Batismo No Direito Canônico

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LIV.

IV — Do múnus santificador da Igreja 155


PARTE I — Dos sacramentos

Cân. 846 — § 1. Na celebração dos sacramentos, sigam-se fielmente os livros


litúrgicos aprovados pela autoridade competente; pelo que não é lícito a ninguém,
por própria iniciativa, acrescentar, suprimir ou alterar coisa alguma.
§ 2. O ministro celebre os sacramentos segundo o rito próprio.
Cân. 847 — § 1. Na administração dos sacramentos em que se utilizam os san-
tos óleos, o ministro deve utilizar óleos de oliveira ou extraídos de outras plantas,
recentemente consagrados ou benzidos pelo Bispo, salvo o prescrito no cân. 999,
n.º 2; e não utilize os antigos, salvo em caso de necessidade.
§ 2. O pároco peça ao Bispo próprio os santos óleos e guarde-os com diligência
e decência.
Cân. 848 — Além das oblações determinadas pela autoridade competente, o
ministro nada peça pela administração dos sacramentos, e tenha sempre o cuidado
de que os pobres, em razão da pobreza, não se vejam privados do auxílio dos sa-
cramentos.

TÍTULO I
DO BAPTISMO

Cân. 849 — O baptismo, porta dos sacramentos, necessário de facto ou pelo


menos em desejo para a salvação, pelo qual os homens são libertados dos pecados,
se regeneram como filhos de Deus e, configurados com Cristo por um carácter
indelével, se incorporam na Igreja, só se confere validamente pela ablução de água
verdadeira com a devida forma verbal.

CAPÍTULO I
DA CELEBRAÇÃO DO BAPTISMO

Cân. 850 — O baptismo administra-se segundo o ritual prescrito nos livros


litúrgicos aprovados, excepto em caso de necessidade urgente, em que se deve
observar somente o que se requer para a validade do sacramento.
Cân. 851 — Importa preparar devidamente a celebração do baptismo; por
conseguinte:
1.° o adulto que pretende receber o baptismo seja admitido ao catecumena-
do e, quanto possível, conduzido pelos vários graus até à iniciação sacramental,
segundo o ritual da iniciação, adaptado pela Conferência episcopal, e as normas
peculiares dadas pela mesma;
2.° os pais da criança a baptizar, e bem assim os que hão-de desempenhar o
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múnus de padrinhos, sejam devidamente instruídos acerca do significado deste


sacramento e das obrigações dele decorrentes; o pároco, por si ou por outrem,
procure que os pais sejam devidamente instruídos por meio de ensinamentos pas-
torais e mesmo pela oração comum, reunindo várias famílias e, onde for possível,
visitando-as.
Cân. 852 — § 1. As prescrições dos cânones relativas ao baptismo dos adultos
aplicam-se a todos os que, saídos da infância, alcançaram o uso da razão.
§ 2. Às crianças equiparam-se, mesmo no que se refere ao baptismo, aqueles
que não têm o uso da razão.
Cân. 853 — A água a utilizar no baptismo, fora do caso de necessidade, deve
ser benzida, segundo as prescrições dos livros litúrgicos.
Cân. 854 — Confira-se o baptismo quer por imersão quer por infusão, obser-
vadas as prescrições da Conferência episcopal.
Cân. 855 — Procurem os pais, os padrinhos e o pároco que não se imponham
nomes alheios ao sentido cristão.
Cân. 856 — Ainda que o baptismo se possa celebrar em qualquer dia, reco-
menda-se que ordinariamente se celebre ao domingo, ou, se for possível, na vigília
pascal.
Cân. 857 — § 1. Fora do caso de necessidade, o lugar próprio para o baptismo
é a igreja ou o oratório.
§ 2. Em regra, o adulto seja baptizado na igreja paroquial própria, e a criança
na igreja paroquial própria dos pais, a não ser que uma causa justa aconselhe outra
coisa.
Cân. 858 — § 1. Todas as igrejas paroquiais possuam a sua fonte baptismal,
salvo legítimo direito cumulativo já adquirido por outras igrejas.
§ 2. Para comodidade dos fiéis, o Ordinário do lugar, ouvido o pároco, pode
permitir ou até ordenar que haja fonte baptismal noutra igreja ou oratório dentro
dos limites da paróquia.
Cân. 859 — Se, por causa da distância ou outras circunstâncias, o baptizando
não puder, sem grave incómodo, ir ou ser levado à igreja paroquial ou a outra
igreja ou oratório, referidos no cân. 858, § 2, o baptismo pode e deve ser conferido
noutra igreja ou oratório mais próximo, ou ainda noutro lugar decente.
Cân. 860 — § 1. Exceptuado o caso de necessidade, o baptismo não se admi-
nistre em casas particulares, a não ser que o Ordinário do lugar, por justa causa, o
permita.
§ 2. Nos hospitais, a não ser que o Bispo diocesano estabeleça outra coisa, não
se celebre o baptismo, excepto em caso de necessidade ou se outra razão pastoral
o exigir.
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PARTE I — Dos sacramentos

CAPÍTULO II
DO MINISTRO DO BAPTISMO

Cân. 861 — § 1. O ministro ordinário do baptismo é o Bispo, o presbítero e o


diácono, sem prejuízo do prescrito no cân. 530, n.º 1.
§ 2. Na ausência ou impedimento do ministro ordinário, baptiza licitamente o
catequista ou outra pessoa para tal designada pelo Ordinário do lugar, e mesmo,
em caso de necessidade, qualquer pessoa movida de intenção recta; os pastores
de almas, em especial o pároco, sejam solícitos em que os fiéis aprendam o modo
correcto de baptizar.
Cân. 862 — Excepto em caso de necessidade, a ninguém é permitido, sem a
devida licença, administrar o baptismo em território alheio, nem mesmo aos seus
súbditos.
Cân. 863 — Dê-se o conhecimento ao Bispo diocesano do baptismo dos adul-
tos, ao menos dos que já completaram catorze anos de idade, para que, se o julgar
conveniente, ele mesmo o administre.

CAPÍTULO III
DOS BAPTIZANDOS

Cân. 864 — Tem capacidade para receber o baptismo todo e só o homem ainda
não baptizado.
Cân. 865 — § 1. Para o adulto poder ser baptizado, requer-se que tenha ma-
nifestado a vontade de receber o baptismo e tenha sido suficientemente instruído
sobre as verdades da fé e as obrigações cristãs e haja sido provado, mediante o
catecumenado, na vida cristã; seja também advertido para se arrepender dos seus
pecados.
§ 2. O adulto que se encontre em perigo de morte, pode ser baptizado, se, tendo
algum conhecimento das principais verdades da fé, de qualquer modo tenha mani-
festado a sua intenção de receber o baptismo e prometa guardar os mandamentos
da religião cristã.
Cân. 866 — O adulto que é baptizado, se não obstar uma causa grave, seja
confirmado logo depois do baptismo e participe na celebração eucarística, rece-
bendo também a comunhão.
Cân. 867 — § 1. Os pais têm obrigação de procurar que as crianças sejam
baptizadas dentro das primeiras semanas; logo após o nascimento, ou até antes
deste, vão ter com o pároco, peçam-lhe o sacramento para o filho e preparem-se
devidamente para ele.
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PARTE I — Dos sacramentos

§ 2. Se a criança se encontrar em perigo de morte, seja baptizada sem demora.


Cân. 868 — § 1. Para que a criança seja licitamente baptizada, requer-se que:
1.° os pais, ou ao menos um deles, ou quem legitimamente fizer as suas
vezes, consintam;
2.° haja esperança fundada de que ela irá ser educada na religião católica;
se tal esperança faltar totalmente, difira-se o baptismo, segundo as prescrições do
direito particular, avisando-se os pais do motivo.
§ 2. A criança filha de pais católicos, e até de não católicos, em perigo de mor-
te, baptiza-se licitamente, mesmo contra a vontade dos pais.
Cân. 869 — § 1. Se houver dúvida se alguém foi baptizado ou se o baptismo
foi validamente conferido, e a dúvida permanecer depois de séria investigação,
confira-se-lhe o baptismo sob condição.
§ 2. Não se devem baptizar sob condição os baptizados numa comunidade
eclesial não católica, a não ser que, examinadas atentamente a matéria e a forma
utilizadas na colação do baptismo e tendo em conta a intenção do baptizado adulto
e do ministro baptizante, exista razão séria para se duvidar da validade do baptis-
mo.
§ 3. Se, nos casos referidos nos §§ 1 e 2, permanecer duvidosa a colação ou a
validade do baptismo, não se confira o baptismo, sem que se exponha a doutrina
acerca dos sacramentos ao baptizando, se for adulto, e ao mesmo, ou, quando se
tratar de criança, aos pais, se dêem as razões da dúvida sobre a validade do baptis-
mo anteriormente celebrado.
Cân. 870 — A criança exposta ou encontrada, a não ser que, depois de uma
investigação cuidadosa, conste do seu baptismo, seja baptizada.
Cân. 871 — Os fetos abortivos, se estiverem vivos, quanto possível, sejam
baptizados.

CAPÍTULO IV
DOS PADRINHOS

Cân. 872 — Dê-se, quanto possível, ao baptizando um padrinho, cuja missão


é assistir na iniciação cristã ao adulto baptizando, e, conjuntamente com os pais,
apresentar ao baptismo a criança a baptizar e esforçar-se por que o baptizado viva
uma vida cristã consentânea com o baptismo e cumpra fielmente as obrigações que
lhe são inerentes.
Cân. 873 — Haja um só padrinho ou uma só madrinha, ou então um padrinho
e uma madrinha.
Cân. 874 — § 1. Para alguém poder assumir o múnus de padrinho requer-se
que:
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PARTE I — Dos sacramentos

1.° seja designado pelo próprio baptizando ou pelos pais ou por quem faz
as vezes destes ou, na falta deles, pelo pároco ou ministro, e possua aptidão e in-
tenção de desempenhar este múnus;
2.° tenha completado dezasseis anos de idade, a não ser que outra idade te-
nha sido determinada pelo Bispo diocesano, ou ao pároco ou ao ministro por justa
causa pareça dever admitir-se excepção;
3 ° seja católico, confirmado e já tenha recebido a santíssima Eucaristia, e
leve uma vida consentânea com a fé e o múnus que vai desempenhar;
4.° não esteja abrangido por nenhuma pena canónica legitimamente aplica-
da ou declarada;
5.° não seja o pai ou a mãe do baptizando.
§ 2. O baptizado pertencente a uma comunidade eclesial não católica só se admi-
ta juntamente com um padrinho católico e apenas como testemunha do baptismo.

CAPÍTULO V
DA PROVA E ANOTAÇÃO DO BAPTISMO

Cân. 875 — Quem administra o baptismo procure que, se não houver padrinho,
haja ao menos uma testemunha, com que se possa provar a colação do baptismo.
Cân. 876 — Para provar a administração do baptismo, se daí não advier pre-
juízo para ninguém, basta a declaração de uma só testemunha, acima de toda a
excepção, ou o juramento do próprio baptizado, se ele tiver recebido o baptismo
em idade adulta.
Cân. 877 — § 1. O pároco do lugar em que se celebra o baptismo deve inscre-
ver cuidadosamente e sem demora alguma no livro dos baptismos os nomes dos
baptizados, fazendo menção do ministro, pais, padrinhos e ainda, se as houver,
das testemunhas, do lugar e dia do baptismo, indicando também o dia e o lugar do
nascimento.
§ 2. Se se tratar de filho de mulher não casada, deve consignar-se o nome da
mãe, se constar publicamente da sua maternidade ou ela mesma, por escrito ou
perante duas testemunhas, espontaneamente o pedir; deve consignar-se também o
nome do pai, se a sua paternidade estiver comprovada por algum documento pú-
blico, ou declaração do próprio perante o pároco e duas testemunhas; nos restantes
casos, consigne-se o nome do baptizado, sem fazer menção do nome do pai ou dos
pais.
§ 3. Se se tratar de filho adoptivo, consignem-se os nomes dos adoptantes, e
também, pelo menos se assim se fizer também no registo civil da região, os nomes
dos pais naturais, em conformidade com os §§ 1 e 2, segundo as prescrições da
Conferência episcopal.
Cân. 878 — Se o baptismo não tiver sido administrado nem pelo pároco nem
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PARTE I — Dos sacramentos

na sua presença, o ministro do baptismo, qualquer que ele seja, deve comunicar a
celebração do baptismo ao pároco da paróquia em que o baptismo foi administra-
do, para que ele faça o assento em conformidade com o cân. 877, § 1.

TÍTULO II
DO SACRAMENTO DA CONFIRMAÇÃO

Cân. 879 — O sacramento da confirmação, que imprime carácter, e pelo qual


os baptizados, prosseguindo o caminho da iniciação cristã, são enriquecidos com
o dom do Espírito Santo e se vinculam mais perfeitamente à Igreja, robustece-os e
obriga-os mais estritamente para serem testemunhas de Cristo pela palavra e pelas
obras, assim como para difundirem e defenderem a fé.

CAPÍTULO I
DA CELEBRAÇÃO DA CONFIRMAÇÃO

Cân. 880 — § 1. O sacramento da confirmação é conferido mediante a unção


do crisma na fronte, a qual se realiza pela imposição da mão e pelas palavras pres-
critas nos livros litúrgicos aprovados.
§ 2. O crisma a utilizar no sacramento da confirmação deve ser consagrado
pelo Bispo, ainda que o sacramento seja administrado por um presbítero.
Cân. 881 — É conveniente que o sacramento da confirmação se celebre na
igreja e mesmo dentro da Missa; todavia, por uma causa justa e razoável, pode
celebrar-se fora da Missa e em qualquer lugar digno.

CAPÍTULO II
DO MINISTRO DA CONFIRMAÇÃO

Cân. 882 — O ministro ordinário da confirmação é o Bispo; administra vali-


damente este sacramento também o presbítero dotado de tal faculdade, em virtude
do direito universal ou por concessão especial da autoridade competente.
Cân. 883 — Pelo próprio direito gozam da faculdade de administrar a confir-
mação:
1.° dentro dos limites do seu território, os que pelo direito se equiparam ao
Bispo diocesano;
2.° relativamente à pessoa de que se trata, o presbítero que, em razão do

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