Morfometria Dalton
Morfometria Dalton
Morfometria Dalton
município de Imperatriz-MA
Resumo: A arborização é fundamental no meio urbano. Entretanto, quando sua implantação é mal
planejada acaba afetando sua eficiência e a qualidade de vida da sociedade, gerando conflitos com a
infraestrutura urbana. A morfometria por sua vez, permite o conhecimento da dinâmica de crescimento
do componente arbóreo, prevendo espaço necessário para seu desenvolvimento e sua estabilidade,
permitindo ações silviculturais e manejo adequado em ambientes urbanos. Diante disso, objetivou-se
analisar as espécies mais frequentes da zona central do município de Imperatriz-MA em relação aos
parâmetros morfométricos. Para tanto, estudou-se a arborização da cidade por meio de um inventário do
tipo censo, onde todos os indivíduos presentes na área central da cidade tiveram seus parâmetros
famílias. Do total de indivíduos inventariados, 65,7% são de espécies exóticas e 34,3% são de nativas.
Sendo a espécie M. tomentosa a mais representativa.. Com relação aos parâmetros morfométricos, a altura
total média dos indivíduos das espécies de maior representatividade foi de 6,2 m, altura da primeira
bifurcação de 1,2 m, altura de copa de 2,1 m, e DAP médio de 0,25 m. Quanto ao diâmetro médio e área
média da copa os resultados obtidos foram 5,37 m e 26, 83 m², respectivamente. Com isso, conclui-se
que arborização de Imperatriz pode ser considerada jovem ou de plantios recentes na sua maioria, ou são
plantas na fase adulta que tiveram manejo inadequado, devendo-se substituir gradativamente a
Azadirachta indica.
implementation is poorly planned it ends up affecting its efficiency and the quality of
life of society, generating conflicts with the urban infrastructure. The morphometry in
turn allows the knowledge of the growth dynamics of the tree component, predicting the
space required for its development and its stability, allowing silvicultural actions and
proper management in urban environments. Therefore, this study aimed to analyze the
most frequent species in the central area of the municipality of Imperatriz-MA in
relation to morphometric parameters. To this end, the afforestation of the city was
studied through a census inventory, where all individuals present in the central area of
the city had their dendrometric parameters measured. There were 2321 trees, distributed
in 69 species and 26 families. Of the total number of individuals surveyed, 65.7% are
exotic species and 34.3% are native. The most representative species is M. tomentosa.
Regarding the morphometric parameters, the average total height of the individuals of
the most representative species was 6.2 m, height of the first bifurcation was 1.2 m,
crown height was 2.1 m, and average DBH was 0.25 m. As for the average diameter and
average crown area, the results obtained were 5.37 m and 26.83 m², respectively. Thus,
we can conclude that most of the trees in Imperatriz can be considered young or recent
plantings, or are adult plants that have been inadequately managed and should gradually
Introdução
cidades, entre outros benefícios (SILVA, 2015). Segundo Bortoleto et al. (2006), muitas
cidades brasileiras não possuem um planejamento apropriado de floresta urbana, sendo
O paisagismo urbano é uma das ferramentas que podem ser empregadas para a
arborização, uma vez que o uso incorreto ou impróprio dessas árvores pode ocasionar
grandes prejuízos para o usuário, bem como para as empresas de energia, água e esgoto.
como, a noção das espécies vegetais e suas respectivas características, que poderão ser
empregadas na arborização.
Dessa forma, para possibilitar que esse manejo seja adequado, é essencial
conhecer bem esse patrimônio arbóreo. Devendo a arborização urbana ser analisada e
utilizáveis sobre a floresta urbana. Esses dados provêm da análise de cada indivíduo
2011). Têm-se inventário por censo total ou por amostragem, sendo que, para locais
onde a arborização urbana é heterogênea, torna-se mais apropriado o censo total, tanto
para bairros, quanto para vias públicas ou em cidades de pequena extensão (SILVA,
2015).
Os dados obtidos por meio do inventário são utilizados para a análise da
morfometria e estudos das relações das árvores com o meio urbano. Os métodos de
avaliação da morfometria, suas relações e a dinâmica das formas das árvores, tornam-se
et al., 2013).
melhorias e benefícios que possam ser proporcionados para a população, entre eles, a
diminuição dos conflitos com postes, redes de energia, sinalização, adicionado ao fato
urbano.
sobre a arborização urbana são ainda insuficientes, não existe um inventário da floresta
urbana em área total abrangendo todos os bairros e não possui um Plano Diretor de
2023), apresentando conflitos com a estrutura urbana (SILVA et al., 2018) além do
censo realizado no bairro Beira rio (LIMA et al., 2022) . Diante do exposto, objetiva-se
Material e métodos
classificação climática de Köppen - Geiger, com duas estações bem definidas, a chuvosa
tipo censo, nas Zonas Central (ZC) e Zona Residencial Central (ZRC) de Imperatriz-
MA (Figura 01), conhecida como zona central, totalizando 274,02 ha perfazendo 228
quadras onde todas as espécies arbóreas presentes nas calçadas ou próximas a ela e com
meses de fevereiro de 2016 e fevereiro de 2017 e apenas os indivíduos com altura > 1,5
planilha eletrônica. Para a localização das vias, foi utilizada uma planta da zona central
da cidade.
indivíduos foram arranjados quanto à sua origem: espécie nativa, quando pertencente ao
circunferência à altura do peito (CAP) auferida com o auxílio de uma fita métrica. Logo
após, os dados foram transformados em DAP (diâmetro à altura do peito) por meio da
Equação 1.
CAP
DAP= (1)
π
partir das medidas de quatro raios da árvore, conforme a orientação Norte-Sul e, Leste e
Oeste. De posse desses valores, obteve-se o diâmetro médio de copa (DC.m-1) e a área
APC= ( π4 ) . dc 2
(2)
Uma pergunta: Foi feita alguma análise estatística??? qual o software utilizado?
Resultados e Discussão
com seis espécies cada (8,69%); e Rutaceae, com cinco espécies (7,2%) (Tabela 1).
maior número de espécies da arborização urbana desta cidade, com 16,1% (5 espécies).
Segundo Santamour Júnior (2002) é recomendado que não se utilize mais que
30% de espécies da mesma família botânica. Dessa forma, pode-se inferir que, a
Meliaceae, com 333 árvores (14,35%), Moraceae, com 142 árvores (6,12%) e Fabaceae,
com 125 árvores (5,6%) (Tabela 1). O percentual encontrado não difere dos valores
encontrados por Silva (2015), onde a Família Chrysobalanaceae com apenas a espécie
se que 45 são exóticas e 24 são nativas do Brasil. Desta forma, 65,7% das árvores têm
origem exótica e 34,3% são nativas (Figura 2). Apesar do município de Imperatriz
Exóticos
Nativos
65,7%
Espécies
34,3%
demasiada maioria o uso de espécies que não pertencem aos nossos biomas,
adaptação para garantir a dinâmica do solo e clima, afirma Klein (1985) apud
urbana, quando se conjectura que as espécies nativas da região estão melhor adaptadas
exóticas versus 58,1% (1348) de árvores nativas, sendo que não há diferença expressiva
entre elas (Figura 1). Motter e Müller (2012) verificaram que a arborização de
36,84% de indivíduos nativos. Em Guaxupé-MG, foi verificado que 55,05% (125) são
árvores exóticas e 44,95% (102) são árvores brasileiras (nativas) (CAMILO et al.,
2013).
vida da sociedade.
Constata-se na Tabela 1 que houve grande número de espécies presentes nas vias
indivíduos. As mais frequentes foram: Oiti (Moquilea tomentosa) com 49,42%, Nim
(Terminalia catappa) 2,33% e Monguba (Pachira aquatica) 2,33%. Sendo que as outras
acanhada frequência, corroboram que é possível que a maioria dos plantios tenha sido
brasileiras, tais como: Aracaju – SE, onde 10 espécies compreendiam 86% do total de
indivíduos (SANTOS et al., 2011); Santa Maria - RS, onde sete espécies correspondiam
a 61% das árvores (SZYMCZAK et al., 2012); Tuparendi - RS, onde apenas seis
comparada com as outras cidades, Imperatriz -MA possui uma distribuição de espécies
que a frequência de uma única espécie não ultrapasse 15%, portanto, Moquilea
ruas, no Brasil, em virtude da sua copa frondosa e perene (TUDINI, 2006). Devido à
Além disso, devido ser uma espécie de médio porte (6-15m), a mesma poderá
2023).
relação a bioinvasão de espécies exóticas. Além disso, o Nim indiano vem sendo
menos que cinco indivíduos em toda a área de estudo, intensificando o fato de que a
arborização urbana de grandes cidades ainda é composta por poucas espécies, onde as
arborização da área estudada foi de 6,2 m, altura da primeira bifurcação de 1,2 m, altura
de copa de 2,1 m, e DAP médio de 0,25 m. O ideal é que a bifurcação das árvores esteja
acima de 2,0 metros de altura, desta forma evitando acidentes com transeuntes. Tal
cidade de Santa Maria - RS, a altura total média dos indivíduos mais frequentes foi de
4,8 m, altura da bifurcação de 1,0 m, altura de inserção da copa de 2,3 m e DAP de 0,12
paulistanos, verificou que a altura média de todas as árvores foi de 8,07 m e a altura da
bifurcação, de 1,97 m. Silva e Silva (2012) verificaram que a altura média das árvores
foi de 8,4 m e o diâmetro médio de 0,26 m para um bairro da cidade de Belo Horizonte -
MG.
Ficus benjamina, Murraya paniculata e Pachira aquatica possuem altura inferior que
6,5 m, apenas Mangifera indica e Terminalia catappa estão acima do indicado, as quais
teoricamente sofrem conflito com a rede elétrica. Este fato deve-se ao órgão ambiental e
ao seu sistema de podas, que preza pelo rebaixamento da copa para que os galhos não
atinjam a rede elétrica, ou aos moradores que fazem a poda das árvores por conta
própria.
sua maioria ou são plantas na fase adulta que sofreram intervenções por poda que
Para Rocha et al. (2004), o baixo porte ocasionado pela opção de realizar
plantios com espécies de pequeno porte, depende da calçada, pela pouca idade dos
apresentados na Tabela 3.
Tabela 3. Diâmetro médio e Área média da copa das sete espécies de maior frequência
Nome vulgar Nome Científico DMC (m) AMC (m²)
Oiti Moquilea tomentosa 3,79 11,26
Nim Indiano Azadirachta indica 3,59 10,13
Ficus Ficus benjamina 4,14 13,44
Mangueira Mangifera indica 8,02 50,48
Amendoeira Terminalia catappa 9,45 70,07
Monguba Pachira aquatica 5,53 24,03
Murta Murraya paniculata 2,52 4,99
Total 5,29 26,34
Nota: DMC: Diâmetro médio da copa; AMC: Área média da copa.
obtiveram o maior diâmetro médio (DMC) e área média da copa (AMC). Sendo o 9,45
3,59 m para DMC e 11,26 m², e 10,13 m² para AMC, respectivamente. Das quais, essas
obteve a maior área de copa, com uma área média de 90,71 m². Segundo Lorenzi (2008)
intensidade das podas realizadas, que alteram a arquitetura específica, a forma e a área
poda é alterável conforme as espécies, no entanto, também são muito afetadas pelas
diâmetro médio da copa das árvores em cerca de 4,0 m para a maioria dos indivíduos.
Conforme Silva (2015), copas com pequeno diâmetro que avançam até 1,5 m
sobre a rua, são consideradas convenientes por não atrapalharem o trânsito de veículos
que o diâmetro da copa das árvores esteja dentro de uma amplitude que possa favorecer
ambas as situações.
um intervalo aceitável. Isso, provavelmente, ocorreu devido à poda efetuada sempre que
os indivíduos apresentavam conflito com a rede elétrica, postes de iluminação, ponto de
A área média total encontrada para as copas das árvores das sete espécies com
maior representatividade foi de 26,83 m². Não obstante, este valor teve consideráveis
variações, sendo superior para algumas espécies e inferior para outras, que por
Na cidade de Itacoatiara-AM, o valor da área média total das copas das dez
espécies mais frequentes foi de 32,02 m² (SILVA, 2015). Já para a cidade de Boa Vista,
conforme Lima Neto (2014), o valor da área média total das copas foi de 63,29 m², para
O resultado obtido para área média de copa pode ser considerado inferior se
comparado aos estudos anteriores. O ideal para cobertura arbórea sugerida para ruas e
calçadas com árvores de faixas etárias diversificadas seria 25%, conforme Maco e
McPherson (2002).
projeção da sua copa e sua contribuição para o sombreamento. Ademais, conflitos com
Conclusões
Os valores dos diâmetros médios encontrados, bem como as áreas de copa das
pouca cobertura arbórea com poucos indivíduos, com baixa bifurcação em seus fustes,
Agradecimentos
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