Oqueé: Um Líquido?
Oqueé: Um Líquido?
Oqueé: Um Líquido?
artigo geral
VOL. 39 - N. 3
O que é um líquido?
P. I. C. Teixeira1,2
1
ISEL - Instituto Superior de Engenharia de Lisboa, Instituto Politécnico de Lisboa, Rua Conselheiro Emídio Navarro 1, 1959-007 Lisboa
2
Centro de Física Teórica e Computacional, Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Campo Grande, Edifício C8, 1749-016 Lisboa
Resumo
Neste artigo, explora-se a singularidade e a raridade da
fase líquida enquanto forma de organização da matéria.
Começa-se por passar em revista algumas das proprie-
dades dos líquidos, relacionando-os com os sólidos e
os gases através de ideias básicas da Termodinâmica
e da Física Estatística, as quais permitem compreender
a estabilidade destas diferentes fases, bem como as
transições entre elas. Seguidamente, discute-se que
propriedades devem ter as forças interatómicas ou
intermoleculares para que um determinado tipo de ma-
téria apresente uma fase líquida. Finalmente, descreve-
-se trabalho de modelação que mostra como se pode
“desligar” a fase líquida em materiais feitos à medida.
T=TC
(3)
Gás ideal
PC Ao diminuir-se Ao
o alcance da atracção
diminuir-se o alcancerelativamente
da atracçãoà relativamente
repulsão, o equilíbrio lí
T>TC à repulsão,
torna-se meta-estável o equilíbrioao
relativamente líquido-gás
equilíbrio torna-se meta-e a conde
líquido-sólido
-estável
substituída pela relativamente
sublimação (Figura ao
4). equilíbrio líquido-sólidopode
Este comportamento e a compr
condensação é substituída pela sublimação (Figura
recorrendo, novamente, à equação (1): se o alcance da parte atractiva do p
4). Este comportamento pode compreender-se
muito curto, a baixas temperaturas
recorrendo, a energia
novamente, interna (1):
à equação vai ser
se ominimizada
alcan- por es
ce da
que as partículas parte
estão atractiva
muito do potencial
próximas, é muito curto,
logo a densidade é muito alta, o qu
T<TC a baixas temperaturas a energia interna vai ser
facilmente realizável num sólido, em que o arranjo das partículas é regular.
minimizada por estados em que as partículas estão
V1 VC V2 V muito próximas, logo a densidade é muito alta, o
Fig. 3 - Isotérmicas de um gás de Van der Waals. A posição do segmento que é mais facilmente realizável num sólido, em que
de recta azul a tracejado é escolhida de modo a que as áreas sombreadas
sejam iguais (construção de Maxwell, que garante o equilíbrio relativa-
o arranjo das partículas é regular.
mente à troca de partículas entre as duas fases). A temperaturas eleva- 0.0 0.0 0.0
das, as isotérmicas de Van der Waals aproximam-se das do gás ideal. a b c
A equação de estado de Van der Waals pode ser facilmente 2.0 2.0 2.0
a b c
Fig. 6 - (a) Partícula coloidal com cerne de esfera rígida (violeta), dois
Fig. 5 - Instantâneo de uma configuração de 1024 esferas patches do tipo A (pequenos hemisférios amarelos) e um patch do tipo
rígidas dipolares a baixa densidade e baixa temperatura [7]. As B (pequeno hemisfério verde). Os patches de diferentes partículas só
cores indicam o número de partículas constituintes das cadeias interagem quando se sobrepõem. (b) Ponto de ramificação do tipo X. (c)
– vermelho: 1-5; laranja: 10-15; verde: 15-20. Ponto de ramificação do tipo Y. (Figuras da autoria de D. de las Heras)
0.10
r = 0.336
r = 0.34
r = 0.35
0.09 r = 0.37
r = 0.40
r = 0.45
0.08
0.07
T
0.06
0.05