Avaliação Nutricional de Gestantes

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AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DA

GESTANTE E RECOMENDAÇÕES
DIETÉTICAS
PROFª ME. MICHELLE THIEMI MIWA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
◦Compreender tópicos importantes na avaliação
nutricional de gestantes;

◦Recomendações nutricionais na gestante;

◦Compreender e aplicar adequadamente a curva de


Atalah.
INTRODUÇÃO
◦Diagnóstico nutricional => antropometria, exames
bioquímicos, clínicos e avaliação dietética;

◦Análise conjunta dos dados;

◦Adequada interpretação;

◦Diagnóstico => intervenção nutricional.


INTRODUÇÃO

◦Acompanhamento do estado nutricional =>


fundamental;

◦Ganho de peso insuficiente e excesso de peso => riscos


para a mãe e para o bebê.
INTRODUÇÃO
◦Década de 1960 => O Instituto de Nutrición de Centro
América y Panamá (INCAP, 1961) desenvolveu um
gráfico em que eram consideradas as diferenças de
estatura materna e o aumento provável de peso em
função da idade, porém, não constavam as
implicações do estado nutricional prévio.
INTRODUÇÃO
◦Estudo multicêntrico: Estados Unidos, Chile e Brasil;

◦Modelo gráfico com várias linhas de adequação do


peso gestacional relacionado à altura;

◦Curvas de Rosso (1985);

◦Estudos posteriores: superestimava o baixo peso na


gestação.
CURVA DE ATALAH
◦Década de 1990: instrumento de avaliação nutricional
da gestante, baseando-se no Índice de Massa Corporal
(IMC);

◦O Ministério da Saúde incluiu a Curva de Atalah na


caderneta da gestante, que está em vigor até hoje.
AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA DA GESTANTE
◦ Metodologia acessível, rápida, não invasiva e
recomendada para avaliar o estado nutricional durante a
gestação;

◦ Estudos da Organização Mundial da Saúde (OMS, 1995) e


nas publicações do Institute of Medicine (IOM, 1990): peso,
estatura, circunferência braquial e dobra tricipital;

◦ IMC e ganho de peso: indispensáveis para estabelecer o


diagnóstico nutricional da gestante.
AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA DA GESTANTE
◦ Primeiro passo no atendimento nutricional: diagnosticar
estado nutricional.

◦ Peso pré-gestacional informado por ela.

◦ Se não for possível obter essa informação, é utilizado o peso


no primeiro trimestre como se fosse o peso pré-gestacional,
visto que a primeira consulta pré-natal deve acontecer até
o 4º mês de gestação, conforme a Portaria GM/MS 569
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2000).
AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA DA GESTANTE

◦O peso deve ser aferido em todas as consultas de pré-


natal e também ser observada a existência de edema.

◦Para que o peso da gestante não seja superestimado, é


recomendado subtrair uma estimativa de retenção de
peso hídrico no local do edema.
AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA DA GESTANTE
◦Tabela 1. Estimativa do peso a partir do edema retido
AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA DA GESTANTE

◦A avaliação do estado nutricional da gestante envolve


a utilização de curvas que considerem a idade
gestacional, o peso e a altura.

◦O Ministério da Saúde adota as recomendações dos


critérios propostos por Atalah.
AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA DA GESTANTE

◦A Curva de Atalah é um método de fácil aplicação que


utiliza a idade gestacional e o IMC atual da gestante,
com classificação do estado nutricional da gestante
para baixo peso (BP), peso adequado (A), sobrepeso (S)
e obesidade (O), servindo de base para elaboração
das recomendações nutricionais.
AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA DA GESTANTE

◦A marcação de dois ou mais pontos no gráfico (primeira


consulta e subsequentes) possibilita construir o traçado
da curva por semana gestacional.

◦A avaliação continuada permite acompanhar a


evolução do ganho de peso durante a gestação e
examinar se este ganho está adequado em função do
estado nutricional da gestante no início da gravidez.
AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA DA GESTANTE

◦Destaca-se que o ponto de corte para classificação de


baixo peso materno difere do adotado para adultos,
sendo essa diferença atribuída aos cuidados
necessários para minimizar os riscos de retardo de
crescimento intra-uterino, baixo peso ao nascer,
prematuridade e outras possíveis complicações
maternas e neonatais.
◦ Tabela 2. Avaliação do estado nutricional da gestante segundo Índice de
Massa Corporal por semana gestacional.
GANHO DE PESO
◦ Há uma ampla variação para o ganho de peso da
mulher em todas as categorias do estado nutricional.

◦ No primeiro trimestre, o ganho de peso não é muito


relevante.

◦ A perda de peso de até 3 kg, a manutenção do peso


pré-gestacional ou o ganho ponderal de até 2 Kg são
situações que não afetam a saúde do binômio mãe-filho.
GANHO DE PESO
◦Em função do estado nutricional pré-gestacional, estime
o ganho de peso total recomendado até o final da
gestação;

◦Para cada situação nutricional inicial (estado nutricional


pré-gestacional determinado como baixo peso,
adequado, sobrepeso ou obesidade), há uma faixa de
ganho de peso recomendada.
GANHO DE PESO
◦Para o 1º trimestre, o ganho de peso foi agrupado para
todo período, enquanto que, para o 2º e o 3º trimestres,
é previsto por semana;

◦Portanto, já na primeira consulta, deve-se estimar


quantos gramas a gestante deverá ganhar no 1º
trimestre, assim como o ganho por semana até o final
da gestação.
GANHO DE PESO
◦Cada gestante deverá ter ganho de peso de acordo
com seu IMC pré-gestacional.

◦Para a previsão do ganho de peso total, isto é, durante


todo o período de gestação, faz-se necessário calcular
quanto peso a gestante já ganhou e quanto ainda falta
até o final da gestação em função da avaliação
clínica.
◦ Tabela 3. Ganho de peso (Kg) recomendado durante a gestação,
segundo o estado nutricional inicial.
CIRCUNFERÊNCIA DO BRAÇO
◦Permite aferir déficits ou excesso de peso, ou seja,
quando a gestante está abaixo ou acima do valor de
corte considerado adequado.

◦A circunferência contempla a gordura cutânea e a


massa muscular do braço e o seu valor expresso em
centímetros deve ser avaliado conforme a faixa etária
nas tabelas de Frisancho.
◦ Tabela 4. Valor de referência da circunferência do braço em percentis
(cm)
CIRCUNFERÊNCIA DO BRAÇO
◦Valores abaixo do percentil 25 podem indicar risco
nutricional ou perda de peso aguda ou crônica;

◦Acima do percentil 85, os valores podem refletir em


reserva em excesso de gordura, ou seja, ganho de
peso;

◦Os valores entre p25 a p75 indicam normalidade.


CIRCUNFERÊNCIA DO BRAÇO
◦ É uma medida relativamente estável, variando no último
mês de gestação por conta da mobilização de gorduras
usadas na lactação.

◦ Pode ser aferida para refletir o estado nutricional prévio ou


atual e também usada com segurança como um indicador
alternativo do estado nutricional inicial para avaliar
mulheres em risco de resultado obstétrico desfavorável.
PREGA CUTÂNEA TRICIPTAL
◦ Utilizada para estimar a reserva de gordura cutânea por
meio do adipômetro.

◦ Os tecidos adiposos e subcutâneos devem ser separados


do tecido muscular por meio dos dedos polegar e
indicador; é importante mensurá-los por três vezes.

◦ A média obtida deve ser comparada com as tabelas de


Frisancho.
◦ Tabela 5. Valores de referência da prega cutânea triciptal em percentis
(mm)
HÁBITOS ALIMENTARES DA GESTANTE
◦ Identificar erros alimentares, principalmente com relação à
quantidade insuficiente de micronutrientes ou alimentos
fontes.

◦ A anamnese alimentar deve conter a avaliação do apetite,


presença de náuseas e vômitos, funcionamento intestinal,
preferência alimentar, entre outras informações.

◦ Diferentes métodos para avaliar a ingestão alimentar.


RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS
◦Durante o período gestacional, há um aumento das
recomendações da maioria dos nutrientes devido aos
ajustes fisiológicos desta fase.

◦A partir da avaliação nutricional, é possível adequar as


recomendações, já que a nutrição está totalmente
relacionada com o desenvolvimento adequado do
feto.
ENERGIA
◦Diferentes métodos:

RDA (1989): calcular o gasto energético total


considerando o peso pré-gestacional.

◦A partir do segundo trimestre: acrescentar o valor


adicional.

◦GET = TMB x NAF + 300 Kcal (a partir do 2º trimestre)


◦ Tabela 6. Equação da taxa metabólica basal, segundo a idade materna.

◦ Tabela 7.Nível de atividade física


ENERGIA
◦ O peso que consta na fórmula é o peso atual, desde que a
gestante esteja com o IMC dentro da faixa de eutrofia;

◦ Se a gestante estiver com baixo peso, é importante utilizar o


peso ideal;

◦ Porém, se a gestante for obesa ou com sobrepeso, sempre


utilizar o peso pré-gestacional, para um controle no ganho
de peso gestacional.
ENERGIA
◦Se a gestante apresentar alguma doença associada,
como hipertensão, diabetes, doença cardiovascular ou
fatores de risco para essas doenças, recomenda-se
utilizar os valores de 25 a 30 kcal/kg/dia.

◦Outra referência para cálculo das necessidades


energéticas é do Institute of Medicine (IOM, 2005).
ENERGIA
◦Calcula-se o requerimento estimado de energia (EER)
da mulher com o peso, altura e atividade física pré-
gestacional, e adicionam-se os valores de energia de
acordo com a idade gestacional.

◦EER (pré-gestacional) + adicional de energia + energia


para depósito
◦ Tabela 8. Determinação de EER para gestante

◦Para o coeficiente de atividade física, é possível utilizar


para:

Sedentária = atividades diárias comuns = 1,0;


Leve = atividades diárias comuns, mais 30 a 60 minutos
de atividade moderada diária = 1,12;

Moderada = atividades diárias comuns, mais no


mínimo 60 minutos de atividade moderada diária = 1,27;

◦Intensa = atividades diárias comuns, mais no mínimo 60


minutos adicionais de atividade vigorosa ou 120 minutos
de atividade moderada = 1,45.
PROTEÍNAS
◦ Ingestão aumentada: crescimento fetal, da expansão
acelerada do volume sanguíneo e do aumento dos anexos
fetais.

◦ Uma dieta equilibrada com o conteúdo proteico adequado


melhora o crescimento fetal e reduz o risco de morte fetal e
neonatal.

◦ A recomendação atual acrescenta 25 g em relação à mulher


não grávida, ou seja, 71 g por dia ou 1,1 g/kg de peso ideal.
LIPÍDIOS
◦A ingestão de lipídios dependerá do requerimento de
energia para o ganho de peso adequado, que se
baseia em um percentual de 20% a 35% do valor
energético total.

◦Deste percentual diário, 13g devem ser referente a


ácidos graxos ω-6 e 1,4 g de ácido graxo para o ω-3.
CARBOIDRATOS, FIBRAS E ÁGUA
◦ Para mulheres gestantes, é recomendado 175 g/dia de
carboidratos ou o correspondente a um percentual de 45% a
65% das calorias totais.

◦ A ingestão de fibra recomendada é de 28 g/dia.

◦ A ingestão de água para mulheres grávidas deve ser em média


de três litros por dia, sendo que 2,3 litros devem ser ingeridos na
forma de líquidos, principalmente água, e o conteúdo restante
da água é o que se encontra presente nos alimentos.
CÁLCIO
◦ As modificações hormonais da gestação promovem ajustes
no metabolismo do cálcio, incluindo aumento na taxa de
utilização pelos ossos, diminuição dos processos de
reabsorção óssea e aumento da absorção intestinal;

◦ Durante as 40 semanas de gestação, o feto acumula 30 g


de cálcio, sendo a maior parte obtida no último trimestre,
em que 300 g/dia são transportados para ele através da
placenta.
CÁLCIO
◦Gestantes com ingestão insuficiente de cálcio, vitamina
D e fósforo têm mais chances de desenvolver
osteoporose futuramente, além de gerar recém-
nascidos com menor densidade óssea.

◦As recomendações dietéticas entre mulheres adultas e


gestantes são iguais: 1000 mg/dia dos 19 aos 50 anos.
VITAMINA D
◦ A produção diária de vitamina D na pele alcança seu
ponto máximo depois de 30 minutos de exposição à luz
solar.

◦ A deficiência ou insuficiência de vitamina D durante a


gestação reflete em ganho de peso insuficiente, além disso,
evidências bioquímicas mostram distúrbios da homeostase
óssea na criança e, em situações extremas, pode reduzir a
mineralização óssea e aumento do risco de fraturas.
VITAMINA C
◦ A necessidade de vitamina C para o crescimento do feto ainda
é desconhecida, mas sabe-se que a concentração plasmática
materna da vitamina diminui progressivamente durante a
gestação.

◦ A deficiência dessa vitamina foi associada a um aumento do


risco de infecções, ruptura prematura das membranas e
préeclâmpsia.

◦ De acordo com o IOM (2000), mulheres de 19 a 50 anos


necessitam de 85 mg/dia.
◦A assistência nutricional à gestante deve ser contínua,
com acompanhamento do ganho de peso e a
verificação constante de possíveis erros alimentares.

◦Desta forma, é possível planejar uma intervenção


dietética com a elaboração de orientações e dietas
que contemplem todos os macronutrientes,
micronutrientes e o valor energético necessário.

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