC TATI no link a seguir: https://www.youtube.com/watch?v=R_0wb38we_w.
Acesso em 20 de maio de 2019.
Esse livro possui vários aspectos que permitem uma leitura envolvente,
dentre eles, destacamos as ilustrações ricas em cores e expressividade,
o enredo que acumula as ações dos personagens. Acompanhe no trecho
a seguir:
Vejamos:
1.5 Conclusão
Referências
CORAZZA, Sandra. M. Infância & Educação: era uma vez...quer que conte
outra vez? Petrópolis: Vozes, 2002.
COELHO, Nelly Novaes. A Literatura Infantil. 3ª ed. São Paulo: Quíron, 1987.
ROCHA, Ruth. A fantástica máquina dos bichos. São Paulo: Salamandra, 2009.