Apostila Desenho Técnico

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Apostila de Desenho Técnico

Parte I

Desenho Básico
Projeção Ortográfica
Cotagem

Prof. Robson F. de Mendonça


Desenho Técnico

1 - Introdução

O que é desenho Técnico


Quando alguem quer transmitir um recado, pode utilizar a fala ou passar seus pensamentos
para o papel na forma de palavras escritas. Quem lê a mensagem fica conhecendo os
pensamentos de quem a escreveu. Quando alguém desenha, acontece o mesmo: passa seus
pensamentos para o papel na forma de desenho. A escrita, a fala e o desenho representam idéias e
pensamentos.

Desde épocas muito antigas, o desenho é uma forma importante de comunicação. E essa
representação gráfica trouxe grandes contribuições para a compreensão da História, porque, por
meio dos desenhos feitos pelos povos antigos, podemos conhecer as técnicas utilizadas por eles,
seus hábitos e até suas idéias.

Veja algumas formas de representação da figura humana, criadas em diferentes épocas da


história.

Desenho das cavernasdo Desenho egípcio - Representação


perÌodo mesolÌtico (6000 - 4500 plana que destaca o contorno da
a.C.). Representação figura humana.
esquemática da figura humana. Nu, desenhado por Miguel Ângelo
Buonarroti (1475-1564).
Aqui, a representação do corpo hu-
mano transmite a idéia de volume.

Esses exemplos de representação gráfica são considerados desenhos artíscos. Embora não
seja artísco, o desenho técnico também é uma forma de representação gráfica, usada, entre outras
finalidades, para ilustrar instrumentos de trabalho, como máquinas, peças e ferramentas.

O desenho artístico reflete o gosto e a sensibilidade do artista que o criou, Já o desenho técnico,
ao contrário do artístico, deve transmitir com exatidão todas as características do objeto que
representa. Para conseguir isso, o desenhista deve seguir regras estabelecidas previamente,
chamadas de normas técnicas. Assim, todos os elementos do desenho técnico obedecem a
normas técnicas, ou seja, são normalizados. Cada área ocupacional tem seu próprio desenho
técnico, de acordo com normas específicas.

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Desenho Técnico

Definição de Desenho Técnico

O desenho técnico é uma forma de expressão gráfica que tem por finalidade a representação de
forma, dimensão e posição de objetos de acordo com as diferentes necessidades requeridas pelas
diversas modalidades de engenharia e também da arquitetura.

Utilizando-se de um conjunto constituído por linhas, números, símbolos e indicações escritas


normalizadas internacionalmente, o desenho técnico é definido como linguagem gráfica universal
da engenharia e da arquitetura.

Assim como a linguagem verbal escrita exige alfabetização, a execução e a interpretação da


linguagem gráfica do desenho técnico exige treinamento específico, porque são utilizadas figuras
planas (bidimensionais) para representar formas espaciais.

A Figura 1.1 está exemplificando a representação de forma espacial por


meio de figuras planas, donde pode-se concluir que:

1. Para os leigos a figura é a representação de três quadrados.

2. Na linguagem gráfica do desenho técnico a figura corresponde à


representação de um determinado Cubo.

Conhecendo-se a metodologia utilizada para elaboração do desenho bidimensional é possível


entender e conceber mentalmente a forma espacial representada na figura plana.

Na prática pode-se dizer que, para interpretar um desenho técnico, é necessário enxergar o que
não é visível e a capacidade de entender uma forma espacial a partir de uma figura plana é
chamada visão espacial.

O que é Visão Espacial

Visão espacial é um dom que, em princípio todos têm, dá a capacidade de percepção mental das
formas espaciais. Perceber mentalmente uma forma espacial significa ter o sentimento da forma
espacial sem estar vendo o objeto.

Por exemplo, fechando os olhos pode-se ter o sentimento da forma espacial de um copo, de um
determinado carro, da sua casa etc..

Ou seja, a visão espacial permite a percepção (o entendimento) de formas espaciais, sem estar
vendo fisicamente os objetos.

Apesar da visão espacial ser um dom que todos têm, algumas pessoas têm mais facilidade para
entender as formas espaciais a partir das figuras planas.

A habilidade de percepção das formas espaciais a partir das figuras planas pode ser desen-
volvida a partir de exercícios progressivos e sistematizados.

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Desenho Técnico

A Origem do Desenho Técnico

A representação de objetos tridimensionais em superfícies bidimensionais evoluiu gradual-


mente através dos tempos. Conforme histórico feito por HOELSCHER, SPRINGER E
DOBROVOLNY (1978) um dos exemplos mais antigos do uso de planta e elevação está incluído no
álbum de desenhos na Livraria do Vaticano desenhado por Giuliano de Sangalo no ano de 1490.

No século XVII, por patriotismo e visando facilitar as construções de fortificações, o matemático


francês Gaspar Monge, que além de sábio era dotado de extraordinária habilidade como
desenhista, criou, utilizando projeções ortogonais, um sistema com correspondência biunívoca
entre os elementos do plano e do espaço. O sistema criado por Gaspar Monge, publicado em 1795
com o título “Geometrie Descriptive” é a base da linguagem utilizada pelo Desenho Técnico.

No século XIX, com a explosão mundial do desenvolvimento industrial, foi necessário normalizar
a forma de utilização da Geometria Descritiva para transformá-la numa linguagem gráfica que, a
nível internacional, simplificasse a comunicação e viabilizasse o intercâmbio de informações
tecnológicas.

Desta forma, a Comissão Técnica TC 10 da International Organization for Standardization – ISO


normalizou a forma de utilização da Geometria Descritiva como linguagem gráfica da engenharia e
da arquitetura, chamando-a de Desenho Técnico.

Nos dias de hoje a expressão “desenho técnico” representa todos os tipos de desenhos utiliza-
dos pela engenharia incorporando também os desenhos não-projetivos (gráficos, diagramas,
fluxogramas etc.).

O Desenho Técnico e a Engenharia

Nos trabalhos que envolvem os conhecimentos tecnológicos de engenharia, a viabilização de


boas idéias depende de cálculos exaustivos, estudos econômicos, análise de riscos etc. que, na
maioria dos casos, são resumidos em desenhos querepresentam o que deve ser executado ou
construído ou apresentados em gráficos e diagramas que mostram os resultados dos estudos
feitos.

Todo o processo de desenvolvimento e criação dentro da engenharia está intimamente ligado à


expressão gráfica. O desenho técnico é uma ferramenta que pode ser utilizada não só para
apresentar resultados como também para soluções gráficas que podem substituir cálculos
complicados.

Apesar da evolução tecnológica e dos meios disponíveis pela computação gráfica, o ensino de
Desenho Técnico ainda é imprescindível na formação de qualquer modalidade de engenheiro,
pois, além do aspecto da linguagem gráfica que permite que as idéias concebidas por alguém
sejam executadas por terceiros, o desenho técnico desenvolve o raciocínio, o senso de rigor
geométrico, o espírito de iniciativa e de organização.

Assim, o aprendizado ou o exercício de qualquer modalidade de engenharia irá depender, de


uma forma ou de outra, do desenho técnico.

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Desenho Técnico

Tipos de Desenho Técnico

O desenho técnico é dividido em dois grandes grupos:

• Desenho projetivo – são os desenhos resultantes de projeções do objeto em um ou mais planos


de projeção e correspondem às vistas ortográficas e às perspectivas.

• Desenho não-projetivo – na maioria dos casos corresponde a desenhos resultantes dos cálculos
algébricos e compreendem os desenhos de gráficos, diagramas etc.

Os desenhos projetivos compreendem a maior parte dos desenhos feitos nas indústrias e al-
guns exemplos de utilização são:

• Projeto e fabricação de máquinas, equipamentos e de estruturas nas indústrias de processo e de


manufatura (indústrias mecânicas, aeroespaciais, químicas, farmacêuticas, petroquímicas,
alimentícias, etc.).

• Projeto e construção de edificações com todos os seus detalhamentos elétricos, hidráulicos,


elevadores etc.

• Projeto e construção de rodovias e ferrovias mostrando detalhes de corte, aterro, drenagem,


pontes, viadutos etc.

• Projeto e montagem de unidades de processos, tubulações industriais, sistemas de tratamento e


distribuição de água, sistema de coleta e tratamento de resíduos.

• Representação de relevos topográficos e cartas náuticas.


• Desenvolvimento de produtos industriais.

• Projeto e construção de móveis e utilitários domésticos.

• Promoção de vendas com apresentação de ilustrações sobre o Produto.

Pelos exemplos apresentados pode-se concluir que o desenho projetivo é utilizado em todas
as modalidades da engenharia e pela arquitetura. Como resultado das especificidades das
diferentes modalidades de engenharia, o desenho projetivo aparece com vários nomes que
correspondem a alguma utilização específica:

• Desenho Mecânico
• Desenho de Máquinas
• Desenho de Estruturas
• Desenho Arquitetônico
• Desenho Elétrico/Eletrônico
• Desenho de Tubulações

Mesmo com nomes diferentes, as diversas formas de apresentação do desenho projetivo têm
uma mesma base, e todas seguem normas de execução que permitem suas interpretações sem
dificuldades e sem mal-entendidos. Os desenhos não-projetivos são utilizados para
representação das diversas formas de gráficos, diagramas, esquemas, ábacos, fluxogramas,
organogramas etc..

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Desenho Técnico

Formas de Elaboração e Apresentação do Desenho Técnico

Atualmente, na maioria dos casos, os desenhos são elaborados por computadores, pois existem
vários softwares que facilitam a elaboração e apresentação de desenhos técnicos.

Nas áreas de atuação das diversas especialidades de engenharias, os primeiros desenhos que
darão início à viabilização das idéias são desenhos elaborados à mão livre, chamados de esboços.

A partir dos esboços, já utilizando computadores, são elaborados os desenhos preliminares que
correspondem ao estágio intermediário dos estudos que são chamados de anteprojeto.

Finalmente, a partir dos anteprojetos devidamente modificados e corrigidos são elaborados os


desenhos definitivos que servirão para execução dos estudos feitos.

Os desenhos definitivos são completos, elaborados de acordo com a normalização envolvida, e


contêm todas as informações necessárias à execução do projeto.

A Padronização dos Desenhos Técnicos

Para transformar o desenho técnico em uma linguagem gráfica foi necessário padronizar seus
procedimentos de representação gráfica. Essa padronização é feita por meio de normas técnicas
seguidas e respeitadas internacionalmente.

As normas técnicas são resultantes do esforço cooperativo dos interessados em estabelecer


códigos técnicos que regulem relações entre produtores e consumidores, engenheiros,
empreiteiros e clientes. Cada país elabora suas normas técnicas e estas são acatadas em todo o
seu território por todos os que estão ligados, direta ou indiretamente, a este setor.

No Brasil as normas são aprovadas e editadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas
– ABNT, fundada em 1940.

Para favorecer o desenvolvimento da padronização internacional e facilitar o intercâmbio de


produtos e serviços entre as nações, os órgãos responsáveis pela normalização em cada país,
reunidos em Londres, criaram em 1947 a Organização Internacional de Normalização
(International Organization for Standardization – ISO).

Quando uma norma técnica proposta por qualquer país membro é aprovada por todos os países
que compõem a ISO, essa norma é organizada e editada como norma internacional.

As normas técnicas que regulam o desenho técnico são normas editadas pela ABNT, registra-
das pelo INMETRO (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial) como
normas brasileiras -NBR e estão em consonância com as normas internacionais aprovadas pela
ISO.

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Desenho Técnico

Normas da ABNT

A execução de desenhos técnicos é inteiramente normalizada pela ABNT. Os procedimentos


para execução de desenhos técnicos aparecem em normas gerais que abordam desde a
denominação e classificação dos desenhos até as formas de representação gráfica, como é o caso
da NBR 5984 – NORMA GERAL DE DESENHO TÉCNICO (Antiga NB 8) e da NBR 6402 –
EXECUÇÃO DE DESENHOS TÉCNICOS DE MÁQUINAS E ESTRUTURAS METÁLICAS (Antiga
NB 13), bem como em normas específicas que tratam os assuntos separadamente, conforme os
exemplos seguintes:

• NBR 10647 – DESENHO TÉCNICO – NORMA GERAL, cujo objetivo é definir os termos
empregados em desenho técnico. A norma define os tipos de desenho quanto aos seus aspectos
geométricos (Desenho Projetivo e Não-Projetivo), quanto ao grau de elaboração (Esboço,
Desenho Preliminar e Definitivo), quanto ao grau de pormenorização (Desenho de Detalhes e
Conjuntos) e quanto à técnica de execução (À mão livre ou utilizando Computador).
• NBR 10068 – FOLHA DE DESENHO LAY-OUT E DIMENSÕES, cujo objetivo é padronizar as
dimensões das folhas utilizadas na execução de desenhos técnicos e definir seu lay-out com suas
respectivas margens e legenda.
• NBR 10582 – APRESENTAÇÃO DA FOLHA PARA DESENHO TÉCNICO, que normaliza a
distribuição do espaço da folha de desenho, definindo a área para texto, o espaço para desenho
etc.. Como regra geral deve-se organizar os desenhos distribuídos na folha, de modo a ocupar toda
a área, e organizar os textos acima da legenda junto à margem direita, ou à esquerda da legenda
logo acima da margem inferior.
• NBR 13142 – DESENHO TÉCNICO – DOBRAMENTO DE CÓPIAS, que fixa a forma de
dobramento de todos os formatos de folhas de desenho: para facilitar a fixação em pastas, eles são
dobrados até as dimensões do formato A4.
• NBR 8402 – EXECUÇÃO DE CARACTERES PARA ESCRITA EM DESENHOS TÉCNICOS que,
visando à uniformidade e à legibilidade para evitar prejuízos na clareza do desenho e evitar a
possibilidade de interpretações erradas, fixou as características de escrita em desenhos
Técnicos. Neste livro, além das normas citadas acima, como exemplos, os assuntos
abordados nos capítulos seguintes estarão em consonância com as seguintes
normas da ABNT:
• NBR 8403 – APLICAÇÃO DE LINHAS EM DESENHOS – TIPOS DE LINHAS – LARGURAS DAS
LINHAS
• NBR10067 – PRINCÍPIOS GERAIS DE REPRESENTAÇÃO EM DESENHO TÉCNICO
• NBR 8196 – DESENHO TÉCNICO – EMPREGO DE ESCALAS
• NBR 12298 – REPRESENTAÇÃO DE ÁREA DE CORTE POR MEIO DE HACHURAS EM
DESENHO TÉCNICO
• NBR10126 – COTAGEM EM DESENHO TÉCNICO
• NBR8404 – INDICAÇÃO DO ESTADO DE SUPERFÍCIE EM DESENHOS TÉCNICOS
• NBR 6158 – SISTEMA DE TOLERÂNCIAS E AJUSTES
• NBR 8993 – REPRESENTAÇÃO CONVENCIONAL DE PARTES ROSCADAS EM DESENHO
TÉCNICO

Existem normas que regulam a elaboração dos desenhos e têm a finalidade de atender a uma
determinada modalidade de engenharia. Como exemplo, pode-se citar: a NBR 6409, que normaliza
a execução dos desenhos de eletrônica; a NBR 7191, que normaliza a execução de desenhos para
obras de concreto simples ou armado; NBR 11534, que normaliza a representação de engrenagens
em desenho técnico.
Uma consulta aos catálogos da ABNT mostrará muitas outras normas vinculadas à execução de
algum tipo ou alguma especificidade de desenho técnico.

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Desenho Técnico

FIGURAS GEOMÉTRICAS.

As figuras geométricas foram criadas a partir da observação das formas existentes na natureza
e dos objetos produzidos pelo homem.

FIGURAS GEOMÉTRICAS ELEMENTARES.

Quando começamos a aprender geometria estudamos, em primeiro lugar, o ponto, a reta e o


plano, que são chamados de entes primitivos.

PONTO

O ponto é a figura geométrica mais simples. Não tem dimensão, isto é, não tem comprimento,
nem largura, nem altura. Ele é considerado o elemento fundamental da geometria, porque todas as
outras figuras geométricas são formadas pôr conjuntos de pontos.

No desenho, o ponto é determinado pelo cruzamento de duas linhas ou apenas um simples


toque do lápis. Para identificá-lo, usamos letras maiúsculas do alfabeto latino.

LINHA

Podemos ter uma idéia do que é linha, observando os fios que unem os Postes de eletricidade
ou o traço que resulta do movimento da ponta de um lápis sobre uma folha de papel.

A linha tem apenas uma dimensão: o comprimento.

Você pode imaginar a linha como um conjunto infinito de pontos dispostos sucessivamente. O
deslocamento de um ponto também gera uma linha.

A linha pode ser:

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Desenho Técnico

Linha reta ou reta

Para se ter a idéia de linha reta, observe um fio bem esticado. A reta é ilimitada, isto é, não tem início
e nem fim. As retas são identificadas por letras minúsculas do alfabeto latino.

Veja a representação da uma reta r:

Semi-reta

Tomando um ponto qualquer de uma reta, dividimos a reta em duas partes, chamadas semi-retas. A
semi-reta sempre tem um ponto de origem, mas não tem fim.

Segmento de reta

Tomando dois pontos distintos sobre uma reta, obtemos um pedaço limitado de reta. A esse pedaço de
reta, limitado por dois pontos, chamamos segmento de reta. Os pontos que limitam o segmento de reta são
chamados de extremidades. No exemplo a seguir temos o segmento de reta CD, que é representado da
seguinte maneira: CD.

Plano

Podemos ter uma idéia do que é o plano observando uma parede ou o tampo de uma mesa.

Você pode imaginar o plano como sendo formado por um conjunto de retas dispostas sucessi-vamente
numa mesma direção ou como o resultado do deslocamento de uma reta numa mesma direção. O plano é
ilimitado, isto é, não tem começo nem fim. Apesar disso, no desenho, costuma-se representá-lo delimitado
por linhas fechadas:

Para identificar o plano usamos letras


gregas. O caso das letras: a (alfa), b
(beta) e g (gama), que vocÍ pode ver nos
planos repre-sentados na figura ao lado .

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Desenho Técnico

Posições da reta e do plano no espaço

A geometria, ramo da Matemática que estuda as figuras geométricas, preocupa-se também com a
posição que os objetos ocupam no espaço.

A reta e o plano com relação a linha do horizonte podem estar na posição vertical, horizontal ou inclinada.

Posições relativas de duas retas

Coincidentes - Todos os seus pontos são comuns. Perpendiculares - Retas concorrentes que formam entre
A B si um ângulo reto (90°)
r=s
m
r e s coincidentes °
90
n
Concorrentes - Possuem apenas um ponto em comum.

r
Paralelas - Retas que não possuem ponto em comum.
m
s
r e s concorrentes
n

Ângulo

É uma figura geométrica formada por duas semi-retas de mesma origem. É abertura dessas
duas semi-retas que chamamos de ângulo.

Uma das formas de medimos um ângulo consiste em dividir uma circunferência 360 partes
iguais.

Os ângulos podem ser:

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Desenho Técnico

PONTO MÉDIO: É o ponto pertencente ao segmento, que está à mesma distância das
extremidades, dividindo esse segmento em duas partes congruentes (partes iguais).

M = ponto médio
A M B

MEDIATRIZ: É a reta perpendicular ao segmento em seu ponto médio.

A B

mediatriz
ponto médio

Como traçar a mediatriz de um segmento de reta:


- Seja AB o segmento de reta.
- Usando uma abertura de compasso maior do que a metade de AB, com o centro em A e a
seguir em B, traçam-se os arcos que cruzam em 1 e 2.
- Unindo-se estes pontos, tem-se a perpendicular desejada (mediatriz).

A B

mediatriz

2
Bissetriz de um ângulo: é um segmento de reta que divide um ângulo em duas partes iguais.

Bissetriz

Como traçar a bissetriz de um ângulo:


- Com o centro do compasso em A e uma abertura qualquer, traça-se o arco de circulo CD.
- Com uma abertura de compasso maior que a metade da distância CD e com os centros em
C e D respectivamente, traçam-se arcos que se cortam em O.
- A reta AO é a bissetriz pedida.

C O
Bissetriz

A D

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Desenho Técnico

Círculo e Circunferência

Linhas numa Circunferência

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Desenho Técnico

Como traçar uma circunferência tangente a duas retas:

- 1º CASO:
- Dadas as retas AB e CD e o raio R.
- Trace uma reta perpendicular a cada reta dada.
- A uma distância R traça-se uma paralela a AB e outra paralela a CD.
- Determina-se o ponto 0, que é o encontro das duas retas,
que será o centro da circunferência procurada.
- 2º CASO:
- Mesma construção para ângulos obtusos.

- 3º CASO:
- Quando um ângulo das retas for reto.
- Traça-se um arco de raio R e centro em B, que corte as duas retas AB e BC.
- Com centros em T1 e T2 e com o mesmo raio, traçam-se dois arcos que se
cortam em 0 (centro do arco procurado).

A R
A
R
A
R

0 R C
T1 0
0 T1

R
R

B T2 T1
D D C B
B T2 T2

1º CASO 2º CASO 3º CASO

Como dividir um segmento de reta em partes iguais:


- Seja AB o segmento de reta que deverá ser em 5 partes iguais, por exemplos..
- Pelo ponto extremo A traça-se uma reta auxiliar com qualquer inclinação.
- A partir de A, marcam-se 5 divisões iguais entre si e de qualquer tamanho.
- Unindo agora o ponto 5 ao ponto B, tem-se o segmento 5B.
- As retas paralelas a 5B, traçadas pelo ponto 4, 3, 2 e 1, dividirão o seguimento em
5 partes iguais.

A B
1
2
3
4
5

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Desenho Técnico

Figuras geométricas planas

Uma figura qualquer é plana quando todos os seus pontos situam-se no mesmo plano.

Linha poligonal aberta - Uma linha poligonal aberta é formada por segmentos de reta
consecutivos e não colineares, ou seja, segmentos de reta que não estão alinhados na mesma reta e
que não se fecham.

Polígono (Linha Poligonal fechada)

Os polígonos são figuras planas, fechadas formadas por segmentos de retas consecutivos e não
colineares e esse nome é originário do grego POLI (muitos) e GONO (ângulo) sendo, portanto, a figura
geométrica formada por muitos ângulos, ou seja, por uma linha poligonal fechada.

Região poligonal

A região interna a um polígono é a região plana delimitada por um polígono.


Muitas vezes encontramos na literatura sobre Geometria a palavra polígono identificada com a região
localizada dentro da linha poligonal fechada ms é bom deixar claro que polígono representa apenas a
linha. Quando não há perigo na informação sobre o que se pretende obter, pode-se usar a palavra num
ou no outro sentido.

14
Desenho Técnico

Classificação dos Polígonos

Os polígonos podem ser Regulares quando os seus lados e ângulos internos são iguais e Irregulares
quando seus lados ou ângulos internos são desiguais. De acordo com o número de lados, os polígonos são
denominados:

Triângulos

Um triângulo pode ser classificado quanto aos lados e quanto aos ângulos.

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Desenho Técnico

Quadriláteros

Trapézios

São quadriláteros que possuem dois lados paralelos.

16
Desenho Técnico

17
Desenho Técnico
Exercícios
1) Classifique os tipos de linhas abaixo:
d
p t s r

2) Classifique as posições relativas das retas abaixo:

r m
m

A B n n
r=s s

R: R: R: R:

3) Classifique as posições absolutas das retas abaixo:

s t

R: R: R:

4) Divida o segmento abaixo em 7 partes iguais:

B
A

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Desenho Técnico
Exercícios

5) Traçar a mediatriz do segmento de reta abaixo:

A B

6) Traçar a circunferência tangente a duas de acordo com os raios pedidos:

D C D C
B B

R = 15 R = 20

D C
B

R = 10

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Desenho Técnico
Exercícios
7) Classifique e desenhe os polígonos de acordo com a sua descrição :
DESCRIÇÃO POLÍGONO DESENHO

Tem quatro, sendo que os


lados não paralelos são
iguais e os ângulos das
bases também são iguais.

Possui três lados, sendo que


possui dois lados iguais e
dois ângulos iguais.

Possui lados opostos iguais e


quatro ângulos retos .

8) Complete as perguntas abaixo:


a) _______________________é uma parte da reta limitada por dois pontos.
b) Com relação a linha do horizonte uma reta apresenta três posições
absolutas que são:

c) ______________________________ são figuras geométricas planas,


fechadas formadas por segmentos de retas consecutivos e não colineares.
d) ________________________ é o segmento de reta que une o centro
a qualquer ponto da circunferência.
e) A linha, quanto ao formato pode ser classificada como:

f) Uma circunferência de diâmetro 20 mm, deve ter um raio de


g) _________________ é uma figura formada por duas semi-retas distintas
de mesma origem.
9) Identifique os elementos abaixo:

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Desenho Técnico

Sólidos Geométricos

Você já sabe que todos os pontos de uma figura plana localizam-se no mesmo plano. Quando uma figura
geométrica tem pontos situados em diferentes planos, temos um sólido geométrico.

Analisando a ilustração abaixo, você entenderá bem a diferença entre uma figura plana e um sólido
geométrico.

Os sólidos geométricos tém três dimensões: comprimento, largura e altura. Embora existam infinitos
sólidos geométricos, apenas alguns, que apresentam determinadas propriedades, são estudados pela
geometria. Os sólidos que você estudará neste curso têm relação com as figuras geométricas planas
mostradas anteriormente.

Os sólidos geométricos são separados do resto do espaço por superfícies que os limitam. E essas
superfícies podem ser planas ou curvas.

Dentre os sólidos geométricos limitados por superfÌcies planas, estudaremos os prismas, o cubo e as
pirâmides. Dentre os sólidos geomÈtricos limitados por superfÌcies curvas, estudaremos o cilindro, o cone e
a esfera, que são também chamados de sólidos de revolução.

É muito importante que você conheça bem os principais sólidos geométricos porque, por mais
complicada que seja, a forma de uma peça sempre vai ser analisada como o resultado da combinação de
sólidos geométricos ou de suas partes.

Prismas

O prisma é um sólido geométrico limitado por polígonos.


Você pode imaginá-lo como uma pilha de poíÌgonos iguais
Muito próximos uns dos outros, como mostra a ilustração:

O prisma pode também ser imaginado como o resultado do deslocamento de um polígono.


Ele é constituído de vários elementos. Para quem lida com desenho técnico é muito importante
Conhecê-los bem. Veja quais são eles nesta ilustração:

21
Desenho Técnico

Note que a base desse prisma tem a forma de um retângulo ângulo. Por isso ele recebe o nome de prisma
retangular.

Dependendo do polígono que forma sua base, o prisma recebe uma denominação especÌfica. Por
exemplo: o prisma que tem como base o triângulo, é chamado prisma triangular.

Quando todas as faces do sólido geométrico são formadas por figuras geométricas iguais, temos um
sólido geométrico regular.

O prisma que apresenta as seis faces formadas por quadrados iguais recebe o nome de cubo.

Pirâmides

A pirâmide é outro sólido geométrico limitado por polígonos. Você


pode imaginá-la como um conjunto de polígonos semelhantes,
dispostos uns sobre os outros, que diminuem de tamanho
indefinidamente. Outra maneira de imaginar a formação de uma
pirâmide consiste em ligar todos os pontos de um polígono qualquer
a um ponto P do espaço.

É importante que você conheça também os elementos da pirâ-


mide: O nome da pirâmide depende do polígono que forma sua base.
Na figura ao lado, temos uma pirâmide quadrangular, pois sua base
é um quadrado. O número de faces de uma pirâmede é sempre igual
ao número de lados do polígono que forma a sua base mais um.
Cada lado do polígono da base é também uma aresta da pirâmide. O
número de arestas é sempre igual ao número de lados do polígono
da base vezes dois. O número de vértices é sempre igual ao número
de lados do polígono da base mais um. O vértice principal é o ponto
de encontro das arestas laterais.

Sólidos de Revolução

Alguns sólidos geométricos, chamados sólidos de revolução, podem ser formados pela rotação de figu-
ras planas em torno de um eixo. Rotação significa ação de rodar, dar uma volta completa. A figura plana que
dá origem ao sólido de revolução chama-se figura geradora. A linha que gira ao redor do eixo formando
a superfície de revolução é chamada linha geratriz.

O cilindro, o cone e a esfera são os principais sólidos de revolução.

Cilindro

O cilindro é um sólido geométrico, limitado


lateralmente por uma Superfície curva. Você
pode imaginar o cilindro como resultadoda
Rotação de um retângulo ou de um quadrado
em torno de um eixo que passa por um de seus
lados. Veja a figura ao lado. No desenho, está
representado apenas o contorno da superfície
cilíndrica. A figuraplana que forma as bases do
cilindro é o círculo. Note que o encontro de
Cada base com a superfície cilíndrica forma as arestas.

22
Desenho Técnico

Cone

O cone também é um sólido geométrico limitado


lateralmente por uma superfície curva. A formação
o do cone pode ser imaginada pela rotação de um
triângulo retângulo em torno de um eixo que passa
por um dos seus catetos. A figura plana que forma a
base do cone é o círculo. O vértice é o ponto de
Encontro de todos os segmentos que partem do círculo.
No desenho está representado apenas o contorno
da superfície cônica. O encontro da superfície cônica
Com a base dá origem a uma aresta.

Esfera

A esfera também é um sólido geométrico limitado por uma superfície curva


chamada superfície esférica. Podemos imaginar a formação da esfera a partir da
rotação de um semicírculo em torno de um eixo, que passa pelo seu diâmetro.
Veja os elementos da esfera na figura abaixo.

Sólidos Geométricos Truncados


Quando um sólido geométrico é cortado por um plano, resultam novas figuras geométricas: os sólidos
geométricos truncados.

Veja alguns exemplos de sólidos truncados, com seus respectivos nomes:

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Desenho Técnico
Exercícios

1) Analise a pirâmide abaixo e responda:


a) Qual o nome do polígono que forma a base da
pirâmide?
...................................................................................
b) Que nome recebe este tipo de pirâmide?
...................................................................................
c) Quantas faces tem esta pirâmide?
...................................................................................
d) Quantas arestas tem esta pirâmide?
...................................................................................
e) Quantos vértices tem esta pirâmide?
...................................................................................

2) Analise o prisma quadrangular


vazado ao lado e indique o nome do
sólido geométrico extraído para dar
lugar ao furo.

Nome do sólido: ............................

3) Escreva o nome destes sólidos geométricos, nos espaços indicados.

4) Escreva o nome dos sólidos geométricos em que pode ser decomposto o


manípulo abaixo.

5) Observe a guia representada a seguir e assinale com um X os sólidos


geométricos que a compõem.

24
Desenho Técnico

Caligrafia técnica

Uma das mais importantes condições dos desenhos mecanicos é a caligrafia simples
perfeitamente legível e facilmente desenhável.

As letras e os algarismos normalizados, podem-se verticais ou inclinadas, como são mostrados


abaixo.

25
Desenho Técnico
Exercícios

ABCDEFGHIJLMNOPQRSTUVXYZ

abcdefghijlmnopqrstuvxyz

0123456789 0123456789

26
Desenho Técnico

Formatos de papel

O formato básico do papel, designado por A0 (A zero), é o retângulo cujos lados medem 841mm
e 1.189mm, tendo a área de 1m². Do formato básico, derivam os demais formatos.

A
25

Legenda
A

27
Desenho Técnico

Legenda

A legenda deve ficar no canto inferior direito nos formatos A3, A2, A1 e A0, ou ao longo da largura
da folha de desenho no formato A4.

28
Desenho Técnico

Dobragem

O formato de papel é o formato A4. Para isso, as folhas são dobradas convenientemente, segundo o
esquema abaixo:

29
Desenho Técnico
Exercícios
1) Determine as medidas de acordo com os formatos

A3
A4

A1
A2

A0

30
Desenho Técnico
Exercícios

2) Reproduzir um formato A4 com legenda (conforme desenho abaixo). Respeitar os dados


técnicos de margens, espessura de linha e caligrafia técnica.






 








NOME
DA


ESCOLA



  


31
Desenho Técnico

Tipos de linhas

O desenho de uma peça ou de um conjunto mecânico é construido por meio de linhas que reproduzem
a sua conformação externa e por linhas auxiliares que ajudam a construção e o entendimento do mesmo.

Corte Parcial
(continua estreita a
mão livre) Linha de Centro
(linha traço ponto estreita)
Linha Auxiliar
(linha contínua estreita)
Aresta não visível
(linha tracejada estreita)

20
Linha de Ruptura
(continua estreita a mão livre) Linha de Cota
(linha contínua estreita)
Hachura
(linha
Linha de Contorno continua
(linha continua larga)

630
estreita)

Cota

30

60

Plano de Corte
(linha traço e ponto estreita e larga nas
Linha de Simetria
(traço e ponto estreita) A extremidades)
45
25
10

A
15

40

32
Desenho Técnico
Exercícios

A) Identificar os tipos de linhas e reproduzir o desenho abaixo no formato A4 executado


anteriomente, respeitando as espessuras e os tipos de linhas indicadas para cada tipo de
aplicação.

33
Desenho Técnico

Escalas

Escala é a proporção definida existente entre as


dimensões de uma peça e as do seu respectivo desenho.

O desenho de um elemento de máquina pode estar em:

- escala natural 1 : 1
- escala de redução 1 : 5
- escala de ampliação 2 : 1

Na representação através de desenhos executados em escala natural (1 : 1), as dimensões da peça


correspondem em igual valor às apresentadas no desenho.

Na representação através de desenhos executados em escala de redução, as dimensões do desenho se


reduzem numa proporção definida em relação às dimensões reais das peças.

Na escala 1 : 2, significa que


1mm no desenho corresponde a
2mm na peça real.

Na representação através de desenhos executados em escala de ampliação, as dimensões do desenho


aumentam numa proporção definida em relação às dimensões reais das peças.

Na escala 5 : 1, significa dizer que


5mm no desenho correspondem a
1mm na peça real.

34
Desenho Técnico
Exercícios

1) Complete o quadro abaixo:

1:10

2) Reproduza o desenho abaixo na escala de ampliação 2:1 e de redução 1:2.

10 10
10

20

30

35
Desenho Técnico
Exercícios

1) Determine, e anote a escala dos desenhos abaixo.

Esc.: Esc.:

2) Determine, e coloque o valor rela das cotas nos desenhos abaixo.

Esc.: 1:10 Esc.: 2:1

36
Desenho Técnico
Exercícios

1) Relacione a coluna com os parênteses:

A - Ângulo Reto
( ) ( ) 1:5
B - Circunferências Secantes
C - Hexágono
( ) ( )
D - Escala de Ampliação
E - Triângulo Equilátero ( ) AB ( ) AB

F - Ângulo agudo ( ) Ângulos cuja soma ( )


equivale a 180°
G - Vértice
( ) ( )
H - Formato A3
( ) Ângulo maior
I - Semi-reta que 90°
J - Circunferências Tangentes ( ) ( )
K - Ângulo Obtuso
( ) 360°
L - Triângulo Escaleno
( ) ( )
M - Segmento de Reta
N - Linha Sinuosa ( ) 2:1

O - Soma dos Ângulos Internos de um Quadrilátero ( ) AB

P - Escala de Redução ( ) Ângulo de 90°


r=s
( )
Q - 50°
R
R - Reta Secante ( )
( )
S - Soma dos Ângulos Internos de um Triângulo
T - Circunferências Concêntricas
( ) ( )
U - Triângulo Isósceles
( ) Ângulo menor
V - Ângulos Complementares que 90°
W - Triângulo Retângulo ( ) 180°
X - 50 mm
Y - Reta ( ) ( )

Z - Retas Concorrentes ( )
NR - Nenhuma Resposta
( )
( )

37
Desenho Técnico

Projeção Ortográfica

A projeção ortográfica é uma forma de representar graficamente objetos tridimensionais em


superfícies planas, de modo a transmitir suas características com precisão e demonstrar sua
verdadeira grandeza grandeza.

Para entender bem como é feita a projeção ortográfica você precisa conhecer três elementos: o
modelo, o observador e o plano de projeção.

Modelo - é o objeto a ser representado em projeção ortográfica. Qualquer objeto pode ser toma-
do como modelo: uma figura geométrica, um sólido geométrico, umapeça de máquina ou mesmo
um conjunto de peças.

Observador - é a pessoa que vé, analisa, imagina ou desenha o modelo.

Para representar o modelo em projeção ortográfica, o observador deve analisá-lo


cuidadosamente em várias posições.

As ilustrações a seguir mostram o observador vendo o modelo de frente frente, de cima e de


lado.

Observador

38
Desenho Técnico

Plano de Projeção - é a superfcie onde se projeta o modelo.

Diedros

A representação de objetos tridimensionais por meio de desenhos bidimensionais, utilizando


projeções ortogonais, foi idealizada por Gaspar Monge no século XVIII. O sistema de representação
criado por Gaspar Monge é denominado Geometria Descritiva.

Considerando os planos vertical e horizontal prolongados além de suas interseções, como mostra
a Figura 3.1, dividiremos o espaço em quatro regiões chamadas de diedros. As quatro regiões são
numerados no sentido anti-horário, e denominados 1º, 2º, 3º, e 4º Diedros.

Utilizando os princípios da Geometria Descritiva, pode-se, mediante figuras planas, representar


formas espaciais utilizando os rebatimentos de qualquer um dos quatro diedros.

Entretanto, para viabilizar o desenvolvimento industrial e facilitar o exercício da engenharia, foi


necessário normalizar uma linguagem que, a nível internacional, simplifica o intercâmbio de
informações tecnológicas.

Assim, a partir dos princípios da Geometria Descritiva, as normas de Desenho Técnico fixaram
a utilização das projeções ortogonais somente pelos 1º e 3º diedros, criando pelas normas
internacionais dois sistemas para representação de peças:

• sistema de projeções ortogonais pelo 1º diedro


• sistema de projeções ortogonais pelo 3º diedro

39
Desenho Técnico

O uso de um ou do outro sistema dependerá das normas adotadas por cada país. Por exemplo,
nos Estados Unidos da América (USA) é mais difundido o uso do 3º diedro; nos países europeus é
mais difundido o uso do 1º diedro.

No Brasil é mais utilizado o 1º diedro, porém, nas indústrias oriundas dos USA, da Inglaterra e do
Japão, poderão aparecer desenhos representados no 3º Diedro.

Como as normas internacionais convencionaram, para o desenho técnico, o uso dos 1º e 3º die-
dros é importante a familiarização com os dois sistemas de representação.

A interpretação errônea de um desenho técnico poderá causar grandes prejuízos.

Projeções Ortogonais pelo 1º Diedro


As projeções feitas em qualquer plano do 1º
diedro seguem um princípio básico que
determina que o objeto a ser representado
deverá estar entre o observador e o plano de
projeção, conforme mostra a Figura 3.2.

A partir daí, considerando o objeto imóvel no


espaço, o observador pode vê-lo por seis
direções diferentes, obtendo seis vistas da
peça.

Ou seja, aplicando o princípio básico em seis


planos circundando a peça, obtemos, de
acordo com as normas internacionais, as
vistas principais no 1º diedro.

Para serem denominadas vistas principais, as projeções têm de ser obtidas em planos perpen-
diculares entre si e paralelos dois a dois, formando uma caixa.

A Figura 3.3 mostra a peça circundada pelos seis planos principais, que posteriormente são
rebatidos de modo a se transformarem em um único plano. Cada face se movimenta 90º em relação à
outra.

40
Desenho Técnico

A projeção que aparece no plano 1(Plano vertical de origem do 1º diedro) é


sempre chamada de vista de frente.

Em relação à posição da vista de frente, aplicando o princípio básico do 1º diedro, nos outros planos
de projeção resultam nas seguintes vistas:

• Plano 1 – Vista de Frente ou Elevação – mostra a projeção frontal do objeto.


• Plano 2 – Vista Superior ou Planta – mostra a projeção do objeto visto por cima.
• Plano 3 – Vista Lateral Esquerda ou Perfil – mostra o objeto visto pelo lado esquerdo.
• Plano 4 – Vista Lateral Direita – mostra o objeto visto pelo lado direito.
• Plano 5 – Vista Inferior – mostra o objeto sendo visto pelo lado de baixo.
• Plano 6 – Vista Posterior – mostra o objeto sendo visto por trás.

A padronização dos sentidos de rebatimentos dos planos de projeção garante que no 1º diedro as
vistas sempre terão as mesmas posições relativas.

Ou seja, os rebatimentos normalizados para o 1º diedro mantêm,em relação à vista de frente, as


seguintes posições:

• a vista de cima fica em baixo;


• a vista de baixo fica em cima;
• a vista da esquerda fica à direita;
• a vista da direita fica à esquerda.

Talvez o entendimento fique mais simples, raciocinando-se com o tombamento do objeto. O


resultado será o mesmo se for dado ao objeto o mesmo rebatimento dado aos planos de projeção.

A figura 3.4 mostra o tombamento do objeto.


Comparando com o resultado das vistas resul-
tantes dos reba-timentos dos planos de
projeção, pode-se observar:

• O lado superior do objeto aparece em baixo e


o inferior em cima, ambos em relação à posição
frente.

• O lado esquerdo do objeto aparece à direita


da posição de frente, enquanto o lado direito
está à esquerda do lado da frente.

41
Desenho Técnico

A Figura 3.5 mostra o desenho final das seis vistas.

Observe que não são colocados os nomes das vistas, bem como não aparecem as linhas de
limite dos planos de projeções.

É importante olhar para o desenho sabendo que as vistas, apesar de serem desenhos bidi-
mensionais, representam o mesmo objeto visto por diversas posições.

Com a consciência de que em cada vista existe uma terceira dimensão escondida pela projeção
ortogonal; partindo da posição definida pela vista de frente e sabendo a disposição final conven-
cionada para as outras vistas, é possível entender os tombos (rebatimentos) efetuados no objeto.

Outra conseqüência da forma normalizada para obtenção das vistas principais do 1º diedro é que
as vistas são alinhadas horizontalmente e verticalmente.

Para facilitar a elaboração de esboços,


como as distâncias entre as vistas
devem ser visualmente iguais, pode-se
relacionar as dimensões do objeto nas
diversas vistas, conforme mostra a Fi-
gura 3.6.

Verticalmente relacionam-se as dimen-


sões de comprimento,horizontalmente
relacionam-se as dimensões de altura e
os arcos transferem as dimensões de
largura.

42
Desenho Técnico
Exercícios
1) Nomeie os círculos nas projeções de acordo com a perspectiva.

43
Desenho Técnico
Exercícios
2) Nomeie os círculos nas projeções de acordo com a perspectiva.

44
Desenho Técnico
Exercícios
1) Procure analisar os rebatimentos de todas as superfícies que compõem cada peça
Abaixo, projetando as seis vistas, para isto utilize um formato A4 na posição de paisagem.

1 2

3 4

45
Desenho Técnico

Escolha das Vistas

Dificilmente será necessário fazer seis vistas para representar qualquer objeto. Porém, quaisquer
que sejam as vistas utilizadas, as suas posições relativas obedecerão às disposições definidas pelas
vistas principais.

Na maioria dos casos, o conjunto formado pelas vistas de frente, vista superior e uma das vistas
laterais é suficiente para representar, com perfeição, o objeto desenhado.

No 1º diedro é mais difundido o uso da vista lateral


esquerda, resultando no conjunto preferencial com-
posto pelas vistas de frente, superior e lateral esquer-
da, que também são chamadas, respectivamente, de
elevação, planta e perfil, mostradas na Figura 3.7.

Na prática, devido à simplicidade de forma da maioria


das peças que compõem as máquinas e equipa-
mentos, são utilizadas somente duas vistas.

Em alguns casos, com auxílio de símbolos convencionais, é possível definir a forma da peça
desenhada com uma única vista.

Não importa o número de vistas utilizadas, o que importa é que o desenho fique claro e objetivo.

O desenho de qualquer peça, em hipótese alguma, pode dar margem a dupla interpretação.

O ponto de partida para determinar as vistas necessárias é escolher o lado da peça que será
considerado como frente. Normalmente, considerando a peça em sua posição de trabalho ou de
equilíbrio, toma-se como frente o lado que melhor define a forma da peça. Quando dois lados definem
bem a forma da peça, escolhe-se o de maior comprimento.

Feita a vista de frente faz-se tantos rebatimentos quantos forem necessários para definir a forma
da peça.

Na Figura 3.8, considerando como frente a direção indicada, as três vistas preferenciais do 1º
diedro são suficientes para representar o objeto. Observe no conjunto de seis vistas que as outras três
vistas, além de apresentarem partes ocultas, são desnecessárias na definição da forma do objeto.

46
Desenho Técnico

Exercício Resolvido

Na Figura 3.9, considerando a frente indicada no objeto, o conjunto formado pelas vistas de frente,
superior e lateral direita é o que melhor representa a peça. Na vista lateral esquerda aparecem linhas
tracejadas, que devem ser evitadas.

Quando a vista de frente for uma figura simétrica, conforme mostra a Figura 3.10, teoricamente
poderia utilizar qualquer uma das vistas laterais, porém deve-se utilizar a vista lateral esquerda para
compor o conjunto das vistas preferenciais.

É preciso ter muito cuidado com a escolha das vistas, porque o uso de vistas inadequadas pode
levar a soluções desastrosas.

47
Desenho Técnico

A Figura 3.11 mostra que as duas vistas escolhidas em 3.11 (a) podem representar qualquer uma
das peças mostradas em 3.11 (b) se considerarmos os sentidos de observação indicados no
paralelepípedo.

Ainda que pareça que o problema está resolvido, a solução pode ser enganosa como é mostrado
na Figura 3.12. As duas vistas escolhidas em 3.12 (a) podem corresponder a qualquer uma das quatro
peças mostradas em 3.12 (b).

As vistas precisam ser escolhidas de modo que o desenho defina fielmente a forma da peça e
que, em hipótese nenhuma, dê margem a dupla interpretação.

Exercício Resolvido

48
Desenho Técnico
Exercícios
1) Identifique e numere as projeções correspondentes a cada peça apresentada em
perspectiva.

49
Desenho Técnico

Exercícios Propostos

Dadas as perspectivas faça o esboço das três vistas principais (forntal,


superior e lateral esquerda) das peças dadas, respeitando as proporções.

Para desenvolver a visão espacial todo o esforço deve ser concentrado na


automação do raciocínio para os rebatimentos convencionados do 1º diedro.

A automação do raciocínio para os rebatimentos significa que, quando se


olha para um conjunto de vistas deve-se, automaticamente, estar associando
(enxergando) a peça, ou as superfícies que a compõem, em suas diferentes
posições.

Na maioria das vezes não se consegue enxergar todos os detalhes da peça,


mas é possível analisar individualmente cada superfície, e entender suas
posições espaciais em cada vista.

Visando ajudar o desenvolvimento da visão espacial, os exercícios


propostos
devem ser resolvidos seguindo a seguinte metodologia:

1. Considerando a direção indicada, olhando para a perspectiva, faça o de-


senho da vista de frente;

2. Não se esqueça que o desenho da vista de frente, apesar de ser bidi-


mensional, representa uma peça tridimensional e existe uma terceira
dimensão que está escondida pelas projeções ortogonais;

3. Olhando para a vista de frente mas com o sentimento da forma espacial da


peça, sem olhar para as perspectivas, faça a vista superior.

4. Confira as duas vistas com a perspectiva dada; e

5. Também sem olhar para a perspectiva, a partir da vista de frente, desenhe a


vista lateral mais conveniente.

50
Desenho Técnico
Exercícios
2) Executar em esboço as vistas ortográficas principais (frontal, superior e lateral esquerda)
das peças dadas em perspectiva, respeitando as proporções.

51
Desenho Técnico
Exercícios

52
Desenho Técnico
Exercícios

53
Desenho Técnico
Exercícios

54
Desenho Técnico
Exercícios

55
Desenho Técnico
Exercícios

56
Desenho Técnico
Exercícios

57
Desenho Técnico
Exercícios

58
Desenho Técnico

A) Complete as projeções abaixo.

59
Desenho Técnico

Projeções Ortogonais pelo 3º Diedro

Assim como no 1° diedro, qualquer projeção do


3º diedro também segue um princípio básico.

Para fazer qualquer projeção no 3º diedro, o pla-


no de projeção deverá estar posicionado entre o
observador e o objeto, conforme mostra a Figura
3.13.

O plano de projeção precisa ser transparente


(como uma placa de vidro) e o observador, por trás
do plano de projeção, puxa as projetantes do objeto
para o plano.

As vistas principais são obtidas em seis planos perpendiculares entre si e paralelos dois a dois,
como se fosse uma caixa de vidro e, posteriormente, rebatidos de modo a formarem um único plano.

A Figura 3.14 mostra os rebatimentos dos planos que compõem a caixa de vidro, onde cada
plano se movimenta 90º em relação ao outro.

Da mesma forma que no 1° diedro, a projeção que é representada no plano 1 corresponde ao


lado da frente da peça.

Deste modo, considerando o princípio básico e os rebatimentos dados aos planos de projeção,
têm-se as seguintes posições relativas das vistas:

• Plano 1 – Vista de Frente – mostra a projeção frontal do objeto.


• Plano 2 – Vista Superior – mostra a projeção do objeto visto por cima.
• Plano 3 – Vista Lateral Direita – mostra o objeto visto pelo lado direito.
• Plano 4 – Vista Lateral Esquerda – mostra o objeto visto pelo lado
esquerdo.
• Plano 5 – Vista Inferior – mostra o objeto sendo visto pelo lado de
baixo.
• Plano 6 – Vista Posterior – mostra o objeto sendo visto por trás.

60
Desenho Técnico

A Figura 3.15 mostra as vistas principais resultantes das projeções na caixa de vidro e também
os tombamentos que devem ser dados à peça para obter o mesmo resultado.

No 3° diedro as vistas mais utilizadas, que acabam se constituindo nas vistas preferenciais, são o conjunto
formado pelas vistas de frente, superior e lateral direita. A Figura 3.16 mostra as vistas principais e as vistas
preferenciais do 3º diedro.

Exercícios Resolvidos

Analise as projeções das peças abaixo e procure entender os rebatimentos convencionados para
o 3° diedro.

61
Desenho Técnico

Comparações entre as Projeções do 1° e do 3° Diedros


Visando facilitar o estudo e o entendimento dos dois sistemas de projeções ortogonais, normalizados
como linguagem gráfica para o desenho técnico, serão realçadas as diferenças e as coincidências
existentes entre o 1º e o 3º diedros a seguir.

1 - Quanto à vista de Frente


Tanto no 1° como no 3° diedro, deve-se escolher como frente o lado que melhor representa a forma da
peça, respeitando sua posição de trabalho ou de equilíbrio.

2 – Quanto às Posições relativas das vistas


A Figura 3.17 mostra as vistas principais do 1° e do 3° diedros. Para facilitar a comparação, nos dois
casos, a vista de frente corresponde ao mesmo lado do objeto. Como é mantida a mesma frente,
conseqüentemente, todas as outras vistas são iguais, modificando somente as suas posições
relativas.

62
Desenho Técnico

As figuras 3.18 e 3.19 fazem respectivamente a comparação dos sentidos dos rebatimentos dos
planos de projeções e dos tombamentos do objeto.

Observe que no 1º diedro, olha-se a peça por um lado e desenha-se o que se está vendo do outro
lado, enquanto no terceiro diedro, o que se está vendo é desenhado no próprio lado donde se está
olhando a peça.

Não se pode esquecer que cada projeção ortogonal representa o objeto em uma determinada
posição e, assim sendo, no 1º diedro qualquer projeção ortogonal corresponde àquilo que é visto pelo
outro lado da projeção que estiver ao seu lado. Da mesma forma, no 3º diedro qualquer projeção
ortogonal corresponde àquilo que é visto na direção da projeção que estiver ao seu lado.

Para facilitar o entendimento das inversões dos rebatimentos, as Figuras 3.20, 3.21 e 3.23 comparam
os rebatimentos do 1º e do 3° diedros.

63
Desenho Técnico

Para facilitar o entendimento das inversões dos rebatimentos, as Figuras 3.20, 3.21 e 3.23
comparam os rebatimentos do 1º e do 3° diedros.

Para desenvolver habilidade na interpretação de desenhos técnicos é necessário associar,


automaticamente, o conjunto de vistas com os rebatimentos que a peça sofreu.

Em função de uma maior utilização, deve ser dada maior ênfase no estudo dos rebatimentos
formados pelas vistas preferenciais. A Figura 3.23 mostra a comparação destes rebatimentos.

64
Desenho Técnico

Na Figura 3.23, no 3º diedro, o objeto seria mais bem representado se fosse utilizado como frente
o lado de trás da peça porque eliminaria a linha tracejada na vista lateral direita.

De acordo com as normas internacionais, na execução de desenhos técnicos, pode-se utilizar


tanto o 1º como o 3° diedros.

Para facilitar a interpretação do desenho é recomendado que se faça a indicação do diedro utilizado
na representação. A indicação pode ser feita escrevendo o nome do diedro utilizado, como mostrado
na Figura 3.25 ou utilizando os símbolos da Figura 3.26.

Os desenhos seguintes mostram as três vistas que melhor representam a peça (conjunto de vistas
que têm o menor número possível de arestas invisíveis),mantendo a mesma vista de frente tanto no 1º
como no 3º diedros.

Observe que, para manter a mesma vista de frente nos dois diedros, foi necessário fugir das vistas
preferenciais em um deles.

65
Desenho Técnico

PERSPECTIVA

Quando olhamos para um objeto, temos a sensação de profundidade e relevo.


As partes que estão mais próximas de nós parecem maiores e as partes mais distantes aparentam ser
menores.

A fotografia mostra um objeto do mesmo modo como ele é visto pelo olho humano, pois transmite a
idéia de três dimensões: comprimento, largura e altura.

O desenho, para transmitir essa mesma idéia, precisa recorrer a um modo especial de representação
gráfica: a perspectiva. Ela representa graficamente as três dimensões de um objeto em um único plano,
de maneira a transmitir a idéia de profundidade e relevo.

Existem diferentes tipos de perspectiva. Veja como fica a representação de um cubo em três tipos
diferentes de perspectiva:

Perspectiva Isométrica
Cada tipo de perspectiva mostra o objeto de um jeito. Comparando as três formas de representação,
você pode notar que a perspectiva isométrica é a que dá a idéia menos deformada do objeto.

Iso quer dizer mesma; métrica quer dizer medida. A perspectiva isomÈétrica mantém as mesmas
proporções do comprimento, da largura e da altura do objeto representado. Além disso, o traçado da
perspectiva isométrica é relativamente simples.

Em desenho técnico, é comum representar perspectivas por meio de esboços, que são desenho
feitos rapidamente a mão livre. Os esboços são muito útéis quando se deseja transmitir, de imediato, a
idéia de um objeto.

A perspectiva não é utilizada nas oficinas de fabricação porque deforma as superfícies e é dificil de
cotar. Além disso, a realizaçào dessas perspectivas exige um trabalho longo e minucioso. Elas são
utilizadas nos catálogos dos construtores para as peças de reposição.

A figura abaixo apresenta um exemplo de uma perspectiva. Podemos dizer que a vista está
detalhada. Separa os diferentes componentes de um sistema de bielas de um moto, enquanto se
respeita a posiçào relativa de montagem.

66
Desenho Técnico

Eixos Isométricos
O desenho da perspectiva isométrica é baseado num sistema de três semi-retas que têm o mesmo
ponto de origem e formam entre si três ângulos de 120°. Veja:

Essas semi-retas, assim dispostas, recebem o nome de eixos isométricos.


Cada uma das semi-retas é um eixo isométrico.

Os eixos isométricos podem ser representados em posições variadas, mas


sempre formando, entre si, ângulos de 120°.

O traçado de qualquer perspectiva isométrica parte sempre dos eixos


Isométricos.

Esboço em Perspectiva

Qualquer que seja a forma da peça a ser desenhada, para se elaborar um esboço em perspectiva é
necessário desenhar, primeiramente, o paralelepípedo de referência.

Das perspectivas paralelas, o tipo mais adequado para se esboçar, com a finalidade de ajudar na
interpretação das projeções ortogonais, é a Perspectiva Isométrica.

Assim sendo, o desenho do paralelepípedo de referência deve começar pelos três eixos isomé-
tricos. No Passo 1 da Figura 4.17 vê-se que um dos eixos isométricos é traçado verticalmente e os
outros dois fazem um ângulo de 30° com uma linha horizontal.

Traçados os eixos isométricos, deve-se marcar sobre eles tamanhos proporcionais às medidas de
comprimento, largura e altura da peça representada nas projeções ortogonais. Seguindo as medidas
marcadas, traçam-se linhas paralelas aos eixos isométricos até obter o paralelepípedo de referência,
conforme aparece no Passo 2 da Figura 4.17.

Os Passos 3, 4 e 5 da Figura 4.17 mostram a obtenção da forma espacial representada nas


projeções ortogonais desenhando nas faces do paralelepípedo as vistas correspondentes. Observe
que quando a peça não possui superfícies inclinadas, todas as linhas são paralelas a um dos três
eixos isométricos.

Nos desenhos em perspectivas, normalmente, as arestas invisíveis não são representadas.

67
Desenho Técnico

Exemplo:.

68
Desenho Técnico

Esboço em Perspectiva de Superfícies Inclinadas

As superfícies inclinadas, quando desenhadas em perspectivas, não acompanham as direções


dos eixos isométricos.

Nos esboços em perspectivas o traçado das superfícies inclinadas não deve ser orientado pelo
ângulo de inclinação da superfície. A forma mais correta para traçar as superfícies inclinadas é marcar
o comprimento dos catetos, que determina a inclinação da superfície, nas arestas do paralelepípedo
de referência. A Figura 4.18 ilustra a elaboração do desenho do esboço em perspectiva contendo
superfícies inclinadas.

Quando a superfície inclinada não for perpen-


dicular a nenhum dos planos de projeção, a melhor
forma de representá-la em perspectiva é
posicionando as projeções ortogonais da superfície
inclinada nas respectivas faces do paralelepípedo de
referência, conforme mostra a Figura 4.19.

69
Desenho Técnico

Observação:

A perspectiva isométrica de circunferências e de seus arcos ocorre freqüentemente.

Como a circunferencia pode ser inscrista em um quadrado, este, ao ser perspectivado, transforma-se
em um losango, que terá uma elipse inscrita. Traçam-se os eixos isométricos X, Y e Z e marcam-se os
lados do quadrado no eixo. Tem-se agora o losango, onde são indicados os pontos médios dos lados E,
F, G e H.ligam-se os pontos A e C aos pontos médios. Com centro nos vértices A e C, traçam-se os arcos
GE e FH. Com os centros nos pontos I e J, traçam-se os arcos GF e EH, completando a elipse
isométrica.

A técnica mensionada é a mesma,


Qualquer que seja o plano utilizado.

Observe que, para completar a perspectiva de um sólido, será necessário outra circunferência, ou
arco, na face paralela e oposta a primeira, já traçada. Essa circunferência terá as mesmas dimensões e
seus vértices serão isométricamente coincidentes, ou seja, serão ligados por linhas paralelas a um dos
eixos isométricos (como a linha que liga os pontos E e E’ na figura a seguir, que é paralela ao eixo
vertical).

As duas circunferência em perspectiva serão ligadas por linhas que compõem faces do sólido
(seriam como os lados de um cilindro); estas linhas são tangentes aos arcos que compõem a
circunferência, e para definir sua posição basta ligar os pontos de interseção entre os arcos traçados e
as diagonais maiores dos quadrados isométricos (pontos 1 e 2).

70
Desenho Técnico

Esboço em Perspectiva de Superfícies Curvas

Como o círculo pode ser inscrito em um quadrado, conclui-se que um cilindro pode ser inscrito em
um paralelepípedo de base quadrada, conforme mostra a figura 4.20.

Observe que o círculo inscrito no quadrado


em perspectiva tem a forma de uma elipse. O
desenho do cilindro em perspectiva será obtido
traçando-se elipses nas faces quadradas e
unindo-as com retas tangentes às arestas do
comprimento do paralelepípedo.

Os passos da Figura 4.21 mostram a


seqüência de elaboração do desenho da elipse
que representa o círculo em perspectiva, e a
figura 4.22 mostra as suas diferentes posições
espaciais.

O desenho em perspectiva de peças que contenham superfícies curvas é elaborado


aplicando-se, passo a passo, a metodologia já exposta. A Figura 4.23 mostra os passos para
elaboração de esboços em perspectiva de peças com superfícies curvas.

71
Desenho Técnico
Exercícios

1) Dadas as vistas, desenhar o esboço em perspectiva.

a)

b)

2) Complete a frase no espaço indicado:


O círculo, em perspectiva isométrica, tem sempre a forma parecida com
.............................................. .

3) Assinale com um X a alternativa correta.


Na representação da perspectiva isométrica do círculo partimos da perspectiva
isométrica:
a) ( ) do retângulo auxiliar;
b) ( ) da elipse auxiliar;
c) ( ) do quadrado auxiliar;
d) ( ) do círculo auxiliar.

4) Complete os passos 2 e 3 da 5) No desenho a seguir, complete o traçado


perspectiva isométrica do círculo da perspectiva isométrica do cilindro.
representado na face superior.

72
Desenho Técnico
Exercícios
5) Desenhe no reticulado da direita a perspectiva isométrica do modelo representado
à esquerda.
Exercício

73
Desenho Técnico

Dimensionamento

O desenho técnico, além de representar, dentro de uma escala, a forma tridimensional, deve conter
informações sobre as dimensões do objeto representado. As dimensões irão definir as características
geométricas do objeto, dando valores de tamanho e posição aos diâmetros, aos comprimentos, aos
ângulos e a todos os outros detalhes que compõem sua forma espacial.

A forma mais utilizada em desenho técnico é definir as dimensões por meio de cotas que são
constituídas de linhas de chamada, linha de cota, setas e do valor numérico em uma determinada
unidade de medida, conforme mostra a Figura 6.1

As cotas devem ser distribuídas pelas vistas e dar todas as dimensões necessárias para viabilizar a
construção do objeto desenhado, com o cuidado de não colocar cotas desnecessárias.

As cotas devem ser colocadas uma única vez em qualquer uma das vistas que compõem o desenho,
localizadas no local que representa mais claramente o elemento que está sendo cotado, conforme
mostram as Figuras 6.2 e 6.3.

Na Figura 6.2, o dimensionamento do rasgo existente


na parte superior da peça pode ser feito somente na
vista lateral esquerda ou com cotas colocadas na vistas
de frente e na vista superior. Observe que as cotas da
vista lateral esquerda definem as dimensões com muito
mais clareza.

Para facilitar a leitura do desenho, as medidas devem


ser colocadas com a maior clareza possível evitando-
se, principalmente, a colocação de cotas referenciadas
às linhas tracejadas.

74
Desenho Técnico

Na Figura 6.3 pode-se observar que as cotas


colocadas na vista de frente representam as
respectivas dimensões com muito mais clareza
do que as cotas colocadas nas vistas superior e
lateral esquerda.

Não devem existir cotas além das necessá-


rias para definir as medidas do objeto. O di-
mensionamento ou localização dos elementos
deve ser cotado somente uma vez, evitando-
se cotas repetidas.

Todas as cotas de um desenho ou de um conjunto de desenhos de uma mesma máquina ou de um


mesmo equipamento devem ter os valores expressos em uma mesma unidade de medida, sem
indicação do símbolo da unidade de medida utilizada. Normalmente, a unidade de medida mais
utilizada no desenho técnico é o milímetro.

Quando houver necessidade de utilizar outras unidades, além daquela predominante, o sím-
bolo da unidade deve ser indicado ao lado do valor da cota.

A Figura 6.4 mostra a utilização de unidades


diferentes. Enquanto a maioria das cotas está
em milímetro e sem indicação da unidade
utilizada, o comprimento da peça, na vista de
frente, está cotado em centímetro, bem como a
largura, na vista lateral, e o diâmetro do furo, na
vista superior, estão em polegadas.

A Figura 6.4 também mostra a utilização de


cota com tolerância de erro admissível para
uma determinada dimensão. A cota de 20±0,1
significa que, no processo de fabricação, a
Dimensão da peça poderá variar de 19,9 a até
20,1.

Na prática, a escolha das cotas ou a colocação de tolerâncias para limitar os erros dependerá
dos processos utilizados na fabricação do objeto e também da sua utilização futura.

A Figura 6.5 mostra que as dimensões do recorte que aparece na vista de frente pode ser cotado
valorizando o espaço retirado [Figura 6.5 (a)], ou pode ser cotado dando maior importância às
dimensões das partes que sobram após o corte [Figura 6.5 (b)].

75
Desenho Técnico

Outro exemplo de destaque da importância de uma determinada dimensão é a localização do furo


em relação ao comprimento da peça, que na Figura 6.5 (a) é feito pela face esquerda com a cota de
25, enquanto na Figura 6.5 (b) é feito pela face direita com a cota de 55.

De acordo com as dimensões de maior importância, o construtor da peça fará o direcionamento dos
erros conseqüentes dos processos de fabricação e a opção por um dos tipos exemplificados na
Figura 6.5 será feita em função da utilização ou do funcionamento da peça.

A cotagem funcional e a definição de tolerâncias são matérias específicas da tecnologia de


construção de máquinas e de equipamentos, que fogem dos objetivos deste livro.

Conforme já foi colocado na introdução deste capítulo, a meta é tratar o dimensionamento de obje-
tos somente com o objetivo de preparar os estudantes de engenharia para a elaboração de esboços
cotados.

Regras para Colocação de Cotas

a)
A Figura 6.6 mostra que tanto as linhas auxiliares (linhas de chamada), como as linhas de cota, são
linhas contínuas e finas. As linhas de chamadas devem ultrapassar levemente as linhas de cota e
também deve haver um pequeno espaço entre a linha do elemento dimensionado e a linha de
chamada.

As linhas de chamada devem ser, preferencialmente, perpendiculares ao ponto cotado. Em alguns


casos, para melhorar a clareza da cotagem, as linhas de chamada podem ser oblíquas em relação ao
elemento dimensionado, porém mantendo o paralelismo entre si, conforme mostra a figura 6.6 (c).

As linhas de centro ou as linhas de contorno podem ser usadas como linhas de chamada, conforme
mostra a Figura 6.6 (b). No entanto, é preciso destacar que as linhas de centro ou as linhas de
contorno não devem ser usadas como linhas de cota.

Linha
Auxiliar

76
Desenho Técnico

Outro exemplo de destaque da importância de uma determinada dimensão é a localização do furo


em relação ao comprimento da peça, que na Figura 6.5 (a) é feito pela face esquerda com a cota de
25, enquanto na Figura 6.5 (b) é feito pela face direita com a cota de 55.

De acordo com as dimensões de maior importância, o construtor da peça fará o direcionamento dos
erros conseqüentes dos processos de fabricação e a opção por um dos tipos exemplificados na
Figura 6.5 será feita em função da utilização ou do funcionamento da peça.

A cotagem funcional e a definição de tolerâncias são matérias específicas da tecnologia de


construção de máquinas e de equipamentos, que fogem dos objetivos deste livro.

Conforme já foi colocado na introdução deste capítulo, a meta é tratar o dimensionamento de obje-
tos somente com o objetivo de preparar os estudantes de engenharia para a elaboração de esboços
cotados.

Regras para Colocação de Cotas

a)
A Figura 6.6 mostra que tanto as linhas auxiliares (linhas de chamada), como as linhas de cota, são
linhas contínuas e finas. As linhas de chamadas devem ultrapassar levemente as linhas de cota e
também deve haver um pequeno espaço entre a linha do elemento dimensionado e a linha de
chamada.

As linhas de chamada devem ser, preferencialmente, perpendiculares ao ponto cotado. Em alguns


casos, para melhorar a clareza da cotagem, as linhas de chamada podem ser oblíquas em relação ao
elemento dimensionado, porém mantendo o paralelismo entre si, conforme mostra a figura 6.6 (c).

As linhas de centro ou as linhas de contorno podem ser usadas como linhas de chamada, conforme
mostra a Figura 6.6 (b). No entanto, é preciso destacar que as linhas de centro ou as linhas de
contorno não devem ser usadas como linhas de cota.

b)
O limite da linha de cota pode ser indicado por setas, que
podem ser preenchidas ou não, ou por traços inclinados,
conforme mostra a Figura 6.7. A maioria dos tipos de
desenho técnico utiliza as setas preenchidas. Os traços
inclinados são mais utilizados nos desenhos Arquitetônicos.

Em um mesmo desenho a indicação dos limites da cota deve


ser de um único tipo e também deve ser de um único
tamanho. Só é permitido utilizar outro tipo de indicação de
limites da cota em espaços muito pequenos, conforme
mostra a Figura 6.8.

77
Desenho Técnico

c)
Havendo espaço disponível, as setas que limitam a linha
de cota ficam por dentro da linha de chamada com direções
divergentes, conforme são apresentadas nas cotas de 15,
20 e 58 da Figura 6.8. Quando não houver espaço suficiente,
as setas serão colocadas por fora da linha de cota com
direções convergentes, exemplificadas pelas cotas de 7, 8 e
12 também na Figura 6.8. Observe que a cota de 12 utiliza
como seu limite uma das setas da cota de 15.

Quando o espaço for muito pequeno, como é o caso das


cotas de 5, os limites da cota serão indicados por uma seta e
pelo traço inclinado.

d)

Na cotagem de raios, o limite da cota é


definido por somente uma seta que pode estar
situada por dentro ou por fora da linha de
contorno da curva, conforme está exem-
plificado na Figura 6.9.

e)
Os elementos cilíndricos sempre são
dimensionados pelos seus diâmetros e
localizados pelas suas linhas de centro,
conforme mostra a figura 6.10.

f)
Para facilitar a leitura e a interpretação do desenho, deve-se evitar colocar cotas dentro dos
desenhos e, principalmente, cotas alinhadas com outras linhas do desenho, conforme mostra a
Figura 6.11.

78
Desenho Técnico

g)
Outro cuidado que se deve ter para melhorar a interpretação do desenho é evitar o cruzamento de
linha da cota com qualquer outra linha.

As cotas de menor valor devem ficar por dentro das cotas de maior valor, para evitar o cruzamento
de linhas de cotas com as linhas de chamada, conforme mostra a Figura 6.12.

h)
Sempre que possível, as cotas devem ser colocadas alinhadas, conforme mostram as Figuras
6.13 e 6.14.

79
Desenho Técnico

i)
Os números que indicam os valores das cotas devem ter um tamanho que garanta a legibilidade e
não podem ser cortados ou separados por qualquer linha. A Norma NBR 10126 da ABNT fixa dois
métodos para posicionamento dos valores numéricos das cotas.

O primeiro método, que é o mais utilizado, determina que:

• nas linhas de cota horizontais o número deverá estar acima da linha de cota, conforme mostra a figura
6.15 (a);
• nas linhas de cota verticais o número deverá estar à esquerda da linha de cota, conforme mostra a
figura 6.15 (a);
• nas linhas de cota inclinadas deve-se buscar a posição de leitura, conforme mostra a figura 6.15 (b).

Pelo segundo método, as linhas de cota são interrompidas e o número é intercalado no meio da linha
de cota e, em qualquer posição da linha de cota, mantém a posição de leitura com referência à base da
folha de papel, conforme mostra a Figura 6.16.

80
Desenho Técnico

j)
As Figuras 6.17 (a) e (b) mostram, respectivamente, a cotagem de ângulos pelos dois métodos
normalizados pela ABNT. A linha de cota utilizada na cotagem de ângulos é traçada em arco cujo centro
está no vértice do ângulo.

l)

Para melhorar a leitura e a interpretação das cotas dos desenhos são utilizados símbolos para
mostrar a identificação das formas cotadas, conforme mostra a tabela 6.1.

Os símbolos devem preceder o


valor numérico da cota, como
mostram asfiguras 6.18 (a), (b),
(c), (d) e (e).

81
Desenho Técnico

m)
Quando a forma do elemento cotado estiver claramente definida, os símbolos podem ser omitidos,
conforme mostram as Figuras 6.19 (a) e (b).

Tipos de Cotagem

a) Cotagem em Cadeia

As cotas podem ser colocadas em cadeia ( cotagem em série), na qual as cotas de uma mesma
direção são referenciadas umas nas outras, como mostram as Figuras 6.20 (a) e (b), ou podem ser
colocadas tendo um único elemento de referência, como mostram as Figuras 6.21 (a) e (b).

Na cotagem em série, mostrada nas Figuras 6.20 (a) e (b), durante os processos de fabricação da
peça, ocorrerá a soma sucessiva dos erros cometidos na execução de cada elemento cotado.

82
Desenho Técnico

b) Cotagem em Paralelo

A cotagem mostrado nas Figuras 6.21 (a) e (b) como todas as cotas, de uma determinada direção,
são referenciadas ao mesmo elemento de referência, não ocorrerá a soma dos erros cometidos na
execução de cada cota.

A cotagem por elemento de referência, mostrada nas Figuras 6.21 (a) e (b), é chamada de cotagem
em paralelo.

c) Cotagem em Aditiva

Outro tipo de cotagem por elemento de referência é a cotagem aditiva. A cotagem aditiva é uma
variação simplificada da cotagem em paralelo, que pode ser usada onde houver problema de espaço.

Na prática a cotagem aditiva não é muito utilizada porque existe a possibilidade de dificultar a
interpretação do desenho e conseqüentemente gerar problemas na construção da peça. A Figura 6.22
mostra o desenho da Figura 6.21 (b) utilizando cotagem aditiva ao invés da cotagem em paralelo.

A origem é localizada no elemento de


referência e as cotas dos outros elementos
da peça são colocadas na frente de pe-
quenas linhas de chamadas que vinculam a
cota ao seu respectivo elemento.

83
Desenho Técnico

Conforme já foi mencionada anteriormente, a escolha do tipo de cotagem está diretamente


vinculada à fabricação e à futura utilização do objeto e, como em quase todos os objetos existem
partes que exigem uma maior precisão de fabricação e também existem partes que admitem o
somatório de erros sucessivos, na prática é muito comum a utilização combinada da cotagem por
elemento de referência com a cotagem em série, conforme mostra a Figura 6.23.

d) Cotagem de Cordas e Arcos


A diferença entre a cotagem de cordas
e arcos é a forma da linha de cota. Quando
o objetivo é definir o comprimento do arco,
a linha de cota deve ser paralela ao ele-
mento cotado.

A Figura 6.24 mostra na parte superior


(cota de 70) a cotagem de arco e na parte
inferior (cota de 66) a cotagem de corda.

e) Cotagem de Ângulos, Chanfros e Escareados

Para definir um elemento angular são necessárias pelo menos duas cotas, informando os
comprimentos de seus dois lados ou o comprimento de um dos seus lados associados ao valor de um
dos seus ângulos, conforme mostra a Figura 6.25 (a). Quando o valor do ângulo for 45°, resultará em
ângulos iguais e lados iguais e, nesta situação, pode-se colocar em uma única linha de cota o valor dos
dois lados ou de um lado associado ao ângulo, como mostra a Figura 6.25 (b).

84
Desenho Técnico

Da mesma forma, os cantos vivos dos furos também são quebrados com pequenas superfícies
inclinadas, que no caso dos furos são chamadas deescareados. A cotagem dos escareados segue os
princípios da cotagem de elementos angulares e está exemplificada na Figura 6.27

f) Cotagem de Elementos Eqüidistantes e/ou Repetidos

A cotagem de elementos eqüidistantes pode ser simplificada porque não há necessidade de se


colocar todas as cotas. Os espaçamentos lineares podem ser cotados indicando o comprimento total e
o número de espaços, conforme mostra a figura 6.28 (a). Para evitar problemas de interpretação, é
conveniente cotar um dos espaços e informar a dimensão e a quantidade de elementos.

85
Desenho Técnico

Os espaçamentos eqüidistantes angulares podem ser cotados indicando somente o valor do ân-
gulo de um dos espaços e da quantidade de elementos, conforme mostra a Figura 6.28 (b).

Quando os espaçamentos não forem eqüidistantes, será feita a cotagem dos espaços, indicando a
quantidade de elementos, conforme mostram as Figuras 6.29 (a) e (b).

g) Cotagem de objetos em Meio Corte

Sabendo que as vistas em Meio Corte só podem ser utilizadas para representar objetos simétricos,
conclui-se que a metade que aparece cortada também existe no lado não cortado e vice-versa.

Desta forma, as vistas em Meio Corte podem ser


utilizadas para cotagem do objeto utilizando linhas
de cota somente com uma seta indicando o limite
da cota na parte que aparece em corte, conforme
mostra a Figura 6.30.

A ponta da linha de cota que não tem seta deve


se estender ligeiramente além do eixo de simetria.

86
Desenho Técnico
Exercícios

1) Identificar nas vistas abaixo as cotas correspondentes na perspectiva isométrica.

87
1) Utilizando a perspectiva abaixo, desenhe as projeções ortogonais necessárias e a
cotagem da peça. Exercutar o desenho na escala 1:1.

88
2) Utilizando a perspectiva abaixo, desenhe as projeções ortogonais necessárias e a
cotagem da peça. Exercutar o desenho na escala 1:1.

89
3) Utilizando a perspectiva abaixo, desenhe as projeções ortogonais necessárias e a
cotagem da peça. Exercutar o desenho na escala 1:2.

90
4) Utilizando a perspectiva abaixo, desenhe as projeções ortogonais necessárias e a
cotagem da peça. Exercutar o desenho na escala 1:2.5

91
5) Utilizando a perspectiva abaixo, desenhe as projeções ortogonais necessárias e a
cotagem da peça. Exercutar o desenho na escala 1:2

92
6) Utilizando a perspectiva abaixo, desenhe as projeções ortogonais necessárias e a
cotagem da peça. Exercutar o desenho na escala 1:2

93
Apostila de Desenho Técnico
Parte II

Cortes e Seções
Vistas Especiais
Tolerância e Acabamento

Prof. Robson F. de Mendonça


Desenho Técnico

Cortes

Cortar quer dizer dividir, secionar, separar partes de um todo.


Corte é um recurso utilizado em diversas áreas do ensino, para
facilitar o estudo do interior dos objetos. Veja alguns exemplos
usados em Ciên-cias.

Sem tais cortes, não seria possível analisar os detalhes internos


dos objetos mostrados.

Em Mecânica, também se utilizam modelos representados em corte


para facilitar o estudo de sua estrutura interna e de seu
funcionamento.

Mas, nem sempre é possível aplicar cortes reais nos objetos, para
seu estudo.

Em certos casos, você deve apenas imaginar que os cortes foram


feitos. É o que acontece em desenho técnico mecânico. Compare as
repre-sentações a seguir.

Mesmo sem saber interpretar a vista frontal em corte, você deve


concordar que a forma de representação da direita é mais simples e
clara do que a outra. Fica mais fácil analisar o desenho em corte
porque nesta forma de representação usamos a linha para arestas e
contornos visíveis em vez da linha para arestas e contornos não
visíveis.

95
Desenho Técnico

Aplicação do corte em vista

Os cortes podem ser representados em qualquer das vistas do


desenho técnico mecânico. A escolha da vista onde o corte é
representado depende dos elementos que se quer destacar e da
posição de onde o observador imagina o Corte.

Vamos da como exemplo o corte visto de frente.

Observador está em frente à peça.

Retirada a parte cortada que fica na sua frente, os detalhes internos


ficam visíveis para ele.

Nesta posição, o observador não vê os furos redondos nem o fu-


ro quadrado da base. Para que estes elementos sejam visíveis, é
necessário imaginar o corte. Imagine o modelo secionado, isto é,
atravessado por um plano de corte, como mostra as ilustrações.

Partes não atingidas


pelo corte: represen-
tam os furos

Superfícies atingidas
pelo corte: represen-
tam a parte maciça.

96
Desenho Técnico

Hachuras

As hachuras são formas convencionais de representar as partes


maciças atingidas pelo corte. A ABNT estabelece o tipo de hachura
para cada material.

Mas normalmente aplicamos uma hachura geral que é repre-


sentada por linhas finas e são traçadas a 45° de inclinação, em
relação a base das peças.

Hachuras referentes aos diversos tipos de materiais

97
Desenho Técnico

Corte Total

Corte total é aquele que atinge a peça em toda a sua extensão. Veja.

É usado em peças cujos detalhes estão alinhados.


O corte total pode ser Longitudinal ou Transversal.

Corte longitudinal é representado na projeção frontal, posterior


ou superior.

Corte transversal tem a mesma característica do longitudinal,


mas este corte é representado na vista lateral esquerda ou na direita.

98
Desenho Técnico

99
Desenho Técnico

Omissão de Corte

Pinos, rebites, parafusos, porcas, arruelas, chavetas, nervuras, eixos,


braços de polias, dentes de engrenagens, não devem ser desenhadas em
corte, mesmo quando situados na linha de corte.

100
1) Desenhe a vistas frontal e superior das peça abaixo, aplicando o corte total na vista
frontal. Faça também a cotagem.

101
2) Desenhe a vistas frontal e superior das peça abaixo, aplicando o corte total na vista
frontal. Faça também a cotagem.

102
3) Desenhe a vistas frontal e superior das peça abaixo, aplicando o corte total na vista
frontal. Faça também a cotagem.

103
Desenho Técnico

Corte em desvio por Planos Paralelos

É usado para representar detalhes importantes da peça, que não


estejam alinhados. O desvio deve ser feito a 90°, conforme a peça
abaixo.

O corte em desvio também é conhecido como corte composto.

Em uma peça podemos aplicar mais de dois cortes compostos.

104
1) Desenhe a vistas frontal e a vista lateral esquerda da peça abaixo, aplicando o corte
em desvio na lateral esquerda. Faça também a cotagem.

105
2) Desenhe a vistas frontal e a vista superior esquerda da peça abaixo, aplicando o
corte em desvio na vista frontal. Faça também a cotagem.

106
Desenho Técnico

Corte em desvio por Planos Concorrentes

É utilizado em peças, cujos detalhes formam ãngulos superiores a


90°.

Observe o flange com três furos passantes, representada ao lado.

Se você imaginar o flange atingido por um único plano de corte,


apenas um dos furos ficará visível. Para mostrar outro furo, você terá
de imaginar o flange atingido por dois planos concorrentes, isto é,
dois planos que se cruzam ( P1 e P2 ).

Para representar os elementos, na vista frontal, em verdadeira


grandeza, você deve imaginar que um dos planos de corte sofreu um
movimento de rotação, de modo a coincidir com o outro plano.

Exemplo de aplicação

107
1) Desenhe as vistas das peças abaixo utilizando o corte em desvio por planos
concorrentes. Hachurie e faça a cotagem.

108
2) Desenhe as vistas das peças abaixo utilizando o corte em desvio por planos
concorrentes. Hachurie e faça a cotagem.

109
Desenho Técnico

Meio Corte

Há tipos de peças ou modelos em que é possível imaginar em cor-


te apenas uma parte, enquanto que a outra parte permanece visível
em seu aspecto exterior. Este tipo de corte é o meio-corte.

O meio-corte é aplicado em apenas metade da extensão da peça.


Somente em peças ou modelos simétricos longitudinal e
transversal-mente, é que podemos imaginar o meio-corte.

As cotas das partes internas devem ser realizadas por meio de


meia cota (a linha de cota deve ultrapassar o centro da peça e o valor
expresso deve ser o total).

Não se representam as linhas tracejadas (aresta não vísiveis).

Quando a linha de simetria for vertical, a metade cortada deve ser


a da direita (fig. A) e se for horizontal a parte cortada será a inferior
(fig. B).

110
1) Desenhe a vista frontal e a superior da peça abaixo, utilizando o meio-corte na vista
frontal. Faça a cotagem.

111
1) Desenhe em vista única aplicando meio-corte na vista frontal. Faça a cotagem.

112
Desenho Técnico

Corte Parcial

É usado em peças que apresentam pequenos detalhes, não sen-


do necessário utilizar cortes totais para mostrá-los.

A linha contínua estreita irregular e à mão livre, que você vê na


perspectiva, é a linha de ruptura. A linha de ruptura mostra o local
onde o corte está sendo imaginado, deixando visíveis os elementos
internos da peça. A linha de ruptura também é utilizada nas vistas
ortográficas.

Nas partes não atingidas pelo corte parcial, os elementos internos


devem ser representados pela linha para arestas e contornos não
visíveis.

113
1) Desenhe em vista única aplicando corte parcial na vista frontal. Faça a cotagem.

114
2) Desenhe a vista frontal e a vista superior aplicando corte parcial na vista superior.
Faça a cotagem.

115
Desenho Técnico

Representação esquemática da rosca

A representação esquemática de rosca é a mais utilizada e a mais


uitlizada em desenho técnico.

Para roscas visíveis, os filetes aparecem representados por


segmentos de reta paralelos ao eixo da rosca.

- O diâmetro externo aparece indicado com linha larga contínua


(crista do filete).

- O diâmetro interno aparece indicado com linha contínua estreita


(fundo do filete).

Para roscas encobertas, a crista e a raiz são representados por


linhas tracejadas

116
Desenho Técnico

Seção

É a representação da figura obtida ao cortar peça por um plano.


Sua diferença com o corte é que a seção só mostra o que se obtém
diretamente com o plano de corte.

Sua principal finalidade é mostrar detalhes (raios, nervuras, etc) e


a forma da peça conforme o plano de corte.

Seção traçada sobre a vista

São executadas diretamente sobre a vista, em linha fina contínua


permitindo o recurso prático e satisfatório de se representar o perfil
de certas partes de uma mesma peça, tais como: nervuras, braços
de volante, etc. O eixo da seção é sempre perpendicular ao eixo
principal da peça ou da parte seccionada.

Seção traçada na interrupção da vista

Quando as linhas de contorno da peça interferem na clareza da


seção, a vista poderá ser interrompida, por liha de ruptura, deixando
espaço suficiente para a representação da seção, que neste caso
será desenhada com linha de contorno.

117
Desenho Técnico

Seção traçada fora da vista

Tem a mesma finalidade da seção anterior. Entretanto, em lugar


de serem desenhadas sobre a vista, são desenhadas fora da vista
com linha de contorno visível.

Seções sucessivas fora da vista

Quando se tratar de uma peça com vários elementos diferentes, é


aconselhável imaginar várias seções sucessivas para analisar o
perfil de cada elemento.

No desenho técnico, as seções sucessivas também podem ser


representadas: próximas da vista e ligadas por linha traço e ponto;
em posições diferentes mas, neste caso, identificadas pelo nome.
Compa-re as duas formas de representação, a seguir:

118
Desenho Técnico

Seções enegrecidas

Quando a área da seção é a de um perfil de pouca espessura, ao


invés de serepresentarem as hachuras, o local é enegrecido.

As seções enegrecidas tanto podem ser representadas fora das


vistas como dentro das vistas, ou, ainda, interrompendo as vistas.
Veja um exemplo de cada caso.

119
1)Desenhe as peças abaixo em vista única, utilizando o recurso da seção fora da vista e
faça a cotagem.

120
Desenho Técnico

Encurtamentos

Certos tipos de peças, que apresentam formas longas e cons-


tantes, podem ser representadas de maneira mais prática.

O recurso utilizado em desenho técnico para representar estes


tipos de peças é o encurtamento.

A representação com encurtamento, além de ser mais prática, não


apresenta qualquer prejuízo para a interpretação do desenho.

O encurtamento só pode ser imaginado no caso de peças longas


ou de peças que contém partes longas e de forma constante.

Obs.: Só podemos representar o encurtamento em peças quan-


do, na
parte que se imagina retirada, não houver detralhes que precisem
ser mostrados.

121
Desenho
Desenho Técnico
Técnico

1) Desenhe a peça em vista única. Aplique corte parcial, afim de


mostrar o furo quadrado e o encaixe do pino, utilize também o
recurso do encurtamento.

122
123
Desenho Técnico

Detalhe Ampliado

Quando a escala utilizada não permite demonstrar detalhe ou


cotagem de uma parte do objeto, este é circundado com linha
estreita contínua e designado com letra maiúscula X, Y, Z, etc.

O detalhe correspondente é desenhado em escala ampliada e


identificado loga a seguir.

124
Desenho Técnico

Vistas Auxiliares

A vista auxiliar é empregada para se obter a forma real de partes


que estejam fora de posição habitual (horizontal ou vertical).

Obtém-se a vista auxiliar fazendo o rebatimento paralelamente à


parte inclinada da peça.

A seta é indicada perpendiculamente ao plano de observação do


objeto e é designada por letras.

125
1)Desenhe a peça abaixo em vista frontal uma vista auxiliar, aplique também um corte
parcial para mostrar o furo rebaixado de 30mm.

126
Desenho Técnico

Meia Vista

Os objetos simétricos podem ser representados por uma parte do


todo. As linhas de simetria são identificadas com dois traços curtos
paralelos nas suas extremidades, traçadas perpendiculamente às
linhas de simetria (fig. 1).

Outro processo consiste em traçar as linhas do objeto simétrico


um pouco além da linha de simetria (fig. 2). Neste caso , os traços
curtos paralelos devem ser omitidos.

127
Desenho Técnico

1) Desenhe as projeções da peça abaixo, substituindo a vista frontal


por uma vista em meio corte e a vista superior uma meia vista. Faça a
cotagem.

128
129
Desenho Técnico

Extremidade Plana de Eixo (diagonais Cruzadas)

As diagonais caracterizam superfícies planas na extremidade de


eixo e são utilidades nas faces laterais de um prisma, troco de
pirâmide ou um rebaixo.

Devem ser traçadas com linha contínua estreita.

Vistas Parciais

Certas peças, embora simples, necessitam, devido a pequenos


detalhes, mais de uma vista para sua inteira compreensão. A
representação destas peças pode ser simplificada, deixando-se de
desenhar a Segunda vista por inteiro, mas rebatendo apenas o
detalhe.

130
1) Represente a peça abaixo em vista única. Na vista frontal deve ser aplicado um corte
parcial a fim de representar o furo de 16mm com profundidade de 15mm. Aplique,
também, a vista parcial onde aparece o furo de 10mm.

131
1) Represente a peça abaixo em vista única, cortada no sentido longitudinal (corte total).
Aplique a vista parcial para representar a orelha.

132
Desenho Técnico

Vista Simplificada

A vista simplificada , pela sua simplicidade, é da maior importân-


cia no desenho técnico.

Consiste, geralmente, em representar a peça em uma só vista, e ,


por meio de linhas estreitas, completar o desenho com os detalhes
que nãoficaram esclarecidos na vista apresentada.

133
1)Desenhe o modelo abaixo em vista única com corte total, utilize também a vista
simplificada para representar os furos, faça a cotagem.

134
Desenho Técnico

Tolerância dimensional

É muito difícil executar peças com as medidas rigorosamente exatas porque todo processo de
fabricação está sujeito a imprecisões. Sempre acontecem variações ou desvios das cotas indicadas
no desenho. Entretanto, é necessário que peças semelhantes, tomadas ao acaso, sejam inter-
cambiáveis, isto é, possam ser substituídas entre si, sem que haja necessidade de reparos e ajustes.
A prática tem demonstrado que as medidas das peças podem variar, dentro de certos limites, para
mais ou para menos, sem que isto prejudique a qualidade. Esses desvios aceitáveis nas medidas
das peças caracterizam o que chamamos de tolerância dimensional.

O que é tolerância dimensional

As cotas indicadas no desenho técnico são chamadas de dimensões nominais. É impossível


executar as peças com os valores exatos dessas dimensões porque vários fatores interferem no
processo de produção, tais como imperfeições dos instrumentos de medição e das máquinas,
deformações do material e falhas do operador. Então, procura-se determinar desvios, dentro dos
quais a peça possa funcionar corretamente. Esses desvios são chamados de afastamentos.

Afastamentos

Os afastamentos são desvios aceitáveis das dimensões nominais, para mais ou menos, que
permitem a execução da peça sem prejuízo para seu funcionamento e intercambiabilidade. Eles
podem ser indicados no desenho técnico como mostra a ilustração a seguir:
+0.28
+0.18
Ø20

Neste exemplo, a dimensão nominal do diâmetro do pino é 20 mm. Os afastamentos são: + 0,28 mm
(vinte e oito centésimos de milímetro) e + 0,18 mm (dezoito centésimos de milímetro). O sinal + (mais) indica
que os afastamentos são positivos, isto é, que as variações da dimensão nominal são para valores maiores.

O afastamento de maior valor (0,28 mm, no exemplo) é chamado de afastamento superior; o de menor
valor (0,18 mm) é chamado de afastamento inferior. Tanto um quanto outro indicam os limites máximo e
mínimo da dimensão real da peça.

Somando o afastamento superior à dimensão nominal obtemos a dimensão máxima, isto é, a maior medida
aceitável da cota depois de executada a peça. Então, no exemplo dado, a dimensão máxima do diâmetro
corresponde a: 20 mm + 0,28 mm = 20,28 mm.

Somando o afastamento inferior à dimensão nominal obtemos a dimensão mínima, isto é, a menor medida
que a cota pode ter depois de fabricada. No mesmo exemplo, a dimensão mínima é igual a 20 mm + 0,18 mm,
ou seja, 20,18 mm.

Assim, os valores: 20,28 mm e 20,18 mm correspondem aos limites máximo e mínimo da dimensão do
diâmetro da peça. Depois de executado, o diâmetro da peça pode ter qualquer valor dentro
desses dois limites.

A dimensão encontrada, depois de executada a peça, é a dimensão efetiva ou real; ela deve estar dentro
dos limites da dimensão máxima e da dimensão mínima.

135
Desenho Técnico

Tolerância

Tolerância é a variação entre a dimensão máxima e a dimensão mínima.


Para obtê-la, calculamos a diferença entre uma e outra dimensão.
Acompanhe o cálculo da tolerância, no próximo exemplo:

Conceitos na aplicação de medidas com tolerância

Medida nominal: é a medida representada no desenho.

Medida com tolerância: é a medida com afastamento para mais ou


para menos da medida nominal. Fig.1

Medida efetiva: é a medida real da peça fabricada.

Dimensão máxima: é a medida máxima permitida.

Dimensão mínima: é a medida mínima permitida.

Afastamento superior: é a diferença entre a dimensão máxima per-


mitida e a medida nominal.

Afastamento inferior: é a diferença entre a dimensão mínima


permitida e a medida nominal.

Campo de tolerância: é a diferença entre a medida máxima e a medida


mí-nima permitida.

136
Desenho Técnico

Ajustes

Para entender o que são ajustes precisamos antes saber o que são eixos e furos de peças. Quando
falamos em ajustes, eixo é o nome genérico dado a qualquer peça, ou parte de peça, que funciona
alojada em outra. Em geral, a superfície externa de um eixo trabalha acoplada, isto é, unida à
superfície interna de um furo. Veja, a seguir, um eixo e uma bucha. Observe que a bucha está em corte para
mostrar seu interior que é um furo.

Eixos e furos de formas variadas podem funcionar ajustados entre si. Dependendo da função do
eixo, exis-tem várias classes de ajustes.

Ajuste com folga

Quando o afastamento superior do eixo é menor ou igual ao afastamento Inferior do furo, temos um
ajuste com folga. Ou seja, o eixo se encaixa no furo de modo a deslizar ou girar livremente.

Ajuste com interferência

Neste tipo de ajuste o afastamento superior do furo é menor ou igual ao afastamento inferior do ei-
xo. Ou seja, o eixo se encaixa no furo com certo esforço, de modo a ficar fixo, temos um ajuste com
interferência.

137
Desenho Técnico

Ajuste incerto

É o ajuste intermediário entre o ajuste com folga e o ajuste com interferência. Neste caso, o
afastamento superior do eixo é maior que o afastamento inferior do furo, e o afastamento superior do
furo é maior que o afastamento inferior do eixo.

Sistema de tolerância e ajustes ABNT/ISO

As tolerâncias não são escolhidas ao acaso. Em 1926, entidades internacionais organizaram um


sistema normalizado que acabou sendo adotado no Brasil pela ABNT: o sistema de tolerâncias e
ajustes ABNT/ISO (NBR 6158).

O sistema ISO consiste num conjunto de princípios, regras e tabelas que possibilita a escolha
racional de tolerâncias e ajustes de modo a tornar mais econômica a produção de peças mecânicas
intercambiáveis. Este sistema foi estudado, inicialmente, para a produção de peças mecânicas com
até 500 mm de diâmetro; depois, foi ampliado para peças com até 3150 mm de diâmetro. Ele
estabelece uma série de tolerâncias fundamentais que determinam a precisão da peça, ou seja, a
qualidade de trabalho, uma exigência que varia de peça para peça, de uma máquina para outra.

A norma brasileira prevê 18 qualidades de trabalho. Essas qualidades são identificadas pelas le-
tras: IT seguidas de numerais. A cada uma delas corresponde um valor de tolerância. Observe, no
quadro abaixo, as qualidades de trabalho para eixos e furos:

A letra I vem de ISO e a letra T vem de tolerância; os numerais: 01, 0, 1, 2,... 16, referem-se às 18
qualidades de trabalho; a qualidade IT 01 corresponde ao menor valor de tolerância. As qualidades 01
a 3, no caso dos eixos, e 01 a 4, no caso dos furos, estão associadas à mecânica extraprecisa. É o
caso dos calibradores, que são instrumentos de alta precisão. Eles servem para verificar se as
medidas das peças produzidas estão dentro do campo de tolerância especificado. Veja:

138
Desenho Técnico

No extremo oposto, as qualidades 11 a 16 correspondem às maiores tolerâncias de fabricação.


Essas qualidades são aceitáveis para peças isoladas, que não requerem grande precisão; daí o fato
de estarem classificadas como mecânica grosseira.

Peças que funcionam acopladas a outras têm, em geral, sua qualidade estabelecida entre IT 4 e IT
11, se forem eixos; já os furos têm sua qualidade entre IT 5 e IT 11. Essa faixa corresponde à mecânica
corrente, ou mecânica de precisão.

Campos de tolerância ISO

O campo de tolerância, é o conjunto de valores aceitáveis após a execução da peça, que vai da
dimensão mínima até a dimensão máxima.

No sistema ISO, essas tolerâncias devem ser indicadas como segue:

A tolerância do eixo vem indicada por h7. O numeral 7 é indicativo da qualidade de trabalho e, no
caso, corresponde à mecânica corrente. A letra h identifica o campo de tolerância.

O sistema ISO estabelece 28 campos de tolerâncias, identificados por letras do alfabeto latino.
Cada letra está associada a um determinado campo de tolerância. Os campos de tolerância para eixo
são representados por letras minúsculas, como mostra a ilustração a seguir:

Volte a examinar o desenho técnico do furo. Observe que a tolerância do furo vem indicada por H7.
O numeral 7 mostra que a qualidade de trabalho é a mesma do eixo analisado anteriormente. A letra H
identifica o campo de tolerância.

Os 28 campos de tolerância para furos são representados por letras maiúsculas:

139
Desenho Técnico

Sistema furo base

Observe o desenho a seguir:

Imagine que este desenho representa parte de uma máquina com vários furos, onde são acoplados
vários eixos. Note que todos os furos têm a mesma dimensão nominal e a mesma tolerância H7; já as
tolerâncias dos eixos variam: f7, k6, p6. A linha zero, que você vê representada no desenho, serve
para indicar a dimensão nominal e fixar a origem dos afastamentos. No furo A, o eixo A ’ deve girar com
folga, num ajuste livre; no furo B, o eixo B ’ deve deslizar com leve aderência, num ajuste incerto; no
furo C, o eixo C ’ pode entrar sob pressão, ficando fixo.

Obs.: No furo base o afastamento superior é igual a zero.

Para obter essas três classes de ajustes, uma vez que as tolerâncias dos furos são constantes,
devemos variar as tolerâncias dos eixos, de acordo com a função de cada um. Este sistema de ajuste,
em que os valores de tolerância dos furos são fixos, e os dos eixos variam, é chamado de sistema furo-
base. Este sistema também é conhecido por furo padrão ou furo único. Veja quais são os sistemas
furo-base recomendados pela ABNT a seguir:

A letra H representa a tolerância do furo base e o numeral indicado ao lado indica a qualidade da mecânica.

Sistema eixo-base

Imagine que o próximo desenho representa parte da mesma máquina com vários furos, onde são
acoplados vários eixos, com funções diferentes. Os diferentes ajustes podem ser obtidos se as
tolerâncias dos eixos mantiverem-se constantes e os furos forem fabricados com tolerâncias
variáveis. Veja:

O eixo A ’ encaixa-se no furo A com folga; o eixo B ’ encaixa-se no furo B com leve aderência; o eixo C ’
encaixa-se no furo C com interferência.

140
Desenho Técnico

Veja a seguir alguns exemplos de eixos-base recomendados pela ABNT:

A letra h é indicativa de ajuste no sistema eixo-base.

Entre os dois sistemas, o furo-base é o que tem maior aceitação. Uma vez fixada a tolerância
do furo, fica mais fácil obter o ajuste recomendado variando apenas as tolerâncias dos eixos.

Unidade de medida de tolerância - ABNT/ISO

A unidade de medida adotada no sistema ABNT/ISO é o micrometro, também chamado de mícron.


Ele equivale à milionésima parte do metro, isto é, se dividirmos o metro em 1 milhão de partes iguais,
cada uma vale 1 mícron. Sua representação é dada pela letra grega m ( mi ) seguida da letra m. Um
mícron vale um milésimo de milímetro: 1mm = 0,001 mm.

Nas tabelas de tolerâncias fundamentais, os valores de qualidades de trabalho são expressos em


mícrons. Nas tabelas de ajustes recomendados todos os afastamentos são expressos em mícrons.

Interpretação de tolerâncias no sistema ABNT/ISO

Quando a tolerância vem indicada no sistema ABNT/ISO, os valores dos afastamentos não são
expressos diretamente. Por isso, é necessário consultar tabelas apropriadas para identificá-los.

Observe ao lado desenho técnico,


com indicação das tolerâncias:

O diâmetro interno do furo representado neste desenho é 40 H7. A dimensão nominal do diâmetro
do furo é 40 mm. A tolerância vem representada por H7; a letra maiúscula H representa tolerância de
furo padrão; o número 7 indica a qualidade de trabalho, que no caso corresponde a uma mecânica de
precisão.

A tabela que corresponde a este ajuste tem o título de: Ajustes recomendados sistema furo-base
H7. A primeira coluna - Dimensão nominal - mm - apresenta os grupos de dimensões de 0 até 500
mm. No exemplo, o diâmetro do furo é 40 mm. Esta medida situa-se no grupo de dimensão nominal
entre 30 e 40. Logo, os valores de afastamentos que nos interessam encontram-se na 9ª linha da
tabela, reproduzida abaixo:

141
Desenho Técnico

142
Desenho Técnico

143
Desenho Técnico

144
Desenho Técnico
Exercícios

1
~
O QUE E DIMENSAO EFETIVA:

H7
~

10
QUAL A DIMENSAO NOMINAL:

TRATA-SE DE UM EIXO OU DE UM FURO:

2
~
+0.010
-0.005

QUAL A DIMENSAO MAXIMA


20

~
QUAL A DIMENSAO MINIMA

3) O QUE É AJUSTE COM FOLGA?


R: ____________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________

4) O QUE É AJUSTE COM INTERFERENCIA?


R: ____________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________

5) O QUE É AJUSTE COM INSERTO?


R: ____________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________

6) O QUE É SISTEMA FURO BASE?


R: ____________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________

7) O QUE É SISTEMA EIXO BASE?


R: ____________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________

8) QUAL O SISTEMA MAIS USADO?


R: ____________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________

9) COM BASE NO DESENHO E NA TABELA, RESPONDA AS PERGUNTAS ABAIXO:


g6
H7

Ø30
Ø30

Ø10
Ø10

QUAL O AFASTAMENTO INFERIOR DO FURO

QUAL O AFASTAMENTO SUPERIOR DO FURO

QUAL O AFASTAMENTO INFERIOR DO EIXO

QUAL O AFASTAMENTO SUPERIOR DO EIXO

QUAL A TOLERANCIA DO FURO

^
QUAL A TOLERANCIA DO EIXO

145
Desenho Técnico
Exercícios
10) A variação entre a dimensão máxima e a dimensão mínima, denomina-se:

(a) Ajuste com folga (c) Desvio (e) Ajuste com interferência
(b) Ajuste incerto (d) Tolerância

+0.007 0.000
11) Com base no ajuste indique o valor da tolerância.30 K7 / h6. Dados: K 7 -0.018 h6 -0.016

5. Tolerância do furo 6. Tolerância do eixo

(a) 0.025 (a) 0.025

(b) 0.023 (b) 0.023

(c) -0.011 (c) -0.011

(d) 0.016 (d) 0.016

(e) 0.030 (e) 0.030

12) Um lote de peças foi produzido a partir do desenho técnico abaixo.Observando os


afastamentos, você percebe que as peças são acopladas por ajuste incerto.

A seguir estão indicadas as dimensões efetivas de algumas peças produzidas.


Escreva, nos parênteses, ao lado de cada alternativa, a letra (F)
quando o ajuste apresentar folga ou a letra (I) quando o ajuste apresentar
interferência.
a) ( ) diâmetro do eixo: 50,012 mm; diâmetro do furo: 50,015 mm.
b) ( ) diâmetro do eixo: 50,016 mm; diâmetro do furo: 50,008 mm.
c) ( ) diâmetro do eixo: 50,018 mm; diâmetro do furo: 50,022 mm.
d) ( ) diâmetro do eixo: 50,011 mm; diâmetro do furo: 50,006 mm.

146
Desenho Técnico

ACABAMENTO

Acabamento é o grau de rugosidade observado na superfície da


peça. As superfícies apresentam-se sob diversos aspectos, a saber:
em bruto, desbastadas, alisadas e polidas.

Superfície em bruto é aquela que não é usinada, mas limpa com a


eliminação de rebarbas e saliências.

Superfície desbastada é aquela em que os sulcos deixados pela


ferramenta são bastante visíveis, ou seja, a rugosidade é facilmente
percebida.

Superfície alisada é aquela em que os sulcos deixados pela ferra-


menta são pouco visíveis, sendo a rugosidade pouco percebida.

Superfície polida é aquela em que os sulcos deixados pela ferra-


menta são imperceptíveis, sendo a rugosidade detectada somente
por meio de aparelhos.

RUGOSIDADE

Com a evolução tecnológica houve a necessidade de se


aprimorarem as indicações dos graus de acabamento de
superfícies. Com a criação de aparelhos capazes de medir a
rugosidade superficial em μm (micrometro; 1μm = 0,001mm), as
indicações dos acabamentos de superfícies passaram a ser
representadas por classes de rugosidade.

Rugosidade são erros microgeométricos existentes nas


superfícies das peças.

147
Desenho Técnico

SINAIS DE RUGOSIDADE

A qualidade das superfícies é caracterizada mediante símbolos,


normalizados pela norma NBR 8404 da ABNT, baseada na norma
ISO 1302.

Estes símbolos estão substituindo os antigos triângulos que


representavam sem exatidão a qualidade desejada.

A vantagem da rugosidade é a precisão do acabamento.

Os símbolos de rugosidade dividem-se em dois tipos:

a) símbolo básico: é representado na superfície de referência.

b) Símbolo de grupo: é representado à direita do formato do


desenho.

Se, na mesma peça, houver superfícies com graus de acabamento


diferentes dos da maioria, os sinais correspondentes serão
colocados nas respectivas superfícies e também indicados entre
parênteses, ao lado do sinal em destaque.

c) Quando todas as superfícies de uma peça tiverem o mesmo


acaba-mento, o respectivo sinal deve ficar em destaque.

148
Desenho Técnico

149
Desenho Técnico

A ABNT adota o desvio médio aritmético (Ra) para determinar os


valores da rugosidade, que são representados por classes de rugo-
sidade N1 a N12, correspondendo cada classe a valor máximo em
μm, como se observa na tabela seguinte.

Tabela - Característica da rugosidade Ra

150
Desenho Técnico

Exemplos de aplicação

a) ao lado da peça, representa o acabamento geral, com retirada


de material, válido para todas as superfícies.

N11 indica que a rugosidade máxima permitida no acabamento é de


25μm (0,025mm).

b) o acabamento geral não deve ser indicado nas Superfícies.

O símbolo significa que a peça deve manter-se sem a retirada de


material.

e dentro dos parênteses devem ser indicados nas respectivas


superfícies.

N5 corresponde a um desvio aritmético máximo de 0,4μm


(0,0004mm) e N8 corresponde a um desvio aritmético máximo
de 3,2μm (0,0032mm).

Os símbolos e inscrições devem estar orientados de maneira que


possam ser lidos tanto com o desenho na posição normal, como pelo
lado direito.

Se necessário, o símbolo pode ser interligado por meio de uma linha


de indicação.

151
Desenho Técnico

Símbolos para direção das estrias

Quando houver necessidade de definir a direção das estrias, isto é, a


direção predominante das irregularidades da superfície, deve ser
utilizado um símbolo adicional ao símbolo do estado de Superfície.

A tabela seguinte caracteriza as direções das estrias e os símbolos


correspondentes.

Símbolos para direção das estrias

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Desenho Técnico

Qualidade da superfície de acabamento

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Desenho Técnico

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