Módulo 07

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LEGISLAÇÃO AMBIENTAL...............................................................................................

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POR QUE EXISTEM LEIS?................................................................................................. 2
MEIO AMBIENTE EQUILIBRADO, UM DIREITO CONSTITUCIONAL.............................. 5
POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE................................................................... 6
SISTEMA ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE – SIEMA..................................................... 10
SEMA.................................................................................................................................... 11
SEMACE................................................................................................................................12
COEMA................................................................................................................................. 15
BPMA....................................................................................................................................16
FUNDO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE – FEMA...........................................................18
SISTEMA MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE.................................................................. 18
ÓRGÃO MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE........................................................................18
CONSELHO MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE (COMDEMA OU COMAM)....................19
FUNDO MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE........................................................................20
NOÇÕES BÁSICAS DE LICENCIAMENTO E FISCALIZAÇÃO AMBIENTAL..................... 21
LICENCIAMENTO AMBIENTAL...........................................................................................21
ETAPAS DO LICENCIAMENTO AMBIENTAL................................................................ 23
PARTICIPAÇÃO POPULAR NO PROCESSO DE LICENCIAMENTO AMBIENTAL....... 26
FISCALIZAÇÃO AMBIENTAL............................................................................................... 28
LEI DE CRIMES AMBIENTAIS......................................................................................... 31
CRIMES CONTRA A FLORA.................................................................................................33
CRIMES CONTRA A FAUNA................................................................................................ 36
POLUIÇÃO E OUTROS CRIMES AMBIENTAIS...................................................................38
CÓDIGO FLORESTAL...................................................................................................... 39
ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE - APP...............................................................39
APPS DOS RECURSOS HÍDRICOS................................................................................ 40
RESTINGAS FIXADORAS DE DUNAS E MANGUEZAIS................................................46
TOPO DE MORRO, ENCOSTAS E BORDA DE CHAPADAS E TABULEIROS...............48
POSSIBILIDADES DE INTERVENÇÃO EM UMA APP................................................... 51
RESERVA LEGAL.................................................................................................................. 54

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LEGISLAÇÃO AMBIENTAL

Olá, AJA. Tudo bem com você? Neste módulo vamos conhecer um
pouco das principais leis ambientais que existem no Brasil e no Ceará,
além de conhecer os órgãos dos governos responsáveis pela sua
execução. Bora lá!

POR QUE EXISTEM LEIS?

Você já se fez essa pergunta? Talvez não, mas você cumpre leis
todos os dias. Um exemplo prático é o trânsito. Se o semáforo ficar
vermelho, é hora de parar. Fazemos isso tão habitualmente, que já não
mais pensamos “por que eu paro no sinal vermelho?”.

Esse exemplo é um acordo construído pela sociedade com a


finalidade de evitar acidentes e organizar o trânsito. Para esse acordo
valer, é preciso estar escrito e divulgado em algum lugar: leis, decretos,
resoluções, portarias, etc. Isso tudo faz parte de um todo, chamado de
legislação. As penalidades para quem descumprir o acordo também
estarão previstas nela.

Isso vale para todas as áreas da nossa vida. No mercado, tudo que a
gente compra tem impostos, previstos na legislação. A escola pública e o
posto de saúde só existem porque as leis brasileiras garantem a

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educação e a saúde para todos. Até mesmo o nosso direito básico de ir e
vir é garantido através da legislação.

Na área ambiental não é diferente. Observe o exemplo a seguir.

O que você vê na imagem? Uma bela lagoa para relaxar? Um


excelente local para construir uma pousada? A casa de um monte de
seres vivos? Uma fonte de água para abastecer a população local?

São muitas possibilidades, dependendo do interesse de quem olha


essa foto. Já pensou se cada um fizesse o que bem entendesse nessa
lagoa? O que você acha que ia acontecer? Não é preciso nem responder
né.

São vários interesses em jogo: a população que quer se divertir, o


empresário que quer construir, os bichos que querem viver e se
reproduzir, o prefeito que quer tirar água da lagoa para abastecer a
população.

Nesse conflito, a lagoa está em perigo. Se não houver nenhum tipo


regramento, todas essas atividades vão acontecer simultaneamente,
poluindo e destruindo essa lagoa, prejudicando a própria população.

Assim, o seu uso precisa de regras para que ela continue a existir. É
aí que entra a legislação ambiental. Pode construir na beira da lagoa?
Pode ter barraca? Pode ir de carro ou moto? Pode pescar? Qual a punição

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para quem descumprir as regras? Quem fiscaliza? Onde denunciar
infrações? Essas são algumas das perguntas que a legislação ambiental
vai responder para tentar resolver conflitos sociais de forma pacífica.

FIQUE ATENTO

Veja neste desenho animado o que acontece quando não existem


regras e leis em uma sociedade.

Viu só a importância das leis no nosso cotidiano!? Não precisamos


conhecer a fundo todas as leis, mas ter um conhecimento mínimo delas é
o que permite às pessoas o exercício da cidadania.

IMPORTANTE

Conhecer a legislação ambiental é a base para uma cidadania


ambiental. Quando a população conhece, entende e respeita as leis,
as degradações ambientais diminuem e o poder de fiscalização
aumenta. Que tal incluir no seu projeto ações para divulgar as leis
ambientais na sua comunidade?

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MEIO AMBIENTE EQUILIBRADO, UM DIREITO
CONSTITUCIONAL

A Constituição Federal de 1998 é a Lei máxima que rege o país.


Todo o arcabouço jurídico brasileiro está registrado nela. E um capítulo
inteiro da Constituição é dedicado ao Meio Ambiente (Capítulo VI).
Especificamente, o artigo Artigo 225:

“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem


de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao
poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as
presentes e futura gerações”. (BRASIL, 1988)

Esse artigo que você acabou de ler é a base de todas as leis


ambientais que existem no Brasil. A partir dele, são criadas leis federais,
estaduais e municipais, com objetivo de garantir o direito a um meio
ambiente ecologicamente equilibrado, assim como reforçar o dever de
todos (tanto o poder público, quanto a população) para a preservação
ambiental.

Quando falamos em equilíbrio ecológico, devemos levar em conta


os elementos naturais, artificiais e culturais, que são aspectos
fundamentais para o desenvolvimento da vida. A análise desses fatores
pode indicar se a área está em equilíbrio ecológico ou não.

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Você mesmo pode fazer isso. Observe a sua comunidade, por
exemplo. Existem árvores nativas? As lagoas, rios ou praia estão
preservados? Existe lixo nas ruas? Os muros das casas estão pichados? As
pessoas ainda se encontram para eventos culturais, ou mesmo para uma
conversa nas praças? Existem animais abandonados ou trancados em
gaiolas? A agricultura ainda usa veneno? Existe esgoto a céu aberto?
Como está a qualidade do ar?

SAIBA MAIS

Leia aqui o Artigo 225 da Constituição Federal de 1998.

POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE

No Brasil, antes mesmo da atual Constituição Federal, foi


promulgada a Lei 6.938/81, que criou a Política Nacional do Meio
Ambiente – PNMA. Essa lei tem por objetivo a preservação, melhoria e
recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar,
no País, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses
da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana.

Nessa Lei, estão elencados os princípios básicos que todas as leis


ambientais devem seguir. Podemos destacar um: a educação ambiental
em todos os níveis de ensino, inclusive a educação na comunidade,

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objetivando a capacitar a sociedade para a participação na defesa
ambiental.

Cursos de educação ambiental existem porque estão previstos na Lei.


Curso de Educação Ambiental em Milagres/CE.
Foto: SEMA.

Ela também criou o Sistema Nacional do Meio Ambiente -


SISNAMA, que é o conjunto de órgãos e entidades da União, dos Estados,
do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, bem como as
fundações instituídas pelo Poder Público, responsáveis pela proteção e
melhoria da qualidade ambiental.

Órgãos do SISNAMA, de acordo com a Política Nacional do Meio Ambiente.

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O Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA tem por
finalidade assessorar, estudar e propor ao Conselho de Governo,
diretrizes de políticas governamentais para o meio ambiente e os
recursos naturais e deliberar, no âmbito de sua competência, sobre
normas e padrões compatíveis com o meio ambiente ecologicamente
equilibrado e essencial à sadia qualidade de vida. É composto de
representantes de órgãos federais, estaduais e municipais, do setor
empresarial e da sociedade civil.

Reunião do Conama em Brasília.


Foto: MMA

O Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima – MMA tem


a função de planejar, coordenar, supervisionar e controlar, como órgão
federal, a Política Nacional e as diretrizes governamentais fixadas para o
meio ambiente.

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos


Naturais Renováveis - IBAMA e o Instituto Chico Mendes de
Conservação da Biodiversidade – ICMBio executam e fazem executar a
política e as diretrizes governamentais fixadas para o meio ambiente, de
acordo com as respectivas competências.

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Equipes do IBAMA e ICMBio em ação. Fotos: MMA.

Os órgãos seccionais são os órgãos ou entidades estaduais


responsáveis pela execução de programas, projetos e pelo controle e
fiscalização de atividades capazes de provocar a degradação ambiental.
No Ceará, são a SEMA e a SEMACE.

Por fim, os órgãos locais são os órgãos ou entidades municipais,


responsáveis pelo controle e fiscalização dessas atividades, nas suas
respectivas jurisdições. Nos municípios, são as Secretarias, Autarquias
ou Institutos de Meio Ambiente e os Comdemas.

SAIBA MAIS

Pesquise e siga as redes sociais dos órgãos públicos citados neste


tópico.

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SISTEMA ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE – SIEMA

Do mesmo jeito que, em nível nacional, existe o SISNAMA, no Ceará


existe o SIEMA, que organiza “quem é quem” no âmbito da gestão
ambiental estadual.

O SIEMA é um sistema que diz quais órgãos são responsáveis por


determinada tarefa para garantir a preservação do meio ambiente.
Dentre essas tarefas, temos a fiscalização ambiental, a educação
ambiental, o licenciamento ambiental, monitoramento ambiental. Essas
são chamadas de políticas ambientais.

As politicas ambientais serão executadas pela Secretaria do Meio


Ambiente e Mudança do Clima do Ceará – SEMA e pela Superintendência
Estadual do Meio Ambiente – SEMACE. O BPMA, Batalhão de
Policiamento de Meio Ambiente, da Polícia Militar do Ceará, também faz
parte do SIEMA e executa políticas ambientais no estado.

Vamos conhecer os integrantes do SIEMA:

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SEMA

A Secretaria do Meio Ambiente e Mudança do Clima do Estado do


Ceará – SEMA - foi cirada em 2015 e tem como finalidade formular,
planejar e implementar a Política Estadual do Meio Ambiente, de
forma articulada, integrada e transversal, viabilizando as premissas
constitucionais de proteção, defesa e conservação do meio ambiente.

Sede da SEMA. Fortaleza/CE.


Foto: Google Maps

De acordo com a Lei estadual nº 15.798/2015, a SEMA tem como


competências:

➔ Elaborar, planejar e implementar a Política Ambiental do Estado;

➔ Monitorar, avaliar e executar a Política Ambiental do Estado;

➔ Promover a articulação interinstitucional de cunho ambiental nos


âmbitos federal, estadual e municipal;

➔ Propor, gerir e coordenar a implantação de Unidades de


Conservação sob jurisdição estadual;

➔ Coordenar planos, programas e projetos de educação


ambiental;

➔ Fomentar a captação de recursos financeiros através da celebração


de convênios, ajustes e acordos, com entidades públicas e privadas,
nacionais e internacionais, para a implementação da política

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ambiental do Estado;

➔ Propor a revisão e atualização da legislação pertinente ao sistema


ambiental do Estado;

➔ Coordenar o sistema ambiental estadual;

➔ Analisar e acompanhar as políticas públicas setoriais que tenham


impacto ao meio ambiente;

➔ Articular e coordenar os planos e ações relacionados à área


ambiental;

➔ Exercer outras atribuições necessárias ao cumprimento de suas


finalidades nos termos do regulamento.

Educação ambiental e gestão de Unidades de Conservação Estaduais são ações da SEMA.


Fotos: SEMA.

SAIBA MAIS

Leia aqui a Política Estadual de Educação Ambiental do Ceará, Lei


Estadual nº14.892 de 2011.

SEMACE

A Superintendência Estadual do Meio Ambiente - SEMACE é uma


Autarquia Estadual criada em 1987, pela Lei nº 11.411, para executar a

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Política Estadual de Meio Ambiente do Ceará.

Sede da SEMACE. Fortaleza/CE


Foto: SEMACE

A SEMACE tem por finalidade executar a política estadual do meio


ambiente, cumprindo e fazendo cumprir as normas estaduais e federais
de proteção, recuperação, controle e utilização racional dos recursos
ambientais. Dentre as suas atribuições podemos citar:

➔ Executar a Política Estadual de Meio Ambiente do Ceará, dando


cumprimento às normas estaduais e federais de proteção, controle
e utilização racional dos recursos ambientais;

➔ Estabelecer critérios e padrões de qualidade ambiental e de normas


relativas ao uso e manejo de recursos ambientais;

➔ Administrar o licenciamento de atividades potenciais e efetivamente


poluidoras do Estado do Ceará;

➔ Controlar a qualidade ambiental do Estado, mediante levantamento


e permanente monitoramento dos recursos ambientais;

➔ Exercer o controle das fontes de poluição, de forma a garantir o


cumprimento dos padrões de emissão estabelecidos;

➔ Promover ações de recuperação ambiental;

➔ Realizar ações de controle e desenvolvimento florestal;

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➔ Exercer o poder de polícia em matéria ambiental, aplicando
medidas acauteladoras e sanções administrativas, em decorrência
da prática de infrações administrativas ambientais.

Ações de monitoramento e fiscalização da SEMACE no Ceará.


Fotos: SEMACE.

Usualmente, a população confunde SEMA e SEMACE. Apesar de os


nomes serem parecidos, cada um tem sua função, como vimos até aqui.

Resumidamente: a SEMA pensa e elabora as políticas públicas


ambientais, e a SEMACE as executa. Os dois órgãos são conhecidos como
irmãos na estrutura do SIEMA. Um sempre ajuda o outro.

IMPORTANTE

Saiba mais informações sobre a Superintendência Estadual do Meio

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Ambiente - SEMACE. Acesse: www.semace.ce.gov.br e siga nas redes
sociais: @semace_ce

COEMA

O Conselho Estadual do Meio Ambiente, presidido pelo(a)


Secretário(a) da SEMA, tem por finalidade assessorar o governador em
assuntos de política de proteção ambiental. Cabe também ao COEMA:

➔ Aprovar planos e programas na área do meio ambiente;

➔ Aprovar o licenciamento de projetos, públicos ou privados, que


apresentem aspectos potencialmente poluidores ou causadores de
significativa degradação do meio ambiente;

➔ Sugerir à SEMACE a suspensão das atividades poluidoras,


contaminadoras e degradadoras do ambiente.

Reunião do COEMA. Fortaleza/CE.


Foto: SEMACE.

O COEMA é composto por 37 representantes de órgãos públicos do

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Governo Estadual e Federal, Assembleia Legislativa, universidades
públicas, instituições da sociedade civil, incluindo entidades de classe de
profissionais de nível superior e do movimento ambiental.

Todos os membros têm direito a voto. O objetivo é que decisões


sobre grandes projetos, normas reguladoras e demais assuntos
relevantes ao Estado sejam discutidas e votadas por diferentes setores da
sociedade.

BPMA

O Batalhão de Policiamento de Meio Ambiente – BPMA - faz parte


da estrutura organizacional da Polícia Militar do Ceará. Além de executar
as competências estabelecidas na Constituição do Estado, com a criação
do SIEMA em 2021, recebeu as seguintes atribuições:

➔ Exercer o policiamento do meio ambiente na área de fiscalização


ambiental;

➔ Aplicar sanções administrativas ambientais, em formulário único do


Estado, e encaminhá-lo à SEMACE, para julgamento do
correspondente processo administrativo;

➔ Apoiar os órgãos envolvidos com a defesa e preservação do meio

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ambiente, garantindo-lhes o exercício do poder de polícia de que
são detentores, observadas as determinações emanadas dos
escalões superiores da Polícia Militar;

➔ Articular-se com a SEMACE e SEMA no planejamento de ações de


fiscalização e no atendimento de denúncias;

➔ Estimular condutas ambientalmente adequadas para a população;

➔ Fomentar a educação ambiental em articulação com a SEMA;

Ações contra o tráfico de animais silvestres e desmatamento iegal no Ceará.


Fotos: BPMA.

FIQUE ATENTO

Acompanhe as ações do BPMA nas redes sociais: @bpma_pmce

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FUNDO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE – FEMA

O Fundo Estadual do Meio Ambiente – FEMA, vinculado à SEMA, tem


a finalidade de reunir recursos para a aplicação em projetos e políticas
que visem à conservação da biodiversidade, o uso racional e sustentável
de recursos ambientais, incluindo a manutenção, a melhoria ou a
recuperação da qualidade ambiental, objetivando elevar a qualidade de
vida da população.

O FEMA recebe dinheiro de diversas fontes, como das multas


ambientais, operações de Crédito de Carbono, compensação ambiental,
dentre outras.

SISTEMA MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE

Seguindo a lógica, da mesma maneira que existe sistema nacional e


estadual para organizar a estrutura de meio ambiente, nos municípios
ocorre (ou é pra ocorrer) o mesmo.

IMPORTANTE

Quando existente no município, o Sistema Municipal de Meio


Ambiente é, geralmente, constituído pela Secretaria de Meio
Ambiente, Conselho Municipal de Meio Ambiente (Comdema) e Fundo
Municipal de Meio Ambiente.

ÓRGÃO MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE

A maior parte dos problemas ambientais ocorre em nível local, ou


seja, dentro do Município, tanto na sede quanto nos distritos. Assim, são
a partir dos municípios que podem ser realizadas ações capazes de

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prevenir e solucionar tais problemas, de modo a garantir o bem-estar da
população.

Muitos municípios possuem uma Secretaria de Meio Ambiente, que


chamamos de “pura”, ou seja, trata apenas das questões ambientais.

Em outros municípios, o Meio Ambiente está dentro de outras


Secretarias Municipais, como Infraestrutura, Desenvolvimento Urbano,
Turismo, Agricultura ou Recursos Hídricos. Nesse caso, a parte ambiental
fica restrita, muitas vezes, a uma coordenação dentro da Secretaria. Por
exemplo: Secretaria Municipal de Agricultura, Turismo e Meio Ambiente.

Com esse tipo de estrutura organizacional, muitas vezes o


município não consegue “dar conta do recado” e acaba pedindo apoio
para a SEMA e SEMACE. Contudo, esses órgãos estaduais não têm
capacidade para atender os 184 municípios cearenses. Daí a importância
de uma Secretaria Municipal de Meio Ambiente.

Nessa situação “ideal”, a Secretaria deve contar com técnicos


especializados na área ambiental e toda a infraestrutura necessária para
coordenar a Política Municipal de Meio Ambiente, garantindo mais
eficiência e agilidade para a preservação do meio ambiente local.

FIQUE ATENTO

Pesquise e siga as redes sociais da Secretaria Municipal de Meio


Ambiente do seu município.

CONSELHO MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE (COMDEMA


OU COMAM)

O COMDEMA é um órgão colegiado, isto é, formado por secretarias

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municipais, sindicatos, ONGs, associação comercial e outros. Tem o
objetivo de assessorar o(a) Prefeito(a) em questões relacionadas ao
equilíbrio ambiental e à melhoria da qualidade de vida local. A principal
finalidade do COMDEMA é unir esforços entre a sociedade civil
organizada e o poder público na defesa conjunta do Meio Ambiente.

São espaços de construção coletiva, nos quais se podem exercer o


direito de cidadania e, ao mesmo tempo, o dever constitucional de
defender e preservar o Meio Ambiente para as presentes e futuras
gerações.

O COMDEMA pode receber denúncias sobre crimes ambientais e


procurar resolver, a nível do município ou até procurar a SEMA/SEMACE.

IMPORTANTE

O COMDEMA é necessário para que a população exerça


acompanhamento e controle social sobre os recursos ambientais nas
respectivas localidades, bem como possa gerir os recursos
disponibilizados no Fundo Municipal de Meio Ambiente. Os AJAs
podem e devem participar deste Conselho em seus municípios.

FUNDO MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE

O Fundo Municipal de Meio Ambiente recebe transferência de


recursos do Estado. No caso dos municípios que fazem licenciamento e
fiscalizam, o Fundo também recebe recursos das taxas e multas aplicadas
pela Secretaria de Meio Ambiente ou Autarquia municipal.

Um exemplo de repasse para os Municípios é o Índice Municipal


de Qualidade do Meio Ambiente – IQM. É uma política pública que
possibilita aos municípios receber o repasse orçamentário de até 2% da

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arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços –
ICMS.

CURIOSIDADE

Quer saber quanto o seu município recebeu do IQM no ano de


2023?
Acesse:
https://www.sema.ce.gov.br/wp-content/uploads/sites/36/2023/06/REP
ASSE-ICMS-SOCIOAMBIENTAL-2023.pdf

NOÇÕES BÁSICAS DE LICENCIAMENTO E FISCALIZAÇÃO


AMBIENTAL

LICENCIAMENTO AMBIENTAL

O Licenciamento Ambiental é um instrumento da Política Nacional


do Meio Ambiente (Lei Nº 6.938/81) que apresenta como principal
finalidade promover o controle prévio de construções, instalações,
ampliações e funcionamento de estabelecimentos e atividades
utilizadoras de recursos ambientais que são consideradas efetiva e
potencialmente poluidoras, bem como aqueles capazes de causar
degradação ambiental.

Já estudamos que o Art. 225 da Constituição Federal reconhece que


todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. Desse
modo, as atividades econômicas devem ser realizadas de modo a
diminuir os possíveis impactos sobre o Meio Ambiente. Para isso,

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algumas atividades precisam passar pelo processo de licenciamento
ambiental junto aos órgãos ambientais.

Definição de Impacto Ambiental, segundo a Resolução CONAMA 001/1986.

FIQUE ATENTO

Qualquer atividade ou projeto que de algum modo possa


desencadear efeitos negativos no Meio Ambiente deverá ser
submetido ao processo de licenciamento ambiental. Está na Lei! Veja
alguns exemplos: postos de gasolina, hotéis/pousadas, madeireiras,
barragem de rio, retirada de areia, cerâmicas, limpeza de terreno
(desmatamento e/ou queimada), criadouros de aves, indústrias,
loteamentos, mineração, prédios/condomínios, parque eólicos, criação
de peixe/camarão, rodovias, aterro sanitário, etc.

A lista das atividades passíveis de licenciamento ambiental no


Ceará constam na legislação estadual: Resolução 02/2019 do COEMA.
Acesse aqui.

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O licenciamento é, junto com a fiscalização, a principal forma de
controle ambiental exercido pelo governo, uma vez que através dele
permite a localização, instalação, ampliação e operação de atividades e
de empreendimentos que utilizam recursos ambientais ou são
potencialmente poluidoras.

No Ceará, o processo de Licenciamento Ambiental é de


competência da Superintendência Estadual do Meio Ambiente –
SEMACE e, nos casos de impactos locais, a responsabilidade é dos
Municípios que já tem a estrutura para licenciar.

ETAPAS DO LICENCIAMENTO AMBIENTAL

Quando uma pessoa vai realizar uma atividade ou empreendimento


que use recursos naturais e que possam poluir ou degradar o meio
ambiente, é necessário solicitar o licenciamento ambiental, que é um
processo através do qual o órgão ambiental responsável avalia e libera o
local, a construção, a ampliação ou a operação do empreendimento.

O processo de Licenciamento é preventivo e consiste no exame dos


aspectos ambientais dos projetos em três diferentes fases: planejamento,
instalação e operação. Todo o processo é acompanhado pelos técnicos
do órgão ambiental competente, que pode solicitar diversos tipos de
estudos ambientais para embasar sua análise técnica.

Caso tudo esteja de acordo com a legislação, o órgão ambiental


emitirá uma licença ambiental para o empreendimento. Existem vários
tipos de licença, que variam de acordo com o tipo de atividade. Mas, via
de regra, são três tipos de licença, emitidas consecutivamente:

Licença Prévia (LP) – é a primeira licença concedida, ainda durante


a fase de planejamento do empreendimento. Ela aprova a localização e
indica quais estudos e análises de impactos devem ser realizados antes

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das próximas etapas. Essa licença ainda não autoriza o início das
obras nem de qualquer outra atividade.

Placa de Licença Prévia.


Foto: Semace.

Observe a placa acima. Ela é obrigatória para qualquer fase do


licenciamento, com objetivo de publicizar, em local visível, que naquele
local haverá um empreendimento que utiliza recursos naturais. Veja que
ela mostra qual é o nome do empreendimento, o tipo da licença emitida,
o prazo de validade e todos os números para consulta e denúncia.

Licença de Instalação (LI) – nesta segunda etapa, caso tenham


sido atendidas todas as solicitações da Licença Prévia, o
empreendimento pode iniciar suas obras, desde que siga o requisitado
pelo órgão ambiental. Essa licença ainda não permite que o
empreendimento comece a funcionar, apenas aprova a construção.

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Placa de Licença de Instalação.
Foto: Semace.

Licença de Operação (LO) – esta é última etapa do licenciamento.


O empreendimento que recebe a LO pode iniciar as suas atividades,
após a verificação do efetivo cumprimento das licenças anteriores, com
as medidas de controle ambiental e condicionantes determinados para a
operação. Dependendo do empreendimento, para funcionar, ainda
precisa do alvará de funcionamento emitido pela Prefeitura e do
certificado do Corpo de Bombeiros.

Placas de Licença de Operação.


Foto: FortalPlacas

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FIQUE ATENTO

A Licença Ambiental é um documento com prazo de validade


definido, e que nela serão estabelecidas regras, condições, restrições e
medidas de controle ambiental a serem seguidas pela atividade
licenciada. Caso o empreendimento não siga os requisitos da
licença, ela pode ser cancelada a qualquer momento pelo órgão
ambiental, com aplicação de penalidades e o reinício de todo o
processo de licenciamento.

IMPORTANTE

É de responsabilidade do empreendedor a elaboração e o


custeio dos estudos ambientais requisitados no processo de
Licenciamento, assim como qualquer complemento exigido pelo órgão
ambiental. O órgão ambiental apenas analisa a documentação e a
área do empreendimento, concedendo ou não uma licença.

PARTICIPAÇÃO POPULAR NO PROCESSO DE


LICENCIAMENTO AMBIENTAL

A população participa do processo de Licenciamento através da


Audiência Pública, que tem por finalidade recolher todas as críticas e
sugestões da população com relação à instalação da atividade e ajudar o
órgão licenciador no processo de escolha pela aprovação ou não do
projeto submetido ao Licenciamento. É a hora do povo perguntar e
falar o que acha do empreendimento!

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IMPORTANTE

A audiência pública deve ser amplamente publicizada, ou seja,


deve ser divulgada no rádio, jornais e nas mídias sociais, para que a
população participe do processo. Você AJA pode ajudar a divulgar as
audiências públicas e outras reuniões importantes para a comunidade.

Audiência pública na Assembleia Legislativa.


Projeto do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), em Fortaleza/CE.
Foto: Seinfra

Audiência pública na praia de Mundaú, Trairi/CE. Foto: SEMACE.

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FISCALIZAÇÃO AMBIENTAL

A fiscalização ambiental é uma atividade paralela ao licenciamento,


que tem como principais função o desenvolvimento de ações de controle
e vigilância destinadas a impedir o estabelecimento ou continuidade
de atividades consideradas lesivas ao Meio Ambiente, ou que não
estão em conformidade com a legislação.

O Poder de Polícia Ambiental encontra-se amparado pela


Constituição Federal de 1988, que em seu Artigo 225, estabelece que:

“As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio


ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, as
sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação
de reparar os danos causados”.

O Poder Público deve, portanto, fiscalizar as condutas daqueles que


se apresentem como potenciais ou efetivos poluidores e utilizadores dos
recursos naturais, de forma a garantir a preservação do Meio Ambiente
para a coletividade.

A fiscalização ambiental no Estado no Ceará é de competência da SEMACE e BPMA e, em âmbito


local, dos municípios. Foto: www.ceara.gov.br

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FIQUE ATENTO

O poder de Polícia Ambiental foi constitucionalmente atribuído à


União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios. Assim, todos
os Entes Federativos têm competência comum para fiscalizar o meio
ambiente. O seu município já fiscaliza o meio ambiente local?

Ação de fiscalização contra poluição atmosférica de veículos.


Foto: SEMACE.

Ação de fiscalização contra desmatamento, com apoio do BPMA.


Foto: SEMACE.

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As punições aplicadas pelos órgãos fiscalizadores podem acontecer
mediante aplicação de advertências, multas, recolhimentos de
produtos/animais, embargos e/ou demolição da obra aos
transgressores e o estabelecimento de medidas que promovam a
recuperação do dano ambiental, conforme a legislação vigente. Caso a
infração se enquadre como crime ambiental, o responsável, além das
penalidades administrativas, poderá ser preso!

Empreendimento embargado pelo descumprimento da legislação ambiental.


Foto: SEMACE.

IMPORTANTE

Veja essa reportagem sobre uma ação de fiscalização da SEMACE.

SAIBA MAIS

É muito importante lembrar que a fiscalização também é um

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DEVER DE TODA A POPULAÇÃO! Qualquer pessoa pode fazer uma
denúncia anônima para a Polícia, SEMACE, IBAMA ou órgão
municipal do meio ambiente.

Polícia / BPMA - 190


IBAMA - 0800 61 8080
SEMACE – 0800 275 2233

Veja como proceder em algumas situações nesta cartilha.

CURIOSIDADE

Assista ao vídeo do Batalhão de Polícia de Meio Ambiente (BPMA)

LEI DE CRIMES AMBIENTAIS

A Lei Federal nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, conhecida como


Lei de Crimes Ambientais, proporcionou uma maior proteção ao meio
ambiente na medida que facilitou o reconhecimento do que é
considerado crime ambiental e definiu as penas para quem a infringe.

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Crime Ambiental: Semace impede retirada de areia do Rio Jaguaribe sem licença ambiental .
Foto: Semace

Entende-se que não apenas quem realiza ativamente uma ação


caracterizada como crime ambiental responde por ela. A omissão
também é crime. Assim, funcionários de órgãos ambientais, por exemplo,
que se omitem frente a episódios de crime ambiental, também são
responsabilizados.

Crime ambiental: Rompimento da barragem de Brumadinho, em Minas Gerais.


Foto: EBC.

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Crime ambiental: Incêndio Florestal na Chapada do Araripe.

FIQUE ATENTO

Leia esta reportagem sobre a Lei de Crimes Ambientais.

A seguir, vamos conhecer os principais crimes ambientais


previstos nesta Lei.

CRIMES CONTRA A FLORA

Veja os crimes contra a flora mais recorrentes:

➔ Destruir ou danificar florestas consideradas de preservação


permanente, mesmo que em formação, ou utilizá-la infringindo as
normas de proteção;

➔ Cortar árvores em florestas de preservação permanente sem


autorização;

➔ Extrair pedra, areia, cal ou qualquer outro mineral de florestas de


preservação permanente (ou de domínio público) sem autorização;

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➔ Causar dano direto ou indireto a Unidades de Conservação, ou
adentrar seu território portando instrumentos para caça ou
exploração de produtos florestais sem autorização.

➔ Destruir ou danificar vegetação de Mata Atlântica em estado


avançado ou médio de regeneração;

➔ Provocar incêndio em matas ou florestas;

Incêndio florestal em Ipueiras/CE.


Foto: bombeiros.ce.gov.br

Cortar ou transformar madeira de lei em carvão para fins industriais


ou energéticos, assim como adquirir carvão ou outros produtos de
origem vegetal para fins comerciais ou industriais sem exigir a licença do
vendedor;

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Carvoaria clandestina no município de Icó.
Foto: Icó News.

Destruir, danificar, lesar ou maltratar por qualquer modo plantas


ornamentais de locais públicos ou de propriedade privada alheia;

Fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provocar


incêndios florestais e em demais formas de vegetação, em áreas urbanas
ou em outros locais de assentamento humano, dentre outros.

Soltar balões causa danos incalculáveis e é crime ambiental.


Foto: bombeiros.pr.gov.br

FIQUE ATENTO

Queimada é diferente de Incêndio Florestal. A queimada,

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também chamada de queimada controlada, é uma técnica arcaica para
limpeza de terreno, mas ainda é aceita pela legislação, DESDE QUE SEJA
FEITA COM A prévia AUTORIZAÇÃO DO ÓRGÃO AMBIENTAL. Existem
várias técnicas para que a queimada cause o mínimo de danos ao
ambiente e não saia do controle.

Já o incêndio florestal é CRIME AMBIENTAL. Pode ser causado


intencionalmente, por balões, por queima de lixo ou por descontrole
de uma queimada para limpeza de terreno.

Conheça as técnicas de queimada controlada nesta cartilha.

CRIMES CONTRA A FAUNA

Veja os crimes contra a fauna mais comuns:

➔ Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna


silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão,
licença ou autorização da autoridade competente; Veja este vídeo
sobre o combate à caça no Ceará.

➔ Vender, expor à venda, exportar ou adquirir, guardar, ter em


cativeiro ou depósito, utilizar ou transportar ovos, larvas ou
espécimes da fauna silvestre, nativa ou em rota migratória, bem
como produtos e objetos dela oriundos, provenientes de criadouros
não autorizados ou sem a devida permissão, licença ou autorização
da autoridade competente;

➔ Provocar, pela emissão de efluentes ou carreamento de materiais, a


morte de espécimes da fauna aquática existentes em rios, lagos,
açudes ou lagoas.

➔ Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais

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silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos;

IMPORTANTE

O crime de maus-tratos a animais domésticos infelizmente é


muito comum. Muitos cachorros, gatos e outros animais sofrem
diariamente, física e psicologicamente. Violência, abandono,
acorrentamento ao sol, falta de água e comida e falta de cuidados com
a higiene do local são as principais ocorrências. AJUDE OS ANIMAIS
DENUNCIANDO AOS ÓRGÃOS AMBIENTAIS E À POLÍCIA.

Acesse aqui a cartilha da SEMA sobre Abandono de Animais.

FIQUE ATENTO

Os animais não podem requerer os seus direitos. Mas os AJAs


podem ser as suas vozes. Que tal um projeto para realizar
conscientização e feiras de adoção de animais abandonados na sua

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região? Ou um projeto para levar a discussão às escolas sobre caça e
tráfico de animais silvestre? Que tal “Troque uma baladeira por uma
muda de árvore nativa”? Ou um para redes sociais: #GaiolaNão. Os
animais precisam da nossa ajuda!

POLUIÇÃO E OUTROS CRIMES AMBIENTAIS

Causar poluição de qualquer natureza em níveis que resultem ou


que sejam capazes de resultar em danos à saúde humana, ou que
provoquem morte de animais ou destruição significativa de flora é crime
ambiental.

Mortandade de peixes, crustáceos e moluscos causada


pela poluição no estuário Potengi-Jundiaí/RN.
Foto: OECO.

Despejo de esgotos clandestinos, derramamento de produtos


tóxicos, lixões e pontos de lixo, emissão de fumaça fora dos padrões
permitidos e poluição sonora são alguns dos tipos mais comuns de
poluição. Lembre-se: DENUNCIE AOS ÓRGÃOS AMBIENTAIS E Á POLÍCIA
qualquer indício de poluição.

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IMPORTANTE

É importante lembrar que a lei assume que algumas atividades


dos seres humanos poluem de alguma maneira o ambiente. O que é
considerado CRIME são os níveis de poluição acima dos permitidos
pela legislação, que causem algum dano ao ser humano, à fauna, à
flora ou ao meio ambiente.

CÓDIGO FLORESTAL

O Código Florestal é a Lei que institui as regras sobre como a


vegetação nativa brasileira pode ser explorada. Além disso, ela também
cita quais áreas devem ser preservadas.

Sua última versão, conhecida como “Novo Código Florestal”, foi


aprovada em maio de 2012, por meio da Lei Federal nº 12.651/2012, após
intensa batalha no Congresso Nacional entre a bancada ruralista e os
ambientalistas.

A seguir veremos os principais pontos abordados por essa Lei.

ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE - APP

As Áreas de Preservação Permanente, conhecidas pela sigla


APP, são áreas protegidas pelo Código Florestal, que podem estar
cobertas ou não por vegetação nativa e podem estar localizadas na zona
urbana ou rural.

As APPs têm a função de preservar locais frágeis, como beiras de


rios e riachos, entorno de nascentes, topos de morros e encostas, que
não podem ser desmatados para não causar erosões e deslizamentos.
Além da proteção, as APPs abrigam uma rica biodiversidade e garante a
qualidade ambiental para os seres humanos.

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Do mesmo modo que as Unidades de Conservação, as APPs visam
atender ao direito fundamental de todo brasileiro ao “meio ambiente
ecologicamente equilibrado” previsto no artigo 225 da Constituição
Federal. No entanto, diferentemente das UC’s, as APP’s são
consideradas áreas naturais intocáveis, com limites de exploração e
proibição da exploração econômica direta.

Os principais tipos de APP descritas no Código Florestal são


mostradas no esquema a seguir.

Tipos de APP segundo o Código Florestal. Imagem: SEMA.

APPS DOS RECURSOS HÍDRICOS

O desmatamento das matas ciliares e o uso inadequado dos solos


têm contribuído para diminuição do volume e qualidade da água, em
todo Brasil, e principalmente no Estado do Ceará.

As matas ciliares são as áreas, cobertas ou não de vegetação nativa,


localizadas nas margens dos rios, córregos, lagos, lagoas, represas,

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açudes, riachos e nascentes. São conhecidas como “mata da beira do rio”.

Rio com Mata Ciliar preservada Rio com Mata Ciliar desmatada

A mata ciliar desempenha um papel fundamental no equilíbrio dos


ecossistemas e proporciona qualidade de vida às pessoas. Quando as
pessoas cortam essa vegetação, comprometem a qualidade do meio
ambiente, visto que as funções da mata ciliar não estarão mais sendo
realizadas. Algumas dessas funções são apresentadas a seguir:

Quando a mata ciliar é desmatada, problemas como piora na


qualidade da água, pragas na lavoura, escassez de água, erosão,
assoreamento, desequilíbrio climático e redução de recursos da atividade
pesqueira podem se acentuar.

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Oficina de educação ambiental demonstra a importância da vegetação para a qualidade da água.

FIQUE ATENTO

Assista ao vídeo sobre A Importância da Mata Ciliar.

IMPORTANTE

Independentemente de a margem do recurso hídrico possuir ou


não vegetação, aquela área é considerada uma APP e é protegida por
lei!

O Código Florestal traz expressamente em seu texto o tamanho das


APPs em cada situação. Vejamos:

​ ara o entorno de nascentes, a área de preservação é de, no mínimo,


P
50 metros de raio, conforme ilustração abaixo.

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Para as margens de rios e riachos, quanto maior for a largura
do rio, maior sua proteção. Essa regra é conhecida como “regra da
escadinha”:

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​ Para rios que têm menos que 10 metros de largura, a
margem tem que ter 30 metros de proteção, dos dois
lados;

​ De 10 a 50 metros, a APP tem que ser de 50 metros de


largura, dos dois lados;

​ De 50 a 200 metros, a faixa de proteção deverá ser de 100


metros, dos dois lados;

​ De 200 a 600 metros, APP de 200 m, dos dois lados;

​ Mais de 600 metros de largura, mata ciliar de 500 m, dos


dois lados.

Flagrante de crime ambiental em APP de rio.


Foto: JPNews.

​Para as margens de lagos e lagoas naturais:

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IMPORTANTE

Para os açudes, que são decorrentes de barramento ou


represamento de rios e riachos, a faixa protegida deverá ser definida
na licença ambiental do empreendimento.

Construção irregular em APP de lagoa.


Foto: Folha da Cidade.

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RESTINGAS FIXADORAS DE DUNAS E MANGUEZAIS

Restingas são áreas com solo arenoso que ocorrem paralelamente à


linha do litoral e na qual podemos encontrar diferentes espécies de
animais e vegetais adaptados à influência marinha. Toda a extensão da
restinga como fixadora de dunas e estabilizadora de mangues é
considerada como APP.

As restingas tem como uma de suas funções a fixação


das dunas, protegendo o litoral contra a erosão.

Os manguezais são ecossistemas litorâneos sujeitos à ação das


marés cujo solo composto de lodo ou areia. É uma área na qual há
influência tanto do ambiente marinho quanto de água doce do rio. É uma
área extremamente importante para a reprodução de vários animais e
apresenta um equilíbrio delicado. Toda a extensão do manguezal é
considerada APP.

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Manguezal no Rio Aracatiaçu, Praia de Moitas, Amontada/CE.
Foto: TripAdvisor.

Vista aérea do manguezal do Rio Ceará, Caucaia/CE. Foto: Celso Oliveira.

FIQUE ATENTO

Assista a este vídeo sobre a importância da preservação dos


manguezais

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TOPO DE MORRO, ENCOSTAS E BORDA DE CHAPADAS E
TABULEIROS

O terço superior do morro é considerado Área de Preservação


Permanente. Ou seja, se dividirmos um morro em três porções iguais, o
topo será considerada como APP.

Para ser considerado morro, é preciso que tenha pelo menos uma
altura de 100 metros e inclinação média mínima de 25 graus.

Já as encostas, são consideradas APP quando elas tiverem


declividade superior a 45°. Veja a imagem a seguir:

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Dá pra imaginar o porquê de o topo de morros e montanhas e as
encostas muito íngremes serem APP, né? Muitas tragédias acontecem
nessas áreas por causa de construções irregulares.

Essas áreas têm função de amortecer a água da chuva,


diminuindo as erosões e infiltrando a água no solo. Sem a vegetação,
a água desce morro abaixo, causando os deslizamentos.

Também são consideradas Áreas de Preservação Permanente a


borda das Chapadas e Tabuleiros, 100 metros contados da sua
ruptura.

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APP nas falésias na Praia de Canoa Quebrada, Aracati/CE.
Foto: Celso Oliveira.

APP da Bica do Ipu, Ipu/CE.


Foto: Celso Oliveira.

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POSSIBILIDADES DE INTERVENÇÃO EM UMA APP

Como as APPs possuem o papel de preservar áreas frágeis do meio


ambiente, sua utilização é muito restrita. O Código Florestal, como uma
lei, traz as regras de proteção. Mas toda regra tem suas exceções. Vamos
entender melhor.

Intervenções em áreas de APP só são permitidas nos seguintes


casos:

São considerados casos de Utilidade Pública e de Interesse


Social:

➔ Atividades e obras relativos à segurança nacional,


infraestrutura de transporte público, saneamento, energia,
comunicação, instalações necessárias à realização de
competições esportivas estaduais, nacionais ou internacionais,
gestão de resíduos e mineração.

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Parque eólico em Mundaú, Trairi/CE. Foto:Déborah Praciano de Castro.
Exemplo de possibilidade de construção em APP.

Instalação de infraestrutura para comunicação é uma das exceções do Código Florestal.

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Construção de pontes e estradas também é considerado de utilidade pública.
Ponte sobre o Rio Jaguaribe, entre Aracati e Fortim/CE.

IMPORTANTE

As atividades ou obras em APP só serão autorizadas pelo órgão


ambiental caso não haja outro local para a obra ser construída ou
não haja outra alternativa técnica.

São considerados casos de Baixo Impacto:

➔ Abertura de pequenas trilhas de acesso, exploração


agroflorestal, atividades de pesquisa, educação e ecoturismo,
instalação de tubulações de água e esgoto tratado, construção
de cerca e aceiro, coleta de produtos não-madeireiros, plantio
de espécies nativas frutíferas, construção de moradia de
agricultores familiares, remanescentes de comunidades
quilombolas e outras populações extrativistas e tradicionais
em áreas rurais, dentre outras.

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Trilha e aceiros são atividades de baixo impacto.

RESERVA LEGAL

Além da APP, o Código Florestal prevê um outro tipo de área a ser


preservada, com outras regras: a Reserva Legal.

A reserva legal é uma área localizada no interior de uma


propriedade ou posse rural, com a função de assegurar o uso
econômico de modo sustentável dos recursos naturais do imóvel rural,
auxiliar a conservação e a reabilitação dos processos ecológicos e
promover a conservação da biodiversidade, bem como o abrigo e a
proteção de fauna silvestre e da flora nativa.

Na área de Reserva Legal, é permitida exploração econômica,


desde que seja elaborado um plano manejo sustentável,
previamente aprovado pelo órgão ambiental responsável.

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IMPORTANTE

​ Se a propriedade rural estiver localizada na Amazônia Legal, a


Reserva Legal será de 80% da propriedade;

​ No Cerrado, a Reserva Legal será de 35%;

​ Nas demais regiões do país, incluindo o Nordeste, a Reserva


Legal será de 20%.

No estado do Ceará, a área de Reserva Legal de toda propriedade rural deve ser de 20% da
área da propriedade.

Assim, se uma pessoa tem uma propriedade rural de 100 hectares,


aqui no Ceará, pelo Código Florestal, ele tem que separar uma área de 20
hectares de mata preservada para ser a Reserva Legal, além de ter que
preservar as APPs que possam existir ali, como nascentes, beira de
riachos ou encostas.

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SAIBA MAIS

Acesse aqui o Código Florestal - Lei Federal nº 12.651/2012

ROLÊ INVESTIGATIVO VIRTUAL

A proposta desse rolê é conhecer a organização administrativa


da gestão ambiental do seu município e as leis ambientais municipais.

Para tanto, você vai fazer uma pesquisa no site da Prefeitura.


Pesquise, anote suas descobertas, suas dúvidas, leia as Leis. Caso
tenha dúvidas, você pode solicitar ajuda do Supervisor Local.

Roteiro para seu ROLÊ INVESTIGATIVO VIRTUAL:

1. Como é a organização do Meio Ambiente no seu município?


Existe uma Secretaria ou Autarquia de Meio Ambiente? Ou o meio
ambiente está dentro de outra Secretaria, como uma coordenação?

2. Existe uma Política Municipal de Meio Ambiente?

3. O órgão ambiental municipal licencia e fiscaliza as atividades


locais?

4. Existe COMDEMA atuante? É possível acessar as atas das


últimas reuniões?

5. Existe alguma lei municipal que protege alguma espécie em


extinção ou símbolo da cidade?

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6. Existe Lei que trate sobre a Educação Ambiental no
município?

7. Quais são os projetos de Educação Ambiental existentes na


Secretaria Municipal de Meio Ambiente?

8. Se você criasse uma Lei ambiental para o seu município, qual


seria a proposta?

Ufa! Chegamos ao final do Módulo 7. Aqui aprendemos sobre as


funções dos órgãos públicos na proteção ambiental e algumas das
principais Leis Ambientais do país. Agora é sua vez de mostrar que está
por dentro. Prossiga para a avaliação.

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