Lei de Jecrim
Lei de Jecrim
Lei de Jecrim
Edição 2023.1
Revisada
Atualizada
Ampliada
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CS – JECRIM 2023.1 2
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Olá!
O Caderno Legislação Penal Especial possui como base as aulas dos professores Renato
Brasileiro, Cleber Masson e Vinícius Marçal, serão analisadas dezesseis leis, as mais cobradas em
concurso público.
Três livros foram utilizados para complementar nosso CS de Legislação Penal Especial: a)
Legislação Criminal para Concursos (Fábio Roque, Nestor Távora e Rosmar Rodrigues Alencar),
ano 2018, b) Legislação Criminal Comentada (Renato Brasileiro), ano 2020, e c) Juizados Especiais
Cíveis e Criminais (Maurício Ferreira e Renato Manucci), ano 2021, todos da Editora Juspodivm.
Como você pode perceber, reunimos em um único material diversas fontes (aulas + doutrina
+ informativos + súmulas + lei seca + questões) tudo para otimizar o seu tempo e garantir que você
faça uma boa prova.
Por fim, como forma de complementar o seu estudo, não esqueça de fazer questões. É muito
importante! As bancas costumam repetir certos temas.
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O art. 3º-C do CPP (encontra-se com a eficácia suspensa), incluído pelo Pacote Anticrime,
prevê que a competência do juiz das garantias engloba todas as infrações penais, salvo as infrações
de menor potencial ofensivo (objeto de competência do JECrim).
O art. 28-A do CPP, com redação dada pela Lei 13.964/2019, passou a prever o acordo de
não persecução penal, que consiste em um negócio jurídico de natureza extrajudicial,
necessariamente homologado pelo juiz competente, celebrado pelo MP e o autor do delito,
necessariamente assistido por um defensor, que confessa formal e circunstanciadamente a prática
de um delito, sujeitando-se ao cumprimento de certas condições não privativas de liberdade, em
troca do compromisso do Parquet de não oferecer denúncia, declarando-se ao final a extinção da
punibilidade, se o acordo for cumprido.
A transação penal possui preferência sobre o acordo de não persecução penal, uma vez que
o próprio CPP prevê que sendo cabível a transação penal, o acordo de não persecução penal estará
afastado.
Além disso, caso o acusado tenha sido beneficiado nos 5 anos anteriores com uma
transação penal, com uma suspensão condicional do processo ou com um acordo não persecução,
não terá direito à celebração, conforme previsto no próprio art. 28-A:
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A CF/88 deixa claro que a competência dos juizados será para julgar as infrações de menor
potencial ofensivo (IMPO), observando os princípios da celeridade, da informalidade e da
economia processual. Além disso, será permitido a transação.
Por fim, a CF/88 autoriza que os recursos das decisões dos juizados sejam analisados pelas
turmas recursais.
Em suma, a Carta Magna prevê o seguinte no que tange aos juizados especiais:
3) Transação penal;
1) Conferir uma prestação jurisdicional mais célere para os crimes de menor potencial
ofensivo, evitando, assim, a prescrição;
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4. JURISDIÇÃO CONSENSUAL
Princípio da obrigatoriedade/princípio da
Mitigação de princípio da jurisdição conflitiva.
indisponibilidade.
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Art. 74. A composição dos danos civis será reduzida a escrito e, homologada
pelo Juiz mediante sentença irrecorrível, terá eficácia de título a ser
executado no juízo civil competente.
Parágrafo único. Tratando-se de ação penal de iniciativa privada ou de ação
penal pública condicionada à representação, o acordo homologado acarreta
a renúncia ao direito de queixa ou representação.
Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a
um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a
denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos,
desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido
condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam
a suspensão condicional da pena (art. 77 do Código Penal).
Descriminalizar, por outro lado, significa retirar o caráter de ilícito ou de ilícito penal do fato.
Existem duas vias pelas quais é possível dar-se a descriminalização: via legislativa ou via judicial.
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Logo que entrou em vigor, muito se discutiu sobre a constitucionalidade da Lei, em virtude
da possibilidade de jurisdição consensual, na qual o autor do fato cumpre uma espécie de pena
alternativa sem o devido processo legal.
Isto posto, no Inquérito 1.055, o STF confirmou a constitucionalidade da Lei dos Juizados,
ao argumento da expressa previsão na Lei Maior:
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Deve-se dar preferência à palavra falada sobre a escrita, sem que esta seja excluída. Cita-
se, como exemplo, o art. 77, que prevê denúncia oral (deve ser reduzida a termo):
Art. 77. Na ação penal de iniciativa pública, quando não houver aplicação de
pena, pela ausência do autor do fato, ou pela não ocorrência da hipótese
prevista no art. 76 desta Lei, o Ministério Público oferecerá ao Juiz, de
imediato, denúncia oral, se não houver necessidade de diligências
imprescindíveis.
4) Identidade física do juiz: o juiz que presidir a instrução deverá, pelo menos em regra,
proferir sentença. Esse princípio também está previsto no art. 399, § 2º, do CPP:
Art. 399. Recebida a denúncia ou queixa, o juiz designará dia e hora para a
audiência, ordenando a intimação do acusado, de seu defensor, do Ministério
Público e, se for o caso, do querelante e do assistente.
§ 2º O juiz que presidiu a instrução deverá proferir a sentença.
Procura-se diminuir o quanto possível a massa dos materiais que são juntados aos autos do
processo sem que se prejudique o resultado da prestação jurisdicional.
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Art. 77, § 1º Para o oferecimento da denúncia, que será elaborada com base
no termo de ocorrência referido no art. 69 desta Lei, com dispensa do
inquérito policial, prescindir-se-á do exame do corpo de delito quando a
materialidade do crime estiver aferida por boletim médico ou prova
equivalente.
2) 2ª corrente: sustenta que nem mesmo na sentença será necessário o exame de corpo
de delito. Assim, a materialidade pode ser comprovada por simples boletim médico, por
exemplo, em razão do princípio da simplicidade.
Entre 2 alternativas igualmente válidas, deve-se optar pela menos onerosa às partes e ao
próprio Estado.
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Pode-se afirmar que, com relação às infrações penais, a competência dos Juizados é fixada
com base em 2 critérios:
São 3 hipóteses:
Art. 60. O Juizado Especial Criminal, provido por juízes togados ou togados
e leigos, tem competência para a conciliação, o julgamento e a execução das
infrações penais de menor potencial ofensivo, respeitadas as regras de
conexão e continência.
Parágrafo único. Na reunião de processos, perante o juízo comum ou o
tribunal do júri, decorrentes da aplicação das regras de conexão e
continência, observar-se-ão os institutos da transação penal e da
composição dos danos civis.
Para melhor ilustrar, imagine que “A” tenha praticado um crime de desacato, infração de
menor potencial ofensivo (pena de 6 meses a 2 anos, ou multa) e tenha cometido um homicídio
doloso, crime de competência do júri. Se os delitos tivessem sido praticados sem conexão e sem
continência, o desacato seria julgado no JECrim e o homicídio no júri.
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De acordo como art. 60, parágrafo único da Lei 9.099/95, em havendo conexão entre uma
IMPO e um crime do juízo comum (ou do júri), ambos os delitos deverão ser processados e julgados
perante o juízo comum (ou do júri), devendo, no caso, ser observados os institutos despenalizadores
(composição civil dos danos/transação penal) em relação à IMPO.
Art. 66. A citação será pessoal e far-se-á no próprio Juizado, sempre que
possível, ou por mandado.
Parágrafo único. Não encontrado o acusado para ser citado, o Juiz
encaminhará as peças existentes ao Juízo comum para adoção do
procedimento previsto em lei.
A citação no JECrim (sumaríssimo) é pessoal, ou seja, não se admite citação por edital, que
vai contra a celeridade deste rito.
Em não sendo possível a citação pessoal, os autos são remetidos ao juízo comum, para que
se proceda à citação por edital, observando-se o procedimento sumário, bem como os institutos
despenalizadores, conforme determina o art. 538 do CPP:
Além disso, o julgamento de eventual apelação será feito pelo TJ e não pela Turma Recursal.
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Art. 77. Na ação penal de iniciativa pública, quando não houver aplicação de
pena, pela ausência do autor do fato, ou pela não ocorrência da hipótese
prevista no art. 76 desta Lei (transação), o Ministério Público oferecerá ao
Juiz, de imediato, denúncia oral, se não houver necessidade de diligências
imprescindíveis.
§ 2º. Se a complexidade ou circunstâncias do caso não permitirem a
formulação da denúncia, o Ministério Público poderá requerer ao Juiz o
encaminhamento das peças existentes, na forma do parágrafo único do art.
66 desta Lei (remessa ao juízo comum).
Art. 66, Parágrafo único. Não encontrado o acusado para ser citado, o Juiz
encaminhará as peças existentes ao Juízo comum para adoção do
procedimento previsto em lei.
Isto posto, questiona-se: quem julga a apelação contra a decisão da vara criminal que
julga a IMPO complexa? Cabe ao TJ ou à Turma Recursal? Quem julga é o Tribunal de Justiça,
uma vez que a competência da Turma Recursal é limitada à apreciação de decisões oriundas de
Juizados.
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2) 2ª corrente: de acordo com Pacelli, a competência dos Juizados tem natureza relativa,
caracterizando mera nulidade relativa o julgamento de uma IMPO perante o juízo
comum, mas desde que analisado o cabimento dos institutos despenalizadores da Lei
9.099/95.
Por fim, salienta-se que o STF adotou a 2ª corrente, definindo que a competência dos
JECrims para os feitos envolvendo infrações de menor potencial ofensivo é relativa:
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Em 2001, por conta da edição da Lei 10.259/01 (Juizados Especiais Federais), o conceito
começa a ser modificado, eis que o parágrafo único do art. 2º prevê como IMPO, os crimes com
pena máxima não superior a 02 anos, ou multa:
Obs.: a Lei não falava em contravenção, mas por razão óbvia, pois a
Justiça Federal não julga contravenções.
À vista disso, surgiu uma discussão à época: teria a Lei do JEF alterado o conceito da Lei
do JEC? Assim, 2 teorias surgiram:
2) Teoria monista (sistema unitário): há conceito único de IMPO, pois o parágrafo único
do art. 2º da Lei 10.259/01 teria revogado tacitamente a redação original do art. 61 da
Lei 9.099/95. Prevaleceu o sistema unitário, em homenagem ao princípio da isonomia.
No entanto, toda essa discussão foi esvaziada em 2006 quando, por meio da Lei 11.313/06,
modificou-se o conceito de IMPO previsto no art. 61 da Lei 9.099/95:
Evidencia-se, por fim, que a Lei de Abuso de Autoridade (Lei 13.869/2019) possui crimes
em que a pena varia de 6 meses a 2 anos e, consequentemente serão julgados pelo JECrim.
Ante todo o exposto, tem-se o seguinte conceito atual de IMPO: entende-se por infração
de menor potencial ofensivo todas as contravenções penais e crimes com pena máxima não
superior a 02 anos, cumulada ou não com multa, independentemente de os crimes serem
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Infração de médio potencial ofensivo, segundo a doutrina, são aquelas em que se admite
a suspensão condicional do processo (art. 89 da Lei 9.099/95), ou seja, são crimes e contravenções
com pena mínima igual ou inferior a um ano:
Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a
um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a
denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos,
desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido
condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam
a suspensão condicional da pena (art. 77 do Código Penal).
Por exemplo, furto simples que possui pena mínima igual a um ano, mas como a pena
máxima é superior a dois anos, não vai para o juizado.
Infração de ínfimo potencial ofensivo, por sua vez, é aquela em que não é cominada pena
privativa de liberdade, a exemplo do art. 28 da Lei de Drogas.
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Art. 94. Aos crimes previstos nesta Lei, cuja pena máxima privativa de
liberdade não ultrapasse 4 (quatro) anos, aplica-se o procedimento previsto
na Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995, e, subsidiariamente, no que
couber, as disposições do Código Penal e do Código de Processo Penal.
Em crimes contra o idoso previstos no Estatuto com pena máxima não superior a 04 anos
aplica-se o procedimento sumaríssimo. Entretanto, só vai para o JECrim se for uma infração de
menor potencial ofensivo. Do contrário, vai para um juízo comum, seguindo o procedimento
sumaríssimo, de modo a dar uma resposta mais célere.
Nesse liame, destaca-se o Informativo 556 do STF, na ADI 3.096 promovida pelo PGR, para
dar ao dispositivo interpretação conforme a CF/88, no sentido de somente se aplicar o procedimento
e não os benefícios da Lei 9.099/95:
Destaca-se que, ao contrário da Lei Maria da Penha, não há proibição para aplicação da Lei
9.099/95.
1) Crime previsto no Estatuto do Idoso com pena máxima não superior a 2 anos: é
tratado como infração de menor potencial ofensivo. Logo, será julgado pelos Juizados,
e terá direito aos institutos despenalizadores.
2) Crime previsto no Estatuto do Idoso com pena máxima superior a 2 anos e que
não ultrapasse os 4 anos: nesse caso, aplica-se o art. 94. Logo, o delito será da
competência do juízo comum, aplicando-se o procedimento comum sumaríssimo.
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Ressalta-se que o julgamento pelo respectivo tribunal não impede a aplicação dos institutos
despenalizadores.
Por outro lado, diante da nova orientação do STF, quando o crime não tiver relação com as
funções, a competência será do JECrim.
IMPO eleitoral não vai para o JECrim, mas sim para a Justiça Eleitoral, aplicando-se os
institutos despenalizadores.
Foi trazido pela Lei 13.060/2014 que entrou em vigor em 23 de dezembro de 2014.
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Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a
mulher (art. 5º e art. 7º), independentemente da pena prevista, não se aplica
a Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995.
Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, qualquer que seja
a pena, é vedada a incidência da Lei 9.099/95, ou seja, não pode ser aplicado o procedimento
sumaríssimo, nem a competência será do JECrim, tampouco os institutos despenalizadores.
Analisando o disposto no art. 41 da Lei Maria da Penha, o STF entendeu que o preceito
alcança toda e qualquer prática delituosa contra a mulher, até mesmo quando consubstancia
contravenção penal, como é a relativa às vias de fato.
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O dispositivo refere-se aos juizados de violência doméstica e familiar contra a mulher, porém,
deve-se compreender que se refere não aos juizados especiais criminais, mas sim à criação de
varas especializadas.
Para o STF, o art. 14 recomenda a criação das varas especializadas, não obriga. Por isso,
não há falar em inconstitucionalidade.
O art. 33 reconhece que há uma carência de juiz no Brasil, assim, não sendo possível a
criação das varas especializadas, a competência poderá ser declinada para uma vara criminal, o
juiz criminal irá acumular.
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No início da vigência da Lei, como não havia qualquer vedação, tanto o STJ quanto o STF
admitiam sua aplicação ao âmbito militar. No entanto, em 1999 surgiu a Lei 9.839/99, que
acrescentou o art. 90-A à Lei dos Juizados, proibindo a sua aplicação no âmbito da Justiça Militar:
A Lei 9.839/99 tem natureza gravosa, pois priva o acusado do gozo dos institutos
despenalizadores da Lei 9.099/95. Desse modo, o art. 90-A só se aplica aos crimes militares
praticados após a sua vigência, tendo em vista se tratar de uma novatio legis in pejus.
Inicialmente, destaca-se que o CPP determina que a competência será fixada pelo local em
que for consumado o delito, nos termos do art. 70:
Diferentemente, a Lei dos Juizados determina que a competência será fixada pelo local em
que a infração foi praticada, conforme disposto no art. 63:
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A Lei dos Juizados é uma das exceções ao CPP, pois usa a expressão “lugar em que foi
praticada a infração penal”. Diante disso, qual teoria teria sido adotada? Há 3 correntes:
3) 3ª corrente: a Lei do JEC adota a teoria mista. Seria competente tanto o local da ação
quanto o local da consumação (teoria da ubiquidade).
É uma das primeiras novidades da Lei do JECrim. No âmbito dos Juizados, é desnecessária
a instauração de inquérito policial (em homenagem à celeridade e à informalidade).
O TCO funciona, basicamente, como um relatório sumário do fato (da IMPO), contendo a
identificação das partes envolvidas, a menção à infração praticada e demais elementos de
informação que tenham sido apurados, com indicação das provas, visando à formação da opinio
delicti pelo titular da ação penal.
Todavia, é possível haver inquérito em IMPO? SIM, nos casos de maior complexidade.
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De acordo com o art. 69, quem lavra o TCO é a autoridade policial. Contudo, quem seria
autoridade policial? Existem 2 correntes:
1) 1ª corrente (minoritária): o TCO pode ser lavrado pela polícia judiciária (civil e federal),
bem como pela polícia militar, já que o TCO é um boletim de ocorrência mais detalhado.
Importante consignar que o art. 48 da Lei de Drogas prevê que nos casos do art. 28, será
lavrado termo circunstanciado (§ 2º). O § 3º do art. 48, interpretado a contrario sensu, prevê que a
lavratura do TC seria feita pela própria autoridade judicial, o que é considerado uma aberração aos
olhos da doutrina, já que viola o sistema acusatório.
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Art. 69, Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavratura do termo, for
imediatamente encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso de a ele
comparecer, não se imporá prisão em flagrante, nem se exigirá fiança. Em
caso de violência doméstica, o juiz poderá determinar, como medida de
cautela, seu afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a
vítima.
2) A transação penal.
Trata-se de uma audiência eminentemente conciliatória, motivo pelo qual a presença das
partes é facultativa. Além disso, não há condução coercitiva.
CS – JECRIM 2023.1 25
Visa valorizar a vítima, nada mais é do que um acordo entre o autor da infração e a vítima.
Se a infração for de ação penal privada ou pública condicionada à representação, uma vez
feita a composição dos danos, a consequência será a renúncia ao direito de queixa e de
representação, acarretando a extinção da punibilidade do autor do fato.
De acordo com Renato Brasileiro, a composição civil de danos, no caso de ação penal
incondicionada, poderia ser feita utilizando o arrependimento posterior (ponte de prata), previsto no
art. 16 do CP, ensejando uma redução da pena, desde que houvesse a efetiva reparação do dano,
nos seguintes termos:
Art. 16. Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa,
reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da
queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois
terços.
Essa medida foi pensada para as infrações que produzem danos materiais ou morais a uma
vítima determinada. Em regra, o MP não intervém nessa fase, salvo se o ofendido for incapaz.
Reduzida a termo e homologada, a composição vale como título executivo judicial a ser
executado na Vara Cível. Se o valor não ultrapassar 40 salários-mínimos, a execução se dará no
Juizado Especial Cível (JEC).
CS – JECRIM 2023.1 26
Art. 75. Não obtida a composição dos danos civis, será dada imediatamente
ao ofendido a oportunidade de exercer o direito de representação verbal, que
será reduzida a termo.
Parágrafo único. O não oferecimento da representação na audiência
preliminar não implica decadência do direito, que poderá ser exercido no
prazo previsto em lei.
Percebe-se que para o art. 75, a representação deve ser feita em juízo. No entanto, a
jurisprudência tem considerado válida a representação feita perante a autoridade policial, quando
da lavratura do TC. Isso se justifica principalmente porque o prazo decadencial é de 6 meses a partir
do conhecimento da autoria.
Ademais, a representação deve ser encarada como qualquer ato que demonstre a intenção
do ofendido de ver o agente ser processado, prescindindo-se de formalidades desnecessárias. Não
sendo feita a representação (em juízo ou na delegacia), deve-se aguardar o decurso do prazo de
06 meses para que se possa falar em decadência.
CS – JECRIM 2023.1 27
16.1. CONCEITO
É um instituto despenalizador.
Trata-se de negócio jurídico celebrado entre o titular da ação penal e o autor do fato, sempre
assistido por seu defensor, pelo qual se propõe a aplicação imediata de pena restritiva de direito ou
multa, dispensando-se a instauração do processo.
16.3. REQUISITOS
Apenas contravenções ou crimes, com pena máxima não superior a dois anos, estão sujeitos
à transação penal, ressalvado os crimes da Lei Maria da Penha.
CS – JECRIM 2023.1 28
Ressalta-se que qualquer procedimento investigatório pode ser arquivado, não apenas o
inquérito policial. Dessa forma, sendo caso de arquivamento, não haverá transação.
Para ter direito à transação penal, o autor da infração não pode ter sido condenado por
sentença definitiva pela prática de crime a pena privativa de liberdade, destacando-se o conceito
de cada um desses:
1) Sentença definitiva: é aquela que já transitou em julgado. Significa dizer que não basta
acórdão condenatório, devendo ter transitado em julgado.
16.3.4. Não ter sido o agente beneficiado por transação penal pelo prazo de 5 anos anteriores
CS – JECRIM 2023.1 29
Tratando-se de crime ambiental, para que seja possível a transação penal, o dano deverá
ser reparado, conforme determina o art. 27 da Lei 9.605/98:
16.4.1. Juiz
A proposta de transação penal não pode ser concedida ex officio pelo juiz.
Durante muito tempo houve essa discussão. Uma primeira corrente dizia que a transação
penal seria um direito subjetivo do acusado. Por conta disso, ela poderia ser concedida de ofício
pelo juiz. Essa corrente não ganhou corpo na jurisprudência. Por quê?
Simples. Se for transação, ela pressupõe a aceitação de ambas as partes. Além disso, se o
juiz pudesse conceder a transação de ofício, ele estaria “usurpando” um poder que não é seu: poder
de promover a ação penal pública.
Assim, prevalece atualmente que, caso o juiz não concorde com a recusa injustificada da
proposta de transação penal por parte do MP, deve remeter a questão ao Procurador-geral (ou
Câmara Criminal do MPF).
Nesse sentido é a Súmula 696 do STF, que apesar de dispor sobre a suspensão condicional
do processo, aplica-se perfeitamente à transação, uma vez que ambos os institutos refletem o
exercício do direito de ação:
Salienta-se que o art. 28 do CPP citado pela Súmula é com a redação antiga, antes do
Pacote Anticrime, em que havia um controle judicial do arquivamento. Com o advento da Lei
CS – JECRIM 2023.1 30
Pela leitura do caput do art. 76 da Lei 9.099/95, observa-se que há referência APENAS à
ação penal pública, seja ela condicionada (representação) ou incondicionada, com expressa
legitimação do MP para oferecer a transação penal.
Diante disso, indaga-se: é possível transação penal em crime de ação penal privada?
Com base no princípio da isonomia, a doutrina afirma que não é razoável excluir a possibilidade de
transação penal aos crimes de ação penal privada.
Assim, seria perfeitamente cabível a transação penal nos casos de crimes de ação penal
privada, conforme entendimentos abaixo colacionados:
CS – JECRIM 2023.1 31
Aqui, não há nada a fazer, porque a ação penal privada está sujeita aos princípios da
oportunidade e da disponibilidade, isto é, o oferecimento da proposta ocorre pela vontade do
ofendido.
16.5.2. Por parte do Ministério Público nos crimes de ação penal pública
Aqui, aplica-se o art. 28 do CPP, conforme explicado acima. Assim, havendo controvérsia
entre o juiz e promotor (que não pode ser compelido a oferecer a transação penal, sob pena de
CS – JECRIM 2023.1 32
CS – JECRIM 2023.1 33
Da decisão que não homologa, cabe Correição Parcial, ou ainda HC ou MS, segundo Nucci.
Art. 77. Na ação penal de iniciativa pública, quando não houver aplicação de
pena, pela ausência do autor do fato, ou pela não ocorrência da hipótese
prevista no art. 76 desta Lei (transação penal), o Ministério Público oferecerá
ao Juiz, de imediato, denúncia oral, se não houver necessidade de diligências
imprescindíveis.
Não havendo composição dos danos ou transação, cabe ao MP dar início à persecução penal,
ainda na audiência preliminar, por meio do oferecimento oral da peça acusatória (princípio da
oralidade e informalidade).
CS – JECRIM 2023.1 34
Há que se destacar que será dispensável o exame de corpo de delito (art. 77, § 1º):
Art. 77, § 1º Para o oferecimento da denúncia, que será elaborada com base
no termo de ocorrência referido no art. 69 desta Lei, com dispensa do
inquérito policial, prescindir-se-á do exame do corpo de delito quando a
materialidade do crime estiver aferida por boletim médico ou prova
equivalente.
A Lei 9.099/95 dispõe acerca das diligências imprescindíveis na parte final do art. 77:
Art. 77. Na ação penal de iniciativa pública, quando não houver aplicação de
pena, pela ausência do autor do fato, ou pela não ocorrência da hipótese
prevista no art. 76 desta Lei (transação penal), o Ministério Público oferecerá
ao Juiz, de imediato, denúncia oral, se não houver necessidade de
diligências imprescindíveis.
CS – JECRIM 2023.1 35
Se o acusado não estiver presente, será citado pessoalmente (por mandado) ou por hora
certa:
É importante frisar que NÃO se admite citação por edital no JECrim. Se o acusado estiver
em lugar incerto, os autos serão remetidos ao juízo comum.
Por fim, não estando presentes o ofendido e o responsável civil, serão intimados nos termos
do art. 67 da Lei (por qualquer meio admitido em direito).
CS – JECRIM 2023.1 36
Conforme o art. 79, antes da abertura da audiência deverão ser renovadas as tentativas de
conciliação e de transação penal.
Não é todo procedimento que admite defesa preliminar. Atualmente, há nos seguintes
procedimentos:
2) Lei de drogas;
Art. 81. Aberta a audiência, será dada a palavra ao defensor para responder
à acusação, após o que o Juiz, receberá, ou não, a denúncia ou queixa;
havendo recebimento, serão ouvidas a vítima e as testemunhas de acusação
e defesa. Interrogando-se a seguir o acusado, se presente, passando-se
imediatamente aos debates orais e a prolação da sentença.
Pode ser oral (caso em que será reduzido a termo) ou por escrito. Visa impedir a instauração
de uma lide temerária. Objetiva também a rejeição da peça acusatória (e para alguns também a
absolvição sumária).
CS – JECRIM 2023.1 37
Tal dispositivo foi incluído pela Lei n° 14.245, de 22 de novembro de 2021, também
conhecida como Lei Mariana Ferrer.
Segundo o doutrinador Rogério Sanches, a referida Lei tem como objetivo central reprimir e
prevenir a chamada “revitimização”, ou vitimização secundária, durante a instrução criminal,
justamente no momento em que a vítima e a as testemunhas são questionadas quanto ao crime,
com um olhar mais incisivo direcionado aos crimes contra a dignidade sexual.
1) Prova vedada: há exclusão do objeto da prova de dados alheios aos fatos dos autos,
bem como conteúdo ou linguagem que ofendam a dignidade da vítima ou testemunha.
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3) Limitação processual: as partes não podem usar essa prova como argumento jurídico
ou de autoridade.
Trata-se, portanto, de norma processual de garantia, de reforço, que tem por finalidade
assegurar expressamente o respeito à intimidade e vida privada das vítimas e testemunhas durante
a instrução criminal. Ao mesmo tempo em que cria um dever jurídico para o juiz, constrói o legislador
um dever de zelo (de atenção) para os demais atores do processo.
Resposta acusação é o nome da peça apresentada pela defesa, prevista no art. 396-A do
CPP:
A Lei dos Juizados não prevê resposta à acusação. Ocorre que o art. 394, § 4º do CPP é
claro ao prever que as disposições dos arts. 395 a 398 serão aplicadas a TODOS os procedimentos
penais de primeiro grau, ainda que não regulados pelo CPP. Trata-se de verdadeira norma geral.
Assim, pelo menos em tese, seria possível aplicar tais artigos ao JECrim.
Em continuidade, o art. 395 do CPP discorre acerca dos aspectos formais da peça
acusatória, ao passo que o art. 396 do CPP dispõe sobre o recebimento/rejeição da peça acusatória.
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Feito isso, o juiz passa a analisar as causas legais de absolvição sumária, seguindo-se o
previsto no art. 397 do CPP:
Apesar de a Lei dos Juizados não falar nada da absolvição, é óbvio que é cabível, nos termos
do art. 394, § 4º do CPP. Além de ser uma medida mais benéfica ao réu, possibilita o encerramento
do processo de forma mais célere, o que vai ao encontro dos princípios do JEC.
Não sendo caso de rejeição ou absolvição sumária, tem lugar a decisão de recebimento da
peça acusatória, que dará início à instrução processual.
Nucci entende que o recebimento deve ser fundamentado, assim como todo procedimento
em que há a defesa preliminar, devido ao art. 93, IX da CF/88, agregado ao fato de que não pode
o juiz simplesmente ignorar os argumentos levantados preliminarmente pelo autor do fato:
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1) Instrução
2) Debates orais
3) Sentença
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A Turma Recursal funciona como juízo ad quem exclusivo dos juizados especiais criminais,
ou seja, não poderá julgar infrações de menor potencial ofensivo que saem do Juizado e vão para
a vara comum.
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2) 2ª corrente: apesar do teor do art. 82, § 1º, a não apresentação de razões não impede
o conhecimento do recurso, caso no qual terá efeito devolutivo amplo (STF, 1ª Turma,
HC 85.344).
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→ Obscuridade; → Obscuridade;
→ Contradição; → Contradição;
→ Omissão; → Omissão.
À vista disso, é correto afirmar que contra a decisão das Turmas Recursais, desde que
preenchidos todos os requisitos, é cabível Recurso Extraordinário, eis que houve decisão em última
instância.
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Caberá HC, mas desde que haja risco à liberdade de locomoção. Por exemplo, o art. 28 da
Lei de Drogas é julgado nos juizados, mas como não há risco à liberdade, não será possível o HC.
Súmula 693: Não cabe “habeas corpus” contra decisão condenatória a pena
de multa, ou relativo a processo em curso por infração penal a que a pena
pecuniária seja a única cominada.
Importante frisar que o art. 51 do CPP prevê que a pena de multa é dívida de valor.
Ademais, prevalece o entendimento de que o HC contra o juiz do Juizado seja julgado pela
Turma Recursal.
2) MS contra a Turma Recursal, caberá à Turma Recursal também, uma vez que se aplica
o art. 21, VI da LC 35/79:
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Art. 59. Não se admitirá ação rescisória nas causas sujeitas ao procedimento
instituído por esta Lei.
Nesse caso, quem julga a revisão criminal é a própria Turma Recursal, de acordo com
decidido pelo STJ no CC 47.718.
Por exemplo, imagine o conflito entre um juiz do JECRIM e um juiz de Vara Criminal, como
será resolvido?
2) Para saber quem irá solucionar o conflito, basta encontrar o órgão jurisdicional em
comum.
Para o exemplo acima, inicialmente se afirmava que o conflito deveria ser resolvido pelo
STJ. Havia, inclusive, entendimento sumulado:
Com a denominação “mesma seção judiciária”, a Súmula 428 se referiu aos estados que
estão submetidos ao mesmo TRF (região).
19.1. CABIMENTO
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Pena mínima igual ou inferior a um ano, seja ou não infração de menor potencial ofensivo
(não precisa ser no JECRIM, pode ser até em processo originário dos tribunais).
Caso o delito tenha cominada pena de multa de maneira alternativa, de acordo com o STF,
a suspensão será cabível ainda que a pena mínima seja superior a um ano.
No que tange à causa aumento ou diminuição da pena, adota-se a Teoria da melhor das
hipóteses, em que:
Por fim, no que se refere ao concurso de crimes, se devido a ele a pena mínima ultrapassar
um ano, não caberá o benefício, conforme entendimentos sumulares abaixo:
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Há doutrina que entende ser incompatível com o princípio da presunção de inocência (ex.:
Defensoria, garantismo) e, portanto, não prevalece.
Deve-se levar em conta, ainda, o lapso temporal da reincidência (05 anos, conforme o art.
64 do CP).
19.1.4. “Demais requisitos que autorizam a suspensão condicional da pena (sursis)” – art. 77
do CP
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Vale tudo que foi dito para transação penal. Destarte, colaciona-se o que consta acima.
A proposta de suspensão condicional do processo não pode ser concedida ex officio pelo
juiz. Se o juiz concedesse a suspensão de ofício, ele estaria “usurpando” um poder que não é seu:
poder de promover a ação penal pública.
Assim, prevalece atualmente que, caso o juiz não concorde com a recusa injustificada da
proposta de suspensão condicional do processo por parte do MP, deve remeter a questão ao
Procurador-geral (ou Câmara Criminal do MPF), nos termos do art. 28 do CPP (aplica-se, conforme
explicado acima, a redação antiga, antes do PAC).
O § 2º, por sua vez, permite, ainda, que outras condições “inominadas” sejam previstas pelo
juiz. Entretanto, as condições devem ser razoáveis, não importando em situações vexatórias, sob
pena de violação ao princípio da dignidade da pessoa humana.
Frisa-se que são condições, não penas restritivas de direitos, de acordo abaixo discriminado:
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2) Não cumprir qualquer das outras condições (que não a reparação do dano).
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Contudo, há quem entenda que a revogação só pode ser realizada durante o tempo de
prova. Expirado o período, mesmo que o juiz verifique que o beneficiário cometeu algum deslize
que autorize a revogação, nada poderá fazer senão declarar extinta a punibilidade.
Há divergência.
Para a jurisprudência, cabe RESE, com fundamento no art. 581, XVI ou XI do CPP
(interpretação ampliativa), definido também pelo STJ no REsp 601.924 e no RMS 23.516.
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O STJ entende que a suspensão pode ser concedida diante da desclassificação do delito:
Salienta-se que tal entendimento foi adotado em virtude do disposto no art. 383 do CPP:
Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a
um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a
denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos,
desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido
condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam
a suspensão condicional da pena (art. 77 do Código Penal).
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A Lei 13.718/2018 incluiu o art. 12-A à Lei 9.099/95, a fim de adequar ao disposto no Código
de Processo Civil, ou seja, a contagem dos prazos apenas em dias úteis.
Art. 12-A. Na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei ou pelo juiz,
para a prática de qualquer ato processual, inclusive para a interposição de
recursos, computar-se-ão somente os dias úteis.
À vista disso, indaga-se: o disposto no art. 12-A é aplicável ao JECrim? NÃO, uma vez
que:
2) Nos Juizados Criminais aplica-se o CPP de forma subsidiária e não o CPC. Portanto, a
contagem de prazo segue o disposto no art. 798 do CPP, que prevê a contagem em dia
não útil (final de semana e feriados).
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Art. 24. Nos crimes de ação pública, Art. 76. Havendo representação
esta será promovida por denúncia ou tratando-se de crime de ação
do Ministério Público, mas penal pública incondicionada, não
PRINCÍPIO DA dependerá, quando a lei o exigir, de sendo caso de arquivamento, o
OBRIGATORIEDADE requisição do Ministro da Justiça, ou Ministério Público poderá propor a
de representação do ofendido ou de aplicação imediata de pena
quem tiver qualidade para restritiva de direitos ou multas, a
representá-lo. ser especificada na proposta.
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O recebimento de indenização do
A composição dos danos civis é
dano causado pelo crime não
INDENIZAÇÃO causa de renúncia ao direito de
implica em renúncia tácita ao direito
queixa ou de representação.
de queixa.
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1) Compete aos Tribunais de Justiça ou aos Tribunais Regionais Federais o julgamento dos
pedidos de habeas corpus quando a autoridade coatora for Turma Recursal dos Juizados
Especiais.
5) A perda do valor da fiança constitui legítima condição do sursis processual, nos termos
do art. 89, § 2º, da Lei 9.099/95.
7) A transação penal não tem natureza jurídica de condenação criminal, não gera efeitos
para fins de reincidência e maus antecedentes e, por se tratar de submissão voluntária
à sanção penal, não significa reconhecimento da culpabilidade penal nem da
responsabilidade civil.
8) A homologação da transação penal prevista no artigo 76 da Lei 9.099/1995 não faz coisa
julgada material e, descumpridas suas cláusulas, retoma-se a situação anterior,
possibilitando-se ao Ministério Público a continuidade da persecução penal mediante
oferecimento de denúncia ou requisição de inquérito policial.
9) O prazo de 5 (cinco) anos para a concessão de nova transação penal, previsto no art.
76, § 2º, inciso II, da Lei 9.099/95, aplica-se, por analogia, à suspensão condicional do
processo.
11) Nos casos de aplicação da Súmula 337 do STJ, os autos devem ser encaminhados ao
Ministério Público para que se manifeste sobre a possibilidade de suspensão condicional
do processo ou de transação penal.
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13) É cabível a suspensão condicional do processo e a transação penal aos delitos que
preveem a pena de multa alternativamente à privativa de liberdade, ainda que o preceito
secundário da norma legal comine pena mínima superior a 1 ano.
14) A suspensão condicional do processo não é direito subjetivo do acusado, mas sim um
poder-dever do Ministério Público, titular da ação penal, a quem cabe, com
exclusividade, analisar a possibilidade de aplicação do referido instituto, desde que o
faça de forma fundamentada.
19) É constitucional o art. 90-A da Lei 9.099/95, que veda a aplicação desta aos crimes
militares.
21) O crime de uso de entorpecente para consumo próprio, previsto no art. 28 da Lei
11.343/06, é de menor potencial ofensivo, o que determina a competência do juizado
especial estadual, já que ele não está previsto em tratado internacional e o art. 70 da Lei
11.343/06 não o inclui dentre os que devem ser julgados pela Justiça Federal.
22) A conduta prevista no art. 28 da Lei 11.343/06 admite tanto a transação penal quanto a
suspensão condicional do processo.
23) A falta de acordo entre as partes quanto ao valor a ser pago a título de reparação do
dano inviabiliza o benefício legal da suspensão condicional do processo. STJ. 6ª Turma.
RHC 163.897-RS, Rel. Min. Olindo Menezes, julgado em 18/10/2022 (Info 754).
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