Usf - Direitos Humanos - Unidade 03 de 12
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UNIDADE 3
ESTADO DE DIREITOS,
3
CONSTITUCIONALISMO E DEMOCRACIA
1
[...] evidencia-se, normalmente, pela existência de uma Constituição jurídica,
pela universalização dos direitos e liberdades, com suas respectivas garantias,
pelo aperfeiçoamento de técnicas jurídicas que limitam o poder político. A pri-
meira Constituição, acorde com o movimento e a doutrina. do constitucionalis-
mo, foi a inglesa. Surgiu de largo processo histórico, carecendo de documento 3
articulado e codificado. Como criação consciente e deliberada, refletida em do-
cumento escrito, a primeira realização institucionalizada do constitucionalismo
decorre das Constituições das colônias norte-americanas. Como manifestação
do constitucionalismo, por meio de documentos, a Revolução francesa propi-
ciou: a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789; a Consti-
tuição de 1791; a Constituição de 1793; a Constituição de 1795 (Ano III) e a
Constituição de 1799 (Ano VIII) (BARACHO, 1986, p. 27).
Direitos Humanos 2
Estado de Direitos, Constitucionalismo e Democracia. Gerações ou Dimensões dos Direitos Hu-
manos: Teorias, Características e Evolução
Fonte: 123rf.
2.1 CARACTERÍSTICAS
Os Direitos Humanos adquiriram uma extensão universal, inspirando, com seus prin-
cípios e propósitos, normas em países soberanos, Constituições e tratados interna-
cionais. Assim, é relevante conhecer suas características basilares. Malheiro (2016, p.
41-44) definiu 14 dessas características. Vejamos:
Complementaridade
Deve haver interpretação conjunta dos direitos humanos com outros direitos, portanto
aqueles não devem ser interpretados de modo isolado. Assim, os direitos humanos de-
vem complementar os instrumentos normativos existentes.
3
Congenialidade
Os direitos humanos, originários da simples condição humana, pertencem intrinsica-
mente ao indivíduo antes mesmo de nascer, por essa razão são congênitos, manifes-
tando-se espontaneamente. Esses direitos independem de Estado e não se concen- 3
tram na ordem jurídica interna.
Efetividade
O reconhecimento abstrato dos direitos humanos pelo Estado não é suficiente, pois es-
tes devem ser efetivos, isto é, capazes de produzir efeito concreto. Nessa linha, o Esta-
do deve aplicá-los efetivamente, de modo que não fiquem apenas no campo subjetivo.
Essencialidade
Tendo em vista que os Direitos Humanos protegem interesses fundamentais ao homem
para sua sobrevivência, são essenciais. Assim, são necessários para própria existência
do homem.
Historicidade
Os direitos humanos decorrem de uma evolução histórica, movidos por interesses que
condicionam seu desenvolvimento.
Imprescritibilidade
Em matéria de direitos humanos, não há decurso de prazo para o direito de punir al-
guém que os tenha violado, portanto são imprescritíveis.
Inalienabilidade
Os direitos humanos não podem ser afastados de seus titulares, seja a que título for,
gratuito ou oneroso, como também não podem ser transferidos para outras pessoas,
portanto não pode ser alienados.
Indivisibilidade
O conjunto das normas de direitos humanos é indivisível, uma vez que sua natureza
homogenia não permite dissocia-los, sob pena de desconfigurá-los.
Inexauribilidade
Os direitos humanos podem a todo momento serem somados a novos direitos desde
que os mais novos não desfigurem os anteriores. Desse modo, não se esgotam, sendo,
portanto, inexauríveis.
Interdependência
Os direitos humanos são dependentes um do outro em razão de uma conexão mútua
que há entre si, de modo que seus objetivos só se conquistam pelo vínculo que há entre
um e outro direito.
Direitos Humanos 4
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Inviolabilidade
Nenhuma pessoa pode emitir juízo a respeito da vigência dos direitos humanos, bem
como ofendê-los legitimamente. Os direitos humanos são, assim, invioláveis.
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Irrenunciabilidade
A manifestação de vontade de uma pessoa a respeito dos direitos humanos será nula
se se desejar renuncia-los. Desse modo, independe da vontade do indivíduo tê-los ou
não tê-los, estando vedada a sua disposição.
Proibição do regresso
Essa característica é relaciona aos Estados, que estão proibidos de minimizar a pro-
teção aos direitos humanos no âmbito de suas respectivas competências. Do mesmo
modo, os tratados internacionais estão proibidos de reduzir a proteção a tais direitos.
Universalidade
Os direitos humanos são universais, atingindo todas as pessoas e todos os países, sem
discriminação de qualquer natureza, tais como sexo, etnia, religião, cor, raça, etc.
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Os Direitos Humanos estão situados em diversos períodos da história, assim, em cada
tempo acabam adquirido um conteúdo próprio que os identifica. Daí vem a ideia de
“evolução” que norteia as suas “gerações” ou “dimensões”.
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2.2 GERAÇÕES OU DIMENSÕES DOS DIREITOS HUMANOS
A teoria das dimensões dos direitos humanos foi criada pelo jurista francês Karel Vasak, em
1979. Ele classificou os direitos humanos em três dimensões, com características próprias.
Há doutrinadores que defendem, ainda, uma quarta ou quinta geração desses direitos.
As três dimensões idealizadas por Karel estão relacionadas à tríade de ideais da Re-
volução Francesa de liberdade, igualdade e fraternidade. No ordenamento jurídico bra-
sileiro, especialmente na Constituição Federal de 1988, esses direitos são concebidos
como garantias fundamentais.
Alguns estudiosos entendem que a terminologia “gerações” de direitos não seria tec-
nicamente adequada, uma vez que traz a ideia de que a geração posterior superaria a
anterior, eliminando-a do mundo jurídico. No entanto, essa compreensão estaria equi-
vocada, uma vez que, em matéria de Direitos Humanos, as temáticas abordadas pelas
“gerações” interdependem uma da outra (MALHEIRO, 2016). Assim, muitos autores
preferem o conceito de “dimensões” de direitos.
Caracterizam-se esses direitos por imporem uma abstenção estatal e por limitarem a
atuação do Estado em defesa dos direitos das pessoas. Em razão disso, é dito que essa
dimensão representa direitos de caráter negativo.
Convém esclarecer, no campo das liberdades individuais, que os direitos civis prote-
gem os indivíduos contra eventuais arbitrariedades que possam ser cometidas pelo
Estado. Protegem, por exemplo, o direito à liberdade de expressão, à liberdade de ir
e vir, o direito ao devido processo legal, dentre outros. Quanto aos direitos políticos,
referem-se à participação das pessoas no governo do Estado com a possibilidade
de votar e ser votado.
Direitos Humanos 6
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manos: Teorias, Características e Evolução
No campo dos estudiosos, aponta-se como marco teórico a obra “O Contrato Social”
3 de Jean-Jacques Rousseau e o “Segundo Tratado sobre o Governo” de Jonh Locke,
os quais afirmam que os homens possuem determinados direitos que não podem ser
suprimidos pelos governantes e que, se desrespeitados, representam um governo arbi-
trário, violador de Direitos Humanos.
02. Constituição de Weimar na Alemanha, de 1919, outra referência no trato dos di-
reitos socais.
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Direitos de terceira geração ou dimensão
A terceira dimensão dos Direitos Humanos envolve os direitos de solidariedade (ou
fraternidade), abrangendo os direitos difusos e coletivos. Constituem, na realidade, os 3
direitos assegurados às pessoas em geral.
Essa é uma das dimensões mais importantes para a nossa disciplina, uma vez que, ao
final da Segunda Guerra Mundial, as discussões acerca da própria compreensão do ser
humano se modificaram. Em razão das atrocidades decorrentes das grandes guerras
e dos regimes antissemitas, a sociedade passou a compreender a necessidade de se
assegurar ao máximo a proteção da dignidade da pessoa.
O marco histórico, portanto, dessa dimensão é o Pós Segunda Guerra Mundial e o sur-
gimento da Organização das Nações Unidas, em 1945. Não há uma obra ou estudioso
em específico para esse período.
Por fim, quanto ao marco jurídico, destaca-se a Declaração Universal dos Direitos Hu-
manos, criada pela Assembleia Geral da ONU, em 1948.
Na classificação de Malheiro (2016, p. 39), são direitos de quarta dimensão “aqueles re-
lacionados aos povos, os quais visam a proteção do ser humano”. São exemplos desses
direitos: o direito à biossegurança, o direito à democracia e o direito à inclusão digital.
Um ótimo exemplo de aplicação dessa dimensão dos Direitos Humanos no Brasil é a Lei
de Biossegurança (Lei nº 11.105/2005), que disciplina regras sobre a produção e a comer-
cialização de organismos geneticamente modificados e a pesquisa com células-tronco.
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FUNDAMENTAÇÃO
DIREITO GARANTIA
LEGAL
Livre exercício dos cultos reli-
Inviolabilidade da liberdade de consci-
giosos e a proteção aos locais Art. 5º, VI, CF.
ência e de crença.
de culto e a suas liturgias.
Inviolabilidade da intimidade, da Direito à indenização pelo dano
vida privada, da honra e da imagem material ou moral decorrente de Art. 5º, X, CF.
das pessoas. sua violação.
Art. 5º, caput, e inciso XLVII,
Inviolabilidade do direito à vida. Não haverá pena de morte.
alínea “a”, CF.
Liberdade de locomoção em
tempos de paz
Liberdade de pensamento e de Art. 5º, caput, e inciso IV, V,
Direito à liberdade.
expressão artística, intelectual IX e XV.
ou de comunicação, inclusive
para respostas.
Fonte: elaborado pelo autor.
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